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EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL E HISTÓRIA

DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
INDÍGENA
APOSTILAS OPÇÃO

comunidades a que a escola serve, do apoio direto e indireto


das universidades, do Movimento Negro, de grupos de
capoeira ou congada, entre outros, portanto, propicia um
momento de interação escola/comunidade.

Vários autores têm se voltado para a análise da inclusão da


história e cultura dos afro-brasileiros e dos africanos. Bernard
fala da necessidade de diretrizes que orientem a formulação
de projetos empenhados na valorização da história e cultura
Educação Étnico Racial e História dos afro-brasileiros e dos africanos, e também comprometidos
da Cultura Afro-Brasileira e com a educação de relações étnico raciais positivas, que tais
Indígena, conforme Lei conteúdos devem produzir.2
10.639/2003 alterada pela Lei No contexto das reflexões curriculares, ressalta-se a
11.645/2008 contribuição de Silva e Moreira no sentido da análise do
currículo escolar como instrumento de manutenção das
desigualdades sociais.3
(Olá candidato(a). O seguinte texto é trecho de um artigo Passos afirma que a definição comum sobre racismo –
acadêmico que discorre a respeito da criação da Lei entre a maioria dos autores, correntes e escolas de
10.639/2003 e sua posterior alteração na Lei 11.645/2008, pensamento na atualidade – está sustentada no seu caráter
assim como sua implementação, proposta de trabalho e ensino.). ideológico, ou seja, a imputação das características negativas
reais ou supostas a um determinado grupo social. As Diretrizes
Lei 10.639, de 2003 - a inclusão de história e cultura Curriculares defendem o pressuposto de que é papel da escola
afro-brasileira e africana nos currículos da educação desconstruir a representação de que o afrodescendente tem
básica1 como único atributo a descendência escrava, subalterna ou
dominada.4
A obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura afro-
brasileira e africana nos currículos da educação básica é um Candau demarca com precisão os desafios postos na
momento histórico que objetiva não apenas mudar um foco reflexão e construção de ações que transformem a
etnocêntrico, marcadamente de raiz europeia para um discriminação: mostra que estes processos estão
africano, mas sim ampliar o foco dos currículos escolares para profundamente internalizados na sociedade brasileira, e que
a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira. se expressam através da pluralidade de linguagens, no plano
simbólico, e das práticas sociais, e encontram-se carregados
Nessa perspectiva cabe às escolas incluir, no contexto dos muitas vezes de ambiguidades e sutilezas, revestindo-se de
estudos, atividades que abordem diariamente as contribuições grande complexidade. Para a autora, compreender como se
histórico-culturais dos povos indígenas e dos descendentes de dão estes processos é condição imprescindível para desvelá-
asiáticos, além das raízes africanas e europeias. los, na perspectiva da construção de uma cultura dos direitos
humanos.5 Já Munanga e Gomes apontam elementos para uma
O artigo 26, acrescido na Lei nº 9,394/1996, provoca bem melhor compreensão das transformações atuais da escola
mais do que a inclusão de novos conteúdos; exige que sejam brasileira no que tange à inclusão.6
repensadas relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas,
procedimentos de ensino, condições oferecidas para a O § 3º da Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, do CNE,
aprendizagem, objetivos táticos e explícitos da educação versa que o ensino sistemático da História e Cultura Afro-
oferecida pelas escolas. Brasileira e Africana na educação básica refere-se aos
componentes curriculares de Educação Artística, Literatura e
O § 2º da Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004 do História do Brasil. Portanto, um excelente ponto de apoio para
Conselho Nacional de Educação (CNE), versa que o ensino de os professores de História são os livros literários, que abordam
história e Cultura Afro-brasileira e Africana objetiva o de maneira criativa a temática e abrem um leque de
reconhecimento e a valorização da identidade, da história e da possibilidades de trabalhos diversos de criativos.
cultura dos afro-brasileiros. Além disso, garante o
reconhecimento e a igualdade de valorização das raízes O historiador Joel Rufino dos Santos, em sua obra
africanas da nação brasileira ao lado das indígenas, europeias paradidática Gosto de África: histórias de lá e daqui, oferece-nos
e asiáticas. mitos, lendas e tradições africanas. É uma obra interessante
que oferece ao professor a oportunidade de trabalhar a cultura
A autonomia dos estabelecimentos de ensino para compor e a identidade africana de uma maneira lúdica e prazerosa.7
os projetos pedagógicos, no cumprimento do exigido no artigo
de Lei citado, permite que se valham da colaboração das Rogério Andrade Barbosa em sua obra literária Histórias
africanas para contar e recontar traz sete contos etiológicos

1 BORGES. M. F. ELISABETH. A inclusão da História e da Cultura Afro- 4 PASSOS, Joana Célia dos. “Discutindo as relações raciais na estrutura escolar e
brasileira e Indígena nos Currículos da Educação Básica. Revista Mest. Hist., construindo uma pedagogia multirracial e popular”. In. NOGUEIRA, João
Vassouras, v.12, n.1, p71-84, jan/jun., 2010. Disponível em: < Carlos (Org.). Multiculturalismo e a pedagogia multirracial e popular.
http://www.uss.br/pages/revistas/revistaMestradoHistoria/v12n12010/pdf/05 Florianópolis: Editora Atilènde, 2002.
A_Inclusaodahistoriaculturaafro.pdf> Acesso em 18 de julho de 2017. 5 CANDAU, Vera Maria (Org.). Somos tod@as iguais? Escola, discriminação e
2 BERNARD, François. Por uma redefinição do conceito de diversidade cultural.
educação em direitos humanos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
In: BRANT, Leonardo. Diversidade Cultural. São Paulo: Escrituras Editora, 6 MUNANGA, Kabengele, GOMES, Nilma Lino. Para entender o negro no Brasil de
2005. hoje: história, realidades, problemas e caminhos. São Paulo: Ação educativa,
2004.
3 SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
7 SANTOS, Joel Rufino dos. Gosto de África: histórias de lá e daqui. São Paulo:
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999; SILVA, Tomaz Tadeu. O currículo
Global: 2006.
como fetiche: a poética e a política do textocurricular. Belo Horizonte:
Autêntica, 1999; MOREIRA, Antônio Flávio B., SILVA Tomaz Tadeu. Currículo,
cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2000.

Educação Étnico Racial e História da Cultura Afro 1


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africanos. No desejo de explicar os fenômenos da natureza e os Negro e de grupos culturais negros, bem como da comunidade
acontecimentos cotidianos, bem como o comportamento dos em que se insere a escola, sob a coordenação dos professores,
habitantes da floresta, os povos africanos inventaram estas na elaboração de projetos político-pedagógicos que
histórias, cheias de lirismo, humor e sabedoria. Barbosa contemplem a diversidade étnico-racial.
recolheu estes contos, transmitidos de geração a geração, em
uma viagem que fez à África; assim, construiu este livro que se Segundo as Diretrizes, o ensino de História e Cultura Afro-
torna um excelente aliado do professor de história.8 Trazer brasileira e Africana e a educação das relações étnico-raciais
este universo lúdico e mágico da literatura oral dos povos devem ser desenvolvidas no cotidiano das escolas como
africanos para as salas de aula é um trabalho que também conteúdo de disciplinas, particularmente Educação Artística,
atende à proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais: Literatura e História do Brasil, em atividades curriculares ou
debater temas emergentes de nossa sociedade nas escolas não, trabalhos em salas de aula, nos laboratórios de ciências e
brasileiras. de informática, na utilização de sala de leituras, bibliotecas,
brinquedotecas, áreas de recreação e em outros ambientes
Raul Lody organiza a coleção “Olhar a África e ver o Brasil”, escolares.
que nos traz fotografias de Pierre Verger. A Coleção traz em
cada livro uma temática. Na obra Influências, as fotos de Verger Este ensino vem acontecendo por diferentes meios,
revelam a beleza da cultura africana e a força de sua influência inclusive pela realização de projetos de diferentes naturezas,
na música, na dança, na culinária, no vestuário, nas artes e em projetos interdisciplinares com vistas à divulgação e ao estudo
muitos outros costumes do cotidiano brasileiro. Já na obra da participação dos africanos e de seus descendentes em
Crianças, as fotografias de Pierre Verger revelam a beleza da episódios da História do Brasil. São projetos que culminam em
cultura africana e a força de sua influência também no feiras culturais, visitas a núcleos arqueológicos, museus e até
cotidiano brasileiro. O livro destaca temáticas como a alegria, a grupos remanescentes de quilombos.
as brincadeiras, os instrumentos musicais (como os tambores,
a kalimba e a flauta,), as danças e a culinária. Estes princípios e seus desdobramentos mostram
exigências de mudança de mentalidade, de maneiras de pensar
Todos estes livros são instrumentos de apoio ao professor e agir dos indivíduos em particular, assim como das
de história para trabalhar esta temática. Em síntese, às escolas, instituições e de suas tradições culturais.
atualmente, são atribuídas duas tarefas. A primeira é a Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe
responsabilidade de acabar com o modo falso e reduzido de situações de aprendizagens entre brancos e negros, trocas de
tratar a contribuição dos africanos escravizados e de seus conhecimento, quebra de desconfianças: um projeto conjunto
descendentes para a construção da nação brasileira. A segunda para a construção de uma sociedade justa, igual e equânime.
é fiscalizar que em seu interior alunos negros deixem de sofrer
os continuados atos de racismo de que são vítimas. Combater o racismo não é uma tarefa exclusiva da escola,
as formas de discriminação de qualquer natureza não nascem
Sem dúvida, assumir essas responsabilidades implica ali, porém o racismo e as discriminações correntes na
compromisso com o em torno sociocultural da escola, da sociedade perpassam esse espaço.
comunidade onde se encontra e à qual serve. Implica ainda
compromisso com a formação de cidadãos atuantes e Para que as instituições de ensino desempenhem a
democráticos, capazes de compreender as relações sociais e contento o papel de educar, é necessário que se constituam em
étnico-raciais das quais participam e que ajudam a manter espaço democrático de produção e divulgação de
e/ou a reelaborar. conhecimento e de posturas que visam uma sociedade justa.

Este trabalho das escolas deve partir de três princípios Temos, pois, pedagogias de combate ao racismo por se
básicos: o princípio da consciência política e histórica da criar. As universidades, através de seus cursos de
diversidade; o princípio do fortalecimento de identidades e de licenciaturas, precisam assumir o seu papel, neste momento
direitos; e o princípio das ações educativas de combate ao histórico, ajudando na formação dos novos professores que
racismo e às discriminações. atuem com competência nesta nova temática da educação. É
claro que já há experiências de professores e de algumas
O princípio da consciência política e histórica da escolas e universidades, ainda isoladas, que muito ajudam
diversidade conduz à compreensão de que a sociedade é neste processo.
formada por pessoas que pertencem a grupos étnico-raciais
distintos, que possuem cultura e histórias próprias igualmente Como já vimos, a inclusão do tema história e da cultura
valiosas, e que em conjunto constroem, na nação brasileira, a afro-brasileira e africana nos currículos da Educação básica
sua história. brasileira é um momento histórico ímpar, de crucial
importância, porém ela traz uma necessidade de professores
O princípio do fortalecimento de identidades e de direitos qualificados para este trabalho, pessoas sensíveis e capazes de
deve orientar o desencadeamento do processo de afirmação de direcionar positivamente as relações entre pessoas de
identidades, de historicidade negada ou distorcida, e o diferentes pertencimentos étnico-raciais, no sentido do
combate à privação e à violação de direitos. respeito e da correção de posturas, atitudes e palavras
preconceituosas. Daí a necessidade de se investir na formação
Finalmente, o princípio de ações educativas de combate ao inicial e continuada dos professores, para que, além da sólida
racismo e às discriminações encaminha a criação de condições formação na área específica de atuação, recebam formação que
para professores e alunos pensarem, decidirem e agirem, os capacite não só a compreender a importância das questões
assumindo a responsabilidade pelas relações étnico-raciais relacionadas à diversidade étnico-racial, mas a lidar
positivas, enfrentando e superando discordâncias, conflitos e positivamente com elas e, sobretudo, criar estratégias
contestações, e valorizando os contrastes das diferenças. pedagógicas que possam auxiliá-las e reeducá-las.
Nesse sentido, é importante a participação do Movimento

8BARBOSA, Rogério Andrade. Histórias africanas para contar e recontar . São


Paulo: Editora do Brasil, 2001.

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Lei 11.645 de 2008 - a inclusão de história e cultura escola. Selva Fonseca destaca que estamos sempre debatendo
afro-brasileira e indígena nos currículos da educação e indagando: o que da cultura, da memória e da experiência
básica humana devemos ensinar e transmitir aos homens nas aulas
de história? O que é significativo, válido e importante para ser
A promulgação da Lei 11.645, de 2008, veio a alterar a Lei ensinado? Para quê? Por quê? Segundo a autora, recorrendo-
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº se ao texto da nova LDB encontraremos a resposta, uma vez
10.639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes que o documento expressa em forma de diretrizes o que da
e bases da educação nacional, visando incluir no currículo cultura e da história o Estado brasileiro considera, hoje,
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática necessário e adequado transmitir aos alunos. A autora destaca
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. que os Artigos 26 e 36 deixam claro que o Ensino Fundamental
e Médio deve ter uma base nacional comum, e que o ensino da
O que esta Lei altera no conteúdo programático da história do Brasil deverá levar em conta as contribuições das
educação básica é a inclusão dos diversos aspectos da história diferentes culturas e etnias, especialmente das matrizes
e da cultura que caracterizam a formação da população indígenas, africanas e europeias.9
brasileira, a partir dos dois grupos étnicos: africana e indígena.
A lei enfatiza o estudo da história da África e dos africanos, a Sobre a indagação “quais histórias ensinar e aprender?”,
luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra Fonseca destaca que esta pergunta nos conduz à discussão dos
e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da desafios do futuro a partir do presente. Ela enfatiza que as
sociedade nacional. Resgata assim as suas contribuições nas últimas décadas do século XX constituíram um rico momento
áreas social, econômica e política, pertinentes à história do de debates, elaboração e implementação de propostas
Brasil. Estes conteúdos não serão ministrados em forma de curriculares e de novos materiais didáticos. Também nesse
disciplina específica, todavia, serão ministrados no âmbito de período, as práticas educativas foram repensadas, mas não só
todo o currículo escolar, principalmente através das aulas de isso: houve tentativas de mudanças, como a promulgação
Educação Artística e de Literatura e História do Brasil. destas leis, e uma ampliação dos objetos de estudo, dos temas,
dos problemas e das fontes históricas. Os PCNS (Parâmetros
O sistema educacional brasileiro não contempla nossa Curriculares Nacionais) expressam, em grande medida, essa
herança cultural, formada a partir das heranças culturais ampliação. Há uma diversidade de formas de ensinar e de
europeias, indígenas e africanas. Os livros didáticos aprender; consolidou-se entre nós uma pluralidade de
apresentam uma visão eurocêntrica da História de nosso país, concepções teóricas, políticas, ideológicas e metodológicas no
perpetuando estereótipos e preconceitos. A aprovação da Lei ensino de história e nos sistemas nacionais e estaduais de
10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e avaliação da aprendizagem e de padronização dos critérios de
Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino avaliação dos livros didáticos, desenvolvidos na rede pública e
Fundamental e Médio, substituída, em 2008, pela Lei privada. A autora enfatiza que já é possível destacar algumas
11.645/08, que inclui também o ensino de História e Cultura perspectivas comuns trilhadas pela educação.
Indígena, vem sanar uma dívida social e uma lacuna, a ausência A Lei 11.645, de 2008, afirma que a temática História e
em nossa história desta diversidade cultural. Cultura Afro-Brasileira e Indígena deve ser trabalhada de
forma interdisciplinar.
Com a promulgação destas Leis se espera promover uma
educação que reconheça e valorize a diversidade cultural, Lei 10.639, de 2003, e Lei 11.645, de 2008 – proposta
tornando a educação comprometida com as origens do povo de trabalho interdisciplinar
brasileiro.
É notória a importância de uma prática interdisciplinar e
A implementação da Lei 11.645, de 2008, vem oportunizar transversal para a renovação do ensino brasileiro. A exigência
que os estudantes problematizem a História de nosso país, de um trabalho interdisciplinar, com a temática História e
ampliando-a no sentido de reconhecer e valorizar a nossa Cultura Afro-Brasileira e Indígena, vem corroborar com este
riqueza cultural. A implementação das referidas Leis desejo de inovação.
apresenta ao sistema educacional desafios: a promulgação das
Leis abre novas demandas para produção de conhecimentos Selva Fonseca mostra que a temática é instigante por
sobre africanidades, as lutas do negro no Brasil, a Consciência diversas razões, mas fundamentalmente porque nos faz
Negra, a resistência indígena no contato com os brancos, a pensar na construção de propostas pedagógicas capazes de
cultura indígena, entre outros. É preciso além da publicação de garantir o princípio que funda e justifica a educação escolar: o
materiais sobre tais temáticas, uma urgente política de desenvolvimento pleno do educando nas suas múltiplas
formação continuada para capacitar os professores a dimensões: cognitivas, sociais, políticas, afetivas e éticas.10
trabalharem com tal temática.
Fonseca ainda destaca que, ao longo do século XX, as
Outras medidas urgentes se fazem necessárias: é preciso mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas passaram
que os cursos de Licenciatura apresentem disciplinas que a exigir da escola uma participação cada vez mais efetiva na
discutam a temática História e Cultura Afro-Brasileira e educação das novas gerações. As mudanças no mundo do
indígena, oferecendo assim embasamento teórico aos futuros trabalho acabaram redimensionando o papel da família na
professores. Faz-se urgente ainda envolver a comunidade educação dos filhos, ocorrendo uma transferência dessa
escolar em um projeto de discussão, de problematização e de responsabilidade para a escola e para os professores. Ao
engajamento em ações concretas que visem à valorização da mesmo tempo, ocorre uma inibição educativa de outros
diversidade cultural brasileira. agentes de formação (igrejas, movimentos sociais). A autora
mostra que neste contexto de mudanças cada vez mais rápidas,
Analisar um possível impacto destas Leis no ensino outros fatores devem ser considerados na construção de
brasileiro nos remete à compreensão do papel da escola e da projetos educativos – pedagógicos. O desenvolvimento dos
dinâmica escolar em relação aos saberes transmitidos na meios de comunicação requer de nós, cotidianamente, novas

9FONSECA, Selva G. Didática e prática de ensino em História. São Paulo: Pairus, 10 Idem.
2007.

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posturas diante do conhecimento e das tradicionais formas de colegas de outras disciplinas. A autora mostra que o
transmissão e recepção. É aí que entra a interdisciplinaridade rompimento com as formas tradicionais de trabalhar os
como forma de renovação das propostas pedagógicas.11 conteúdos não é uma tarefa fácil.14

Fonseca mostra que hoje novos problemas desafiam o Como já foi frisado, o silenciamento nas questões culturais
processo educacional, exigindo que a escola redimensione e históricas afro-brasileiras e africanas também é encontrado
suas funções e assuma o compromisso com o seu tempo, como quando se trata da questão indígena. Este esquecimento e
agente de transformação dos cidadãos. E que isto requer um silêncio acontece pela falta de (re)conhecimento por parte da
esforço de revisão dos pressupostos teórico-metodológicos escola da composição da sócio-diversidade brasileira. Trata-se
que nortearam as práticas da tradicional escola básica. de uma realidade que perpassa um currículo escolar que
Segundo a autora, as mudanças sociais, políticas e econômicas distancia o saber dos alunos da história e da cultura dos povos
no final do século XX e as pesquisas acadêmicas africanos, afro-brasileiros e indígenas. Isto resulta em relações
redimensionam as leituras e as concepções do papel da interculturais marcadas por posturas verticalizadas frente à
instituição escolar. A escola desempenha um múltiplo papel na diferença, bem como de um cotidiano escolar marcado por
sociedade, uma vez que ela não só produz indivíduos, mas manifestações de intolerância e violência.
também produz saberes, produz uma cultura que penetra, que
participa, interfere e transforma a cultura da sociedade, ou A LDB e os PCNS já enfatizavam a importância do trabalho
seja, ela reproduz, mas também produz conhecimentos e com a perspectiva multicultural.
valores.
LEI Nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.
Fonseca ressalta que atualmente tem se processado um
debate sobre os paradigmas educacionais, o que evidencia a Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
necessidade de repensar as práticas pedagógicas dos estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
professores no interior dos diferentes espaços educativos. incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
Segundo a autora, o que há de novo nesta discussão é a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
abordagem das formas e das relações entre conhecimentos e Brasileira", e dá outras providências.
metodologias. Para a autora, é aí que ganha força a ideia da
inter e da transdisciplinaridade. O papel da escola hoje mudou, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
não se trata mais de aquisição cumulativa de informações, mas Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
de formação de atitudes diante do conhecimento formal que
possibilita ao indivíduo transformar-se como individualidade Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a
sociocultural, por meio de sua participação na ação coletiva do vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
ensino e aprendizagem.12
A autora problematiza: se o papel da escola mudou, quais "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e
são os novos papeis dos professores e alunos? Afinal, eles são médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino
os principais atores do processo educativo. Na escola sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
tradicional a maneira de conceber professor e aluno tem § 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste
relação estreita com a concepção reprodutivista de educação artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a
que valoriza a memorização mecânica de dados e informações luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro
pelos alunos, como algo pronto e acabado, ou como verdades na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição
definitivas. do povo negro nas áreas social, econômica e política
pertinentes à História do Brasil.
Gaudênio Frigotto argumenta que a interdisciplinaridade § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-
se impõe como necessidade. Para o autor, ela não é uma Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo
técnica didática, nem um método de investigação. Para ele, a escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de
interdisciplinaridade, concebida como um princípio mediador Literatura e História Brasileiras.
entre as várias disciplinas, nunca pode ser pensada enquanto § 3º (VETADO)"
redução a um denominador comum, mas como elemento
teórico-metodológico da diferença e da criação. Ela é "Art. 79-A. (VETADO)"
concebida como o princípio máximo do diálogo entre as
disciplinas, porém é também o princípio da diversidade e da "Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
criatividade.13 novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."

Para Circe Bittencourt, entre as questões que merecem Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
destaque para a reflexão sobre o trabalho interdisciplinar
estão as disciplinas escolares. Alguns educadores acreditam LEI Nº 11.645, DE 10 MARÇO DE 2008.
que para tal é preciso romper com as disciplinas. Ela refuta e
problematiza: o obstáculo para as práticas interdisciplinares Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
está relacionado às disciplinas? Para Bittencourt, a resposta a modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que
esta indagação está no próprio termo interdisciplinar. Para estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
que haja a interdisciplinaridade é necessário que haja, além de incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade
disciplinas que estabeleçam vínculos epistemológicos entre si, da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
a criação de uma abordagem comum em trono de um mesmo
objeto de conhecimento. É fundamental o professor ter um O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
profundo conhecimento sobre sua disciplina, sobre seus Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
conceitos, conteúdos e métodos, para poder dialogar com

11Idem. 14BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo:


12Idem. Cortez, 2004.
13 FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Ed.

Cortez, 1995.

Educação Étnico Racial e História da Cultura Afro 4


APOSTILAS OPÇÃO

Art. 1º O art. 26-A da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de


1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e


de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o
índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
contribuições nas áreas social, econômica e política,
pertinentes à história do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
educação artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Anotações

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