Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
*
Bacharel em História pela Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (UNIRIO), mestranda em Ciência Política pelo Programa
de Pós-Graduação em Ciência Política da (PPGCP/UFF).
I. Os primeiros passos...
A
dança imóvel começa com o impasse de um escritor. Acre-
dito que ele possa ser visto como o herdeiro, ainda que dis-
tante, do narrador de Walter Benjamin. Não duvido que o
escritor que, no restaurante La Coupole (A cúpula) tenta impres-
sionar um editor, seja o produto da soma de dois exemplos arcai-
cos dos primeiros mestres na “arte de narrar”: o “camponês
sedentário” e o “marinheiro comerciante”. Ambos são citados por
Benjamin em referência aos estilos de vida que resultaram, cada
um, em suas respectivas famílias de narradores.
116
1 Odría (1897-1974) foi militar e político peruano, comandou as forças revolucionárias que assumi-
ram o poder em 1948 e foi presidente constitucional em 1950. Fundou a Unión Nacional Odriísta.
118
120
2 Os trechos entre colchete e parênteses não foram incluídos por mim, mas são parte da citação.
3 Utilizo “maquiaveliano” para distinguir do sentido demais pejorativo preso ao termo
“maquiavélico”.
4 Ver quadro reproduzido neste artigo.
122
5 LÖWY, M. A filosofia da história de Walter Benjamin. In: Estudos Avançados, vol. 16, nº 45, São
Paulo, maio/agosto de 2002. Capturado em 25/02/2009 no site http://www.scielo.br/pdf/ea/v16n45/
v16n45a13.pdf
124
126
7 SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
128
Não por acaso, Mariátegui encerra seus Sete ensaios com conside-
rações acerca do processo da literatura e, após repassar seu passado
colonialista extirpado “pelas raízes” através do “indigenismo” con-
clui que “pelos caminhos universais e ecumênicos que tanto nos
censuram “vamos nos aproximando cada vez mais de nós mesmos”
(MARIÁTEGUI: 1975, p. 257). Portanto, esse é o sentido da litera-
tura; a confluência de experiências igualmente valorizadas sob a
égide da verdade.
No momento em que Marie Claire depara-se com a tradução do
Popol Vuh, abre-se um caminho para o contato com um ‘sobrevi-
vente’. Na cultura maia era um livro religioso. Sacrilégio, com a
chegada dos espanhóis e registro histórico da civilização maia, atu-
almente. Além disso, salvo da fogueira, o livro se torna elemento
de resistência (ou mesmo permanência) dos povos ditos “sem his-
tória” por Montaigne e Descartes (SCORZA, p. 196). Marie Claire
se surpreende: “Eu desconhecia que o Popol Vuh é o livro sagrado
mais antigo da humanidade, é inclusive anterior ao Rig Veda e ao
Zend Avesta”. Portanto, os ‘sem história’, na verdade, tinham práti-
cas verbais altamente estimadas, inclusive escritas. Tal era o nível
de organização, que a conquista acabou, contraditoriamente, sen-
do beneficiada por ela. Todorov observa que o encontro como o
europeu foi incluído pelos índios numa rede de presságios inven-
tados a posterior. A superação mental da conquista pelos astecas se
dá de tal forma que estes a inscrevem numa história concebida se-
gundo suas exigências: “o presente torna-se inteligível e, ao mes-
mo tempo, menos inadmissível, a partir do momento em que é
possível vê-lo prenunciado no passado” (TODOROV: 1993, p. 72).
Entre os textos védicos, o Hino da Criação (Nasadya), as dúvidas:
“De onde esta Criação surgiu – talvez ela tenha se formado sozi-
nha, talvez não – aquele ser que olha para isto, no alto céu, somen-
te ele sabe, ou talvez ele não saiba? (apud The Rig Veda...)”.8 O
trecho milenar sugere que, além do monopólio da certeza e da dú-
vida pelo saber homogeneizante da cultura ocidental dado através
8 The Rig Veda: one hundred and height hymns. Selected and Translated by Wendy Doniger O’Flaherty.
London, Perguin Books, 1981.
130
132
10 La memoria de los olvidos: Manuel Scorza, atribuído ao autor Juan González Soto, foi capturado dia
10/01/2008 no site http://www.monografias.com/trabajos-pdf902/memoria-de-olvidos/memoria-
de-olvidos.pdf.
134
11 “Exílio – Refazendo identidades”. Revista da Associação Brasileira de História Oral, nº 2. Rio de Janeiro,
junho de 1999, pp. 39-73.
12 Agradeço aos comentários de Monclair de Castro Sampaio, que me auxiliou na interpretação do
quadro, contribuindo com seu olhar dedicado e atento aos símbolos e seus possíveis significados.
136
138
13 WERNECK, Luiz Werneck. A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro:
Revan, 1997.
140
14 Ao usar o termo, me amparo na conceituação feita por Michel Debrun, para quem a “conciliação”,
tal como analisada em passagens da história brasileira, “nunca foi um arranjo entre iguais, mas o
reconhecimento, por parte de um pólo social político menor, da primazia de outro pólo, mediante
algumas benesses e sobre o pano de fundo constituído pela exclusão da grande massa da popula-
ção”. Ver: DEBRUN, Michel. A “conciliação” e outras estratégias. São Paulo: Brasiliense, 1983.
142
Referências bibliográficas
15 Esta passagem é uma alusão ao trabalho de Paul Virilio (VIRILIO, Paul. O espaço crítico. Rio de
Janeiro, Editora 34, 1993) ao qual se refere Marilena Chauí: CHAUÍ, Marilena. Simulacro e poder.
São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006.
Resumo Abstract
Com este trabalho objetivo analisar o li- The peruvian Manuel Scorza’s (1928-1983)
vro A dança imóvel, do peruano Manuel romance, La danza inmóvil, and the three ti-
Scorza (1928-1983) e os três tempos que mes that intercross his narrative are analyzed
se entrecruzam na narrativa: o de dois in this article. It’s about the two contrasting
personagens contrastantes e o do próprio character’s time and the author’s himself.
autor. A biografia de Scorza é marcada por Scorza’s biography is marked by political dis-
contestações políticas, pelo exílio e pela putes, by the exile and the participation in
participação em movimento indigenista. indigenous movements. Studying his fiction
Por meio de sua ficção de exilados latino- story about latin american exiles and about a
americanos e de um guerrilheiro em fuga guerrilla escape into the Amazon jungle, my
pela selva amazônica, buscarei abordar o purpose is to investigate the use of time as a
uso do tempo como ferramenta methodological tool prioritized in the studies of
metodológica a ser priorizada nos estudos Political Science. The focus will be on the period
da Ciência Política. O recorte será o da of the 60’s and 70’s in Latin America, where
obra, se restringindo aos anos 60 e 70 na the confrontation between political forces was,
América Latina, quando o enfrentamento in different countries, like a battle of different
entre forças políticas consistiu, em diferen- conceptions of time: past and future, delay and
tes países, numa luta de tempos: futuro e progress. In other words, the clash was between
passado, atraso e progresso. Melhor dizen- different conceptions of these terms. It’s good
do, o embate se dava entre diferentes con- to emphasize that there is still a dispute for the
cepções sobre estes termos. Destaque-se meaning of such words. I therefore propose to
ainda a disputa que perdura por significar re-think the concepts of development and
tais elementos. Proponho, portanto, repen- democracy, for example, under the light of the
sarmos as concepções de desenvolvimento multiple temporalities and of the socio-cultural
e democracia, por exemplo, à luz das múl- diversity characteristics in the region.
tiplas temporalidades e da diversidade
sócio-cultural características da região. Key words
Metodology – Latin American literature –
Palavras-chave dictatorship – Latin America
Metodologia – literatura latino-americana
– ditadura – América Latina
E-mail:
muniz.malu@gmail.com