Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Inversamente, a “não-rivalidade” significa que o “uso“ que um agente faz desse bem/serviço
não reduz a quantidade disponível desse bem ou serviço para ser usado por outra pessoa ou
instituição2. O conhecimento, a pesquisa e o desenvolvimento, a inovação, a defesa nacional, a
segurança, a luz, o oceano, as paisagens, etc são exemplos de bens cuja “rivalidade” é
extraordinariamente baixa, senão mesmo inexistente.
Para a análise de duas categorias particulares de bens (bens públicos e bens/recurso comuns)
é particularmente útil fazer uma referência à ligarão entre o grau de “rivalidade” e o
“congestionamento” (ou saturação) no acesso a um bem ou serviço. Usaremos o exemplo das
estradas para tornar claro o efeito do congestionamento sobre o grau de rivalidade de um
bem ou serviço. As estradas sem portagem3 são bens cujo grau de rivalidade depende do grau
de congestionamento em que se encontram. Em hora de ponta, cada veículo a mais na estrada
reduz a “quantidade” de estrada disponível para os restantes condutores. Porém fora das
1
O termo é usado no sentido genérico porque os bens e serviços podem ser usados ou consumidos por
pessoas ou instituições (privadas – empresas - ou públicas – Estado, etc).
2
Por vezes, a literatura associa a “rivalidade” à possibilidade dos bens poderem ser “divisíveis”. Nesta
acepção, um bem não-rival é também um bem “indivisível”, dado que o seu uso ou o seu consumo por
uma pessoa reduz o montante disponível para outras. Pelo contrário, um bem com elevado grau de
rivalidade é divisível surgindo, por isso, aos agentes em unidades discretas.
3
Apesar de serem bens com um elevado grau de “exclusividade” (que analisaremos de seguida) a
“rivalidade” das Auto-estradas (que têm a particularidade de cobrarem uma portagem para acesso)
depende do nível de congestionamento, da mesma forma descrita anteriormente.
Projecto: Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa
Porém, há bens e serviços para os quais é muito difícil estabelecer com clareza direitos de
propriedade. Para este tipo de bens ou serviços, o acesso ao seu uso ou o seu consumo está
extraordinariamente facilitado, mesmo para aqueles que não se dispõem a pagar por isso.
Uma vez disponível o bem ou o serviço com baixo grau de exclusividade, todos aqueles que
não querem (ou não podem) pagar para lhe ter acesso não podem ser excluídos dos seus
benefícios ou dos seus efeitos nefastos. Dito de outra forma, é impossível ou mesmo
proibitivamente dispendioso excluir do seu uso ou do seu consumo os “não pagadores”. Esta
impossibilidade de exclusão dos não pagadores dá frequentemente origem ao aparecimento
de um fenómeno conhecido como “passageiro clandestino”4. A luz solar (com, de resto, a luz
em geral) é um exemplo típico de um bem com grau de exclusividade nula. Mas podemos
também referir as estradas sem portagem (independentemente de se encontrarem
congestionadas ou não), a segurança, a defesa nacional, os peixes (no oceano), o
conhecimento, as ideias, a inovação, a atmosfera, a água, a biodiversidade, etc.
O quadro seguinte dá uma ideia esquemática das possibilidades de “classificação” dos bens ou
serviços segundo estas duas características da exclusividade e da rivalidade.
4
Ou “free rider” no equivalente Anglosaxónico
Projecto: Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa
5
Para além da exclusividade, as outras duas condições para a uma estrutura bem definida de direitos de
propriedade e, logo, condição para a afectação eficiente dos recursos, são a “transferibilidade” e a
“enforceability”
6
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
7
As 4 razões pelas quais ocorrem “falhas de mercado”são: externalidades, bens públicos, informação
imperfeita e mercados incompletos.
Projecto: Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa
Em primeiro lugar, a alteração do “bem-estar” pode ser positiva (uma propriedade vizinha
bem conservada - que faz subir o valor de mercado da nossa - um perfume agradável usado
pela pessoa que vai sentada ao nosso lado, melhores hábitos de condução - que reduzem o
risco de acidentes - o progresso científico, a educação, a vacinação) ou negativa (a poluição
atmosférica, a poluição das águas, festas barulhentas na vizinhança, trânsito congestionado,
fumo de cigarro, a subida nos prémios de seguro devido ao consumo de álcool ou tabaco por
parte dos outros, “vista obstruída”, etc.). Consequentemente, a uma externalidade positiva
está associado um benefício enquanto que a uma externalidade negativa está associado um
dano (custo ou prejuízo são também termos usados neste contexto).
Uma vez que as externalidades afectam o bem-estar, elas tendem a ser valorizadas pelos
agentes mas, com decorre da segunda condição enunciada anteriormente, não têm associadas
qualquer mecanismo de recompensa/compensação. Isto é, ao benefício causado a um agente
não corresponde qualquer recompensa ao seu causador, nem ao custo associado a um efeito
externo negativo corresponde qualquer compensação à sua vítima. Naturalmente que a
externalidade deixa de existir logo que qualquer mecanismo de recompensa ou compensação
seja instituído.
A chave para se lidar com os efeitos externos consiste, então, em accionar os mecanismos de
feedback ausentes de forma a criar um sistema que recompense/penalize a criação de efeitos
benéficos/nefastos de modo a internalizá-los no comportamento dos agentes.
8
E é por essa razão que esses efeitos são classificados de “externos”.
Projecto: Custos e Benefícios, à escala local, de uma Ocupação Dispersa
termos de política pública. É o caso, em especial de muitos efeitos externos que envolvem o
“ambiente”.
Em todo o caso, este tipo de efeitos externos tem uma tradução prática no mercado (provoca
alterações nos preços e, por via disso, do bem estar) e, por isso, os mecanismos de feedback
de que falámos mais atrás estão presentes. A subida do preço dos terrenos na zona de Setúbal
onde se irá construir o novo estádio de futebol do clube local (assim como o que é conhecido
como uma nova zona de expansão urbana) ilustra o aparecimento deste tipo de externalidade.
Podemos detectar este fenómeno de várias maneiras e com sinais contrários. Para os terrenos
afectos a actividades primárias em regime de arrendamento, os actuais rendeiros verão
reduzir-se o seu “bem-estar” na medida em que as rendas aumentarão; os proprietários
(individuais ou de empresas) das parcelas a urbanizar verão o seu rendimento potencial
aumentar; os potenciais compradores de lotes e habitações serão confrontados com preços
mais elevados, etc….
JMMBelbute