Sei sulla pagina 1di 256

U.T.I.

© Hexag Editora, 2017


Direitos desta edição: Hexag Editora Ltda. São Paulo, 2015
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Edson Yukishigue Oyama
Eduardo Shibata
Felipe Filatte
Marcos Navarro
Pâmella Simões Tavares de Oliveira
Ricardo Rosa
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial
Hexag Editora
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista
Revisor
Arthur Tahan Miguel Torres
Pesquisa iconográfica
Camila Dalafina Coelho
Programação visual
Hexag Editora

Editoração eletrônica
Camila Dalafina Coelho
Eder Carlos Bastos de Lima
Filipi Figueiredo
Raphael Campos Silva
Raphael de Souza Motta

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo usado apenas para fins didáticos, não represen-
tando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2017
Todos os direitos reservados por Hexag Editora Ltda.
Rua da Consolação, 954 – Higienópolis – São Paulo – SP
CEP: 01302-000
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
CARO ALUNO
Você está recebendo o primeiro caderno da U.T.I. (Unidade Técnica de Imersão) do Hexag Vestibulares. Este material
tem o objetivo de verificar se você aprendeu os conteúdos estudados nos livros 1 e 2, oferecendo-lhe uma seleção
de questões dissertativas ideais para exercitar suas memória e escrita, já que é fundamental estar sempre pronto a
realizar as provas de 2ª fase dos vestibulares.
Além disso, este material também traz sínteses do que você observou em sala de aula, ajudando-lhe ainda
mais a compreender os itens que, possivelmente, não tenham ficado claros e a relembrar os pontos que foram
esquecidos.
Aproveite para aprimorar seus conhecimentos.

Bons estudos!

Herlan Fellini
BIOLOGIA
Biologia 1 5
Biologia 2 35
Biologia 3 69
FÍSICA
Física 1 95
Física 2 111
Física 3 147
ÍNDICE QUÍMICA
Química 1 179
Química 2 201
Química 3 237
© Juan Gaertner/Shutterstock
rstock

Biologia 1
U.T.I.
1/2
Origem da vida

Teorias sobre a origem da vida


Filósofos importantes, como Platão e Aristóteles, aceitavam certa explicação sobre a origem dos seres vivos. Dessa
interpretação, surgiu a teoria da geração espontânea ou teoria da abiogênese, segundo a qual todos os seres vivos
originam-se da matéria bruta de modo contínuo.
Essa teoria, entretanto, foi contestada por vários cientistas, que por meio de seus experimentos provaram
que um ser vivo só se origina de outro ser vivo. Surgiu, então, a atualmente aceita teoria da biogênese.
§§ Teoria da abiogênese: os seres vivos originam-se da matéria bruta de maneira contínua. Principais de-
fensores: Aristóteles, Platão, Needhan, Virgílio, Aldovandro, Kricher e Van Helmont.
§§ Teoria da biogênese: os seres vivos originam-se de outros seres vivos. Principais defensores: Redi,
Spallanzani e Pasteur.

Redi
Por volta de 1660, Francesco Redi começou a combater a teoria da geração es-
pontânea. Para isso, colocou pedaços de carne crua dentro de frascos, deixando
alguns abertos e outros fechados com gaze. Veja esquema do experimento ao lado.
Constatou a presença de numerosos ovos e larvas de insetos sobre a gaze
que fechava o recipiente e a ausência deles sobre a carne ali contida. Esse experi-
mento demonstrou que os insetos eram atraídos pela carne e que o aparecimento
de larvas era proveniente dos numerosos ovos colocados por esses animais. Os
resultados de Redi fortaleceram a teoria da biogênese.
Experimento realizado por Redi, cujo
resultado reforçou a teoria da biogênese.

Pasteur
Louis Pasteur, por volta de 1860, por meio de seus célebres experimentos com balões do tipo “pescoço de cisne”,
conseguiu provar definitivamente que os seres vivos originavam-se de outros seres vivos. Além disso, constatou a
presença de micróbios no ar atmosférico.
Este experimento mostra que um líquido, ao ser fervido, não perde a “força vital”, como defendiam os adeptos
da abiogênese, pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do líquido, há aparecimento de seres vivos. O
experimento rebate ainda outro argumento dos adeptos da abiogênese: a formação de ar viciado impróprio para a vida. O
líquido fervido fica, neste caso, em contato com o ar atmosférico através do pescoço do balão e não ocorre o aparecimento
de seres vivos, pois as gotículas de água que se acumulam nesse pescoço retêm os micróbios contidos no ar que penetra
no balão. A partir dos experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter preferência nos meios científicos.

7
A hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos
Essa hipótese sugere que moléculas orgânicas complexas foram formadas a partir de moléculas simples nas con-
dições da Terra primitiva, antes do aparecimento dos seres vivos. Os gases amônia (NH3), hidrogênio (H), metano
(CH4) e vapor de água da atmosfera primitiva, ao sofrerem os efeitos das fortes descargas elétricas provenientes
das frequentes tempestades e da influência acentuada dos raios ultravioleta do Sol, reagiram entre si, formando
moléculas orgânicas simples (aminoácidos, açúcares, alcoóis). Essas moléculas teriam sido, então, arrastadas pelas
águas da chuva e se acumulado nos mares primitivos, onde outras reações teriam ocorrido. Substâncias orgânicas
formaram uma “sopa nutritiva’’.
As moléculas de proteína aproximam-se, formando vários aglomerados proteicos envoltos por várias molé-
culas de água. Esses aglomerados foram chamados por Oparin de coacervados.
Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias
orgânicas, principalmente de proteínas.
Apesar de isolados, os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que, em seu
interior, houve possibilidade de ocorrer inúmeras reações químicas, as quais permitiram capacidade de duplicação
e, assim, os primeiros seres vivos.

O experimento de Miller
Stanley L. Miller construiu um aparelho que simulava as condições da Terra primitiva e introduziu nele os gases que
provavelmente constituíam a atmosfera naquela época. Esses gases foram amônia (NH3), hidrogênio (H), metano
(CH4) e vapor de água.

A água, ao ferver, forma vapor e promove a circulação em todo o sistema, de acordo com o sentido das
setas. No balão em que se encontra a mistura gasosa, ocorrem descargas elétricas, simulando os raios que, naquela
época, deviam ocorrer com frequência.
Então, o experimento de Miller demonstrou que moléculas orgânicas (aminoácidos) poderiam ter-
-se formado nas condições da Terra primitiva, o que reforça a hipótese da evolução gradual dos sistemas
químicos.

8
A hipótese autotrófica
Como todo ser vivo necessita de alimento para sobreviver, é lógico admitir que os primeiros seres vivos tenham
sido capazes de produzi-lo, isto é, tenham sido autótrofos. Contra essa hipótese, existe uma objeção de que os
autótrofos sintetizam alimentos orgânicos (a partir de substâncias inorgânicas) à custa de uma série extremamente
complexa de reações químicas, exigindo que o organismo também seja complexo. Acontece, porém, que a teoria da
evolução biológica, contra a qual não há objeções sérias, afirma que os primeiros seres vivos devem ter sido bas-
tante simples, levando muito tempo para se tornarem complexos; portanto, os biologistas não aceitam a hipótese
autotrófica, porque ela vai contra a teoria da evolução.

A hipótese heterotrófica
Supõe que a forma mais primitiva de vida se desenvolveu de matéria não viva, forman-
do-se em um ambiente complexo um ser muito simples, incapaz de fabricar seu alimen-
to. A hipótese heterotrófica supõe que um ser muito simples evolui, vagarosamente, da
matéria inanimada, e que isso aconteceu há milhões de anos, mas não ocorre mais.
De acordo com a hipótese heterotrófica, a vida teria surgido por meio das seguin-
tes etapas, ilustradas ao lado:

Formação de proteínas

Na Terra primitiva, os aminoácidos teriam chegado às rochas carregados pelas chuvas. A evaporação da água teria
deixado os aminoácidos secos sobre a superfície das rochas quentes. Em tais condições, teria ocorrido a formação
de ligações peptídicas (síntese por desidratação) pela evaporação de água e a consequente formação de proteínas;
posteriormente, tais proteínas seriam levadas aos oceanos pelas chuvas.

Surgimento dos heterótrofos

Pode-se afirmar que não havia camada de ozônio na Terra primitiva, portanto, a temperatura da superfície terrestre
era muito alta.
Nesse cenário, as combinações de elementos simples levavam à formação de substâncias complexas. Assim,
foi possível a formação de seres unicelulares heterótrofos. A única fonte de energia disponível era a própria sopa
nutritiva (sem O2); portanto, eram heterótrofos fermentadores – liberavam CO2.
Com o passar do tempo, mais mutações foram ocorrendo e surgiram organismos aptos a usar CO2 e energia
luminosa como fontes de energia. Assim, surgiram os seres autótrofos fermentadores e fotossintéticos, que come-
çaram a liberar O2 para a atmosfera terrestre.

Capacidade de reprodução
Graças a sua capacidade de retirar alimentos e energia do meio e organizar as moléculas em padrões definidos,
os heterótrofos anaeróbios primitivos teriam crescido gradativamente, a tal ponto que teria surgido a luta pela
sobrevivência devido a problemas no volume celular.
Nessas condições, ou ele teria perecido ou teria se dividido, como meio de reduzir o volume. Nos organismos
bem-sucedidos, teriam surgido os ácidos nucleicos, moléculas que controlam os processos básicos de reprodução
e organização. Em tais condições, o primitivo organismo que tivesse DNA teria encontrado o meio para se duplicar
exatamente, transmitindo aos seus descendentes o mesmo padrão de organização conseguido após todo o tempo
de evolução transcorrido.

9
Aparecimento dos autótrofos

O DNA, ao duplicar-se, geralmente dá origem a cópias exatamente iguais; porém, às vezes, ocorrem mutações, isto
é, alterações na sequência de bases existente na molécula e, com isso, a molécula que controla as atividades vitais
passa a não ser mais a mesma. Portanto, as células-filhas que receberam a mutação terão uma alteração no seu
comportamento. Dessa forma, teriam surgido organismos autótrofos, característica vantajosa selecionada pelo meio.

Aparecimento dos aeróbios

Os primeiros autótrofos, a partir de um suprimento de CO2, enzimas de ATP e aparecimento de uma molécula, talvez
a clorofila, capaz de absorver a energia luminosa, realizariam uma primitiva fotossíntese.
No processo de fotossíntese, liberam-se moléculas de oxigênio. Portanto, podemos supor que uma certa
quantidade de gás tenha-se acumulado gradativamente, durante milhares de anos, como consequência do apareci-
mento dos autótrofos. Todavia, a utilização de oxigênio para a obtenção de energia a partir da glicose
libera muito mais energia do que a retirada de energia na ausência de oxigênio, pois a fermentação
fornece um saldo energético de apenas 2 ATP, enquanto, na reação com o oxigênio, o saldo é de 38
ATP. Teriam, então, levado vantagem os organismos capazes de executar respiração aeróbia, porque, assim, teriam
retirado mais energia do alimento disponível.

Evidências evolutivas

A ideia de evolução
A evolução biológica consiste no conjunto de modificações (mutações) sofridas pelas espécies ao longo de muito
tempo. Essas modificações podem permitir à espécie uma melhor adaptação ao meio em que vive, ou seja, realizar
com mais eficiência seus comportamentos reprodutivo, alimentar e de exploração de seu habitat.
Portanto, uma espécie evoluída é adaptada ao meio em que vive, não importando o seu grau de complexidade.
Logo, é interessante observar que tanto organismos simples, como as bactérias, ou complexos, como os
mamíferos, estão adaptados ao ambiente em que vivem.

As espécies
Espécies consistem em um conjunto de indivíduos, semelhantes anato, fisio e filogeneticamente, capazes de rea-
lizar fluxo gênico entre si por mecanismos reprodutivos diversos, com produção de descendentes com as mesmas
propriedades de transmissão hereditária.

Conceitos
Durante muito tempo, acreditou-se que os seres vivos que conhecemos hoje, quase 2 milhões de espécies, fossem
exatamente iguais à época de sua criação. Essa teoria é conhecida como fixismo.
Já o transformismo propõe que as espécies são mutáveis, ou seja, modificam-se ao longo do tempo.

10
Evidências evolutivas
A expressão “evidência evolutiva” sugere a ideia de comprovação de um fato. Logo, a partir de agora, passaremos
a encarar a evolução biológica como um fato.

Fósseis
Correspondem à principal e mais notável evidência a favor do transformismo e, portanto, da evolução. São, por
definição, restos ou vestígios de organismos de épocas remotas conservados até a atualidade. Representam uma
evidência evolutiva, pois mostram-nos que os organismos não foram criados simultaneamente, ou seja, há fósseis
de diferentes idades.

Datação radioativa dos fósseis

A idade de um fóssil pode ser estimada pela medição de elementos radioativos presentes nele ou na rocha em que
está fossilizado. Em princípio, quanto mais profundo o terreno, mais antigo é o fóssil.
Caso o fóssil apresente substâncias orgânicas em sua constituição, sua idade pode ser calculada com razo-
ável precisão pelo método do carbono-14 (14C), um isótopo radioativo do carbono (12C).
Como a meia-vida do carbono-14 é relativamente curta, a datação mediante esse isótopo serve apenas para
fósseis com menos de 50 mil anos. Para datar fósseis mais antigos, empregam-se isótopos com meia-vida mais
longa, como o isótopo de urânio-235 (235U) e de potássio (40K).

Anatomia comparada
No estudo dos vertebrados, é evidente que existe um padrão esquelético: um crânio ligado a uma coluna vertebral,
que apresenta uma cintura escapular, onde se conectam os membros anteriores e uma cintura pélvica, na qual
estão conectados os membros posteriores. Portanto, é óbvio que todos os vertebrados, apesar de diferentes, apre-
sentam características em comum, o que mostra parentesco e indica um ancestral comum, que, por evolução, deu
origem a todos os subgrupos.

Estudo comparativo ósseo entre membros anteriores (da esquerda para a direita) de homem, gato, baleia e morcego.

11
Embriologia comparada
O estudo embriológico dos animais mostra que quanto mais inicial é a fase de desenvolvimento do embrião, maio-
res são as dificuldades de diferenciação e identificação do grupo estudado. Isso quer dizer que o desenvolvimento
embriológico dos animais é extremamente semelhante nas suas fases iniciais, ocorrendo a diferenciação só mais
tardiamente. Logo, entre espécies ou grupos evolutivamente próximos existe uma semelhança embriológica muito
grande, quanto às fases iniciais do desenvolvimento.

Bioquímica, biologia e genética molecular


Recentemente, estudos nas áreas da bioquímica, biologia e genética molecular têm mostrado que a presença das
mesmas proteínas em organismos de grupos diferentes indica semelhança no aparato metabólico e hereditário, o
que, sem dúvida nenhuma, evidencia parentesco e, portanto, ancestralidade comum. O esquema, a seguir, ilustra
os processos básicos e universais que envolvem o material genético e a sua expressão.

Homologias e analogias
Estruturas homólogas apresentam a mesma origem embriológica, porém, podem ter destinos funcionais diferentes.
Estruturas análogas apresentam a mesma função ou papel biológico, porém, podem ter origens embriológicas dis-
tintas. Veja a figura a seguir:

Representação de homologia e analogia

A homologia é evidente no processo de formação das espécies, a partir de um ancestral comum, e caracte-
riza o que chamamos de irradiação adaptativa.

Estruturas vestigais
Trata-se de características biológicas encontradas em alguns grupos de seres vivos e que não são mais funcionais
em outros grupos. Como exemplo, na espécie humana, podemos citar os músculos que movem as orelhas, a mem-
brana nictante nos olhos, o apêndice intestinal, a musculatura abdominal, os dentes do siso e a presença de pelos
cobrindo o corpo.

12
Teorias evolutivas
As ideias de Lamarck
Lamarck acreditava que as características necessárias à adaptação em um certo ambiente pudessem ser adquiridas,
simplesmente, pelo uso intensivo do órgão ou estrutura envolvida (1), e que essa “transformação” pudesse ser
transmitida aos descendentes, ou seja, hereditariamente (2). Logo, o lamarquismo está baseado em dois pontos:
1. Lei do uso e desuso
2. Transmissão hereditária de caracteres adquiridos
Vejamos, neste exemplo, a aplicação dessa ideia: o comprimento do pescoço das girafas pode ser entendido,
se atentarmos aos esforços diários nas tentativas de alcançar os ramos mais altos das árvores, que provocariam um
desenvolvimento de ossos e músculos. As girafas com pescoços desenvolvidos transmitiriam essa característica a
seus descendentes. Logo, ao longo das gerações, todas as girafas teriam pescoços grandes. Para Lamarck, portanto,
o ambiente tem um papel direcionador na modificação das características, ou seja, na adaptação dos organismos,
uma vez que estes se modificam para atender às necessidades impostas pelo meio.

Darwinismo
Darwin, por sua vez, defende a evolução em si como um processo lento e gradual de pequenas mudanças, que
vão se acumulando de geração em geração até que resultem em uma grande mudança em relação aos indivíduos
ancestrais.
Em seu livro A origem das espécies, Darwin expôs a sua teoria da evolução por seleção natural, tomando
como pontos de partida duas observações:
§§ Os organismos vivos produzem grande número de sementes ou ovos, mas o número de indivíduos nas po-
pulações normais é mais ou menos constante, o que só se pode explicar pela grande mortalidade natural.
§§ Organismos de mesma espécie, ou então de uma população natural, são muito variáveis em forma e com-
portamento, sendo a variabilidade muito influenciada pela hereditariedade.
Portanto, havendo grande variabilidade e grande mortalidade, uns organismos terão maior probabili-
dade de deixar descendentes do que outros: a tal tipo de reprodução seletiva, Darwin chamou seleção natu-
ral. Como Darwin demonstrou, a seleção natural ou “luta pela vida com sobrevivência do mais apto” é o fa-
tor orientador da evolução, mas não a causa das variações, que ele foi incapaz de descobrir. A dificuldade de
Darwin só foi resolvida com a descoberta das mutações expostas pelo mutacionismo, no século XX, por Hugo de
Vries, que são responsáveis pela origem das variações.
O principal ponto do darwinismo, portanto, é a teoria da seleção natural, que é a escolha que o ambien-
te faz das características mais aptas.
Portanto, o darwinismo pode ser entendido sob três pontos básicos:
1. Variabilidade intraespecífica
2. Seleção natural
3. Adaptação

13
O meio ambiente e a adaptação
Segundo Lamarck, o ambiente tem um papel ativo, pois atua como um fator de modificação das espécies.
Para Darwin, o ambiente tem um papel passivo, pois atua apenas selecionando as variações mais aptas
preexistentes. Ele não conhecia os mecanismos de transmissão hereditária. Isso só foi elucidado com o advento da
genética.

Exemplos de vantagens adaptativas


Coloração de advertência

Há animais, cuja coloração é bastante vistosa. Além disso, produzem e armazenam substâncias químicas nocivas.
Sinaliza aos possíveis predadores que eles não devem ser ingeridos, pois são perigosos.

Mimetismo

Determinados organismos, denominados mímicos, apresentam características que os confundem com outro grupo
de organismos, os modelos. Em geral, essa semelhança dá-se pelo padrão de coloração, textura, forma corporal,
comportamento, constituição química. Ela confere ao mímico uma vantagem adaptativa. Existem três tipos de
mimetismo: batesiano, mülleriano e reprodutivo.

§§ O mimetismo batesiano (de defesa) consiste na imitação de um modelo tóxico ou perigoso por espécies
“não repulsivas” ou inofensivas, que se privam de ser predadas.
§§ O mimetismo mülleriano consiste no veneno ou no sabor desagradável de duas ou mais espécies. Em face
da coloração de advertência semelhante, ambas ampliam o número de predadores que passam a evitá-las.
§§ O mimetismo reprodutivo é bastante comum entre plantas que mimetizam a fêmea de insetos e aprovei-
tam a tentativa de acasalamento para sua polinização.

Camuflagem

Trata-se de um conjunto de técnicas e métodos que permite a um organismo permanecer indistinto do ambiente
que o rodeia. A camuflagem pode ser vantajosa para o predador, que cerca a presa sem ser percebido, e para a
presa, que se confunde com o meio, passando despercebida pelo predador.
§§ Homocromia consiste na coloração semelhante do organismo com a do meio onde vive: cascas, galhos e
folhas de árvores, cor da areia etc.
§§ Homotipia consiste na semelhança do indivíduo com a forma de estruturas presentes no meio onde vive. É
o caso dos insetos bicho-folha e bicho-pau, que se assemelham a folhas e gravetos, respectivamente.

Neodarwinismo – teoria sintética da evolução


Na época em que Darwin propôs a sua teoria, os mecanismos da herança biológica não eram conhecidos. Apesar
de ter sido contemporâneo de Gregor Mendel – pai da genética –, eles não se conheceram. Descobertas recentes
(século XX), nos campos da genética, biologia molecular e paleontologia, deram origem a uma teoria moderna de
evolução conhecida como neodarwinismo ou teoria sintética da evolução, que integra esses novos conheci-
mentos às ideias de Darwin, esclarecendo principalmente as causas da variabilidade.

14
A moderna teoria sintética da evolução envolve quatro fatores básicos: mutação, recombinação ge-
nética, seleção natural e isolamento reprodutivo. Os dois primeiros determinam a variabilidade genética,
que é orientada pelos dois últimos. Três processos acessórios também atuam no processo: migração, hibridação
e oscilação genética.
A migração é responsável pelo fluxo gênico, que traz à população novos genes. A hibridação consiste no cru-
zamento entre popuIações com patrimônios genéticos diferentes. A oscilação genética ocorre, quando, em popula-
ções finitas pequenas, o equilíbrio de Hardy-Weinberg é alterado pelo tamanho da população. Se ocorrer mutação
rara, o número de portadores da mutação será baixo e, pela sua morte, desaparecerá da população. Poderá apare-
cer novamente, quando e se ocorrer nova mutação. Esses fatores podem contribuir para a variabilidade genética.
Sob a designação de variabilidade, enquadramos as diferenças existentes entre os indivíduos da mesma
espécie. As fontes de variabilidade são as mutações e a recombinação genética.
As variações são submetidas ao meio ambiente, que, pela seleção natural, conserva as favoráveis e elimina
as desfavoráveis. Assim, quando as condições ambientais se modificam, algumas variações serão vantajosas e
permitirão, então, aos indivíduos que as apresentam sobreviver e produzir mais descendentes do que aqueles que
não as têm. Resumindo, temos:
1. Variabilidade intraespecífica
§§ mutação
§§ recombinação genética: crossing-over
2. Seleção natural
3. Adaptação
Porém, a recombinação genética (crossing-over) promove o embaralhamento dessas modificações. As
mutações ocorrem em todo e qualquer organismo, enquanto que a recombinação genética só ocorre naqueles
que sofrem meiose para produzir gametas, nos animais, e esporos, nos vegetais. Logo, os organismos que se re-
produzem sexuadamente apresentam uma variabilidade muito maior em suas populações do que os organismos
que se reproduzem assexuadamente, uma vez que sofrem meiose.

Tipos de seleção natural


§§ Seleção direcional: ocorre quando as condições ambientais favorecem um único fenótipo.
§§ Seleção estabilizadora: favorece indivíduos de fenótipos intermediários, eliminando aqueles de
fenótipos extremos.
§§ Seleção disruptiva: ocorre quando uma população é submetida a diferentes pressões do ambien-
te, favorecendo indivíduos com fenótipos extremos.

As mutações são aleatórias, ocorrem ao acaso sem que haja relação com a utilidade ou não para que ela venha
a ocorrer. Em razão disso, alterações no DNA não são uma estratégia do organismo para se adaptar a alguma situação.
No entanto, caso ocorra uma mutação favorável, ela será selecionada positivamente; assim, a população desses indi-
víduos portadores dessa mutação tenderá a aumentar. Observe-se que mutações não são necessariamente benéficas,
podem ser neutras ou prejudiciais para o organismo.
A seguir, alguns outros exemplos de seleção natural:
§§ Melanismo industrial: industrialização na Inglaterra, as mariposas claras e escuras.
§§ Resistência de bactérias a antibióticos.
§§ Resistência de moscas ao DDT.

15
Seleção sexual
Seleção sexual é a seleção natural voltada para o encontro de parceiros e o comportamento reprodutivo.
Os leões-marinhos machos, por exemplo, brigam entre si para demarcar um território e, normalmente, o
maior e mais forte conquista mais fêmeas, logo, deixarão mais descendentes.

Seleção artificial
A seleção artificial é conduzida pelo homem, consiste na adaptação e/ou seleção de seres vivos – animais e plantas
–, cujo objetivo é realçar determinadas características desses organismos, como a produção de carne, leite, lã e
frutas.
Darwin chegou à conclusão de que a seleção artificial pode ser comparada à exercida pela natureza sobre as espé-
cies selvagens.

Especiação
Especiação é o processo evolutivo pelo qual as novas espécies se formam. Mas antes de falarmos mais sobre esse
processo, vamos primeiramente falar sobre o que é uma espécie.
Melhor do que uma única definição para espécie, que facilmente a associaria a um termo ou conceito, é
preferível considerar diferentes definições.
§§ Definição biológica de espécie: são grupos de populações naturais potencialmente capazes de se cru-
zar (gerando descendentes férteis) e que estão reprodutivamente isoladas de outros grupos semelhantes,
em condições naturais.
§§ Unidade ecológica: apresenta características próprias e mantém relações bem definidas com o am-
biente e com outras espécies.
§§ Unidade gênica: dotada de um patrimônio gênico característico, que não se mistura com o de ou-
tras espécies e evolui independentemente. Uma espécie, portanto, é o maior acervo de genes possível em
condições naturais.
Especiação é um evento que separa a linhagem que dá origem a duas ou mais espécies distintas, resultado
de uma transformação gradual de uma espécie em outra (anagênese) ou da separação de uma população em duas
(cladogênese).

A origem das espécies


Uma dada população pode ser submetida a uma separação em subgrupos a partir de um isolamento geográ-
fico. Esse isolamento pode ser representado por uma cordilheira, rio, lago, cachoeira, deserto, entre outros, e
permitirá a formação de duas subpopulações A e B. Essas subpopulações, ainda pertencentes à mesma espécie,
estão submetidas à seleção natural de seus meios, que são diferentes. Logo, as adaptações surgidas em uma
subpopulação podem ser diferentes da outra e vice-versa. Com isso, teremos uma progressiva diferenciação ao
longo do tempo e enquanto durar o isolamento, até que, com o fim deste, os indivíduos de novas gerações das

16
duas subpopulações podem, então, tentar se reproduzir. No entanto, pode ocorrer que eles não mais se encontrem
e consigam reproduzir-se, o que quer dizer que estão isolados reprodutivamente, ou seja, agora pertencem
a espécies diferentes. Porém, mesmo diferenciados, podem conseguir se reproduzir, significando que não estão
isolados reprodutivamente. Deste modo, constituem raças geográficas.

Origem das espécies – especiação. Hipóteses:


A × B = sem descendentes férteis > isolamento reprodutivo > são diferentes
A × B = com descendentes férteis > há fluxo gênico > subespécies / variedades / raças

Entre organismos da mesma espécie, há fluxo gênico, que é consequência da semelhança e identidade
genética, além de mesmo número e tipos de cromossomos.

Redução de fluxo gênico


A especiação, no entanto, também pode ocorrer em populações sem barreiras extrínsecas específicas para o fluxo
gênico. Suponha uma população distribuída em uma ampla faixa geográfica em que o acasalamento não é aleató-
rio. Indivíduos num determinado ponto cardeal não têm chance alguma de se acasalarem com indivíduos de outro
ponto. Esse fluxo gênico reduzido não implica isolamento total dessa população, mas pode ou não ser suficiente
para caracterizar uma especiação. Provavelmente, a especiação requeira a ocorrência de diferentes pressões seleti-
vas nos diferentes extremos opostos. Isso alteraria a frequência gênica nesses indivíduos, a ponto de eles não serem
mais capazes de se acasalarem, caso estivessem reunidos.

Tipos de especiação
Na especiação, o papel crítico mesmo é a redução do fluxo gênico. A classificação dos modos de especiação
depende do quanto as espécies incipientes podem se separar geograficamente. Observe na tabela a comparação
entre alguns dos modos de especiação, que, mesmo diferentes, podem contribuir para a redução de fluxo gênico.

17
Modos de especiação Características Representação

Alopátrica
As populações são geograficamente isoladas.
(alo = outros; pátrica = lugar)

Uma pequena população fica isolada na borda de uma


Peripátrica (peri = perto)
população maior.

Parapátrica (para = ao lado) A população é continuamente distribuída.

Simpátrica (sim = igual) População inserida na população ancestral.

Especiação alopátrica

Ocorre por isolamento geográfico.

Especiação peripátrica

É um tipo de especiação com isolamento geográfico, na qual a maior população é separada da menor.

Especiação parapátrica

Isolamento geográfico é um mecanismo que não faz parte desse tipo de especiação. Pode ser devido à adaptação a
essas novas áreas, em que conjuntos de indivíduos, gradualmente, tornam-se espécies distintas. A especiação pode
se caracterizar apenas pela distância entre os grupos.

Especiação simpátrica

Contrariamente aos tipos anteriores, a especiação simpátrica não requer distância geográfica em larga escala para redu-
ção do fluxo gênico entre indivíduos de uma população. A simples exploração de um novo nicho por uma subpopulação
pode contribuir para a redução do fluxo gênico entre indivíduos.

Isolamento reprodutivo
Pode-se dizer que o isolamento reprodutivo é um subproduto da especiação. Resume-se à incapacidade total ou parcial
de os indivíduos de duas subpopulações cruzarem-se. Quando elas entram em contato, o isolamento reprodutivo impe-
de a mistura de genes dessas subpopulações.

18
Mecanismos de isolamento reprodutivo

Esses mecanismos podem ser classificados em pré-zigóticos e pós-zigóticos. Os mecanismos pré-zigóticos impe-
dem a fecundação, consequentemente, a formação do zigoto.
§§ Isolamento estacional ou sazonal
§§ Isolamento ecológico
§§ Isolamento etológico ou comportamental
§§ Isolamento mecânico ou incompatibilidade anatômica

Nicho é um termo usado para designar a fun-


ção ou papel desempenhado pelos organis-
mos de determinada espécie em seu ambiente
de vida. Isso inclui suas necessidades alimentares,
a temperatura ideal de sobrevivência, os locais de
refúgio, as interações com os “inimigos” e com os
“amigos”, os locais de reprodução, entre outros.

Os mecanismos pós-zigóticos são aqueles que inviabilizam a sobrevivência do híbrido ou a sua


fertilidade. Mesmo ocorrendo a cópula, esses mecanismos impedem ou reduzem seu sucesso. Os principais
tipos de isolamento pós-zigótico são:
§§ Mortalidade do zigoto
§§ Inviabilidade do híbrido
§§ Esterilidade do híbrido

Zigoto é a primeira célula de um novo Exceção à regra


indivíduo, formada quando o gameta feminino
é fecundado pelo gameta masculino. Apesar de a regra dizer que híbridos são
Híbrido é o nome dado a um indivíduo estéreis, há registros de exceções a essa regra
formado pela união de indivíduos de espécies com filhotes de mula.
diferentes. É o resultado da mistura genética
entre espécies distintas.

Cladogramas e parentesco evolutivo


O processo da evolução padroniza o relacionamento entre espécies. Conforme as linhagens (espécies) evoluem e
separam-se, herdam as alterações e diferenciam seus caminhos evolutivos, é produzido um padrão ramificado de
relações evolutivas.
Nesse cladograma, o ramo principal mostra o ancestral comum, e cada ponto de ramificação são eventos de
especiação que dão origem a novas espécies, a novas características. Cada dicotomia indica um ancestral comum
partilhado. Quanto mais próximos os ramos, maior é o grau de parentesco entre os grupos.

19
Árvore filogenética: relações filogenéticas ou de parentesco entre os seres vivos

A extinção das espécies


A extinção é o desaparecimento completo de uma espécie animal ou vegetal, que pode ser ocasionado por pro-
cessos naturais ou por interferência humana.

Os processos naturais
A extinção de espécies acontece naturalmente desde o surgimento da vida no Planeta. Suas principais causas são as modifi-
cações climáticas, como as desertificações, glaciações e alterações da atmosfera decorrentes das atividades vulcânicas. Elas
tornam o meio ambiente desfavorável à permanência de alguns grupos, que, por seleção natural, desaparecem – temos
como principal exemplo os dinossauros. A maioria das espécies, porém, consegue adaptar-se e sobreviver a essas mudanças,
porque elas costumam ocorrer lentamente.

Os processos antrópicos (humanos)


Nas últimas décadas, o homem vem destruindo habitats de grande diversidade biológica, principalmente por causa da
poluição das águas, solo e ar, do desmatamento, da caça e pesca predatórias e da extração ilegal de espécies vegetais.
Essas mudanças estão acontecendo numa velocidade maior do que a de adaptação dos seres vivos. Dessa forma, eles
não se ajustam às novas condições de vida e desaparecem. Uma das consequências da extinção das espécies é o de-
sequilíbrio das cadeias alimentares, responsáveis pela transferência de alimento nos ecossistemas. A redução drástica
dos animais carnívoros, por exemplo, pode levar à proliferação dos animais herbívoros e, como consequência, haveria
escassez de algumas plantas.

Filogenia dos seres vivos


Da célula primitiva originaram-se todos os seres vivos. Portanto, todos descendem de um único ancestral, isto é, formam um
grupo monofilético. A universalidade do código genético para todas as células sugere essa origem comum. Uma origem
polifilética implicaria a existência de vários ancestrais para os seres vivos.

20
Evolução humana
Você já deve ter reparado que nós, humanos, possuímos um cérebro muito grande, se comparado com outros
mamíferos ou primatas.
Quando o ancestral do homem teve a necessidade de descer das árvores para sobreviver (isso pode ter
ocorrido devido a uma mudança no habitat – menos árvores, talvez), teve que lidar com um ambiente relativa-
mente diferente, onde o bipedalismo permitia algumas vantagens. Essa característica, associada à possibilidade de
explorar outros ambientes, abriu novos horizontes para a nossa evolução biológica. A seguir, veremos as vantagens
angariadas com isso.
Vivendo em campos abertos, os indivíduos que formavam grupos eram mais favorecidos. Dentre todos
aqueles indivíduos ancestrais do homem, havia aqueles que viviam mais isolados e os que viviam em grupos.
Assim, ao longo das gerações, os indivíduos mais isolados eram mais facilmente capturados por predadores e não
deixavam tantos descendentes como os que viviam em grupo. Estes últimos, mais protegidos, deixavam um maior
número de descendentes, que tinham a tendência de se manter no grupo.
Um fator essencial para que essa vocalização pudesse existir é uma pré-adaptação para essa característica. Mas
o que é uma pré-adaptacão? Muito simples: são estruturas que já existem naquela espécie e que permitem que o animal
tenha sucesso no novo ambiente.
O bipedalismo ajudaria na cobertura de extensas áreas, ao mesmo tempo que liberava os membros anterio-
res desses animais (braços e mãos) para tarefas de recolher frutas e manusear alimentos. Desse modo, os indivíduos
que tinham mais habilidade em lidar com o alimento foram favorecidos e deixaram mais descendentes, tendo
maior sucesso evolutivo. Chamamos isso de uma “pressão positiva” para os mais habilidosos, ou seja, aqueles que
tivessem mais habilidade teriam vantagem em relação aos que não tivessem tanta habilidade, e prevaleceriam em
termos de evolução.
As estruturas da mão também iam sendo selecionadas, que facilitavam o manuseio do alimento, gerando
maior habilidade. Todos esses fatores, em conjunto, resultaram em um cérebro mais desenvolvido. Não devem ser
deixados de lado também os custos de se ter um cérebro maior, pois o cérebro consome muita energia. Apenas para
se ter uma ideia, o nosso cérebro, em termos energéticos, custa três vezes mais do que o cérebro de chimpanzé, e 22
vezes mais do que um tecido muscular em repouso. A taxa metabólica específica (por grama) é nove vezes maior do
que o resto do corpo, como um todo. Para bancar esse grande gasto, os nossos ancestrais tinham que ter uma dieta
de melhor qualidade proteica e energética.
A mudança de dieta retroalimenta a expansão cerebral; isso significa que, para manter o cérebro, nossos
ancestrais tinham que comer melhor, tendo que apresentar, portanto, um comportamento forrageador (de busca de
alimento) mais complexo e eficiente, que, por sua vez, fazia uma pressão seletiva para a expansão cerebral.

Introdução à Ecologia
Um ecossistema consiste numa rede complexa de relações de mútua influência entre a flora, a fauna e os micro-
-organismos de uma determinada área ou região e todos os elementos físicos naturais (geológicos, climáticos etc.).
Como nenhum ecossistema natural é completamente separado de outro, pode-se considerar que todo o
Planeta constitui um imenso conjunto de ecossistemas, a biosfera.

21
Níveis ecológicos de organização

organismo > população > comunidade > ecossistema


> bioma > biocora > biociclo > biosfera

§§ Um conjunto de organismos da mesma espécie, que interage e habita uma dada região durante um certo
período de tempo, constitui uma população.

§§ O conjunto de várias populações de espécies diferentes, que interage e habita uma dada área durante um
período de tempo, forma uma comunidade biológica, biota ou biocenose.
Conceitos fundamentais:

§§ Habitat é o local mais provável de encontrarmos a espécie. É o local onde vive, ou seja, onde realiza
suas atividades.
§§ Nicho ecológico é o papel e/ou função que a espécie desempenha no ambiente. Envolve informações
acerca da sua biologia reprodutiva, alimentar e comportamental.

Espécies diferentes podem compartilhar habitats, porém, nichos não. A sobreposição de nichos causa com-
petição interespecífica que pode levar à mútua exclusão – princípio de Gause.
O nicho ecológico é caracterizado pelo total de informações que podemos ter acerca de uma espécie: quan-
to à biologia alimentar, à biologia comportamental e à sua reprodução.

Composição e estrutura dos ecossistemas


A zona de transição entre ecossistemas diferentes, chamada ecótono, possui características de cada uma das
comunidades fronteiriças e específicas nelas existentes.
Os ecossistemas apresentam dois componentes básicos: o biótico, representado pelas comunidades bioló-
gicas, e o abiótico, representado pelos elementos físicos e químicos do meio.
Os ecossistemas também podem ser subdivididos em pequenas unidades bióticas, conhecidas como comu-
nidades biológicas.
O ecossistema é, ainda, caracterizado pelos ciclos da matéria e pelos fluxos de energia. A matéria é
caracterizada pelos compartimentos do ambiente.

Cadeias alimentares
A cadeia alimentar é a sequência de transferências de matéria e energia de um organismo para outro, sob a forma
de alimento.

Cadeia alimentar

22
As setas usadas nos diagramas e esquemas de teias e cadeias indicam o sentido da matéria e energia.
Cadeia alimentar é formada por três níveis distintos: produtores, consumidores e decompositores. Os produtores
são os organismos clorofilados, como as plantas e algas, os únicos seres vivos capazes de produzir matéria orgâ-
nica que servirá de alimento para toda a biota, por meio da fotossíntese. Esse material orgânico sustenta, direta
ou indiretamente, os organismos consumidores, assim denominados por precisarem “consumir” ou ingerir o seu
próprio alimento (seres heterótrofos).
Esses consumidores podem ser primários (animais herbívoros) ou secundários, terciários e assim por diante
(animais carnívoros). Quando os dejetos desses animais são lançados no solo e se juntam a toda a matéria morta
(animal e vegetal) ali presente, entram em ação os chamados organismos decompositores, fungos e bactérias.

Nível trófico
Os organismos em uma cadeia têm à sua disposição quantidades diferentes de energia no alimento que ingerem.
A posição que o organismo ocupa na cadeia é chamada de nível trófico. Portanto, quanto mais próximo do início
da cadeia está o organismo, maior é a energia disponível para este organismo. Logo, o número de níveis tróficos
em uma cadeia é limitado, visto que as perdas energéticas de um nível para outro são muito grandes, ou seja, da
ordem de 90%.
Os percursos ou trajetos da matéria e energia nos ecossistemas são muito distintos. A matéria sempre
cicla, enquanto que a energia flui. Portanto, fala-se em ciclos da matéria e fluxo de energia.

Pirâmides ecológicas e eficiência ecológica


O fluxo de energia
A energia acumulada na matéria orgânica – chamada de produtividade primária bruta (PPB), por fotossíntese,
pelos produtores não está totalmente disponível para os herbívoros, pois os produtores “gastam” uma parcela
– correspondente a processos metabólicos como a respiração celular (RC) para se manterem vivos, o mesmo
acontecendo com os primeiros carnívoros em relação aos próximos carnívoros. Esse “saldo” é chamado de produ-
tividade líquida (PL) e é efetivamente a energia que está disponível para ser “ingerida” pelo próximo organismo
sob a forma de matéria orgânica.
Isso quer dizer que a energia disponível ao longo da cadeia alimentar diminui e as perdas não podem ser
reaproveitadas, ou seja, o fluxo de energia é unidirecional e decrescente.

23
As pirâmides ecológicas
São representações gráficas das relações existentes entre os organismos nas cadeias e teias alimentares.
§§ Número – mostra a quantidade de organismos em cada nível trófico.

§§ Biomassa – mostra a quantidade de biomassa (kg ou g) em cada nível trófico, ou seja, a massa total de
todos os organismos vivos em qualquer área dada ou seu equivalente em energia.
§§ Energia – mostra a energia acumulada em cada nível trófico ( cal / g/ área)

Consumidores de
Terceira Ordem

Consumidores de
Segunda Ordem

Consumidores de
Primeira Ordem

Produtores

Energia captada pelo produtor Energia retida Energia perdida


no sistema vivo pelo sistema vivo

Produtividade de um ecossistema
A produtividade de um ecossistema indica a sua capacidade de crescimento e de manutenção de espécies.

PPL = PPB – RC

A produtividade primária de um ecossistema depende, essencialmente, do alto desempenho fotossintético


de seus produtores e, portanto, dos fatores limitantes da fotossíntese, como luminosidade, altitude nos terrestres,
profundidade nos aquáticos, tipo do comprimento de onda luminosa, temperatura, água líquida disponível, dispo-
nibilidade de nutrientes e pluviosidade.
A eficiência na transferência de energia de um nível trófico para outro é fundamental, pois as taxas das
perdas são enormes, o que impede o acúmulo de biomassa e o crescimento das populações. Quanto maiores as
populações, mais numerosas e interligadas as cadeias alimentares de um ecossistema, maior, também, será a sua
produtividade primária.

24
Relações ecológicas
Simbioses nas comunidades
As simbioses ou interações ecológicas representam estratégias escolhidas pelas espécies e selecionadas ao
longo do tempo, para melhor se adaptarem aos ambientes, diminuindo as taxas de competição, explorando de
maneira mais eficiente os recursos neles presentes.
Divididas em interespecíficas ou heterotípicas, quando dois ou mais organismos de espécies diferentes
estão associados, e intraespecíficas ou homotípicas, quando dois ou mais organismos da mesma espécie estão
interagindo.
As interações ainda podem ser classificadas em harmônicas, quando nenhum dos organismos envolvidos
sofre algum tipo de prejuízo, e desarmônicas, quando um dos organismos envolvidos sofre algum tipo de prejuízo
ou mesmo a morte.

Relações harmônicas
Relações harmônicas intraespecíficas ou homotípicas

Colônias

São constituídas por organismos da mesma espécie, que se mantêm, anatomicamente, unidos entre si. São exem-
plos de colônias homomorfas as colônias de espongiários, e de colônias heteromorfas a obelia, uma colônia de
celenterados. As colônias polimórficas são estruturadas por vários tipos de indivíduos adaptados para funções
distintas. Como exemplo clássico citamos as caravelas.

Sociedades

São associações de indivíduos da mesma espécie que não estão ligados anatomicamente e formam uma organi-
zação social que se expressa através do cooperativismo; são representadas por cupins, vespas, formigas e abelhas.

Relações harmônicas interespecíficas ou heterotípicas


Protocooperação

Trata-se de uma associação entre duas espécies diferentes, na qual ambas se beneficiam:
§§ o caranguejo-bernardo-eremita e a anêmona;
§§ o pássaro-palito e o crocodilo;
§§ o anu e o gado.

Mutualismo

Trata-se de uma associação com benefícios mútuos. É mais íntima que a cooperação, sendo necessária à sobrevi-
vência das espécies, que não podem viver isoladamente.

25
§§ Bacteriorriza é a associação entre as bactérias do gênero Rhizobium e as raízes de leguminosas. Nas
microrrizas, tem-se uma associação entre fungos e raízes de árvores florestais. O fungo, que é um decompositor,
fornece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes minerais; em “troca”, recebe matéria orgânica fotossintetizada.
§§ Cupins ou térmitas e certos protozoários.
§§ O líquen é uma associação entre alga e fungo.

Comensalismo
No comensalismo, uma espécie (comensal) se beneficia, enquanto a outra (hospedeira) não leva vantagem alguma. Um
caso típico é a rêmora ou peixe-piolho, que vive como comensal do tubarão.

Inquilinismo

É a associação em que uma espécie (inquilino) procura abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro),
sem prejudicá-la:
§§ o peixe-agulha e a holotúria;
§§ epifitismo.

Relações desarmônicas
Relações desarmônicas intraespecíficas ou homotípicas

Competição intraespecífica

É a relação que se estabelece entre os indivíduos da mesma espécie, quando concorrem pelos mesmos fatores
ambientais, principalmente espaço e alimento. Exemplo de competição intraespecífica: territorialidade.

Canibalismo

Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.

Relações desarmônicas interespecíficas ou heterotípicas

Acontecem entre indivíduos de espécies diferentes e compreendem: competição interespecífica, predatismo, amen-
salismo e parasitismo.

Competição interespecífica

A competição entre espécies diferentes se estabelece quando tais espécies possuem o mesmo habitat e o mesmo
nicho ecológico.

Amensalismo

Amensalismo é um tipo de associação na qual uma espécie, chamada amensal, é inibida no crescimento ou na
reprodução por substâncias secretadas por outra espécie, denominada inibidora.

Predatismo

Predador é o indivíduo que ataca e devora outro, chamado presa, pertencente a uma espécie diferente. Tanto os
predadores quanto as presas apresentam adaptações para ataque e defesa. A camuflagem dos animais, pela

26
cor ou forma, assemelham-se ao meio ambiente, com o qual se confundem. Tanto as presas como os predadores
procuram esconder-se.

Parasitismo

Nesse caso, uma das espécies, chamada parasita, vive na superfície ou interior de outra, designada hospedeiro.

Esclavagismo ou sinfilia

Relação ecológica entre indivíduos que se beneficiam da exploração das atividades, do trabalho ou dos produtos
de outros organismos.
§§ Formigas e pulgões ou afídeos
§§ Chupim e outros pássaros

Resumo das relações ecológicas


simbioses harmônicas interespecíficas
mutualismo (+ / +) vínculo obrigatório liquens, micorriza, rhizóbio
cooperação (+ / +) sem vínculo obrigatório paguru e anêmona; ruminantes e aves
comensalismo (+ / 0) indiferença epífitas; tubarão e rêmora
simbioses harmônicas intraespecíficas
sociedade divisão de trabalho insetos sociais: abelha, cupins
colônia vínculo físico água-viva, corais, bactérias

simbioses desarmônicas interespecíficas


predatismo (+ / –) com morte onça e capivara
parasitismo (+ / –) com exploração sem morte pulga, tênia, esquistossomo
competição (– / –) sobreposição de nichos introdução de espécies
esclavagismo (+ / –) exploração de trabalho pulgões e formigas
simbioses desarmônicas intraespecíficas
canibalismo sobrevivência do adulto jacaré e algumas aves
competição variabilidade genética seleção natural

Dinâmica populacional e sucessão ecológica

Dinâmica populacional
Curvas de crescimento populacional

27
No gráfico apresentado, observa-se a dinâmica das duas curvas representativas do crescimento das populações:
“S” e “J”. Os habitats fornecem recursos de diversos tipos: água, refúgio, área mínima comportamental e alimento.
Todos esses recursos podem ser compartilhados dentro de alguns limites que o próprio ambiente determina. A
essa característica “limitada” do ambiente chamamos de capacidade de suporte: o número de espécies, de
indivíduos em cada população, os tipos de interações entre os organismos também determinam e caracterizam
essa propriedade do ambiente. Quando a capacidade de suporte de um meio é atingida, passamos a falar em
resistência ambiental, que nada mais é do que a incapacidade de sofrer mais alterações.

Resistência do meio (RM)


A resistência do meio se traduz na quantidade de impactos ou alterações que um meio pode sofrer e suportar.

Capacidade de suporte (CS)


A capacidade de suporte de um ambiente pode ser entendida como o conjunto de limites a que esse meio está
imposto.

Curva de sobrevivência
A taxa de sobreviventes ao longo da vida para cada espécie determina a sua curva de sobrevivência, ou seja, em
que momento do ciclo de vida há mais mortes e em que momentos há maior adaptação à vida.

Taxas e parâmetros
O contingente populacional é variável e pode sofrer influência de movimentos migratórios. A imigração (I) con-
siste na chegada de indivíduos à população, enquanto que a emigração (E) consiste na saída de indivíduos da
população.
O total de nascimentos, em um intervalo de tempo, caracteriza a taxa de natalidade (TN), enquanto que
o total de mortes caracteriza a taxa de mortalidade (TM).

I + TN > E + TM
O contingente está aumentando; logo, há cresci-
mento populacional.
I + TN < E + TM
O contingente está diminuindo; logo, a população
está decrescendo.
I + TN = E + TM
O contingente tende a ficar constante; logo, a po-
pulação parou de crescer.

28
A sucessão ecológica nos ecossistemas
As comunidades podem sofrer mudanças em sua composição ao longo do tempo, o que caracteriza a sucessão
ecológica. Durante a sucessão, comunidades vão se sucedendo e alterando, significativamente, o ambiente físico.
A comunidade que primeiro se estabelece no ambiente é a ecese ou comunidade pioneira; os estágios su-
cessionais seguintes são chamados de seres; e, finalmente, a comunidade que se estabelece ao final é chamada
de comunidade clímax, sendo autossuficiente e homeostática. Ao longo do processo sucessional, aumentam o
número de espécies, habitats, biomassa e interações.
A sequência de seres que constituem a sucessão primáia de uma área rochosa ou de um solo desnudo pode
ser a seguinte:

liquens > bactérias > briófitas > gramíneas > samambaias > sequência de arbustos > arvoretas > árvores maiores

Ao longo da sucessão, teremos aumento do número de espécies, de simbioses, de biomassa, de habitats, de


produtividade primária bruta e da taxa de respiração. A sucessão nem sempre recupera a formação original, porém
alcançará uma composição de espécies e uma estrutura máxima para as atuais condições.

Sucessões primária e secundária


Fala-se que o processo sucessivo é primário quando ocorre em substratos (solo, rocha, água ou o corpo de um ser
vivo) não previamente ocupados por organismos.
O processo é considerado secundário quando os referidos substratos já foram anteriormente ocupados por
uma comunidade e, consequentemente, contêm matéria orgânica viva ou morta (detritos, propágulos).

29
U.T.I. - Sala
1. Em certos locais, larvas de moscas, criadas em arroz cozido, são utilizadas como iscas para pesca.
Alguns criadores, no entanto, acreditam que essas larvas surgem espontaneamente do arroz cozi-
do, tal como preconizado pela teoria da geração espontânea. Cite um dos primeiros pesquisadores
que refutou esta teoria e qual foi seu experimento.

2. Os fungos são organismos eucarióticos heterotróficos unicelulares ou multicelulares. Os fungos


multicelulares têm os núcleos dispersos em hifas, que podem ser contínuas ou septadas, e que, em
conjunto, formam o micélio. Mencione uma característica que diferencie a célula de um fungo de
uma célula animal, e outra que diferencie a célula de um fungo de uma célula vegetal.

3. Certa espécie animal apresenta uma série de mutações que determinam a variedade de fenótipos
relativos à coloração. Essa diversidade genética, orientada pela seleção natural, garante a adapta-
ção dos indivíduos dessa espécie a diversos tipos de ambiente. O trecho não é referente a Mendel,
Darwin ou Lamarck. Trata-se de qual teoria evolutiva? Descreva sobre essa teoria.

4. As queimadas, comuns na estação seca em diversas regiões brasileiras, podem provocar a destrui-
ção da vegetação natural. Após a ocorrência de queimadas em uma floresta, que tipo de sucessão
ecológica ocorre e por quê? Descreva as fases deste processo algumas das possíveis vegetações
correspondentes.

5. Num ecossistema, um fungo, uma grama, uma coruja e um coelho podem desempenhar quais pa-
péis em uma cadeia trófica? Se aumentar a população de coruja, o que ocorrerá com a quantidade
de grama?

6. A produtividade primária em um ecossistema pode ser avaliada de várias formas. Nos oceanos, um
dos métodos para medir a produtividade primária utiliza garrafas transparentes e garrafas escu-
ras, totalmente preenchidas com água do mar, fechadas e mantidas em ambiente iluminado. Após
um tempo de incubação, mede-se o volume de oxigênio dissolvido na água das garrafas. Os valores
obtidos são relacionados à fotossíntese e à respiração. Por que o volume de oxigênio é utilizado na
medição da produtividade primária?

30
U.T.I. - E.O.
1. Acredita-se que os organismos semelhantes a bactérias heterotróficas anaeróbicas tenham sido os
primeiros seres vivos a surgirem na face da Terra. Apresente duas justificativas para essa hipótese.

2. A evolução biológica é tema amplamente debatido, e as teorias evolucionistas mais conhecidas são
as de Lamarck e Darwin, a que remete a tira do Calvin abaixo.

Quadro 1: Uma das criaturas mais peculiares da natureza, a girafa, está singularmente adaptada
ao seu ambiente.
Quadro 2: Sua tremenda altura lhe permite mastigar os suculentos petiscos mais difíceis de alcançar.
Quadro 3: Biscoitos.
a) Como a altura da girafa, lembrada pela tira do Calvin, foi utilizada para explicar a teoria de Lamarck?
b) Como a teoria de Darwin poderia explicar a situação relacionada com a altura da girafa?

3. Em 1860, Pasteur conseguiu uma vitória para a teoria da biogênese, enfraquecendo a confiança
na abiogênese, com uma experiência simples e completa. Analise o esquema dessa experiência,
mostrado a seguir, e descreva sucintamente o objetivo de cada etapa como também a conclusão da
experiência.

Etapa 1: A solução nutritiva é colocada no frasco.


Objetivo:
Etapas 2 e 3: O gargalo do frasco é curvado em S ao calor da chama e a solução é fervida fortemente
durante alguns minutos.
Objetivo:
Etapa 4: A solução é resfriada lentamente e permanece estéril muito tempo.
Objetivo:
Etapa 5: O gargalo é quebrado.
Objetivo:

31
4. Em recente artigo publicado on-line na re- a) Qual dos seguintes conceitos – ecossistema,
vista científica Evolution, pesquisadores hábitat, nicho ecológico – está implícito
identificaram um processo de diversificação nesse gráfico?
gênica nos ecossistemas tropicais de Ma- b) Os dados de mortalidade representados nes-
dagascar, numa população de sapos (Anura se gráfico referem-se a que nível de organi-
microhylidae) de habitat montanhoso, em zação: espécie, população ou comunidade?
c) Temperatura e salinidade são fatores abióti-
que foram identificadas 22 novas espécies.
cos que, nesse caso, provocaram mortalida-
a) O que é seleção natural e qual o seu papel na de das fêmeas do camarão-da-areia. Cite dois
evolução das espécies? fatores bióticos que também possam produ-
b) Segundo o neodarwinismo, além da seleção zir mortalidade.
natural, quais fatores explicam a diversidade
entre as espécies de sapos encontradas? 7. Os navios são considerados introdutores po-
tenciais de espécies exóticas através da água
de lastro (utilizada nos tanques para dar aos
5. O bioquímico russo Oparin, em seu livro navios estabilidade quando vazios). Essa
“A origem da vida ”, admitiu que a vida sobre água pode conter organismos de diversos
a Terra surgiu há mais ou menos 3,5 bilhões grupos taxonômicos. Com certa frequência,
de anos. leem-se informações relacionadas a essas e
a) CITE dois gases presentes na atmosfera pri- introduções:
mitiva. I. O mexilhão-dourado (Limnoperna fortu-
b) A que condições estavam submetidos os ga- nei), um bivalve de água doce originário
do sul da Ásia, chegou ao Brasil em 1998
ses da atmosfera primitiva?
e já infestou rios, lagos e reservatórios da
c) Que compostos químicos se originaram a
região Sul e do Pantanal. Além de causar
partir dos gases iniciais? problemas ecológicos, esse invasor ame-
d) Atualmente, sabemos que seres autótrofos aça o setor elétrico brasileiro, a agricul-
constituem fonte básica de alimento. No tura irrigada, a pesca e o abastecimento
entanto, admite-se que os primeiros orga- de água devido à sua capacidade de se in-
nismos devem ter sido heterótrofos. A partir crustar em qualquer superfície submersa.
de onde os heterótrofos conseguiam seu ali- (Adaptado de Evanildo da Silveira, “Molusco chinês
mento na Terra primitiva? ameaça ambiente e produção no Brasil”. http://www.
e) Qual o mecanismo utilizado pelos primeiros estadao.com.br/ciência/notícias/2004/mar/18/75.htm)
organismos para obtenção de energia?
II. As autoridades sanitárias acreditam que
o vibrião colérico, originário da Indoné-
6. Analise o gráfico abaixo, relativo à mortali- sia, chegou ao Peru através de navios e de
dade de fêmeas férteis do camarão-da-areia lá se espalhou pela América latina.
(Crangon septemspinosa) em água aerada, (Adaptado de Ilídia A.G.M.Juras, “Problemas
em diferentes temperaturas e salinidades, causados pela água de lastro”. Consultoria
durante determinado período. Legislativa da Câmara dos Deputados, 2003.)

Além de problemas como os citados acima, a


introdução de espécies oferece risco de ex-
tinção de espécies nativas. Explique por quê.

8. Num campo, vivem gafanhotos que se ali-


mentam de plantas e servem de alimento
para passarinhos. Estes são predados por
gaviões. Essas quatro populações se mantive-
ram em números estáveis nas últimas gera-
ções.
a) Qual é o nível trófico de cada uma dessas
populações?
b) Explique de que modo a população de plan-
tas poderá ser afetada, se muitos gaviões
imigrarem para esse campo.
c) Qual é a trajetória dos átomos de carbono
que constituem as proteínas dos gaviões
desde sua origem inorgânica?
d) Qual é o papel das bactérias na introdução
do nitrogênio nessa cadeia alimentar?

32
9. Devido ao aparecimento de uma barreira ge- 14. Um gavião, que tem sob suas penas carrapa-
ográfica, duas populações de uma mesma es- tos e piolhos, traz preso em suas garras um
pécie ficaram isoladas por milhares de anos, rato, com pulgas em seus pelos. Entre o rato
tornando-se morfologicamente distintas. e as pulgas, entre os carrapatos e os piolhos
a) Explique sucintamente como as duas popu- e entre o gavião e o rato, que tipo de relações
lações podem ter-se tornado morfologica- interespecíficas existem?
mente distintas no decorrer do tempo.
b) No caso de as duas populações voltarem a 15. Como é denominada a associação existente
entrar em contato, pelo desaparecimento da entre os ruminantes e as bactérias que vi-
barreira geográfica, o que indicaria que hou- vem em seu estômago?
ve especiação?
16. Os vagalumes machos e fêmeas emitem si-
10. Segundo a teoria evolutiva mais aceita hoje, nais luminosos para se atraírem para o aca-
as mitocôndrias, assim como os cloroplastos, salamento. O macho reconhece a fêmea de
teriam sido originados de procariontes an- sua espécie e, atraído por ela, vai ao seu
cestrais que foram incorporados por células encontro. Porém, existe um tipo de vagalu-
mais complexas. Qual característica da mi- me, o Photuris, cuja fêmea engana e atrai os
tocôndria que sustenta essa teoria? Qual o machos de outro tipo, o Photinus, fingindo
nome dessa teoria? E qual a função da mito- ser desse gênero. Quando o macho Photinus
côndria na célula? se aproxima da fêmea Photuris, muito maior
que ele, é atacado e devorado por ela.
11. Na maioria dos casos, a energia de um ecos- BERTOLDI, O.G.; VASCONCELOS, J.R. Ciências &
Sociedade: a aventura da vida, a aventura da
sistema origina-se da energia solar. A figura
tecnologia. São Paulo: Scipione, 2000 (adaptado).
abaixo mostra alguns seres componentes do
ecossistema de um lago. Qual é o tipo de interação e como é denominada?

1
7. O menor tamanduá do mundo é solitário e
tem hábitos noturnos, passa o dia repousan-
do, geralmente em um emaranhado de cipós,
com o corpo curvado de tal maneira que forma
uma bola. Quando em atividade, se locomove
vagarosamente e emite um som semelhante
a um assobio. A cada gestação, gera um úni-
co filhote. A cria é deixada em uma árvore à
noite e é amamentada pela mãe até que te-
nha idade para procurar alimentos. As fêmeas
adultas têm territórios grandes e o território
Considere que, no lago, existam quatro dife- de um macho inclui o de várias fêmeas, o que
rentes espécies de peixes. Cada uma dessas significa que ele tem sempre diversas preten-
espécies se alimenta exclusivamente de um dentes à disposição para namorar!
dos quatro componentes indicados. Qual se- Ciência Hoje das Crianças, ano 19, n.
ria o peixe que teria melhores condições de 174. Nov.2006 (adaptado)
desenvolvimento, em função da disponibili-
dade energética? Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito
ao nicho ecológico ou habitat? Por quê?
12. “O tico-tico tá comendo meu fubá / Se o tico-
-tico pensa / em se alimentar / que vá comer
/ umas minhocas no pomar (…) / Botei al- 18. Considere as seguintes comparações entre
piste para ver se ele comia / Botei um gato, uma comunidade pioneira e uma comunida-
um espantalho e um alçapão (…)” de clímax, ambas sujeitas às mesmas condi-
(Zequinha de Abreu, Tico-tico no Fubá). ções ambientais, em um processo de suces-
são ecológica primária:
No contexto da música, qual é a teia alimen- I. A produtividade primária bruta é maior
tar da qual fazem parte tico-tico, fubá, mi- numa comunidade clímax do que numa
nhoca, alpiste e gato? comunidade pioneira.
II. A produtividade primária líquida é maior
13. Considere o seguinte relato: “O pássaro-
numa comunidade pioneira do que numa
-palito penetra na boca aberta do crocodilo
removendo os restos de alimento e parasitas comunidade clímax.
encontrados entre seus dentes. Assim, o pás- III. A complexidade de nichos é maior numa
saro obtém o seu alimento e livra o crocodi- comunidade pioneira do que numa comu-
lo de seus parasitas”. Que tipo de interação nidade clímax.
ecológica é essa? E como ela é denominada? Comente as afirmativas.

33
1
9. O gráfico abaixo ilustra as curvas de cresci- relevante nos componentes bióticos ou abió-
mento populacional de duas espécies de ma- ticos dos ecossistemas.
míferos (A e B) que vivem na savana africa- a) A queima de combustíveis fósseis (como o
na, um pastador e um predador. Analise o óleo diesel e a gasolina) em veículos auto-
gráfico e responda às questões. motores promove alteração direta em fatores
bióticos ou em fatores abióticos de um ecos-
sistema? Justifique sua resposta.
b) Explique de que maneira uma alteração bió-
tica em determinado ecossistema pode gerar
um impacto ambiental.

a) Qual curva representa a população do mamí-


fero predador? Qual das duas espécies tem
maior capacidade de suporte (carga biótica
máxima)?
b) Cite duas adaptações defensivas contra pre-
dação apresentadas por mamíferos pastado-
res da savana.

20. O esquema abaixo representa as principais


relações alimentares entre espécies que vi-
vem num lago de uma região equatorial.

Com relação a esse ambiente:


a) Indique os consumidores primários.
b) Dentre os consumidores, indique quais ocu-
pam um único nível trófico.
c) Explique como o aumento das populações
das aves pode impactar as populações de
mosquitos.

21. Um ecossistema é composto tanto por fa-


tores bióticos (comunidade ou biota) como
por fatores abióticos (variáveis físicas e
químicas do ambiente). Nos ecossistemas,
tais fatores estão fortemente relacionados,
proporcionando diversas interações entre os
seres vivos e o ambiente físico. Um impacto
ambiental é, essencialmente, uma alteração

34
© Juan Gaertner/Shutterstock
rstock

Biologia 2
U.T.I.
1/2
Taxonomia e reinos
Os seres vivos podem ter o corpo constituído por uma ou mais células, sendo chamados de, respectivamente, uni-
celulares, como a bactéria, e pluricelulares (multicelulares), como os animais e plantas.
Membrana Plasmídeo
celular Parede celular Flagelo

Grânulo DNA
Ribossomos

Célula bacteriana

Complexidade e organização
Os seres vivos são complexos e bastante organizados. Mesmo quando unicelular, o organismo apresenta extrema
complexidade, presente tanto na estrutura quanto no funcionamento da célula. No corpo humano, que é um
organismo pluricelular, encontramos 200 tipos de célula, que se organizam em quatro tipos básicos de conjunto,
chamados de tecidos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Os grupos desses tecidos se reúnem forman-
do órgãos, como a pele, estômago e coração. Por sua vez, atuando em conjunto, uma série de órgãos passa a
constituir um sistema, como é o caso do digestório ou do circulatório.

Metabolismo
O metabolismo é responsável pelo crescimento, manutenção e reparo das células, consequentemente, de todo o
organismo. Dividimos os processos metabólicos em duas etapas: anabolismo e catabolismo. O termo anabolismo
compreende os processos químicos sintéticos, nos quais substâncias mais simples são combinadas para formar
outras mais complexas; o catabolismo abrange processos analíticos, nos quais as substâncias complexas são que-
bradas, originando substâncias mais simples e liberação de energia.

Reprodução
Qualquer ser vivo é capaz de reproduzir-se, ou seja, originar organismos semelhantes. A reprodução pode ser asse-
xuada ou sexuada. A reprodução assexuada é realizada por duas células-filhas, exatamente iguais à célula-mãe
que as originou. A reprodução sexuada é feita pela fusão de duas células especializadas denominadas gametas,
que formam o zigoto ou célula-ovo.

As atividades metabólicas

37
Material genético
Em cada célula aparece uma extensa molécula, o DNA (ácido desoxirribonucleico), no qual estão contidos os genes.
Passando de pais para filhos, os genes mantêm as características específicas de cada organismo.

Evolução
O material genético é responsável pelas características de um organismo. Mutação é qualquer alteração do ma-
terial genético que provoca o aparecimento de uma nova característica, conhecida como variação. Por meio das
variações, ocorre o processo chamado de evolução, que é a transformação sofrida pelos organismos no transcorrer
da história da Terra.

Biodiversidade: diversidade de espécies e de ecossistemas


Conceito que designa a diversidade biológica existente entre os seres vivos, exprime a riqueza de espécies de uma
dada região. Engloba, também, a diversificação de habitats e ambientes de uma macrorregião.

A longevidade natural das espécies


A probabilidade de que uma dada espécie se torne extinta em um certo tempo, depois que ela se separa de outras
espécies, pode ser aproximada como uma constante.

Florestas tropicais como centros de biodiversidade


Em nível mundial, podem ser citadas, da linha do Equador aos polos, as florestas tropicais – biomas terrestres de
maior biodiversidade do Planeta (entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio) –, subtropical, temperada (compos-
ta por carvalhos, abetos e faias) e a taiga (composta por coníferas).
Os solos desse bioma são, em geral, pobres, e a rápida ciclagem de matéria orgânica e a manutenção dos
nutrientes na biomassa são os principais responsáveis por sua exuberância. Retirada a floresta, a lixiviação e a
erosão transformam e degradam a paisagem, muitas vezes, de forma irreversível.

A ancestralidade dos seres vivos


Durante os séculos XIX e XX, percebeu-se uma importância maior dada aos estudos de arqueologia e dos fósseis, e
tais evidências permitiram afirmar que os seres vivos de hoje derivam de outros que existiram há milhares de anos.
A organização das informações e os graus de semelhanças e diferenças são utilizadas nos estudos de clas-
sificação dos seres vivos ou taxonomia.
Por volta da metade do século XVIII, o naturalista sueco Carl von Linnée, ou Lineu, classificou os organismos
segundo a estrutura e anatomia dos seres vivos. Esse sistema de classificação é utilizado até hoje.

38
Os três domínios, os seres vivos e os tipos de célula
A análise das sequências do RNA ribossômico permitiu dividir o mundo vivo em três grandes grupos conhecidos
por domínios, a saber: Bacteria, Archaea e Eukarya. O domínio Bacteria é constituído pelas chamadas “bac-
térias verdadeiras”, seres procariontes nos quais observam-se as células primitivas chamadas de procarióticas
ou procariotas. Archaea é um domínio de bactérias, também procariontes e com uma característica de viver em
ambientes inóspitos com grandes salinidades, altas temperaturas, ácidos e outros. O domínio Eukarya inclui todos
os demais seres vivos, isto é, protistas (protoctistas), fungos, vegetais e animais. São chamados eucariontes e
possuem as células eucarióticas ou eucariotas. A célula vegetal se diferencia da animal pela presença da parede
celular, dos cloroplastos e de grandes vacúolos.
Alguns autores reúnem eubactéria e arqueobactéria em um único reino denominado Monera.

Domínio Reino
Bacteria Eubacteria
Archaea Archaeabacteria
Protoctista ou (Protista)
Fungi
Eukarya
Plantae (Vegetalia)
Animalia

Categorias taxonômicas e a filogenética


Cada uma das categorias usadas na classificação é denominada táxon, assim, o ramo da Biologia que se ocupa da
classificação e nomenclatura é chamado taxonomia. A categoria básica na classificação é a espécie. Espécies que
apresentam características em comum são agrupadas em um gênero. Os gêneros, agrupados em famílias; as famí-
lias, em ordens; as ordens, em classes; as classes, em filos ou divisões (para vegetais); e os filos, em reinos. Assim,
cada uma das categorias é um conjunto composto de vários subconjuntos.
O sistema de Lineu não considerava a ideia de parentesco entre os seres, pois, para ele, todos os seres ha-
viam surgido no momento da Criação Divina.

tubarão golfinho homem


Reino Animal Animal Animal
Filo Cordado Cordado Cordado
Classe Condríctie Mamífero Mamífero
Ordem Elasmobrânquio Cetáceo Primata
Família Carcarrinídeo Delfinídeo Hominídeo
Gênero Negaprion Delphinus Homo
Espécie Negaprion brevirostris Delphinus delphis Homo sapiens

A definição de quais são as características relevantes é uma tarefa complexa. Devido à falta de informações
e à discordância entre os cientistas, o sistema de classificação precisa ser constantemente revisado. Atualmente,
técnicas modernas permitem que sejam comparadas a composição química das proteínas e dos genes que com-
põem os seres vivos, elucidando algumas relações de parentesco.

39
A nomenclatura binomial
De Lineu foi também a ideia de atribuir uma nomenclatura a cada organismo. Essa nomenclatura é composta por
dois nomes: o primeiro indica o gênero e o segundo, a espécie – por exemplo: Canis lupus (lobo), na qual Canis é
o epíteto genérico (genero) e lupus é o epíteto específico.
Para que seja padronizada a nomenclatura, deve-se seguir sempre certas regras:
§§ os nomes devem estar em latim;
§§ o primeiro nome deve ser escrito com inicial maiúscula e o segundo com inicial minúscula; e
§§ nomes devem ser sempre destacados do texto (em negrito, itálico ou sublinhado).

Os reinos
Atualmente, destacam-se dois sistemas de classificação que consideram os cinco reinos:
§§ Reino dos Moneras, que inclui bactérias e cianobactérias, com aproximadamente 5 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Protoctistas, que inclui protozoários e algas, com aproximadamente 58 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Fungos, que inclui os fungos e líquens, com aproximadamente 47 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Vegetais, que inclui as plantas, com aproximadamente 250 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Animais, que inclui os animais invertebrados (com cerca de 992 mil espécies descritas – destas,
cerca de 880 mil são artrópodes) e vertebrados (cerca de 44 mil espécies descritas).
Há seres que não se encaixam em nenhum dos reinos existentes – os vírus –, pois apresentam característi-
cas únicas: eles não formam células (são formados de material genético envolvido por uma cápsula proteica) e só
se reproduzem dentro de células hospedeiras.

Vírus
Os vírus são uma estrutura que está no limite entre um ser vivo e a matéria bruta. Não apresentam célula – e as-
sim não trazem a unidade básica de vida, não sendo considerados seres vivos –, porém, conseguem se multiplicar
quando infectam uma célula, algo que uma matéria sem vida não consegue fazer. Por isso, são alvo de discussão,
em que alguns autores os consideram seres vivos e outros não.

Estrutura viral
É formada por uma cápsula proteica, o capsídeo, com diversas subunidades, os capsômeros. No interior do
capsídeo, há um ácido nucleico que, dependendo do tipo de vírus, pode ser DNA, RNA ou os dois juntos, no caso
dos citomegalovírus.
O capsídeo, juntamente com o ácido nucleico que ele envolve, é denominado nucleocapsídeo. Alguns
vírus são formados apenas por essa estrutura, enquanto outros possuem um envoltório ou envelope externo ao
nucleocapsídeo. Esses vírus são denominados vírus encapsulados ou envelopados.
Envelope consiste em duas camadas de lipídios derivadas da membrana plasmática da célula hospedeira
e em moléculas de proteínas virais, específicas para cada tipo de vírus, imersas nas camadas de lipídios.

40
PROTEÍNAS VIARIS ESPECÍFICAS

CAPSÍDIO:
PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
DNA VIRAL

ENVELOPE:
MEMBRANA BIMOLECULAR DE
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS ESPECÍFICAS
DO VÍRUS

CAPSÍDIO: PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS


DNA VIRAL

H (HEMAGLUTINA)
N (NEURAMINIDASE)

O vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos.

Classificação
Os vírus apresentam formas diversas, e os principais critérios de divisão são:
§§ os tipos de ácidos nucleicos: diferenciam-se os desoxirribovírus e os ribovírus;
§§ a simetria do complexo ácido nucleico-cápside (exemplos: bastonete ou esférico);
§§ a presença ou ausência de um envoltório;
§§ as propriedades sorológicas da cápside e do envoltório; e
§§ a presença de determinadas enzimas.
Alguns ribovírus apresentam a enzima transcriptase reversa e são conhecidos como retrovírus; ou o fato de
que a maioria dos bacteriófagos apresentam DNA, mas há exceções com RNA.

Reprodução
São considerados parasitas intracelulares obrigatórios, o que significa que somente se reproduzem pela
invasão e possessão do controle da maquinaria de autorreprodução celular. Parasita refere-se a um organismo
que se aproveita dos recursos de outro ser vivo, o hospedeiro, para sobreviver. O termo vírus refere-se, geralmente,
às partículas que infectam eucariontes, enquanto o termo bacteriófago, ou fago, para descrever aqueles que
infectam procariontes. Há ainda aqueles que infectam apenas fungos, denominados micófagos.

41
Esquema de um bacteriófago

O bacteriófago é um dos vírus mais estudados, dentre os quais, aqueles que infectam a bactéria intestinal
Escherichia coli, conhecidos como fagos T.
Existem dois tipos de ciclo reprodutivo o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. Ambos os casos iniciam-se com
o fago T aderindo à superfície da célula bacteriana através das fibras proteicas da cauda – há um encaixe específico
entre a proteína do vírus e as proteínas da superfície da célula – e injetando seu DNA, deixando a cápsula do lado de
fora – em alguns vírus, como o causador da gripe, a cápsula penetra nas células, é destruída e libera o ácido nucleico.
A partir desse momento, começa a diferenciação entre ciclo lítico e ciclo lisogênico.
No ciclo lítico, o vírus invade a bactéria, na qual as funções normais são interrompidas na presença de ácido
nucleico do vírus (DNA ou RNA). Por sua vez, ao mesmo tempo que o vírus é replicado, comanda a síntese das prote-
ínas que irão compor o capsídeo. Os capsídeos organizam-se e envolvem as moléculas de ácido nucleico, produzindo,
então, novos vírus. Ocorre, assim, a lise, ou seja, a célula infectada se rompe e os novos bacteriófagos são liberados.
No ciclo lisogênico, o vírus invade a célula hospedeira, incorporando o DNA viral ao da célula infectada,
fazendo com que seu DNA torne-se parte do DNA da célula invadida. Uma vez infectada, a célula continua com suas
funções normais, como reprodução e ciclo celular. Ao realizar divisão celular, o material genético da célula sofre dupli-
cação, juntamente com o material genético do vírus que foi incorporado; em seguida, são divididos igualmente entre
as células-filhas. Assim, uma vez infectada, uma célula começará a transmitir o vírus sempre que se multiplicar e todas
as novas células também estarão infectadas. Os sintomas causados por um vírus como este demoram a aparecer em
um organismo multicelular, e suas causas tendem a ser incuráveis. É o caso da Aids e da herpes.

42
Mecanismos de manifestação viral
§§ Quando o material genético for DNA.
O DNA viral passa por uma transcrição, sintetizando várias moléculas de RNA traduzidas em uma proteína.
É o caso dos vírus da varíola, da hepatite e da herpes.
§§ Quando o material genético for o RNA.
A ação viral pode ocorrer por duas vias, de acordo com o vírus.
Na primeira, os vírus de RNA sintetizam mais RNA traduzidos em proteínas pelo maquinário da célula hos-
pedeira, como os vírus da gripe, da poliomielite e da raiva.
Na segunda, o RNA é convertido em DNA por meio de uma enzima denominada transcriptase reversa.

Viroses
Viroses humanas
Principais viroses que acometem os seres humanos
1. Gripe
2. Hepatite
3. Herpes
4. Poliomielite
5. Raiva
6. Rubéola
7. Sarampo
8. Varíola
9. Catapora
10. Caxumba
11. Dengue
12. Febre chikungunya
13. Febre por zica vírus: pode ser assintomática, mas os sintomas podem ser febre, dores de cabeça, dores
leves nas articulações, erupções cutâneas, conjuntivite, dentre outros. No geral, a evolução da doença é
benigna e casos graves são raros.
O zica vírus vem sendo relacionado a casos de microcefalia, caracterizada pelo perímetro cefálico menor que
o normal para a idade e que gera quadros de atraso mental, dentre outras complicações.
14. Febre amarela
15. Ebola
16. Aids: conhecida também por síndrome da imunodeficiência adquirida, é provocada pelo vírus da imuno
deficiência humana (HIV – família Retroviridae) e apresenta subtipos 1 e 2. Pode ser transmitida pelo con-
tato com mucosas corporais, áreas feridas do corpo de um indivíduo portador, esperma, secreção vaginal,
leite materno ou sangue contaminado pelo vírus. A principal via de transmissão é o contato sexual (genital,
anal ou oral). Mães gestantes também podem transmitir o vírus ao feto, assim como pelo uso de objetos
perfurocortantes contaminados e que não estejam devidamente esterelizados. Picadas de mosquito não são
capazes de transmitir o vírus em questão.
Como seu próprio nome indica, ele faz com que o sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo)
enfraqueça – uma vez que ataca os glóbulos brancos, reduzindo sua quantidade. Assim, o portador do vírus está
sujeito a adoecer com mais facilidade, inclusive por aquelas doenças que não fariam muito mal a pessoas com
boa imunidade. Se não tratada, a pessoa fica cada vez mais debilitada podendo morrer. Felizmente, os portado-
res do vírus têm maior expectativa de vida. A terapia antirretroviral (oferecida gratuitamente pelo SUS) é capaz

43
de controlar a multiplicação do vírus e, consequentemente, reduzir a destruição dos glóbulos brancos. Com isso,
a Aids deixou de ser encarada como uma moléstia fatal para transformar-se em doença passível de controle.
Embora possa provocar efeitos colaterais, estas pessoas podem exercer suas atividades normalmente, exce-
to em casos que se apresentem incapacitadas, e terão cuidados constantes para o resto de sua vida, como:
§§ uso dos fármacos prescritos;
§§ adoção da camisinha em todas as relações sexuais (mesmo se tratando de parceiro também HIV positivo);
§§ uso de curativos impermeáveis em todos os ferimentos que eventualmente ocorram;
§§ impossibilidade de doar sangue; e
§§ separação dos seus próprios objetos de uso pessoal, como toalha, alicate de unhas e escova de dente; para
evitar a contaminação de outras pessoas pelo vírus, e a manifestação de infecções oportunistas no paciente.

Vírus HIV

O HIV (vírus da imunodeficiência adquirida) pertence a uma família de retrovírus de mamíferos lentivírus. Diferente-
mente do herpes vírus, multiplica-se constantemente no hospedeiro, apesar de algumas células apresentarem vírus
em estado latente. Os seres humanos e outros primatas são os únicos hospedeiros naturais do vírus HIV.
Existem duas grandes famílias de vírus HIV: o HIV-1, que causa infecções em primatas não humanos, no caso os
símios, encontrados na África ocidental; e o HIV-2, que se subdivide em, pelo menos, cinco grandes subfamílias e causa
a infecção na população humana pelo mundo.
O HIV tem como alvo celular os linfócitos T-CD4, responsáveis pela proteção do organismo contra agentes
infecciosos que penetrem no indivíduo. Ele utiliza essas células e todo o maquinário celular para reproduzir-se,
causando a destruição do sistema imunológico do hospedeiro, o que o torna suscetível a qualquer infecção opor-
tunista, como uma simples gripe, podendo levá-lo à morte.
Todos os tratamentos são associados à supressão da replicação do vírus e à repleção das células CD4 peri-
féricas. Durante o período gestacional, o bebê está protegido da contaminação contra o HIV, por conta da placenta,
mas, em seu rompimento e momento do nascimento, o neonatal corre riscos de contaminação, devido ao contato
com o sangue da mãe.

QUADRO RESUMO DAS VIROSES


doença transmissão
catapora (varicela) Contato da pele com as bolhas ou pelo ar, que contenha o vírus Varicela zoster.
caxumba (parotidite infecciosa) Por gotículas de saliva expelidas pelo doente, que contenham o Paramyxovírus sp.
Vertical (placentária), amamentação materna, sexual, de pessoa para pessoa e por trans-
citomegalia
fusão sanguínea.
dengue Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus.
Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus (tigre asiático). Ocorre
dengue hemorrágica quando um indivíduo que teve um tipo de vírus da dengue recebe outro vírus diferente, tam-
bém da dengue.
A febre chikungunya pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus,
febre chikungunya
os mesmos que transmitem o vírus da dengue e da febre amarela
O Aedes aegypti infecta-se com o zika vírus toda vez que ele pica uma pessoa ou macaco
previamente infectado. Assim como ocorre na dengue e na febre amarela, o mosquito não
torna-se imediatamente um transmissor do vírus. Após ser ingerido pelo mosquito, o zika vírus
febre por zica vírus
ainda precisa de cerca de 10 dias para multiplicar-se e migrar do sistema digestivo para as
glândulas salivares do Aedes. Só a partir deste momento é que o mosquito passa a ser capaz
de transmitir o vírus durante a picada.
febre aftosa Via respiratória, inalando o Aphthovirus sp.
febre amarela silvestre Picada da fêmea dos mosquitos Haemagogus sp ou Sabethes sp contendo o Flavivirus sp.
febre amarela urbana Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus contendo o Flavivirus sp.
febre hemorrágica do ebola Por meio de secreções corpóreas e sangue contaminado pelo Filovirus sp.
gripe Contato com o ar contaminado pelo Mixovirus influenzae.
hantavirose Via respiratória, água e alimentos contendo o Hantavirus sp.

44
QUADRO RESUMO DAS VIROSES
doença transmissão
hepatite Contato pessoa a pessoa; oral-fecal, transfusão sanguínea.
Contato íntimo com indivíduo transmissor, a partir de superfície mucosa ou de lesão infectante
herpes
contendo, por exemplo, o Herpes simplex.
mononucleose Contato íntimo de secreções orais (saliva) contendo o vírus Epstein-Barr, da família Herpesviridae.
papiloma (condiloma) Vertical (placentária); ato sexual; o agente etiológico é o HPV.
poliomielite (paralisia infantil) Contato direto com secreções faríngeas de doentes.
hidrofobia (raiva) Por meio da saliva de animais doentes.
resfriado Contato com o ar contaminado pelos vírus sincicial respiratório, parainfluenza ou rinovírus.
rubéola Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
sarampo Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
síndrome da imunodeficiência adquirida Ato sexual sem preservativo masculino, seringa contaminada, transfusão sanguínea, via ver-
(Sida ou Aids, em inglês) tical (placentária).
Contato com as secreções das vias respiratórias, com as lesões da pele, das mucosas e com
varíola
os objetos de uso do doente.

Imunização

Uma das alternativas para a prevenção de algumas dessas doenças virais é a vacinação, processo de imuni-
zação ativa que consiste na inoculação de antígenos mortos ou enfraquecidos que estimulam a produção de
anticorpos no organismo. Essa primeira produção de anticorpos – imunização primária – é lenta e pequena.
O segundo encontro com o antígeno desencadeará a imunização secundária, que é rápida e produz grande
quantidade de anticorpos. Quando o vírus tem uma taxa de mutação e reprodução muito alta, como é o caso da
gripe, o processo é ineficaz, pois o antígeno muda muito.

Gráfico que representa o processo de


vacinação e a quantidade de anticorpos
produzidos pelo organismo.

O processo de imunização passiva, conhecido por sorologia, consiste na inoculação de anticorpos prontos
para inativarem os antígenos que estão parasitando no organismo.

Reino Monera
Bactérias e cianobactérias
Podem ser encontradas em todos os meios: ar, água, solo ou mesmo no interior de outros organismos. Isso deve-
-se ao fato de suportarem grandes pressões, temperaturas elevadas, concentrações osmóticas mortais para outros
organismos e valores de pH radicais.
As bactérias heterótrofas são aquelas incapazes de produzirem seu próprio alimento. Quando se nutrem de maté-
ria orgânica morta, são conhecidas por decompositoras ou sapróvoras e, se utilizam matéria viva, são parasitas. A parede
celular que envolve e protege a membrana plasmática é o citosol (citoplasma). Este possui apenas um tipo de organoide, o
ribossomo, no qual ocorre a síntese de proteínas. Apresenta um único cromossomo constituído por uma molécula gigante
de DNA unida pelas extremidades (DNA circular), o material genético encontra-se disperso no citoplasma.

45
A célula bacteriana não possui núcleo verdadeiro, uma vez que não apresenta a membrana que envolve o
material genético (envoltório nuclear ou carioteca).
As cianobactérias são produtoras de seu próprio alimento por meio do fenômeno da fotossíntese, segundo
a equação:
luz
6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6O2 + 6H20
clorofila

As cianobactérias do passado deram origem aos cloroplastos das células eucarióticas (vegetais e algas).

Caracterização geral das bactérias


Na maioria das espécies, a proteção da célula é feita por uma camada extremamente resistente, a parede celular,
havendo imediatamente abaixo uma membrana citoplasmática que delimita um único compartimento contendo
DNA, RNA, proteínas e pequenas moléculas, dividindo por fissão binária.
A habilidade em dividir-se de maneira rápida possibilita populações de bactérias a se adaptar às mudanças
de ambiente. Dois grupos de bactérias distantemente relacionados são reconhecidos: as eubactérias, que são os
tipos comuns encontrados na água, solo e organismos vivos maiores; e as arqueobactérias, que são encontradas em
ambientes realmente inóspitos, como os pântanos, fontes termais, fundo do oceano, salinas, vulcões, fonte ácidas etc.

Morfologia e estrutura da célula bacteriana


Cromossomo
Cromossomo circular, que é constituído por uma única molécula de DNA circular, tendo sido também chamado de
corpo cromatínico.

Plasmídios
Esses elementos extracromossômicos, denominados plasmídios, são autônomos, isto é, capazes de autoduplicação
independente da replicação do cromossomo, e podem existir em número variável no citoplasma bacteriano. Os
ribossomos acham-se espalhados no interior da célula e conferem uma aparência granular ao citoplasma.

Bactéria

plasmídeo
cromossomo
bacteriano

Mesossomo

Invaginações da membrana celular. Possui diversas funções: papel na divisão celular e na respiração.

Parede

De acordo com a constituição da parede, as bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos:
§§ Gram-negativas: apresentam-se de cor avermelhada quando coradas pelo método de Gram.
§§ Gram-positivas: apresentam-se de cor roxa quando coradas pelo método de Gram.

46
Cápsula

Muitas bactérias apresentam externamente à parede celular uma camada viscosa denominada cápsula. São ge-
ralmente de natureza polissacarídica, e estão relacionadas com a virulência da bactéria, uma vez que a cápsula
confere resistência à fagocitose.

Esporos

O endosporo é uma célula formada no interior da célula vegetativa, altamente resistente ao calor, dessecação e
outros agentes físicos e químicos, capaz de permanecer em estado latente por longos períodos e depois germinar,
dando início à nova célula vegetativa. A esporulação tem início quando os nutrientes bacterianos se tornam escas-
sos, geralmente pela falta de fontes de carbono e nitrogênio.

Nutrição
As bactérias podem ser autótrofas ou heterótrofas. As autótrofas incluem as fotossintetizantes e as quimiossintetizan-
tes. As bactérias fotossintetizantes, com clorofila específica, são as cianobactérias.
As bactérias fotossintetizantes apresentam um pigmento disperso no hialoplasma, conhecido como bacte-
rioclorofila, e apresentam um fotossistema simples.
Nas quimiossintetizantes, ocorre uma reação química específica, que libera energia formando ATP, e deste
transfere-se para a formação de carboidratos, como a glicose.
As bactérias podem realizar respiração celular aeróbia, respiração anaeróbica ou fermentação (alcóolica ou
láctica).

Reprodução das bactérias

A reprodução assexuada mais comum nas bactérias é a divisão binária.

A reprodução sexuada também existe, sendo a consequência da transferência de segmentos de DNA de


uma célula doadora (macho) para uma célula receptora (fêmea).

47
A passagem de segmentos de DNA entre bactérias pode ocorrer de vários modos:
§§ Transformação: bactéria absorve moléculas de DNA dispersas no meio, provenientes de outras bactérias mortas.
§§ Transdução: moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria à outra usando vírus (bacteriófagos)
como vetores (transmissores).
§§ Conjugação: o DNA passa diretamente da bactéria macho para a bactéria fêmea através de microscópicos
tubos proteicos, chamados pili, que as bactérias “macho” possuem em sua superfície.

Importância das bactérias

As bactérias, juntamente com os fungos, são os principais decompositores dos ecossistemas. Outro destaque é a
participação essencial de bactérias na ciclagem do nitrogênio; as cianobactérias fazem esse papel, também, nos
ecossistemas aquáticos. Quanto à decomposição, pode-se destacar a possível competição estabelecida, há milhões
de anos, entre fungos e bactérias. É conhecido o fato de certos fungos desenvolverem substâncias que impedem o
crescimento de bactérias. Lembre-se que o primeiro antibiótico conhecido pelo homem foi a penicilina extraída de
um fungo do gênero Penicillium.
As bactérias são utilizadas, cada vez mais, em tecnologia destinada à humanidade. Há tempos, elas são
utilizadas em formação de antibióticos e vitaminas, na produção de laticínios e na produção de vinagre.

Bactérias patogênicas
A seguir, abordaremos as principais doenças causadas por bactérias ao ser humano.

Resumo das bacterioses

DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO


antraz Através da inalação de esporos ou ingestão de ali-
Bacillus antracis
(carbúnculo) mentos contaminados, ou ferimentos cutâneos.
Ingestão de alimentos contaminados (exem-
botulismo Brucella sp.
plo: enlatados de palmito).
brucelose
Contato com secreções animais contaminadas; com a
(febre ondulante ou Brucella sp.
placenta; fetos abortados; ingestão de leite cru.
do Mediterrâneo)
cólera Ingestão de água ou de alimentos contaminados. Vibrio cholerae
coqueluche
Contato direto ou indireto com a saliva do doente. Bordetella pertussis
(tosse comprida)
difteria Contato com a secreção do nariz, ou da gar-
Corynebacterium diphteriae
(crupe) ganta, ou através do leite cru.
fasciíte necrosante Penetração através de cortes na pele. Estreptococo do tipo A
febre purpúri- Contato direto pessoa a pessoa (com conjuntivite) ou indi-
Haemophilus influenzae
ca brasileira reto por intermediação mecânica (insetos, toalhas, mãos).
febre tifoide (tifo) Contato direto ou indireto com fezes ou urina do doente. Salmonella typhi
gonorreia (blenorragia) Contato sexual. Neisseria gonorrhoeae
lepra (hanseníase) Penetração no organismo pela pele ou mucosas (ex.: nasais). Mycobacterium leprae
Penetração no organismo pelas mucosas, pela pele fe-
leptospirose Leptospira sp.
rida ou via oral (alimentos contaminados).
Lyrre (doença de Lyme) Adesão de carrapatos à pele sucção de sangue. Bonnelia bungdorferi
meningite Por via respiratória, quando o doente fala, tosse, espirra ou pelo
Neisseria meningitidis
meningocócica beijo.

48
DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO
peste Picada de pulgas infectadas; pessoa a pessoa. Yersinia pestis
Diplococcus pneumoniae, micoplas-
pneumonia Por via respiratória; contato pessoa a pessoa; infecção hospitalar.
mas, clamídias, legionelas etc.
psitacose Por via respiratória: contato pessoa a pessoa. Chlamydia psittaci
shigelose (disenteria) Ingestao de água ou de alimentos contaminados. Shigella sp.
sífilis Contato sexual; transfusão de sangue; via vertical (placentária). Treponema pallidum
tetano Penetração dos esporos através de ferimentos perfurantes. Clostridium tetani
pneumonia Por via respiratória (inalando o bacilo). Mycobacterium tuberculosis
uretrite Ato sexual. Chlamydia trachomatis

Arqueas

Elas têm capacidade de viver em ambientes extremos e são divididas em: halófilas extremas, suportando grandes
salinidades; termófilas extremas, vivendo em temperaturas superiores a 100 °C. Algumas crescem em ambientes
ácidos com pH igual a zero.
As arqueas vivem tipicamente em ambientes extremos (extremófilas), como fontes termais, fendas vulcâni-
cas, águas extremamente salgadas ou geladas, entre outros. Muitas delas não possuem parede celular, no entanto,
há aquelas nas quais tal estrutura está presente e são constituídas por polissacarídeos ou proteínas. Já nas bacté-
rias, a parede está sempre presente, sendo composta por peptidioglicanos.

Cianobactérias
A maioria das bactérias fotossintéticas é denominada cianobactérias, e, durante longos anos, eram conhecidas por
algas azuis.
As cianobactérias são maiores que os restantes dos procariontes, não apresentam órgãos locomotores e
realizam fotossíntese com o auxílio de pigmentos fotossintéticos variados, como a clorofila a, os carotenoides
(pigmentos amarelos), a ficocianina (pigmento azul) e a ficoeritrina (pigmento vermelho).
Algumas cianobactérias são capazes de fixar o nitrogênio do ar atmosférico, aproveitando esse gás para
construir suas proteínas.

Liberação de toxinas

Algumas espécies produzem e liberam toxinas na água que podem envenenar outros animais que habitam o
mesmo ambiente ou contaminar a água potável, levando doenças aos seres humanos. As mais prejudiciais para os
seres humanos são as hepatotoxinas e as neurotoxinas.

Teoria da endossimbiose e
origem das células eucariontes vegetal e animal

A célula vegetal originou-se a partir de uma célula pré-eucariótica heterótrofa. É possível que o primeiro passo
tenha sido a perda da capacidade de produzir a parede celular, para ocorrer a evolução da célula eucariótica. A
célula, então, desprovida dessa parede, adquiriu a capacidade de mudar de forma, crescer e envolver substâncias
extracelulares através da invaginação da membrana plasmática, fenômeno conhecido por endocitose. Células pro-
carióticas de cianobactérias, por meio da fagocitose, são englobadas, originando os cloroplastos. Aí está formada,
ao longo do tempo, uma célula eucariótica autotrófica.

49
A edição número 76 da revista Scientific American Brasil, de 2008, noticiou que pesquisadores da Harvard
Medical School, nos Estados Unidos, conseguiram construir um modelo da célula primitiva que surgiu há, aproxima-
damente, 3,5 bilhões de anos e que deu início à jornada da vida na Terra. A partir dessa célula primitiva, surgiram
os dois tipos fundamentais de células: um presente em bactérias e cianobactérias; e o outro presente em todos os
demais seres vivos conhecidos atualmente, exceto vírus. Esse feito científico é de extrema importância, pois pode
fornecer informações mais precisas de como esse processo de diversificação aconteceu.

Diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas


Célula Célula
Estrutura
procariótica eucariótica
Membraba
Presente Presente
plasmática
Citosol Presente Presente
Ribossomos Presente Presente
Endomembranas Ausente Presente
Envoltório nuclear Ausente Presente
Mitocôndria Ausente Presente
Presente em
Cloroplasto Ausente
vegetais e algas
2 ou mais
Cromossomo 1 por célula
por célula
DNA Circular Linear

Teoria da endossimbiose

As provas que confirmam a teoria endossimbiótica da origem dos cloroplastos e mitocôndrias são:
§§ presença do DNA circular, típico de bactérias;
§§ presença de ribossomos para a síntese de suas proteínas;
§§ capacidade de autoduplicação.

Reino Protoctista: protozoários


Protoctistas heterótrofos: protozoários
A maioria desses seres é heterótrofa, e alguns autores dizem que são animais. Caracterizam-se por serem unicelu-
lares, eucariontes e viverem isolados ou em colônias.
São divididos em cinco classes, de acordo, principalmente, com o modo de locomoção ou forma de repro-
dução típica:

paramécio balantídeo tripanossomo giárdia ameba

50
Rizópodes (sarcodinos)
Deslocam-se por pseudópodes e reproduzem-se por cissiparidade. Como exemplo, temos a Entamoeba
histolystica, causadora da amebíase.
Os sintomas mais comuns da amebíase são disenteria aguda com muco e sangue nas fezes, náuseas, vô-
mitos e cólicas intestinais. Existem casos em que a ameba pode passar a parasitar outras regiões do organismo,
causando lesões no fígado, pulmões e, mais raramente, no cérebro.
A contaminação é direta. Ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados por cistos.
No ciclo, os cistos passam pelo estômago, resistindo à ação do suco gástrico, chegam ao intestino delgado, quando
ocorre o desencistamento. Então, migram para o intestino grosso e ali se estabelecem.
A profilaxia é feita pela ingestão de alimentos bem lavados e/ou cozidos, pela higiene pessoal, pela cons-
trução de fossas e redes de esgoto e pelo tratamento das pessoas doentes.

Flagelados (mastigóforos)
São protozoários que se locomovem por meio de flagelos. Reproduzem-se por cissiparidade ou divisão binária.
Têm vida livre, sendo abundantes na água doce e nos mares; outros vivem como parasitas.

Trypanosoma cruzi

Esse protozoário é causador da doença de Chagas, sendo transmitida ao homem pela picada do inseto Triatoma infes-
tans (mosquito barbeiro), que é hematófago e de hábito noturno. A picada do inseto não transmite a moléstia,
pois nas suas glândulas salivares não existe a forma infectante. Depois de picar e sugar o hospedeiro, o barbeiro elimina
fezes infectadas com tripanossomos no rosto daquele. O próprio hospedeiro pode introduzir as fezes contaminadas nas
mucosas ou, coçando-se, pode causar uma escoriação, facilitando a penetração dos tripanossomas.
Outras formas de contato ocorrem na vida intrauterina, por meio de gestantes contaminadas, transfusões
sanguíneas ou ingestão de caldo de cana; bem mais raras são por ingestão de cremes de açaí ou acidentes com
instrumentos de punção em laboratórios, por profissionais da saúde.
A doença possui uma fase aguda e outra crônica. No local da picada, a área torna-se vermelha e endure-
cida, constituindo o chamado chagoma. Quando essa lesão ocorre próxima aos olhos, leva o nome de sinal de
Romaña.
Após um período de incubação, ocorre febre, ínguas por todo o corpo, inchaço do fígado e do baço e um
vermelhidão no corpo semelhante a uma alergia e que dura pouco tempo. Nessa fase, nos casos mais graves, pode
ocorrer inflamação do coração. Mesmo sem tratamento, a doença fica mais branda e os sintomas desaparecem
após algumas semanas ou meses.
A pessoa contaminada pode permanecer muitos anos ou mesmo o resto da vida sem sintomas, aparecendo
que está contaminada apenas em testes de laboratório.
Eliminar ou evitar o contato com o vetor e melhorar as condições das habitações (evitando o pau-a-pique)
são as melhores medidas preventivas.

Giardia lamblia

A giardíase é uma parasitose intestinal que tem como agente etiológico a Giardia lamblia. A giardíase se manifesta
por azia e náusea.
A contaminação ocorre quando os cistos maduros são ingeridos pelo indivíduo. Os cistos podem ser encon-
trados na água (mesmo que clorada), alimentos contaminados e, em alguns casos, a transmissão pode se dar por
meio de mãos contaminadas.
Para se evitar a giardíase, devem-se tomar as mesmas medidas profiláticas usadas contra a amebíase, uma
vez que há ingestão de cistos.

51
Leishmania

Esse protozoário é causador da Leishmaniose, sendo transmitido pela picada da fêmea do mosquito hematófago
Phlebotomus (mosquito-palha ou birigui). Entre as principais espécies de protozoários parasitas do gênero Leish-
mania, destacamos a Leishmania braziliensis, a Leishmania donovani e a Leishmania tropica.

Ciliados

São protozoários que se locomovem por meio de cílios e apresentam reprodução por cissiparidade e conju-
gação. Um típico representante é o paramécio. Além dos vacúolos contrácteis, evidenciam os dois núcleos: o
macronúcleo, relacionado com a nutrição; e o micronúcleo, envolvido com a reprodução. O paramécio se reproduz
assexuadamente por bipartição e sexuadamente por conjugação. Nesse caso, acontece a fusão temporária de
dois indivíduos, entre os quais se formam pontes citoplasmáticas para trocas de partes dos micronúcleos. Após a
troca e a fusão de micronúcleos, os paramécios separam-se e dividem-se duas vezes, produzindo um total de oito
indivíduos.

Esporozoários

Esses protozoários não possuem organelas de locomoção, portanto, são parasitas e apresentam reprodução
sexuada por esporulação. Como exemplos, citamos os plasmódios e o toxoplasma. No Brasil, são causadores da
malária o Plasmodium vivax, Plasmodium falciparium e Plasmodium ovale. Os protozoários são transmitidos pela
picada da fêmea do Anopheles (mosquito-prego). O Toxoplasma gondii causa a toxoplasmose e é transmitido pela
urina de gatos, ratos e também pela ingestão de carne contaminada.

52
Esporozóitos
do plasmodium

1º Vetor

Hospedeiro Hospedeiro
humano humano
inicial seguinte

Infecção
hepática 2º Vetor

Infecção
sanguínea

Transmissão
no útero

Ciclo de transmissão da malária

Reprodução
Assexuada (divisão binária)

A partir de um indivíduo, ocorre a duplicação do núcleo e posterior divisão do citoplasma.

Sexuada (conjugação)

Ocorre uma troca de material genético que permite um aumento da variabilidade.

Encistamento
Em condições ambientais desfavoráveis, ocorre o encistamento.

53
Quadro das principais protozooses
local de infecção
parasita classe doença transmissão profilaxia
e sintomas
medidas de saneamento,
Entamoeba amebíase • intestino grosso alimentos e água
rizópode higiene pessoal e com os
histolytica (disenteria) • ulcerações e diarreia contaminados
alimentos

Giardia giardíase • intestino delgado alimentos e água


medidas de saneamento,
flagelado • dores abdominais e diar- contaminados higiene pessoal e com os
lamblia (disenteria)
reia alimentos
medidas de saneamento,
Balantidium balantidiose • intestino alimentos e água
ciliado higiene pessoal e com os
coli (disenteria) • diarreia contaminados
alimentos

Leishmania • vias respiratórias picada da fêmea do telas, repelentes,


flagelado úlcera de Bauru • lesões nas mucosas da mosquito-palha
brasiliensis habitações longe de matas
boca e do nariz

Trichomonas • uretra e próstata (homem); relação sexual, higiene pessoal, com


flagelado tricomoníase vagina (mulher) piscinas e sanitários,
vaginalis sanitários e piscinas
• uretrite e corrimentos uso de preservativos

Trypanosoma • sangue e sistema


flagelado doença do sono nervoso picada da mosca-tsé-tsé combate à mosca
gambiensis
• lesões nas meninges
• mal-estar, prostração, fezes de animais
evitar contato com
Toxoplasma febre; no feto pode causar animais domésticos (fezes
esporozoário toxoplasmose domésticos e via
gondii retardamento mental, e urina), principalmente
placentária
cegueira e hidrocefalite para mulher gestante

Algas
Protoctistas autótrofos
São seres eucariotos, unicelulares ou pluricelulares com pigmentos fotossintéticos variados, além das clorofilas.
Vivem no mar, na água doce e em ambientes terrestres úmidos. Dividem-se em três grupos: clorofíceas (algas
verdes), feofíceas (algas pardas) e rodofíceas (algas vermelhas).

Algas verdes (filo Chlorophyta)


São seres unicelulares (isolados ou coloniais) ou pluricelulares. Os principais pigmentos são as clorofilas A e B e
os carotenos (laranja) e xantofilas (amarelo). A reserva é representada por amido e as paredes celulares possuem
celulose.

Algas pardas (filo Phaeophyta)


São pluricelulares, possuem um pigmento marrom-amarelado: a fucoxantina ou xantofila (amarelo), que junto
com a clorofila (verde) dá a cor parda que as distingue dos outros filos. Além disso, quando exploradas, são utili-
zadas diretamente como adubo, fonte de nutrientes e delas se extrai o iodo, o ágar-ágar.
O corpo é revestido por uma mucilagem chamada algina ou alginato. Essa mucilagem estabilizante é
extraída das algas pardas e utilizada na fabricação de sorvetes, caramelos e cosméticos.

54
Algas vermelhas (filo Rodophyta)
Conhecidas também pelo nome de rodofíceas, são pluricelulares. Nos plastos além da clorofila, encontra-se
outro pigmento predominante, a ficoeritrina (vermelho), ocorrendo também a ficocianina (azul). As algas ver-
melhas podem fornecer ágar (ágar-ágar) e a carragem (carragim), outra mucilagem com finalidade alimentícia.
Algumas espécies revestem-se de carbonato de cálcio (CaCO3).

Os protófitos
Os protófitos são seres clorofilados que realizam fotossíntese e apresentam nutrição autótrofa.

Diatomáceas (filo Bacillariophyta)


Também chamadas de crisofíceas ou algas douradas, a maioria é unicelular e apresentam os pigmentos
caroteno (laranja) e xantofila (amarelo), além da clorofila. As diatomáceas têm suas células recobertas por uma
carapaça chamada de frústula, que é de dióxido de silício (SiO2), podendo ser formadas por duas partes ou
valvas que se encaixam.
São considerados os mais importantes produtores no mar e na água doce. Formam parte do fitoplâncton
e são, portanto, alimentos de animais.

Algas pirrofíceas (filo Dinophyta)


As pirrofíceas são algas unicelulares, eucarióticas, flageladas e apresentam uma parede celular impregnada de
carbonato de cálcio (CaCO3), com clorofila A, xantofilas e carotenos. Também são chamadas de dinoflagelados.
Podem causar as marés vermelhas, que correspondem a um aumento do número de indivíduos de uma dada espé-
cie, formando manchas de coloração visível nos mares, devido à alta intensidade. Ocorrem principalmente em águas costeiras
ricas em nutrientes. Esse fenômeno causa a morte de peixes, decorrente do consumo exagerado de oxigênio pelo grande
número de indivíduos e produção de toxinas das algas.
Essas toxinas agem no sistema nervoso. Os moluscos geralmente não são sensíveis, mas podem acumular tais to-
xinas, que podem atingir o homem e outros mamíferos através de sua ingestão. Alguns gêneros de Dinophyta (Pyrrophyta)
apresentam bioluminescência. Através da oxidação de uma substância presente em suas células, na luciferina, pela
enzima luciferase, ocorre a formação de um produto molecular excitado que libera energia luminosa na forma de fótons.

Euglenoides (filo Euglenophyta)


São unicelulares, não apresentam parede celular e se locomovem por flagelos. Vivem principalmente em água doce
e apresentam um vacúolo pulsátil, que ao contrair-se expulsa o excesso de água, que ganha continuamente do
meio por osmose.
Os seus cloroplastos realizam a fotossíntese, mas, na ausência da luz e na escassez de reservas nutritivas, os
euglenoides são capazes de ingerir partículas alimentares, que entram pela boca da célula (citóstoma), passam pela
citofaringe, sofrem digestão de vacúolos digestórios e os resíduos são eliminados pelo citopígeo, como em unicelu-
lares heterótrofos. Essa capacidade e a estrutura de suas células assemelha-se muito a alguns protozoários, o que
culminou com o estudo das euglenas também como protozoários flagelados. Têm uma região chamada estigma,
responsável pela percepção de luz. A reserva é um tipo de amido conhecido por paramilo.

55
Reprodução nas algas
As algas apresentam processos de reprodução assexuada por cissiparidade (divisão binária), fragmentação de
seus talos e reprodução sexuada (isogamia, anisogamia e oogamia).

Plasto Valva menor


B

Vacúolo Núcleo Valva maior

Representações esquemáticas de divisão binária em algas


Representações esquemáticas de divisão binária em protistas.

Reprodução sexuada União


Fusão
sexual
citoplasmática

Organismos adultos Fusão dos


núcleos e
haploides (n)
formação
do zigoto (2n)

Zigósporo

MEIOSE

Ciclo sexuado da
alga verde
Organismos jovens unicelular
haploides (n) Chlam ydomonas sp.

A reprodução sexuada é comum em quase todas as algas. Cada organismo pode comportar-se como um gameta e ao se fundirem formam um zigoto.
Esse zigoto sofre meiose e forma quatro novos indivíduos haploides.

A maioria das algas multicelulares apresenta o fenômeno de alternância de gerações.

Importância das algas


O Fitoplâncton é responsável por cerca de 90% do oxigênio atmosférico. Climaticamente, é importante pela
liberação na atmosfera de DMS (dimetil-sulfeto), substância que age como facilitador na formação de núcleos de
condensação e, portanto, de chuvas.

56
Poríferos e cnidários
Introdução ao estudo dos metazoários
Esses animais são seres multicelulares e heterótrofos, ou seja, obtêm a sua alimentação por ingestão. O reino dos
metazoários é dividido em dois sub-reinos: parazoários, que incluem as esponjas (poríferos), animais que não
apresentam organização em tecidos, e os eumetazoários, que incluem todos os demais grupos, pois suas células
se organizam em tecidos, órgãos e sistemas.
Chamamos os cnidários, por exemplo, de animais diblásticos, pois formam apenas dois folhetos germina-
tivos: endoderme e ectoderme. Já, a partir dos platelmintos, são chamados todos de triblásticos, pois observa-se
a presença de três folhetos embrionários ou germinativos: a ectoderme, a endoderme e a mesoderme. Nos animais
triblásticos pode-se formar uma cavidade corpórea, que é fundamental para acomodar órgãos e estruturas in-
ternas, para circulação de substâncias ao longo do corpo, para acolher resíduos celulares que serão eliminados do
corpo e pode, ainda, estar preenchida de líquido sob pressão, que funciona como estrutura de sustentação em um
esqueleto hidrostático. Chamam-se acelomados os animais sem cavidade corpórea; pseudocelomados os ani-
mais cuja cavidade corpórea é revestida pela mesoderme e pela endoderme; e, finalmente, celomados os animais
cuja cavidade é o celoma, ou seja, revestida unicamente por mesoderne.
Em um dos estágios no desenvolvimento embriológico chamado gástrula, que corresponde a uma forma
tridimensional (semelhante a uma pera) com uma cavidade chamada de arquêntero (intestino primitivo), o qual se
comunica com o meio, através de uma abertura chamada blastóporo, será formada a boca, nos seres protostô-
mios (a grande maioria), ou o ânus, nos deuterostômios (equinodermos e cordados).

A simetria corporal
A simetria bilateral corresponde a duas metades semelhantes; a direita e a esquerda, neste caso, a simetria é dita
radial. Há mais de um plano imáginário que divide o ser em metades semelhantes.

Poríferos (Espongiários)
A maioria desses animais é marinha, e não possuem tecidos verdadeiros, que favorece a grande capacidade de
regeneração.
ESPONJA
VIVA REORGANIZAÇÃO
CELULAR
CÉLULAS CAPAZES
DE ORIGINAR
NOVAS ESPONJAS

FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS

GEMULAÇÃO

REGENERAÇÃO

57
Estrutura e fisiologia
As esponjas são animais filtradores. Possuem uma cavidade chamada de átrio ou espongiocele, além de coanócitos,
amebócitos e pinacócitos.
A organização do corpo de um porífero do corpo de um porífero
A organização

saída de água

ósculo
porócito
espículas
pinacócitos
poros
espículas
entrada
de água átrio
(espongiocela)
amebócito

colarinho coanócito

flagelo

Existem três tipos estruturais de esponjas – áscon, sícon e lêucon –, que apresentam gradual aumento
da superfície de contato dos coanócitos com a água, de modo que, as esponjas tipo lêucon estão mais adaptadas
a promover uma filtração mais eficiente da água e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis.

Câmaras
flageladas

Átrio Átrio

Água Água

Ascon Sycon Leucon

Reprodução
As esponjas podem se reproduzir de forma sexuada, quando ocorre a união de gametas masculino e feminino, forman-
do um zigoto que origina uma larva ciliada (anfiblástula), ou assexuada, que pode ocorrer por brotamento, regenera-
ção e através de gêmulas que aparecem mais em esponjas de água doce.

58
Sustentação do corpo
Os espongiários possuem um endoesqueleto. O esqueleto mineral é constituído por espículas calcárias e silicosas
ao esqueleto orgânico, apresenta-se formado por uma densa rede de fibras de espongina.

Celenterados (cnidários)
São organismos com simetria radial, predominantemente aquáticos marinhos, podem nadar livremente (medusas)
ou viver fixos (pólipos), no fundo do mar ou dos rios, sozinhos ou formando colônias.

O significado e a importância da cavidade digestiva


A presença de uma cavidade digestiva permite ao animal ingerir alimentos maiores, que gradativamente sofrerão
o ataque de sucos digestivos constituídos por enzimas que catalizarão a sua degradação em substâncias menores
absorvíveis e utilizáveis no metabolismo, posteriormente, pelas demais células do corpo. Neste grupo, a digestão
é, portanto, extracelular e intracelular.

Os cnidoblastos
Tanto os pólipos como as medusas são animais predadores, carnívoros que capturam suas presas descarregando
uma substância urticante, presente em células nos tentáculos: os cnidócitos ou cnidoblastos.

Sistema nervoso difuso e o arcorreflexo


Esses animais apresentam reações a estímulos externos, que os permitem se defenderem ou capturarem sua presa.
Trata-se da primeira ocorrência de células nervosas.

Fisiologia
Ainda não possuem sistema respiratório e circulatório definidos.

Reprodução
Brotamento
A reprodução dos celenterados pode ser assexuada e sexuada.

Metagênese
A alternância de gerações, em que uma fase se reproduz assexuadamente e a outra sexuadamente, é conhecida
como metagênese. A fase sexuada é representada pela forma medusoide.

59
Classificação dos cnidários
CLASSES DE CELENTERADOS
Classe Relação pólipo/medusa Representantes
Hydra sp (dulcícolas), Obelia sp (colonial),
Hydrozoa Pólipos predominantes
Physalia sp (caravelas e coloniais)
Scyphozoa Medusas predominantes (água-vivas) Aurelia sp
Actinia sp (anêmonas-do-mar) e corais
Anthozoa Exclusivamente polipoides (com exoesqueletos calcários que par-
ticipam da formação de recifes)
Cubozoa Pólipo dá origem à medusa Chironex fleckerí

Platelmintos
Surge a simetria bilateral e a triblastia
Os platelmintos são os primeiros animais nos quais ocorre a simetria bilateral; possuem corpo alongado e dorso
ventralmente achatado. Hábitos de vida são variados: nos de vida livre existem os parasitas que vivem às custas de
outros seres, explorando-os como ecto ou endoparasitas.

Fisiologia
§§ Nutrição – o sistema digestório é incompleto. A digestão ocorre nos meios extracelular e intracelular. Existem
espécies parasitas, totalmente desprovidas de sistema digestório.

§§ Respiração e trocas gasosas – as espécies de vida livre são aeróbias e as trocas são realizadas por sim-
ples difusão entre o epitélio permeável do animal e o meio. Os endoparasitas são anaeróbios.

§§ Excreção – célula-flama.

Células-flama
Poros excretores Canal
excretor
Canal
excretor

Tufo de
cílios

Citoplasma
Cordões nervosos Núcleo
longitudinais
Nervos

60
§§ Coordenação nervosa – gânglios cerebroides ou um anel nervoso, ligados a cordões nervosos
longitudinais.

cordão nervoso

nervos

gânglio cerebral
ocelo
parte
fotossensível

células com
pigmento

nervos para o célula


gânglio cerebral fotossensível

§§ Reprodução – normalmente, são hermafroditas ou monoicos com fecundação interna e um desenvol-


vimento, que pode ser direto ou indireto. Existem espécies que se reproduzem assexuadamente, principal-
mente por regeneração.

Classificação dos platelmintos


§§ Classe Turbellaria (turbelários): seres de vida livre com epitélio ciliado.
Exemplo: planária.

§§ Classe Trematoda (trematódios): seres parasitas com epiderme não ciliada e uma ou mais ventosas.
Exemplo: Schistosoma.

§§ Classe Cestoda (cestódios): seres parasitas com corpo dividido em anéis ou proglotes.
Exemplos: Taenia solium e Taenia saginata.

A esquistossomose e
o ciclo evolutivo do Schistosoma mansoni

A barriga-d’água é uma doença provocada pelo platelminto Schistosoma mansoni, um verme dioico com nítido
dimorfismo sexual.
As medidas profiláticas mais comuns são:
1. Tratamento dos infestados por meio da destruição dos vermes no organismo humano.
2. Saneamento básico, que impede que os ovos contaminem a água.
3. Combate aos caramujos transmissores.
4. Impedir a penetração das larvas, não tendo contato com a água contaminada.

61
A Taenia sp e os ciclos evolutivos
da teníase e da cisticercose

§§ A teníase é uma doença provocada pela presença das formas adultas das tênias ou solitárias (Taenia
saginata) no intestino delgado humano. A cisticercose é determinada pela presença das larvas da Taenia
solium no homem, localizadas principalmente nos olhos e no cérebro.
São medidas profiláticas:
1. não comer carne malpassada;
2. inspeção de matadouros para verificar a presença de cisticercos na carne;
3. saneamento básico.

§§ Cisticercose – é a enfermidade causada pela localização da larva no organismo do homem, que passa a
funcionar como hospedeiro intermediário. O homem se infesta ingerindo ovos existentes em água poluída,
hortaliças e frutos contaminados.

Nematelmintos

Os Asquelmintos (nematelmintos):
o surgimento do tubo digestivo completo

Os nematelmintes são organismos vermiformes, ou seja, de corpo cilíndrico, mas não segmentado, com típica
simetria bilateral e extremidades afiladas. As principais parasitoses que infestam o homem são: ascaridíase, an-
cilostomíase, oxiurose e elefantíase.

Fisiologia
§§ Digestão – sistema digestório completo com boca anterior e ânus posterior. A digestão é exclusiva-
mente extracelular.

§§ Excreção – célula H.

§§ Circulação e trocas gasosas – nas espécies de vida livre, a respiração é aeróbia, cutânea e ocorre por
difusão simples. Nos parasitas, ocorre a respiração anaeróbia.

§§ Coordenação nervosa – constituído por um anel nervoso anterior e uma série de cordões nervosos
longitudinais.

§§ Reprodução – os nematoides são, com raras exceções, animais dioicos, quase sempre com dimorfismo
sexual.

62
Ascaridíase
É uma parasitose intestinal cujo agente etiológico é o Ascaris lumbricoides, vulgarmente conhecido como lombriga.

1. Ovos contendo larva L3 contaminam


2 água e/ou alimentos;
2. Ingestão dos alimentos contaminados
1 7 com os ovos larvados;
3. Passagem do ovo pelo estômago e
8 liberação da larva L3 no intestino
delgado;
6 4. Penetração das larvas na parede
intestinal;
5. Larvas carregadas pelo sistema porta
até os pulmões;
5 3 6. Larvas sofrem muda para L4, sendo
12 que posteriormente rompem os
capilares e caem nos alvéolos, sofrendo
nova muda (L5). Migração das larvas para
4 a faringe;
9 7. Expulsão das larvas pela expectoração
Fezes ou deglutinação das mesmas;
8. Larvas atingem novamente o duodeno
9 transformando-se em adultos. Fêmeas,
11 após a cópula, iniciam a ovoposição.
10 9. Eliminação dos ovos pelas fezes e
contaminação do ambiente;
Ovo infértil 10 a 12. Evolução dos ovos férteis até se
tornarem larvados, com L3.
Ovo fértil

Enterobiose ou oxiurose
A enterobiose ou oxiuríase é uma doença intestinal causada pelo nematelminte Enterobius vermicularis, verme
pequeno e filiforme (formato de fio). O sintoma mais típico é o intenso prurido anal.

Ingestão de ovos com


I
embrião pela pessoa
2

Larvas eclodem no
intestino delgado
3

1
D Ovos nas pregas perianais
Adultos no
Larvas nos ovos maturam lúmen do
em 4 a 6 horas. coco. 4
I Estágio de Infecção
prenhas migram para
5 a região perianal à noi-
D Estágio de Diagnóstico te, botando os ovos

63
Ancilostomose
Também conhecida por amarelão ou opilação, a ancilostomose é uma parasitose causada pelos vermes
Ancylostoma duodenale e Necator americanus.
A ancilostomose causa no homem intensa anemia, variando a gravidade com o grau de infestação. Por isso,
o indivíduo parasitado perde cor, tornando-se amarelado (daí o nome amarelão) e fraco. A redução de hemácias
afeta o transporte de oxigênio, afetando o coração e o cérebro, ocorrendo insuficiência cardíaca, sonolência, apatia
e confusão mental. A profilaxia envolve higiene, saneamento básico e uso de calçados.

Filaríase ou elefantíase
O causador da elefantíase é o verme Wuchereria bancrofti, os vermes adultos parasitam os gânglios e vasos linfá-
ticos. No Brasil, o principal transmissor é o mosquito Culex fatigans, vulgarmente conhecido como pernilongo. A
filariose provoca edemas que causam deformações, principalmente nos membros inferiores.

O bicho-geográfico
Animais silvestres, como o cão e o gato, apresentam parasitas específicos, cujas larvas infestantes só completam
o ciclo quando penetram no hospedeiro próprio. No homem, migrando e realizando um trajeto sinuoso no teci-
do subcutâneo. Os agentes etiológicos são o Ancylostoma caninum e o Ancylostoma braziliense.

64
U.T.I. - Sala
1. Considerando os mecanismos de replicação do genoma viral, qual a principal diferença entre o
vírus da gripe e o vírus que causa a Aids?

2. Dentro da microscopia existem uma diferente evidente entre o tamanho de vírus e de bactérias.
Qual dos dois organismo tem sua ação bloqueada por uso de antibióticos? E em que estruturas
esses medicamentos podem agir?

3. Ao longo do primeiro semestre de 2004, jornais e estações de rádio e TV do interior do Estado


de São Paulo noticiaram o aumento de casos de cães que apresentaram resultado positivo para os
testes de detecção do agente causador da leishmaniose. Em alguns municípios, foram confirmados
casos de leishmaniose humana. Em algumas cidades, o combate à epidemia foi feito pela elimina-
ção dos cães infectados.
a) A que reino e filo pertence o organismo causador da leishmaniose?
b) Como se transmite a doença e por que os cães infectados representam perigo ao homem?

4. As esponjas (poríferos), organismos primitivos na escala evolutiva, são insensíveis ao toque. Já as


anêmonas e os corais (cnidários) retraem-se quando os tocamos. A que você atribui esta diferença
comportamental nos dois grupos de animais? E qual célula de defesa dos cnidários?

5. Digestão somente intracelular, ausência dos sistemas nervoso, excretor, circulatório, respiratório
e órgãos reprodutores e de locomoção também ausentes. São características de qual grupo? Dê um
exemplo de animal desse grupo.

6. A anemia falciforme é uma doença genética autossômica recessiva, caracterizada pela presença
de hemácias em forma de foice e deficiência no transporte de gases. O alelo responsável por essa
condição é o HbS, que codifica a forma S da globina. Sabe-se que os indivíduos heterozigotos para a
HbS não têm os sintomas da anemia falciforme e apresentam uma chance 76% maior de sobreviver
à malária do que os indivíduos homozigotos para o alelo normal da globina (alelo HbA). Algumas
regiões da África apresentam alta prevalência de malária e acredita-se que essa condição tenha
influenciado a frequência do alelo HbS nessas áreas. O que ocorre com a frequência do alelo HbS
nas áreas com alta incidência de malária? Por quê?

65
U.T.I. - E.O. 6. Uma determinada moléstia que pode cau-
sar lesões nas mucosas, pele e cartilagens é
transmitida por um artrópode e causada por
1. A doença de Chagas atinge milhões de bra- um protozoário flagelado. Qual é o nome da
sileiros, pode apresentar, como sintomas, doença, do artrópode transmissor e do agen-
problemas no miocárdio, que levam à insufi- te causador?
ciência cardíaca. Por que, na doença de Cha-
gas, ocorre comprometimento da função car- 7. Em relação à malária, mencione a forma in-
díaca? Identifique o grupo ao qual pertence fectante do parasita e o gênero do transmis-
o causador da doença, assim como os filos do sor.
vetor e do hospedeiro.
8. Na espécie humana, ocorrem várias doenças,
2. Cientistas criaram em laboratório um bacte- cujos microrganismos causadores estão pre-
riófago (fago) composto que possui a cáp- sentes no sangue de pessoas infectadas, po-
sula proteica de um fago T2 e o DNA de um
dendo inclusive ser transmitidos através de
fago T4. Após esse bacteriófago composto
transfusões ou por seringas usadas.
infectar uma bactéria, os fagos produzidos
a) Cite duas dessas doenças que sejam causadas
terão:
por protozoários, indicando para cada uma o
a) a cápsula proteica de qual dos fagos? E o
DNA, será de qual deles? nome do parasita responsável.
b) Justifique sua resposta. b) Escolha uma das doenças por você citadas
e indique dois métodos para sua profilaxia.

3. Agentes de saúde pretendem fornecer um 9. Considerando-se as doenças gripe, paralisia


curso para moradores em áreas com alta infantil, gonorreia, doença de Chagas, ama-
ocorrência de tênias (Taenia solium) e es-
relão, cólera, tuberculose e febre amarela,
quistossomos (Schistosoma mansoni). A
pergunta-se: quais delas são passíveis de
ideia é prevenir a população das doenças
tratamento com antibióticos? Por quê?
causadas por esses organismos.
a) Em qual das duas situações é necessário aler-
tar a população para o perigo do contágio 10. Um estudante escreveu em uma prova: “As
direto, pessoa a pessoa? Justifique. bactérias não têm núcleo nem DNA”. Você
b) Cite duas medidas – uma para cada doença – concorda com o estudante? Justifique.
que dependem de infraestrutura criada pelo
poder público para preveni-las. 11. As verminoses ainda acometem uma gran-
de parcela da população, principalmente as
de baixa renda. Doenças como ascaridíase e
4. Os portadores do vírus HIV, agente causador
amarelão (ancilostomose) ainda são bastan-
da aids (síndrome da imunodeficiência ad-
quirida), são tratados com os chamados co- te comuns, principalmente em crianças.
quetéis antivirais, que combinam drogas ini- a) Qual a característica comum a essas doenças
bidoras da transcriptase reversa com drogas em relação ao seu modo de contágio?
inibidoras de proteases. b) Outras doenças bastante comuns são a tení-
a) Por que a transcriptase reversa é essencial ase e a cisticercose, causadas por vermes do
para que o vírus HIV se multiplique? gênero Taenia. Qual a diferença entre essas
b) Como o vírus HIV causa a imunodeficiência duas doenças no que se refere ao contágio e
em humanos? ao local de alojamento do parasita?

12. As verminoses representam um grande pro-


5. Lineu, em 1735, publicou um trabalho, no
qual apresentava um plano para classifica- blema de saúde, principalmente nos países
ção de seres vivos. Nele estavam propostos o subdesenvolvidos. A falta de redes de água
emprego de palavras latinas e o uso de cate- e de esgoto, de campanhas de esclarecimen-
gorias de classificação hierarquizadas. Deve- to público, de higiene pessoal e de progra-
-se também a Lineu a regra de nomenclatura mas de combate aos transmissores, leva ao
binominal para identificar cada organismo. aparecimento de milhares de novos casos na
Seguindo as regras proposta por Lineu como população brasileira. Cite três verminoses
deve ser escrito os nomes das espécies? causadas por nematódeos.

66
13. Monteiro Lobato criou o personagem Jeca
Tatu, o brasileiro do meio rural que andava
descalço e, por isso, era acometido por uma
verminose que o deixava fraco, pálido (com
características de anemia) e magro. Montei-
ro Lobato retratava o personagem: “ele está
assim; ele não é assim”. Quais são os vermes
causadores dos sintomas apresentados pelo
personagem em questão?

14. Maré vermelha deixa litoral em alerta


Uma mancha escura formada por um fenô-
meno conhecido como “maré vermelha” co-
briu ontem uma parte do canal de São Sebas-
tião (...) e pode provocar a morte em massa
de peixes. A Secretaria de Meio Ambiente de
São Sebastião entrou em estado de alerta. O
risco para o homem está no consumo de os-
tras e moluscos contaminados.
(Jornal “Vale Paraibano”, 01.02.2003.)

A maré vermelha é causada por qual orga-


nismo?

15. Nos poríferos existem estruturas denomina-


das gêmulas. Explique o que são e para que
servem.

67
© Juan Gaertner/Shutterstock
rstock

Biologia 3
U.T.I.
1/2
Composição química celular
A análise do conteúdo celular revela a existência de componentes minerais e orgânicos.

Água
§§ Solvente universal
§§ Termorregulação
§§ Transporte de células e de substâncias
§§ Eliminação de excretas celulares
§§ Função lubrificante

A quantidade de água varia de acordo com a taxa metabólica. Quanto maior a atividade química (metabo-
lismo) de um órgão, maior o teor hídrico.
A taxa de água, em geral, decresce com a idade e, finalmente, com a espécie. Por exemplo, na espécie hu-
mana há 64% de água, nas medusas 98% nos esporos e sementes vegetais, 15%.

Outras propriedades da água


§§ Coesão – Capacidade de uma substância permanecer unida.
§§ Tensão superficial

Devido à tensão superficial, alguns insetos são capazes de pousar sobre a água e não afundar-se.

§§ Adesão – a água tem a tendência de se unir a moléculas polares.


§§ Capilaridade – fenômeno físico resultante das interações entre as forças de adesão e coesão da molécula
de água. Esse fenômeno é muito utilizado pelas plantas no transporte de substâncias da raiz até as folhas.

71
Sais minerais
Nos líquidos intra e extracelular, encontramos grande variedade de sais minerais dissociados em cátions e ânions.

Componente dos ossos e dentes. Ativador de certas enzimas, participando de processos como a contração
Cálcio (Ca2+)
muscular e a coagulação.
Magnésio (Mg2+) Faz parte da molécula de clorofila; é necessário, portanto, à fotossíntese.
Presente na hemoglobina do sangue, pigmento fundamental para o transporte de oxigênio. Componente de
Ferro (Fe2+)
substâncias importantes na respiração e na fotossíntese (citocromos e ferrodoxina).
Tem concentração intracelular sempre mais baixa que nos líquidos externos. A membrana plasmática, por
Sódio (Na+) transporte ativo, constantemente bombeia o sódio, que tende a penetrar por difusão. Importante compo-
nente da concentração osmótica do sangue juntamente com o K+.
É mais abundante dentro das células. Por transporte ativo, a membrana plasmática absorve o potássio do
Potássio (K+) meio externo. Os íons sódio e potássio estão envolvidos nos fenômenos elétricos que ocorrem na membra-
na plasmática, na concentração muscular e na condução nervosa.
Componente dos ossos e dentes. Está no ATP, molécula energética das atividades celulares. É parte inte-
Fosfato (PO4–3)
grante do DNA e RNA, no código genético.
Cloro (Cl–) Componente dos neurônios (transmissão de impulsos nervosos).
Iodo (I ) –
Entra na formação de hormônios tireoidianos.

Carboidratos
Entre os compostos orgânicos, aparecem os polímeros, moléculas gigantes (macromoléculas) formadas por uma
cadeia de moléculas chamadas de monômeros.
Podemos citar os seguintes polímeros: proteínas, ácidos nucleicos e polissacarídeos, cujos monômeros são,
respectivamente, aminoácidos, nucleotídeos e monossacarídeos.

Polissacarídeos (glicídios)

Os glicídios são também conhecidos como açúcares, sacarídeos, carboidratos ou hidratos de carbono. São molécu-
las compostas principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio. Apresentam fórmula geral CnH2nOn. São monossa-
carídeos importantes: glicose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose. A junção de dois monossacarídeos dá ori-
gem a um dissacarídeo. Quando temos muitos monossacarídeos ligados, ocorre a formação de um polissacarídeo,
tal como amido, glicogênio, celulose, quitina etc.
Os glicídios são a fonte primária de energia para as atividades celulares e possuem também funções estruturais.

PRINCIPAIS MONOSSACARÍDEOS
carboidrato papel biológico
ribose (5C) Uma das matérias-primas necessárias à produção de ácido ribonucleico.

desoxirribose (5C) Matéria-prima necessária à produção de ácido desoxirribonucleico (DNA).


É a molécula mais usada pelas células para obtenção de energia. Sintetizada pelos seres clorofilados, na
glicose (6C)
fotossíntese. Abundante em vegetais, no sangue e no mel.
frutose (6C) Muito comum em frutas e, também, apresenta papel fundamentalmente energético.
galactose (6C) Um dos monossacarídeos constituintes da lactose do leite. Papel energético.

72
PRINCIPAIS DISSACARÍDEOS
carboidrato unidades fontes papel biológico
sacarose glicose + frutose cana-de-açúcar e beterraba papel energético
lactose glicose + galactose leite papel energético
maltose glicose + glicose vegetais papel energético

PRINCIPAIS POLISSACARÍDEOS
carboidrato unidades fontes papel biológico
amido (n) moléculas de glicose raízes e caules reserva energética vegetal
celulose (n) moléculas de glicose parede de células vegetais sustentação
glicogênio (n) moléculas de glicose fígado e músculos reserva energética animal

No corpo, o fígado e o músculo são responsáveis por armazenar glicogênio e o sangue, pela glicose.

Lipídios
Compreendem um grupo muito heterogêneo, cuja característica comum é a insolubilidade em água e a solubilidade
em solventes orgânicos.
§§ Glicerídeos (ácido graxo mais glicerol) – compostos pelos óleos e as gorduras. A principal diferença entre os
oléos e as gorduras é que os óleos são de origem vegetal e a gordura, de origem animal.
§§ Cerídeos (ácido graxo mais glicerol de cadeias longas) – os principais representantes são as ceras. Exemplos:
cera do ouvido, da maça (proteção contra desitratação) e outros.
§§ Fosfolípideos (ácido graxo, glicerol e fosfato) – principais componentes da membrana plasmática. Possuem
uma parte hidrofílica (contato com o meio aquoso) e hidrofóbico (contato com o meio não aquoso).
§§ Esteroides – são os lipídeos que formam os hormônios sexuais (testosterona, progesterona, estradiol). Outro
componente desse grupo é o colesterol. O colesterol pode ser classificado quanto ao tipo de lipoproteína
que o transporta.
§§ LDL (lipoprteína de baixa densidade) – leva o colesterol até o sangue (colesterol “ruim”).
§§ HDL (lipoproteína de alta densidade) – tira o colesterol do sangue (colesterol “bom”).
O acúmulo de LDL está vinculado com infarto do miocárdio, pois o aumento de colesterol no sangue pode
ocasionar o entupimento de artérias que nutrem o coração. Dessa forma, não chega um aporte de oxigênio e nu-
trientes para as células cardíacas e essas entram entram falência, o que caracteriza o infarto.

Funções gerais dos lipídios


§§ Membrana plasmática
§§ Energia
§§ Reserva energética
§§ Vitaminas (A, D, E e K)
§§ Hormônios (andrógenos, progesterona etc.)
§§ Prostaglandinas ajudam na proteção contra a dessecação e excesso de transpiração.
§§ Isolamento térmico, elétrico e mecânico

73
Vitaminas
§§ Vitamina A (antixeroftálmica) – evita a “cegueira noturna”; xeroftalmina, “olhos secos” em crianças; ce-
gueira total. Pode ser encontrada em vegetais amarelos (cenoura, abóbora, batata-doce, milho), pêssego, necta-
rina, abricó, gema de ovo, manteiga, fígado.
§§ Vitamina B1 (tiamina) – evita a perda de apetite, fadiga muscular, nervosismo, beribéri (homem) e po-
lineurite (pássaros). Encontrada em cereais na forma integral e pães, feijão, fígado, carne de porco, ovos,
fermento de padaria, vegetais de folhas.
§§ Vitamina B2 (riboflavina) – evita a ruptura da mucosa da boca, lábios, língua e bochechas. Encontrada
em vegetais de folhas (couve, repolho, espinafre etc.), carnes magras, ovos, fermento de padaria, fígado,
leite.
§§ Vitamina B (PP – ácido nicotínico) – previne a inércia e falta de energia, nervosismo extremo, distúrbios
digestivos, pelagra (homem) e língua preta (cães). Encontrada no levedo de cerveja, carnes magras, ovos,
fígado, leite.
§§ Vitamina B6 (piridoxina) – evita doenças de pele, distúrbios nervosos, inércia e extrema apatia. Encontrada
no lêvedo de cerveja, cereais integrais, fígado, carnes magras, peixe, leite.
§§ Vitamina B12 (cianocobalamina) – evita a anemia perniciosa. Encontrada no fígado, leite e seus deriva-
dos, carnes, peixes, ostras e leveduras.
§§ Vitamina C (ácido ascórbico – antiescorbútica) – previne escorbuto, inércia e fadiga em adultos,
insônia e nervosismo em crianças, sangramento das gengivas, inflamações nas juntas, dentes alterados,
escorbuto. Encontrada em frutas cítricas (limão, lima, laranja), tomate, couve, repolho e outros vegetais de
folha, pimentão, morango, abacaxi, goiaba, caju.
§§ Vitamina D (ergosterol – precursor da vitamina D – antirraquítica) – atua no metabolismo do cál-
cio e do fósforo. Mantém os ossos e os dentes em bom estado. Previne o raquitismo, problemas nos dentes,
ossos fracos, contribui para os sintomas da artrite, raquitismo, osteomalácia (adultos). Encontrada no levedo,
óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo, manteiga.
§§ Vitamina E (tocoferol – antioxidante) – promove a fertilidade. Previne o aborto. Atua no sistema ner-
voso involuntário, sistema muscular e músculos involuntários. Previne a esterilidade do macho. Oxidação de
ácidos graxos insaturados e enzimas mitocondriais. Encontrada no óleo de germe de trigo, carnes magras,
laticínios, alface, óleo de amendoim.
§§ Vitamina K (anti-hemorrágica) – a sua falta retarda o processo de coagulação. Encontrada em vegetais
verdes, tomate, castanha, espinafre, alface, repolho, couve, óleos vegetais.

Metabolismo celular
Podemos considerar mais duas ideias sobre metabolismo celular: anabolismo – reações químicas de síntese, que
a partir de moléculas menores produzem moléculas maiores; e catabolismo – reações químicas de degradação
que transformam moléculas grandes em unidades menores.

A glicose e o metabolismo
Como já mencionado, a glicose é o combustível mais utilizado pelos seres vivos, substância altamente energética
cuja quebra no interior das células libera a energia armazenada nas ligações químicas e produz resíduos, entre eles
gás carbônico e água.
A energia liberada é utilizada na realização de atividades metabólicas.

74
A energia sob a forma de ATP
Cada vez que ocorre a “desmontagem” da molécula de glicose, a energia não é simplesmente liberada para o meio.
Ela é transferida para outras moléculas – chamadas de adenosina trifosfato (ATP) –, que servirão de reservatórios
temporários de energia.

Proteínas
As proteínas são polímeros, nos quais os monômeros são moléculas de aminoácidos.

A ligação química entre dois AA chama-se ligação peptídica, e acontece sempre entre o C do radical
ácido de um AA e o N do radical amina do outro AA. Veja a figura a seguir:

Os aminoácidos podem ser classificados em essenciais, quando não são produzidos pelo organismo e,
portanto, devem estar presentes em sua dieta; e naturais, quando podem ser produzidos pelo organismo.

aminoácidos naturais aminoácidos essenciais


Asparagina (Asn) Prolina (Pro) Cisteína (Cis) Metionina (Met) Triptofano (Tri)
Glutamina (Gln) Alanina (Ala) Tirosina (Tir) Isoleucina (Iso) Valina (Val)
Arginina (Arg) Glutamato (Glu) Serina (Ser) Leucina (Leu) Treonina (Tre)
Histidina (His) Aspartato (Asp) Glicina (Gli) Lisina (Lis) Fenilalanina (Fen)

Apesar de existirem somente 20 AA, o número de proteínas possível é praticamente infinito. As proteínas
diferem entre si devido à quantidade de aminoácidos na molécula, aos tipos presentes e a sua sequência na
molécula. Duas proteínas podem ter os mesmos AA nas mesmas quantidades, porém, se a sequência dos AA for
diferente, as proteínas serão diferentes.

75
Estrutura proteica
A sequência dos AA na cadeia polipeptídica é o que chamamos de estrutura primária da proteína.
A projeção espacial da ligação peptídica é chamada de estrutura secundária.
Em muitas proteínas, a própria hélice (estrutura secundária) sofre dobramento sobre si mesma, adquirindo
forma globosa chamada de estrutura terciária.

Desnaturação proteica
Vários fatores, tais como temperatura, grau de acidez (pH), concentração de sais e outros podem alterar a estrutura
espacial de uma proteína, sem alterar a sua estrutura primária. Mas a principal consequência é a perda do papel
biológico. Esse fenômeno é chamado de desnaturação.

Funções das proteínas


Uma das funções das proteínas é a função estrutural, pois fazem parte da arquitetura das células e tecidos dos
organismos.
Além da função estrutural, as proteínas atuam como enzimas ou biocatalisadoras das reações bioquímicas
que ocorrem nas células. Diminuem a energia de ativação requerida pelas reações, tornando-as mais espontâneas
e aumentando suas velocidades.
Uma mesma enzima não catalisa duas reações diferentes. A especificidade das enzimas é explicada pelo
modelo da chave (reagente) e fechadura (enzima). As enzimas são reversíveis, ou seja, a mesma molécula pode ser
usada diversas vezes.
Um inibidor enzimático tem forma semelhante ao substrato (reagente). Encaixando-se na enzima, bloqueia
a entrada do substrato, inibindo a reação química.

Cinética enzimática
A temperatura, o pH e a concentração do substrato são fatores importantes na determinação da velocidade da
atividade enzimática.

Hormônios
São substâncias químicas que desempenham a função de mensageiras e apresentam diferentes naturezas químicas.

76
Ácidos nucleicos: DNA
Composição química
O ácido desoxirribonucleico (DNA) é um polímero definido como polinucleotídeo, por ser constituído por uma
sucessão de unidades menores, os nucleotídeos.
As bases nitrogenadas pertencem a duas categorias: púricas e pirimídicas. As púricas são a adenina (A)
e a guanina (G). As pirimídicas são a citosina (C) e a timina (T). Observe a figura:

Relações de Chargaff

A = T e C = G ou A/T = 1 e C/G = 1

Estrutura
“O corrimão da escada” é constituído por grupos fosfato ligados a desoxirriboses. Cada degrau é formado por
uma base púrica (A ou G) ligado a uma base pirimídica (C ou T). Em cada degrau, as bases são unidas por ligações
ponte de hidrogênio.
Existem vírus que apresentam DNA formado por uma cadeia única de nucleotídeos. Evidentemente que,
neste caso, não ocorre a relação de Chargaff, pois as quantidades de A e T, bem como de C e G são diferentes.

Localização do DNA nas células


Evidencia uma cor púrpura e indica os cromossomos no núcleo. Pequena quantidade de DNA também é encontrada
nos cloroplastos e mitocôndrias.

Funções
O DNA é o material genético propriamente e possui duas propriedades fundamentais: replicação e transcrição.

77
Replicação (duplicação)
Ao final, há a produção de duas novas moléculas – filhas, cada uma das quais com uma cadeia nova recém-sinteti-
zada e uma outra, que pertencia à molécula-mãe. Por esse motivo, a replicação é chamada de semiconservativa,
dado que cada molécula-filha conserva na sua estrutura uma das metades da molécula-mãe.

Transcrição
Na transcrição, o DNA cromossômico sintetiza o RNA nuclear, para o qual transcreve a sequência de nucleotídeos
representada pela mensagem genética. Saindo do núcleo, o RNA leva a mensagem genética para os ribossomos.

Ácidos nucleicos: RNA


Estrutura
O RNA difere do DNA em três aspectos:
1. possui ribose (pentose), em vez de desoxirribose.
2. a base pirimídica uracila ou uracil substitui a timina, que não existe no DNA.
3. sua molécula é formada por apenas uma fita ou cadeia simples. Portanto, não existe pareamento nem
igualdade nas quantidades de bases.
A enzima responsável pelo processo é a RNA-polimerase.

Tipos de RNA e suas funções


Existem três tipos de RNA: RNA-ribossômico (RNAr), RNA-mensageiro (RNAm) e RNA-transportador (RNAt), e
todos estão relacionados com o processo da síntese proteica.
O RNAr, associado a nucleoproteínas, forma os ribossomos, organoides citoplasmáticos granulares respon-
sáveis pela síntese de proteínas.
O RNAm é a cópia da mensagem genética, ou seja, do gene. É enviada para os ribossomos.
O RNAt tem como função o transporte de aminoácidos do hialoplasma para os ribossomos, onde são enca-
deados sequencialmente para formar uma proteína.

78
Código genético e síntese proteica
As características dos organismos
Todos os seres vivos existentes na Terra apresentam duas propriedades típicas: autopreservação e autorrepro-
dução.

O dogma central da genética molecular


A relação DNA–RNA–proteínas é conhecida como o dogma central da genética molecular, que estuda as atividades
gênicas celulares por meio da ação dessas macromoléculas.
§§ Replicação – é o processo de replicação do DNA, na intérfase, que determina a divisão celular responsável
pelo crescimento, regeneração e reprodução dos organismos.
§§ Transcrição – por meio da transcrição, o DNA forma o RNA mensageiro (RNAm), para o qual transcreve a
mensagem genética, na verdade, uma receita para síntese de uma proteína.
§§ Tradução – na tradução, o ribossomo, de acordo com as instruções codificadas no RNAm, seleciona e
encadeia os aminoácidos sintetizando a proteína.

O conceito de gene

Modelo da ação gênica

79
Código genético
No caso do código genético, existem quatro símbolos, representados pelos quatro tipos de nucleotídeos, abreviados
pela letra inicial: A, C, G e T.

Códons de iniciação e terminalização


A síntese de uma proteína é iniciada quando um ribossomo se organiza, no RNAm, sobre o códon de iniciação AUG.
Esse códon codifica o aminoácido metionina (Met), de forma que todas as proteínas começam com a metionina.
A cadeia termina quando o ribossomo atinge um dos três códons de terminalização ou finalização representados
por UAA, UAG e UGA.

Propriedades do código genético


O código genético apresenta duas propriedades: degeneração e universalidade. Dizemos que o código é dege-
nerado porque a maioria dos aminoácidos é codificada por dois ou mais códons.
O código é universal porque cada códon codifica sempre o mesmo aminoácido em qualquer organismo,
inclusive os vírus.

Etapas da síntese proteica


§§ Transcrição
§§ Tradução

80
Mutação
Conceito
A mutação gênica é uma mudança na estrutura do gene. Consiste numa alteração na sequência de bases do DNA
ocorrida por um erro no processo de replicação. A mutação pode alterar o código genético e, consequentemente,
uma característica do organismo.

Tipos de mutação
§§ Substituição – consiste na substituição de uma base por outra, transição, que é a substituição de purina
por purina (A por G ou G por A) ou pirimidina por pirimidina (C por T ou T por C); e transversão, que é a
troca de purina por pirimidina ou vice-versa.
§§ Deleção ou deficiência – é a perda de bases.
§§ Inserção – é a colocação de um ou mais nucleotídeos.

Introdução à citologia
Teoria celular
§§ Todos os organismos vivos são formados por células.
§§ Todas as reações metabólicas de um organismo ocorrem em nível celular.
§§ As células originam-se unicamente de células preexistentes.
§§ As células são portadoras de material genético.

Origem das células


A questão da origem das células está diretamente relacionada com a origem da vida em nosso planeta.

Teoria da invaginação da membrana plasmática


(teoria de Robertson)
Por mutação genética, alguns procariontes teriam passado a sintetizar novos tipos de proteínas, e isso levaria ao
desenvolvimento de um complexo sistema de membranas, que, invaginando-se da membrana plasmática, teria dado
origem às diversas organelas delimitadas por membranas. Assim, teriam aparecido o retículo endoplasmático, o
aparelho de Golgi, os lisossomos e as mitocôndrias. Pelo mesmo processo surgiria a membrana nuclear, principal
característica das células eucariontes.

Teoria da simbiose de procariontes (teoria endossimbiótica)


Segundo essa teoria, alguns procariontes passaram a viver em simbiose no interior de alguma célula, criando cé-
lulas mais complexas e mais eficientes. Vários dados apoiam a suposição de que as mitocôndrias e os cloroplastos
surgiram por esse processo.

81
Teoria mista
É possível que as organelas que não contêm DNA, como o retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi, tenham
se formado a partir de invaginações da membrana celular, enquanto as organelas com DNA (mitocôndrias, cloroplas-
tos) apareceram por simbiose entre procariontes.

Organização celular de seres procariontes e eucariontes


COMPARAÇÃO ENTRE PROCARIONTES E EUCARIONTES
procariontes eucariontes
organismo bactéria e cianobactéria protoctistas, fungos, plantas e animais
tamanho da
geralmente de 1 a 10 micrômetros geralmente de 5 a 100 micrômetros
célula
metabolismo aeróbico ou anaeróbico aeróbico e anaeróbico
núcleo, mitocôndrias, cloroplastos, retículo
organelas ribossomos endoplasmático, complexo de Golgi,
lisossomos, ribossomos, centríolos
longas moléculas de DNA contendo muitas regiões não
DNA DNA circular no hialoplasma
codificantes: envolvidas por uma membrana nuclear
sintetizados no mesmo compar- RNA sintetizado e processado no núcleo,
RNA e proteína
timento: hialoplasma proteínas sintetizadas no citoplasma
ausência de citoesqueleto, fluxo citoplasmá- citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo
citoplasma
tico, ausência de endocitose e exocitose citoplasmático, presença de endocitose e exocitose
cromossomos se separam pela ação
divisão celular cromossomos se separam ligados ao mesossomo
do fuso do citoesqueleto
organização maioria multicelular, com diferencia-
maioria unicelular
celular ção de muitos tipos celulares
tempo de
cerca de 3 bilhões de anos cerca de 1 bilhão de anos
existência

A organização da célula
A membrana plasmática
A membrana plasmática “seleciona” as substâncias que entram na célula e dela saem, de acordo com suas neces-
sidades. Diz-se, portanto, que ela possui permeabilidade seletiva.

O citoplasma e os organoides celulares

O citoplasma é o constituinte celular mais volumoso; formado pelo citosol e pelos organoides celulares.

O núcleo

Situado, geralmente, na parte central da célula, o núcleo apresenta uma membrana, a carioteca, que envolve o ca-
rioplasma, líquido (cariolinfa ou nucleoplasma) no qual estão imersos o nucléolo e os cromossomos, onde encon-
tram-se os genes, elementos responsáveis pela coordenação das diversas atividades celulares, constituídos por DNA.

82
A célula procariótica
Possui estrutura celular muito simples. Está presente a membrana plasmática e o material genético (cromatina) aparece
disperso no hialoplasma, onde a única organela presente é o ribossomo.

A célula eucariótica
Possui estrutura celular mais complexa, apresentando membrana plasmática, o citoplasma e o núcleo envolvido pela carioteca.
No citoplasma estão presentes um complexo sistema membranoso, organelas membranosas e granulares, além de estruturas
proteicas microtubulares e microfilamentosas, que conferem forma à célula.

Membrana plasmática
Consiste de uma dupla camada contínua (uma bicamada) de moléculas de lipídios, na qual as proteínas estão
embebidas.
Existem três classes principais de moléculas lipídicas da membrana: fosfolipídios, esteróis e glicolipídios.
As proteínas de membrana são responsáveis pela maioria das funções, tal como o transporte de peque-
nas moléculas hidrossolúveis pela bicamada lipídica.
Conclui-se, portanto, que a membrana é relativamente fluida, pois as moléculas de proteínas apresentam
certa liberdade de movimentação. Por isso, o modelo de Singer e Nicholson é denominado mosaico fluido.

Especializações da membrana
§§ Microvilosidades
§§ Invaginações de base
§§ Especializações de contato
§§ Desmossomos
§§ Interdigitações
§§ Junções estreitas ou oclusivas
§§ Junções comunicantes ou nexos
§§ Glicocálix e reconhecimento intercelular

Parede celular

A parede celular é uma estrutura rígida. Por isso, as células que a possuem têm menos possibilidade de modificar
sua forma.

As funções da membrana plasmática


§§ Manutenção da integridade celular
§§ Reconhecimento intercelular
§§ Permeabilidade seletiva

A permeabilidade seletiva e os transportes de membrana


Transporte passivo (sem gasto de energia)
§§ Difusão passiva – neste processo não há consumo de energia.
§§ Difusão facilitada – algumas substâncias passam através da matriz, por transporte passivo, contando,
para isso, com o trabalho de proteínas carreadoras ou permeases (proteínas transportadoras).
§§ Osmose – é um fenômeno de difusão em presença de uma membrana semipermeável.

83
Transporte ativo (com gasto de energia)
§§ Bomba de sódio e potássio
Substância
em solução
A B

Membrana
Substância Plasmática
em solução
ATP ADP
Funcionamento da bomba Na+ / K+ ATPase.

§§ endocitose (fagocitose ou pinocitose)


§§ exocitose (excreção ou secreção)

O citoplasma
Organelas citoplasmáticas
Ribossomos
São as organelas que sintetizam as proteínas. O ribossomo consiste em RNA ribossômico e nucleoproteínas estru-
turais.

Retículo endoplasmático
É uma rede de estruturas tubulares e vesiculares achatadas, sendo que os túbulos e as vesículas são interconecta-
dos uns aos outros.

Funções do retículo endoplasmático

§§ Produção de lipídios
§§ Desintoxicação
§§ Armazenamento de substâncias
§§ Produção de proteínas
Ribossomos Membranas

O retículo endoplasmático com suas cisternas.

84
Complexo de Golgi
Formado por quatro ou mais camadas empilhadas de delgadas vesículas achatadas.

Funções do complexo de Golgi


§§ Secreção de enzimas digestivas
§§ Formação do acrossomo do espermatozoide
§§ Síntese de glicoproteínas
§§ Síntese de glicolipídios
§§ Formação da lamela média em células vegetais

§§ Formação da lamela média em células vegetais recém-formadas


§§ Tipos de lisossomo:
1. Lisossomo primário;
2. Lisossomo secundário;
3. Corpúsculo residual;
4. Vacúolo autofágico.
Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícula pertencente à própria célula.
Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisossomos é proveniente do meio extracelular.

Peroxissomos
Contêm oxidases e não hidrolases. Enzimas que degradam gorduras e aminoácidos têm também grande quantida-
de da enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) em água e gás oxigênio.

Mitocôndrias
São formadas por duas bicamadas lipídicas: uma membrana externa e uma membrana interna.
As mitocôndrias produzem moléculas de ATP.

Plastos
São orgânulos citoplasmáticos encontrados nas células de plantas e de algas.

85
Centríolos
São estruturas citoplasmáticas que estão presentes na maioria dos organismos eucariontes, não ocorrendo nos
vegetais superiores, fungos complexos e nematoides. O centríolo é um cilindro.

Função dos centríolos


§§ Orientar a divisão celular
§§ Originar cílios e flagelos

Citoesqueleto
O citoplasma de uma célula eucariótica é sustentado e organizado por um citoesqueleto de filamentos intermedi-
ários, microtúbulos e filamentos de actina.

O núcleo
A intérfase é o período que separa duas divisões e caracteriza-se por intensa atividade celular.
Carioplasma
Heterocromatina Carioteca
(envoltório
nuclear)

Poro

Eucromatina Nucléolo
Composição do núcleo celular durante a intérfase

O envoltório nuclear e o nucleoplasma


Também chamado de envelope nuclear, é constituído por uma dupla membrana com duas lâminas, externa e interna,
separadas pelo espaço perinuclear e providas de uma série de poros. Os poros do envoltório intervêm na regulação das
trocas entre o núcleo e o citoplasma.

O nucléolo
Nucléolos são corpúsculos intranucleares ricos em RNA ribossômico. A função do nucléolo é a produção dos ribossomos.

A cromatina
No núcleo interfásico, esses filamentos estão representados por um amontoado de grânulos e filamentos dificil-
mente observados ao microscópio óptico. As porções enroladas são chamadas de condensadas, e as distendidas,
descondensadas. Os cromonemas são constituídos por DNA e proteínas básicas, chamadas de histonas.

86
A eucromatina aparece descondensada na intérfase, sendo geneticamente ativa, ou seja, capaz de produ-
zir o RNA-mensageiro. A heterocromatina apresenta-se condensada, sendo chamada de inativa por não produzir
o RNA-mensageiro.

A estrutura cromossômica
Cada cromossomo é constituído por uma única molécula de DNA associada a proteínas.

A forma do cromossomo

1. Telocêntrico
2. Acrocêntrico
3. Submetacêntrico
4. Metacêntrico

1 2 3 4

A duplicação dos cromossomos


A duplicação cromossômica é feita longitudinalmente e acontece no período S.

O número de cromossomos e a ploidia


A célula que possui apenas um conjunto simples de cromossomos é dita haploide, ou seja, tem apenas um úni-
co exemplar de cada tipo de cromossomo. Pode-se dizer, também, que apresenta apenas um genoma, que é o
conjunto das moléculas de DNA que a célula possui. Lembre-se que uma molécula de DNA é equivalente geneti-
camente a um cromossomo.
A célula diploide possui dois conjuntos de cromossomos, ou pares de homólogos ou, ainda, dois genomas.
O genoma é representado por (n).

Divisão celular: mitose


Ciclo celular e mitose
O ciclo compreende duas etapas: intérfase e mitose ou divisão celular.

A intérfase
Na intérfase, distinguimos três fases designadas por: G1, S e G2.
A fase G1 (do inglês gap, intervalo) é caracterizada por dois processos: crescimento e diferenciação. Nesta fase,
acontece a síntese de proteínas, processo que depende da atividade dos genes.
Em S (S de síntese), há a síntese de DNA, permitindo a replicação da molécula e a consequente duplicação
dos filamentos de cromatina. Nesta fase, cada filamento ou molécula de DNA aparece constituído por duas cromá-
tides unidas pelo centrômero.

87
Durante a G2, em menor escala, a célula novamente cresce e sintetiza proteínas necessárias para a divisão
celular, como os microtúbulos que formarão o fuso mitótico. A seguir, a célula entra em M, etapa que corresponde
à divisão celular, ou mitose.

Características e funções da mitose


A mitose é o processo de divisão celular que permite a distribuição dos cromossomos e dos constituintes citoplas-
máticos da célula-mãe, equitativamente, entre as duas células-filhas. A mitose é dividida em duas etapas: a cario-
cinese, ou divisão do material genético do núcleo, e a citocinese, ou divisão do citoplasma. A cariocinese é um
processo dividido em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

Variação da quantidade de DNA no ciclo celular


Prófase e metáfase

Anáfase
Quantidade de DNA

Telófase

G1 S G2 Tempo
Na variação da quantidade de material genético no ciclo celular, note como, na mitose, a quantidade de DNA se mantém ao final da divisão.

A mitose e as organelas citoplasmáticas


Organelas que se autoduplicam, como é o caso de cloroplastos e mitocôndrias, dobram a cada ciclo celular e são
distribuídas pelas células-filhas.

Diferenças entre a mitose animal e a vegetal


§§ Mitose astral e anastral
§§ Citocinese

88
U.T.I. - Sala
1. O esquema abaixo representa uma célula animal.

Cite os nomes das estruturas em 1, 2, 3, 4 e 5 e uma função de cada.

2. Acidentes cardiovasculares estão entre as doenças que mais causam mortes no mundo. Há uma
intricada relação de fatores, incluindo os hereditários e os ambientais, que se conjugam como
fatores de riscos. Considerando os estudos epidemiológicos até agora desenvolvidos, altas taxas de
colesterol no sangue aumentam o risco de infarto do miocárdio.
a) Em que consiste o “infarto do miocárdio” e qual a relação entre altas taxas de colesterol e esse tipo
de acidente cardiovascular? Qual tipo de colesterol está envolvido e por quê?
b) Considerando a relação entre os gases O2 e CO2 e o processo de liberação de energia em nível celular,
explique o que ocorre nas células do miocárdio em uma situação de infarto.

3. No ano de 2009, o mundo foi alvo da pandemia provocada pelo vírus influenza A (H1N1), causando
perdas econômicas, sociais e de vidas. O referido vírus possui, além de seus receptores proteicos,
uma bicamada lipídica e um genoma constituído de 8 genes de RNA. Considerando:
1. a sequência inicial de RNA mensageiro referente a um dos genes deste vírus:
5’ AAAUGCGUUACGAAUGGUAUGCCUACUGAAU 3’
2. a tabela com os códons representativos do código genético universal:

Qual será a sequência de aminoácidos que resultará da tradução da sequência inicial de RNA men-
sageiro, referente a um dos genes deste vírus indicada em 1?

89
4. O esquema representa parte da membrana plasmática de uma célula eucariótica.

a) A que correspondem X e Y?
b) Explique, usando o modelo do “mosaico fluido” para a membrana plasmática, como se dá a secreção de
produtos do meio intracelular para o meio extracelular.

5. No desenho abaixo, estão representados dois cromossomos de uma célula que resultou da 1ª divi-
são da meiose de um indivíduo heterozigótico AaBb.

Esquematize esses cromossomos, com os genes mencionados:


a) no final da intérfase da célula que originou a célula do desenho.
b) nas células resultantes da 2ª divisão meiótica da célula do desenho.
c) em todas as células resultantes da meiose que originou a célula do desenho.

6. Abaixo, pode-se observar a representação esquemática de uma membrana plasmática celular e de


um gradiente de concentração de uma pequena molécula “X” ao longo dessa membrana.

Descreva o transporte por difusão simples e facilitada, relacione gasto energético e gradiente de
concentração.

90
U.T.I. - E.O. cada um deles.

Códon do RNAm Aminoácido


ACC treonina
1. Recomenda-se frequentemente aos vesti-
bulandos que, antes do exame, prefiram AGU serina
alimentos ricos em carboidratos (glicídios) AUG metionina
em vez de gorduras (lípidios), pois estas são CCU prolina
digeridas mais lentamente. Além da função
CUG leucina
energética, os carboidratos exercem também
funções estruturais, participando, por exem- GAC ácido aspártico
plo, dos sistemas de sustentação do corpo de GGC glicina
animais e vegetais.
UCA serina
Cite duas estruturas, uma no corpo de um
animal e outra no corpo de um vegetal, em UGG triptofano
que se verifica a função estrutural dos car-
boidratos. a) Escreva a sequência de bases nitrogenadas
do RNA mensageiro, transcrito a partir desse
segmento de DNA.
2. Há exatamente dez anos, em 13 de abril de
b) Utilizando a tabela de código genético for-
1998, nasceu Bonnie, cria de um carneiro
necida, indique a sequência dos três amino-
montanhês e da ovelha Dolly, o primeiro ani-
mal clonado a partir de uma célula adulta de ácidos seguintes à metionina, no polipeptí-
outro indivíduo. O nascimento de Bonnie foi dio codificado por esse gene.
celebrado pelos desenvolvedores da técnica c) Qual seria a sequência dos três primeiros
de clonagem animal como uma “prova” de aminoácidos de um polipeptídio codificado
que Dolly era um animal saudável, fértil e por um alelo mutante desse gene, originado
capaz de ter crias saudáveis. (Folha Online, pela perda do sexto par de nucleotídeos (ou
13.04.2008.) seja, a deleção do par de bases T = A)?
a) Apesar de gerar animais aparentemente
“férteis e saudáveis”, qual a principal con- 5. Muitas gelatinas são extraídas de algas. Tais
sequência para a evolução das espécies se a gelatinas são formadas a partir de polissaca-
clonagem for realizada em larga escala? Jus- rídeos e processadas no complexo golgiense
tifique sua resposta. sendo, posteriormente, depositadas nas pa-
b) Como se denomina o conjunto de genes de redes celulares.
um organismo? Qual a constituição química a) Cite o processo e as organelas envolvidos na
dos genes? formação desses polissacarídeos.
b) Considerando que a gelatina não é difundida
3. Alguns antibióticos são particularmente através da membrana da célula, explique su-
usados em doenças causadas por bactérias. A cintamente como ela atinge a parede celular.
tetraciclina é um deles; sua ação impede que
o RNA transportador (RNAt) se ligue aos ri- 6. Parte da bile produzida pelo nosso organis-
bossomos da bactéria, evitando a progressão mo não é reabsorvida na digestão. Ela se liga
da doença. às fibras vegetais ingeridas na alimentação e
a) Que processo celular é interrompido pela
é eliminada pelas fezes. Recomenda-se uma
ação da tetraciclina? Qual é o papel do RNAt
dieta rica em fibras para pessoas com altos
nesse processo?
níveis de colesterol no sangue. Qual é a re-
b) Em que local, na bactéria, ocorre a síntese
lação que existe entre a dieta rica em fibras
do RNAt? Cite dois outros componentes bac-
e a diminuição dos níveis de colesterol no
terianos encontrados nesse mesmo local.
organismo? Justifique.
4. Abaixo está representada a sequência dos 13
primeiros pares de nucleotídeos da região 7. Uma fita de DNA tem a seguinte sequência
codificadora de um gene. de bases 5’ATGCGT3’.
a) Considerando que tenha ocorrido a ação da
--- A T G A G T T G G C C T G --- DNApolimerase, qual será a sequência de ba-
--- T A C T C A A C C G G A C --- ses da fita complementar?
A primeira trinca de pares de bases nitro- b) Se a fita complementar for usada durante a
genadas à esquerda, destacada em negrito, transcrição, qual será a sequência de bases
corresponde ao aminoácido metionina. A ta- do RNA resultante e que nome recebe esse
bela a seguir mostra alguns códons do RNA RNA se ele traduzir para síntese de proteí-
mensageiro e os aminoácidos codificados por nas?

91
8. Um estudante colocou dois pedaços recém- todo conhecimento em ciência, esse modelo
-cortados de um tecido vegetal em dois re- foi proposto a partir de conhecimentos pré-
cipientes, I e II, contendo solução salina. vios. Um importante marco nessa construção
Depois de algumas horas, verificou que no foi o experimento descrito a seguir. Hemá-
recipiente I as células do tecido vegetal es- cias humanas, que só possuem membrana
tavam plasmolisadas. No recipiente II, as cé- plasmática (não há membranas internas)
lulas mantiveram o tamanho normal. Qual a foram lisadas (rompidas) em solução de de-
conclusão do estudante quanto: tergente, e os lipídios foram cuidadosamen-
a) a concentração das soluções salinas nos re- te dispersos na superfície da água. Foi então
cipientes I e II, em relação ao suco celular medida a área ocupada por esses lipídios na
desse tecido? superfície da água e ficou constatado que ela
b) O que significa dizer que em I as células es- correspondia ao dobro do valor da superfície
tavam plasmolisadas? das hemácias.
a) Que conclusão foi possível depreender des-
9. O atual modelo de estrutura da membrana se experimento, com relação à estrutura das
plasmática celular é conhecido por modelo membranas celulares?
do mosaico fluido, proposto em 1972 pelos b) Baseado em que informação foi possível che-
pesquisadores Singer e Nicholson. Como gar a essa conclusão?

10. A ilustração abaixo refere-se à composição celular de seres vivos

Analisando a figura e a partir de seus conhecimentos quais são as diferenças de uma célula animal
e uma célula vegetal?

11. Preencha de forma correta as lacunas do texto.


No homem, a carência da vitamina ________ provoca a chamada cegueira noturna, um proble-
ma visual caracterizado por dificuldade para enxergar em situações de luz fraca. Essa vitamina
é necessária, pois associa-se a proteínas dos bastonetes, os quais são células fotorreceptoras da
_________, que permitem a visão da luminosidade.

12. Segundo estudo feito na Etiópia, crianças que comiam alimentos preparados em panelas de ferro
apresentaram uma redução da taxa de anemia de 55% para 13%. Como pode ser explicada essa
redução?

13. Preencha de forma correta as lacunas do texto.


Pessoas que sofrem de osteoporose apresentam a redução de ________ no organismo, o que leva
a fragilidade dos ossos e pode causar fraturas. A dieta do paciente deve ser rica em ________ e
_______ .

14. Qual a diferença entre macronutrientes e micronutrientes?

15. Analise as afirmações sobre avitaminoses ou doenças de carência, que são formas de estados mórbi-
dos, ou seja, são doenças causadas pela falta ou carência de uma ou mais vitaminas no organismo:
I. O escorbuto é uma doença que se instala pela falta de __________.
II. O raquitismo é uma doença que surge pela falta de ____________.
III. A xeroftalmia, que pode levar à cegueira, é consequência da falta de __________.
IV. O beribéri é causado pela falta de ____________.

92
16. Embora seja visto como um vilão, o colesterol é muito importante para o organismo humano. Dê
exemplos dessa afirmação.

17. O gráfico a seguir demonstra a distribuição citoplasmática do número de ribossomos isolados e


polirribossomos, em comparação com o número de cadeias polipeptídicas em formação durante um
certo período de tempo.

a) Defina a relação existente entre os ribossomas isolados e a formação das cadeias polipeptídicas. Justi-
fique sua resposta.
b) Descreva a estrutura das cadeias polipeptídicas e a dos polirribossomos.

18. O esquema a seguir representa a participação de organelas no transporte de proteínas de uma


célula eucariótica.

a) Nomeie as estruturas indicadas, respectivamente, pelos números 1, 2, 3, 4, e 5, identificando as orga-


nelas envolvidas na síntese de enzimas lisossomais.
b) Cite uma função de cada uma das estruturas 1, 2 e 5.

19. A célula possui diversas organelas com funções próprias e que, muitas vezes, estão relacionadas
entre si. Dos processos como digestão intracelular, difusão e transporte ativo, em qual deles a mi-
tocôndria tem participação imprescindível? Explique.

20. Como se dá a ligação peptídica?

93
U.T.I.
1/2
Física 1
Vetores
Adição de vetores
Regra do polígono
​___› ​___›
​___› ​___›
a ​​    a ​​   
b ​​    b ​​   

​_›_
s ​​   

​_›_ ​___› ​___›


s ​
​   = a ​
​   + b ​
​   

Regra do paralelogramo
_​›_
M M
_​›_
x ​​    x ​​    ​_›_
P Q P s ​​    Q
_​›_
y ​​   
N N

A seguinte relação pode ser usada para calcular o módulo da soma de dois vetores quaisquer.
_​__› _​__›
a ​​    a ​​   
_​›_
θ θ s ​​   

​___› ​___›
b ​​    b ​​   

_​_ _​__ ​_ __› _​__ ​_ __›


​ ​s ​ ›  ​² = ​ ​a ​ ›  ​² + ​ ​b ​   ​² + 2 · ​ ​a ​ ›  ​· ​ ​b ​   ​· cosu

Subtração de vetores
​___›
_​__› _​__› b ​​   
a ​​    d ​​   
​___›
​___›
b ​​    a ​​   

​_ __ ​_ __ ​_ __
​ ​d ​ ›  ​² = ​ _​​a ​ __›  ​² + ​ ​b ​ ›  ​² – 2 · ​ _​​a ​ __›  ​· ​ ​b ​ ›  ​ cos u

97
Componentes de um vetor
y
_​›_ ​__
 ​a ​ y   ​ a​› 
θ
_​›_
 ​ a​ x  x
___› _​__› ___›
a   = ax  + ay  

senθ = ay/a→ ay = a · senθ


cosθ = ax/a → ax = a · cosθ

Introdução ao estudo dos movimentos

Velocidade escalar média


S –S
___ ​ = _____
vm = ​ DS ​  2 1 ​  
Dt t2 – t1

Movimentos progressivo e retrógrado


v>0 v<0

© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial

0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5

Movimento retilíneo uniforme (MRU)


​ DS ​ = constante i 0
v = vm = ___ 
Dt

98
Função horária MRU
​ DS ​  ​  DS ​ 
vm = ___ ä v = ___
Dt Dt

S = S0 + v · t

Velocidade relativa
DS
vREL = ____
​  REL ​


Dt

As velocidades têm a mesma direção e mesmo sentido


vREL = |vMAIOR| – |vMENOR|

As velocidades têm a mesma direção e sentidos contrários


vREL = |vMAIOR| + |vMENOR|

Princípio de Galileu ou
Princípio da independência dos movimentos

Em um corpo que está sob ação de vários movimentos simultâneos, cada movimento é realizado como se os
outros não existissem.

vRES = vREL + vARR

vRES = vREL – vARR

99
v2RES = v2REL + v2ARR

v2RES = v2REL – v2ARR

Gráficos do MRU

Gráfico horário do Movimento Retilíneo Uniforme


S = S0 + v ∙ t
v≠0

§§ Progressivo (v > 0): Se o movimento é progressivo, a velocidade é positiva (reta crescente) e a partícula
movimenta-se a favor da trajetória.

100
§§ Retrógrado (v < 0): se o movimento é retrógrado , a velocidade é negativa (reta decrescente) e a partícula

movimenta-se no sentido contrário da trajetória.

V<0

Gráfico da velocidade do Movimento Retilíneo Uniforme

v = constante

Progressivo Retrógrado

V>0

V<0

Propriedade do gráfico V × t

101
MRUV

Aceleração escalar média


v –v
am = ​ Dv
___ ​ = _____
​  2 1 ​ 
Dt t2 – t1

Movimentos acelerado e retardado

§§ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 – o movimento é acelerado (a e v têm o mesmo sinal).


§§ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 – o movimento é retardado (a e v têm sinais diferentes).

Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV)


aceleração constante ⇒ a = am = ​  Dv
___ ​ 
Dt

Funções horárias
v = v0 + a ∙ t

v + v0
vm = _____
​   ​   
2

​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
2

Equação de Torricelli
v² = v0² + 2a(S – S0)

102
Gráficos de M.R.U.V.

Gráfico da aceleração escalar em função do tempo

Gráficos da velocidade escalar em função do tempo

a = tg α = ​ Dv
___ ​ 
Dt

Propriedade do gráfico a × t

'

103
Propriedade do gráfico V × t

Gráfico da posição em função do tempo


a > 0 ⇒ concavidade para cima
a < 0 ⇒ concavidade para baixo

104
S’

S’

Queda livre e lançamentos


Queda livre

v = v0 + |g| ⋅ t

|g| ⋅ t²
S = S0 + v0 ⋅ t + ​  ____
 ​  
2

v² = v0² + 2 ⋅ |g| ⋅ DS

|g| ∙ t2
DS = _____
​     ​ 
2

_____

√ 2∙DS
tqueda = ​ ​ ____
g ​ 
 ​  

Lançamento vertical
v
tsubida = __
​  0  ​ 
|g|

tsubida = tdescida

v2
Hmáxima = _____
​  0    ​ 
2 ∙ |g|

105
Lançamento horizontal

v y = |g| ∙ t ​  1 ​ ∙ |g| ∙ t2


Sy = S0y + __
2

______

v y2 = 2|g| ∆S

​ 
2 ∙ DSy
tqueda = ​ ______
|g|
 ​ ​  
  

______


​ 
2 ∙ DSy
DSx = vx ∙ ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  

Lançamento oblíquo
cateto oposto v__
senq = ___________
0y
​  = ​  v  ​ ⇒ v0y = v0 ⋅ senq
 ​ 

hipotenusa 0

cateto adjacente v__


cosq = _____________
0x
  
​  = ​  v  ​ ⇒ v0x = v0 ⋅ cosq
 ​  
hipotenusa 0

Sx = S0x + v0x ∙ t
onde v0x = v0 ∙ cosθ

vy = v0y – |g| ∙ t

​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + v0y ∙ t – __
2

vy2 = v20y – 2 ∙ |g| ∙ DSy


onde v0y = v0 ∙ senθ

v0y
tsubida = tdescida = __
​    ​
|g|

v2 = vx2 + vy2

v20y
Hmáxima = _____
​    ​ 
2 ∙ |g|

v 2 ∙ sen(2θ)
A = _________
​  0  ​   
|g|

106
U.T.I. - Sala
1. Um navio parte de um porto navegando 68 km em direção leste. Em seguida, para atingir seu
destino, navega mais 100 km na direção norte. O comandante, ao perceber um erro de cálculo na
trajetória, desloca mais 20 km na direção oeste e 36 km na direção sul, atingindo assim seu obje-
tivo. Determine o deslocamento total do navio em relação ao porto de origem.

2. Um ciclista, ao cruzar um bairro, percorre 3 avenidas. A primeira avenida (2000 m), o ciclista
percorre com velocidade média de 10 m/s; a segunda avenida (400 m), com velocidade média de
8 m/s; e a última avenida (1800 m), com velocidade média de 12 m/s. Calcule a velocidade média
do ciclista para cruzar o bairro.

3. Dois carros se deslocam numa pista, ambos no mesmo sentido e com velocidades constantes. O
carro que está na frente desenvolve uma velocidade de 28 m/s e o que está atrás desenvolve uma
velocidade de 33 m/s. Num certo instante, a distância entre eles é de 205 m. Determine em quanto
tempo ocorre a ultrapassagem e as distâncias percorridas por ambos os carros.

4. Um avião supersônico, partindo do repouso, é submetido a uma aceleração constante de 5 m/s².


Para fazer a decolagem, o avião tem que estar a uma velocidade de 200 m/s. Determine o intervalo
de tempo necessário para o avião atingir a velocidade de decolagem e a distância percorrida na
decolagem.

5. O gráfico abaixo descreve a posição de um móvel em MRUV. Determine a aceleração e a velocidade


inicial do móvel.

6. Em uma cobrança de tiro de meta, o goleiro chuta a bola a uma velocidade inicial de 20 m/s a um
ângulo de 30º com a horizontal. Sabendo que o chute corresponde a um lançamento oblíquo, de-
termine o alcance máximo da bola.
Dados:
g = 10 m/s²
sen(30°) = 0,5
cos(30°) = 0,87

107
U.T.I. - E.O. 8. Um ônibus circular faz determinado percur-
so em 90 minutos, se manter uma velocida-
de média de 60 km/h. Quanto tempo seria
1. Um aluno do curso de Física recebeu como economizado se o motorista fizesse o mesmo
tarefa medir o deslocamento de uma formi- percurso com velocidade média de 75 km/h?
ga que se movimenta em uma parede plana e
vertical. A formiga realiza três deslocamen- 9. Em um feriado prolongado, uma família de-
tos sucessivos: cide passar uns dias na praia, a 200 km da
I. Um deslocamento de 20 cm na direção capital. A mãe sai de casa às 14 h e mantém
vertical, parede abaixo. velocidade constante de 80 km/h. Às 14:45 h o
II. Um deslocamento de 30 cm na direção pai sai, e mantém velocidade constante du-
horizontal, para a direita.
rante todo o trajeto. Os dois chegam juntos
III. Um deslocamento de 60 cm na direção
na casa de praia. Calcule a velocidade média
vertical, parede acima.
do pai.
No final dos três deslocamentos, podemos
afirmar que o deslocamento resultante da
formiga tem módulo igual a: 10. Um radar de trânsito calcula a velocidade de
um automóvel medindo o intervalo de tem-
2. Um entregador de pizza ao fazer uma en- po que este leva para percorrer determinada
trega, partiu da pizzaria e percorreu uma distância. Um radar acusa, realizando medi-
distância de 6 km, até virar à esquerda em ções em uma distância de 20 m, os automó-
uma segunda rua,__ para então percorrer uma veis que ultrapassarem o limite de velocida-
distância de 3​√3 ​ km até chegar ao ponto de de que é de 72 km/h.
entrega. Dado que as ruas formam entre elas Sabendo que um carro ultrapassa o pon-
um ângulo de 30°, determine a distância da
to inicial do radar com uma velocidade de
pizzaria até ponto de entrega.
90 km/h, determine a desaceleração mínima
esse carro deve sofrer, para que o radar não
3. Duas lanchas partem simultaneamente de
um mesmo ponto, seguindo rumos perpen- acuse sua velocidade como acima do limite.
diculares entre si.
Sendo de 6 m/s e 8 m/s suas velocidades, a 11. Duas motos A e B passaram simultaneamen-
distância entre as lanchas, após um minuto, te, no instante t = 0, pela posição zero de
é igual a: uma mesma trajetória retilínea. Suas veloci-
dades escalares variam com o tempo, segun-
4. Um carro com uma velocidade de 90 km/h do o gráfico abaixo. Determine o instante da
passa pelo km 360 de uma rodovia às posição do encontro das motos.
7h40min. Às 9h00min, o motorista reduz
sua velocidade para 60 km/h, permanecendo
assim até 10h40min. Determine a distância
percorrida e a velocidade média do carro.

5. Um trem de 60 m de comprimento, com mo-


vimento retílineo uniforme, demora 1 mi-
nuto para ultrapassar completamente uma
ponte de 180 m de comprimento. A veloci-
dade escalar do trem é:

6. Se um motorista percorrer uma distância d


a 30 km/h, gastará 2 h a menos do que se a 1
2. Um automóvel passa por um ponto A com ve-
percorrer a 12 km/h. Qual é o valor de d? locidade v1 = 20 m/s, mantendo-a constan-
te durante 5 s. Ao final desse intervalo de
7. Maurício parte de São Paulo, com pretensão tempo, sua velocidade cai instantaneamente
de viajar com velocidade constante igual a para v2 = 10 m/s, que permanece constante
80 km/h. Meia hora após a partida de Maurí- por 15 s. A seguir, fica parada durante 20 s
cio, seu amigo Pedro parte do mesmo lugar, e, finalmente, adquire aceleração constante
para o mesmo destino. Pretendendo alcançar
a durante 10 s, alcançando um ponto B.
Maurício, Pedro pretende manter uma velo-
Se a velocidade média é vm = 11 m/s (no per-
cidade constante de 100 km/h. Em quanto
curso total), a aceleração no último trecho
tempo e em qual distância de São Paulo, Pe-
dro alcança Maurício? vale:

108
1
3. Uma partícula inicialmente em repouso des- 20. Um corpo foi lançado horizontalmente de
creve um movimento retilíneo uniforme- uma altura igual a 320 m com alcance hori-
mente variado e, em 20 s, percorre metade zontal de 200 m. Determine a velocidade de
do espaço total previsto. Qual é o tempo ne- lançamento do corpo.
cessário para a partícula percorrer a segunda
metade do trajeto?

14. Um objeto movimenta-se obedecendo ao grá-


fico a seguir. Dado que a velocidade inicial
do objeto é igual a –18 m/s, determine a po-
sição do objeto no instante t = 20 s.

1
5. Um balão sobe verticalmente com movimen-
to uniforme. Seis segundos após a partida,
o piloto abandona uma pedra que alcança
o solo 9 s após a saída do balão. Determi-
ne (em metros) a altura em que a pedra foi
abandonada.

16. Um objeto é atirado verticalmente de baixo


para cima com velocidade v0 = 40 m/s. Uma
pessoa situada a 75 m de altura o vê passar
na subida e, após um intervalo de tempo Δt,
o vê voltar. Desprezando a resistência do ar
e supondo a aceleração local da gravidade
10 m/s2, o tempo Δt decorrido entre as duas
observações foi de:

1
7. Um canhão lança um projétil obliquamente,
fazendo um ângulo de 30° com a horizontal,
de uma altura igual a 55 m. Dado que a ve-
locidade de lançamento é igual a 100 m/s,
determine o alcance horizontal do canhão.

1
8. Um projétil é lançado obliquamente no ar,
com velocidade inicial v0 = 40 m/s, a partir
do solo. No ponto mais alto de sua trajetó-
ria, verifica-se que ele tem velocidade igual
à metade de sua velocidade inicial. Qual a
altura máxima, em metros, atingida pelo
projétil? (g = 10m/s2)

19. Um atleta, lançador de dardos, na última


Olimpíada, atingiu a marca de 62,5 m. Sa-
bendo que, no instante do lançamento, o ân-
gulo formado pelo dardo e a horizontal era
de 45°, determine a velocidade inicial do
lançamento.

109
U.T.I.
1/2
Física 2
Grandezas físicas
Equações dimensionais
( 
a) Velocidade ​ v = ___
​ DS ​  ​
Dt )
Como [DS] = L e [Dt] = T, temos [v] = _​ L  ​ ä [v] = LT–1.
T
( 
___
Dv
b) Aceleração ​ a = ​   ​  ​
Dt )
​ LT1 ​ ä [a] = LT–2.
-1
Como [v] = LT e [Dt] = T, temos [a] = ___
–1
T
c) Força (F = ma)

Como [m] = M e [a] = LT–2 , temos [F] = MLT–2.

d) Trabalho (t = Fdcos w)
Como [F] = MLT–2 [d] = L e cos w é adimensional (não tem dimensão física), temos
[t] = MLT–2L = ML2T–2.

( 
​ 1 ​ mv2  ​
e) Energia cinética ​ Ec = __
2 )
Como [m] = M, [v] = LT–1 e 2 é adimensional, temos [Ec] = M(LT–1)2 ä [Ec] = ML2T–2.

Notas
§§ Foi obtida a equação dimensional da energia cinética, mas essa fórmula também se aplica a
qualquer outra grandeza de energia; por exemplo, o calor (Q): [Q] = ML–2T–2.
§§ Energia e trabalho têm a mesma fórmula dimensional, consequentemente, são grandezas
medidas nas mesmas unidades.

( 
f) Potência ​ Pot = ___
​  t  ​   ​
Dt )
​ ML T ​ 
2 –2
Como [t] = ML2T–2 e [Dt] = T, temos [Pot] = _____  ä [Pot] = ML2T–3.
T

g) Impulso (I = FDt)

Como [F] = MLT–2 e [Dt] = T, temos [I] = MLT–2T ä [I] = MLT–1.

h) Quantidade de movimento (Q = mv)

Como [m] = M e [v] = LT–1, temos [Q] = MLT–1.

Nota
§§ Quantidade de movimento e impulso também têm a mesma equação dimensional e são,
portanto, grandezas medidas nas mesmas unidades.

i) Densidade ​ m = __( 
​ m ​   ​
V )
​ M ​ ä [m] = ML–3.
Como [m] = M e [V] = L³, temos [m] = __

113
(  )
​ F  ​   ​
j) Pressão ​ p = __
A
​ MLT2 ​ 
–2
Como [F] = MLT–2 e [A] = L², temos [p] = _____  ä [p] = ML–1T–2.
L

( Q
k) Calor específico ​ c = ____
​     
mDθ
 ​  ​
) ​ ML T   
2 –2
Como [Q] = ML2T–2, [m] = M e [Du] = u, temos c = _____ ​ ä [c] = L2T–2u–1.
Mu

l) Capacidade térmica ​ C = ___


Q
( 
​     ​  ​
Du )
​ ML T   
2 –2
Como [Q] = ML2T–2 e [Du] = u, temos [C] = _____ ​ ä [C] = ML2T–2u–1.
u

( 
m) Carga elétrica ​ i = ___
Q
​    ​ ä Q = iDt  ​
Dt )
Como [i] = I, [Dt] = T, temos [Q] = IT.

( 
E
n) Potencial elétrico ​ V = __ ​ qP ​ ​)

Sistema Internacional de Unidades


Unidade Símbolo Grandeza
metro m comprimento

quilograma kg massa

segundo s tempo

ampère A intensidade da corrente elétrica

kelvin K quantidade de termodinâmica

mol mol quantidade de matéria

candela cd intensidade luminosa

Prefixo Símbolo Base de 10


yotta Y 1024
zetta Z 1021
exa E 1018
peta P 1015
tera T 1012
giga G 109
mega M 106
quilo k 103
hecto h 102
deca da 101
deci d 10-1
centi c 10-2
mili m 10-3
micro µ 10-6
nano n 10-9
pico p 10-12
femto f 10-15

114
Notação científica
A notação científica é utilizada para apresentar um número na forma N · 10n, na qual n é um expoente inteiro e
N é tal que 1 ≤ N < 10. Em notação científica, o número N deve ser formado por todos os algarismos significativos
de uma grandeza.
Sejam os algarismos significativos das medidas a seguir expressas corretamente: 360 s e 0,0035 m. Levando
em conta o número de algarismos significativos, a notação científica para essas medidas será, respectivamente:
3,60 · 102 s e 3,5 · 10–3 m.

Ordem de grandeza
___
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n + 1
N≥√
___
​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n
N<√

Calor sensível
Escalas termométricas

u – 0 _______
u – 32 u u – 32
​  a  ​ = ______
__ ​  c   ​ 
= ​  f   ä ___
 ​   ​  c  ​ = ______
​  f  ​   
b 100 – 0 212 – 32 100 180

__u uf – 32
Simplificando: ​  c ​  = ______
​   ​
  
5 9

u uf – 32 ______
__
​  c ​  = ______
​   = ​  T – 273
 ​   ​  

5 9 5

Du DuF
___
​   ​c  = ​ ___ ​
  
5 9

Duc = DT

115
Diagrama de aquecimento de água

Capacidade térmica de um corpo (C)

Q
C = ___
​     ​ [ Q = C · Du
Du

Calor específico de uma substância (c)

C=m·c

Q = C · Du

Q = m · c · Du

116
Sistema termicamente isolado

Matematicamente:
Qrecebido = – Qcedido

Qrecebido + Qcedido = 0

Calorímetro real
Qcalorímetro = Ccalorímetro · Du

Ccalorímetro = E · cágua

Potência
Q
P = ___
​    ​ 
Dt

Mudança de estado
Estado físico da matéria

117
Calor latente de mudança de fase
Q = mtransformada · L

§§ Unidades de L:
Usual: cal/g
S.I.: J/kg
O sinal de L está relacionado à absorção ou à liberação de calor pelo corpo:
L > 0, quando ocorre absorção de calor.
L < 0, quando ocorre liberação de calor.

Diagrama de aquecimento da água

Diagrama de resfriamento da água

118
Sobrefusão ou superfusão

Na sobrefusão (ou superfusão), uma substância encontra-se no estado


líquido com temperatura abaixo da sua temperatura de solidificação.

Vaporização
A ebulição é o processo de vaporização que acontece quando a substância atinge uma determinada temperatura.
Esse processo é turbulento.
A evaporação acontece em qualquer temperatura nos líquidos, no entanto, especificamente na sua su-
perfície livre. A água líquida, por exemplo, quando colocada em um prato, desaparece após determinado tempo,
ou seja, a água é vaporizada (transforma-se em vapor) e misturada aos outros gases da atmosfera.
A calefação é um processo rápido de vaporização e ocorre quando o aumento de temperatura é brusco.
Esse processo acontece, por exemplo, ao colocarmos pequenas quantidades de água em uma frigideira bem quen-
te. A vaporização da água nesse caso é bastante rápida, quase instantânea.

Evaporação
§§ Quanto maior a pressão atmosférica, menor será a velocidade.
§§ A atmosfera, pressionando a superfície do líquido, dificulta a vaporização.
§§ Quanto mais o líquido for volátil, maior será a velocidade.
§§ Como a área livre é maior, mais moléculas estão nessa superfície, o que aumenta a probabilidade de haver
moléculas “escapando” da superfície do líquido.
§§ Quanto maior for a temperatura do líquido, maior a velocidade.
§§ As moléculas, com temperatura maior e, portanto, mais agitadas, têm maior velocidade e, consequentemen-
te, maior facilidade de “escapar”.
§§ Quanto mais úmido estiver o ar (maior a pressão parcial do vapor), menor será a velocidade.
Com o ar mais úmido, poderá ocorrer de as moléculas de vapor presentes no ar aderirem à superfície do
líquido, condensando-se.

mevaporação A · (F – f)
vevaporação = _______
​   ​   = K _______
​  p  ​   
Dt e

119
Onde:
K representa a volatilidade do líquido;
A representa área da superfície livre do líquido;
pe representa a pressão externa a que o líquido está submetido;
F representa a pressão máxima de vapor (que depende da temperatura);
f representa a pressão parcial de vapor na atmosfera (que caracteriza o grau de umidade).

Mais energéticas: evaporação


Moléculas de vapor com pouca energia voltam ao líquido.
Moléculas com pouca energia permanecem no líquido.

Diagrama de fase

Pressão e estado físico

Vapor Líquido

Substâncias mais comuns


O comportamento normal do volume em função do estado físico está resumido na figura abaixo.

120
Observando o diagrama de fases, podemos concluir que:
§§ aumentando a pressão – o ponto de fusão aumenta (a curva de fusão é crescente).
§§ aumentando a pressão – o ponto de ebulição aumenta (a curva de ebulição é crescente).

121
Comportamento da água
Observando o diagrama de fases da água, é possível perceber que a curva de fusão é decrescente. Assim, a tempe-
ratura de fusão diminui com o aumento da pressão. Logo, é possível derreter o gelo em uma temperatura menor,
caso ele esteja em uma pressão maior.

Observando o diagrama de fases acima, concluímos que:


§§ aumentando a pressão – o ponto de fusão diminui (a curva de fusão é decrescente).
§§ aumentando a pressão – o ponto de ebulição aumenta (a curva de ebulição é crescente).

Regelo da água
O volume da água aumenta quando se solidifica, devido à geometria de seus cristais. Desse modo, o aumento de
pressão sobre o gelo (água sólida) “quebra” os cristais, tornando-a líquida. O efeito contrário, ou seja, a redução
da pressão, pode reverter o processo e provocar o regelo.

122
© Pressmaster/Shutterstock
Do mesmo modo, um patinador ao usar patins aumenta a pressão
sobre a superfície do gelo, tornando o deslizar mais fácil.

Estado gasoso e temperatura crítica

Abaixo da temperatura crítica, o estado gasoso é denominado vapor, e acima dessa temperatura, é denominado
gás.
O “gás” de cozinha é, na verdade, vapor de cozinha, pois coexiste com o estado líquido.

123
Sublimação

A sublimação de uma substância ocorre quando existe a mudança direta do estado sólido para o estado gasoso.

Esse processo ocorre em temperaturas e pressões abaixo dos valores do ponto triplo. A região no diagrama de fases

onde ocorre sublimação é ilustrada na figura a seguir:

Transmissão de calor

Condução térmica

124
Fluxo de calor na condução térmica (lei de Fourier)

Q
f = ___
​    ​ 
Dt

O fluxo de calor (f) que atravessa a barra é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre os
extremos (θ1 – θ2), à área de secção reta (A) e inversamente proporcional ao comprimento (L).

A ∙ (θ1 – θ2)
f = k · _________
​​   ​​    
L

A constante k é a constante de condutividade térmica, medida em cal · s–1 · m-1 °C–1, e depende do material.
Observação: para uma parede, a lei é igualmente válida. Sendo e a espessura da parede e A a área da
secção transversal da parede, o fluxo de calor através da parede é:
A ∙ (θ1 – θ2)
f = k · _________
​​  e ​​   

Convecção
Convecção é o processo de transferência de calor por meio do deslocamento de matéria do fluido de um local para
outro.

125
A convecção, juntamente com a diferença de calor específico entre areia e água, também explica o sentido
das brisas nas proximidades da praia.

Irradiação ou radiação
As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo com velocidade de c = 3 × 108 m/s e são classificadas de acordo
com suas frequências ou comprimentos de onda.
Além das ondas de calor infravermelho, as ondas de rádio, as micro-ondas, a luz visível, a radiação ultravio-
leta, os raios X e os raios gama também são ondas eletromagnéticas.

126
Emissão de radiação
Foi constatado experimentalmente que todas as substâncias, a qualquer temperatura acima do zero absoluto, emi-

tem radiação e que a frequência de ondas mais emitidas é proporcional à temperatura absoluta T.

Baixa temperatura

Média

Alta temperatura

Absorção de radiação

Todo bom emissor de radiação também é um bom absorvedor. Além disso, os corpos com cores mais escuras emi-

tem e absorvem mais rapidamente a radiação.

Efeito estufa

127
Expansão térmica de sólidos e líquidos

Dilatação linear dos sólidos

DL = L – L0

Dq = q – q0

A experiência mostra que a variação de comprimento DL e a variação de temperatura Dq são relacionadas por:

DL = aL0 ⋅ Dq

a = ​ DL 1    ​
___ ​ ⋅ ​ ___
L0 Dq

L = L0(1 + a ⋅ Dq)

dilatação relativa = ___


​ DL ​ 
L0

​ ___
DL ​ = α ∙ Dθ
L0

Material Coeficiente de dilatação linear em °C-1


Chumbo 27 ∙ 10-6
Zinco 26 ∙ 10-6
Alumínio 22 ∙ 10-6
Prata 19 ∙ 10-6
Ouro 15 ∙ 10-6
Concreto 12 ∙ 10-6
Vidro comum 9 ∙ 10-6
Granito 8 ∙ 10-6
Vidro pirex 13,2 ∙ 10-6
Porcelana 3 ∙ 10-6

128
Gráfico da dilatação linear
L(θ) = L0[1 + α ∙ (θ – θ0)]

tgv = DL/Du = aL0

Dilatação superficial
DA = A – A0

DA = b ∙ A0 ⋅ Dq

b=2∙α

A = A0[1 + b ∙ (θ – θ0)]

129
Gráfico da dilatação superficial

​ ∆A  ​= b ∙ A0
tgv = ___
∆θ

Dilatação volumétrica
DV = V – V0

DV = g ∙ V0 ⋅ Dq

g=3∙α

V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]

Gráfico da dilatação volumétrica

V (θ) = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]

​  ∆V  ​= g ∙ V0
tgv = ___
∆θ

130
Dilatação dos líquidos
Coeficientes de dilatação volumétrica
de alguns líquidos a 20 ºC
Líquido g (ºC–1)
álcool etílico 1,2 ∙ 10–3
gasolina 0,95 ∙ 10–3
glicerina 0,5 ∙ 10–3
mercúrio 18,2 ∙ 10–3

DVlíquido = DVaparente + DVrecipiente

gaparente = g líquido – g recipiente

Dilatação anômala da água

Lei geral dos gases perfeitos


Equação de Clapeyron
pV
___
​   ​ = constante
T
pV
___
​   ​ = R ⋅ n
T
ou

pV = nRT

131
Estado normal de um gás
O estado normal de um gás é definido quando o gás se encontra nas condições normais de temperatura e pres-
são (CNTP).
p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0 °C)

Transformações particulares

pA ⋅ VA p______
⋅ VB
​ _____  = ​  B  ​
 ​   

TA TB

Transformação isotérmica
pV = constante

ou

p1V1 = p2V2

T2 > T1
T1

Transformação isobárica

​  V ​  = constante
__
T

ou

__V V
​  1 ​ = ​ __2 ​ 
T1 T2

132
Transformação isocórica

__p
​   ​ = constante
T

ou

__p p2
​  1 ​ = __
​   ​ 
T1 T2

Transformação adiabática

p ⋅ Vg = constante

ou

p1V1g = p2V2g

133
Mol
1 mol = 6,023 × 1023 partículas

NA = 6,023 × 1023 partículas/mol = 6,023 × 1023 mol–1

​ m  ​
n = __
M

Mistura de gases perfeitos


n = n1 + n2

Sejam p, V, n e T as varáveis termodinâmicas da mistura, pela equação de Clapeyron temos que:

p⋅V
n = ​ ____ 
 ​
R⋅T

p ⋅ V ____
____ p ⋅ V ____ p ⋅V
​       ​ = ​  1   1 
​ + ​  2   2 
  ​

T T1 T2

Lei das pressões parciais - lei de Dalton


p ⋅ V ____
____ p' ⋅ V ____ p" ⋅ V
​       ​ = ​      ​ + ​     
  ​

T T T

p = p' + p"

Termodinâmica
Trabalho realizado por um gás

τG = pG ⋅ DV

134
pG

pG

pG

Energia interna
§§ Se T aumenta, U aumenta.
§§ Se T é constante, U é constante.
§§ Se T diminui, U diminui.

​ 3 ​ nRT
U = __
2

​ 3 ​ pV
U = __
2

Primeira lei da termodinâmica

§§ Se Q > 0, o sistema recebe calor.


§§ Se Q < 0, o sistema perde calor.
§§ Se τ > 0, o sistema se expande e o gás realiza trabalho.
§§ Se τ < 0, o sistema se contrai e o trabalho é realizado sobre o gás.
Sendo U0 a energia interna inicial do sistema e Uf a energia interna final, temos:

DU = Uf – U0

135
Portanto:
DU > 0 ⇔ Uf > U0
DU < 0 ⇔ Uf < U0

Transformações particulares

Transformação isotérmica
Q = τ + DU
⇒Q=τ
DU = 0

Transformação isocórica
Q = τ + DU
⇒ Q = DU
τ=0
Qv = m ∙ cV ∙ Δu

Ou, ainda, o calor molar à pressão constante CV.

QV = n ∙ CV ∙ Δu

Transformação isobárica
V ​  = constante
​ __
T
§§ V aumenta ⇒ T aumenta ⇒ U aumenta ⇒ DU > 0
§§ V diminui ⇒ T diminui ⇒ U diminui ⇒ DU < 0
Q = τ + DU ⇒ DU = Q – τ
§§ No caso de expansão isobárica, DV > 0 e DU > 0, ou seja:

Q – t > 0  ou  Q > t

§§ No caso de compressão isobárica, DV < 0 e DU < 0, ou seja:

Q – t < 0  ou  Q < t

Transformação adiabática
Q = t + DU
⇒ DU = –t
Q=0

§§ Se o gás sofrer uma compressão adiabática:


DU = –t
t<0 ⇒ DU > 0

136
§§ Se o gás sofrer uma expansão adiabática:

DU = –t
⇒ DU < 0
t > 0

Transformação cíclica

tciclo = tABCDA = tAB + tBC + tCD + tDA


Qciclo = QABCDA = QAB + QBC + QCD + QDA
DUciclo = DUABCDA = DUAB + DUBC + DUCD + DUDA = 0
DUciclo = Qciclo – tciclo

DUAB = QAB – tAB DUBC = QBC – tBC DUCD = QCD – tCD DUDA = QDA – tDA


Em um ciclo: DUciclo = 0
Em um ciclo: Q = t
Ciclo horário: tciclo > 0
Ciclo anti-horário: tciclo < 0

Sentido horário                    Sentido anti-horário

Em um ciclo realizado no sentido horário: tciclo > 0 e Qciclo > 0


Em ciclo realizado no sentido anti-horário: tciclo < 0 e Qciclo < 0

137
Segunda lei da termodinâmica
“O calor não pode fluir espontaneamente de um corpo de temperatura menor para um outro corpo de
temperatura mais alta.”

“O calor flui espontaneamente de um corpo quente para um corpo frio. O inverso só ocorre com a realização
de trabalho.”

“É impossível, para uma máquina térmica que opera em ciclos, converter integralmente calor em trabalho.”

Esquema de uma máquina térmica

Q1 = τ + |Q2|

τ = Q1 – |Q2|
t
h = ​ __   ​ 
Q1
t |Q2| |Q |
h = ​ __   ​ = Q1 – ​ __ ​ ⇒ h = 1 – __
​  2 ​ 
Q1 Q1 Q1
t
Pu = ​ __    ​
Dt

Ciclo de Carnot

138
1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma expansão isotérmica AB, à temperatura T1.
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.
3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma compressão isotérmica CD, à temperatura T2.
4. Compressão adiabática DA; o gás volta a seu estado inicial, à temperatura T1.

__|Q | T
​  2 ​ = ​ __2 ​ 
Q1 T1

T T1 – T2
h = 1 – ​ __2 ​ = ​ _____
 ​


T1 T1

Máquinas frigoríficas

Q1 + |τ| = |Q2|

139
Eficiência de uma máquina frigorífica
Q
e = __
​  1 ​ 
|t|

Q1 + |t| = |Q2| ou |t| = |Q2| – Q1

Q1
e = ______
​     ​ 
|Q2| – Q1

Refrigerador de Carnot
__Q |Q2|
​  1 ​ = __
​   ​ 
T1 T2

Q T
eCarnot = ______ = _____
​  1   ​   ​  1   ​ 
|Q2| – Q1 T2 – T1

Terceira lei da termodinâmica

As transformações naturais sempre resultam em um aumento da entropia do universo.

Q
DS = __
​   ​ 
T

DS ≥ 0

Ciclo de Otto
1. Admissão isobárica (0-1).
2. Compressão adiabática (1-2).
3. Combustão isocórica (2-3).
4. Expansão adiabática (3-4).
5. Abertura de válvula (4-5).
6. Exaustão isobárica (5-0).

140
Ciclo de Diesel
1. Uma compressão isentrópica, isto é, sem o aumento da entropia do sistema (1-2).
2. Fornecimento de calor à pressão constante (isobárico) (2-3).
3. Expansão isentrópica, sem o aumento da entropia do sistema (3-4).
4. Por fim, uma transformação isovolumétrica, enquanto o calor é cedido. (4-1).

141
U.T.I. - Sala
1. Quando um recipiente aberto contendo um líquido é sujeito a vibrações, observa-se um movimento
ondulatório na superfície do líquido. Para pequenos comprimentos de onda λ a velocidade de pro-
pagação v de uma onda ____na superfície livre do líquido está relacionada à tensão superficial s con-

√ 2ps
____
forme a equação v = ​ ​     
rl
​ ​ 
, onde r é a densidade do líquido. Esta equação pode ser utilizada para
determinar a tensão superficial induzindo-se na superfície do líquido um movimento ondulatório
com uma frequência f conhecida e medindo-se o comprimento de onda l. Quais são as unidades da
tensão superficial s, no Sistema Internacional de Unidades?

2. Um professor de física decidiu criar uma escala termométrica, utilizando para isso um composto
líquido "x" desconhecido. Após criar a escola termométrica, o professor fez a medição dos pontos
de fusão e ebulição da água, em sua escala termométrica denominada escala Z. O gráfico abaixo
determina os pontos anotados pelo professor. Após o experimento o professor determinou o calor
específico no estado líquido "x" e o calor latente de vaporização do líquido.

a) Obtenha uma equação de conversão entre as escalas Z e Celsius.


b) Determine a quantidade de calor necessária para vaporizar 50 g do líquido em questão, inicialmente a
uma temperatura igual a 20 °C.
cx = 0,8 cal/g°C
Lvx = 30 cal/g
θvaporização(x) = 80 °C

3. Um abrigo na região da Antártida é mantido em uma temperatura de 20 °C devido ao uso de um


aquecedor elétrico. As paredes do abrigo são todas compostas pelo mesmo material, de conduti-
vidade térmica k = 0,05 J/s.m.°C e de espessura « = 26 cm. Dado que as dimensões do abrigo são
2 · 3 · 4 m3 e a temperatura fora do abrigo é de –40 °C, determine a potência do aquecedor para
manter o abrigo na temperatura de 20 °C.

4. Um recipiente de vidro encontra-se completamente cheio de um líquido a 0 °C. Quando se aquece


o conjunto até 80 °C, o volume do líquido que transborda corresponde a 4% do volume que o lí-
quido possuía a 0 °C. Sabendo que o coeficiente de dilatação volumétrica do vidro é 27 · 10–6 °C–1,
determine o coeficiente de dilatação real do líquido.

5. O gráfico p x T abaixo representa 4 transformações termodinâmicas sofridas por um gás ideal. Na


transformação 1 → 2 são adicionados 400 J de calor ao gás, levando esse gás a atingir a tempera-
tura de 350 K no ponto 2.
Determine:

142
a) a variação da energia interna do gás no processo 1 → 2;
b) a temperatura do gás no ponto 5;
c) a variação da energia interna do gás em todo o processo termodinâmico 1 → 5.

6. Um motor de Carnot opera entre duas fontes de temperaturas a 200º C e 20º C, respectivamente. Se
o trabalho desejado for de 15 kJ, determine a transmissão de calor do reservatório de temperatura
alta e a transmissão de calor para o reservatório de temperatura baixa.

143
U.T.I. - E.O. 5. Um recipiente isolado contém uma massa
de gelo, M = 5,0 kg, à temperatura T = 0 ºC.
Por dentro desse recipiente, passa uma ser-
1. A força que atua sobre um móvel de massa m, pentina pela qual circula um líquido que se
quando o mesmo descreve, com velocidade v quer resfriar. Suponha que o líquido entre
constante, uma trajetória circular de raio R, na serpentina a 28 ºC e saia dela a 8 ºC. O
é dada por F = mgv2/aR, onde g representa a calor específico do líquido é cL = 1,0 cal/
aceleração da gravidade. A unidade de força (g · ºC), o calor latente de fusão do gelo é
é o newton (N = kg · m/s2). Determine a LF = 80 cal/g e o calor específico da água é
unidade de "a" para que haja homogeneida- CA = 1,0 cal/(g · ºC).
de nas unidades. a) Qual é a quantidade total de líquido (em kg)
que deve passar pela serpentina de modo a
2. Uma escala de temperatura arbitrária X está derreter todo o gelo?
relacionada com a escala Celsius, de acordo b) Quanto de calor (em kcal) a água (formada
com o gráfico abaixo. pelo gelo derretido) ainda pode retirar − do
líquido que passa pela serpentina − até que
a temperatura de saída se iguale à de entra-
da (28 ºC)?

6. Num calorímetro ideal, misturam-se 200 g


de gelo a 0 ºC com 200 g de água a 40 ºC. Sa-
bendo que o calor de fusão do gelo é de 80 cal/g,
qual é a temperatura de equilíbrio térmico e
As temperaturas de fusão do gelo e de ebu- qual é a massa do gelo que se funde?
lição da água, sob pressão normal, na escala
X, valem, respectivamente:
7. Quantas calorias são transmitidas por metro
3. O gráfico abaixo representa a temperatura quadrado de um cobertor de 2,5 cm de es-
θ(ºC) em função do tempo de aquecimento pessura, durante uma hora, estando a pele
(t min) da água contida numa panela que a 33 °C e o ambiente a 0 °C? O coeficien-
está sendo aquecida por um fogão. A panela te de condutibilidade térmica do cobertor é
contém inicialmente 0,2 kg de água e a po- 0,00008 cal/s · m · °C.
tência calorífica fornecida pelo fogão é cons-
tante. 8. Uma barra de alumínio (K = 0,5 cal/s · cm
·°C) está em contato numa extremidade com
gelo em fusão e na outra com vapor de água
em ebulição sob pressão normal. Seu com-
primento é 25 cm e a seção transversal tem
5 cm2 de área. Sendo a barra isolada late-
ralmente e dados os calores latentes de
fusão do gelo e de vaporização da água
(LF = 80 cal/g; LV = 540 cal/g), determine a
massa do gelo que se funde em meia hora.

Lvaporização da água = 540 cal/g 9. Têm-se duas barras A e B de comprimentos


a) Determine a quantidade de calor absorvida LA = 0,8 LB à temperaturas TA = TB e de coe-
pela água no primeiro minuto. ficiente de dilatação linear aA = 5aB, sendo
b) Determine a massa de água que ainda per- 1 ​  ∙ 10−4 ºC−1. Nessas condições, o au-
aB = ​ __
manece na panela após 3,7 min de aqueci- 3
mento. mento ΔT da temperatura de ambas, para
que as barras alcancem o mesmo compri-
4. Utilizando pedaços de alumínio a 0 ºC, mento, é:
pretende-se resfriar 1100 g de água, ini-
cialmente a 42 ºC. Sendo cágua = 1 cal/gºC e 10. Um líquido cujo coeficiente de dilatação é
calumínio = 0,22 cal/gºC, responda: 20 · 10-4 ºC-1, a 0 ºC, preenche completamen-
a) Qual é a massa de alumínio necessária para te um frasco cuja capacidade é 1000 ml. Se
baixar em 2 ºC a temperatura da água? o material com que o frasco é fabricado tem
b) De posse de uma grande quantidade de alu- coeficiente de dilatação linear 20 · 10-6 ºC-1,
mínio a 0 ºC, seria possível transformar toda qual é o volume de líquido que transborda
água em gelo? Explique. quando o conjunto é aquecido até 50 ºC ?

144
1
1. Na figura, a plataforma A é sustentada pe- AB, 700 kJ de calor tenham sidos fornecidos
las barras B e C. A 0 ºC o comprimento de ao gás e que, na transformação CD, ele tenha
C é três vezes maior que o de B. Para que perdido 750 kJ de calor para o meio externo.
a plataforma A se mantenha horizontal em
qualquer temperatura, qual deve ser a rela-
ção entre os coeficientes de dilatação linear
das barras B e C?

Calcule o trabalho realizado pelas forças de


pressão do gás na expansão AB e a variação
de energia interna sofrida pelo gás na trans-
1
2. Um mergulhador à 4,0 m de profundidade, formação adiabática DA.
ao respirar, solta uma bolha de ar de volume
10 mL. A bolha sobe até a superfície, onde
16. A figura abaixo representa o funcionamento
a pressão é atmosférica. Considerando que a
de uma máquina térmica.
temperatura da bolha permaneceu constante
e que a pressão aumenta cerca de 1,0 atm a
cada 10 m de profundidade, determine o vo-
lume da bolha de ar ao atingir a superfície. MJ

kJ
13. O diagrama abaixo indica três transforma-
ções de um gás perfeito, sendo uma delas
isotérmica. A temperatura do gás no estado
2 é 360 K. Determine:
Calcule hMAQ e compare com hCARNOT.

1
7. Uma máquina de Carnot é operada entre
duas fontes, cujas temperaturas são, respec-
tivamente, 327 ºC e 227 ºC. Admitindo-se
que a máquina receba da fonte quente uma
quantidade de calor igual a 1000 cal por ci-
clo, pede-se:
a) o rendimento máximo térmico da máquina;
a) a pressão e a temperatura no estado 3; b) o trabalho realizado pela máquina em cada
b) o trabalho realizado pelo gás na transforma- ciclo;
ção 1 → 3. c) a quantidade de calor rejeitada para a fonte
fria.
14. Um sistema é composto por um cilindro
com êmbolo móvel, de massa 200 kg e área 18. Tem-se uma máquina térmica frigorífica que
A = 100 cm2, que contém inicialmente realiza, durante um ciclo completo, um tra-
2,4 litros de um gás ideal a 27 ºC. Aquece-se balho de 4 · 104 J e cede, à fonte fria, 12 ·
o sistema até a temperatura estabilizar-se 104 J. Determine a quantidade de calor ab-
em 127 ºC. A pressão atmosférica é igual a sorvida pela fonte quente e a eficiência da
105 N/m2. Determine o volume final do gás e máquina térmica.
o trabalho mecânico realizado.
Adote g = 10 m/s2 1
9. Quando o Sol está a pino, uma menina co-
loca um lápis de 7,0 · 10–3 m de diâmetro,
1
5. Determinada massa de gás monoatômico paralelamente ao solo, e observa a sombra
ideal sofre a transformação cíclica ABCDA por ele formada pela luz do Sol. Ela nota que
mostrada no gráfico. As transformações AB a sombra do lápis é bem nítida quando ele
e CD são isobáricas, BC é isotérmica e DA é está próximo ao solo, mas, à medida que vai
adiabática. Considere que, na transformação levantando o lápis, a sombra perde a nitidez

145
até desaparecer, restando apenas a penum-
bra. Sabendo-se que o diâmetro do Sol é de
14 · 108 m e a distância do Sol à Terra é de
15 · 1010 m, pode-se afirmar que a sombra
desaparece quando a altura do lápis em rela-
ção ao solo é de (em m):

20. Joana observa a imagem de seu colega Pe-


dro, de 1,6 m de altura, formada no fundo
de uma câmara escura de orifício construída
com uma lata de leite em pó vazia. A imagem
possuía 4 cm de altura, e a profundidade da
câmara é de 20 cm.
a) A que distância do orifício se encontra
Pedro?
b) Pedro usa uma camiseta com o seu nome
“PEDRO”. Represente a imagem da palavra
como vista na projeção da câmara escura.

146
U.T.I.
1/2
Física 3
Princípios da eletrostática

Introdução
A Eletrostática é o ramo da Física que estuda as propriedades das cargas elétricas em repouso e suas interações.
Vejamos os princípios que fundamentam a Eletrostática.

Cargas elétricas
carga elétrica do próton: e+ = +1,6 · 10–19 C
carga elétrica do elétron: e– = –1,6 · 10–19 C

No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de carga elétrica é o coulomb, cujo símbolo é C, em
homenagem a Charles Coulomb.

Q = n · |e|

na qual, a carga Q é positiva, se houver prótons em excesso, ou negativa, se houver elétrons em excesso. A
quantidade de elétrons ou prótons em excesso é dada por n.

Princípio da atração e repulsão


Cargas elétricas de sinais opostos se atraem, e cargas elétricas do mesmo tipo se repelem.

Princípio da conservação das cargas elétricas

Em um sistema isolado eletricamente (ou seja, não há transferências de cargas elétricas com o ambiente externo),
a quantidade de carga elétrica, em excesso, é constante.

149
Os corpos A e B estão eletrizados com quantidades de cargas Q1 e Q2. Após a troca de cargas entre os corpos, A e
B estão eletrizados com quantidades de cargas Q’1 e Q’2.

Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2 = constante

Essa expressão é válida somente se o sistema for eletricamente isolado.

Eletrização por atrito

No processo de eletrização por atrito, os corpos eletrizados apresentam, ao final do processo, cargas
elétricas de sinais opostos.

150
Eletrização por contato

A positivo e B neutro estão isolados e afastados; colocados em contato, durante breve intervalo de tempo, elétrons
livres vão de B para A; após o processo, A e B apresentam-se eletrizados positivamente.

A negativo e B neutro estão isolados e afastados: colocados em contato, durante breve intervalo de tempo, elétrons
vão de A para B; após o processo, A e B apresentam-se eletrizados negativamente.

Eletrização por contato entre esferas condutores de mesmo raio.

Q + Q2 + ... +Qn
Q’ = ______________
​  1
   n ​  

No processo de eletrização por contato, os corpos eletrizados, ao final do processo, ficam eletrizados com cargas
elétricas de mesmo sinal.

151
Eletrização por indução

Condutor B, neutro e isolado; aproximando A de B, ocorre indução eletrostática; ligando B à terra, elétrons de B
escoam para a Terra; a ligação de B com a terra é desfeita; o indutor A é afastado e B está positivamente.

Na eletrização por indução, o induzido ficará eletrizado com cargas elétricas de sinais opostos às cargas elétricas
apresentadas pelo indutor. A carga do indutor não se altera.

Se um corpo eletrizado A atrair um condutor B, poderá B estar eletrizado com carga de sinal oposto ao de A ou
estar neutro.

152
Reprodução

Reprodução
Uma pequena esfera neutra O filete de água desvia-se da ver-
de isopor é atraída quando tical ao ser atraído por um bastão
aproximada da esfera metálica plástico previamente eletrizado
eletrizada de um gerador ele- por atrito com um pedaço de fla-
trostático. nela.

Eletroscópios

Lei de Coulomb
Forças entre cargas elétricas puntiformes

As interações eletrostáticas podem ser evidenciadas pela força percebida entre portadores de cargas elé-
tricas. Essas interações podem ser atrativas ou repulsivas, sendo atrativas entre portadores de cargas elétricas
de sinais opostos, e repulsivas entre portadores de cargas elétricas de mesmo sinal. De acordo com a terceira lei
de Newton, para cada ação existe uma reação, de mesma direção, mesma intensidade, sentidos opostos, e que
atuam em corpos diferentes. Assim caracterizaremos as forças de interações elétricas.

153
A intensidade da força de interação entre duas cargas elétricas puntiformes é diretamente propor-
cional ao produto dos módulos das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre
as cargas.

Força elétrica de várias cargas puntiformes fixas


Sejam cargas puntiformes
_____ fixas
_____ Q_____1, Q_____2 e Q_____3. A cada _____ par de cargas, temos uma força elétrica, seja de atração ou de
​› ​› ​› ​› ​› ​›
repulsão; logo, temos  
F ​​  1,2,  
F ​​  1,3,   ​F​  2,3,  
F ​​  2,1,  
F ​​  3,1 e  
F ​​  3,2. A força resultante elétrica que atua em cada partícula será a
soma vetorial de todas as forças que as outras cargas exercem sobre ela.

​_____› ​_____› ​_____›


Na carga Q1 :  
F ​​  e1 =  
F ​​  2,1 +  
F ​​  3,1
_____
​› _____
​› _____
​›
Na carga Q2 :  
F ​​  e2 =  
F ​​  1,2 +  
F ​​  3,2
​_____› ​_____› ​_____›
Na carga Q3:  
F​ ​  e3 =  
F ​​  1,3 +  
F ​​  2,3

154
Campo elétrico
Conceito de campo elétrico

Intensidade de campo elétrico

Campo elétrico de uma carga puntiforme Q fixa


|Q|
E = k0 · ___
​   ​  

Gráfico de E versus d.

Campo elétrico de várias cargas puntiformes fixas

155
_​__› ___
​›
O campo elétrico resultante E ​
​ R   em P, devido a várias cargas Q1, Q2, ..., Qn, é dado pela soma vetorial de  
E ​​  1,
​___› ​___›
E ​
​ 2  , ..., E ​
​ n  , na qual cada campo elétrico parcial é determinado como se a carga correspondente estivesse sozinha:
​___› ​___› ​___› ​___›
E ​
​ R   = E ​
​ 1   + E ​
​ 2   + ... + E ​
​ n  

Esse é o princípio da superposição dos campos elétricos.

Linhas de força

As linhas de força são linhas tangentes, em cada ponto, ao vetor campo elétrico naquele ponto. O sentido
de orientação é o mesmo do campo elétrico.

Carga puntiforme Q > 0. Carga puntiforme Q < 0.


As linhas de força partem das cargas As linhas de força chegam às cargas
positivas negativas.

Duas cargas puntiformes de sinais opostos e módulos diferentes.

156
Duas cargas puntiformes de mesmo Duas cargas puntiformes de mesmo
módulo e positivas. módulo e de sinais opostos.
Em N, o vetor campo elétrico é nulo.

Força elétrica e campo elétrico

Campo elétrico uniforme (CEU)

Linhas de força de um campo uniforme.

157
Campo elétrico uniforme entre duas placas eletrizadas.

Pêndulo eletrostático

F
tgθ = __
​  e ​ 
P

158
Potencial elétrico
Energia potencial elétrica
Q
Epot = k0 ∙ __
​   ​ q
d

Potencial elétrico

Epot
V = ___
​  q ​  

Potencial elétrico gerado por uma carga elétrica pontual

Q⋅q
Epot = k0 ____
​   ​  
d

Epot = q ⋅ V

Q
V = k0 __
​   ​ 
d

159
Potencial elétrico de diversas cargas elétricas

Q
V = k0 __
​   ​ 
d

Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn

Equipotenciais

Conjunto de superfícies equipotenciais

VA = VB = VC = +10V

Linhas de equipotenciais de uma carga pontual Q positiva

160
Campo elétrico uniforme. As linhas de força estão representadas
por linhas cheias, e as linhas equipotenciais, por linhas tracejadas.

Campo elétrico de duas cargas elétricas opostas

Campo elétrico de duas cargas elétricas positivas

Gráfico do potencial elétrico

(Q > 0)

161
(Q < 0)

Linhas de força e potencial elétrico

Carga Q > 0

Carga Q < 0

O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da linha de força.

162
Trabalho no campo elétrico
Princípio da conservação da energia
Energia não se cria, energia não se perde, energia apenas se transforma de um tipo em outro, em quantidades
iguais.

Se, entre todas as forças que atuam num corpo, as únicas que realizam trabalho não nulo são forças conservativas,
a energia mecânica do corpo é constante.

Trabalho da força elétrica

Deslocamento da carga de prova entre A e B

Epot = q ⋅ VA  e  Epot = q ⋅ VB


A B

τAB = q(VA – VB)

Trabalho da força elétrica em um campo elétrico uniforme

Carga puntiforme deslocada de A para B sob a ação de uma força elétrica

τAB = F ⋅ d

τAB = q ⋅ E ⋅ d

163
Potencial elétrico no CEU
e equilíbrio eletrostático

Potencial elétrico no campo elétrico uniforme

Variação da intensidade do campo elétrico E e variação do potencial elétrico V, em função da


abscissa x tomando em uma linha de força, e no mesmo sentido desta, para uma carga geradora positiva.

Relação entre o potencial e a intensidade do campo elétrico

E⋅d=U

τAB = E ⋅ d = q

τAB = q(VA – VB) = q ⋅ U

E⋅d=U

​ U ​  
E = __
d

V ___
1​ __ 1N
m  ​ = ​  C ​ 

164
Equilíbrio eletrostático

Em um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostático, as cargas elétricas em excesso se localizam na sua super-
fície.

Condutor alongado com cargas elétricas aglomeradas nas suas extremidades

Nos pontos internos de um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é sempre nulo, inde-
pendentemente de sua forma geométrica.

No interior de um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostático, o potencial não é nulo e tem o mesmo valor em
todos os pontos.

Superfície esférica uniformemente eletrizada

165
Cálculo do potencial elétrico

Q
Vext = k0 __
​   ​  
d

Q
Vsup = k0 __
​    ​
R 

Q
Vint = Vsup = k0 ​ __ ​ 
R 

Cálculo do campo elétrico

|Q|
Ep = k0 ___
​  2 ​  
d

Gráfico do potencial elétrico de um condutor carregado

Para uma distribuição positiva (Q > 0)

166
Para uma distribuição negativa (Q < 0)

Gráfico do campo elétrico de um condutor carregado

Equilíbrio eletrostático entre duas esferas interligadas

Q’ Q’2
___
​  1 ​ = ___
​   ​ 
R1 R2

Corrente elétrica e leis de Ohm


Introdução

167
Sentido da corrente elétrica

O sentido convencional da corrente elétrica

Intensidade da corrente elétrica

e = 1,6 × 10–19 C

|Q| = n ⋅ |e|

|Q|
im = ___
​   ​ 
Dt

|Q|
i = ___
​   ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t
Dt

168
Propriedade gráfica

Gerador elétrico

O gerador elétrico possui dois polos ativos: um positivo, de maior potencial elétrico, e um negativo, de menor
potencial elétrico. O gerador é capaz de produzir corrente elétrica em um circuito, e mantém uma diferença de
potencial elétrico entre seus dois polos.

Força eletromotriz (FEM)


energia elétrica Eelétr
f.e.m. = ____________
​    ​  ⇒ f.e.m. = ___
​   ​  
carga elétrica |Q|

    Pilha de 1,5 V       Bateria de 12 V

A f.e.m. e a tensão elétrica


f.e.m. = tensão entre os polos ⇒ U = f.e.m.

169
Símbolo do gerador ideal

Voltímetro

Voltímetro

Primeira lei de Ohm


d.d.p.
__________________
   ​= constante ⇒ __
​    ​ U ​ = constante
intensidade de corrente i

​ U ​ = R
__
i

A intensidade de corrente i e a ddp são diretamente proporcionais para determinados resistores, mantidos a uma
temperatura constante:
U=R∙i

170
Resistor ôhmico e não ôhmico
Comportamento de um resistor ôhmico
Diferença de potencial
Intensidade de corrente i (em A) Resistência do resistor R (em Ω)
d.d.p., U (em V)
1,0 0,5 2,0

2,0 1,0 2,0

3,0 1,5 2,0

4,0 2,0 2,0

5,0 2,5 2,0

Curva característica de um resistor ôhmico

​ U ​  = R
tg u = __
i

Segunda lei de Ohm


r∙ø
R = ____
​   ​


A

onde:
R: é a resistência elétrica do resistor.
r: é a resistividade do material.

171
A: é a área da secção transversal do material.
ø: é o comprimento do material.

Resistor em forma de fio cilíndrico, de comprimento L e área de secção transversal

172
U.T.I. - Sala
1. Considere quatro esferas metálicas idênticas, separadas e apoiadas em suportes isolantes. Inicial-
mente, as esferas apresentam as seguintes cargas: QA = 8 C, QB = 4 C, QC = 0 C (neutra) e QD = –8 C.
Faz-se, então, a seguinte sequência de contatos entre as esferas:
I. Contato entre as esferas A e B e esferas C e D. Após os respectivos contatos, as esferas são no-
vamente separadas.
II. Contato apenas entre as esferas C e B. Após o contato, as esferas são novamente separadas.
III. Contato apenas entre as esferas A e C. Após o contato, as esferas são separadas.
Determine a cara da esfera C, após as sequências de contatos descritas.

2. Duas pequenas esferas A e B, de mesmo diâmetro e inicialmente neutras, são atritadas entre si.
Devido ao atrito, 6 · 1012 elétrons passam da esfera A para a B. Em seguida as esferas são separa-
das em uma distância de 4 mm. Determine a força de interação elétrica entre as cargas A e B na
situação descrita.
|e–| = 1,6 · 10-19 C
K = 9 ∙ 109 N · m2/C2

3. Duas esferas A e B de raios desprezíveis, com cargas QA = +8 ∙ 10-2 C e QB = –3 · 10-2 C, estão sepa-
radas por uma distância igual a 4 cm. Determine:
a) a intensidade do campo elétrico no ponto médio entre as partículas.
b) a força elétrica exercida em uma partícula C, com carga QC = + 2 · 20-2 C colocada no ponto médio entre
A e B.
K = 9 · 109 N · m²/C²

4. No campo elétrico gerado por uma carga Q = 1,2 · 10-4 C, são dados dois pontos A e B, no vácuo,
conforme a figura abaixo. Determine:

a) os potenciais elétricos de A e de B;
b) o trabalho da força elétrica que atua sobre uma carga elétrica q = 3 · 10-2 C, no deslocamento de A
para B.

5. O esquema a seguir representa um campo elétrico uniforme e duas superfícies equipotenciais.

Com base no esquema acima, que representa a configuração das linhas de forças e das superfícies
equipotenciais de um campo elétrico uniforme de intensidade E = 8,0 ∙ 102 V/m, determine:
a) a distância entre as superfícies equipotenciais VA = 100 V e VB = 80 V.
b) o trabalho da força elétrica que age em uma carga q = 2,0 · 10-6 C quando deslocada de A para B.

173
6. Um pássaro pousa em um dos fios de uma linha de transmissão de energia elétrica. O fio de cobre
conduz uma corrente igual a 1∙103 A e a d.d.p. entre os pés do passarinho é igual a 3∙10-3 V. De-
termine a distância que separa os pés do passarinho.
Área da secção transversal do fio = 70 mm2
Resistividade do cobre: 2,1∙10-2 Ω · mm2/m

174
U.T.I. - E.O. Por exemplo, o quark up tem carga elétri-
ca igual a qup = +2/3 e, e o quark down e o
qdown = –1/3 e, o onde e é o módulo da carga
1. A figura a seguir mostra três esferas iguais, elementar do elétron.
A e B, fixas sobre um plano horizontal e car- a) Quais são os três quarks que formam os pró-
regadas eletricamente com QA = +20 nC e QB tons e os nêutrons?
= +8 nC, e C, que pode deslizar sem atrito b) Calcule o módulo da força de atração eletros-
sobre o plano, carregada com QC = –4 nC. Não tática entre um quark up e um quark down
há troca de carga elétrica entre as esferas e separados por uma distância d = 0,2 × 10-15
o plano. Estando solta, a esfera C dirige-se m. Caso necessário, use k = 9 × 109 e Nm2/C2
de encontro à esfera A, com a qual interage e = 1,6 × 10-19C.
eletricamente, retornando de encontro a B, e
assim por diante, até que o sistema atinge o
5. Uma lâmina muito fina e minúscula de co-
equilíbrio, com as esferas não mais se tocan-
do. Nesse momento, as cargas A, B e C, em bre, contendo uma carga elétrica, flutua em
nC, serão, respectivamente: equilíbrio numa região de um campo elétrico
uniforme, de intensidade 25 kN/C, cuja di-
reção é vertical e cujo sentido se dá de cima
para baixo. Considerando que a massa da lâ-
mina é igual a 8 mg, determine o número de
elétrons em excesso na lâmina.
Carga do elétron: 1,6 × 10-19C
g = 10 m/s2
2. Tem-se 3 esferas condutoras idênticas A, B e
C. As esferas A (positiva) e B (negativa) es-
6. Considere o arranjo de cargas a seguir.
tão eletrizadas com cargas de mesmo módulo
Q, e a esfera C está inicialmente neutra. São
realizadas as seguintes operações:
1) Toca-se C em B, com A mantida à distân-
cia, e em seguida, separa-se C de B.
2) Toca-se C em A, com B mantida à distân-
cia, e em seguida, separa-se C de A.
3) Toca-se A em B, com C mantida à distân-
cia, e em seguida, separa-se A de B.
Determine a carga final das esferas A, B e
C.

3. Duas cargas Q1 (1,8 C) e Q2 (5 C) estão fi- Considerando que q2 = q3 = q, determine a ra-


xas nos pontos A e B. Uma terceira carga q zão entre q1 e q, para que no ponto p o vetor
é inserida em um ponto p, entre Q1 e Q2, de campo elétrico seja nulo.
acordo com a figura. Determine a distância
x entre Q1 e p, em que a carga q fique em 7. Nos pontos A, B e C de uma circunferência de
equilíbrio.
raio 5 cm, fixam-se cargas elétricas puntifor-
mes de valores 7 μC, 3 μC e 4 μC , respectiva-
mente. Determine:
a) a intensidade do vetor campo elétrico resul-
tante no centro do círculo;
b) o potencial elétrico no centro do círcu-
lo. (Considere as cargas no vácuo, onde
k = 9 × 109 N.m2/C2.)
4. Sabe-se, atualmente, que os prótons e nêu-
trons não são partículas elementares, mas
sim partículas formadas por três quarks.
Uma das propriedades importantes do quark
é o sabor, que pode assumir seis tipos di-
ferentes: top, bottom, charm, strange, up
e down. Apenas os quarks up e down estão
presentes nos prótons e nos nêutrons. Os
quarks possuem carga elétrica fracionária.

175
8. Considere as cargas puntiformes colocadas
nos vértices de um triângulo equilátero. De-
senhe o campo elétrico resultante (direção,
sentido e valor do ângulo com a reta AB) e
determine o módulo do vetor campo elétrico
em função de k, q e d no centro do triângulo.

Determine o trabalho da força elétrica para


transportar um elétron do ponto M ao ponto N.
e- = 1,6 · 10–19 C

11. Três cargas elétricas são dipostas no vácuo


de acordo com a figura a seguir. Dado que
Q1 = 5 ∙ 10-6 C, Q2 = –8 ∙ 10-6 C e Q3 = 9 ∙ 10-6C,
determine o potencial elétrico no ponto P.

9. Um próton é injetado no ponto O e passa a se


mover no interior de um capacitor plano de
placas paralelas, cujas dimensões estão indi-
cadas na figura abaixo.

1
2. Uma partícula A, com carga qA = 2 · 10-7 C,
gera um campo elétrico ao seu redor. Deter-
mine o trabalho da força elétrica para des-
locar um próton de um ponto p1 (distante
2 cm) de A, até um ponto p2 (distante 5 cm
de A).
__
K = 9 · 109 N · m2/C2
​›
O próton tem velocidade inicial ​ v ​ 0  com
módulo 1,0 × 10 m/s e direção formando
5 1
3. Um elétron penetra numa região de campo
um ângulo igual a 45° com o eixo x hori- elétrico uniforme de intensidade 360 N/C,
com velocidade inicial v0 = 4,0 ∙ 106 m/s
zontal. O campo elétrico está orientado na
na mesma direção e sentido do campo. Sa-
direção do eixo y conforme mostrado na fi-
bendo-se que a massa do elétron é igual a
gura. Considere a massa do próton igual a 9,0 · 10-31 kg e a carga do elétron é igual a
1,6 × 10-27 kg e sua carga igual 1,6 × 10-19 C. –1,6 ∙ 10-19 C, determine:
Supondo que somente o campo elétrico uni- a) a energia potencial elétrica no instante em
forme no interior do capacitor atue sobre o que a velocidade do elétron, no interior des-
próton, calcule qual deve ser o mínimo mó- se campo, é nula;
dulo deste campo para que o próton não co- b) a distância percorrida pelo elétron até atin-
lida com a placa inferior. gir velocidade nula.

10. A presença de íons na atmosfera é respon- 14. Uma carga pontual de 8 μC e 2 g de massa é
sável pela existência de um campo elétrico lançada horizontalmente com velocidade de
20 m/s num campo elétrico uniforme de mó-
dirigido e apontado para a Terra. Próximo ao
dulo 2,5 kN/C, com direção e sentido confor-
solo, longe de concentrações urbanas, num
me mostra a figura a seguir. A carga penetra
dia claro e limpo, o campo elétrico é unifor- o campo por uma região indicada no ponto
me e perpendicular ao solo horizontal e sua A, quando passa a sofrer a ação do campo
intensidade é de 100 V/m. A figura mostra elétrico e também do campo gravitacional,
as linhas de campo e dois pontos dessa re- cujo módulo é 10 m/s2, direção vertical e
gião, M e N. sentido de cima para baixo.

176
1
6. Um resistor cilíndrico feito de zinco
(rzinco = 6 · 10-8 Ω ∙ m), apresenta um com-
primento de 20 m e área transversal de
6 ∙ 10-5 m2. Determine a resistência elétrica
deste resistor e a corrente que atravessa o
resistor, quando nele for aplicada uma d.d.p.
de 200 V.

17. O feixe de elétrons num tubo de televisão


percorre uma distância de 36 cm no espaço
evacuado entre o emissor de elétrons e a tela
Ao considerar o ponto A a origem de um sis-
do tubo, sendo que a velocidade dos elétrons
tema de coordenadas x0y, determine as ve- é aproximadamente 6 ∙ 107 m/s. Se a cor-
locidades vx e vy, quando a carga passa nova- rente no feixe é 2,0 mA, calcule o número de
mente pela posição x = 0 em m/s. elétrons que há no feixe em qualquer instan-
te. (Carga do elétron = 1,6 . 10-19 coulombs).
15. Uma partícula de massa 2 g, eletrizada com
18. O gráfico da corrente elétrica em função do
carga elétrica positiva de 120 μC, é abando-
tempo através e de um condutor metálico é
nada do repouso no ponto A de um campo
dado abaixo. Determine a quantidade de car-
elétrico uniforme, no qual o potencial elétri- ga elétrica que atravessa uma secção trans-
co é 500 V. Devido a ação do campo elétrico, versal do condutor, de 0 a 5 s.
a partícula adquire movimento e se desloca
até um ponto B. Sabendo-se que o potencial
elétrico do ponto B é de 200 V, determine
a velocidade dessa partícula ao passar pelo
ponto.

1
9. Dois resistores de resistência R1 = 5 Ω e
R2 = 10 Ω são associados em série fazendo
parte de um circuito elétrico. A tensão U1
medida nos terminais de R1 é igual a 100 V.
Nessas condições, determine a corrente que
passa por R2 e a tensão em seus terminais.

2
0. Determine a resistência equivalente, a corrente em cada resistor e a tensão, para a associação
abaixo:

177
U.T.I.
1/2
Química 1
Modelos e estruturas atômicas
O que é átomo?
Átomo é o menor componente de toda a matéria existente.

Modelos atômicos

Modelo de Dalton (bola de bilhar)


Em 1808, o professor inglês John Dalton, baseado em suas experiências, propôs uma explicação para a natureza
da matéria.
1. Toda matéria é composta por minúsculas partículas chamadas átomos.
2. Os átomos de um determinado elemento são idênticos em massa e apresentam as mesmas propriedades
químicas.
3. Átomos de elementos diferentes apresentam massa e propriedades diferentes.
4. Átomos são maciços e indivisíveis. Não podem ser criados, nem destruídos.
5. As reações químicas comuns não passam de uma reorganização dos átomos.
6. Os compostos são formados pela combinação de átomos de elementos diferentes em proporções fixas.

Modelo de Thomson (pudim de passas)


Utilizando uma ampola de Crookes, o cientista inglês Joseph John Thomson verificou que o feixe de raios catódicos
era desviado, sempre indo na direção e sentido da placa carregada positivamente. Concluiu, portanto, que estas
emissões possuíam cargas negativas, além disso, estas cargas negativas estavam presentes em toda e qualquer
matéria e eram parte integrante delas.
Desse modo, provou-se que, ao contrário do que Dalton havia afirmado, o átomo não era indivisível, pois
possuía uma partícula subatômica negativa, que ficou denominada elétron.
Assim, em 1897, propôs um novo modelo atômico, para Thomson, o átomo era uma esfera formada por
"pasta" positiva "recheada" de elétrons de carga negativa. Esse modelo ficou conhecido como "pudim de passas".

Modelo de Rutherford (sistema solar ou sistema planetário)


Em 1911, Ernest Rutherford, ao estudar a trajetória de partículas α (partículas positivas), percebeu que a maioria
das partículas α atravessava a lâmina de ouro sem sofrer desvio em sua trajetória; que algumas sofriam desvio;
porém outras, em número muito pequeno, batiam na lâmina e voltavam.

181
O experimento de Rutherford

Lâmina
de ouro
Fonte de
partículas alfa

Partículas
alfa

Detector de
partículas

Partículas alfa Núcleo do


átomo

Átomo de ouro

A partir deste experimento, Rutherford concluiu que:


§§ o átomo não é uma esfera maciça. Existem grandes espaços vazios, visto que a maior parte das partículas
α atravessou a lâmina de ouro;
§§ o átomo possui uma região central, onde está concentrada a sua massa. Foi contra essa região, denominada
por ele de núcleo, que as partículas α se chocaram e retornaram;
§§ esse núcleo apresenta carga positiva, pois repeliu a partícula α – que também possui carga positiva.

Modelo clássico
O físico Eugen Goldstein descobriu, em 1886, o próton, comprovando que essa partícula apresentava carga positiva
de valor igual a do elétron.

182
Modelo de Böhr (modelo quântico)
Em 1913, o cientista Niels Bohr aprimorou o modelo atômico de Rutherford e foram propostos os seguintes postu-
lados, os chamados postulados de Bohr:
§§ Na eletrosfera, os elétrons descrevem sempre órbitas circulares ao redor do núcleo, denominadas órbitas
estacionárias. Movendo-se em uma órbita estacionária, o elétron não emite nem absorve energia.
§§ Os elétrons só podem ocupar os níveis que tenham uma determinada quantidade de energia (quantum)
e assumem valores bem determinados de energia em cada órbita estacionária, não sendo possível ocupar
estados intermediários.
§§ Ao saltar de uma órbita estacionária para outra, os elétrons absorvem ou emitem uma quantidade bem
definida de energia (quantum de energia) e, ao retornar à órbita de origem, o elétron emite ou absorve um
quantum de energia (igual ao absorvido em intensidade), na forma de luz de cor bem definida ou outra
radiação eletromagnética, como ultravioleta ou raios X (denominado fóton).

Números atômico e de massa


Observe os dados, a seguir, referentes à composição do átomo.

Partícula Massa relativa Carga relativa


Nêutron 1 0

Próton 1 +1

Elétron ​  1   ​ 
_____ –1
1.836

Em um átomo eletricamente neutro (em equilíbrio de cargas), o número de prótons (P) é igual ao

número de elétrons (E).

O número atômico (Z) sempre coincide com o número de prótons (P).

Dessa forma:
A=P+N

Elemento químico

Elemento químico é o conjunto de átomos com o mesmo número atômico (Z).

183
Isótopos, isóbaros e isótonos
Isótopos
Isótopos são átomos com o mesmo número de prótons (P = Z) e diferentes números de massa (A) e de
nêutrons (N).

Isóbaros
Isóbaros são átomos com o mesmo número de massa (A) e diferentes números de prótons (P = Z) e
nêutrons (N).

Isótonos

Isótonos são átomos com o mesmo número de nêutrons (N) e diferentes números de prótons (P = Z) e
de massa (A).

Íons e distribuição eletrônica


Íons
Quando um átomo está eletricamente neutro, ele possui prótons e elétrons em igual quantidade.

Quando um átomo eletricamente neutro perde ou recebe elétrons, ele se transforma em um íon.

Um átomo neutro que recebe elétrons passa a ficar com excesso de cargas negativas, ou seja, transforma-
-se em um íon negativo ou ânion. Por outro lado, se um átomo neutro perde elétrons, passa a ter excesso de
prótons e se transforma em um íon positivo ou cátion.
Exemplos:
§§ Ânion cloreto (Cℓ–):

184
§§ Cátion sódio (Na+):

Camadas eletrônicas do átomo:


diagrama de Linus Pauling
Os elétrons são dispostos nos átomos em ordem crescente de energia, visto que todas as vezes que o elétron re-
cebe energia, ele salta para uma camada mais externa em relação à qual ele se encontra, e, no momento da volta
para sua camada de origem, ele emite luz, em virtude da energia absorvida anteriormente.

2 8 18 32 32 18 8

L
M N O P Q

Uma das principais características destas camadas é que cada uma delas possui um número máximo de
elétrons que pode comportar. Pauling apresentou essa distribuição dividida em níveis e subníveis de energia, em
que subníveis são divisões dos níveis ou camadas, representados pelas letras s, p, d, f. Cada subnível também
apresenta um número máximo de elétrons.
Diagrama de Linus Pauling

1s2
2s2 2p63s2
(K) 1; 2e- 1s2
3p64s2
3d104p65s2
(L) 2; 8e- 2s 2
2p6
4d105p66s2

4f145d106p67s2
(M) 3; 18e- 3s2 3p6 3d10 5f146d10 7p6

(N) 4; 32e- 4s2 4p6 4d10 4f14

(O) 5; 32e- 5s2 5p6 5d10 5f14

(P) 6; 18e- 6s2 6p6 6d10

(Q) 7; 8e- 7s2 7p6

Na figura, as setas indicam a ordem crescente dos níveis de energia:


1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d107p6

185
Distribuição eletrônica nos íons
Serão inseridos ou retirados elétrons da camada eletrônica mais externa (camada de valência).

Tabela periódica

Organização da tabela periódica


Famílias ou grupos
Hoje, a tabela periódica é constituída por 18 famílias ou grupos.

Períodos
Na tabela atual, existem sete períodos (linhas horizontais), que correspondem à quantidade de níveis (camadas)
eletrônicos apresentados pelos elementos químicos.

Localização na tabela periódica


A distribuição eletrônica de um elemento permite que determinemos sua localização na tabela.
Exemplo de como se pode localizar o elemento químico a partir da distribuição eletrônica:

11
Na ⇒ 1s2 2s22p6 3s1
camadas (níveis): K = 2; L = 8; M = 1

Características da distribuição eletrônica Localização e classificação


3 camadas (K, L, M) 3º período

elétron de maior energia situado no subnível s (3s1) bloco s elemento (representativo)

1 elétron na camada de valência (3s1) família IA (metais alcalinos) = grupo 1

Propriedades periódicas
A tabela periódica permite deduzir quais elementos têm propriedades químicas e físicas semelhantes, e as proprie-
dades periódicas variam de acordo com o número atômico, ou seja, assumem valores que crescem e decrescem ao
longo de cada período da tabela periódica.

186
Eletronegatividade
É a tendência que um átomo possui de atrair elétrons.
§§ Variação da eletronegatividade: cresce da esquerda para a direita nos períodos e de baixo para cima
nas famílias (grupos).

Os gases nobres não se incluem


nessa propriedade. A eletronegati-
vidade não está definida para esses
gases.

Eletropositividade
É a capacidade que um átomo tem de doar elétrons.
§§ Variação da eletropositividade: ocorre de forma oposta à eletronegatividade e também não está defi-
nida para os gases nobres.

Raio atômico
§§ Variação do raio atômico: nas famílias (colunas verticais), aumenta de cima para baixo, e nos perío-
dos (linhas horizontais), cresce da direita para a esquerda.

Raios iônicos
1. Raio do cátion: ao perder elétron, a repulsão da nuvem eletrônica diminui, diminuindo o seu tamanho.
2. Raio do ânion: ao ganhar um elétron, aumenta a repulsão da nuvem eletrônica, aumentado o seu tama-
nho.

187
Energia ou potencial de ionização
É a energia necessária para remover um elétron de um átomo (ou íon) na fase gasosa.
Obs.: à medida que o íon se torna cada vez mais positivamente carregado, é necessário cada vez mais ener-
gia para retirar um elétron de sua camada mais externa.
§§ Variação da energia de ionização: nas famílias e nos períodos, a energia de ionização aumenta
conforme diminui o raio atômico

Eletroafinidade ou afinidade eletrônica


É a quantidade de energia liberada por um átomo, no estado gasoso, ao ganhar um elétron.
Representação do processo no qual o átomo ganha um elétron e libera energia.
X(g) + e– → X1–(g) + energia

§§ Variação da eletroafinidade: a eletroafinidade varia de acordo com a eletronegatividade, uma vez que
quanto mais eletronegativo for um átomo, maior é a sua tendência de ganhar elétrons.

Outras propriedades periódicas


1. Pontos de fusão e de ebulição
Variação do ponto de fusão e do ponto de ebulição.

188
2. Densidade
Variação da densidade.

3. Volume atômico
É o volume ocupado por 1 mol (6,02 × 1023) de seus átomos no estado sólido.
Variação do volume atômico.

Ligação iônica ou eletrovalente


Produzida entre íons positivos (cátions) e negativos (ânions), logo, um cátion se une com um ânion formando,
assim, um composto iônico, o qual é formado por várias partículas que se distribuem no espaço originando uma
estrutura denominada retículo cristalino.

Teoria do octeto
Um átomo é estável, se possuir 8 elétrons na camada de valência ou 2 elétrons, se a camada de valência for a K.
Átomos tendem a adquirir uma configuração estável, isto é, uma configuração semelhante à de um gás
nobre. Para isso, os átomos ligam-se através dos elétrons de valência.
Importante: o número total de elétrons cedidos deve ser igual ao número total de elétrons recebidos.

Fórmula eletrônica de Lewis


Esta fórmula representa os elementos e os elétrons do seu último nível (elétrons de valência) indicando-os por ou X.

Regra para formulação das substâncias iônicas


Ax+ By – à AyBx

189
Propriedades das substâncias iônicas
§§ São sólidos em condições normais de temperatura (25 °C) e pressão (1 atm).
§§ São duros e quebradiços.
§§ Possuem pontos de fusão e de ebulição elevados.
§§ Em solução aquosa (dissolvidos em água) ou no estado líquido (fundidos), conduzem corrente elétrica.
§§ Seu melhor solvente é a água, pois são polares como ela.

Ligação covalente
Ocorre entre átomos de ametais (não metais) – incluindo o hidrogênio – mediante compartilhamento de pares de
elétrons.

Representação da ligação covalente


a. Fórmula eletrônica, fórmula de Lewis ou estrutura de Lewis
O compartilhamento dos pares eletrônicos é representado por bolinhas (•) dentro de retângulos.
b. Fórmula estrutural plana
Os pares eletrônicos compartilhados são representados por traços (–) que unem os átomos participantes
da ligação.

Fórmula eletrônica Fórmula estrutural Pares eletrônicos Classificação


A A A–A 1 par eletrônico Ligação simples

A A A=A 2 pares eletrônicos Ligação dupla

A A A;A 3 pares eletrônicos Ligação tripla

c. Fórmula molecular
Mostra apenas quais e quantos átomos têm a molécula.

190
Ligação covalente coordenada ou dativa

São ligações covalentes adicionais usando pares eletrônicos de um único átomo. É representada por uma seta (é)
na fórmula estrutural.

HNO3

Propriedades das substâncias moleculares (covalentes)


1. São encontradas nos três estados físicos.
2. Apresentam ponto de fusão e ponto de ebulição menores que os dos compostos iônicos.
3. Se puros, não conduzem eletricidade, à exceção do grafite, que é condutor.
4. Se em estado sólido, apresentam retículos moleculares ou retículos covalentes.

Ligação metálica
O metal é um aglomerado de átomos neutros e cátions mergulhados em uma nuvem (ou mar) de elétrons livres e
mantidos unidos.

Propriedades dos metais


1. Brilho característico.
2. Alta condutividade térmica e elétrica, graças aos elétrons livres.
3. Altos pontos de fusão e ebulição característicos dos metais, à exceção do mercúrio.
4. Maleabilidade – os metais são facilmente maleáveis, transformados em lâminas.
5. Ductibilidade – os metais também são facilmente transformados em fios.

191
Geometria molecular
É o estudo da distribuição espacial dos átomos em uma molécula.

Orientação
Número de nuvens
(geometria) das Disposição Geometria
ao redor do átomo Fórmula eletrônica
nuvens (pares dos ligantes molecular
central
eletrônicos)

Sempre
Linear O=C=O
2
H—C;N
Linear

Angular

3
2 átomos ligantes Trigonal plana
(triangular) Trigonal plana

Angular

2 átomos ligantes

N Piramidal
4

3 átomos ligantes

Tetraédrica

Tetraédrica

4 átomos ligantes

§§ Bipirâmide Trigonal: Acontece quando há cinco nuvens eletrônicas na camada de valência do átomo

central, todas fazendo ligação química.

§§ Octaédrica: Acontece quando há seis nuvens eletrônicas na camada de valência do átomo central e todas

fazem ligações químicas.

192
Geometria de íons
A determinação de sua geometria segue exatamente as mesmas regras usadas para a geometria das moléculas.

Polaridade molecular

Polaridade das ligações

O acúmulo de cargas elétricas em determinada região é denominado polo, que pode ser de dois tipos:

a. Ligações iônicas
As ligações iônicas apresentam máxima polarização. Toda substância iônica é polar por natureza.

b. Ligações covalentes
Ligação entre átomos de mesma eletronegatividade ä ligação covalente apolar.
Ligação entre átomos de diferentes eletronegatividades ä ligação covalente polar.
Para comparar a intensidade de polarização das ligações, recorre-se à escala de eletronegatividade de Pauling:

À luz dos itens já discutidos, pode-se estabelecer a seguinte relação:

Polaridade molecular

Como se determina a polaridade ou apolaridade de uma molécula?


a) Experimentalmente
b) Teoricamente
c) Método alternativo para determinação da polaridade molecular:
número de nuvens eletrônicas ≠ número de átomos iguais → molécula polar
número de nuvens eletrônicas = número de átomos iguais → molécula apolar

193
Forças intermoleculares
São forças de atração que ocorrem entre as moléculas, as quais determinam os pontos de fusão e de ebulição e a
solubilidade das substâncias umas nas outras, bem como a tensão superficial e a viscosidade dos líquidos.
§§ Forças de dipolo-dipolo ou de dipolo permanente: entre moléculas polares
§§ Forças de dipolo instantâneo + dipolo induzido ou forças de London ou forças de Van Der
Waals: ocorre entre moléculas apolares

Ligações ou pontes de hidrogênio


É um caso particular das forças de dipolo permanente (dipolo-dipolo). Ocorre em moléculas que apresentam áto-
mos de hidrogênio (elemento com baixa eletronegatividade) com elementos muito eletronegativos, como o flúor,
o oxigênio ou o nitrogênio.

Temperaturas de fusão (Tf ou Pf) e


de ebulição (Te ou Pe)

Primeiro caso
Moléculas com tamanhos (massas moleculares) semelhantes.

Aumenta a intensidade da interação:


dipolo instantâneo-dipolo induzido < dipolo permanente < ligação de hidrogênio

Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

Segundo caso
Moléculas com mesmo tipo de interação e tamanhos (massas moleculares) diferentes.

Aumenta a massa molecular.

Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

Terceiro caso
Moléculas com mesmo tipo de interação e mesma massa molecular.

Diminui a ramificação.
Aumenta área de contato entre as moléculas.

Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

194
Solubilidade
§§ Substâncias polares tendem a se dissolver em solventes polares.
§§ Substâncias apolares tendem a se dissolver em solventes apolares.

195
U.T.I. - Sala
1. No experimento de Rutherford, folhas de ouro (Au) são bombardeadas com partículas alfa. Expli-
que o que acontece com a trajetória das partículas alfa e justifique sua resposta.

2. As fórmulas dos compostos químicos não são frutos do acaso. A capacidade de um átomo combinar-
-se com outro depende da disponibilidade de receber, doar ou compartilhar elétrons. Qual a fórmu-
la química e o tipo de ligação do composto formado entre:
a) cálcio e nitrogênio?
b) carbono e oxigênio?

3. A tabela adiante apresenta os valores das temperaturas de fusão (Tf) e de ebulição (Te) de halo-
gênios e haletos de hidrogênio.

Tf (ºC) Te (ºC)
F2 –220 –188
Cø2 –101 –35
Br2 –7 59
I2 114 184
HF –83 20
HCø –115 –85
HBr –89 –67
HI –51 –35

a) Justifique a escala crescente das temperaturas Tf e Te do F2 ao I2.


b) Justifique a escala decrescente das temperaturas Tf e Te do HF e do HCℓ.
c) Justifique a escala crescente das temperaturas Tf e Te do HCℓ ao HI.

4. As propriedades exibidas por um certo material podem ser explicadas pelo tipo de ligação química
presente entre suas unidades formadoras. Em uma análise laboratorial, um químico identificou
para um certo material as seguintes propriedades:
§§ Alta temperatura de fusão e ebulição.
§§ Boa condutividade elétrica em solução aquosa.
§§ Mau condutor de eletricidade no estado sólido.
A partir das propriedades exibidas por esse material, que tipo de ligação é predominante no mesmo?

196
U.T.I. - E.O.
1. Descreva as principais características do átomo de Dalton, Rutherford e Bohr.

2. Com o auxílio da tabela periódica, responda:


a) Qual a quatidade de prótons e de nêutrons presentes no núcleo do 137Cs.
b) Faça a distribuição eletrônica em camadas desse átomo.

3. Três átomos estão representados pelas letras A, B e C. xA, x+1B e x+2C pertencem a um mesmo período
da tabela periódica e B é um halogênio. Classifique A e C segundo seu grupo e justifique.

4. O elemento bário pode ser encontrado na forma do íon Ba2+. Determine quantos prótons e quantos
elétrons o íon Ba2+ possui e qual apresenta maior raio atômico, Ba ou Ba2+?

5. O cálcio e o bário são elementos que pertencem à família 2A (grupo 2) da tabela periódica. Mes-
mo sendo da mesma família, seus compostos possuem algumas aplicações distintas, por exemplo:
o carbonato de cálcio é encontrado nos tecidos ósseos, enquanto o carbonato de bário pode ser
empregado nas armadilhas de ratos ou na construção civil. Explique por que o raio atômico do
elemento cálcio é menor do que o raio atômico do elemento bário.

6. Com relação às propriedades periódicas dos elementos químicos, analise as afirmativas abaixo,
classifique-as em falsa ou verdadeira e quando falsa justifique sua resposta.
I. A eletronegatividade é a força de atração exercida sobre os elétrons de uma ligação, e relaciona-
-se com o raio atômico de forma diretamente proporcional, pois a distância núcleo-elétrons da
ligação é menor.
II. A eletroafinidade é a energia liberada quando um átomo isolado, no estado gasoso, captura um
elétron; portanto, quanto menor o raio atômico, menor a afinidade eletrônica.
III. Energia (ou potencial) de ionização é a energia mínima necessária para remover um elétron de
um átomo gasoso e isolado, em seu estado fundamental.
IV. O tamanho do átomo, de modo geral, varia em função do número de níveis eletrônicos (cama-
das) e do número de prótons (carga nuclear).

7. Sabe-se que quanto maior for o raio atômico, menos eletronegativo é o elemento químico. Assim
sendo, analise as afirmativas a seguir, identificando, e justifique sua resposta, quando essas forem
falsas, por meio deste critério.
I. O potássio (K) é mais eletronegativo que o cálcio (Ca).
II. O frâncio (Fr) é o mais eletronegativo de todos os elementos.
III. O carbono (C) é mais eletronegativo que o silício (Si).

8. Na tabela abaixo estão representados alguns elementos pelas letras A, B, C e D.


a) Coloque-os em ordem crescente de eletronegatividade e de raio atômico.
b) Explique que relação há entre essas duas propriedades periódicas.

197
9. Entre as dioxinas, a que tem mostrado a maior toxicidade e, por isso mesmo, é a mais famosa, é a
2,3,7,8-tetraclorodibenzo-para-dioxina (TCDD). Essa substância, cuja estrutura está representada
a seguir, apresenta uma dose letal de 1,0 μg/kg de massa corpórea, quando ministrada por via oral,
em cobaias.

A respeito do TCDD, classifique a molécula de TCDD quanto à polaridade. Com base nessa classifica-
ção e nas interações intermoleculares, explique o caráter lipofílico dessa substância.

10. Diferentes componentes gasosos foram usados para encher cada tipo de balão. As figuras observa-
das representam as substâncias presentes no interior de cada balão.

Identifique, no balão II, as moléculas que apresentam ligações do tipo polar e as moléculas que
apresentam ligações do tipo apolar.

11. Alguns produtos químicos, tais como liga de ferrotitânio, benzoato de sódio (C7H5O2Na), hexaclo-
roetano (C2Cℓ6) e cloreto de cálcio (CaCℓ2), podem ser utilizados para obter efeitos especiais em
fogos de artifício.
A tabela a seguir fornece informações relativas à natureza das ligações químicas presentes nesses
quatro produtos.

Produto químico Natureza das ligações químicas Efeito


estrelas de
A somente iônica
cor laranja
B somente covalente fumaça
centelhas branco
C metálica
-amarelada
D covalente e iônica assovia

Indentifique os produtos químicos A, B, C e D.

1
2. O urucum é material patenteado por uma companhia cosmética francesa, que detém os direitos de
comercialização do pigmento.
À medida que a bixina é o principal constituinte da parte corante do urucum, responda:

Qual dos solventes extrai melhor a bixina do urucum: água ou clorofórmio (CCℓ3H)? Por quê?

198
1
3. Qual a fórmula unitária resultante da combinação química entre os átomos de magnésio (Z = 12)
e nitrogênio (Z = 7)?

14. Que tipos de ligação química predominam na série de compostos: NaCℓ, CO2, H2O e CaCℓ2, respecti-
vamente?

5. A afirmativa “as moléculas dos gases SO2 e CO2 apresentam geometria angular e são polares” está
1
correta? Justifique sua resposta.

6. Desenhe as fórmulas eletrônicas do H2S e do SO2. Qual o tipo de ligação existente?


1

7. Ao tratar da evolução das ideias sobre a natureza dos átomos, um professor apresentou as seguin-
1
tes informações e figuras:

Desenvolvimento histórico das principais ideias sobre a estrutura atômica


400 a.C. Demócrito A matéria é indivisível e feita de átomos.
350 a.C. Aristóteles A matéria é constituída por 4 elementos: água, ar, terra, fogo.
1800 Dalton Todo e qualquer tipo de matéria é formada por partículas indivisíveis, chamadas átomos.
1900 Thomson Os átomos dos elementos consistem em um número de corpúsculos eletrica-
mente negativos englobados em uma esfera uniformemente positiva.
1910 Rutherford O átomo é composto por um núcleo de carga elétrica positi-
va, equilibrado por elétrons (partículas negativas), que giram ao re-
dor do núcleo, numa região denominada eletrosfera.
1913 Bohr A eletrosfera é dividida em órbitas circulares definidas; os elétrons só po-
dem orbitar o núcleo em certas distâncias denominadas níveis.
1930 Schrödinger O elétron é uma partícula-onda que se movimenta ao redor do núcleo em uma nuvem.
1932 Chadwick O núcleo atômico é também integrado por partícu-
las sem carga elétrica, chamadas nêutrons.

a) Complete o quadro abaixo indicando o número do modelo que mais se aproxima das ideias de Dalton,
Thomson, Rutherford e Bohr.

Dalton Thomson Rutherford Bohr

b) Considere a situação: uma solução aquosa de cloreto de bário e outra de cloreto de estrôncio são
borrifadas em direção a uma chama, uma por vez, produzindo uma chama de coloração verde e outra
de coloração vermelha, respectivamente. Como e a partir de que momento histórico as ideias sobre
estrutura atômica explicam o resultado da situação descrita?

18. Os poluentes mais comuns na atmosfera das zonas industriais são os gases dióxido de enxofre
(SO2) e trióxido de enxofre (SO3), resultantes da queima do carvão e derivados do petróleo. Esses
gases, quando dissolvidos na água, produzem soluções ácidas. O dióxido de enxofre e o trióxido
de enxofre apresentam uma diferença entre suas moléculas quanto à polaridade. Explique essa
diferença.

19. O oxigênio (O) e o enxofre (S) formam os óxidos SO2 e SO3. Embora a eletronegatividade do enxofre
seja 2,5 e a do oxigênio 3,5, a molécula do SO2 é polar, enquanto a do SO3 é apolar. Explique a razão
disso.

199
U.T.I.
1/2
Química 2
Propriedades da matéria
Estados físicos da matéria
§§ Estados físicos da matéria, estados de agregação ou fases são as diferentes formas como a matéria
pode se apresentar.
§§ Forma e volume são alguns fatores que distinguem cada um dos estados físicos.

Sólido
§§ As partículas estão em agitação térmica mínima.
§§ Átomos concentrados em um mesmo espaço físico.
§§ Forma e volume são fixos.

Líquido
§§ As partículas apresentam maior agitação térmica.
§§ Estão um pouco mais dispersas.
§§ As substâncias têm volume fixo.
§§ A sua forma pode variar.

Gasoso
§§ Estado de maior agitação térmica.
§§ As partículas estão muito afastadas, dispersas no espaço.
§§ Forma e volume variáveis.

Mudanças de estado físico

Ressublimação

203
Observação: a vaporização pode ocorrer de três formas, recebendo nomes específicos:

Ocorre naturalmente num líquido a temperaturas inferiores ao ponto de ebulição.


Evaporação
É lenta, praticamente imperceptível e superficial.

Ocorre na temperatura de ebulição, característica da substância. É rápida, visível, turbulenta e,


Ebulição
normalmente, demanda o aquecimento do líquido.

Ocorre quando o líquido entra em contato com superfícies muito quentes, a temperaturas acima
Calefação
do seu ponto de ebulição. É instantânea e violenta.

Temperaturas de mudança de estado

Ponto de fusão (Pf) e ponto de ebulição (Pe)


Ponto de fusão (temperatura de fusão) é a temperatura sob a qual uma substância passa do estado sólido para
o estado líquido. Ponto de ebulição (temperatura de ebulição) é a temperatura na qual uma substância passa do
estado líquido para o estado gasoso a uma determinada pressão.
O fator característico para uma substância ser pura é, à determinada pressão, ter o ponto de fusão constante.
Do mesmo modo que no ponto de fusão, quando se determina o ponto de ebulição de uma substância pura,
não é admissível que surjam variações superiores a 1 °C na temperatura.

Densidade ou massa específica

Densidade é o quociente da massa pelo volume do material (a uma dada temperatura).

massa 
d = ​ ______  ​ ⇒ d = ​ m
__ ​ 
volume v

Obs.: para sólidos e líquidos, a densidade geralmente é expressa em grama por centímetro cúbico
(g/cm3 ou g · cm–3) ou grama por mililitro (g/mL ou g · mL–1). Para gases, costuma ser expressa em gramas por
litro (g/L ou g · L–1).

204
Diagramas de mudança de estado
Representações gráficas de mudanças de estado físico.

Exemplo 1:

Curva de aquecimento da água

Exemplo 2:
Curva de resfriamento da água

Substância pura × mistura


Substâncias puras são sistemas formados por um único tipo de substância. Exemplos: água destilada; ferro puro;
gás oxigênio.
Misturas são sistemas formados por, no mínimo, duas substâncias juntas. Exemplos: água e sal; água e
álcool; ar atmosférico.

205
Substâncias puras
Apresentam dois patamares: trechos horizontais que correspondem ao ponto de fusão e ao ponto de ebulição
constantes.

Misturas (homogêneas)
Há variação na temperatura durante as duas mudanças de estado. Portanto, misturas (homogêneas) não possuem
nem ponto de fusão e nem ponto de ebulição definidos.
Vamos exemplificar com uma solução aquosa de NaCℓ:

Misturas especiais
§§ Mistura eutética: comporta-se como se fosse uma substância pura somente durante a fusão. Portanto,
possui ponto de fusão constante, mas a sua temperatura de ebulição varia.
Exemplo: solda de funilaria – mistura de estanho (63%) e chumbo (37%), que se funde (derrete) a Tf = 183 °C.

206
§§ Mistura azeotrópica: comporta-se como uma substância pura somente durante a ebulição. Assim, apre-
senta ponto de ebulição constante, mas a sua temperatura de fusão é variável.
Exemplo: mistura de álcool etílico (96%) e água (4%), que sofre ebulição (ferve) a 78,1 ºC.

PE = 78,1

Sistemas
Matéria
Matéria é tudo o que tem massa e ocupa espaço, e pode ser líquida, sólida ou gasosa.

Conceitos fundamentais

Átomo e elemento químico


Átomos são as partículas que formam a matéria. Elemento, por sua vez, é um conjunto de átomos com o mesmo
número atômico (Z).
Cada elemento químico recebe um nome e um símbolo.
Veja alguns exemplos a seguir:

Elemento Símbolo
Carbono C

Hidrogênio H

Sódio (Natrium) Na

Prata (Argentum) Ag

Chumbo (Plumbum) Pb

Potássio (Kalium) K

207
Molécula
Um agrupamento de átomos de um mesmo elemento ou de elementos diferentes é chamado molécula, carac-
terizando, assim, uma substância. Essa pode ser representada graficamente por uma fórmula molecular, que
indica o número de átomos de cada elemento existente na molécula da substância.

Substância Fórmula
água H2O

álcool C2H6O

cloreto de sódio NaCℓ

açúcar (sacarose) C12H22O11

ozônio O3

Sistemas materiais
A uma porção de matéria, damos o nome de sistema.
Sistemas podem ser classificados de duas formas:
§§ Quanto à constituição (composição) – substância pura (ou, simplesmente, substância) ou mistura.
§§ Quanto ao aspecto visual (nem sempre confiável, se usarmos apenas a visão humana para análise) – ho-
mogêneo ou heterogêneo.

Substância pura (ou simplesmente substância)


1. Substância (pura) simples – formada por um único elemento químico, ou seja, um único tipo de átomo,
independente da sua quantidade.
Exemplos: H2 (hidrogênio); O2 (oxigênio); Fe (ferro); S8 (enxofre) etc.

2. Substância (pura) composta ou composto – formada por mais de um elemento químico, ou seja, mais
de um tipo de átomo.
Exemplos: H2O (água); CO2 (gás carbônico); C6H12O6 (glicose); HCℓ (ácido clorídrico) etc.

Mistura
É a espécie de matéria formada, literalmente, pela mistura de duas ou mais substâncias puras.

Exemplos:
§§ gasolina
§§ ar atmosférico
§§ álcool hidratado

208
Tipos de misturas
§§ Mistura homogênea – é a que apresenta aspecto uniforme e propriedades iguais em todos os seus pon-
tos. São chamadas soluções.
Todas as misturas de quaisquer gases são sempre misturas homogêneas.
§§ Mistura heterogênea – é a que apresenta aspecto não uniforme e propriedades variáveis de um ponto a outro.
Exemplos: água e óleo (a camada de óleo apresenta propriedades diferentes em relação à água), água e
areia etc.

Matéria

Substância Pura Mistura

Simples Composta Homogênea Heterogênea

Fases de um sistema
Fase é cada uma das porções homogêneas que compõem um sistema heterogêneo. A fase pode ser contínua
ou fragmentada.
§§ Sistemas monofásicos: têm uma única fase, logo, são homogêneos.
§§ Sistemas bifásicos (2 fases), trifásicos (3 fases), tetrafásicos (4 fases) e polifásicos (5 ou mais fases):
possuem mais de uma fase, portanto, sempre são heterogêneos.

Alotropia
É a característica que alguns elementos químicos possuem de formar várias substâncias simples diferentes (formas
ou variedades alotrópicas ou, ainda, alótropos).

Exemplos:
Elemento Nome da substância
Fórmula Atomicidade Figura no espaço
químico simples

gás oxigênio O2 diatômico


Oxigênio
gás ozônio O3 triatômico

Elemento Nome da
Fórmula Atomicidade Figura no espaço
químico substância simples

Fósforo branco P4 tetratômico

Fósforo

Fósforo vermelho Pn ou P macromolécula

209
Nome da
Elemento
substância Fórmula Atomicidade Figura no espaço
químico
simples

grafite Cn ou C macromolécula

diamante Cn ou C macromolécula

Carbono

fulereno C60 macromolécula

Elemento Nome da substância


Fórmula Atomicidade Figura no espaço
químico simples

enxofre rômbico S8 macromolécula

Enxofre

enxofre monoclínico S8 macromolécula

Fenômenos
1. Físico: quaisquer transformações sofridas por um material, sem que haja alteração na sua composição.
Exemplo: qualquer mudança de estado físico.
2. Químico: quaisquer transformações sofridas por um material, de modo que haja alteração na sua compo-
sição.
Exemplo: a formação de ferrugem, a transformação do vinho em vinagre, decomposição de matéria orgâ-
nica.

210
Análise imediata
Métodos de separação de misturas
Para a separação dos componentes de uma mistura, utilizamos um conjunto de processos físicos denominados
análise imediata.

Misturas heterogêneas

Misturas heterogêneas [sólido-sólido]


§§ Catação: separam-se os componentes sólidos usando a mão ou uma pinça.
Exemplo: escolher feijão.

§§ Ventilação: o sólido menos denso é separado por uma corrente de ar.


Exemplo: separação dos grãos de arroz de suas cascas.

§§ Levigação: o sólido menos denso é separado por uma corrente de água.


Exemplo: separação, no garimpo, de areia e ouro.

§§ Separação magnética: um dos sólidos é atraído por um ímã.


Exemplo: separação em larga escala de alguns minérios de ferro de suas impurezas.

§§ Dissolução fracionada: um dos componentes sólidos da mistura é dissolvido em um líquido.


Exemplo: mistura de sal e areia.

Métodos Exemplo

Peneiração ou tamisação: usada para separar sólidos formados por


Separação de areia e cascalho.
partículas de dimensões diferentes.

Fusão fracionada: usada para separar sólidos cujos pontos de fusão Separar uma mistura de fer-
são muito diferentes. ro, chumbo e estanho.

Sublimação: é usada quando um dos sólidos, por aquecimento, su-


blima (passa diretamente do estado sólido para vapor), e o outro Sal (ou areia) e iodo.
permanece sólido.

211
Misturas heterogêneas [sólido-líquido]
§§ Decantação: a fase sólida, por ser mais densa, sedimenta-se. Pode ser feita de duas maneiras:
a) Vira-se lentamente a mistura em um outro frasco;
b) Com o auxílio de um sifão, transfere-se a fase líquida para um outro frasco (sifonação).

§§ Filtração simples: a fase sólida é separada com o auxílio de papéis de filtro.

§§ Filtração a vácuo: o processo de filtração pode ser acelerado pelo uso de uma trompa de vácuo que
“suga” o ar existente na parte interior do kitassato.

212
§§ Centrifugação: é uma maneira de acelerar o processo de decantação, utilizando um aparelho denominado
centrífuga. As partículas de maior densidade, por inércia, são depositadas no fundo do tubo.

Misturas heterogêneas [líquido-líquido]


§§ Decantação: separam-se líquidos imiscíveis com densidades diferentes.

Misturas heterogêneas [gás-sólido]


§§ Decantação: a mistura passa através de obstáculos, em forma de zigue-zague, onde as partículas sólidas
perdem velocidade e se depositam.

§§ Filtração: a mistura passa através de um filtro, onde o sólido fica retido.

213
Misturas homogêneas

Misturas homogêneas [sólido-líquido]


O componente sólido encontra-se totalmente dissolvido no líquido, o que impede a sua separação por filtração.
§§ Evaporação: a mistura é deixada em repouso ou é aquecida até o líquido (componente mais volátil) sofrer
evaporação. Esse processo apresenta um inconveniente: a perda do componente líquido.
§§ Destilação simples: a mistura é aquecida em uma aparelhagem apropriada, de tal maneira que o com-
ponente líquido inicialmente vaporiza-se e, a seguir, sofre condensação, sendo recolhido em outro frasco.

Misturas homogêneas [líquido-líquido]


§§ Destilação fracionada: são separados líquidos miscíveis, cujas temperaturas de ebulição são distantes.

Observação: a destilação é muito utilizada em indústrias petroquímicas, na separação dos diferentes deri-
vados do petróleo.

214
O esquema mostra o tradicional alambique usado para preparar bebidas alcoólicas provenientes da fermentação de açúcares ou cereais.

Misturas [gás-gás]
§§ Liquefação fracionada: a mistura de gases passa por um processo de liquefação e, posteriormente, pela
destilação fracionada.
A liquefação fracionada é utilizada na separação dos componentes do ar atmosférico: N2, O2 e outros gases.

§§ Adsorção: consiste na retenção superficial de gases. Uma das principais aplicações da adsorção são as
máscaras contra gases venenosos.

215
Análise cromatográfica ou cromatografia
A separação e identificação dos componentes de uma mistura, a partir de colorações diferentes. A cromatografia
tem a vantagem de permitir até mesmo a separação de componentes em quantidades muito pequenas.

Decaimentos radioativos
Introdução à radioatividade
Radioatividade é o fenômeno pelo qual um núcleo instável emite espontaneamente determinadas entidades (par-
tículas e ondas), genericamente chamadas de radiações, transformando-se em outro núcleo mais estável.

Fatores químicos, estado físico, pressão e temperatura não influem na radioatividade de um elemento, uma
vez que ela depende, mas apenas, do fato de seu núcleo ser instável.

Das três radiações mencionadas, a gama (g) é a mais penetrante – e a mais perigosa para o ser humano –,
a beta (b) tem penetração média e a alfa (a) é a menos penetrante.

Emissões radioativas
Principais emissões radioativas

Emissão Constituição Massa Carga Representação Velocidade


alfa 2 prótons e 2 nêutrons 4u +2 4
+2
a 1/10 c

beta 1 elétron >0 –1 0


b
–1
9/10 c

gama onda eletromagnética 0 0 0


0
g c
c = velocidade da luz no vácuo = 300 mil km/s

216
Emissão Constituição Massa Carga Representação
próton 1 próton 1u +1 1
+1
p

nêutron 1 nêutron 1u 0 1
0
n

pósitron “elétron positivo” >0 +1 0


b
+1

Leis de decaimento radiotivo

1a lei: lei de Soddy – emissão de partículas a

Se um átomo X emitir uma partícula a, seu número de massa diminui em 4 unidades e seu número atômico
diminui em 2 unidades: AZX 4
+2
a+  Z​  – 2​ 
A –4
Y.

As equações nucleares obedecem a um balanço dos números de massa (A) e das cargas nucleares (Z), que
são conservados.

Exemplo
 ​P   u emitir uma partícula a, ele se transforma em 235
§§ Se um átomo de ​239  
​92​U
   . Essa reação nuclear pode ser
94

representada por:
​ 94P
239
​   u 4 
2​ ​a

  + 235
​ 92U
 ​ 

2a lei: lei de Soddy-Fajans-Russel – emissão de partículas b

Se um átomo X emitir uma partícula b, seu número de massa permanece inalterado e seu número atômico
  
aumenta em 1 unidade:  A​ZX
​   
​  0​b
–1   + Z​ A+  1​Y
 .

Exemplo
 ​C
§§ Se um átomo de ​14     . A reação nuclear pode ser represen-
6   emitir uma partícula b, ele se transforma em ​ 7​N
14

tada por:
​ 6C
14
​      ​  
–1​b
0  
    + ​7N
14
​  

217
Os raios gama (g)
§§ As emissões, radiações ou raios gama (​0 0​g
   ) não são partículas, mas ondas eletromagnéticas semelhantes à
luz, cujo comprimento de onda é muitíssimo menor, portanto, cuja energia é muito mais elevada, superando
inclusive os raios X.
§§ Sem massa nem carga elétrica, eles não sofrem desvio ao atravessar um campo elétrico ou magnético.
§§ As emissões g têm sempre um poder de penetração bem maior que as partículas a e b.
§§ Uma emissão g não altera nem o número atômico (Z) nem o número de massa (A) do elemento. Em razão
disso, não se costuma escrever a emissão g nas equações nucleares.

Transmutações
§§ transmutação natural
Ocorre se um elemento químico emitir espontaneamente uma radiação e transformar-se em outro.
§§ transmutações artificiais
Ocorre se as transmutações forem obtidas por bombardeamento de núcleos estáveis com partículas a,
prótons, nêutrons.

Energia nuclear
Energia proveniente dos núcleos atômicos, mediante reações de fissão e fusão nucleares.

Fissão nuclear
É o processo em que ocorre ruptura do núcleo que é bombardeado com partículas.
§§ No processo de fissão ocorre uma reação em cadeia.

Reação em cadeia do Urânio-235

218
Na fissão nuclear, a energia desprendida por um reator nuclear transforma a água líquida em vapor, que
movimenta uma turbina que produz energia elétrica mediante um gerador, e a energia liberada em uma reação de
fissão nuclear é imensamente maior do que as liberadas em reações químicas.

Fusão nuclear
Fusão nuclear é o processo mediante o qual ocorre a união de núcleos para formar um núcleo maior.
Essa reação exige temperatura elevadíssima.
Em 1952, conseguiram realizar a primeira fusão não controlada, que constituiu a primeira bomba de
hidrogênio.
Digamos que a bomba atômica é a “espoleta” da bomba de hidrogênio, que libera a energia necessária
para a fusão.

Cinética dos decaimentos radioativos


Meia-vida ou período de semidesintegração

Vida-média
Curva de decaimento radioativa

Considere uma amostra de material radioativo de massa inicial m0. A cada meia-vida decorrida, a massa da amos-
tra reduz-se à metade.

Curva de decaimento radioativo

De uma quantidade de material radioativo inicial m0, após n meias-vidas decorridas chega-se a uma quan-
tidade m, que será dada por:

m
m = ___
​  n0 ​ 
2

219
E o tempo total decorrido Dt, desde o valor inicial m0 até se atingir o valor m, será de:

Dt = n × P

Esquematicamente:

∆t = n × P
m
m = ___
​  n0 ​ 
2

Introdução à química orgânica

Origem da expressão química orgânica


Torbern Olof Bergman, químico sueco (1777), empregou pela primeira vez a expressão Química Orgânica.
§§ Compostos orgânicos: substâncias de organismos vivos.
§§ Compostos inorgânicos: substâncias do reino mineral.

Características gerais das moléculas orgânicas


Compostos orgânicos

Orgânicos são constituídos fundamentalmente por quatro elementos: C, H, O e N, denominados elementos orga-
nógenos.
São dotados de combustão, uma vez que são compostos de C e de H, na sua maioria. A queima completa
dessas substâncias produz CO2 e H2O; a incompleta produz CO; e a parcial, apenas C (fuligem).

Ligações covalentes. Em razão disso, as forças de atração intermoleculares predomi-


Ligações e forças intermoleculares nantes são as forças de dipolo instantâneo-dipolo induzido, as forças de atração entre
dipolos permanentes, dentre elas as pontes de hidrogênio.
Em princípio, os compostos orgânicos apresentam pouca estabilidade diante de agen-
Estabilidade
tes externos, como temperatura, pressão, ácidos concentrados, entre outros.
Moleculares, na sua maioria, os compostos orgânicos apresentam pontos de fusão e
Ponto de fusão e de ebulição
ebulição baixos.
Os compostos orgânicos, em geral, são solúveis em solventes apolares e insolúveis em
Solubilidade
solventes polares, como a água.
As reações orgânicas da maioria das substâncias moleculares e de grande massa molar
Velocidade das reações
são lentas. Por isso, requerem o uso de catalisadores.

220
Características do átomo de carbono
Postulados de Kekulé
1. O carbono teria quatro valências.
2. Os átomos de C poderiam formar cadeias.
3. Os átomos de C poderiam unir-se entre si, utilizando uma ou mais valências.

Representação de cadeias carbônicas


Exemplos

Classificação dos carbonos


De acordo com os átomos a ele ligados
Um átomo de carbono pode ser classificado de acordo com o número de átomos de carbono diretamente ligados
a ele.
§§ Primário: ligado a 1 ou a nenhum átomo de carbono.
§§ Secundário: ligado a 2 átomos de carbono.
§§ Terciário: ligado a 3 átomos de carbono.
§§ Quaternário: ligado a 4 átomos de carbono.

Exemplo

P = primário
S = secundário
T = terciário
Q = quaternário

221
De acordo com o tipo de ligação (sigma/s e pi/p)
e com o tipo de hibridação (hibridização)
Ligação do Hibridação Ângulo
Ligações
átomo do átomo Geometria entre as Exemplo
estabelecidas
de carbono de carbono ligações
4 simples 4s sp3 tetraédrica 109º28’ CH4

2 simples e
3s e 1p sp2 trigonal plana 120º H2C = O
1 dupla

1 simples e
2s e 2p sp linear 180º H—C;N
1 tripla

2 duplas 2s e 2p sp linear 180º O=C=O

Classificação das cadeias carbônicas


1. Quanto ao fechamento da cadeia
§§ Cadeia aberta ou acíclica: se percorrida num sentido qualquer para chegar a uma extremidade.
§§ Cadeia fechada ou cíclica: se houver fechamento na cadeia em forma de ciclo, núcleo ou anel.
§§ Cadeia mista: quando um composto apresenta cadeia carbônica com uma parte cíclica e outra parte
acíclica ao mesmo tempo na molécula.
§§ Cadeia alifática: cadeia não aromática, ou seja, pode ser cadeia aberta, fechada ou conter ambas.
§§ Cadeia alicíclica: é aquela que apresenta cadeia carbônica fechada saturada ou insaturada, sem a
presença de aromaticidade.

2. Quanto à disposição
§§ Cadeia normal, reta ou linear: se contiver apenas átomos de carbono primários e/ou secundários.
§§ Cadeia ramificada: se contiver átomos de carbono terciários e/ou quaternários.

3. Quanto à saturação
§§ Saturada: se entre átomos de carbono houver apenas ligações simples.
§§ Insaturada: se entre átomos de carbono houver ligações duplas e/ou triplas.

4. Quanto à natureza
§§ Homogênea: se entre átomos de carbono houver apenas átomos de carbono.
§§ Heterogênea: se entre átomos de carbono houver um ou mais átomos diferentes de carbono.

Compostos aromáticos
Cadeia cíclica com presença do anel aromático (os elétrons estão em ressonância).
1. Compostos aromáticos mononucleares ou mononucleados: se contiver um único anel benzênico.
2. Compostos aromáticos polinucleares ou polinucleados: se contiver vários anéis benzênicos subdivi-
didos em:
§§ polinucleares isolados: se os anéis não tiverem átomos de carbono em comum;
§§ polinucleares condensados: se os anéis tiverem átomos de carbono em comum.

222
Resumo das cadeias carbônicas

Hidrocarbonetos
Compostos formados unicamente por carbono e hidrogênio podem ser representados, genericamente, por CxHy,
cuja nomenclatura leva o sufixo o.

Alcanos ou parafinas – fórmula geral CnH2n + 2


São hidrocarbonetos alifáticos saturados com ligações simples.

Propriedades físicas dos alcanos


§§ Os alcanos são pouco reativos, porque as ligações entre C – H e C – C são muito estáveis e difíceis de serem
quebradas.
§§ São mais utilizados para a queima (combustão), como combustíveis.
§§ Os alcanos são compostos apolares, apresentando interação dipolo induzido-dipolo induzido entre as mo-
léculas.
§§ Eles são insolúveis em água e solúveis em solventes apolares.
§§ Possuem densidades menores que 1 g ∙ cm-3, flutuando sobre a água.

Alcenos (alquenos) – fórmula geral CnH2n


Também conhecidos como olefinas, são hidrocarbonetos acíclicos contendo uma única ligação dupla entre os
carbonos em sua cadeia carbônica.

Propriedades físicas dos alcenos


§§ São insolúveis em água e solúveis em solventes apolares.
§§ São menos densos que a água.
§§ Os pontos de ebulição aumentam de forma igual, segundo o número de carbonos na cadeia.
§§ Os alcenos são mais reativos do que os alcanos por possuírem uma ligação dupla, que é mais fácil de ser
quebrada.
§§ Sofrem reações de adição e também de polimerização.

223
Alcinos (alquinos) – fórmula geral CnH2n – 2
São hidrocarbonetos acíclicos contendo uma única ligação tripla entre os carbonos em sua cadeia carbônica.

Propriedades físicas dos alcinos


§§ São compostos de baixa polaridade.
§§ São insolúveis em água e solúveis em solventes apolares.
§§ São menos densos que a água.
§§ Têm os pontos de fusão e ebulição crescentes com o aumento do número de carbonos na cadeia.
§§ Os alcinos são preparados em laboratório porque não se encontram livres na natureza, devido a sua tripla
ligação, que é muito reativa.

Alcadienos (dienos) – fórmula geral CnH2n – 2


São hidrocarbonetos acíclicos contendo duas ligações duplas entre os carbonos em sua cadeia carbônica.

Cicloalcanos, ciclanos ou cicloparafinas –


fórmula geral CnH2n
São hidrocarbonetos de cadeia fechada (cíclica) com ligações simples tão somente.

Cicloalcenos, cicloalquenos, ciclenos ou ciclolefinas –


fórmula geral CnH2n – 2
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados com uma ligação dupla.

Aromáticos (não há fórmula geral)


São hidrocarbonetos de cadeia fechada que apresentam pelo menos um anel benzênico (núcleo aromático).

Nomenclatura oficial IUPAC


O nome de uma molécula orgânica é composto de três elementos fundamentais:

prefixo + infixo + sufixo

§§ Prefixo: indica o número de átomos de carbono da cadeia principal.

1C MET 6C HEX 11C UNDEC


2C ET 7C HEPT 12C DODEC
3C PROP 8C OCT 13C TRIDEC
4C BUT 9C NON 14C TETRADEC
5C PENT 10C DEC 15C PENTADEC

224
§§ Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos de carbono.

§§ Sufixo: indica a função orgânica. No caso específico dos hidrocarbonetos, o sufixo é o. Alguns sufixos
bastante usuais:
Função Grupo funcional Sufixo

Álcool -ol

Ácido carboxílico -oico

Aldeído -al

Cetona -ona

Amina -amina

Exemplos:
H3C — CH2 — CH2 — CH3

Nº de átomos Ligação Função Nome


4C ä but simples ä an hidrocarboneto ä o butano

5 4 3 2 1
H3C — CH2 — C ; C — CH3

Nº de átomos Ligação Função Nome


tripla entre os
5C ä pent hidrocarboneto ä o pent–2–ino
carbonos 2 e 3 ä 2 – in

Nº de átomos Ligação Função Nome


3C em cadeia cíclica ä
dupla ä en hidrocarboneto ä o ciclopropeno
cicloprop

225
Grupos orgânicos ou radicais
Esses radicais se formam por meio de cisão homolítica, que é um rompimento de uma ligação covalente, em que
cada um desses átomos fica com um dos elétrons que antes estavam sendo compartilhados na ligação.
Esses radicais livres são bastante instáveis, ou seja, possuem vida curta, pois eles possuem elétrons livres
ou elétrons desemparelhados dos radicais, reagem ativamente com qualquer molécula próxima, formando novos
compostos. Quando dois radicais orgânicos ligam-se, forma-se uma cadeia carbônica.

Principais grupos ou radicais


Radical Nome

Metil

Etil

— Propil ou n-propil

Isopropil

Butil ou n-butil

Sec-butil ou s-butil

Isobutil

Terc-butil ou t-butil

Vinil ou etenil

Benzil

Fenil

Nomenclatura de hidrocarbonetos ramificados


É feita de acordo com as seguintes regras da IUPAC:
1. Localizar a cadeia de átomos de carbono mais comprida (cadeia principal).
2. A numeração da cadeia principal começa onde o substituinte estiver mais próximo, ou seja,
de modo com que se obtenham os menores números possíveis para os substituintes. Depois, identifique os
substituintes.

226
3. Para montar o nome do composto, o grupo substituinte, precedido pelo número que designa a sua localiza-
ção na cadeia (quando necessário), é colocado em primeiro lugar; o nome da cadeia principal é colocado
em último lugar.
Os grupos devem ser escritos em ordem alfabética.
Exemplo:

4. Quando duas ou mais cadeias de comprimento igual competem pela seleção com a cadeia principal, esco-
lher a que tiver o maior número de substituintes.
5. Quando a ramificação acontecer numa distância igual em qualquer dos lados da cadeia principal, escolher
o nome em que a soma das posições das ramificações dá o menor número.

Para hidrocarbonetos insaturados


(alcenos, alcinos e dienos) ramificados
Nomenclatura segue a mesma regra dos alcanos ramificados, com algumas diferenças:

1. A cadeia principal é a cadeia mais longa que deve conter a dupla ou a tripla ligação.
2. A numeração da cadeia é sempre feita a partir da extremidade mais próxima da ligação dupla ou
tripla.
3. É necessário indicar a localização da ligação dupla ou tripla usando o menor número do átomo da
ligação dupla ou tripla.
4. Para dienos, as regras de nomenclatura dos alcanos e alcenos são válidas, sendo diferente somente na hora
de selecionar a cadeia principal, que deve conter as duas duplas.

227
Cadeias cíclicas ramificadas
§§ Cicloalcanos (ciclanos) – a nomenclatura de cicloalcanos ramificados segue as mesmas regras que a
dos alcanos ramificados, acrescentando o prefixo – ciclo na cadeia principal, seguindo os seguintes
passos para a numeração das ramificações:
§§ Se apenas um substituinte estiver presente, não será necessário atribuir sua posição.
§§ Quando dois ou mais substituintes estiverem presentes, numeramos o anel começando pelo substituinte,
primeiro em ordem alfabética, e o número na direção que dá aos substituintes o menor número possível.
Exemplo:

§§ Cicloalcenos – a nomenclatura de cicloalcenos ramificados segue as mesmas regras que a dos alcenos
ramificados, acrescentando-se o prefixo –ciclo na cadeia principal e seguindo os mesmos passos dos ci-
cloalcanos para a numeração das ramificações. Só não será necessário identificar a posição da dupla, pois
sempre irá começar com C1 e C2.
Exemplo:

Aromáticos ramificados
Se a cadeia principal apresentar apenas um anel benzênico, ela é chamada simplesmente de benzeno e pode
apresentar um ou mais grupos (ramificações).

228
Caso haja duas ramificações, são bastante empregados os prefixos orto- (o), meta- (m) e para- (p), a fim
de indicar as posições 1,2 (ou 1,6); 1,3 (ou 1,5) e 1,4, respectivamente.
Exemplos:

229
U.T.I. - Sala
1. Analise as seguintes afirmativas, justificando as que estiverem erradas.
I. Os hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que possuem pelo menos um anel ou núcleo aro-
mático, isto é, um ciclo plano com seis átomos de carbono que estabelecem entre si ligações
ressonantes.
II. Devido à ressonância das ligações duplas, os aromáticos não são compostos estáveis e só reagem
em condições enérgicas.
III. O metilbenzeno, conhecido comercialmente por tolueno, é um composto aromático derivado do
benzeno e possui fórmula molecular C7H14.

2. As técnicas de separação dos componentes de uma mistura baseiam-se nas propriedades físico-
-químicas desses componentes. Assim, considerando os sistemas, apresentados a seguir (figuras 1,
2 e 3), associe as misturas às figuras que representam os equipamentos adequados a suas separa-
ções, bem como às propriedades físico-químicas responsáveis pela utilização da técnica. Justifique
suas escolhas.
Sistema
a) Água e areia
b) Água e tetracloreto de carbono
c) Água e etanol

Propriedade
1) Temperatura de ebulição
2) Solubilidade
3) Densidade

3. A água é um dos principais fatores para a existência e manutenção da vida na Terra. Na superfície
de águas muito frias, há uma tendência de se formar uma crosta de gelo, mas, abaixo dela, a água
permanece no estado líquido. Isso permite que formas de vida como peixes e outros organismos
consigam sobreviver mesmo em condições muito severas de temperatura.
Analise os dois gráficos abaixo que representam simplificadamente as variações de densidade de
duas substâncias em temperaturas próximas às respectivas temperaturas de fusão (TF).

a) O gráfico que representa o comportamento da água é o I ou o II? JUSTIFIQUE a sua escolha com base
nas informações apresentadas e em outros conhecimentos sobre o assunto.
Uma amostra de água pura, inicialmente sólida, foi aquecida até algum tempo após sua completa fu-
são. A figura representa a variação da temperatura dessa amostra durante esse processo.

230
b) A fusão de uma substância é um processo endotérmico ou exotérmico?
Considere que durante todo o processo a amostra de água receba um fluxo contínuo e uniforme de
calor.
c) EXPLIQUE por que a temperatura aumenta nas regiões I e III, indicadas no gráfico.

4. Em um experimento, foi utilizada uma amostra contendo partes iguais dos radioisótopos bismu-
to-212 e bismuto-214. Suas respectivas reações nucleares de decaimento estão indicadas abaixo:
212
Bi → 212Po + b
214
Bi → 210Tℓ + a

Observe o gráfico, cujas curvas representam as variações das massas desses radioisótopos ao longo
das duas horas de duração do experimento.

Determine o tempo de meia-vida do radioisótopo 214Bi.

5. (UPF) No fim do século XIX, o físico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937) foi convencido
por J. J. Thomson a trabalhar com o fenômeno então recentemente descoberto: a radioatividade.
Seu trabalho permitiu a elaboração de um modelo atômico que possibilitou o entendimento da
radiação emitida pelos átomos de urânio, polônio e rádio. Aos 26 anos de idade, Rutherford fez
sua maior descoberta. Estudando a emissão de radiação de urânio e do tório, observou que existem
dois tipos distintos de radiação: uma que é rapidamente absorvida, que denominamos radiação
alfa (a) e uma com maior poder de penetração, que denominamos radiação beta (b).
Sobre a descoberta de Rutherford podemos afirmar ainda:

I. A radiação alfa é atraída pelo polo negativo de um campo elétrico.


II. O baixo poder de penetração das radiações alfa decorre de sua elevada massa.
III. A radiação beta é constituída por partículas positivas, pois se desviam para o polo negativo do
campo elétrico.
IV. As partículas alfa são iguais a átomos de hélio que perderam os elétrons.

Quais afirmações estão corretas e por quê?

231
U.T.I. - E.O.
1. O gás dióxido de enxofre (SO2) pode ser produzido pela decomposição do tiossulfato de sódio
(Na2S2O3), conforme a equação descrita, reagindo com a água da atmosfera e produzindo a chuva
ácida. Em altas concentrações, esse gás reage ainda com a água dos pulmões formando ácido sul-
furoso (H2SO3), o que provoca hemorragias.
S2O3-2(aq) + 2H3O+(aq) → S(s) + SO2(g) + 3H2O(ℓ)
a) Cite um procedimento físico que pode ser empregado para separar o enxofre sólido da mistura resul-
tante da decomposição do tiossulfato de sódio. Justifique sua resposta.
b) Escreva a equação representativa da reação do dióxido de enxofre com a água dos pulmões e determine
o teor percentual, em massa, de enxofre presente no produto formado. Apresente os cálculos.
Dados: H = 1; S = 32; O = 16.

2. Em um laboratório, encontram-se os frascos A, B e C. Sabe-se que eles contêm acetato de etila, uma
mistura de acetona com água 50% (v/v), e uma solução aquosa de cloreto de sódio na concentração
de 10% (m/v), porém, os rótulos não permitem a identificação do conteúdo de cada frasco.

a) Indique uma propriedade física que possa ser utilizada para distinguir os líquidos contidos nos frascos
A, B e C.
b) Depois de identificar o frasco que contém a mistura de água e acetona, apresente e descreva um pro-
cesso que resulte na separação dos componentes da mistura.

3. Para um químico, ao desenvolver uma análise, é importante verificar se o sistema com o qual está
trabalhando é uma substância pura ou uma mistura. Dependendo do tipo de mistura, podemos se-
parar seus componentes por diferentes processos. Assinale as afirmativas a seguir, classificando-as
em certo ou errado e justificando sua resposta.
a) Uma mistura homogênea pode ser separada através de decantação.
b) A mistura álcool e água pode ser separada por filtração simples.
c) A mistura heterogênea entre gases pode ser separada por decantação.
d) Podemos afirmar que, ao separarmos as fases sólidas e líquida de uma mistura heterogênea, elas serão
formadas por substâncias puras.
e) O método mais empregado para a separação de misturas homogêneas sólido-líquido é a destilação.

4. Em 1996, o prêmio Nobel de Química foi concedido aos cientistas que descobriram uma molécula
com a forma de uma bola de futebol, denominada fulereno (C60). Além dessa substância, o grafite
e o diamante também são constituídos de carbono. Os modelos moleculares dessas substâncias
encontram-se representados abaixo.

232
Após observar as imagens anteriores responda:
a) Qual o tipo de ligação existente?
b) Qual a relação entre as três estruturas?

5. Numa sequência de desintegração radioativa que se inicia com o ​ 84​P


218
   o, cuja meia-vida é de 3 minu-
tos, a emissão de uma partícula alfa gera o radioisótopo X, que, por sua vez, emite uma partícula
beta, produzindo Y.
a) Partindo-se de 40 g de Polônio–218, qual a massa, em gramas, restante após 12 minutos de desinte-
gração? Apresente os cálculos.
b) Identifique os radioisótopos X e Y, indicando suas respectivas massas atômicas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A cada quatro anos, durante os Jogos Olímpicos, bilhões de pessoas assistem à tentativa do Homem
e da Ciência de superar limites. Podemos pensar no entretenimento, na geração de empregos, nos
avanços da Ciência do Desporto e da tecnologia em geral. Como esses jogos podem ser analisados
do ponto de vista da Química? As questões a seguir são exemplos de como o conhecimento químico
é ou pode ser usado nesse contexto.

6. As provas de natação da Olimpíada de Beijing foram realizadas no complexo aquático denominado


"Water Cube". O volume de água de 16.000 m3 desse conjunto passa por um duplo sistema de fil-
tração e recebe um tratamento de desinfecção, o que permite a recuperação quase total da água.
Além disso, um sistema de ventilação permite a eliminação de traços de aromas das superfícies
aquáticas.
O texto acima relata um processo de separação de misturas. Dê o nome desse processo e explique que
tipo de mistura ele permite separar.

7. O naftaleno, comercialmente conhecido como naftalina, empregado para evitar baratas em rou-
pas, funde em temperaturas superiores a 80 °C. Sabe-se que bolinhas de naftalina, à temperatura
ambiente, têm suas massas constantemente diminuídas, terminando por desaparecer sem deixar
resíduo. Essa observação pode ser explicada por qual fenômeno?

8. O radioisótopo 222 do 86Rn, por uma série de desintegrações, transforma-se no isótopo 206 do 82Pb.
Determine o número de partículas alfa e o número de partículas beta envolvidas nessas transfor-
mações.

9. Na sequência radioativa:

216
​  →  
​ 84A

212
​   →  
​ 82B 212
 ​  →  
​ 83C ​   →  
​ 84D
212
​ 82E
208
​  

temos, sucessivamente, emissões de quais partículas?

10. Pelo sistema IUPAC, a nomenclatura correta para os compostos abaixo:

H3C − CH − CH − CH2 − CH3


 
CH2 CH3

CH3
e

H3C − CH2 − C −
− C − CH − CH3

C6H5

233
1
1. Dado o diagrama de aquecimento de um material:

Responda se o mesmo representa uma substância pura ou uma mistura e qual sua temperatura de
ebulição.

12. Em junho de 2013, autoridades japonesas relataram a presença de níveis de trítio acima dos li-
mites tolerados nas águas subterrâneas acumuladas próximo à central nuclear de Fukushima. O
trítio, assim como o deutério, é um isótopo do hidrogênio e emite partículas beta (β).
Ante o exposto:
a) escreva a equação química que representa a fusão nuclear entre um átomo de deutério e um átomo de
trítio com liberação de um nêutron (n);
b) identifique o isótopo do elemento químico formado após o elemento trítio emitir uma partícula beta.

13. O criptônio-89 possui o tempo de meia-vida igual a 3,16 minutos. Dispondo-se de uma amostra
contendo 4,0 · 1023 átomos desse isótopo, responda:
a) Defina tempo de meia-vida.
b) Para esta amostra, ao fim de quanto tempo restarão 1,0 · 1023 átomos?

1
4. Considere a tabela a seguir, na qual são apresentadas algumas propriedades de dois radioisótopos,
um do polônio e um do rádio.

Meia-vida Partícula
Radioisótopo
(anos) emitida
Polônio-208 3 α
Rádio-224 6 β

Em um experimento, duas amostras de massas diferentes, uma de polônio-208 e outra de rá-


dio-224, foram mantidas em um recipiente por 12 anos. Ao final desse período, verificou-se que a
massa de cada um desses radioisótopos era igual a 50 mg.
Calcule a massa total, em miligramas, de radioisótopos presente no início do experimento.
Escreva também os símbolos dos elementos químicos formados no decaimento de cada um desses
radioisótopos.

15. Em 1921, E. Rutherford e J. Chadwick relataram que, ao bombardear átomos de nitrogênio (​14  7N
​   )

com partículas alfa (núcleos de 2​​H
4
   e), ocorria a liberação de prótons. Posteriormente, eles afirma-
ram:
Não há informação sobre o destino final da partícula alfa... É possível que ela se ligue, de alguma
maneira, ao núcleo residual. Certamente ela não é reemitida pois, se assim fosse, poderíamos
detectá-la.
Anos mais tarde, P. Blackett demonstrou que, na experiência relatada por Rutherford e Chadwick,
havia apenas a formação de um próton e de outro núcleo X. Também lembrou que, na colisão da
partícula alfa com o átomo de nitrogênio, deveria haver conservação de massa e de carga nuclear.
a) Com base nas informações acima, escreva a equação nuclear representativa da transformação que
ocorre ao se bombardear átomos de nitrogênio com partículas alfa.

234
b) O núcleo X formado na experiência descrita é um isótopo de nitrogênio? Explique sua resposta.

1
6. Para determinar o tempo em que certa quantidade de água permaneceu em aquíferos subterrâne-
os, pode-se utilizar a composição isotópica com relação aos teores de trítio e de hidrogênio. A água
da chuva apresenta a relação 1H3/1H1 = 1,0 · 10-17 e medições feitas na água de um aquífero mostra-
ram uma relação igual a 6,25 · 10-19. Um átomo de trítio sofre decaimento radioativo, resultando
em um átomo de um isótopo de hélio, com emissão de uma partícula β. Forneça a equação química
para o decaimento radioativo do trítio e, sabendo que sua meia-vida é de 12 anos, determine por
quanto tempo a água permaneceu confinada no aquífero.

7. Qual a nomenclatura da estrutura seguinte?


1

1
8. Descreva o método mais adequado para a separação das seguintes misturas: gasolina-água e nitro-
gênio-oxigênio.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Deverá entrar em funcionamento em 2017, em Iperó, no interior de São Paulo, o Reator Multi-
propósito Brasileiro (RMB), que será destinado à produção de radioisótopos para radiofármacos e
também para produção de fontes radioativas usadas pelo Brasil em larga escala nas áreas indus-
trial e de pesquisas. Um exemplo da aplicação tecnológica de radioisótopos são sensores contendo
fonte de amerício-241, obtido como produto de fissão. Ele decai para o radioisótopo neptúnio-237
e emite um feixe de radiação. Fontes de amerício-241 são usadas como indicadores de nível em
tanques e fornos mesmo em ambiente de intenso calor, como ocorre no interior dos alto fornos da
Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA).
A produção de combustível para os reatores nucleares de fissão envolve o processo de transforma-
ção do composto sólido UO2 ao composto gasoso UF6 por meio das etapas:

I. UO2(s) + 4HF(g) → UF4(s) + 2H2O(g)


II. UF4(s) + F2(g) → UF6(g)
(Adaptado de www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2012/02/reator-deve-garantir-autossuficiencia-brasileira-em-
radiofarmacosa-partir-de-2017 e H. Barcelos de Oliveira, Tese de Doutorado, IPEN/CNEN, 2009, in: www.pelicano.ipen.br)

1
9. (Fgv) Considerando o tipo de reator mencionado no texto, classifique cada uma das afirmações em
V (verdadeira) ou F (falsa) justificando-as.
( ) No processo de fissão nuclear, o núcleo original quebra-se em dois ou mais núcleos menores, e
uma grande quantidade de energia é liberada.
( ) Os núcleos que podem sofrer fissão são denominados fissionáveis, e entre eles estão isótopos
de urânio.
( ) No reator de fissão, ocorre uma reação em cadeia sustentada por prótons produzidos na quebra
do isótopo fissionável.

235
U.T.I.
1/2
Química 3
Grandezas Químicas
Introdução
A medida de uma grandeza é feita por comparação com uma grandeza padrão convenientemente escolhida. Desta
forma, a medida da massa de um corpo é feita comparando-a com a massa de um padrão adequadamente escolhido.

Massa atômica (MA)


Unidade de massa atômica (u)
Átomos individuais são muito pequenos para serem vistos e pesados. Porém, podemos determinar a massa de um
átomo comparando-a com a massa de um átomo de outro elemento, escolhido como padrão.
​  1  ​ da massa de um átomo do isótopo 12 do elemento
Uma unidade de massa atômica (1 u) corresponde a ___
12
carbono.
O valor de 1 u é 1,66 × 10–24 g, que corresponde aproximadamente à massa de um próton ou de um nêutron.

Massa atômica (MA)

Massa atômica é o número que indica quantas vezes a massa de um átomo de um determinado elemento é
​  1  ​ ​da massa do átomo de 12C.
maior que 1 u, ou seja, ___
12

Observação: não confunda massa atômica com número de massa!

§§ Número de massa (A) é um número inteiro e positivo, definido como a soma do número de prótons
(Z = P) com o número de nêutrons (N), ou seja, A = P + N.
O aparelho utilizado na determinação da massa atômica chama-se espectrômetro de massa.

Massa atômica de um elemento


Um mesmo elemento é constituído, muitas vezes, por átomos de diferentes massas, denominados isótopos.

A massa atômica de um elemento é, então, determinada pela média ponderada das massas dos isótopos
naturais que compõem esse elemento:

A × %A1 + A2 × %A2 + ... + An × %An


M = ​  1____________________________
        ​
100%

239
Massa molecular (MM)
A massa de uma molécula é a soma das massas atômicas dos átomos que constituem essa molécula.

Exemplo:
C6H12O6 (C = 12 u, H = 1 u, O = 16 u)

Massa molecular do C6H12O6: MM = (12 × 6) + (1 × 12) + (16 × 6) = 180 u

Constante ou número de Avogadro (Na)


É o número de átomos em x gramas de qualquer elemento, sendo x a massa atômica do elemento. Portanto,
existem:

NA = 6,02 × 1023 átomos

Conceito de mol
Mol é a quantidade de matéria que contém tantas entidades (átomos, moléculas, elétrons, partículas etc.) elemen-
tares quantos são os átomos de carbono-12 contidos em 0,012 kg do carbono-12.
Portanto, é uma quantidade de 6,02 × 1023 partículas quaisquer.

Exemplos:
§§ 1 mol de átomos contém 6,02 × 1023 átomos.
§§ 1 mol de moléculas contém 6,02 × 1023 moléculas.
§§ 1 mol de íons contém 6,02 × 1023 íons.
§§ 1 mol de elétrons contém 6,02 × 1023 elétrons etc.

Massa molar (M)


É a massa que contém 6,02 × 1023 unidades. Sua unidade é g/mol (grama/mol) ou g × mol–1.

Massa molar de um elemento (M)

A massa molar de um elemento é a massa em gramas de 1 mol de átomos desse elemento, ou seja,
6,02 × 1023 átomos. A massa molar de um elemento é numericamente igual à sua massa atômica expressa em gramas.

Massa molar de uma substância (M)

A massa molar de uma substância é a massa em gramas de 1 mol de moléculas da referida substância. A
massa molar de uma substância é numericamente igual à sua massa molecular expressa em u.

240
Massa molar de um íon (M)

A massa molar de um íon é a massa em gramas de 1 mol de íons e é numericamente igual à massa do íon
expressa em u.

Número de mol (n)


massa em gramas
n = _____________________
  
​    ​
massa molar em grama/mol

m  ​
n = ​ __
M

Fórmulas e leis ponderais


Introdução
Quando um químico se depara com um material desconhecido, ele procura, através de diversas técnicas físicas e
químicas, encontrar a composição desse material.
A primeira providência é fazer a análise imediata do material; a próxima providência é fazer uma análise
elementar de cada uma delas.

1. Submetido à analise imediata.


2. Submetido à analise qualitativa.
3. Submetido à analise quantitativa.
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas em uma reação química é chamado estequiometria,
e para efetuarmos os cálculos estequiométricos, devemos conhecer as proporções entre os elementos que formam
as diferentes substâncias.

Fórmula percentual

Indica a porcentagem, em massa, de cada elemento que constitui a substância.

241
Fórmula mínima ou empírica

Fórmula mínima indica a menor proporção, em números inteiros de mol, dos átomos dos elementos que
constituem uma substância.

Fórmula molecular

Fórmula molecular indica o número real de átomos de cada tipo na molécula.

Observação: em alguns casos, a fórmula molecular é igual à fórmula mínima; em outros, porém, é um
múltiplo inteiro da fórmula mínima.

Leis ponderais
Relacionam as massas dos participantes de uma reação.

Lei da conservação das massas – lei de Lavoisier

Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Isso significa que, em reação química, a matéria não é criada nem destruída.

Em um sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à massa total dos produtos.

Para uma reação genérica:

Δ
A+B C+D
mA mB mC mD

massas dos reagentes produto

Tem-se, então:

mA + mB = mC + mD

Lei das proporções definidas – lei de Proust

Toda substância apresenta uma proporção em massa constante na sua composição.

242
Lei volumétrica – lei de Gay-Lussac

Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes dos gases participantes de uma reação quími-

ca têm entre si uma relação de números inteiros e pequenos.

Estequiometria
Estequiometria é o estudo das relações entre as quantidades de reagentes e/ou produtos numa reação química.
Essas relações podem ser feitas em mol, massa, volume, número de moléculas etc.

Roteiro para resolução de problemas de estequiometria


§§ Escrever a equação química da reação envolvida no problema.
§§ Acertar os coeficientes estequiométricos da equação.
§§ Estabelecer uma regra de três entre as grandezas. Se necessário, fazer a transformação do número de mol
para outra grandeza.
Observação: além da lei de Lavoisier, merece atenção especial a lei de Proust. As duas leis respondem
basicamente por todo o cálculo estequiométrico.
A lei de Proust afirma que “as substâncias reagem em proporções fixas e definidas”.

Cálculos envolvendo volumes de substâncias gasosas


Não se aplica a razão entre volumes quando a substância se encontra como líquido ou sólido. Ela é usada apenas
para gases e vapores. Em vários problemas envolvendo substâncias gasosas, fala-se de Condições Normais de
Temperatura e Pressão (CNTP) e também em Condições Ambientais (CA). Um volume molar é próximo
de 25 L/mol. Nas condições ambientes e 22,4 L/mol nas CNTP.

Casos particulares de estequiometria


Excesso de reagente
As reações químicas ocorrem sempre em uma proporção constante. Se uma das substâncias que participa da rea-
ção estiver em quantidade maior que a proporção correta, ela não será consumida totalmente. Essa quantidade de
substância que não reage é chamada excesso.
Logo, as substâncias não reagem na proporção em que nós as misturamos, mas sim na proporção
em que a equação – ou seja, a lei de Proust – determina, e devemos sempre nos lembrar de que é o re-
agente em falta ou reagente limitante (fator limitante) que “comanda” toda a reação, pois, no instante em
que ele acaba, a reação será interrompida.

243
Pureza
Geralmente, os reagentes utilizados nas indústrias não são totalmente puros.
Portanto, ao realizar os cálculos estequiométricos da quantidade de produto que será formada ou da quan-
tidade de reagente que teremos que usar, temos que levar em consideração o seu grau de pureza.
O grau de pureza (p) é dado pela razão entre a massa de substância pura e a massa total da amostra.

mpura
p = ________
​ m   
 ​
total (impura)

Assim, quando for preciso calcular a massa de produto obtido a partir de um reagente impuro, temos que,
primeiro, calcular qual é a parte pura da amostra e, depois, efetuar os cálculos com o valor obtido.

Reações consecutivas
Nesse tipo de problema, é indispensável que:
§§ todas as equações estejam balanceadas individualmente.
§§ as substâncias “intermediárias” sejam canceladas.
§§ daí para diante, recaímos num cálculo estequiométrico comum.

Rendimento
Quando o rendimento da reação não é total, a quantidade de produto obtido é menor que a quantidade esperada
teoricamente.
Isso pode acontecer devido a diversos fatores:
§§ Podem ocorrer reações paralelas à que desejamos.
§§ A reação pode ficar incompleta por ser reversível.
§§ Podem ocorrer perdas de produto durante a reação, como ao serem usadas aparelhagens de má qualidade.

Rendimento (R) é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida em uma reação e a quanti-
dade que teoricamente seria obtida, de acordo com a equação química correspondente.

Quantidade real
Rendimento: ​  _______________
    ​ × 100 (em %)
  
Quantidade teórica

Volume de ar nas reações químicas


O ar participa de muitas reações, principalmente nas reações de oxidação, como as combustões. Na realidade,
porém, o único componente do ar que reage é o oxigênio, sendo que o nitrogênio é considerado inerte.
Dessa forma, quando uma reação se processa com a participação do ar, pode ser necessário encontrarmos
fatores como: qual a massa de oxigênio que reagiu, qual o volume do ar utilizado, qual o volume dos gases finais
da reação, quanto de nitrogênio estava presente no ar e nos gases finais e assim por diante.

244
Misturas de reagentes
Somente as substâncias puras têm fórmulas químicas e somente com elas podemos escrever equações químicas.
Às vezes, é preciso saber quanto de cada componente deve ser misturado para formar outra mistura de
composição previamente fixada.
Nesses problemas, a dificuldade fundamental é: as misturas não são obrigadas a obedecer a uma proporção
constante.

1° caso: quando a composição da mistura reagente é dada


O ideal é resolver as equações químicas separadas, efetuando o cálculo estequiométrico também separadamente.

2° caso: quando a composição da mistura reagente não é


conhecida, pelo contrário, constitui a pergunta do problema
Neste caso, também não podemos somar as equações porque não conhecemos a proporção. Assim sendo, o cami-
nho é trabalhar com cada equação química separadamente, como foi feito no 1° caso. Inicialmente, vamos adotar
o seguinte raciocínio:

Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma pressão e temperatura, contêm o mesmo número de moléculas.

Leis físicas dos gases

Volume molar
O volume ocupado por um mol de qualquer substância é chamado volume molar.
Um conjunto de valores de pressão e temperatura padronizados no estudo dos gases é: 1 atm e 0 ºC. Essas
condições experimentais são chamadas condições normais de temperatura e pressão (CNTP ou TPN).
Experimentalmente, verifica-se que o volume molar de qualquer gás ou vapor, se medido nas condições
normais de temperatura e pressão, corresponde a 22,4 litros.

Vmolar (CNTP) = 22,4 L/mol ou 22,4 L · mol–1

Equação de estado de um gás


A partir de estudos experimentais dos gases, o francês Clapeyron estabeleceu uma relação matemática entre as
variáveis de estado de um gás. Essa relação é chamada equação de estado de um gás ideal ou equação de
Clapeyron:

P·V=n·R·T

245
Da qual:
§§ P é a pressão exercida pelo gás e é expressa em milímetros de mercúrio (mm de Hg) ou em atmosfera (atm).
§§ V é o volume ocupado pelo gás.
§§ T é a temperatura absoluta do gás.
§§ n é o número de moléculas.
§§ R é a constante universal dos gases.

Transformações gasosas
Em estado gasoso, as substâncias:
1. não apresentam forma definida;
2. não apresentam volume próprio;
3. sofrem grandes variações de volume, se as condições de pressão e temperatura a que estão submetidas
forem alteradas;
4. apresentam baixa densidade;
5. exercem pressão: quanto maior a quantidade de gás em um recipiente, maior a pressão por ele exercida.

Teoria cinética dos gases


1. As partículas de um gás estão em movimento constante e desordenado.
2. A velocidade das partículas de um gás é maior quanto maior for a temperatura.
3. A força de atração entre as partículas gasosas é praticamente nula.
4. Submetidas à mesma temperatura, moléculas de gases apresentam a mesma energia cinética média.
5. As partículas de um gás movem-se em linha reta.
6. A distância entre as partículas gasosas é muito maior do que o tamanho das partículas.
7. Um gás tanto ocupa todo o volume do recipiente quanto pode escapar dele.
8. Os gases são altamente compressíveis. No entanto, sob qualquer aumento de pressão, as partículas se
aproximam, reduzindo o volume ocupado.
9. A pressão exercida pelos gases é determinada pelo número de colisões, por unidade de tempo, entre as
partículas e as paredes do recipiente, portanto, quanto maior a quantidade de gás maior é o número de
partículas, maior é o número de colisões e maior é a pressão. A pressão exercida por um gás confinado num
recipiente aumenta com o aumento da temperatura.
Sob o ponto de vista microscópico, o estado de um gás é caracterizado por três variáveis: volume, tempera-
tura e pressão, denominadas variáveis de estado.
§§ Volume – espaço ocupado por uma substância. No caso dos gases, o volume de uma dada amostra é igual
ao volume do recipiente que a contém.
§§ Temperatura – é a medida do grau de agitação das partículas.
§§ Pressão – definida como força por unidade de área.

246
Leis físicas dos gases
Uma dada massa de gás sofre uma transformação se ocorrerem variações nas suas variáveis de estado.

Lei de Boyle-Mariotte
“À temperatura constante, uma determinada massa de gás ocupa um volume inversamente proporcional à pressão
exercida sobre ele”.
Essa transformação gasosa é chamada de isotérmica.

Experiência de Boyle-Mariotte

Gráfico pressão-volume

P1 · V1 = P2 · V2

247
Lei de Charles/Gay-Lussac
“À pressão constante, o volume ocupado por uma massa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura
absoluta”.
Essa transformação gasosa é chamada de isobárica.

Graficamente:

Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética das moléculas. Portanto, para manter a pressão
constante, ocorre um aumento do volume.
Conclusão:

__V V
​  1 ​ = ​ __2 ​ 
T1 T2

248
Lei de Gay-Lussac
“A um volume constante, a pressão exercida por uma determinada massa fixa de gás é diretamente proporcional
à temperatura absoluta”.
Essa transformação gasosa é denominada isocórica, isométrica ou isovolumétrica.

Graficamente:

Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética das moléculas. Com isso, aumenta também o número de
colisões, bem como (e consequentemente) a força aplicada em uma determinada área, ou seja, a pressão.

Conclusão:

P P
​ __1 ​ = ​ __2 ​ 
T1 T2

249
Gás ideal × gás real
Um gás ideal é aquele cujo comportamento experimental obedece às equações matemáticas até aqui vistas.

Equação geral dos gases

Permite conhecer o volume de um gás em determinadas condições de temperatura e pressão e determinar seu novo
volume em outras condições de temperatura e pressão.

P ·  ​
​ ____V  = cte ä (para determinada massa fixa de gás).
T
ou

P V P2V2
____
​  1  ​1  = ____
​   ​  
T1 T2

Misturas gasosas
Equação geral dos gases numa mistura
A mistura entre dois ou mais gases sempre constitui um sistema homogêneo.
§§ Para uma mistura gasosa qualquer, a quantidade em mol resulta:
Sn = n1 + n2 + n3 + ...

§§ Para uma mistura qualquer, contendo dois ou mais gases, a equação fica assim representada:

P · V _____
_____ P · V2 P ·  ​V  
​  1  ​1 
 + ​  2  ​   + ... = ​ ____
T1 T2 T

Pressão parcial
Corresponde à pressão que este gás exerceria, caso estivesse sozinho ocupando o mesmo volume e à mesma
temperatura da mistura.

A pressão total do sistema corresponde à soma das pressões parciais exercidas pelos gases que compõem
a mistura.
A conclusão acima é chamada de lei de Dalton. Mostrando matematicamente, temos que:

PTOTAL = P1 + P2 + P3 + ... + Pn ou PTOTAL = Sp

A pressão exercida pela mistura gasosa está diretamente relacionada à quantidade de partículas de cada
gás. Logo, quanto mais partículas de gases houver, maior será a pressão parcial de cada gás e, consequentemente,
maior será a pressão total.

250
Volume parcial
Corresponde ao volume que este gás ocuparia, caso estivesse sozinho submetido à pressão P da mistura, na tem-
peratura T da mistura.

O volume que um gás ocupa em uma mistura gasosa é exatamente igual à soma dos volumes parciais de
todos os gases que compõem a mistura.
A conclusão acima é chamada de lei de Amagat. Mostrando matematicamente, temos que:

VTOTAL = V1 + V2 + V3 + ... + Vn ou VTOTAL = Sv

Fração molar
Relacionando a pressão parcial de um gás A com a pressão total da mistura e tirando a razão entre eles, temos:
Para o gás A: PA · V = nA · R · T
Para a mistura: PTOTAL ∙ V = nTOTAL R ∙ T
P
____ nA n
​  A   ​ =​ ____
  ​ = PA = = ____
​ n A  ​ . Ptotal
PTOTAL nTOTAL TOTAL

Fazendo relação idêntica com o volume parcial, temos:


Para o gás A: P · VA = nA · R · T
Para a mistura: P ∙ VTOTAL = nTOTAL R ∙ T
V
____ nA nA
​  A   ​ =​ ____
  ​  
= V ____
=​  nTOTAL  ​ . Vtotal
VTOTAL nTOTAL A =

Para uma mistura qualquer, contendo dois ou mais gases, a equação fica assim representada:

P · V _____
_____ P · V2 P ·  ​V  
​  1  ​1 
 + ​  2  ​   + ... = ​ ____
T1 T2 T

nA
§§ A razão ​ ____
n    ​ é chamada de fração molar (X), que corresponde a um quociente entre uma quantida-
TOTAL
de de mol e a quantidade total de mol da mistura.
§§ A fração molar é adimensional e é sempre um número menor que 1.
§§ A soma das frações molares de cada gás numa mistura é sempre igual a 1.
V
§§ A razão ____
​  A   ​ é chamada de fração volumétrica, que corresponde a um quociente entre um volume
VTOTAL
do gás e o volume total da mistura.
§§ Essa razão é adimensional.
§§ A soma das frações volumétricas é igual a 1.

n P V
XA = ____
​ n A   ​ = ____   ____
​  A   ​= ​ % em volume
​  A   ​ = ____  ​  =1

TOTAL PTOTAL VTOTAL 100%

251
Densidade dos gases, efusão e
difusão gasosa

Densidade dos gases


A densidade é uma grandeza que relaciona a massa e o volume ocupado por certa amostra de matéria.

​ m ​ 
d = __
V
A densidade de um gás pode ser calculada mediante essa expressão, mas, em razão de o volume de um gás
ser facilmente afetado pelas condições de pressão e temperatura, o cálculo de sua densidade deve considerar os
valores dessas grandezas.
​ m ​ com a equação de Clapeyron, obtém-se a equação:
Relacionada a expressão d = __
V

​ P · M ​ 
d = ____
R·T

Difusão e efusão
A difusão gasosa é o processo espontâneo de transporte de massas gasosas num sistema. As moléculas movem-
-se espontaneamente de modo que o gás sempre ocupe o maior volume possível.
A efusão é o escoamento espontâneo das moléculas gasosas através de orifícios, como um gás
que atravessa paredes porosas ou tubos capilares na separação de misturas gasosas.
Um gás com maior densidade tem velocidade menor que a de outro gás com menor densidade, nas mesmas
condições de temperatura e pressão. Logo, a velocidade de escoamento de um gás é inversamente proporcional à
raiz quadrada de sua densidade. Essa lei é válida tanto para difusão quanto para efusão.

V
d M
XXX
__
​  A ​ = ​ ___
​  B  ​ ​ 
VB MA

252
U.T.I. - Sala
1. O carbono ocorre na natureza como uma mistura de átomos dos quais 98,90% são 12C e 1,10% são
13
C.
a) Explique o significado das representações 12C e 13C.
b) Com esses dados, calcule a massa atômica do carbono natural.
Dados: massas atômicas: 12C = 12,000; 13C = 13,003

2. A tabela abaixo apresenta o mol, em gramas, de várias substâncias:

Substância Au HCℓ O3 C5H12 H2O


Massa molar (g/mol) 197 36,5 48 72 18
Comparando massas iguais dessas substâncias, qual delas apresenta maior número de moléculas?
Justifique sua resposta.

3. Uma certa usina termoelétrica, que funciona à base de resíduos da destilação do petróleo, poderá
lançar na atmosfera cerca de 250 toneladas de SO2 gasoso diariamente.
a) Quantos mol de SO2 serão lançados na atmosfera diariamente?
b) Qual o número de moléculas de SO2 estão contidas nesta massa?
Dados: S = 32 u; O = 16 u; Constante de Avogadro = 6,0 × 1023

4. Considere um dispositivo constituído por dois balões de vidro, "A" e "B", cada um com capacidade
de 894 mL interligados por um tubo de volume interno desprezível, munido de uma torneira. Dois
ensaios independentes foram realizados a 298 K. No primeiro ensaio, os balões foram inicial-
mente evacuados e, logo a seguir, com a torneira fechada, foram introduzidos 0,30 g de benzeno
e 20,0 g de tolueno em "A" e "B" respectivamente, de modo que não houvesse contato entre as
duas substâncias. No segundo ensaio, os balões foram novamente evacuados e, na sequência, uma
quantidade de benzeno foi introduzida em "A" e outra quantidade de tolueno foi introduzida em
"B". Considerando o comportamento ideal para os gases e para as misturas, atenda aos seguintes
pedidos:
a) determine a pressão em cada balão, no primeiro ensaio, após o sistema ter atingido o equilíbrio;
b) uma vez aberta a torneira no segundo ensaio, calcule as frações molares de benzeno e tolueno na fase
gasosa no interior dos balões no momento em que o equilíbrio líquido-vapor é atingido. Um manôme-
tro acoplado ao dispositivo indica, nesse momento, uma pressão interna de 76,2 mmHg.

5. (Udesc) Os compostos reduzidos de enxofre, principalmente o sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás


de cheiro desagradável, são formados por atividade bacteriana anaeróbica em “lixões”. Ele pode
ser removido do ar por uma variedade de processos, entre eles, o bombeamento através de um
recipiente com óxido de ferro (III) hidratado, o qual se combina com sulfeto de hidrogênio:

Fe2O3 · H2O(s) + 3H2S(g) → Fe2S3(s) + 4H2O(ℓ)

Se 208 g de Fe2S3 são obtidos pela reação, qual a quantidade de H2S removida? Considere que Fe2S3
· H2O está em excesso e que o rendimento da reação é de 100%.

6. (Uepg) Considerando as massas atômicas dos elementos que compõem o ácido carbônico (H2CO3),
assinale o que for correto.
Dados: H = 1; C = 12; O = 16.
01) Uma molécula de ácido carbônico pesa 62 gramas.
02) Uma molécula de ácido carbônico pesa 62 vezes mais que uma molécula de hidrogênio (H2).
04) Um mol de ácido carbônico possui 62 gramas.
08) Uma molécula de ácido carbônico pesa 62 vezes mais que 1/12 do isótopo 12 de carbono.

253
U.T.I. - E.O. sua formulação. Esse cosmético faz uso do
acetato de chumbo como ingrediente ativo.
O íon chumbo, Pb2+, ao se combinar com o
1. Uma vez que as massas atômicas do oxigê- íon sulfeto, S2-, liberado pelas proteínas do
nio e do sódio são, respectivamente, 16 e 23, cabelo ou pelo enxofre elementar (S8) pre-
então a massa de 23 átomos de oxigênio é sente na tintura, irá formar o sulfeto de
a mesma que a de 16 átomos de sódio. Essa chumbo, que escurece o cabelo. A legislação
afirmativa é verdadeira ou falsa? Justifique. brasileira permite uma concentração máxi-
ma de chumbo igual a 0,6 gramas por 100
2. Um elemento E formado pelos isótopos 10E e mL de solução.
12
E tem massa atômica igual a 10,8 u. Qual a a) Escreva a equação química da reação de for-
composição isotópica, em porcentagem, des- mação da substância que promove o escure-
se elemento E? cimento dos cabelos, como foi descrito no
texto.
3. Considere uma xícara que contém 180 mL de b) Calcule a massa, em gramas (duas casas de-
água. Determine, respectivamente, o núme- cimais), de Pb(C2H3O2)2∙3H2O, utilizada na
ro de mol de moléculas de água, o número preparação de 100 mL da tintura progressiva
de moléculas de água e o número total de usada, sabendo-se que o Pb2+ está na con-
átomos (massas atômicas = H = 1,0; O = 16; centração máxima permitida pela legislação.
Dados de massas molares em g moℓ-1: Pb = 207,
Número de Avogadro = 6,0 · 1023; densidade
C2H3O2 = 59 e H2O = 18.
da água =1,0 g/mL).

4. O limite de O3 na troposfera, permitido por 9. O hidrogênio, por ser mais leve que o ar, foi
lei, é de 160 microgramas por m3 de ar. No muito usado no passado para encher balões
dia 30/07/95, na cidade do Rio de Janeiro, dirigíveis. Contudo, existe um grande risco
foi registrado um índice de 760 microgra- de explosão. Sabe-se que a produção de hi-
mas de O3 por m3 de ar. Quantos mol de O3 drogênio pode ser realizada a partir do me-
tano com vapor de água, segundo a seguinte
por m3 de ar foram encontrados acima do li-
reação não balanceada:
mite permitido por lei, no dia considerado?
(Dado: 1 micrograma = 10-6 g) CH4(g) + H2O(g) → CO2(g) + H2(g)

5. Estudos apontam que a amônia (NH3), adi- a) Qual a massa de CH4, em kg, consumida nes-
cionada ao tabaco, aumenta os níveis de se processo para produzir um volume de gás
absorção de nicotina pelo organismo. Nos hidrogênio nas CNTP capaz de encher um ba-
cigarros brasileiros, nos quais os níveis mé- lão dirigível de 560 m3?
dios de amônia são de 14 mg/cigarro, encon- b) Considerando os gases que participam da ob-
tram-se, aproximadamente, quantas molécu- tenção do hidrogênio, complete o seguinte
las de amônia por cigarro? quadro:

6. Em uma prova de atletismo, um atleta gasta Estrutura Geometria Polari-


Molécula
de Lewis molecular dade
cerca de 720 kcal, o que equivale a 180 g do
carboidrato C3H6O3. A partir dessas informa- CH4
ções, é correto afirmar que essa quantidade H2O
de carboidrato corresponde a quantos mol de CO2
carboidrato?
1
0. Um balão de volume constante de 273 L é
7. Um mineiro, procurando ouro em um ria- cheio com oxigênio gasoso até alcançar a
cho, coleta 10 g de peças finas de ouro co- pressão interna de 4,1 atm a 0 ºC. De acordo
nhecidas como “pó de ouro”. Sabendo que a com estas informações, determine:
massa de um átomo de ouro é 3,27 · 10−25 Dados:
kg, calcule quantos átomos de ouro o minei- Massa Molar do O2 = 32 g · mol-1
ro coletou. R = 0,082 atm · L · mol-1 · K-1
a) o número de mol do gás, no balão;
8. A maioria das mulheres que mantêm o cabe- b) a massa do gás, no balão.
lo escurecido artificialmente utiliza uma lo-
ção conhecida como tintura progressiva. As 1
1. As moradias construídas clandestinamente
clientes do salão, no entanto, têm reclamado sobre aterros sanitários desativados são lo-
do cheiro de ovo podre nas toalhas, porque cais propícios ao acúmulo de água durante os
essa tintura progressiva contém enxofre em períodos de chuva e, sobretudo, ao acúmulo

254
de gás no subsolo. A análise de uma amostra destampado e, rapidamente, a palha de aço ru-
de um gás proveniente de determinado aterro bra é nele inserida. Então, observa-se lumino-
sanitário indicou que o mesmo é constituído sidade branca intensa, com partículas de ferro
apenas por átomos de carbono (massa molar incandescentes espalhando-se pelo frasco.
= 12,0 g · mol–1) e de hidrogênio (massa mo- a) Calcule o volume de água sanitária quando
lar = 1,0 g · mol–1) e que sua densidade, a se usa, no experimento, um frasco de volu-
300 K e 1 atmosfera de pressão, é 0,65 g · L–1. me adequado, sabendo-se que deve ser gera-
Calcule a massa molar do gás analisado. do, nas condições ambiente, um volume de
Dado: R = 0,082 L · atm · K–1 · mol–1 500 mL de oxigênio, volume este suficiente
para expulsar o ar e preencher o frasco.
1
2. O “air bag” é uma bolsa de náilon fino, com b) Explique por que, ao ar atmosférico, o ferro
volume de cerca de 80 litros e que, em caso fica apenas vermelho rubro, mas queima ra-
de colisão, é preenchida rapidamente (40 pidamente, quando exposto a oxigênio puro.
ms) com N2 gasoso. O N2 gasoso é provenien-
Dados: volume molar do oxigênio nas condi-
te da seguinte sequência de reações:
ções ambiente ............................25,0 L/mol
2NaN3(s) → 2Na(s) + 2N2(g) massa molar do Cℓ ......................35,5 g/mol
densidade da água sanitária ..........1,0 g/mL
composição da água sanitária: 2,13 g de Cℓ,
10Na(s) + 2KNO3(s) → K2O + 5Na2O(s) + N2(g) na forma de hipoclorito, em 100 g de solução
aquosa.
Sabendo-se que a massa molar do NaN3 é
igual a 65 g/mol e considerando-se que, nas 15. Recentemente, identificou-se um aumento
condições de reação, (I) 1 mol de NaN3 pro- da concentração de metanal (CH2O) (formal-
duz, ao final do processo, 1,6 mol de N2 com
deído) no ar da cidade de São Paulo, possi-
100% de rendimento e (II) 1 mol de N2 gaso-
velmente ocasionado por combustão incom-
so ocupa um volume de, aproximadamente,
pleta em motores de automóveis adaptados
25 litros, calcule a massa de NaN3 necessária
para uso de gás natural. Admita que o gás
para produzir 4 (quatro) litros de N2 nessas
natural seja constituído exclusivamente por
condições. Apresente seus cálculos.
metano e que, durante o processo de com-
bustão, 1% dessa substância se converte
13. Nos frascos de desodorante spray, usavam- apenas em formaldeído e água.
-se como propelentes compostos orgânicos Determine a massa, em gramas, de metanal
conhecidos como clorofluorocarbonos. As formado quando todo o metano, originalmen-
substâncias mais empregadas eram CCøF3 te contido em um tanque de 82 L, à tempe-
(Fréon 12) e C2Cø3F3 (Fréon 113). Num gal- ratura de 300 K e pressão de 150 atm, sofre
pão abandonado, foi encontrado um cilindro combustão. Admita que o metano armazena-
supostamente contendo um destes gases.
do no tanque se comporte como um gás ideal.
Identifique qual é o gás, sabendo-se que o
Dados: R = 0,082 atm · L · mol-1 · K-1; H = 1;
cilindro tinha um volume de 10,0 L, a massa
C = 12; O = 16.
do gás era de 85 g e a pressão era de 2,00 atm
Reação: CH4 + O2 → CH2O + H2O
a 27 °C.
Massas molares em g · mol-1 H = 1, C = 12, 16. (UEPG) Foram misturados 5,0 g de cloreto
F = 19, Cℓ = 35,5.
de sódio e 18,0 g de nitrato de prata ambos
em solução aquosa, o que levou à formação
1
4. Para demonstrar a combustão de substâncias de um precipitado branco de cloreto de pra-
em oxigênio puro, este gás pode ser gerado ta. Com relação à reação ocorrida, assinale o
a partir de água sanitária e água oxigenada, que for correto.
que contém, respectivamente, hipoclorito de Dados: Na = 23; O = 16; Ag = 108; N = 14.
sódio e peróxido de hidrogênio. A reação que 01) A equação balanceada para essa reação é a
ocorre pode ser representada por seguinte:
NaCℓO + H2O2 → NaCℓ + H2O + O2(g) NaCℓ(aq) + AgNO3(aq) → NaNO3(aq) + AgCℓ(s).
02) O reagente em excesso na reação é o NaCℓ.
É assim que, num frasco, coloca-se certo vo-
04) A massa que sobra do reagente em excesso
lume de água oxigenada e acrescenta-se,
após a ocorrência da reação é de 3,5 g.
aos poucos, certo volume de água sanitária.
08) A massa do precipitado de AgCℓ formado é
Observa-se forte efervescência. Ao final da
de 44,1 g.
adição, tampa-se o frasco com um pedaço de
16) O reagente limitante da reação é o AgNO3.
papelão. Em seguida, palha de aço, presa a
um fio de cobre, é aquecida em uma chama Obs: Para resolução deste exercício, conside-
até ficar em brasa. O frasco com oxigênio é rar que a equação da proposição 1 está correta

255
1
7. (UFTM) O cloreto de cálcio, por ser um sal
higroscópico, absorve umidade com facili-
dade. Devido a essa propriedade, é utiliza-
do como agente secante nos laboratórios de
química e pode ser preparado a partir da re-
ação de calcário com ácido clorídrico.

CaCO3(s) + 2HCℓ(aq) → CaCℓ2(aq) + H2O(ℓ) + CO2(g)

A partir do resfriamento da solução aquo-


sa de cloreto de cálcio, resultante da reação
apresentada, forma-se o CaCℓ2(s).
a) Descreva os processos de separação envolvi-
dos na obtenção do sólido CaCℓ2.
b) Calcule a massa de cloreto de cálcio que
pode ser obtida a partir da reação de 625
g de calcário contendo 80% de CaCO3 com
excesso de solução de HCℓ.

1
8. Numa balança improvisada, feita com um ca-
bide, como mostra a figura a seguir, nos reci-
pientes (A e B) foram colocadas quantidades
iguais de um mesmo sólido, que poderia ou
ser palha de ferro ou ser carvão.
Foi ateado fogo à amostra contida no reci-
piente B. Após cessada a queima, o arranjo
tomou a seguinte disposição:

Considerando o resultado do experimento,


decida se o sólido colocado em A e B era pa-
lha de ferro ou carvão. Justifique.

256

Potrebbero piacerti anche