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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

JÉSSICA SANTOS QUEIROZ

Relato de caso:
Apresentação da Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP) em cão adulto, fêmea e SRD

Uberlândia
2019
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1 INTRODUÇÃO

A pele, tecido composto por uma camada externa, a epiderme, e uma interna, a derme,
tem como origem embriológica no ectoderma e mesoderma, respectivamente.
Anatomicamente, pode-se apresentar em quatro padrões: pele pilosa, pele do escroto, pele do
plano nasal e coxins. Esses padrões se diferem principalmente em relação à espessura do tecido
e à presença de pelos (SOUZA et al., 2009). Esse tecido que reveste a superfície do corpo,
graças a queratinização da sua camada mais externa, é capaz de proteger o organismo do atrito
e desidratação. Além disso, está envolvida nos processos de termorregulação corporal, excreção
de diversas substâncias, produção de vitamina D, além de permitir a percepção sensorial
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; PINHO; MONZÓN; SIMÕES, 2013). O sistema
tegumentar, também, serve como indicador do estado de saúde do animal (PINHO; MONZÓN;
SIMÕES, 2013).
Das afecções de animais de companhia, as dermatopatias são as mais prevalentes,
estimando- se que entre 20 e 75% dos animais atendidos em clínicas e hospitais tenham como
queixa primária ou secundária, enfermidades do sistema tegumentar (CARDOSO et al.; 2011).
Isso ocorre visto que esses transtornos são mais perceptíveis, se tornando motivo de
preocupação dos tutores (PINHO; MONZÓN; SIMÕES, 2013). As doenças dermatológicas
mais frequentes, nos Estados Unidos da América, em ordem crescente, são a dermatite alérgica
à picada de pulga (DAPE), neoplasias cutâneas, piodermite bacteriana, seborreia, outras
alérgicas, demodicidose, escabiose, autoimunes, endócrinas e dermatite acral por lambedura
(MILLER; GRIFFIN; CAMPBELL, 2013). Já um estudo brasileiro, com dados de 819
prontuários HV-UENP, sendo 257 referentes à dermatopatias, teve como resultado as seguintes
frequências de acordo com a etiologia da doença: bacterianas (30,35%), parasitárias (15,56%),
fúngicas (14,79%), de caráter imunológico (10,51%), desordens na queratinização (7,39%), de
origem psicogênica (1,17%), otite externa (17,51%) e outras (2,72%) (VASCONCELOS et al,
2017).
Dentre as dermatopatias as de origem alérgicas são as mais comuns e se caracterizam
por prurido e inflamação crônica do sistema tegumentar. As formas clínicas dessas afecções
variam, desde placas liquenificadas e nódulos até lesões auto induzidas. Devido a isso, o
diagnóstico clínico é dificultado, sendo necessário uma anamnese meticulosa, exame clínico
detalhado e exames diagnósticos específicos (VASCONCELOS et al, 2017).
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A Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP) é uma enfermidade de caráter alérgico,


comum em climas tropicais, o que ocorre no Brasil o ano todo, permitindo a ocorrência dessa
doença por todo o ano. Esta doença ocorre, devido à uma reação exacerbada do sistema imune
(reação de hipersensibilidade) a uma proteína constituinte da saliva de pulgas. A transferência
desta molécula à pele ocorre durante o repasto sanguíneo de pulgas, que injetam sua saliva de
caráter anticoagulante (SILVA et al, 2012; HNILICA; PATTERSON, 2017; MILLER;
GRIFFIN; CAMPBELL, 2013).
Dentre os sinais clínicos da doença, o prurido de moderado à intenso é o mais frequente,
levando a lesões secundárias auto afligidas, durante o processo de se coçar do animal,
caracterizadas por escoriações, com presença de crosta e secreções sanguinolentas. Além disso,
pode apresentar erupções pruriginosas, papulares e com crostas com eritema secundário,
hipotricose seguida de alopecia, hiperpigmentação, liquenificação. e infecções secundárias,
como seborreia e piodermatite. Topograficamente, essas lesões distribuem-se caudodorsal e
lombosacral, com acometimento da cauda, ânus, região caudomedial das coxas, abdômen,
flanco e pescoço (SILVA et al, 2012; HNILICA; PATTERSON, 2017).
O diagnóstico clínico se baseia no histórico apresentado pelo tutor do animal, além de
achados macroscópicos característicos durante a anamnese, como a presença do ectoparasita e
suas fezes, e da resposta ao tratamento. A presença de pulgas ou de suas excretas ajuda no
diagnóstico, porém muitas vezes está ausente em animais alérgicos e presente em animais
normais sem sintomatologia clínica, sendo uma desafio em persuadir o tutor de que se trata de
uma hipersensibilidade à picada de pulgas (SILVA et al, 2012; MILLER JR). Segundo Hnilica
e Patterson (2017), o diagnóstico diferencial inclui: atopia, hipersensibilidade alimentar, outros
ectoparasitas (sarna, queiletielose, pediculose, demodicose), pioderma superficial,
dermatofitose, demodicose e dermatite por Malassezia.
O tratamento envolve o controle de pulgas no animal e no ambiente, com a utilização
de pulgicidas e reguladores de crescimento de insetos ambientais e produtos tópicos ou
sistêmicos. Por conseguinte, deve-se tratar as possíveis infecções secundárias e a
sintomatologia por meio de xampus antimicrobianos; condicionadores anti-coceira e sprays
contendo anti-histamínicos, pramoxina e corticoides. Em alternativa às preparações tópicas,
pode-se utilizar antimicrobianos, anti-histamínicos e glicocorticoides sistêmicos. Sendo o
prognóstico favorável, desde que haja um controle rigoroso das pulgas (HNILICA;
PATTERSON, 2017).
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2 RELATO DE CASO

Durante a disciplina de Clínica de Pequenos Animais I, foi atendido a Olga, canino,


fêmea, adulto, de pelagem preta e SRD, cujo proprietário é o Luciano Francisco, da APA
(Associação de Proteção Animal) da cidade de Uberlândia, Minas Gerais. A queixa principal é
que o animal tem reincidentemente coceira, perda de pelo e crostas na pele. O prurido é
principalmente em região perianal. Com relação a dermatopatias, já foi diagnosticado com
demodicose anteriormente.
O animal vive com outros 10 animais, come ração de marca desconhecida pelo tutor, é
vacinado com antirrábica e polivalente e havia sido vermifugado há um mês e meio. O animal
apresentava o quadro da queixa principal a 3 anos. Com relação ao controle de ectoparasitas, o
animal usa coleira antipulgas, topline tópico e banhos com amitraz.
Na anamnese especial da pele e ouvido, foi relatado prurido, crostas de localização
generalizada e alopecia. Durante o exame físico geral, o animal se encontrava alerta, hidratado,
escore corporal de 6 de 9, normotérmico, normocárdico e taquipneico. As mucosas estavam
úmidas e normocoradas. O tempo de preenchimento capilar foi de 2 segundos e o turgor cutâneo
estava dentro dos parâmetros normais para a espécie. Os linfonodos submandibulares, poplíteos
e inguinais estavam reativos. Havia, também, nódulo em mama M5 esquerda e direita. Durante
o exame dermatológico, as lesões identificadas foram: lesões alopécicas, liquinificadas,
hiperpigmentadas e pruriginosas em região inguinal; lesões alopécicas, hiperpigmentadas e
endematosas em região caudal de membros posteriores esquerdo e direito; hiperqueratose em
região de focinho e coxins dos membros anteriores esquerdos e direitos; e nódulo subcutâneo,
firme e não aderido na Mama M5 de ambos os antímeros.
Para fins de diagnóstico, foi coletado sangue para hemograma completo e exame
bioquímico, raspado de pele para o exame parasitológico direto e foi feito citologia aspirativa
dos nódulos encontrados na mama. No hemograma completo, a única alteração relevante foi
nível de proteínas plasmáticas elevado. No bioquímico foi detectado hipoalbuminemia e o
exame parasitológico foi negativo.
O diagnóstico principal foi de DAPP, que tem um prognóstico favorável, e o tratamento
prescrito foi o antiparasitário Simparic de 20mg, 1 comprimido comestível a cada 30 dias para
o controle das pulgas.
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REFERÊNCIAS

CARDOSO, M. J. L. et al. Dermatopatias em cães: revisão de 257 casos. Archives of


Veterinary Science, v.16, n.2, p. 66-74, 2011.
HNILICA, K. A.; PATTERSON, A. P. Hypersensitivity disorders. In:___. Small Animal
Dermatology: A Color Atlas and Therapeutic Guide, 4.ed. Saint Louis: Elsevier, 2017. Cap.
7, p. 188-244.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Pele e anexos. In:______. Histologia Básica, 12.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara, 2013. Cap 18, p. 353-365.
MILLER, W.H.; GRIFFIN, C.E., CAMPBELL, K. L. Hypersensitivity Disorders. In:______.
Small Animal Dermatology, 7.ed. Saint Louis: Elsevier, 2013. Cap. 8, p. 363-461.
PINHO, R.; MONZÓN, M. F.; SIMÕES, J. Dermatologia Veterinária em Animais de
Companhia:(I) A pele e seus aspetos relevantes na prática clínica. Portugal:
Veterinaria.com.pt, 2013. Ebook. Disponível em:
http://veterinaria.com.pt/media/DIR_27001/VCP5-1-2-e2.pdf. Acesso em: 04 nov. 2019.
SILVA, N. C., COSTA, J. D. S., FIGUEIREDO, K. B., LEHNEN, P. L., CRUZ, J. A. C., &
BERTOLINO, J. Dermatite alérgica à picada de pulga–diagnóstico clínico. In: SEMINÁRIO
REGIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA REGIÃO CENTRO-OESTE, 5., 2012,
Goiânia. Anais [...].
SOUZA, T. M. et al. Aspectos histológicos da pele de cães e gatos como ferramenta para
dermatopatologia. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 29, n. 2, p. 177-
190, fev. 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
736X2009000200017&lng=en&nrm=iso. Acesso em 04 nov. 2019.
VASCONCELOS, J. S. et al. Caracterização clínica e histopatológica das dermatites alérgicas
em cães. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 37, n. 3, p. 248-
256, mar. 2017 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
736X2017000300248&lng=en&nrm=iso. Acesso em 04 Nov. 2019.

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