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Carolina Gusmão de A.

Cachada • 20151313018

1 - "De resto, me é odioso tudo o que simplesmente me instrui, sem aumentar ou


imediatamente vivificar a minha atividade". Nietzsche inicia o prefácio do ensaio
Da utilidade e desvantagem da história para a vida com essa citação de Goethe. A
partir dessa passagem do texto, comente o significado do termo
intempestivo/extemporâneo (unzeitgemäße) empregado por Nietzsche, traçando
paralelos com o artigo de Denat, "A filosofia e o valor da história em Nietzsche".

Intempestivo e extemporâneo são palavras sinônimas quando com o sentido de fora do


próprio tempo que ocorre; Intempestivo, segundo o dicionário Aurélio, tem ainda o
sentido de importuno e imprevisto (conforme visto em aula). Mediante a isso, pode se
entender a intenção de Nietzsche, que era a de se projetar para fora do seu tempo. Não
para fora da história ou do tempo como geral, mas para fora do que lhe era
contemporâneo. E mais, a intenção de soar polêmico justamente para atrair a atenção de
seus leitores, o que fica claro quando ele afirma que a maioria o dirá que o que ele sente
sobre seu tempo é inadmissível.

A intencionalidade de se fazer extemporâneo é a mesma que a de quem analisa uma


pintura grande e se afasta dela afim de analisar seu todo: ver melhor ao tomar distância.
Denat diz em seu texto, no entanto, que "o extemporâneo é antes aquele capaz de
alguma maneira de ser pôr de modo diverso no tempo" que alguém propriamente fora
do seu tempo. Ou seja, a intenção de Nietzsche é sair do que lho era contemporâneo
para enxergar de outras formas o que era tido como virtude em sua época, e que,
pessoalmente, o incomodava. Mas o próprio filósofo admite que era "um filho da época
atual", porém explica que "por ser pupilo de tempos mais antigos, especialmente dos
gregos" é que consegue chegar a experiências tão intempestivas. Portanto a intenção de
se fazer fora do seu tempo, não é indicativo de negar a própria contemporaneidade, mas
de se pôr contra o tempo presente, durante o curso desse próprio tempo.

O que Nietzsche criticava -que é ao que se refere ao citar a frase de Goethe de que o "é
odioso tudo o que simplesmente instrui, sem aumentar ou imediatamente vivificar a
minha atividade"- era o uso da História em sua época. A História era vista como uma
compilação de conhecimentos sobre o passado, e conhecê-la tratava-se de ser como uma
enciclopédia ambulante. Ele critica então o uso do saber histórico, dizendo que esse
saber não deveria ser meramente um adorno, mas um saber útil para a vida e para a
ação, uma vez que é a História que nos identifica como somos e que forma nossa
cultura. Outra crítica de Nietzsche é quanto a ideia de cultura, que em sua época é
apenas vista como a erudição, ou seja, essa compilação de saberes, e que para o filósofo,
contudo, "é a unidade de estilo que se manifesta em todas as atividades de um povo" -
conforme Denat destaca em seu artigo.

É para fazer essa crítica ao seu tempo que Nietzsche se diz extemporâneo ou
intempestivo (ou ainda, "não de acordo com seu tempo" em tradução literal de
unzeitgemäße ). Porque ele está propondo uma visão - e até mesmo um diálogo com
alguém que entenda a sua crítica- totalmente diferente da tida em seu tempo sobre qual
era a utilidade e função da História.
2-Escreva sobre a crítica de Nietzsche ao excesso de produção de conhecimento
sobre o passado, à chamada cultura da memória, explicitando o papel e a
significação das noções de esquecimento e a-histórico em sua reflexão, tal como
elaborada na segunda Consideração Extemporânea.

Nietzsche critica de duas formas o excesso de produção de conhecimento histórico. A


primeira é que o saber como ornamento esvazia o sentido do passado que instrui, do
passado que faz refletir, uma vez que o objetivo do saber seria o próprio saber para a
demonstração de uma erudição, e não para uma reflexão sobre o tempo passado. E
segundo porque "em meio a um certo excesso de história, a vida desmorona e degenera,
e, por fim, através desta degeneração, o mesmo se repete com a própria história".

Para se fazer História é preciso também do a-histórico, do esquecimento. O


esquecimento é importante para que pensemos, reflitamos e comparemos, como
Nietzsche fala no primeiro capítulo da segunda Consideração Extemporânea. Porque se
fossemos históricos a todo instante, o presente se congelaria mediante ao mar de
lembranças que nos tragaria para um tempo suspenso. Como seguir para o futuro, sem
se esquecer do passado? É necessário que se deixe as memórias para produzir o novo.
Por mais que sempre sigamos sendo o que somos com base nas memórias prévias que
nos constituem enquanto indivíduos ou sociedade, não se pode viver a lembrar a todo
instante, o que nos afogaria em angústia e geraria confusão entre o tempo presente e o
tempo passado.

O autor associa, ainda, a necessidade do esquecimento à força plástica de "um homem,


de um povo, de uma cultura". É preciso do esquecimento para a transformação e para a
motivação: para a paixão. Porque no excesso de história, o homem deixa de ser um
homem de ação e permanece engessado nessas memórias e valores. Quando se acha que
não há nada mais a ser vivido, porque tudo que acontecerá não será diferente do que já
aconteceu, não há motivação para seguir a vida. E assim, o excesso dessa memorização
poderá fadar a própria História a seu fim.

Por isso que, afinal, se a história é importante enquanto formadora de identidade - e as


memórias são as nossas guias de como agir e reagir ao mundo que nos é externo - é
importante que se tenha também a capacidade de ser a-histórico. A história deve ser
conduzida pelas ações no presente mirando no tempo por vir, porque se a história for
conduzida por ela mesma, em um excesso de memória, isso acabará com o próprio rumo
da história e levará, por fim, a sua própria degeneração.
5 - A partir do texto "A consciência e a vida", de Bergson, escreva sobre a relação
entre memória, temporalidade e consciência, esclarecendo em que sentido estão
ligadas à escolha e à criação.

Bergson pontua que consciência significa, primeiramente, memória. Isso porque,


segundo o autor, a consciência não existe sem memória, que é a "conservação e
acumulação do passado no presente". Mas diz também que "toda consciência é a
antecipação do futuro". Porque o futuro segue como um horizonte ao qual rumamos
para, e que idealizamos e esperamos por. Sendo assim, a consciência seria uma
"espessura de duração" entre o que passou e o por vir eminente, sempre usando do que
já experimentou como referência para como agirá.

A memória - no sentido de lembrança- é diferente do tempo que passou. Porque a


memória é armazenamento e narrativa dessa experiência passada, enquanto o passado
em si trata-se do tempo que já foi vivido. Como a análise do cachimbo de Magritte feita
por Foucault, faço uma analogia à memória e ao passado: memória é representação, não
o passado em si. E isso já tem muito a ver com a questão da escolha e da criação, uma
vez que criamos memórias a partir das escolhas de perspectivas que fazemos na vida - e
que muito tem a ver com a nossa memória anterior à criação de mais memória recente.

No entanto, para Bergson, a ideia de escolha está mais atrelada ao movimento. Ele
duvida que seres que não se movem espontaneamente tenham consciência, mas diz que
não há ser vivo "totalmente incapaz de movimento espontâneo". Para exemplificar, ele
menciona o reino vegetal, e como algumas plantas se fecham ao anoitecer, e se
despertam no raiar do sol. Contudo o autor diferencia os graus de consciência a partir da
capacidade de variedade de escolha e criação. Variedade essa que diz respeito ao quão
complexas e numerosas são as escolhas feitas; e criação essa que é feita pelo ser
humano a partir da externação da sua consciência através da matéria, processo que
possui mediação fundamental do nosso cérebro - porque por mais que, em Bergson, o
cérebro não seja pré-requisito necessário para a consciência, é fundamental no processo
de externação da mesma, que é o processo criativo.

Dessa forma, afinal, que a consciência -ponte entre passado e futuro, entre memória e
horizonte de perspectiva- cria: usando das experiências anteriores como referência para
a ação no agora, assim agindo com a consciência para fazer escolhas e criações, que
impactarão no futuro que se espera ter, baseado nas experiências que já se teve. É nessa
espacialização do tempo que exercemos nossa criatividade, que fazemos nossas
escolhas, construímos nossas memórias e vamos aumentando nossa consciência na
medida em que ela nos aumenta.

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