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Sumário

Prefácio - Experiências e narrativas: redes de pesquisa-ação-formação 9


Elizeu Clementino de Souza

Experiências e narrativas em educação (sob forma de apresentação) 15


Carmen Lúcia Vidal Pérez

Entre dois mundos, duas culturas e duas línguas 29


Edwiges Zaccur, Vera Lúcia Bambirra

Memória, narrativa, interculturalidade e mediação sociopedagógica 55


Ana Vieira, Ricardo Vieira

Da experiência à narrativa 77
Anelice Ribetto, Valter Filé

Trajetórias de pesquisas com crianças narradoras 97


Maria Terezinha Espinosa de Oliveira

A poética do espaço escolar: algumas questões sobre o refeitório escolar


como espaço, pedaço e lugar 119
Maria Tereza Goudard Tavares

Presenças, ausências e participação das mães na escola: uma questão


de perspectivas 135
Silvina Julia Fernández

Saber pedagógico e reconstrução da memória escolar: a documentação


narrativa de experiências pedagógicas na formação docente 161
Daniel Hugo Suárez

Narrativas docentes: visibilidade de saberes e fazeres alfabetizadores


na socialização da prática pedagógica cotidiana 181
Carmen Sanches Sampaio

Memoriais e escritas de si: as narrativas (auto)biográficas


como processo formativo 211
Jacqueline de Fátima dos Santos Morais, Mairce da Silva Araújo

Aprendizagens e possibilidades em narrativas de professoras


iniciantes 233
Guilherme do Val Toledo Prado

Sobre os autores 251


Prefácio
Experiências e narrativas:
redes de pesquisa-ação-formação

Elizeu Clementino de Souza1

“Tudo se decide na consciência do acto.


No equilíbrio e sensatez. Na aceitação de
que a (auto)leitura, mesmo partilhada,
não constitui uma verdade mais certa
do que as outras leituras. Não se trata de
uma mera descrição de factos, mas de um
esforço de construção (e de reconstrução)
dos itinerários passados. É uma história
que nós contamos a nós mesmos e aos
outros. O que se diz é tão importante
como o que fica por dizer. O como se diz
revela uma escolha, sem inocências, do
que se quer falar e do que se quer calar”2.

As relações entre consciência, vida cotidiana, partilha


de experiências, leituras cruzadas, itinerários passados,
modos de dizer, silêncios e silenciamentos revelam potências
contemporâneas e desafios da pesquisa biográfica no campo
das Ciências Humanas e Sociais, mais especificamente, no
campo educacional. As reflexões apresentadas na epígrafe

1
Pesquisador CNPq, Professor Titular PPGEduC/UNEB, Pós-doutor em Educação
pela USP. Doutor em Educação pela FACED/UFBA, Pesquisador Associado do
Laboratório EXPERICE / Paris 13. Secretário Adjunto da ANPEd (2009/2013) e atual
Diretor Financeiro (2013/2015). Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa
(Auto)Biográfica. esclementino@uol.com.br
2
NÓVOA, António. Prefácio. In: ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto (Org.).
História e histórias de vida: destacados educadores fazem a história da educação rio-
grandense. Porto Alegre: EDIPURS, 2001. p. 7-12.

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de Nóvoa (2001) me ajudam a dialogar, de forma implicada
e em rede, com as questões e potências que são apresentadas
na obra organizada por Carmen Lúcia Vidal Pérez, intitulada
Experiências e Narrativas em Educação.
Inicialmente, agradeço a Carmen Pérez, na condição
de organizadora do livro, pela alegria de ter sido leitor em
primeira mão de uma obra que sistematiza questões diversas
sobre formação, na vertente da pesquisa narrativa no âmbito
do movimento biográfico no Brasil. Desse modo, destaco a
qualidade do livro, bem como o modo como foi tecendo uma
ampla rede de pesquisa e colaboração, resultando em reflexões
significativas sobre experiências, narrativas e formação.
A singularidade da presente obra evidencia-se pela rede
empreendida através de ações colaborativas e interinstitucionais
consolidada mediante o trabalho da rede FORMAD (Rede de
Formação Docente: Narrativas e Experiências), articulando
grupos de pesquisas de universidades do Rio de Janeiro, São
Paulo, Argentina e Portugal, objetivando ampliar diálogos
epistemológicos e teórico-metodológicos da pesquisa narrativa
no campo educacional, com ênfase para questões do cotidiano
e da cultura escolar.
A leitura do livro, em primeira mão, remeteu-me para
percursos e trajetórias diversas que o movimento biográfico
vem construindo no Brasil, desde a edição do primeiro CIPA
(Congresso Internacional sobre Pesquisa (Auto)Biográfica), em
2004 em Porto Alegre, até os diferentes eventos e publicações em
forma de livros, capítulos de livros, dossiês temáticos publicados
em revistas qualificadas da área, trabalhos de estado da arte
sobre a temática e também a quantidade e densidade de teses e
dissertações que têm sido produzidas no país sobre a vertente da
pesquisa biográfica, das escritas de si e da utilização do aporte
da pesquisa narrativa. Ainda assim, as experiências de pesquisas
que temos desenvolvido no âmbito Grupo de Pesquisa (Auto)
biografia, Formação e História Oral da Universidade do Estado
da Bahia (GRAFHO/UNEB), vinculado ao Programa de Pós-
Graduação em Educação e Contemporaneidade/Universidade do
Estado da Bahia (PPGEduC/UNEB), nos domínios da pesquisa

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(auto)biográfica, têm nos permitido apreender questões de
ensino e de formação sobre o trabalho docente, com ênfase nas
questões de formação sobre professoras de classes multisseriadas
em diferentes territórios de identidade do estado da Bahia.
Ampliando a rede sobre experiência, narrativa e formação,
no âmbito do GRAFHO, temos vivenciado experiências diversas
de pesquisa-ação-formação, que tomam as histórias de vida e as
narrativas como dimensão teórico-metodológica, com especial
atenção para questões sobre trabalho docente e formação no
contexto da educação rural. Do mesmo modo, diferentes pesquisas
realizadas no/pelo grupo de pesquisa têm nos possibilitado
sistematizar e ampliar princípios epistemológicos sobre narra-
tivas, experiências e formação, com ênfase nas entrevistas narrativas,
nos ateliês biográficos de projetos, nos grupos de discussão e na
proposição das escritas de si como prática de pesquisa-formação
tanto na formação inicial, na graduação, na pós-graduação, quanto
em contexto de formação continuada, em constante diálogo
com outras redes de pesquisa, especialmente francesa, argentina,
mexicana, colombiana e brasileira, e também com associações
científicas, a exemplo da Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)
Biográfica (BIOgraph), da Associação Internacional das Histórias
de Vida em Formação e de Pesquisa Biográfica em Educação
(ASIHVIF-RBE), da Rede Latinoamericana de Pesquisa Narrativa,
(Auto)biografia e Educação (RedNAUE), da Rede Científica
de Pesquisa Biográfica América Latina – Europa (BioGraFia),
do Colégio Internacional de Pesquisa Biográfica em Educação
(CIRBE) e da Associação Norte e Nordeste das Histórias de Vida
em Formação (ANNIHIVIF), o que de fato amplia e potencializa
modos diversos de utilização e apropriação das narrativas, na
vertente das experiências educativas no campo educacional
brasileiro.
As análises realizadas pelos autores ao dialogarem com
especificidades, como pesquisam o cotidiano, a cultura escolar
e o chão da escola refletem intenções e políticas de formação,
na vertente das narrativas como desafios que se colocam
contemporaneamente para outros e novos modos de produzir

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conhecimento implicado na educação, em uma perspectiva
colaborativa, com diferentes sujeitos e atores do espaço escolar.
É desse lugar que a presente obra busca ampliar questões
sobre investigações narrativas, numa dimensão teórico-
metodológica em estreita articulação com a educação escolar
e a produção acadêmica da área, fazendo emergir reflexões
densas sobre linguagem-experiência, vida cotidiana e território
escolar, na medida em que o cotidiano escolar configura-se
como potente para as análises construídas pelos autores, tendo
em vista outros desafios e olhares sobre a escola, a sala de aula e
os diferentes sujeitos no/do cotidiano escolar.
O modo como o livro está organizado permite-me agrupar
os textos em quadro grandes eixos temáticos que verticalizam a
temática central da obra – Experiências e narrativas. O primeiro
eixo articula um conjunto de textos que discutem questões
sobre narrativas, cultura e cotidiano escolar, ao explicitarem
modos próprios como os autores – praticantes do cotidiano
e do currículo da escola – narram suas experiências de vida
e formação. O segundo eixo dialoga sobre narrativas e atores
sociais no espaço escolar, contemplando escutas dialógicas com
crianças e sobre a infância, educação indígena, professoras
iniciantes, mães e adolescentes. O terceiro eixo mobiliza-se na
discussão sobre tempo, espaços e narrativas, ao enfocar aspectos
sobre o refeitório e o cotidiano escolar. O quarto eixo aprofunda
questões metodológicas ao situar aspectos epistemológicos
sobre documentação narrativa de experiências pedagógicas,
experiência e narrativa, escritas de si e formação, como uma das
grandes contribuições da obra para pesquisadores, estudantes,
professores e formadores em geral.
As narrativas ganham sentido e potencializam-se como
processo de formação e de conhecimento porque têm na
experiência sua base existencial. Isso implica compreender
que as narrativas constituem-se como singulares num projeto
formativo-investigativo, porque se assentam na transação entre
diversas experiências e aprendizagens individual/coletiva. A
arte de narrar inscreve-se na subjetividade e implica-se com as
dimensões espaço-temporal dos sujeitos quando narram suas

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experiências. Assim sendo, o saber da experiência articula-se,
numa relação dialética, entre o conhecimento e a vida humana.
É um saber singular, subjetivo, pessoal, finito e particular ao
indivíduo ou ao coletivo em seus acontecimentos. Isto porque a
transformação do acontecimento em experiência vincula-se ao
sentido e ao contexto vivido por cada sujeito. Um acontecimento
não tem, necessariamente, a mesma dimensão existencial para
os mesmos sujeitos, cada um experiencia o que vive a partir de
suas representações concretas e simbólicas.
Aprendizagem experiencial e formação-ação-investigação
se integram porque estão alicerçadas numa prática, num saber-
fazer pelas experiências. Uma vez que as narrativas assumem
e desempenham uma dupla função, primeiro no contexto da
investigação, configurando-se como instrumento de recolha
de fontes e, em segundo lugar, no contexto de formação de
professores, seja inicial ou continuada, constituem-se como
significativo instrumento para compreensão do desenvolvimento
pessoal e profissional, do cotidiano escolar, da sala de aula e dos
desafios que se colocam na/e sobre a escola contemporaneamente.
O livro também nos remete para entender que aprender
pela experiência possibilita ao sujeito, através de recordações-
referências circunscritas no percurso da vida, entrar em
contato com lembranças, sentimentos e subjetividades. O
mergulho interior possibilita ao sujeito construir sentido
para a sua narrativa através das associações livres do processo
de evocação, num plano psicossomático, com base em
experiências e aprendizagens construídas ao longo da vida.
A pesquisa narrativa e com experiências pedagógicas nasce,
inicialmente, de questionamentos dos sujeitos sobre o sentido
de sua vida, suas aprendizagens, suas experiências e implica
reflexões ontológicas, culturais e valorativas de cada um. Por
isso, enquanto atividade psicossomática, as narrativas, porque
aproximam o ator de si através do ato de lembrar-narrar,
remetendo-o às recordações-referências em suas dimensões
simbólicas, concretas, emocionais, valorativas, podem ser
definidas como experiências formadoras e também férteis para
a ressignificação do cotidiano escolar e das práticas de formação.

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Cabe, por fim, ressaltar a importância do presente livro
para a pesquisa educacional e para as redes de formação que
tomam as narrativas e as experiências como uma das dimensões
da/sobre a formação de forma colaborativa e partilhada. Desejo
que o livro possa, de fato, contribuir para a ampliação das redes
de formação, para a consolidação das narrativas no campo
educacional e para a superação de lógicas unilaterais sobre
pesquisa em educação, produção colaborativa do conhecimento
e escuta sensível dos diferentes atores do/no cotidiano da escola.

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