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"[...

] porque sem mim


nada podeis fazer."
João 15:5
Deus seja louvado.

Guerreiro, Helder
Eu odeio Fenômenos de Transporte III. / Helder Guerreiro
– Manaus, 2018.

Bibliografia

Livro não catalogado e não institucional, o mesmo é amador.


Sumário
Apresentação .......................................................................................................................... 7

Observações ............................................................................................................................. 8

1. Revisão ..................................................................................................................................... 9
1.1 Analisando Casos - Dois copos, nada mais ...................................................................................................................... 9
1.2 Princípio dos Processos Químicos - Tudo que entra, sai ............................................................................................... 12
1.3 Equações Diferenciais Ordinárias - Demônios .............................................................................................................. 14
1.4 Fenômenos de Transportes I - O irmão mais velho. ..................................................................................................... 14
1.5 Fenômenos de Transportes II - O irmão do meio......................................................................................................... 15

2. Similaridades .................................................................................................................... 16
2.1 Fenômenos - Como defini-los? ...................................................................................................................................... 16
2.2 Analogias - Como seria a transferência de massa? ......................................................................................................... 18
2.3 Entendimento - O objetivo é olhar e entender............................................................................................................... 19
2.4 Similaridades - Mundos conectados ............................................................................................................................... 20

3. Introdução a Difusão ................................................................................................. 23


3.1 Fenômenos de Transporte - Todos partiram do mesmo princípio ................................................................................ 23
3.2 Lei de Fick - Agora sim, começou FT3.......................................................................................................................... 25
3.3 Sistemas - Importante saber identificar .......................................................................................................................... 27
3.4 Exemplo - Uma simples poça de água. .......................................................................................................................... 30

4. Mecanismo de Transferência de Massa .............................................................. 35


4.1 Análise de Situação - Açúcar e um copo com água. ....................................................................................................... 35
4.2 Transferência de Massa - E suas variedades. .................................................................................................................. 36
4.3 Difusão em Gases - A primeira parte da difusão ............................................................................................................ 38

5. Difusividade em Meios Fluidos e Biológicos .................................................... 41


5.1 Variação de Dados e Equações - Outras situações ......................................................................................................... 41
5.2 Difusão em Líquidos - Novos meios .............................................................................................................................. 45
5.3 Difusão em Soluções Biológicas - Analisando a complexidade de um sistema biológico............................................... 46

6. Difusividade em Meios Sólidos ................................................................................ 48


6.1 Sólidos Cristalinos - Você já estudou Ciência dos Materiais?......................................................................................... 48
6.2 Sólidos Porosos - Agora chegou a vez de Cinética e Reatores... ..................................................................................... 52
6.3 Difusão de Knudsen - Essa agora... ................................................................................................................................ 55

7. Modelagem de sistemas de transferência de massa .................................... 58


7.1 Modelagem de Sistemas - Aprendendo a moldar equações ........................................................................................... 58
7.2 Pressões parciais - Outro jeito de modelar ..................................................................................................................... 68

8. Características da Modelagem ............................................................................. 69


8.1 Obtenção da equação da continuidade - Em coordenadas retangulares ........................................................................ 69
8.2 Estratégias de modelagem - Você não pode ter dúvidas! ................................................................................................ 76
8.3 Exemplo 1 - Treinar, é necessário ................................................................................................................................. 78
8.4 Exemplo 2 - Mais treino................................................................................................................................................. 82

9. Difusão em coordenadas Esféricas e Cilíndricas ........................................ 86


9.1 Coordenadas Esféricas - O Satanás bateu na sua porta .................................................................................................. 86
9.2 Coordenadas Cilíndricas - E agora quer possuir sua vida ............................................................................................... 90
9.3 Entendimento - Depois do inferno, vem o céu .............................................................................................................. 92

Exercícios em Regime Permanente ............................................................................. 94


Primeira Questão - Fármaco ................................................................................................................................................ 94
Segunda Questão - Etanol no capilar ................................................................................................................................... 99

10. Transferência de massa com reação química ........................................... 106


10.1 Reação Química - Detalhando esse assunto... ............................................................................................................ 106
10.2 Perfil de concentração - Necessário?.......................................................................................................................... 106
10.3 Caso simples com reação química - Novo nível de estudo ......................................................................................... 107
10.4 Caso envolvendo reação química homogênea - Evoluindo... ..................................................................................... 117
10.5 Caso envolvendo reação química Pseudo-homogênea - Abriu-se as portas do inferno .............................................. 128
10.6 Fator de Efetividade - E saiu o Satanás....................................................................................................................... 137

11. Transferência de massa em regime transiente ........................................... 148


11.1 Placa Infinita - Lembra de transporte de energia? ...................................................................................................... 148
11.2 Caso envolvendo regime transiente sem reação química - Tudo é transiente, até a prova ......................................... 151
11.3 Difusão gasosa em um capilar - Dessa vez não será tão simples... .............................................................................. 161

12. Análise gráfica de perfis de concentração e do fator de efetividade


.................................................................................................................................................. 171
12.1 Perfis de Concentração - O céu é azul, mas porquê? ................................................................................................. 171
12.2 Perfis de Concentração de um caso envolvendo reação heterogênea em regime permanente - ................................. 172
12.3 Perfis de Concentração de um caso envolvendo reação Pseudo-homogênea em uma esfera catalítica porosa .......... 173
12.4 Análise de perfil do fator de efetividade ..................................................................................................................... 179
12.5 Análise de perfis em regime transiente com 3 termos na série de Fourier ................................................................. 180
12.6 Análise de perfis em regime transiente de 8 a 20 termos na série de Fourier ............................................................ 195

13. Reação química de 2ª ordem em Regime Permanente .............................. 204


13.1 O que muda? - Não vamos ficar enrolando, né? ....................................................................................................... 204
13.2 Equações químicas - O que fazer com elas? .............................................................................................................. 204
13.3 Ordem da reação - Será mesmo uma preocupação? ................................................................................................. 205
13.4 Condições de contorno em casos envolvendo reação química - Muda muita coisa, tenha isso me mente ................. 206

14. Convecção ................................................................................................................... 209


14.1 Introdução a Convecção - O entendimento da coisa. ................................................................................................ 209
14.2 Os primórdios da convecção - Tudo tem o seu estopim ............................................................................................ 210
14.3 O princípio da absorção - Vejo uma terra distante chamada Operações Unitárias .................................................... 212
14.4 O caso da parede molhada - O primeiro exemplo a gente nunca esquece ................................................................ 216
14.5 O cilindro molhado - O que muda? .......................................................................................................................... 227
14.6 A esfera molhada - Fechando com chave de ouro. .................................................................................................... 229

15. Adimensionais e Camada Limite .......................................................................... 233


15. 1 Adimensionais - Números significativos .................................................................................................................... 233
15.2 Camada Limite - O nosso último suspiro juntos ........................................................................................................ 236

Adeus...................................................................................................................................... 240

Referências......................................................................................................................... 241
Apresentação
Olá meu nome é Helder Guerreiro, aluno do curso de Engenharia Química
da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Este material foi criado
integralmente por mim com o objetivo de salvar muita gente que enfrenta
uma das disciplinas mais difíceis do curso.
Então chegamos na disciplina mais difícil de todas? Na verdade, essa história
de disciplina mais difícil não existe muito, o que acontece é que chegamos
muita das vezes despreparados, porque não tivemos um bom embasamento,
ou porque o professor é carrasco e não ajuda nem um pouco ou pode ser
até mesmo por questões de afinidade do aluno com a disciplina, mas uma
disciplina que por si só é “difícil” não existe, tudo depende de nós, dos nossos
professores e de nossa instituição de ensino.
Transporte de massa é uma disciplina que exige bastante, você não pode
querer cursa-la e deixa-la de lado como uma qualquer, negativo, é exigido
esforço, organização, pontualidade e bastante persistência. O fato é que
muitos dos conhecimentos adquiridos ao longo da faculdade serão exigidos
agora, logo, se você não fez as disciplinas decentemente, enfrentará
dificuldades.
Mas aqui estou eu para auxiliá-lo, espero que este material venha ajudar a
esclarecer todas as suas dúvidas e lhe dar uma visão melhor do que é o
transporte de massa e para que ele serve, claro que não vou conseguir
abordar 100 % do assunto aqui, mas para isso serve os livros, o professor e
os monitores, para que as suas dúvidas venham ser sanadas e você venha
dominar o assunto.
Desejo a você boa sorte nos seus estudos e vamos juntos, até o fim.

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Observações
• Este material é baseado no livro: Fundamentos de Transferência de
Massa - Cremasco e nas aulas do professor do autor.
• Referências constadas no final deste livro que não foram citadas no
meio deste, foram responsáveis pela formulação do pensamento do
autor, sendo assim contribuições indiretas.
• As questões abordadas aqui serão as mesmas que foram utilizadas
pelo professor, mesmo que sejam de outros livros.
• Todas as imagens não pertencentes ao autor foram devidamente
referenciadas na imagem e no final deste livro, as que não contem
referência são de autoria do próprio autor deste livro.
• Este livro é amador e não obteve ajuda de terceiros, ou seja, o autor
pensou, escreveu, editou e publicou este livro sozinho, o que faz
deste passível de certos erros pequenos nesta edição, o que não
comprometerá o seu estudo, dessa forma peço sua compreensão
caso encontre algum erro neste livro.
• Para dúvidas, sugestões, aviso de erros, elogios ou algo que necessite
contato, envie um e-mail para: heldermeloguerreiro@gmail.com .
• Este livro é gratuito e não deve, de forma alguma, ser vendido por
nenhuma pessoa física ou jurídica, o autor deliberou de boa vontade
este livro como livre para todo aquele que queira possuí-lo.

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1. Revisão
1.1 Analisando Casos - Dois copos, nada mais
Veja o que acontece nessa sequência de imagens, aonde corantes são
adicionados à um fluido incolor:

O que se observa?
Ora, veja que dois corantes diferentes são adicionados aos copos com
fluidos incolores. O que ocorre em seguida é que o corante azul se dispersa
com mais dificuldade enquanto o laranja tem uma grande facilidade. A
priori, nenhum dos dois são dissolvidos.

Como explicar?
Não conhecemos o fluido, o corante, suas composições e seus detalhes,
resta-nos especulações. Supondo o mesmo tipo de fluido e vendo que são
tintas comuns, ou seja, não são indicadores, vale ressaltar pontos
importantes como, pH, temperatura e o meio orgânico ou inorgânico. A
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temperatura é um fator importantíssimo, pois a tinta que cai sobre o fluido
no copo, atinge uma velocidade ao se alastrar, gerando transferência de
calor por convecção por causa da camada limite entre o fluido do copo e a
tinta. O movimento das placas internas do fluido transfere calor
rapidamente, o que pode ocasionar a turbulência, ora a turbulência é
aleatória e difusa, ela é tridimensional e gera um grande caos dentro do
fluido, com certeza é uma ótima forma de difusão da tinta.
A difusão que estou falando é basicamente o fato da tinta se afastar do
caminho que ela normalmente percorreria quando jogada no copo, ou seja,
se você jogar a tinta no ar (que é um fluido também) a tinta irá cair reto, mas
se jogar no copo ela começa a se espalhar em certos pontos ou em todas as
direções, portanto ocorreu difusão.
Porque o meio orgânico ou inorgânico é importante? Porque naturalmente
o meio orgânico é mais “pesado” do que o inorgânico, se você fez
laboratório de Química Orgânica vai lembrar que o sobrenadante das suas
experiências era inorgânico, enquanto que o que ficava no fundo era
orgânico, isso não é uma regra é só um exemplo.
O fato do solvente orgânico ser muito carregado, pode acabar por dificultar
a locomoção da tinta em seu meio, mas isso depende muito da tinta, isso
não é uma regra. Por exemplo, uma tinta geralmente é inorgânica, em meio
orgânico as moléculas da tinta não encontrarão facilidade para se desligar
de seu grande corpo, porque haveria “uma barreira” química produzida
pelas grandes cadeias orgânicas do solvente.
Isso é só um exemplo, de muitas coisas que podem acontecer.

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Veja o que acontece nessa sequência de imagens, aonde corantes são
adicionados à um fluido incolor.

Nada muito diferente do que foi visto antes, o adendo é que há dissolução
por parte de um dos solventes.
Como explicar isso?
Não sei se dá para perceber, mas a mesma tinta é usada em ambos os copos,
o que mostra claramente que temos duas situações diferentes nos copos. É
errado afirmar que são fluidos diferentes, não tem como você saber.
Podemos supor que a tinta usada seja uma tinta, dessa vez, solúvel no
solvente que está no copo, isso faríamos supor que o mesmo fluido está em
ambos os copos. Logo, aquilo que poderia configurar a dissolução dessa
tinta é a temperatura, claro que há outros fatores, mas estamos trabalhando
com hipóteses, não temos muita coisa para querer julgar.
A temperatura aumenta a solubilidade de um solvente, assim como você
deve saber de suas aulas de Química Orgânica. As moléculas se agitam, a
energia é transferira para a tinta que atravessa o copo, a tinta atinge a
turbulência e a difusão ajuda na dissolução, fazendo o mesmo efeito de você

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colocar uma colher no copo e agita-lo. É a mesma coisa que ocorre em um
reator PFR.
E se não houver mudança de temperatura? Então podemos supor fluidos
com polaridades diferentes. Ora, uma tinta geralmente é inorgânica,
adquirindo grande atividade apolar, assim como foi visto em Química
Orgânica I, isso fará com que ela se dissolva em solventes apolares
inorgânicos. Você lembra o que acontece se você lavar roupa colorida com
água sanitária?

1.2 Princípio dos Processos Químicos - Tudo que entra, sai


O basicão da engenharia química começa com essa formula:
Acúmulo Entrada através Saída através Produção Consumo
= − + −
no sistema da fronteira da fronteira no sistema no sistema
A=E−S+P−C
Obs.: Acúmulo no sistema = Variação no tempo da massa ou mols dentro
do sistema
Isso é PPQ, o que vem depois, é resultado disso.
Vamos relembrar conceitos:
✣ Sistema Aberto com Reação
𝐴 =𝐸−𝑆+𝑃−𝐶
✣ Sistema Aberto sem Reação
𝐴=𝐸−𝑆
✣ Sistema Fechado com Reação
𝐴=𝑃−𝐶
✣ Sistema Fechado sem Reação

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𝐴=0
✣ Sistema Permanente com Reação
𝐸−𝑆+𝑃−𝐶 =0
✣ Sistema Transiente com Reação
𝐴 =𝐸−𝑆+𝑃−𝐶
✣ Sistema Transiente sem Reação
𝐴=𝐸−𝑆
✣ Balanço Diferencial
- Indica o que está acontecendo num dado instante;
- Cada termo representa uma taxa de fluxo de massa;
- Usualmente aplicado a processos contínuos.
✣ Balança Integral
- Indica o que acontece em um intervalo de tempo (∆t);
- Cada termo representa uma quantidade balanceada com sua unidade;
- Usualmente aplicado a processos descontínuos.
Temos também o balanço de energia, que a Termodinâmica se encarregou
muito bem de nos ensinar a usar essa beleza de có e salteado:
∆𝑈 = 𝑄 + 𝑊
É óbvio que isso está mil vezes simplificado, quem parou para ler toda a
dedução que Smith e Van Ness fizeram entende que essa beleza é uma
viagem só.
A energia interna também costuma ser representada de outra forma:
∆𝐸𝑐 + ∆𝐻 + ∆𝐸𝑝 = 𝑄 + 𝑊

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Cinética, potencial e entalpia, se você fez termodinâmica, isso é um ABC
para você (assim eu espero....).
Mas relaxa que ainda não vamos usar isso agora, vamos focar primeiramente
na parte do estudo da massa mesmo.

1.3 Equações Diferenciais Ordinárias - Demônios


EDO’s podem ser usadas para muitas coisas, você nem imagina o que
dá para modelar com isso, o pessoal de Controle pira.
Existem muitas, mas muitas mesmas, EDO’s e várias técnicas de resolução.
Eu aconselho a começar a relembra-las a partir do momento que você
perceber o tipo de EDO que você vai usar.
Porque eu não vou ficar chutando para tentar adivinhar se a EDO que vai
ter no assunto é um PVI, de variáveis separáveis, variação de parâmetros,
constantes variáveis (Deus me livre) ou La Place. Quando aparecer uma
EDO vamos ver qual é o tipo dela e então revisamos e aplicamos.
O que importa é que você sabe derivar e integrar, se sabe fazer isso saber
resolver uma EDO.

1.4 Fenômenos de Transportes I - O irmão mais velho.


O mais importante aqui para todos nós é se conseguimos fixar
conceitos e teorias importantes em nossa mente, vamos a elas:
✣ Lei de Newton (comportamento por placas ou camadas nos fluidos);
✣ Princípio da Aderência (partículas com velocidade nula no fluido);
✣ Viscosidade (atrito interno do fluido, dificuldade de escoamento);
✣ Reynolds (adimensional que remete o tipo escoamento do fluido);

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✣ Turbulência (escoamento difuso, aleatório e caótico do fluido);
✣ Análise Dimensional (modelagens matemáticas);
✣ Camada Limite (queda drástica de velocidade até zero);
✣ Pressão e energia (Pascal e Bernoulli).
Lembra de cada um desses assuntos e sabe relaciona-los? Você está pronto!

1.5 Fenômenos de Transportes II - O irmão do meio


O irmão mais esquentado dos fenômenos. Essa disciplina tem os
conceitos mais importantes de todos os fenômenos, é importante que você
tenha em mente os ensinamentos da transferência de calor. Vamos aos
conceitos mais importantes:
✣ Transferência de calor (condução, convecção e radiação);
✣ Camada Limite Térmica (o mesmo caso de FT1 só que para calor);
✣ Equação da Difusão (o berço da transferência em regime transiente);
✣ Modelo da Capacitância (𝐵𝑖 ≤ 0,1, Mudança súbita de temperatura).
Os outros casos são muito específicos da transferência de calor, caso
necessário abordar outro assunto, discutiremos com mais calma.

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2. Similaridades
2.1 Fenômenos - Como defini-los?
Vamos começar do básico, se estamos trabalhando com fenômenos de
transporte temos que ter em mente o que exatamente isso quer dizer.
Ora, Cremasco, 2002, diz que: “O fenômeno nasce da diferença.”
Como assim?
Na química aprendemos que a natureza é “preguiçosa”, ou podemos dizer
“engenhosa”?
A natureza faz de tudo para gastar o mínimo de energia possível. As
moléculas encontradas pela natureza são moléculas simples que estão
estáveis e sua formação exigiu pouca energia.
Quando um meio se torna instável para a natureza ela automaticamente se
forçará a corrigir essa instabilidade.
Por exemplo, em um lago, se o seu lado esquerdo está quente e o lado
direito frio, há uma diferença de temperatura ocorrendo.
Essa situação não é estável para a natureza, como alternativa ocorrerá uma
transferência do calor que está no lado esquerdo para o lado direito. A
diferença de temperatura no meio causou o fenômeno.
Mas então, o que é mesmo o fenômeno?
Cremasco deixa explícito que o fenômeno é uma certa mudança de
configuração na natureza. Fenômeno de transporte, no caso, é uma
mudança de movimento ou posição de algo dentro do meio.
Para o fenômeno ocorrer é necessária uma causa:

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“A causa gera o fenômeno, provoca a sua transformação, ocasionando o
movimento.” (CREMASCO, 2002)
Essa causa é chamada de força motriz. Veja que a força motriz da
transferência de calor é a diferença de temperatura. Por causa dela ocorreu
a troca de energia.
Então basicamente a força motriz vem do desequilíbrio, veja que um copo
quente encostado num copo frio desequilibra o sistema, fazendo com que
a natureza venha reagir instantaneamente trocando calor entre os copos para
que ambos atinjam o equilíbrio.
A vida é assim, a natura é isso: equilíbrio.
Mas o que pode dizer se o sistema está em equilíbrio ou não? A
termodinâmica.
É lá na termodinâmica que aprendemos a seguinte regra:
“Aquilo que está no mais concentrado tende a ir para o menos
concentrado.”.
Isso se aplica para energia, no caso do calor, e também para matéria.
Então chegou a hora de definir o Fenômeno de Transferência de Massa, eu
tenho duas para você:

“Transferência de massa é um fenômeno ocasionado pela diferença de


concentração, maior para menor, de um determinado soluto em um certo
meio.”. (CREMASCO, 2002)

“Transferência de massa é massa em trânsito como o resultado de uma


diferença de concentrações de uma espécie em uma mistura.”.
(INCROPERA, 2008)

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2.2 Analogias - Como seria a transferência de massa?
Imagine que você tenha que ficar numa sala de espera, porém nela não
há cadeiras e nem nada, é só uma sala de espera vazia. Nela há muitas
pessoas.
Se essas pessoas se juntarem num canto da sala elas se sentirão como num
show da Fergie no Rock in Rio. Mas se elas se espalharem pela sala, o clima
e a sensação de conforto será bem maior.
Imagine que essa sala fique totalmente lotada, então logo depois aparece
um funcionário e diz: “temos mais uma sala para espera”.
Você acha que as pessoas vão preferir ficar no aperto ou se dividir entre as
duas salas?
O meio são as duas salas, a massa são as pessoas, com a oportunidade de se
espalhar para um local com menor concentração as pessoas irão sair da
primeira sala e se dividir igualmente em busca do conforto.
Imagine uma avenida com um engarrafamento. Há uma segunda avenida
ao lado, mas ela está interditada por causa de um bloqueio no trânsito.
Após um certo tempo alguém desobstrui a avenida e libera a entrada de
veículos.
Você acha que os motoristas irão preferir ficar no engarrafamento ou pegar
uma avenida livre?
Imagine que você está numa fila do supermercado, ela está muito grande,
mas logo depois um funcionário chega e abre outro caixa.
Você acha que as pessoas da fila escolheriam permanecer ou entrar numa
fila bem menor?
A mesma coisa acontece no Fenômenos de Transporte de Massa. A
dificuldade que as vezes possamos encontrar é identificar o que realmente
está acontecendo naquela situação.

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Para isso nós devemos treinar e aprimorar nossas habilidades de análise.
Veja que nos exemplos anteriores houve causa (força motriz) e fenômeno:
✣ No caso da sala lotada, a sala extra foi a causa para a transladação de
pessoas;
✣ No caso do trânsito engarrafado, a abertura de outra avenida foi a causa
para o tráfego de carros;
✣ No caso da fila do supermercado, um outro caixa foi a causa para as
pessoas mudarem de fila.

2.3 Entendimento - O objetivo é olhar e entender


Veja esses dois casos:

Vamos a diferenças óbvias:


- No caso do chá, temos um sólido (as folhas) e um líquido;
- No caso do Permanganato de Potássio, temos dois líquidos.
Veja a diferença de difusão entre os dois. Lembrando que difusão é o quão
algo se espalha no meio.
No caso do permanganato, a difusão é mais fácil de ocorrer, porque
naturalmente ele se difunde na água, mas para o saquinho do chá se difundir

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com maior eficácia na água é necessário agitação ou um aumento da
temperatura.
Veja que o chá está sendo transferido do saquinho para a água, ocorreu
transferência de massa. E o permanganato saiu de sua concentração no
fundo do recipiente para todos os lados, ocorreu um movimento de um
local de maior concentração para outro de menor.
As propriedades do soluto (chá e permanganato, por exemplo) e as do
solvente (água, por exemplo) afetam a transferência de massa, assim como
a temperatura também.
Veja, o saquinho do chá colocado no ar, ocorre transferência de massa?
Sim.
Se você chegar perto, sentirá o cheiro do char no ar. Ora o ar é um fluido e
se ele possui o cheiro do chá é porque está carregando partículas do chá
dentro de si, logo, ocorreu transferência de massa.
Porém, essa transferência não é eficaz como ocorre na água. As moléculas
afastadas do ar não conseguem carregar as grandes partículas do chá, mas
as moléculas da água são mais unidas para poderem carregar e arrastar essas
partículas para si.

2.4 Similaridades - Mundos conectados


O mundo das exatas é mais interligado do que pensamos. A força
motriz atua no fenômeno de tal forma que pode ser equacionada assim:
𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑚𝑜𝑡𝑟𝑖𝑧
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 =
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎
Veja que isso acontece em outros casos, como por exemplo a Lei de Ohm:
∆𝑉
∆𝑉 = 𝑅𝑖 → 𝑖 =
𝑅

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A força motriz do movimento de elétrons é a diferença de potencial (ddp),
a famosa voltagem. A resistência vem da natureza do meio à qual os elétrons
percorrem.
Também vemos isso no Fenômenos de Transporte de Energia, lembra da
Lei de Fourier?
∆𝑇 ∆𝑇
𝑞̇ = −𝑘 𝐴 𝑞 𝑛 = −𝑘
∆𝑥 ∆𝑥
Temos a taxa de calor e o fluxo de calor, onde o fluxo de calor é a medida
em que uma taxa de calor percorre uma certa área, tanto que podemos fazer
isso:
𝑞̇
𝑞𝑛 =
𝐴
Veja que a força motriz do calor é a diferença de temperatura e a sua
resistência é a espessura juntamente com a área e a condutividade do
material.
Veja que a área e a condutividade são inversamente proporcionais a
espessura. Se a condutividade nos mostra a facilidade de o calor ser
conduzido no material a área também deve representar algo parecido.
Por isso, quanto maior a área do material, mais fácil será a condução de
calor.
Esse jogo de força motriz, resistência e taxa de transferência aparecerá de
novo para você aqui em fenômenos de transporte de massa, mas é
importante você entender, que tudo o que você verá, é algo da natureza,
sempre esteve lá, e se você estudou bem os outros fenômenos use isso a seu
favor.

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3. Introdução a
Difusão
3.1 Fenômenos de Transporte - Todos partiram do mesmo princípio
Imagine uma sala cheia de alunos. Toda sala de aula tem uma porta.
Se essa porta fosse uma porta muito grande, digamos o triplo de uma porta
comum, certamente seria mais fácil a saída dos alunos.
Agora imagine um ônibus ou um metrô lotado, aquela portinha do veículo
se torna uma área de guerra, a cada 10 pessoas que passam 1 cai no chão.
Porque na sala de aula é mais fácil a saída das pessoas do que num veículo
lotado? Certamente por causa da porta, e qual é a propriedade da porta que
estão variando de um caso para outro?
A área.
Nos fenômenos de transporte aprenda uma regra geral:
“O aumento da área do meio à qual a entidade de estudo está facilita o
fenômeno de transporte.”.
Essa entidade é o objeto de estudo dos fenômenos de transporte, no caso
podem ser fluidos, energia ou matéria.
Veja isso explícito nas equações dos fenômenos de transporte que você já
viu:
𝑑𝑣 𝑑𝑇
𝜏 = −𝜇 𝑞̇ = −𝑘𝐴
𝑑𝑦 𝑑𝑥
A área está mais explícita na Lei de Fourier, mas na Lei de Newton do
escoamento também há uma referência dela. Veja que na equação há o

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termo 𝑑𝑦, ou seja, é a relação do tamanho do corpo do fluido na vertical,
isso é importante analisar por causa da velocidade, camada limite e da
pressão. Será que você vai me dizer que não existe diferença entre você usar
uma mangueira mais grossa do que uma mais fina para limpar o quintal?
Na Lei de Fourier a área é diretamente proporcional a constante de
condutividade do material, ou seja, ela está ajudando ao calor se propagar.
Na Lei de Newton do escoamento a relação do eixo y está inversamente
proporcional à viscosidade do fluido, sendo que a viscosidade representa a
dificuldade do fluido se deslocar, portanto o eixo y está ajudando o fluido
no escoamento.
A mesma coisa que acontece nesses dois fenômenos de transporte também
acontece aqui, em transporte de massa, relembre o exemplo da sala de aula
e do veículo apertado para você ter uma ideia de como a área facilita o
transporte de matéria.
Todos os fenômenos de transporte nasceram da seguinte relação:
𝑑𝛾
𝛹𝑧 = −𝛿
𝑑𝑧
Temos que o delta (𝛿) é a constante de proporcionalidade da lei que reflete
a natureza ou o comportamento do meio estudado;
O gama (𝑑𝛾) é a força motriz do fenômeno, a causa, o desequilíbrio;
O eixo z (𝑑𝑧) é uma mera representação, que na verdade quer dizer que o
nosso estudo deve ter um sentido, seja lá qual for esse sentido, mas tem que
ter.
Veja que tem um negativo ali. Esse negativo tem relação com a direção do
fenômeno, na Lei de Fourier o sinal pode nos indicar de onde o calor vem
e para onde vai, na Lei de Newton o sinal nos mostra de onde o fluido vem
e para onde vai.

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Vamos entender melhor nas leis dos outros fenômenos:
𝑑𝑣 𝑑𝑇
𝜏 = −𝜇 𝑞̇ = −𝑘𝐴
𝑑𝑦 𝑑𝑥
Veja que a viscosidade (𝜇) e a constante de condutividade (𝑘) são as
constantes de proporcionalidade de suas respectivas leis. A viscosidade fala
da natureza do fluido e a condutividade térmica fala do meio em que a
energia está se dissipando;
A velocidade (𝑑𝑣) é a força motriz do transporte de fluidos, mas não é a
pressão? Sim, claro que é, mas o que é mais fácil de trabalhar, com pressão
ou com a velocidade? A velocidade causada no fluido veio da pressão
exercida sobre ele, é como se falássemos que o queijo veio do leite. E não
preciso falar mais nada quanto a diferença de temperatura ser a força motriz
da troca de calor né?

3.2 Lei de Fick - Agora sim, começou FT3


A beleza que irá ser a lei do transporte de matéria por difusão em
escala molecular se chama Lei de Fick:
𝑑𝐶𝐴
𝐽𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Não me pergunte porque tem um “J” ali, esse pessoal é todo estranho.
A nossa constante de proporcionalidade (𝐷𝐴𝐵 ) se chama difusividade ou
coeficiente de difusão. Essas letras aí embaixo tem um significado: a letra da
sua esquerda (A) é a substância que está se difundindo, já a letra da sua
direita (B) é o meio em que a substância está. Então basicamente:
𝐴 = 𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐵 = 𝑀𝑒𝑖𝑜
A nossa força motriz é a diferença de concentração (𝑑𝐶𝐴 ) de A no sistema,
onde você já sabe que “A” é a nossa substância de estudo.

25
E por fim, você já sabe que “𝑑𝑧” é o sentido em que a transferência irá
ocorrer, se é para cima ou para baixo, para o lado ou para o outro.
Como estamos trabalhando com matéria (massa) a nossa unidade S.I. fica:
𝑘𝑔/𝑚2 𝑠 𝑜𝑢 𝑚𝑜𝑙/𝑚2 𝑠
A difusividade possui unidade no S.I. como:
𝑚2 /𝑠
A difusividade significa a facilidade que a substância A possui em se dissipar
no meio em relação a área e o tempo em estudo.
Você pode não lembrar, mas a difusividade também vem dos primórdios
do fenômeno de transporte, ela está presente nos três fenômenos, veja
como:
No transporte de fluidos há uma propriedade chamada viscosidade
cinemática:
𝜈 = 𝜇/𝜌
Essa viscosidade possui sua unidade representando moment𝑢𝑚/𝑠,
momentum é uma forma mais chique de dizer “movimento de massa”. Se
essa propriedade nos mostra o movimento de massa por segundo, então ela
nos faz entender a facilidade com que um fluido se desloca por segundo.
No transporte de energia há uma propriedade chamada de difusividade
térmica:
𝑘
𝛼=
𝜌𝐶𝑝
A sua unidade também é representada por 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎/𝑠. Ora, também
vemos aqui o caso da propriedade nos mostrar o quanto de energia é
transportada por segundo, portanto também é uma medida da facilidade de
transporte como nos outros casos.

26
3.3 Sistemas - Importante saber identificar
Você sabe identificar um sistema? Bom, deveria ter aprendido em
Termodinâmica, mas caso não tenha aprendido, ou ainda não fez essa
disciplina, fique tranquilo.
“No contexto da termodinâmica, calor e trabalho representam energia em
trânsito através da fronteira que separa o sistema de sua vizinhança, e nunca
estão armazenados ou contidos no sistema. Por outro lado, as energias
potencial, cinética e interna encontram-se no interior do sistema, estando
armazenadas com a matéria.” (SMITH, 2013)
Estou usando a termodinâmica como base para lhe ensinar isso porque ela
é importante para nós e um engenheiro químico deve saber termodinâmica,
pelo menos.
Eu sei que Smith e Van Ness estão falando só em energia, mas veja, os
conceitos do sistema podem ser facilmente aplicados a outros casos
também.
Na descrição de Smith e Van Ness nasce os termos como: sistema, fronteira
e vizinhança.
Aprenda: todo sistema tem fronteira e vizinhança. Vamos primeiro
entender esse conceito para depois aplicarmos na termodinâmica descrita
pelos autores.
Imagine uma sala climatizada por um condicionador de ar, o sistema é a
sala, mas o que determina isso? Veja que quando nós expomos que a sala é
climatizada, o nosso objetivo é dizer que o clima na sala é frio por causa de
um aparelho, então o lugar aonde isso está acontecendo é na sala, por isso
ela é o sistema.

27
Quais são as fronteiras da sala? Naturalmente são as quatro paredes dela.
Veja que Smith e Van Ness falam que a energia em trânsito na fronteira
separa sistema de vizinhança, o que está em trânsito nessa sala?
Sim, o ar. O ar que vem de fora para dentro, isso faz dos quatro cantos da
sala uma fronteira, porque é ela que separa o lado de fora, aonde o ar está
quente, do lado de dentro, aonde o ar está mais frio.
Veja que o lado de fora é a vizinhança da sala climatizada, que é o nosso
sistema, a fronteira são as quatro paredes dessa sala, porque o ar vem de
fora para dentro através do condicionador de ar, das janelas e das portas,
que estão nas paredes.
Então vamos fixar o seguinte: o que determina o sistema, a vizinhança e a
fronteira é o que você está estudando. No exemplo que dei estávamos
estudando o ar climatizado, ele estava dentro da sala, portanto é o meio que
devemos focar (sistema) esse ar está em trânsito nas portas, janelas e no
condicionador de ar que estão nas paredes da sala (fronteira) que separam
o ar frio da sala do ar quente de fora.
Você já deve ter em mente mais ou menos como detectar um sistema né?
Veja essa imagem abaixo para ajudar:

Pronto, depois disso você já está ciente do que é um sistema e como


identifica-lo.

28
Agora trazendo para o lado da termodinâmica, Smith e Van Ness disseram
que calor e trabalho estão em trânsito na fronteira e as energias potencial,
cinética e interna estão no sistema armazenados na massa. Bom, vamos usar
uma jogada de mestre para entendermos melhor toda essa situação, veja a
equação abaixo:
𝐸 = 𝑚𝑐 2
Isso mesmo, a equação de Einstein nos mostra que a energia pode ser igual
a matéria e vice-versa, logo, podemos mudar esse discurso de Smith e Van
Ness para a transferência de massa:
“massa transita através da fronteira e a massa se armazena no sistema.”.
Entendendo melhor essa frase, a matéria pode transitar através da fronteira
do sistema sem problemas, matéria entra matéria sai, e a matéria também
pode ser armazenada no sistema.
Então isso seria um sistema para o estudo da Termodinâmica e de
movimento de matéria, mas como seria um sistema para o transporte de
massa?
Para isso temos que partir das primícias do transporte de massa: lembra o
que forma um fenômeno? Sim, o fenômeno vem do desequilíbrio, vem de
uma causa, a causa do transporte de massa, ou seja, a força motriz é a
variação de concentração, logo o nosso interesse é a variação de
concentração no meio, ele é o nosso estudo, sem a variação de concentração
não há transporte de massa.
Mas não é só porque estamos nos focando na variação de concentração que
temos de trabalhar unicamente com ela, veja que a Lei de Fick tem outras
atribuições também.
Lembre-se que a primícia original é que matéria entra e sai pela fronteira e
matéria se armazena no sistema, então o mais importante disso é que no

29
sistema haja matéria, depois deve haver variação de concentração no
sistema.
Como um primeiro estudo, vamos deixar de lado o fato de matéria entrar
pela fronteira, só vamos considerar que há matéria no sistema e que há uma
variação de concentração nesse sistema.
Após definirmos o sistema da transferência de massa, iremos especificar
fatores que atuem nesse sistema e que estão dentro dele.
Finalmente, podemos definir um sistema de transferência de massa como:
“é o sistema aonde possui massa armazenada e em trânsito (fronteira) e
ocorre variação de concentração dessa massa.”.
Eu especifiquei como “dessa massa” pois além de identificar o sistema,
temos que escolher qual é a nossa massa ou matéria em estudo.

3.4 Exemplo - Uma simples poça de água.


Imagine uma poça de água no chão, mais ou menos que nem os
buracos que você encontra pelas ruas da cidade, nela encontramos o ar
atmosférico, água e o buraco.

30
Vamos encontrar o sistema para depois analisar o Fenômeno de Transporte
de matéria.
Aonde tem transporte de massa aí?
- Veja que a água que está na poça aos poucos vai evaporando, isso é
natural, por causa da temperatura. Água é uma matéria, é massa, e ela
está presente tanto no ar quanto na água propriamente dita, porque
também existe água no ar, é a chamada umidade. Existe uma diferença
entre a concentração de água no ar e na poça então é natural que haja
um movimento de partículas de água para o ar através da evaporação
da água.
Então já temos especificado a nossa massa em estudo no sistema: água.
Então basicamente o nosso sistema deve ter água armazenada e diferença
de concentração dessa água.
Olhe para a poça de água, existe alguma forma de variação de concentração
de água nela? Acho que não, porque a água é o próprio corpo do fluido,
então não tem como haver variação de concentração, por isso, é errado
colocarmos a poça de água inteira dentro do sistema.
Outra, aonde você acha que ocorre a saída da água da poça para o ar? Veja,
dentro de um festival de moléculas existe a ação de inúmeras forças: atração,
repulsão, Van der Waals, ponte de hidrogênio e assim vai... Quando uma
molécula está rodeada de várias outras as forças que atuam nela são tantas
que acontece o que a álgebra chama de resultante igual a zero, ou seja, as
forças vem de todos os lados de tal forma que elas se cancelam, logo essa
molécula que está no meio de várias outras não vai sair do lugar.

31
Portanto, resta as moléculas da superfície, essas moléculas não possuem
ação de outras moléculas de um dos lados, logo elas ficam sujeitas ação de
fatores como a temperatura por exemplo.
A temperatura aumenta o grau de agitação das moléculas da superfície e
como não há outras moléculas ao redor para cancelar as forças de repulsão
causadas pela agitação, ocorre que as moléculas agitam de tal forma que se
desprendem da grande massa de água e são arrastas pelo ar.
Veja que a transferência de massa está ocorrendo na superfície da água,
então é ela que devemos colocar no sistema e não a poça inteira.
E o ar? Tem diferença de concentração de água?
- Sim, com certeza.
Veja que quando você está perto de uma piscina você sente na sua
respiração um ar mais molhado, aquele cheiro de água, mas se você se
afastar isso vai sumir, é a concentração de água no ar que está diminuindo
ao passo que você se afasta da piscina.
Então, como proceder para o caso da poça?
- Basicamente seria uma informação que teríamos de encontrar, nós
deveríamos observar até que ponto está ocorrendo variação da
concentração de água. Perto da poça com certeza a umidade do ar está
maior do que a 1 metro acima e depois se subirmos mais 10 cm
veremos outra mudança de umidade. O sistema acaba a partir do
momento em que não se percebe mais variação de concentração,
quando a poça já não faz mais efeito no ar.
Então, vamos supor que 2 metros acima da poça a concentração de água no
ar já permaneçam constante, temos a “parede” da nossa sala. Nosso sistema
será formado pela superfície da poça e por 2 metros acima.
O resultado da nossa análise fica assim:

32
Agora vamos ao segundo passo da nossa análise. Qual os fatores que afetam
a transferência de massa no nosso sistema?
- Temperatura: com certeza, a temperatura aumenta o nível de agitação
das moléculas, o que propicia a maior transferência ou não de água
(difusão).
- Área superficial: é a área em que ocorre a transferência de massa, a
superfície da poça, lembra do que eu falei sobre a importância da área
no fenômeno de transporte lá no início?
- Umidade do ar: ou seja, a concentração de água no ar, o mais
importante fator, na verdade a força motriz do nosso fenômeno.
- Substâncias no ar ou na poça: a presença de outras moléculas, objetos
ou substâncias afetam o comportamento físico químico do ar ou da
água, por exemplo um plástico na poça vai diminuir a área superficial
de transferência de massa.
- Pressão de vapor: é uma propriedade dos fluidos estudada no
fenômeno de transporte de fluidos, basicamente indica o quão
propício o fluido está em evaporar.
- Pressão atmosférica: importante porque age diretamente na pressão de
vapor do fluido. Existe uma experiência em que um químico coloca
água em um Kitasato e depois fecha-o e conecta-o a uma bomba de

33
sucção, conforme a bomba vai sugando o ar no local a pressão aumenta
e com isso a água dentro do Kitasato começa a entrar em ebulição,
logo, o aumento da pressão aumenta o ponto de ebulição do fluido
que tem ligação direta com a pressão de vapor.
- Geometria: é uma variável da área superficial, porque ao passo que a
poça vai secando a área superficial muda por causa da irregularidade
na geometria da poça.
A variação não nos importa agora, como variação de temperatura, pressão
etc. Isso porque estamos analisando tudo ainda em regime permanente, não
importa o que aconteceu antes ou depois, o nosso objetivo é analisar o
agora.
Em todos os fenômenos de transporte existe uma hora que tem que acabar.
Mas então, quando essa poça vai parar de transferir massa para o ar?
- Quando ocorrer o equilíbrio no sistema.
O equilíbrio pode ser basicamente que o ar está carregado com bastante
umidade, então a quantidade de moléculas que sai da poça se torna
constante ou até nula, ou seja, não sai mais água da poça para o ar porque
o ar já está muito carregado, como não há mais transferência de massa no
local que determinamos como sistema, então é o fim do nosso estudo.

34
4. Mecanismo de
Transferência de
Massa
4.1 Análise de Situação - Açúcar e um copo com água.
Temos um cubo de açúcar colocado dentro de um copo com água,
analise e identifique o sistema e as propriedades mais evidentes que atuem
na transferência de massa.
Para essa situação, vamos seguir uma sequência de perguntas que irá nos
guiar nessa análise:
1 Qual é o meu objeto de estudo?
- O açúcar.
2 Onde está ocorrendo a variação de concentração?
- Na água dentro do copo.
3 Qual é o sistema e sua fronteira?
- O copo com água e açúcar são o sistema, as paredes do copo e a área
superficial da água no copo são as fronteiras do sistema.
4 O que está acontecendo na água?
- Ao passo que nos afastamos do cubo menor a concentração de açúcar
na água.
5 Como está ocorrendo a difusão?

35
- Pelos lados x, y e z, pois o açúcar em questão é um cubo.
6 Aonde está ocorrendo a difusão?
- Na área superficial interna e externa do cubo de açúcar, digo área
interna pois o cubo possui poros e água irá entrar por ele.
7 Propriedades que afetam a difusão:
- Temperatura: aumento da solubilidade da água;
- Área superficial interna e externa: se os poros do cubo permitirem uma
maior interação da água com o açúcar internamente teremos uma
maior facilidade na difusão, o mesmo ocorrerá com o aumento da área
externa do açúcar;
- Geometria: influi na disposição da água no recipiente, o que muda as
configurações de transferência de massa. Imagine que o copo seja
muito estreito, a difusão iria ocorrer em y, ou seja, subindo até a boca
do copo, mas se o copo for espaçoso, a difusão iria ocorrer em x, y e
z, portanto maior oportunidade de difusão;
- Outras substâncias na água: mudança de propriedades físico químicas;
- Mudar o tipo do fluido.

4.2 Transferência de Massa - E suas variedades.


Nessa fase inicial dos nossos estudos devemos entender que há dois
mecanismos para o transporte de massa: por difusão e por convecção.
Na difusão é dito que ocorre um movimento “randômico” de moléculas em
um fluido em repouso, ou seja, é como o exemplo da poça de água, a água
dentro da poça estava visivelmente parada, mas microscopicamente estava
ocorrendo o movimento de suas moléculas para o ar atmosférico.
Já na convecção as moléculas do soluto são arrastadas pelo movimento do
fluido.
36
Vamos ver o exemplo que Cremasco usa para entendermos melhor: temos
um surfista e o mar, o surfista é o soluto no meio do mar que é o solvente.
Se o surfista remar com as suas mãos em cima da prancha, podemos dizer
que o soluto se transportou no meio solvente espontaneamente, isso é a
chamada contribuição difusiva.
Agora se o surfista em cima da prancha for arrastado pelas ondas do mar,
temos uma contribuição convectiva, aonde o soluto se moveu no meio por
causa do movimento do fluido.
Também pode acontecer de os dois casos serem realizados no meio, por
exemplo o surfista pode se remar com suas mãos em cima da prancha ao
mesmo tempo que o mar está o arrastando.
A Lei de Fick também pode ser representada pela fração molar:
𝑑𝑥𝐴
𝐽𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Dessa vez a concentração está posta como constante, ela representa a
concentração total do meio com A e B misturados enquanto que 𝑥𝐴
representa é a fração molar do elemento em estudo.
Podemos representa-la em termos mássicos também:
𝑑𝑤𝐴 𝑑𝜌𝐴
𝐽𝐴𝑧 = −𝜌𝐷𝐴𝐵 𝑜𝑢 𝐽𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧 𝑑𝑧
Cada equação deve ser utilizada para a ocasião certa. Quando ocorre reação
química no meio estudado a equação utilizada normalmente é em termos
molares, pois é mais fácil trabalhar com reações utilizando dados molares
do que mássicos.

37
4.3 Difusão em Gases - A primeira parte da difusão
Entrando no estudo dos gases, vamos deixar algo bem explícito aqui:
nós vamos sempre trabalhar com gases ideias. Portanto, todas aquelas
equações da termodinâmica nos serão úteis novamente.
Nesse primeiro momento vamos entender a importância de se determinar
o coeficiente de difusão da substância em estudo.
Ela faz parte da modelagem que temos de fazer para entender o
comportamento dos gases no meio em que estão. Para isso, vamos utilizar
a equação de Chapman-Enskog para baixas pressões e gases apolares:
3
1,8583 × −7 2
10 𝑇 1 1 1/2
𝐷𝐴𝐵 = 2 ( + )
𝑃𝜎𝐴𝐵 𝛺𝐷,𝐴𝐵 𝑀𝐴 𝑀𝐵
Através dessa equação podemos observar as variáveis mais importantes que
podem afetar um sistema:
Temperatura – diretamente proporcional a difusão, o aumento de
temperatura causa o aumento de energia na molécula, logo sua energia
cinética aumentará acelerando a sua difusão.
Pressão – inversamente proporcional a difusão, o aumento da pressão faz
com que as moléculas estejam mais próximas entre si, portanto acaba por
ocorrer uma maior interação molecular entre as moléculas do soluto e as
moléculas do solvente. Isso atrapalha a difusão porque as colisões
aumentam, e elas causam perda de energia nas moléculas diminuindo sua
velocidade, além dos espaços vazios entre as moléculas serem preenchidos,
dificultando a mobilidade dos gases.
Massa – inversamente proporcional a difusão, quanto maior a quantidade
de massa do soluto, maior a dificuldade da difusão. Uma grande quantidade
de massa de gás irá dificultar o seu movimento, pois será um gás mais
pesado e carregado, além de apresentar mais interações moleculares e

38
menos espaços vazios. A dificuldade também existe quando uma espécie
tem pouca quantidade de matéria e a outra tem muita, o corpo da matéria
de grande quantidade faz com que a de menor encontre uma grande
dificuldade em se locomover no meio, ainda mais por causa das interações
moleculares e falta de espaços vazios.
Diâmetro de colisões (𝜎𝐴𝐵 ) – É uma constante que demonstra a distância
entre o limite de proximidade de uma molécula A até outra molécula B,
por causa da repulsão eletrostática. As moléculas se aproximam até que elas
não podem se tocar por causa das forças de repulsão, a distância entre elas
nessa situação é o diâmetro de colisões.

Integral de colisão (𝛺𝐷,𝐴𝐵 ) – É uma função que nos mostra em detalhes o


efeito da temperatura no sistema, como ela afeta as moléculas e como elas
estão se comportando. Basicamente é uma correção na modelagem, já tem
uma variável de temperatura na equação, mas aí vem a pergunta: a
temperatura afeta a difusão, mas como medir isso?
Foi aí que nasceu essa função, totalmente empírica, ela e o diâmetro de
colisão podem ser encontrados das seguintes formas:

39
𝜎𝐴 + 𝜎𝐵 𝑇𝑐𝑖 1/3 𝑘𝑇 𝜀𝐴𝐵 𝜀𝐴 𝜀𝐵
𝜎𝐴𝐵 = 𝜎𝑖 = 2,44 ( ) 𝛺𝐷,𝐴𝐵 = 𝑓( ) = √( . )
2 𝑃𝑐𝑖 𝜀𝐴𝐵 𝑘 𝑘 𝑘
𝑇𝑐 e 𝑃𝑐 significam temperatura e pressão críticas, 𝑘 é a constante de
Boltzmann e 𝜀 é a energia de interação molecular. Esses dados são
normalmente tabelados para substâncias conhecidas, então, caso não saiba
a difusividade de algum gás utilize essa alternativa.

40
5. Difusividade em
Meios Fluidos e
Biológicos
5.1 Variação de Dados e Equações - Outras situações
A equação que usamos para encontrar a difusividade nos gases utiliza
as temperaturas e pressões como base de cálculo, mas e se quisermos
estudar o mesmo gás a temperaturas e pressões diferentes?
Para isso nós podemos fazer uma relação entre as difusividades de variáveis
diferentes:
𝐷𝐴𝐵,2
𝐷𝐴𝐵,1
Para isso devemos relacionar somente as variáveis, quem são elas?
Obviamente você vai pensar em temperatura e pressão, mas tem alguma
outra?
Vejamos, a massa é constante e o diâmetro de colisão também. A integral
de colisões é variável, porque ela depende da temperatura, então ela
também vai mudar.
Assim nasce essa função:
𝑃1 𝑇2 3/2 𝛺𝐷1,𝐴𝐵
𝐷𝐴𝐵,1 = 𝐷𝐴𝐵,2 ( )( )
𝑃2 𝑇1 𝛺𝐷2,𝐴𝐵

41
Vale ressaltar que esse método é utilizado somente para a equação de
difusão que vimos anteriormente, isso porque há outras formas de cálculo
para difusão encontrados na literatura, mas só porque podemos fazer essa
estimativa para essa equação que irá funcionar para as outras, fique atento.
Aqui vai uma nova forma de calcular a difusão no meio gasoso, mas dessa
vez podemos aplicar tanto em gases apolares ou misturas polar e apolar, o
Método de Fuller et. al.:
1,00 × 10−7 𝑇 1,75 1 1 1/2
𝐷𝐴𝐵 = 2 (𝑀 + 𝑀 )
1 1 𝐴 𝐵
𝑃 [(∑ 𝜈𝐴 )3 + (∑ 𝜈𝐵 )3 ]

A única novidade aqui é que temo esse ∑ 𝜈𝐴 , o que é isso?


- Isso é o chamado de volume de difusão ou também pode ser chamado
de volume atômico. Ele compreende o volume de contribuição de
todos os átomos presente na molécula.
Que?
- Explicando de novo: cada átomo tem a sua força de repulsão e atração,
os átomos não podem se encostar e isso afeta o volume, então é função
de ∑ 𝜈𝐴 nos mostrar a contribuição do átomo.
Todos esses dados são tabelados para átomos e substâncias conhecidas, mas
quando nos deparamos com uma molécula complexa nós teremos que
somar a contribuição de cada átomo no meio:

42
Exemplo:
𝐵𝑒𝑛𝑧𝑒𝑛𝑜 − 𝐶6 𝐻6

∑ 𝑣 = 6(16,5) + 6(1,98) − 20,2 = 90,68 𝑐𝑚3 /𝑚𝑜𝑙

Veja que na tabela há números negativos para anéis aromáticos e


heterocíclicos, porque?
- Átomos em cadeia que formam ciclos tendem a diminuir o volume da
molécula. Mas como assim? Imagine um ciclo de seis carbonos, se
você abrir uma ponta e esticar toda a cadeia quem ocupará menos
espaço, o ciclo ou a cadeia aberta?
Essa é a única diferença entre esse método e o anterior, os volumes que
cada átomo ocupa devido as suas interações eletrostáticas.
Em seguida temos a Equação de Wilke para meio estagnado:
(1 − 𝑦1 )
𝐷1,𝑀 = 𝑦
∑𝑛𝑖=2, 1
𝐷1,𝑖
𝑖≠1
Mas o que seria esse “meio estagnado”? Bom o nome diz muita coisa, mas
não explica, veja que um meio gasoso pode estar em movimento
tranquilamente, vimos isso na mecânica dos fluidos, então se isso ocorrer
não podemos usar essa equação. Então qual é a vantagem dela? Podemos
usa-la para um meio com várias substâncias.
Vamos entender algumas nomenclaturas:
𝐷1,𝑀 é a difusão do componente 1 numa mistura de componentes;
𝐷1,𝑖 é a difusão do componente 1 na substância “i”.
Explicando melhor, nós vamos encontrar a difusão de 1 na mistura toda
analisando seu comportamento de substância em substância, por isso o
somatório.

43
Esse 𝑦1 que tá na equação é a fração molar do componente 1, ou seja, a
concentração de 1 sobre a concentração total, isso não é novidade, mas
novidade mesmo é o 1 − 𝑦1 , o que é isso?
- Basicamente é uma análise de proporção da concentração do
componente 1 em relação as outras substâncias. Se minha substância
tem baixa concentração em relação as outras haverá dificuldade na
difusão da mesma.
Por um motivo que eu já expliquei antes: um corpo grande de concentração
gasosa irá atrapalhar a outra de fluir, menos espaço, maior lentidão etc.
Explicando melhor, nós vamos encontrar a difusão de 1 na mistura toda
analisando seu comportamento de substância em substância, por isso o
somatório.
Esse 𝑦1 que tá na equação é a fração molar do componente 1, ou seja, a
concentração de 1 sobre a concentração total, isso não é novidade, mas
novidade mesmo é o 1 − 𝑦1 , o que é isso?
- Basicamente é uma análise de proporção da concentração do
componente 1 em relação as outras substâncias. Se minha substância
tem baixa concentração em relação as outras haverá dificuldade na
difusão da mesma.
Por um motivo que eu já expliquei antes: um corpo grande de concentração
gasosa irá atrapalhar a outra de fluir, menos espaço, maior lentidão etc.
Temos n = número de espécies presentes na mistura, por exemplo se temos
3 espécies então a equação fica:
(1 − 𝑦1 )
𝐷1,𝑀 = 𝑦 𝑦1
1
+
𝐷1,2 𝐷1,3
Temos que na primeira parcela do denominador o componente 1 está
sendo analisado na substância 2 e na parcela ao lado já está sendo analisado

44
na substância 3, a análise de proporção da concentração (1 − 𝑦1 ) dividido
pelo somatório nos dará a difusão total de 1 na mistura.

5.2 Difusão em Líquidos - Novos meios


No meio gasoso é mais fácil de as moléculas se difundirem, pois, o
meio está mais espaçoso, as moléculas estão mais solas pelo ambiente. Já
no caso de líquidos, com a proximidade das moléculas a interação é maior
e isso acarreta em mudanças de propriedades físico químicas do solvente e
do soluto.
As moléculas com essa proximidade mostrarão resistência a difusão, mas
com o aumento da temperatura as moléculas do líquido se tornam mais
espaçosas, se tornando mais maleáveis, maior facilidade para o soluto.
A concentração de substâncias pode afetar o meio, a viscosidade do fluido
por exemplo, um líquido pode se tornar em gel.
A primeira equação que tenho para lhe mostrar é a equação de Stokes-
Einstein para moléculas de soluto com elevado volume molar:
9,96 × 10−16 𝑇
𝐷𝐴𝐵 = 1/3
𝜇𝑉𝐴
Temos a temperatura, viscosidade e volume molar nessa equação, nenhuma
novidade, você conhece esses parâmetros. Veja que não tem pressão porque
a pressão atua de forma desprezível nos fluidos líquidos, então aquela
história de a pressão afetar a difusão já não ocorre mais aqui.
Como foi dito lá em cima, essa equação é somente para um número de
volume molar grande, então tem um volume mínimo estabelecido de:
𝑉𝐴 > 0,5 𝑚3 /𝑘𝑚𝑜𝑙

45
Seguindo nosso estudo no caso dos fluidos, apresento-lhe mais uma
equação, a equação de Wilke-Chang, dessa vez para soluto com pequeno
volume molar:
1,173 × 10−16 (∅𝑀𝐵 )1/2 𝑇
𝐷𝐴𝐵 =
𝜇𝐵 𝑉𝐴0,6
A única novidade adicionada a essa equação é o “∅”, que é um parâmetro
de associação do solvente. Como assim?
- É uma correção da massa molar do fluido (por isso que está em
produto com ela), isso é necessário porque 2 L de água não é a mesma
coisa que 2 L de etanol, fluidos diferentes afetam o soluto de formas
diferentes. Ou seja, cada fluido possui suas propriedades físico
químicas que podem alterar a difusão, isso deve ser levado em conta.
∅ é um número adimensional.

5.3 Difusão em Soluções Biológicas - Analisando a complexidade de um


sistema biológico.
Esses estudos podem envolver dois casos diferentes. Um deles é a
difusão de pequenas moléculas de soluto e macromoléculas em solução
aquosa, como por exemplo proteínas. Isso é um caso que pode ser
estudado em microrganismos, animais e plantas.
O outro caso são os processos fermentativos, que é basicamente aonde
estudamos a difusão de nutrientes, açúcares, oxigênio e outros casos
parecidos, também podemos estudar esse caso em microrganismos e
podemos utilizar isso para estudar outros meios e até processos químicos.
Ainda não vamos aprofundar nisso, isso é somente uma introdução a esse
assunto igual ao que estou fazendo com os líquidos e gases. Não estudamos
nada pra valer, tudo isso é uma introdução básica para você se ferrar só
depois.
46
As equações usadas para estudar esse meio são as mesmas do caso dos
líquidos, a única coisa que irá modificar é o nosso ponto de vista em como
isso está acontecendo, as análises biológicas serão cruciais nesses
momentos.
9,96 × 10−16 𝑇 1,173 × 10−16 (∅𝑀𝐵 )1/2 𝑇
𝐷𝐴𝐵 = 𝐷𝐴𝐵 =
𝜇𝑉𝐴
1/3
𝜇𝐵 𝑉𝐴0,6
O que pode acontecer de diferente é que na hora de determinar alguns
parâmetros presentes nessas equações o meio biológico influa no modelo
matemático, mas no fim, o cálculo da difusão é o mesmo para os fluidos
líquidos.

47
6. Difusividade em
Meios Sólidos
6.1 Sólidos Cristalinos - Você já estudou Ciência dos Materiais?
Porque um átomo se alojaria em um sólido? Acho que ele não deve ter
nada melhor para fazer, não é? Na verdade, é meio estranho entender como
essas coisas acontecem, mas você sabia que se você conseguir entender a
chave da questão você domina todo fenômeno de transporte?
Primeiro: porque ocorre difusão? Basicamente pelo mesmo motivo que
você não gosta de estar num ônibus lotado.
Quer uma polêmica? Ouve essa: tudo tende a se difundir.
Estranho né? Porque diabos uma pedra vai se difundir?
- Meu caro leitor, você é ingênuo. Mal sabia você que quando se sente o
cheiro de fezes elas já estão dentro do seu nariz. Isso mesmo, você tem nojo
da merda, mas ela já está em você.
Então vamos lá, quando as fezes (merda mesmo) começam a feder é porque
elas começaram a se difundir no meio, difusão gasosa, é claro que você não
vai ver uma merda flutuando por aí né? Não estamos falando de praia
pública.
As moléculas nunca estão perfeitamente fixas entre si, existem interações
que as unem e não um durepoxi, basicamente é um grupo de pessoas que
estão de mãos dadas, num sólido elas estão tão juntas quanto numa
manifestação da época da ditadura, mas no gasoso elas estão como no
carnaval, se ouvir um tiro corre todo mundo.

48
As moléculas da merda estão se desgrudando aos poucos e indo depositar
em seu nariz. Duvida? Veja só, um perfume, enquanto ele está no vidro não
podemos senti-lo né? Então, quando você espirra o perfume percebe as
partículas saindo do vidro e se difundindo no ar, porque com a merda é
diferente?
Tá, então quer dizer que uma pedra pode se difundir agora? Ora, se uma
pedra vira areia por causa da ação da água, o que impede dela se difundir?
É claro que esse tipo de pensamento é como aquelas teorias de viajem no
tempo do Stephen Hawking, é verdade... É, mas acontecer que é o
problema.
A mecânica quântica nos falou muito bem que os átomos não podem se
tocar, há espaço entre eles, então se há espaço é possível haver rompimento.
Você já sentiu cheiro de argila molhada? Então, argila é uma pedra (só que
mole) não deixa de validar nosso entendimento.
A difusão está presente em tudo meu caro leitor, se toca! Você entende o
que eu acabei de explicar? Se o nosso olfato detecta a presença de uma
difusão no meio gasoso do ar, então tudo se difunde!
Como explicar, por exemplo, um livro novo, quando ele sai da gráfica tá
cheiroso que nem um porco perfumado, mas depois de um bom tempo
esse cheiro vai embora, e aí?
Se ainda duvida que tudo se difunde, pense no próprio ar que você respira,
ele tem uma variedade muito grande de átomos, como hidrogênio,
nitrogênio, oxigênio, argônio e aí vai, então como você quer me dizer que
quando sente um cheiro diferente não tem nada modificado nessa
composição do ar?
O livro novo acabou de receber tinta e participar de outros processos
gráficos, esses materiais se unem para formar o livro, quando ele sai da
gráfica ou quando não é muito usado esses materiais ficam depositados
sobre o livro e demoram muito tempo para se difundir, mas de acordo com

49
que você vai usando, esses materiais se desgastam, suas moléculas ficam
agitadas e se difundem rapidamente.
Então, entre um sólido e um gás, quem se difunde melhor? O gás com
certeza. Então a difusão vai ocorrer do gás para o sólido. Vamos entender
como isso acontece?
Lá em Ciência dos Materiais você aprendeu que os sólidos podem ser
cristalinos, aonde isso influi no arranjo dos átomos no espaço formando
uma rede organizada geometricamente, parece mágica.
Então, esse arranjo influencia em como os átomos se comportarão dentro
dele, esse comportamento deixa brechas entre os átomos, as chamadas
lacunas ou interstícios, daí nasce a probabilidade de um outro átomo
qualquer se alojar nesse espaço, safadinho.
Uau é tão simples assim? Claro, comigo é tudo simples meu bem.
Agora temos que entender um pouco mais a difusão no meio gás solido,
claro porque temos que modelar equações para nossos estudos né?
O pai Cremasco fala que quando pensamos numa situação que tem só o
sólido e um gás de densidade baixa o que influi na sua difusão é a sua
energia vibracional. Estamos entrando nesse assunto porque temos que falar
de uma teoria, a teoria do salto energético.
Um átomo se difunde numa certa energia vibracional, se uma temperatura
interferir no sistema o átomo pode acabar por atingir um outro equilíbrio
termodinâmico mudando essa energia vibracional. Essa energia é a
responsável pelo movimento dos átomos então ela é responsável pela sua
difusão.
Para atingir outro equilíbrio o átomo tem que vencer uma barreira
energética denominada Q (energia de ativação).
Essa barreira pode ter vários comportamentos e tamanho dependendo dos
seguintes fatores:

50
- Tamanho do átomo, quanto maior ele for, maior a barreira. O que é
mais fácil pular de uma rampa? Um carro ou uma moto?
- Ligação entre átomos, quanto mais forte, maior a barreira. O que é
mais fácil de separar? Um papel grudado com cola isopor ou aquele
grudado com durepoxi?
- Local do movimento, se o átomo entrar em um interstício (buraco
apertado) terá maior dificuldade em seu movimento do que em um
lugar vazio (lacuna, buraco grande).
Daí nasce a equação:
𝑄

𝐷𝐴𝐵 = 𝐷0 𝑒 𝑅𝑇

Tem ali uma constante dos gases, nossa... Claro né, estamos em condições
ideais, Alice no país das maravilhas. Esse 𝐷0 é o coeficiente de difusão sem
que houvesse a necessidade de salto energético ele junto com a energia de
ativação é tabelado para casos conhecidos.
Aqui no nosso estudo de sólidos é válido lembrar que a notação da
difusividade A e B devem seguir uma ordem:
𝐷𝐴𝐵 𝐷𝐵𝐴
𝐷𝑖𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝐴 𝑒𝑚 𝐵 𝐷𝑖𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝐵 𝑒𝑚 𝐴
Neste caso, já que estamos tratando de sólidos e gases, a difusão de A em B
não é igual a difusão de B em A.
Pois analisar a água se difundindo num sólido é diferente de analisar o
sólido se difundindo na água. Não é o mesmo que acontece no caso dos
gases, porque os gases possuem propriedades similares em questão de
difusão, ou seja, possuem bastante espaço para a difusão, logo a ordem de
difusão acaba não importando. Já no caso de gás líquido também há
diferença, existe mais resistência para um gás se difundir num líquido do

51
que um líquido para um gás, ora o que é mais fácil, o gás sair ou ficar no
refrigerante?

6.2 Sólidos Porosos - Agora chegou a vez de Cinética e Reatores...


“Existem diversos processos industriais que envolvem reações
catalíticas, cujas cinéticas globais são controladas pela difusão intra-articular.
Outros processos exigem a purificação de gases utilizando-se sólidos que
apresentam poro seletivos a um determinado gás, atuando como peneiras
moleculares. Seja qual for a operação, percebe-se que o soluto, gasoso ou
líquido, difunde por uma matriz cuja configuração geométrica é
determinante para o fenômeno difusivo.” CREMASCO, 2002.
Esse texto acima serve de motivação para o nosso estudo da difusão de gases
em sólidos porosos, já ouviu falar em carvão ativado? Então, chegou a hora
de entender o que está acontecendo de verdade com a reação química.
Cremasco tenta exemplificar dois gases se difundindo numa sala, ele diz que
o meio não importa muito, pois uma sala grande que efeito pode fazer nos
gases? Mas se diminuirmos muito o tamanho dessa sala para o tamanho de
uma cabeça de palito de fósforo o lugar já vai passar a alterar o
comportamento desses gases no meio.
Porque estamos falando disso?
- Veja que o assunto aqui é sólidos porosos, então o objetivo do átomo
do gás aqui será entrar no poro do sólido caminha por dentro desse
poro até encontrar algo que possa reagir, então basicamente o gás saiu
de uma sala muito ampla para um lugar apertadíssimo que é um poro
de um sólido.
A tortuosidade do sólido pode ser encontrada, ou seja, é o quão torto é o
caminho que o gás terá que percorrer. Basicamente é representado pela
constante 𝜏.

52
O que é a porosidade (𝜀) de um material? Basicamente é o volume da
quantidade de espaços vazios existentes dentro do material, através desse
volume é possível descobrir o diâmetro dos poros desse material. Essa
informação pode ser usada ao nosso favor, sabendo o diâmetro do poro
podemos saber se os átomos de um certo gás podem ou não entrar no
material, analisando o diâmetro dos átomos.
É importante entender que nem sempre a quantidade de vazios pode ser
uma coisa boa. Pense só, você está numa praça de alimentação procurando
uma pessoa, quanto tempo você vai perder procurando-a? Será que não
seria melhor procurar essa pessoa dentro de uma casa? É isso que acontece,
muito espaço, mas pouca efetividade.
O melhor a se acontecer é que o material tenha vários espaços vazios só que
distribuídos e interligados entre si, porque interligados? Aposto que você ia
ficar muito feliz se descobrisse que a rua que você meteu seu carro é sem
saída né?
Ok, estamos falando de espaços vazios, corredores e átomos, mas aonde é
que acontece mesmo essa reação? A reação ocorre num lugar chamado de
sítio ativo, é muito bem estudado pela Cinética, esse sítio ativo é o lugar de
interesse do átomo do gás, aonde ele pode realizar uma reação nesse lugar,
toda transferência de massa pelos poros do sólido acontece por causa disso.
Aí vem aquela pergunta básica: como melhorar essa difusão dos átomos
pelos poros do sólido?
Como estamos falando de átomos que se arrastam até um sítio ativo de um
sólido, devemos levar em consideração que quanto mais rápido esse átomo
se movimentar melhor será.
Você deve pensar: é só aumentar a temperatura. Eu tenho que lhe dizer que
esse pensamento é errado. Porque pense comigo, aonde eu quero que
ocorra a difusão? No sólido, então, devemos ter cuidado para não aumentar
a difusão no meio gasoso em vez de ser no sólido, como?

53
Se você aumenta a temperatura as colisões entre os átomos do gás
aumentam também, muitas colisões entre si fazem com que os átomos não
entrem nos poros, é como tiro ao alvo: você deve parar e se concentrar e
não ficar agitado.
As colisões têm que aumentar dentro do sólido, aí sim é vantajoso, mas a
temperatura não nos ajuda nisso, porque ela agita todo sistema e aumentar
a pressão também não ajuda.
A solução para isso é diminuir a pressão, os átomos do gás terão um sentido
mais ordenado no seu movimento e o choque irá ocorrer mais entre as
paredes do sólido do que entre si. Então se você quer melhorar a difusão
num sólido poroso, diminua a pressão.
Para a difusividade de um fluido seja líquido ou gasoso num sólido poroso
temos a seguinte equação:
𝜀
𝐷𝐴,𝑒𝑓 = D𝐴𝐵
𝜏
Temos a porosidade sobre a tortuosidade do material sólido vezes a difusão
do gás no meio.
Um conceito de caminho livre é apresentado a nós pela seguinte equação:

3,2𝜇 𝑅𝑇
𝜆= √
𝑃 2𝜋𝑀
Esse caminho é dado em metros, ali temos a viscosidade, massa molar,
temperatura, pressão e constante dos gases. Basicamente ela é a distância
média que a molécula de gás percorre antes de colidir com outra molécula
de gás.
Como eu tinha falado antes, aqui quando você abaixa a pressão o caminho
livre aumenta, pelo mesmo motivo que eu expliquei antes, menos colisões
entre si.

54
6.3 Difusão de Knudsen - Essa agora...
Quando o caminho livre de um átomo é muito maior, em questão de
proporcionalidade, do que o diâmetro do poro ocorre colisões do átomo
com as paredes desse poro.
Aí entra em jogo um novo tipo de difusão, uma difusão causada pelas
colisões dos átomos nas paredes do poro. A sua diferença com a Lei de
Fick está em que nesse caso o meio não interfere no impacto da molécula,
ou seja, a “sala” aonde está ocorrendo a difusão não vai atrapalha-la.
Para esse tipo de difusão temos duas equações:
2 𝑇 1/2
𝐷𝐾𝐴 = 𝑟̅ ̅̅̅
𝑣 𝐷𝐾𝐴 = 97,0 𝑟̅ ( )
3 𝐴 𝑀𝐴
Temos duas novidades aí, o raio médio do poro (𝑟̅ ) dado em metros e a
̅̅̅)
velocidade média molecular do componente A (𝑣 𝐴 em m/s.

Veja que a difusão de Knudsen é uma consequência do aumento de colisões


no poro, mas antes de se tornar difusão de Knudsen essa colisão era
pequena e tudo era regido pela Lei de Fick. Você consegue enxergar que
há um intermédio entre os dois? Existe uma transição entre o sistema regido
por Fick e o regido por Knudsen porque um é consequência do outro.

Fonte: Cremasco
55
Por isso há um estudo da difusão de transição que é o que acontece quando
a colisão não é tanta, mas também não é pouquinha.
Veja o gráfico ao lado: Na é o fluxo difusivo, percebeu que conforme a
pressão aumento maior a difusão também aumenta?
Atenção: essa é a pressão dentro do poro do sólido.
Veja que há duas retas de linearização no gráfico, a primeira é referente a
Lei de Fick, veja que até um certo ponto ela pode modelar a situação e
interpreta-la, mas depois de um certo ponto a discrepância é muito grande
e não dá para usa-la mais.
Depois dessa transição tem outra reta, essa é a reta que rege a Difusão de
Knudsen. Se essas duas retas não conseguem modelar o estado de transição
como faremos para calcular isso?
Para isso devemos relacionar as resistências de ambos os casos de difusão,
lembre-se que:
𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑚𝑜𝑡𝑟𝑖𝑧
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 =
𝑇𝑎𝑥𝑎
Pela Lei de Fick temos:
𝑑𝐶𝐴
𝐽𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Então a sua resistência fica:
𝑑𝑧 𝑑𝐶𝐴
=
𝐷𝐴𝐵 𝐽𝐴𝑧
Temos que integrar isso:
𝛥𝑧
𝑅𝐹 =
𝐷𝐴𝐵 𝐴
O mesmo se faz para a resistência na difusividade de Knudsen:

56
𝛥𝑧
𝑅𝐾 =
𝐷𝐾𝐴 𝐴
Para encontrar a difusividade de transição devemos realizar uma soma entre
as resistências de cada tipo de difusão:
𝑅𝑇 = 𝑅𝐹 + 𝑅𝐾
𝛥𝑧 𝛥𝑧
𝑅𝑇 = +
𝐷𝐴𝐵 𝐴 𝐷𝐾𝐴 𝐴
Como essas duas difusões seguirão um padrão, podemos deduzir que a
difusão de transição irá seguir pelo mesmo caminho, ainda mais porque as
condições físico-químicas não mudam em nada:
𝛥𝑧 𝛥𝑧 𝛥𝑧
= +
𝐷𝐴𝑇 𝐴 𝐷𝐴𝐵 𝐴 𝐷𝐾𝐴 𝐴
1 1 1
= +
𝐷𝐴𝑇 𝐷𝐴𝐵 𝐷𝐾𝐴
Então por fim temos que a difusão de transição é dada por:
1
𝐷𝐴𝑇 = −1 −1
𝐷𝐴𝐵 + 𝐷𝐾𝐴

57
7. Modelagem de
sistemas de
transferência de
massa
7.1 Modelagem de Sistemas - Aprendendo a moldar equações
O que aprendemos até agora foi como entender o comportamento da
difusão de substâncias em diferentes meios, como calcularmos a
difusividade delas e que efeitos isso pode causar no ambiente.
Agora a nossa missão é realmente quantificar a o fluxo de massa no meio,
é entender o que está acontecendo e transformar esse entendimento em
equações de modelagem, essa modelagem irá nos permitir trabalhar no
sistema a fim compreendermos melhor usando números e gráficos como o
sistema irá se comportar.
Para isso vamos usar alguns passos cruciais para essa modelagem, que irá se
tornar cada vez mais complexa no decorrer dessa disciplina.
Vamos imaginar um recipiente cilíndrico muito pequeno, pode ser um
vidro capilar, onde contém Benzeno pelo meio e está aberto ao ar ambiente.
Vamos tirar nossas conclusões sobre esse caso.

58
Primeiro temos que ter em mente que devemos dividir esse caso
em sistema e vizinhança, o sistema possui seus limites.
Como sabemos, o sistema deve iniciar na superfície do benzeno,
pois é aí que se inicia a transferência de calor e vamos supor que
pelo movimento do ar na boca do capilar a concentração de
benzeno se diminua a zero, por causa do arraste. Portanto a
vizinhança é o ar do lado de fora do capilar e a quantidade de
benzeno no fundo do capilar.
Perceba que o fluxo de massa está ocorrendo de A para B, ou seja,
benzeno está sendo transferido para o ar.
Agora temos que desenvolver o primeiro passo:
hipóteses. Elas servem para moldar a nossa visão para a
modelagem ocorrer, são elas que irão determinar o
balanço de massa do sistema.
A primeira coisa que você deve ter em mente é que ainda
estamos no regime permanente, então as nossas
hipóteses devem ser coerentes para essa situação.
- Regime permanente;
- Fluxo de massa do benzeno constante;
Se o regime é permanente o fluxo de massa é constante,
é quase pleonasmo.
Não sabe o que pensar? Relaxe, uma dica: a hipótese é
formada por coisas óbvias, então é só você olhar para o desenho e pensar
um pouco, faça melhor questione.
Parece reação química?
- Não.

59
O que acontece com a concentração de benzeno após sair da boca do
capilar?
- De acordo com o que nós discutimos antes a concentração zera.
Pressão e Temperatura?
- Nada é especificado, então não vamos usar valores para isso, mas você
lembra que estamos em regime permanente? Então, a pressão deve
ser constante.
Qual o sentido do fluxo?
- O capilar é um cilindro, o fluxo assumiria coordenadas cilíndricas, mas
como o capilar é muito pequeno em geometria as dimensões são
desprezíveis, importando somente uma, a direção em z aonde o fluxo
de benzeno sobre até a boca do capilar.
Por último devo explicar algo importante aqui, para podemos analisarmos
o fluxo de massa do benzeno dentro do capilar nesse primeiro momento
não podemos modelar a contrapartida do ar, ou seja, devemos analisar o
fluxo de benzeno considerando que o ar não vai descer e atrapalhar a
transferência.
- O fluxo de ar dentro do capilar é zero.
Qual o sentido do fluxo?
- O capilar é um cilindro, o fluxo assumiria coordenadas cilíndricas, mas
como o capilar é muito pequeno em geometria as dimensões são
desprezíveis, importando somente uma, a direção em z aonde o fluxo
de benzeno sobre até a boca do capilar.
Por último devo explicar algo importante aqui, para podemos analisarmos
o fluxo de massa do benzeno dentro do capilar nesse primeiro momento
não podemos modelar a contrapartida do ar, ou seja, devemos analisar o

60
fluxo de benzeno considerando que o ar não vai descer e atrapalhar a
transferência.
- O fluxo de ar dentro do capilar é zero.
Resultado:
- Regime permanente;
- Fluxo de massa do benzeno constante;
- Sem reação química;
- Pressão constante;
- Sentido do fluxo em z;
- Na boca do capilar a concentração de benzeno é zero;
- Fluxo de ar no capilar é zero.
Para modelarmos o fluxo de massa em um sistema devemos levar em
consideração dois tipos de contribuições, a contribuição difusiva e a
convectiva.
A convecção é uma consequência da difusão, isso porque a difusão é fluxa
de massa, se o movimento da massa for muito grande isso pode fazer com
que o corpo do sistema se movimento, isso já é convecção.
Portanto temos a contribuição de velocidade dos dois casos:
𝑣𝐴 = 𝑣𝐴𝑑 + 𝑣𝑚
𝑐𝐴 𝑣𝐴 = 𝑐𝐴 𝑣𝐴𝑑 + 𝑐𝐴 𝑣𝑚
𝑁𝐴 𝐽𝐴 𝑐𝐴 𝑣𝑚
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 + 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜
𝑑𝑒 𝐴 𝑑𝑖𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑎

61
Para encontrarmos a contribuição convectiva vamos utilizar a concentração
para isso. O fluxo total do sistema vem da soma dos fluxos de cada
substância:
𝑁 = 𝑁𝐴 + 𝑁𝐵 = 𝑐𝐴 𝑣𝐴 + 𝑐𝐵 𝑣𝐵
Podemos fazer:
𝑁 𝑁𝐴 + 𝑁𝐵
𝑁 = 𝑐𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑣𝑚 → 𝑣𝑚 = =
𝑐𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑐𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Então nós substituímos esse resultado na equação das contribuições e
temos:
𝑁𝐴 + 𝑁𝐵
𝑁𝐴 = 𝐽𝐴 + 𝑐𝐴 = 𝐽𝐴 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴 + 𝑁𝐵 )
𝑐𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Onde 𝑥𝐴 é a fração parcial de A.
Colocando a equação da difusão, vamos agora evidenciar a direção que
queremos estudar, nesse caso estamos usando a direção z:
𝑑𝑥𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 )
𝑑𝑧
Assim podemos concluir uma equação para várias substâncias:
𝑑𝑥𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝑛 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 + ⋯ + 𝑁𝑛𝑧 )
𝑑𝑧
É necessária uma equação dessa para cada substância no sistema, no nosso
caso o ar fica:
𝑑𝑥𝐵
𝑁𝐵𝑧 = −𝐶𝐷𝐵𝐴 + 𝑥𝐵 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 )
𝑑𝑧
Agora devemos prestar atenção nas nossas hipóteses, pois nós concordamos
que não haveria fluxo de ar dentro do capilar:

62
𝑑𝑥𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵 + 𝑥𝐴 𝑁𝐴𝑧
𝑑𝑧
𝑑𝑥𝐴
(1 − 𝑥𝐴 )𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧
Essa equação acima é a equação que representa o nosso caso, eu chamo de
Equação do Caso, vamos guardá-la pois a nossa missão com ela terminou.
Nosso próximo passo é o balanço de massa.
O balanço de massa global é dado por:
𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑆𝑎𝑖 + 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 − 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 = 𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜
Nas nossas hipóteses não consideramos reação química, então nada de
consumo ou gerado e o regime que estamos é permanente, nada de
acúmulo:
𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑆𝑎𝑖 = 0
Vamos entender melhor o volume de controle do nosso sistema:

O volume do sistema pode ser definido pela área vezes a altura que é
representada por ∆𝑧, dividimos toda a equação pelo volume:
𝑁𝐴𝑧 𝐴 − 𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 𝐴
=0
𝐴∆𝑧
63
𝑁𝐴𝑧 − 𝑁𝐴𝑧+∆𝑧
=0
∆𝑧
No fenômeno de transporte é importante manter um padrão de estudo,
toda vez que analisamos um caso de diferença sempre vemos do final
menos o inicial, só que na equação acima está ao contrário, por isso vamos
multiplicar por (-1) para que a equação se ajuste:
𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 − 𝑁𝐴𝑧
=0
∆𝑧
Se aplicarmos um limite nessa equação com ∆𝑧 → 0 teremos o conceito de
derivada:
𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 − 𝑁𝐴𝑧
lim =0
∆𝑧→0 ∆𝑧
Ou seja:
𝑑𝑁𝐴𝑧
=0
𝑑𝑧
No final de tudo, o balanço de massa nos mostrou que a derivada de 𝑁𝐴𝑧
em relação ao eixo z é zero. Para continuarmos nossa análise vamos pegar
a equação do caso e aplicar a derivada em relação a z igual a zero.
Se aplicarmos um limite nessa equação com ∆𝑧 → 0 teremos o conceito de
derivada:
𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 − 𝑁𝐴𝑧
lim =0
∆𝑧→0 ∆𝑧
Ou seja:
𝑑𝑁𝐴𝑧
=0
𝑑𝑧

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No final de tudo, o balanço de massa nos mostrou que a derivada de 𝑁𝐴𝑧
em relação ao eixo z é zero. Para continuarmos nossa análise vamos pegar
a equação do caso e aplicar a derivada em relação a z igual a zero.
Se aplicarmos um limite nessa equação com ∆𝑧 → 0 teremos o conceito de
derivada:
𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 − 𝑁𝐴𝑧
lim =0
∆𝑧→0 ∆𝑧
Ou seja:
𝑑𝑁𝐴𝑧
=0
𝑑𝑧
No final de tudo, o balanço de massa nos mostrou que a derivada de 𝑁𝐴𝑧
em relação ao eixo z é zero. Para continuarmos nossa análise vamos pegar
a equação do caso e aplicar a derivada em relação a z igual a zero.
𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴 𝑑
0 = [− ]
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧 𝑑𝑧
Podemos tirar o 𝐶𝐷𝐴𝐵 da equação pois são constantes:
1 𝑑𝑥𝐴 𝑑
0 = [− ]
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧 𝑑𝑧
Organizando e multiplicando por (-1):
𝑑𝑥𝐴 1 𝑑
0=[ ]
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧 𝑑𝑧
Integrando dos dois lados:
𝑑𝑥𝐴 1
𝑐1 =
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧
Organizando:

65
𝑑𝑥𝐴 1 𝑑𝑥𝐴
𝑐1 = → = 𝑐1 𝑑𝑧
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧 (1 − 𝑥𝐴 )
Integrando novamente:
− ln(1 − 𝑥𝐴 ) = 𝑐1 𝑧 + 𝑐2
Pronto chegamos no fim, essa é a equação geral do problema, mas
precisamos da equação específica, para isso vamos usar a artimanha de
EDO que aprendemos lá atrás, utilizando as condições de contorno do
sistema. As nossas condições de contorno são:
1: 𝑧 = 𝑧1 ; 𝑥𝑎 = 𝑥𝑎1 − ln(1 − 𝑥𝐴1 ) = 𝑐1 𝑧1 + 𝑐2
{ →{
2: 𝑧 = 𝑧2 ; 𝑥𝑎 = 𝑥𝑎2 − ln(1 − 𝑥𝐴2 ) = 𝑐1 𝑧2 + 𝑐2
Utilizando o método da subtração em sistemas lineares:
− ln(1 − 𝑥𝐴1 ) + ln(1 − 𝑥𝐴2 ) = 𝑐1 (𝑍1 − 𝑍2 )
Utilizando propriedades de logaritmo:
1 − 𝑥𝐴2 1
𝑐1 = ln ( )
1 − 𝑥𝐴1 𝑧1 − 𝑧2
Substituindo na segunda equação:
1 − 𝑥𝐴2 𝑧2
− ln(1 − 𝑥𝐴2 ) = ln ( ) + 𝑐2
1 − 𝑥𝐴1 𝑧1 − 𝑧2
Logo:
1 − 𝑥𝐴2 𝑧2
𝑐2 = − ln(1 − 𝑥𝐴2 ) − ln ( )
1 − 𝑥𝐴1 𝑧1 − 𝑧2
Com as constantes encontradas é hora de pegar tudo e jogar na equação
geral, depois isolar 𝑥𝐴 :

66
− ln(1 − 𝑥𝐴 )
1 − 𝑥𝐴2 𝑍 1 − 𝑥𝐴2 𝑧2
= ln ( ) − ln(1 − 𝑥𝐴2 ) − ln ( )
1 − 𝑥𝐴1 𝑧1 − 𝑧2 1 − 𝑥𝐴1 𝑧1 − 𝑧2
Organizando:
1 − 𝑥𝐴2 1
− ln(1 − 𝑥𝐴 ) = − ln(1 − 𝑥𝐴2 ) + (𝑍 − 𝑍2 ) ln ( )
1 − 𝑥𝐴1 𝑧1 − 𝑧2
Aplicando propriedade da multiplicação em logaritmo e multiplicando tudo
por (-1):
(𝑍−𝑍2 )
1 − 𝑥𝐴2 𝑧1 −𝑧2
ln(1 − 𝑥𝐴 ) = ln(1 − 𝑥𝐴2 ) − ln ( )
1 − 𝑥𝐴1
Coisa de criança, aplicar exponencial em ambos os lados:
(𝑍−𝑍2 )
1 − 𝑥𝐴2 𝑧1 −𝑧2
1 − 𝑥𝐴 = 1 − 𝑥𝐴2 − ( )
1 − 𝑥𝐴1
Organizando:
(𝑍−𝑍2 )
1 − 𝑥𝐴2 𝑧1 −𝑧2
𝑥𝐴 = 𝑥𝐴2 + ( )
1 − 𝑥𝐴1
Pronto, terminamos a modelagem do sistema que envolve o capilar com
benzeno exposto ao ar. Esse 𝑥𝐴 que encontramos é o perfil de concentração
de benzeno, ou seja, vamos poder entender o comportamento do benzendo
nas condições que nós especificamos.

67
7.2 Pressões parciais - Outro jeito de modelar
Se você tem desejo de modelar o comportamento da pressão parcial
dos gases no meio em vez da fração molar, você pode utilizar a lei dos gases
ideais:
𝑃𝐴 𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 → 𝑃𝐴 = 𝐶𝐴 𝑅𝑇
𝑃𝐴
𝐶𝐴 =
𝑅𝑇
Temos que:
𝐶𝐴 𝑃𝐴
𝑥𝐴 = =
𝐶 𝑃
Logo:
𝑃
𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴 𝑃 𝐷𝐴𝐵 𝑑 ( 𝑃𝐴 )
𝑁𝐴𝑧 = − =−
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧 𝑅𝑇 (1 − 𝑃𝐴 ) 𝑑𝑧
𝑃
A pressão total do sistema foi considerada constante nas hipóteses, logo:
𝑃
𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴 𝑃 𝐷𝐴𝐵 𝑑 ( 𝑃𝐴 )
𝑁𝐴𝑧 = − =−
(1 − 𝑥𝐴 ) 𝑑𝑧 𝑅𝑇 (1 − 𝑃𝐴 ) 𝑑𝑧
𝑃
1 𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑃𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −
𝑅𝑇 (𝑃 − 𝑃𝐴 ) 𝑑𝑧
𝑃
𝑃 𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑃𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −
𝑅𝑇 (𝑃 − 𝑃𝐴 ) 𝑑𝑧
E assim encontramos a Equação do Caso para pressões parciais.

68
8. Características
da Modelagem
8.1 Obtenção da equação da continuidade - Em coordenadas retangulares
O que vamos fazer aqui é o que já fizemos antes, só que dessa vez será
para um volume de controle retangular, dessa forma vamos encontrar uma
equação que irá descrever o fluxo de massa nesse volume de controle, que
vamos chamar de equação da continuidade.
Imagine um volume de controle da seguinte forma:

Vamos começar com um simples balanço de massa:


𝐸−𝑆+𝐺−𝐶 =𝐴

69
Agora temos que analisar cada componente presente nesse balanço, vamos
conversar com mais calma sobre isso.
Toda vez que você tiver que desenhar um volume de controle faça que nem
eu acabei de fazer para esse exemplo e o caso do capilar também, o volume
de controle é representado por alguma forma geométrica, na verdade o
volume de controle é o sistema que nós estamos discutindo desde o início
da disciplina, então nesse sistema acontece entrada e saída de matéria e
também acúmulo, se houver reação química ocorrerá geração ou consumo.
A entrada de matéria é representada por setas, pois o fluxo de matéria
possui direção e sentido, e essas setas possuem um valor de 𝑁𝐴 , essa variável
é o fluxo de matéria o componente A, aquele que se difunde em B, o
subscrito que aparece do lado representa o sentido do fluxo e o ∆ representa
aquilo que foi acrescentado ou reduzido no fluxo, é simples.
Toda vez que você tiver que desenhar um volume de controle faça que nem
eu acabei de fazer para esse exemplo e o caso do capilar também, o volume
de controle é representado por alguma forma geométrica, na verdade o
volume de controle é o sistema que nós estamos discutindo desde o início
da disciplina, então nesse sistema acontece entrada e saída de matéria e
também acúmulo, se houver reação química ocorrerá geração ou consumo.
A entrada de matéria é representada por setas, pois o fluxo de matéria
possui direção e sentido, e essas setas possuem um valor de 𝑁𝐴 , essa variável
é o fluxo de matéria o componente A, aquele que se difunde em B, o
subscrito que aparece do lado representa o sentido do fluxo e o ∆ representa
aquilo que foi acrescentado ou reduzido no fluxo, é simples.
Toda vez que você tiver que desenhar um volume de controle faça que nem
eu acabei de fazer para esse exemplo e o caso do capilar também, o volume
de controle é representado por alguma forma geométrica, na verdade o
volume de controle é o sistema que nós estamos discutindo desde o início

70
da disciplina, então nesse sistema acontece entrada e saída de matéria e
também acúmulo, se houver reação química ocorrerá geração ou consumo.
A entrada de matéria é representada por setas, pois o fluxo de matéria
possui direção e sentido, e essas setas possuem um valor de 𝑁𝐴 , essa variável
é o fluxo de matéria o componente A, aquele que se difunde em B, o
subscrito que aparece do lado representa o sentido do fluxo e o ∆ representa
aquilo que foi acrescentado ou reduzido no fluxo, é simples.
Relembrando o balanço de massa:
𝐸−𝑆+𝐺−𝐶 =𝐴
Essas entradas são todas as setas que estão entrando no volume de controle
e não possuem o termo de variação, no caso o ∆. Então as nossas entradas
são:
𝑁𝐴𝑥 + 𝑁𝐴𝑦 + 𝑁𝐴𝑧
Já as nossas saídas você deve imaginar quais são, né? São todas as setas que
estão saindo do volume de controle:
𝑁𝐴𝑥+∆𝑥 + 𝑁𝐴𝑦+∆𝑦 + 𝑁𝐴𝑧+∆𝑧
Geração e consumo fazem parte do mesmo pacote: reação química, isso
mesmo eles podem ser representados pela mesma constante, se você já
estudou cinética e reatores sabe do que eu estou falando, é o 𝑅𝐴 , a taxa de
reação química pelo volume da reação.
O acúmulo? Há o acúmulo.... Seu nome já diz tudo, ele é o acúmulo de
massa no sistema, mas como representa-lo?
Você já ouviu dizer que quando o regime é permanente o acúmulo é zero?
Você deve ter ouvido isso em PPQ, então quando um sistema está em
regime permanente não ocorre variação de suas propriedades em relação
ao tempo, então não ocorre acúmulo.

71
“Não entendi.”
- Imagine uma pia, se você ligar a torneira a água irá cair e descer pelo
ralo, ao passo que a água desce, o volume de água na pia permanece
constante, porque a água não é acumulada na pia, mas se colocarmos
o ralo a água vai começar a acumular, esse acúmulo varia com o tempo,
ao passo que a água cai o volume aumenta.
Portanto, o acúmulo é a variação do objeto em estudo em relação ao tempo.
O que estamos estudando? Transferência de massa.
O que pode representar transferência de massa? A sua força motriz.
Portanto, o acúmulo do balanço de massa de um sistema voltado para a
transferência de massa é:
𝜕𝐶𝐴
𝜕𝑡
A concentração de A em relação ao tempo.
Agora nos resta uma pequena análise. Tudo que fizermos na nossa análise
do sistema deve haver uma direção, veja que nós colocamos os valores das
setas que entravam e saíam do sistema, mas como vamos representar em
que direção cada uma está indo matematicamente? Através das variações
em ∆, elas irão direcionar as setas.
Para representarmos as saídas e entradas devemos multiplicar o valor
escalar pelas variações opostas a direção da seta, por exemplo:
𝑁𝐴𝑥 ∆𝑦∆𝑧
É o escalar da seta que está em x multiplicada pelas variações em y e z, isso
irá se repetir para os outros casos, nunca deves usar a variação da mesma
direção da seta escolhida. Portanto temos:
Entrada:

72
𝑁𝐴𝑥 ∆𝑦∆𝑧 + 𝑁𝐴𝑦 ∆𝑥∆𝑧 + 𝑁𝐴𝑧 ∆𝑥∆𝑦
Saída:
𝑁𝐴𝑥+∆𝑥 ∆𝑦∆𝑧 + 𝑁𝐴𝑦+∆𝑦 ∆𝑦∆𝑧 + 𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 ∆𝑥∆𝑦
A reação química e o acúmulo não têm direções definidas, eles podem
ocorrer em qualquer direção, por isso eles vão se multiplicar com as
variações de todos os eixos.
Reação química:
𝑅𝐴 ∆𝑥∆𝑦∆𝑧
Acúmulo:
𝑑𝐶𝐴
∆𝑥∆𝑦∆𝑧
𝑑𝑡
Vamos montar a equação:
𝐸−𝑆+𝐺−𝐶 =𝐴
Lembra uma vez que eu falei que para encontramos uma equação coerente
com a nossa análise devemos ter cuidado com a parte de “final menos
inicial”? Então, podemos corrigir isso agora, a parte final é a saída do
sistema e a inicial é a entrada, portanto o que devemos fazer é:
−[𝑆 − 𝐸 ] + 𝐺 − 𝐶 = 𝐴
Reação química:
𝑅𝐴 ∆𝑥∆𝑦∆𝑧
Acúmulo:
𝑑𝐶𝐴
∆𝑥∆𝑦∆𝑧
𝑑𝑡
Vamos montar a equação:
𝐸−𝑆+𝐺−𝐶 =𝐴
73
Lembra uma vez que eu falei que para encontramos uma equação coerente
com a nossa análise devemos ter cuidado com a parte de “final menos
inicial”? Então, podemos corrigir isso agora, a parte final é a saída do
sistema e a inicial é a entrada, portanto o que devemos fazer é:
−[𝑆 − 𝐸 ] + 𝐺 − 𝐶 = 𝐴
Gerado e consumado é representado somente pela taxa de reação química,
vamos substituir ele e o acúmulo na equação, para não ficar muito grande:
𝜕𝐶𝐴
−[𝑆 − 𝐸 ] + 𝑟𝐴 ∆𝑥∆𝑦∆𝑧 = ∆𝑥∆𝑦∆𝑧
𝜕𝑡
Vamos organizar isso em passos:
- Passo 1: desenhar volume de controle;
- Passo 2: balanço de massa;
- Passo 3: organizar equações a fim de formar derivadas.
É muito simples, faça isso quando se deparar com um volume de controle.
Nós já fizemos isso no caso do capilar com benzeno, só que dessa vez
estamos formulando uma equação geral, para todo caso que envolver
coordenadas retangulares.
Tá, vamos entender a lógica de tudo. Primeiro o que devemos encontrar
quando estamos resolvendo a modelagem de um sistema?
- A primeira coisa a se fazer é encontrar 𝑁𝐴 , o fluxo total de matéria
sobre um eixo. Esse é o valor daquelas setas no desenho.
- Nós já encontramos o 𝑁𝐴 lembra?
𝑑𝑥𝐴
𝑁𝐴? = −𝐶𝐷𝐴𝑛 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴? + 𝑁𝐵? + ⋯ + 𝑁𝑛? )
𝑑?
E o que estamos fazendo agora?

74
- Agora estamos fazendo um balanço de massa de uma situação que
envolva todas as condições possíveis para formarmos uma equação
geral. Essa equação envolve derivadas, depois que você encontrar essa
equação você irá pegar o valor de 𝑁𝐴 e jogar lá dentro e depois integrar
até formar a equação geral.
Pronto, difícil?
Relembrando aonde paramos:
𝜕𝐶𝐴
−[𝑆 − 𝐸 ] + 𝑟𝐴 ∆𝑥∆𝑦∆𝑧 = ∆𝑥∆𝑦∆𝑧
𝜕𝑡
Para formarmos a definição de derivada devemos ter uma variação em baixo
de uma diferença, por exemplo:
𝑆2 − 𝑆1 𝑑𝑆
lim =
∆𝑥→0 ∆𝑥 𝑑𝑥
Entendeu? Para isso vamos pegar toda equação e dividir por ∆𝑥∆𝑦∆𝑧:
[𝑆 − 𝐸 ] 𝜕𝐶𝐴
− + 𝑟𝐴 =
∆𝑥∆𝑦∆𝑧 𝜕𝑡
Se você for organizar essa equação vai encontrar o seguinte:
𝑁𝐴𝑥+∆𝑥 − 𝑁𝐴𝑥 𝑁𝐴𝑦+∆𝑦 − 𝑁𝐴𝑦 𝑁𝐴𝑧+∆𝑧 − 𝑁𝐴𝑧 𝜕𝐶𝐴
−[ + + ] + 𝑟𝐴 =
∆𝑥 ∆𝑦 ∆𝑧 𝜕𝑡
Aplicando limite em tudo teremos o conceito de derivada, como estamos
lhe dando com várias dimensões agora temos que usar a letra grega Derron:
𝜕𝑁𝐴𝑥 𝜕𝑁𝐴𝑦 𝜕𝑁𝐴𝑧 𝜕𝐶𝐴
−[ + + ] + 𝑟𝐴 =
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑡
Agora vamos simplificar isso, se você se lembra de cálculo 2, você com
certeza vai se tocar que essas derivadas parciais podem se resumir tudo em
um só vetor, o vetor gradiente, representado pela letra grega Nabla:

75
𝜕𝐶𝐴
−𝛻⃗ . ⃗⃗⃗⃗
𝑁𝐴 + 𝑟𝐴 =
𝜕𝑡
Essa, meu caro leitor, é a equação da continuidade para coordenadas
retangulares, qualquer situação que envolva essas coordenadas pode partir
daqui.

8.2 Estratégias de modelagem - Você não pode ter dúvidas!


Vamos entender o porquê de tudo que estamos fazendo aqui. Vamos
por ordem, tudo que precisamos fazer para entender um sistema de
transferência de massa:
1. Sistema e Hipóteses:
Você deve em primeiro lugar delimitar o sistema, a fronteira e sua
vizinhança através dos métodos que eu já ensinei a você;
2. Desenho e volume de controle:
Você deve desenhar seu sistema usando setas para representar o
comportamento da transferência de massa, entrando e saindo.
3. Encontra 𝑁𝐴 :
O valor do fluxo total mássico é encontrado pela contribuição da difusão
mais a convecção, eu já mostrei como encontra e já mostrei a você a equação
geral.
4. Realizar balanço de massa:
O balanço de massa irá levar em conta tudo que as setas do seu desenho do
volume de controle estão fazendo, vá com calma, primeiro valide as suas
hipóteses, depois encontre etapa por etapa do balanço de massa, por fim
junte tudo a fim de encontrar o conceito de derivada.
5. Juntar a equação vinda do balanço de massa com a equação de 𝑁𝐴 :

76
Junta as duas equações, depois integra até encontrar a equação geral do
caso, em alguns casos pode ser necessário resolução por métodos de EDO’s
e EDP’s.
6. Encontrar as constantes de integração:
Última etapa, para encontra-las basta usar as condições de contorno e
depois aplicar um sistema linear com as variáveis.
Explicando algumas coisas: veja que 𝑁𝐴 pode assumir mais de uma forma,
para frações molares e pressões parciais, elas são equações que podem ser
integradas facilmente sem ter a necessidade de colocar na equação do
balanço de massa. Mas então porque integramos 𝑁𝐴 somente depois de
coloca-lo na equação originada do balanço de massa?
- Querido, estamos trabalhando com cálculo, se integrarmos 𝑁𝐴 antes
da hora vamos obter um resultado escalar, ou seja, constante, enquanto
que quando integramos a equação resultante do balanço de massa
junto com o 𝑁𝐴 o nosso objetivo é que essa integração faça um desenho
do comportamento do fluxo total pelo volume de controle, esse
desenho é representado pela equação específica que encontramos
depois da equação geral, se colocarmos o 𝑁𝐴 já integrado na equação
vamos acabar encontrando nada.
Isso não quer dizer que nunca vamos integrar 𝑁𝐴 , veja: podemos integrar
𝑁𝐴 para encontrar algum valor escalar, constante, que possa nos quantificar
algum parâmetro da transferência ou podemos deixar o 𝑁𝐴 para juntar com
a equação que vem do balanço de massa e integrar tudo junto para obter o
comportamento gráfico da transferência de massa.

77
8.3 Exemplo 1 - Treinar, é necessário
Temos a seguinte situação: dois gases estão em compartimentos
diferentes, o registro do meio é aberto.

Vamos primeiro às hipóteses e a formulação do nosso sistema:


- Vamos considerar regime permanente claro, tanto que não há algo que
nos incite a querer analisar essa situação em regime transitório;
- Pressão e temperatura constante, não especificaram nada, então não
vamos complicar;
- Não há especificação sobre a quantidade mols que cada gás tem, então
por isso vamos dizer que ele são equimolar, ou seja, possuem a mesma
quantidade de mols, portanto o fluxo de massa de ambos serão iguais,
só que preste atenção, eles estão em sentidos opostos (𝑁𝐴 = −𝑁𝐵 );
- Sem reação química, nada foi especificado;
- Propriedades das substâncias são constantes, bom, se você afirmou
que pressão e temperatura são constantes e que estamos em regime
permanente, então essa última afirmação deve vir logo em seguida né?
Essa afirmação terá como consequência que a difusividade dos gases
será constante;

78
- Unidirecional, vamos colocar a nossa análise somente em função do
eixo z, pois o tubo é pequeno e a transferência de massa ocorre de
forma mais significativa em z do que nas outras direções.
Sem mais nada para afirmar não temos dúvida que o sistema é dentro do
tubo e a vizinhança são o exterior e os balões, vamos delimitar esse sistema
com as condições de contorno:

Veja que os fluxos de massa dos gases são os mesmos, muda somente a
direção, então não tem pra quer querer analisar os dois gases, vamos então
usar como base somente o gás A.
Nosso passo de número 3 é encontrar 𝑁𝐴 , já temos a equação geral verdade,
mas vamos encontra-la novamente, não custa nada treinar:
𝑁𝐴 = 𝐽𝐴 + 𝐶𝐴 𝑣𝑚
𝑁𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑁𝐴 + 𝑁𝐵
𝑣𝑚 = =
𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐶
Substituindo:
𝑁𝐴 + 𝑁𝐵 𝐶𝐴
𝑁𝐴 = 𝐽𝐴 + 𝐶𝐴 = 𝐽𝐴 + (𝑁𝐴 + 𝑁𝐵 )
𝐶 𝐶
𝑑𝐶𝐴 𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 + (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 )
𝑑𝑧 𝐶
Agora que a obtemos devemos lembrar que consideramos os gases em
estado equimolar, então com a quantidade de fluxo de matéria constante
não é necessário haver distinções de fluxos no sistema:

79
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Veja que estamos usando concentração em vez de fração molar nessa
equação, isso porque foi isso que foi definido no nosso desenho do tubo
(volume de controle), se tivéssemos usado fração molar então teríamos
mudado a equação acima, se fosse pressão parcial também.
O 4º passo é realizar o balanço de massa, mas agora que já temos a equação
da continuidade vamos usa-la diretamente, só que antes vamos aplicar
nossas hipóteses:
𝜕𝐶𝐴 𝑑𝑁𝐴𝑧
−𝛻⃗ . ⃗⃗⃗⃗
𝑁𝐴 + 𝑟𝐴 = →− =0
𝜕𝑡 𝑑𝑧
O que nós cancelamos foram as direções x e y, a reação que não tem e o
acúmulo que é zero. Pronto, partimos para o próximo passo: substituir 𝑁𝐴
na equação que encontramos.
𝑑𝑁𝐴𝑧 𝑑𝑁𝐴𝑧
− = 0 → 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑝𝑜𝑟 (−1) → =0
𝑑𝑧 𝑑𝑧
𝑑 𝑑𝐶𝐴
[−𝐷𝐴𝐵 ]=0
𝑑𝑧 𝑑𝑧
𝐷𝐴𝐵 é constante:
𝑑 𝑑𝐶𝐴
[ ]=0
𝑑𝑧 𝑑𝑧
Integrando:
𝑑𝐶𝐴
= 𝑐1 → 𝑑𝐶𝐴 = 𝑐1 𝑑𝑧
𝑑𝑧
Integrando mais uma vez:
𝐶𝐴 = 𝑐1 𝑧 + 𝑐2

80
Pronto, encontramos a equação geral, o resto é simples, encontrar as
constantes de integração, vamos lá:
1: 𝑧 = 𝑧1 ; 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴1 𝐶𝐴1 = 𝑐1 𝑧1 + 𝑐2
{ →{
2: 𝑧 = 𝑧2 ; 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴2 𝐶𝐴2 = 𝑐1 𝑧2 + 𝑐2
Método da subtração:
𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2 = 𝑐1 (𝑧1 − 𝑧2 )
Isolando 𝑐1 :
𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2
= 𝑐1
𝑧1 − 𝑧2
Utilizando a segunda equação:
𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2
𝐶𝐴1 = 𝑧 + 𝑐2
𝑧1 − 𝑧2 1
Isolando 𝑐2 :
𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2
𝑐2 = 𝐶𝐴1 − 𝑧
𝑧1 − 𝑧2 1
Substituindo as constantes encontradas na equação geral:
𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2 𝐶𝐴1 − 𝐶𝐴2
𝐶𝐴 = 𝑧 + 𝐶𝐴1 − 𝑧
𝑧1 − 𝑧2 𝑧1 − 𝑧2 1
𝑪𝑨𝟏 − 𝑪𝑨𝟐
𝑪𝑨 = 𝑪𝑨𝟏 + (𝒛 − 𝒛𝟏 )
𝒛𝟏 − 𝒛𝟐

81
8.4 Exemplo 2 - Mais treino
Vamos modificar nosso foco de estudo, retornamos ao caso do
benzeno no capilar, só que dessa vez queremos encontrar o tempo em que
o benzeno leva para evaporar do capilar, como fazer isso?
Vamos pensar um pouco. Quando você deixa a panela no
fogo a água começa a evaporar e aos poucos o nível da água
começa a descer, então a forma de identificarmos o tempo
que o fluxo de massa de benzeno leva para percorrer o
capilar é analisando o nível de benzeno líquido dentro do
capilar.
Apesar de querermos encontra o tempo, não vamos tocar
em regime transiente agora, mas como assim? Acalme-se
vou explicar melhor.
Quando estamos em regime transiente nós queremos entender como as
propriedades do sistema se modificam com o tempo, mas o que queremos
aqui é somente saber o tempo em que o fluxo de massa percorre de canto
a canto, não precisamos de regime transiente para isso.
Esse tipo de caso é chamado de Pseudo-Estacionário, aonde estamos
trabalhando com tempo, mas não em regime transiente. A mágica acontece
quando trabalhamos com a diferença de posição do líquido de benzeno no
capilar, ao passo que a evaporação ocorre o nível do líquido diminui.
Como fazer isso?
- Calma, não esqueça dos passos essenciais para modelar primeiro o
sistema, depois do sistema modelado poderemos pensar melhor.
Vamos pensar, não podemos encontrar o tempo pelo balanço de massa pois
estamos em regime permanente a única variável possível que contenha o
tempo é o acúmulo, só que ele é zero nesse caso.

82
Também não podemos encontrar o tempo através da equação geral, pois
essa equação veio de um resultado do balanço de massa e depois de
integração, como não tem acúmulo no balanço de massa não tem como a
equação geral ter alguma relação com tempo.
O que nos resta é o 𝑁𝐴 , ele é o único que podemos trabalhar com o tempo,
pois o fluxo de massa envolve uma certa velocidade e velocidade também
envolve tempo, então de alguma forma nós podemos conseguir arrancar um
tempo disso.
Para adiantarmos a nossa vida vamos resgatar a equação de 𝑁𝐴 que
encontramos antes para o caso do benzeno no capilar, mas dessa vez vamos
usar a equação para pressões parciais, para variar:
𝑃 𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑃𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −
𝑅𝑇 (𝑃 − 𝑃𝐴 ) 𝑑𝑧
Queremos encontrar um valor de tempo, se estivermos interessados em
representar o fluxo de matéria graficamente em um perfil de concentração,
devemos utilizar essa equação dessa forma para integra-la dentro da equação
resultando do balanço de massa, mas como estamos querendo encontrar
uma constante, sem gráfico, sem equações, então temos que integrar essa
equação.
Integrando:
𝑃𝐷𝐴𝐵 𝑃 − 𝑃𝐴2
𝑁𝐴𝑧 =− (− ln )
𝑅𝑇(𝑧2 − 𝑧1 ) 𝑃 − 𝑃𝐴1
𝑃𝐷𝐴𝐵 𝑃 − 𝑃𝐴2
𝑁𝐴𝑧 = ln
𝑅𝑇(𝑧2 − 𝑧1 ) 𝑃 − 𝑃𝐴1
Esse (𝑧2 − 𝑧1 ) é o que vamos precisar para relacionar a diminuição de
benzeno líquido no capilar. Para isso, vamos colocar a altura 𝑧 como uma

83
função do tempo, assim deixaremos explícito que o nível de benzeno está
variando com o tempo.
𝑃𝐷𝐴𝐵 𝑃 − 𝑃𝐴2
𝑁𝐴𝑧 = ln
𝑅𝑇𝑧(𝑡) 𝑃 − 𝑃𝐴1
Agora precisamos de uma outra relação para o 𝑁𝐴𝑧 , porque o que nós temos
até agora é a altura que é em função do tempo, mas cadê o tempo
propriamente dito? Não tem como tirar o tempo dessa equação.
Vamos voltar as definições primordiais do fluxo de massa, lembra dessa
relação:
𝑁𝐴𝑧 = 𝐶𝐴 𝑣𝐴
Ela nos será útil agora, veja que a velocidade é a derivada da posição (alô
física?), então podemos fazer:
𝑑𝑧
𝑁𝐴𝑧 = 𝐶𝐴
𝑑𝑡
Se por um acaso você não tiver a concentração, aclame-se podemos fazer
umas modificações na equação.
Veja:
𝜌𝐴 𝑑𝑧
𝑁𝐴𝑧 =
𝑀𝑀𝐴 𝑑𝑡
Depois disso é só juntar as equações, igualando-as:
𝜌𝐴 𝑑𝑧 𝑃𝐷𝐴𝐵 𝑃 − 𝑃𝐴2
= ln
𝑀𝑀𝐴 𝑑𝑡 𝑅𝑇𝑧(𝑡) 𝑃 − 𝑃𝐴1
Já sabe o que fazer né? Cheirinho de integração por aí, vamos isolar o 𝑑𝑡:
𝜌𝐴 𝑅𝑇
𝑑𝑡 = 𝑧(𝑡)𝑑𝑧
𝑀𝑀𝐴 𝑃 − 𝑃𝐴2
𝑃𝐷𝐴𝐵 ln 𝑃 − 𝑃
𝐴1

84
Integrando dos dois lados:
𝜌𝐴 𝑅𝑇 𝑧𝑓2 − 𝑧02
𝑡=
𝑀𝑀𝐴 𝑃 − 𝑃𝐴2 2
𝑃𝐷𝐴𝐵 ln 𝑃 − 𝑃
𝐴1

Essa equação representa o tempo em que o nível de benzeno no capilar


decai de 𝑧0 até 𝑧𝑓 .

85
9. Difusão em
coordenadas
Esféricas e
Cilíndricas
9.1 Coordenadas Esféricas - O Satanás bateu na sua porta
A mudança de coordenadas não vai mudar a nossa forma de analisar
os problemas, como balanço de massa, aplicação de limites, integração etc.
O que vai mudar é como o problema será formulado no meio dessa
correria, vamos entender agora como funciona as coordenadas esféricas.
O balanço de massa se seguirá normalmente, o que devemos fazer é
trabalhar nas coordenadas necessárias para desenvolvermos nosso cálculo.
Veja o volume de controle de uma esfera em coordenadas polares:

86
As coordenas polares são formadas pelas seguintes variáveis:
- Raio (𝑟): compreende a distância entre o ponto de origem da esfera
até as suas bordas;
- Ângulo teta (𝜃): representa o movimento latitudinal de um ponto sobre
a superfície de uma esfera (como se você cortasse uma maçã na
horizontal);
- Ângulo fi (∅): representa o movimento longitudinal de um ponto sobre
a superfície de uma esfera (como se você cortasse uma maçã na
vertical).
Em vez de usarmos x, y e z, vamos utilizar as coordenadas polares para
encontra as equações da continuidade para cada caso.
Veja que antes representávamos no balanço de massa os fluxos de massa
para coordenadas retangulares com ∆𝑥∆𝑦∆𝑧, onde esses três representam
o volume total do volume de controle. Por definição de Cálculo 2, temos
que a mudança de coordenadas ocorre quando:
𝛥𝑥𝛥𝑦𝛥𝑧 → 𝑟 2 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃𝛥𝜙

87
Onde temos que:
𝛥𝑥 → 𝛥𝑟 𝛥𝑦 → 𝑟𝛥𝜃 𝛥𝑧 → 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜙
É importante você enfatizar, que o raio da coordenada 𝑟𝑑𝑟 é diferente do
raio de sen 𝜃 𝑟𝑑𝜃, então eles não se cancelam.
Nossas entradas ficam:
𝑁𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜙𝑟𝛥𝜃 + 𝑁𝜃 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝑟𝛥𝜙 + 𝑁𝜙 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜃
E as saídas:
𝑁𝑟+𝛥𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜙𝑟𝛥𝜃 + 𝑁𝜃+𝛥𝜃 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝑟𝛥𝜙 + 𝑁𝜙+𝛥𝜙 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜃
Reação:
𝑅 𝑟 2 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃𝛥𝜙
Acúmulo:
𝜕𝐶 2
𝑟 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃𝛥𝜙
𝜕𝑡
Então temos:
𝜕𝐶
−[𝑆 − 𝐸 ] + 𝑅 𝑟𝑑𝑟 sen 𝜃 𝑟𝑑𝜃𝑑𝜙 = 𝑟𝑑𝑟 sen 𝜃 𝑟𝑑𝜃𝑑𝜙
𝜕𝑡
Dividindo tudo pelo volume de controle:
𝑁𝑟 𝑟 2 sen 𝜃 𝛥𝜙𝛥𝜃 𝑁𝜃 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝑟𝛥𝜙 𝑁𝜙 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜃
𝐸= 2 + +
𝑟 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃𝛥𝜙 𝑟 2 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃𝛥𝜙 𝑟 2 𝛥𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃𝛥𝜙
𝑁𝑟 𝑟 2 𝑁𝜃 sen 𝜃 𝑁𝜙
𝐸= 2 + +
𝑟 𝛥𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜙
O mesmo se segue para as saídas, só que como os fluxos de massa estão em
função das suas respectivas variáveis, raio, teta e fi, temos que modificar o
valor das variáveis para a variação com delta, veja:

88
𝑁𝑟+𝛥𝑟 (𝑟 + 𝛥𝑟)2 𝑁𝜃+𝛥𝜃 sen(𝜃 + 𝛥𝜃) 𝑁𝜙+𝛥𝜙
𝑆= + +
𝑟 2 𝛥𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜙
Veja que na primeira parcela o raio de cima não é cancelado com o de
baixo, isso porque nessa parcela temos o fluxo de massa em função do raio,
o raio deve estar na equação para que o fluxo de massa tenha uma direção,
um movimento, a mesma coisa acontece nas outras parcelas, o seno não é
cancelado na segunda parcela porque o fluxo de massa está em função dele,
então esse seno não é uma simples constante. Isso é uma organização para
Limites parciais, lembra?
Reação:
𝑅
Acúmulo:
𝜕𝐶
𝜕𝑡
Agora juntando o pessoal no balanço de massa:
𝑁𝑟+𝛥𝑟 (𝑟 + 𝛥𝑟)2 − 𝑁𝑟 𝑟 2 𝑁𝜃+𝛥𝜃 sen(𝜃 + 𝛥𝜃) − 𝑁𝜃 sen 𝜃
−[ +
𝑟 2 𝛥𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜃
𝑁𝜙+𝛥𝜙 − 𝑁𝜙 𝜕𝐶
+ ]+𝑅 =
𝑟 sen 𝜃 𝛥𝜙 𝜕𝑡
Aplicando o limite, temos o conceito de derivada:
1 𝜕𝑁𝑟 𝑟 2 1 𝜕𝑁𝜃 sen 𝜃 1 𝜕𝑁𝜙 𝜕𝐶
−[ 2 + + ]+𝑅 =
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜙 𝜕𝑡

89
9.2 Coordenadas Cilíndricas - E agora quer possuir sua vida
O mesmo plano que fizemos para encontrar a equação da
continuidade para as coordenadas esféricas se segue para as coordenadas
cilíndricas, agora temos três variáveis que são:
- Raio (𝑟): compreende a distância entre o ponto de origem da esfera
até as suas bordas, analisado pela área transversal do cilindro;
- Ângulo fi (𝜙): representa o movimento latitudinal de um ponto sobre
a superfície de uma esfera (como se você cortasse uma maçã na
horizontal), analisado pela área transversal do cilindro;
- Altura (𝑧): representa a altura do cilindro que é medido da base
inferior, aonde consideramos a origem do plano até a base superior.
Veja as coordenas cilíndricas representadas abaixo:

Agora temos que as coordenadas cilíndricas são representadas por:


𝛥𝑥𝛥𝑦𝛥𝑧 → 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧
Onde temos que:
𝛥𝑥 → 𝛥𝑟 𝛥𝑦 → 𝑟𝛥𝜙 𝛥𝑧 → 𝛥𝑧

90
É importante você enfatizar, que o raio da coordenada 𝑟𝑑𝑟 é diferente do
raio de 𝑟𝑑𝜙, então eles não se cancelam.
Nossas entradas ficam:
𝑁𝑟 𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 + 𝑁𝜙 𝛥𝑟𝛥𝑧 + 𝑁𝑧 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙
E as saídas:
𝑁𝑟+𝛥𝑟 𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 + 𝑁𝜙+𝛥𝜙 𝛥𝑟𝛥𝑧 + 𝑁𝑧+𝛥𝑧 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙
Reação:
𝑅 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧
Acúmulo:
𝜕𝐶
𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧
𝜕𝑡
Então temos:
𝜕𝐶
−[𝑆 − 𝐸 ] + 𝑅 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 = 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧
𝜕𝑡
Dividindo tudo pelo volume de controle:
𝑁𝑟 𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 𝑁𝜙 𝛥𝑟𝛥𝑧 𝑁𝑧 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙
𝐸= + +
𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧
𝑁𝑟 𝑟 𝑁𝜙 𝑁𝑧
𝐸= + +
𝑟𝛥𝑟 𝑟𝛥𝜙 𝛥𝑧
Aquele mesmo esquema das saídas:
𝑁𝑟+𝛥𝑟 (𝑟 + 𝛥𝑟) 𝑁𝜙+𝛥𝜙 𝑁𝑧+𝛥𝑧
𝑆= + +
𝑟𝛥𝑟 𝑟𝛥𝜙 𝛥𝑧
A reação e o acúmulo você já sabe como fica, vamos pular para o balanço
de massa.

91
𝑁𝑟+𝛥𝑟 (𝑟 + 𝛥𝑟) − 𝑁𝑟 𝑟 𝑁𝜙+𝛥𝜙 + 𝑁𝜙 𝑁𝑧+𝛥𝑧 + 𝑁𝑧 𝜕𝐶
−[ + + ]+𝑅 =
𝑟𝛥𝑟 𝑟𝛥𝜙 𝛥𝑧 𝜕𝑡
Aplicando o limite, temos o conceito de derivada:
1 𝜕𝑁𝑟 𝑟 1 𝜕𝑁𝜙 𝜕𝑁𝑧 𝜕𝐶
−[ + + ]+𝑅 =
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜙 𝜕𝑧 𝜕𝑡
Enfim, essa é a equação da continuidade para coordenadas cilíndricas

9.3 Entendimento - Depois do inferno, vem o céu


Vamos entender algumas coisas:
Qual a diferença entre aquilo que fica dentro da derivada junto com o 𝑵𝑨
e aquilo que fora dele, apenas multiplicando?
- O que está dentro da derivada participou do processo de limite, pode
não estar explícito, mas essas coisas que estão dentro das derivadas são
na verdade variáveis e as que estão fora são constantes.
Não entendi:
- O volume é constante, o objeto que apareceu do lado de fora da
derivada surgiu do volume, o objeto dentro da derivada surgiu de uma
relação da direção do fluxo de massa sobre o volume de controle, a
direção que o fluxo corre pode variar, mas o volume de controle não.
Os mesmos métodos utilizados para as coordenadas retangulares foram
utilizados aqui, o que muda são variáveis, volume e área, somente, veja que
implicitamente eu realizei os mesmos passos no balanço de massa para os
três casos:
Retangulares:
𝑁𝑥 𝛥𝑦𝛥𝑧 + 𝑁𝑦 𝛥𝑥𝛥𝑧 + 𝑁𝑧 𝛥𝑥𝛥𝑦

92
Esféricas:
𝑁𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝑟𝛥𝜃𝛥𝜙 + 𝑁𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝛥𝑟Δ𝜙 + 𝑁𝜙 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜃
Cilíndricas:
𝑁𝑟 𝑟𝛥𝜙𝛥𝑧 + 𝑁𝜙 𝛥𝑟𝛥𝑧 + 𝑁𝑧 𝑟𝛥𝑟𝛥𝜙
Portanto, não decore, aprenda.

93
Exercícios em
Regime Permanente
Primeira Questão - Fármaco
Considere uma cápsula de multicamadas constituída de um núcleo
preenchido com um fármaco (o depósito, Ω0 ) cercado por um número de
camadas (Ω𝑖 , com 𝑖 = 1,2 … 𝑛), como ilustrado na figura 1.
Figura 1 – Liberação de fármaco a partir de um microcápsula
multicamadas. O fármaco é inicialmente carregado no núcleo Ω0 e
difunde, através de todas as camadas intermediárias Ω𝑖 , para o meio de
liberação confinado pela linha pontilhada (linha mais externa). As
condições adequadas são definidas nas interfaces das intercamadas
internas e no revestimento externo (a figura não está em escala).

94
Essas camadas envolventes são constituídas de materiais diferentes, mas
homogêneos e isotrópicos, que são especificados para permitir a difusão
seletiva, para obter um melhor controle da taxa de liberação e, às vezes, para
hospedar mais de um fármaco. A última camada protetora externa está em
contato com o meio de liberação Ω𝑠 (seja o seio de um fluido ou tecido),
aqui de extensão finita, mas com limites “distantes o suficiente” da superfície
da capsula. Dessa maneira:
a) Atribua um sistema de coordenadas à figura 1 e realize um balanço
material para a obtenção da equação da continuidade para este caso.
A coordenada utilizada para este caso é a esférica:
Δ𝜃Δ𝜙Δ𝑟 = 𝑉𝐶
𝐸−𝑆±𝑅 =𝐴
Sendo:
𝐸 = 𝑁𝐴𝑟 sen 𝜃 𝑟Δ𝜙Δ𝜃 + 𝑁𝐴𝜃 Δ𝑟Δ𝜙 sen 𝜃 𝑟 + 𝑁𝐴𝜙 rΔ𝑟Δ𝜃
𝑆 = 𝑁𝐴𝑟+Δ𝑟 sen 𝜃 𝑟Δ𝜙Δ𝜃 + 𝑁𝐴𝜃+Δ𝜃 Δ𝑟Δ𝜙 sen 𝜃 𝑟 + 𝑁𝐴𝜙+Δ𝜙 rΔ𝑟Δ𝜃
𝑅 = 𝑅𝐴 𝑟 2 sen 𝜃 Δ𝑟Δ𝜃Δ𝜙
𝜕𝐶𝐴 2
𝐴= 𝑟 sen 𝜃 Δ𝑟Δ𝜃Δ𝜙
𝜕𝑡
Organizando e dividindo tudo pelo volume de controle:
𝑁𝐴𝑟+Δ𝑟 (𝑟 + Δ𝑟)2 − 𝑁𝐴𝑟 𝑟 2 𝑁𝐴𝜃+Δ𝜃 sen(𝜃 + Δ𝜃) − 𝑁𝐴 𝜃 sen 𝜃
−[ +
𝑟 2 Δ𝑟 𝑟 sen 𝜃 Δ𝜃
𝑁𝐴 𝜙+Δ𝜙 − 𝑁𝐴 𝜙 𝜕𝐶𝐴
+ ] ± 𝑅𝐴 =
𝑟 sen 𝜃 Δ𝜙 𝜕𝑡
Por fim:

95
1 𝜕 [𝑁𝐴𝑟 𝑟 2 ] 1 𝜕[𝑁𝐴𝜃 sen 𝜃] 1 𝜕𝑁𝐴𝜙 𝜕𝐶𝐴
−[ 2 + + ] ± 𝑅𝐴 =
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜙 𝜕𝑡
Não se deve cancelar nenhum termo nessa equação, pois as hipóteses ainda
não foram pedidas, sem hipóteses, sem simplificação.
b) Quais os mecanismos atuantes nesse processo de transferência de
massa? Explique.
Os mecanismos atuantes na situação descrita pelo enunciado são a difusão
e a convecção, mas vale explicar só isso.
A difusão ocorre no interior da cápsula através das camadas do fármaco, já
a convecção ocorre entre a camada mais externa e o meio em que o fármaco
se encontra, meio biológico.
c) Escreva as hipóteses simplificadoras possíveis para a análise da
liberação do fármaco.
- Se considera difusividade 𝐷𝐴𝑒𝑓 e não 𝐷𝐴𝐵 ;
Quem é A e quem é B? Nós relatamos na letra b) que a difusão ocorre
entre as camadas do fármaco, então a difusão não ocorre só uma vez, ocorre
várias vezes e a difusão não ocorre do fármaco para o meio, ocorre do
fármaco para a próxima camada. O enunciado diz claramente que as
camadas são feitas de materiais diferentes, porém homogêneos, então não
é uma simples difusão em um meio qualquer, não conhecemos esse meio,
então nós declaramos uma difusividade específica 𝐷𝐴𝑒𝑓 .
- Propriedades constantes (𝑃, 𝑇 → 𝐷𝐴𝑒𝑓 = 𝑐𝑡𝑒);
Considera-se a difusão ocorrendo dentro do corpo humano, um meio
biológico, onde há condições aproximadamente constantes.
- Sem reação química (𝑅𝐴 = 0);

96
A difusão ocorre entre as camadas do fármaco, o enunciado não especifica
alguma reação ocorrendo dentro do corpo humano, está falando somente
da difusão entre as camadas.
- Regime transiente ou Pseudo-Estacionário;
Considera-se o regime transiente a partir do momento em que o fármaco
entra em contato com o meio, logo há um tempo necessário para as
camadas serem dissolvidas.
Ou pode-se considerar o meio Pseudo-estacionário caso dissermos que a
dissolução das camadas do fármaco demora bastante tempo, logo a
diminuição do tamanho do fármaco existe, mas não influencia tanto a
transferência de massa, por isso pode ser considerado Pseudo-estacionário;
⃗𝑁
- Todas as direções (∇ ⃗⃗⃗⃗𝐴 );
Considerando-se num corpo humano e considerando que o fármaco é uma
esfera, o meio em que o mesmo se encontra é muito aleatório, não tem
como se ter certeza de como essa difusão pode ocorrer e aonde vai, então
para isso considera-se todas as direções;
Pode-se tentar considerar somente uma direção (𝑁𝐴𝑟 ) com uma boa
explicação, por exemplo pode-se dizer que as dimensões do fármaco são
muito pequenas em relação ao todo corpo humano.
d) Nas camadas internas Ω𝑖 , pode-se assumir que a dissolução do fármaco
ocorre em um curto espaço de tempo comparado ao da difusão e,
portanto, pode ser considerada como instantânea. Assim, obtenha o
modelo fenomenológico (na variável concentração 𝑐) capaz de
descrever a difusão do fármaco em Ω𝑖 .
Basta simplificar a equação da continuidade em relação as hipóteses e
depois encontrar o fluxo, a questão não está pedindo perfil, somente uma
equação que descreva:

97
𝜕𝐶𝐴Ω𝑖
−∇𝑁𝐴Ω𝑖 =
𝜕𝑡
Esse subscrito Ω𝑖 é porque estamos descrevendo a difusão entre as camadas
somente, sem esse subscrito tá errado.
Agora só resta encontrar o 𝑁𝐴Ω𝑖 .
Normalmente representamos o fluxo por:
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴 𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴 + ⋯ )
𝑑𝑧
Só que tá errado.
O enunciado diz claramente que devemos descrever “a difusão do fármaco
em Ω𝑖 ”. Então, a difusão é representada por:
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Como são todas as direções:
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑁 ⃗
𝐴Ω𝑖 = −𝐷𝐴Ω𝑖 ∇𝐶𝐴Ω𝑖

Para terminar a questão substituindo ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑁𝐴Ω𝑖 na equação simplificada.
Logo:
𝜕𝐶𝐴Ω𝑖
−∇(−𝐷𝐴Ω𝑖 ⃗∇𝐶𝐴Ω𝑖 ) =
𝜕𝑡
𝜕𝐶𝐴Ω𝑖
𝐷𝐴Ω𝑖 ⃗∇2 𝐶𝐴Ω𝑖 =
𝜕𝑡
e) Para evitar uma rápida liberação, a camada mais externa da cápsula é
protegida com uma fina camada semipermeável (revestimento) tendo
uma pequena espessura, porém finita (h). Esse revestimento protege e
preserva o fármaco encapsulado da degradação e convecção do fluido,
protege a estrutura interna e garante uma liberação mais controlada e
98
sustentada. Sendo assim, modele a difusão do fármaco pelo
revestimento (Ω𝑚 ), definindo uma condição de limite de interface
simples entre Ω𝑛 e Ω𝑠 , que incorpore as propriedades físicas do
revestimento.
É mais uma questão pedindo para modelar a difusão, a única coisa que
muda é o local exato, em vez de simplesmente entre as camadas agora é
entre a penúltima e a última. Para efeito de cálculo tudo isso é realizado
quando se calcula a equação da continuidade, veja:
𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑁𝐴𝑟 𝑆𝑎𝑖𝑑𝑎 = 𝑁𝐴𝑟
Ω𝑛 Ω𝑠

Ou seja, a única coisa que muda em tudo isso é o balanço de massa e no


final de tudo a única diferença na equação final é o subscrito:
𝜕𝐶𝐴Ω𝑚
𝐷𝐴Ω𝑚 ⃗∇2 𝐶𝐴Ω𝑚 =
𝜕𝑡
Simplesmente repetimos a resposta da letra d), pois é a modelagem da
difusão, e mudamos os subscritos.

Segunda Questão - Etanol no capilar


Um experimento proposto no Laboratório de Fenômenos, para um
grupo de alunos, teve como objetivo determinar a difusividade do etanol no
ar. Um capilar preenchido com etanol foi imerso em um banho
termostático, mantido a 25 °C. O valor da difusividade 𝐷𝐴𝐵 (etanol-ar)
encontrado foi de 0,132 𝑐𝑚2 /𝑠, na pressão de 1 atm. O mesmo
experimento foi proposto para outro grupo de alunos, contudo na
temperatura de 40 °C e 1 atm.
a) Estime o coeficiente de difusão 𝐷𝐴𝐵 pelo método de Fuller et al. Para
o experimento realizado em 40 °C e 1 atm.

99
Nesse experimento o etanol foi introduzido em um capilar de 10 cm de
comprimento, mantendo 3 cm de nível de etanol em seu interior. Ar seco
(livre de umidade) deverá escoar pelos todos dos capilares, mas no interior
do capilar o ar deve se encontrar estagnado.
Não precisa de dados como volumes atômicos para utilizar o método de
Fuller et al., lembre-se que quando o experimento é o mesmo, porém com
temperatura diferentes, podemos fazer a seguinte relação:
𝐷𝐴𝐵2 𝑇2 1,75 𝑇2 1,75
=( ) → 𝐷𝐴𝐵2 = 𝐷𝐴𝐵1 ( )
𝐷𝐴𝐵1 𝑇1 𝑇1
Substituindo valores:
𝐷𝐴𝐵2 = 0,144 𝑐𝑚2 /𝑠
b) Estime o tempo para que o nível de líquido no capilar caia pela metade
nas duas temperaturas (25 e 40 °C).
As hipóteses corretas são:
𝜕𝐶
- Regime Pseudo-Estacionário ( 𝜕𝑡𝐴 = 0);

- Sem reação química (𝑅𝐴 = 0);


- Propriedades constantes (𝑃, 𝑇 → 𝐷𝐴𝐵 = 𝑐𝑡𝑒);
- Meio estagnado (𝑁𝐵 = 0);
- Unidirecional (𝑁𝐴𝑧 ).
Segue o mesmo processo que aprendemos em sala, pulando para parte que
encontramos o fluxo, temos:
𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴 𝐶𝐷𝐴𝐵 1 − 𝑥𝐴1
𝑁𝐴𝑧 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑖𝑛𝑡𝑒𝑔𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑁𝐴𝑧 = ln
1 − 𝑥𝐴 𝑑𝑧 𝑧2 − 𝑧1 1 − 𝑥𝐴2
Então procura-se a velocidade:

100
𝑑𝑧
𝑁𝐴𝑧 = 𝐶𝐴
𝑑𝑡
Igualando:
𝑑𝑧 𝐶𝐷𝐴𝐵 1 − 𝑥𝐴1
𝐶𝐴 = ln
𝑑𝑡 𝑧(𝑡) 1 − 𝑥𝐴2
Usando a Lei dos Gases ideais e isolando:
𝑅𝑇
𝑑𝑡 = 𝐶𝐴 𝑧(𝑡)𝑑𝑧
𝑃 − 𝑃𝐴2
𝑃𝐷𝐴𝐵 ln 𝑃 − 𝑃
𝐴1

Não temos valor para 𝐶𝐴 , então usa-se alternativa:


𝜌𝐴 𝑅𝑇 𝑧𝑓2 − 𝑧02
𝑡𝑓 =
𝑀𝑀𝐴 𝑃 − 𝑃𝐴 2
𝑃𝐷𝐴𝐵 ln 𝑃 − 𝑃 2
𝐴1

A partir desse ponto é necessário explicar o resultado da integração, a


melhor forma é desenhando:

Veja o desenho acima: o enunciado fala que o capilar tem 10 cm e o líquido


está a 3 cm da base e depois evapora até a metade disso, ou seja, 1,5 cm.

101
Para realizar esse cálculo não podemos desconsiderar as dimensões do
capilar, isto é, a altura, temos que relacionar as posições com a altura do
capilar, não é simplesmente subtrair 8,5 e 7 para dar o resultado 1,5, porque
nós temos a seguinte equação:
zf2 − z02
2
As coisas vão mudar, por isso não subtraia nada, coloque tudo na equação.
As pressões são encontradas por:
𝐹
ln 𝑃𝐴 = 𝐸 −
𝑇+𝐺
De acordo com os dados tabelados:

As pressões são:
𝑃𝐴298 𝐾 = 57,86 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 0,0761 𝑎𝑡𝑚
𝑃𝐴313 𝐾 = 131,45 𝑚𝑚𝐻𝑔 = 0,173 𝑎𝑡𝑚
O valor de 𝑃𝐴2 é considerado zero, pois consideramos 𝑃𝐴1 na superfície do
líquido e 𝑃𝐴2 no topo do capilar, como no topo do capilar a concentração
de A tende a zero, consideramos sua pressão desprezível.
Resultado, não esqueça de converter unidades:

102
𝑡𝑓298 𝐾
𝑚3 𝑎𝑡𝑚 −2
780 𝑘𝑔/𝑚3 (8,205 × 10 ) (298 𝐾 ) 0,0852 − 0,072
𝑘𝑚𝑜𝑙 𝐾
=
46 𝑘𝑔/𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑚2 1−0 2
(1 𝑎𝑡𝑚) (1,32 × 10−5 ) ln
𝑠 1 − 0,0761
≈ 5,3 𝑑𝑖𝑎𝑠
O resultado é em segundos, mas eu converti imediatamente para dias, veja
como as unidades se cancelam perfeitamente.
𝑡𝑓313 𝐾
𝑚3 𝑎𝑡𝑚 −2
780 𝑘𝑔/𝑚3 (8,205 × 10 ) (298 𝐾 ) 0,0852 − 0,072
𝑘𝑚𝑜𝑙 𝐾
=
46 𝑘𝑔/𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑚2 1−0 2
(1 𝑎𝑡𝑚) (1,44 × 10−5 ) ln
𝑠 1 − 0, 173
≈ 2 𝑑𝑖𝑎𝑠
c) Encontre uma expressão para a taxa de transferência de massa;
Lembre-se que:
𝑇𝑎𝑥𝑎
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 = → 𝑇𝑎𝑥𝑎 = 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜. Á𝑟𝑒𝑎
Á𝑟𝑒𝑎
Logo:
−𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴
𝑊𝐴,𝑧 = 𝐴
1 − 𝑋𝐴 𝑑𝑧
Onde é A é a área transversal pela qual o fluxo passa:
𝐴 = 𝜋𝑟 2
Por fim:
−𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴 2 𝑃 𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑃𝐴 2
𝑊𝐴,𝑧 = 𝜋𝑟 𝑜𝑢 𝑊𝐴,𝑧 =− 𝜋𝑟
1 − 𝑋𝐴 𝑑𝑧 𝑅𝑇 1 − 𝑃𝐴 𝑑𝑧

103
c) Estabeleça as condições de contorno e encontre uma expressão para o
perfil de concentração neste caso;
Usando a equação da continuidade simplificada:
𝑑𝑁𝐴𝑧
=0
𝑑𝑧
Aplicando a equação do 𝑁𝐴𝑧 e depois integrando temos:
− ln(1 − 𝑦𝐴 ) = 𝑐1 𝑍 + 𝑐2
As condições de contorno são:
𝑐. 𝑐. 1 𝑃𝐴 = 𝑃𝐴1 ; 𝑧 = 𝑧1
{
𝑐. 𝑐. 2 𝑃𝐴 = 𝑃𝐴2 ; 𝑧 = 𝑧2
Elas são explicadas no desenho abaixo.

O desenvolvimento desse cálculo é algo que já foi mostrado antes, os


resultados podem ser diferentes dependendo do método que você utilizar
para encontras as constantes de integração:
Resultados possíveis:

104
𝑧−𝑧2 𝑧−𝑧1
1 − 𝑦𝐴2 𝑧1 −𝑧2 1 − 𝑦𝐴 1 − 𝑦𝐴2 𝑧1 −𝑧2
𝑦𝐴 = 𝑦𝐴2 + ( ) ( )=( )
1 − 𝑦𝐴1 1 − 𝑦𝐴2 1 − 𝑦𝐴1
As ordens de 𝑦𝐴1 e 𝑦𝐴2 podem mudar dependendo das técnicas que você
utilizou para encontrar as constantes e resolver o problema, mas continua
certo do mesmo jeito.
Se você não desenhar o esquema para explicar as condições de contorno
está errado, é desconsiderado todo resto de seu cálculo, pois é visto como
sem fundamento.

105
10. Transferência de
massa com reação
química
10.1 Reação Química - Detalhando esse assunto...
A reação química pode representar a geração ou consumo de uma
certa substância no meio reacional, ela é estudada com detalhes na cinética
e depois aplicada seus conhecimentos para a modelagem de reatores
químicos.
A reação química é representada pela taxa de reação:
𝑗
𝑅𝐴 = 𝑘𝐴 𝐶𝑎𝑖 𝐶𝑏 … 𝐶𝑧𝑘
Esse 𝑘𝐴 é a velocidade da reação, varia para cada tipo de reação, e os demais
ao lado são as concentrações das substâncias que estão participando da
reação.
Só porque estamos estudando algo que envolve uma reação que vamos usar
a taxa de reação sempre, depende muito do caso, e ela também não tem
relação direta com o acúmulo, portanto devemos analisar caso a caso.

10.2 Perfil de concentração - Necessário?


O perfil de concentração é uma ferramenta poderosa para estudarmos
a transferência de massa de algum caso. Veja, você já sabe determinar um
perfil de contração:

106
- Balanço de massa no volume de controle;
- Relações de fluxo de massa (𝑁𝐴 );
- Análise de sentido e direção;
- Aplicação de cálculo;
- Equação geral do perfil de concentração;
- Equação específica do perfil.
Com essa equação do perfil você pode entender melhor o que está se
passando no volume de controle e fazer um estudo detalhado sobre o caso
em questão, claro que quanto mais complexo for a equação mais detalhes e
exatidão você terá.

10.3 Caso simples com reação química - Novo nível de estudo


Analisando uma forma de caso mais simples possível, imagine um
reator químico, onde dentro dele há um revestimento de material catalítico.
A entrada desse reator é um fluido gasoso A, que irá reagir com o material
catalítico presente no interior do reator, e na saída haverá fluidos gasoso A,
que não reagiu, e um fluido gasoso B, resultante da reação química no
reator.

107
Para entender os fenômenos de transporte dessa situação não podemos
olhar macroscopicamente, tanto que transporte de massa não é
macroscópico, lembre-se disso, não queremos entender a situação do reator
química ou da operação unitária, nós só queremos entender a transferência
de massa no interior do reator.
Para isso vamos dar um super zoom nessa situação de tal forma que vamos
observar somente uma molécula de material catalítico:

Estamos envolvendo um caso de reação heterogênea, esse tipo de reação


ocorre muitas vezes em sólidos, onde as moléculas de uma substância se
depositam na superfície de um material catalítico e reagem formando outra
substância.
Então veja bem, a reação ocorre somente na superfície do material
catalítico, acima da superfície está ocorrendo movimento de massa, seja
difusivo ou convectivo, pois as moléculas de B se soltam da superfície e são
arrastadas por A, isso é uma forma de transferência de massa.
Você se lembra como definir um sistema? Então, vamos relembrar. O
sistema deve conter algo de interesse, o nosso interesse é transferência de
massa, variação de concentração no meio, por isso o nosso sistema não deve
ficar abaixo da superfície do material catalítico, pois é o mesmo caso da
poça de água, não ocorre transferência de massa nesse local.

108
Se a reação química ocorre somente na superfície então abaixo disso não
acontece nada. Até aí tudo bem, mas e acima da superfície? Aonde será o
nosso limite?
Bom, vamos analisar melhor, se puxarmos o zoom um pouco mais para trás
veremos uma situação como essa ao lado:
A reação química ocorre na
superfície, Ok, então nesses cantos
aonde as moléculas se encostam
não ocorre nada, isso mesmo.
Para facilitar a nossa vida, vamos
imaginar a situação em um zoom
tão perto que a superfície esférica
do material catalítica fique plano,
assim podemos enxergar melhor o
que eu estou querendo passa.
Nosso sistema fica:

109
Até que ponto acima da superfície podemos considerar o sistema?
- Lembre-se do caso da poça, nós consideramos que acima da superfície
da poça iríamos analisar a concentração de água no meio, se chegar
num certo ponto e a concentração não modificar mais, significa que
está constante e não ocorre mais transferência de massa (água) da poça
para o ar.
No caso do reator química é necessário um pouco mais de detalhes na nossa
análise, o material catalítico influencia a substância A somente a uma certa
distância, mas não existe somente essa influência, também tem a substância
B que parte da superfície do material catalítico para o meio. Existe
transferência de massa em cima do material porque existe um movimento
dos átomos de A até a superfície e existe também outro movimento, os
átomos de B saindo da superfície para o meio.
O fato dos átomos de B serem arrastados pelos átomos de A também é uma
transferência de massa, então podemos chegar a uma conclusão que: o
sistema se iniciará na superfície do material catalítico e terminará acima do
mesmo, aonde não houver mais influência do material nem a presença das
partículas de B.
Existem dois motivos para a transferência de massa: influência do material
catalítico e a presença de partículas de B, tire elas e você não terá mais
transferência de massa, somente movimentação do fluido.
Essas análises são necessárias para termos as condições de contorno e
também para entendermos melhor o que está acontecendo. Lembre-se que
estamos analisando pensando somente em um átomo do material catalítico,
esqueça dos outros por enquanto.

110
Ao passo que desce em Z a concentração de A diminui e de B aumenta.
Então agora chegou o momento de partirmos para a busca pela equação do
perfil de concentração desses sistemas. Começando com as hipóteses vamos
analisar um caso mais simples possível, eu vou lhe mostrar cada um e vou
explicando:
Mistura binária: 𝐴, 𝐵
- Sim, um caso simples de transferência de massa tem que ter no
mínimo duas substâncias no meio.
𝜕𝐶𝐴
Regime permanente: =0
𝜕𝑡

- Só porque está acontecendo uma reação não significa que a


transferência de massa se modifique com o tempo.
Propriedades constantes: 𝑃, 𝑇 𝑒 𝐷𝐴𝐵
- Colocando tudo constante para simplificar.
Vamos considerar a seguinte situação, imagine que o enunciado de uma
questão diga:
𝑅𝑒𝑎çã𝑜 ℎ𝑒𝑡𝑒𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑒𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡â𝑛𝑒𝑎: 2𝐴 → 𝐵
Então adicionamos duas hipóteses a mais:
Reação heterogênea instantânea: 2𝐴 → 𝐵

111
- É algo que o enunciado da questão deve lhe dizer, o tipo de reação e
como é a sua estequiometria.
𝑁𝐴 𝑁𝐵
Os fluxos de massa de A e B são iguais, porem contrários: =−
2 1

- Eles assumem essa divisão por 2 e 1 por causa da estequiometria da


reação e os fluxos de massa são iguais como forma de dizer que a
quantidade de A que desce para o material é a mesma quantidade de
B que sobe para o meio.
Não queremos dificultar, então vamos analisar o caso em somente uma
direção, a direção Z. Só que devemos ter em mente algo, o nosso foco disso
tudo é a substância A que entra no reator para reagir, na parte de cima do
sistema a sua concentração é completa mas ao passo que descemos a sua
concentração tende a zero, pois na superfície do material há somente
substância B, portanto devemos seguir esse perfil que está se formando
apontando a direção Z para baixo, assim 𝑁𝐴𝑧 será positivo e −𝑁𝐵𝑧 negativo.
Outra questão, aqui 𝑅𝐴 continua sendo zero. Como assim? Eu sei que está
acontecendo reação, mas primeiro visualize, a reação ocorre somente na
superfície do material catalítico e ainda por cima é instantâneo, ou seja,
tocou reagiu, portanto nesse caso nós consideramos que a reação está
acontecendo somente na fronteira do sistema e não dentro dele, porque o
espaço aonde ocorre essa reação é muito pequeno para ser considerado
dentro do sistema.
Se você não entendeu, veja abaixo:

112
Muito bem, entendemos todo o contexto do nosso caso, hora de
partir para o cálculo. Vamos começar com o balanço de massa, como você
pode perceber ele é unidirecional em z e usa as coordenadas retangulares,
então vamos logo partir para a equação da continuidade que eu já mostrei
para você:
𝜕𝐶𝐴
−𝛻⃗ 𝑁
⃗⃗⃗⃗𝐴 + 𝑅𝐴 =
𝜕𝑡
Aplicando as hipóteses:
𝑑𝑁𝐴𝑧
=0
𝑑𝑧
Já sabemos que o 𝑁𝐴𝑧 é dado por:
𝑑𝑥𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 )
𝑑𝑧
Das hipóteses já sabemos que:
𝑁𝐴𝑧 𝑁𝐴
= −𝑁𝐵𝑧 → 𝑁𝐵𝑍 = − 𝑧
2 2
Logo:

113
𝑑𝑥𝐴 1
𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑧 − 𝑁𝐴𝑧 )
𝑑𝑧 2
O resultado fica:
𝑑𝑥𝐴 1 𝑪𝑫𝑨𝑩 𝒅𝒙𝑨
𝑁𝐴𝑧 = −𝐶𝐷𝐴𝐵 + 𝑥 𝑁 → 𝑵𝑨𝒛 = −
𝑑𝑧 2 𝐴 𝐴𝑧 𝟏
𝟏 − 𝟐 𝒙𝑨 𝒅𝒛
Já sabemos o que fazer agora, substituir esse 𝑁𝐴𝑧 na equação encontrada
pelo balanço de massa.
Veja:

𝑑 𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑥𝐴 𝑑 1 𝑑𝑥𝐴


[− ] = 0 → −𝐶𝐷𝐴𝐵 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 → [ ]=0
𝑑𝑧 1 𝑑𝑧 𝑑𝑧 1 𝑑𝑧
1 − 𝑥𝐴 1 − 𝑥𝐴
2 2
Integrando:
1 𝑑𝑥𝐴 𝟏
= 𝑐1 → −𝟐 𝐥𝐧 (𝟏 − 𝒙𝑨 ) = 𝒄𝟏 𝒁 + 𝒄𝟐
1 𝑑𝑧 𝟐
1 − 2 𝑥𝐴
Pronto, sem dificuldades encontramos a equação geral do caso, mas ainda
temos que ir mais a fundo, devemos encontrar a equação específica, para
isso vamos utilizar as condições de contorno:
𝑐. 𝑐. 1: 𝑥𝐴 = 𝑥𝐴0 ; 𝑍 = 0
𝑐. 𝑐. 2: 𝑥𝐴 = 0 ; 𝑍 = 𝛿 (𝑢𝑚𝑎 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟)
A primeira condição de contorno quer dizer que no primeiro momento em
que se entra no sistema a concentração de A é a mesma que entra no reator,
mas ao passo que se desce essa concentração diminui até chegar em zero
aonde está a segunda condição, já a posição é relativa ao eixo, como
consideramos o eixo z de cabeça para baixo a sua origem está na parte de

114
cima do sistema, então esse é o ponto zero e na superfície da placa usamos
um valor 𝛿 para denotarmos o tamanho total do sistema.
Aplicando as condições temos:
1
−2 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 ) = 𝑐2
{ 2
−2 𝑙𝑛(1) = 𝑐1 𝛿 + 𝑐2
A segunda constante já foi dada de graça, então substituímos ela na segunda
equação pare encontrarmos a outra:
1
−2 𝑙𝑛(1) = 𝑐1 𝛿 − 2 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 )
2
Logo:
2 1
𝑐1 = 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 )
𝛿 2
Depois de encontrada as constantes o nosso objetivo agora é substituir as
duas na equação geral e isolar o 𝑥𝐴 , aí sim teremos a equação do perfil:
1 2 1 1
−2 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴 ) = 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 ) 𝑍 − 2 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 )
2 𝛿 2 2
Dividindo tudo por -2:
1 𝑍 1 1
𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴 ) = − 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 ) + 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 )
2 𝛿 2 2
Propriedade de logaritmo do expoente:
𝑍

1 1 𝛿 1
𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴 ) = 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 ) + 𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 )
2 2 2
Propriedade de logaritmo da divisão:

115
𝑍 1
1 −
𝛿 1 − 2 𝑥𝐴
𝑙𝑛 (1 − 𝑥𝐴0 ) = 𝑙𝑛 ( )
2 1
1 − 2 𝑥𝐴0
Aplicando exponencial em tudo:
𝑍 1
1 −
𝛿 1 − 2 𝑥𝐴
(1 − 𝑥𝐴0 ) =
2 1
1 − 2 𝑥𝐴0
Organizando:
𝑍

1 𝛿 1 1
(1 − 𝑥𝐴0 ) (1 − 𝑥𝐴0 ) = 1 − 𝑥𝐴
2 2 2
Bases iguais, soma-se os expoentes:
𝑍
1−
1 1 𝛿
1 − 𝑥𝐴 = (1 − 𝑥𝐴0 )
2 2
Organizando para o resultado final:
𝑍
1−
1 𝛿
𝑥𝐴 = 2 − 2 (1 − 𝑥𝐴0 )
2
Finalmente, essa é a equação do tipo 𝑥𝐴 = 𝑓 (𝑧) que descreve o diagrama
de concentração no sistema, logo essa equação é o modelo matemático do
sistema analisado, ele irá descreve-lo diante de todas as hipóteses e
propriedades que o sistema pode oferecer.

116
10.4 Caso envolvendo reação química homogênea - Evoluindo...
Muito bem, agora temos o caso de um capilar contendo
duas substâncias, uma é um gás A e a outra é um líquido B,
o capilar está fechado. Como não está ocorrendo um
aumento de pressão a solubilização do gás no líquido é muito
pequena, mas existe, então isso faz da reação homogênea,
caso fosse impossível o gás se solubilizar no líquido ele ficaria
somente na superfície, ou seja, seria uma reação heterogênea.
Além das substâncias A e B deve-se ressaltar a substância AB
que é a solubilização do gás no líquido.
Começamos pelas hipóteses:
𝜕𝐶𝐴
- Regime permanente; =0
𝜕𝑡
Ora, não há nenhuma variação evidente no meio, como temperatura,
pressão ou um tipo específico de reação, então nada mais nada menos do
que regime permanente.
- Propriedades constantes; 𝑇, 𝑃 𝑒 𝐷𝐴𝐵
De certa forma é uma das consequências de um regime permanente, claro
que não é sempre, mas na maioria das vezes.
- Unidirecional; 𝑁𝐴𝑧
Estamos num capilar, sua forma cilíndrica é desprezível, então utilizamos
coordenadas retangulares na direção z somente.
- 𝑋𝐴 ≪ 𝑋𝐵 ;
A concentração de A é muito menor do que a de B, pois estamos
comparando um gás (A) com um líquido (B) então se formos querer
quantificar números a concentração de B certamente será maior, lembre-se
que a concentração é o quantas partículas de algo estão no meio, um gás
tem muito menos partículas do que um líquido.

117
- 𝑋𝐴𝐵 ≪ 𝑋𝐴 & 𝑋𝐵
As concentrações do resultado da solubilização de A em B é muito
pequena, portanto podemos despreza-la nos nossos cálculos.
- 𝑅𝐴 = −𝑘1 𝐶𝐴
Se uma reação não é instantânea ela deve ter a sua taxa de reação (𝑅𝐴 )
expressa nos cálculos.
- Meio Estagnado; 𝑁𝐵𝑧 = 0
Não há nenhum tipo de agitação ou mudança de posição no meio, então o
líquido está totalmente parado, portanto consideramos fluxo zero de
líquido.
Nosso próximo passo é partir para a equação da continuidade:
𝜕𝐶𝐴
𝛻⃗ 𝑁
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝑍 + 𝑅𝐴 =
𝜕𝑡
𝑑𝑁𝐴𝑍
− + (−𝑘1 𝐶𝐴 ) = 0
𝑑𝑧
𝑑𝑁𝐴𝑍
+ 𝑘1 𝐶𝐴 = 0
𝑑𝑧
Agora partimos para o 𝑁𝐴𝑍 .
Sabemos que:
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 + 𝑁𝐴𝐵𝑧 )
𝑑𝑧
Pelas nossas hipóteses:
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧

118
Veja, o meio é estagnado (𝑁𝐵𝑧 = 0), e as concentrações de A e AB são
desprezíveis (𝑁𝐴𝑧 = 𝑁𝐴𝐵𝑧 = 0).
Retornando a equação da continuidade:
𝑑 𝑑𝐶𝐴
[−𝐷𝐴𝐵 ] + 𝑘1 𝐶𝐴 = 0
𝑑𝑧 𝑑𝑧
𝑑 2 𝐶𝐴 1
− 𝑘1 𝐶𝐴 =0
𝑑𝑧 2 𝐷𝐴𝐵
Isso é uma EDO de segunda ordem, podemos resolve-la diretamente, mas
antes devemos aplicar um método muito útil na engenharia: a
adimensionalização, esse método é utilizado para poder simplificar as
EDO’s e termos uma organização maior dos dados, ou seja, vamos peneirar
essa equação de tal forma que o seu resultado nos mostre somente o que
queremos e o que é mais importante.
O que vamos fazer se chama adimensionalização justamente porque
estamos dividindo uma variável com uma certa unidade por uma constante
de mesma unidade, essas adimensionais devem representar todo o sistema
analisado. Por exemplo se a variável representa altura, então a adimensional
deve representar a altura total do sistema.
Para vamos retornar ao nosso esboço:
Como representar esse sistema? O que é importante?

119
- Vamos ver com calma, o fluxo é unidirecional, ou
seja, só vai para cima ou para baixo, então uma
dimensão importante é a altura do líquido, que
influencia bastante o sistema;
- Não há mais o que ter de importante nesse meio,
somente a concentração de A, que é o nosso foco de
estudo, porque temperatura não tem, nem pressão,
nem tempo então nos resta altura do líquido e a
concentração de A.
- Lembre-se: para fazer uma adimensionalização veja
as variáveis que tem na EDO e dividida por
constantes de mesma unidade.
Vamos ver:
𝑑 2 𝐶𝐴 1
− 𝑘1 𝐶𝐴 =0
𝑑𝑧 2 𝐷𝐴𝐵
As únicas variáveis nessa equação são a concentração de A e a altura z, então
as adimensionais devem sair dessas duas variáveis:
𝐶𝐴 𝑧
𝛤= 𝜉=
𝐶𝐴0 𝐿
Uma adimensional é feita assim:
𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙
𝐴𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
Escolhemos 𝐶𝐴0 como constante para 𝐶𝐴 pois uma forma de representar o
sistema em questão de concentração é pegar a concentração inicial e uma
outra qualquer, isso vai dar uma noção de proporção.

120
Talvez você não esteja entendendo, vou explicar melhor: veja o exemplo
abaixo:
𝑧
𝜉=
𝐿
Vamos dar valores para essa divisão, em várias situações:
1𝑚 0,5 𝑚 0,25 𝑚
𝜉1 = = 1 𝜉2 = = 0,5 𝜉3 = = 0,25
1𝑚 1𝑚 1𝑚
Veja como funciona essas adimensionais:
- A altura total do nível é de 1 m, as adimensionais 1, 2 e 3 representam
a proporção da altura total com a altura atual, ou seja, é uma
porcentagem do quanto o nível baixo. Num primeiro momento o
líquido está no nível inicial, depois está 50 % abaixo do nível inicial e
por fim 25 % abaixo. Veja que essas constantes estão descrevendo o
nível atual do líquido relação a altura inicial.
A mesma coisa vai acontecer na outra adimensional, ela irá representar a
porcentagem de concentração de A em vários momentos. Por isso as
adimensionais são importantes, elas descrevem o meio de uma forma
simples e prática.
Para mais informação leia meu resumo “Uma pausa - Semelhança, Análise
Dimensional e Teorema Pi.”, em Eu Odeio Fenômenos de Transporte I,
na página 90, disponível na internet.
Agora que temos as adimensionais, hora de isolar as nossas variáveis para
depois substituir na EDO:
𝐶𝐴 = 𝛤𝐶𝐴0 𝑧 = 𝜉𝐿
Depois disso basta substituir:
𝑑 2 𝐶𝐴 1 𝑑 2 𝛤𝐶𝐴0 1
− 𝑘 𝐶
1 𝐴 =0 → − 𝑘1 𝛤𝐶𝐴0 =0
𝑑𝑧 2 𝐷𝐴𝐵 𝑑(𝜉𝐿)2 𝐷𝐴𝐵

121
Organizando, tiramos as constantes da derivada:
𝑑 2 𝛤 𝐶𝐴0 1
− 𝑘1 𝛤𝐶𝐴0 =0
𝑑𝜉 2 𝐿2 𝐷𝐴𝐵
Divide tudo por 𝐶𝐴0 /𝐿2 :
𝑑 2 𝛤 𝑘1 𝐿2
− 𝛤=0
𝑑𝜉 2 𝐷𝐴𝐵
Antes de prosseguirmos quero que você preste atenção para as constantes
que estão multiplicando com o 𝛤 (gama), elas são especiais, são o motivo
de termos feito essa adimensionalização, elas são chamadas de módulo de
Thiele, e são representadas por fi:

2
𝑘1 𝐿2
𝜙 =
𝐷𝐴𝐵
Porque ele é importante? Olhe para o módulo, veja que nele está todas as
condições de análise do sistema possível: velocidade da reação, nível do
líquido e a difusividade do sistema. Ele é a nossa chave de controle, se o
sistema não está ok, o que eu devo mudar? As possibilidades se resumem
a essas três constantes, muito mais fácil de trabalhar.
Porque tá elevado ao quadrado? Porque o brother lá viu que assim é melhor
para realizar os cálculos na hora de resolver a EDO. Substituindo o nosso
amigo 𝜙 2 temos:
𝑑2𝛤
2
− 𝜙2 𝛤 = 0
𝑑𝜉
Com certeza você já estudou EDO, você não é louco, então você sabe que
tem várias formas de resolver essa equação diferencial ordinária de segunda
ordem, vamos utilizar o método mais simples possível: o método da
equação característica para coeficientes constantes.
Resolvendo:
122
𝑑2𝛤 2
− 𝜙 𝛤=0
𝑑𝜉 2
Solução Geral incompleta:
𝛤(𝜉 ) = 𝑘1 𝑒 𝜆1 𝜉 + 𝑘2 𝑒 𝜆2 𝜉
Equação característica:
𝜆2 − 𝜙 2 = 0
Descobrindo valor de 𝜆:
𝜆 = ±√𝜙 2 = ±𝜙
Solução Geral completa:
𝛤 (𝜉 ) = 𝑘1 𝑒 𝜙𝜉 + 𝑘2 𝑒 −𝜙𝜉
Se você sente dificuldades veja meu ensino em Eu Odeio EDO a partir da
página 70, disponível na internet.
Só falta uma única coisa, a solução específica para o nosso caso, vamos
precisar analisar a nossa situação novamente para encontrarmos as
condições de contorno. É importante ressaltar aqui que quando usamos
adimensionais temos que modificar as condições de contorno para envolver
essas adimensionais.
- O que está acontecendo aqui? Veja que estou
usando o eixo z de cabeça para baixo é
importante você ter noção disso assim que
começar a calcular. Até aqui calculamos tudo
normalmente sem se preocupar com isso, então
isso quer dizer que usamos o eixo z na direção
em que o fluxo de A decai, pois em cima do
líquido a concentração de A é alta mas depois
que entra no líquido fica cada vez mais difícil ter

123
gás lá dentro, portanto o perfil de concentração de A decai de cima
para baixo e como nós usamos o 𝑁𝐴𝑧 positivo significa que usamos o
eixo z na mesma direção do decaimento do perfil de concentração de
A.
- Se você quiser usar o eixo para cima terá que usar −𝑁𝐴𝑧 .
Lembre-se dessa dica: as condições de contorno dependem das variáveis do
sistema, se temos duas variáveis então temos duas condições de contorno.
A primeira condição de contorno é fácil:
𝐶. 𝐶. 1: 𝑧 = 0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0
Óbvio que na posição zero do eixo z a concentração de A será a inicial, pois
estamos falando da parte superior do capilar, aonde tem somente gás A,
então a sua concentração será total.
C. C. 2: z=L CA = 0
Essa afirmação está errada, pois essa condição está dizendo que no fundo
do capilar a concentração de A é zero, mas como você pode ter tanta certeza
disso? Tente me explicar aí.
Então vamos lá, o que está acontecendo na verdade é a dissolução de um
gás num líquido, a mesma coisa acontece na produção de refrigerantes, eles
possuem gás (alguns até gás demais) e eles foram injetados no líquido a alta
pressão, só assim para entrar.
Mas no nosso caso não há uma pressão sendo exercida sobre o sistema,
logo o gás não vai entrar por livre e espontânea vontade no líquido, mas
somente algumas moléculas de gás adentre.
Esse caso é muito aleatório, não se pode afirmar de forma alguma o quanto
de gás tem no fundo do capilar, a molécula de gás pode entrar no líquido e
ficar vagando pelo meio, ou seja, não é constante, é variável.

124
Para entender melhor o que eu falei vamos comparar com o caso anterior
que vimos, o da reação heterogênea.
A reação ocorria somente na superfície do material catalítico, nem acima e
nem abaixo, então as moléculas de A desciam sobre o material catalítico e
quando chegavam na superfície eram reagidas para formar B, logo era
impossível ter alguma molécula de A ainda na superfície, lembrando que a
reação era instantânea.
A concentração de A decaia quando descíamos o eixo z, isso porque
também tinha as moléculas de B que estavam em grandes quantidades na
superfície e depois subiam sendo arrastadas pelas moléculas de A.
Já nesse nosso novo caso a reação química ocorre dentro líquido que está
no meio e não na superfície, e como a reação é homogênea, ocorre em
todos os pontos, as moléculas de B no meio é muito incerto e variável.
Resumindo: a segunda condição de contorno da concentração é que o fluxo
molar de B é variável no líquido.
Então as condições de contorno ficam:
𝐶. 𝐶. 1: 𝑧 = 0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0
C. C. 2: z = L CA = N𝐴𝑧 |𝐿 = 0
Essa notaçãoN𝐴𝑧 |𝐿 , significa que o fluxo é variável dentro de L, mas fora
dele a sua variação é zero. Veja bem, eu disse variação zero e não valor zero,
fora do nível do líquido seu valor é constante.
Agora temos que levar essas condições para as nossas adimensionais. É só
lembrar das relações que fizemos:
𝐶𝐴 = 𝛤𝐶𝐴0 𝑧 = 𝜉𝐿
Substituindo, fica:
𝐶. 𝐶. 1: 𝜉=0 𝛤=1

125
C. C. 2: 𝜉 = 1 CA = N𝐴𝑧 |𝐿 = 0
Para o caso do N𝐴𝑧 |𝐿 temos que usar a equação que define N𝐴𝑧 .
Usando a equação que encontramos lá no início, fica:
𝑑𝐶𝐴
N𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 =0
𝑑𝑧
Organizando:
𝑑𝐶𝐴
=0
𝑑𝑧
Substituindo as adimensionais:
𝑑𝛤𝐶𝐴0 𝑑𝛤
=0→ =0
𝑑𝜉𝐿 𝑑𝜉
Logo:
𝐶. 𝐶. 1: 𝜉=0 𝛤=1
𝑑𝛤
C. C. 2: 𝜉=1 CA = =0
𝑑𝜉
Pronto, hora de encontrar a solução específica desse caso:
𝛤 (𝜉 ) = 𝑘1 𝑒 𝜙𝜉 + 𝑘2 𝑒 −𝜙𝜉
Antes de partirmos para a próxima etapa vamos organizar essa equação,
temos a relação entre exponenciais e relações trigonométricas hiperbólicas:
𝑒 𝑥 + 𝑒 −𝑥 𝑒 𝑥 − 𝑒 −𝑥
cosh 𝑥 = senh 𝑥 =
2 2
Então temos que:
𝑒 𝑥 𝑒 −𝑥 𝑒 𝑥 𝑒 −𝑥
𝑐𝑜𝑠ℎ 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝑥 = + + − = 𝑒𝑥
2 2 2 2

126
𝑒 𝑥 𝑒 −𝑥 𝑒 𝑥 𝑒 −𝑥
𝑐𝑜𝑠ℎ 𝑥 − 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝑥 = + − + = 𝑒 −𝑥
2 2 2 2
Logo:
𝛤(𝜉 ) = 𝑘1 (𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 + 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉 ) + 𝑘2 (𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 − 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉 )
Organizando:
𝛤 (𝜉 ) = 𝑘1 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 + 𝑘1 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉 + 𝑘2 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 − 𝑘2 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉
𝛤 (𝜉 ) = (𝑘1 + 𝑘2 ) 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 + (𝑘1 − 𝑘2 ) 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉
Então temos que constante mais constante é igual a constantes:
𝛤(𝜉 ) = 𝑘3 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 + 𝑘4 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉
Agora temos que derivar isso para aplicarmos as condições de contorno:
𝑑𝛤
= 𝑘3 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉 + 𝑘4 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉
𝑑𝜉
Aplicando as condições de contorno:
1 = 𝑘3 1 + 𝑘4 0
{
0 = 𝑘3 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙 + 𝑘4 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙
Na primeira equação:
1 = 𝑘3 1 + 𝑘4 0 → 𝑘3 = 1
Na segunda equação:
𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙
0 = 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙 + 𝑘4 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙 → 𝑘4 = −
𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙
Agora substitui tudo na equação geral:
𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙
𝛤(𝜉 ) = 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 − 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉
𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙
Fim:

127
𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙𝜉 − 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝜙𝜉
𝛤(𝜉 ) =
𝑐𝑜𝑠ℎ 𝜙

10.5 Caso envolvendo reação química Pseudo-homogênea - Abriu-se as


portas do inferno
Tem-se uma esfera porosa aonde se passa um gás A, nessa reação há
a seguinte situação: 𝐴 → 𝐵.
O objetivo é determinar o perfil de concentração de A no interior da esfera.
Veja o esquema:

Como vamos analisar esse caso? Vamos utilizar as coordenadas esféricas e


usar somente a direção do raio para modelarmos a difusão. Sabemos que
há três direções diferentes nessas coordenadas, mas a título de simplificação
vamos usar somente o fato de que a concentração o fluido A varia em

128
relação ao raio da esfera, ou seja, ao passo que a partícula de A entra no
sólido a sua concentração varia.
A representa a partícula do fluido
que irá entrar no sólido e reagir
para formar B; 𝐶𝐴𝑅 é a
concentração de A na superfície
do sólido, é um valor constante
porque estamos definindo
exatamente na superfície do
sólido.
Hipóteses:
𝜕𝐶𝐴
Regime permanente; = 0:
𝜕𝑡

- O que isso significa? A partir do contato entre A e a esfera, ocorre um


deslocamento do fluido A encobrindo a esfera, depois por diferença
de concentração as partículas de A tendem a se difundir entre os poros
da esfera até atingir o sítio ativo. Ao atingir o sítio ativo a reação ocorre,
quando o fluxo de A entrando na esfera é igual a taxa de fluxo de B
saindo da esfera, tem-se o regime permanente. Isso ocorre quando já
há uma estabilidade na difusão das partículas no poro.
Coeficiente de difusão efetivo; 𝐷𝐴𝑒𝑓 :
- É um coeficiente de difusão da lei de Fick, mas com as suas devidas
correções utilizando estudos de difusividade de partículas em um
sólido poroso.
Reação química Pseudo-homogênea; 𝑅𝐴 = −𝑘1 𝑎𝐶𝐴 :
- Esse "a" significa a área superficial pelo volume da partícula catalítica,
serve para nos mostrar matematicamente que a reação irá ocorrer em
vários pontos da esfera. A heterogênea ocorre somente na superfície,

129
mas esse nosso caso ocorre em várias superfícies dentro da esfera, por
isso é pseudo.
Transporte unidirecional; 𝑁𝐴𝑟 :
- Definido para simplificar as equações, pois o raio é a melhor direção
para os nossos estudos, ainda mais porque essa variável representa
todo o volume da esfera sem a necessidade de ângulos 𝜃 ou 𝜙.
Propriedades constantes; 𝐷𝐴𝑒𝑓 = 𝑐𝑡𝑒:
- Temperatura, pressão e demais propriedades físico químicas se
tornam constantes, o que faz de 𝐷𝐴𝑒𝑓 também constantes.
Equação da continuidade para coordenadas esféricas:
1 𝜕𝑁𝐴𝑟 𝑟 2 1 𝜕𝑁𝐴𝜃 sen 𝜃 1 𝜕𝑁𝐴𝜙 𝜕𝐶𝐴
−[ 2 + + ] + 𝑅𝐴 =
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜙 𝜕𝑡
Diante das hipóteses:
1 𝑑𝑁𝐴𝑟 𝑟 2
− 2 − 𝑘1 𝑎𝐶𝐴 = 0
𝑟 𝑑𝑟
Agora para o fluxo de massa A:
𝑑𝐶𝐴 𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑟 = −𝐷𝐴𝑒𝑓 + 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑟 + 𝑁𝐵𝑟 ) → 𝑁𝐴𝑟 = −𝐷𝐴𝑒𝑓
𝑑𝑟 𝑑𝑟
Você viu no nosso esquema que o fluido A vem de um lado e do outro sai
o produto B, os dois estão fazendo caminhos opostos em escala esférica:
enquanto um entra o outro sai, e como estamos em regime permanente
temos que 𝑁𝐴𝑟 = −𝑁𝐵𝑟 .
Substituindo o valor de 𝑁𝐴𝑟 na equação que encontramos a partir da
continuidade:

130
1 𝑑 2
𝑑𝐶𝐴
− [−𝑟 𝐷𝐴𝑒𝑓 ] − 𝑘1 𝑎𝐶𝐴 = 0
𝑟 2 𝑑𝑟 𝑑𝑟
Dividindo tudo por 𝐷𝐴𝑒𝑓 :
1 𝑑 2 𝑑𝐶𝐴 𝑘1 𝑎𝐶𝐴
[𝑟 ] − =0
𝑟 2 𝑑𝑟 𝑑𝑟 𝐷𝐴𝑒𝑓
2
1 𝑑𝐶𝐴 2
𝑑 𝐶𝐴 𝑘1 𝑎𝐶𝐴
(2𝑟 + 𝑟 ) − =0
𝑟2 𝑑𝑟 𝑑𝑟 2 𝐷𝐴𝑒𝑓
𝑑 2 𝐶𝐴 2 𝑑𝐶𝐴 𝑘1 𝑎𝐶𝐴
+ − =0
𝑑𝑟 2 𝑟 𝑑𝑟 𝐷𝐴𝑒𝑓
Temos uma EDO de segunda ordem.
O próximo passo é a adimensionalização, veja como formar as
adimensionais:
𝑟 𝐶𝐴
𝜉= 𝜃=
𝑅 𝐶𝐴𝑅
A variável do sentido é 𝑟 e da concentração no meio é 𝐶𝐴 , então temos
como constantes o raio total da esfera 𝑅 e a respectiva concentração nesse
ponto (𝐶𝐴𝑅 ). Agora vamos isola-los e depois deriva-los:
𝑟 = 𝜉𝑅 𝐶𝐴 = 𝜃𝐶𝐴𝑅
𝑑𝑟 𝑑𝐶𝐴
=𝑅 = 𝐶𝐴𝑅
𝑑𝜉 𝑑𝜃
Agora substitui-se esses resultados na EDO.
Resultado:
𝐶𝐴𝑅 𝑑 2 𝜃 2 𝐶𝐴𝑅 𝑑𝜃 𝑘1 𝑎𝜃𝐶𝐴𝑅
+ − =0
𝑅2 𝑑𝜉 2 𝜉𝑅 𝑅 𝑑𝜉 𝐷𝐴𝑒𝑓

131
Um método comum para se iniciar os cálculos de uma EDO é “limpar” o
coeficiente da frente do primeiro termo, isto é, o termo de ordem maior da
𝐶𝐴𝑅
EDO deve ter coeficiente igual a 1, para isso divide-se tudo por :
𝑅2

𝑑 2 𝜃 2 𝑑𝜃 𝑘1 𝑎𝑅2 𝜃
+ − =0
𝑑𝜉 2 𝜉 𝑑𝜉 𝐷𝐴𝑒𝑓
Há dois métodos para resolver isso, um deles é o método das Equações de
𝑑𝜃
coeficientes variáveis, pois os coeficientes ao lado de e 𝜃 são variáveis,
𝑑𝜉
ou podemos fazer uma mudança de variáveis.
A mudança de variáveis é bem simples e é bem mais prática do que o
método das Equações de coeficientes variáveis que tem muitos passos, a
mudança de variáveis consiste em transformar as duas variáveis do nosso
sistema em uma só:
𝑦 = 𝜉𝜃
Daqui em diante o nosso trabalho é calcular todas as derivadas e formas
possíveis a partir dessa mudança de variáveis:
𝑦 𝑑𝜃 1 𝑑𝑦 1
𝜃= → = −𝑦 2
𝜉 𝑑𝜉 𝜉 𝑑𝜉 𝜉
Deriva-se a segunda vez:
𝑑 2 𝜃 1 𝑑 2 𝑦 1 𝑑𝑦 2 𝑑𝑦 1
= − − (−𝑦 + )
𝑑𝜉 2 𝜉 𝑑𝜉 2 𝜉 2 𝑑𝜉 𝜉 3 𝑑𝜉 𝜉 2
Depois disso basta substituir esses resultados na EDO:
1 𝑑 2 𝑦 1 𝑑𝑦 2 𝑑𝑦 1 2 1 𝑑𝑦 1 𝑘1 𝑎𝑅2 𝑦
[ − − (−𝑦 3 + )] + ( − 𝑦 2) − =0
𝜉 𝑑𝜉 2 𝜉 2 𝑑𝜉 𝜉 𝑑𝜉 𝜉 2 𝜉 𝜉 𝑑𝜉 𝜉 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝜉
Organizando:

132
1 𝑑2𝑦 1 1 𝑑𝑦 2 2 𝑑𝑦 2 𝑘1 𝑎𝑅2 𝑦
− ( 2 + 2) +𝑦 3+ 2 −𝑦 3− =0
𝜉 𝑑𝜉 2 𝜉 𝜉 𝑑𝜉 𝜉 𝜉 𝑑𝜉 𝜉 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝜉
1 𝑑 2 𝑦 2 𝑑𝑦 2 2 𝑑𝑦 2 𝑘1 𝑎𝑅 2 𝑦
− +𝑦 3+ 2 −𝑦 3− =0
𝜉 𝑑𝜉 2 𝜉 2 𝑑𝜉 𝜉 𝜉 𝑑𝜉 𝜉 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝜉
Multiplicando tudo por 𝜉:
𝑑 2 𝑦 𝑘1 𝑎𝑅 2
− 𝑦=0
𝑑𝜉 2 𝐷𝐴𝑒𝑓
𝑘1 𝑎𝑅2
Aonde encontramos o módulo de Thiele: 𝜙 2 = 𝐷𝐴𝑒𝑓

Resultado final:
𝑑2𝑦
2
− 𝜙2 𝑦 = 0
𝑑𝜉
A sua solução geral pode ser representada por:
𝑦(𝜉 ) = 𝑘1 𝑒 𝜙𝜉 + 𝑘2 𝑒 −𝜙𝜉
Ou
𝑦(𝜉 ) = 𝑘1 cosh 𝜙𝜉 + 𝑘2 senh 𝜙𝜉
Agora para encontrar essas constantes resta-nos definir as condições de
contorno desse nosso sistema, que podemos fazer assim:
𝑟 = 0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴 ′
𝑟=𝑅 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴𝑅
Dentro da esfera temos uma quantidade qualquer de concentração que não
podemos quantificar, mas quando 𝑟 = 𝑅 sabemos que na superfície a
concentração é 𝐶𝐴𝑅 .

133
Passando para as adimensionais, lembrando que 𝑟 = 𝜉𝑅 𝐶𝐴 = 𝜃𝐶𝐴𝑅 :
𝐶𝐴
𝜉=0 𝜃=
𝐶𝐴𝑅
𝜉=1 𝜃=1
Porém, deve-se transformar essas condições novamente, pois na resolução
da EDO juntamos as duas variáveis do sistema em uma só, lembrando que
𝑦 = 𝜉𝜃, temos:
𝜉=0 𝑦=0
𝜉=1 𝑦=1
Para encontrar esse resultado acima basta pegar as condições que
encontramos e vê no que vai dar:
𝜉 = 0 → 𝑦 = 0. 𝜃 = 0
𝜉 = 𝑧 → 𝑦 = 1. 𝜃 = 𝜃
Onde vemos lá em cima que na segunda condição 𝜃 = 1.
Aplicando as condições de contorno:
𝜉=0 𝑦=0
𝜉=1 𝑦=1
Temos as seguintes equações:
𝑦(0) = 0 = 𝑘1 cosh 0 + 𝑘2 senh 0
{
𝑦(1) = 1 = 𝑘1 cosh 𝜙 + 𝑘2 senh 𝜙
Da primeira equação, temos:
0 = 𝑘1
Na segunda, então:

134
1
1 = 𝑘2 senh 𝜙 → 𝑘2 =
senh 𝜙
Portanto, nossa equação específica do caso é:
senh 𝜙𝜉
𝑦(𝜉 ) =
senh 𝜙
Hora de retornar as variáveis originais, lembrando que:
𝑟 𝐶𝐴
𝑦 = 𝜉𝜃 𝜉= 𝜃=
𝑅 𝐶𝐴𝑅
Logo:
𝑟 𝑟
senh 𝜙𝜉 senh (𝜙 ) 𝐶𝐴 senh (𝜙 )
𝜉𝜃 = →𝜃= 𝑟 𝑅 → = 𝑟 𝑅
senh 𝜙 𝐶
𝑅 senh 𝜙 𝑅 senh 𝜙
𝐴𝑅

𝑟
senh (𝜙 𝑅)
𝐶𝐴 (𝑟) = 𝐶𝐴𝑅 𝑟
𝑅 senh 𝜙
Verificando se a resposta está correta utilizando as condições de contorno,
relembrando:
𝑟 = 0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴 ′
𝑟=𝑅 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴𝑅
Logo:
senh(0)
𝐶𝐴 (0) = 𝐶𝐴𝑅 =0
0 senh 𝜙
senh(𝜙)
𝐶𝐴 (𝑅) = 𝐶𝐴𝑅 = 𝐶𝐴𝑅
{ senh 𝜙

135
Portanto acabamos de descobrir que no centro da esfera a concentração de
A é zero.
Agora podemos prosseguir para uma outra missão interessante, vamos
descobrir a taxa de transferência de massa na partícula do catalisador, ou
seja, a quantidade de massa por segundo que entra na partícula do
catalisador.
Para fazer isso é necessário lembrar que:
𝑇𝑎𝑥𝑎 = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 . Á𝑟𝑒𝑎
Logo:
𝑊𝐴𝑟=𝑅 = 𝑁𝐴𝑟 𝐴𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎
Então:
𝑑𝐶𝐴
𝑊𝐴𝑟=𝑅 = −𝐷𝐴𝑒𝑓 4𝜋𝑟 2
𝑑𝑟
𝑑𝐶
Está vendo que temo o termo 𝑑𝑟𝐴 bem ali? Então, nós já temos o 𝐶𝐴 que
calculamos antes, isso quer dizer que temos que derivar aquela coisa que
encontramos para podermos prosseguir na nossa taxa:
𝑟 𝑟
senh (𝜙 ) 𝑑𝐶𝐴 𝐶 𝑅 𝜙 cosh (𝜙 ) 𝑟 −1
𝐶𝐴 (𝑟) = 𝐶𝐴𝑅 𝑟 𝑅 → =
𝐴𝑅
[ 𝑅 + senh (𝜙 ) 2 ]
senh 𝜙 𝑑𝑟 senh 𝜙 𝑅 𝑟 𝑅 𝑟
𝑅
Substitui-se os valores de 𝑟 para 𝑅:
𝑑𝐶𝐴 𝐶𝐴𝑅 𝑅 𝜙 −1
= [ 2 cosh(𝜙) + senh(𝜙) 2 ]
𝑑𝑟 senh 𝜙 𝑅 𝑅
Veja que no início quando falamos sobre taxa nós a apresentamos como:
𝑊𝐴𝑟=𝑅 , esse 𝑟 = 𝑅 é uma condição de cálculo dizendo “eu quero saber a
taxa em 𝑅, ou seja, na superfície.”. Não se preocupe, essa é uma condição
que a questão deve lhe dar.

136
𝑑𝐶𝐴 𝐶𝐴𝑅
= [𝜙 coth(𝜙) − 1]
𝑑𝑟 𝑅
Então temos:
𝐶𝐴𝑅
𝑊𝐴𝑟=𝑅 = −𝐷𝐴𝑒𝑓 4𝜋𝑅2 [𝜙 coth(𝜙) − 1] = 𝐷𝐴𝑒𝑓 4𝜋𝑅𝐶𝐴𝑅 [1 − 𝜙 coth(𝜙)]
𝑅

10.6 Fator de Efetividade - E saiu o Satanás...


Para os estudos da eficiência de um sistema um cálculo é realizado
com as equações que envolvem a taxa de transferência de matéria quando
há resistência no meio e quando não há, esse cálculo é chamado de fator de
efetividade:
𝑊𝐴𝑟𝑒𝑠
𝜂𝐸 =
𝑊𝐴

137
A taxa de matéria com resistência é a que calculamos normalmente usando
a relação 𝑇𝑎𝑥𝑎 = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 . Á𝑟𝑒𝑎, porque o fluxo que é calculado já envolve
uma certa resistência à reação química e a área que ocorre o fluxo de massa
apresenta uma outra resistência.
Lembre-se que para chegar no sítio reacional as partículas devem percorrer
um caminho entre os poros, isso já é uma resistência.
Quando calculamos o perfil de concentração de alguma reação química
estamos considerando muitas coisas (ou deveríamos considerar na
realidade), entre vários parâmetros está a própria difusividade que
representa a facilidade de ocorrer a transferência de massa no meio, se ela
representa a facilidade então por outro lado pode representar a dificuldade
também, ou seja, já estamos colocando uma resistência nos nossos cálculos.
A taxa sem resistência é muito simples, lembre-se da cinética, como era feito
o cálculo da taxa de reação?
𝑊𝐴 = 𝑅𝐴
Isso mesmo, é o 𝑅𝐴 . Se você não lembra ele é calculado através de
constantes químicas, como a velocidade, temperatura, energia de ativação e
por cálculos estequiométricos, logo não tem nada de resistência nisso, é
tudo teórico e ideal.
Se você se lembra, no caso anterior:
𝑅𝐴 = −𝑘1 𝑎𝐶𝐴𝑅
Só que para os nossos cálculos nós devemos relacionar o volume do meio
em que a reação ocorre, pois somente o 𝑅𝐴 é um dado muito vago e nós
temos que gerar um gráfico para entender o comportamento da reação, para
isso usamos o volume da esfera para ter uma noção entre “reação na esfera
com resistência” e “reação na esfera sem resistência”, logo:
4
𝑅𝐴 = −𝑘1 𝑎𝐶𝐴𝑅 ( 𝜋𝑟 3 )
3
138
Pronto, podemos dar continuidade para os nossos cálculos:
𝑊𝐴𝑟𝑒𝑠 𝐷𝐴𝑒𝑓 4𝜋𝑅𝐶𝐴𝑅 [1 − 𝜙 coth(𝜙)]
𝜂𝐸 = =
𝑊𝐴 4
−𝑘1 𝑎𝐶𝐴𝑅 (3 𝜋𝑅3 )
Simplificando:
𝐷𝐴𝑒𝑓 [1 − 𝜙 coth(𝜙)] 𝐷𝐴𝑒𝑓
𝜂𝐸 = = −3 [1 − 𝜙 coth(𝜙)]
1 2 𝑎𝑘 𝑅 2
−𝑘1 𝑎 (3 𝑅 ) 1

𝐷𝐴𝑒𝑓
=3 [𝜙 coth(𝜙) − 1]
𝑎𝑘1 𝑅2

Agora encontramos algo muito importante que tínhamos definido antes, se


você não consegue enxergar veja só:
2 𝐷𝐴𝑒𝑓
𝑎𝑘1 𝑅 1
𝜙2 = → 2=
𝐷𝐴𝑒𝑓 𝜙 𝑎𝑘1 𝑅2
Agora caiu a ficha né:
3
𝜂𝐸 = 2 [𝜙 coth(𝜙) − 1]
𝜙
Esse cara tem que aparecer, se não tem algo errado.
Esse fator gera um gráfico onde a efetividade varia de 0 a 1, onde o 1
significa que todo o fluxo que entra na esfera catalítica é utilizado na reação
química. O ideal é que se encontre uma faixa nesse gráfico aonde se consiga
incentivar a difusão, mas sem prejudicar a efetividade da reação.
Com uma velocidade maior da reação o módulo de Thiele tende a
aumentar, o que não favorece a efetividade; se a geometria aumentar
também acontece a mesma coisa. Não é interessante acelerar a reação se
não favorecer o efeito da difusão, quanto menos difusão menos reação.

139
Para algo satisfatório, o pesquisador procura encontrar uma faixa
aproximadamente aonde está apresentado abaixo, pois é aonde o fator de
efetividade se encontra em:
𝜂𝐸 ≥ 0,95
Essa é a faixa que geralmente procuram para que a reação ocorra de uma
forma confortável e satisfatória em todas as condições possíveis, ou seja, é
necessário ter uma reação que não demore muito, mas que também não
seja pouca eficaz.

140
Utilizando linguagem de programação Python temos que o fator de
efetividade que encontramos através dos cálculos se resulta no gráfico
abaixo:

141
Veja que no gráfico na parte superior (no eixo y) quando a curva se
aproxima do 1,00 ela deixa de existir. Isso é facilmente explicado pelo fato
do cotangente hiperbólico ser formado pela divisão entre cosseno e seno
hiperbólicos e quando o valor chega em 1 o seno zera. A mesma coisa se
repete quando o valor se aproxima do 1 no eixo x.
Utilizando a ferramenta de exploração do gráfico do Python percebemos
que a faixa de valores que o módulo de Thiele pode assumir são:
0,1 ≤ 𝜙 ≤ 1,9
Mas observando uma área aceitável para que o módulo de Thiele atinja um
valor alto de fator de efetividade, podemos dizer que em:
0,1 ≤ 𝜙 ≤ 0,85
São os melhores valores para que 𝜂𝐸 ≥ 95 %.
Vamos variar alguns parâmetros no módulo de Thiele:

Em azul o comportamento geral do fator de efetividade variando todo


módulo de Thiele, em verde no módulo de Thiele está ocorrendo uma

142
variação da difusividade enquanto os demais estão constantes e em
vermelho qualquer um dos parâmetros 𝑎, 𝑘1 𝑜𝑢 𝑅2 estão variando e as
demais estão constantes.
As constantes serão consideradas 𝑐𝑡𝑒 = 1.
Há uma união dos três casos quando 𝜙 = 1, isso ocorre por questões
matemáticas.
A parte mais importante do gráfico é essa:

Quanto mais próximo da efetividade perfeita (1,00) menos difusão teremos


no nosso sistema, o que afeta a eficácia da reação, ou seja, se ela vai ocorrer
a alta conversão. Veja que se for depender de um dos parâmetros 𝑎,
𝑘1 𝑜𝑢 𝑅2 não há tanto impedimento para encontrar um bom fator de
efetividade.
Concluímos que: a constante de velocidade (𝑘1 ), não se modifica neste caso,
então variar valores para 𝑎 ou 𝑅2 (dados operacionais) resultará em uma

143
faixa de fator de efetividade melhor do que tornar fixo as dimensões
operacionais e variar a difusividade do meio.
Você pode não estar entendo o que estou dizendo, então vamos lá:
𝑎 & 𝑅2 → 𝑑𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠
𝐷𝐴𝑒𝑓 → 𝑑𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑠𝑖𝑐𝑜 𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑜𝑠
Ou seja, se optarmos em trabalhar pela linha vermelha estaremos fixando
𝐷𝐴𝑒𝑓 constante e variando "𝑎" 𝑒/𝑜𝑢 𝑅2 , portanto o pesquisador terá que
procurar novos tamanhos das partículas do material catalítico o que pode
ocasionar na mudança de dimensões do reator.
Se optarmos em trabalhar com a linha verde estaremos fixando os dados
operacionais e variando a difusividade (𝐷𝐴𝑒𝑓 ), para isso ocorrer devemos
variar parâmetros físico químicos do meio como temperatura, pressão,
reagentes etc.
Segundo o comportamento gráfico analisado por nós, é mais viável o
pesquisador variar os dados operacionais do que os físico químicos.
O que fizemos aqui é só uma demonstração de um caso real, eu quando
variei os parâmetros no módulo de Thiele fiz o resto das constantes todas
igual a 1, mas o correto seria utilizar os valores fixos e reais de cada
parâmetro, mas não temos isso disponível agora.
Depois de encontrar a resposta que vimos (variar os dados operacionais), o
pesquisador teria que analisar suas possibilidades, recursos, orçamentos e
limites para realizar o projeto, a partir daí somente esses fatores é que
podem determinar se a reação desejada irá ter um alto fator de efetividade
ou não.
Nós podemos resumir essas nossas análises sobre fator efetividade com uma
frase do Fogler, 2009: “[...] indica a importância relativa das limitações de
difusão e de reação.”.

144
Para você entender melhor, veja essa explicação do Fogler,2009:

Fonte: Fogler

É o que eu expliquei antes: quando a área é muito grande o valor do módulo


de Thiele também fica muito grande o que leva a uma limitação difusiva do
sistema, ou seja, pouca difusão acontecendo; quando a difusão aumenta o
valor do módulo diminui, porém, a velocidade da reação é afetada
ocorrendo uma limitação da reação por demorar demais.
Essas curvas podem mudar muito as suas características para cada caso, ou
seja, não espere um padrão, mas entenda que sempre haverá uma
explicação pela mudança de comportamento dos gráficos, mas com um
pouco de esforço nas análises você consegue interpretar. Veja o que o
exemplo que Fogler nos dá:

145
Fonte: Fogler

Pelo que dá para perceber nesse gráfico é que reações de ordens maiores
dificultam a busca por altas efetividades, portanto reações mais complexas
levam a maiores dificuldades ao encontrar um bom fator de efetividade.
Tome cuidado, essas análises não são regras, lembre-se que existe toda uma
modelagem por trás disso, então cada caso é um caso e deve ser
interpretado individualmente.

146
147
11. Transferência de
massa em regime
transiente
11.1 Placa Infinita - Lembra de transporte de energia?
Então tá, bora lá, você se lembra de transferência de energia? Sabe,
existe um motivo para os transportes de momentum, calor e massa serem
chamadas pelo mesmo nome, é porque existe uma relação quase que
idêntica entre os três.
Você já sabe que os três possuem uma equação geral dos fenômenos que
descreve o transporte de algo em relação a resistência que o meio apresenta
e a força motriz do transporte, só que as relações e semelhanças vão mais
além, mais afundo do que você pensa.
Vamos analisar agora a história da famosa placa infinita através dos
fenômenos de transporte.
Já ouviu falar em perfil de velocidade pistonado? Então, no transporte de
momentum existe um perfil de velocidade que descreve o quão rápido o
fluido está sendo transportado pelo condutor, a camada limite faz com que
o perfil de velocidade se apresente da seguinte forma:

148
Quando o meio se torna turbulento a camada limite aumenta, por causa da
diminuição da viscosidade, até o ponto de englobar todo perfil de
velocidade, causando o escoamento pistonado.
O escoamento é chamado pistonado por causa desse comportamento:

Você sabe que isso não acontece na vida real, isso é só uma forma de
simplificação, porque convenhamos que modelar um sistema turbulento é
muito complicado. Essa simplificação acontece por causa do método da
placa infinita, mas como assim uma placa infinita?
Veja, nessa simplificação todos os pontos estão numa mesma velocidade
num mesmo ponto, então não importa o formato do conduto, a modelagem
sempre será a mesma, então para facilitar usamos as coordenadas
retangulares como base, ou seja, uma placa.
Então, se em todos os pontos a velocidade é a mesma, o que é que nós
podemos analisar nesse caso? O tempo.

149
Se a posição não importa e todas as propriedades são constantes, o tempo
é que manda, é ele que irá fazer as coisas mudarem, porque tudo muda com
o tempo até as pedras obedecem a sua lei.
Então, o método da placa infinita no transporte de momentum é o famoso
perfil pistonado que você estudou lá em FT1, com ele é possível analisar a
variação de velocidade no fluido conforme o tempo passa.
Em transporte de calor o método da placa infinita é aplicado quando temos
um objeto que está sofrendo mudança de temperatura cujas largura e altura
fazem da espessura desprezível, por exemplo, uma chapa fina, pode ser
considerada uma placa infinita, pois ela é grande o suficiente para
aceitarmos a hipótese de que a temperatura é a mesma em todos os pontos
do objeto.
Isso acontece por causa das linhas de convecção:
Veja que no centro não existe transferência de
calor convectiva, então quando o objeto é fino e
não muito grande podemos considerar seu
comportamento como se fosse o centro, aonde
não há influência da convecção e a temperatura é
a mesma em todos os pontos do objeto.
Aqui em transporte de massa é algo parecido com
o do transporte de calor, pois necessitamos que o
objeto, ou seja, o volume de controle, seja fino e
não muito grande de tal forma que possamos
considerar que a concentração de A não se
modifique com a posição.
Pera aí, eu tô explicando que a concentração, o calor ou a velocidade não
muda com a posição, OK, mas cuidado para não se confundir, a partir do
momento que nós colocamos o tempo em ação aí sim as coisas vão mudar,

150
tudo vai mudar em relação a posição ao tempo e a posição, mas enquanto
não há tempo (𝑡 = 0) tudo está igual em todos os pontos.
Para mais aprofundamento nos outros fenômenos de transporte favor
consultar “Eu Odeio Fenômenos de Transporte I” e “Eu Odeio
Fenômenos de Transporte II”.

11.2 Caso envolvendo regime transiente sem reação química - Tudo é


transiente, até a prova
Tudo é transiente meu amor, principalmente a sua vida quando você
está numa disciplina de fenômenos de transporte de massa.
Vamos analisar agora um caso aonde novos termos e técnicas serão
adicionados, a fim de conseguirmos modelar o transporte de um óleo da
semente de uma fruta até um solvente, ocorrendo assim a extração.
“Considere a extração de um óleo vegetal de uma semente oleaginosa
submetendo-a a um solvente apropriado. Para tanto, essa semente foi
descascada e fatiada em lâminas, de tal modo que o comprimento de cada
lâmina venha a ser muito maior do que a sua espessura.” (CREMASCO,
2002)

O valor de 2𝑎 é usado como espessura por causa que estamos fazendo um


jogo de simetria, estamos colocando o eixo z bem no centro dessa placa, na

151
verdade um cubo disfarçado de placa, então como forma de simetria os dois
lados da espessura devem conter valores iguais.
Vamos iniciar com as hipóteses:
𝜕𝐶
- Regime transiente; ( 𝜕𝑡𝐴 )
Óbvio;
- Sem reação química; (𝑅𝐴 = 0)
É só uma simples extração, tem nada de reação aí.
- Propriedades constantes; (𝑇 𝑒 𝑃 → 𝐷𝐴𝑒𝑓 = 𝑐𝑡𝑒)
Veja que estamos usando 𝐷𝐴𝑒𝑓 , pois estamos falando de um sólido
(semente) por onde o óleo vai ter que atravessar.
- Unidirecional; (𝑁𝐴𝑧 )
O método da placa infinita nos obriga a considerar a transferência como
unidirecional, pois com a espessura “desprezada” (na verdade estamos
desprezando somente os efeitos dela no transporte de massa, mas não
estamos desprezando sua geometria) temos que somente uma direção é
interessante e os efeitos da transferência que viriam através de outras
direções seriam totalmente desprezíveis.
- Sem convecção; (𝐶𝐴 𝑣𝑚 = 0)
Veja, Cremasco não especifica como o solvente vai ficar, então supomos
que a semente vai ser simplesmente mergulhada num meio cheio de
solventes, então depois de um tempo tudo irá ficar parado o solvente não
apresentará influencia convectiva no meio, então por isso desconsideramos
a convecção neste estudo.
- Meio estagnado; (𝑁𝐵𝑧 = 0)
O meio é um sólido e temos certeza que esse sólido está parado né?

152
Porque escolher somente a semente como volume de controle e não o
conjunto semente + solvente?
Veja que o nosso interesse de estudo é saber o comportamento da
transferência de massa da extração de óleo natural, a extração vai ocorrer
através de um fluido, então é claro que vamos escolher um solvente eficiente
que dissolva bem o óleo após a extração, então podemos considerar que as
resistências apresentadas pelo solvente são desprezíveis, ou seja, depois que
o óleo sair da semente é certeza de que ele será dissolvido pelo solvente,
então não precisamos nos preocupar com essa parte.
Iniciando os cálculos, vamos para a equação da continuidade:
𝜕𝐶𝐴
⃗𝑁
−∇ ⃗⃗⃗⃗𝐴 ± 𝑅𝐴 =
𝜕𝑡
Aplicando as hipóteses:
𝑑𝑁𝐴𝑧 𝜕𝐶𝐴
− =
𝑑𝑧 𝜕𝑡
Encontrando o fluxo:
𝑁𝐴 = 𝑗𝐴 + 𝐶𝐴 𝑣𝑚
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝑒𝑓
𝑑𝑧
Substituindo na equação da continuidade:
𝑑 𝑑𝐶𝐴 𝜕𝐶𝐴
− [−𝐷𝐴𝑒𝑓 ]=
𝑑𝑧 𝑑𝑧 𝜕𝑡
Organizando:
𝑑 𝑑𝐶𝐴 𝜕𝐶𝐴
𝐷𝐴𝑒𝑓 [ ]=
𝑑𝑧 𝑑𝑧 𝜕𝑡
Derivando:

153
𝑑 2 𝐶𝐴 𝜕𝐶𝐴
𝐷𝐴𝑒𝑓 =
𝑑𝑧 2 𝜕𝑡
Organizando a EDP (equação diferencial parcial):
𝑑 2 𝐶𝐴 1 𝜕𝐶𝐴
− =0
𝑑𝑧 2 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝜕𝑡
Nós prosseguimos nosso método de resolução usando as adimensionais,
então vamos lá.
Veja essa belezinha abaixo:
𝐶𝐴 − 𝐶𝐴∗
𝜃=
𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗
Já resolvemos uma questão envolvendo adimensionais antes, e você viu que
nós sempre fazemos uma divisão da variável pelo valor total, e já até usamos
uma adimensional parecida:
𝐶𝐴
𝜃=
𝐶𝐴𝑅
Usamos essa adimensional no caso da reação pseudo-homogênea num
sólido poroso, mas então o que é esse 𝐶𝐴∗ ?
Esse cara é chamado de concentração de equilíbrio, ele aparece quando
estamos querendo representar uma mudança de difusividade considerável,
geralmente ocorre quando se sai de um elemento de um estado para outro
elemento de um estado diferente.
O equilíbrio 𝐶𝐴∗ quer dizer que o meio ao qual tem uma concentração de A
não está mais ocorrendo variação, esse meio é a interface entre dois
componentes. O componente A se difunde num meio com uma certa
difusividade e depois passa para outro meio com uma difusividade
totalmente diferente, na interface algo diferente acontece, é um equilíbrio
entre fases, uma certa quantidade de A fica retida nessa interface.

154
Tá difícil entender né, vamos a um exemplo: o Rio Negro possui o ácido
húmico e o Rio Solimões é água barrenta, o primeiro possui uma
quantidade de ácido que não pode ser transferida para o Rio Solimões, logo
a concentração de equilíbrio é o quanto de ácido húmico fica retido na
fronteira no encontro das águas ou o quanto de barro pode ficar retido
também.
Esse equilíbrio ocorre por causa das diferenças de difusividades.
Com essa adimensional, isolamos 𝐶𝐴 e depois derivamos em relação a
posição e ao tempo:
𝐶𝐴 = (𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗ )𝜃 + 𝐶𝐴∗
𝜕𝐶𝐴 𝜕𝜃
= (𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗ )
𝜕𝑧 𝜕𝑧
𝜕 2 𝐶𝐴 ∗
𝜕 2
𝜃
= (𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴 ) 2
𝜕𝑧 2 𝜕𝑧
𝜕𝐶𝐴 𝜕𝜃
= (𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗ )
𝜕𝑡 𝜕𝑡
Substituindo na EDP:
𝜕2𝜃 1 𝜕𝜃 𝜕 2 𝜃 𝜕𝜃
(𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗ ) − ∗
(𝐶 − 𝐶𝐴 ) = 0 → 𝐷𝐴𝑒𝑓 2 =
𝜕𝑧 2 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝐴0 𝜕𝑡 𝜕𝑧 𝜕𝑡
Agora vamos utilizar um método para quebrar essa EDP e transforma-la em
duas EDO’s, o método consiste em criarmos uma nova variável dependente
da posição e do tempo, essa variável será igual ao produto de duas funções
em que uma será dependente do tempo e a outra da posição:
𝜃(𝑧, 𝑡) = 𝜓(𝑧)𝛽(𝑡)
Ela será substituída na EDP, mas para isso vamos ter que deriva-la:

155
𝜕𝜃 (𝑧, 𝑡) 𝜕𝜓
= 𝛽
𝜕𝑧 𝜕𝑧
𝜕 2 𝜃(𝑧, 𝑡) 𝜕 2 𝜓
= 𝛽
𝜕𝑧 2 𝜕𝑧 2
𝜕𝜃 (𝑧, 𝑡) 𝜕𝛽
= 𝜓
𝜕𝑡 𝜕𝑡
Substituindo os resultados na EDP:
𝜕2𝜓 𝜕𝛽
𝐷𝐴𝑒𝑓 2 𝛽 = 𝜓
𝜕𝑧 𝜕𝑡
Vamos organizar isso, separando as variáveis:
1 𝜕2𝜓 1 𝜕𝛽
=
𝜓 𝜕𝑧 2 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝛽 𝜕𝑡
Ok, aqui entramos na teoria do cálculo, aonde temos uma igualdade entre
duas equações diferenciais, para isso ser verdade deve haver uma constante
de proporcionalidade, sem ela não seria possível matematicamente ocorrer
essa igualdade entre as equações.
Vamos fazer nossa constante elevada ao quadrado, pois iremos força-la a
dar um resultado positivo, e depois colocamos um negativo na frente, pois
na verdade nós queremos analisar o decaimento da contração no meio.
1 𝜕2𝜓 1 𝜕𝛽
2
= = −𝜆2
𝜓 𝜕𝑧 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝛽 𝜕𝑡
Usamos o valor de lambda elevado ao quadrado e negativo pois estamos
usando o negativo para representar um decaimento do sistema, ou seja,
estamos retirando óleo da semente, portanto estamos decaindo o sistema,
já o quadrado serve para permitir que o sistema sempre fique positivo em
suas respostas evitando situações inesperadas.
Logo, temos duas EDO’s:

156
1 𝜕2𝜓 2
1 𝜕𝛽
= −𝜆 = −𝜆2
𝜓 𝜕𝑧 2 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝛽 𝜕𝑡
Facilitou nossas vidas.
Vamos pela EDO de primeira ordem aonde podemos resolver por variáveis
separáveis:
𝜕𝛽
= −𝜆2 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝜕𝑡
𝛽
Integrando dos dois lados:
ln(𝛽 ) = −𝜆2 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝑡 + c1′
Aplicando exponencial dos dois lados:
2𝐷
𝛽 (𝑡) = 𝑐1 𝑒 −𝜆 𝐴𝑒𝑓 𝑡

Lembrando que exponencial de uma constante é igual a uma outra


constante qualquer.
A segunda é uma EDO de segunda ordem:
𝜕2𝜓
2
+ 𝜓𝜆2 = 0
𝜕𝑧
Método da equação característica:

𝑚2 + 𝜆2 = 0 → 𝑚 = ±√−𝜆2 = ±𝑖
Temos um caso de números complexo:
𝜓(𝑧) = 𝑐2 𝑒 𝑖𝜆𝑧 + 𝑐3 𝑒 −𝑖𝜆𝑧
Aplicando a lei de Euler:
𝜓(𝑧) = 𝑐2 cos 𝜆𝑧 + 𝑐3 sen 𝜆𝑧
Pronto temos duas EDO’s resolvidas, hora de retornarmos a variável que
nós criamos para facilitar nossas vidas:

157
𝜃(𝑧, 𝑡) = 𝜓(𝑧)𝛽(𝑡)
2𝐷
𝜃 (𝑧, 𝑡) = (𝑐2 cos 𝜆𝑧 + 𝑐3 sen 𝜆𝑧)(𝑐1 𝑒 −𝜆 𝐴𝑒𝑓 𝑡 )
Logo:
2𝐷
𝜃 (𝑧, 𝑡) = (𝐴 cos 𝜆𝑧 + 𝐵 sen 𝜆𝑧)𝑒 −𝜆 𝐴𝑒𝑓 𝑡

Sendo:
𝐴 = 𝑐1 𝑐2 𝐵 = 𝑐1 𝑐3
Agora vem a pergunta, para que dividir a EDP em duas EDO’s?
Ora, o resultado de uma EDP será algo tridimensional e ainda seus
resultados seriam discretos e não contínuos, gerando somas que
complicariam a extração de uma resposta do sistema.
Através de duas EDO's poderemos analisar o sistema graficamente em
relação a posição z e ao tempo, então podemos compreender de uma forma
mais simples tudo que está acontecendo. Se quisermos analisar as duas
situações ao mesmo tempo podemos, por exemplo, juntar os gráficos das
EDO's a afim de produzir uma visão mais geral do caso.
Agora nos são necessários encontrarmos as condições de contorno, vamos
ver com calma como é que vai sair isso:
1) Numa primeira condição de contorno temos que marcar o início de
algo, partindo de algo, uma referência, no nosso caso de simetria a
nossa referência é o ponto de origem do volume de controle, então
fazemos 𝑧 = 0. Utilizar essa simetria acabará por cancelar todos os
vetores de fluxo de massa no centro, pois um fluxo estará indo para
cima e o outro para baixo no volume de controle, ambos possuem a
mesma intensidade, mesma direção, mas sentidos opostos, logo 𝑁𝐴𝑧 =
0.
𝑐. 𝑐. 1: 𝑧=0 𝑁𝐴𝑧 = 0

158
𝑑𝐶𝐴 𝑑𝐶𝐴
Em consequência disso temos: 𝑁𝐴𝑧 = −𝐷𝐴𝑒𝑓 =0→ = 0,
𝑑𝑧 𝑑𝑧
logo:
𝑑𝐶𝐴
𝑐. 𝑐. 1: 𝑧 = 0 =0
𝑑𝑧
2) Na segunda condição de contorno vamos considerar que a posição
esteja em “a”, lembrando que 2a é a espessura da placa, como estamos
considerando uma placa infinita, ela deve ser muito fina então ela só
vai ter parte de cima, metade e parte de baixo, logo nós fazemos o
estudo no ponto 𝑧 = 𝑎, para entender o que está acontecendo na parte
de cima e na parte debaixo da placa. Nessa posição estamos em cima
da interface entre a semente e o solvente, então temos que 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴∗ .
𝑐. 𝑐. 2: 𝑧 = 𝑎 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴∗
3) Agora que estamos em regime transiente temos que especificar um
novo tipo de condição de contorno quando formos trabalhar para
encontrar o perfil de concentração, temos que atentar para o tempo
inicial do processo, as outras condições de contorno da relação da
posição com a concentração se encarregarão de mostrar de forma
implícita o comportamento da concentração quando o tempo é maior
que zero, mas para definir quando o tempo é exatamente zero, ou seja,
condição inicial, temos que utilizar uma condição de contorno só para
isso:
𝑐. 𝑐. 3: 𝑡 = 0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0
Por último, temos que levar essas condições de contorno até as
adimensionais que utilizamos, o método você já conhece:
𝑑𝐶𝐴
𝑐. 𝑐. 1: 𝑧=0 =0
𝑑𝑧
Temos que:

159
𝜕𝐶𝐴 𝜕𝜃
= (𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗ ) =0
𝜕𝑧 𝜕𝑧
Somente um dos dois podem ser zero, sabe porquê? Por causa dessa
relação:
𝐶𝐴 − 𝐶𝐴∗
𝜃=
𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗
Se queremos que essa adimensional exista o seu denominador não pode ser
zero, se não é indeterminação e todo o seu cálculo se torna uma farsa.
Logo quem é zero é:
𝜕𝜃
=0
𝜕𝑧
Prosseguindo para a próxima condição de contorno:
𝑐. 𝑐. 2: 𝑧 = 𝑎 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴∗
Se substituirmos esse valor na adimensional temos:
𝐶𝐴∗ − 𝐶𝐴∗
𝜃= =0
𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗
E a nossa condição inicial:
𝑐. 𝑐. 2: 𝑡 = 0 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0
Substituindo na adimensional:
𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗
𝜃= =1
𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴∗
Por fim, as condições de contorno ficaram assim:

160
𝜕𝜃
𝑐. 𝑐. 1: 𝑡 > 0 𝑧 = 0 =0
{ 𝜕𝑧
𝑐. 𝑐. 2: 𝑡 > 0 𝑧 = 𝑎 𝜃 = 0
𝑐. 𝑐. 3: 𝑡 = 0 ∀𝑧 𝜃=1
Se você não lembra “∀” significa “para todo”, portanto eu estou querendo
dizer que para todo z no meio no tempo zero o valor de 𝜃 sempre será 1.

11.3 Difusão gasosa em um capilar - Dessa vez não será tão simples...
Veja a seguinte situação:
Temos um capilar fechado, aonde um gás conhecido (A =
𝑂2 ) tende a se difundir no líquido (B = 𝐻2 𝑂), sabe-se que
esse tipo de difusão é difícil de ocorrer e que a água não é
um líquido muito volátil, além das propriedades do
sistema permanecerem constantes.
Esse tipo de análise é interessante porque sempre
imaginamos o gás se difundindo no líquido e nunca o
contrário, pois eu lhe afirmo que isso é possível ocorrer.
Ora, se trocássemos a água por um líquido mais volátil,
como por exemplo metanol, dependendo das condições
de temperatura e pressão o metanol pode se volatizar em
grande quantidade, de tal forma que o fluxo de B subindo
se torna maior que o fluxo de A descendo, portanto com
esse aumento de fluxo no sistema se tornaria mais
conveniente analisar o sistema onde B se difunde em A do que A se
difundindo em B.
Hipóteses:
- Vamos pelo mais óbvio: não tem reação química; (𝑅𝐴 = 0)

161
- Propriedades constantes; (𝑃 𝑒 𝑇 𝑐𝑡𝑒 → 𝐷𝐴𝐵 = 𝑐𝑡𝑒)
- Mistura binária;
- Meio estagnado (se o líquido fosse muito volátil essa afirmação não
poderia ser aplicada); (𝑁𝐵 = 0)
- Coordenadas retangulares, por causa das dimensões do capilar e a
força motriz do sistema está interagindo mais fortemente na vertical,
sendo o efeito das outras direções muito pequenas;
- Unidirecional; (𝑁𝐴𝑧 )
𝜕𝐶
- Regime transiente; ( 𝜕𝑡𝐴 )

- Sabemos que o gás encontra dificuldades para se solubilizar na água,


portanto é natural que a concentração do gás na água seja bem pequena
justamente por causa dessa dificuldade. Portanto podemos declarar
que a concentração de A no líquido B é muito pequena, a
consequência disso é que não haverá convecção no meio pois 𝑥𝐴 ≪ 1:
𝑁𝐴 = 𝐽𝐴 + 𝑣𝑚 𝐶𝐴
Onde:
𝑣𝑚 𝐶𝐴 = 𝑥𝐴 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 )
Se 𝑥𝐴 ≪ 1:
𝑣𝑚 𝐶𝐴 ≈ 0
Logo:
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Aplicando a equação da continuidade:
𝜕𝐶𝐴
⃗𝑁
−∇ ⃗⃗⃗⃗𝐴 + 𝑅𝐴 =
𝜕𝑡
162
Aplicando hipóteses:
𝑑𝑁𝐴𝑧 𝜕𝐶𝐴
− =
𝑑𝑧 𝜕𝑡
Sendo o valor de 𝑁𝐴𝑧 :
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑧
Logo:
𝑑 𝑑𝐶𝐴 𝜕𝐶𝐴 𝜕 2 𝐶𝐴 1 𝜕𝐶𝐴
[𝐷 ]= → − =0
𝑑𝑧 𝐴𝐵 𝑑𝑧 𝜕𝑡 𝜕𝑧 2 𝐷𝐴𝐵 𝜕𝑡
Para desenvolver as condições de contorno é necessário melhorar o nosso
esquema do caso:
Assim como no caso parecido que analisamos
anteriormente de uma reação homogênea em um
capilar, neste caso nós limitamos nosso estudo
somente ao nível do líquido, pois acima desse
nível tudo é A e como estamos interessados em
saber como A se difunde em B considerando que
B não é volátil é mais interessante analisarmos
somente dentro dos limites do nível de água.
Aqui estamos considerando a interface entre o
líquido e o gás como o ponto de origem do eixo
z e o fundo do capilar como uma altura L
qualquer.
Aqui é necessário expor algo para você, no primeiro caso de regime
transiente que apresentei eu expliquei sobre uma concentração de
equilíbrio (𝐶𝐴∗ ) aonde uma certa quantidade de concentração de A ficaria
retida na interface entre A e B. Pois então, no nosso caso atual isso não
ocorrerá, pois veja que estamos lhe dando com um tipo de difusão que

163
encontra dificuldades para ocorrer, então a resistência no meio é alta, por
causa disso a quantidade de concentração de A que seria encontrada retida
na interface é maior do que o normal e portanto não pode ser chamado de
concentração de equilíbrio. Como alternativa vamos chamar a concentração
da interface de outra coisa:
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 = 𝐶𝐴𝑎
Hora de formulamos nossas condições de contorno, vou lhe dar umas dicas:
- As condições de contorno são referentes as fronteiras do seu sistema,
se o seu sistema tem duas fronteiras então serão duas condições de
contorno, por exemplo, no nosso caso o sistema é o nível da água, as
fronteiras são a interface com o gás A e o fundo do capilar, logo são
duas condições de contorno;
- A condição de tempo inicial é sempre quando o tempo é zero ou
quando é um tempo de valor conhecido e efeitos conhecidos;
- As condições de contorno devem compreender início e fim do sistema
ou parte dele, por exemplo no nosso caso temos que ter uma condição
de contorno para quando o sistema inicia na interface e outro para
quando o sistema acaba no fundo do capilar.
Com esse pensamento, vamos reformular nossas condições de contorno:
1) A primeira condição de contorno é referente a interface líquido-gás
aonde se encontra a origem do eixo z. Nós temos três variáveis aqui,
tempo, posição e concentração, nós já conversamos que qualquer
condição fora da condição inicial é automaticamente para 𝑡 > 0, então
nos resta pensar na concentração e posição:
𝑛𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 − 𝑔á𝑠 → 𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 = 0
Pois estamos na origem do eixo z.
𝑛𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 − 𝑔á𝑠 → 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 𝐶𝐴𝑎

164
Lembra do que falei sobre a concentração na interface?
Com esse pensamento, vamos reformular nossas condições de contorno:
2) Na segunda condição temos que representar o fundo do capilar, mas
temos que ter cuidado, uma nova situação se faz presente, veja que a
difusão é bastante complicada para entrar no líquido, imagine no
fundo do capilar? Veja que no mesmo caso em que abordamos um
capilar com uma reação homogênea nós consideramos que no fundo
do capilar seria um valor variável, que não conhecíamos então por isso
usamos o valor do fluxo de A igual a zero fora da dimensão do nível,
pois esse era o único valor que conhecíamos, fora do nível é zero mas
dentro é indeterminado.
Não podemos fazer isso aqui, basicamente porque o que tem no fundo do
capilar não é desconhecido para nós, duvida?
Vamos refletir, se a coisa já tá difícil de entrar, o que você pensa que tem no
fundo do capilar? Vou desenhar para você, para este desenho vamos supor
que o gás A é um gás que não tem no meio do líquido B, portanto não existe
AB + B no líquido:

165
Veja que uma pequena quantidade se encontra depois da interface e ao
passo que se vai descendo essa quantidade vai se tornando cada vez menos
até que... Adivinha.
Isso mesmo, no fundo do capilar não existe nada de A, porque já é uma
luta para atravessar a interface e como a difusão por natureza é difícil então
o pouco que entra na interface não consegue chegar no fundo.
Com certeza isso depende da posição z, e a posição que representa o fundo
é 𝑧 = 𝐿 exposto lá em cima, mas não devemos esquecer que o nosso
sistema depende do tempo, então que em que tempo a concentração de A
pode pelo menos chegar perto de L? Bom, nós já sabemos que tem quer
ser muito longe já que é muito difícil dessa difusão ocorrer, para esse caso
usamos z → ∞, pois só no infinito mesmo para A atingir o fundo.
Agora retornando para o nosso caso real temos que ressaltar uma pequena
diferença entre o desenho que apresentei e o caso real, o gás é oxigênio e o
líquido é água, você sabe que por natureza existe oxigênio na água, portanto
já existe uma concentração de 𝑂2 dentro da água, isso significa que não
podemos considerar 𝐶𝐴 = 0, pois já existe uma concentração lá dentro. Mas
se pararmos para pensar, o nosso sistema é somente o que está dentro do
nível do líquido, o gás puro não nos importa, então podemos considerar
que no início de tudo a concentração de A é a inicial, 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0 , como o
fundo do capilar não vai receber a influência do fluxo que vem de A, então
a concentração nunca vai mudar, portanto a nossa condição de contorno
fica:
𝑐. 𝑐. 2: 𝑡 > 0 𝑧 → ∞ 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0
Para você entender melhor o que está acontecendo observe o gráfico
abaixo:

166
No tempo inicial tempos uma concentração inicial no líquido, essa
concentração é proveniente da natureza do próprio líquido, então vemos
que em Z = 0 a concentração sempre é 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴𝑎 , e conforme vai descendo
o capilar a concentração vai diminuindo até chegar em 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0 .
O tempo ao infinito representa o regime permanente, depois que se passou
muito tempo, então você percebe que a variação de concentração nunca vai
atingir L, portanto a transferência de massa não passa de 𝑧𝑛 .
A condição inicial deve compreender um tempo inicial qualquer, mas como
não temos preferência de tempo vamos estipular o tempo igual a zero, dessa
forma temos que entender como está o sistema no tempo zero:
- Nós estipulamos a concentração inicial no fundo do capilar porque ele
não sofre influência do fluxo de A que vem de cima, então se no tempo
inicial nenhuma parte do sistema sofreu influência do fluxo de A o

167
sistema inteiro está em concentração inicial, então a nossa condição de
contorno fica:
𝑐. 𝑖. ∶ 𝑡 = 0 ∀𝑧 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0
Partindo para a adimensionalização temos:
𝐶𝐴 − 𝐶𝐴0
𝜃=
𝐶𝐴𝑎 − 𝐶𝐴0
Veja que essa adimensional é diferente da que vimos no caso anterior da
extração de óleo na semente, pois dessa vez a concentração inicial está
negativa, isso acontece por causa da análise de transferência de massa:
𝐶𝐴 − 𝐶𝐴0 𝐶𝐴 − 𝐶𝐴𝑎
𝜃= 𝜃=
𝐶𝐴𝑎 − 𝐶𝐴0 𝐶𝐴0 − 𝐶𝐴𝑎
𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒
𝑐𝑖𝑚𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑖𝑚𝑎
A concentração vai do maior para o menor, portanto deve ter cuidado com
as adimensionais, lembre-se que dessa vez na interface do líquido há maior
quantidade de B do que a concentração inicial (no fundo).
Organizando:
𝐶𝐴 = 𝜃(𝐶𝐴𝑎 − 𝐶𝐴0 ) + 𝐶𝐴0
Derivando:
𝜕𝐶𝐴 𝜕𝜃
= (𝐶 − 𝐶𝐴0 )
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝐴𝑎
Derivando duas vezes em relação a posição:
𝜕 2 𝐶𝐴 𝜕 2 𝜃
= 2 (𝐶𝐴𝑎 − 𝐶𝐴0 )
𝜕𝑧 2 𝜕𝑧
Logo:

168
𝜕 2 𝐶𝐴 1 𝜕𝐶𝐴 𝜕2𝜃 1 𝜕𝜃
− = 0 → (𝐶 − 𝐶 ) = (𝐶 − 𝐶𝐴0 )
𝜕𝑧 2 𝐷𝐴𝐵 𝜕𝑡 𝜕𝑧 2 𝐴𝑎 𝐴0
𝐷𝐴𝐵 𝜕𝑡 𝐴𝑎
Por fim:
𝜕2𝜃 1 𝜕𝜃
=
𝜕𝑧 2 𝐷𝐴𝐵 𝜕𝑡
Então as condições de contorno ficam:
𝑐. 𝑖. : 𝑡=0 ∀𝑧 𝜃=0
𝑐. 𝑐. 1: 𝑡 > 0 𝑧 = 0 𝜃=1
𝑐. 𝑐. 2: 𝑡 > 0 𝑧 → ∞ 𝜃=0
A resolução dessa EDP é pelo método que vimos antes, isso não muda:
𝜃 (𝑟, 𝑡) = 𝜓(𝑟)𝛽(𝑡)
Deriva em relação a um e depois deriva em relação a outro e assim vai, você
já conhece a manha, a resolução dessa EDP irá usar os mesmos métodos
utilizados no caso da placa infinita, já que estamos em coordenadas
retangulares, mas o resultado vai ser diferente claro, por causa das condições
de contorno e da adimensional ser diferente.
O perfil de concentração no final de tudo vai ser:
𝐶𝐴 − 𝐶𝐴0 𝑧
= 1 − erf [ ]
𝐶𝐴𝑎 − 𝐶𝐴0 √4𝐷𝐴𝐵 𝑡
Essa função 𝑒𝑟𝑓 () você conhece ela, é utilizada bastante na estatística e é
encontrada em alguns cálculos, ela é fruto dessa coisa linda abaixo:
𝑡
2 2
erf(𝑡) = ∫ 𝑒 −𝑡 𝑑𝑡
√𝜋 0
Ela é chamada de função erro porque ela é como se fosse uma função
mesmo, não pode ser resolvida de forma alguma pelos métodos do cálculo

169
1 e 2 somente por cálculo numérico, já existem tabelas na literatura para
com resultados dessa integral, mas como aqui nós estamos querendo fazer
análise das variáveis, vai dá um belo trabalho colocar isso no computador,
Excel resolve isso não viu, tá na hora de desmamar.

170
12. Análise gráfica
de perfis de
concentração e do
fator de
efetividade
12.1 Perfis de Concentração - O céu é azul, mas porquê?
Agora você vai mergulhar na filosofia, você já parou para pensar que
os sociólogos e engenheiros fazem a mesma coisa só que de forma
diferente?
O sociólogo deve entender o que está acontecendo na sociedade para
predizer os fenômenos de mudança social, seja individual ou coletivo, já
você tem que ficar imaginando a transferência de massa ocorrer em um
meio totalmente virtual na sua mente e entender o porquê disso tudo
acontecer em relação a todas as variáveis, aceite, você se tornou o filósofo
das massas.
Preparado para filosofar diante de alguns gráficos de perfil de
concentração?

171
12.2 Perfis de Concentração de um caso envolvendo reação heterogênea
em regime permanente -
A equação do perfil foi encontrada por nós em um de nossos
exemplos:
𝑧
1−
1 𝛿
𝑥𝐴 = 2 − 2 (1 − 𝑥𝐴0 )
2
Nesse caso a fração molar está em função da posição, seja ela relativa (𝑧/𝛿 )
ou real (𝑧), portanto são dois gráficos para serem plotados.
A plotagem do gráfico pode ser feita de qualquer maneira, não tem eixo
certo ou programa certo, só se certifique de plotar adequadamente.

Aí o que você achou do gráfico? Uma merda pela outra? Não é assim que
se descreve um gráfico, lembre-se da sociologia.
Ambos os gráficos têm em comum uma coisa: decaimento da fração molar
de A ao passo que descemos o eixo z. Tá, mas o que isso significa? Bom,
se você se lembra, na reação heterogênea modelada estávamos
considerando um caso em que moléculas da A entravam num reator e então
essas moléculas se aproximavam do material catalítico e ao se depositar em
cima do mesmo a reação formando B ocorria.

172
Então, ao passo que A cai até o material catalítico a sua concentração vai
diminuindo porque na superfície tem somente moléculas de B e essas
moléculas tendem a subir, logo perto da superfície tem muitas moléculas de
B e em cima da superfície tem somente moléculas de B, portanto
entendemos que ao passo que descemos em z 𝑥𝐴 decai.
Esses gráficos estão considerando 𝑥𝐴 0 = 1, mas qualquer valor que você
colocar não irá modificar o entendimento do gráfico, somente a partir de
onde a curva começa a decair.
Observações a serem feitas nos gráficos: quando a posição relativa ou real é
zero a fração molar é 1, portanto essa é a posição que está no seio do fluido
A, distante do material catalítico; absolutamente não existe diferenças entre
o gráfico com a posição relativa e a real o que indica que essa modelagem
pode ser muito bem aplicada para casos aonde não se conhece o valor da
altura real.

12.3 Perfis de Concentração de um caso envolvendo reação Pseudo-


homogênea em uma esfera catalítica porosa
A equação adimensional que encontramos para esse caso foi:
𝑟
senh (𝜙 𝑅)
𝜃= 𝑟
𝑅 senh 𝜙
Veja o gráfico abaixo, as séries são para diferentes valores do módulo de
Thiele, então quanto maior a série maior o valor de 𝜙.

173
Veja que os valores do módulo de Thiele afetam bastante as curvas de
concentração, isso porque esse módulo aparece somente em casos que
envolvem reação química, portanto a reação química é que comanda o perfil
de concentração nesses casos.
A primeira série se apresenta praticamente constante, onde o valor do
módulo é muito pequeno. Recapitulando, o módulo de Thiele relaciona
parâmetros operacionais (geometria) e reativos (velocidade da reação e
difusividade), então se o seu valor está sendo muito pequeno significa que a
difusividade do composto é muito alta ou que a velocidade da reação é
muito baixa ou que a geometria do material é muito pequena.
Então, podemos ter dois pontos de vista em nossa análise: 1) não está tendo
resistência à transferência de massa na esfera, pois a difusividade é o inverso
da resistência, se ela é muito alta, a resistência é muito baixa.
2) Não está ocorrendo reação química. Ou porque a velocidade da reação
é pequena demais, portanto quase impossível de ocorrer, ou porque a

174
geometria da esfera é muito pequena a ponto de não dá nem tempo de a
reação ocorrer. Pela equação da continuidade a reação química é um fator
chave muito importante e quando encontrarmos as equações de perfil todas
são dependentes dessa reação química, então se não há reação química o
perfil fica constante, porque se fosse para não ter reação era para ter
especificado isso nas hipóteses.
Com as séries seguintes vai se observando que está ocorrendo um equilíbrio
entre a velocidade da reação ou geometria da esfera e a difusividade, a partir
daí depende do que se deseja encontrar para determinar a melhor curva
para o caso.
Veja o que acontece com a última série, dessa vez com um valor muito alto
do módulo de Thiele:

Esse último caso as partículas já não estão conseguindo entrar na partícula,


justamente por causa das análises contrárias àquelas que fizemos antes:

175
1) Difusividade muito baixa, as partículas já não possuem habilidade de
entrar na esfera porosa;
2) Velocidade da reação ou geometria da esfera muito alta, com essas
características a partícula reagente nunca vai chegar no centro ou perto
do centro da esfera, pois ele será reagido antes de chegar nele, portanto
o reagente será consumido aproximadamente perto da superfície da
esfera.
Agora analisando a derivada da equação de concentração em relação ao raio
com módulos de Thiele diferentes:

Com uma pesquisa rápida no Wikipédia você encontra: “No cálculo, a


derivada em um ponto de uma função representa a taxa de variação
instantânea em relação a este ponto.”
Por exemplo, a velocidade é a derivada da posição, se há deslocamento de
posição, há velocidade, mas para desenharmos a velocidade precisamos da
derivada da posição, mas se a posição é constante a derivada é zero.

176
Então eu posso dizer aqui que aquele gráfico que eu lhe mostrei é uma
representação da velocidade com que a reação ocorre na esfera porosa.
As primeiras séries possuem um valor muito pequeno do módulo de
Thiele, veja que no gráfico 4 a primeira série se manteve constante e no
gráfico 5 a mesma série está em cima do valor zero, justamente por causa
do que eu expliquei antes.
Então, olhando a última série no gráfico 5, para um valor de módulo de
Thiele muito alto, veja que há um disparo da curva para cima, ora, nós
vimos antes que para um valor de módulo de Thiele muito alto as partículas
reagentes tendem a não conseguir chegar no interior da esfera, isso porque
elas são reagidas muito rapidamente, então aí está a explicação, veja que ela
não consegue atingir o centro, pois a reação ocorre rapidamente.
Veja a comparação entre o módulo de Thiele muito baixo e muito alto pelo
gráfico abaixo:

Agora veja para valores mais equilibrados do módulo de Thiele:

177
Essas análises são equivalentes para casos envolvendo variáveis
adimensionais, então você verá gráficos parecidos com esses e as suas
análises são as mesmas.
Esse gráfico abaixo também é do mesmo caso que estamos discutindo, a
esfera porosa catalítica, porém é um gráfico de variáveis adimensionais, veja
que a diferença entre ele e o gráfico 3 é que o gráfico 8 vai até zero e gráfico
3 não, mas ambos possuem o mesmo comportamento:

178
12.4 Análise de perfil do fator de efetividade
A análise do fator de efetividade tem uma visão geral que envolve todos
os casos, portanto utilizarei aqui um gráfico geral, sem especificações.

A análise gráfica do fator de efetividade tem dois lados da moeda, a


limitação difusiva e a limitação reativa. Veja uma equação padrão do
módulo de Thiele:

2
𝐾1 𝑅2
𝜙 =
𝐷𝐴𝑒𝑓
O módulo de Thiele e o fator de Efetividade são inversamente
proporcionais. Quando o módulo de Thiele é alto a efetividade é baixa, o
que significa que a reação não está tendo um resultado bom, lembrando
que:
𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 )
𝜂=
𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝑠𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)

179
Portanto, o fator de efetividade está indicando que a reação está enfrentado
uma resistência muito alta no meio, logo a reação está ocorrendo mais
facilmente na superfície e não dentro do material.
A explicação é basicamente a mesma que dei no tópico anterior, só estou
adicionando algumas outras coisas ao caso da efetividade.
Voltando, se a reação está tendo dificuldades em acontecer dentro do
material catalítico temos um problema de difusão aqui, a reação está
acontecendo sim, claro, mas está acontecendo antes do que queríamos,
portanto, uma reação muito rápida. Por isso se fala que há uma limitação
difusiva, pois, a partícula reagente tem dificuldade em entrar no material
catalítico antes de ser reagida.
Para valores de módulo de Thiele baixos a efetividade é alta, portanto temos
uma baixa resistência no meio, a partícula reagente entra muito facilmente
no material catalítico, só que, um módulo Thiele baixo significa pouca
reação ou quase nenhuma, dessa forma a partícula reagente está entrando
no material, porém sem ser reagida.

12.5 Análise de perfis em regime transiente com 3 termos na série de


Fourier
Os casos em regime transiente tendem a ter explicações gerais
parecidas, envolvendo as adimensionais, acuraria da série de Fourier e as
condições de contorno, é claro que cada caso é um caso, mas existem
características gerais que aparecerão em todos os casos, são essas
características que irei explorar aqui, você só deve ter a habilidade de
transportar essas explicações para outros casos, que não é muito difícil.
Para esta análise vou utilizar o Exemplo 5.2 apresentado no Cremasco –
Fundamentos de Transferência de Massa 2ª Ed, que fala sobre a extração
de cafeína de grãos de café em regime transiente com coordenadas esféricas.

180
Aqui vamos analisar uma quantidade muito grande de gráficos, prepare-se.
As condições de contorno e inicial são:
C.C.I.: 𝑡 = 0; 𝐶𝐴 (𝑟, 0) = 𝐶𝐴0 ; ∀ 𝑟;

𝑑𝐶𝐴
C.C.1: 𝑡 > 0; = 0; 𝑟 = 0; o que mostra um valor finito ou
𝑑𝑟 𝑟=0

lim 𝐶𝐴 (𝑟, 𝑡) = 𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑜;


𝑟→0

C.C.2: 𝑡 > 0; 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴∗ ; 𝑟 = 𝑅; onde 𝐶𝐴∗ é a concentração do soluto na


interface da partícula sólida com o solvente.

As equações utilizadas serão:


Equação do perfil de concentração adimensional nas variáveis
adimensionais
∞ 2
2𝑅 (−1)𝑛+1 𝑛𝜋𝑟 (−(𝑛𝜋) 𝐷𝑎𝑒𝑓 𝑡)
𝜃(𝑟, 𝑡) = ∑ sen ( )𝑒 𝑅
𝜋 𝑛𝑟 𝑅
𝑛=1
Equação do perfil de concentração adimensional nas variáveis originais

(−1)𝑛+1 (−𝛾𝑛2 𝐹𝑜𝑀 )
𝜃(𝜂, 𝐹𝑜𝑀 ) = 2 ∑ ( )
sen 𝜂𝛾𝑛 𝑒
𝛾𝑛
𝑛=1
Equação do perfil de concentração média adimensional nas variáveis
originais

1 2 (−(𝑛𝜋
2
6 ) 𝐷𝐴𝑒𝑓 𝑡)
𝜃̅ (𝑡) = 2 ∑ ( ) 𝑒 𝑅
𝜋 𝑛
𝑛=1
Equação do perfil de concentração média adimensional nas variáveis
adimensionais

181

1 (−𝛾𝑛2 𝐹𝑜 )
𝜃̅(𝐹𝑜𝑀 ) = 6 ∑ 𝑒 𝑀
𝛾𝑛2
𝑛=1

182
183
Dentre as observações principais, é evidenciado que em baixos valores de
Fourier a concentração adimensional se apresenta alta, mas em altos valores
de Fourier a concentração se apresenta baixa. Isso pode ser explicado
através da equação Fourier:
𝐷𝑎𝑒𝑓 𝑡
𝐹𝑜 𝑀 =
𝑅2
A difusividade e o raio são constantes, nesse caso, então para altos valores
de Fourier obtém-se altos valores de tempo, isso implica dizer que a
extração está sendo demorada, como a concentração numa dada posição
relativa está baixa é interpretado que uma extração demorada é uma
extração mais eficiente, pois a concentração de material solúvel numa dada
posição relativa está diminuindo, sendo o resultado da extração.
Por outro lado, um baixo valor de Fourier implica num tempo curto, o que
significa que a extração está ocorrendo rapidamente. Como a concentração
de material solúvel é alta, entende-se que uma extração rápida não é
eficiente, pois o material ainda se encontra presente no grão de café na
mesma posição relativa analisada antes.
Outra observação importante é que ao passo que a análise é feita perto das
bordas (𝜂 ≈ 1) a concentração adimensional máxima diminui, o que pode
ser interpretado como resultado da segunda condição de contorno
estabelecida para o caso, pois foi acordado que no centro da esfera haveria
um valor finito de concentração para 𝑡 > 0 ou uma concentração inicial
quando 𝑡 = 0, logo é conveniente observar que quando há um afastamento
do centro do grão a quantidade de material solúvel decaia até um valor
constante (𝐶𝐴∗).
Por fim, observa-se que para análises realizadas perto da origem do grão (𝜂
≈ 0) o valor de concentração adimensional máxima também diminui, o que
demonstra uma deficiência do modelo em tentar representar valores de
concentração próximo a origem, pois a primeira condição de contorno

184
estabelece uma quantidade não determinada de concentração no centro da
esfera, logo isso traz consequências nos estudos realizados próximos à
origem do grão de café.
Nos gráficos 10, 11 e 12 percebe-se que, mesmo com a mudança de posição
relativa, para altos valores de Fourier as equações com diferentes termos se
sobrepõem perfeitamente. Isso ocorre pois nos casos em que número de
Fourier é menor que 0,2 somente um termo da série não é o suficiente para
a modelagem do caso, por isso a partir desse valor as equações começam a
se distanciar nos gráficos.
Como discutido antes, um valor de Fourier pequeno resulta em uma
extração rápida, logo o modelo necessita ser mais detalhista para descrever
o que acontece com a concentração num curto tempo.
Já observando quando a posição relativa é próxima à origem, fica evidente
mais uma vez a falha do modelo em tentar representar o caso, pois longe
das bordas a extração é mais fácil, sendo que resistência é menor do que a
encontrada na interface, logo não é exigido acurácia intensa, assim como
visto no gráfico 11, porém não é o que se observa no gráfico 12, sendo assim
uma limitação da modelagem.

185
186
Os gráficos 13 e 14 se apresentam de forma incomum, sendo isso também
consequência das limitações do modelo matemático. Todavia, esses gráficos
são a representação mais clara do que antes estava implícito: a incapacidade
do modelo matemático em simular situações próximas à origem do grão.
No gráfico 13 é observado que quando o valor da posição relativa é 1, ou
seja, nas bordas, a concentração é aproximadamente zero, o que convém
com o caso, pois o material solúvel está concentrado no centro do grão de
café e ao passo que a posição se afasta em direção as bordas esse valor
diminui até um valor constante (𝐶𝐴∗).
Ainda no mesmo gráfico, é observado que a partir de 50 % da posição
relativa para baixo o modelo perde sua aplicabilidade, pois o mesmo tende
a retornar ao valor de concentração igual a zero, o que causa uma relação
intrínseca entre os gráficos 13 e 14.
O que vale ressaltar, novamente, que essa limitação é causa direta das
condições de contorno aplicadas sobre o caso.
O gráfico 14 demonstra a comprovação das discussões em relação à valores
pequenos de Fourier, aonde há uma distância considerável entre os dados
das equações de termos diferentes, portanto observa-se a necessidade de
utilizar cada vez mais termos para se modelar situações aonde a extração se
apresenta gradualmente mais rápida.
Para 𝐹𝑜𝑀 = 0,2 observa-se uma concentração de aproximadamente 0,09 na
posição relativa 0,5 e para 𝐹𝑜𝑀 = 0,001 já se observa na equação de 3 termos
que o valor de concentração aumenta para aproximadamente 0,9 na mesma
posição.
Portanto, mais uma comprovação das discussões anteriores a respeito dos
valores de Fourier, pois a posição 0,5 apresentou baixa concentração
quando o tempo de extração se mostrou maior (𝐹𝑜𝑀 = 0,2), ou seja,
extração mais eficiente, enquanto que num tempo de extração menor (𝐹𝑜𝑀

187
= 0,001) a concentração se apresentou alta, o que significa uma extração
ineficiente.

No Gráfico 15 percebe-se características semelhantes àquelas apresentadas


nos gráficos 10 ao 12, o que é o correto pois ambos os casos estão
envolvendo a mesma variável, a diferença é que no primeiro um valor de
posição relativa deve ser fixado, porém no neste não é necessário.
O mesmo comportamento referente a acurácia do modelo para valores
pequenos de Fourier é apresentado, dessa vez como o caso trata-se de
concentração média é importante a maior acurácia possível, pois percebe-
se distâncias consideráveis entre as equações de termos diferentes, o que

188
implica dizer que as equações de concentração geral são mais sensíveis à
resistência presente no sistema e precisam de uma modelagem com
margens de erros aceitáveis em casos de valores pequenos de Fourier.

189
A diferença entre os dois gráficos é que o 16 está pausado no tempo 27600
s e o 17 está pausado no tempo 1000 s, existe uma grande dificuldade
apresentada pelo modelo em demonstrar a extração num tempo curto,
justamente pelos motivos já explicado antes, a relação entre Fourier e o
tempo é direta, então existe uma ligação entre os gráficos de variáveis
adimensionais e de variáveis originais.
Contudo, há algo interessante acontecendo, no gráfico 17 as linhas do perfil
estão ultrapassando o número 1 do eixo x, sendo que a equação plotada é
uma equação adimensional da concentração, portanto não deveria
ultrapassar o 100 %, isso significa que para tempos curtos o modelo
necessita de mais acurácia para poder representar algo próximo do real, isso
é perceptível pelas linhas das equações com 2 e 3 termos que se entortam
para a esquerda a fim de atingir um valor mais condizente, que seria o 1.

190
191
Percebe-se novamente uma relação entre as adimensionais e as variáveis
originais, pois em todos os gráficos 18, 19 e 20, mesmo com a mudança de
raio fixo, o modelo consegue representar o caso muito bem para altos
valores de tempo, porém conforme esse tempo diminui a discrepância do
modelo aumenta.
Então agora deve-se analisar outra questão: existem dificuldades em o
modelo representar o caso tanto próximo da superfície como perto do
centro da esfera, isso se deve ao fato de que na interface existe a
concentração de equilíbrio, que representa uma forma de resistência a
grandes quantidades de transferência de massa, então o modelo precisa lhe
dar com essa diferença no meio, veja que no gráfico 19 o modelo consegue

192
representar muito bem boa parte do processo, isso acontece porque não há
nada de diferente nesse meio, mas conforme o material solúvel se aproxima
da interface maior será a resistência do meio.
Maior resistência, exige mais acurácia, isso porque o modelo tem que ser
capaz de representar mudanças em um curto tempo, imagine uma régua
que usamos para medir uma folha de papel, você não vai ter uma boa
acurácia se você usar essa mesma régua para medir seu quarto, você terá
muita dificuldade em realizar essas tarefa, então para isso você precisa de
uma ferramenta melhor, mais acurácia, então você poderá optar por uma
trena de pedreiro.
Isso vale tanto para próximo ao centro como próximo a superfície, porque
perto do centro significa que o modelo está sendo forçado a analisar um
espaço milimétrico dentro da esfera, portanto você precisa obrigatoriamente
de mais acurácia.
É por isso que fazemos uma disciplina chamada Metrologia e
Instrumentação, as equações são os Instrumentos e como elas conseguem
medir as coisas é a Metrologia.
Veja novamente o esforço das equações com cada vez mais termos em
tentar corrigir o problema de a concentração adimensional ser maior que 1,
o que fica bastante evidente que são necessários mais termos da série de
Fourier para uma boa análise.

193
O gráfico 21 tem características parecidas com o gráfico 15, que mostra o
perfil de concentração média adimensional em relação a Fourier, portanto
mais uma vez é evidente que resistência no meio pesa bastante nesse gráfico
que se mostra bem sensível às resistências.
Esse gráfico resume tudo que vimos antes: para tempos curtos, é necessário
mais acurácia, e para tempos grandes não é necessária tanta acurácia, o que
pode ser uma boa forma de se ter uma visão geral de um caso antes de se
especificar em algumas partes.

194
12.6 Análise de perfis em regime transiente de 8 a 20 termos na série de
Fourier

195
Os gráficos 22 e 23 evidenciam e comprovam as discussões realizadas para
o mesmo caso utilizando somente até três termos. O gráfico 22 apresenta a
não necessidade de alta acurácia por parte do modelo por causa do alto
tempo já decorrido pela extração enquanto que o gráfico 13 apresenta a
discrepância de dados resultante da indeterminação das condições de
contorno ao definir o que ocorre na origem da esfera.
Percebe-se que no gráfico 23 o modelo tenta corrigir e superar as suas
próprias limitações ao passo que cada termo do somatório é adicionado até
que a partir da equação com sete termos um resultado mais coerente é
apresentado, indicando que na origem da esfera a concentração
adimensional seria 1. Portanto, conclui-se que para melhor descrever esse
comportamento em relação ao raio é necessário a utilização de pelo menos
sete termos da somatória da equação.

196
Novamente é evidenciado nos gráficos 24 e 25 que o modelo tende a
corrigir-se ao passo que novos termos são adicionados às equações aonde
no gráfico 24 aparentemente até o terceiro termo é o suficiente e no gráfico
25 são necessários pelo menos 7 termos para uma boa acurácia, pois a partir
desse termo é apresentado que no centro do grão de café a concentração é
1, ou seja, 100 %.
Observando os casos envolvendo as variáveis originais até agora percebe-se
que quando é exigido do modelo a representação do caso perto do centro
do grão de café ou em tempos pequenos de extração é exigido mais
acurácia. Isso se deve a uma relação direta entre essas duas variáveis e o
número de Fourier, ou seja, pequenos valores de raio exigem do modelo
que apresente resultados de um curto espaço relativamente muito pequeno
comparado com o tamanho do grão.

197
198
Nos gráficos 26 e 27 as limitações da modelagem são novamente expostas,
porém dessa vez percebe-se no gráfico 26 que mesmo com sucessivos
termos do somatório adicionados à equação o modelo não tende a corrigir
o erro da concentração zero no raio zero, isso porque esse erro não é um
erro de acurácia, como nos casos anteriores, é um erro de limitações das
condições de contorno, portanto é intrínseco ao modelo e não há como
corrigir.
O gráfico 27 apresenta a importância de uma boa acurácia para pequenos
valores de Fourier, ou seja, tempo de extração rápida, pois o tempo curto
analisado exige que o modelo possa descrever detalhes e detalhes são cada
vez melhor percebidos com o aumento da acurácia.

199
Os gráficos 28 e 29 se apresentam sem muitas diferenças de suas primeiras
aparições nos gráficos 10,11 e 12, portanto conclui-se que para valores de
posição relativa muito pequenos pelo menos quatro termos são o suficiente
para uma boa acuraria e para valores altos de posição relativa somente um
termo descreve o comportamento muito bem.

200
201
Em ambos os casos é observado a necessidade de boa acurácia em casos de
perfis de concentração média, assim como foi discutido antes, sendo que
no gráfico 30 a partir da equação com quatro termos é obtido uma
modelagem aceitável e no gráfico 31 os 8 termos são necessários por causa
da evidente distância que há entre os resultados, que pode ser melhor
observado através de uma aproximação:

Observa-se no gráfico 32 que existe uma distância considerável entre os


termos, portanto as equações estão indo cada vez mais adiante, logo é
necessário estudar esse perfil com mais acurácia. Plota-se esse mesmo perfil,
porém dessa vez com até vinte termos da série das equações:

202
Esse gráfico comprova as discussões anteriores sobre o fato do modelo se
corrigir a cada termo da série a fim de determinar uma concentração
adimensional no centro do grão de 100 %, o que é conveniente com o caso
real. Portanto, entende-se que para uma análise mais completa da
concentração adimensional no meio em relação ao Fourier é necessário
altíssimo acurácia, de tal forma a corrigir os desvios da modelagem.

203
13. Reação química
de 2ª ordem em
Regime Permanente
13.1 O que muda? - Não vamos ficar enrolando, né?
Seguinte, já vimos muita coisa até agora, regime permanente com e
sem reação química das mais variadas formas, regime transiente e análise de
gráficos em diversas situações, mas é necessário estar preparado para
situações diversas, aqui nós só vimos reação de primeira ordem, mas e se
for de segunda?
Vamos listar duas preocupações principais para a formulação do seu
modelo de acordo com uma reação química:
- A equação química;
- A ordem da reação.
Esses dois tópicos são os principais para formulação do seu modelo, então
preste bastante atenção neles por favor.

13.2 Equações químicas - O que fazer com elas?


Quando você tem em mãos a equação química você deve
imediatamente deduzir como será o fluxo de matéria dos compostos dessa
equação, ou seja:
𝑁𝐴 𝑁𝐵 ⋯

204
Então, vamos ver como é essa história. Por exemplo, temos a seguinte
situação:
2𝐴 + 𝐵2 → 2𝐶
Os fluxos de massa ficam:
𝑁𝐴 𝑁𝐵2 𝑁𝐶
= =−
2 1 2
Isso afeta na hora de calcular o fluxo 𝑁𝐴 antes de colocar na equação da
continuidade, veja como proceder:
Primeiro: escolha quem é o seu foco, se por exemplo quero me focar na
transferência de massa de B em relação aos demais devo fazer:
𝑑𝐶𝐵
𝑁𝐵𝑧 = −𝐷𝐵𝐴 + 𝑥𝐵 (𝑁𝐴𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 + 𝑁𝐶𝑧 )
𝑑𝑧
Então colocamos tudo em relação a B:
𝑁𝐴 𝑁𝐵2 𝑁𝐵2 𝑁𝐶
= =− → 𝑁𝐴 = 2𝑁𝐵2 𝑁𝐶 = −2𝑁𝐵2
2 1 1 2
Logo:
𝑑𝐶𝐵
𝑁𝐵𝑧 = −𝐷𝐵𝐴 + 𝑥𝐵 (2𝑁𝐵𝑧 + 𝑁𝐵𝑧 − 2𝑁𝐵𝑧 )
𝑑𝑧
Organizando:
𝐷𝐵𝐴 𝑑𝐶𝐵
𝑁𝐵𝑧 =−
(1 − 𝑥𝐵 ) 𝑑𝑧

13.3 Ordem da reação - Será mesmo uma preocupação?


Sua preocupação primordial acaba aqui, porque eu tenho certeza que
você sabe o que acontece daqui para frente né?

205
Substitui na equação da continuidade, deriva e depois corre para resolver a
EDP ou EDO.
Agora a nossa segunda preocupação é sobre a ordem da equação, o que ela
afeta? Então vamos lá, uma equação de segunda ordem pode ter duas
formas:
𝑅𝐴 = −𝑘𝐴 𝐶𝐴2 𝑅𝐴 = −𝑘𝐴 𝐶𝐴 𝐶𝐵
Para o exemplo que citei convém mais utilizar o segundo caso, então a nossa
equação da continuidade para coordenadas retangulares em regime
transiente unidirecional em z é:
𝜕𝑁𝐵 𝜕𝐶𝐵
− − 𝑘𝐴 𝐶𝐴 𝐶𝐵 =
𝜕𝑧 𝜕𝑡
Organizando e substituindo o valor de 𝑁𝐵 a EDP fica:
𝑑 2 𝐶𝐵 𝑘𝐴 𝐶𝐴 𝐶𝐵 𝜕𝐶𝐵
− (1 − 𝑥𝐵 ) =0
𝑑𝑧 2 𝐷𝐵𝐴 𝜕𝑡
Daqui para frente já são métodos mais avançados de cálculos que não nos
convém agora abordar, o que importa é você chegar aqui.

13.4 Condições de contorno em casos envolvendo reação química - Muda


muita coisa, tenha isso me mente
Vamos retornar ao caso em regime transiente que tratamos
anteriormente, a saber o caso do capilar contendo oxigênio e água, o que
acontece se esse caso virar um caso de reação química homogênea? Os
cálculos vão ser parecido com o que relatei agora pouco, sim, mas e as
condições de contorno?
Vamos aprender agora a entender o que acontece com um sistema quando
ele está em reação química, o que pode, o que não pode é porquê.

206
1) É impossível ter um caso envolvendo reação química aonde temos o
fluido B contendo algumas moléculas de A no tempo zero:
- No caso da água e oxigênio é claro que tem
moléculas de oxigênio na água por natureza,
mas se isso fosse um caso de reação química,
jamais poderemos dizer que moléculas A já
existem em B por natureza, ora se isso é uma
reação química obrigatoriamente A tem que
começar puro e B também, porque se você
dizer que existe AB dentro de B no tempo
zero está cometendo uma contradição,
porque você simplesmente está afirmando
que alguma reação já ocorreu, então o tempo
não é zero.
2) É obrigatório utilizar um parâmetro de limite do tamanho do objeto
de estudo:
- No caso do capilar com água e oxigênio você viu que consideramos
𝐶𝐴 = 𝐶𝐴0 em 𝑧 → ∞, ótimo, mas essa afirmação não pode ser usada
em caso de reação química, porque todo caso envolvendo reação
química deve ter o módulo de Thiele e para coordenadas retangulares
sua forma fica:
2
𝑘1 𝐿
𝜙2 =
𝐷𝐴𝑒𝑓
- Se usarmos a mesma condição de z tendendo ao infinito o que vamos
usar como parâmetro operacional para o módulo de Thiele? Nada,
então temos que usar um parâmetro determinando o limite do
tamanho do capilar e depois realizar uma adimensional relacionando
a posição.

207
3) A concentração na interface ou concentração de equilíbrio não
depende da reação:
- Você pode até imaginar que por haver reação química não existiria
uma concentração da interface, mas como você pode ter tanta certeza?
Vou deixar algo bem evidente aqui: a concentração de equilíbrio ou da
interface existe por causa das diferenças resistivas que existem entre os
compostos, não significa que deve ter reação química ou não, existem
reagentes bastante viscosos que você encontra pelo laboratório,
imagine submete-los a um gás? O quão difícil isso seria? Então, por
isso, jamais relacione reação química com concentração da interface,
o que pode acontecer é que o líquido B seja tão viscoso que a reação
acaba se tornando heterogênea (somente na superfície) em vez de
homogênea.

208
14. Convecção
14.1 Introdução a Convecção - O entendimento da coisa.
Então, o que é convecção?
Basicamente é o movimento dos fluidos, é a diferença de velocidade entre
um fluido e um objeto ou entre dois ou mais fluidos.
Só que temos que ter muito cuidado, estamos no limite entre os fenômenos
de transporte de massa e os fenômenos de transporte de fluidos
(momentum), porque ambos possuem a mesma aplicação do termo
convecção, mas com certeza não são iguais.
A diferença crucial entre a convecção do transporte de massa com a
convecção da mecânica dos fluidos é: o escoamento dos fluidos é
determinado pela convecção estudada na mecânica dos fluidos, mas quando
há uma diferença de concentração entre um meio que está escoando e outro
próximo temos uma transferência de massa em meio a uma convecção.
Se você não entendeu, vai entender agora.
A convecção que vamos abordar é a mesma convecção que você estudou lá
na mecânica dos fluidos, só que o foco do estudo não será ela, o que vai
acontecer é que a convecção dos fluidos estará evidenciada em nossos
cálculos, só isso.
Para isso acontecer algum fluxo molar de seu interesse deve “querer”
atravessar um meio aonde tem um fluido escoando, se tem um fluido
escoando então tem convecção, que deve ser evidenciada em seus cálculos.
Então é só isso, diferença de concentração entre dois meios onde um ou os
dois estão em movimento, exige que a convecção seja tratada nos cálculos.

209
14.2 Os primórdios da convecção - Tudo tem o seu estopim
A convecção é um estudo a parte do fenômenos de transporte de
massa, deveria ser até outra disciplina (mas ninguém quer isso), logo pode
ter certeza que esse assunto será um dos mais corridos e o seu professor
não tá nem aí se você vai conseguir entender ou não, o objetivo é dar a aula,
independentemente de qualquer coisa.
Existe uma coisa chamada “Resistência Externa”, você pode chama-la de
estopim da convecção, ela é a responsável por alguns comportamentos
encontrados em situações de transferência de massa lentas ou rápidas e
quando consideramos ela, muita coisa muda e os estudos em cima disso são
pesados.
O grande medidor de resistência interna e externa é o número Biot mássico,
uma adimensional:
𝐿 𝑐 𝑘𝑚
𝐵𝑖𝑀 =
𝐷𝑒𝑓
𝑘𝑚 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜, 𝐿𝑐 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜
.
Através dele você consegue entender o que está acontecendo, vamos a dois
exemplos distintos:
1. Ao realizar uma secagem, grande quantidade da umidade está exposta
à superfície do material, logo a secagem é bastante rápida, portanto
temos que nesse caso 𝐵𝑖𝑀 → 0.
Não devemos querer olhar somente para o fato de a difusividade ser alta e
por isso o Biot será muito pequeno, é errado isso. Devemos envolver tanto
a situação externa e interna para entendermos melhor.
Vamos olhar para essa situação com outros olhos, veja que a umidade está
posicionada em sua maioria na superfície, logo a convecção do ar secando

210
o material influencia e muito na transferência de massa, porque mal existe
resistência interna, pelo simples fato de não tem muita umidade. Logo, para
𝐵𝑖𝑀 → 0 a resistência externa influência mais que a interna.
2. Em outra secagem, além de umidade na superfície o material também
possui umidade no seu interior, e por causa da dificuldade apresentada
para a retirada dessa umidade no interior, ela se torna muito lenta,
portanto 𝐵𝑖𝑀 → ∞.
Veja, a superfície é rapidamente secada, mas o seu interior demora muito,
logo temos que a resistência interna é mais evidente na transferência de
massa do que a resistência externa, que não influência muito porque a
secagem é bastante rápida.
Então, em que essa resistência externa modifica os nossos estudos?
Veja bem, a resistência interna é a dificuldade de um fluxo molar penetrar
ou atingir o interior de um sólido ou fluido, já a resistência externa é a
dificuldade de o fluxo molar penetrar ou atingir a superfície ou interface de
um sólido ou fluido.
Quando essa resistência externa se torna evidente, não podemos
simplesmente usar cálculos da difusão para querer modelar isso, é
necessário mudar o foco dos estudos e envolver novas situações, pois os
cálculos difusionais conseguem modelar situações no interior do meio em
que o fluxo molar está, mas não a interface ou a superfície.
Por isso a partir de agora, seja bem-vindo ao inferno que se chama
convecção.

211
14.3 O princípio da absorção - Vejo uma terra distante chamada Operações
Unitárias
O fluxo total mássico é representado pela contribuição difusiva e
convectiva:
𝑁𝐴𝑇 = 𝑑𝑖𝑓𝑢𝑠ã𝑜 + 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜
Que são representadas pelas seguintes equações:
𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑇 = −𝐷𝐴𝐵 + 𝐶𝐴 𝑣
𝑑𝑥
Evidenciando a resistência externa, temos a convecção:
𝑁𝐴 = 𝐶𝐴 𝑣
Mas podemos representar essa equação como:
𝑁𝐴 = 𝑘𝑐 (𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞ )
Aonde 𝑘𝑐 é o coeficiente convectivo mássico, 𝐶𝐴𝑠 é a concentração inicial
de A onde o fluxo molar é originado e 𝐶𝐴∞ é a concentração de A presente
no fluido.
Essa equação pode ser representada de diversas formas:
Para meios líquidos
𝑁𝐴 = 𝑘𝑐 (𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞ ) = 𝐾𝑐 (𝑥𝐴𝑠 − 𝑥𝐴∞ )
Para meio gases
𝑁𝐴 = 𝑘𝑐 (𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞ ) = 𝐾𝑐 (𝑦𝐴𝑠 − 𝑦𝐴∞ )
Quando temos evidenciado resistência externa, temos que considerar a
ocorrência de películas formadas na interface (fronteira) entre gases,
líquidos e sólidos, ou seja, películas formadas entre fases.

212
Quando queremos estudar o que acontece na interface devemos entender
e analisar o comportamento do fluxo molar que sai de uma fase e vai para
outra, é como se estudássemos resistências presentes no meio.
Observe essas películas gasosa e líquida:
Temos aqui um fluxo molar que recebe a
influência das películas formadas na
interface entre líquidos e sólidos, as
concentrações 𝑦𝐴𝐺 e 𝑥𝐴𝐿 representam
frações presentes no seio do gás e do
líquido respectivamente, já as
concentrações 𝑦𝐴𝑖 e 𝑥𝐴𝑖 representam as
frações existentes na interface entre os
fluidos.
Podemos equacionar essa situação como:
𝑁𝐴𝐺 = 𝐾𝑦 (𝑦𝐴𝐺 − 𝑦𝐴𝑖 )
𝑁𝐴𝐿 = 𝐾𝑥 (𝑥𝐴𝑖 − 𝑥𝐴𝐿 )

Para estudos como esses, é montado um gráfico envolvendo as frações em


meio gasoso e líquido a fim de entender como está ocorrendo a absorção
de A pela película gasosa e líquida.

213
Nesse gráfico os pontos mais desejados que procuramos são aqueles que
envolvem a seguinte situação:
As frações 𝑦𝐴∗ e 𝑥𝐴∗
representam a máxima
composição de A que podem
ser absorvidas em uma mesma
condição de operação.
Por exemplo, quando um
material é secado a umidade
da sua superfície é
rapidamente retirada até que
se atinge um valor de
concentração constante nesse
local até que a secagem
termine, esse valor constante é o equilíbrio dinâmico representado pelo
asterisco nas frações.

214
Então porque é interessante estudar isso? Para que possamos entender
como aumentarmos a eficiência do transporte de massa em um meio, como
por exemplo, podemos aumentar a velocidade de secagem no interior de
um material através desses conhecimentos.
Quando temos 𝑦𝐴∗ significa que estamos estudando o equilíbrio da fração
de A em um meio gasoso e 𝑥𝐴∗ significa que é o estudo do equilíbrio da
fração de A em meio líquido. No caso da secagem de um material sólido
usaríamos 𝑥𝐴∗ para descrever a concentração de equilíbrio atingida pelas
condições utilizadas na secagem.
Seu equacionamento fica:
𝑁𝐴𝐺 = 𝐾𝑦 (𝑦𝐴𝐺 − 𝑦𝐴∗ )
𝑁𝐴𝐿 = 𝐾𝑦 (𝑥𝐴∗ − 𝑥𝐴𝐿 )
Quando a concentração de A é muito baixa no meio podemos considerar
que estamos tratando de uma situação ideal, aonde nossa curva vira uma
reta.
Através do coeficiente angular dessa reta podemos encontrar a constante de
Henry que vem de uma lei que diz assim:
“[...] quanto maior o valor da constante menor a solubilidade a determinada
pressão parcial do gás.”.
Dessa forma, temos uma outra oportunidade de relacionar o nosso gráfico
e encontrar dados importantes:
𝑦𝐴𝑖 = 𝑚𝑥𝑖 𝑦𝐴∗ = 𝑚𝑥𝐴𝐿 𝑦𝐴𝐺 = 𝑚𝑥𝐴∗
Aonde “m” é a constante de Henry.

215
14.4 O caso da parede molhada - O primeiro exemplo a gente nunca
esquece

Objetivo:
Modelar a transferência de massa a partir do fluxo mássico de A penetrando
num líquido B que escorre por uma parede.
Só temos que ter em mente a seguinte situação: quem é o nosso sistema?
Veja que todo o nosso objeto de estudo é muito grande, tem parede, tem
líquido e tem gás, mas quem entra dentro do sistema aonde vamos limitar
as nossas análises?
Veja o seguinte: o que queremos observar é o fluxo de A, ele é o foco
principal dos nossos estudos, então, temos que ter cuidado, será possível

216
que alguma quantidade de A possa entrar numa parede? Acho que não.
Mas então quanto ao fato de se ter uma grande área do gás A?
A pergunta certa é: a partir de que ponto a concentração de A começará a
se modificar?
A partir do momento em que ela encontrar resistências pelo meio do
caminho.
Você sabe, da elétrica, que a resistência de um fio modifica a corrente ou
tensão que passa por ele, não é diferente aqui, quando um fluxo mássico
encontra uma dificuldade em ser transportado, acaba que o seu transporte
vai diminuindo de eficiência até que essa resistência seja altíssima (como
uma parede) ou que o fluxo simplesmente desapareça.
Então, no ar, aonde o gás A se encontra, é improvável que haja alguma
resistência, pois esse é o local de origem de A, portanto sua concentração é
a inicial, porém a partir do momento que ele se encontrar com o líquido B,
pode ter certeza que as coisas vão mudar, isso por causa da resistência que
o líquido naturalmente apresentará para a difusão de A.
Logo, concluímos que o nosso sistema será delimitado somente ao líquido
B, nem parede e nem no ar.
Vamos às hipóteses:
- Regime permanente;
Por enquanto, nada de transiente para cá.
- Sem reação;
Nada de reação especificada no caso apresentado, é uma simples difusão.
- Gás estagnado (𝑁𝐴 = 0);
O gás não apresenta movimento, ou seja, o movimento mecânico do fluido
não existe, somente o de pequenas moléculas, que é a difusão.

217
- Mistura binária;
Temos uma mistura entre um gás A e um líquido B.
- Propriedades constantes (𝐷𝐴𝐵 = 𝑐𝑡𝑒);
O caso apresentado não mostra sinais de mudança de propriedades físico
químicas.
- Bidimensional (x e z);
Temos duas direções importantes para o nosso estudo aqui, o primeiro é
em x, porque é o sentido em que o fluxo de A está se apresentando, e esse
fluxo existe justamente por causa da diferença de concentrações de A
existente entre o ar e o líquido B; no segundo caso temos que em z
representa a queda do líquido B em relação a parede e o fluxo de A ocorre
em vários pontos de z não somente em um, e ainda mais, por causa da
queda de B pode ser que haja um arraste do fluxo de A forçando-o a seguir
em z.
- Fluxo molar de A em x e em z (𝑁𝐴𝑥 𝑒 𝑁𝐴𝑧 );
Como foi explicado antes, a queda do líquido B na parede pode causar um
arraste do fluxo molar de 𝑁𝐴𝑥 fazendo-o cair na mesma direção, ou seja, o
fluxo molar agora se torna 𝑁𝐴𝑧 .
- Velocidade constantes em z (𝑣 (𝑧) = 𝑐𝑡𝑒);
Bom, estamos em regime permanente, então, estamos considerando que o
líquido B começou a deslizar sobre a parede e só depois do sistema se
estabilizar é que aplicaríamos nossas equações, portanto, o sistema está
“plenamente desenvolvido”, ou seja, ele atingiu o tempo de acomodação e,
portanto, suas propriedades mecânicas se tornam constates.
- Velocidade variável em x (𝑣(𝑥 ) ≠ 𝑐𝑡𝑒);
Lembra de mecânica dos fluidos? Então...

218
Todo fluido possui um perfil de velocidade, esse perfil de
velocidade se relaciona com a pressão exercida sobre o fluido
e a camada limite apresentada pelo mesmo, portanto, se existe
um perfil de velocidade é óbvio que existe uma variação de
velocidade em x (o fluido está na vertical).
Lembrando que, para fazer isso, temos que considerar o estado
do fluido em regime laminar, porque se for turbulento a
velocidade em x seria constante também (por causa do perfil
pistonado).
Através dessas hipóteses, a equação da continuidade é
simplificada para:
𝜕𝑁𝐴𝑥 𝜕𝑁𝐴𝑧
+ =0
𝜕𝑥 𝜕𝑧
Então, temos dois fluxos molares que são apresentados da
seguinte forma: Fonte: Brunetti

𝜕𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑥 = −𝐷𝐴𝐵 𝑁𝐴𝑧 = 𝐶𝐴 𝑣𝑚𝑎𝑥
𝜕𝑥
Veja o que aconteceu, em x temos o efeito difusivo, A está entrando em B,
mas e a velocidade? Bom, se você lembra, a convecção está ocorrendo
somente em z, pois é onde há a queda do líquido, mas em x não temos
convecção, não existe nenhuma outra força deslocadora que esteja na
direção x, então não há convecção.
No segundo caso temos que há somente convecção, nada de difusão, o que
é a verdade, em z quem comanda é a queda do líquido B e é por causa
dessa queda que existe fluxo molar em z, porque o que estamos analisando
aqui não é a queda do líquido, mas sim como A se difunde nele.
Encontrando a EDP:

219
𝜕 𝜕𝐶𝐴 𝜕
[−𝐷𝐴𝐵 ] + [𝐶𝐴 𝑣𝑚𝑎𝑥 ] = 0
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑧
Derivando e isolando:
𝜕𝐶𝐴 𝜕 2 𝐶𝐴
𝑣 = 𝐷𝐴𝐵
𝜕𝑧 𝑚𝑎𝑥 𝜕𝑥 2
Através da velocidade máxima e da posição z é possível encontrar tempo
fazendo:
𝑡 ∗ = 𝑧/𝑣𝑚á𝑥
Por fim a EDP se apresenta como:
𝜕𝐶𝐴 𝜕 2 𝐶𝐴
= 𝐷𝐴𝐵
𝜕𝑡 ∗ 𝜕𝑥 2
Condições de contorno:
Chegamos na parte mais delicada do nosso estudo, com a convecção temos
que ter cuidado com o que vamos considerar, nós vimos na análise gráfica
que as condições de contorno podem ser cruciais no desenvolvimento de
modelos mais sólidos e representativos, ou seja, modelos que possam nos
passar confiança e fidelidade de casos reais, portanto, cuidado com o que
você considera.
1) 𝑡 ∗ = 0, 𝐶𝐴 = 0, ∀ 𝑥
Temos a nossa condição inicial, aonde estamos considerando que o
líquido é puro por natureza, ou seja, o líquido originalmente não possui
qualquer tipo de concentração de alguma substância dentro dele, isso faz
com que no tempo zero o líquido possuía concentração zero em toda
extensão do líquido.
2) 𝑥 → ∞, 𝐶𝐴 = 0; 𝑡 ∗ > 0
Essa condição de contorno está dizendo que quando a posição no eixo
x tiver tendendo ao infinito a concentração de A será zero para qualquer

220
tempo acima de zero. Mas o que isso quer dizer? Veja que x foi colocado
na superfície do líquido, aonde se encontra o gás, então o infinito representa
a parede, então estamos basicamente falando que na parede a concentração
de A será zero.
3) 𝑥 = 0, 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴 𝑜 , ∀ 𝑡 ∗ .
A posição zero no eixo x é a superfície do líquido, então com essa
condição estamos afirmando que a concentração de A na superfície do
fluido é a concentração inicial presente no gás, ou seja, a máxima
concentração possível, o que é conveniente pois o gás está em contato direto
as moléculas do líquido, é a maior interação possível entre ambos.
Adimensionalizando:
𝐶𝐴 − 𝐶𝐴0
𝜃=
𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0

𝐶𝐴 = (𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0 ) 𝜃 + 𝐶𝐴0


𝜕𝐶𝐴 𝜕𝜃
= (𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0 )
𝜕𝑥 𝜕𝑥
𝜕 2 𝐶𝐴 𝜕2𝜃
= (𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0 ) 2
𝜕𝑥 2 𝜕𝑥
𝜕𝐶𝐴 𝜕𝜃
= (𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0 ) ∗
𝜕𝑡 𝜕𝑡
Substituindo na EDP:
𝜕2𝜃 1 𝜕𝜃
(𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0 ) 2 − (𝐶𝐴𝑝 − 𝐶𝐴0 ) ∗ = 0
𝜕𝑥 𝐷𝐴𝐵 𝜕𝑡
𝜕 2 𝜃 𝜕𝜃
𝐷𝐴𝐵 2 = ∗
𝜕𝑥 𝜕𝑡
Aplicando as condições de contorno em relação a adimensional:

221
i) 𝑡 = 0, 𝜃 = 0; ∀ 𝑥
2) 𝑥 → ∞, 𝜃 = 0, ∀ 𝑡;
3) 𝑥 = 0, 𝜃 = 1, ∀ 𝑡

Independentemente da situação física, supõe-se a existência de uma variável


𝜂, definida por:
𝑥
𝜂=
𝛿 (𝑡)
Que representa o comportamento de um soluto em meio semi-infinito
dependente do tempo, mas Fahien, 1983, p. 291, mostra que:
𝑥
𝜂=
(4𝐷𝐴𝐵 𝑡 ∗ )1/2
Substituindo na EDP:
𝜕2𝜃 𝜕𝜃
+ 2𝜂 =0
𝜕𝜂2 𝜕𝜂
Então as condições de contorno ficam:
C.I e C.C.2 = C.C.1* para 𝜂 → ∞, 𝜃 = 0, ∀ 𝑡 ∗ ;
C.C.1 = C.C.2* para 𝜂 = 0, 𝜃 = 1, ∀ 𝑡 ∗
Integrando a EDP:
𝜕𝜃
ln = ln 𝐶1 − 𝜂2
𝜕𝜂
Organizando:
𝜕𝜃 2
= 𝐶2 𝑒 −𝜂
𝜕𝜂
Separando variáveis e integrando:
222
𝜂
2
𝜃 = 𝐶3 + 𝐶2 ∫ 𝑒 −𝜂 𝑑𝜂
0
Aplicando segunda condição de contorno:
𝜂
2
1 = 𝐶3 + 𝐶2 ∫ 𝑒 −0 𝑑𝜂 = 𝐶3
0

Agora aplicando a primeira condição de contorno sabendo que 𝐶3 = 1:



2 1
0 = 1 + 𝐶2 ∫ 𝑒 −𝜂 𝑑𝜂 → 𝐶2 = − ∞ 2
∫0 𝑒 −𝜂 𝑑𝜂
0
Portanto:
𝜂 −𝜂2
∫0 𝑒 𝑑𝜂
𝜃 =1− ∞ 2
∫0 𝑒 −𝜂 𝑑𝜂
Que pode ser reduzida em:
𝜂
2 2
𝜃 =1− ∫ 𝑒 −𝜂 𝑑𝜂
√𝜋
0
Reconhecendo que nessa resposta se encontra a função erro:
𝑥
𝜃 = 1 − erf 𝜂 = 1 − erf [ ]
√4𝐷𝐴𝐵 𝑡∗
Substituindo o valor 𝑡 ∗ :
𝑥𝐴 − 𝑥𝐴0 𝑥
= 1 − erf [ ]
𝑥𝐴𝑝 − 𝑥𝐴0 √4𝐷𝐴𝐵 𝑧/𝑣𝑚á𝑥

223
Tenho certeza que você não sabe descrever o que essa equação está
querendo dizer, nem eu.
É para isso que serve os gráficos né?
Considerando placa com 1 m de altura e 𝑫𝑨𝑩 = 𝟏𝟎−𝟕 :
Perfil de concentração em velocidade máxima 1 m/s

Já relacionando a altura da placa, na parte superior a concentração de


A ainda é pequena no meio, pois como a água é pura, ela inicia com
concentração zero de A, dessa forma no topo da placa o líquido apresenta
concentração nula e conforme vai descendo a concentração vai aumentando
gradualmente até que no final da placa o líquido se apresente saturado de
A, dependendo da velocidade do líquido e da altura da placa, justamente
porque desde do topo até o final, o fluxo molar que penetra no líquido é
arrastado por causa da convecção causando um efeito acumulativo de
concentração no seio do fluido.

224
A velocidade influencia no tempo necessário para que o líquido seja
saturado pela placa, pois um líquido com uma velocidade máxima muito
pequena permite que o fluxo molar que penetra no líquido possa atuar cada
vez mais profundo na espessura do mesmo, sendo que se a velocidade for
alta o fluxo molar rapidamente será arrastado pela força da convecção
influenciando somente na superfície do fluido enquanto que em uma
velocidade menor a influência poderia ser em boa parte do interior do
fluido.
A consequência disso é que em uma velocidade menor o líquido será
saturado rapidamente e numa velocidade maior o líquido irá demorar mais
para ser saturado, e isso influência no tamanho da placa, pois uma placa
muito curta pode não condicionar um tempo suficiente para que o líquido
receba uma boa influência da transferência de massa, logo seria necessário
diminuir mais a velocidade do líquido.
Perfil de concentração em velocidade máxima 0,1 m/s

225
Como pode ser observado, uma velocidade menor
propicia para que o líquido atinja a saturação mais
rapidamente, aonde o 0 significa o final da placa e 0,9 o topo
da placa. O que pode ser observado que no topo da placa a
concentração é nula e ao passo que desce o perfil tende a subir
e atingir o ponto mais alto, que é a saturação.
Se fôssemos desenhar o que esse gráfico está representando
poderíamos fazer isso que está ao lado, as cores alaranjadas
mostram a quantidade de concentração de A presente no
meio. Veja que em boa parte da parede somente uma pequena
parte da superfície do líquido é afetado pelo fluxo molar de A,
somente depois de descer até perto da base da parede é que a
situação começa a se modificar até que o líquido se torna
saturado.

226
14.5 O cilindro molhado - O que muda?
Tá, analisamos uma parede molhada, mas o que
aconteceria se por acaso fosse um cilindro molhado?
Isso poderia ser interessante, não?
Vamos só envolver os tópicos importantes aqui, para
ver o que realmente mudaria com um caso envolvendo
um cilindro em vez de uma parede.
Um cilindro molhado se apresentaria como a figura ao
lado mostra.
Somente duas coisas vão mudar do caso da parede para
esse:
✣ Equação da continuidade;
✣ Fluxos molares;
✣ Condições de contorno.
A equação da continuidade parte do balanço de massa
aonde temos que:
Δ𝑥 → Δ𝑟 Δ𝑦 → rΔ𝜙 Δ𝑧 → Δ𝑧
Logo:
1 𝜕(𝑁𝐴𝑟 𝑟) 1 𝜕𝑁𝐴𝜙 𝜕𝑁𝐴𝑧 𝜕𝐶𝐴
−[ + + ] ± 𝑅𝐴 =
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜙 𝜕𝑧 𝜕𝑡
Após aplicar as hipóteses, com a única exceção de não ser mais
bidimensional e sim tridimensional:
1 𝜕(𝑁𝐴𝑟 𝑟) 1 𝜕𝑁𝐴𝜙 𝜕𝑁𝐴𝑧
+ + =0
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜙 𝜕𝑧
Com a modificação da geometria nossos fluxos molares também mudarão:

227
𝑑𝐶𝐴 𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑟 = −𝐷𝐴𝐵 𝑁𝐴𝜙 = −𝐷𝐴𝐵 𝑁𝐴𝑧 = 𝐶𝐴 𝑣(𝑥 )
𝑑𝑟 𝑑𝜙
O fluxo 𝑁𝐴𝑟 representa a variação do fluxo molar que está entrando
perpendicularmente no líquido B que escorre pelo cilindro;
O fluxo 𝑁𝐴𝜙 representa a variação do fluxo em relação ao ângulo 𝜙, ou seja,
estamos considerando que existe diferença entre a concentração encontrada
em ângulos diferentes de 𝜙;
O fluxo 𝑁𝐴𝑧 evidencia a velocidade desenvolvida pelo líquido B e como isso
afeta a concentração de A presente no meio.
As condições de contorno ficam:
𝑑𝐶𝐴
1. 𝑟 = 𝛿; = 0; ∀ 𝑧; ∀ 𝜙
𝑑𝑟

2. 𝛿 ≤ 𝑟 ≤ 𝐿; 𝐶𝐴 = 0; 𝑧 → ∞; ∀ 𝜙
3. 𝑟 = 𝐿; 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴𝑜 ; ∀ 𝑧; ∀ 𝜙

A primeira condição está dizendo que na superfície do cilindro, aonde


termina a espessura do líquido, não sabemos exatamente a concentração de
A mas sabemos que lá tem um valor constante;

228
A segunda nos fala que na espessura do líquido (𝛿 ≤ 𝑟 ≤ 𝐿) a concentração
de A será zero no topo do cilindro, ou seja, líquido puro.
A terceira fala que na interface (𝑟 = 𝐿) do líquido a concentração de A
presente será igual a concentração inicial presente no gás.

14.6 A esfera molhada - Fechando com chave de ouro.


Agora temos uma esfera, aqui as mudanças serão as mesmas que vimos
antes:
✣ Equação da continuidade;
✣ Fluxos molares;
✣ Condições de contorno.

229
A equação da continuidade parte do balanço de massa aonde temos que:
Δ𝑥 → Δ𝑟 Δ𝑦 → rΔ𝜃 Δ𝑧 → 𝑟 sen 𝜃 Δ𝜙
Logo:
1 𝜕(𝑁𝐴𝑟 𝑟 2 ) 1 𝜕(𝑁𝐴𝜃 sen 𝜃) 1 𝜕𝑁𝐴𝑧 𝜕𝐶𝐴
−[ 2 + + ] ± 𝑅𝐴 =
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝑧 𝜕𝑡
Após aplicar as hipóteses, com a única exceção de não ser mais
bidimensional e sim tridimensional:
1 𝜕(𝑁𝐴𝑟 𝑟 2 ) 1 𝜕(𝑁𝐴𝜃 sen 𝜃) 1 𝜕𝑁𝐴𝑧
+ + =0
𝑟2 𝜕𝑟 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 sen 𝜃 𝜕𝑧
Com a modificação da geometria nossos fluxos molares também mudarão:
𝑑𝐶𝐴 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝐶𝐴
𝑁𝐴𝑟 = −𝐷𝐴𝐵 𝑁𝐴𝜃 = −𝐷𝐴𝐵 + 𝐶𝐴 𝑣(𝑥 ) 𝑁𝐴𝜙 = −𝐷𝐴𝐵
𝑑𝑟 𝑑𝜃 𝑑𝜙
A novidade aqui é o 𝑁𝐴𝜃 aonde temos contribuição difusiva e convectiva.
Isso ocorre porque o ângulo em teta representa de cima para baixo aonde
ocorre a queda do líquido B, logo temos que representar o termo
convectivo, e por causa da curvatura da esfera o fluxo molar de cima para
baixo não tem o mesmo efeito em todos os pontos.
As condições de contorno ficam:
𝑑𝐶𝐴
1. 𝑟 = 𝛿; = 0; ∀ 𝜃; ∀ 𝜙
𝑑𝑟

2. 𝛿 ≤ 𝑟 ≤ 𝐿; 𝐶𝐴 = 0; 𝜃 → 0; ∀ 𝜙
3. 𝑟 = 𝐿; 𝐶𝐴 = 𝐶𝐴𝑜 ; ∀ 𝜃; ∀ 𝜙

230
A primeira condição está dizendo que na superfície da esfera, aonde
termina a espessura do líquido, não sabemos exatamente a concentração de
A mas sabemos que lá tem um valor constante;
A segunda nos fala que na espessura do líquido (𝛿 ≤ 𝑟 ≤ 𝐿) a concentração
de A será zero no topo da esfera (𝜃 → 0), ou seja, líquido puro.
A terceira fala que na interface (𝑟 = 𝐿) do líquido a concentração de A
presente será igual a concentração inicial presente no gás.

231
232
15. Adimensionais e
Camada Limite
15. 1 Adimensionais - Números significativos
As adimensionais não são novidades para você e nem devem ser, elas
já foram discutidas aqui entre nós, lembra quando foi citado sobre o número
de Fourier e o número de Biot? Então, eles nos ajudam a entender
fenomenologicamente o que está acontecendo naquele meio.
Vou apresentar a você mais duas adimensionais importantes para o
entendimento dos nossos estudos em transferência de massa:
𝜇 𝐿
𝑆𝐶 = 𝑆ℎ = 𝑘𝑐
𝜌𝐷𝐴𝐵 𝐷𝐴𝐵
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑑𝑡 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑆ℎ𝑒𝑟𝑤𝑜𝑜𝑑
O número de Schmidt é muito utilizado para ocasiões de transferência de
massa que envolvem situações como a da parede molhada, onde um fluxo
molar A tende a penetrar num líquido B escoando, já o número de
Sherwood nos ajuda a entender qual é o mecanismo mais evidente, que
mais influência na transferência de massa, se é a difusão ou a convecção.
Veja como é interessante as adimensionais: você pode ter uma breve noção
de como irá ocorrer um fenômeno de transferência de massa sem a
necessidade de plotar gráficos ou modelar matematicamente, por exemplo,
se voltarmos para um exemplo da parede molhada podemos supor que o
𝑘𝑔
líquido B é água com 𝜇 = 10−3 𝑚.𝑠 𝑒 𝜌 = 997 𝑘𝑔/𝑚3e o gás possui uma
difusividade D𝐴𝐵 = 10−7 𝑚2 /𝑠:

233
𝑘𝑔
𝜇 10−3 𝑚. 𝑠
𝑆𝑐 = = = 10,03
𝜌𝐷𝐴𝐵 (997 𝑘𝑔/𝑚3 )(10−7 𝑚2 /𝑠)
E se a difusividade fosse menor ainda?
𝑘𝑔
𝜇 10−3 𝑚. 𝑠
𝑆𝑐 = = = 1003
𝜌𝐷𝐴𝐵 (997 𝑘𝑔/𝑚3 )(10−9 𝑚2 /𝑠)
Perceba que quanto maior o número de Schmidt maior é a dificuldade do
fluxo molar A em penetrar no líquido B, ou seja, esse número adimensional
está nos dando um norte, uma base, um fundamento de um pensamento
correto que é o fato de a água permitir uma boa entrada do fluxo molar de
A.
Consequentemente, se estivéssemos querendo projetar uma parede para
escoar água em um meio contendo gás A não teríamos que criar uma parede
tão grande assim, porque com essa facilidade proporcionada pela água em
pouco tempo o líquido já estaria saturado com a concentração de A.
Outra coisa que você pode ter como base é que se o número de Schmidt
for igual a 1 significa que o fluido analisado é um gás, ou seja, simplesmente
não tem resistência no meio, portanto com o valor 10,03 temos uma noção
da facilidade do fluxo de A em B.
O número de Sherwood serve para nos indicar qual é o mecanismo mais
evidente no meio, vamos analisa-lo de forma mais cuidadosa:
𝐿
𝑆ℎ = 𝑘𝑐
𝐷𝐴𝐵
Veja que quanto maior a difusividade, menor o número de Sherwood e
quanto maior o coeficiente convectivo maior o número de Sherwood, esse
“L” aí no meio é o comprimento característico do meio aonde o líquido
escoa, por exemplo se a parede aonde o líquido B escoa tem 1 m logo: 𝐿 =
1/2 = 0,5 𝑚.

234
Se a difusividade é baixa não necessariamente a convecção será alta, por isso
não se deve ficar chutando ideias, deve-se analisar valores reais e observar
os números do resultado.
Veja que a geometria do meio ajuda a desenvolver a convecção, isso
geralmente ocorre em geometrias com espessura muito finas.
Isso quer dizer que a convecção é a mais evidente em casos aonde temos
grandes comprimentos? Isso mesmo.
Podemos explicar isso pelo seguinte fato: a difusão é a penetração de um
fluxo molar perpendicular ao fluido, se o comprimento do lugar aonde o
fluido escoa é grande, os pontos para analisarmos em relação ao fluxo
perpendicular se tornam muito poucos na frente da quantidade de pontos
que temos que analisar ao longo do comprimento e o que rege a
transferência de massa ao longo do comprimento é a convecção e alguma
contribuição da difusão.
É a convecção que arrasta a concentração adquirida lá do início até o
restante do comprimento, então ele se faz muito importante.
Grandes comprimentos, permitem maior facilidade do líquido se
desenvolver.
Existe uma relação entre esses números através do número de Reynolds:
𝑆ℎ = 2 + 0,6 𝑅𝑒 1/2 𝑆𝑐 1/3
Essa é uma outra forma de analisarmos a situação em que queremos
estudar, veja que um regime turbulento propicia um alto número de
Sherwood o que denota grande influência convectiva enquanto que um
fluido que apresente dificuldades para o fluxo molar (alto valor de
𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑑𝑡) também influencia para um alto valor de Sherwood.
Essa influência vinda do número de Schmidt vem do fato de que o líquido
não permite com facilidade do fluxo perpendicular de A mas com o

235
desenvolvimento de sua velocidade o arraste causado facilita essa entrada e
a sua viscosidade é menos sentida.

15.2 Camada Limite - O nosso último suspiro juntos


Um assunto polêmico e difícil de se entender em fenômenos de
transporte de momentum, será nosso último assunto e também um dos mais
rápidos, porque não tem tanta coisa assim a se acrescentar daquilo que você
já aprendeu até aqui.

Fonte: Cremasco

Como entender isso? Então, segundo Cremasco temos que: “A região onde
ocorre a variação substancial de concentração mássica de A e na qual a ação
convectiva é da mesma ordem de grandeza do que a difusiva é conhecida
como região de camada limite mássica.”.
Em outras palavras, ele está dizendo que é um lugar aonde a concentração
dispara de um valor até outro e aonde a influência da convecção é a mesma
da difusão.
Bom, vamos ser sinceros, falou muito, mas falou nada.

236
Vamos tentar entender melhor o que é isso e qual é a sua importância em
nossos estudos.
Comparando com a camada limite fluidodinâmica, a camada limite mássica
possui um comportamento igual, a concentração sai de um valor para outro
em escalas milimétricas.
Nessa área do fluido a convecção não importa muito, ela atua em conjunto
com a difusão causando o mesmo efeito em toda extensão da camada limite.
Isso denota à camada um comportamento resistivo ao transporte de massa,
pois assim como na camada limite fluidodinâmica nessa área existe uma
resistência muito evidenciada de tal forma que os valores de concentração
despencam de um valor constante até zero, a mesma coisa acontece na
mecânica dos fluidos e na transferência de energia.
Com o princípio da aderência as moléculas do fluido estão fixadas à
superfície do material a qual o fluido escoa, logo a concentração que estiver
presente nesse material será igual a concentração presente nas moléculas do
fluido fixadas à superfície.
A partir daí um fluxo molar sai da superfície do material realizando um
gradiente de concentração. Como nessa parte do fluido a viscosidade é forte
a convecção não tem tanta influência e atua em grandeza equivalente à
difusão, causando pouco arraste.
O tamanho da camada limite mássica depende diretamente da camada
limite fluidodinâmica, pois a convecção ocorre por causa da diferença de
velocidades entre dois fluidos ou um fluido e um objeto, com isso se há
fluidos há camada limite fluidodinâmica e o seu comportamento afetará
diretamente o transporte de energia e massa sendo esses dois totalmente
ligados entre si.
A figura apresentada pelo Geankoplis deixa bem evidente que a camada
limite mássica tem total vínculo com a camada limite fluidodinâmica, com
isso se um aumenta o outro aumentará também.

237
Fonte: Geankoplis

A geometria do meio aonde o fluido escoa modifica a camada limite,


primeiro que em uma placa, quanto mais cumprida ela for maior será a
oportunidade da camada limite se desenvolver, logo o comprimento da
placa possui uma relação proporcional com o tamanho da camada limite,
haja vista que com o desenvolvimento da velocidade do fluido o mesmo
entra em regime turbulento aumentando a espessura da sua camada limite
fluidodinâmica.
Esferas grandes se tornam barreiras para o fluido que terá o trabalho de
contorna-las para poder seguir seu trajeto, isso faz com que a camada limite
aumente sua espessura pois o desenvolvimento do fluido na esfera tenderá
à turbulência, pois o meio estará sendo conturbado, ao contrário quando a
esfera é pequena aonde o fluido passa com bastante facilidade por ela, essa
facilidade aumenta a velocidade, diminui a perda de carga e diminui a
pressão no fluido facilitando o transporte de massa pela camada limite
mássica que será mais fina, pois o escoamento tenderá ao laminar.
O número de Schmidt é conhecido por representar a “relação entre as
espessuras das camadas limites fluidodinâmica e mássica”, vamos ver isso:
𝜇
𝑆𝑐 =
𝜌𝐷𝐴𝐵

238
Ora, é só uma outra forma de entender aquilo que já expliquei antes, com
um valor de Schmidt próximo de 1, temos que a camada limite mássica se
desenvolve muito rapidamente, o que indica boa transferência de massa no
meio, já um valor alto remete a um desenvolvimento demorado por parte
da camada limite por causa das condições do fluido, o que indica uma
transferência de massa mais retardada.
Vamos entender direito o que está acontecendo, veja que a viscosidade é
uma representação da resistência fluidodinâmica e o inverso da difusividade
é a representação da resistência ao transporte de massa.
Quando falamos em escoamento o nosso foco é a viscosidade, que varia
conforme o regime presente, então um valor próximo de 1 significa que a
viscosidade tem um baixo valor, portanto uma resistência fluidodinâmica
menor o que acarreta na facilidade de transferência de massa. O mesmo
vale para o oposto, um número alto remete ao fato do valor da viscosidade
ser alto, portanto um fluido mais difícil de se movimentar também dificulta
a transferência de massa, você percebe essa diferença muito facilmente ao
passar seu dedo na água e num gel, aonde é mais fácil entrar o dedo? Na
água, claro, justamente porque sua viscosidade é menor.

239
Adeus
Então é isso.
Foi um longo caminho até aqui, eu sei, mas eu espero que você tenha tirado
o máximo proveito disso, que este material tenha tirado suas dúvidas e que
você venha adquirir um conhecimento melhor e mais simples do que
aqueles que muitas das vezes o professor não consegue passar.
Este é o último dos fenômenos dos transporte, passamos pelo transporte de
momentum (mecânica dos fluidos), de energia (calor) e agora pelo de
massa, saiba de uma coisa: você é um verdadeiro vitorioso por ter chegado
até aqui e se eu participei pelo menos 10 % dessa sua conquista eu fico
muito feliz e realizado em saber que eu fui peça importante na sua vida.
É tudo que temos até aqui, eu dei o meu melhor e aposto que você também
deu o seu melhor, então nos resta mais nada, somente dizer uma palavra:
Adeus.

240
Referências
✣ BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos – 2° ed. rev. – São Paulo:
Pearson, 2008.
✣ BOYCE, William E.; DIPRIMA, Richard C. Equações Diferenciais
Elementares e Problemas de Valores de Contorno – 8ª ed. –
Tradução: Valéria de Magalhães Iorio. Rio de Janeiro: LTC.
✣ CREMASCO, Marco Aurélio. Fundamentos de transferência de
massa – 2ª ed – Editora da UNICAMP. Campinas, SP: 2002.
✣ FELDER, Richard M. ROUSSEAU, Ronald W. Princípios
Elementares dos Processos Químicos. Traduzido por Martín Aznar.
3ª ed. LTC – Rio de Janeiro.
✣ FOGLER, H. Scott. Elementos das Reações Químicas; tradução:
Verônica Calado. Evaristo C. Biscaia Jr; revisão técnica Frederico W.
Tavares. – 4° ed. – Rio de Janeiro: LTC, 2009.
✣ G.J. GEANKOPLIS. Procesos de Transporte y Operaciones
Unitarias – 3ª edi. – Editora CECSA, Méximo: 1998.
✣ G.J. GEANKOPLIS. Transport Processes and Unit Operations – 3th
ed. – Prentice Hall International, Inc.
✣ GOMESBETTAS. Uso do permanganato de potássio na piscicultura
ornamental. Disponível em < https://gomesbettas.
blogspot.com.br/?view=classic >. Acesso em 13 de mar. 2018.
✣ INCROPERA, Frank P.; et al. Fundamentos de transferência de calor
e de massa. Tradução e revisão técnica Eduardo Mach Queiroz,
Fernando Luiz Pellegrini Pessoa. Rio de Janeiro: LTC. 2008.

241
✣ LABVIRTUAL. Transferência de massa. Portal de Engenharia
Química. Disponível em < http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/
index.php?option=com_content&task=view&id=249&Itemid >.
Acesso em 13 de mar. 2018.
✣ SMITH, J. M. Introdução à Termodinâmica da Engenharia Química
/ J. M. Smith, H. C. Van Ness, M. M. Abbor; tradução Eduardo Mach
Queiroz, Fernando Luiz Pellegrini Pessoa. – [Reimpr.]. – Rio de
Janeiro: LTC, 2013.

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