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Fernando I, rei de Leão e Castela, ao falecer (1065), repartiu os seus domínios pelos
filhos: Sancho II ficou com Castela, Afonso VI com Leão (que englobava as Astúrias), e
Garcia com a Galiza, transformada em reino independente.
Depois de várias lutas entre os irmãos, morto Sancho e destronado Garcia, em 1073,
Afonso VI reúne novamente todos os estados de seu pai, tornando-se assim, rei de
Leão, de Castela e da Galiza.
Afonso VI, filho e sucessor de Fernando Magno, aproveitando as lutas entre os reinos
muçulmanos das taifas, após a desagregação do Califado de Córdova, prosseguiu a
guerra contra os infiéis e conquistou Toledo, onde fixou a capital (1085).
Alarmados com as vitórias dos cristãos, alguns emires pedem auxílio aos Almorávidas
da Mauritânia, e estes, vindo à Península, derrotam os exércitos cristãos na Batalha de
Zalaca (1086).
Porém, Afonso VI, aproveitando agora a luta dos Almorávidas para a submissão dos
príncipes muçulmanos, conquistou Santarém, e a seguir Lisboa e Sintra (1093),
estendendo assim a Reconquista até ao Tejo.
Depois de Afonso VI, a Reconquista contra os Almoádas foi prosseguida pelos reis de
Portugal, Castela, Aragão e pelos condes de Barcelona.
Enquanto os reinos cristãos da Península prosseguiam na Reconquista, nos séculos XI e
XII a Europa encontrava-se em pleno “feudalismo”, politicamente fragmentada
(retalhada em ducados e condados) e enfraquecida, vendo-se ameaçada por dois
lados: a Oriente pelos Turcos Seljúcidas que, vindos da região do Cáspio, haviam
conquistado a Ásia Menor (1071) e estavam às portas de Constantinopla, a Oeste pelos
Almoádas reforçados com a vinda dos Almorávidas do Norte de África (1068).
No meio da fragmentação geral da Europa, era impossível encontrar uma comunidade
política suficientemente forte para defender a cristandade ameaçada.
Enquanto, porém, o feudalismo fizera decair a realeza, o Papado fora ganhando
prestígio e era a única autoridade eficazmente reconhecida por toda a sociedade
feudal.
Nos fins do século XI aparece a dirigir a Igreja Hildebrando, monge de Cluny,
conselheiro oficial de papas e depois eleito papa com o nome de Gregório VII (1073-
1085). A ideia deste Papa reformador era submeter toda a Europa à autoridade
religiosa da Santa Sé, e por isso ele se apresenta, então, como chefe espiritual não só
da Igreja, mas dos estados e príncipes cristãos.
Em face do perigo que o avanço dos Turcos Seljúcidas trazia para a Europa Oriental, o
Imperador de Constantinopla implorou o auxílio do Papa como soberano espiritual do
Ocidente, e a partir daqui nasceram as Cruzadas do Oriente.
Ao mesmo tempo, os ataques dos Almorávidas na Península Ibérica, após a vitória de
Zalaca (1086), alarmaram a Europa cristã e levaram o Papa Urbano II, sucessor de
Gregório VII, a organizar todas as forças da Cristandade para uma luta contra o
Islamismo.
Ao mesmo tempo que começam os preparativos para as grandes Cruzadas do Oriente,
os condes e senhores da Borgonha, Aquitânia e Normandia organizam expedições de
cavalaria à Península Ibérica, com contingentes cada vez maiores, para ajudarem os
príncipes cristãos na luta contra os Muçulmanos. Estas expedições foram denominadas
Cruzadas do Ocidente.
Denominaram-se cruzadas do Ocidente ou cruzadas da Espanha, as expedições
militares que, vindas de além-Pirinéus, combateram os muçulmanos instalados na
Península Ibérica.
Na organização destas cruzadas à Península, e nos sucessos que se lhe seguiram,
exerceu papel predominante a Ordem de Cluny, na Borgonha, poderoso centro cultural,
social e político, dirigida pelo célebre abade D. Hugo, “amigo de reis e confidente de
papas”, e que durante mais de meio século (1049-1109) interveio em todos os assuntos
do Ocidente, como fulcro da diplomacia europeia do seu tempo.
A influência de Cluny na Península manifestou-se no estabelecimento de alianças de
família e no envio de monges para a direcção de várias dioceses peninsulares.
Assim, a Reconquista Ibérica tomou foros de Cruzada num momento em que a Europa
se organizava contra os infiéis da fé cristã e a Ordem de Cluny passou a ter um papel
relevante. Deste modo, Afonso VI de Leão e Castela casa com uma filha do duque da
Borgonha e sobrinha de Hugo de Cluny (D. Constança).
Com Afonso VI de Leão e Castela iniciou-se na Península uma época próspera para as
armas cristãs. As conquistas deste monarca culminaram com a tomada de Toledo
(1085) que lhe dava o domínio da linha do Tejo e a possibilidade de realizar expedições
às terras andaluzas.
O facto de Toledo, cidade considerada inexpugnável pelos mouros, ter caído nas mãos
dos cristãos, alertou os príncipes muçulmanos. Alguns deles pediram então auxílio para
África, onde triunfara uma nova tribo berbere, a dos Almorávidas. Passando à
Península, os Almorávidas aliados aos muçulmanos peninsulares infligiram uma derrota
a Afonso VI em Zalaca em 1086.
D. Afonso VI, apelou, então, aos reis franceses, defensores da abadia de Cluny e
também eles ameaçados pelas vitórias muçulmanas.
Entre os cavaleiros de além-Pirinéus que acudiram aos apelos de Afonso VI de Leão,
vem Raimundo, conde de Amons, parente dos duques da Normandia e da Borgonha, o
qual casa com D. Urraca, filha legítima de Afonso VI e recebe deste (1093) o governo de
toda a Galiza.
O CONDADO PORTUCALENSE
No ano seguinte (1094) chega à Península, o conde D. Henrique, neto, filho e irmão dos
duques da Borgonha, primo de Raimundo e sobrinho da rainha D. Constança, esposa
de Afonso VI, que desposou (1095) D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI e que recebeu
o governo das terras para o Sul do rio Minho, as quais constituíram o Condado
Portucalense.
Em 1095, D. Henrique intitulava-se “senhor de Coimbra” e, em 1097, “Conde
Portucalense”.
A concessão do condado por parte do rei de Leão e Castela implicava o direito da sua
transmissão a descendentes, além do governo do território com todos os poderes. O
conde D. Henrique ficava apenas com deveres de vassalo em relação a Afonso VI. Estes
deveres de vassalagem iam desde a prestação de auxílio militar, até à comparência na
cúria régia de Leão, sempre que se reunisse extraordinariamente.
A política do conde D. Henrique seria de futuro eximir-se, tanto quanto possível, a estas
obrigações e procurar por todos os meios a autonomia do condado. Para este fim
apoiou as aspirações de independência religiosa da sé metropolita de Braga, o que veio
a conseguir.
Praticamente desde o início da reconquista, a rivalidade entre Braga e Santiago de
Compostela foi uma constante, em especial, no que se referia ao domínio das dioceses.
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Ordem de Cluny – Ver sebenta sobre Ordens Religiosas.
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Ver sebenta sobre Ordens Religiosas.
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Contudo, D. Teresa, que por morte do marido passara a fazer parte da Cúria Régia de
Leão, tem uma política de grande apoio aos condes da Galiza. E a partir de 1121,
Fernão Peres de Trava, conde galego, passou a exercer funções governativas no
Condado Portucalense perante o protesto dos nobres, que são afastados da corte de D.
Teresa, e do próprio povo.
Caberia ao filho dos condes portucalenses, D. Afonso Henriques, romper gradualmente
os laços de submissão que ainda ligavam o condado ao reino de Leão e Castela, bem
como resolver a situação que se instalara durante a regência de D. Teresa provocada
pela inimizade entre os barões portucalenses e os galegos, agora em grande número na
corte e cuja acção era cada vez mais marcante.
Em 1125, D. Afonso Henriques arma-se a ele próprio cavaleiro na Catedral de Zamora.
D. Urraca morre (1126) e seu filho Afonso VII, rei de Leão e Castela, procurava fazer
prestar vassalagem a Afonso Henriques e sua mãe, D. Teresa para, pelo menos no
plano teórico, manter a sua suserania.
Em 1127, Afonso VII invade a Galiza, cerca Guimarães exigindo vassalagem a seu primo
Afonso Henriques e a sua tia D. Teresa. O cerco a Guimarães foi levantado mediante a
promessa de que a vassalagem seria prestada, no entanto, como se verá, esta
promessa não será cumprida. (Ver “Episódio de Egas Moniz” – azulejo da Estação de S.
Bento no Porto).
A Batalha de Ourique – Feito o tratado, os dois primos voltaram as suas armas contra
os muçulmanos, que Afonso Henriques venceu em Ourique (1139-40), segundo a lenda
contra cinco reis mouros, cuja vitória teria tido grande repercussão em toda a
cristandade, passando a usar, a partir deste momento o título de “rex” (rei).
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Ver sebenta de Ordens Religiosas.
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Teve como fundadores monges franceses, mas o grande impulsionador foi Hugo de
Paynes, que em Jerusalém, o rei Balduíno II lhe concedeu, em 1118, os estábulos ao
lado da Mesquita Al-Aqsa, onde se situava parte do Templo de Salomão.
Intitulavam-se os Pobres Cavaleiros de Cristo e adoptaram como símbolo um cavalo e
dois cavaleiros e tinham como invocação S. João Baptista. Regiam-se pela ordem de
Cister reformada de S. Bento e os seus cavaleiros faziam votos de pobreza. A casa mãe
era em Paris e foi concedida pelo rei Luís VI, em 1137, por intervenção de Bernardo de
Claraval tendo-lhes sido doado as terras de Champagne.
Nos primeiros anos a ordem, que tinha como incumbência a protecção aos peregrinos
na Terra Santa e posteriormente os Caminhos de Santiago e a defesa da Cristandade,
não cresceu e o Papa Honório II alterou os Estatutos, permitindo a integração de
nobres que lutassem contra os infiéis, que seriam ajudados pelos sargentos, os padres
estavam encarregues das coisas religiosas e os servos e ajudantes faziam outras
tarefas.
Possuíam um vigoroso treino militar. Os princípios eram a castidade, pobreza e
obediência.
Adoptaram como distintivo uma cruz de oito pontas, colocada em mantos branco e
acima do coração.
Diziam-se protectores de várias relíquias, que obtiveram na Palestina, como o Santo
Graal e pedaços da cruz de Cristo, a coroa de espinhos de Cristo, uma cruz de bronze
feita da bacia, que Jesus utilizou na Última Ceia.
A sua primeira acção foi integrarem-se na conquista cristã de Damasco, em 1129.
Lutaram ao lado dos Cruzados, tiveram relações privilegiadas com Saladino.
Em 1291, perderam a sua grande fortificação de Sídon e outras praças na Palestina e
dedicaram-se a enriquecer através de empréstimos bancários aos reis europeus.
Transferiram a sua sede para Chipre naquele mesmo ano, nunca perdendo de vista a
reconquista de Jerusalém e o seu último mestre chegou a propor uma nova Cruzada,
em 1306.
Entraram em Portugal, em 1128, pela acção de D. Teresa, que lhes doou o castelo e as
terras de Fontearcada, Longroiva, Mogadouro, Penarroia e ainda Soure, altura em que
participam na guerra.
HOSPITALÁRIOS
Possuíam este nome ou Frades de Jerusalém, ou ainda, Cavaleiros de São João do
Hospital, por ter sido fundada nesta cidade, em 1113, depois da primeira cruzada. Teve
a sua origem num hospital organizado por mercadores de Almafi, próximo do Santo
Sepulcro (1048-1063), a que se juntou um mosteiro masculino dedicado a Santa Maria
Latina e outro feminino dedicado a Santa Maria Madalena. A congregação destinava-se
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CALATRAVA/AVIS
Foi fundada por S. Raimundo ajudado pelos monges de Cister com o intuito de
defenderem Calatrava, em 1150. Foi confirmada pelo Papa Alexandre III, em 1164.
Em 1176, D. Afonso Henriques concedeu-lhes casas e bens em Évora e passaram a
denominar-se Cavaleiros de Évora. Ajudaram D. Fuas Roupinho na defesa de Porto de
Mós, durante a invasão almóada, em 1180. Regiam-se pela Ordem de Cister, seguindo
a trilogia da obediência, para lutar contra os infiéis, pobreza e castidade.
Receberam os castelos de Alpedriz e Alcanede e depois da conquista do Algarve
receberam Estremoz e o Alandroal. Em 1211, Afonso II doou-lhes Avis e aí
estabeleceram a sede do ramo português, passando a designar-se Ordem de Avis com
o Grão-Mestre Fernando Enes. Os monges de Évora incorporaram-se, em 1223.
Pertenceram-lhes as povoações de Samora Correia, Coruche, Mora, Pavia, Vimieiro,
Fronteira, Juromenha, Noudar e Paderne no Algarve. A independência face a Castela
só é feita com o rei D. João I, ele que tinha sido mestre desta Ordem, atribuiu o
mestrado da Ordem depois de subir ao trono a D. Fernando Sequeira, no entanto, a
separação de Castela só foi obtida, em 1440, pelo Papa Eugénio IV, no reinado de D.
Afonso V.
As dignidades eram as de Mestre e Prior Mor, com dignidade espiritual, Comendador
Mor, Chaveiro, Alferes Mor e Sacristão Mor.
Esta, como outras ordens, passou a estar ligada à coroa, em 1551, no tempo de D. João
III e foi secularizada, em 1789, sendo mestre o Presidente da República.
Biografia
D. Afonso Henriques nasceu pressupostamente em Guimarães em data incerta (talvez
1109), armou-se cavaleiro em 1125 e passou a governar Portugal a partir de 1128 (data
da Batalha de S. Mamede contra sua mãe D. Teresa e Fernão Peres de Trava). Faleceu a
6 de Janeiro de 1185, depois de governar 57 anos. Jaz no Mosteiro de Santa Cruz de
Coimbra.
Genealogia
Casou com D. Mafalda, filha de Amadeu III, da Moriana e Sabóia, de quem teve os
seguintes filhos: D. Sancho, herdeiro do trono; D. Henrique e D. João, mortos em
pequenos; D. Mafalda casada com D. Afonso II de Aragão; D. Teresa casada primeiro
com Filipe I conde da Flandres e depois com Eudo II duque da Borgonha; D. Urraca
casada com D. Fernando II de Leão; e D. Sancha.
Como guerreiro independente rebela-se abertamente contra Afonso VII de Castela, que
se intitulava “imperador das Espanhas” e faz a guerra contra os mouros.
No entanto, a separação de Portugal tornava-se dificílima em virtude de o clero
português estar dependente dos prelados de Castela.
Para vencer a oposição de Toledo e Compostela junto da Santa Sé, foi necessária uma
longa negociação com Roma. Esta luta de independência eclesiástica, correu paralela e
os a aderirem à luta peninsular. A armada, que se compunha de umas 200 velas, entrou
no Tejo a 28 de Junho de 1147.
Lisboa sofreu um cerco de 4 meses. Os sitiadores usaram variadas armas de guerra,
entre as quais catapultas e torre de madeira para o assalto às muralhas.
Como o ataque à cidade continuasse, teimoso, e a fome começasse a reinar atrás das
muralhas, os mouros pediram a paz. As forças cristãs entraram em Lisboa a 24 de
Outubro de 1147.
Nomeou como bispo de Lisboa um cruzado, o clérigo inglês Gilbert de Hastings, o
primeiro bispo de Lisboa.
Henriques como rei e Portugal como reino independente sob a protecção da Santa Sé.
Era a confirmação de um facto há 40 anos consumado.
Com a ocupação da linha do Tejo estava terminada a mais importante fase da ofensiva
portuguesa.
Além de fazer doações aos cruzados que quiseram ficar em Portugal; doou vastos
domínios aos Templários, a Norte do Tejo, juntamente com os direitos eclesiásticos de
Santarém e contemplou ainda o Grão-Mestre da Ordem em Portugal, Gualdim Pais,
com o território de Tomar (1160), que passou a ser sede da Ordem, em Portugal até
1319 (reinado de D. Dinis). Os Templários ocupavam assim posições estratégicas junto
ao Zêzere e ao Tejo, defendendo as incursões muçulmanas que pudessem surgir de
Leste; doou um enorme território (couto) à Ordem de Cister (Bernardo de Clairvaux),
em Alcobaça (1153); Doou á Ordem de S. Tiago as terras conquistadas a Sul de Lisboa,
Arruda, Almada, Palmela e Alcácer do Sal.
Cria em Évora a Ordem de Calatrava (1176), doou-lhes Coruche e Évora.
D. Afonso Henriques morreu em 1185 e está sepultado no Mosteiro de Santa Cruz, em
Coimbra.
Homens Célebres
Egas Moniz, seu leal vassalo e seu aio desde os 3 anos; Martim Moniz, morto na porta
do castelo de Lisboa; D. Fuas Roupinho célebre nos combates navais contra os infiéis,
alcaide-mor de Porto de Mós; Geraldo Geraldes, O Sem Pavor que tomou Évora;
Gonçalo Mendes da Maia, O Lidador, governador de Beja, herói na conquista de
Alcácer e Beja, grande cavaleiro e guerreio, que morreu nas batalhas contra Almansor ;
S. Teotónio, 1º prior de Santa Cruz de Coimbra e padrinho de Portugal, conselheiro do
monarca e a quem foi doado, também, o mosteiro de S. Vicente de Fora; D. João
Peculiar, arcebispo de Braga, conselheiro do monarca e que conseguiu a
independência de Braga em relação a Santiago de Compostela e Toledo.
Recapitulação dos Factos
1127 – Cerco de Guimarães; 1128 – Batalha de S. Mamede; 1137 – Batalha de Cerneja
e Paz de Tui; 1139 – Batalha de Ourique; 1140 – Bafúrdio de Valdevez; 1143 –
Conferência de Zamora, independência, vassalagem à Santa Sé; 1147-1162 –
D. SANCHO I – O POVOADOR
(1185 – 1211)
Biografia
D. Sancho I nasceu em Coimbra a 11 de Novembro de 1154, e subiu ao trono em 9 de
Dezembro de 1185. Faleceu em Coimbra, a 26 de Março de 1211. Governou 26 anos.
Jaz junto de seu pai em Santa Cruz de Coimbra.
Genealogia
Casou em 1174, com D. Dulce, filha de D. Raimundo de Bereguer, rei de Aragão, da
qual teve onze filhos: D. Afonso, herdeiro do trono; D. Henrique e D. Raimundo,
mortos em criança; D. Constança; D. Teresa, que casou com Afonso IX de Leão, e
professou no mosteiro de Lorvão, tendo sido beatificada, como sua irmã D. Sancha,
que fundou o mosteiro de Celas, em Coimbra, e ali professou; a beata Mafalda, que
casou com Henrique I de Castela, e faleceu no mosteiro de Arouca; D. Branca, senhora
de Guadalaxara; D. Berengária, que casou com Waldemaro II, rei da Dinamarca; D.
Pedro, conde de Urgel; D. Fernando, conde de Flandres, que casou com a princesa
Joana, filha do Imperador de Constantinopla.
Para além destes filhos constam, ainda, sete ilegítimos.
Embora, Sancho I se preocupasse mais com o povoamento e pacificação do País, ainda
assim tomou aos infiéis os castelos de: Silves (1189), Alvor, Albufeira, Lagos,
Monchique, Messines, Paderne (1191) mas perdeu-as juntamente com Alcácer do Sal e
Palmela, em 1191. Com o exército enfraquecido e cansado por um longo período de
guerras, D. Sancho I perdeu não só as terras que havia conquistado, mas também as
que tinham ficado de seu pai, situadas para Sul do Tejo, com excepção de Évora (1165).
Em 1186, foram feitas doações à Ordem de Santiago da Espada, como Almada, Palmela
e Alcácer do Sal.
Aos Hospitalários, concedeu o castelo e os Paços de Santarém e o Castelo de Belver.
Aos Templários concedeu o território de Idanha-a-Nova para construírem o castelo, já
que tiveram de abandonar Idanha-a-Velha por não possuírem condições de defesa.
Foram concedidos forais a Gouveia, Covilhã, Viseu, Avô, Panoias, Valhelhas, Penacova,
Marmelar, Pontével, S. Vicente da Beira, Guarda e outras.
Na política de repovoamento contratou colonos flamengos e franceses sobretudo para
colonizar Azambuja e Sesimbra.
Entre 1190 e 1191 houve um novo ataque dos Almoádas sob o comando de Almansor,
que conquistou Silves e tomaram todas as terras até ao rio Tejo com excepção de
Évora, apesar da resistência das populações, os Almoádas, passaram o Tejo arrasaram
Torres Novas e cercaram Tomar, voltando a fronteira para o rio Tejo, com excepção de
Évora.
Tem menos valor na história deste reinado a guerra que Sancho I manteve com o reino
vizinho, pelos anos de 1196 e 1199, guerras com Leão que continuavam devido a
questões fronteiriças, pois D. Sancho reivindicava Tui e Pontevedra, chegando a
conquistar Ciudad Rodrigo e desencadeando forte reacção leonesa, traduzida num
ataque ao Castelo de Bragança. D. Sancho aproveitou para pedir a adesão dos nobres e
dos concelhos fronteiriços, tendo concedido foral a Melgaço e Bragança. A paz só foi
alcançada em 1200, devido à mediação do papa Inocêncio III.
Em 1197, recupera Palmela e Almada.
Em 1198, aproveitando a presença de cruzados alemães e dinamarqueses conquistou
os castelos de Alvor, Silves e Albufeira, que estiveram nas mãos dos cristãos durante
pouco tempo.
A conquista temporária de Silves, cidade muito importante, dado que daí partiam os
fossados mais importantes, levou a conflitos, porque nomeou governador, um bispo e
proibiu as outras Ordens de aí se estabelecerem.
Entre 1209 e 1210 o país foi assolado por epidemias e pestes devido às condições
higiénicas deficientes e, consequentemente houve fomes, criando instabilidade social.
Foram concedidos forais a Leiria e a vilas que fundou como: Covilhã, Belmonte,
Azambuja e Guarda.
O diferendo entre a Sé de Braga e de Santiago de Compostela manteve-se aceso, o que
levou à intervenção do Papa determinando que as dioceses do Porto, Coimbra, Viseu,
Tui, Orense, Lugo, Mondoñedo e Astorga se mantivessem sob jurisdição de Braga,
mantendo-se assim em aberto a questão dos bispados.
Na fase final do reinado, a partir de 1207, entrou-se numa crise política, que opôs a
nobreza, os bispos do Porto e de Coimbra e mesmo todos os bispos ao rei.
A situação económica e os abusos de autoridade dos nobres, dos alcaides e dos alvazis
(magistrados municipais) levaram a um mau estar com as populações.
O clero reclamava mais direitos e lutava entre si, sem que D. Sancho conseguisse
solucionar o problema, tendo levado á intervenção do Papa, o todo-poderoso
Inocêncio III, que excomungou o rei, pena esta que lhe foi levantada na altura do seu
falecimento, porque em testamento D. Sancho isentou o clero do serviço militar, à
excepção de períodos de eventuais invasões muçulmanas.
Nesse mesmo testamento distribuiu benesses pelos segundos filhos, mas obrigava-os a
partir, para tentar manter a unidade territorial. No seu reinado fez várias Inquirições,
de modo a tentar evitar abusos das classes mais poderosas e introduziu o notariado
para registo das propriedades.
Em resumo, D. Sancho I dedicou-se ao povoamento e à defesa do reino, fundando vilas,
dando forais e construindo castelos. Mandou vir colonos estrangeiros que fez distribuir
por bastantes terras e a quem entregou o cultivo dos campos. Com essa gente e com
mais cruzados que, passando pelos nossos portos, por cá iam ficando, conseguiu
aumentar e fomentar a população e a riqueza do País.
Teve problemas com a Santa Sé e com o Papa Inocêncio III, por ter restringindo
privilégios ao clero, aos bispos do Porto e de Coimbra, e por não pagar o censo que
tinha em dívida.
Fundou Azambuja, Valença, Montemor, Covilhã, Guarda e amuralhou Bragança; suas
filhas fundaram vários mosteiros, como os de Celas e de Lorvão.
Em testamento deixou a suas filhas terras que eram como que feudos independentes
no país.
Homens Célebres
Gualdim Pais, grão-mestre da Ordem dos Templários.
Recapitulação dos Factos
Guerra com o rei de Leão. Povoamento e colonização do reino, fundação de vilas e
castelos, concessão de forais. Conquista de Silves. Invasão muçulmana. Contendas com
o clero.
D. AFONSO II – O GORDO
(1211 – 1223)
Biografia
D. Afonso II nasceu em Coimbra, a 23 de Abril de 1185 e subiu ao trono em 27 de
Março de 1211. Faleceu em Coimbra, a 25 de Março de 1223. Governou 12 anos. Jaz
em Alcobaça.
Genealogia
Casou com D. Urraca, filha de Afonso VIII, de Castela e primo de Afonso IV, da qual teve
cinco filhos: D. Sancho, herdeiro do trono; D. Afonso III, conde de Bolonha, sucessor
do irmão anterior; D. Fernando, Infante de Serpa; D. Vicente, que morreu criança; D.
Leonor, que casou com Waldemaro III, rei da Dinamarca. Ainda teve um filho ilegítimo.
D. Afonso II teve lutas com as irmãs, auxiliadas por Afonso IX de Leão, para que não
transformassem a herança de seu pai (D. Sancho I) em feudos e para evitar a quebra da
unidade nacional.
Este conflito só foi resolvido após a batalha de Navas Tolosa (1212), por decisão do
Papa, em 1214, a favor de D. Afonso II.
Seguiu uma política centralizadora defendendo os direitos régios sobre os senhoriais e
defendeu uma política baseada no direito romano, defendendo a supremacia da justiça
régia sobre a senhorial e a autonomia civil face á religiosa.
Reuniu em Coimbra as mais antigas cortes (1211) de que há notícia, onde se
promulgaram as leis de desamortização, não permitindo que a Igreja e as Ordens
Religiosas comprassem bens de raiz, ou bens fundiários, providências tendentes à
protecção da coroa e das classes populares.
AS ORDENS MENDICANTES5
Como o próprio nome indica, as Ordens Mendicantes pretendiam viver apenas de
esmolas, num retorno à pobreza evangélica. Tiveram origens muito diferentes.
As Ordens Mendicantes nasceram no século XIII e impunham uma regra de pobreza
pessoal: Dominicanos, Franciscanos, Carmelitas e Agostinhos, juntando-se mais tarde
os Trinitários e os Jerónimos. A partir do Concílio de Trento foi-lhes permitido terem
rendas, mas não benefícios eclesiásticos.
Faz-se menção neste momento apenas a estas duas ordens mendicantes, por ter sido
nesta época que estas entram em Portugal, todas as outras acima mencionadas entram
posteriormente.
Os Dominicanos – os dominicanos, ou irmãos pregadores, foram os seguidores de São
Domingos, padre espanhol que tentou por meio da pregação converter os cátaros,
conhecidos também por albigenses6 (por se terem expandido na região de Albi (França)
5
Para uma maior informação sobre as Ordens Religiosas existe uma sebenta que será também enviada
aos alunos. Neste resumo dá-se apenas um pequeno apontamento da sua entrada em Portugal.
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Os Cátaros organizaram uma autêntica religião, com os seus rituais, hierarquia e um sacramento, o
consolamentum. Este, administrado aos crentes à hora da morte, conferia-lhes a pureza e perfeição de
que gozavam os Homens Bons ou Perfeitos, sacerdotes que incansavelmente pregavam os preceitos da
sua religião. O Cátaro (de um étimo grego que significa “puro”) devia praticar a pobreza e o
desprendimento, acreditar na luta entre dois princípios, o do Bem e o do Mal, e fugir a tudo o que fosse
matéria, por ser obra do espírito do Mal. Esta heresia, de origem oriental, estendeu-se a todas as classes
sociais desde as mais humildes às mais elevadas. A partir do século XIII o catarismo estava praticamente
extinto na França. Entretanto a Igreja realizava um esforço de renovação através da criação de novas
ordens religiosas – as Ordens Mendicantes. Além dos Cátaros, uma outra heresia desenvolveu-se, a
partir de 1170, na região dos Alpes franceses, os Valdenses, fundada por Pedro Valdo.
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– século XIII). O papa, que tinha orientado a sua actuação contra os heréticos do Sul da
França, aprovou a nova ordem em 1216, a qual dará origem, posteriormente, ao
Tribunal do Santo Ofício.
Em Portugal, Frei Soeiro Gomes, depois de influenciar o rei (D. Afonso II) teve
autorização para fundar um Convento na Serra de Montejunto, perto de Alenquer, em
1217, transferindo-se depois para Coimbra onde funda um Mosteiro, em 1250.
Estiveram ligados aos Estudos Gerais, quer em Coimbra quer em Lisboa, compondo a
maioria dos docentes.
Os Franciscanos – Os franciscanos, ou frades menores, deveram a sua existência a S.
Francisco de Assis, filho de um rico comerciante daquele povoado. Renunciando ao
bem-estar e à riqueza, São Francisco, juntamente com alguns companheiros, resolveu
enveredar por uma vida de humildade e pobreza. Pregava o amor a Deus, ao próximo e
à natureza em geral. Mendigava para comer. Esta regra foi aprovada, em 1209, pelo
Papa Inocêncio III e confirmada pelo papa Honório III, em 1223. Pretendiam levar a
todo o Mundo uma cruzada de paz, em especial, aos mouros, em Espanha e em
Marrocos, a sua divisa era a peregrinação constante.
Entraram em Portugal, com Zacarias e Gualter que, por volta de 1217, fundaram
eremitérios em Alenquer, Guimarães e nos Olivais, em Coimbra.
D. SANCHO II – O CAPÊLO
(1223 – 1248)
Biografia
D. Sancho II nasceu em Coimbra a 8 de Setembro de 1202 e subiu ao trono em 25 de
Março de 1223, do qual foi destituído em 1245, tendo-se retirado para Toledo, onde
faleceu a 4 de Janeiro de 1248.
Genealogia
Casou com D. Mécia Lopes de Haro, fidalga espanhola, filha de Lopo Dias de Haro,
Senhor de Biscaia e neta bastarda de Afonso IX de Leão, a qual já era viúva de Álvaro
Peres de Castro. Não deixou filhos.
Indicava já o testamento que seria rei, por ser primogénito, e seguir-se-lhe-iam na
sucessão outros filhos, mas se fosse menor, o Reino seria governado por ricos-homens
até à sua maioridade aos catorze anos.
D. Sancho II, conquistou aos mouros o Leste do Alentejo e do Algarve: Elvas (onde se
estreou como guerreiro e a qual foi abandonada posteriormente) e Juromenha (1229);
Moura e Serpa (1232); Mértola, Cacela, Tavira e Paderne (1238). Terras que foram
doadas à Ordem de Santiago da Espada.
O avanço dos cristãos foi significativo, mas o Algarve ainda não estava seguro, devido
ao perigo muçulmano, mas igualmente devido aos direitos de conquista do rei de Leão
e Castela.
Em 1234, celebrou com Fernando III de Leão e Castela o acordo de Sabugal, que
permitiu uma redefinição da fronteira e obteve de novo Chaves.
Todavia, o clero e a nobreza procuraram e conseguiram reparações dos danos sofridos
no reinado anterior e entrou-se numa fase de anarquia e guerra civil, o que levou
certos nobres e bispos descontentes, como os de Braga e de Coimbra, a acusá-lo ao
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32
Desta forma, com o apoio declarado do Papa desembarcou em Lisboa em 1247, com
uma força militar e declarou abertamente guerra ao seu irmão.
D. Sancho obteve apoio militar de Castela e os dois exércitos encontraram-se perto de
Leiria, tendo o Conde Bolonha sido derrotado militarmente.
Apesar da vitória militar, o rei partiu para o exílio em Toledo, onde veio a falecer no ano
seguinte e onde está sepultado. Muitos fidalgos mantiveram a sua fidelidade, como o
alcaide de Coimbra, Martim de Freitas e Fernão Pacheco governador de Celourico.
O seu irmão o Conde de Bolonha ficou como regente do reino até á sua morte, depois
de ter jurado apoiar decisivamente os bispos.
D. Sancho II faleceu em 1248 e está sepultado na Catedral de Toledo.
Recapitulação dos Factos
Conquistas de Elvas, Moura, Serpa, Mértola, Tavira e Aljustrel. Questões com o clero.
Conspiração dos nobres e deposição do rei pelo Papa Inocêncio IV. Luta entre os
partidos de D. Sancho II e de D. Afonso III.
Catedral de Toledo
Biografia
D. Afonso III nasceu em Coimbra, a 5 de Maio de 1210, começou a governar em 1245,
tendo tomado o título de rei em 1248, após o falecimento de seu irmão D. Sancho II,
em Toledo. Ao título de Rei de Portugal juntou o de Rei do Algarve. Faleceu em Lisboa,
a 16 de fevereiro de 1279. Governou 34 anos. Jaz em Alcobaça.
Genealogia
Casou a primeira vez com D. Matilde duquesa de Bolonha, tendo sido elevado à
dignidade de Conde e vassalo de Luís IX de França. Quando subiu ao trono repudiou a
sua mulher, apesar de ter um filho Carlos, que veio a casar com uma princesa
castelhana, D. Catarina.
Casou pela segunda vez, com D. Beatriz Guillen, filha bastarda do rei Afonso X, o Sábio,
por este facto este seu casamento foi considerado nulo e só foi validado quando a sua
primeira mulher faleceu.
De D. Beatriz de Guillen, teve os seguintes filhos: D. Dinis, herdeiro do trono; D.
Branca que D. Sancho IV de Castela dotou com o mosteiro de Huelgas; D. Fernando
que morreu criança; D. Afonso, Senhor de Portalegre, Arronches, Castelo de Vide e
Marvão; D. Sancho, D. Maria religiosa do mosteiro de S. João das Donas, de Coimbra, e
D. Vicente; também se cita outro nome D. Duarte, do qual nada se sabe. E mais dez
filhos ilegítimos.
D. Afonso III mudou a capital para Lisboa e promoveu a finalização da conquista do
Algarve: Faro, Albufeira, Porches e demais localidades algarvias, empreendidas por Paio
Peres Correia, mestre dos Espatários ou Ordem de Santiago da Espada, em 1249.
Com estas conquistas, ficou a metrópole portuguesa mais ou menos delimitada pelas
fronteiras que actualmente possui, havendo assim terminado, as lutas entre cristãos e
infiéis, dentro do território nacional. Portugal entrou então em uma nova fase de
organização política e administrativa. D. Afonso III e seus sucessores, a partir desta
data, começaram a usar o título de Rei de Portugal e dos Algarve.
Esta conquista levantou novas dúvidas sobre o direito de conquista com Castela e como
os castelhanos pretendessem o Algarve, houve uma luta com Castela (1263).
Em 1264, deu-se a revolta dos mudéjares na Andaluzia e logo Afonso X, rei de Castela,
se apressou a reconhecer o direito de Portugal ao Algarve em troca de apoio militar.
Este acordo foi celebrado em Badajoz, em 1267 e assim a revolta foi sufocada e
Portugal viu garantida definitivamente a posse do Algarve e a fronteira delimitada
desde a confluência do Caia com o Guadiana a Este até ao mar.
O monarca repudiou a condessa de Bolonha e casou com D. Beatriz, filha de Afonso X,
rei de Castela, pelo que foi excomungado; o casamento foi legitimado em 1258, depois
da morte de Matilde.
Os bispos do Porto, Coimbra e mesmo os Mestre dos Templários reclamaram junto do
Papa, acerca dos abusos dos funcionários régios nos territórios sobre as suas
jurisdições.
Em 1250, reuniu Cortes em Guimarães, onde ouviu as queixas do clero, resolveu as
questões da desvalorização da moeda e dos transportes, concedeu privilégios aos
mercadores e criou feiras.
Publicou a Lei das Almotaçarias, diploma régio onde se fixavam os preços dos produtos
agrícolas e proibiu a exportação de metais, mas a crise económica era profunda e em
1254 convocou as Cortes de Leiria, onde estiveram pela primeira vez representados os
homens bons dos Concelhos, isto é o terceiro Estado, isto é, tomaram parte pela
primeira vez os representantes do clero, nobreza e povo.
Tentou colocar á frente das principais dioceses, clero da sua confiança. A partir de
1255, a Corte estabelece-se quase permanentemente em Lisboa.
Concedeu cartas de privilégio e criou as primeiras feiras francas, isto é, com isenção de
impostos numa tentativa de desenvolver o comércio interno.
Em 1258, mandou proceder a Inquirições Gerais, facto que provocou protestos dos
bispos, alguns dos quais se queixaram à Santa Sé.
Em 1268, há uma nova queixa ao Papa pelos abusos cometidos contra o clero por parte
dos funcionários régios, obrigando o Papa Gregório X a uma bula, onde previa uma
série de acções sob pena de ser lançado um interdito sobre o reino.
O rei reuniu as Cortes de Santarém, em 1273 para tratar deste assunto. O Papa Pedro
Hispano, designado como João XXI, viu-se obrigado a seguir a política do seu
antecessor e lançar o interdito sobre o reino e a excomunhão do rei. A questão
terminou em 1279, com o arrependimento do rei que morreu nesse ano.
Criou um regulamento de juízes procuradores e juízes régios.
Debilitado o rei chamou para a governação seu filho D. Dinis, em 1278.
Afonso III fomentou a agricultura e o comércio.
Fundou o Convento de S. Domingos, de Lisboa e o de S. Claro, de Santarém.
Homens Célebres
D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de São Tiago da Espada.
Recapitulação dos Factos
Conclusão da conquista do Algarve (1249). Reunião das Cortes de Leiria, em que
entraram pela 1ª vez os representantes do povo. Mudança da capital de Coimbra para
Lisboa. Discórdias com o clero. Inquirições. Convénio de Badajoz, direitos de conquista
invocados pelos castelhanos por causa do Algarve.
D. DINIS – O LAVRADOR
(1279 – 1325)
Biografia
D. Dinis nasceu em Lisboa, a 9 de Outubro de 1261 e subiu ao trono em 1279.
Governou 46 anos. Faleceu em Santarém, a 7 de Janeiro de 1325. Jaz no Convento de
Odivelas em Lisboa, por ele mandado construir.
Contratou, como almirante mor, Nuno Fernandes Coutinho e contratou o genovês
Manuel Pessanha para coordenar todas as acções navais e chefiar a frota de vinte galés,
que controlavam a costa portuguesa na luta contra os piratas.
Mandou construir estaleiros navais. Criou uma bolsa de comércio do Porto em 1293,
espécie de seguro para as viagens comerciais.
A agricultura preocupou-o, pelo que facilitou a distribuição de terras por pequenos
agricultores, aumentando assim os proprietários rurais.
Genealogia
Casou com D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa, filha de Pedro III de Aragão e de D.
Constança de Nápoles, a quem doou as vilas de Trancoso, Óbidos, Porto de Mós e
Abrantes, que passaram a fazer parte da Casa das Rainhas, instituição que se manteve
até 1834 e da qual teve os seguintes filhos: D. Afonso, herdeiro do trono; D.
Constança, que casou com Fernando IV de Castela e mais seis filhos ilegítimos.
Filhos Ilegítimos: D. Afonso Sanches, que disputou o trono ao irmão (Afonso IV); D.
Pedro Afonso 3.º Conde de Barcelos; D. Pedro; D. João Afonso; D. Fernando Sanches;
D. Maria Afonso 1ª; D. Maria Afonso 2ª.
Logo no início do seu reinado, em 1281, D. Dinis, travou lutas com D. Afonso Sanches
seu irmão mais novo, que lhe disputava o trono, argumentando ser ele o legítimo
sucessor, pois D. Dinis nasceu num período em que o casamento de seu pai (D. Afonso
III casa pela segunda vez com D. Beatriz filha de Afonso X) ainda não tinha sido
aprovado, apesar de serem filhos dos mesmos pais. Afonso Sanches, por testamento era
Senhor de Marvão, Portalegre, Arronches e Castelo de Vide e esteve eminente uma
guerra civil, mas acabou estabelecendo um acordo com seu irmão em Estremoz.
Afonso Sanches pouco convencido com este acordo insistiu no seu intento obrigando D.
Dinis a novo confronto militar do qual Afonso Sanches saiu derrotado e só não foi
morto devido à intervenção da Rainha Santa Isabel. Apesar de tudo, D. Dinis
confirmou-lhe as possessões que detinha.
Quando D. Dinis subiu ao trono (1279), Portugal tinha encerrado um primeiro capítulo
da sua história. A reconquista atingira o término e o País alcançara os limites que
aproximadamente viria a manter.
Em cerca de cento e cinquenta anos de actividade batalhadora muitos problemas de
administração e fomento interno se tinham levantado. Era preciso resolvê-los e integrar
a economia portuguesa nas grandes linhas de comércio europeu que já então estavam
delineadas.
A terra fora até então a sua maior riqueza. O mar começava, no entanto, também a
solicitar muitos interesses: a pesca, a salinicultura e o comércio marítimo seriam
factores de importância na economia nacional.
D. Dinis seguiria uma política de protecção e fomento de todas as fontes de riqueza
nacional.
A primeira preocupação deste rei foi apoiar e desenvolver a agricultura. Tinha-se
verificado anteriormente (reinado de D. Afonso II), que se procurou evitar a
concentração das terras nas mãos da Igreja. Esta medida conduziria a uma maior divisão
da propriedade, aumentando assim o número de pequenos proprietários.
D. Dinis mandou dividir muitas terras até então incultas em vários casais ou
propriedades que eram alugadas a pequenos agricultores a fim de serem cultivadas. Para
interessar todas as classes sociais no arroteamento da terra, decretou que nenhum
fidalgo perderia as honras que lhe eram devidas pelo facto de ser lavrador. Para
aproveitar o maior número possível de terras ordenou a drenagem de muitos pântanos.
Na zona de Leiria, onde os areais do litoral ameaçavam as boas terras de cultivo, o rei
mandou plantar o pinhal, que veio a proporcionar madeira necessária para as
construções navais e terrestres. Para além do pinhal de Leiria mandou ainda semear o
pinhal da Azambuja e plantar vinhas.
Esta situação causou grande desgosto ao rei, que debilitado pela doença convocou as
Cortes de Lisboa de 1323 com os três Estados, onde foram tratados vários assuntos da
governação, mas onde o rei recusou conceder ao príncipe a sua resignação como rei.
O príncipe partiu então de Santarém com o seu exército em direcção a Lisboa,
obrigando D. Dinis a formar o exército real composto pelos seus filhos bastardos
Afonso Sanches, D. Pedro Afonso e D. João Afonso.
Junto ao Paço do Lumiar os dois exércitos estiveram frente e frente e de novo a rainha
se interpôs e de novo o príncipe beijou a mão de seu pai e se retirou para Santarém.
A contenda voltou quando o rei passou por Santarém e foi impedido de entrar na cidade
pelo seu filho.
Esteve de novo eminente a guerra, mas as contendas terminaram, quando o príncipe
obteve de seu pai todas as reivindicações relativas aos seus meios-irmãos, isto é, a
destituição de todos os privilégios, Afonso Sanches vendo chegar ao fim seu pai
renunciou aos bens e partiu para Castela.
Em 1288, D. Dinis tinha conseguido que a Ordem de Santiago da Espada se
desvinculasse de Santiago de Compostela.
Percorreu as terras de Portugal e procedeu á reparação dos burgos arruinados e fundou
outros, entre os quais mais de cinquenta castelos.
Entre 1295 e 1297, por motivos referentes à demarcação de fronteiras, D. Dinis invadiu
o reino de Castela, governado por Fernando IV, tendo-se apoderado de algumas terras
situadas entre o rio Coa e o Douro. Pelo Tratado de Alcanices (1297), o rei de Castela
reconheceu a Portugal a posse das recentes conquistas e pôs-se termo ao conflito.
Desde então a fronteira só se alterou em relação a Olivença e a algumas povoações na
região Norte (Tratado de Lisboa – reinado de D. Luís). No tratado de Alcanices foi
também celebrado o acordo de casamento de D. Constança, sua filha, com o rei de
Castela, Afonso IV e de Beatriz, irmã do rei de Castela, com o sucessor do trono de
Portugal D. Afonso (futuro D. Afonso IV).
Favoreceu a construção de mosteiros entre os quais o de Odivelas, que era bastante
frequentado por ele para se aconselhar com a madre superior.
A RAINHA SANTA
Neste tempo distinguiu-se pela sua acção pacificadora nas lutas de D. Dinis com o
irmão e o filho, e nas lutas deste, e pela sua grande caridade bondosa, a rainha D. Isabel
de Aragão – a Rainha Santa – canonizada em 1625, a qual jaz e se venera no Mosteiro
D. AFONSO IV – O BRAVO
(1325 – 1357)
Biografia
D. Afonso IV nasceu em Coimbra, a 8 de Fevereiro de 1291, e subiu ao trono, em 7 de
Janeiro de 1325. Faleceu em Lisboa, a 28 de Maio de 1397. Governou 32 anos. Jaz na
Sé de Lisboa.
Genealogia
Casou com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela e de Maria de Molina, da qual
teve os seguintes filhos: D. Pedro, herdeiro do trono; D. Maria – a formosíssima Maria
dos Lusíadas, que foi casada com Afonso XI de Castela; D. Afonso, D. Dinis, D. João,
D. Isabel que morreram crianças; D. Leonor, que casou com D. Pedro IV de Aragão.
Logo que subiu ao trono, Afonso IV convocou os três estados para as Cortes de Évora
(1325), a fim de o reconhecerem como rei e lhe prestarem menagem. Clero, Nobreza e
Povo, submetidos à sua autoridade. De notar que até 1433, à morte de D. João I, não se
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conhecem outras cortes reunidas para prestar menagem ao rei, ou seja, expressamente
convocadas para jurar o novo rei.
As Cortes de Évora, estabeleceram, ainda, trajes para judeus, mouros e cristãos e as
inquirições a coutos e honras.
Perseguição a Afonso Sanches – uma das primeiras atitudes prendeu-se com o seu
meio irmão Afonso Sanches, não obstante este se encontrar exilado em Castela e ter
mandado juramento e menagem através de um procurador. No entanto, foi acusado de
traidor, condenado a desterro perpétuo e os seus bens confiscados. No ano seguinte
(1326) fez o mesmo ao seu outro meio irmão João Afonso, só que para este a sentença
foi de morte. D. Afonso IV iniciou assim o seu reinado sob o signo da ódio e da
vingança.
Afonso Sanches, após diversos protestos escritos, que de nada resultaram, pegou em
armas com forças de Castela e invadiu Portugal, devastando o território fronteiriço,
desde Trás-os-Montes ao Alentejo. D. Afonso IV fazia o mesmo do lado de lá,
sobretudo em Badajoz onde estavam os aliados de Afonso Sanches. Era uma guerra
senhorial, que continha iminente o perigo de se tornar uma guerra internacional. Se por
um lado o rei de Castela, Afonso XI, tinha obrigação de querer boas relações com
Portugal (casado com D. Maria, filha de Afonso IV), por outro tinha obrigação de
defender o senhor de Albuquerque (sogro e aliado de Afonso Sanches). A execução do
seu outro meio irmão João Afonso em 1326, viera agravar mais o conflito. E mais uma
vez a Rainha D. Isabel, agora a viver em clausura, em Coimbra, enviava recados ao
filho, no sentido de apaziguar os ódios. Todavia, a questão duraria mais três anos, até
Afonso Sanches ter adoecido gravemente e ter abandonado a luta. Foi então, negociada
a paz, e restituídos os bens a Afonso Sanches, que viria a morrer em 1329. Seria
sepultado no convento de Santa Clara de Vila do Conde, que ele ajudara a fundar.
Em 1353, firmou-se com a Inglaterra um importante tratado comercial, para 50 anos (na
sequência de contactos que já vinham de longe, e de privilégios dados a mercadores
ingleses em 1338, e um tratado de protecção mútua anti-corso, datado de 1343).
A este propósito, crê-se que terá sido importante a influência dos mercadores,
interessados nos negócios com a Inglaterra. Cite-se, por exemplo, um Afonso Martins
Alho, mercador do Porto, e um dos intervenientes no acordo comercial com a Inglaterra,
em 1353.
D. PEDRO I – O JUSTICEIRO
(1357 – 1367)
Biografia
D. Pedro I nasceu em Coimbra, a 18 de Abril de 1320 e subiu ao trono em 1357.
Faleceu em Estremoz, a 18 de Janeiro de 1367, depois de governar dez anos. Jaz em
Alcobaça, frente ao túmulo de Inês de Castro.
Genealogia
Casou em 1328, com a Infanta D. Branca, neta de Jaime II de Aragão, tendo sido
anulado o casamento por não poder ter descendentes. Casou depois em segundas
núpcias com D. Constança Manuel, em Évora, filha de D. João Manuel da Catalunha e
de Constança de Aragão, da qual teve os seguintes filhos: D. Fernando, herdeiro do
trono; D. Maria, que foi casada com o Infante D. Fernando de Aragão; e D. Luís.
De D. Teresa Lourenço teve um filho natural – D. João, Mestre da Ordem de S. Bento
de Avis, que depois foi rei de Portugal e iniciou a Dinastia de Avis ou Joanina.
De D. Inês de Castro teve D. Afonso, D. João, D. Dinis que casou com a filha ilegítima
de Pedro o Cruel (rei de Castela) – D. Isabel, e D. Brites que veio a casar com D.
Sancho filho bastardo de D. Afonso XI de Castela e de D. Leonor de Gusmão, a sua
favorita.
D. Pedro I, vingou atrozmente a morte de D. Inês de Castro, a quem fez aclamar como
rainha depois de morta, deu-lhe sepultura em Alcobaça. Logo que D. Pedro assumiu o
poder, foi sua principal ideia vingar-se dos assassinos de D. Inês de Castro.
Conseguindo apanhar apenas dois – Diogo Lopes Pacheco pode escapar-se a tempo –
mandou-os conduzir a Santarém, onde lhes fez dar morte cruel (1358). Diz o cronista
Fernão Lopes que a “um foi arrancado o coração pelas costas e a outro pelo peito”.
D. Pedro fez juramento de que havia casado secretamente com D. Inês de Castro, após a
morte da rainha e reconfirmou este juramento nas Cortes de Coimbra de 1360. Mandou
exumar o corpo de Inês de Castro, colocou-a no trono e corou-a rainha, a lenda refere
que mandou os nobres prestarem-lhe vassalagem.
Com grande pompa fez trasladar o seu corpo do Mosteiro de Santa Clara a Velha para o
de Alcobaça numa enorme procissão. Tentou legitimar os seus filhos com Inês de
Castro.
Terminou o período de lutas com o clero, apesar dos protestos, pelo estabelecimento do
Beneplácito Régio, nas Cortes de Elvas, de 1361, em que se determinava que a
divulgação e aplicação dos diplomas papais como bulas, breves e outros documentos só
era permitida depois da autorização real, cerceando assim os direitos do clero.
Governou com justiça e rigor e com punições exemplares, como o açoitamento público
de um bispo, até à condenação à morte por roubos a judeus. Tentou controlar os estragos
provocados pela peste, que fazia diminuir a população.
Em 1357, atribuiu o Condado de Barcelos a D. João Afonso Telmo e numa política de
centralização das Ordens Religiosas atribuiu o mestrado da Ordem de Avis em 1363 a
seu filho bastardo D. João (Mestre de Avis), que contava apenas seis anos.
Poupou o reino às lutas que dividiam os outros estados peninsulares, governou com
imparcial justiça, rigorosa severidade e inteligente economia, e foi muito amigo do
povo.
Recapitulação dos Factos
Vingança contra os assassinos de D. Inês. Trasladação do corpo de D. Inês de Coimbra
para Alcobaça. Repressão severa dos crimes. Convocação das Cortes de Elvas e
D. FERNANDO – O FORMOSO
(1367 – 1383)
Biografia
D. Fernando nasceu em Coimbra, a 31 de Outubro de 1345 e subiu ao trono a 28 de
Janeiro de 1367. Faleceu em Lisboa, a 22 de Outubro de 1383. Governou 16 anos.
Sepultado primeiramente em S. Francisco de Santarém de onde transitou mais tarde
para o Convento do Carmo.
Genealogia
Casou com D. Leonor Teles e teve os seguintes filhos: D. Afonso e D. Pedro, que
morreram crianças; e D. Beatriz que foi casada com D. João I de Castela.
Após a morte de Afonso XI, o trono de Castela foi disputado entre Pedro o Cruel, seu
único filho legítimo, e seu meio-irmão Henrique de Trastâmara. Inicialmente D.
Fernando manteve a neutralidade, apesar do apoio pontual a Pedro, mas este foi
assassinado e quando Henrique II (Henrique de Trastâmara) assumiu o poder, a política
portuguesa alterou-se e acabou por ser arrastado para a guerra.
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De Santarém, o rei partiu para o Porto e dali para Leça do Bailio, onde foi celebrado o
casamento oficial e se procedeu ao beija-mão. D. Dinis (meio irmão de D. Fernando –
filho de D. Pedro e de D. Inês de Castro) recusou beijar a mão da rainha e mesmo ali, o
rei tentou matá-lo. D. Dinis teve de fugir para Castela, onde passou a servir os reis
castelhanos.
A filha, D. Beatriz, fora entretanto prometida ao filho bastardo de D. Henrique II de
Castela, D. Frederico, duque de Benavente, mas esta proposta foi posta em causa devido
à sucessão do trono, pelo que ficou adiada a solução do contrato de casamento da jovem
princesa.
D. João, outro meio-irmão de D. Fernando e também filho de D. Inês de Castro,
apaixonou-se pela irmã de D. Leonor, Maria Teles com quem casou. Leonor Teles
instigou o seu cunhado, para vir a ser rei de Portugal se casasse com a sua filha, D.
Beatriz, mas para tal teria de livrar-se de sua irmã.
Leonor Teles urdiu um plano de adultério levando o próprio D. João a matar a mulher,
mas logo a rainha o acusou de querer usurpar o trono de Portugal, pelo que D. João teve
de se refugiar em Espanha.
Entretanto, surgiu na cena Peninsular uma nova personagem, o duque de Lencastre,
filho de Eduardo III de Inglaterra, que pelo casamento com D. Constança, filha bastarda
de Pedro I o Cruel, defendia o seu direito à coroa de Castela, tal como Henrique II de
Castela, que tinha o apoio da França.
O duque de Lencastre viu a hipótese de obter o apoio do rei de Portugal. Assim, neste
contexto, foi celebrado a 10 de Junho de 1372, o Tratado de Tágilde entre D. Fernando e
o Duque e posteriormente, em 1373, o de Westminster, no qual foram alicerçadas
alianças comerciais e garantido o apoio de Portugal à causa do duque de Lencastre.
Ao saber do sucedido, Henrique II de Castela invadiu Portugal (segunda Guerra com
Castela) conquistando Almeida, Pinhel, Linhares, Celourico e Viseu. Em 1373, desceu
até Coimbra, passou ao lado de Santarém e dirigiu-se a Lisboa sem encontrar qualquer
resistência e pôs fogo a uma parte da cidade, tendo ardido a judiaria e as freguesias de
S. Julião e Madalena.
Por acção do cardeal Guido de Bolonha, foi imposta a paz, celebrada em Santarém em
1373, de forma vexatória para Portugal, que se viu envolvido por via indirecta no
contexto da Guerra dos Cem Anos.
Promulgou em 1375, a Lei das Sesmarias, que visava compulsivamente evitar o pousio
das terras susceptíveis de serem aráveis e aumentou o número de pessoas para
trabalharem na agricultura.
Exigiu que o ensino da agricultura fosse extensivo a toda a família, e se os proprietários
das terras não as trabalhassem seriam confiscadas. Obrigou os mendigos e os vadios,
desde que válidos, a trabalhar na agricultura.
Alargaram-se as relações comerciais com outras paragens, em especial, com as cidades
italianas, maiorquinas, da Córsega, entre outras, pelo que estabeleceu medidas de
dinamização da marinha, fundando o Arsenal da Marinha, também conhecido pelas
Tercenas Navais.
Impulsionou a Universidade ao transferi-la para Lisboa, a pedido dos mestres
estrangeiros por não existirem condições em Coimbra, tendo ficado alojada na Rua dos
Estudos Gerais, onde permaneceu 260 anos e isentou de taxas os produtos destinados à
Universidade.
As Cortes de Leiria de 1372 deram um passo importante, porque passaram a permitir ao
povo apresentar temas de discussão. Recebeu muitas queixas das gentes, quando
visitou, sobretudo, cidades como Leiria, Lisboa e Porto. As guerras depauperaram o
erário e a moeda foi várias vezes desvalorizada.
No final do seu reinado, não esquecendo a vergonha do Tratado assinado com Henrique
II e já depois da morte deste em 1380, acelerou as negociações com a Inglaterra, através
de João Fernandes Andeiro, que vivia naquele país.
Em 1381 começaram as escaramuças, que levaram à terceira guerra com Castela,
sobretudo, junto à fronteira onde o exército castelhano era comandado pelo príncipe D.
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