Sei sulla pagina 1di 182

UFCD 1527

Instalações,
Equipamentos e
Ferramentas
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Detalhe da UFCD:
Objetivos

 Identificar e caracterizar equipamentos e ferramentas.


 Identificar e caracterizar a rede elétrica e de ar comprimido e seus componentes.
 Utilizar a rede elétrica e de ar comprimido e seus componentes.
Recursos Didáticos

Conteúdos

 Componentes da rede de ar comprimido


 Riscos e cuidados na utilização da rede de ar comprimido
 Utilização dos vários componentes da rede de ar comprimido
 Regulação de pressão
 Componentesda rede eléctrica
 Riscos e cuidados na utilização da rede eléctrica
 Modo de utilização de equipamentos e ferramentas eléctricas

Página 1 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Detalhe da UFCD:__________________________________________________________________________________________________________ 1
PRINCÍPIOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS _____________________________________________________________________________________ 4
UNIDADES DE PRESSÃO _____________________________________________________________________________________________________ 5
LEIS DE PASCAL ___________________________________________________________________________________________________________ 6
LEIS DOS GASES PERFEITOS __________________________________________________________________________________________________ 7
Lei de Boyle ______________________________________________________________________________________________________________ 7
Lei de Charles _____________________________________________________________________________________________________________ 7
Lei de Gay-Lussac __________________________________________________________________________________________________________ 9
Lei de Boyle-Mariot ________________________________________________________________________________________________________ 9
PRODUÇÃO DE AR COMPRIMIDO ____________________________________________________________________________________________ 12
COMPRESSORES ALTERNATIVOS_____________________________________________________________________________________________ 14
COMPRESSORES ROTATIVOS ________________________________________________________________________________________________ 18
Compressores de Parafuso: _________________________________________________________________________________________________ 20
CONTROLO DE COMPRESSORES _____________________________________________________________________________________________ 23
Controlo On/Off __________________________________________________________________________________________________________ 25
UNIDADES DE CONDICIONAMENTO DO AR ____________________________________________________________________________________ 32
FILTROS DE AR ___________________________________________________________________________________________________________ 36
LUBRIFICADORES _________________________________________________________________________________________________________ 36
SISTEMA DE TUBAGENS ____________________________________________________________________________________________________ 38
Queda de Pressão ________________________________________________________________________________________________________ 40
Página 2 de 182 Luis Lopes
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS __________________________________________________________________________________________ 1
VÁLVULAS PNEUMÁTICAS ___________________________________________________________________________________________________ 2
CONTROLO DE FLUXO ______________________________________________________________________________________________________ 5
CILÍNDROS PNEUMÁTICOS __________________________________________________________________________________________________ 5
Quais são os riscos do ar comprimido? _________________________________________________________________________________________ 7
O Sistema de Energia Elétrica ______________________________________________________________________________________________ 11
Opções Básicas ___________________________________________________________________________________________________________ 16
Corrente alternada / corrente contı́nua _________________________________________________________________________________________ 16
Produção ________________________________________________________________________________________________________________ 24
Transporte ______________________________________________________________________________________________________________ 35
Distribuição ______________________________________________________________________________________________________________ 36
Comercialização ___________________________________________________________________________________________________________ 38
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica ________________________________________________________________________________ 42

Página 3 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
PRINCÍPIOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Presentemente a maior parte dos processo industriais de manufacturação recorrem ao ar comprimido por forma a levar a cabo sequências automatizadas
de produção.
•O estudo do comportamento, assim como da aplicação do ar comprimido para a transmissão de energia, é conduzido por um ramo da mecânica
designado por pneumática.
A razão subjacente à utilização de ar comprimido é a de efectuar trabalho.
A realização de trabalho requer a aplicação de energia cinética a um objecto do que resulta o seu deslocamento.
No caso concreto de um sistema pneumático, a energia é armazenada num estado de potencial sobre a forma de ar comprimido.

A utilização de ar comprimido para a realização de algumas tarefas não é um conceito recente!

O primeiro compressor que pode ser considerado o precursor dos modernos compressores foi desenvolvido apenas no século XVIII pelo Inglês John
Wilkinson.

Presentemente, e com a introdução dos sistems de actuação pneumáticos, a indústria beneficia de uma estratégia pouco onerosa
para a automatização de processos.

•Disponibilidade do ar.
•Baixo índice de poluição.
•Compressibilidade do ar.
•Fácil transporte (tubagens ou contentores).
•Utilização em meios com risco de incêndio ou explosão.

Equipamentos leves e compactos.


•Elevado grau de controlo da pressão, velocidade e força.
Página 4 de 182 Luis Lopes
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
•Fácil manutenção.

Desvantagens: o custo por metro cúbico de ar comprimido é relativamente elevado visto que, uma parte substancial da energia consumida no processo
de compressão, é perdida sobre a forma de calor. (baixo rendimento)

O AR E A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
O planeta Terra está rodeado de ar até uma altitude de aproximadamente 1600 km acima da sua superfície.
Esta camada de ar em torno do planeta é designado por atmosfera. A atmosfera é principalmente composta por:
nitrogénio (78%)
oxigénio (21%)
Devido ao peso da massa de ar que circunda o planeta, uma pressão é execida na sua superfície.
A esta força por unidade de área é dada o nome de pressão atmosférica
Foi primeiramente medida, recorrendo a uma coluna de mercúrio, por Torricelli no século XVII
A pressão atmosférica, ao nível normal das águas do mar, é de 760 mm de mercúrio, i.e. 760 mmHg
Presentemente, a unidade milímetro de mercúrio está obsoleta no que se refere à unidade de medida da pressão seja ela atmosférica ou de qualquer
outra natureza.

UNIDADES DE PRESSÃO

P=F/A
A unidade SI de pressão é N/m2 ou seja o pascal (Pa).

Apesar de grande parte dos países terem aderido ao sistema internacional de unidades, existe no entanto alguma inércia no que se refere a abandonar
outros sitemas de unidades obsoletos e muitas vezes imprecisos.

Ex. kg/cm2, atm, psi


Página 5 de 182 Luis Lopes
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Para aplicações industriais, uma co-unidade de pressão é ainda aceite pelo SI e essa unidade é o bar.

1 bar ~ P atmosférica =0,1MPa

Consideração a ter em conta quando e fala de pressão: Pressão Absoluta Vs. Pressão Relativa

A pressão absoluta é a pressão medida a partir do vácuo e a pressão relativa é a pressão medida acima da
pressão atmosférica.

LEIS DE PASCAL
As leis de Pascal relativas à pressão num fluído (tanto líquido como gasoso) podem ser sumariadas da seguinte forma:
•A pressão é a mesma em todas as direcções de um volume contido (negligenciando o peso do fluído)
•A pressão actua simultaneamente e igualmente em todas as direcções.
A pressão age sempre em ângulos rectos a qualquer superfície em contacto como fluído.

Página 6 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
LEIS DOS GASES PERFEITOS
As relações, num gas perfeito, entre três quantidades físicas distintas: pressão, volume e temperatura podem ser expressas recorrendo a quatro leis
básicas.

•O termo gás perfeito refere-se a um gás puro, i.e sem misturas


•A menos de um pequeno desvio, o ar comporta-se como umgás perfeito

Lei de Boyle
O volume do gás varia de forma inversamente proporcional à pressão absoluta.

Lei de Charles

O volume de gás é directamente proporcional à temperatura

Página 7 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Página 8 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Lei de Gay-Lussac
A pressão absoluta do gás é directamente proporcional à temperatura absoluta.

Lei de Boyle-Mariot
Em aplicações práticas as três variáveis analisadas podem sofrer alterações simultaneamente

As três leis revistas anteriormente podem ser concatenadas em uma: P1.V1.T2 = P2 . V2 . T1

Página 9 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
PANORÂMICA DE UM SISTEMA DE AR COMPRIMIDO

O requisito óbvio de um sistema de ar comprimido é o de que este seja capaz de fornecer o fluxo de ar necessário a uma dada pressão para a
operação de um conjunto de equipamentos consumidores.

Página 10 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Não é obrigatório os componentes estarem afastados!

Página 11 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Além da etapa de produção, um sistema completo de ar comprimido envolve também um conjunto de dispositivos de controlo e de actuação.

O controlo do ar comprimido no circuito é levado a cabo por válvulas.

As válvulas podem desempenhar o papel de regulação de pressão ou controlo de fluxo.

No que se refere aos actuadores pneumáticos existentes estessão essecialmente de dois tipos:
cilíndros
•motores pneumáticos.

Os primeiros são usados para desenvolver trabalho no sentido axial (ou, indirectamente, no sentido semi-ângular) e os motores pneumáticos no sentido
ângular.

PRODUÇÃO DE AR COMPRIMIDO

Produção e condicionamento do ar comprimido

Produção: Compressor
Condicionamento: Filtros, secadores, lubrificadores, refrigeradores COMPRESSORES

• É o coração de uma instalação de ar comprimido

Página 12 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
• O seu objectivo é elevar a pressão do ar admitido à pressão necessária
ao funcionamento de um dado conjunto de actuadores.
A energia necessária à realização dessa função é fornecida mecânicamente através de um motor eléctrico acoplado ou, menos frequentemente, por um
motor de combustão interna.

Página 13 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Duas famílias distintas de compressores: os de deslocamento positivo
e os dinâmicos

•Nos compressores de deslocamento positivo, a compressão do ar dá- se pela redução física do volume de uma massa constante de ar.
•Nos compressores dinâmicos o fenómeno de compressão é devido à transmissão de energia cinética ao ar acelarando-o

Compressores de deslocamento positivo:


• Alternativos
• Rotativos
• Palhetas
• Para
• Fuso

COMPRESSORES ALTERNATIVOS
Os compressores alternativos ou de vaivém consistem em um ou mais pistões que se movem no interior de um ou mais cilindros.
Os pistões estão mecanicamente ligados a uma cambota que, por sua vez, está adaptada a um motor eléctrico ou motor de combustão interna

Página 14 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Página 15 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
A potência consumida no processo de compressão pode ser consideravelmente reduzida se a compressão do ar for
executada em dois ou mais estágios com refrigeração do ar entre estágios.

Compressor a Dois Estágios

Melhor Desempenho

O intercooler consiste num permutador de calor projectado para reduzir a temperatura do ar comprimido proveniente do
primeiro estágio
• Arrefecimento a Ar
• Arrefecimento a Água

Cilíndros são de acção simples: existe apenas uma sucção e uma compressão por ciclo para cada cilíndro.

Página 16 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
•Outra estratégia de compressão passa pela utilização de cilíndros de dupla acção.

Página 17 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Num compressor com cilíndros de dupla acção a compressão do ar toma lugar em ambos os lados do pistão implicando o dobro do
número de compressões por revolução.

COMPRESSORES ROTATIVOS
• A redução de volume não é conseguida por pistões mas pelo
movimento de rotação de um conjunto de peças móveis.

Os tipos mais conhecidos são os de palhetas e os de parafuso

Página 18 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Os compressores de palhetas possuem um rotor cilíndrico colocado de forma excêntrica relativamente ao eixo de
outro cilindro dentro do qual roda.
O rotor possui entalhes radiais dentro
dos quais são transportadas palhetas móve

Página 19 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Este tipo de compressores possui dimensões e pesos baixos e funcionam a velocidades elevadas.
Injecção constante de lubrificante:
Reduzir o atrito
Colmatar fugas

Resultado colateral: Arrefecimento do ar


Necessidade de filtros de óleo!

Compressores de Parafuso:

•São concebidos a partir de dois parafusos, um com contorno convexo e


outro côncavo.

•O ar é aprisionado numa cavidade entre espirais adjacentes e obrigado a comprimir por redução do volume .

Página 20 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Os compressores rotativos possuem a vantagem de fornecer um fluxo de ar práticamente contínuo sem grandes componentes de alta frequência.
•Devido à sua concepção a trepidação associada ao funcionamento destas máquinas é muito menor.
As pressões fornecidas são quando comparadas com os compressores a pistão

PARÂMETROS DE DESEMPENHO DE COMPRESSORES


Os parâmetros básicos que definem o desempenho de um compressor são:
A pressão a que este é capaz de fornecer o ar
O fluxo nominal de ar fornecido
Consumo de potência.

A pressão do ar debitada por um compressor é fornecida pelo fabricante, em termos relativos!!!!!


A capacidade é frequentemente expressa em decímetro cúbico normal por segundo ou, alternatitivamente em metro cúbico normal por hora.

O que é um metro cúbico normal?

O ar é comprimível estando portanto o seu volume dependente da pressão e da temperatura.

Quando se estabelece a capacidade de um compressor é necessário definir para que condições é que esse fluxo é válido.

Ao volume definido deve estar associado um valor de pressão e temperatura.

Norma: P=1 bar e T=20ºC

O ar nestas condições é conhecido como ar livre (free air) ou normal.

A capacidade de um compressor é fornecida pelo fabricante em unidades normais ou f.a.d. (free air delivered)

A medida volumétrica no sistema de internacional de unidades é o litro (ou metro cúbico)


Página 21 de 182 Luis Lopes
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

A razão de fluxo de ar fornecido por um compressor é definido em dm3/s (f.a.d.).

Outro parâmetro adicional apresentado nos compressores excitados por motor eléctrico é a potência consumida.

SI Potência expressa em watt (W)

Página 22 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
DIMENSIONAMENTO DE COMPRESSORES
Não é uma tarefa determinística!!!!
É necessário admitir (adivinhar!?) um conjunto de condições de funcionamento....

Depende:
1. Da pressão de funcionamento dos actuadores
2. Dimensão da rede de tubagem
3. Do fluxo requerido
4. Do ciclo de trabalho
5. Possibilidade de expansão do circuito

Regra Empírica: somar os consumos médios de todas as máquinas existentes na planta e instalar um compressor com o dobro da capacidade de volume
de ar requerido.

CONTROLO DE COMPRESSORES

As características do ar comprimido debitado pelo compressor devem ser adaptadas aos requisitos dos dispositivos de actuação pneumática.
O factor de utilização pode não ser constante o que obriga a uma carga irregular aplicada ao compressor.

Página 23 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Devido ao normal dimensionamento da máquina, a saída do compressor estará acima do consumo médio exigido

Sem uma estratégia de controlo o ar em excesso fornecido seria libertado para a atmosfera => perda de energia => gastos adicionais

Para cargas irregulares, é possível aplicar uma das seguintes estratégias de controlo:
• Controlo On/Off
• Controlo por Estrangulamento
• Controlo por Inibição da Compressão
• Controlo de Velocidade

Página 24 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Controlo On/Off

Requisitos de ar altamente intermitentes.


Nesta estratégia de controlo, um pressostáto (tipo normalmente fechado) liga ou desliga o motor eléctrico associado ao compressor em função da carga.
• Dispositivo sensor pneumáticamente ligado ao acumulador

Por forma a minimizar o desgaste mecânico e eléctrico o número de arranques deve ser mantido inferior

Página 25 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Estrangulamento da Entrada
A admissão do ar no compressor é controlada por uma válvula pneumática proporcional.

Controlo da Compressão

Controlo de Velocidade

Volume varrido por um compressor alternativo de um cilíndro

d2
Qs   Página l26
de 182 Luis Lopes
4
Apesar da variação da velocidade do motor poder ser um método muito eficiente para alguns tipos de compressores, é tecnológicamente complexa e
cara do ponto de vista económico.
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

ACUMULADORES

O acumulador ar comprimido é uma peça fundamental num sistema pneumático.

Página 27 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Entre as diversas funções que lhe são associadas é possível enumerar as seguintes:
• Manutenção da Pressão Constante
• Minimização do desgaste do compressor
• Contribuição para a redução da humidade no circuito

Para instalações fornecidas por compressores alternativos, o volume pulsado de ar comprimido gerado é uniformizado pelo tanque de ar.
Uniformização da pressão é fundamental para a operação dos actuadores

•Pelo facto do acumulador poder manter a pressão no interior do circuito nos intervalos de tempo de vazio de carga permite uma actuação mais
espaçada do compressor.

•Nos períodos em que não existem solicitações o compressor pode ser mantido em repouso.

Capaz de complementar o débito do compressor em instantes de pico

• Outra função associada ao reservatório: Redução da humidade

A capacidade de retenção de água pelo ar atmosférico aumenta com a temperatura e diminui com a pressão.

• A humidade resultante da condensação, se não for removida, acumula-se nas diversas partes do sistema de distribuição.
• Com a adição de um acumulador ao circuito pneumático, a condensação gerada pela compressão do ar a jusante do reservatório é reduzida.
• O ar perde grande parte da sua temperatura enquanto armazenado.
ESTRUTURA FÌSICA
Página 28 de 182 Luis Lopes
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Em termos de concepção, um acumulador é essencialmente um reservatório no qual a ar é mantido sobre pressão.

Os acumuladores podem ser de gás estanque, de mola ou gravíticos.

Página 29 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

DIMENSIONAMENTO DE UM ACUMULADOR

O dimensionamento do volume de um acumulador de ar comprimido é muitas vezes levado a cabo recorrendo a


regras empíricas.

V(res m3) = 1/10 X Cap. Comp (m3/min)

Estas regras empíricas conduzem normalmente a um sobredimensionamento do reservatório.


Frequentemente esse sobredimensionamento é útil quando existem picos de consumo superiores à capacidade do compressor.

Página 30 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
•Um acumulador deve ser suficientemente grande para comportar todo o ar debitado pelo compressor durante um minuto
Desta forma o dimensionamento do acumulador deve ser tal que implique um limite máximo de 20 arranques do compressor

Página 31 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
UNIDADES DE CONDICIONAMENTO DO AR
• Refrigeradores
• Secadores
• Reguladores
• Lubrificadores
• Filtros de Ar REFRIGERADORES (aftercooler)
É um dispositivo colocado entre o compressor e o acumulador com o objectivo de remover a humidade do ar comprimido.
Permutador de calor capaz de reduzir a temperatura do ar debitado pelo compressor provocando assim a condensação da humidade no ar.
Normal em sistemas de grande porte. Em sistemas de pequeno porte o acumulador e as tubagens encarregam-se desta tarefa

SECADORES

Página 32 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
O aftercooler não consegue remover toda a água do ar.(apenas 60 a 70%)

Secadores:
Refrigeração
Absorção
Adsorção

Página 33 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Refrigeração: Maior consumo energético Absorção/Adsorção:


Manutenção

Página 34 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
REGULADORES DE PRESSÂO

• Devem ser usados a montante de qualquer sistema de actuação pneumático

• Estabelecer o menor valor de pressão para o qual o equipamento opera de forma satisfatória
• O consumo de ar é minimizado e o desempenho do sistema completo de ar comprimido aumenta

Funciona com base num sistema de equilíbrio de forças!

Página 35 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
FILTROS DE AR
Dois tipos de filtros de ar:
Um montado a montante do compressor
Outro(s) a jusante
O filtro de ar a montante possui como principal função a retenção de partículas em suspensão no ar.
As impurezas transportadas pelo ar sugado contribuiriam para um maior desgaste da máquina

A jusante do compressor o filtro de ar contribui para a retenção de partículas


e também de gotículas de água ou óleo.

LUBRIFICADORES
O ar depois de filtrado e regulado deve ser lubrificado

Página 36 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
•Óleo deve ser injectado e transportado pelo fluxo de ar por forma a fornecer a lubrificação adequada às válvulas, cilíndros e motores presentes no
sistema
A quantidade de óleo debitada deve ser devidamente ajustada.
O lubrificador deve ser posicionado o mais próximo possível da unidade que vai servir

Não são capazes de fornecer lubrificação adequada a uma distância superior a 10 m.

Página 37 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
SISTEMA DE TUBAGENS

A etapa que se segue à produção e condicionamento é o transporte.

O transporte do ar comprimido, desde o ponto de produção até ao ponto de consumo, é realizado por uma rede de tubagens.

As condutas de transporte devem ser concebidas em materiais próprios para o efeito.

Tipo de Material Pressão Máxima/bar


Cobre 250
Alumínio 125
Aço Inoxidável 2500-4500
Nylon @ 100ºC 7-10
Vinil @25ºC 8-10
Borracha @ 80ºC 3-7

O seu correcto dimensionamento é um factor primordial por forma a serem garantidas as condições correctas de funcionamento

Importante: Garantir baixas quedas de pressão

O comprimento total do tubo, assim como o número de curvas, deve ser minimizado
Uma das topologias normalmente usadas nas redes de distribuição de ar comprimido é a estrutura em anel.
As tubagens principais devem ser montadas com um gradiente de 1 a 2% na direcção do fluxo do ar
As tomadas de ar são efectuadas pela parte superior do tubo.

Página 38 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

Página 39 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Queda de Pressão

Manutenção de uma pressão constante em todos os pontos do circuito


•Qualquer queda de pressão na rede de tubagens representa um desperdício de energia

A queda de pressão num circuito pneumático é devida aos fenómenos de fricção e depende:
• do diâmetro e comprimento efectivo das condutas
• do fluxo de ar

P  800  l   2
Pressão Absoluta de Saída
R
ar @ f .a.d .

Rcomp  d 5.3
comp

Pressão Absoluta de Entrada

Comprimento em metros, fluxo de ar


em l/s e diâmetro em mm

Página 40 de 182 Luis Lopes


UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Por razões económicas é ideal que a queda de pressão total seja
<< 0,1 bar.

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS
Quando se determina o diâmetro do sistema de tubagens deve ter-se sempre presente a
possibilidade de expansão futura do sistema
A velocidade máxima do ar na conduta principal deve ser majorada a 9 m/s (tipicamente 6m/s)

4  ar
d
 vmax  Rcomp

Diâmetro Nominal / mm
15 20 25 32 40 50 65 80 100 125 150 200

1
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
VÁLVULAS PNEUMÁTICAS

As válvulas são elementos de um circuito de ar comprimido usadas para o controlo e regulação


da energia pneumática.

Uma válvula pode pertencer a um dos seguintes grupos:


•Controlo da direcção
Regulação do fluxo
•Regulação da pressão

CONTROLO DA DIRECÇÂO
As válvulas de controlo de direcção podem ser catalogas segundo o número de estados e o
número de portas I/O (orifícios)
2 ou 3 estados
2 a 5 portas

Uma válvula com dois estados e três aberturas é designada por válvula 3/2

As válvulas são constituídas por uma sede metálica (ou de material sintético) no interior do qual
existe um mecanismo que se encarrega de todos os desvios de fluxo de ar.

Este mecanismo poderá consistir:


• Num pistão distribuidor
• Num diafragma.

A direcção do fluxo no interior da válvula depende da posição relativa do pistão distribuídor.

2
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Estratégias de comando de válvulas:
Manual (botão, pedal, etc.)
• Mecânica (rolete, haste, etc.)
• Eléctrica (solenóide)
• Pneumática
• Mista

3
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Representação de válvulas em simbologia CETOP

Em dois ou três quadrados adjacentes

Representação pictórica, para cada estado, das portas e direcções do


fluxo a elas associadas

Numa representação pictórica do tipo de controlo associado à válvula

4
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
CONTROLO DE FLUXO

Regulaç
ão da
velocid
ade em
actuado
res
pneumá
ticos

CILÍNDROS PNEUMÁTICOS

Existem basicamente dois tipos de cilíndros pneumáticos:


Cilíndros de efeito simples
Cilíndros de duplo efeito

5
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas

6
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Quais são os riscos do ar comprimido?
Apesar das vantagens que o ar comprimido oferece, é necessário manuseá-lo com muito
cuidado e cautela. Ele apresenta vários perigos se não forem tomadas as precauções adequadas.
A seguir, apresentamos quais são os principais riscos do ar comprimido. Continue
acompanhando!
Riscos para a pele
Um jato comprimido de ar contra a pele pode resultar em ferimentos graves na pessoa atingida.
Ele pode ocasionar até mesmo o acúmulo de ar nos tecidos moles, que é chamado tecnicamente
de enfisema subcutâneo.
É possível também que aconteça hemorragia interna e o gás penetra pelos poros da área que
entra em contato com ele. Isso pode gerar infecções, porque o ar comprimido possui impurezas
(como partículas de óleo, graxa).
Riscos para órgãos internos e externos
Um jato de ar direcionado ao ouvido pode romper o tímpano, que é uma membrana muito
sensível do sistema auditivo. Outro risco é o de descolamento da retina dos olhos. As partículas
de metais ou outros materiais que estejam próximos ao ar comprimido podem ser lançadas
como projéteis que podem ser perigosos para rosto, olhos e pele.
Quando o ar comprimido alcança os órgãos internos, por meio da pele ou por ferimentos, a
bolha de ar pode viajar pela corrente sanguínea e atingir o coração, gerando sintomas similares
ao de ataque cardíaco. Se a bolha alcançar o cérebro, pode provocar um derrame.
Risco de choque e incêndio
Quando algum imprevisto acontece no ambiente fabril como, por exemplo, o rompimento de
uma mangueira, a massa de ar contida nas tubulações tende a se espalhar muito rapidamente
pela atmosfera, podendo gerar eletricidade estática e, como consequência, faíscas elétricas.
Em ambientes com a presença de substâncias inflamáveis, essas situações devem ser evitadas ao
máximo, por meio de um rigoroso programa de inspeção e manutenção, já que um incêndio
pode ser iniciado e propagado rapidamente.
É importante contar com extintores adequados e dentro da validade no local. Dessa forma, caso
haja algum foco de incêndio devido ao vazamento de ar comprimido, ficará mais fácil combater
o problema.
Quais são as consequências da falta de
prevenção?
Toda a linha de produção pode ser paralisada quando um acidente acontece, já que
equipamentos e tubulações podem ser danificados. De imediato, esses problemas comprometem
o planejamento e os prazos de entrega, com prejuízos patrimoniais, financeiros e na imagem da
empresa. Vale lembrar que os danos humanos não são mensuráveis financeiramente.
Em resumo, as consequências da falta de prevenção são perdas financeiras nos sistemas
produtivos, no pagamento de indenizações trabalhistas e multas. Então, todos devem trabalhar
em conjunto, visando a segurança e a eficiência da infraestrutura industrial com a adoção de
práticas seguras.
7
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
Quais cuidados tomar?
A medida mais importante é o treinamento da equipe. Isso é fundamental para transmitir o
conhecimento sobre o manuseio do material, mostrando os riscos do ar comprimido e como
administrar as operações corretamente.
Mostre aos colaboradores os ambientes que contêm o ar, explique o significado
das sinalizações e tenha certeza de que todos estão devidamente informados. Uma forma
eficiente de garantir isso é respeitar a determinação da NBR 6493/1994, principalmente sobre a
cor da tubulação de ar comprimido. Todos os tubos industriais, da saída do compressor até a
máquina, devem ser azuis, não importando a bitola ou a rigidez.
Treinar o time para momentos emergenciais é uma boa ideia também. Sempre que ocorrer um
vazamento, aja o mais rápido possível para encontrar suas causas e solucioná-lo o quanto antes.
Alguns funcionários utilizam o ar comprimido para limpar roupas e acessórios. Essa prática
parece inofensiva, mas abre brechas para acidentes, porque partículas podem alcançar outras
pessoas próximas.
Em todos os casos, informe sempre aos trabalhadores da necessidade de se manter afastado de
uma mangueira desconectada e aguardar uma ação dos profissionais responsáveis. Confira
outras dicas:
• certifique-se de que todas as conexões estão seguramente presas antes de abrir uma válvula
pressurizada;
• nunca abra um registro de serviço rapidamente, sempre faça-o lentamente;
• mantenha o ar comprimido longe de olhos, ouvidos, nariz e boca;
• fique atento às impurezas presentes no material, como cádmio, ferro, mercúrio, óleos e graxas.

Quais são os EPIs necessários para se trabalhar


com o ar comprimido?
É fundamental que a empresa forneça os equipamentos de proteção individual (EPIs)
apropriados para os colaboradores trabalharem em segurança. Veja quais são os principais EPIs
abaixo:
• óculos com proteção lateral: muitas vezes, as substâncias manipuladas com o ar comprimido
podem ser nocivas para os olhos, como óleos, tintas e solventes. O óculos também é uma
proteção caso haja algum acidente com o ar comprimido em que aconteça lançamento de
projétil;
• luvas: a luva permite que você tenha mais firmeza no manejo do maquinário, além de ser uma
possibilidade de proteção contra agentes tóxicos, como solventes;
• protetor auricular: o compressor de ar é um aparelho que provoca barulho. Ruídos por tempo
prolongado acima do limite tolerável podem ser prejudiciais para a audição. Com o protetor
auricular, você evita esses problemas;

8
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
• proteção respiratória: a máscara é fundamental para proteger as vias respiratórias contra vapores
tóxicos, principalmente em processos de pintura e pulverização;
• botas de segurança: elas protegem os pés contra a queda de produtos químicos e materiais
pesados. Utilizá-las é essencial para ter mais segurança no trabalho.
Qual a importância de um profissional de
segurança do trabalho para a prevenção de
problemas com ar comprimido?
O profissional da área de segurança do trabalho tem um papel decisivo para o empreendimento.
Ele realiza a análise e notificação de riscos existentes no ambiente laboral, propõe ações
preventivas, executa as normas de projetos de reforma, construção, ampliação e de fluxos de
processos, coloca em prática procedimentos de segurança e estuda dados estatísticos de
acidentes e doenças associados ao trabalho.
Nas ações com o ar comprimido, o profissional da área de segurança tem um papel crucial na
prevenção de acidentes e na redução de riscos. É ele que auxilia na gestão de procedimentos,
equipamentos e ferramentas, para que tudo esteja disposto de forma a favorecer a
operacionalidade, preservando as condições de proteção dos colaboradores.
O trabalho educativo também é essencial, pois muitos dos acidentes são provocados pelo
manuseio inapropriado do ar comprimido. Alguns operadores fazem brincadeiras com o gás, o
que pode provocar sérios acidentes.
Outra prática comum e altamente arriscada é a tentativa de limpeza da roupa e dos cabelos com
o ar comprimido, o que expõe o corpo aos graves riscos que nós citamos anteriormente. Assim,
a conscientização é uma fase importante do processo de prevenção.
Como proceder em caso de acidentes com ar
comprimido?
Em casos de acidentes com ar comprimido, chame o serviço de emergência imediatamente. A
seguir, apontaremos quais são os principais procedimentos de primeiros socorros a serem
realizados.
Ferimentos em tecidos moles
Os tecidos moles são os nossos vasos sanguíneos elinfáticos, além de músculos, gordura,
tendões e nervos, equivalendo a cerca de 50% do peso corporal de uma pessoa adulta. Caso haja
ferimentos superficiais, é essencial lavar bem as mãos com sabão e água corrente, lavando
muito bem a ferida.
Para secar, o ideal é cobrir com gaze estéril, no sentido de dentro para fora. Coloque compressas
sobre a área ferida. Não convém utilizar algodão, pois podem libertar -se alguns filamentos. Só
retire corpos estranhos, como farpas e cacos de vidro, se eles saírem facilmente. Faça uma
atadura sobre o ferimento com curativo.

Contusões
9
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
As contusões são lesões produzidas por golpes ou impactos, sem causar dilaceração ou ruptura
da pele. Essa ocorrência é mais grave quanto maior for a velocidade de impacto e o peso do
agente que a provoca. Utilize bolsas de gelo ou compressas de água gelada na região afetada e
estimule o repouso da área nas primeiras 24 horas.
Observe se a mancha, que inicialmente é arroxeada, vai se tornando azulada ou esverdeada e,
por fim, amarelada. Essa modificação é sinal de recuperação. Vale lembrar que,
independentemente da lesão, caso você perceba algum sinal de gravidade, procurar por ajuda
médica é imprescindível.
Neste conteúdo, você descobriu os riscos do ar comprimido e como é possível utilizá-lo de
forma correta. Esse material auxilia as atividades industriais de diversas maneiras, seja como
fonte de energia ou alimentando dispositivos pneumáticos. Com isso, você reduz os custos com
eletricidade e adota uma opção mais sustentável em sua gestão.
Como um técnico ou engenheiro de segurança do trabalho que deseja evitar acidentes na
empresa, você precisa conscientizar os funcionários e mostrar que todos são essenciais para o
sucesso do negócio. A análise do ambiente do trabalho e a identificação dos possíveis perigos
não pode falhar também.
Realize treinamentos para preparar os colaboradores. Além disso, o uso de EPIs de qualidade é
indispensável. Portanto, faça uma pesquisa de mercado e encontre um fornecedor de EPIs
adequados às exigências do trabalho industrial que seja habilitado.

1
0
UFCD1527: Instalações, Equipamentos e Ferramentas
O Sistema de Energia Elétrica
Conceito Geral
O Sistema de Energia Elétrica (SEE) é um sistema bastante complexo,
concebido com a função principal de entregar energia elétrica aos consumidores.
A energia elétrica é produzida1 em centrais elétricas, as quais, normalmente, se
situam em locais afastados dos pontos de consumo. Por isso, é necessário
transportar a energia, desde os locais onde ela é produzida, até aos locais onde
ela é consumida. O transporte de energia elétrica necessita de uma infraestrutura
fı́sica2 , constituı́da por linhas aéreas ou cabos subterrâneos. Esta infraestrutura
fı́sica compreende ainda a existência de equipamentos destinados a criar as
condições para que a transmissão se faça com perdas reduzidas – os transformadores.
Finalmente, a energia elétrica é entregue aos clientes, com a qualidade adequada.

Grandezas fundamentais
Para observar, estudar e compreender o funcionamento do SEE, usam-se duas
grandezas fundamentais: a corrente3 e a tensão. A corrente elétrica é um
fluxo organizado de eletrões num material, em geral, um metal. Nos metais, há
eletrões que podem libertar-se da estrutura da nuvem eletrónica e mover-se
livremente através do material, originando, assim, uma corrente elétrica. Para
manter a corrente de eletrões, é preciso fornecer energia, uma vez que os eletrões a
vão perdendo, nas colisões com a estrutura do material. É por

1 Na verdade, a energia elétrica não é produzida, mas sim transformada a partir de energia já exis-

tente noutras formas. Por facilidade de linguagem, usaremos a palavra “produção” (e “consumo”), tendo
presente que nos estamos a referir à palavra “transformação”.
2 Existem formas de transmitir energia elétrica sem fios, usando tecnologias avançadas, tais como a

indução direta ou a indução magnética ressonante. No entanto, não existem ainda aplicações comerciais
destas tecnologias para potências elevadas, principalmente devido ao seu baixo rendimento – apenas uma
pequena parte da energia transmitida é recebida pelo recetor.
3 O nome correto é “intensidade de corrente”, mas por facilidade de linguagem usaremos apenas a

palavra “corrente”.

1
1
O Sistema de Energia
Elétrica
esta razão que os fios condutores aquecem quando são percorridos por correntes
elétricas. A tensão pode ser entendida como uma medida da energia que é necessário
fornecer para manter a corrente. Existe ainda uma terceira grandeza, chamada
potência, que envolve o produto da tensão pela corrente.
Para representar a tensão usam-se, normalmente, as letras V ou U , sendo o Volt
(V) a unidade do Sistema Internacional (SI) em que se mede a tensão. Quanto à
corrente, ela representa-se pela letra I e mede-se em Ampère (A). A potência mede-
se em Volt-Ampère (VA)4 e representa-se pela letra S.

1.1.1 Requisitos
O funcionamento do SEE é bastante complexo, por diversas razões, a principal das quais
é a necessidade de obedecer a uma condição essencial: a produção de energia elétrica
tem de igualar, em cada instante, exatamente o consumo verificado nesse instante,
adicionado das perdas observadas na transmissão da energia elétrica. A satisfação
desta condição é essencial, uma vez que as caracterı́sticas da energia elétrica não a
tornam adequada a ser armazenada.
Na verdade, a energia elétrica pode ser armazenada, utilizando, para o efeito, as
conhe- cidas baterias. No entanto, a quantidade de energia elétrica que é possı́vel
armazenar em baterias é mı́nima, quando comparada com os movimentos de
energia associados à satisfação do consumo de um paı́s. Não sendo possı́vel
armazenar energia na sua forma elétrica, a condição referida tem de ser assegurada
em cada instante.
Apesar de se usarem técnicas avançadas de previsão dos consumos, é evidente que
a sua eficácia não pode ser total, pelo que a utilização de sofisticados sistemas
de controlo é essencial, não só para regular a energia fornecida pelas centrais
elétricas com essa capaci- dade, como também para gerir o trânsito de energia nas
interligações elétricas que unem Portugal e Espanha.
Além deste requisito fundamental, que envolve a operação de todo o SEE, existem
ainda outros requisitos de segunda ordem, mas também importantes:

• A energia elétrica deve ser fornecida em qualquer local onde seja solicitada.
• A energia elétrica deve obedecer a critérios de qualidade: frequência
constante, tensão controlada, forma de onda sinusoidal, fiabilidade elevada5 .
• Os custos de produção devem ser minimizados.
• O impacte ambiental deve ser contido.

1
2
O Sistema de Energia
Elétrica
1.1.2 Estrutura e componentes
Na Figura1.1mostra-se um esquema ilustrativo da estrutura de um SEE.

4 Os múltiplos das unidades são: kilo (k) = 103 ; Mega (M) = 106 ; Giga (G) = 109 ; Tera (T) = 1012 ,

e os submúltiplos são: mili (m) = 10−3 ; micro (µ) = 10−6 ; nano (n) = 10−9 ; pico (p) = 10−12 .
5Veremos, mais tarde, o significado destes conceitos.

1
3
O Sistema de Energia
Elétrica

Figura 1.1: Estrutura do Sistema de Energia Elétrica (SEE); Fonte: J.P. Sucena Paiva, Redes de
Energia Elétrica: Uma Análise Sistémica, IST Press, 2007.

A energia elétrica é produzida em três tipos de infraestruturas, ordenadas por nı́vel


de potência:

• Centrais de grande potência, da ordem das centenas ou um milhar de MVA.


Estas centrais podem ser: térmicas (ou termoelétricas), quando se processa
a transfor- mação da energia térmica associada a um combustı́vel fóssil,
como o carvão, ou o gás natural, em energia elétrica; ou hı́dricas (ou
hidroelétricas), quando se apro- veita a energia potencial e cinética associada
ao curso de um rio. A localização das unidades de produção térmica e hı́drica
está concentrada em sı́tios especificamente selecionados para responder a
condicionamentos de natureza infraestrutural (abas- tecimento de
combustı́vel, existência de cursos de água de refrigeração), no caso das
térmicas, e de natureza geográfica (disponibilidade do recurso energético
primário, em condições de poder ser aproveitado), no caso das hı́dricas.
• Centrais de média ou pequena potência, da ordem das dezenas de MVA. Estas
cen- trais podem ser: pequenas centrais hidroelétricas; eólicas, que aproveitam
a energia do vento; fotovoltaicas, associadas à transformação de energia da
radiação solar. Todas estas unidades de produção se designam por produção
descentralizada, ou dispersa6 , pois não se encontram concentradas em locais
especı́ficos, antes se encon- tram distribuı́das em locais muito diversificados,
escolhidos devido à abundância do recurso energético primário.
• Centrais de muito pequena potência, instaladas nos locais de consumo de
energia elétrica, no âmbito das chamadas microgeração e minigeração,
1
4
O Sistema de Energia
normalmente de ori- gemElétrica
fotovoltaica. A microgeração compreende unidades
de produção instaladas nos locais de consumo doméstico, com potências da
ordem das unidades de kVA; a mi- nigeracão está associada a unidades de
produção instalada nos locais de consumo industrial, com potências da ordem
das dezenas ou centenas de kVA.
6O nome técnico é Produção em Regime Especial (PRE).

1
5
O Sistema de Energia
Elétrica
A energia produzida nas grandes centrais térmicas e hı́dricas é entregue à rede de
trans- porte, composta por linhas aéreas de Muito Alta Tensão (MAT). Esta
tensão extrema- mente elevada é adequada para transportar a energia elétrica a
grandes distâncias, uma vez que as perdas no transporte diminuem quando se
aumenta a tensão. São os transfor- madores que permitem mudar o nı́vel de tensão
a que se efetua o transporte de energia, de modo a obter o nı́vel ótimo de perdas,
do duplo ponto de vista técnico e económico.
Tensões muito elevadas não são adequadas para transportar a energia elétrica a um
nı́vel regional ou local, onde as distâncias envolvidas são menores. Para distâncias
relativamente pequenas não é economicamente vantajoso usar MAT, porque os
investimentos neste nı́vel de tensão são muito avultados. Assim, a energia elétrica
é transferida para a rede de distribuição que funciona nos nı́veis de tensão: Alta
Tensão (AT), Média Tensão (MT) e Baixa Tensão (BT). As unidades de produção
descentralizada encontram-se normalmente ligadas à rede de distribuição em AT
ou em MT. A microgeração e a minigeração estão ligadas na rede de distribuição
em BT.

Opções Básicas

O SEE foi desenvolvido a partir de três opções básicas que foram tomadas no
passado longı́nquo: o SEE funciona em corrente alternada, à frequência de 50
Hz7 e é trifásico. Vamos ver o que significam estes conceitos e as opções básicas
que foram tomadas para convergir nesta solução:

Corrente alternada / corrente contı́nua

Num sistema em corrente alternada8, as grandezas fundamentais variam no


tempo se- guindo uma forma de onda sinusoidal; num sistema em corrente
contı́nua9 , estas grande- zas são constantes no tempo. Os SEE funcionam, na sua
esmagadora maioria, em corrente alternada, o que quer dizer que as grandezas
fundamentais podem ser representadas ma- tematicamente por um seno ou por
um cosseno. A Figura1.2ilustra um exemplo da variação no tempo da tensão e da
corrente, num circuito em corrente alternada do SEE.
O perı́odo da onda é 20 ms, o que significa que a forma de onda se repete ao
fim de 20 ms (mili segundo). O perı́odo representa-se pela letra T e mede-se
1
6
O Sistema de Energia
Elétrica
em segundo (s). Ao inverso do perı́odo dá-se o nome de frequência, que se
representa pela letra f e cuja unidade SI é o Hertz (Hz). No caso do SEE, tem-
se:

1
T = 20 × 10−3 s → f = = 50 Hz (1.1)
T

A frequência ser 50 Hz significa que a forma de onda se repete 50 vezes num segundo.
7 Em algumas partes do mundo, como no continente americano e em parte da Ásia, usa-se 60 Hz, como

se verá mais à frente.


8AC – Alternating current.
9DC – Direct current.

1
7
O Sistema de Energia
Elétrica

Tensão e corrente
40

30

20

10

10 15 20 25 30 35 40

-100 -10

-200 -20

-300 -30

-400 -40

Figura 1.2: Exemplo da tensão e da corrente num circuito de corrente alternada.

Uma outra grandeza importante é a frequência angular, que se representa pela letra
grega “omega” (ω) e se mede em rad/s. A relação entre a frequência e a frequência
angular é a seguinte:

ω = 2πf = 314 rad/s (1.2)

Como se pode observar na Figura1.2, as grandezas fundamentais, tensão e


corrente, têm um valor máximo. No entanto, os aparelhos que medem as
grandezas fundamentais, que são os voltı́metros e os amperı́metros, normalmente,
não medem o valor máximo (max) das grandezas, mas sim um outro valor,
designado valor eficaz (ef). O valor eficaz das grandezas é o que contribui,
efetivamente, para a transferência de potência útil entre dois sistemas. Para
grandezas de variação sinusoidal, a relação entre o valor máximo da tensão e da
corrente e o respetivo valor eficaz é:

1
8
O Sistema de Energia
ElétricaV √
max = 2Vef
√ (1.3)
Imax = 2Ief

Na Figura1.2deu-se um exemplo de variação no tempo da tensão e da corrente


em que estas duas grandezas se apresentavam em fase, isto é, as grandezas
atingem os valores máximos ou anulam-se no mesmo instante de tempo. Em
regra, isto não se passa assim: a tensão e a corrente estão desfasadas, isto é, não
atingem o valor máximo ou anulam-se

Corrente (A)
Tensão (V)

1
9
O Sistema de Energia
Elétrica
ao mesmo tempo. A corrente pode estar atrasada em relação à tensão, isto é,
atinge o valor máximo depois de a tensão o ter atingido, ou pode dar-se a situação
contrária. Na Figura1.3representa-se o caso em que a corrente está atrasada em
relação à tensão.

Tensão e corrente
40

30

20

10

Corrente (A)
Tensão (V)

10 15 20 25 30 35 40

-100 -10

-200 -20

-300 -30

-400 -40

Figura 1.3: Exemplo da corrente atrasada em relação à tensão num circuito de corrente alternada.

Em face do exposto, pode concluir-se que a tensão e a corrente podem expressar-se ma-
tematicamente através de:

v(t) =√ 2Vef sin (314t) V
i(t) = 2Ief sin (314t − φ) A
(1.4)

O ângulo que se representa pela letra grega “fi” (φ) é o ângulo de desfasagem entre
a tensão e a corrente. O cosseno deste ângulo tem um papel importante nos SEE:
ao cosseno do ângulo φ dá-se o nome de fator de potência.
Para obter a potência, o ponto de partida é o produto da tensão pela corrente. A potência

2
0
O Sistema de Energia
Elétrica
é, na realidade, representada através de um número complexo, daı́ tomar o
nome de potência complexa. A parte real deste número complexo chama-se
potência ativa, mede- se em Watt (W) e representa-se pela letra P ; a parte
imaginária é a potência reativa, que se mede em volt-ampère-reativo (var) e se
representa pela letra Q. Podemos então escrever que:

S = P + jQ (1.5)

2
1
O Sistema de Energia
Elétrica
É possı́vel demonstrar que:

P = Vef Ief cos φ


Q = Vef Ief sin φ (1.6)

Apenas em aplicações muito especı́ficas, como por exemplo, a transmissão de


energia elétrica a longuı́ssimas distâncias, se justifica o uso da corrente contı́nua.
No caso geral, são três as vantagens da corrente alternada sobre a corrente contı́nua
e que justificam a sua utilização generalizada:

• Maior simplicidade na construção dos geradores e dos motores e maior


segurança na sua exploração.

• Maior facilidade na interrupção da corrente.

• Facilidade em variar a tensão recorrendo ao uso de transformadores.

Em caso de perturbações no SEE, é muitas vezes necessário interromper a corrente,


por exemplo, no caso de curto-circuitos: interromper uma corrente contı́nua é
uma tarefa muito complicada; interromper uma corrente alternada é mais simples,
já que o processo de interrupção beneficia da passagem periódica por zero da
corrente.

No entanto, o fator determinante para a generalização do uso da corrente alternada


nos SEE é a que se mencionou em terceiro lugar. Já vimos que para que a
transmissão de energia elétrica se faça com perdas reduzidas é necessário elevar a
tensão, a qual terá de ser reduzida à medida que nos aproximamos das instalações
dos clientes. Esta função é realizada pelos transformadores. Acontece que estes
equipamentos, de extrema utilidade para o bom funcionamento do SEE, só
funcionam em corrente alternada10 .

1.2.250 Hz / 60 Hz

Nos paı́ses em que o SEE evoluiu de acordo com as tendências que


prevaleceram na Europa usa-se a frequência de 50 Hz. Nos Estados Unidos
da América e nos paı́ses tecnologicamente influenciados por este paı́s usa-se a
frequência de 60 Hz. Esta divisão das frequências de operação do SEE é uma
2
2
O Sistema de Energia
Elétrica
circunstância infeliz, mas que hoje é irremediável. Pode, todavia, perguntar-se
porque razão não se usam frequências inferiores a 50 Hz ou superiores a 60 Hz.

Não se usam frequências inferiores a 50 Hz porque produzem uma incómoda


cintilação na luz emitida pelas lâmpadas. Não é conveniente usar frequências
superiores a 60 Hz porque as perdas nos circuitos magnéticos crescem com a
frequência.
10 Hoje em dia já existem transformadores de corrente contı́nua que são construı́dos recorrendo a dis-

positivos eletrónicos de potência. No entanto, ainda não se fabricam para potências elevadas.

2
3
1.2.3Número de fases

O SEE é trifásico, isto é, quando se pretende transmitir energia elétrica de um


emissor para um recetor usam-se três condutores. As vantagens do sistema trifásico
relativamente ao monofásico, em que se usa apenas um condutor (e respetivo
retorno para fechar o circuito), podem ser encontradas ao nı́vel da geração, da
transmissão e da utilização da energia elétrica. Contudo, é ao nı́vel da transmissão
da energia elétrica que as vantagens são mais evidentes, pelo que será sobre a
vantagem associada à transmissão de energia que nos iremos debruçar.
Suponhamos que pretendemos transmitir a potência P , entre um emissor e um
recetor, localizados a uma distância d. Para transmitir esta potência precisamos de
um condutor com comprimento 2d, uma vez que é necessário assegurar um retorno,
de modo a fechar o circuito elétrico. Se, em vez de um condutor, usarmos três
condutores e o retorno se fizer por um condutor único (chamado neutro), precisamos
de um condutor com comprimento 4d, mas conseguimos transmitir uma potência
3P . Isto significa que duplicamos o com- primento do condutor, mas triplicamos
a potência transmitida, o que é uma vantagem significativa. Acresce que, em
muitas circunstâncias, é possı́vel suprimir o condutor de retorno, uma vez que, se
o sistema for convenientemente equilibrado, ele é percorrido por corrente nula.
Nestas circunstâncias, a economia é ainda maior: aumentamos o com- primento
dos condutores em 50 % e triplicamos a potência transmitida. Devido a esta
economia assinalável, os SEE são, com poucas exceções, trifásicos.
Sendo os sistemas trifásicos, podem definir-se duas tensões: uma tensão simples,
medida entre uma fase e o neutro, e uma tensão composta, medida entre duas
fases. A relação entre tensão simples (s) e tensão composta (c) é:


Vc = 3V s (1.7)

Organização

Habitualmente, o SEE divide-se nos seguintes cinco blocos: 1) Produção; 2) Transporte;


3) Distribuicão; 4) Comercialização; 5) Consumo.

Produção

2
4
A atividade de produção de energia elétrica é aberta à iniciativa privada,
exercida em regime de livre concorrência, mediante a atribuição de licença. O
papel do Estado é criar condições de desenvolvimento do mercado e monitorizar
o sistema, para garantir abastecimento.

Centrais térmicas

As centrais térmicas podem ser de dois tipos: as convencionais e as de ciclo combinado.

2
5
Nas centrais térmicas convencionais queima-se um combustı́vel fóssil, o carvão, para
obter energia térmica. O calor, assim libertado na combustão do carvão,
aquece água que percorre as tubagens, localizadas dentro da caldeira, fazendo
com que a água passe do estado lı́quido ao estado de vapor. O vapor é
encaminhado para uma turbina de vapor, empurrando as suas pás e obtendo energia
mecânica (associada ao movimento das pás do rotor da turbina). Acoplado no
mesmo veio onde roda a turbina, encontra-se um gerador elétrico, o qual
transforma a energia mecânica em energia elétrica. Entretanto, o vapor é arrefecido
num condensador11 , que obriga a água a retornar ao estado lı́quido. Esta água
é introduzida na caldeira e o processo é reiniciado (ver Figura1.4).

Figura 1.4: Esquema de uma central térmica convencional; Fonte: Kalipedia.

O rendimento, isto é, o quociente entre a energia elétrica obtida à saı́da e a energia
tér- mica colocada à entrada, das centrais térmicas convencionais é baixo, da ordem
dos 35%. Acresce que o carvão é um combustı́vel extremamente poluente,
contribuindo acentuada- mente para a emissão de gases nocivos para a atmosfera,
os chamados gases de efeito de estufa. Por estas razões, há muitos anos que não se
constroem em Portugal, e na Europa em geral, centrais térmicas convencionais.

A tecnologia do ciclo combinado a gás natural veio substituir a tecnologia do


carvão. Nas centrais de ciclo combinado queima-se gás natural. Uma mistura de
ar e dos gases provenientes da combustão empurra as pás de uma turbina de gás,
à qual está acoplado um gerador elétrico, de forma a obter energia elétrica à
saı́da, num processo similar ao que ocorre nas centrais térmicas convencionais.
O rendimento desta transformação é também baixo, da ordem dos 30%, o que
significa que uma parte substancial da energia térmica colocada à entrada não é
convertida em energia elétrica. A energia térmica disponı́vel é então encaminhada

9
para uma caldeira onde se obtém vapor por aquecimento de água que percorre as
tubagens existentes nesta segunda caldeira. O vapor assim obtido
é encaminhado para uma segunda turbina, esta de vapor, a qual aciona um
segundo gerador elétrico, de forma a obter mais energia elétrica(ver
Figura1.5). Repare-se que esta tecnologia opera com dois ciclos: o ciclo do gás e
o ciclo do vapor, daı́ o seu nome de ciclo combinado.
11 Não confundir com os condensadores elétricos, que têm inúmeras aplicações em sistemas de energia,

e que são dispositivos capazes de armazenar energia elétrica.

9
Figura 1.5: Esquema de uma central térmica de ciclo combinado; Fonte: Sagan-gea.

O rendimento total do processo, isto é o quociente entre a energia térmica


colocada à entrada na combustão do único combustı́vel, o gás natural, e a
energia elétrica obtida
à saı́da no conjunto dos dois geradores, é agora bem mais elevado, da ordem
dos 55– 60%. O gás natural é um combustı́vel menos poluente do que o carvão,
tipicamente a poluição originada pelas emissões associadas à queima de gás natural
é cerca de metade das referentes ao carvão. Por esta razão, todas as centrais
térmicas instaladas em Portugal, e na Europa, nos últimos anos usam esta
tecnologia.

Centrais hı́dricas

Nas centrais h´ıdricas aproveita-se o desn´ıvel existente entre dois pontos do leito
de um rio e o caudal de água, isto é, o volume de água que atravessa uma
determinada área, na unidade de tempo, para empurrar as pás de uma turbina
hidráulica e obter, depois, energia elétrica através de um gerador elétrico12 montado
no mesmo veio da turbina (ver Figura1.6).

O rendimento deste processo é bem mais elevado do que o das centrais


térmicas, da ordem dos 80%. Acresce que a produção de energia elétrica é
conduzida com recurso a uma fonte primária renovável, o que torna estes
empreendimentos extremamente valiosos. O problema das centrais hı́dricas é que não
podem ser colocadas em qualquer lugar, antes requerem a existência de condições
geográficas adequadas para a sua instalação.

9
Existem dois tipos de centrais hı́dricas: as de fio-de-água e as de albufeira. Nas
centrais de fio-de-água, o recurso é aproveitado na exata medida da sua
disponibilidade, isto é, as condicões geográficas do local não permitem o
armazenamento de água: quando o recurso é insuficiente, a central para; quando
o recurso excede a potência da central, o excedente é desperdiçado. As centrais
com albufeira são muito mais valiosas; a albufeira é
12 Os geradores das centrais hı́dricas, e também das centrais térmicas, são do tipo designado por sı́n-

crono. Os geradores sı́ncronos chamam-se alternadores.

9
Figura 1.6: Esquema de uma central h´ıdrica; Fonte: electricenergyiespn.

um reservatório natural, proporcionado pela existência de condições geográficas


propı́cias, que permite armazenar a água afluente. Consegue-se, deste modo, uma
gestão otimizada do recurso hı́drico, pois a central pode funcionar mesmo em
perı́odos de seca, recorrendo
à água armazenada em perı́odos de abundância.

Centrais eólicas

Os aproveitamentos eólicos transformam a energia cinética associada à


velocidade do vento em energia mecânica, obtida através da rotação das pás do
rotor da turbina eólica. Mais uma vez, no veio onde roda a turbina eólica está
instalado um gerador elétrico13 , o qual permite obter energia elétrica (ver
Figura1.7).

O rendimento dos geradores eólicos depende da velocidade do vento a que estão a


operar, mas situa-se, tipicamente, na casa dos 35–40%. Naturalmente que a valia
dos geradores eólicos resulta de usarem um recurso renovável, isento de emissões
nocivas. A sua prin- cipal desvantagem relaciona-se com a incapacidade de
regularem a potência fornecida, ao contrário das centrais térmicas e hı́dricas de
albufeira que possuem essa capacidade. Este problema é importante, na medida
em que para conseguir balancear a geração com o consumo, condição essencial ao
funcionamento do SEE, como já vimos, é necessária capacidade de regulação da
potência gerada nas centrais elétricas.

Uma área onde se estão a verificar evoluções assinaláveis é na instalação de geradores


eóli- cos no mar, o chamado offshore. O motor do desenvolvimento do offshore é
1
1
a progressiva exaustão dos locais com caracterı́sticas ideais em terra, a prazo, e o
benefı́cio de regimes de ventos mais uniformes. Em Portugal está instalada uma
unidade de demonstração de tecnologia, ao largo da Póvoa do Varzim, a 6 km
de terra e 60 m de profundidade – o projeto WindFloat (ver Figura1.8).
13 Osgeradores que equipam as unidade de produção eólica são, na sua maioria, de um tipo distinto
dos que equipam as centrais térmicas e hı́dricas. Os geradores eólicos são do tipo assı́ncrono, também
conhecidos por geradores de indução.

1
1
Figura 1.7: Esquema de um gerador eólico; Fonte: Nordex.

Figura 1.8: Gerador eólico offshore em Portugal – projeto WindFloat; Fonte: EDP.

Centrais fotovoltaicas

O princı́pio de funcionamento das centrais já abordadas – térmicas, hı́dricas e eólicas –


é semelhante, baseado sempre na existência de um grupo turbina-gerador. As
centrais fotovoltaicas configuram um princ´ıpio de funcionamento completamente
diferente, pois não existe, nem turbina, nem gerador.

1
1
Os painéis fotovoltaicos são constituı́dos por um material – o silı́cio –, o qual,
depois de convenientemente tratado, possui caracterı́sticas especiais, quando é
colocado ao sol. Os

1
1
fotões, que são as partı́culas constituintes da radiação solar, deslocam os eletrões do
silı́cio para uma banda de condução, onde adquirem a capacidade de se
movimentarem e, assim, gerarem uma corrente elétrica. Esta corrente elétrica é
contı́nua, pelo que a ligação dos painéis fotovoltaicos a uma rede elétrica de
corrente alternada requer a instalação de um dispositivo de interface. Tal dispositivo
designa-se por inversor, o qual transforma corrente contı́nua em corrente alternada,
recorrendo a dispositivos eletrónicos de potência14 (ver Figura1.9).

Figura 1.9: Esquema de uma central fotovoltaica; Fonte: Unesa.

Historicamente, a energia fotovoltaica apresentava duas desvantagens: o custo


elevado e o baixo rendimento. O custo dos painéis fotovoltaicos tem vindo a
descer, de forma sustentada, nos últimos anos, estando, hoje em dia, próximo dos
valores praticados para os conversores eólicos. Quanto ao rendimento, os avanços
não foram tão espetaculares, situando-se em valores da ordem de 10–15%,
valores estes que não sofreram grandes alterações nos últimos anos.

Centrais de cogeração

As centrais de cogeração são centrais térmicas de pequena potência, em que energia


tér- mica que não pode ser convertida em energia elétrica é usada numa aplicação útil.
Apli- cações úteis são, por exemplo, aquecimento de água para climatização de
espaços (aque- cimento e refrigeração, num processo conhecido como trigeração), ou
calor necessário em processos industriais.

1
3
Transporte
A atividade de transporte de energia é exercida no modo de concessão exclusiva
e em regime de servico público. O concessionário da Rede Nacional de Transporte
(RNT) é a
14 A eletrónica de potência teve um desenvolvimento assinalável nos últimos anos, sendo, hoje em dia,

correntemente utilizada para otimizar a ligação das fontes de energia renovável (principalmente eólica e
fotovoltaica) à rede elétrica.

1
3
Redes Energéticas Nacionais (REN – www.ren.pt). A REN exerce também a
função de operador do sistema, a quem cabe a gestão técnica global do SEE.
Pelo uso da RNT, a REN recebe uma tarifa, que é regulada pela Entidade
Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE – www.erse.pt).
A RNT é composta pela rede de MAT (ver Figura1.10). Em Portugal existem
três nı́veis de tensão MAT: 400 kV, 220 kV e 150 kV15 . A rede de transporte
é constituı́da quase exclusivamente por linhas aéreas, englobando apenas alguns
troços em cabo subterrâneo, explorados a 220 kV e 150 kV, nomeadamente na
região da Grande Lisboa.

Figura 1.10: Rede Nacional de Transporte (RNT); Fonte: REN.

Na RNT existem transformadores para adaptar os nı́veis de tensão no interior da


RNT (MAT/MAT) e transformadores para fazer a interface entre a RNT e a RND
em AT (MAT/AT). Os transformadores estão alojados nas chamadas subestações.

Distribuição

1
3
A atividade de distribuição de energia é exercida no modo de concessão exclusiva
e em regime de serviço público. O concessionário da Rede Nacional de
Distribuição (RND) é a Energias de Portugal – Distribuição (EDP-Distribuição –
www.edpdistribuicao.pt). A
15 Estes números representam o valor eficaz da tensão composta. Aliás, sempre que nos referimos a uma

tensão através de um número, estamos sempre a referirmo-nos ao valor eficaz da tensão composta.

1
3
EDP-Distribuição exerce também a função de operador da rede de distribuição, a
quem cabe a exploração e manutenção da RND e gerir os fluxos energéticos. Pelo
uso da RND, a EDP-Distribuição recebe uma tarifa, que é regulada pela ERSE.
A RND é constituı́da pelas linhas aéreas (80%) e cabos subterrâneos (20%) que
operam nos nı́veis de AT e de MT. Em Portugal, usam-se as tensões de 60
kV em AT, e de 30 kV, 15 kV e 10 kV em MT. Além das linhas e cabos,
as redes de distribuição são ainda constituı́das por subestações, postos de
seccionamento, postos de transformação (onde estão alojados os transformadores
MT/BT) e equipamentos acessórios ligados à sua exploração. A
Figura1.11mostra um segmento da RND em AT.

Figura 1.11: Segmento da Rede Nacional de Distribuição (RND) em AT; Fonte: EDP-
Distribuição.

A rede de BT é uma concessão municipal. A EDP-Distribuição é a titular


da grande maioria destas concessões, existindo, no entanto, alguns pequenos
operadores, localizados no norte do paı́s. A tensão de operação da rede BT é
400 V. Em BT usa-se também a tensão de 230 V, que é a tensão simples
correspondente.

Comercialização

3
8
A atividade de comercialização de energia é uma atividade separada da
distribuição, constituindo a última atividade na cadeia de fornecimento de energia
aos consumidores. É uma atividade livre, sujeita à atribuição de uma licença; em
Portugal, existem diversos comercializadores de energia elétrica, que operam no
âmbito do mercado da energia.
O mercado da energia é o Mercado Ibérico da Energia Elétrica (MIBEL), onde os
produ- tores fazem ofertas de venda e os comercializadores fazem ofertas de compra.
O preço da energia resulta do equil´ıbrio entre a oferta e a procura e varia de hora
para hora, apesar de as tarifas que os clientes pagam não refletir ainda esta variação
horária.

O comercializador é o representante dos seus clientes no mercado. Ele compra


energia elétrica, ao preço de mercado, e vende-a aos seus clientes. Como esta
operação de compra e venda requer o uso da rede de transporte e da rede de
distribuição, os clientes têm de pagar uma tarifa de utilização das redes.

Fora do ambiente de mercado, está também consagrada, para proteção dos


consumidores, a figura do Comercializador de Último Recurso (CUR), cuja
finalidade é servir de garante do fornecimento de eletricidade aos consumidores,
nomeadamente os mais frágeis e os que não pretendem aderir ao regime de mercado.

1.3.1 Consumo

Os consumidores de energia domésticos estão ligados na rede de BT. Os


grandes con- sumidores podem ligar-se diretamente na rede MAT ou na rede AT;
os consumidores industriais encontram-se ligados no n´ıvel de MT.

O diagrama de carga é a representação da potência de carga16 em função do


tempo. Os diagramas de carga fornecem informação especialmente importante,
pois permitem também determinar a ponta (valor máximo) e a energia consumida
(área sob a curva do diagrama de carga). Na Figura1.12apresenta-se o diagrama
de carga da rede portuguesa nos dias em que a potência pedida à rede atingiu o seu
máximo anual, nos anos de 2010 e 2011.

3
9
Figura 1.12: Diagrama de carga nos dias de ponta anual, em 2010 e 2011; Fonte: REN.

16 A palavra “carga” é muitas vezes usada como “potência de consumo”

4
0
O •comportamento do SEE em regime transitório, isto é, na sequência de perturba-
ções, como sejam, por exemplo, curto-circuitos, manobras de órgãos de proteção, descargas elétricas.
As•máquinas elétricas, tais como, os transformadores, os geradores, que equipam as centrais produtoras, e os motores, presentes
nas instalações de utilização da energia elétrica, e os aspetos relacionados com o seu comando e regulação.
Os• modernos conversores eletrónicos de potência, que fazem a interface entre os equipamentos e o SEE, melhorando os
rendimentos e otimizando a exploração dos mesmos.
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

1
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

2
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Eletrofisiologia
 O tecido animal é constituído por células que se encontram imersas no líquido intersticial, separadas do
citoplasma por uma finíssima membrana.

 Quer o líquido intersticial, quer o líquido


intracelular (citoplasma) são eletrólitos onde os
iões potássio, sódio, cloro, etc., se movem
segundo um gradiente de concentração, isto é,
tendem a difundir- se para a zona de menor
concentração.
3
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Eletrofisiologia
 Alguns tipos de células sujeitas à ação de um dado estímulo (de natureza elétrica, térmica, mecânica ou
química), entram em atividade alterando a permeabilidade da membrana

 Gera-se, então, uma corrente iónica

4
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Eletrofisiologia
 O estímulo excita a célula somente se existir uma intensidade suficiente em relação à sua duração.

 No caso do estímulo elétrico, a célula é sensível,


em primeira aproximação, à quantidade de
eletricidade.

5
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Electrofisiologia
 Estas considerações também são válidas para o músculo cardíaco, pois o coração é formado por um
elevado número de fibras musculares dispostas em feixes paralelos.

 A diferença essencial do coração em relação a


todos os outros músculos do corpo humano
reside no facto de os estímulos necessários à
sua operação serem produzidos por ele próprio.
6
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Eletrofisiologia
A relação entre o impulso elétrico característico do ciclo cardíaco e a sua difusão nas fibras musculares é

representada na figura
seguinte, constituindo o
electrocardiograma.

7
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Efeitos Fisiopatológicos da Corrente elétrica no Corpo Humano

A passagem da corrente elétrica, através do corpo humano, pode determinar numerosas alterações e
lesões temporárias ou permanentes.

8
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Efeitos Fisiopatológicos da Corrente elétrica no Corpo Humano

A corrente elétrica pode determinar alterações permanentes no sistema cardiovascular, na atividade


cerebral e no sistema nervoso central.

Pode ainda ocasionar danos nos aparelhos auditivo,


visual, etc.

9
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Efeitos Fisiopatológicos da Corrente elétrica no Corpo Humano
 Limiar de perceção

 Limiar de não largar. Tetanização


 Paragem respiratória
 Fibrilação ventricular
Queimaduras

10
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Limiar de percepção

O limiar de percepção ou valor mínimo da corrente sentida por uma pessoa atravessada pela mesma, depende de vários

parâmetros.

Entre eles destacam-se a superfície do corpo, as condições de contacto (superfície de contacto, pele seca ou
húmida, pressão, etc.) e as características fisiológicas do indivíduo.

11
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Limiar de percepção

Segundo a publicação 479-1 CEI 1984, o valor médio


do limiar de percepção, para correntes alternadas de
frequência compreendida entre 15 e 100 hertz é:

0,5 miliamperes

Em corrente contínua o limite é de 2 mA.

12
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Limiar de não largar. Tetanização

O valor mais elevado da corrente para a qual uma pessoa é ainda capaz de largar o objeto em tensão com que está

em contacto é o limiar de não largar.

Este valor, variável de pessoa para pessoa, é menor para as mulheres e crianças e para indivíduos de baixo peso, os
quais são, em geral, mais sensíveis à corrente elétrica.

13
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Limiar de não largar. Tetanização

Para a corrente alternada de frequência entre 15 e 100 Hz, esse limite é considerado pela CEI como sendo de 10

mA.

Em corrente contínua o limiar é mais elevado e impreciso, não sendo possível definir um limiar de não largar para
intensidades inferiores a aproximadamente 300 mA.

14
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Circulação mão-corpo-mão de uma corrente alternada
15
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Paragem respiratória

Intensidades de corrente inferiores às acima indicadas para o limite de não largar produzem nas vítimas

dificuldades respiratórias e sinais de asfixia.


A passagem da corrente determina uma contração dos músculos adstritos à respiração ou uma paralisia dos centros
nervosos que superintendem à função respiratória.

16
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Paragem respiratória (continuação)

Se a corrente perdurar, aumenta, rapidamente, o risco de morte por asfixia.

Por isso, é fundamental realizar no mais curto lapso de tempo (3 e 4 minutos no máximo) a respiração artificial, a
fim de evitar a asfixia da vítima ou, eventualmente, lesões irreversíveis no tecido cerebral.

17
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
 Fibrilação ventricular

Se à corrente elétrica fisiológica normal se sobrepuser uma corrente elétrica de origem externa muitíssimo
maior, é fácil imaginar a perturbação que esta

última ocasiona no equilíbrio elétrico do corpo humano,

principalmente a nível

dos ventrículos.

18
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Fibrilação ventricular (continuação)

À atividade elétrica normal corresponde o pulsar ritmado do músculo cardíaco; sob a ação da atividade elétrica
perturbadora as fibras passam a contrair-se de maneira desordenada, surgindo, então, o fenómeno de fibrilação
ventricular.

Este fenómeno constitui a principal causa da morte por ação da corrente elétrica.

19
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Fibrilação ventricular (continuação)

A fibrilação ventricular foi, durante muito tempo, considerada um fenómeno irreversível.


Actualmente, com o recurso ao desfibrilador, pode parar-se a fibrilação e assim conseguir- se a recuperação da vítima.
No entanto, é imprescindível não perder tempo na prestação dos primeiros socorros até que o desfibrilador possa ser
utilizado.

20
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Fibrilação ventricular (continuação)

A curva de Drinker
mostra-nos a
probabilidade
(expressa em
percentagem) de
reanimação em função
do atraso na primeira
intervenção do
socorrista

Curva de Drinker
21
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Fibrilação ventricular (continuação)

Valores elevados de intensidade de corrente não provocam geralmente fibrilação. Podem, contudo, determinar a
paragem do coração ou induzir alterações orgânicas permanentes no sistema cardiovascular.

22
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

Queimaduras

As queimaduras representam a consequência mais frequente dos acidentes devido à eletricidade.

23
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Queimaduras (continuação)

A gravidade das queimaduras elétricas está associada aos seguintes parâmetros físicos:

- tensão,
- intensidade de corrente e
- tempo de passagem da corrente.

24
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Queimaduras (continuação)

Deve notar-se que as queimaduras elétricas devidas a correntes de alta tensão são particularmente graves, pois,
para além das queimaduras nos pontos de contacto, podem surgir queimaduras profundas ao longo do trajeto da
corrente elétrica, ao nível das massas musculares, dos tendões, etc.

25
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Queimaduras (continuação)

- Queimaduras electrotérmicas
- Queimaduras por arco
- Queimaduras mistas

26
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

 Queimaduras electrotérmicas

As queimaduras devidas à passagem da corrente — queimaduras eletrotérmicas — estão ligadas à

libertação de calor (W) ao longo do trajeto da corrente e a sua importância depende da lei de Joule:

2
W = R.I .t

como U = R.I, obtém-se W = U.I.t


27
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

Queimaduras por arco

São queimaduras devidas à intensa libertação de calor do arco elétrico.

São muito mais vulgares do que as electrotérmicas e em tudo idênticas às queimaduras térmicas de qualquer
outra origem.

28
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

Queimaduras por arco

Nos acidentes com correntes de alta tensão podem atingir uma parte importante da superfície cutânea e serem

agravadas pela combustão do vestuário.

Uma outra particularidade da queimadura por arco, quando esta surge ao nível dos olhos, é a possibilidade de
conjuntivites e de outras sequelas do aparelho visual.

29
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO

Queimaduras mistas

Em certos casos, o arco elétrico e a passagem da corrente associam-se para realizar quer queimadura superficiais,

devido ao arco, quer queimaduras profundas, devido à passagem da corrente.

Este tipo de queimaduras observa-se sobretudo na indústria e nos acidentes elétricos com alta
tensão.

30
AS CORRENTES ELÉTRICAS E O CORPO HUMANO
Queimaduras

Marca elétrica

A marca elétrica, pequena lesão (queimadura) arredondada ou ovalada, que parece incrustada na pele sã, reveste-se
de uma grande importância sob o ponto de vista médico-legal.

31
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

RISCO DE CONTACTO COM A


CORRENTE ELÉTRICA

32
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Definição

 Terminologia dos Acidentes elétricos

 Os Cinco Modos de eletrização


 A Equação do Risco elétrico
 Os Diferentes Parâmetros do Risco elétrico
Intensidade
 Correntes de elevada frequência
Corrente impulsiva
 Impedância elétrica do corpo humano
 Tensão de contacto. Tensão de segurança

33
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Definição

Pode definir-se risco de contacto com a corrente elétrica como a probabilidade de circulação de uma corrente elétrica
através do corpo humano.

34
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Definição (continuação)

Para que exista possibilidade de circulação de corrente elétrica é necessário:

- que exista um circuito elétrico;


- que o circuito esteja fechado ou possa
fechar-se;

- que no circuito exista uma diferença de potencial.

35
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Definição (continuação)

Além disso, é também necessário:

- que o corpo humano seja condutor;


- que o corpo humano faça parte do circuito;
- que exista, entre os pontos de entrada e de saída da
corrente elétrica no corpo humano, uma diferença de
potencial maior do que zero.

36
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Terminologia dos Acidentes elétricos

A eletrização abrange todos os acidentes elétricos resultantes de contactos com a corrente elétrica, quer
originem ou não acidentes mortais.

A eletrocussão é a designação dada ao acidente


elétrico mortal.
37
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Terminologia dos Acidentes elétricos (continuação)

As eletrizações são consequência quer de contactos diretos quer de contactos indiretos.

Contacto direto — contacto das pessoas com as partes ativas dos materiais e dos equipamentos.

38
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Terminologia dos Acidentes elétricos (continuação)

Partes ativas — condutores ativos e peças condutoras de uma instalação elétrica suscetíveis de estarem em tensão em

serviço normal.

Condutores ativos — condutores afetos à transmissão de energia elétrica (inclui os condutores de fase e o neutro, no caso
da corrente alternada).

39
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Terminologia dos Acidentes elétricos (continuação)

Contacto indireto — contactos de pessoas com massas ou elementos condutores postos acidentalmente sob tensão.

Massa — todo o elemento metálico de um material elétrico suscetível de ser tocado e, normalmente, isolado das partes
ativas, mas podendo ser posto acidentalmente sob tensão.

40
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Terminologia dos Acidentes elétricos (continuação)

Elemento condutor — elemento metálico estranho à instalação elétrica suscetível de propagar um potencial.

41
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Os Cinco Modos de eletrização

1. Contacto com uma parte activa


sob tensão
+
Contacto com uma outra parte activa sob tensão

(frequente e particularmente perigoso)

Contacto bipolar

42
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Os Cinco Modos de eletrização (continuação)

2. Contacto com uma parte activa


sob tensão
+
Contacto com uma massa posta acidentalmente sob tensão

(raro)
Contacto bipolar

43
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Os Cinco Modos de eletrização (continuação)

3. Contacto com uma massa posta


acidentalmente sob
tensão
+
Contacto com uma outra massa posta acidentalmente sob tensão

Contacto bipolar (muito raro)

44
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Os Cinco Modos de eletrização (continuação)

4. Contacto com uma parte activa


sob tensão
+
Terra (muito frequente)

Contacto unipolar

45
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Os Cinco Modos de eletrização (continuação)

5. Contacto com uma massa posta


acidentalmente sob
tensão
+
Terra

(muito frequente)

Contacto unipolar

46
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 A Equação do Risco elétrico

Para que haja eletrização, é necessário que seja estabelecida uma diferença de potencial entre dois pontos
distintos do organismo.

O que é perigoso não é tocar num condutor sob tensão, mas tocar ao mesmo tempo um outro objeto condutor
da eletricidade ou tornado condutor e levado a um potencial diferente por circunstâncias acidentais.

47
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 A Equação do Risco elétrico (continuação)

A energia elétrica fornecida pela fonte de tensão U é

W1 = U.I.t
Quando o corpo humano, condutor, é percorrido pela corrente I, durante o tempo t, a energia dissipada (por efeito
joule) no corpo humano é, conforme vimos:
2
W = R.I .t

48
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 A Equação do Risco elétrico (continuação)

Esta energia é, em geral, menor do que a energia fornecida, ou seja,


W ≤ W1

À expressão de W1 poderá, recorrendo à lei de Ohm (U = RI), ser dado o seguinte aspecto:

2
W1 = U.I.t = RI .t

49
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 A Equação do Risco elétrico (continuação)

Esta última fórmula é válida somente em corrente contínua; se se abstrair o efeito capacitivo e indutivo do corpo
humano, ela manter-se-á válida para a corrente alternada.

Esta é a equação do risco elétrico para os acidentes em alta tensão em que a morte surge devido à extensão
das queimaduras.

50
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 A Equação do Risco elétrico (continuação)

Em baixa tensão, a morte é, sobretudo, condicionada pela ação local da quantidade de eletricidade que atinge o coração.

Q = I .t

51
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Os Diferentes Parâmetros do Risco elétrico
Intensidade

 Correntes de levada frequência


Corrente impulsiva
 Impedância elétrica do corpo humano
 Tensão de contacto. Tensão de segurança

52
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
Intensidade

O ponto de partida da técnica de proteção das pessoas é a determinação do limiar do perigo para o organismo humano.

Considerar que é a intensidade que mata é desprezar outros fatores como por exemplo, o tempo de passagem da
corrente.

Daí ser importante considerar antes a quantidade de eletricidade Q = I.t

53
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Intensidade (continuação)

A determinação de limiares tem sido objeto de intervenções de diversos cientistas.

No quadro seguinte reproduzem-se vários limiares, alguns dos quais já referidos anteriormente.

54
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Intensidade (continuação)
I (A) Efeitos sobre o corpo humano
20 a 100 Fibrilação ventricular para Sinais elétricos aplicados diretamente ao
. 10 -6 nível do miocárdio ou do encéfalo e de f < 1000 Hz

0,02 . 10-3 Percepção sensorial ao nível da retina: fosfeno


0,045 . 10-3 Percepção sensorial da língua (Dalziel)
0,1 . 10-3 Ligeiras contracções musculares dos dedos (Weber)
0,8 . 10-3 Percepção cutânea para a mulher (Dalziel)
1 . 10-3 Percepção cutânea para o homem
6 . 10-3 Percepção cutânea dolorosa e de não largar (valor de disparo de certos
dispositivos diferenciais a muito alta sensibilidade)

Principais valores de intensidade com efeitos notórios sobre o corpo humano


55
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Intensidade (continuação)
I (A) Efeitos sobre o corpo humano
8,8 . 10-3 Impossibilidade de autolibertação (não largar) para 0,5% dos
indivíduos (Dalziel)
10 . 10-3 Limiar de não largar definido pela CEI
15,5 . 10-3 Impossibilidade de autolibertação para 100% dos indivíduos
20 . 10-3 Possibilidade de asfixia se t> 3 minutos e se o trajeto da corrente atinge o
diafragma (ex.: contacto mão-mão)
25 . 10-3 Limite da categoria 1 de Koeppen (não há repercussão no ritmo cardíaco nem
sobre o sistema nervoso)
30 . 10-3 Possibilidade de fibrilação ventricular (probabilidade > 50% se t > 1,5 do ciclo
cardíaco)

Principais valores de intensidade com efeitos notórios sobre o corpo humano


56
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Intensidade (continuação)
I (A) Efeitos sobre o corpo humano
70 . 10-3 Fibrilação ventricular para t ≥ 1 segundo (Koeppen)
80 . 10-3 Fibrilação ventricular quase certa se t ≥ 1 segundo
2a3 Inibição dos centros nervosos no ser humano
20 Queimaduras muito importantes, mutilações

Principais valores de intensidade com efeitos notórios sobre o corpo humano

57
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

Zonas
tempo/intensidade de
corrente
dos efeitos fisiológicos da
corrente alternada sobre o
corpo humana

1 Habitualmente,
nenhuma reação;

2 Habitualmente,
nenhum efeito
fisiológico perigoso;

3 Habitualmente, nenhum
dano orgânico
(Tetanização);

4 Efeitos graves

58
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Correntes de elevada frequência

A perigosidade da corrente diminui com o aumento da frequência.

Verifica-se, em geral, que uma corrente de elevada frequência não passa pelo interior do corpo, pois devido ao
efeito pelicular tende a passar pela pele sem penetrar no corpo.

59
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
Corrente impulsiva

Convencionalmente, a corrente impulsiva é considerada como um conjunto de impulsos que flúem através do

corpo humana num tempo inferior a 10ms.

O limiar da fibrilação ventricular depende do percurso e da forma da onda, do valor de pico e do instante em que o
impulso é aplicado.

60
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Impedância elétrica do corpo humano

As diferentes partes do corpo humano apresentam uma certa impedância composta por elementos resistivos e

capacitivos.

Os valores destas impedâncias dependem de diversos fatores, designadamente:

61
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA

 Impedância elétrica do corpo humano (continuação)

- do trajeto da corrente,
- da tensão de contacto,
- do tempo de passagem de corrente,
- da frequência,
- do estado de humidade da pele,
- da superfície de contacto,
- da pressão exercida
- e da temperatura.
62
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Tensão de contacto. Tensão de segurança

Na prática, as medidas de proteção referem- se não à corrente resultante de um choque elétrico, pois tal corrente
não é diretamente mensurável, mas ao valor da tensão suscetível de provocar um choque elétrico, ou seja, ao valor
da tensão à qual se encontram submetidos dois pontos diferentes do corpo humano.

63
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Tensão de contacto. Tensão de segurança

Esta diferença de potencial entre o ponto de entrada e o ponto de saída da corrente é a tensão de contacto UC

Esta tenção produz no corpo humano a passagem de uma corrente cuja intensidade depende da resistência do
corpo.

O valor desta corrente deve ser compatível com as condições de segurança do gráfico “Zonas tempo/intensidade
de corrente”
64
RISCO DE CONTACTO COM A CORRENTE ELÉTRICA
 Tensão de contacto. Tensão de segurança

O valor da tensão de contacto correspondente ao limite superior (do ponto de vista dos contactos indiretos)
indefinidamente suportável pelo organismo sem gerar efeitos fisiopatológicos perigosos, é a tensão limite
convencional ou tensão de segurança.

65
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

66
DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA
Distribuição através de um PT com secundário do transformador ligado em estrela.
POSTO DE
TRANSF0RMACÃO
15 kV/400 V .

67
DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA
A situação do neutro em relação à terra permite, tendo em conta a situação das massas da instalação, definir o
regime de neutro a utilizar na exploração da instalação elétrica.

Sistema TT
Sistema TN
Sistema IT
68
DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA
Sistema TT

O neutro está ligado directamente à terra e as massas são ligadas directamente à terra através de eléctrodos próprios
e distintos do neutro.

69
DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA
Sistema TN

O neutro está ligado à terra e as massas estão ligadas ao ponto neutro por condutores de Proteção.

70
DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA
Sistema IT

O neutro não está ligado à terra ou está ligado à terra por intermédio de uma impedância (neutro
impedante).

71
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

CONSEQUÊNCIAS DOS CONTACTOS DIRETOS E INDIRETOS

72
CONSEQUÊNCIAS DOS CONTACTOS
Consequências dos Contactos Diretos

Na ausência de qualquer Proteção, vejamos o que aconteceria a


uma pessoa em contacto direto com um condutor
ativo de uma instalação elétrica, utilizando o

sistema TT.

73
CONSEQUÊNCIAS DOS CONTACTOS
Consequências dos Contactos Diretos

Se for:

RH = 2000 Ω o valor da resistência do corpo humano;

RTH = 500 Ω o valor da resistência de contacto do corpo humano com a terra;

RN = 1 Ω o valor da resistência de contacto do eléctrodo de terra de serviço,


uma.

74
CONSEQUÊNCIAS DOS CONTACTOS
Consequências dos Contactos Diretos

a corrente IH que percorre o corpo humano, é assim calculada:

R U 230 0,092 A
IH   
H  R TH  R N 2000  500  1

A tensão UH aplicada ao Homem é UH=RHxIH=2000x0,092= 184V

Trata-se de uma tensão muito superior à tensão de segurança, podendo ser mortal.
75
CONSEQUÊNCIAS DOS CONTACTOS
 Consequências dos Contactosindiretos

Uma massa pode ser posta acidentalmente em tensão


no seguimento de um defeito interno ou externo.

76
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

77
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Sistemas de Proteção contra Contactos Diretos

 Sistemas de Proteção contra


Contactos indiretos
 Aparelhos Diferenciais
 Terra e Resistência de Terra

78
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Sistemas de Proteção contra Contactos Diretos

A Proteção contra contactos Diretos encontra-se assegurada


se se considerar uma das seguintes medidas:
- Afastamento das partes activas
- Interposição de obstáculos
- Recobrimento das partes activas da
instalação
- Uso de tensão reduzida de segurança
79
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Sistemas de Proteção contra Contactos indiretos

A proteção contra contactos indiretos pode ser assegurada ao nível


do próprio aparelho elétrico ou ao nível da instalação elétrica.

- Emprego de tensão reduzida de segurança


- Separação dos circuitos
- Emprego de aparelhos de classe II de
isolamento

80
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

- Inacessibilidade simultânea de massas e elementos


condutores estranhos à instalação

- Isolamento dos elementos condutores


estranhos à instalação

- Estabelecimento de ligações equipotenciais

- Aparelhos Diferenciais

81
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Aparelhos Diferenciais

 Caracterização

Numa instalação de corrente alternada (BT) e num circuito sem


defeito, a diferença entre a corrente que passa na fase e a que passa no
neutro (sistema monofásico) é nula e, portanto, o Aparelhos
Diferenciais não dispara, pois não há corrente residual.
Em caso de defeito de isolamento passa uma corrente de defeito e,
em virtude do desequilíbrio das correntes na fase e no neutro, haverá
disparo do Aparelhos Diferenciais
82
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Aparelhos Diferenciais

 Principio de funcionamento

83
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Noções gerais

A corrente que flui através do corpo humano escoa-se, em geral, para


o terreno;
só quando uma pessoa está isolada da terra e em contacto
simultâneo com dois pontos a potencial diferente é que tal não
sucede.

Assim, a terra está direta ou indiretamente relacionada com quase


todos os sistemas de Proteção.
84
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Noções gerais

.
A regulamentação elétrica define Terra como a massa condutora da terra

O elétrodo de terra é o conjunto de materiais condutores


enterrados destinados a assegurar boa ligação elétrica com a
terra.

A resistência de terra é a resistência elétrica de um elétrodo de


terra e do terreno circundante.
85
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Noções gerais

Esta é a grandeza que condiciona a difusão da corrente no solo e


depende:
— da resistividade do terreno;
— da forma e dimensões do eléctrodo.

A maior parte das vezes a corrente que se escoa pela resistência da


terra é detectada e pode ocasionar o funcionamento das protecções
previstas para a instalação elétrica.
86
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Noções gerais

A função das redes de terra é assim escoar para a terra correntes perigosas produzidas por um defeito ou uma sobretensão e
criar uma zona equipotencial em certos locais, na vizinhança dos quais se podem escoar intensidades importantes como a de
um raio (milhares de amperes) ou certas correntes de defeito.

87
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Forma e dimensões dos eléctrodos

Os eléctrodos mais correntemente utilizados são:

- Anel nas fundações do edifício


- Varetas, tubos (piquets)
- Chapas

88
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Medição da resistência de terra

89
MEDIDAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

 Terra e Resistência de Terra

 Tensão de passo e de Contacto

90
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

CONCEÇÃO DAS INSTALAÇÕES

91
CONCEÇÃO DAS INSTALAÇÕES

As regras de arte, as normas e o bom senso ajudarão a realizar uma instalação elétrica segura. Algumas recomendações
importantes:

- As instalações de utilização deverão ser convenientemente


subdivididas, por forma a limitar os efeitos de eventuais
perturbações e a possibilitar a pesquisa e reparação de avarias.

92
CONCEÇÃO DAS INSTALAÇÕES

- A identificação das canalizações deve ser feita para evitar erros


aquando de pesquisa de defeitos, reparação ou modificações
posteriores; em particular, os condutores deverão ser identificados
pelas cores.

- As instalações de utilização deverão ser convenientemente


protegidas por aparelhos cuja atuação automática oportuna e segura
impeça que os valores característicos da corrente ou da tensão da
instalação ultrapassem os limites de segurança da própria
instalação.

93
CONCEÇÃO DAS INSTALAÇÕES

- Nas instalações de utilização estabelecidas em locais residenciais


ou de uso profissional, em estabelecimentos recebendo público e em
estabelecimentos agrícolas ou pecuários, os aparelhos de Proteção
contra sobreintensidades deverão ser do tipo disjuntor.

- As proteções das instalações elétricas devem ser seletivas, isto é, um


defeito num dado circuito não pode repercutir-se em nenhum outro
circuito.

94
Riscos e cuidados na utilização da rede elétrica

RIGEM ELÉTRICA

95
INCÊNDIOS DE ORIGEM ELÉTRICA

A origem elétrica de incêndios é, muitas vezes, invocada na falta de informações mais precisas.

Na realidade, confunde-se, muitas vezes, incêndios de origem elétrica com curto-circuito.

Para um incêndio ter lugar e se propagar é necessária a presença de matérias combustíveis, de ar (oxigénio) e de uma fonte
de calor.

96
INCÊNDIOS DE ORIGEM ELÉTRICA

A origem dos incêndios nas instalações elétricas


encontra-se:

- na combustão dos isolantes, devido ao efeito Joule


nas partes condutoras;

- no escorvamento de um arco entre peças condutoras,


em particular na rutura dos isolantes;

- numa explosão resultante do funcionamento anormal de um


aparelho elétrico numa atmosfera explosiva.
97
INCÊNDIOS DE ORIGEM ELÉTRICA

Estatísticas permitem concluir que as causas dos incêndios de


origem elétrica são, por ordem de frequência decrescente:

- elevação de temperatura devido a uma sobreintensidade em


parte da canalização elétrica;

- localização anormal de calor nos isolantes;

- concentração localizada de calor nos contactos defeituosos de


aparelhos de corte ou de aparelhos de utilização;
98
INCÊNDIOS DE ORIGEM ELÉTRICA

- correntes de defeito entre os condutores e circuitos de terra;

- arcos e faíscas nos aparelhos;

- defeitos nos aparelhos de utilização devido a uma localização


anormal de calor ou a uma falta de dissipação do calor
produzido.
1
4
1

Potrebbero piacerti anche