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Universidade de Évora

Escola de Ciências Sociais


Departamento de Linguística e Literaturas
Línguas e Literaturas: Literatura e Artes

Nome: João Pedro Schwingel Carada


Número: 42295

Estudos de Literatura Comparada I

Recensão Crítica
Guillén, Claudio: 2001, “Entre o Uno e o Diverso: Introdução à Literatura
Comparada”, in BUESCU, Helena Carvalhão, João Ferreira Duarte e
Manuel Gusmão (org.): 2001, Floresta Encantada. Novos caminhos da
Literatura Comparada, Lisboa: Dom Quixote, pp.385-405.

Docente: Profª. Doutora Odete Jubilado

Évora, 12 de Novembro de 2019


1 Introdução

No texto “Entre o Uno e o Diverso: Introdução à Literatura


Comparada”, Claudio Guillén faz uma breve delimitação e percurso
histórico da área de estudos que dá título ao artigo. Com uma perspectiva
de abordar o que não é a literatura comparada, suas divergências e
pluralidades, o autor percorre a história literária durante os séculos e
como se chegou e se desenvolve a disciplina atualmente.
A presente recensão tem como objetivo fazer uma síntese do texto
a partir das suas seções: 1. Primeiras definições; 2. O local e o universal;
3. O uno e o diverso; com alguns apontamentos e, por fim, uma breve
análise.

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2 Síntese

2.1 Primeiras definições


Na introdução ao texto, Guillén procura delimitar de maneira muito
geral sobre que tipo de estudo se debruça a literatura comparada –
“estudo sistemático dos conjuntos supranacionais”. A definição ampla,
reconhece o autor, leva a diversas reflexões sobre o que é a disciplina em
si. A partir disso, constrói-se um caminho pelo qual o comparatista deve
passar para começar o seu processo de investigação: tendo em vista o
objeto (ainda não definido) investigado, em sua singularidade, sem perder
de vista as condições trans/supranacionais e o dinamismo que a história
literária impõe. Nesse sentido, o autor segue para duas problematizações
(complementares uma a outra) sobre os estudos de literatura comparada.

2.2 O local e o universal


Nesta seção, Guillén apresenta duas perspectivas que o
comparatista se depara em suas análises: o local e o universal. Estes
conceitos servem como chave para entender as funções e condições em
que se produzem as diferentes literaturas ao longo da história,
identificando-se mais facilmente onde se encontram as tensões dentro do
espaço/tempo, como afirma o autor: “Do lugar inicial concreto parte a
força que nos empurra irresistivelmente para outros lugares – ou talvez
fora de qualquer lugar” (Guillén, 2001, p. 387-388). Ele também utiliza o
trabalho do crítico literário para traçar uma linha paralela com o
comparatista, pois, de certa forma, os dois se deparam, muitas vezes,
com as mesmas indagações. Entretanto, o objeto, para o estudioso de
literatura comparada, seria as tensões que se configuram em razão do
local/universal, citando, o autor, vários exemplos: raízes
linguísticas/culturais; os géneros ligados aos diferentes movimentos
literários/artísticos; influências de escritores que leram outros escritores;
relações de poder no dinamismo territorial americano e europeu. Guillén
adiciona, ainda, que os grandes escritores são aqueles que, na
singularidade da sua cultura materna, conseguem transcender o

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nacional, “entrando assim em contacto com formas estranhas e temas
novos” e cita o específico caso da América Latina, com um dinamismo de
território e cultura muito grande: o choque entre a cultura dos povos
europeus e dos povos nativos causa grandes pontos de tensão entre o
local e o universal.

2.3 O uno e o diverso


O autor abre esta seção evidenciando as divergências enquanto ao
conceito de universo literário em razão da multiplicidade que o tempo e
história criam nas ciências humanas. Traçando um paralelismo entra
esta e as ciências naturais, o autor cita Ilya Preigogine, ganhador do
Prêmio Nobel de Química, procurando demonstrar que, como nos
sistemas moleculares – nos quais o equilíbrio é afetado pelas bifurcações
do acaso e influência de outros sistemas – as relações de poder existentes
entre os discursos literários dentro da sua localidade, universalidade e
tempo, variam e que, desta maneira, o conceito de universo está pouco
coeso . Isto, como afirma Guillén, “vai inquietar alguns dos fundadores
dos estudos de Literatura Comparada” pois a perspectiva pressupõe
regularidades que criam “valores universais e até eternos”. Conforme se
observa, a literatura, assim como as outras manifestações artísticas,
pode e deve ser investigada dos mais diversos pontos de vista – um tipo
de literatura pode funcionar de um jeito e não de outro dependendo do
espaço e tempo em que aparece –, não cabendo lugar para uma lei
universal. Posto isso, o autor coloca que “a tarefa do comparatista é de
ordem dialéctica” e, portanto, a partir das análises feitas, interessa não
um grupo concreto de conceitos e respostas, mas sim, a procura por
indicações que façam compreender melhor o que é/são a/as literaturas.
Ainda dentro da seção “o uno e o diverso”, o autor transcende os
exemplos que, até o momento, haviam sido todos de uma literatura
ocidental, para ir á outra parte do hemisfério. O contato que os estudos
de Literatura Comparada permitiram entre as culturas ocidental e
oriental evidenciam ainda mais a função de dialética desta disciplina.
Pois, apesar de os povos orientais terem uma tradição de literatura

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milenar e, por muito tempo, pouco influenciada pela cultura europeia,
pode-se encontrar paralelismos – ou melhor dizendo, tensões – entre uma
literatura e outra. E isto é ressaltado pelas diferentes relações de poder
das/entre diferentes sociedades. Enquanto na américa podíamos
encontrar fortes influências europeias – tendo de, o comparatista, possuir
um aparato de conhecimento maior para observar os traços das culturas
nativas – no Oriente, mais especificamente na Ásia, as tensões são mais
dificilmente identificáveis, enquanto as possíveis influências da cultura
europeia (onde, por muito tempo, se concentrou o estudo da disciplina)
são mais sutis. E isto, segundo Guillén, é um terreno fértil para “o diálogo
entre a unidade e a diversidade”. Não podemos, no entanto, renegar o
comparatismo entre literaturas de localidades próximas. Aqui, os
mesmos ou diferentes discursos literários podem criar tensões
transnacionais dentro das relações de poder que podem haver numa
mesma sociedade. E investigar estes pontos, afirma o autor, “amplia
decididamente o que podemos exprimir, aprofundando a nossa própria
humanidade”.
Ainda, o panorama temporal é também de suma importância, pois
“a Literatura Comparada foi uma disciplina resolutamente histórica”. O
tempo demonstra, por exemplo, o dinamismo dos diferentes gêneros
literários, que geram um novo debate: o devir e a continuidade. Algumas
coisas param no seu tempo (não somem, apenas congelam em um
período) e outras juntam-se a novos processos que geram diferenças e
influenciam o tensionamento de certos conceitos/estruturas. O autor
exemplifica isto com a “literatura do exílio” e como este discurso perpassa
diferentes tempos/localidades gerando processos de significação
diferentes em cada vez que aparece (porém, mantendo coerência e
unidade do conceito). Questiona-se, então, como o comparatista trabalha
nestes casos.
Não há um método nem objeto específico. Entretanto, cita Guillén,
poderíamos utilizar do mesmo método para analisar o romance realista
europeu e o romance pastoril espanhol, pois “os instrumentos
conceptuais são os mesmos”. Então, o que caracteriza e onde acontece o

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trabalho do comparatista é sobre “o conjunto de problemas” ocorrente
dos tensionamentos entre as literaturas. A origem deste conjunto é
demonstrada através de uma breve perspectiva história que o autor dá.
Com o fim da hegemonia dos clássicos, diz Glauco Cambon, iniciou-se
«um processo que transformou o que tinha sido antigamente um universo
apreensível num ‘multiverso’ cultural». Com este «multiverso», quer
queiram quer não, quer saibam quer não, confrontam-se todos os críticos
e historiadores da literatura. (Guillén, 2001, p. 401)

E desta maneira, os efeitos das influências de uma sociedade sobre


outra – as relações do eu com o outro, escreve Machado (Machado, 1957,
p. 1134, apud Guillén, 2001, p. 402) – causam uma pluralidade de
processos para mesmos ou diferentes tipos de literatura, como é evidente
na literatura contemporânea, na qual se observa certa liquidez entre
tempo e espaço, ao mesmo tempo que gera questões de busca de
identidade e de problemas universais. Guillén afirma: “A história literária
é irredutível [...] a uma só teoria totalizadora”, e por este motivo o
comparatista deve ser conhecedor da maior quantidade de literaturas
quanto for possível.
Dividida, coroada de estrelas, desde os finais do século XVIII, a literatura
reparte-se, dispersa-se, desagrega-se e até certo ponto, apesar de tudo,
reconstitui-se; e com o passar das gerações, dos sistemas, das teorias,
das histórias, das antologias, tem tendência, cada vez, para se reordenar.
(Guillén, 2001, p. 403)

Levanta-se, em razão disto, cada vez mais problemáticas e pontos


de tensão entre esta arte, sendo a literatura comparada, afirma o autor,
“uma metatentiva, de reunir, descobrir ou confrontar as criações
produzidas nos lugares e nos momentos mais díspares e dispersos: o uno
e o diverso” (Guillén, 2001, p. 405).

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3 Análise e conclusão

Por ser um texto de introdução a Literatura Comparada, o autor


traz poucos conceitos objetivos sobre a área de estudo. Apesar das
divergências entre os métodos e objetos, ao invés de citar diversos
exemplos (alguns deles desnecessariamente repetitivos) do que não é
literatura comparada, Guillén poderia ter feito alusão a alguns tipos de
comparação literária (as análises, de fato), de forma a demonstrar
caminhos possíveis para o comparatismo.
A subjetividade com a qual o autor descreve suas ideais, em muitos
momentos, incomoda de certa forma. Se por um lado realizamos um
esforço para entender a pluralidade do campo de estudo, por outro,
acabamos o texto com diversas dúvidas (algumas das quais o próprio
autor propõe e não chega a uma resposta ou oferece poucos meios para
responde-las). Desta forma, para alguém que ainda não adquiriu
conhecimento suficiente para ser um comparatista, pode ficar muito
confuso e se demonstrar frustrante, por ser um texto de introdução a um
assunto. Por consequência, também ficou pouco claro como se dá o
caráter científico da disciplina.
Apesar disso, a forma natural como a perspectiva histórica
perpassa o texto é positiva. Mesmo sem uma seção específica para
abordar os fatos temporalmente, é possível traçar uma linha de
acontecimentos. Os exemplos históricos e de localidade que demonstram
os tensionamentos, tanto de mesmas nacionalidades quanto de
nacionalidades diferentes, foram bem colocados. Alguns conceitos, ainda
que em uma relação meio confusa (universal, individual, local,
multiversos culturais, pluralidades e singularidades), ajudam a entender
o caminho que percorreu a Literatura Comparada até os dias atuais.
Concluo que, apesar de ser uma leitura relativamente fácil e fluída,
só consegui absorver a maior parte da informação pelo meu prévio
contato com as teorias do discurso literário, que me possibilitaram ter

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uma visão mais objetiva de algumas relações específicas que ficaram, na
minha perspectiva, um pouco abstratas no texto.

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