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PALEONTOLOGIA: ORIGEM,
DESENVOLVIMENTO E PERSPECTIVA
Dermeval A. Do Carmo 1
Gerson Fauth 2
Guy Hamelin 3
Introdução
A palavra "paleontologia" é constituída de três raízes gregas:
na). . moc; (palaios), que significa antigo, velho; óv-ra (anta), seres,
organismos; Àóyoc; (logos), estudo, palavra, razão. Então, o sentido
literal de "paleontologia" seria o estudo dos organismos antigos,
ou seja, os fósseis. Esse termo foi introduzido por volta de 1830 e
difundido na França por H. de Blainville 4 ( 1777-1850 ). Sir Charles Lyell
(1797-1875) utiliza a mesma palavra em inglês pouco tempo depois.
A paleontologia é o ramo das ciências naturais que utiliza
fundamentos geológicos e biológicos e que tem os fósseis como objeto
de estudo. Desde a Idade Antiga, os fósseis têm sido encontrados pelo
homem, que os tem interpretado de diversas maneiras. Geralmente,
atribuía-se aos fósseis uma origem sobrenatural, porém alguns gregos
já os interpretavam como sendo relacionados a restos de organismos.
Modernamente, o termo "fóssil" abrange todos os restos e vestígios
de organismos preservados nos sistemas naturais, como rochas,
sedimentos, gelo e âmbar. Por convenção, autores mais clássicos
consideram como fósseis apenas aquelas ocorrências mais antigas do
que 10.000 anos. Fósseis com menos de 10.000 anos são denominados
1098 I PALEONTOLOGIA
artes e artefatos preservados nos solos, sedimentos, rochas, gelo
(Figura 1 C), enquanto a paleontologia se interessa pelos restos de
organismos e/ou vestígios de suas atividades biológicas preservados
nos sistemas naturais (Figura 1 B).
A
e
Figura 1-Ilustração de materiais provenientes de escavações, nomeados de coisas
fósseis nas idades antiga e medieval (ilustração adaptada de GESNER, 1565, apud
SIMPSON, 1968). Nessa ilustração, apenas o exemplar B é um fóssil no sentido
contemporâneo. Legenda: A: cristal, B: fóssil de cefalópode e, C: machado de pedra.
1100 1 PALEONTOLOGIA
Caio Plínio é conhecido na literatura em língua portuguesa como
Plínio, o ancião. Sua obra mencionada anteriormente apareceu por
volta de 77 d.C. e merece destaque, pois contém não menos que 37
volumes, os quais foram traduzidos em diversos idiomas. Além disso,
vale salientar a influência decisiva desse tratado sobre o pensamento
da Idade Média. Os quatro últimos volumes da mesma obra de Plínio
foram dedicados aos minerais, entre os quais estavam inseridos aqueles
materiais que atualmente são reconhecidos como fósseis. No volume
XXXVll, Plínio utilizou o termo glossopetra, do grego yf..wo-cnx (glossa),
o qual quer dizer língua, e TIETpcx (petra), que significa pedra. A palavra
foi amplamente citada na literatura até o século XVIII para se referir
ao que de fato são dentes de tubarão encontrados nas rochas. Além
do termo glossopetra, Plínio também utilizou outros como ostracites
(similar a conchas), spongites (similar a esponjas) e corralite (similar a
coral). Para Plínio, a origem de glossopetra era relacionada a períodos
de eclipses da lua, durante os quais essa pedra caía do céu. Conforme
ele comenta, alguns diziam que era dotada de poderes mágicos, nos
quais não acreditava. Com relação às tais glossopetrae, cabe destacar
que Fabio Colonna (1567-1640), no seu livro intitulado De purpura, 10
publicado em 1616 1 identificou corretamente esses materiais como
sendo dentes de tubarão.
Durante a Idade Média, fósseis foram usualmente referidos como
"pedras figuradas" e sua origem não era relacionada a seres vivos. O
conceito de fóssil admitido nesse período foi influenciado pelas idéias
de Aristóteles e Teofrasto, os quais invocavam, como vimos, uma
força plástica para explicar a sua origem. Porém, o grande filósofo
árabe Avicena (lbn Sínâ) (979-1037) é admitido como tendo idéias mais
claras do que aquelas que perduraram no Ocidente medieval, pois
ele descreve o processo de formação das rochas sedimentares e, por
conseguinte, dos restos de organismos que ficam preservados nessas.
Na Idade Moderna, dois estudiosos foram decisivos para elucidar
e consolidar a verdadeira origem dos fósseis, ou seja, atribuir-lhes uma
origem relacionada a organismos: o famoso Leonardo da Vinci (1452-1519)
10
"Purpura" é um gênero de moluscos gastrópodes marinhos.
1102 I PALEONTOLOGIA
Jean-André de Luc, 11 em1790, denominou "princípio das causas atuais"
às idéias de Hutton, as quais ele contestava. Essa denominação ficou
conhecida posteriormente como "atualismo" (Tabela 1).
Tabela 1
Cronologia dos princípios fundamentais das ciências naturais.
1104 I PALEONTOLOGIA
a história da Terra, segundo Lyell, deve-se basear nos processos e nas
intensidades vigentes na época atual (Tabela 1).
Apesar da similaridade entre as concepções de Hutton e de Lyell, o
atualismo não considera a invariabilidade de condições entre as épocas
passadas e atual, mas sim das leis naturais. Ou seja, para o atualismo as
causas que operaram no passado podem cessar o seu efeito ou diminuir
de intensidade, enquanto o uniformitarismo se caracteriza pela tese
segundo a qual tais causas se mantêm constantes ao longo do tempo.
O essencial do atualismo está na constância das leis naturais que
regem o planeta e não na uniformidade dos processos atuantes ao longo
da história da Terra, nem nas explicações supernaturais. Sendo assim,
talvez a melhor denominação para a concepção de Hutton, a qual é
denominada "atualismo", seja "princípio das causas naturais", conforme
já proposto por Teixeira et ai. ( 2001 ).
O catastrofismo surgiu antes das concepções de Hutton e de
Lyell e pretendia explicar o registro geológico por meio de uma série
de eventos catastróficos, os quais eram, na sua maioria, conectados
a explicações sobrenaturais. O primeiro pesquisador a abordar de
maneira científica este assunto foi George Cuvier (1769-1832), um
dos paleontólogos mais notáveis do século XIX. Cuvier considerava a
origem de fósseis de vertebrados como sendo produtos de catástrofes
naturais, ocasionando mortalidade (Tabela 1).
Paralelamente a esse debate a respeito dos fundamentos das
ciências naturais, houve a consolidação de uma das principais aplicações
da paleontologia, ou seja, a bioestratigrafia. Esse ramo da palentologia
baseia-se sobretudo no caráter irreversível da extinção das espécies ao
longo do tempo geológico, o que faz das espécies fósseis elementos
importantes para datação relativa e correlação de camadas coevas.
William Smith (1769-1839) empiricamente fundou a
bioestratigrafia a partir dos resultados de suas observações de
campo. Em 1815 1 publicou dois trabalhos, ou seja, o A map of the
strata of England and Wales with a part of Scotland, que constitui o
primeiro mapeamento geológico da Grã-Bretanha, e o Memoir to the
map and delineation of the strata of England and Wales with a part
of Scotland, que é o texto explicativo do mapa. Nesses, utilizou-se
da correlação de camadas de rochas sedimentares com base no
1106 I PALEONTOLOGIA
Terra. Essas transformações podem ser detectadas pelas sucessões
fossilíferas encontradas no registro sedimentar e constituíram bases
importantes para o estabelecimento das inferências paleogeográficas.
12
A micropaleontologia abrange o estudo dos microfósseis , ou seja, fósseis com
dimensões diminutas que necessitam do uso de microscópio para seu estudo.
1108 I PALEONTOLOGIA
Paleoecologia: Trabalhos de síntese aparecem inicialmente
em 1924 e avolumam-se sobretudo a partir da década de
1957
1950.
Methods and principies in paleoecology, F. E. Clements & R.W.
Chaney.
Treatise on marine ecology and paleoecology, J. W. Hedgpeth,
v. 11 e 1 v. 2, por Ladd H.S., em inglês.
lntroductíon to paleocology, por R.F. Gekker, em russo.
1997 Paleontologia nasciênciasambientais: 11 nternationalConference
-Application of Micropaleontology in Environmental Sciences.
Essa conferência pode ser considerada um marco das
aplicações da paleontologia nas ciências ambientais.
1110 1 PALEONTOLOGIA
contribuiu para a difusão de sua teoria. Basicamente, Wegener propôs
que os continentes atuais estavam unidos durante o Neopaleozóico,
compondo um único e grande supercontinente, o qual ele denominou
de Pangea, do grego mxv (pan), que significa todo, e y~ (gê), que quer
dizer terra, termo criado para designar a coalescência dos continentes.
Posteriormente, esses continentes teriam se separado, deslocando-se
através dos oceanos, fenômeno que Wegener denominou de deriva
continental.
Para dar suporte a essa teoria, Wegener citou as similaridades
litológicas e conteúdos fossilíferos entre o Brasil e a África, a América
do Norte e a Europa, assim como a Austrália e a Índia. As evidências
paleontológicas levantadas por ele provêm principalmente da
conhecida distribuição da flora G/ossopteris, que compõe o carvão
dos estados do sul do Brasil, da Argentina, do Uruguai e também está
presente no sul da África (África do Sul, Namíbia e Moçambique), em
Madagascar, na Antártica, na Austrália e na Índia. Além de ter em
comum os fósseis, a África do Sul (bacia do Karoo) e a América do Sul
(bacia do Paraná) apresentam seções litoestratigráficas semelhantes
nos dois lados do oceano Atlântico Sul.
Como essa teoria mudava os modelos vigentes no início do século
XX, grande parte da comunidade científica rechaçou com veemência a
teoria de Wegener. Os geocientistas da época não poderiam admitir
que grandes e sólidos continentes pudessem migrar através da crosta
terrestre. Segundo seus opositores, as similaridades de rochas e de
fósseis eram questionáveis. No caso dos fósseis, podia-se supor a
existência de "pontes" que ligavam os continentes e permitiam as
trocas faunísticas e florísticas.
Em 1937, Du Toit encontrou novos argumentos que contribuíram
para a consolidação e a sustentação da teoria de Wegener. Du
Toit observou a ocorrência de um pequeno réptil então tido como
não-marinho, o Mesossaurus, em rochas estimadas então como
do Carbonífero-Permiano (aproximadamente 220 milhões de anos
atrás), tanto em rochas sedimentares no Brasil quanto na África do
Sul. Segundo Du Toit, seria pouco provável que esse pequeno animal
aquático não-marinho pudesse atravessar nadando um grande oceano
como o Atlântico. Porém, para que a deriva continental fosse aceita,
era necessário ainda a descoberta dos mecanismos que provocavam o
1112 I PALEONTOLOGIA
a formação de crosta ocearnca onde se forma um prato-oceano,
como é o caso do Mar Vermelho. Por fim, com a constante produção
de crosta oceânica na zona de acreção, forma-se um oceano maduro,
como o Oceano Atlântico. Há um fechamento do ciclo, quando se inicia
o consumo de sua crosta oceânica junto da zona de subducção, por
exemplo, o Oceano Pacífico, caracterizando o estágio terminal ou senil
dos oceanos (Figura 2). Esse ciclo de produção e consumo de crosta
oceânica relacionado à origem e evolução dos oceanos tem exercido
uma influência fundamental na variabilidade, dispersão, abundância e
extinção das espécies fósseis. Ou seja, quando os continentes adquirem
uma configuração de Pangea, nota-se uma tendência ao endemismo
da fauna e flora continental e das regiões oceânicas adjacentes. Por
fim, a dispersão das massas continentais provoca um aumento na
diversidade de espécies devido ao isolamento geográfico, entre outros
fatores.
Extinções
Extinções em massa
1114 I PALEONTOLOGIA
Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. Phillips observou que o início e o
final dessas eras estariam intimamente relacionados a episódios de
extinções em massa.
Há cerca de quinze períodos de extinções em massa no registro
geológico (WARD, 1994), sendo que grande parte deles tiveram
efeitos avassaladores sobre a vida na Terra e proporcionaram
subseqüentemente uma renovação parcial e, às vezes, quase total
da vida. Desses, se destacam cinco mais importantes: Ordoviciano-
Siluriano, Devoniano-Carbonífero, Permiano-Triássico, Triássico-
Jurássico e Cretáceo-Terciário (Figura 3).
O período de extinção em massa mais conhecido e estudado
hoje em dia, o Cretáceo-Terciário, conhecido pelos especialistas como
limite K-T, tem sido tema de discussões profundas e conturbadas entre
os pesquisadores, principalmente com relação à sua gênese e às suas
conseqüências para a Terra. Estudos mostram dias sombrios para a
vida nessa época da história da Terra, na qual provavelmente nenhum
animal de grande porte teria sobrevivido. As duas teorias mais aceitas
para explicar as extinções nesse período são de natureza catastrófica,
a saber, uma relacionada a queda de meteorito e outra a intensos
tectonismo e vulcanismo.
Paleoceno
65
. . . .1.
Cretáceo
Milhoos
de anos
65
245
540
Jurássico
Triássico
Permiano
146
205
245
290
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Carbonífero
362
Devoniano Wt!l!"t"'
408
Siluriano
439
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Tabela do tempo geológico com o registro
2" das cinco maiores extinções em massa.
<( Lembrem que o homo-sapiens surgiu
apenas ao final do Neogeneo, a menos de
um milhão de anos atrás.
4500
1116 I PALEONTOLOGIA
algumas anomalias químicas em intervalos de rochas depositadas
na passagem dos períodos Cretáceo e Terciário em suas respectivas
áreas de estudo. Essas descobertas tiveram grande repercussão na
comunidade científica que, prontamente, intensificou suas investigações
geoquímicas sobre o limite K-T. Ao retornar à Universidade de Berkeley,
a equipe de Walter, acrescida de dois pesquisadores renomados
na área da química, redigiu um artigo para Science, o qual viria a ser
bombástico no meio acadêmico. Nesse, foi sugerido que as extinções
que ocorreram há 65 milhões de anos estariam intimamente ligadas
à queda de um meteorito. Os argumentos utilizados para sustentar
essa teoria estariam relacionados às anomalias do elemento químico
irídio, identificado em finas camadas argilosas do limite K-T na região
de Gubbio, Itália.
O irídio é raro na Terra, porém é abundante em meteoritos
encontrados na superfície da Terra. Segundo a idéia proposta no
mesmo artigo pelo grupo reunido em Berkeley, um grande corpo
extraterrestre teria chocado com a Terra. Esse impacto teria sido
suficientemente forte para levantar uma grande quantidade de poeira,
contaminando a atmosfera. Posteriormente, o irídio seria lentamente
depositado na superfície da Terra. O choque do meteorito teria
provocado drásticas mudanças climáticas e a morte de organismos da
base da cadeia alimentar, devido à perda de luminosidade. A extinção
de vários e distintos grupos de organismos registrados no limite K-T
estaria relacionado a esse fenômeno.
Com os avanços das pesquisas, foram descobertos outros
indícios que corroboraram essa teoria, dentre os quais se destacam:
a descoberta de minerais de quartzo metamorfisado (cristais de
quartzo alterados, por causa de altíssimas pressões e temperaturas)
e ocorrência de microtectitos (microestilhaços de vidro mineral em
forma de gotas produzidos pelo provável choque do meteorito). Mais
recentemente, pesquisadores encontraram micropepitas de diamante
em sedimentos do limite K-T do México, produto do choque do corpo
extraterrestre com a Terra, o qual teria liberado a energia necessária
para transformar grafite em diamante.
A comunidade paleontológica não aceitou prontamente a idéia
de que a principal causa para a extinção parcial da vida na Terra, que
1118 I PALEONTOLOGIA
Em decorrência dessa catástrofe, todos os animais localizados
em um raio de centenas de quilômetros desse local teriam sido
instantaneamente dizimados; o restante teria morrido nos próximos
dias ou meses. A atmosfera da Terra teria sido envolvida por uma
camada de partículas finas que impediria a penetração de raios solares.
Isso teria dificultado a realização da fotossíntese pelas plantas e algas,
além de provocar uma diminuição drástica da temperatura, criando um
fortíssimo inverno e, enfim, precipitação de chuvas ácidas em todo o
planeta. Um fenômeno similar de dispersão de toneladas de sedimento
ocorreu com a erupção do vulcão Pinatubo (Filipinas) em 1991, quando
o material vulcânico foi jogado na estratosfera, espalhando-se pelos
dois hemisférios e diminuindo a temperatura média anual global em
o,5°C (PRESS; SIEVER, 1998).
Outra teoria mais aceita para explicar as extinções em massa
durante a passagem K-T está relacionada à intensa atividade vulcânica.
Erupções vulcânicas lançaram grandes volumes de lavas, cinzas e gases
sulfurosos na atmosfera. Essa idéia, defendida por Officer & Drake
(1983), também pode explicar as anomalias de irídio, grãos de quartzo
metamorfizados e tectitos encontrados em rochas próximo ao limite
K-T como sendo de origem vulcânica.
Os defensores da teoria do vulcanismo destacam que certas
lavas podem ser ricas em irídio, assim como o quartzo metamorfizado
e os tectitos resultantes de explosões vulcânicas. Como suporte a essa
teoria, há estudos geológicos que apontam grandes derramamentos
de lavas basálticas na Índia no final do Cretáceo. Apesar de tudo,
existem questões ainda não resolvidas. Os oponentes enfatizam que
os eventos vulcânicos não teriam ocorrido no exato instante das
extinções e das trocas faunísticas observadas em sedimentos de 65
milhões de anos atrás, mas sim anterior a esse período. Outra dúvida
colocada refere-se ao irídio, o qual é mais abundante em meteoritos
do que em lavas basálticas, ou seja, essas últimas raramente possuem
valores suficientes para proporcionar as concentrações altas de irídio
como aquelas encontradas nos sedimentos no final do Cretáceo.
Como já foi salientado, o impacto de meteorito e o vulcanismo
são as duas teorias mais aceitas para explicar as extinções em massa
no K-T. Entretanto, têm sido propostas novas hipóteses dignas de
1120 1 PALEONTOLOGIA
A paleontologia é um ramo das ciências que se preocupa sobretudo
com a história da biosfera do planeta Terra. Por isso é necessário
estabelecer um sistema coerente de identificação das espécies, ou
seja, é preciso selecionar os caracteres morfológicos diagnósticos
essencialmente genotípicos, excluindo aqueles fenotípicos. Para
cumprir essa tarefa, a paleontologia cada vez mais utiliza-se de estudos
da fisiologia de organismos atuais aparentados com os fósseis.
Por outro lado, atualmente entende-se melhor a biosfera como
parte de um sistema global que resulta e interfere na atmosfera,
hidrosfera e litosfera por meio do tempo geológico. Essa tendência no
entendimento da evolução da biosfera aponta para uma integração
com a paleoclimatologia, a paleoceanografia e a biogeoquímica.
Nessa modalidade de estudo, deverá ser fundamental a determinação
dos aspectos tafonômicos, além dos outros já mencionados, e assim
determinar com clareza as interpretações paleontológicas.
As mudanças climáticas globais em curso são muito discutidas
no meio científico, bem como pela mídia. A paleontologia e a geologia
sedimentar desenvolveram detalhados procedimentos analíticos,
impulsionados pelas áreas mais aplicadas das ciências da Terra durante
o século XX, os quais servem atualmente como indicadores para o
monitoramento ambiental. Uma indicação desse direcionamento
refere-se à realização da conferência internacional intitulada /5t
lnternational Conference - Application of Micropaleontology in
Environmenta/ Sciences, realizada em 1997 na cidade de Tel-Aviv em
Israel.
O estudo do paleoclima do Período Holoceno é uma questão
crucial para chegar a uma apropriada interpretação das mudanças
climáticas em curso. Nos sedimentos dessa idade, há grande quantidade
de elementos biogênicos que, na maioria das vezes, estão bem
preservados e permitem uma analogia com espécimens vivos, sendo
assim úteis para análise do paleoclima. Questões como o efeito estufa
e a variação do nível do mar devem ser abordadas e, para apreciar
esses problemas, será preciso ter a avaliação dos seguintes fatores: as
variações dos ciclos orbitais do planeta, o aumento da emissão de C0 2
na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis e a diminuição de
áreas florestais.
Agradecimentos
REFERENCIAS
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WARD, P. The end of evolution. New York: Bantam Books, 1994. 314p.
GLOSSÁRIO
Amonóideos - Moluscos cefalópodes pertencentes à subclasse
Ammonoidea, dotados de concha externa enrolada e ligeiramente
curva.
1124 I PALEONTOLOGIA
Origina-se de modificações periódicas ou não no sistema deposicional
ou paleoambiente, que podem alterar a quantidade de sedimentos
- depositados ou sua composição. Evidencia-se a estratificação pela
diferença de granulometria, textura, cor, etc.
Facies - Conjunto de características litológicas e paleontológicas
úteis para distinguir unidades estratigráficas. Estas,- no caso d~
facies sedimentares, são geralmente utilizadas para identificar
sistemas deposicionais coevos dentro de um dado paleoambiente.
Embora esse termo tenha sido utilizado originalmente para rochas
sedimentares, ele é atualmente empregado também para rochas
ígneas ou metamórficas.
Fossildiagenese - Ramo da tafonomia que se ocupa de todos os
eventos pós-deposicionais ligados à preservação de restos e vestígios
de organismos. No caso de restos biogênicos, a fossildiagenese ocupa-
se de todas as alterações físicas e químicas após a chegada deles ao
sítio final de deposição e que podem ocorrer durante o soterramento
e a diagênese.
lnoceramídeos - Referente a moluscos bivalvados da família
lnoceramidae.