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No Inicio da era moderna (até o pós Segunda Guerra Mundial) o afeto (sentimento e
corporeidade) dominante era a miséria. No século XIX a narrativa comum era de que o capitalismo
poderia levar qualquer um ao enriquecimento. O segredo público² dessa narrativa era a miséria do
povo e da classe trabalhadora em geral, e a revelação dessa miséria foi levada a cabo por
revolucionários da época. A primeira onda de movimentos sociais do mundo moderno foi uma
máquina de luta contra a miséria. Táticas como greves, lutas salariais, organização política, apoio
mútuo, cooperativas e fundo de ajuda foram efetivas para lutar contra o poder da miséria garantindo
um mínimo necessário para se viver na época.
Quando a miséria parou de funcionar como estratégia de controle, o sistema mudou para o
tédio. Durante a metade do século XX a narrativa dominante era de que a qualidade de vida – que
aumentara desde de o acesso ao consumo, à saúde e a educação – estava subindo. Todos nos países
ricos estavam felizes, e os países pobres estavam no caminho do progresso. A recuperação da
controle através do capitalismo foi exitosa, o sistema fordista – baseado em empregos fixos de
longos expediente, que desenvolveu uma renda garantida, consumismo, massificação da cultura e
cooptação do movimento trabalhista que prevaleceu até a década de oitenta – foi responsável pelo
grande tédio ao qual essa pessoas foram submetidas. O capitalismo de meios do século XX deu todo
o material necessário para a sobrevivência, mas não deu oportunidades de vida: era um sistema
baseado em alimentação à força até o ponto de saturação. Ruibal defende que a supermodernidade
é definida através da massificação do consumo e da destruição. Eu complemento que a dimensão do
consumo não é apenas material, mas é também afetiva. A ´´realidade virtual´´ que vivemos nas
redes sociais (que é também um não lugar), não é apenas um espelho ou diário do nosso cotidiano,
mas somos dela (rede social) produtos.
Os argumentos desenvolvidos nesse sentido são centrais para a pergunta elencada nesse
texto. Orser afirma que o registro escrito é por natureza seletivo. Ele envolve tanto um saber
específico, a escrita, quanto o que é escrito e o que será preservado. Em geral, principalmente para
períodos mais recuados, a imensa maioria do registro escrito se trata de uma produção documental
relacionada a grupos ligados ao poder governamental e/ou de grande influência. Não só isso, como
também os assuntos a serem tratados se limitam ao que é necessário de se preservar e comunicar.
Por essas qualidades, a escrita não só é limitada no sentido de quem a reproduz, como
também dos discursos elencados nos documentos, constituindo-se em uma ferramenta por
excelência da agencia de poderes sociais estabelecidos, justificando medidas e fortalecendo um
passado “oficial” (Orser, 1996)
Tem-se buscado mostrar que ela (a
cultura material) não é uma simples
serva ou auxiliar da documentação
escrita e da ciência da História, pois a
cultura material pode não só
complementar as
informações textuais, como fornecer
informações de outra forma não
disponíveis e até mesmo confrontar-se às
fontes escritas (Davies 1988:21; Small
1995:15; Kepacs 1997: 193).
Referências:
Deetz, J. 1977. In Small Things Forgotten. The archaeology of early american life.
New York: Achor Press/Doubleday
Johnson, M.H. 1996. An Archaeology of Capitalism. London, Blackwell.
Leone, M.P. 1995. A historical archaeology of capitalism, Blackwell.
Orser, C.E. 1996. A Historical Archaeology of the Modern World. New York, Plenum.
COSTA, D.M. 2013. Algumas abordagens teóricas na arqueologia histórica
brasileira