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A Cultura do Mosteiro

1. Situar cronologicamente a Cultura do Mosteiro.


2. Reconhecer e caracterizar o contexto geográfico da Cultura do Mosteiro.
3. Compreender os princípios doutrinários de S. Bernardo de Claraval e caracterizar a sua
“reforma cisterciense”.
4. Descrever a vida monástica e avaliar a importância do Mosteiro.
5. Compreender as razões e o significado da Coroação de Carlos Magno e caracterizar a ação
cultural do Imperador Cristão do Ocidente.
6. Justificar a designação de “guardiães do saber” atribuída aos monges da Idade Média.
7. Compreender o poder da escrita e avaliar a importância da Iluminura na Idade Média.
8. Explicitar a origem, as características e as funções do Canto Gregoriano na liturgia cristã.
9. Caracterizar sucintamente as artes medievais – as Artes Paleocristã, Bizantina, Carolíngia e
Otoniana.
10. Caracterizar a Arte Românica:
a) a arquitectura – a igreja, o mosteiro, o castelo;
b) a escultura e a pintura – missão, programas temáticos, características.
11. Caracterizar a Arte Românica em Portugal.
12. Caracterizar a Igreja de S. Pedro de Rates – historial, estrutura arquitetónica, localização e
tipo de decoração.
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Idade Média
Período histórico compreendido entre os séculos V e XV – entre a queda do Império Romano
do Ocidente, em 476, e a tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos (queda do Império
Romano de Oriente), em 1453.
No século V, grandes vagas de Germanos espalharam-se pela Europa Ocidental,
aproveitando-se da debilidade do Império do Ocidente e pressionados por outros povos,
particularmente pelos Hunos. Por toda a parte, os invasores germânicos causaram devastações
e provocaram o pânico entre os habitantes.
Após as invasões, a Igreja tornou-se o único fator de unidade numa Europa fragmentada
por inúmeros reinos bárbaros, apoiando e protegendo as populações e aproveitando as
estruturas administrativas centrais e locais dos romanos para congregarem os fiéis.
A sua ação ultrapassou em muito as obrigações religiosas, assumindo um importante
papel civilizacional, ensinando técnicas agrícolas, suavizando os costumes e conservando e
desenvolvendo as artes e letras.
O clero gozava de um grande poder e riqueza. Possuía grandes propriedades, recebia a
dízima de todos os flés, não pagava impostos e, por vezes, beneficiava de doações feitas por
alguns desses fiéis que, na hora da morte, deixavam bens à Igreja para que lhes fossem
perdoados os pecados e, assim, salvarem a alma do Inferno.
Possuía também um enorme prestígio cultural, por ser a ordem social mais instruída. Para
interpretar a palavra de Deus, transmitida na Bíblia e nos textos sagrados, os seus membros
precisavam de saber ler e escrever. As escolas e bibliotecas destinavam-se, sobretudo, aos
membros do clero. Por essa razão, localizavam-se nos mosteiros. Os clérigos também davam
assistência aos pobres e hospedagem a quem viajasse em peregrinação. Cuidavam igualmente
dos doentes, elaboravam medicamentos a partir de plantas, criando as primeiras farmácias e
promoviam as artes e o saber, sobretudo relacionados com a região. Nos mosteiros, os monges
copistas encarregavam-se de copiar e ilustrar a Bíblia e outras obras, algumas delas de escritores
da Antiguidade, preservando assim uma importante herança cultural. Também desenvolveram
as técnicas agrícolas.
A Europa no início do século VI

Enquanto se constituem vários reinos bárbaros na parte ocidental do mundo romano


mantém-se o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, o qual se tinha
separado, em 395 do Império Romano do Ocidente. Resistiu até 1453, data em que
Constantinopla foi tomada pelos Turcos - data que marca o fim da Idade Média.

Passado o Ano Mil, o clima de paz possibilitou o regresso aos campos e a renovação das
técnicas e instrumentos agrícolas ao mesmo tempo que se produziam novos arroteamentos.
Verificou-se a reanimação do comércio e o renascer da vida urbana, provocada pelo crescimento
demográfico.
As cidades medievais tornaram-se símbolos do renascimento europeu, abrigando nas suas
muralhas não só as grandes feiras
como as Colegiadas e Universidades,
símbolos da renovação cultural do
Ocidente.
Desta feita, a Igreja reforçou o seu
estilo pastoral, incentivando as
peregrinações aos lugares santos (
Terra Santa, Antiago de Compostela e
Roma) e organizando as Cruzadas,
importantes movimentos religiosos e
militares geradores da reaproximação
da Europa com o mundo oriental e
com África.
Os sacerdotes da Igreja dividiam-se em duas grandes categorias: clero secular (aqueles que
viviam no mundo fora dos mosteiros), hierarquizado em padres, bispos, arcebispos etc., e clero
regular (aqueles que viviam nos mosteiros), que obedecia às regras da sua ordem religiosa:
beneditinos, dominicanos, etc.

No ponto mais alto da hierarquia eclesiástica estava o papa, bispo de Roma, considerado
sucessor do apóstolo Pedro. Nem sempre a autoridade do papa era aceite por todos os membros
da Igreja, mas em fins do século VI ela acabou por se afirmar, devido, em grande parte, à atuação
do papa Gregório Magno.

Criação das ordens religiosas


Desde o século IV, que muitos crentes se isolavam do mundo para viverem sozinhos ou em
mosteiros, isto é comunidades que se dedicavam exclusivamente ao serviço de Deus.
Alguns mosteiros tornaram-se mais conhecidos. As suas normas de vida (a regra) foram
adotadas por outras comunidades, como aconteceu com a regra de S. Bento de Núrsia (Itália),
isto é, a regra beneditina, que se espalhou também na Inglaterra e em França e, mais tarde, na
Península Ibérica.
No século XI, algumas destas comunidades começaram a estabelecer laços entre si e a formar
ordens religiosas. Segundo a regra beneditina, os monges deviam dedicar o seu tempo oração,
ao estudo e ao trabalho manual, incluindo, se necessário, o trabalho nos campos.
Por estarem sujeitos a uma regra (em latim, regula) chama-se clero regular aos membros do
clero que vivem nos mosteiros ou que têm uma organização própria em que o abade é a
autoridade máxima. Ao restante clero, que tem por missão orientar a vida religiosa das
populações, chama-se clero secular .
Os mosteiros deviam ser autossuficientes, por isso os monges cultivavam os seus alimentos e
produziam os seus utensílios, para além de rezarem, copiarem livros, ensinarem e prestarem
assistência a pobres, doentes, peregrinos e à população em geral. Os mosteiros eram centros
de vida cristã, polos de cultura e importantes focos de dinamização da economia, pois
ensinavam à população novas técnicas agrícolas, contribuindo para a reconstrução económica
das regiões da Europa. A cristianização do mundo bárbaro fez da religião um fator de unidade
da Europa, num território que estava politicamente dividido.

A importância da Regra de S. Bento


Segundo Gregório Magno, seu único biógrafo, São Bento, filho de ricos proprietários rurais,
estudou em Roma, abandonando esta cidade “corrompida” para se juntar a uma comunidade
asceta. Três anos depois, fez-se anacoreta em Subiano, onde um grupo de eremitas o escolhe
para chefe, logo o rejeitando pela sua disciplina e rigor excessivo, uma vez que para alcançar a
verdade em Deus, não poupava sacrifícios - sujeitando-se a violentas mortificações e auto
flagelações, que o tornaram muito doente.
São Bento voltou ao isolamento, mas, pouco depois, formou uma comunidade constituída por
12 pequenos mosteiros. Em 529, transferiu-se para Montecassino, onde escreveu a sua Regra (
ou regulamento da Vida Comunitária). Esta está escrita em latim vulgar e teve como fontes a
Sagrada escritura e os escritos de vários santos da sua devoção.
A Regra de São Bento dominou o Ocidente até ao século XII e a ação civilizacional da sua
congregação – a Ordem Beneditina – foi de tal modo importante que, em 1964, o Papa Paulo VI
o declarou solenemente, patrono da Europa.
Em consequência da instabilidade provocada pelas invasões fundaram-se mosteiros um pouco
por toda a Europa, sobretudo nas zonas rurais, onde proporcionavam refúgio às populações e
funcionavam como centros agrícolas e culturais.
A vida monástica, no entanto, só foi verdadeiramente organizada no início do século VI, quando
o monge italiano Bento de Núrsia estabeleceu as normas (a regra) a que devia obedecer o dia-
a-dia dos monges: fundou a primeira grande ordem religiosa do Ocidente Europeu, a Ordem
Beneditina. Segundo a regra beneditina, os monges deveriam dedicar o seu tempo à oração, ao
trabalho nos campos e nas oficinas, ao ensino nas escolas, à cópia de manuscritos, ajudar os
pobres, a tratar de doentes e acolher peregrinos.
Os mosteiros beneditinos tornaram-se as colunas do cristianismo ocidental, onde todos podiam
aceder à vida monástica, fazendo do mosteiro uma "escola do serviço do Senhor", onde se
observa em primeiro lugar o silêncio, condição para a escuta da "Palavra de Deus", na qual se
pratica a obediência e a humildade numa vida marcada pelo trabalho, a oração e a "lectio
divina", a leitura meditad a daPalavra de Deus.
A regra beneditina
A ociosidade é inimiga da alma. Por isso, os irmãos devem ocupar-se, em certas horas, com o
trabalho manual e, noutras, com a leitura das coisas divinas. Os irmãos devem sair pela manhã
1
para trabalharem no que for necessário, desde a hora prima até à quarta hora. Da quarta até
à sexta hora entregar-se-ão à leitura. Depois da sexta hora, após se terem levantado da mesa,
2
descansarão nas suas camas em completo silêncio.Depois de rezarem, à nona voltarão ao
3
trabalho que tiver de ser feito, até às Vésperas . Se a necessidade exigir que os irmãos façam
eles próprios o trabalho da ceifa, não deverão afligir-se com isso, porque é assim que serão
verdadeiros monges, vivendo do trabalho das suas mãos.
Regra de S. Bento
(1) Prima — seis horas da manhã; é a partir dessa hora que são contadas todas as horas da vida
do monge.
(2) Nona — orações rezadas em conjunto às 15 horas (hora nona).
(3)Véspera — orações rezadas ao fim da tarde.
Os monges trabalhavam nas bibliotecas, nas oficinas e nos campos, onde desenvolveram
técnicas avançadas, tornando cultiváveis bosques e terrenos baldios, permitindo a autonomia e
a autossuficiência dos mosteiros e servindo de exemplo aos camponeses. Os monges
beneditinos foram os principais responsáveis pela evangelização do Ocidente, tendo tido um
importante papel civilizacional da Europa.

A vida num Mosteiro Medieval


“Não era amena, mas tinha as suas compensações"
Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval, os monges eram arrancados ao
minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores pelos sineiros, que os
despertavam às 2 horas da madrugada. Momentos depois, dirigiam-se apressadamente, ao
longo dos frios corredores de pedra, para o primeiro dos seis serviços diários na enorme igreja
(havia uma em cada mosteiro), cujo altar, esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata,
resplandecia à luz de centenas de velas. Esperava-os um dia igual a todos os outros, com uma
rotina invariável de quatro horas de serviços religiosos, outras quatro de meditação individual e
seis de trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. As horas de oração e de trabalho eram
entremeadas com períodos de meditação; os monges deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas
da tarde. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária, sem carne; no Inverno,
havia uma segunda refeição para os ajudar a resistir ao frio.
Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento, estabelecida no século VI por Bento de Núrsia, o
italiano fundador da Ordem dos Beneditinos, canonizado mais tarde. S. Bento prescrevia para
os monges uma vida de pobreza, castidade e obediência, sob a orientação monástica de um
abade, cuja palavra era lei. Luís, o Piedoso, imperador carolíngio entre 814 e 840, encorajou os
monges a adoptarem a Regra de S. Bento.
E, por volta de 1000, a regra seguida praticamente em todos os mosteiros da Europa Ocidental
inspirava-se na dos Beneditinos, tal como muitos dos edifícios se baseavam no "modelo"
delineado para o Mosteiro de St. Gallen, na Suíça, em 820.
A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino (no Sul de Itália),
abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo. Bento foi o
seu primeiro abade, e foi ele quem estabeleceu o modelo de auto-suficiência advogado pelas
primitivas regras monásticas — dependência total dos próprios campos e oficinas — que
orientou durante séculos os mosteiros da cristandade ocidental.
Em todos os antigos mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitária. A rotina diária
centrava-se naquilo a que S. Bento chamava "trabalho de Deus" — demorados ofícios de
complexidade crescente. Tudo o resto era secundário. O trabalho manual que a regra estipulava
existia não só para fornecer aos frades alimentação e vestuário e satisfazer-lhes outras
necessidades, como também para evitar a sua ociosidade e lhes alimentar a alma mediante a
disciplina do corpo. Posteriormente, quando as abadias enriqueceram, sobretudo através de
doações de fiéis devotos, os dormitórios comunitários foram substituídos por celas individuais;
e foram contratados trabalhadores para cuidarem dos campos, o que permitiu a muitos monges
dedicarem-se a outras actividades, nomeadamente o estudo, graças ao qual a Ordem de S.
Bento viria a ser tão justamente célebre.
Em todas as refeições, porém, reinava o silêncio. Deste modo, a Regra de S. Bento, posto que
severa sob muitos aspectos, conseguiu atingir um certo equilíbrio entre a ascese e o
comprazimento.
Bento, obviamente, conhecia a natureza humana. Embora os monges fossem obrigados a
levantar-se muito cedo, aconselhava-os a "encorajarem-se uns aos outros com indulgência e a
atenderem às desculpas dos dorminhocos" e autorizava a sesta durante o Verão. Além disso, o
primeiro salmo do dia devia ser recitado lentamente, a fim de permitir que os retardatários
apanhassem os companheiros. Recomendava-se o silêncio, mas em termos de "espírito de
taciturnidade", e não de completa mudez; de facto, existia uma sala especial, com uma lareira
acesa no Inverno, onde os monges conversavam. Igual consideração para com os monges se
verificava no fornecimento do vestuário, simples mas limpo, que incluía uma muda do hábito e
da túnica interior. S. Bento não desejava imitar o ascetismo extremo das sociedades monásticas
do Egipto ou da Síria. De acordo com a sua imutável rotina, os Beneditinos viviam e trabalhavam
em obediência absoluta ao seu abade. Eram eles que o elegiam, mas a partir de então a sua
autoridade era total e vitalícia. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do
mosteiro — se este deveria primar pela santidade austera, pela cozinha ou pela erudição. No
interior das suas paredes maciças, que nenhum cristão ousaria atacar, os mosteiros possuíam
bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herança literária da Antiguidade
durante os séculos em que a Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas.
Na realidade, a segurança, tanto económica como física, que os mosteiros ofereciam às
respectivas irmandades deve ter constituído um dos seus principais atractivos. Século após
século, tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a
fome, a guerra ou o desamparo.
A arte, muito dispersa entre manifestações culturais divergentes, apenas conheceu no século
VIII alguma coerência na definição de um estilo de representação designado por Carolíngio,
excepção possível na unidade do império centralizador de Carlos Magno, rei dos Francos,
império que depois se desmembrou nos reinados dos seus sucessores por acção das invasões
dos povos normandos e húngaros. Só no século X uma outra tentativa unificadora dos reis da
Alemanha, Otão I, Otão II e Otão III, criaria um outro estilo artístico a que a História chamou de
Otoniano.

O IMPÉRIO CAROLÍNGIO.
Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista.
A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império
Romano no Natal do ano 800, pois:
 necessitava de ver a sua autonomia restaurada por alguém cuja autoridade fosse
incontestada;
 queria o reconhecimento da sua soberania temporal sobre o Estado pontifício
confirmado por um governante superior a todos os outros;
 pensava fazer de Carlos Magno o imperador de todo o mundo cristão, incluindo
Bizâncio, a fim de lutar contra a heresia iconoclasta e de estabelecer a supremacia do
papa sobre toda a Igreja.
A coroação de Carlos Magno como Imperador cristão do Ocidente
 quebrou o laço de dependência legal que havia entre o Papa e os reis ocidentais e o
Império Bizantino, visto atribuir a Carlos Magno a qualidade de legítimo herdeiro dos
imperadores romanos;
 restabeleceu, também, o Império Romano do Ocidente, transferindo a dignidade
imperial para o rei dos Francos;
 unificou, ainda, o Ocidente sob o mesmo poder político – o dos Francos – e o mesmo
poder espiritual – o do Cristianismo e dos papas de Roma.

O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis
imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados
pelos condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses.
Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em
nome do rei inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici
atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.
No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como
forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse
serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não
se submetia à autoridade dos missi dominici . Tal prática foi importante para a fragmentação do
poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços - a origem do
FEUDO.

Renascimento carolíngio
Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado
Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da
criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono,
Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.
Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura
clássica ( greco-romana ).Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e
cópia de manuscritos antigos.

Biografia: São Bernardo (1090-1153): o cristianismo monástico.


S. Bernardo, monge de Cister, reprovava nos monges de Cluny o seu amor pelos prazeres
terrenos, designadamente pela forma como cultivavam a iconografia patente nos frescos, nos
tímpanos, nos capitéis, nos claustros – «aquela ridícula monstruosidade». Por isso, atualizou a
antiga condenação das aparências do mundo apresentada por S. Bento. Defendendo uma
austeridade irrepreensível, baniu todas as decorações da arquitetura dos mosteiros e privilegiou
a reta e o plano, em detrimento da curva, supostamente sensual.
A “reforma cisterciense” de S. Bernardo preconizou, assim, uma arte quase iconoclasta. Nos
mosteiros que a ordem de Cister construiu por toda a Europa está presente uma sobriedade
extrema e a exclusão de todo o supérfluo decorativo ou opulência arquitectónica. A interdição
da cor significou o desaparecimento dos frescos e a predominância da pedra à vista em paredes,
pavimentos, portais e janelas, contribuiu para o ambiente de despojamento, austeridade e
severidade pretendido por S Bernardo.

A renovação da Igreja
A Igreja Católica conheceu algumas dificuldades nos séculos X e XI: as situações de indisciplina
de membros do clero eram frequentes. Por outro lado, à frente das abadias e dos bispados mais
ricos eram colocados elementos da nobreza, mesmo sem preparação religiosa, nomeados pelos
monarcas e até pelos grandes senhores.
No movimento com vista a renovar e disciplinar a Igreja Católica, tiveram um papel fundamental
duas novas e bem organizadas ordens religiosas de origem beneditina: a ordem de Cluny e a
ordem de Cister.
Os monges de Cluny (ou cluniacenses) valorizavam, sobretudo, a oração e as práticas litúrgicas
(as várias cerimónias religiosas) que deviam, segundo eles, ter a maior dignidade e esplendor.Os
monges de Cister (ou cistercienses), liderados por Bernardo de Claraval, opunham-se à
ostentação e ao luxo. Defendiam edifícios despojados, cerimónias austeras e o princípio de que
a alimentação dos monges devia provir do seu trabalho. Dedicavam-se, por isso, ao trabalho
manual e ao cultivo da terra. Bernardo de Claraval (que mais tarde viria a ser declarado santo)
nasceu numa família nobre e rica da Borgonha (França), em 1090. Com vinte e poucos anos, ele
e outros jovens nobres, decididos a isolar-se do mundo, entraram como monges no mosteiro
beneditino de Citeaux (Cistercium, em latim; Cister, em português). Bernardo distinguiu-se pela
austeridade da sua vida, pelo espírito de iniciativa e pela capacidade intelectual (escreveu
importantes obras de carácter religioso, em prosa e verso). Deve-se-Ihe a fundação de um novo
mosteiro (Claraval) que teve grande importância na expansão da sua ordem religiosa, a Ordem
de Cister, cujos mosteiros se espalharam por toda a Europa.
Em Portugal, o mosteiro cisterciense mais importante foi o mosteiro de Alcobaça, centro de
uma intensa atividade agrícola que tornou a região onde foi fundado numa das mais prósperas
do País.
Monge da ordem beneditina, Bernardo de Claraval defende a humildade e o desprendimento
em relação aos bens materiais. Impõe um programa que recusa o excesso decorativo dos
elementos arquitetónicos e a decoração escultórica e que apresenta a sobriedade, a
simplicidade e a depuração estruturais como características dominantes.

Reação de Bernardo ao monaquismo (exemplos):


• reage contra o excesso de riqueza da maioria das comunidades monacais;
• rejeita o mundo profano;
• mística que desconfia da beleza exterior;
• religiosidade fundada na contemplação da beleza da alma;
• censura a ostentação do clero e dos templos e o excesso de rituais;
• defende uma inteligência feita de amor, mais do que de erudição.

Materialização do ideal (exemplos):


• defende um quotidiano pautado pela oração, meditação e trabalho para a comunidade;
• defende o sacrifício em nome da fé: elevação do espírito pela mortificação do corpo;
• valoriza o sentimento, a fé, a vontade ética e o amor, que conduzem à ascese mística;
• opõe-se ao ensino da Escolástica e, de uma maneira geral, ao debate do texto religioso.

Consequências estéticas (exemplos):


• recusa o excesso nas decorações escultóricas (critica a decoração dos capitéis do românico,
como exemplificada no texto) e nas alfaias religiosas dos conventos, mosteiros e igrejas,
sustentando a austeridade dos paramentos e dos altares;
• a arquitetura religiosa deve refletir simplicidade e abnegação: depuração arquitetónica nos
capitéis, arcos, molduras e frisos;
• impõe-se a sobriedade do conjunto, sem interferência de peças escultóricas fora do contexto,
para evitar a dispersão da atenção dos fiéis.

Ação de Gregório, o Grande


No fim do século VI, foi escolhido como papa, pela primeira vez, um monge. Foi Gregório, o
Grande, o qual apoiou o movimento monástico e reorganizou a Igreja.
Por sua iniciativa, desenvolveu-se a missionação: fundaram-se mosteiros ou foram enviados
missionários para as zonas rurais menos cristianizadas ou mesmo totalmente pagãs. Dessa
forma, foram cristianizadas a Grã-Bretanha e a Irlanda, de onde, no século VIII, saíram, por sua
vez, os monges que evangelizaram as regiões da Germânia situadas a leste do rio Reno.
O Cristianismo ultrapassava, assim, os limites do tradicional mundo romano e tornava-se um
importante fator de unidade na Europa Ocidental.
O canto gregoriano
O canto gregoriano é uma oração cantada, em que a palavra é superior à nota musical. Este
canto, também conhecido como canto chão, foi implementado pelo papa Gregório Magno (na
imagem ao lado) no ritual cristão no séc. VI – daí lhe advém o nome.
As principais características do canto gregoriano são:

 as melodias são cantadas em uníssono (monódico), sem predominância de vozes, ou


seja, rigorosamente homofónico;
 de ritmo livre, sem compasso, baseado apenas na acentuação e na palavra;
 cantado "à capella", isto é, sem acompanhamento de instrumentos musicais;
 as letras são em latim, retiradas dos textos bíblicos, sobretudo salmos.
Numa época em que a voz do sacerdote não possuía qualquer auxiliar, o canto
desempenhou funções ministeriais: exprimia a oração de forma mais suave, favorecia o caráter
comunitário da mesma e conferia amplitude e solenidade à palavra das escrituras e aos ritos.
Derivado dos cantos da sinagoga judaica, e provavelmente também influenciado pelas músicas
grega e romana, o canto gregoriano é uma música monódica (que possui uma melodia) , de
ritmo livre, destinada a acompanhar os textos latinos retirados da Bíblia, enquadrados no
sistema diatónico.

A arte românica
Trata-se do primeiro estilo internacional da Idade Média - resultou das influências da arte
romana pagã, do Oriente bizantino e das artes germânicas dos invasores.
A rápida expansão deste estilo artístico ficou a dever-se ao clima de maior estabilidade e
segurança, à reorganização administrativa, ao desenvolvimento do comércio e das cidades, às
Cruzadas e ao incremento das viagens e deslocações.
O aumento da fé e do temor religioso quando da passagem do ano Mil, levou também ao
incremento das peregrinações, cujos principais destinos eram Santiago de Compostela, na
Galiza, Roma e Jerusalém. Desta forma se foi desenvolvendo o românico com os seus variados
regionalismos, com o surgimento de mosteiros e igrejas por toda a parte –encomendadas
principalmente pela igreja, mas também pela realeza e aristocracia. Numa sociedade
essencialmente rural e feudal, o monaquismo foi o principal elemento de actividade e
desenvolvimento artístico e cultural. Outros fenómenos importantes foram as peregrinações e
a Guerra Santa desencadeada pelas Cruzadas contra os “infiéis” a Oriente (islâmico e bizantino),
levando à descoberta de padrões de vida mais desenvolvidos.
A arte românica desenvolveu-se entre os sécs. IX e Xll, dando sequência ao renascimento
carolíngio e otoniano verificado nos finais do milénio na Europa setentrional. Foram, sem
dúvida, as novas condições económicas e políticas que favoreceram uma autêntica explosão
de obras grandiosas, austeras e misteriosas, carregadas de uma intensa espiritualidade e
devoção de uma sociedade dominada pela fé no amor de Cristo.
Os progressos técnicos e o relativo desenvolvimento económico, resultante da dinamização da
agricultura e a a consequente redução da fome e explosão demográfica em toda a Europa, assim
como a guerra contra os infiéis (fonte de riqueza importante), aliados às viagens peregrinações,
contribuiram para uma unidade artística e cultural do mundo românico.
A arquitetura românica conheceu edifícios com funções distintas:
· igrejas para sacerdotes e os fiéis,
· mosteiros para os monges e abades
· castelos para os senhores feudais.

Estrutura do mosteiro românico


O mosteiro românico possuía:
• um claustro porticado, que consistia num pátio interior, rodeado de colunas, que
servia de deambulatório para os monges, à volta do qual se encontravam a igreja;
a sala do capítulo, o refeitório, a cozinha, os dormitórios e um espaço reservado
para falar.
• áreas externas à clausura, onde se incluíam as oficinas, a horta, a enfermaria, os
estábulos, o cemitério, a hospedaria, a casa do abade, a escola e o “scriptorium”
e biblioteca.

A igreja românica, significado dos seus diversos espaços e suas caraterísticas funcionais e
físicas.
No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja estrutura era
semelhante às construções dos antigos romanos.
A arquitetura românica, de linhas sóbrias e com uma forte carga simbólica, pretendia
acima de tudo manifestar o poder absoluto de Deus. A igreja constitui, neste contexto, a
representação de toda a Criação divina sobre a Terra. A planta de cruz latina (alusão simbólica à
imagem de Cristo na cruz), a cobertura em abóbadas de canhão e as naves laterais em arcadas
de meio ponto, constituem os elementos principais, com a cabeceira (lugar do altar) e o portal
(espaço para esculturas e baixos-relevos).

Principais características que definem o estilo


românico:
 edifícios de aspeto pesado, muros maciços, pequenas janelas, contrafortes;
 preocupação com aspeto defensivo (torres, merlões e ameias...);
 uso de arcos de volta perfeita e de abóbadas de berço;
 plantas de esquema longitudinal (planta de cruz latina), basilical, com cabeceiras
complexas e transepto desenvolvido;
 3 ou 5 naves (se forem grandes igrejas de peregrinação).

O mosteiro, “cidade de Deus” - relação entre a vida monástica e a organizaçåo do espaço


arquitectónico.
A extensa rede de mosteiros beneditinos e cluniacenses espalhados pelo território europeu foi
um importante fator de difusão e uniforrnização de um sistema cultural e artístico. Para além
de lugares de recolhimento, de tratarnento de mendigos e de acolhimento de peregrinos, os
mosteiros converteram-se em importantes centros culturais (mercê das suas bibliotecas e da
actividade nos scriptoria) e em ìnfluentes centros de poder político e económico.
Na sua actividade diária, os monges dividiam-se entre a reza, o estudo na biblioteca, a cópia de
manuscritos e as tarefas quotidianas. Daí a complexidade estrutural de um mosteiro, que
compreendia espaços como a igreja e o claustro, a sala do capítulo, a cozinha e o refeitório, os
dormitórios, a biblioteca e o scriptorium, os estábulos e as oficinas, etc.

O papel do monaquismo no desenvolvimento cultural e artístico do Românico.


As ordens religiosas desempenharam um papel fundamental, não só na conceção como na
difusão do modelo românico. Difundidas através da expansão monástica pelo território
europeu, as técnicas e as formas românicas acabaram por resultar numa plástica homogénea e
fundada em conceitos coerentes semelhantes.
A importância económica das abadias, ao modificarem o seu espaço circundante, fazendo o
arroteamento de matas, a secagem de pântanos, ao aplicarem e experimentarem novas
técnicas agrícolas e ao incentivarem a criação de ofícios artesanais, foi essencial para a
conformação de uma Europa que viria a emergir com o Renascimento. Também muito
importante foi a sua obra de assistência social, com a fundação de albergarias onde se acolhiam
pobres e peregrinos, ou de asilos e enfermarias onde era praticada a ainda incipiente medicina
medieval, praticamente baseada na crença dos benefícios das sangrias.
Igreja de S. Pedro de Rates

A Igreja de S. Pedro de Rates, inscrita numa zona rural, remonta aos finais do século IX, a uma
igreja de um mosteiro beneditino. A ordem de Cluny, a quem esta construção foi doada, no
século XI, por Conde D. Henrique e D. Teresa, seria responsável, nos séculos XII e XIII, pela
construção românica aí edificada.
A fachada, assimétrica, apresenta um pórtico bem dimensionado e franqueado por dois
robustos contrafortes, estruturado em cinco arquivoltas assentes em colunelos profusamente
decorados.

ESTRUTURA ARQUITECTÓNICA
• a planta é em cruz latina;
• as três naves têm cobertura em madeira;
• o transepto tem uma abóbada de berço;
• a abside tem uma abóbada de berço quebrada;
• os dois absidíolos têm uma abóbada de berço;
• as paredes são reforçadas por contrafortes;
• os pilares são cruciformes;
• possui três portais – Oeste, Norte e Sul;
• a volumetria é horizontal e fechada;
• o aspecto é maciço, rude e simples.
PORTAL PRINCIPAL – TÍMPANO
No tímpano, Cristo em Majestade, envolvido por mandorla mística, é ladeado por dois profetas
que espezinham simbolicamente duas figuras – Judas e Ario –, um tema de influência oriental
e raro no panorama românico europeu.

O ROMÂNICO E AS ARTES PLÁSTICAS


A escultura
É na escultura, talvez ainda mais do que na arquitetura, que melhor se manifesta o espírito
românico. Tanto a escultura como a pintura foram colocadas ao serviço do Cristianismo,
desempenhando uma importante função na difusão e explicação da sua doutrina.
A escultura renasceu como meio determinante para explicitar a mensagem que a arquitetura
só por si já continha. Neste sentido, a escultura é parte integrante e inseparável da arquitetura,
completando o seu programa. Concebidas em funçäo desses espaços, as figuras estabelecem
uma relaçäo de integração perfeita com a arquitetura: as imagens não se organizam em função
de fórmulas naturalistas, mas adaptam-se às formas arquitetónicas geométricas e submetem-
se a esquemas de natureza abstrata.
A escultura românica atingiu a sua expressão máxima nos portais e tímpanos, lugares de
eleição para a explanação da retórica da fé cristã.
Numa perfeita simbiose entre arquitetura e escultura, os temas da iconografia românica
incidiram sobre a manifestação da glória de Cristo nos seus momentos culminantes e
exemplares: Cristo como Juiz do Universo, a Virgem Maria, a vida de Deus-Homem, passagens
dos Evangelhos, episódios das vidas dos santos, etc. Com o objetivo de transmitir o pensamento
fundamental cristão, o artista românico procurou uma clareza narrativa e expressiva facilitadora
da interpretação da “narrativa visual”.
A pintura
A pintura românica, e particularmente a iluminura, desenvolve-se como um “texto visual”.
Como afirmou Gregório I, o Grande — papa de 590 a 604 — "a imagem é a escrita dos
iletrados".
A lgreja inaugurou uma ‘pedagogia da imagem” que foi decisiva no desenvolvimento da arte
medieval. A necessidade de representar o invisível e o inefável resultou numa desmaterialização
da imagem e na adoção de uma linguagem convencional que afetou tanto a iconografla como o
estilo. Daqui resultou uma plástica assente em esquemas geométricos e movimentos
estereotipados, planos bidimensionais e idealmente paralelos ao observador e uma iluminação
sobrenatural, constante e difusa.
"Quando Gregório I, O Grande, Papa de 590 a 604, constatando a dificuldade de fazer chegar a
palavra de Deus a uma população sobretudo analfabeta, proclamou que a imagem é a escrita
dos iletrados, fez dessa imagem, da figuração sacra, um texto para ser lido e entendido por toda
a vasta cristandade, desde a regência ao povo - um processo de evangelização que tinha como
suporte os muros sagrados dos edifícios de Deus. (…) Esta abertura fez comungar todo o povo
medieval nos ensinamentos sagrados e nos mais simbólicos quadros dos textos litúrgicos,
contribuiu para a explosão do riquíssimo léxico figurativo sagrado que se constata no gosto pela
diversidade do homem medieval, tão patente no livro figural das paredes das Igrejas e dos
Mosteiros."

A pintura românica do interior dos templos, colorida e expressiva, tinha um caráter


fundamentalmente pedagógico, pretendendo transmitir a mensagem cristã a uma população
maioritariamente analfabeta, como que lustrando os sermões e as práticas dos sacerdotes - este
será o significado desta ser "a escrita dos iletrados"
Iluminuras ou miniaturas - pintura decorativa, frequentemente aplicada às letras capitulares
(no início dos capítulos dos códices de pergaminho medievais). O termo aplica-se igualmente ao
conjunto de elementos decorativos e representações imagéticas executadas nos manuscritos
produzidos, principalmente, nos conventos e abadias. A sua elaboração era um ofício refinado
e bastante importante no contexto da arte medieval. Eram executados pelos monges copistas
nos scriptoria dos mosteiros e abadias.
A pintura românica é, pois, pedagógica, encontrando-se ao serviço da religião, transmitindo os
ensinamentos e os princípios fundamentais da doutrina cristã, visíveis na decoração
arquitetónica, articulada com a componente escultórica. Tenta transmitir uma mensagem mais
amena do que a transmitida nas esculturas dos portais que representam a salvação ou a
condenação das almas. Os fiéis são advertidos, pelas esculturas, das punições a que estarão
sujeitos se não se redimirem dos seus pecados.
Muito provavelmente, as paredes das igrejas estariam revestidas de cores vivas, a fim de
suavizar a pesada atmosfera destes templos.
A seriedade e uniformidade dos rostos, as violentas atitudes, o rígido hieratismo e a falta de
perspetiva, são caraterísticas desta pintura, que se divide em:
•Pinturas de grandes dimensões, utilizada na decoração de interiores, principalmente nas
igrejas;
•Pequenas pinturas de ornamento e ilustração de livros: as iluminuras.
A ARTE ISLÂMICA
O Islão apresenta uma vida tão simples, prática e completa que, ao longo dos séculos, nunca
perdeu a sua atração nem abandonou os princípios fundamentais que o criaram: a existência de
um único dogma - um só Deus, Alá, e o seu Profeta, Maomé - e uma única obrigação: a
submissão à vontade omnipotente de Alá. Perante Deus, todos os homens são iguais.
Implantado no seio das tribos beduínas nómadas da Arábia, sem tradição de construções de
caráter monumental, a arquitetura islâmica desenvolveu-se a partir dos seus padrões de vida,
quer religiosa quer quotidiana. Da mesma forma, a plástica islâmica reflete o caráter abstrato e
imaterial da doutrina religiosa.

Contributo cultural islâmico


O Mundo atual recebeu do Islão grandes contributos, incluindo aqueles que os Muçulmanos
colheram numas civilizações e transmitiram a outras.
Dentro do Império Islâmico, a língua árabe e a religião Muçulmana unificaram povos muito
diferentes A Civilização Muçulmana foi o resultado da reunião de civilizações tão ricas como a
grega, a bizantina ou a indiana. Reuniu os conhecimentos literários e científicos através da
multiplicação de centros de saber, universidades e bibliotecas, e introduziu muitos destes
conhecimentos na Europa, através da Península Ibérica
Para além de serem grandes intermediários culturais, os Muçulmanos foram ainda grandes
investigadores, deixando-nos importantes legados nos campos da Medicina, da Astronomia e
da Matemática. Fizeram magníficas criações artísticas, nomeadamente no campo da
Arquitetura.
Maomé foi o fundador de uma nova religião – o Islão ou
lslamismo, que proclamava a existência de um único
Deus: Alá. Maomé, de acordo com o Islão, era o último
profeta de Deus, no seguimento de Abraão, de Moisés ou
de Cristo, e a revelação da palavra divina encontrava-se
no livro sagrado do Corão.
O Império Muçulmano no século VIII vai ser ainda maior,
geograficamente, do que o Império Romano tinha sido.
O seu governo é entregue a califas, que detêm o poder político e religioso.
A extensão de tão vasto Império vai permitir aos Muçulmanos o domínio das principais rotas
comerciais do Mundo

A Mesquita
Os espaços principais de uma mesquita são o pátio (sahn) e a sala de oração (haram).
Acentuando a continuidade de um espaço indiferenciado e horizontal (exprimindo o espírito
igualitário do lslão), numa das paredes do haram situa-se a qibla, uma parede frontal às naves
que indica a direcção de Meca; sobre a qibla, situa-se o mirab, um nicho vazio que simboliza a
presença do Profeta, numa emanação de Alá. No centro do pátio há a assinalar um templete
que cobre a fonte das abluções (sabil) e, erguendo-se sobre uma das paredes do recinto
sagrado, o minarete (alminar), uma torre que constitui o único elemento destacado e
apontando ao céu, destinada a referenciar o espaço sagrado e a partir da qual se chamam os
fiéis para a oração.
No que se refere à arquitetura islâmica, a mesquita é o edifício mais importante.

Arte Islâmica
Através dos tempos, culturas e religiões, de um modo geral, fizeram uso de imagens figurativas
para transmitir a essência das suas convicções.
Para o Islão, no entanto, a arte figurativa assume aspectos de idolatria, motivo porque se serviu
de palavras ou letras, em formas e tamanhos diversos, para a transmissão dos seus princípios
religiosos. Os Muçulmanos passaram a usar a arte da caligrafia como expressão religiosa, e, no
decorrer do tempo a arte da escrita (epigrafia – ciência das inscrições) tornou-se uma arte muito
respeitada.
Este aniconismo da arte islâmica – é uma arte divorciada de qualquer relação com o mundo
visível – relaciona-se, talvez, com o nomadismo das tribos beduínas, impedidas de
desenvolverem atividades artísticas como a pintura, a escultura e a arquitetura
Esta limitação fê-los desenvolver a poesia dos contos, transmitidos de geração em geração pela
tradição oral. A palavra assumiu um valor idêntico ao das imagens na tradição cristã e a caligrafia
(forma artística da escrita) um caráter iconográfico, já que substituía as imagens.
A caligrafia é a mais sublime das artes islâmicas e a expressão mais típica do espírito
muçulmano. "O teu Senhor - revela o Alcorão - ... Ensinou com o cálamo, ensinou ao homem o
que ele não conhecia.” Como Deus, por intermédio do anjo Gabriel, falou em árabe e as Suas
palavras foram escritas em árabe, a língua e a escrita são consideradas tesouro inestimável por
todos os muçulmanos. Só entendendo-as os homens poderiam esperar compreender o
pensamento de Deus. Os muçulmanos não podiam ter uma missão mais importante que a de
conservar e transmitir tesouro tão valioso. E o fizeram com toda a perfeição de que foram
capazes
A arte islâmica distinguiu-se pelo rico cromatismo, pelos efeitos ilusórios e por uma plástica
subordinada à doutrina religiosa que excluía toda e qualquer representação do Mundo.
O recurso à figura geométrica, à forma abstrata, à caligrafia e ao arabesco caracterizou uma
arte conceptual cuja única “imagem” era a essência do Universo.

A cidade islâmica
A aparente confusão que caracteriza a cidade árabe não é apenas consequência de uma vida
nómada cristalizada sob a forma de cidade, mas também de uma civilização, crenças e formas
de vida islâmicas que se exprimem em maior grau na cidade.
A cidade islâmica é a soma de um determinado número de crentes (não de um determinado
número de cidadãos – como a cidade clássica). A cidade islâmica é uma cidade secreta, uma
cidade que não se vê, não se exibe, que não tem rosto.
Como tudo se constrói de dentro para fora, a rua – espaço coletivo – perde o seu valor estrutural.
Isto dá à rua um caráter intimista que está de acordo com o caráter secreto da cidade.
Uma rua contínua, aberta, é obrigatoriamente exibicionista, coisa que repugna o Muçulmano –
que prefere o segredo, que não se saiba o que está por detrás. A igualdade apregoada pela
religião de Maomé tem aqui um papel importante. Assim, o Muçulmano é recatado para não
ferir os seus irmãos – a primorosa fachada da sua casa será erguida num pátio interno para sua
íntima contemplação.
Por tudo isto, a cidade muçulmana é uma cidade secreta, indiferenciada, sem rosto, misteriosa
e recôndita, profundamente religiosa, símbolo da igualdade dos crentes perante o Deus
Supremo.

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