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CAPÍTULO 6
[...] a paráfrase também vai além da compreensão de pistas locais, pois para fazer
uma paráfrase adequada o leitor precisa perceber o global, transformar os elementos
locais num todo coerente. [...] (pg. 83)
[...] é importante pensar no texto como tendo dois aspectos globais profundos [...] um
relativo à construção de um significado e que está diretamente ligado ao assunto, que
seria a MACROESTRUTURA [...] outro relativo à construção de uma armação
sustentadora do assunto, que estaria ligado ao gênero, que seria a estrutura ou
SUPERESTRUTURA. (pg. 84)
[...] Faz parte da estrutura do texto marcar a relativa importância das informações
mediante a ordenação, a hierarquização das mesmas. O tema, que é principal, é uma
das primeiras informações do texto, sendo também várias vezes retomado. (pg. 84)
[...] o texto expositivo teria uma estrutura binária contendo um evento e as causas do
evento, ou melhor, causa e consequência. A essa configuração dá-se o nome de
superestrutura. [...] diversos tipos de textos podem ser analisados como tendo
estruturas binária - problema/solução, tese/evidências, generalização/exemplo. [...]
essa estrutura é recursiva: por exemplo, a solução de um problema pode ter a
estrutura de uma tese e uma evidência, e assim sucessivamente. (pg. 86)
1) depreender o tema;
[...] construir relações globais a partir de pistas locais, exige grande capacidade de
abstração do leitor. [...] para o desenvolvimento dessa capacidade mediante a leitura
de textos mais simples, que, pelo fato de não exigir demais quando o processamento
de aspectos linguísticos locais (relacionados à sintaxe da frase, relações coesivas,
léxico), permitem-lhe voltar sua atenção à tarefa de depreensão de aspectos
estruturais globais. (pg. 87)
[...] exemplares de textos simples que liberam a memória de trabalho para fazer
abstrações mais profundas: a ilustração com legenda e o gráfico. (pg. 87)
[...] na medida em que textos descritivos [...] são relativamente simples, com uma
estrutura binária que consiste do objeto e suas características, a leitura do texto
poderia ser aproveitada para a introdução de elementos estruturais mediante
perguntas do seguinte tipo: qual é o tópico do texto (ou assunto), qual é a ideia
principal sobre o assunto, o que é detalhe. Novamente, uma das tarefas do aluno
poderia ser organizar essa informação hierarquicamente, através de um esquema do
texto. (pg. 89)
[...] estrutura expositiva contendo uma tese e uma evidência [...] A evidência, por sua
vez, consiste de um relato sobre um acontecimento. Uma vez que a evidência
mediante relato de experiência pessoal é comum na criança, a evidência de um relato
de um fato não apresentaria maiores dificuldades, ao mesmo tempo em que
constituiria um nível intermediário entre a evidência altamente contextualizada da
criança e a evidência abstrata de textos dissertativos, por exemplo. (pg. 90)
Gráfico e Tabela
[...] outro tipo de texto cuja simplicidade deve-se ao suporte da ilustração, podendo,
portanto, também ajudar a criança, segura em relação ao processamento do material
escrito, a perceber relações mais abstratas. (pg. 91)
6.3 INTERAÇÃO: ATRIBUIÇÃO DE INTENCIONALIDADE
Os aspectos que essa linha de análise [análise crítica do discurso] considera mais
relevantes para o estudo da relação entre forma e fatores sociais são: modalidade,
noções embutidas nas classes gramaticais e as transformações. [...] (pg. 95)
[...] Pensando no ensino de gramática a partir de uma perspectiva analítica crítica [...]
É através do adjetivo que o falante descreve, ou identifica, dentro do conjunto de
objetos nomeados pela palavra, aquele sobre qual ele está falando, e que seu ouvinte
começa a identificação do objeto dessa perspectiva, podendo aceitá-la ou não. (pg.
95)
[...] o adjetivo (entre outras classes) passa a categorizar, a dar nomes às pessoas: o
aidético, o tuberculoso, a feminista. Mediante a criação de uma categoria podemos
[...] criar entidades e consolidar novos conceitos e [...] tornar conspícua aquela
característica realçada, apagando qualquer outra e, de certa maneira, determinando,
num primeiro momento, a maneira como o interlocutor percebe o objeto. [...] (pg. 95)
[...] NOMINALIZAÇÃO [...] torna o texto mais impessoal (não temos mais agentes
atuando no tempo, mas apenas o resultado da ação) serve efetivamente para tornar
uma informação em algo dado*, já conhecido dos interlocutores. [em oposição a novo]
[...] (pg. 96)
[...] O processo através do qual transformamos ações em nomes tem o efeito de tornar
aquilo que era novo, que estava sendo comunicado, em dado, em pressuposição,
aquilo que é sabido pelos participantes. [...] (pg. 98)