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PUC Retr Pe, Joafi Caso de qui S} Vie Retr Pe. Fanci vern Sims S} Vie Retr para Astor Aedes Pk Jot Rid Bergmann Ve Reto ane Anos dines Pio Luis Calo Senvards do Carmo Vie Retr pave Arunar Comair Prof Auto Liz Dare Lopes Sampo Vice Rei para Asunts de Deerobinents Prof Seo Bei Decora Pf Paulo Fernando Cara de And Po Le Rberto A. Cura (CCS) Prot Lae Alencar Rei da Siva Mello (CTC) Prof Hilton Aust Koch (CCBS) (crc) CULTURA E REPRESEN TACKO STUART HALL (Organiza revs nite Ath eats Tiadust: Dani Miranda ¢ Wiliam Olivia apicuri mr Coprigh © i ealgto base, 2016 Copright © Sige Pabcions Led, 2013 “Toga: epeacon~ Ed ySar al fen En and Se oe “dos os deos ds eo seas (Cn Beer R= 2031-204 ‘Ene 0 2534735 esac Fun gece Vine 235 Pj Comair gcd 2b 100| Gis Be ein ‘Ts cnpsrivarase sins Coordenaio Eitors Ape Rosngla Dis Conte God aera PUC Rio ‘Aap Samp Coot Romeo sty on Agua Koc, Fran Si, Jon nde Benn, La Alencar Rida Sk lo, Liz Rober Cah, Plo endo Cama de Ande «Seo Br “Teadaoe Dail Mirae Will Oli. Reve de rigs Sear Cre Dini Revs de provan Cinina de Co Pein Projet rc de capa elo Fav cd Mata Dsgn astra de cape: Tigo Rio “oder dios tendon. Nenana prt des eg pode sr tia, ‘epee gulch, je ecto ele, por stp, oresario qe apoprinn ou toed esse denen de ds ‘ron surged eon ei fo reid endo re regi de Lng Pre de 1350, {reenter ne Brae 2003 (Cre pens Sat Hl Opa tit Ti Arras Tale Dnt Manda Wii Oi. eso 4 PU Rn: pe 2016 Boop sialon In og ISBN (UCR sTess06:96 ISBN (peu rasa 1a 2. Ren Ta SUMARIO APRESENTACAD Hill, comunicagfoe a poltica do real intRoDucko. CAPITULO | - © PAPEL DA REPRESENTACAO, 1. Representagio, sentido elinguagem 1.1 Produindosigniicads,representando objets 1.2 Linguagem e rpresentagion 1.3 Compartlhando os eédiges 1.4 Teoria da epresentagso 1.5 A linguager dos semdforos 1.6 Resumo 2.0 legado de Saussure 2.1 A parce social da linguagern 2.2 Cetca a0 modelo de Saussure 2.3 Resumo 43. Da linguagem a culeurs da lingustica & semiética 3.1 O mito hoje wv a1 31 32 a 3 sa 7 6 8 6 6 n 4. Discurso, poder € 0 sujeito 4.1 Dallinguagem ao discurso 4.2 Historicizando o discus: piteas dacursivas 4.3 Do discuso a poderleonhecimento 44 Resumes Foucault erpresentasio. 4.5 Charcot ea performance da histera 5. Onde ests “sujeito”? 5.1 Como exptaro sentido de Las meninay, de Veisquer 5.2.0 suelo dana represen 6. Conclusio:representagio, sentido e Hinguagem reconsiderados REFERENCIAS LerTunas oo carrutor Teitura A "Lingua, reflex e natureza-mort’ Norman Bryson Leitura B:“O mundo da lua livre”, Roland Barthes Leitura C: “Mito je", Roland Barthes Leieura D: *Reeérca da imager, Roland Barthes Leicura E: Nove flee sobre a reli do nos tempo, Emesto Laclau ¢ Chantal Mout Leica “A performance da his”, Elaine Showalter 76 3 as 2 93 98 101 108 108 m4 14 v8 122 124 126 130 CAPITULO lI ESPETACULO DO“OUTRO” 1 lntrodusio 1.1 Herts ou vile? 1.2 Qual a imporeincia da “iferengs”? 2. Racializando 0 “Outro” 2.1 0 raclsmo como bern comercial lmpério © 0 mundo doméstica 2.2 Enquanco iso, Ki nas grandes plantages 2.3 Significando a "diferenga” racial, 3. Acencenagdo da “diferenga” racial “ea melodia demorouse..” 3.1 Corpos clestias 4. A catoreotipagem como pritica de produsso de signifcados 4.1 Reprseenasio,diferenga e poder 4.2 Poder fantasia 4.3 Fetchismo e reo 5. Comtestagio de um seyime racializado de representagio 5.1 A inversio dos esterestipos 5.2 Imagens positivas enegaivas 5.3 Auavts do olhar da representagio | 139 139 vat 153 161 161 166 169 ws 183 193, 197 an 22 216 219 6. Conclusio REFERENCIAS Lerunas D0 caPiruLo I Leivara A: *O espectealo do sbi e das mereadoris", “Anne McClintock Leitura Bs Aiea’, Richard Dyer TLeirua C2 estrutra profunda dos estereipos", Sander Gilman Leieua Ds "Leitar do ftichismo racial", Kobena Mercer 223 228 22 232 239 22 246 APRESENTACAO Hall, comunicagao ea politica do real Arthur tuassu Pfetr aa Oxpaamentoe Em um dos seus enssios mais importancs, “Space, Time and Communications, um tibuto ao tebrco da comunicagio Harold Innis, James Carey escreveu que acreditava ser possivel desenvol- ver uma forma de estudos culurais “que ni sedurssem culeura 8 ideologa, confito social a0 conflto de classe, consentimento com complactncia, agi com reprodusdo ou comunicayfo com coergio" (Carey, 1989: 109). Ao fazer isso, a partir de sua formaco pragmé tica, Carey possivelmente esava se referindo & tradicéo europea ‘cos estudos cultaris foram fortemente influenciados pelo mar. xismo desde a Escola de Frankfurt, algo que havi, inclusive, abafa- cdo um pouco o impacto intlecesle incemnacional da obra de seu mestre John Dewey. Mais especifcamente, no entanco, na segunda metade do século 20%, Carey talver esivesse mesmo dialogando com os estados culurais que vinham da Universidade de Birmingham, capecialmente aquces produsidos sab a diregia do professor Seuare Halla parte do fim dos anos 1960, na Inglaterra, com quem James (Carey se cortspondia, de tempos em tempos. 1 _ cuTunAEeeasseacho | STURT HAL Naguele momento, Saute Hall obtinha destague académico se perguntando como as imagens que vemos conseantemente 2 nos- sa volta nos ajudam a entender como funciona © mundo em que vivemos, como essss imagens apresentam realidades, valores, iden- tidades, 0 que podem acarretar, sto é, quem gana e quem perde com clas, quem ascende, quem descende, quem é inclufdo e quem é cexcludo, como fica a situagio parccular dos negros nesse process. ‘Com tal areabougo de questées, Hall tomou seulugarnatradiggo os estudosqueanalisam oseftitos da midianassociedades econsttul ‘que chamou de polite of the image, ums “politica da imagem”, 0: questionamentos e as dispuras sobre © que 2 imagem representa ‘final, um dos efeitos clars dos aparatos miditics éconstcuir um cexpago aurSnomo (em bea parte imagétco) de visibilidade piblice (Gomes, 2004), onde politicos, atores, jogadores, celebridades € até mesmo institugGes ascendem e descendem, nascem e motrem, muitas vezes de maneira bastante veloz [Nesse contexto, Stuart Hl procutou entender 0 papel da midia as sociedades, psicionando os estudos culeuais como uma epise- mologia no positivist para or media efit tendo a tepresenragio” ‘como seu conceito central, Uma nocio de “representagio", no entan- 10, que se afsta da visio comum (metafsica) de “reflexo", “verdade por correspondénciz”, que informa a ciéncia modema como “com- provasSo positiva da verdade” ox “positivism” (Oliva, 2011), ese praxima de uma perspeciva mas aiva e constiutiva sobre 0 ato representative, nos procesos de construgio social da realidad Nese sentido, Halles ligado is epstemologias ndo positvists informadas pela hermenéuica(Gadamer, 1998), pelo consruivismo socal (Berger e Luckmann, 2010) e pela teria crtca (Habermas, 1991; Kellnes, 1995; 2009), especialmente nos cruzamentos que * Apo ci sa pane, 2015; Deg 198 a 193 oi foul ete 171 Cosy 198, Ham, 19K) Kr, 01 He 138s 197 econ 204 posesnagho 11 cavolvem estas duas dltimas correntes. Como um construtvista, ‘Sruart Hall vu o “ral” como uma “construc socal”, amplamente ‘macada pela midia e suas imagens nas sociedades contemporineas. Como um teérico mais ertico, procurou, por meio de Foucault, entender como o poder se inser, se coloca ou que papel exerce nes se procesto,Instido em uma longa linha de estudos que passa por Durkheim, Saussure, Barthes, Foucault ¢ Derrida, Hall presenta ‘uma nogio de representagio como um ato criativo, que se refere 20 {que as pessoas pensam sobre o mundo, sobre o que “so” nesse mun- do.e que mundo & ese, sobre a qual at pessoas estio se referindo ttansformando esas "representagGes” em objeto de anlise critica € cientlica do “eal”. Asim, ¢com base na “critica imanente” adomniana, Stuart Hall sugereo“inerrogatéro da imagem, um exame, um questionamento, dda €& imagem, sobre os valores contidos na imagem e além del, ‘A petspectiva parte do pressuposto de que vivemos hoje imersos ‘no mundo das imagens, afb in the wazer~ tomando emprestada 2 finse de Marshall MeLaban (1971). Kantisnamente, os estudos culturis de Stuart Hall procuravam ssir da égua e olhar 0 mundo do alto, para examinaro conteido da dgua, or este vigs, somos seresenneimagens e cada ver mals entre ‘agen, do péx-guctra industrial 3s formas diferenciadas das midis sociaiscontemporineas. Absorvemos corriqueiramente uma sri de ‘imagens a nossa volta, “como peixe na gua", imagens esas que sio, objetos de dspuca do mundo epresentado ~a politica da imagem, a dlispura do sentido, Para Stuart Hall, a midia produr amplos efeitos na sociedade, relacionados umm dererminado tipo de poder que se cexerce no proceso de administragio da visibilidade pablica midit- co-imagética. Com iso, sua erccao eva & busca pela emancipasio, por meio do questionamento da imagem. Em relagio a esse posicionamenco, no entano, vale embrar que, somos sere entreimagen, somes também sees entretetos,diatia- 12 _ CURR EREPRESENTNo | STUART HAL ‘mente bombardeados por lcs e palavas das mais difrenciadss, bjetoevaiosos pars at metodologias de anilie de discuro ¢ de conte, hoje apoladss por uma série de softwares para amostas conabilzadas em miles de rue (Vargo etal, 2014. ‘Além dso preciso atecar para que 2 tejeigo 0 posivismo, coma posicionarnentoepstemolégica, fo sigailique uma posicio ‘no metodolgica, que Sere Hall provavelmente no aprovar ‘final, hoje uma enorme gama de metodologiasdsponivels no mando epstemoldgico no petit, como aandisesdecontetido ¢ de dseutso, mencionaas, andes de sentiment emografas © ebseragSs de todos o5 ios, bem coma enteisas, grupos fess, para enumerar apenas alguns dos todos qualitasivos elsicos. A opctoepiscemolégia nao dev, ou no deveria, sr vst como um. dscarte do método, qu especfica a linguagem cinta Finalmente com relagio ao eomenticio de James Carey, que inci exa apresentaro, tates do ponco que bascamenteciferen- cia os estudoseuleuras american dos europe, especialmente os britnieos. Sure Hil foi um académico nero, vndo da Jamaica, aque anal crtcamente srepeesntagio do negro nas imagens do ‘xptlismoe do imperilsmo brtinizo. Nese contexc,ndo ha vidas de que a questo da “emancipasi’, bastante cara prspetiva critica, gaa devid import Para James Carey, no entano, part os pragmtios em geal, sem toda comnicasso deve ser vita como forma de opesso ot domingo, que deve ser desveladapara que os opsinidesedomina- dds posam vee a, emancipados pela rao, Hi comanicasio para todos os gstse, ors mesmo, a empitia se toma to importante pata or pragmésicor, de modo ques partir dla epost eli sabre ‘© contexo no qual cada objeto de anise esecfico se inser. Bote ‘0 consecutive ea teria cca, por que no fcr eom os dois? Assim, leltor tem em mos neste lio tks textos Fundamen- ts de Stuart Hall, nos quis autor desevolve sua anise plitca arneseacho 18 cla cultura, a partir de uma nogio especifica de representagio. Na Introdusio, que acompanha os dois textos principals posterores, Hill faz uma contexcualizcio mais ampla do seu pensamento, em relagio As discussbes sobre o sentido da culeura. No primero capi- tulo, “O papel da representago", Hall sistematiza sua tora a partie dos trabalhos de Saussute, Barthes e Foucault, apresenta exemplos € disloga com o leitor sobre imagens do nosso arquivo social, No segundo texto, “O espeticulo do ‘Outro”, esti sua pesquisa sobre ‘imagens do negro produzida na culcura bricinca, desde aquelas que acompanhavam 0s produtos do capitalism colonizador na Attica as representagBes académicas eda intlecrulidade brtinica, nos seus primeisos contator com 0 negro, © autor também discute, nese ‘eto, 0 negro na publicdade e no cinema moderno, bem como as possibilidades de uma “politica da imagem’, fazendo referéncia a noms como 0 de Spike Lee. [Nao hi dividas, avira epistemoldgicae © rompimento com a nogio metafisica de “representagio” posibiliaram outras percep- bes da pritiearepresentaiva, que ganha assim um eardterforce- ‘mente “constcutivo”, como sugere Hill, Nesse momento, 2 repre- sencasio surge como “representagio politica” que, em seu ato de ‘representa, consttui nfo somente identidade, masa prépria quar lidade existencial, ou "realidade” (ontologia), da comunidade poll- fica, cendo representada em seus valores, interesses, poscionamen- 105 prioridades, com seus membros (e nfo membros), suas regras instieuigSes, Nesse context, da “representacio como politica”, nio ter vor ou no sever representado pode signficar nada menos que ‘opresio existencal. 16 _ utTuanenePesenTACo | STUART HALL REFERENCIAS steno; Hannah, A promasa da poles. Rio de Janeito: Difel, 2008. (0 que politica? Rio de Janeiro: Bererand, 2009. ‘aris, Roland, Mitlogiar. Rio de Janeito: Bertrand, 1993, sence, Peter Ludwig e WCKMANN, Thomas. A construpdo social dda realidad: tatado de sciologia do conbecimento. Peropolis: Vores, 2010, caney, James. Communication as Culture, Nova York: Routledge, 1989, DERRIDA, Jacques. A ous eo finimenst introdusio ae problema do sign na fnomenologia de Huserl Tadcio de Lucy Magalhies. Rio de Jancito: Zabar, 1994 ewey, John. The Public ana ls Problems: An Esay in Political inguin. ensibvinia: The Pennsylvania State University Press, 2012. ‘capanser, Hans-Georg. O problema da consciénca histriea, Rio de Jianeio: Edivora rev, 1998, cones, Wilson. Thanformarses da politica na era da comunicarto de ‘ata, Sio Pal Pais, 2004. HanERWAS, Jlngen. Mudana estrusural da efi publica: investiga quanto a uma categoria da racedade burgue. Rio de Jancivo: “Tempo Brasileiro, 2003, ALL, Seuart; oRsoN, Dorothy; Lows, Andrew e wituis, Paul (Orgs). Culture, Media, Language. Nova York: Routledge, 1980. sanz, Stuare (Ong). Representation: Cultural Representation and Signifing Practices Los Angeles: Sage, 1997. nis, Hatold A. Ovi da comunicago. Peerdpolis: ones, 2011. sano, Eduardo, Hannah Arende pensador da erie de um novo inicio, Rio de Jancro: Cvilizaco Brasileira, 2011 veatisen, Douglas, A cultura de midia:estudoseulturts, identdade «poles entre madera opé-medern. Bauru: Edusc, 200). tarentan, Walter. Opinio pblice, Pecripolis Vores, 2015. possentgho 15 cconas, Maxwell E, Sting the Agenda: The Mass Media and Public (Opinion. Massachussets: Blackwell, 004. seuuntan, Marshall. Guera pas na aldeia global. Rio de Jancto: Record, 1971 ‘our, Alberto, Teoria do conbecimenta, Ria de Janeiro: Zahar, 2011 ‘vanco, Chris J; Guo, Lei; mcconss, Maxwell; suaw, Donald L. Neework Issue Agendas on Twicter During the 2012 US. Presi- dential Election, Journal of Communication, ° 64, p. 296-316, 2014.DOI: 10.111 1/jcom.12089. INTRODUGAO (Os capitulo dese livrolidam, de diferentes manciras, com a ques- to da reptesentagio, Esta ¢ uma das pritica centais que produz a culzura ese apreenta como um momenco-chave naguilo que tem sido chamado de “cireuito da cultura” (Du Gay etal, 1997). Maso _queaareprerentagso tem a ver com “cueurs"? Que conexio existe en presenta tua dia respeito a “significados compartilhados”. Ora, a linguage nada mais € do que o meio prvilepiado pelo qual "damos sentida’ as coisas, onde o significado € producido e intercambiado. Significa- dos s8 podem ser comparilhados pelo scesso comum a linguagem. ‘Assim, esta seroma fundamental para os sentidos e para a cultura © ‘vem sendo invaiavelmente considerada orepositério-chave de valo- ¢ “ealeura”? Colocando em termos simples, cul ese significado culrurais. 18 _ CULTURA EPRESIAGAO | STUARTHALL ‘caRcUITO DA CULTURA Mas como a linguagem const6isignifcados? Como sustenta 0 clidlogo ent partcipantes de modo a permitir que eles construam uma cultura de signficados compartlhados e inezpretem o mundo cde mancira semelhante? A linguagem & expat de fazer isso porque cla opera como um sistema rpreenteional. Na linguagem, fizemos uso de signose simbolos seam ees sonoro,escritos, imagens ele- trOnices, notas musicaise até objesos — para signifiar ou represen- ‘ar para outros individues nossos concetos, idelas ¢ sentimentos. Alinguagem & um dos “meios” através do qual peasamentos, idlas csentimentos so representados numa cultura. A representaio pela linguagem &, portnto, essncial 2s procesos pelos quis os signif- cadossio produzidos ~¢ ests a ideia primordial e subjacente que sustenea este live, Cada um dos capitulos subsequentes examina “produsio e circulagso de sentido por meio da linguager em relagio diversas exemplose diversas fteas de pritica socal. Juntos, cesses textos avangam e desenvolvem nossa compreensio de como a representagio realmente fimciona moouge 19 “Culeua” ¢ um dos conceitos mais complenos das cgncias hu mana © socns,¢ ha vias mancta de preci, Nas dfinigdes teadicionais do terme, HenitSvistaeomoTalgoeqUSTENGLOSR ‘e que de melhor foi pensado ¢ dito” numa sociedade, Eo soma: ‘trio das grandes ideias, como representadas em obras clssicas da Tieraurs, da pintura, da misia ¢ da flosofia ~ é a “ala culturs” cde uma época,Pecencente a um mesmo quad de eferénca, mas ‘om um sentido mais moderno, &0 uso do termo “cultura” para se referis formas amplamentediseibuidas de misica popula, publ cages, arte, design e literature, ou stivdades de lazer e entreteni- mento, que compsem o catdiano da mora das "pessoas comuns" Ba chamada “aleura de mass” ou “cultura popula” de una época. or muito tempo, o confronto ene alta culrae cultura pop lac foi a maneiraclissca de se enquadraro debate sobre otema~em aque estes termes se iam incrtavelmente atelados a ua poderosa carga de valor (ero mod, sta = bom; populat = degradad). Nos Ailtimos anos, porém, iii eSiiises iniispréaimieasTeieNciat Weeds pala Toler pasos ser elizarapararsesrefee(n| "derma comunidade, de uma nag ou de um grupo socal —0 que “velo a ser conhecido como a defnigéo “antropoldgie’. Por outro Jado, a palavra também pasou ase uizada paredesereverosivas “lores comparihados’ de um grupo ou de uma sociedace ~o que de _certo modo se assemelha & definigio antropoldgica, mas com urna ‘GRERERSGISGIGAIMIIOE No decorrer deste livro, 0 leitor encontrari cevidéncias de todos esses significados. Entretanto, como o proprio, ticulo do ivro suger, 0 crmo “eultura’seré gealmence utlizdo qui de uma forma diferente, mas expecta A importincia do sentido para a definigio de cultura recebeu {nfaze por aquilo que pasou a ser chamado de “virada cultural” nas cigncias humanas e socials, sobretudo nos estudos cultura ena socilogia da cultura. Argumenta-se que cultura ndo € canto 20 _ cUTURAE REPReeATAGAD | STUARTHALL tum conjunto de cates romances e pinturas ou programas de Tv € histrias em quadrinhos-, massimum‘conjumtowde pritcasaBasis -camence, cultura dir respeito& produgio ¢ ao intercimbio de en fides ~ 0 “comparithamento de significado” ~ entre os membros MURIgRUpOTOUTeIedaee AFrmar que dois individuos petencem 2 mesma cultura equvale a dizer que ees inerpretam 0 mundo de rancir semelhante ¢ podem expresar seus pensamentos€ sent menos de forma que um compreenda o outro. Assim, a cultura depende de que seus participantesinterprerem © que acontece 20 seu redore “deem sentido" s coisas de forma semelhante Exe foco em “rgnficados compartlhados” pode, algumas ve- es, fazer a cultura soar demasiado uniiriae cogntiva. Porém, em roda cultura hi sempre uma grande divesidade de signifcados a respeto de qualquer tema e mais de uma maneita de representé-to ‘ou interpreté-o, Além disso, a cultura se elaciona a sentimentos, 2 ‘emogées, a um senso de pertencimento, bem como a ideias, A expresséo no meu rosto pode att “revear algo” sobre quem «sou (ideneidade), 0 que estou sentindo(emosées) ede que grupo smo fazer parte (pertencimente). Ela pode se “lide compreen- dda por outros individuos mesmo que eu nlo tenha 8 intengio de- liberada de comunicar alg formal como “uma mensagen ¢ ainda ‘que 0 outro sujeto nfo consign pereeber de maneita muito ligica come chegou s entender o que eu esa “dzendo”. Acima de tudo, (0s signifcados culturis nfo extio somente na nossa cabera ~ eles ‘organizam ¢regulam prticassocais,influenclam nossa conduta € consequentementegeram efeitos reise piticos, -Aofasenaspédcas cultura €imporcance. to os prtcipantes de uma cultura que dfo sentido a individuos,objeos ¢ aconted mentos. As coisas "em si” raramente ~alver nunea ~ em um nificado tinizo, xo ¢inaerivel. Mesmo algo tio Sbvio como uma ‘peda pode ser somente uma rocha, um delimitador de froneita ou uma caculra, dependendo do gue ela significa ~ isw &, dentro de sermopuho 21 «zrto contexto de uso do que os filésofos chamam de diferentes "jogos deLinguagen” (saber, linguagem das roncezs, a linguae gem das esculturs, e assim por dante). Em pare, nds damossigniticados a objets, petoss e eventos por meio de pardigmas de intrpretacio que leva & eles. Era pare, damos sentido is coisas pelo modo como as uiizamos ou as Integramos em nosas prévicascotdanas. fo uso que faemos de tua pilha de sjoloe com argamassa que fz disso ums eas’: € 0 «qe scatimos, pensamos ou demos atespeito dela €o que fz dessa “eas” um “la, Em outea pare ainda, abs concedemos sentido is coisas pea maneir como a8 repreentamas— as palaveas que usamos para ns refi las, as hstvias que narcamos a su respeito,a¢ Imagens que delas exams, as emogbes que assocamos a els, 35 smaneias como as casifamos ceonecituamos, enfin, 0s valores aque nas embuimos. ‘Acaltura,podemos dizer, est enolvida em todas ess piccas aque nfo so. geneticamente progeamadas em nés (diferentemente dbo movimento invlunesio do jelho 20 ser esimulado por un smarelo), masque carregam seid e valores para ns, que precisam ser sgnifcatonmente interpetadas or outos, ou que dependem do sentido paca seu fetivo funcionamenco. Acatura,desse modo, per ela coda a sociedade. Ela € 0 que diferencia o clemento "humane ‘vida social daquo que &bilogiamente direionado, Nese sn tido, 0 exrudo de cultura reas 0 papel fundamental do domiaio snbslce acento david em sociedad ‘Mas onde o sentido & produsido? Nosso “circuit da cular ca que sentidos sio, de fto,claborados em diferentes eas € petpasados por virios processos ow pritica (0 circuito clea © sentido & 0 que nos permite cultivar a nogio de nossa propria identidade, de quem somos ea quem “pertencemos” ~ , asim, ele se rclaciona a quests sobre como a cultura éusad para resringie ou manter& idendidade dentto do grupo e sobre adiferenga entre 22 _ CUTURAE REPRESEATAGAD|STURATHALL grupos (0 faco principal de Woodward, 2012). O sentido & cons- rantemente elaborado e compartilhado em cada interasio pessoal ¢ social da qual fizemos parte. De certa forma, este € 0 campo mais privilegiado ~ embora com fiequéncia o mais neplgenciado ~ da cultura edo significado. (sentido é também produrido em uma vaciedade de médias, especialmente, nos dias de hoje, na moderna midia de massa, nos sistemas de comunicagio global, de tecnologia complera, que fic ‘cexcala até entio desconhecias na hstéia (como aborda Du Gay, 1997), O sentido também é criado sempre que nos expressamos por melo de “objeros culturas", os consumimos, dees faremos uso ou nos apropriamos; isto é, quando nés os integramos de ferentes maneiras nas prticas ¢rtuais cotidianos e, assim, inves _mos tas objtos de valor e significado. Ou, ainda, quando tecemos narrativas, enredos ~ efanrasas - em torno dele (este € 0 foco de Mackay, 1997) ‘Os sentidos também regulam ¢onganizam nossaspritcas¢con- dura: auxiiam no estabelecimento de normas e convengiessegun- do ss quais a vida em sociedade é ordenada e adminstrada. Eles também si, portanto, aquilo que os interessados em administrate regular a conduta dos outros procuram estrucurare formaliar (ese €6 foco de Thompson, 1997). Em outras palavea, a questio do sentido relaciona-se a tador os diferentes momentos ou priticas em nosso “circuico cultural” ~ na construgio da idencdade ena demar- ‘acho des diferengas, na produgio © no consumo, bem como na regulagfo da conduta social. Entretanto, em todos esses exermplas, ‘ecm todas esse diferentes arenas institucionas, um dos “meios” prvilegiados através do qual 0 sentido se v8 claborado e perpassado a inguagem. ‘Assim, neste lio, nos aprofundamos no primeito elemento do nossa “crcuto da culture comegames com a questi do sentido, da rmcourho 25 linguagem e da representagio, Membros da mesma cultura compar tilham conjuntos de concetos, imagens e ideias que lhes permite. sentic reflec, portano, inerpretar 0 mundo de forma semelhan- te Hles devem compartthar, em um sentido mais gral, os mesmos “cédigos culeuras’, Deste modo, pensar ¢sentit sio em si mesmos “sistemas de representa", nos quais nossos conceit, imagens € cexnog6es “dio sentido a" ou representam — em nossa vida mental — objeros que esto, ou podem esa “i fore" no mundo, ‘De modo semelhant,a fim de comunicaresessguiicados para ‘ouras pessoas, em qualquer toca signifcativa, os paticipantes tam- bbém deve ser capazes de silizar o mesmo cédigo lingustico ~ eles ddevem, em uim sentido muito amplo, “ilar a mesma lingua’ Isso rio quer dizer que eles precisem literalmente falar alemao,feancts ou chings, Tampouco significa que eles consigam compreender per- feicamence o que qualquer filance da mesma lingua esté dizendo [Nés escamos nos referindo um sentido muito maior de linguagem. [Notts interlocutores precisa filar 0 suicence da mesma Lingua para serem capazes de tradusit 0 que “o outro” fala em algo que eu” possa entender e vice-versa. Hles preisam estar familiarizados ‘com os mesmos modos genéricos de elaborarruidos para produit, 19 que reconhecerlam como “misic”, Precisam também interpreta expresses facials linguagem corporal de modo semelhant, am de, é claro, saber anspor seus sentiments ides par esescbdi- 08. sentido € um didlogo ~ sempre parcialmente compreendido, sempre uma troca desigual Por que nos refesimos a codas esas diferentes formas de pro- dducdo ¢ transmissio como “Uinguas” ou "como se Fossem linguas"? Como, afinal, as linguas fancionam? A resposta simples € que ‘operam por meio de representa, Sto “sistemas de representacio". Essencialmente, podemos afitmar que essas priticas funcionam como se fossem linguas” ndo porgue clas sio escrites ou faladas (elas nfo so}, mas sim porque todas se usilizam de algum compo- CUMTURAEREPRESETAGAO | STUAETHALL rente pata representar ou dar sentido aquilo que queremos dizer «para exprssae ou ransmitir um pensamento, um conesito, uma idea, um sentimento, A lingua falada faz uso de sons, aesrita, de palavess a miisica acranja notas em escal,a"linguagem corporal” ‘emprega gestosisicos, a indistia da moda utiliza tens de vestuto, a expresso facial xe aproveita de tragos individuais,a7¥, por sua ‘yen, apropria-se de pontos produzides digital eletronicamente ‘co sina de trinsto usa a5 cores vermelha, verde e amarcla para ize alge? Esser elementos ~ sons, palavrs,gestos, expresses, roupas—sfo parte da nossa ralidade naturale material sua imporeancia para a Tinguagem, porém, néo se reduz a0 que si, mas sim a0 que fizem, a suas fungbes. Bes consttoem significades e os tansmitem, Eles “igoificam, ndo possuem um sentido claro em si mesmos~ ao contré= rio, eles so vefclos ou mins que carepam sentido, pois Funcionam como simbolos que epresentam ou conferem sent (sto 6, simbo- lizam) As ideas que desejamos transmit. Para usar outrs metéfora, cles operim como signa, que sto representagBes de nossos concei- 06, disse sentimentas que permitem 20s outros “le”, decodifcar cou interpreta seus seneidas de mancirapréxima A que fazemos. este modo, a linguagem € uma priticasignficane, Qualquer sistema representacional que trabalhe nesses termos pode ser visto, e forma geal, come algo que funciona de acordo com os pincipios da representago pela linguagem. Assim, 2 forografia€rambém um sistema representacional, que tlza imagens sobre um papel otos- sensvel pars transmit um sentido forogrfico a rspeio de dete ‘minado individuo, acontecimento ou cena. Exposigbes em museus ‘ou galerias podem igualmente se vistas “como uma linguagers, {que fazem uso da disposigso de objetos para elaborar certos sentidos sobre o tema da mastra. A musica, por sua ver, & “como uma lin- guagem’ na medida em que emptega nocas musicas para transmit sensagbes¢ ideas, mesmo que abstrats ¢ sem referéncia direta na itooucho _ 25 “realidade material”. (A musica €tida como a transmisséo méximna de ruido com 0 minimo de informacio.) ‘Se nos deslocarmos para os jogos de futebol repletos de carazes, bandeira eslagans, orto © corpos pintado de certs cares ou ins critos com certos simbolos, podemos também consideré-los “como tum linguager” ~ na medida em que iso é uma privcasimbélica ‘que concede sentido ou expresso 8 ideia de pertencimento a uma cultura nacional ou de identificagio com uma comunidade local Isso ¢ parte da linguager de identidade nacional, um diseuso de pertencimenco nacional. Representagi, aqui, est intimamente li faa aidentidade e conhecimento. Pos, na realdade,€ dif saber © que “ser inglés” — ou mesmo francs, alemio, sul-ficano, japo- és sige fore do escopo em que nossos concstose imagens de identidadee euleura nacionas fram representados. Sem esses sist mas de “sigoificacio",serlamos incapazes de adotar tis identidades (ou mesmo de rjeiti-las) e consequentemente incxpazes de fornen- tar ou manter es realidadeexistencil que chamamos de cura Portanto, é por meio da cultura e da linguagem, pensadas neste contest, que a eaboragio ¢ a circlasio de significados ocortem. [A visio convencional era a de que “objeto” existem na realidade naturale materials de que seus crag palpéveis e naturis os deter rminam ou 0s constiuem; ¢ que eles possuem um sentido absolute mente claro for do escepo em que sio representados. A representa, sob este ponto de vista, revelavase um processo de imporcincia se- ‘cunditis, ue entrava em campo apenas quando as coisas jé haviam sido totalmente estabelecidas seus sents constiuides. Desde a "virada cultural” nas eigncias humanas e sociais, concur do, 0 sentida é visto coma algo a see pradueido ~ construido ~ em vez de simplesmente “encontrado”. Consequentemente, crcunscri- 1a 20 que veio a ser chamado de “abordagem social conscrutivisa’ (04 “construtivismo soca”, a epresentacéo € concebida como parte constcativa das cos; logo, a cultura € definida como um processo 26 - cUTUMAE EPREsEITAGAO | STUARTHALL riginal e igualmente constcutivo, tio fundamental quanto a base ccondmica ou material para a configuraglo de sujeitos sociais © sconecimentoshistricos ~e no uma mera reflecio sobre a reali- dade depois do aconcecimento. ‘A "Tinguagem” fornece, portanto, um modelo geal do funcio- rnamento da cultura e da representagdo, especialmence na chamada abordagem semiétia —sendo esta 0 eseudo ou a “céncia dos sgnos «seus paps enquanto vefculos de sentido numa cultura. Nas sl- simas déeadas, ess preocupagio com o sentido tomou um rumo diferent, ficando mais concentrada nio em pormenores do funcio- ‘namento da “linguagem", mas sim no papel mais amplo desempe- hado pelo dicuro na cultura Discutsos sio mancras de se referira um determinado t6pico da pritica ou sobre ele construr conheclmento: umm conjunto (ou con itwpio) de idelas, imagens ¢ prticas que suscitam variedades no falas, formas de conhecimenco e condutas relacionadas a um tema particular, atividade social ou lger institucional na sociedade, Ess formar dicurtivas, coma assim so conhecidas, definem 0 que & ‘1 nfo adequada em nosso enunciado sobre um determinado tema ‘ou drea de atividadecocial, hem como em noses pric associadas atl rea ou tema. As formagéesdiscursivas definem ainda que tipo de conhecimento é considerado titi, relevant e “verdadeiro* em seu contests definem que género de individuos ou “sujeitos”perso- nifcam etsas caractriteas. Assim, “dscursiva” se tornou 0 termo sera utiizado para fer referencia a qualquer abordagem em que (0 sentido, a representagio ¢ a cultura sio elementos considerados -Exitem, ¢ claro, algumas semelhangas ~ como também grandes iferengas ~ ent a semiéiea eas abordagens dicusivas, desenvol- vidas mais frente neste live. Uma diferenga fundamental €que a bordager semistica se concentra em como a representacSo ¢ a lin- _guagem produzem sentido ~ 0 que rem sido chamado de “poética’ eonugho _27 = enquanto a abordagem dicursiva se concentin mais nos eter 6 comeguéncas da representagio ~ isto é, sua “poltia". Fxamina ‘no apenas como a linguagem ¢ representacio produzem sentido, ‘mas como o conhecimento eaborado por determinado discus se selaciona com 0 poder, regula condutas, nventa ou constr6t identi dadese subjetvidades e define « modo pelo qual certs objeto sio representados, concebidos, experimentades ¢ analisados. A éafase ds abordagem dicurioarecaiinvaiavelmente sobre a especificidade histérica de uma forma particular ou de um “regime” de repesenta- ‘50, ¢ nia sobre a“linguagen’” enguanto tema mais geal Isto &, seu foco inci sobre linguagens ou signifiados ¢ de que manera eles So utilizados em um dado periodo ou local, apontando para uma grande expecifiidade histérica ~ a maneiea como privias represen- tacionais operam em sieuageshis6rcas concrets (© uso conente da linguagem e do discurso enquanto mode- los de como a cultura, 0 sentido ea representacio funcionam, bem. como a subsequente “vir discursva’ nas cgncias homanas eso- ciais consetuem a mudanga de dieegio mais importante ocorrida, os ikimes anos, no escudo da vida em sociedade. A discussio a respeito das duas verses do “construivismo” ~ as abordagens semi- ‘tiene discursive ~ surgi alinhavada e desenvelvida nos capitulos ‘que vrto a Segui, considerando, claro, que a “vrada culeural” nio tem se desenvalvido de manciraincontestivel. No capicul sobre o papel da sepresentagio, procure abordar ‘com maior profundidade o argumento te6tico arespeito do sentido, da Tinguagem e da representago, brevemente resumido até agora, (© que afinal queremos dizer quando afirmamos que o “significado produzido por melo da linguagern”? Langando mio de uma série deexemples, o expiculo nos conduz por meio das implicagées deste raciocinio, Seré que as cosas — objets, indvidues, acontecimen- tos exibem um intrinseco,tnic, inalterivel ¢ veadeito sent- do, eabendo unicamente & linguagem revelélo com precsio? Ou 28 _ CUTURA EREPRESENTAGAD | STUARTHALL so of sentidos pasiveis de constante transformacéo & medida que nos movimentamos de uma cultura pare a outa, de wma lingua- gem para ourr, de um context hitérico para outro, de um grupo, comunidade ou subcultura para outros? O significado & Fxado por riclo de nostos sistemas representacionas, em ver de ser definido “no mundo”? Esti claro que representagio nio € uma pritica sim- ples, tampoucotransparente como inicilmenteaparenta ser, que, dde modo a destrinchar uma idea, precisimos nos empenhar sobre tama séste de exemplose trazer luz alguns conceitos ereorias a fim de explorar¢ esclarecer suas complexidades. Por fim, no dlkime capitulo, procuro abordaro tema da “repre- sentagio das diferengas” no contexto das manifestagées contempo- ness populares (fotografia jonalstica publiidade, cinema eius- ‘ragées). Virmos nos atentar para como adiferenca “racial, de etnia de sexo tem sido “representada” uma gama de exemplos visuals originados de vitios arquivos histricos. Serio disetidas questoes cruciais sobre a representagio da “diferenga” como “Outro” e sobre de que mancira 0 “diferente” se configura pot melo da estereoti- ppagem, No entanco, & medida que este raciocinio se desenvolve, © capitulo aborda 0 ponto mais abrangente de como as prticas de signifcagio de fato extrucuram nosto“olhar”, como os divetsos mo- or de olharerto circunseritos por essa prticas de representacio, como a violencia fantasia eo “desejo” atuam nessas mesmas p ‘ieas, tomnando-ar mais complexas ¢ mais ambiguos seus senidos. (© capicula se enceera com a reflexdo sobre algumas “contraestratd- as" nas “poiticas de epeesentagio” —a mancira como um sentido pode ser dispurado, ese um regime especiic de representagio pode se desfisdo,contestado ou tansformado, rtcougho _ 29 REFERENCIAS bu ay, Paul (Org). Pradusion of Culture!Cultures of Production Londres: Sage/The Open University, 1997. DU cay, Pauls HALL, Stuarts JANES, Linda; macax, Hugh © neous, Keith, Doing Cultural Studies The Story ofthe Sony Walla. Londzes: Sage/The Open University, 1997. att, Stuart. Representation: Cultural Representations and Signifying Practices. Londres: Sage/The Open University, 1977. saactay, Hugh (Org). Consemption and Everyday Lif. Londves: Sager The Open University, 1997 ‘moson, Kenneth. Media and Cultral Regulation, Londres: Sage/The Open University, 1997. -wooowann, Katheyn e watt, Saar Idetidade edifrenga. VB. Pecrépolis: Vores, 2012. OPAPELDA _ REPRESENTAGAO capiTuLo | 1. Representacao, sentido e linguagem [Neste capitulo, nos concentrarems em tum dos processos ramente do regime representacional da diferenca entze rags que ‘passa da época anterior para o cinema mainstream. Uma represen- taglo mais independente das pessoas eda cultura negra no cinema teria de aguardar as enormes mudangas que acompanharam as agi- tagGes da movimento pelos direitos iis da década de 1960 eo fim dda segregagio no Sul, assim como a grande migragio de negros para as idades e centtos urbanos do Norte, que desafiou profundemente as “elagbes de represencagio” entre grupos racialmente definidos na sociedade americana. Una segunds,¢ mais ambigua,“revolusio” aconteceu nas déca- das de 1980 e 1990, com colapso do sonbo “inceracionists” do sovimento dos direitos cvs, «expansio dos guetos e o crescimento dle uma subclascenegrs, com sua pobreza endémica, problemas de «sid ¢ criminalizacSo, bem como a queda de algumas comunidades, regras a uma cultura de armas, droga evioléncia ene os préprics inegrances, xo, no encanto, veio acompanhado pelo cescimento de uma autoconfansa afirmativa e por uma insisténca pelo “espeto” A identidade cultural nega, assim como um crescene “separatismo negro, que em nenhum outro lugar é mais visivel que no gigantesco impacto da msica negea(incluindo o “nap negro”) na misica poplar ena presenca visual do sreersye (slo de rua) lgado i cena musical Estes desenvolvimentoe sransformarem as priicas da repre- sentagio rail, em parte porque a questio da representacio em si omou-se uma arena ertca de contenagio e lua, Os acoes negres prosextaram por paplis mais varados na‘Tv eno cinema eganharam. ‘A questio da “saa” veio a ser reconhecid como um dos temas mais importantes da vida norte-americana. Nas décadas de 1980 ¢ 1990, fo negros entrarim pari 0 mainstream do cinema norte-americe ‘no com 0s cineastasindependentes como Spike Lee (Faga coisa cert), Julie Dash (Daughters of the Dust (Flbas da pocira))e John. Singleton (Or dono de rua) - cxpazes de colocat suas préprias inter protagdes sobre figura do negro na ‘experéncia norte-american’ Isso ampliou o regime da represenagio racial: 0 resultado de uma Jue histica em toxno da imagem ~ de uma politica da represenca- ‘io ~ cujasesratégas preisamos examinar com mals cuidado. 4, Aestereotipagem como pritica de produco de significados “Antes de iniciaemos 0 argumento, no entanco, precsamos refer :mals sobre o funcionamento real do regime de repesentagSo. Essen 180 _ URTURAEEPRESEMTAGRO | STUART HAL lalmence, ele envolve 6 exame mais aprofundado de um conjun- to de pritias representacionais conhecidas como estereotipagem. Até agora, consideramos os efeitos essencalizadores,reducionistas, naturalizadores da estereotipagem, que reduz as pessoas a algu- ‘mas poucascaractriticas simples eestencis, que si represencadas coma fxas por natureza. Examinaremos quatro aspectosadicionas: (a) a construgio da “alterdade” eexclusos (b)esterestipose poder: (6) 0 papel da fantasia; e (0 fetichismo, ‘A estercotipagem enquanto pritica de produgio de sigificados importante para a representagio da diferenga racial. Maso que é ‘um esterestipo? Como funciona de verdade? Em seu ensaio "Stereo- ‘yping” ["Estereotipagem, Richard Dyer (1977) fax uma distingSo importante entre spifiaeio e extereoipagem. Ele argumenta que, sem o uso de tipo, seria dif, se ndo impossivel, exair sentido do smuindo. Entendemos 0 mundo a0 nos referirmos a objetos indivi- duis, pessoas ou eventos em nossa cabeca por meio de ut regime geral de clasificagio em que ~ de acordo com 2 nossa cultura ~ eles se encaixam, Assim, nés “decodifcamos” um objeto plano com per- nas sobre o qual colocamos coiss como tma “mesa. Tevez nunca tenhamos visto certa tipo de "mes, mas remos umm conceit geral cou categoria de “mes” em nossa cabega ¢, nee, fazemos “eabes 0s objetos particulares que encontramos ou percehernos. Em outras palavrs, nés entendemos “o particular” em cermos de seu “tipo” Uslizamos aquilo que Alffed Schutz chamou de spijeaps. Nesse ‘sentido, a ipiicagio”€ esencial para a producio de sentido (um. argumenco jédesenvolvido no capitulo anterior) [Richard Dyer argumenta que estamos sempre Ac coisas em cermos de algumas categorias mais amplas. Assim, por cexemplo, “sabemos” algo sobre uma pessoa ao pensarmos a respei- +o dos paps que ele ou ela executam: a pessoa € ura) pat (mie), tum() filho(a), uma) wabalhador(a), wm(a) aman, uma) chefe ou um(a) aposentad(a)? Acibuimes-the a anociagdo a diferentes osnekeuoporouro" _ 19) grupos, de acordo com a cst, sexo, grupo etirio, nacionalidade, “rag, grupo linguistico,preferéncia sexual e assim por diane, Née 1 clasificamos em termes de spas de personalidade — pessoa feliz, sia, eprimida, nas auvens, superativa? Nossa imagem do que a pessoa "2 constii-se por meio das informagées que acumnulamos 0 poricioné-las dentro dessas diferenes ordens de ipificagso. Em. termos gers, ent, “um tipo € qualquer caracteriacio simples, vi vida, memorial, faclmente compzeendida e amplamente reconhe- ‘did, na qual alguns tagos so promovidos e a mudanga ou 0 ‘de- senvolvimento’ & mantida em sea valor mimo” (Dyes, 1977: 28) ‘Assim, qual é 0 diferencia de um etree? Estes se apossam das poucas caracrritcas “simples, vividas, memorévls, facilmen- te compreendidas e amplamente reconhecidas" sobre uma pessoa tudo sobre ela € reduzide a ests tragos que sio, depois, exagerades « simplifcador. Ese & o proceso que descrevemos antesiormente EEntio, o primelto ponto & que « ateecripagem reduz, exencializa, aura fia a “iferenga [Em segundo lugar, a estereotipagem implanca uma esraégia de “csdo", que divide o normal e aceitivel do anormal einaceitivel Em sepuids excue ou expele tudo 0 que ni cabe, o que é diferente Dyer argumenta que: Um sistema de tpot soca © ereretipos sponta eudo 0 que est por asim dizer, dent ¢ fora dos limites de notmalidade [ou sj ‘omportnenosacitoe como “normals” em qualquer cultura, Tipos so instncas que indica aqudles que vivem segundo as regras da sociedade(cipos soca) © aqueles que at regrassfo delineadas para exclu (estereupos). Por esa nfo, on eerestipos também sto mas silos que os ips soins...) Oz imi.) devem esa claramente

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