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Idade Média
Período histórico compreendido entre os séculos V e XV – entre a queda do Império Romano
do Ocidente, em 476, e a tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos (queda do Império
Romano de Oriente), em 1453.
No século V, grandes vagas de Germanos espalharam-se pela Europa Ocidental,
aproveitando-se da debilidade do Império do Ocidente e pressionados por outros povos,
particularmente pelos Hunos. Por toda a parte, os invasores germânicos causaram devastações
e provocaram o pânico entre os habitantes.
Após as invasões, a Igreja tornou-se o único fator de unidade numa Europa fragmentada
por inúmeros reinos bárbaros, apoiando e protegendo as populações e aproveitando as
estruturas administrativas centrais e locais dos romanos para congregarem os fiéis.
A sua ação ultrapassou em muito as obrigações religiosas, assumindo um importante
papel civilizacional, ensinando técnicas agrícolas, suavizando os costumes e conservando e
desenvolvendo as artes e letras.
O clero gozava de um grande poder e riqueza. Possuía grandes propriedades, recebia a
dízima de todos os flés, não pagava impostos e, por vezes, beneficiava de doações feitas por
alguns desses fiéis que, na hora da morte, deixavam bens à Igreja para que lhes fossem
perdoados os pecados e, assim, salvarem a alma do Inferno.
Possuía também um enorme prestígio cultural, por ser a ordem social mais instruída. Para
interpretar a palavra de Deus, transmitida na Bíblia e nos textos sagrados, os seus membros
precisavam de saber ler e escrever. As escolas e bibliotecas destinavam-se, sobretudo, aos
membros do clero. Por essa razão, localizavam-se nos mosteiros. Os clérigos também davam
assistência aos pobres e hospedagem a quem viajasse em peregrinação. Cuidavam igualmente
dos doentes, elaboravam medicamentos a partir de plantas, criando as primeiras farmácias e
promoviam as artes e o saber, sobretudo relacionados com a região. Nos mosteiros, os monges
copistas encarregavam-se de copiar e ilustrar a Bíblia e outras obras, algumas delas de escritores
da Antiguidade, preservando assim uma importante herança cultural. Também desenvolveram
as técnicas agrícolas.
A Europa no início do século VI
Passado o Ano Mil, o clima de paz possibilitou o regresso aos campos e a renovação das
técnicas e instrumentos agrícolas ao mesmo tempo que se produziam novos arroteamentos.
Verificou-se a reanimação do comércio e o renascer da vida urbana, provocada pelo crescimento
demográfico.
As cidades medievais tornaram-se símbolos do renascimento europeu, abrigando nas suas
muralhas não só as grandes feiras
como as Colegiadas e Universidades,
símbolos da renovação cultural do
Ocidente.
Desta feita, a Igreja reforçou o seu
estilo pastoral, incentivando as
peregrinações aos lugares santos (
Terra Santa, Antiago de Compostela e
Roma) e organizando as Cruzadas,
importantes movimentos religiosos e
militares geradores da reaproximação
da Europa com o mundo oriental e
com África.
Os sacerdotes da Igreja dividiam-se em duas grandes categorias: clero secular (aqueles que
viviam no mundo fora dos mosteiros), hierarquizado em padres, bispos, arcebispos etc., e clero
regular (aqueles que viviam nos mosteiros), que obedecia às regras da sua ordem religiosa:
beneditinos, dominicanos, etc.
No ponto mais alto da hierarquia eclesiástica estava o papa, bispo de Roma, considerado
sucessor do apóstolo Pedro. Nem sempre a autoridade do papa era aceite por todos os membros
da Igreja, mas em fins do século VI ela acabou por se afirmar, devido, em grande parte, à atuação
do papa Gregório Magno.
O IMPÉRIO CAROLÍNGIO.
Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista.
A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império
Romano no Natal do ano 800, pois:
necessitava de ver a sua autonomia restaurada por alguém cuja autoridade fosse
incontestada;
queria o reconhecimento da sua soberania temporal sobre o Estado pontifício
confirmado por um governante superior a todos os outros;
pensava fazer de Carlos Magno o imperador de todo o mundo cristão, incluindo
Bizâncio, a fim de lutar contra a heresia iconoclasta e de estabelecer a supremacia do
papa sobre toda a Igreja.
A coroação de Carlos Magno como Imperador cristão do Ocidente
quebrou o laço de dependência legal que havia entre o Papa e os reis ocidentais e o
Império Bizantino, visto atribuir a Carlos Magno a qualidade de legítimo herdeiro dos
imperadores romanos;
restabeleceu, também, o Império Romano do Ocidente, transferindo a dignidade
imperial para o rei dos Francos;
unificou, ainda, o Ocidente sob o mesmo poder político – o dos Francos – e o mesmo
poder espiritual – o do Cristianismo e dos papas de Roma.
O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis
imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados
pelos condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses.
Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em
nome do rei inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici
atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.
No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como
forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse
serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não
se submetia à autoridade dos missi dominici . Tal prática foi importante para a fragmentação do
poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços - a origem do
FEUDO.
Renascimento carolíngio
Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado
Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da
criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono,
Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.
Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura
clássica ( greco-romana ).Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e
cópia de manuscritos antigos.
A renovação da Igreja
A Igreja Católica conheceu algumas dificuldades nos séculos X e XI: as situações de indisciplina
de membros do clero eram frequentes. Por outro lado, à frente das abadias e dos bispados mais
ricos eram colocados elementos da nobreza, mesmo sem preparação religiosa, nomeados pelos
monarcas e até pelos grandes senhores.
No movimento com vista a renovar e disciplinar a Igreja Católica, tiveram um papel fundamental
duas novas e bem organizadas ordens religiosas de origem beneditina: a ordem de Cluny e a
ordem de Cister.
Os monges de Cluny (ou cluniacenses) valorizavam, sobretudo, a oração e as práticas litúrgicas
(as várias cerimónias religiosas) que deviam, segundo eles, ter a maior dignidade e esplendor.Os
monges de Cister (ou cistercienses), liderados por Bernardo de Claraval, opunham-se à
ostentação e ao luxo. Defendiam edifícios despojados, cerimónias austeras e o princípio de que
a alimentação dos monges devia provir do seu trabalho. Dedicavam-se, por isso, ao trabalho
manual e ao cultivo da terra. Bernardo de Claraval (que mais tarde viria a ser declarado santo)
nasceu numa família nobre e rica da Borgonha (França), em 1090. Com vinte e poucos anos, ele
e outros jovens nobres, decididos a isolar-se do mundo, entraram como monges no mosteiro
beneditino de Citeaux (Cistercium, em latim; Cister, em português). Bernardo distinguiu-se pela
austeridade da sua vida, pelo espírito de iniciativa e pela capacidade intelectual (escreveu
importantes obras de carácter religioso, em prosa e verso). Deve-se-Ihe a fundação de um novo
mosteiro (Claraval) que teve grande importância na expansão da sua ordem religiosa, a Ordem
de Cister, cujos mosteiros se espalharam por toda a Europa.
Em Portugal, o mosteiro cisterciense mais importante foi o mosteiro de Alcobaça, centro de
uma intensa atividade agrícola que tornou a região onde foi fundado numa das mais prósperas
do País.
Monge da ordem beneditina, Bernardo de Claraval defende a humildade e o desprendimento
em relação aos bens materiais. Impõe um programa que recusa o excesso decorativo dos
elementos arquitetónicos e a decoração escultórica e que apresenta a sobriedade, a
simplicidade e a depuração estruturais como características dominantes.
A arte românica
Trata-se do primeiro estilo internacional da Idade Média - resultou das influências da arte
romana pagã, do Oriente bizantino e das artes germânicas dos invasores.
A rápida expansão deste estilo artístico ficou a dever-se ao clima de maior estabilidade e
segurança, à reorganização administrativa, ao desenvolvimento do comércio e das cidades, às
Cruzadas e ao incremento das viagens e deslocações.
O aumento da fé e do temor religioso quando da passagem do ano Mil, levou também ao
incremento das peregrinações, cujos principais destinos eram Santiago de Compostela, na
Galiza, Roma e Jerusalém. Desta forma se foi desenvolvendo o românico com os seus variados
regionalismos, com o surgimento de mosteiros e igrejas por toda a parte –encomendadas
principalmente pela igreja, mas também pela realeza e aristocracia. Numa sociedade
essencialmente rural e feudal, o monaquismo foi o principal elemento de actividade e
desenvolvimento artístico e cultural. Outros fenómenos importantes foram as peregrinações e
a Guerra Santa desencadeada pelas Cruzadas contra os “infiéis” a Oriente (islâmico e bizantino),
levando à descoberta de padrões de vida mais desenvolvidos.
A arte românica desenvolveu-se entre os sécs. IX e Xll, dando sequência ao renascimento
carolíngio e otoniano verificado nos finais do milénio na Europa setentrional. Foram, sem
dúvida, as novas condições económicas e políticas que favoreceram uma autêntica explosão
de obras grandiosas, austeras e misteriosas, carregadas de uma intensa espiritualidade e
devoção de uma sociedade dominada pela fé no amor de Cristo.
Os progressos técnicos e o relativo desenvolvimento económico, resultante da dinamização da
agricultura e a a consequente redução da fome e explosão demográfica em toda a Europa, assim
como a guerra contra os infiéis (fonte de riqueza importante), aliados às viagens peregrinações,
contribuiram para uma unidade artística e cultural do mundo românico.
A arquitetura românica conheceu edifícios com funções distintas:
· igrejas para sacerdotes e os fiéis,
· mosteiros para os monges e abades
· castelos para os senhores feudais.
A igreja românica, significado dos seus diversos espaços e suas caraterísticas funcionais e
físicas.
No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja estrutura era
semelhante às construções dos antigos romanos.
A arquitetura românica, de linhas sóbrias e com uma forte carga simbólica, pretendia
acima de tudo manifestar o poder absoluto de Deus. A igreja constitui, neste contexto, a
representação de toda a Criação divina sobre a Terra. A planta de cruz latina (alusão simbólica à
imagem de Cristo na cruz), a cobertura em abóbadas de canhão e as naves laterais em arcadas
de meio ponto, constituem os elementos principais, com a cabeceira (lugar do altar) e o portal
(espaço para esculturas e baixos-relevos).
A Igreja de S. Pedro de Rates, inscrita numa zona rural, remonta aos finais do século IX, a uma
igreja de um mosteiro beneditino. A ordem de Cluny, a quem esta construção foi doada, no
século XI, por Conde D. Henrique e D. Teresa, seria responsável, nos séculos XII e XIII, pela
construção românica aí edificada.
A fachada, assimétrica, apresenta um pórtico bem dimensionado e franqueado por dois
robustos contrafortes, estruturado em cinco arquivoltas assentes em colunelos profusamente
decorados.
ESTRUTURA ARQUITECTÓNICA
• a planta é em cruz latina;
• as três naves têm cobertura em madeira;
• o transepto tem uma abóbada de berço;
• a abside tem uma abóbada de berço quebrada;
• os dois absidíolos têm uma abóbada de berço;
• as paredes são reforçadas por contrafortes;
• os pilares são cruciformes;
• possui três portais – Oeste, Norte e Sul;
• a volumetria é horizontal e fechada;
• o aspecto é maciço, rude e simples.
PORTAL PRINCIPAL – TÍMPANO
No tímpano, Cristo em Majestade, envolvido por mandorla mística, é ladeado por dois profetas
que espezinham simbolicamente duas figuras – Judas e Ario –, um tema de influência oriental
e raro no panorama românico europeu.
A Mesquita
Os espaços principais de uma mesquita são o pátio (sahn) e a sala de oração (haram).
Acentuando a continuidade de um espaço indiferenciado e horizontal (exprimindo o espírito
igualitário do lslão), numa das paredes do haram situa-se a qibla, uma parede frontal às naves
que indica a direcção de Meca; sobre a qibla, situa-se o mirab, um nicho vazio que simboliza a
presença do Profeta, numa emanação de Alá. No centro do pátio há a assinalar um templete
que cobre a fonte das abluções (sabil) e, erguendo-se sobre uma das paredes do recinto
sagrado, o minarete (alminar), uma torre que constitui o único elemento destacado e
apontando ao céu, destinada a referenciar o espaço sagrado e a partir da qual se chamam os
fiéis para a oração.
No que se refere à arquitetura islâmica, a mesquita é o edifício mais importante.
Arte Islâmica
Através dos tempos, culturas e religiões, de um modo geral, fizeram uso de imagens figurativas
para transmitir a essência das suas convicções.
Para o Islão, no entanto, a arte figurativa assume aspectos de idolatria, motivo porque se serviu
de palavras ou letras, em formas e tamanhos diversos, para a transmissão dos seus princípios
religiosos. Os Muçulmanos passaram a usar a arte da caligrafia como expressão religiosa, e, no
decorrer do tempo a arte da escrita (epigrafia – ciência das inscrições) tornou-se uma arte muito
respeitada.
Este aniconismo da arte islâmica – é uma arte divorciada de qualquer relação com o mundo
visível – relaciona-se, talvez, com o nomadismo das tribos beduínas, impedidas de
desenvolverem atividades artísticas como a pintura, a escultura e a arquitetura
Esta limitação fê-los desenvolver a poesia dos contos, transmitidos de geração em geração pela
tradição oral. A palavra assumiu um valor idêntico ao das imagens na tradição cristã e a caligrafia
(forma artística da escrita) um caráter iconográfico, já que substituía as imagens.
A caligrafia é a mais sublime das artes islâmicas e a expressão mais típica do espírito
muçulmano. "O teu Senhor - revela o Alcorão - ... Ensinou com o cálamo, ensinou ao homem o
que ele não conhecia.” Como Deus, por intermédio do anjo Gabriel, falou em árabe e as Suas
palavras foram escritas em árabe, a língua e a escrita são consideradas tesouro inestimável por
todos os muçulmanos. Só entendendo-as os homens poderiam esperar compreender o
pensamento de Deus. Os muçulmanos não podiam ter uma missão mais importante que a de
conservar e transmitir tesouro tão valioso. E o fizeram com toda a perfeição de que foram
capazes
A arte islâmica distinguiu-se pelo rico cromatismo, pelos efeitos ilusórios e por uma plástica
subordinada à doutrina religiosa que excluía toda e qualquer representação do Mundo.
O recurso à figura geométrica, à forma abstrata, à caligrafia e ao arabesco caracterizou uma
arte conceptual cuja única “imagem” era a essência do Universo.
A cidade islâmica
A aparente confusão que caracteriza a cidade árabe não é apenas consequência de uma vida
nómada cristalizada sob a forma de cidade, mas também de uma civilização, crenças e formas
de vida islâmicas que se exprimem em maior grau na cidade.
A cidade islâmica é a soma de um determinado número de crentes (não de um determinado
número de cidadãos – como a cidade clássica). A cidade islâmica é uma cidade secreta, uma
cidade que não se vê, não se exibe, que não tem rosto.
Como tudo se constrói de dentro para fora, a rua – espaço coletivo – perde o seu valor estrutural.
Isto dá à rua um caráter intimista que está de acordo com o caráter secreto da cidade.
Uma rua contínua, aberta, é obrigatoriamente exibicionista, coisa que repugna o Muçulmano –
que prefere o segredo, que não se saiba o que está por detrás. A igualdade apregoada pela
religião de Maomé tem aqui um papel importante. Assim, o Muçulmano é recatado para não
ferir os seus irmãos – a primorosa fachada da sua casa será erguida num pátio interno para sua
íntima contemplação.
Por tudo isto, a cidade muçulmana é uma cidade secreta, indiferenciada, sem rosto, misteriosa
e recôndita, profundamente religiosa, símbolo da igualdade dos crentes perante o Deus
Supremo.