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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Polpa cítrica úmida despectinada em substituição à polpa peletizada no


desempenho de bovinos de corte confinados

Jhones Onorino Sarturi

Dissertação apresentada para obtenção do título de


Mestre em Agronomia. Área de concentração: Ciência
Animal e Pastagens

Piracicaba
2008
Jhones Onorino Sarturi
Médico Veterinário

Polpa cítrica úmida despectinada em substituição à polpa peletizada no


desempenho de bovinos de corte confinados

Orientador:
Prof. Dr. LUIZ GUSTAVO NUSSIO

Dissertação apresentada para obtenção do título de


Mestre em Agronomia. Área de concentração: Ciência
Animal e Pastagens

Piracicaba
2008
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Sarturi, Jhones Onorino


Polpa cítrica úmida despectinada em substituição à polpa peletizada no desempenho
de bovinos de corte confinados / Jhones Onorino Sarturi. - - Piracicaba, 2008.
133 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2008.


Bibliografia.

1. Bagaços 2. Bovinos de corte 3. Confinamento animal 4. Frutas cítricas 5. Polpa


Silagem I. Título

CDD 636.213

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3

Aos meus pais, Iraci e Onorino,


pela confiança, apoio e por terem acreditado em minhas idéias.

Aos meus irmãos, Kátia e Marcos,


pelo companheirismo e pela cumplicidade de meus atos.

À minha amada Maity,


por tudo que me completa.

DEDICO
4
5

À Equipe de Qualidade e Conservação de Forragens por mais esta etapa


concluída com êxito.

OFEREÇO
6
7

EPÍGRAFE

“Em terreno disperso, una suas tropas;

em terreno fácil, mantenha ligações estreitas entre as tropas;

em terreno competitivo, deve-se acelerar a marcha;

em terreno aberto, dê mais atenção a defesa;

em cruzamento, reforce as alianças;

em terreno crítico, mantenha uma linha permanente de abastecimento;

em terreno difícil, continue sempre avançando;

em terreno vulnerável, bloqueie as passagens de acesso;

e finalmente em terreno mortífero,

lute até a morte”.

Sun Tzu
8
9

AGRADECIMENTOS

À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, pela oportunidade de estudo


durante estes anos.
Ao Prof. Dr. Luiz Gustavo Nussio, pela confiança nas atividades a mim
atribuídas, pelo auxílio na elaboração deste trabalho, pelos ensinamentos e, sobretudo
pela eterna amizade.
Aos Professores Wilson Soares Mattos e Flávio Augusto Portela Santos, pelos
ensinamentos e apoio.
Ao Professor Gérson Barreto Mourão, pelo auxílio nas análises estatísticas.
À Professora Heloisa Lee e a Dra. Maria Antônia, pelo auxílio em análises
laboratoriais.
Aos demais professores do Departamento de Zootecnia por todo aprendizado
adquirido na pós-graduação.
À CAPES pela concessão de bolsa de estudo nestes anos.
Aos meus amigos, Lucas Ferreira, Lucas Mari, José Leonardo, Patrick, Mateus,
Marlon, Leonardo, Sérgio Gil, Guillermo, Ana Luiza, Vanessa, Oscar e Bruna por toda
dedicação e auxílio para condução deste trabalho e, sobretudo pela amizade.
Aos novos integrantes da Equipe de Qualidade e Conservação de Forragens,
Thiago, Gisele, Rodrigo Goulart e Rodrigo Dener, pela amizade.
A todos os estagiários, que passaram pela equipe nestes anos, pela ajuda e
amizade.
Aos funcionários do Laboratório de Bromatologia do Departamento de Zootecnia,
Carla Bittar e Carlos César Alves, pela paciência e amizade.
Aos funcionários da fazenda, em especial Sr. Laureano Alves da Silva, e ao
Clube de Práticas Zootécnicas (CPZ) pela colaboração com os trabalhos de campo.
Ao Professor Bianchi pela ajuda profissional e pela constante motivação pessoal.
À Empresa CP-Kelco S.A, em especial aos funcionários Zeca, Sergio e Bene,
pela confiança e disposição incomparáveis.
À funcionária Tânia, por todo seu carinho e amizade.
10

Aos meus pais, Iraci e Onorino, que sempre me ensinaram a fazer o possível
para alcançar o impossível.
Ao meu irmão, Marcos, pelo exemplo de luta e dedicação.
À minha irmã, Kátia, pelas palavras e atos que me incentivaram sempre a seguir
em frente.
Aos meus queridos sobrinhos, Fabrízio e Laiza, pela inocência de seus olhares
que poucas vezes assisto, mas que sempre estão em meus pensamentos.
À Dra. Maity Zopollatto pelos ensinamentos e apoio nas horas mais difíceis da
condução deste trabalho.
À República Zona Rural, pelo grande apoio e pelos ótimos momentos de
convivência e amizade.
Aos meus eternos amigos Juliano Ernesto e Fernando Arévalo Batista, pela
grande amizade e palavras de incentivo nos momentos mais importantes de minha vida.
A todos que de maneira direta ou indireta contribuíram para a elaboração deste
trabalho.

MUITO OBRIGADO!
11

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................ 13
ABSTRACT .................................................................................................................... 15
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 17
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... 19
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ......................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 23
2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 25
2.1 Revisão bibliográfica ................................................................................................ 25
2.1.1 Co-produtos na alimentação animal ...................................................................... 25
2.1.2 Polpa cítrica peletizada ......................................................................................... 26
2.1.2.1 Desempenho de bovinos de corte ...................................................................... 28
2.1.2.2 Composição químico-bromatológica .................................................................. 31
2.1.3 Polpa cítrica úmida ................................................................................................ 33
2.1.4 Aditivos na ensilagem............................................................................................ 37
2.1.4.1 Aditivos na ensilagem de polpa cítrica úmida..................................................... 38
2.1.4.2 Benzoato de sódio .............................................................................................. 40
2.1.5 Polpa de citros úmida despectinada (Braspolpa®) ................................................ 43
2.2 Material e métodos ................................................................................................... 46
2.2.1 Local dos experimentos......................................................................................... 46
2.2.2 Delineamento experimental ................................................................................... 46
2.2.2.1 Ensaio 1 ............................................................................................................. 46
2.2.2.2 Ensaio 2 ............................................................................................................. 47
2.2.3 Instalações ............................................................................................................ 47
2.2.4 Animais, rações experimentais e manejo alimentar .............................................. 48
2.2.4.1 Ensaio 1 ............................................................................................................. 48
2.2.4.2 Ensaio 2 ............................................................................................................. 52
2.2.4.2.1 Confecção da silagem de PCUD ..................................................................... 55
2.2.5 Amostragens ......................................................................................................... 58
2.2.6 Avaliações no painel das silagens ......................................................................... 59
12

2.2.7 Análises químico-bromatológicas ......................................................................... 60


2.2.7.1 Amostras pré secas em estufa........................................................................... 61
2.2.7.2 Amostras úmidas ............................................................................................... 63
2.2.8 Predições de consumo voluntário, desempenho de animais e valor energético das
rações ............................................................................................................... 65
2.2.9 Avaliação do comportamento ingestivo ................................................................ 67
2.2.10 Análise estatística ............................................................................................... 68
2.3 Resultados e discussão ........................................................................................... 74
2.3.1 Ensaio 1 ................................................................................................................ 74
2.3.1.1 Composição químico-bromatológica dos ingredientes e das rações
experimentais .................................................................................................... 74
2.3.1.2 Desempenho dos animais ................................................................................. 78
2.3.1.3 Espessura de gordura (EGS) e área de olho de lombo (AOL) ........................... 90
2.3.1.4 Comportamento Ingestivo .................................................................................. 92
3.2 Ensaio 2 ................................................................................................................... 95
2.3.2.1 Composição químico-bromatológica da PCUD e das rações experimentais ..... 95
2.3.2.2 Desempenho dos animais ................................................................................. 99
2.3.2.3 Comportamento Ingestivo ................................................................................ 107
2.3.2.4 Avaliações no painel das silagens ................................................................... 108
3 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 119
Referências.................................................................................................................. 121
13

RESUMO
Polpa cítrica úmida despectinada em substituição à polpa peletizada no
desempenho de bovinos de corte confinados
O objetivo deste trabalho foi avaliar a substituição parcial (30%) da polpa cítrica
peletizada (PCP) por polpa de citros úmida despectinada (PCUD) na ração de bovinos
em terminação. No 1o experimento, utilizou-se a PCUD em sua forma in natura. Para
este ensaio foram utilizados 48 machos não castrados (24 Nelore e 24 Canchim) com
idade aproximada de 18 meses e peso vivo inicial de 404 e 439 kg para Nelore e
Canchim, respectivamente. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com
arranjo fatorial 2x2 (duas raças e dois tratamentos) com os animais agrupados por raça
e peso vivo inicial. O período experimental foi de 92 dias divididos em três períodos. As
rações foram compostas de bagaço de cana-de-açúcar in natura, PCP, farelo de soja,
uréia, núcleo mineral e vitamínico, bicarbonato de sódio e monensina sódica, além da
polpa de citros úmida despectinada in natura. No 2o experimento, utilizou-se a PCUD
em sua forma ensilada, aditivada na ensilagem ou não com benzoato de sódio (0,18%
da MV). Para este ensaio foram utilizados 54 machos não castrados tricross
(Nelore/Angus ou Nelore/Santa Gertrudis x Pardo Suíço de corte) com idade
aproximada de 16,5 meses e peso vivo inicial de 303 kg. O delineamento utilizado foi o
de blocos ao acaso com os animais agrupados por peso vivo inicial. O período
experimental foi de 91 dias divididos em três períodos. As rações foram compostas de
bagaço de cana-de-açúcar in natura, PCP, farelo de algodão, uréia, núcleo mineral e
vitamínico, bicarbonato de sódio e monensina sódica, além da PCUD ensilada com e
sem benzoato de sódio. Para os dois ensaios as rações continham 85% de ingredientes
concentrados e 15% de bagaço cana-de-açúcar in natura, formuladas de acordo com o
NRC (Gado de corte) nível 1 para serem isoprotéicas e com balanço positivo de
proteína degradável no rúmen e proteína metabolizável. Foram avaliados o ganho de
peso diário (kg/dia de PV), o consumo de matéria seca (kg/dia de MS), a conversão
alimentar (consumo de matéria seca/ganho de peso diário), a energia líquida para
manutenção, ganho e energia metabolizável das rações (Mcal/kg de MS) e a relação
entre a energia calculada com os dados do experimento e a predita pelo NRC (1996)
nível 1 (observado/predito). Em ambos os experimentos, a substituição da PCP por
PCUD aumentou a ingestão de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido
(P<0,01) e não afetou o consumo de matéria seca (8,05 vs. 8,13 e 7,76 vs. 7,78 kg/dia
para o 1o e 2o ensaio, respectivamente), o ganho de peso diário (1,11 vs.1,16 e 1,27 vs.
1,36 kg/dia para o 1o e 2o ensaio, respectivamente) e a conversão alimentar (7,82 vs.
7,29 e 6,62 vs. 5,96 kg de MS/kg de GPD para o 1o e 2o ensaio, respectivamente). Os
valores observados de energia líquida de manutenção, ganho e energia metabolizável
das rações não diferiram (P>0,05) entre os tratamentos. Já a relação de energia
(observada/predita) do tratamento com PCP foi inferior (P<0,05) à da ração contendo
PCUD (1,15; 1,39; 1,22 vs. 1,23; 1,51; 1,28 e 1,10; 1,31; 1,18 vs. 1,18; 1,45; 1,24
Mcal/kg MS de ELm, ELg e EM para o 1o e 2o ensaio, respectivamente). A substituição
parcial de PCP por PCUD in natura ou ensilada não alterou o desempenho dos animais.

Palavras-chave: Bagaço; Consumo; Energia Líquida; Ganho; Tourinhos


14
15

ABSTRACT
Despectinated moist citrus pulp in partial replacing of pelleted citrus pulp on
beef cattle performance
The objective of this study was evaluate despectinated citrus pulp (Braspolpa®)
replacing 30% of pelleted citrus pulp in feedlot beef cattle finishing diets. In the first trial,
was used despectinated citrus pulp in natura. Forty eight yearling bulls (24 Nelore and
24 Canchim), 18 months old and averaging 404 and 439 kg initial live weight for Nelore
and Canchim, respectively. The animals were assigned in a randomized block design
with a 2x2 factorial scheme (two breeds and two treatments) and grouped by breed and
initial live weight. Experimental period lasted 92 days, with three periods. Diets
contained sugar cane bagasse in natura, dried citrus pulp, soybean meal, urea, mineral-
vitamin mix, sodium bicarbonate, sodium monensin, and the energy sources tested
(despectinated citrus pulp). In the second trial, the despectinated citrus pulp was ensiled
with or without sodium benzoate (0.18% of GM). Fifty four yearling bulls (Nelore/Angus
or Nelore Santa Gertrudis x Braunvieh), 16.5 months old and averaging 303 kg initial
live weight. The animals were assigned in a complete randomized block design, and
grouped by initial live weight. Experimental period lasted 91 days, with three periods.
Diets contained sugar cane bagasse in natura, dried citrus pulp, cotton meal, urea,
mineral-vitamin mix, sodium bicarbonate, sodium monensin, and the energy sources
tested (despectinated citrus pulp with and without sodium benzoate). For these two
trials, the rations were composed of 85% of the concentrate and 15% of the sugar cane
bagasse in natura, and were balanced according to NRC (1996) level 1, to reach
isonitrogeneous with positive rumen degradable protein and metabolizable protein
balances. Variables evaluated were daily weight gain (DWG, kg/day), dry matter intake
(DMI, kg DM/day), feed conversion (FC, kg DMI/kg DWG), net energy for maintenance
and gain values, and the ratio between calculated net energy (based on experimental
data) and net energy predicted by NRC (1996), level 1 (observed/predicted). In both
trials, the substitution of dried citrus pulp for despectinated citrus pulp increased the
NDF and ADF intakes (P<0.01) and did not affect (P>0.05) DMI (8.05 vs. 8.13 and 7.76
vs. 7.78 kg/day for the first and second trials, respectively), DWG (1.11 vs. 1.16 e 1.27
vs. 1.36 kg/day for the first and second trials, respectively), neither FC (7.82 vs. 7.29 e
6.62 vs. 5.96 kg of DM/kg for the first and second trials, respectively). Observed values
for net energies of maintenance and gain did not differ among treatments (P>0.05).
According to the experimental data, the net energy relation (observed/predicted) for the
PCP treatment was lower (P<0.05) than PCUD treatment (1.15; 1.39; 1.22 vs. 1.23;
1.51; 1.28 and 1.10; 1.31; 1.18 vs. 1.18; 1.45; 1.24 Mcal/kg DM of NEm, NEg and ME
for the first and second trials, respectively). The partial replacing of PCP for PCUD in
natura or ensiling did not change the animal performance.

Keywords: Bagasse; Bulls; Gain; Intake; Net energy


16
17

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura química do ácido benzóico e do benzoato de sódio ........................ 41


Figura 2 - Processo de obtenção da polpa de citros úmida despectinada (Braspolpa®)
........................................................................................................................... 44
Figura 3 - Aspecto físico da polpa de citros úmida despectinada – PCUD (Braspolpa®)
........................................................................................................................... 45
Figura 4 - Polpa de citros úmida despectinada in natura (PCUD) estocada há quatro
dias. Na foto, o detalhe com monte contendo cerca de oito toneladas.............. 51
Figura 5 - Manejo de descarga da polpa de citros úmida despectinada (PCUD) para
ensilagem .......................................................................................................... 56
Figura 6 - Aplicação de benzoato de sódio na superfície da polpa de citros úmida
despectinada (PCUD) ........................................................................................ 57
Figura 7 – Comportamento das variáveis químico-bromatológicas dos tratamentos ao
longo dos períodos experimentais ..................................................................... 87
Figura 8 – Comportamento das variáveis de desempenho e químico-bromatológicas ao
longo dos períodos experimentais ..................................................................... 90
Figura 9 – Variáveis de composição químico-bromatológica dos tratamentos ao longo
dos períodos experimentais ............................................................................. 103
Figura 10 – Variáveis de desempenho dos animais e composição químico-
bromatológica ao longo dos períodos experimentais....................................... 106
Figura 11 – Médias de altura total do silo e da espessura de camada deteriorada das
silagens da polpa de citros úmida despectinada ............................................. 110
Figura 12 – Interações dos tratamentos em função dos períodos experimentais para as
avaliações do painel das silagens de PCUD ................................................... 116
Figura 13 – Parâmetros avaliados no painel dos silos ao longo dos períodos
experimentais .................................................................................................. 117
18
19

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição e componentes químico-bromatológicos das rações


experimentais .................................................................................................... 49
Tabela 2 - Composição e componentes químico-bromatológicos das rações
experimentais .................................................................................................... 53
Tabela 3 - Representação de diferentes tipos de fungos com sua cor, aparência,
possível manifestação animal e toxinas ............................................................ 60
Tabela 4 – Estudo das estruturas de covariância utilizadas nas variáveis de
desempenho e análises químico-bromatológicas do primeiro ensaio................ 70
Tabela 5 – Estudo das estruturas de covariância utilizadas nas variáveis de
desempenho, análises químico-bromatológicas e avaliações nos painéis dos
silos no segundo ensaio .................................................................................... 73
Tabela 6 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes das rações ............... 75
Tabela 7 - Estatística descritiva da composição químico-bromatológica das rações
experimentais e das sobras ............................................................................... 77
Tabela 8 - Estatística descritiva das variáveis de desempenho dos animais ................. 79
Tabela 9 – Consumo voluntário de fibra em detergente neutro e de fibra em detergente
ácido pelos animais ........................................................................................... 83
Tabela 10 – Equações de regressão das variáveis químico-bromatológicas em função
do período para os tratamentos experimentais ................................................. 85
Tabela 11 – Equações de regressão dos parâmetros de desempenho e químico-
bromatológicos em função dos períodos experimentais .................................... 88
Tabela 12 – Espessura de gordura subcutânea (EGS) e área de olho de lombo (AOL)
nos animais avaliados ....................................................................................... 91
Tabela 13 – Comportamento ingestivo de bovinos de corte alimentados com rações
contendo ou não polpa de citros úmida despectinada ....................................... 94
Tabela 14 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes das rações ............. 96
Tabela 15 - Estatística descritiva da composição químico-bromatológica das rações
experimentais e das sobras ............................................................................... 98
Tabela 16 - Estatística descritiva das variáveis de desempenho dos animais ............. 100
20

Tabela 17 – Equações de regressão das variáveis químico-bromatológicas analisadas


em função do período para os tratamentos experimentais ............................. 102
Tabela 18 – Equações de regressão das variáveis químico-bromatológicas analisadas e
desempenho dos animais em função dos períodos experimentais ................. 104
Tabela 19 – Comportamento ingestivo de bovinos de corte alimentados com rações
PCP ou PCUD ensilada com ou sem benzoato de sódio................................ 108
Tabela 20 – Variáveis avaliadas nos painéis das silagens de polpa de citros úmida
despectinada ................................................................................................... 109
Tabela 21 - Equações de regressão dos parâmetros do painel das silagens em função
do período para os tratamentos ...................................................................... 114
Tabela 22 - Equações de regressão dos parâmetros avaliados no painel das silagens
em função dos períodos experimentais .......................................................... 117
21

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGCC – ácidos graxos de cadeia curta


AGV – ácidos graxos voláteis
BIN – bagaço de cana-de-açúcar in natura
CHO’S – carboidratos solúveis
CA – conversão alimentar
CMS – consumo de matéria seca
DBO – demanda bioquímica de oxigênio
DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca
DVIVMO – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria orgânica
FDN – fibra em detergente neutro
FDNDIg – digestibilidade da fibra em detergente neutro
FDA – fibra em detergente ácido
FSDN – fibra solúvel em detergente neutro
GPD – ganho de peso diário
MS – matéria seca
MV – matéria verde
N – nitrogênio
NaHCO3 – bicarbonato de sódio
NDT – nutrientes digestíveis totais
N-NH3 – nitrogênio amoniacal
PB – proteína bruta
PCUD – polpa de citros úmida despectinada
PCP – polpa cítrica desidratada e peletizada
pH – potencial hidrogeniônico
PTMS – perda total de matéria seca
PV – peso vivo
UFC – unidade formadora de colônia
22
23

1 INTRODUÇÃO

Na evolução do agronegócio brasileiro, os sistemas de produção intensivos têm


sido uma forma eficiente de maximizar os lucros e diminuir o ciclo da produção da carne
bovina. Conseqüentemente, a genética, sanidade, manejo e principalmente os
ingredientes das rações oferecidas aos animais são aspectos definitivos para o êxito da
atividade. A viabilidade do sistema depende, sobretudo, da qualidade e do custo dos
ingredientes fornecidos, pois são eles os principais responsáveis pelo custo da arroba
dentro do processo de produção de carne bovina.
Uma das formas de maximização da lucratividade está associada à redução de
custos. No entanto, a matéria prima utilizada precisa apresentar qualidade para atingir o
potencial produtivo, pois do contrário os objetivos dificilmente serão alcançados. Assim,
vê-se na utilização de resíduos grande potencial a ser explorado, principalmente para
unidades produtivas próximas de pólos industriais, que disponibilizam estes produtos
em larga escala.
A busca crescente por alternativas de ingredientes para alimentação animal visa
à substituição de fontes energéticas e protéicas que permitem reduzir o custo das
rações em momentos críticos enfrentados pela atividade de produção. Dessa forma, a
indústria citrícola apresenta grande potencial no que diz respeito à utilização de seus
resíduos, uma vez que estes podem deixar de se configurar como problemas
ambientais para se tornarem boas fontes de energia para ruminantes.
A polpa de laranja desidratada (polpa cítrica peletizada - PCP) como fonte
energética é um bom exemplo disso. Existem vários trabalhos na literatura respaldando
positivamente a substituição parcial e até mesmo total de fontes energéticas
tradicionais, como o milho, por polpa cítrica peletizada, sem que isso proporcione
alteração no desempenho dos animais e simultaneamente contribua com a diminuição
do custo das rações.
No entanto, o processo de desidratação do produto onera seu custo da
utilização, embora ainda se constitua em boa alternativa relativa atual mercado de
cereais. Outro fator relevante está associado com a acessibilidade a este co-produto. A
busca intensa pelo mesmo faz com que sejam criadas escalas de entrega, fazendo com
24

que o produto tenha que ser adquirido, em quantidades pré-determinadas, com muitos
meses de antecedência, com base em contratos de compra, caso contrário, o
consumidor estará sujeito ao mercado varejista, estando, com isso, associado a custos
mais elevados.
A utilização de polpa cítrica in natura é uma maneira de eliminar os custos
originados pelo processo de secagem. Atualmente, na tentativa de utilização desta
polpa úmida, empresas extraem parcialmente o constituinte nobre deste produto, a
pectina, utilizada na indústria de alimentação humana e farmacêutica. Com a extração
da pectina, tem-se como resíduo, a polpa de laranja úmida despectinada (Braspolpa),
produto este com custo inferior. Desta forma, este co-produto torna-se uma nova
alternativa na produção de ruminantes. No entanto, é necessário o esclarecimento no
que se refere aos níveis de inclusão nas rações, assim como a viabilidade do
armazenamento deste co-produto.
Portanto, torna-se imprescindível a avaliação do desempenho de bovinos de
corte, sob regime de confinamento, alimentados com polpa de citros úmida
despectinada em sua forma in natura e armazenada na forma de silagem, assim como,
avaliar o teor energético e composição químico-bromatológicas das rações contendo
este co-produto. Medidas indicativas de perdas do painel das silagens também podem
auxiliar em decisões no manejo diário e na utilização deste alimento.
25

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão bibliográfica

2.1.1 Co-produtos na alimentação animal

Nos últimos anos, as fontes tradicionais de fornecimento de energia para


ruminantes, mantidos sob regime de confinamento, oriundas de grãos de cereais e
tendo como principal exemplo o milho, vêm sendo substituídas por co-produtos. Estes
apresentam teores energéticos semelhantes ao do milho e isso proporciona potencial
de produção satisfatório (CARVALHO, 1995).
Além do teor energético intrínseco aos ingredientes, outros fatores também são
importantes na produção de ruminantes, como exemplo o tipo de fermentação
proporcionada pela fonte energética ofertada, já que esta representa grande parte da
ração total, principalmente em rações contendo alto grão. A produção de ácido lático,
característico da fermentação do amido, é uma das principais causas de distúrbios
metabólicos observados em ruminantes em confinamento, devido ao abrupto
abaixamento do pH ruminal. Além disso, existe ainda o prejuízo na digestão da porção
fibrosa dos alimentos, proporcionado pela competição entre microrganismos e agravado
pelo abaixamento do pH (KHALILI e HUHTANEN, 1991).
Os co-produtos geralmente apresentam maiores quantidades de fibra de alta
digestibilidade, resultando em menores proporções de ácido lático durante a
fermentação, o que possibilita melhora no ambiente ruminal (VAN SOEST, 1994). Em
alguns co-produtos como a polpa de citros, a taxa de produção deste ácido forte é
quase nula (HALL; PELL; CHASE, 1998). Esta melhora no ambiente ruminal talvez
possa explicar o porquê dos animais apesar de consumirem a mesma quantidade de
matéria seca de alimento que seus antepassados, produzirem cada dia mais. De fato,
esta melhora na eficiência alimentar consiste em um dos principais objetivos da
comunidade científica (EASTRIDGE, 2006).
26

Além dos benefícios observados durante a fermentação ruminal, outro efeito de


impacto nos sistemas de produção, proporcionado pelo uso de co-produtos, ocorre no
custo das rações, visto que a tonelada de energia oriunda de ingredientes alternativos,
geralmente, é de custo inferior.

2.1.2 Polpa cítrica peletizada

Cerca de quarenta ou cinqüenta séculos depois de sua presumível


domesticação, a cultura da laranja tem seu maior volume de produção nas Américas,
onde foi introduzida há 500 anos. O Estado de São Paulo, no Brasil, e a Flórida, nos
Estados Unidos, são as principais regiões produtoras do mundo (IEA, 2006).
O Brasil, impulsionado pelo crescimento das exportações e pelo
desenvolvimento da indústria citrícola, é hoje o maior produtor mundial de laranjas. O
Estado de São Paulo é responsável por 70% da produção nacional da fruta (mais de
14,56 milhões de toneladas) e 98% da produção de suco. Mundialmente, retém cerca
de 25% da produção, o que representa cerca de 20,8 milhões de toneladas de laranja
(IEA, 2006).
O principal objetivo deste produto é a extração de sua porção líquida, o suco,
que representa 48% da massa total da fruta. O restante (casca, bagaço e sementes)
representa 49,5%, que por sua vez precisa ser utilizado, pois caso contrário, este
resíduo tornar-se-ia grande fonte de contaminação ambiental (EZEQUIEL, 2001).
Dentre as alternativas encontradas para utilização destes resíduos tem-se a
alimentação animal. No entanto, um dos fatores que limitavam a venda destes resíduos
para locais distantes dos pólos de produção animal era o grande conteúdo de umidade
existente no material (80 a 90%). Este entrave foi solucionado por meio da produção da
polpa cítrica peletizada (PCP), que é resultante do processo industrial que envolve duas
etapas: duas prensagens que reduzem a umidade para 65 a 75%, e secagem, fazendo
com que o produto atinja 90% de MS, para que assim possa ser peletizado (EZEQUIEL,
2001).
27

O valor nutricional da PCP pode se modificar dependendo da variedade,


proporção de casca, sementes ou bagaço das frutas utilizadas. Outro ponto de variação
se refere ao processo de secagem, podendo este estar relacionado com a
indisponibilização de nutrientes devido a temperaturas elevadas normalmente utilizadas
neste processo (PASCUAL; CARMONA, 1980).
Do ponto de vista nutricional, o principal carboidrato da polpa cítrica peletizada é
a pectina, que possui por unidade básica o ácido galacturônico, de natureza hidrofílica,
característica esta que dificulta o processo de secagem. Assim, para que se tenha êxito
na obtenção do produto, a indústria adiciona hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) ou óxido de
cálcio (CaO) para diminuir a natureza hidrofílica da pectina e com isso facilitar o
processo de desidratação (TRIPODO et al., 2003; BAMPIDIS; ROBINSON, 2005). As
quantidades adicionadas destes produtos químicos também são fontes de variação na
composição bromatológica e de minerais da PCP, que por sua vez pode apresentar teor
elevado de cálcio, podendo este macro elemento mineral estar contido em 1,0 a 2,0%
da MS total do co-produto (PASCUAL; CARMONA, 1980; DEAVILLE; MOSS; GIVENS,
1994; NRC, 1996; BAMPIDIS; ROBINSON, 2005; VILARREAL et al., 2006).
No Brasil, a polpa cítrica desidratada e peletizada começou a ser utilizada
amplamente a partir de 1998, pois antes desta data o preço do material não era atrativo
para o mercado interno, já que era vendido para a exportação e seu custo superava o
valor do milho grão. Com a redução das exportações realizadas para a União Européia,
devido à presença da substância tóxica (dioxina) em uma das partidas do produto, a
indústria deparou-se com grande quantidade do material sem comércio. Assim, o
mercado nacional começou a utilizar esta alternativa energética para compor as rações
de confinamentos, devido ao baixo custo do produto ofertado aos produtores nacionais
e ao potencial energético proporcionado, semelhante ao do milho. De fato, a fonte
contaminante era o óxido de cálcio comercializado, que seria portador de dioxina, e
assim o problema fora solucionado (EZEQUIEL, 2001).
Este embargo das exportações brasileiras também poderia estar associado à
política de diminuição de rebanhos da Europa, o que resultou em redução de demanda,
à política protecionista praticada pela Comunidade Econômica Européia, e à própria
28

competição da polpa cítrica com cereais locais, como o milho, a cevada e o trigo
(CARVALHO, 1995).
Sob o ponto de vista clínico, alguns problemas dermatológicos são relatados na
literatura, sempre acompanhados de histórico de má conservação do produto em
propriedades onde há contato do material com umidade, proporcionando crescimento
de fungos e, por conseqüência, a produção de toxinas letais. Do contrário, o uso de
polpa cítrica em rações não tem sido relacionado com alterações indesejáveis nas
características clínicas vitais (OLIVEIRA; MELLO; ARAÚJO, 2002).
No entanto, após este marcante episódio, o preço das exportações jamais atingiu
os patamares alcançados anteriormente. Isso fez com que este co-produto se tornasse
atrativo financeiramente para o mercado nacional, e a sua utilização tornara-se apenas
questão de acesso à informação (EZEQUIEL, 2001).

2.1.2.1 Desempenho de bovinos de corte

Diversos estudos têm demonstrado a eficácia da utilização da polpa cítrica


peletizada em rações para bovinos de corte de diferentes raças e idades, avaliando
dietas com diversos teores e fontes de volumosos e concentrados. Alkire (2003)
reportou que a polpa cítrica é um suplemento economicamente viável para alimentação
de animais em crescimento, dependendo de prévia comparação com o custo de grãos
de cereais tradicionais.
Pereira et al. (2007) avaliaram a substituição do milho por polpa cítrica peletizada
em rações com alto teor de concentrado (70%), utilizando como fonte de volumoso
silagem de cana-de-açúcar aditivada com inoculante microbiano Lactobacillus buchneri.
Os autores avaliaram o desempenho de tourinhos Nelore e Canchim, e observaram que
os programas de formulação de ração subestimam o valor energético atribuído à PCP,
pois embora os animais tenham desempenhado de forma diferente, o teor energético
das rações não foi alterado.
Pereira (2005) destacou que bovinos em terminação apresentaram desempenho
satisfatório quando alimentados com rações com teores mínimos ou quase nulos de
29

amido, quando outros carboidratos de alta degradabilidade ruminal foram fornecidos,


como no caso das rações com PCP. Embora naquele estudo o ganho de peso diário
(GPD) tenha sido superior (1,72 vs. 1,48 kg/dia) para os animais alimentados com
rações onde a substituição de milho por PCP tenha sido parcial (50%), a ração que
proporcionou maior rentabilidade foi aquela aonde a substituição do milho foi total.
A melhor rentabilidade nas rações aonde o milho foi substituído por co-produtos
energéticos, dentre eles a PCP, também foi observada por Ezequiel et al. (2006). Os
autores avaliaram o desempenho de bois Nelore em confinamento, com idade média de
32 meses. Na dieta, foi realizada a substituição parcial (50%) do milho moído fino por
farelo de glúten de milho, casca de soja e PCP. O volumoso utilizado foi bagaço de
cana-de-açúcar hidrolisado (36%) e bagaço de cana-de-açúcar in natura, BIN (3%),
para todas as dietas. Não foi observada diferença no desempenho animal, no entanto, o
custo da arroba produzida em confinamento para a ração onde o concentrado
energético foi exclusivamente o milho foi de R$ 51,80. No caso daquelas onde houve
substituições parciais do milho por farelo de glúten de milho, casca de soja e PCP, os
custos da arroba foram de R$ 48,80, R$ 50,80 e R$ 44,20, respectivamente.
Henrique et al. (1998) não encontraram diferenças no desempenho de tourinhos
Santa Gertrudis com idade média de nove meses, alimentados com polpa cítrica
peletizada como única fonte de concentrado energético da ração contendo 20% de
concentrado, tendo como volumoso silagem de milho (28% grãos). Na ração contendo
80% de concentrado, contudo, o grão de milho proporcionou maior média de ganho de
peso diário.
Embora o teor energético da PCP (82%) seja semelhante ao do milho (88%),
quando são utilizadas rações com alto teor de concentrado, estas diferenças podem
pronunciar-se, sendo elas de maior ou menor importância dependendo da contribuição
energética oriunda da fonte de volumoso utilizada (NRC, 1996). Isso pôde ser
evidenciado pelo baixo teor de grãos oriundos da silagem de milho utilizada como
volumoso (28%), observado por Henrique et al. (1998). Animais alimentados com 80%
de concentrado, tendo como fonte energética a PCP, também apresentaram menores
ganhos de carcaça (Leme et al., 2000).
30

Henrique et al. (2004) avaliaram o desempenho de tourinhos Santa Gertrudis


com idade aproximada de nove meses. Naquele estudo, foi ofertado como volumoso
exclusivo, silagem de milho (40% de grãos), representando 20% da MS. Como
concentrado energético, milho moído fino (67% da MS) e as seguintes substituições do
milho moído fino por PCP (0, 38, 60 e 85%). Mesmo na dieta contendo 80% de
concentrado, e a PCP substituindo o milho moído fino em 85%, o desempenho animal
manteve-se estável. O maior teor de grãos na silagem de milho neste experimento
(40%) pode ter contribuído para que as diferenças energéticas entre o milho moído fino
e a PCP tenham sido minimizadas, fazendo com que os animais desempenhassem de
forma semelhante.
Prado et al. (2000) avaliaram diferentes doses de substituição de milho por polpa
cítrica peletizada, utilizando animais com vinte meses de idade (Nelore x Angus), em
ração com relação volumoso concentrado 50:50, contendo silagem de milho como
volumoso, e não encontraram diferenças para os níveis 40, 60, 80 e 100% de
substituição. Nestas circunstâncias, a PCP mostrou-se eficiente mesmo sendo utilizada
como fonte exclusiva de concentrado energético (100% de substituição).
Leme et al. (2003) avaliaram doses de inclusão de bagaço de cana-de-açúcar in
natura (BIN) de 15, 21 e 27% como volumoso exclusivo, na ração de novilhos Nelore
com 24 meses de idade. Neste estudo, utilizou-se como concentrado energético o milho
grão, com inclusões de 41, 37 e 33% da MS, e de 28, 25 e 23% da MS para a PCP,
referente à participação do BIN, 15, 21 e 27%, respectivamente, o que correspondeu à
substituição parcial (40%) de milho grão por PCP. Os autores destacaram que não foi
observada diferença para GDP e eficiência alimentar (EA) nas doses de inclusão de
volumoso. Tanto a maior inclusão de concentrados (85%) assim como a menor
participação deste (73%), mostraram-se indiferentes à substituição parcial de milho grão
por PCP, utilizando a mesma fonte de volumoso.
Bulle et al. (2002) também avaliaram doses de inclusão de BIN de 9, 15 e 21%
da MS, como única fonte de volumoso. Foram utilizados tourinhos ¾ Europeu/Zebu de
raça paterna Britânica ou Continental com idade média de nove meses. O concentrado
energético era constituído por milho moído fino contido em 45, 40 e 37% da MS e a
PCP com 31, 28, 25% da MS, para as doses de BIN de 9, 15 e 21%, respectivamente,
31

resultando em substituição parcial (40%) de milho moído fino por PCP. Os animais que
receberam a ração com 85% de concentrados tiveram GPD superior (1,36 vs. 1,20
kg/dia) aos animais que receberam ração contendo 91% de concentrados. Neste caso,
a dose intermediária de concentrado (85%) mostrou-se mais eficiente quando
comparada à maior inclusão desses ingredientes (91%). Isso corrobora os dados
observados no estudo de Leme et al. (2000), onde, provavelmente, a maior inclusão de
concentrados tenha sido capaz de ressaltar a diferença energética entre o milho e a
PCP. No entanto, o consumo de matéria seca (CMS) foi menor (6,85 vs. 7,93 kg
MS/dia) para o tratamento com 91% de concentrado, consistindo assim em fator mais
relevante no que diz respeito ao GPD que a diferença energética existente entre o grão
de milho e a PCP.

2.1.2.2 Composição químico-bromatológica

Os desempenhos satisfatórios obtidos com o uso da PCP como fonte energética,


podem ser explicados em parte, pela elevada degradabilidade ruminal (76,07% da MS)
em virtude do alto conteúdo de compostos solúveis, embora outros autores relatem
coeficientes de degradabilidade inclusive superiores, superando em alguns casos os
valores reportados para o milho grão (SANTOS; PEREIRA; PEDROSO, 2004).
A PCP representa fonte variável de substrato para os microrganismos ruminais.
A fração de fibra em detergente neutro (FDN) que representa cerca de 25% da MS
(DEAVILLE; MOSS; GIVENS, 1994; HALL, 2002), apresenta digestibilidade variando de
78 a 84%, e quando se avalia a digestibilidade total dos carboidratos, são encontrados
valores próximos dos 90% (MIRON; YOSEF; BEN-GHEDALIA, 2001). Miron et al.
(2002) encontraram maior digestibilidade para carboidratos totais em rações contendo
PCP (77,1%) que naquelas contendo milho quebrado (72,5%). Os autores associaram
esta diferença à maior quantidade de monômeros de ácidos urônicos (pectina)
presentes na matéria seca da primeira ração (9,16 vs. 7,12%).
Valores de 91 e 99% de digestibilidade foram encontrados para PCP e grãos de
cevada, respectivamente, por Ben-Ghedalia; Yosef e Miron (1989). Naquele estudo, os
32

autores avaliaram a digestibilidade e parâmetros ruminais em ovinos providos de cânula


ruminal e duodenal. As rações continham 20% de feno de alfafa, e dois tipos de
concentrado: PCP com farelo de soja (relação 85:15) e PCP com grãos de cevada
(relação 27:73). Também foram avaliadas a produção e o perfil de ácidos graxos
voláteis, observando-se na ração onde o concentrado energético era oriundo
principalmente da PCP, maior porcentagem de ácido acético (69,1 vs. 65%). Segundo
os autores, a maior relação acetato/propionato na ração contendo PCP e farelo de soja,
revelou-se como um dos principais fatores que contribuíram para obter pH ruminal de
6,42 e 6,18 para rações contendo PCP com farelo de soja (relação 85:15) e PCP com
grãos de cevada (relação 27:73), respectivamente. Este melhor ambiente ruminal,
também seria um dos responsáveis pela digestibilidade da parede celular ser 16%
maior na ração contendo PCP com farelo de soja.
Esse fato motivou a PCP a ser classificada como ingrediente concentrado com
características de volumoso. O pH ruminal mais elevado na ração contendo PCP pôde
ser explicado pela maior produção de acetato proporcionada pela fermentação da
pectina existe neste co-produto, já que a produção de ácido lático, responsável por
abruptas reduções no pH ruminal, promovida pela fermentação da pectina pode ser
considerada nula (STROBEL; RUSSEL, 1986).
É interessante ressaltar que a PCP apresenta baixos teores de amido,
compreendendo cerca de 1% da MS (HALL et al., 1997; HALL, 2002), podendo em
alguns casos esta fração ser considerada como nula, quando a mesma é analisada no
resíduo insolúvel em etanol (HALL et al., 1999). Isso corrobora com o tipo de
fermentação ruminal proporcionada por este alimento.
Por outro lado, quando a fermentação ruminal é favorecida, o pH ruminal pode
diminuir, pois a maior quantidade de ácidos graxos voláteis (AGV) ocorre ao mesmo
tempo em que a produção microbiana aumenta. No entanto, esta queda no pH não
seria necessariamente negativa, já que neste caso, a mesma está correspondendo a
aumento na eficiência energética ruminal (NOGUEIRA et al., 2005). Os mesmos
autores relataram aumento na população de protozoários ciliados no ambiente ruminal,
o que favoreceu a digestão de carboidratos fibrosos no rúmen. Isso é demonstrado
33

quando o milho grão é substituído por PCP e a concentração molar de AGV aumenta
mesmo havendo menor quantidade de amido na ração.
Dentre os principais constituintes da matéria orgânica da PCP, podem-se
destacar os carboidratos, pois os mesmos representam em torno de 80% da matéria
seca do co-produto. Dentre os monossacarídeos representantes desta fração, temos a
glicose, xilose, arabinose, galactose, manose, frutose, e os ácidos urônicos (pectina –
ácido galacturônico), representando, 29,0; 2,14; 6,8; 6,57; 2,62; 10,2 e 21,5%,
respectivamente. Dentre os açúcares citados, destacam-se os ácidos urônicos (74% da
pectina é representada por ácido galacturônico), que possuem aproximadamente 98%
de digestibilidade (MIRON; YOSEF; BEN-GHEDALIA, 2001).
O teor de fibra solúvel em detergente neutro (FSDN) encontrado na PCP é de
aproximadamente 33%. Esta fração é representada por carboidratos do tipo (1→3 e
1→4)-β-glucanas, frutanas e substâncias pécticas (HALL; PELL; CHASE, 1998; HALL,
2002). Considerando que grande parte da fibra solúvel é representada pela pectina e
que aproximadamente 74% da mesma é composta por ácido galacturônico, tem-se que
cerca de 24% é representado por ácidos urônicos, muito próximo do observado por
Miron; Yosef e Ben-Ghedalia (2001).

2.1.3 Polpa cítrica úmida

Devido ao custo da secagem, há interesse das empresas em desenvolver


mercados para a polpa cítrica úmida, que apresenta teores de matéria seca
compreendidos entre 15 e 20%. Este interesse é maior para pequenas esmagadoras de
laranja que estão em ascensão, ou para grandes empresas que não pretendem
despender os altos investimentos necessários para a secagem da polpa de laranja, já
que o investimento em secadores pode chegar a 50% do investimento total de uma
fábrica de processamento de suco (CARVALHO, 1995; CHAPMAN et al., 2000).
Assim, o uso do co-produto sob forma in natura pode ser uma alternativa quando
se tem a disponibilidade do produto a pronta entrega rapidamente, uma vez que o alto
teor de umidade permite que pouca quantidade de MS seja disponibilizada para o
34

produtor em cada aquisição deste co-produto. Caso contrário, torna-se indispensável à


estocagem do mesmo na propriedade, sob a forma de silagem, processo tal, que facilita
a logística de alimentação dos animais e que pode se constituir em alternativa
estratégica de compra deste co-produto em época de preço favorável (SANTOS et al.,
2001).
No entanto, existem controvérsias quanto às vantagens de utilização de matérias
primas com altos teores de umidade para ensilagem, pois se faz necessária grande
disponibilidade de carboidratos solúveis para fermentação e, conseqüente, aumento da
pressão osmótica do meio, a partir do momento que os ácidos oriundos da fermentação
são produzidos (McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).
O teor de açúcares solúveis presentes na polpa de laranja úmida representam
cerca de 25% da MS (HALL, 2002). Portanto, estes altos teores garantem condições
para que este produto seja armazenado na forma de silagem, já que a fermentação no
silo depende da boa quantidade de carboidratos solúveis (CHO’S) para que os
microrganismos os utilizem como substrato para produção de ácido lático, o que é
necessário para a estabilização da massa ensilada (McDONALD; HENDERSON;
HERON, 1991).
Por outro lado, o alto valor nutritivo encontrado neste co-produto, que pode
apresentar teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) por volta de 83 a 88%
(ASHBELL, 1992), pode também proporcionar rápida deterioração, caso a silagem não
seja estabilizada rapidamente (CARVALHO, 1995).
As perdas durante o processo de fermentação de polpa de laranja com 13,5% de
MS podem atingir teores de 40,6% da MS, sendo 7,5 pontos percentuais representados
pelo efluente e 33,1 pontos percentuais representados pelos gases. Dos gases
produzidos, o gás carbônico contribui com 97% (ASHBELL; DONAHAYE, 1984).
O efluente produzido apresenta teor de MS em torno de 4,5%, sendo este
conteúdo representado principalmente por carboidratos solúveis em água, fração nobre
do alimento. A polpa de laranja fresca pode apresentar teores de CHO’S representando
21 a 35% da MS, embora, Faria; Tosi e Silveira (1971) tenham encontrado teores de
40,09%. Já no produto ensilado, estes valores tendem a ser menores, pois muitos
CHO’S são oxidados durante a fermentação, podendo variar de 5,4 a 17,3% da MS.
35

(ASHBELL; DONAHAYE, 1984; ASHBELL; LISKER, 1987). Esses mesmos autores


destacam que, em condições de campo, onde as condições de armazenamento na
maioria das vezes não são apropriadas, principalmente no que diz respeito à
compactação do material e, conseqüente eliminação do oxigênio residual, as perdas
geradas durante o processo de fermentação podem atingir valores de até 50% da MS.
É importante ressaltar que o efluente produzido durante o processo constitui-se
em grave poluente ambiental, pois apresenta elevada demanda bioquímica de oxigênio
(DBO) podendo alcançar valores variando entre 58.600 mg O2/L (WEINBERG et al.,
1988) e 78.300 mg O2/L (ASHBELL; LISKER, 1987). Enquanto que o esgoto doméstico
apresenta DBO em torno de 500 mg O2/L (SILVA; MENDONÇA, 2003).
Ashbell e Donahaye (1986) verificaram, em estudo conduzido com silos
experimentais, perdas totais de 33% da MS da silagem de polpa de laranja (21,2% MS),
quando o efluente foi extraído da massa. Quando o efluente ficou retido no sistema,
essas perdas atingiram valores de 26,5%. No primeiro caso, o efluente foi coletado por
meio de uma válvula na base do sistema e chegou a representar nove pontos
percentuais do total, sendo o restante, 23 pontos percentuais, atribuídos às perdas por
gases. Estas perdas ocorreram predominantemente durante a primeira semana de
ensilagem. No entanto, ao término do experimento (100 dias) as perdas ainda eram
crescentes, o que sugere que quando submetida a período de armazenamento maior, a
massa ensilada poderia inclusive, apresentar perdas por efluente ainda superior.
Com respeito à colonização da massa ensilada, Ashbell e Lisker (1987)
encontraram perdas superficiais de silagens de polpa de laranja, armazenadas durante
142 dias, nos 15 cm abaixo da superfície, apresentando 1010, 107 e 108 UFC/g MS para
contagem de bactérias, leveduras e fungos, respectivamente. Já na camada
intermediária da silagem, foram observadas apenas 102 UFC/g MS de bactérias. Neste
estudo, foram avaliados apenas os microrganismos aeróbios.
Ashbell (1992) destacou que o principal tipo de microrganismo responsável pelas
perdas de MS na polpa de laranja são as leveduras. Estas seriam as responsáveis pelo
consumo de grande parte dos CHO’S e pela produção de etanol, podendo este
composto representar em torno de 16% da MS da massa ensilada. Outros produtos da
fermentação como ácido lático e acético estariam em concentrações de
36

aproximadamente 3% da MS. No entanto, Rivas et al. (1991) encontraram teores de


ácidos orgânicos no tratamento controle de silagens de polpa de laranja (22,55% de
MS) de 13,8; 12,06 e 0,56% na MS para o ácido lático, acético e propiônico,
respectivamente. Faria; Tosi e Silveira (1971) encontraram teores de 9,63 e 1,89% na
MS para ácido lático e acético, respectivamente, em silagens de polpa de laranja com
13% de MS. Megias et al. (1993) encontraram teores de 8,3 e 5,6% na MS para ácido
lático e acético, respectivamente, em silagens de polpa de laranja com 21,6% de MS,
sendo que estes teores foram observados já no segundo dia de avaliação.
Ítavo et al. (2000b), em ensaio utilizando gaiolas metabólicas com ovinos,
utilizaram aditivos na ensilagem de polpa de laranja (15% de MS) e relataram que a
massa não alterou seu valor nutricional no momento da abertura dos silos
experimentais, inclusive a do tratamento controle. A digestibilidade aparente da matéria
seca, da matéria orgânica e dos carboidratos não estruturais foi alta, variando entre
82,76 e 90,15%, no entanto, sem diferenças entre os tratamentos. Os mesmos autores
destacaram a silagem de polpa de laranja como sendo boa alternativa para alimentação
de ruminantes, por apresentar capacidade fermentativa satisfatória, elevado valor
nutritivo e consumo pelos animais, embora naquele estudo, não tenha sido avaliado o
teor de CHO’S da silagem de polpa de laranja.
No estudo relativo aos parâmetros ruminais, utilizando ovinos em gaiolas
metabólicas, Ítavo et al. (2000), avaliaram os teores de N-NH3 e ácidos graxos voláteis,
assim como o pH ruminal. Os animais foram alimentados com silagem de polpa de
laranja, representando 30% da ração total (ensiladas com os mesmos aditivos do
estudo anterior) e feno de aveia (70%). Os tratamentos não foram capazes de promover
qualquer efeito nos parâmetros ruminais avaliados.
Diante destes resultados controversos, a investigação e o detalhamento da
fermentação, na presença ou ausência de aditivos, de co-produtos úmidos são de
extrema importância, assim como a estabilidade quando submetido à aerobiose, além
da avaliação do desempenho de animais recebendo este tipo de alimento na ração.
37

2.1.4 Aditivos na ensilagem

A conservação de alimentos armazenados na forma de silagem depende,


sobretudo, do padrão de fermentação que ocorre sob condições anaeróbias dentro do
silo. Para que a fermentação desejável seja alcançada, são necessárias condições
físicas, como tamanho de partículas, teor de matéria seca e massa específica; atributos
químicos, como agentes tamponantes, carboidratos fermentáveis e ácidos orgânicos;
assim como exigências microbiológicas, que por sua vez, dependendo de sua espécie,
população e principalmente das condições disponíveis dentro do silo, consomem
entidades bromatológicas do alimento e produzem ácidos que estabilizam a atividade
microbiológica na massa (HENDERSON, 1993).
No entanto, quando os alimentos submetidos a este processo de conservação
reúnem algumas características que de alguma forma desafiam a estabilidade
fermentativa da massa a ser ensilada, os produtores podem lançar mão de alternativas
que proporcionem melhor padrão de fermentação. O uso de aditivos, que podem ser
estimulantes (aditivos sequestrantes de umidade e/ou fornecedores de CHO’S),
inibitórios (aditivos químicos) ou controladores (aditivos microbianos) da atividade
microbiana, se constitui em prática eficiente. No entanto, o uso de aditivos não substitui
as boas práticas de ensilagem, no que diz respeito ao tamanho de partículas da
forragem, compactação da massa, entre outras (McDONALD; HENDERSON; HERON,
1991).
A polpa de laranja reúne características desejáveis para fermentação anaeróbia,
como alto teor de CHO’S, presença de ácido lático, pequena proporção de N-NH3 e
baixo pH na massa ensilada e, portanto, pode ser ensilada com sucesso (FARIA; TOSI;
SILVEIRA, 1971; RIVAS et al., 1991; MEGIAS, et al., 1993; ÍTAVO et al., 2000a). No
entanto, microrganismos como leveduras, que foram detectadas principalmente na
superfície de silos de polpa de laranja, podem proporcionar perdas elevadas neste
material, em especial na fase de exposição aeróbia (ASHBELL; LISKER, 1987).
38

2.1.4.1 Aditivos na ensilagem de polpa cítrica úmida

Pelo fato da silagem de polpa de laranja ter apresentado elevadas perdas


durante o processo de fermentação e, segundo Ashbell e Lisker (1987), estas perdas
poderem ser de até 50% da MS ensilada, surgiram estudos visando avaliar alternativas
para que estas perdas fossem minimizadas.
Ashbell e Weinberg (1988) avaliaram o uso de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) na
concentração de 1% da MV (misturado à massa durante a ensilagem) e o processo de
desidratação da polpa. Para o último, porções de polpa de laranja foram espalhadas em
bandejas de metal acrescidas de cálcio e aquecidas durante 5 minutos, sendo que a
temperatura atingida pela polpa, no final do processo, foi de 75 a 850C. Os silos
experimentais foram armazenados por 36 dias. A perda total de material seca (PTMS)
nos tratamentos controle, desidratado e Ca(OH)2 foi de 26,6; 10,8 e 16,3%,
respectivamente. O tratamento controle apresentou maior produção de efluente (3%) e
de etanol (15% da MS), enquanto que os demais tratamentos apresentaram teores de
0,5 e 1,6% de efluente e, 4,6 e 11,2% de etanol, para desidratado e Ca(OH)2,
respectivamente.
Os mesmos autores relataram que a silagem aditivada com Ca(OH)2 apresentou
coloração clara, consistência firme e odor desagradável. O teor de CHO’S na polpa
fresca foi de 28,7% da MS, enquanto que para as silagens os valores foram de 7,2;
26,1 e 4,0% para o controle, desidratado e Ca(OH)2, respectivamente. A maior
preservação de CHO’S no tratamento desidratado e a ausência de ácido lático (0,9% da
MS) na silagem que recebeu este tratamento são dados sugestivos que este tratamento
inibiu o crescimento microbiano na silagem. Os teores de ácido lático para os demais
tratamentos foram 3,2 e 6,6% da MS para o controle e Ca(OH)2, respectivamente.
A desidratação parcial da polpa de laranja parece ser alternativa racional para a
conservação deste co-produto, embora este procedimento nem sempre seja factível
dependendo das condições disponíveis.
No entanto, este processo não foi capaz de reduzir as perdas durante a
fermentação quando comparado ao uso de ácido sórbico (0,05% da MV) misturado a
massa durante a ensilagem, em estudo realizado por Weinberg et al. (1988). A polpa de
39

laranja ensilada com aproximadamente 40% de CHO’S, foi recuperada, após 35 dias de
armazenamento, com teor de CHO’S de 12,3 e 22% da MS, para os tratamentos de
desidratação e ácido sórbico, respectivamente. A produção de etanol foi maior na polpa
desidratada (16 vs. 7% da MS), não diferindo do tratamento controle (16,5% da MS).
Isso pode estar associado à maior quantidade de leveduras assimiladoras de lactato
encontradas no efluente deste tratamento (5,4 vs. 4,5 Log UFC/g de MS), embora a
contagem realizada na massa ensilada tenha sido superior para o tratamento com ácido
sórbico (4,3 vs. 3,6 Log UFC/g de MS). Isso parece demonstrar que o ácido sórbico
interferiu mais na atividade das leveduras do que em sua contagem propriamente dita.
Assim, a PTMS observada para o tratamento de desidratação também foi maior (31 vs.
21% da MS). O uso de temperatura (350C) poderia ter colaborado para o
desenvolvimento de microrganismos indesejáveis e/ou a ativação de enzimas como
pectinases, que por sua vez realçam as perdas no processo.
O uso de uréia (1% da MV e 1,8% da MS) durante a ensilagem de polpa de
laranja parece não ter surtido efeito na redução das perdas na fermentação da massa
ensilada (CEVERA; CARMONA; MARTI, 1985; WEINBERG et al., 1988).
O teor inicial de CHO’S de 15% da MS foi reduzido em 50% nos primeiros três
dias de fermentação, enquanto que no décimo dia, em média 80% do conteúdo inicial
havia se perdido. O valor encontrado para perda total de matéria seca (PTMS) para o
tratamento controle e com uréia foi de 26% da MS. O teor de proteína bruta ao término
de 100 dias de ensilagem foi de 17,3% e 10,4% da MS, para os tratamentos com uréia
e controle, respectivamente. No entanto, a perda de PB foi inferior para o tratamento
com uréia (6,25 vs. 10,27% da PB total). A amônia livre do tratamento com uréia
poderia ter sido retida nas substâncias pécticas do co-produto (CEVERA; CARMONA;
MARTI, 1985). O uso de uréia não foi capaz de conter a produção de etanol na massa
ensilada, atingindo teores de 13% da MS (WEINBERG et al., 1988).
Rivas et al. (1991), em estudo com silos experimentais armazenados durante o
período de 100 dias, avaliaram o uso de ácido fórmico (4% da MV), polpa de beterraba
desidratada (6,25% da MV) e cloreto de sódio (2,5% da MV), como aditivos para
controle das perdas na silagem de polpa de laranja, e observaram teores de ácido lático
de 10,23; 12,30 e 8,26% da MS, respectivamente, enquanto que, o tratamento controle
40

apresentou teor de 13,8% da MS, valor este considerado satisfatório para a boa
conservação dessa silagem.
Ítavo et al. (2000) avaliaram o uso de aditivos enzimático-microbiano e químicos
(ácido fórmico, propiônico e acético) na fermentação e composição da polpa de laranja
armazenada sob forma de silagem, contendo teor de MS inicial de 12,1%. Apesar dos
autores indicarem a necessidade de novas pesquisas, relataram que a polpa de laranja
úmida pode ser eficientemente conservada sob a forma de silagem sem o uso de
aditivos, uma vez que o tratamento controle não diferiu entre os demais quanto à
DVIVMS (89%), FDN (19,7%), FDNDIg (94,8%), pH (3,31) e N amoniacal (4% do N
total), para silagens com 13,5% de MS e armazenadas em silos experimentais pelo
período de 63 dias, embora neste estudo, não tenham sido avaliadas as perdas por
gases, efluente e o teor de CHO’S da silagem.

2.1.4.2 Benzoato de sódio

O benzoato de sódio (C7H5O2Na) é um composto derivado do ácido benzóico.


Ele é produzido com base na neutralização de ácido benzóico com hidróxido de sódio.
Poucos países o produzem, dentre eles podemos destacar os Países Baixos, Estônia,
Estados Unidos e China.
O principal mercado para este aditivo é a indústria de refrigerantes e bebidas
com alta quantidade de frutose. Também é usado para conservas, molhos e suco de
frutas (WIBBERTMANN et al., 2000).
É composto por uma cadeia aromática de seis carbonos mais um radical
carboxílico acrescido de um sal de sódio em sua extremidade (Figura 1). Assim, pode-
se dizer que o benzoato de sódio é a forma não dissociada estável do ácido benzóico.
Seu peso molecular é de 144,11 e derrete a temperatura de 3000C. É solúvel em água
(530 a 630g/L a 200C), etanol e etilenoglicol. É relativamente higroscópico quando a
umidade relativa ultrapassa teores de 50% e, em concentração de 10 g/L em água, seu
pH é de 7,5 (WIBBERTMANN et al., 2000).
41

Figura 1- Estrutura química do ácido benzóico e do benzoato de sódio

O efeito antimicrobiano dos ácidos pode ser exercido por sua forma dissociada
(altamente polar), onde a concentração elevada de hidrogênio no meio (baixo pH)
descontrola a força próton motriz das células microbianas, fazendo com que a ATPase
impulsione quantidade exagerada de hidrogênio para dentro da célula, limitando o
crescimento dos microrganismos. O efeito de uma base é o contrário, a debilidade de
prótons no meio faz com que a força próton motriz não seja capaz de impulsionar a
ATPase microbiana, assim não sendo capaz de produzir a energia necessária para o
microrganismo.
No entanto, existe outra forma de ação de muitos ácidos, que na prática é muito
mais efetiva, quando o mesmo está em sua forma não dissociada. Nesta forma, o ácido
é apolar, facilitando sua entrada pela membrana celular (dupla camada lipídica). Dentro
do microrganismo, ele pode dissociar-se, abaixando o pH intracelular (que estava
próximo da neutralidade). Isso afeta drasticamente o metabolismo celular, pois afeta o
gradiente de próton e a ação de algumas enzimas (LAMBERT; STRATFORD, 1999;
PALENZUELA, 2000).
Desta forma, o benzoato de sódio apresenta maior efetividade no controle
microbiano, uma vez que apresenta solubilidade 200 vezes maior que a do ácido
benzóico. Sua atividade antifúngica e contra leveduras também é conhecida.
Geralmente, doses de 0,1% MV são suficientes para preservar produtos alimentícios
42

devidamente preparados e ajustados para pH de 4,5 ou menor (WIBBERTMANN et al.,


2000).
O controle da atividade de leveduras é um desafio na conservação de alimentos.
Quando estes microrganismos são submetidos a valores baixos de pH do ambiente
(2,5) ou até mesmo valores elevados (7,5), o pH intracelular da levedura pouco se
altera (KREBS; WIGGINS; STUBBS, 1983).
O estudo do uso de benzoato de sódio contra a ação de leveduras e fungos
revelou alguns dados interessantes. Observou-se que quando as concentrações de
benzoato de sódio atingiram teores de 5 mM, em ambiente com pH 3,5, o pH
intracelular das leveduras saiu da neutralidade para atingir valores de 4,94. Ao mesmo
tempo, a produção de CO2 em anaerobiose, que era de 17,9 Mm/min por g de MV,
passou para teores de 3,77 Mm/min por g de MV. Isso evidencia a ação do benzoato de
sódio contra a atividade de leveduras (KREBS; WIGGINS; STUBBS, 1983).
O pH do alimento que está sendo conservado é um fator importante, uma vez
que em pH mais próximo de 4, algumas leveduras mostraram-se resistentes ao
benzoato e ao sorbato, o mesmo não ocorrendo em pH mais ácido (PRAPHAILONG;
FLEET, 1997).
O mecanismo do benzoato de sódio contra a atividade de leveduras está
relacionado com o mecanismo de glicólise destes microrganismos. Quando o mesmo
entra na célula do microrganismo, na sua forma não dissociada, observa-se diminuição
nas concentrações de alguns intermediários da glicólise como a frutose 1,6-bifosfato e
trioses de fosfato, e o aumento de outros, como frutose 6-fosfato e glicose 6-fosfato
(KREBS; WIGGINS; STUBBS, 1983; FRANÇOIS; VAN SCHAFTINGEN; HERS, 1986).
Isso levou a postular a idéia de que o benzoato de sódio estaria inibindo uma
enzima chamada fosfofrutoquinase. A inibição desta enzima explicaria a alteração dos
intermediários citados anteriormente. No entanto, quando a enzima foi testada
individualmente com benzoato de sódio, a mesma não foi inibida. Como este processo
foi acompanhado por abaixamento do pH intracelular, acredita-se que seria esta
redução no pH que teria inibido a atividade da fosfofrutoquinase, já que esta enzima é
sensível a este tipo de alteração. É importante ressaltar que a redução destes
intermediários proporcionou a diminuição de piruvato e ATP celular e, conseqüente
43

aumento de AMP. Isso explica a inibição do crescimento destes microrganismos


(KREBS; WIGGINS; STUBBS, 1983).
François; Van Schaftingen e Hers (1986) reportaram que o benzoato de sódio
exerce efeito de inibição direta em outra enzima, a fosfofrutoquinase-2, impedindo sua
fosforilação e desfosforilação. Esta enzima é responsável pela conversão da frutose 6-
fosfato em frutose 2,6-bifosfato. Os demais eventos descritos foram semelhantes aos
ocorridos com Krebs; Wiggins e Stubbs (1983). Nesta hipótese, o benzoato de sódio
estaria exercendo ação direta sobre uma enzima. Talvez a ação direta sobre a enzima
e a variação do pH intracelular estejam agindo concomitantemente para o controle
desses microrganismos.

2.1.5 Polpa de citros úmida despectinada (Braspolpa®)

A polpa de citros úmida despectinada (PCUD), comercialmente chamada de


Braspolpa®, é um produto oriundo do processamento industrial da laranja e/ou do limão
após a extração da porção aquosa pela indústria produtora de suco. As sementes,
casca e o bagaço são selecionados em sua origem (indústrias de suco) quanto ao seu
aspecto e algumas análises específicas. Durante seu processamento (Figura 2), este
material primeiramente é lavado com água durante 50 minutos. O efluente desta
lavagem é utilizado em pomares e lavouras de cana-de-açúcar próximos à indústria. O
material lavado é submetido em seguida ao tratamento com vapor à temperatura que
varia entre 60 e 90oC, dependendo do tipo de pectina que se pretende produzir. Ao
mesmo tempo, adiciona-se ácido nítrico na massa até que o pH em solução da mesma,
no final do processo, atinja cerca de 2,4. A Braspolpa® (PCUD) é o produto que fica
retido na primeira prensagem e filtragem do processo industrial, quando a pectina é
parcialmente extraída em solução.
44

Figura 2 - Processo de obtenção da polpa de citros úmida despectinada (Braspolpa®)

O restante do material que passa por esta filtragem, segue o fluxograma até ser
obtido o produto final, a pectina em padrão comercial.
Este co-produto (Braspolpa®) apresenta grande potencial para a produção de
ruminantes devido a sua característica energética. Pelo fato deste produto passar por
fortes processos de hidrólise (ácido nítrico), existe a possibilidade destes constituintes
fibrosos estarem arranjados de forma mais disponível para a digestão pelos ruminantes.
Outra característica deste material é o baixo pH encontrado no produto final (2,4
a 3,0), o que indica a possibilidade de boas condições para a estocagem do mesmo sob
a forma de silagem.
A apresentação física do co-produto (Figura 3) também é um fator que pode
auxiliar no armazenamento, uma vez que o reduzido tamanho de partícula, associado à
boa homogeneidade do material, auxiliam no processo de auto compactação que
ocorre quando o produto é acomodado no momento em que é descarregado em local
de destiva.
45

Figura 3 - Aspecto físico da polpa de citros úmida despectinada – PCUD (Braspolpa®)

A primeira reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, realizada na Escola


Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, em julho de 1951, já abordava o emprego de
co-produtos industriais utilizáveis na alimentação dos animais, assim como o volume 1,
fascículo 1 da Revista Brasileira de Zootecnia de 1972 também trazia alguns artigos
outra vez abordando o uso de alimentos alternativos para alimentação de ruminantes
(VALADARES FILHO, 2000). Assim, a preocupação já registrada em 1951 e 1972 por
pesquisadores nacionais, visando à utilização de alimentos alternativos, continua sendo
assunto atual. O assunto trata de um enfoque de contemporaneidade permanente, pois
pesquisas buscando a utilização de alimentos alternativos serão sempre conduzidas a
fim de reduzir os custos de alimentação ou melhorar o balanceamento dos nutrientes
nas rações, e tudo isso se traduz como viabilidade nos diferentes sistemas de
produção.
46

2.2 Material e métodos

Foram realizados dois ensaios de desempenho animal utilizando PCUD. No


primeiro, utilizou-se PCUD in natura, e no segundo, PCUD armazenada na forma de
silagem com e sem aditivo químico (benzoato de sódio).
Para fins de descrição metodológica, os ensaios foram apresentados
conjuntamente e, quando for o caso as particularidades serão realçadas
individualmente.

2.2.1 Local dos experimentos

Os experimentos foram conduzidos nas instalações de confinamento do


Departamento de Zootecnia, setor de Ruminantes, da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), em Piracicaba/SP.
O primeiro experimento, que tratou da avaliação da PCUD in natura, ocorreu
entre os meses de dezembro de 2005 a abril de 2006. Já no segundo experimento, a
PCUD ensilada foi avaliada entre os meses de junho a setembro de 2006.
A polpa de citros úmida despectinada (PCUD) era oriunda do município de
Limeira/SP e produzida pela empresa CP-Kelco S/A.

2.2.2 Delineamento experimental

2.2.2.1 Ensaio 1

O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com arranjo fatorial 2x2 (duas
raças e dois tratamentos), com quatro repetições, totalizando 16 unidades
experimentais (baias coletivas). Os fatores de agrupamento constituíam-se da raça e do
peso vivo inicial dos animais, visando compor unidades experimentais com peso inicial
semelhante dentro de cada bloco.
47

Os tratamentos consistiram em duas rações completas balanceadas:


PCP: ração controle, sem a inclusão de PCUD in natura, mantendo a inclusão de PCP;
PCUD in natura: inclusão de PCUD in natura substituindo parcialmente (30%) a polpa
cítrica peletizada da ração.
Este ensaio de desempenho constou de um período de adaptação de 14 dias
sendo sucedido pelo período de avaliação de 92 dias.

2.2.2.2 Ensaio 2

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com três


tratamentos e seis repetições, totalizando 18 unidades experimentais (baias coletivas).
O fator de agrupamento utilizado foi o peso vivo inicial, visando compor unidades
experimentais com peso inicial semelhante dentro de cada bloco.
Os tratamentos consistiram de três rações completas:
PCP: sem a inclusão de silagem de PCUD, mantendo a inclusão de PCP;
PCUD controle: inclusão de silagem de PCUD sem aditivo químico na ensilagem;
PCUD-B.Na: inclusão de silagem de PCUD aditivada com benzoato de sódio durante o
processo de ensilagem.
Este segundo ensaio de desempenho de animais também teve a duração de 14
dias de adaptação e 91 dias de avaliação.

2.2.3 Instalações

Foram utilizadas instalações de confinamento consistindo de baias com 21 m2 de


área provida de piso de concreto, quatro metros lineares de cocho, 60% de cobertura,
portões individuais para manejo e bebedouro com regulagem automática de
enchimento.
O piso do confinamento era raspado semanalmente, com auxílio de tratores com
lâminas. Para isso, os animais não saiam de suas respectivas baias, apenas eram
48

manejados com o auxílio dos quatro portões laterais presentes em cada baia. Os
bebedouros eram drenados e lavados a cada dez dias.

2.2.4 Animais, rações experimentais e manejo alimentar

2.2.4.1 Ensaio 1

Foram utilizados 48 tourinhos, sendo 24 da raça Nelore e 24 da raça Canchim,


com idade aproximada de 18 meses e peso vivo inicial de 404 e 439 kg,
respectivamente. Esses animais eram provenientes do rebanho de seleção do
Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ.
Cada bloco era composto por duas baias de animais da raça Nelore e duas baias
de animais da raça Canchim. Cada unidade experimental (baia) era composta por três
animais. Os blocos foram organizados a partir do peso vivo inicial dos animais, sendo
que o bloco número 1 continha os animais mais pesados e o bloco número 4 recebeu
os mais leves, de acordo com o seguinte esquema:
- Bloco 1: Nelore (434 kg) e Canchim (492 kg);
- Bloco 2: Nelore (417 kg) e Canchim (450 kg);
- Bloco 3: Nelore (404 kg) e Canchim (428 kg);
- Bloco 4: Nelore (361 kg) e Canchim (383 kg).
Estes animais tiveram parte de sua recria realizada a pasto, no entanto, já
vinham sendo alimentados sob regime de confinamento há quatro meses, recebendo
ração com 40% de volumoso (silagem de milho).
No início do período de adaptação, os animais foram pesados, distribuídos nos
respectivos blocos e receberam dose injetável de vermífugo (1 mL/kg PV) com
Abamectina 1% como princípio ativo. Também receberam dose injetável única (5
mL/animal) de complexo de vitaminas lipossolúveis A, D e E.
Ao término de cada período, 35, 27 e 30 dias para o 10, 20 e 30 períodos,
respectivamente (total 92 dias), os animais foram pesados, com jejum prévio de sólidos
49

de 12 horas. No último período, após a pesagem, realizou-se análise com ultra-som em


tempo real no músculo Longissimus dorsi, com o intuito de avaliar a espessura de
gordura subcutânea (EGS) e a área de olho de lombo (AOL) dos animais ao término do
experimento.
As rações experimentais foram formuladas com base no teor de matéria seca
dos ingredientes, visando atender as exigências de manutenção e ganho de peso dos
animais, de acordo com as exigências estabelecidas pelo NRC (1996) Gado de Corte. A
composição das rações e seus componentes químico-bromatológicos estão
apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Composição e componentes químico-bromatológicos das rações


experimentais
Tratamentos1
PCP PCUD
Ingredientes % da matéria seca
Bagaço de cana-de-açúcar in natura 15,0 15,0
Polpa cítrica peletizada 75,2 52,6
Polpa de citros úmida despectinada - 22,6
Farelo de soja 5,0 5,0
Uréia 2,1 2,1
Bicarbonato de sódio 1,0 1,0
Mistura mineral 1,7 1,7
2
Componentes químico-bromatológicos
Matéria seca 79,0 38,6
Proteína bruta 14,5 13,7
Fibra em detergente neutro 36,1 45,3
Fibra em detergente ácido 25,0 33,9
Cinzas 8,1 7,2
Digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca 85,8 85,1
Fibra em detergente neutro digestível 60,9 67,2
3
Nutrientes digestíveis totais 67,0 65,0
1
PCP – ração contendo polpa cítrica peletizada - controle; PCUD – ração contendo PCUD in natura;
2
Valores obtidos a partir de análises realizadas nas rações experimentais;
3
Valores estimados pelo programa NRC (1996) Gado de Corte.
50

A mistura mineral foi formulada para conter fósforo (8%), cálcio (12%), potássio
(10%), sódio (3%), enxofre (6%), cobre (550 mg/kg), cobalto (6 mg/kg), manganês (800
mg/kg), selênio (13 mg/kg), zinco (2500 mg/kg), iodo (35 mg/kg), monensina sódica
(1800 mg/kg), vitamina A (130000 UI/kg), vitamina D (17000 UI/kg) e vitamina E (1500
UI/kg).
Os componentes químico-bromatológicos dos ingredientes das rações
apresentados na Tabela 1 foram determinados após o término do período experimental.
Assim, para a formulação das rações experimentais foram utilizadas entidades
bromatológicas dos mesmos ingredientes já existentes na biblioteca do programa de
formulação de ração.
A principal diferença entre os tratamentos esteve relacionada com a substituição
parcial (30%) de polpa cítrica peletizada por PCUD in natura. Essa dose de substituição
foi admitida a partir de duas observações; a primeira relacionada à quantidade de MV
ofertada a cada animal, uma vez que a PCUD apresentou em média 15% de MS, e com
isso, doses de inclusão maiores poderiam limitar o consumo dos animais pelo fator de
enchimento ruminal; a segunda, relacionada ao equipamento existente para
homogeneizar a ração, sendo esta dose de inclusão considerada como apropriada para
a mistura com os outros ingredientes utilizados.
Neste estudo, a PCUD foi utilizada em sua forma in natura, sendo que cada nova
remessa foi recebida, em média, a cada dez dias no local do experimento. Esta foi
acondicionada em superfície plana de concreto e coberta por lona plástica (Figura 4).
Próximo de seu término, (dois dias de antecedência) outra remessa era requerida. As
quantidades em MV fornecidas eram ajustadas pelo teor de MS das remessas, sempre
que as mesmas chegavam ao Departamento de Zootecnia da ESALQ. Foram
recepcionadas dez cargas durante o período experimental. Para evitar fontes de
variação no co-produto avaliado, utilizaram-se apenas remessas com proporções
semelhantes de casca, sementes e bagaço de laranja para o ensaio experimental.
Diariamente, eram quantificadas as perdas de superfície do material. Julgava-se
inapropriado para o consumo dos animais, qualquer porção da PCUD in natura que
tivesse coloração enegrecida ou atípica. Estas porções com coloração alterada
51

apareciam somente na superfície do material. As mesmas eram separadas e


quantificadas, sendo este manejo realizado somente na porção utilizada naquele dia.
Os animais eram alimentados durante o período matutino. Todos os dias,
imediatamente antes da alimentação, as sobras eram recolhidas e pesadas. A
quantidade de ração fornecida era ajustada para a ocorrência de sobras de cerca de
5%. Este ajuste era realizado a cada dois dias.
Após a limpeza dos cochos, realizava-se o primeiro turno de alimentação, sendo
este o da ração controle (PCP). Designou-se este turno como sendo o primeiro, pois
como o teor de MS da ração era mais elevado (85,6% da PCP vs. 42% da PCUD) neste
tratamento, pouco restava para limpeza dentro do vagão misturador. Na seqüência,
realizava-se o turno referente à ração PCUD, e após este, o vagão misturador era limpo
novamente.
Os ingredientes eram pesados individualmente em balança com capacidade para
100 kg, com precisão de 0,1 kg (MARTE®). Os componentes utilizados em quantidades
menores, como a uréia, o bicarbonato de sódio, a mistura mineral e o farelo de soja,
eram acrescentados lentamente junto à massa total, visando maior homogeneidade da
ração fornecida.

Figura 4 - Polpa de citros úmida despectinada in natura (PCUD) estocada há quatro


dias. Na foto, o detalhe com monte contendo cerca de oito toneladas
52

Utilizou-se vagão misturador com capacidade de 4 m3 (SILTOMAC® Ração Total


– 203) com sistema de mistura de barras horizontais para a homogeneização das
rações. Este vagão forrageiro era equipado com balança eletrônica, com sistema de
pesagem a partir de células eletrônicas individuais, com precisão de 2 kg. Esta balança
foi utilizada para quantificar a ração fornecida em cada baia.

2.2.4.2 Ensaio 2

Foram utilizados 54 tourinhos tricross. Este cruzamento genético foi composto a


partir da inseminação artificial de fêmeas (F1) da raça Nelore/Angus ou Nelore/Santa
Gertrudis com sêmen de touro Pardo Suíço de Corte. A idade dos mesmos estava
compreendida entre 16 e 17 meses e os animais eram provenientes de uma fazenda
particular localizada próxima ao local do experimento.
Cada bloco era composto por três baias (unidade experimental), com três
animais cada. Os blocos foram organizados a partir do peso vivo inicial dos animais,
sendo que o bloco de número 1 continha os animais mais pesados e o bloco número
seis os mais leves, apresentando pesos médios de 342, 322, 303, 296, 283 e 272 kg
para os blocos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, respectivamente.
No início do período de adaptação, os animais foram pesados, distribuídos nos
respectivos blocos e receberam dose injetável de vermífugo (1 mL/kg PV) com
Abamectina 1% como princípio ativo. Também receberam dose injetável única (5
mL/animal) de complexo de vitaminas lipossolúveis A, D e E.
Ao término de cada período, 30, 31 e 30 dias para o 10, 20 e 30 períodos,
respectivamente (total 91 dias), os animais foram pesados, com jejum prévio de sólidos
de 12 horas.
As rações experimentais foram formuladas com base na matéria seca dos
ingredientes, visando atender as exigências de manutenção e ganho de peso dos
animais de acordo com as exigências do NRC (1996) Gado de Corte. A composição
das rações e seus componentes químico-bromatológicos podem ser observados na
Tabela 2.
53

Tabela 2 - Composição e componentes químico-bromatológicos das rações


experimentais
Tratamentos1
PCP PCUD PCUD-B Na
Ingredientes % da matéria seca
Bagaço de cana-de-açúcar in natura 15,04 15,06 15,06
Polpa cítrica peletizada 75,35 52,75 52,75
Polpa de citros úmida despectinada - 22,6 -
2
Polpa de citros úmida despectinada com B. Na - - 22,6
Farelo de algodão 5,05 5,18 5,18
Uréia 1,92 2,05 2,05
Bicarbonato de sódio 0,96 0,96 0,96
Mistura mineral 1,68 1,68 1,68
3
Componentes químico-bromatológicos
Matéria seca 80,1 37,3 36,4
Proteína bruta 14,4 14,7 14,7
Fibra em detergente neutro 38,9 47,2 47,9
Fibra em detergente ácido 24,4 33,9 34,5
Cinzas 8,3 7,4 7,2
Digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca 87,0 84,6 84,2
Fibra em detergente neutro digestível 66,5 67,3 66,9
4
Nutrientes digestíveis totais 66,0 64,0 64,0
1
PCP – ração controle contendo PCP; PCUD – ração contendo PCUD ensilada sem aditivo químico;
PCUD-B Na – ração contendo PCUD ensilada com benzoato de sódio;
2
B.Na – benzoato de sódio;
3
Valores obtidos a partir de análises realizadas nas rações experimentais;
4
Valores estimados pelo programa NRC (1996) Gado de Corte.

A mistura mineral foi formulada para conter fósforo (8%), cálcio (15%), potássio
(10%), sódio (2%), enxofre (8%), cobre (500 mg/kg), cobalto (4 mg/kg), manganês
(1300 mg/kg), selênio (13 mg/kg), zinco (2500 mg/kg), iodo (35 mg/kg), monensina
sódica (1800 mg/kg), vitamina A (250000 UI/kg), vitamina D (20000 UI/kg) e vitamina E
(1500 UI/kg).
Os componentes químico-bromatológicos dos ingredientes das rações
apresentados na Tabela 2 foram determinados após o término do período experimental.
Assim, para a formulação das rações experimentais, foram utilizadas entidades
54

bromatológicas dos mesmos ingredientes já existentes na biblioteca do programa de


formulação de ração.
A dose de inclusão de PCUD ensilada foi a mesma utilizada no ensaio 1. A
principal diferença entre os tratamentos esteve relacionada com a aplicação ou não de
benzoato de sódio na superfície da PCUD durante o processo de ensilagem.
Os animais foram alimentados durante o período vespertino. Todos os dias,
imediatamente antes da alimentação, as sobras eram recolhidas e pesadas. A
quantidade de ração fornecida era ajustada para a ocorrência de sobras de cerca de
5%, sendo este ajuste realizado a cada dois dias.
Após a limpeza dos cochos, realizava-se o primeiro turno de alimentação, sendo
este o da ração controle (PCP). Designou-se este turno como sendo o primeiro, pelos
mesmos motivos do experimento anterior. Na seqüência, realizava-se o turno referente
à ração PCUD e após este, o vagão misturador era limpo novamente e realizava-se o
último turno (PCUD-B Na).
Na mistura da ração contendo o co-produto úmido, o mesmo era carregado
primeiro, utilizando a própria balança do vagão misturador para quantificá-lo. Os
ingredientes utilizados em menores proporções, como o farelo de soja, a uréia, a
mistura mineral e o bicarbonato de sódio eram pesados individualmente em balança
com capacidade para 100 kg, com precisão de 0,1 kg (MARTE®). Estes mesmos
ingredientes eram acrescentados lentamente junto à massa total, visando maior
homogeneidade da ração fornecida.
Utilizou-se vagão misturador com capacidade de 4 m3 (SILTOMAC® Ração Total
– 203), com sistema de mistura de barras horizontais para a homogeneização das
rações. Este vagão forrageiro era equipado com balança eletrônica, com sistema de
pesagem a partir de células eletrônicas individuais, com precisão de 2 kg. Esta balança
foi utilizada para quantificar a ração fornecida em cada baia.
Durante todo o segundo período de avaliação, o vagão misturador citado
anteriormente permaneceu sob manutenção. Assim, fez-se necessária a utilização do
vagão reserva, com capacidade para 7,5 m3 (CASALE® - Totalmix 403). No entanto,
apesar deste implemento conseguir manter a mesma homogeneidade de mistura da
ração, o mesmo não dispunha de balança eletrônica. Para quantificação da ração
55

fornecida, utilizou-se a mesma balança de pesagem dos ingredientes, agora, para todos
os componentes da ração.
Este manejo adicional determinou maior demanda de tempo para a alimentação
dos animais, em média, duas horas a mais que o arraçoamento convencional, uma vez
que o material destinado a cada baia era pesado individualmente em baldes plásticos
com capacidade de 30 L.

2.2.4.2.1 Confecção da silagem de PCUD

A ensilagem da PCUD ocorreu nos dias 27 e 28 de janeiro de 2006 e os silos


começaram a ser utilizados para alimentação dos animais no dia três de junho de 2006,
portanto, a PCUD ficou armazenada por período de aproximadamente 127 dias. Para
evitar fontes de variação na PCUD, foi ensilado apenas o co-produto contendo cascas,
sementes e bagaço de laranja para o ensaio experimental.
Dois silos do tipo superfície foram confeccionados, contendo, em cada um,
aproximadamente 70 toneladas do produto. A PCUD foi acomodada sobre uma lona
plástica preta com espessura de 200 micras para evitar o contato da massa ensilada
com o solo. Devido ao aspecto físico do material, a massa ensilada não foi acomodada
ou compactada com maquinários e o monte contendo a PCUD foi mantido com a
mesma conformação com que foi descarregado na superfície, sendo realizados
pequenos ajustes para o material que era depositado fora da lona.
Como o material era descarregado abruptamente no solo, não houve muita
oportunidade de manipulação da massa a ser acomodada. Uma das alternativas
encontradas foi controlar o deslocamento do caminhão para frente conforme a caçamba
era elevada. O objetivo final era deslocar o mínimo possível a massa, fazendo com que
o produto se acomodasse ao ser descarregado. Para que o produto não fosse
depositado fora da lona plástica e também para evitar que o caminhão não promovesse
danos à lona com o rodado, uma extremidade da lona foi fixada e a outra foi enrolada
próximo ao último eixo traseiro do caminhão. Assim, conforme o caminhão foi se
56

deslocando, a lona foi sendo desenrolada e a PCUD foi depositada sobre a mesma
(Figura 5).

Figura 5 - Manejo de descarga da polpa de citros úmida despectinada (PCUD) para


ensilagem

O primeiro silo finalizado foi aquele referente ao tratamento contendo PCUD sem
nenhum tipo de aditivo químico. Após as 70 toneladas terem sido depositadas por meio
de cinco cargas sucessivas, uma lona plástica preta de 200 micras de espessura foi
utilizada para cobrir o silo. A borda excedente da lona que estava embaixo da massa foi
enrolada conjuntamente à lona da superfície e mantidas pressionadas por sacos de
areia acondicionados a cada metro ao redor de todo o silo. Para esta quantidade de
PCUD armazenada, foi necessária, no momento da ensilagem, cerca de 90 m2 (18 x
5 m) a uma altura de 1,3 m. Após o período de armazenamento, em virtude do declive
do terreno e da acomodação da massa, o silo passou a ocupar área com cerca de 150
m2 (20 x 7,5 m) e com altura no centro da massa de aproximadamente 0,45 m.
Para o segundo silo, a quantidade de PCUD e logística de ensilagem foram
similares ao primeiro. A única diferença foi a aplicação do aditivo químico benzoato de
sódio, que era de origem chinesa e foi adquirido ao custo de R$ 5,60/kg em embalagem
de 25 kg.
57

Foi utilizada a dosagem de 0,18% de benzoato de sódio por kg de MV. Como a


prática de homogeneização do aditivo na massa não era possível, o benzoato de sódio
foi aplicado apenas na porção superficial do silo. Assim, para o cálculo da quantidade
de produto a ser utilizada, adotou-se tratar cerca de 20% da MV do silo, pois se estimou
que esta seria a quantidade de PCUD presente na camada superficial de
aproximadamente 20 cm do silo. O benzoato de sódio foi diluído em água deionizada
(360 g/L), com o objetivo de se obter cinco litros de calda para cada tonelada de MV a
ser tratada.
Para a aplicação do benzoato de sódio (Figura 6), foi utilizado pulverizador do
tipo bomba costal com pressão acumulada, (Brudden®), com capacidade de 15 L e
outra com capacidade de 7,6 L (Brudden®). Esta última foi utilizada pelo encarregado de
aplicar o aditivo no topo da massa, caminhando sobre toda a superfície central do silo.

Figura 6 - Aplicação de benzoato de sódio na superfície da polpa de citros úmida


despectinada (PCUD)

Embora quantidade similar de PCUD tenha sido ensilada, o posicionamento


diferente deste silo (área mais inclinada) fez com que o mesmo ocupasse área menor,
no momento da ensilagem, de 80 m2 (16 x 5 m) a altura de 1,4 m. Após o período de
58

armazenamento, o silo passou a ocupar a área de 128 m2 (16 x 8 m) com altura no


centro da massa de aproximadamente 0,40 m.

2.2.5 Amostragens

No ensaio com a PCUD in natura, quinzenalmente, foram colhidas amostras


individuais (200 g) dos ingredientes (BIN, PCP e farelo de soja) para posteriores
análises químico-bromatológicas. Para a PCUD in natura, as amostragens foram
realizadas sempre que o produto foi recepcionado no departamento, sendo que para
esta, a quantidade coletada foi de 500 g. Todas as amostragens foram realizadas
coletando-se em cinco pontos distintos da massa.
Para a ração fornecida, eram realizadas amostragens semanais (200 g), sendo
as mesmas realizadas em cada baia, logo após a realização do arraçoamento. As
amostragens de sobras eram realizadas no dia subseqüente ao oferecimento das
rações e após sua quantificação. Para estas, estipulou-se a colheita em três pontos
distintos.
Após pré-secagem e moagem, realizou-se procedimento para compor as
amostras, homogeneizando as quatro amostras (do referido período) em uma única.
Esta amostra composta era a representante da baia no determinado período.
Praticamente o mesmo esquema de amostragens foi seguido para o ensaio com
a PCUD ensilada. Neste, o concentrado protéico utilizado foi o farelo de algodão e a
PCUD agora foi originária de dois silos (silo controle e silo contendo benzoato de
sódio). As amostragens das silagens ocorreram semanalmente, sendo uma alíquota de
500 g destinada ao mesmo procedimento citado anteriormente e, outra da mesma
quantidade, destinada ao congelamento (- 20oC).
No momento da retirada do painel para o preparo da ração total, todo o material
considerado inapropriado ao consumo dos animais (aspecto ou coloração diferente da
observada no centro da massa) era coletado em recipientes plásticos para posterior
pesagem.
59

Quinzenalmente, eram coletadas amostras do material deteriorado das


superfícies dos silos para determinação do teor de matéria seca, e posterior
quantificação das perdas.

2.2.6 Avaliações no painel das silagens

Com o intuito de quantificar e qualificar as perdas ocorridas no painel dos silos


durante sua utilização, alguns procedimentos foram realizados diariamente. Estas
medidas serviram como caráter auxiliar na avaliação do benzoato de sódio como
agente antifúngico e, ao mesmo tempo, como parâmetro sanitário de qualificação do
alimento fornecido aos animais.
Antes do arraçoamento ser realizado, os painéis dos silos eram expostos e
realizava-se a avaliação visual, preferencialmente sempre pela mesma pessoa, e
objetivando o julgamento da coloração encontrada na superfície do material (porção
deteriorada) e no painel do silo (somente na porção considerada apropriada para o
consumo). Como critério subjetivo adotado, uma nota, de zero a cinco, era atribuída
para a presença das seguintes colorações: manchas brancas; branco pleno; branco
com pontos pretos; azulado; vermelho felpudo; vermelho sangue e cinza escuro. Este
critério foi adotado com o intuito também de monitorar a presença possível de fungos
com potencial patogênico, uma vez que não existem relatos ou dados de conservação
desse co-produto avaliado. O significado de cada cor avaliada pode ser observado na
Tabela 3.
60

Tabela 3 - Representação de diferentes tipos de fungos com sua cor, aparência,


possível manifestação animal e toxinas
Fungo Cor Aparência Conseqüência Toxina
Geotrichum Branco Manchas Redução no consumo Não
Byssochlamys Branco Pleno Prejudica ruminação Patulina
Mucorales Branco Pontos pretos Redução no consumo Não
Penicillium Azulado Verde ao ar Redução no consumo Neurotoxina
Reduz consumo/ Zearalenona/
Fusarium Vermelho Felpudo
Diarréia Vomitoxina
Monascus Vermelho Sangue Problemas ruminais Citrinina (raro)
Aspergillus Cinza/ Aborto/micose Neurotoxina
Difuso
fumigatus escuro pulmonar desconhecida
Planilha adaptada do prospecto produzido pela Empresa Lallemand, para avaliação e monitoramento de
painéis de silagens de forragens (Adaptado de Jouany e Diaz, 2005).

Após a avaliação da coloração, com auxílio de régua graduada, foi mensurada a


altura do silo (do solo até a superfície externa da massa ensilada) e a altura da porção
considerada deteriorada na superfície. Por diferença, obteve-se a altura da massa
considerada apta para o consumo. Estas medidas eram tomadas a cada 20 cm de
distância horizontal e realizadas por toda a extensão do painel dos silos.
Pequenas porções das silagens (50 g) consideradas apropriadas para o
consumo dos animais, retiradas em dois pontos do painel do silo, eram coletadas
sempre antes da remoção do painel para avaliação de pH. Este procedimento era
realizado no Laboratório de Bromatologia com o auxílio de potenciômetro digital
(DIGIMED® – DM20).

2.2.7 Análises químico-bromatológicas

As análises químico-bromatológicas foram realizadas no Laboratório de


Bromatologia do Departamento de Zootecnia da Universidade de São Paulo
(USP/ESALQ).
61

2.2.7.1 Amostras pré secas em estufa

As amostras de ração fornecida, sobras e ingredientes individuais da ração foram


pré-secadas em estufa com ventilação de ar forçada, reguladas à temperatura de 55oC,
pelo período de 72 horas. (CAMPOS; NUSSIO; NUSSIO, 2002). Após este
procedimento, ao término de cada período, todas as amostras foram moídas em moinho
do tipo Wiley provido de peneira com orifícios de 1mm de diâmetro.
Foi determinado, para todas as amostras, o teor de matéria seca (MS) em estufa
a 105oC durante o período de 12 horas de exposição, e de cinzas em mufla à
temperatura de 550oC durante 3 horas (AOAC, 1990).
Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA)
foram determinados pelo método seqüencial com o uso de sulfito de sódio e sem a
adição de enzima amilase termoestável (VAN SOEST; ROBERTSON; LEWIS, 1991),
com auxílio do analisador de fibra modelo ANKON Fiber Analyser (ANKON® Technology
Corp.), descrito por Holden (1999). Os valores obtidos foram corrigidos para o teor de
matéria seca a 105oC das amostras e cinzas, após a incineração dos saquinhos. O teor
de hemicelulose foi calculado com base na diferença entre os teores de FDN e FDA.
Estas análises foram realizadas para as todas as amostras.
Apenas para as amostras de polpa cítrica peletizada realizou-se a adaptação no
método original descrito por Holden (1999). Na metodologia padrão recomenda-se
utilizar aproximadamente 0,50 g de amostra por saquinho (ANKON®). No entanto, após
o procedimento de lavagem das unidades com água quente e posteriormente com
acetona, ainda restou na superfície dos mesmos uma camada viscosa, provavelmente
representada por parte da pectina que não fora totalmente extraída da amostra. Assim,
os valores de FDN, por sua vez, foram superestimados, já que parte da fibra solúvel
ainda restou na superfície do saquinho. Por experiência prévia adquirida no laboratório
para determinação de FDN em amostras de PCP, utilizou-se então, apenas 0,30 g de
amostra em cada unidade. Com esta quantidade de amostra, não se observou a
formação da camada viscosa na superfície dos saquinhos, não alterando assim os
resultados.
62

A determinação de nitrogênio total foi realizada com base na combustão das


amostras pelo analisador da marca LECO® (WILES; GRAY; KISSLING, 1998), modelo
FP-528 com temperatura para combustão de 835oC. O teor de proteína bruta (PB) foi
obtido por meio da multiplicação do teor de nitrogênio total por 6,25. Este equipamento
calculou o teor de N total da amostra de acordo com peso aferido antes da análise e,
portanto, os resultados foram corrigidos para o teor de MS, em estufa a 105oC, das
amostras.
As digestibilidades verdadeiras in vitro da matéria seca (DVIVMS) e da matéria
orgânica (DVIVMO) foram determinadas utilizando o sistema de análise com o auxílio
do incubador do tipo DAISYII (Incubator ANKON® technology) durante 48 h (HOLDEN,
1999), seguido da lavagem em solução detergente neutro sem amilase (VAN SOEST;
ROBERTSON; LEWIS, 1991), para remoção de células microbianas e frações solúveis
remanescentes. Esta é uma adaptação do método de dois estágios proposto por Tilley
e Terry (1963). No final destes procedimentos e após a secagem dos saquinhos em
estufa com ventilação forçada de ar a temperatura de 105oC, durante 24h, tem-se um
resíduo constituído basicamente pela porção fibrosa indigestível do alimento. De posse
destes valores e do teor de FDN presente nas amostras originais, determinou-se
também o teor de fibra em detergente neutro digestível (FDNDIg) (BALLARD et al.
2001; LEWIS; COX; CHERNEY, 2004). Apenas as amostras de sobras não foram
analisadas para os parâmetros de digestibilidade.
Para a determinação de fibra solúvel em detergente neutro (FSDN), utilizou-se a
metodologia de fracionamento de carboidratos solúveis em etanol, descrita por Hall et
al. (1999). Esta metodologia consiste na extração de constituintes solúveis em etanol
80% (ácidos orgânicos, monossacarídeos, oligossacarídeos, proteína solúvel e outros
extratos). O resíduo insolúvel em etanol (RIE) é composto por FDN, amido, nitrogênio
insolúvel em etanol (NRIE) e FSDN (frutanas, substâncias pécticas, (1→3) (1→4) β-
glucanas). Quando se determinam no RIE as frações amido, NRIE e dispõe-se do valor
de FDN da amostra original, por diferença pode-se calcular a FSDN. Esta por sua vez
tem como principal representante a pectina. Para determinação do teor de nitrogênio do
resíduo insolúvel em etanol (NRIE) utilizou-se o método Macro Kjeldahl, segundo
Campos, Nussio e Nussio (2002).
63

O conteúdo de amido em amostras de PCP é pequeno, em torno de 1 % da MS.


Como as análises de FDN foram realizadas sem o uso de amilase, ao descontar-se
esta fração do RIE, possivelmente já se subtraiu, automaticamente, o teor de amido das
amostras, embora parte do amido seja solúvel em solução detergente neutro. Portanto,
a fração amido não foi determinada nas amostras, uma vez que as rações avaliadas
eram compostas por aproximadamente 75% de PCP e 15% de BIN (produto que
também não contém amido).
Foram realizadas amostras de triagem para a determinação da massa específica
e detecção de aflatoxinas (B1, B2, G1, G2) nas silagens de PCUD com benzoato de
sódio e controle. Parte das amostras que eram coletadas semanalmente para as
análises químico-bromatológicas foram secas em estufa 55oC, moídas em peneira de
malha 1 mm, homogeneizadas e enviadas para o Laboratório de Micotoxinas do
Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Universidade de São Paulo,
USP/ESALQ. A metodologia de extração das aflatoxinas foi realizada segundo AOAC
(1995), utilizando o método número 970.45 e, purificação empregando coluna de florisil
(VARGAS et al., 2000). A quantificação foi realizada por cromatografia em camada
delgada empregando padrões quantitativos. O limite de detecção e quantificação da
metodologia empregada é de 2,0 µg/kg, para cada aflatoxina avaliada.
Para o cálculo do teor de NDT dos ingredientes, utilizou-se a metodologia do
NRC (2001). Para isso, fez-se necessário utilizar valores médios de extrato etéreo,
nitrogênio insolúvel na fibra em detergente ácido e lignina, uma vez que estas entidades
não foram determinadas.

2.2.7.2 Amostras úmidas

Foram processadas amostras das silagens de PCUD oriundas do silo controle e


do silo aditivado quimicamente com benzoato de sódio. Inicialmente foi obtido o extrato
aquoso das amostras por meio do processamento de 25 g (Liquidificador Industrial TA-
02 Skymsen®) juntamente com 225 mL de água deionizada, durante 60 segundos. Após
a leitura do pH, com auxílio de potenciômetro digital (DIGIMED® – DM20), o material foi
64

filtrado em filtros de papel Whatman® número 541. Toda a alíquota filtrada e


homogeneizada foi transferida para tubos de ensaio e acrescida de três gotas de ácido
sulfúrico 50% e centrifugada durante 15 minutos a 10.000 rpm (KUNG, Jr., 1996). O
sobrenadante, extrato aquoso, foi pipetado em tubos eppendorff (1,5 mL), em
quadruplicata, e mantido sob refrigeração (-20oC) para posterior determinação do teor
de carboidratos solúveis (CHO’S), ácido lático (AL) e ácidos graxos voláteis (AGV).
O teor de CHO’S foi determinado com auxílio do espectrofotômetro (modelo 6405
UV/Vis., JENWAY®) calibrado para comprimentos de onda de 490 nm, segundo Dubois
et al. (1956). Este método foi adaptado para a concentração da amostra analisada.
Utilizou-se diluição de dez vezes (50 µL de amostra com 450 µL de água deionizada),
para que o teor de CHO’S das amostras pudesse estar contido na curva padrão.
Para avaliação do teor de ácido lático, também se utilizou o espectrofotômetro,
no entanto, calibrado para comprimentos de onda de 565 nm, segundo Pryce (1969).
Foi realizada adaptação na concentração de ácido lático no reagente padrão, de
0,4 mg/mL para 4 mg/mL, a fim de ajustar a curva padrão aos teores de ácido lático
encontrados na silagem de PCUD.
Os AGV (ácido acético, propiônico e butírico) nas silagens foram determinados
em cromatógrafo líquido-gasoso, segundo Palmquist e Conrad (1971). O equipamento
utilizado foi um CLG (Hewlett Packard Company® 5890 serie II), equipado com braço
mecânico (HP integrator 3396 serie II, Hewlett Packard Company®). As amostras foram
previamente preparadas e armazenadas sob refrigeração (-20oC) em recipientes
apropriados ao equipamento, contendo 800 µL do extrato de PCUD, 200 µL de ácido
fórmico e 100 µL de padrão interno. Este padrão interno, previamente preparado, era
constituído de 1,1610 mL da solução de ácido 2-etilbutírico, diluído em 10 mL de etanol
e água deionizada. Antes da leitura das amostras do presente estudo, o equipamento
foi calibrado com padrões de amostras conhecidas.
65

2.2.8 Predições de consumo voluntário, desempenho de animais e valor


energético das rações

O valor energético das rações e as predições do consumo de matéria seca e


ganho de peso diário dos animais foram realizados com base no programa de
formulação de ração do NRC, BEEF CATTLE REQUIREMENT SOFTWARE (NRC,
1996), programado para o nível 1(Tabular System). Para porcentagem de gordura
corporal (Grading System) utilizou-se o nível 2, que considera teor de 26,8%; para o
peso na maturidade (Mature Weight) admitiu-se valores de 540 e 600 kg e, para o peso
médio dos animais no confinamento, os valores de 450 e 496 kg para os animais das
raças Nelore e Canchim, respectivamente. Para os cálculos, foram utilizadas unidades
métricas (Metric Units) e quantidades estabelecidas de acordo com teor de matéria
seca dos ingredientes.
Para as predições iniciais, adotou-se como valor de NDT 82% para a polpa
cítrica peletizada, 82% para o farelo de soja e 40% para o bagaço de cana-de-açúcar in
natura. Posteriormente, estes valores foram corrigidos de acordo com a estimativa
realizada pelo NRC (2001), com base em dados obtidos das análises químico-
bromatológicas. Para os valores de entidades químico-bromatológicas, que não foram
determinadas nos procedimentos laboratoriais descritos, utilizou-se os valores tabulares
oferecidos pelo próprio programa de formulação.
No segundo ensaio, quando se utilizou a PCUD ensilada e animais do tipo
tricross, foram seguidos os mesmos procedimentos, com exceção do farelo de soja, que
foi substituído pelo farelo de algodão (75% de NDT). Para o programa de formulação,
utilizou-se o nível 1 (Tabular System); para porcentagem de gordura corporal (Grading
System) utilizou-se o nível 2, que considera teor de 26,8%; para o peso na maturidade
(Mature Weight) admitiu-se valor de 570 kg e para o peso médio dos animais no
confinamento o valor de 363 kg. Para os cálculos, foram utilizadas unidades métricas
(Metric Units) e quantidades estabelecidas de acordo com o teor de matéria seca dos
ingredientes.
Com base nos dados de CMS e GPD observados a campo, foi possível estimar a
energia líquida das rações. Os cálculos de energia líquida de manutenção (ELm) e de
66

ganho (ELg) foram obtidos conforme proposto por Zinn e Shen (1998), por meio das
equações 3 e 4, respectivamente. Para tal, foi necessário calcular as exigências de
manutenção (Em) e de ganho (Eg), em Mcal/dia, com base nas fórmulas 1 e 2,
respectivamente, propostas por Lofgreen e Garrett (1968) e NRC (1984),
respectivamente. Para os dados de consumo de matéria seca (CMS), ganho de peso
diário (GPD) e média de peso vivo (PV), foram utilizadas as médias observadas nos
animais pertencentes a cada baia (unidade experimental).

(1) Em = 0,077 x PV0,75

(2) Eg = (0,0493 x PV0,75) x GPD1,097

(3) ELm = (- b ±((b2) - (4ac))0,5) / (2c)


a = - 0,41 x Em
b = 0,877 x Em + 0,41 x CMS + Eg
c = - 0,877 x CMS

(4) ELg = 0,877 x ELm - 0,41

De posse destes dados, puderam-se calcular os valores observados de


concentração de energia. Os valores preditos para estes parâmetros foram obtidos com
base nas estimativas do programa de formulação de ração (NRC, 1996) nível 1, sendo
os valores tabulares de alguns constituintes dos ingredientes substituídos pelos valores
químico-bromatológicos encontrados nas análises realizadas, para que o NDT da ração
pudesse ser calculado pelo programa. Também foi calculada a relação energia líquida
observada/predita.
O cálculo de energia metabolizável da PCUD (EMPCUD) utilizando o método de
substituição proposto por Zinn et al. (2002) foi obtido na seqüência. Esta metodologia
torna-se interessante apenas quando a única fonte de variação na energia da ração é o
ingrediente a ser avaliado, possibilitando desta forma obtenção de valores mais
precisos de energia metabolizável do alimento em questão. Esta metodologia permite
67

comparar o valor energético apenas com o alimento controle utilizado no experimento,


sugerindo se o mesmo é similar, inferior ou superior.
Para efetuar os cálculos, fez-se necessário calcular a energia metabolizável das
rações (EMRAÇÃO), dada em Mcal/kg MS, segundo NRC (1996) utilizando a fórmula 5 e,
para o cálculo da EMPCUD, utilizou-se a fórmula 6, proposta por Zinn; Owens e Ware
(2002).

(5) EMRAÇÃO = (ELm + 0,696)/0,91

(6) EMPCUD = [(EMRAÇÃO PCUD – EMRAÇÃO CONTROLE) / % PCUD na ração] + 2,75

A ração controle descrita acima (equação 6), contém como fonte energética
apenas a polpa cítrica peletizada e, a energia metabolizável adotada para este
ingrediente (2,75) foi calculada segundo o NRC (1996), utilizando o valor de NDT
estimado pelo NRC (2001) com base nas análises químico-bromatológicas realizadas
no presente estudo.

2.2.9 Avaliação do comportamento ingestivo

No primeiro ensaio, avaliando PCUD in natura, as observações relativas ao


comportamento ingestivo foram realizadas no terceiro período experimental, quando os
animais completaram 77 dias de confinamento. As observações tiveram início no
período matutino, próximo das 8 h e 30 min, logo após o início do fornecimento das
rações e, persistiram durante 24 h consecutivas, até o final do arraçoamento do dia
subseqüente.
Durante o período noturno, as luzes do confinamento não foram acesas, com o
intuito de não interferir na rotina dos animais, sendo a visualização realizada por meio
de lanternas.
As avaliações foram realizadas em intervalos de 10 minutos, quando foram
anotadas as seguintes atividades: tempos de ruminação, ócio, consumo de alimento e
68

ingestão de água. O tempo de mastigação foi determinando a partir da soma do tempo


que o animal passou ruminando e o tempo que passou consumindo alimento
(KONONOFF; HEINRICHS; LEHMAN, 2003). Os resultados foram apresentados em
minutos de determinada atividade por dia. Para isso, admitiu-se que após a avaliação,
os animais permaneceram os dez minutos subseqüentes realizando a mesma atividade
comportamental.
De posse da quantidade oferecida de alimento por baia (unidade experimental) e
das sobras do dia seguinte, assim como do teor de matéria seca e das avaliações
químico-bromatológicas de ambos, foi possível determinar o tempo de ingestão,
mastigação e ruminação, por quilograma de MS e de FDN (MAEKAWA; BEAUCHEMIN;
CHRISTENSEN, 2002).
Os animais dentro das baias coletivas (três animais por baia) não foram
identificados, assim, obteve-se a avaliação da atividade dentro de cada unidade
experimental, e não individualmente dos animais.
Para o segundo experimento, contendo PCUD ensilada, as avaliações de
comportamento ingestivo foram realizadas no segundo período experimental, quando
os animais completaram 60 dias de confinamento. As observações tiveram início no
período vespertino, próximo das 14 h e 30 min, logo após o início do fornecimento das
rações e, persistiram durante 24 h consecutivas, até o final da alimentação do dia
seguinte. As demais avaliações receberam os mesmos critérios utilizados no
experimento anterior.

2.2.10 Análise estatística

No primeiro ensaio, PCUD in natura, os dados referentes à composição químico-


bromatológica das rações e de desempenho dos animais foram analisados seguindo o
delineamento experimental proposto (blocos casualisados com arranjo fatorial 2x2) e
caracterizados como medidas repetidas no tempo, uma vez que as avaliações foram
agrupadas por períodos. Assim, utilizou-se o procedimento PROC MIXED, do programa
estatístico SAS versão 9.0, para análise das variáveis. As médias foram comparadas
69

pelo teste de quadrados mínimos (LSMEANS), com nível de significância de 5%. As


interações de tratamento e raça foram desdobradas. As demais interações que
envolvem período, quando significativas (P<0,05), não foram desdobradas e sim
estudadas com base em equações de regressão.
O modelo estatístico para a avaliação do primeiro ensaio (PCUD in natura) de
desempenho e das respectivas entidades bromatológicas, foi o seguinte:

Yijkl = µ + ti + rj + trij + bk + ∂ ijk + pl + pt li + prlj + ptrlij + ∑ ijkl

onde:

Yijkl = observação referente ao tratamento i, na raça j, na repetição k, no período l

µ= média geral

efeito do tratamento i, = 1, 2
ti =
rj = efeito da raça j, = 1, 2

trij = interação entre os efeitos tratamento raça ij, = 1,...4

bk = efeito do bloco k, = 1,...4

∂ ijk = erro experimental parcial

pl = efeito do período l, = 1,...3

ptli = interação entre os efeitos período tratamento li, = 1,...6

prlj = interação entre os efeitos período raça lj, = 1,...6

ptrlij = Interação entre os efeitos período tratamento raça lij, = 1,...12

erro experimental associado às observações


∑ ijkl =

As variáveis de desempenho e as entidades bromatológicas foram avaliadas


como medidas repetidas no tempo, justificando o uso do modelo misto. Assim, para
estes parâmetros, realizou-se o estudo de estrutura de covariância para identificação
70

das matrizes mais adequadas para a análise estatística, sendo estas expostas na
Tabela 4 (FREITAS, PRESOTTI; TORAL, 2005).

Tabela 4 – Estudo das estruturas de covariância utilizadas nas variáveis de


desempenho e análises químico-bromatológicas do primeiro ensaio
Estrutura de
Variáveis1
covariância utilizada2
FDN fornecido; CMSFDN; CMSFDA CS
DVIVMS; FDA sobras; Cinzas sobras; Peso inicial; Peso final;
AR(1)
CMS cinzas; DVIVMS (i); DVIVMO (i); FDNDIg (i)
Hemicelulose fornecido; Proteína bruta sobras;
UN
Espessura de gordura
GPD; CMS%PV; Conversão alimentar; Cinzas fornecido;
FDNDIg; CMS proteína bruta; ELm(o); EM(o); ELm(o/p);
ELg(o/p); MS; MS (i); FDN (i); FDA (i); Proteína bruta (i); Cinzas SIMPLE
(i); Nutrientes digestíveis totais (i); FSDN; Área de olho de
lombo
CMS; FDN sobras; Hemicelulose sobras; CMS hemicelulose ANTE(1)
Proteína bruta fornecido; ELg(o); EM(o/p) ARH (1)
DVIVMO HF
1
FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; CMS – consumo de matéria seca;
DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca; DVIVMO – digestibilidade verdadeira in
vitro da matéria orgânica; FDNDIg – digestibilidade da fibra em detergente neutro; GPD – ganho de peso
diário; %PV – porcentagem do peso vivo; PB – proteína bruta; (i) – ingrediente; (o) – observado; (p) –
predito; (o/p) – observado/predito; MS – matéria seca; FSDN – fibra solúvel em detergente neutro;
2
CS – Simétrica composta; AR (1) – Auto-regressiva de primeira ordem; UN – Não-estruturada; SIMPLE
– Simples; ANTE (1) – Ante-dependente de primeira ordem; ARH (1) – Auto-regressiva heterogênea de
primeira ordem; HF – Huynh-Feldt.

Para a avaliação do comportamento ingestivo utilizou-se o valor, em minutos, de


cada atividade durante as 24 h de avaliação. Assim, utilizou-se o procedimento PROC
MIXED do programa estatístico SAS versão 9.0 e as médias comparadas pelo teste de
quadrados mínimos (LSMEANS), com nível de significância de 5%. O modelo
estatístico para a avaliação do comportamento ingestivo do primeiro experimento foi o
seguinte:
71

Yijk = µ + ti + rj + trij + bk + ∑ ijk

onde:

Yijk = observação referente ao tratamento i, na raça j, na repetição k

µ= média geral

efeito do tratamento i, = 1, 2
ti =
rj = efeito da raça j, = 1, 2

trij = interação entre os efeitos tratamento raça ij, = 1,...4

bk = efeito do bloco k, = 1,...4

erro experimental associado às observações


∑ ijk =

Para o segundo ensaio, PCUD ensilada, os mesmos procedimentos analíticos


foram utilizados, diferindo apenas no delineamento experimental utilizado (blocos
casualisados) e as médias testadas pelo teste Tukey.
Na Tabela 5, pode ser observado o estudo de estruturas de covariância
utilizadas para análise estatística das variáveis de desempenho e entidades químico-
bromatológicas avaliadas no segundo experimento (FREITAS, PRESOTTI; TORAL,
2005).
O modelo estatístico para a avaliação do segundo ensaio (PCUD ensilada) de
desempenho de animais e das respectivas entidades bromatológicas, foi o seguinte:

Yijk = µ + ti + b j + ∂ ij + pk + ptik + ∑ ijk

onde:

Yijk = observação referente ao tratamento i, na repetição j, no período k

µ= média geral
72

efeito do tratamento i, = 1,...3


ti =
bj = efeito do bloco j, = 1,...6

∂ ij = erro experimental parcial

pk = efeito do período k, = 1,...3

ptik = interação entre os efeitos período tratamento ki, = 1,...9

erro experimental associado às observações


∑ ijk =

O modelo estatístico para a avaliação do comportamento ingestivo do segundo


experimento, foi o seguinte:

Yij = µ + ti + b j + ∑ ij

onde:

Yij = observação referente ao tratamento i, na repetição j

µ= média geral

efeito do tratamento i, = 1,...3


ti =
bj = efeito do bloco j, = 1,...6

erro experimental associado a todas as observações


∑ij =

As variáveis de desempenho e as entidades bromatológicas foram avaliadas


como medidas repetidas no tempo, justificando o uso do modelo misto. Assim, para
estes parâmetros, realizou-se o estudo de estrutura de covariância para identificação
das matrizes mais adequadas para a análise estatística, sendo estas expostas na
Tabela 5 (FREITAS, PRESOTTI; TORAL, 2005).
73

Tabela 5 – Estudo das estruturas de covariância utilizadas nas variáveis de


desempenho, análises químico-bromatológicas e avaliações nos painéis
dos silos no segundo ensaio
Estrutura de
Variáveis1
covariância utilizada2
CMS; CMS %PV; Proteína bruta (f); CMS FDN; CMS FDA; CS
CMS proteína bruta
FDN (s); FDA (s); Proteína bruta (s); CMS hemicelulose;
AR (1)
DVIVMS (i); DVIVMO (i); FDNDIg (i)
Energia líquida de manutenção (o/p); kg (d); pH (f) UN
GPD; Hemicelulose (f); Cinzas (f); DVIVMS; DVIVMO; FDNDIg;
Hemicelulose (s); Energia líquida de manutenção (o); Energia
metabolizável (o); ELg (o/p); MS (i); FDN (i); FDA (i); Proteína SIMPLE
bruta (i); FSDN (i); NDT (i); Ácido acético (i); Ácido butírico (i);
Cinzas (s); ácido lático; Azulado (f); Vermelho (d); escuro (d)
ELg(o); Energia metabolizável (o/p); MS (s); escuro (f) ANTE (1)
Média de peso vivo; Ácido propiônico; carboidratos solúveis (i); ARMA (1,1)
Altura total do silo; Altura (d)
Conversão alimentar; FDN (f); FDA (f); Peso inicial; Peso final;
ARH (1)
Branco seco (d); Azulado (d)
CMS cinzas; MS (f) HF
Cinzas (s) TOEP
Hemicelulose; Branco seco (f); Branco compacto (f) e (d) VC
1
(f) – fornecido; FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; CMS – consumo de
matéria seca; DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca; DVIVMO – digestibilidade
verdadeira in vitro da matéria orgânica; FDNDIg – digestibilidade da fibra em detergente neutro; GPD –
ganho de peso diário; %PV – porcentagem do peso vivo; PB – proteína bruta; (i) – ingrediente; (o) –
observado; (p) – predito; (o/p) – observado/predito; (s) – sobras; MS – matéria seca; ELg – Energia
líquida de ganho; FSDN – fibra solúvel em detergente neutro; NDT – nutrientes digestíveis totais; - (d) –
deteriorado;
2
CS – Simétrica composta; AR (1) – Auto-regressiva de primeira ordem; UN – Não-estruturada; SIMPLE
– Simples; ANTE (1) – Ante-dependente de primeira ordem; ARMA (1,1) – Auto-regressiva moving
average de primeira ordem ; ARH (1) – Auto-regressiva heterogênea de primeira ordem; HF – Huynh-
Feldt; TOEP – Toeplitz; VC - Componentes de variância.

O modelo estatístico utilizado para a avaliação dos parâmetros coletados nos


painéis dos silos de polpa de citros úmida despectinada, foi o seguinte:

Yijk = µ + ti + d j + ∂ ij + pk + ptik + ∑ ijk


74

onde:

Yijk = observação referente ao tratamento i, na repetição j, no período k

µ= média geral

efeito do tratamento i, = 1, 2
ti =
dj = efeito do dia j, = 1,...80

∂ ij = erro experimental parcial

pk = efeito do período k, = 1,...3

ptik = interação entre os efeitos período tratamento ik, = 1,...6

erro experimental associado às observações


∑ ijk =

2.3 Resultados e discussão

2.3.1 Ensaio 1

2.3.1.1 Composição químico-bromatológica dos ingredientes e das rações


experimentais

A composição químico-bromatológica dos ingredientes das rações podem ser


observados na Tabela 6.
Elevada proporção das rações experimentais (52,6 e 75,2% para a ração PCUD
e PCP, respectivamente) era composta por polpa cítrica peletizada. Assim, pequenas
variações ocorridas neste ingrediente podem ter gerado alterações significativas nos
valores preditos pelo programa de formulação de ração, dada sua dose de inclusão.
Pereira et al. (2007) observaram teores de 76,62; 7,77; 7,44; 23,43 e 22,15%,
para NDT, PB, cinzas, FDN e FDA, respectivamente, para a PCP. Naquele estudo,
75

calculou-se também a concentração de energia líquida de manutenção e de ganho das


rações contendo PCP e milho moído fino, cujo NDT foi de 88% e, não foram
observadas diferenças significativas. Isso é um forte indício da subestimação do teor
energético da PCP nos cálculos de NDT quando se utiliza as equações de Weiss;
Conrad e Pierre (1992), já que estas mesmas equações são utilizadas pelo NRC
(2001). No presente estudo, o teor de NDT observado aproximou-se ao relatado por
Pereira et al. (2007) conforme apresentado na Tabela 6.
O valor estimado de NDT para a PCUD de 67,7% (Tabela 6) sugere
desempenho animal inferior quando comparado à PCP, embora esta hipótese não
tenha se consolidado no presente experimento.

Tabela 6 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes das rações


Ingredientes1
Entidades bromatológicas
PCUD PCP EPM BIN FS
b a
Matéria seca, %*** 14,82 85,59 0,9 58,11 85,96
a b
Fibra em detergente neutro, % MS*** 69,29 22,65 3,1 87,43 26,51
a b
Fibra em detergente ácido, % MS*** 57,46 17,29 3,5 57,51 12,62
a b
Hemicelulose, % MS*** 11,83 5,35 0,8 19,92 13,9
b a
Fibra solúvel em detergente neutro, % MS*** 22,81 35,32 3,1 - -
b a
Proteína bruta, % MS** 6,8 7,9 0,4 3,7 53,25
b a
Dig. verdadeira in vitro da MS, %*** 87,0 95,3 1,3 27,82 98,82
b a
Dig. verdadeira in vitro da MO, %*** 87,9 96,0 1,3 27,51 99,78
a a
Dig. fibra em detergente neutro, % 81,3 80,7 1,3 17,56 95,09
b a
Cinzas, % MS*** 0,68 6,0 0,1 7,98 6,17
2 b a
Nutrientes digestíveis totais , % MS*** 67,7 77,3 1,0 34,9 77,1
1
PCUD – polpa de citros úmida despectinada in natura; PCP – polpa cítrica peletizada; BIN – bagaço de
cana-de-açúcar in natura; FS – farelo de soja; EPM – erro padrão da média; Minúsculas na linha diferem
entre si; ** significativo (P<0,05); *** significativo (P<0,01);
2
Calculado segundo a metodologia do NRC (2001).

O baixo teor energético encontrado para o BIN (34,9%) pode ser explicado, ao
menos em parte, pelo alto teor de cinzas encontrado no material (7,98%). Isso pode ser
indicativo da presença de impurezas no BIN utilizado neste experimento, uma vez que
normalmente são encontrados teores próximos de 2% para esta entidade bromatológica
76

(NRC, 1996; NRC, 2001), embora Gutmanis (1990), Nussio (1993) e Hausknecht (1996)
tenham encontrado teores de 3,48; 3,40 e 3,48% da MS, respectivamente, para este
parâmetro. Em algumas cargas recepcionadas de BIN era possível encontrar
contaminantes grosseiros como pedras misturadas ao material. Embora, Berndt (2000)
tenha relatado o teor de 30% de NDT para o BIN, a literatura geral (NRC, 1996;
MANZANO et al., 2000; NRC, 2001) sugere que o valor encontrado no presente estudo
situa-se abaixo do normal. Os demais parâmetros determinados na composição
químico-bromatológica estão em conformidade com a literatura (NRC, 1996; MANZANO
et al., 2000; NRC, 2001).
Quanto aos teores de FSDN, já era esperado valor inferior (22,81% da MS,
P<0,01) para a polpa de citros úmida despectinada, uma vez que este co-produto fora
parcialmente despectinado por meio de processo químico agressivo. Este valor residual
de FSDN (Tabela 6) sugere que após o processo industrial, cerca de 65% da FSDN (β-
glucanas e pectina) ainda está presente na matéria seca do co-produto. Este fato pode
corroborar porque não foi observada diferença no desempenho dos animais
alimentados com esta fonte alternativa de energia em relação à PCP exclusiva (Tabela
8). Quanto à polpa cítrica peletizada, teores próximos de 35% para FSDN são
comumente encontrados para este co-produto (HALL; PELL; CHASE, 1998; HALL,
2002), concordando com os resultados encontrados.
A estatística descritiva da composição químico-bromatológica das rações
experimentais e das sobras pode ser observada na Tabela 7.
A ração contendo PCUD apresentou teores de FDN e FDA maiores (P<0,01) que
a ração contendo exclusivamente PCP (Tabela 7). A PCUD apresentou teores maiores
(P<0,01) de FDN e FDA (69,29 e 57,46%, respectivamente), e este co-produto
substituiu a polpa cítrica peletizada, que por sua vez apresentou teores de 22,65 e
17,29% para FDN e FDA, respectivamente. Assim, esta observação está de acordo
com a expectativa inicial.
Estas mesmas diferenças foram observadas, para estes dois parâmetros, nas
sobras das rações (Tabela 7). O conteúdo de fibra maior nas sobras da ração PCUD
também já era esperado, uma vez que a ração fornecida aos animais, neste tratamento,
já continha maior teor (P<0,01) desta entidade bromatológica. No entanto, as sobras da
77

ração PCP apresentaram teores superiores (P<0,05) de PB e cinzas, indicando que a


ração PCP proporcionou maior seletividade aos animais. Esse fato também foi
evidenciado visualmente nas sobras diárias deste tratamento, pois algumas baias
apresentaram maior proporção de polpa cítrica e outras maior conteúdo de BIN. Esta
heterogeneidade visual e numérica (Tabela 7) não foi observada nas sobras da ração
contendo PCUD.

Tabela 7 - Estatística descritiva da composição químico-bromatológica das rações


experimentais e das sobras
1 Médias2 Efeitos3 Interações
Variáveis
PCP PCUD NEL CAN EPM R T P TxR TxP RxP TxRxP
Fornecido
MS, % 79,0 38,6 59,0 58,6 0,41 ns *** *** ns *** ns ns
FDN, % MS 36,1 45,3 40,6 40,8 1,11 ns *** ns ns ns ns **
FDA, % MS 25,0 34,0 29,5 29,5 0,75 ns *** ns ns ** ns **
HEM, % MS 11,1 11,4 11,1 11,3 0,39 ns ns *** ns ns ns ns
PB, % MS 14,5 13,7 13,9 14,4 0,30 ns ns *** ns *** ns ns
DVIVMS, % 85,8 85,1 85,6 85,3 0,82 ns ns *** ns ns ns ns
DVIVMO, % 86,2 85,7 86,2 85,7 1,00 ns ns *** ns ns ns ns
FDNDIg, % 63,3 64,8 64,1 64,0 1,12 ns ns ns ns ns ns ns
Cinzas, % MS 8,1 7,2 7,6 7,7 0,13 ns ns *** ns ns ns ns
Sobras
MS, % 79,1 33,9 55,8 57,1 0,92 ns *** ** ** ns ns ns
FDN, % MS 34,5 54,4 45,2 43,7 1,47 ns *** *** ns *** ns ns
FDA, % MS 23,9 41,6 33,5 32,0 1,18 ns *** *** ns *** ns ns
HEM, % MS 10,6 12,8 11,6 11,7 0,44 ns *** ns ns ns ns ns
PB, % MS 17,2 13,4 15,7 14,9 0,58 ns *** ns ns ns ns ns
Cinzas, % MS 11,3 7,9 10,2 9,0 0,51 ns *** *** ns *** ns ns
1
MS – matéria seca; FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; HEM –
hemicelulose; PB – proteína bruta; DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca; DVIVMO
– digestibilidade verdadeira in vitro da matéria orgânica; FDNDIg – digestibilidade da fibra em detergente
neutro;
2
PCP – ração sem a adição de polpa de citros úmida despectinada; PCUD – ração contendo polpa de
citros úmida despectinada; NEL – ração fornecida aos animais de raça Nelore; CAN – ração fornecida
aos animais de raça Canchim; EPM – erro padrão da média;
3
R – raça; T – tratamento; P – período; ** - significativo (P<0,05); *** - significativo (P<0,01); ns – não
significativo.
78

A heterogeneidade entre material fornecido e sobra, observada na ração PCP,


pode estar relacionada ao maior (P<0,05) teor de matéria seca observado na ração
fornecida (78,96%) neste tratamento, quando comparado ao da ração PCUD (38,61%).
Leonardi; Giannico e Armentano (2005) observaram que rações com menores teores de
matéria seca (64,4 vs. 80,8%) diminuem o poder de seleção sobre as partículas de
alimento ofertado a bovinos, e isso proporciona maior ingestão de conteúdo fibroso
pelos animais. Os mesmos autores destacaram que tais diferenças, associadas a
maiores ingestões de fibra em rações, podem ajudar a explicar melhores ambientes
ruminais observados em rações úmidas.

2.3.1.2 Desempenho dos animais

A estatística descritiva das variáveis de desempenho dos animais pode ser


observada na Tabela 8.
Para o parâmetro conversão alimentar (CA), não foi observado diferença
(P>0,05) entre tratamentos ou raças (Tabela 8). A ausência de efeito significativo para a
CA entre as raças se deveu ao fato de que os animais da raça Canchim consumiram
maior (P<0,01) quantidade de MS e por sua vez também apresentaram maior (P<0,01)
GPD. Já os animais de raça Nelore, apresentaram consumo de MS menor (P<0,01),
compatível com GPD inferior (P<0,01).
Para as rações formuladas, o programa de formulação predisse CMS de 11 e
10,9 kg, nos animais da raça Canchim, para os tratamentos PCUD e PCP,
respectivamente. Para os animais da raça Nelore, a predição de consumo foi de 10,1 e
10,2 kg de MS, para os tratamentos PCUD e PCP, respectivamente. Como exposto na
Tabela 8, os valores para CMS observados no experimento estiveram aquém dos
esperados e não ocorreu diferença entre os tratamentos (P>0,05). Um dos fatores que
pode ter contribuído para este evento seria o baixo valor nutritivo do BIN, uma vez que
este volumoso foi utilizado nas duas rações. Leme et al. (2003) observaram CMS
próximos ao do presente estudo (8 kg), para os animais Nelore e, redução linear no
CMS à medida que o teor de BIN aumentou de 15 para 27% na MS da ração. Embora o
79

CMS também possa ter sido afetado por outros fatores, como o alto teor de polpa cítrica
na ração, o menor valor observado para este parâmetro em relação ao predito, sugere
também que os animais não estiveram sob efeito de ganho compensatório.

Tabela 8 - Estatística descritiva das variáveis de desempenho dos animais


Médias2 Efeitos3 Interações
Variáveis1
PCP PCUD NEL CAN EPM R T P TxR TxP RxP TxRxP
PVI, kg 424 419 404 438 18,07 *** ns ns ns ns *** ns
PVF, kg 525 525 495 555 16,53 *** ns *** ns ns ** ns
GPD, kg/d 1,11 1,16 1,00 1,27 0,06 *** ns ** ns ns ns ns
CMS, kg MS/d 8,05 8,13 7,14 9,04 0,15 *** ns *** ns ns ns ns
CMS, % PV 1,70 1,73 1,60 1,83 0,06 *** ns ns ns ns ns ns
CMS FDN, kg/d 2,89 3,58 2,82 3,65 0,14 *** *** ns ns ns ns ns
CMS FDA, kg/d 2,00 2,67 2,04 2,63 0,09 *** *** *** ** ns ns ns
CMS HEM, kg/d 0,88 0,90 0,78 1,01 0,04 *** ns *** ns ns ns ns
CMS PB, kg/d 1,12 1,11 0,95 1,28 0,03 *** ns *** ns ** ns ns
CMS cinzas, kg/d 0,60 0,57 0,50 0,67 0,02 *** ns ns ns ns ns ns
CA kg MS/kg GPD 7,8 7,3 7,8 7,3 0,5 ns ns ns ns ns ns ns
Energia líquida Observada (Mcal/kg)
Manutenção 2,00 2,04 2,04 2,00 0,04 ns ns *** ns ns ns ns
Ganho 1,35 1,38 1,38 1,35 0,03 ns ns *** ns ns ns ns
EM 2,97 3,00 3,01 2,97 0,04 ns ns *** ns ns ns ns
Energia líquida Observada/Predita
Manutenção 1,15 1,23 1,20 1,18 0,02 ns ** *** ns ns ns ns
Ganho 1,39 1,51 1,47 1,44 0,03 ns ** *** ns ns ns ns
EM 1,22 1,28 1,26 1,24 0,01 ns ** *** ns ns ns ns
1
PVI – peso vivo inicial; PVF – peso vivo final; GPD – ganho de peso diário; CMS – consumo de matéria
seca; FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; HEM – hemicelulose; PB –
proteína bruta; CA – conversão alimentar; EM – energia metabolizável;
2
PCP – ração sem a adição de polpa de citros úmida despectinada; PCUD – ração contendo polpa de
citros úmida despectinada; NEL – ração fornecida aos animais de raça Nelore; CAN – ração fornecida
aos animais de raça Canchim; EPM – erro padrão da média;
3
R – raça; T – tratamento; P – período; ** - significativo (P<0,05); *** - significativo (P<0,01); ns – não
significativo.

Por outro lado, o GPD observado, de 1,16 e 1,11 kg/dia (Tabela 8), foi superior
ao predito pelo programa, 0,60 e 0,70 kg para os tratamentos PCUD e PCP,
80

respectivamente. Isso revela a possibilidade de que os teores energéticos utilizados


pelo programa de formulação, calculados de acordo com o NRC (2001) utilizando os
valores de composição químico-bromatológicas analisadas em laboratório (Tabela 6),
foram subestimados.
Embora, nesse estudo, não tenha sido possível estimar o teor de cada entidade
bromatológica consumida pertencente aos ingredientes de forma individual, a
composição químico-bromatológica da ração consumida pelos animais pode ser
calculada por meio da relação entre o CMS e o CMS das entidades bromatológicas
(Tabela 8). Ao realizar este exercício, observa-se que o conteúdo bromatológico
fornecido aos animais é próximo do que foi consumido pelos mesmos. Assim, torna-se
pouco provável a associação das diferenças de estimativa de desempenho dos animais
com a variação do consumo de ingredientes. No entanto, isso poderia ser confirmado
por meio da identificação individual dos ingredientes consumidos com o uso de
marcadores.
Outra possibilidade para essa subestimação do teor energético das rações, pode
estar parcialmente relacionada com a digestibilidade da fração fibrosa (FDN)
apresentada pelas amostras de PCP e PCUD, 80,7 e 81,3%, respectivamente (Tabela
8), uma vez que, o NRC (2001) prediz digestibilidade para o FDN da PCP de apenas
63%, e o programa de formulação de ração, utilizado para as predições de
desempenho dos animais, não leva em consideração este parâmetro.
Cardoso et al. (2004), observaram ganho de peso diário superior (1,11 vs. 1,59
kg/dia) para novilhos confinados em baias individuais alimentados com rações contendo
como volumoso, em média, 52 e 66% de cana-de-açúcar e palha de arroz amonizada,
respectivamente. O maior conteúdo de volumoso na ração contendo palha de arroz
amonizada e o maior teor de FDN (74 vs. 67%) deste ingrediente, foram compensados
pelo maior teor FDNDIg (45 vs. 19,9%) do mesmo. Os autores atribuíram o maior GPD
dos animais alimentados com ração contendo palha de arroz amonizada, ao CMS
superior observado neste tratamento (10 vs. 7,2 kg/dia) e, este por sua vez, ao maior
valor nutritivo da porção fibrosa da palha de arroz amonizada, já que a quantidade de
concentrado ofertada aos animais era fixa (4 kg/dia).
81

Nas predições do programa de formulação, os valores de GPD apresentados


para a ração PCUD foram inferiores aos preditos para a ração PCP. Isso ocorreu
porque o programa foi alimentado com teores de NDT diferentes para esses dois
ingredientes avaliados (Tabela 6). Desta forma, quando a polpa de citros úmida
despectinada foi acrescentada na ração, automaticamente, o desempenho animal
simulado decresceu. No entanto, nos dados observados a campo isso não aconteceu,
pois os dados de desempenho não diferiram (P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 8).
Na Tabela 8, nota-se que os valores observados para energia líquida
(manutenção e ganho) e metabolizável, observadas para as rações, foram superiores
aos valores preditos. Além disso, na mesma tabela, podem ser observados dois
aspectos importantes: O primeiro aspecto refere-se à comparação de energia
observada entre as duas rações. A ELm, ELg e EM da ração contendo PCUD não
diferiram da ração composta por PCP, e isso explica porque os animais não
apresentaram desempenhos diferentes. Esse fato se constitui em forte indicação de
que o teor de NDT da polpa de citros úmida despectinada não diferiu da polpa cítrica
peletizada, como sugerido na Tabela 6. O segundo, referente à relação energia
observada/predita das rações. A Tabela 8 revela que os valores de NDT dos
ingredientes, principalmente dos concentrados energéticos, utilizados no programa de
formulação de ração (após os ajustes) foram subestimados, já que a relação
observado/predito foi maior que 1,0. Isso sugere que, para os animais desempenharem
da forma observada no experimento, os teores energéticos da polpa de citros úmida
despectinada e da polpa cítrica peletizada deveriam ser semelhantes e superiores aos
obtidos pelas estimativas do NRC (2001).
Ainda na Tabela 8, observou-se diferença para ELm (P<0,01), ELg (P<0,05) e
EM (P<0,05), entre as duas rações (energia observada/predita). Isso ocorreu pois para
o cálculo da relação observado/predito, utilizou-se como valor predito o teor de energia
calculado pelo programa de formulação (NRC, 1996, nível 1). Este, por sua vez, utiliza
apenas o teor de NDT dos ingredientes e, como os teores de NDT dos concentrados
energéticos inseridos no programa foram distintos (P<0,01) (67,7 e 77,3% para a PCUD
e PCP, respectivamente), os valores apresentados pelo programa também foram
diferentes (P<0,05). Para a determinação do valor observado, as equações de Zinn e
82

Shen (1998) utilizam, de forma geral, os parâmetros de desempenho animal e, estes


não diferiram (P>0,05) entre si. Assim, como os denominadores foram distintos no
cálculo (observado/predito), foram evidenciadas diferenças (P<0,05) entre os
tratamentos.
Quando se utilizou o método de substituição proposto por Zinn; Owens e Ware
(2002), para estimar o teor de EM da polpa de citros úmida despectinada (EMPCUD), foi
observado que este co-produto apresentou 2,95 Mcal/kg, quando comparado à energia
metabolizável do alimento padrão (EMPCP). É interessante ressaltar que, para esse
cálculo, utilizou-se o valor de 2,79 Mcal/kg para a EMPCP, valor este estimado com base
no teor de NDT (77,3%) para este co-produto com base na projeção do NRC (2001),
mediante o uso das análises químico-bromatológicas. Embora não tenha sido
observada diferença (P>0,05) para o GPD e CMS nos tratamentos, numericamente, a
ração PCUD proporcionou valores superiores à ração PCP para estes dois parâmetros.
Esta diferença, por sua vez, foi capaz de proporcionar maior valor de EM para a PCUD
quando avaliada individualmente. Por fim, ao realizar-se a conversão do valor de EM
para NDT, foi encontrado o valor de NDT para a PCUD de 81,7%.
A substituição do teor energético no programa de formulação, para o valor real
encontrado para a PCUD, ainda gerou GPD predito inferior ao observado no
experimento, considerando o CMS efetivamente observado no presente estudo. Isso
ocorreu uma vez que, provavelmente, o teor de NDT usado para a PCP (77,3%) da
ração também deve ter sido subestimado.
Curiosamente, o teor energético, para os ingredientes concentrados energéticos
avaliados, necessário para justificar o GPD observado experimentalmente, é
semelhante ao teor de DVIVMS observado para a PCP nesse estudo (95,3%). Este
valor é muito próximo do teor de NDT (93,7%) para a PCP, dito como necessário por
Pereira (2005), ao avaliar a substituição de milho moído fino por doses crescentes de
PCP (0, 50, 75 e 100%) em rações com alto teor de concentrado (70%). Este autor
também utilizou a equação de substituição proposta por Zinn; Owens e Ware (2002)
para estimativa deste parâmetro.
Schmidt (2006) adotou o teor de DVIVMS da silagem de cana-de-açúcar das
rações como sendo o valor de NDT, uma vez que esta variável não foi calculada,
83

embora os valores observados para GPD preditos pelo programa de formulação (NRC,
1996), tenham sido inferiores aos observados a campo. Naquele estudo, o CMS foi
superestimado pelo programa. Ribeiro (2007) também adotou o teor de NDT para
silagem de cana-de-açúcar como sendo o valor observado para DVIVMS para aquele
ingrediente, embora, no experimento, tanto o CMS como o GPD preditos pelo programa
de formulação (NRC, 1996) tenham sido compatíveis com os valores observados a
campo.
Foram encontradas diferenças (P<0,05) para as interações de tratamento vs.
raça, apenas para as variáveis CMS de FDN e de FDA. Assim, as mesmas foram
desdobradas na Tabela 9.

Tabela 9 – Consumo voluntário de fibra em detergente neutro e de fibra em detergente


ácido pelos animais
PCUD1 PCP EPM Média***
2
Consumo de FDN (kg MS/dia)**
Nelore 3,04Ba 2,59Bb 0,17 2,82A
Canchim 4,11Aa 3,18Ab 0,17 3,65B
Media** 3,57a 2,89b
Consumo de FDA (kg MS/dia)**
Nelore 2,28Ba 1,80Bb 0,12 2,04B
Canchim 3,06Aa 2,20Ab 0,12 2,63A
Media** 2,67a 2,00b
1
PCUD - Ração contendo polpa de citros úmida despectinada; PCP – ração sem a adição de polpa de
citros úmida despectinada; EPM – erro padrão da média;
2
FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; Médias seguidas de letras
diferentes, maiúscula na coluna ou minúscula na linha, diferem entre si estatisticamente pelo Teste t de
Student; ** - significativo (P<0,05); *** - significativo (P<0,01).

O maior (P<0,01) consumo de FDN e de FDA observado, nas colunas da Tabela


9, para os animais de raça Canchim, pode ser facilmente elucidado pelo maior (P<0,01)
CMS observado para esta raça, uma vez que para o cálculo do consumo de entidades
bromatológicas leva-se em consideração o CMS e o teor de cada nutriente presente no
alimento. Restle et al. (2000) avaliaram o desempenho de diferentes grupos genéticos e
observaram que os animais inteiros oriundos do cruzamento Nelore x Charolês, foram
84

mais eficientes que os animais castrados oriundos do mesmo cruzamento e, que os


animais puros, sejam da raça Nelore ou Charolês. Para o CMS, os animais cruzados (½
Charolês x Nelore e ½ Nelore x Charolês) não apresentaram diferença, entretanto,
quando comparados aos animais puros da raça Nelore, consumiram maiores (P<0,05)
quantidades de MS.
Na Tabela 9, observa-se maior consumo de FDN e de FDA (P<0,05) para a
ração PCUD. Como comentado no item 2.3.1.1, os teores de FDN e de FDA deste
tratamento já eram maiores (P<0,01) na ração fornecida aos animais e, como a média
da proporção de fibra das sobras não foi alterada pelo consumo voluntário efetuado
pelos animais, a ingestão diária desta entidade bromatológica acompanhou a proporção
de fibra fornecida nas rações. Assim, o maior CMS de FDN e de FDA na ração PCUD e,
a ausência de diferença no GPD dos animais para os tratamentos (Tabela 8), ratificam
a hipótese de que a composição de FDN dessa ração deve ter sido diferenciada da
fração FDN da ração PCP.
Mesmo sob maior teor de FDN nas rações contendo PCUD (Tabela 7), o CMS
ainda foi equiparado às rações contendo PCP (Tabela 8), sugerindo a diferenciação na
composição de FDN. Apesar disso, os valores de digestibilidade de FDN, apresentadas
na Tabela 7, sugerem FDNDIg semelhante para as rações PCUD e PCP. Nesse caso,
possivelmente, diferenças físicas da PCUD, decorrentes do tratamento imposto em seu
processamento, poderiam explicar alterações na análise de trânsito e digestão desse
ingrediente.
Outro aspecto que pode elucidar parcialmente essa discussão é a relação kg de
CMS de FDN por kg de PV. Resende et al. (2001) observaram, na avaliação de
novilhos em confinamento alimentados com níveis crescentes de concentrado na ração,
que os coeficientes de digestibilidade da MS e da MO das rações, avaliados in vivo,
foram maximizados quando o nível de ingestão de FDN pelos animais foi de 1,09 a
1,15% PV. No presente estudo, realizou-se o cálculo desta relação de acordo com a
Tabela 8, e observou-se valores de 0,64 e 0,70% do PV, para as rações PCP e PCUD
respectivamente. Nota-se que o valor mais próximo do proposto por Resende et al.
(2001) foi o da ração contendo PCUD. Isso corrobora a hipótese da possível alteração
no trânsito das rações pelo trato digestivo dos animais.
85

Na Tabela 10, podem ser observadas as equações de regressão para as


variáveis avaliadas que apresentaram efeito significativo (P<0,05) para a interação T x
P (tratamento vs. período).

Tabela 10 – Equações de regressão das variáveis químico-bromatológicas em função


do período para os tratamentos experimentais
1
Variáveis Tratamentos2 Equações de regressão3
PCUD Y = 1,4688 - 0,4850*PER + 0,1313*PER2
CMS PB, kg/dia
PCP Y = 0,8238 + 0,1506*PER
PCUD Y = 27,9687 + 10,0075*PER – 2,0088*PER2
MS nas rações, %
PCP Y = 71,6040 + 3,6659*PER
PCUD Y = 32,3825 + 0,7881*PER
FDA das rações, % MS
PCP Y = 25,0250
PCUD Y = 20,1237 – 8,0794*PER + 2,0969*PER2
PB das rações, % MS
PCP Y = 13,4376 – 0,5950*PER + 0,2287*PER2
PCUD Y = 36,19 + 21,2088*PER – 5,1938*PER2
FDN das sobras, % MS
PCP Y = 35,7739 – 0,4672*PER
PCUD Y = 22,6613 + 22,1750*PER – 5,4437*PER2
FDA das sobras, % MS
PCP Y = 25,9885 + 4,5594 * PER – 0,4944*PER2
PCUD Y = 7,8627
CINZAS sobras, % MS
PCP Y = 18,19 – 9,9819*PER + 2,8094*PER2
1
CMS PB – consumo de proteína bruta; MS – teores de matéria seca; FDA – fibra em detergente ácido;
PB – proteína bruta; FDN – fibra em detergente neutro;
2
PCUD – ração contendo polpa de citros úmida despectinada; PCP – ração sem a adição de polpa de
citros úmida despectinada;
3
PER – período.

Na Figura 7 podem ser observadas as interações significativas (P<0,05) das


variáveis químico-bromatológicas dos tratamentos ao longo dos períodos
experimentais, correspondentes à Tabela 10.
86

1,7 Consumo de PB MS nas rações


90
kg de PB

% de MS
1,2 70

50

0,7 30
1 2 3 1 2 3
Períodos Períodos
PCUD estimado PCP estimado PCUD estimado PCP estimado
PCUD observado PCP observado PCUD observado PCP observado

FDA das rações 18


PB das rações
40
16
% da MS

35
% da MS

30 14

25 12
20 10
1 2 3 1 2 3

Períodos Períodos
PCUD estimado PCP estimado PCUD estimado PCP estimado
PCP observado PCP observado PCUD observado PCP observado

80
FDN das sobras
% da MS

60

40

20
1 2 3

Períodos
PCUD estimado PCP estimado
PCUD observado PCP observado
87

Cinzas das sobras


14

% da MS
9

4
1 2 3

Períodos
PCUD estimado PCP estimado
PCUD observado PCP observado

Figura 7 – Comportamento das variáveis químico-bromatológicas dos tratamentos ao


longo dos períodos experimentais

O efeito crescente do teor de matéria seca observado para as duas rações


(Figura 7) pode estar associado ao teor de matéria seca do BIN utilizado, pois este
ingrediente apresentou alterações em seu teor de matéria seca em decorrência do
período de utilização, uma vez que uma carga deste ingrediente demorava em média
30 dias para ser consumida. O mesmo também pode ter ocorrido com polpa de citros
úmida despectinada. Os efeitos observados para o conteúdo fibroso e protéico das
rações estiveram relacionados tanto com a polpa cítrica peletizada como com a polpa
de citros úmida despectinada, uma vez que estes co-produtos foram oriundos de
variedades diferentes de citros, já que várias partidas foram recepcionadas ao longo de
todos os períodos experimentais. Ezequiel (2001) alertou que diferentes variedades e
tipos de processamento podem alterar a composição químico-bromatológica de co-
produtos da indústria citrícola.
Na Tabela 11 podem ser observadas as equações de regressão para as
variáveis avaliadas que apresentaram efeito significativo (P<0,05) ao longo dos
períodos experimentais (P). Na Figura 8, são apresentadas as representações gráficas
do comportamento das interações significativas (P<0,05) das variáveis químico-
bromatológicas e de desempenho dos animais ao longo dos períodos experimentais,
correspondentes à Tabela 11. Na Figura 8, as linhas representam a linha de tendência
dos dados estimados pelas equações e os pontos, os dados observados representados
por cada tratamento e raça utilizados no ensaio 1.
88

As observações realizadas para concentração de energia líquida e metabolizável


e as respectivas relações (observado/predito) também aumentaram (P<0,05) ao longo
dos períodos experimentais. Isso pode ser explicado pelo GPD e CMS, uma vez que
estes dois parâmetros são levados em consideração nos cálculos propostos por Zinn e
Shen (1998).

Tabela 11 – Equações de regressão dos parâmetros de desempenho e químico-


bromatológicos em função dos períodos experimentais
Variáveis1 Equações de regressão2
Hemicelulose das rações, % MS Y = 16,7644 – 6,4072*PER + 1,5584*PER2
DVIVMS, % Y = 85,63 – 1,3769*PER + 0,5594*PER2
DVIVMO, % Y = 87,0169 – 2,4688*PER + 0,83*PER2
Cinzas das rações, % MS Y = 10,3812 – 2,6366*PER + 0,5416*PER2
Matéria seca das sobras, % Y = 58,3431 – 4,1859*PER + 1,3891*PER2
CMS, kg/dia Y = 6,7062 + 1,3891*PER – 0,2984*PER2
CMS de FDA, kg/dia Y = 1,8294 + 0,4794*PER
Ganho de peso diário, kg/dia Y = 0,8992 + 0,1181*PER
ELm observada, Mcal/kg MS Y = 1,8371 + 0,0725*PER + 0,03963*PER2
ELg observada, Mcal/kg MS Y = 1,1986 + 0,06250*PER + 0,03572*PER2
EM observada, Mcal/kg MS Y = 2,7844 + 0,07656*PER + 0,04344*PER2
ELm observada/predita Y = 1,0811 + 0,03844*PER + 0,02348*PER2
ELg observada/predita Y = 1,2802 + 0,06437*PER + 0,03702*PER2
EM observada/predita Y = 1,1618 + 0,03594*PER + 0,01921*PER2
1
DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca; DVIVMO – digestibilidade verdadeira in
vitro da matéria orgânica; CMS – consumo de matéria seca; FDA – fibra em detergente ácido; ELm –
energia líquida de manutenção; ELg – energia líquida de ganho; EM – energia metabolizável;
2
PER – período.

As alterações (P<0,05) observadas na Figura 8 para os teores de hemicelulose,


DVIVMS e DVIVMO das rações e, CMS de FDN e CMS de FDA, podem estar
relacionadas à variabilidade presente na constituição químico-bromatológica dos co-
produtos utilizados (polpa cítrica peletizada e polpa de citros úmida despectinada).
A partir do segundo período experimental, houve redução (P<0,05) da
participação de cinzas na ração. Isso é um indicativo da melhora da qualidade do BIN
utilizado a partir do segundo período experimental (Figura 8), uma vez que este
89

ingrediente é um importante veículo desta entidade bromatológica na ração e, a


primeira partida deste ingrediente era considerada atípica, como comentado no item
2.3.1.1. Este evento também pode estar associado ao aumento (P<0,05) no GPD ao
longo dos períodos experimentais, que por sua vez foi acompanhado pelo aumento
(P<0,05) do CMS das rações.

MS das sobras
78
68

% da MS
58
48
38
28
18
8
1 2 3

Períodos

MS das sobras estimado MS das sobras observado

DVIVMS e DVIVMO das rações CMS de FDA


88 4
87 3
kg de MS
% da MS

86
2
85
84 1
83 0
1 2 3 1 2 3
Períodos
Períodos
DVIVMS das rações estimado DVIVMS das rações observado CMS FDA estimado CMS FDA observado
DVIVMO das rações estimado DVIVMO das rações observado

Ganho de peso diário Consumo de matéria seca


2 10
1,5 9
kg PV/dia

kg / dia

8
1
7
0,5
6
0 5
1 2 3 1 2 3
Períodos Períodos

GPD estimado GPD observado CMS estimado CMS observado


90

Energia líquida e metabolizável Energia líquida e metabolizável das


observada nas rações 2 rações (observado/predito)

Mcal/kg de MS
4
Mcal/kg de MS

3
1,5
2
1
0 1
1 2 3 1 2 3
Períodos Períodos
ELm estimado ELm observado ELm estimado ELm observado
ELg estimado ELg observado ELg estimado ELg observado
EM estimado EM observado EM estimado EM observado

Cinzas das rações


10
9
% da MS

8
7
6
5
1 2 3

Períodos

Cinzas fornecido estimado Cinzas fornecido observado

Figura 8 – Comportamento das variáveis de desempenho e químico-bromatológicas ao


longo dos períodos experimentais

2.3.1.3 Espessura de gordura (EGS) e área de olho de lombo (AOL)

O uso de técnicas auxiliares para predizer ou avaliar o momento mais próximo do


ideal para o abate de animais são alternativas que podem auxiliar no processo
produtivo. Desta forma, avaliação da carcaça de animais em fase de terminação, com o
auxílio de um instrumento que possa trazer acurácia nos dados fornecidos, como o
ultra-som, pode torna-se interessante (SILVA et al., 2003). Dentre as medidas mais
comuns, tem-se a espessura de gordura subcutânea (EGS), representada pela
quantidade de gordura subcutânea depositada sobre o músculo Longissimus dorsi e a
área de olho de lombo (AOL), medida no mesmo músculo, e correlacionada com
rendimento de cortes e musculosidade (SILVA, 2002).
91

No ambiente de pesquisa, esta alternativa torna-se ainda mais interessante,


principalmente quando fontes de ingredientes energéticos estão sendo testadas, pois o
manejo alimentar pode ser utilizado como ferramenta para alterar a composição da
carcaça, de acordo com os objetivos propostos. Assim, rações com diferentes
concentrados energéticos podem estar estimulando maior ou menor deposição de
gordura na carcaça dos animais (BLOCK et al., 2001).
Na Tabela 12 pode ser observada a estatística descritiva para as variáveis EGS
e AOL para os tratamentos e raças.

Tabela 12 – Espessura de gordura subcutânea (EGS) e área de olho de lombo (AOL)


nos animais avaliados
Médias1 Efeitos2 Interação
Variáveis
PCP PCUD NEL CAN EPM R T TxR
EGS (mm) 3,65 3,54 3,73 3,51 0,2 ns ns ns
AOL (cm2) 91,29 88,34 90,12 89,51 1,9 ns ns ns
1
PCUD - Ração contendo polpa de citros úmida despectinada; PCP – ração sem a adição de polpa de
citros úmida despectinada; NEL – animais da raça Nelore; CAN – animais da raça Canchim; EPM – erro
padrão da média;
2
R – raça; T – tratamento; ns – não significativo.

Os valores obtidos para EGS compreendidos entre 3,51 e 3,73 mm para os


animais de raça Canchim e Nelore, respectivamente (Tabela 12), são superiores ao
exigido pelos frigoríficos nacionais. Prado et al. (2000) encontraram dados semelhantes
ao do presente estudo, quando avaliaram bovinos inteiros (Nelore x Angus), em que a
EGS foi de 3,74; 3,36; 3,67; e 2,70 mm e, a AOL foi de 81,6; 84,4; 84,3 e 78,8 cm2 para
os tratamentos 40, 60, 80 e 100% de substituição do farelo de milho por PCP no
concentrado das rações, respectivamente, no entanto, sem diferença significativa entre
os tratamentos. Semelhante foi encontrado por Henrique et al. (1998), onde observaram
EGS variando de 3,0 a 4,4 mm para tourinhos Santa Gertrudis alimentados com
diferentes níveis de concentrado na ração.
Menezes et al. (2005) avaliaram características da carcaça de tourinhos Nelore e
Charolês alimentados com doses crescentes de concentrado na ração (35, 50 e 65%) e
observaram que a raça Nelore é mais precoce quanto à deposição de gordura
92

subcutânea (3,3 e 4 mm de EGS para Charolês e Nelore, respectivamente). No entanto,


no presente estudo não foi observada diferença (P>0,05) na espessura de gordura
subcutânea para os animais de raça Nelore e Canchim.
Pereira et al. (2007) avaliaram a substituição de milho moído da ração por PCP,
em tourinhos Canchim confinados e observaram EGS de 3,89; 4,15; 4,15 e 4,16 mm
para os níveis de substituição de 0, 50, 75 e 100%, respectivamente, e não
evidenciaram diferença na EGS para os tratamentos. No entanto, Henrique et al. (2004)
avaliaram o desempenho de tourinhos Santa Gertrudis confinados e observaram que,
conforme o teor de PCP aumentou na participação da MS da ração (0, 25, 40 e 55%) os
valores de EGS diminuíram (7,0; 6,0; 5,28 e 4,71 mm, respectivamente). Estes autores
realçaram o fato de que a ração contendo 55% de PCP na MS apresentou, em média,
teor de NDT 5% inferior àquela sem a inclusão do co-produto, justificando parcialmente
a menor EGS observada nesse tratamento. Outra hipótese levantada por estes autores
seria a possibilidade da PCP ter afetado de alguma forma as vias de deposição de
gordura no tecido subcutâneo e a tenha redirecionado para outros tecidos.
Andersen e Ingvartsen (1984) observaram redução da deposição de gordura na
carcaça de tourinhos de 22,35% para 10,26% e, em animais castrados de 29,5% para
19,5 %, quando a oferta de energia foi restringida em 30%, indicando que a deposição
de gordura na carcaça de ruminantes pode se pronunciar quando o teor energético das
rações é diferente. No presente estudo, não foi observada diferença (P>0,05) para EGS
e AOL entre as duas rações. Este resultado pode ser considerado como mais um
indicativo da semelhança do teor energético dos dois co-produtos avaliados.

2.3.1.4 Comportamento Ingestivo

Na Tabela 13 estão apresentadas as variáveis de comportamento ingestivo de


bovinos de corte alimentados ou não com polpa de citros úmida despectinada.
Entre as duas raças presentes no estudo não foram observadas diferenças
(P>0,05) no tempo de ruminação (Tabela 13). As diferenças manifestaram-se quando
se avaliou o tempo destinado para ingestão de alimento e mastigação, uma vez que as
93

duas raças apresentaram CMS diferentes. Embora os animais de raça Nelore tenham
consumido menor (P<0,01) quantidade de MS (Tabela 8), os mesmos apresentaram
maior tempo de ingestão (P<0,05), e mais tempo dispensado por kg de MS (P<0,01), e
por kg de FDN (P<0,01) que os animais da raça Canchim. Isso é um indicativo que os
animais de raça Nelore apresentaram ingestão de MS mais lenta que os da raça
Canchim. Assim, estes animais despenderam maior tempo para o processamento do
alimento, o que foi constatado pelo maior (P<0,05) tempo de mastigação por kg MS e
mastigação por kg FDN (P<0,01). A menor massa corporal destes animais e, por
conseqüência, a menor capacidade de ingestão podem ter influenciado nos resultados
obtidos. Apesar disso, Schmidt (2006) não observou diferenças no comportamento
ingestivo de animais Nelore e Canchim, quando alimentados com rações contendo em
média 45% de silagem de cana-de-açúcar, 32% de polpa cítrica peletizada e 20% farelo
de glúten de milho, com exceção do tempo de ingestão de água, que foi maior para os
animais da raça Canchim (18,4 vs. 10,4 min/dia).
Mesmo o efeito de raça não tendo sido pronunciado no estudo realizado por
Schmidt (2006), as médias encontradas por este autor para tempo de ingestão por kg
de MS e FDN (24 e 52 min/dia, respectivamente), ruminação por kg de MS e FDN (62 e
133 min/dia, respectivamente) e mastigação por kg de MS e FDN (87 e 185 min/dia,
respectivamente), mantiveram a relação MS/FDN das variáveis em cerca de 0,47,
semelhante à encontrada no presente estudo (ao redor de 0,42). Isso mostra a
importância da fonte de FDN utilizada na ração, já que cerca de 2 a 2,5 vezes do tempo
gasto para o consumo, ruminação e mastigação por unidade de MS, são gastos com
estas mesmas variáveis por unidade de FDN.
94

Tabela 13 – Comportamento ingestivo de bovinos de corte alimentados com rações


contendo ou não polpa de citros úmida despectinada
1 Médias2 Efeitos3 Interação
Variáveis
PCP PCUD NEL CAN EPM R T TxR
Ruminação, min/dia 187 163 164 187 16,7 ns ns ns
min/kg FDN 66 46 59 53 5,1 ns ** ns
min/kg MS 24 20 23 21 2,2 ns ns ns
Ingestão, min/dia 168 180 193 154 9,0 ** ns ns
min/kg FDN 60 53 69 44 3,2 *** ns ns
min/kg MS 21 23 27 17 1,3 *** ns ns
Mastigação, min/dia 355 343 357 341 19,6 ns ns ns
min/kg FDN 125 99 128 97 6,6 *** ** ns
min/kg MS 45 43 50 38 2,8 ** ns ns
Ingestão de água, min/dia 22 26 24 24 2,7 ns ns ns
Ócio, min/dia 1061 1070 1057 1073 19,5 ns ns ns
1
FDN – fibra em detergente neutro; MS – matéria seca;
2
PCUD - Ração contendo polpa de citros úmida despectinada; PCP – ração sem a adição de polpa de
citros úmida despectinada; NEL – animais da raça Nelore; CAN – animais da raça Canchim; EPM – erro
padrão da média;
3
R – raça; T – tratamento; ** - significativo (P<0,05); *** - significativo (P<0,01); ns – não significativo.

Não foi observada diferença (P>0,05) para o tempo de ingestão de água (Tabela
13), mesmo considerando que as rações apresentaram teores de MS diferentes (79 vs.
38,6% para a ração PCP e PCUD, respectivamente, Tabela 7). O tempo despendido
para esta atividade no presente estudo foi semelhante ao encontrado por Loures et al.
(2005), 17 minutos, quando avaliaram o comportamento ingestivo de bovinos Nelore,
alimentados com ração contendo teor de MS de aproximadamente 55%. Resultado
semelhante também foi encontrado por Schmidt (2006), embora este autor tenha
observado diferença entre as raças Nelore e Canchim (10,4 vs. 18,4 minutos,
respectivamente) para essa variável, sendo o mesmo não observado no presente
estudo.
A única diferença entre os tratamentos, quanto ao comportamento ingestivo dos
animais, foi observada quando se considerou a quantidade de FDN consumida pelos
animais. Na Tabela 13, observa-se que a ração PCP proporcionou tempo maior
(P<0,05) de ruminação e de mastigação por kg de FDN que a ração PCUD, mesmo
considerando que a última continha maior (P<0,01) teor de FDN (36,1 vs. 45,3%). Isso
95

é um forte indício da baixa efetividade física da fibra presente na polpa de citros úmida
despectinada, já que esta foi a responsável pelo acréscimo do teor de FDN da ração
PCUD e, ainda assim os animais despenderam de menor tempo de ruminação e
mastigação por unidade desta entidade bromatológica.

3.2 Ensaio 2

2.3.2.1 Composição químico-bromatológica da PCUD e das rações experimentais

A composição químico-bromatológica dos ingredientes das rações pode ser


observada na Tabela 14.
As silagens de polpa de citros úmida despectinada apresentaram variáveis
bromatológicas semelhantes às encontradas na polpa de citros úmida despectinada in
natura do ensaio 1 (item 2.3.1.1 – Tabela 6). Assim, iniciam-se as evidências que
conferem a este co-produto características positivas quanto à capacidade de
armazenamento na forma de silagem. A fonte de PCP utilizada apresentou composição
química padrão e típica para esse ingrediente (HALL et al., 1997; HALL, 2002). Quanto
ao BIN, observou-se teor de cinzas inferior ao observado no ensaio 1 e, como as
demais entidades bromatológicas deste ingrediente permaneceram semelhantes, o teor
de NDT mostrou-se mais elevado neste ensaio (37,3 vs. 34,9%, para o primeiro e
segundo ensaio, respectivamente).
Para o concentrado protéico (farelo de algodão) observou-se teor energético
aquém do comumente encontrado para este ingrediente na literatura (NRC, 1996; NRC,
2001). O NDT calculado para este ingrediente no presente estudo foi de 54,3%,
enquanto que Vilela et al. (2003) observaram teor próximo de 64%, ao avaliar o teor
energético dos ingredientes da ração utilizando a mesma metodologia do presente
estudo. Apesar disso, ambos os valores ainda são inferiores ao proposto pelo NRC
(1996), de 75%. Uma possível explicação para este fato pode estar relacionada com o
teor de FDN utilizado para o cálculo da variável NDT, pois enquanto o NRC (1996)
96

assume teor de 28,9%, no presente estudo foi encontrado o valor de 53,1% e, Vilela et
al. (2003) usaram teor de aproximadamente 33% para FDN e 34% para PB. Assim,
quanto maior for o conteúdo PB, cinzas e principalmente de FDN do ingrediente, menor
será o valor energético respectivo atribuído à esse ingrediente.

Tabela 14 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes das rações


Ingredientes2
Entidades bromatológicas1
PCUD PCUD-BNa PCP EPM BIN FA
Matéria seca, % *** 14,3b 13,9c 88,6a 0,02 58,6 88,1
Fibra em detergente neutro, % MS *** 66,4a 67,5a 21,6b 0,89 87,8 53,1
Fibra em detergente ácido, % MS *** 59,3a 59,5a 16,5b 0,75 57,4 28,4
Hemicelulose, % MS *** 7,1b 8,0a 5,1c 0,27 30,4 24,7
FSDN, % MS *** 20,0b 21,2b 32,8a 0,97 - -
b b a
Proteína Bruta, % MS *** 6,4 6,3 7,6 0,15 3,1 40
b c a
DVIVMS, % *** 86,8 81,0 96,1 0,81 32,3 70
b c
DVIVMO, % *** 87,5 81,7 96,9a 0,80 32,6 69,4
FDNDIg, % *** 80,1a 71,9b 82,3a 1,33 22,8 43,5
Cinzas, % MS *** 1,1b 0,75c 7,0a 0,06 5,4 5,5
Nutrientes Digestíveis Totais3, % *** 68,4b 68,3b 76,7a 0,39 37,3 54,3
Carboidratos solúveis, % MS ns 10,3 11,3 - 0,89 - -
ns
Ácido acético, % MS 10,2 10,8 - 0,20 - -
ns
Ácido propiônico, % MS 0,36 0,36 - 0,01 - -
ns
Ácido butírico, % MS 0,05 0,04 - 0,01 - -
ns
Ácido lático, % MS 1,72 1,32 - 0,17 - -
1
FSDN – fibra solúvel em detergente neutro; DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria
seca; DVIVMO – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria orgânica; FDNDIg – digestibilidade da fibra
em detergente neutro;
2
PCUD – silagem de polpa de citros úmida despectinada; PCUD-BNa – silagem de polpa de citros úmida
despectinada aditivada com benzoato de sódio; PCP – polpa cítrica peletizada; BIN – bagaço de cana-
de-açúcar in natura; FA – farelo de algodão; EPM – erro padrão da média; Minúsculas na linha diferem
entre si pelo teste de Tukey; *** significativo (P<0,01); ns – não significativo;
3
Calculado segundo a metodologia do NRC (2001).

Rivas et al. (1991) encontraram teores de ácido acético, propiônico e butírico


semelhantes aos do presente estudo, de 12,06; 0,56 e 0,13% na MS, respectivamente,
para a silagem controle de polpa de laranja contendo 22,5% de MS, embora o teor de
ácido lático observado fora de 13,8%. Os autores observaram que os teores de AGCC
97

e de ácido lático foram crescentes, conforme o tempo de armazenamento da polpa de


citros, o que não ocorreu com a polpa de citros úmida despectinada.
A silagem de polpa de citros úmida despectinada sem aditivo (PCUD) e a
aditivada com benzoato de sódio (PCUD-BNa), não apresentaram diferenças (P>0,05)
nos teores de carboidratos solúveis (CHO’S), AGCC (acético, propiônico e butírico) e
ácido lático (Tabela 14).
É interessante ressaltar que o benzoato de sódio foi aplicado apenas na
superfície do material ensilado e, as amostras foram coletadas em diversos pontos do
centro dos painéis das silagens. Desta forma, o controle da deterioração pode não ter
influenciado necessariamente o centro da massa do co-produto ensilado.
Os teores de NDT das silagens não diferiram (P>0,05) entre si (68,4 e 68,3%,
para a PCUD e PCUD-BNa, respectivamente). Contudo, quando comparados com o
NDT da PCP, os mesmos foram inferiores (P<0,01), como pode ser observado na
Tabela 14. Analisando este parâmetro isoladamente, poder-se-ia predizer desempenho
inferior para os animais que receberam as rações PCUD ensilada, no entanto, esta
hipótese não se consolidou.
As silagens de PCUD apresentaram teores inferiores (P<0,05) de FSDN em
relação à PCP (Tabela 14). No entanto, cerca de 65% da FSDN (pectina e β-glucanas)
ainda estiveram presentes no co-produto. Esta grande quantidade residual desta
entidade bromatológica, pode ter auxiliado na obtenção dos bons resultados de
desempenho observados para PCUD quando comparado à PCP.
Na Tabela 15 pode ser observada a estatística descritiva da composição
químico-bromatológica das rações experimentais oferecidas e das sobras. Pode-se
observar que o mesmo padrão dos componentes químico-bromatológicos encontrados
nesta tabela também foram evidenciados no ensaio 1 (PCUD in natura – Tabela 7).
O teor de MS foi superior (P<0,01) para a ração contendo PCP (Tabela 15) uma
vez que esta ração não apresentara em sua composição o co-produto úmido. Teores
superiores de FDN, FDA (P<0,01) e HEM (P<0,05) foram observados para as rações
PCUD e PCUD-BNa (Tabela 15), uma vez que estas rações foram acrescidas desse co-
produto fibroso com teor de FDN, FDA e HEM superior ao da PCP, que foi substituída
parcialmente nas referidas rações.
98

Tabela 15 - Estatística descritiva da composição químico-bromatológica das rações


experimentais e das sobras
1 Médias2 Efeitos3 Interação
Variáveis EPM
PCP PCUD-BNa PCUD T P T*P
Fornecido
MS, % 80,1a 36,4b 37,3b 0,58 *** ** ns
b a a
FDN, % MS 38,9 47,9 47,2 0,60 *** *** ***
b a a
FDA, % MS 24,4 34,5 33,9 0,37 *** ** ns
a b b
HEM, % MS 14,5 13,5 13,3 0,30 ** *** ns
PB, % MS 14,4 14,7 14,7 0,38 ns *** ns
a b b
DVIVMS, % 87,0 84,2 84,6 0,37 *** ns ns
a b b
DVIVMO, % 87,5 84,7 85,4 0,38 *** ns **
FDNDIg, % 66,5 66,9 67,3 0,93 ns ns ns
a b b
Cinzas, % MS 8,3 7,2 7,4 0,07 *** *** ns
Sobras
MS, % 79,7a 36,9b 35,7b 1,57 *** *** ns
b a a
FDN, % MS 37,6 50,3 52,2 1,45 *** ** ns
b a a
FDA, % MS 24,4 37,8 39,6 1,16 *** ns ns
HEM, % MS 13,2 12,5 12,6 0,40 ns ** ns
PB, % MS 16,4 14,4 14,4 1,07 ns ns ns
a b ab
Cinzas, % MS 9,9 7,2 7,6 0,62 ** *** ***
1
MS – matéria seca; FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; HEM –
hemicelulose; PB – proteína bruta; DVIVMS – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca; DVIVMO
– digestibilidade verdadeira in vitro da matéria orgânica; FDNDIg – digestibilidade da fibra em detergente
neutro;
2
PCP – ração sem a adição de silagem de polpa de citros úmida despectinada; PCUD-BNa – ração
contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada com benzoato de sódio; PCUD – ração
contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada; EPM – erro padrão da média; Minúsculas na
linha diferem entre si pelo teste de Tukey; ** - significativo (P<0,05); *** - significativo (P<0,01); ns – não
significativo
3
T – tratamento; P – período;

A DVIVMS e DVIVMO foram superiores (P<0,01) para a ração que continha PCP
(Tabela 15). Este aumento, de aproximadamente 3,5 unidades percentuais, na
digestibilidade da ração PCP pode ser atribuído como característica negativa para as
rações PCUD e PCUD-BNa. Por outro lado, as rações contendo as silagens de PCUD
apresentaram diferencial, relacionado à presença dos AGCC e ácido lático (mais de
10% da MS), que por sua vez, não incrementam a digestibilidade da ração e, no
entanto, são utilizados no metabolismo energético dos ruminantes. Assim, a menor
digestibilidade destas rações pode ter sido compensada pela presença destes
99

compostos, ou também pela alteração nas características físico-químicas da fração


FDN, em decorrência do processamento industrial.
Queiroz et al. (2008) compararam diferentes fontes de volumosos na ração de
vacas leiteiras de produção intermediária e não observaram diferença na produção de
leite corrigida para 4% de gordura quando a fonte de volumoso testada foi cana-de-
açúcar in natura e silagem de cana-de-açúcar (22,1 vs. 22,08 kg/dia, respectivamente),
mesmo com teores de CHO’S 36% inferior para a silagem de cana (25 vs. 16%). Um
dos diferenciais entre estes dois alimentos foi justamente a presença de ácido lático
(3,1% da MS) e de etanol (0,45% da MS) observados apenas na silagem de cana-de-
açúcar, compostos estes, precursores energéticos para ruminantes (BLAIN; DURIX;
TRANCHANT, 1992; NUSSIO; SCHMIDT, 2005).

2.3.2.2 Desempenho dos animais

Na Tabela 16 pode ser observada a estatística descritiva das variáveis de


desempenho dos animais.
As rações contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada (PCUD-BNa
e PCUD) proporcionaram maior (P<0,01) CMS de FDN e de FDA. Como os animais
consumiram a mesma quantidade de matéria seca (Tabela 16), o maior consumo de
conteúdo fibroso para estas rações contendo PCUD é justificável, pois originalmente, os
co-produtos úmidos utilizados nestas rações continham maiores teores de FDN e de
FDA (P<0,05) que a PCP (66,4 e 59,3%; 67,5 e 59,5% vs. 21,6 e 16,5% para FDN e
FDA da PCUD, PCUD-BNa e PCP, respectivamente).
A energia líquida de manutenção e ganho, assim como a energia metabolizável
das rações, não foram diferentes (P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 16). No
entanto, a relação entre a energia observada/predita mostrou-se significativa (P<0,05).
Isso ocorreu porque as ELm, ELg e a EM preditas para os tratamentos PCUD e PCUD-
BNa foram inferiores às preditas para o tratamento PCP. O programa de formulação de
ração (NRC, 1996) usa como base para o cálculo das ELm, ELg e EM apenas o teor de
NDT dos ingredientes da ração e, como o programa foi alimentado com teor de NDT
100

para as silagens de PCUD inferior ao da polpa cítrica peletizada, o teor energético final
simulado ou predito, quando a PCUD foi acrescentada, tendeu a diminuir.

Tabela 16 - Estatística descritiva das variáveis de desempenho dos animais


Médias2 Efeitos3 Interações
Variáveis 1 EPM
PCP PCUD-BNa PCUD T P TxP
PVI, kg 300 304 305 10.48 ns *** ns
PVF, kg 416 427 424 11.72 ns *** ns
GPD, kg/dia 1,3 1,4 1,3 0,06 ns *** ns
CMS, kg/dia 7,8 7,8 7,8 0,32 ns ns ns
CMS, % PV 2,2 2,1 2,1 0,06 ns *** ns
b a a
CMS FDN, kg/dia 3,0 3,7 3,6 0,13 *** *** ns
b a a
CMS FDA, kg/dia 1,9 2,7 2,6 0,09 *** *** ns
CMS HEM, kg/dia 1,1 1,1 1,0 0,04 ns *** ns
CMS PB, kg/dia 1,1 1,1 1,2 0,05 ns *** ns
CMS cinzas, kg/dia 0,6 0,6 0,6 0,02 ns ns ns
CA, kg MS/kg GPD 6,6 5,9 6,0 0,29 ns *** ns
Energia líquida Observada (Mcal/kg)
Manutenção 1,86 1,95 1,91 0,04 ns ns ns
Ganho 1,23 1,30 1,26 0,03 ns ns ns
EM 2,82 2,91 2,86 0,04 ns ns ns
Energia líquida Observada/Predita
Manutenção 1,10b 1,20a 1,17ab 0,02 ** ns ns
b a ab
Ganho 1,31 1,48 1,43 0,04 ** ns ns
b a ab
EM 1,18 1,25 1,23 0,02 ** ns ns
1
PVI – peso vivo inicial; PVF – peso vivo final; GPD – ganho de peso diário; CMS – consumo de matéria
seca; FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; HEM – hemicelulose; PB –
proteína bruta; CA – conversão alimentar; EM – energia metabolizável;
2
PCP – ração sem a adição de silagem de polpa de citros úmida despectinada; PCUD-BNa – ração
contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada aditivada com benzoato de sódio; PCUD –
ração contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada; EPM – erro padrão da média;
3
T – tratamento; P – período; Minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey; ** - significativo
(P<0,05); *** - significativo (P<0,01); ns – não significativo.

O CMS predito foi de 8,85; 8,92 e 8,93 kg MS/dia enquanto que o GPD foi de
0,85, 0,78 e 0,78 kg/dia para os tratamentos PCP, PCUD e PCUD-BNa,
respectivamente. Como podem ser observados, os animais consumiram menos e
apresentaram GPD maior que o predito pelo programa de formulação de ração (Tabela
101

16). O mesmo cenário também foi observado no ensaio 1 de desempenho animal. Isso
indica forte evidência de que o teor energético dos ingredientes das rações tenha sido
subestimado.
Quando se utilizou o método de substituição proposto por Zinn; Owens e Ware
(2002), para estimar o teor de EM das silagens de polpa de citros úmida despectinada
(EMPCUD e EMPCUD-BNa), foi observado que estes co-produtos apresentaram teores de
2,95 e 3,16 Mcal/kg, respectivamente, quando comparado à EMPCP. É interessante
ressaltar que para esse cálculo utilizou-se o teor de 2,77 Mcal/kg para a EMPCP, valor
este estimado com base no teor de NDT (76,75%) para este co-produto com base na
predição realizada pelo NRC (2001) com o uso de análises químico-bromatológicas.
Embora não tenha sido observada diferença (P>0,05) para o GPD nos tratamentos, a
ração contendo silagem de PCUD-BNa proporcionou valor maior que a ração PCP. Esta
diferença, por sua vez, foi capaz de proporcionar EM maior para as silagens de PCUD-
BNa quando avaliadas individualmente. Por fim, ao realizar-se a conversão do teor de
EM para NDT, foram encontrados teores de 81,74 e 87,56% de NDT para a PCUD e
PCUD-BNa, respectivamente.
Quando foi realizada a substituição dos teores energéticos no programa de
formulação para os valores encontrados para a PCUD e PCUD-BNa, mesmo assim, o
GPD predito pelo programa continuou a subestimar o ganho em relação ao observado
no experimento, quando se utiliza o CMS observado no presente estudo. Isso ocorreu,
provavelmente pelo fato do teor de NDT usado para a PCP (76,75%) da ração também
estar sendo subestimado.
O CMS de FDN e de FDA foram maiores (P<0,01) para os tratamentos contendo
silagem de PCUD (Tabela 16), sendo este mesmo fato, também observado no ensaio 1,
nas rações contendo PCUD in natura. Ao realizarmos a relação CMS de FDN por % de
PV, de acordo com os dados da Tabela 16, observamos valores de 0,84, 1,02 e 0,98%
PV, para os tratamentos PCP, PCUD-BNa e PCUD, respectivamente. Observou-se
como no ensaio 1, que os tratamentos contendo PCUD estiveram mais próximos dos
valores sugeridos por Resende et al. (2001), 1,09 a 1,15% PV, ditos como necessários
para que a digestibilidade da MS e MO da ração seja maximizada em bovinos de corte
em confinamento. Assim, tanto no ensaio de desempenho animal 1 como no 2, a
102

hipótese de que a porção fibrosa das rações contendo PCUD sejam diferenciadas
fisicamente, devido ao tratamento industrial imposto na PCUD, e que isso possa ter
proporcionado alterações na análise de trânsito e digestão desse ingrediente, é
ratificada também nesse estudo.
Na Tabela 17 podem ser observadas as equações de regressão para as
variáveis avaliadas que apresentaram efeito significativo (P<0,05) para a interação T x
P (tratamento vs. período). Analogamente, na Figura 9, podem ser observadas as
representações gráficas das interações significativas (P<0,05) das variáveis químico-
bromatológicas analisadas nos tratamentos ao longo dos períodos experimentais,
correspondentes à Tabela 17.

Tabela 17 – Equações de regressão das variáveis químico-bromatológicas analisadas


em função do período para os tratamentos experimentais
Variáveis1 Tratamentos2 Equações de regressão3
PCUD-BNa Y = 47,82
FDN das rações, % MS PCUD Y = 46,98
PCP Y = 50,5750 – 12,8050*PER + 2,99 PER2
PCUD-BNa Y = 84,71
DVIVMO, % PCUD Y = 84,96
PCP Y = 86,5307 – 0,67*PER + 0,2126*PER2
PCUD-BNa Y = 7,23
Cinzas das sobras, % MS PCUD Y = 2,99 + 5,8233*PER – 1,5083*PER2
PCP Y = 12,0994 – 1,1233*PER
1
FDN – fibra em detergente neutro; DVIVMO – digestibilidade verdadeira in vitro da matéria orgânica;
2
PCUD-BNa – ração contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada aditivada com benzoato
de sódio; PCUD – ração contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada; PCP – ração sem a
adição de silagem de polpa de citros úmida despectinada;
3
PER – período.
103

FDN das rações DVIVMO das rações


50
89
45
% da MS

% da MS
40

35
84
1 2 3
1 2 3
Períodos
Períodos
PCUD-BNa estimado PCUD-BNa observado
PCUD estimado PCUD observado PCUD-BNa estimado PCUD-BNa observado
PCP estimado PCP observado PCUD estimado PCUD observado
PCP estimado PCP observado

Cinzas das sobras


12
11
10
% da MS

9
8
7
6
1 2 3
Períodos

PCUD-BNa estimado PCUD-BNa observado


PCUD estimado PCUD observado
PCP estimado PCP observado

Figura 9 – Variáveis de composição químico-bromatológica dos tratamentos ao longo


dos períodos experimentais

As rações contendo silagem de PCUD mostraram-se pouco variáveis ao longo


dos períodos experimentais (Figura 9 e Tabela 17). Isso indica aspectos positivos
quanto ao armazenamento deste co-produto. Ítavo et al. (2000b) observaram
coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca em ovinos alimentados com
silagem de polpa de laranja (ensilada por 70 dias) variando entre 84 e 90%. Estes
valores foram próximos dos observados no presente estudo, embora os co-produtos
tenham passado por processos industriais diferentes. As oscilações observadas no teor
de FDN e na DVIVMO da ração PCP (Figura 9), podem estar associadas a variações na
composição químico-bromatológica da polpa cítrica peletizada, já que os demais
tratamentos não tiveram o mesmo comportamento.
Quanto ao conteúdo de cinzas das sobras, esta variabilidade observada na
Figura 9, esteve diretamente associada à seletividade dos animais após as rações
104

terem sido ofertadas. As rações contendo silagem de PCUD evidenciaram sobras mais
homogêneas, significando que os animais tiveram menor oportunidade de selecionar o
alimento no cocho.
Na Tabela 18 podem ser observadas as equações de regressão para as
variáveis avaliadas que apresentaram efeito significativo (P<0,05) para os períodos
experimentais (P).

Tabela 18 – Equações de regressão das variáveis químico-bromatológicas analisadas e


desempenho dos animais em função dos períodos experimentais
Variáveis1 Equações de regressão2
MS nas rações, % Y = 49,6658 – 1,59*PER + 0,1856*PER2
FDA das rações, % MS Y = 33,5067 – 3,4550*PER + 0,9278*PER2
Hemicelulose das rações, % MS Y = 14,8926 – 0,5694*PER
PB das rações, % MS Y = 20,3278 – 6,0447*PER + 1,3631*PER2
Cinzas das rações, % MS Y = 6,2978 + 1,6356*PER – 0,4172*PER2
MS nas sobras, % Y = 56,0472 – 6,5083*PER + 1,6572*PER2
FDN das sobras, % MS Y = 36,25 + 10,9347*PER – 2,4414*PER2
Hemicelulose das sobras, % MS Y = 8,8694 + 3,8683*PER
Ganho de peso diário, kg/dia Y = 1,7504 – 0,2186*PER
CMS, % PV Y = 2,9656 – 0,6383*PER + 0,09611*PER2
CMS FDN, kg/dia Y = 4,4889 – 1,2686*PER + 0,3231*PER2
CMS FDA, kg/dia Y = 3,0056 – 0,8281*PER + 0,2214*PER2
CMS de hemicelulose, kg/dia Y = 1,4783 – 0,4333*PER + 0,09944*PER2
CMS PB, kg/dia Y = 1,7367 – 0,6836*PER + 0,1619*PER2
Conversão alimentar, kg MS/kg GPD Y = 4,8522 + 0,3386*PER + 0,2928*PER2
1
MS – matéria seca; FDA – fibra em detergente ácido; PB – proteína bruta; FDN – fibra em detergente
neutro; CMS – consumo de matéria seca; % PV – porcentagem do peso vivo;
2
PER – período.

Analogamente, na Figura 10, podem ser observadas as representações gráficas


do comportamento das interações significativas (P<0,05) das variáveis químico-
bromatológicas e de desempenho dos animais ao longo dos períodos experimentais,
correspondentes à Tabela 18.
105

CMS (% peso vivo) Ganho de peso diário


3 2

kg de PV / dia
% do PV

1,5
2
1

1 0,5
1 2 3 1 2 3
Períodos Períodos

CMS % PV estimado CMS % PV observado GPD estimado GPD observado

Conversão alimentar
10
kg de MS / kg de GPD

9
8
7
6
5
1 2 3
Períodos

CA estimada CA observada

Consumo FDN, FDA e HEM


FDN e HEM das sobras
3,5
50
kg de MS / dia

40 2,5
% da MS

30 1,5

20
0,5
10 1 2 3
1 2 3
Períodos
Períodos
FDN das sobras estimado FDN das sobras observado CMS de FDN estimado CMS de FDN observado
HEM das sobras estimado HEM das sobras observado CMS de FDA estimado CMS de FDA observado
CMS de HEM estimado CMS de HEM observado
106

Figura 10 – Variáveis de desempenho dos animais e composição químico-


bromatológica ao longo dos períodos experimentais

Como observado na Figura 10, o CMS %PV decresceu conforme os períodos


avançaram, uma vez que os animais continuaram consumindo a mesma quantidade de
matéria seca (7,8 kg), mesmo aumentando o peso corporal no decorrer dos períodos.
Este fato foi acompanhado pelo decréscimo do GPD, que por sua vez, fez a conversão
alimentar aumentar ao longo do tempo, sendo, portanto, menos eficiente.
Pereira et al. (2007) observaram redução no GPD de tourinhos Canchim,
mantidos sob regime de confinamento, nos últimos períodos experimentais, quando os
animais iniciaram a fase de acabamento de carcaça, que por sua vez, teve início
quando os mesmos apresentaram aproximadamente 400 kg de PV e 3,0 mm de EGS.
Fato semelhante foi verificado no presente estudo, no entanto, esta redução no
GPD foi observada mais precocemente, uma vez que o período experimental terminou
quando os animais alcançaram aproximadamente 420 kg. Uma questão relevante
nesse contexto pode ser atribuída à genética dos animais avaliados. Bianchini et al.
(2007) avaliaram a EGS, por meio de ultra-sonografia, em novilhos superprecoces das
raças Nelore e ½ Angus/Nelore e, observaram que os animais cruzados foram mais
precoces no acabamento de carcaça, embora os da raça Nelore tivessem alcançado
EGS satisfatória (4,84 mm) já no segundo período experimental. Embora no presente
107

estudo parte do mérito genético fosse atribuída à raça Pardo Suíço de corte, raça esta
caracterizada pelo acabamento tardio de carcaça, os mesmos animais também
possuíam genética de animais precoces, como Angus, conforme descrito no item
2.2.4.2. Assim, pode-se atribuir a redução do GPD ao longo dos períodos
experimentais, acompanhada pelo aumento da conversão alimentar (Figura 10),
observados no presente estudo, à fase de acabamento de carcaça caracterizada pela
menor deposição de musculatura e maior deposição de tecido adiposo, justificando a
diminuição da eficiência alimentar observada (BIANCHINI et al., 2007).
As variações observadas no teor de FDA, hemicelulose, PB e cinzas das rações
observadas nos períodos experimentais podem estar relacionadas à variabilidade da
constituição químico-bromatológica dos ingredientes utilizados.

2.3.2.3 Comportamento Ingestivo

Na Tabela 19 pode ser observado o tempo despendido pelos animais, com cada
atividade do comportamento ingestivo avaliada, ao consumirem rações contendo PCUD
ensilada ou não com benzoato de sódio e PCP.
Foi observada diferença (P<0,05) apenas para o tempo gasto com a ruminação e
mastigação por kg de FDN consumido. A mesma diferença também foi detectada no
primeiro ensaio de desempenho. Talvez a hipótese de que a polpa de citros úmida
despectinada disponha de fibra com baixa efetividade física, já comentada no ensaio 1,
possa ser justificável, já que os animais que consumiram as rações PCUD e PCUD-
BNa, mesmo tendo consumido maior (P<0,01) quantidade de FDN (Tabela 16),
despenderam menor tempo de mastigação e de ruminação por kg de FDN consumido
(P<0,05) em relação à ração com PCP.
108

Tabela 19 – Comportamento ingestivo de bovinos de corte alimentados com rações


PCP ou PCUD ensilada com ou sem benzoato de sódio
1 Médias2 Efeito3
Variáveis EPM
PCP PCUD-BNa PCUD T
Ruminação, min/dia 321 282 247 19,26 ns
a b b
min/kg FDN 36 25 23 2,03 ***
min/kg MS 14 12 11 0,87 ns
Ingestão, min/dia 160 201 202 12,16 ns
min/kg FDN 18 18 19 1,18 ns
min/kg MS 7 9 9 0,55 ns
Mastigação, min/dia 481 483 449 19,90 ns
a b b
min/kg FDN 54 44 41 2,18 ***
min/kg MS 21 21 19 0,95 ns
Ingestão de água, min/dia 10 9 13 2,35 ns
Ócio, min/dia 948 948 977 19,94 ns
1
FDN – fibra em detergente neutro; MS – matéria seca;
2
PCP – ração sem a adição de silagem de polpa de citros úmida despectinada; PCUD-BNa - ração
contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada aditivada com benzoato de sódio; PCUD –
ração contendo silagem de polpa de citros úmida despectinada; EPM – erro padrão da média;
3 ***
T – tratamento; Minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey; - significativo (P<0,01); ns –
não significativo.

2.3.2.4 Avaliações no painel das silagens

Na Tabela 20, podem ser observados os dados relativos às variáveis avaliadas


nos painéis do silo controle (silagem de PCUD sem aditivo químico) e do silo contendo
aplicação em superfície de benzoato de sódio. São apresentados os dados relativos à
altura total (cm) dos silos (medida do solo ao topo da massa), a porção (cm) julgada
como deteriorada (porção superficial da massa), a média do pH (observada em dois
pontos do painel), a quantidade de material deteriorado (já corrigido pelo teor de MS) e
as notas relativas ao julgamento do aspecto visual do painel do silos atribuídas para a
porção deteriorada e para a porção considerada apta para o consumo dos animais
(fornecido).
109

Tabela 20 – Variáveis avaliadas nos painéis das silagens de polpa de citros úmida
despectinada
Silo Efeitos3 Interação
1 Fungo Silo 2
Variáveis Benzoato EPM
provável Controle
de sódio T P TxP
Altura total (cm) - 44,94 42,41 0,7 ** *** ***
Deteriorado (cm) - 5,91 5,75 0,13 ns *** ns
Deteriorado (kg MS/dia) - 6,65 6,93 0,24 ns *** ns
pH - 2,85 2,84 0,03 ns *** ***
4
Avaliação visual – Porção fornecida (notas de 0 a 5)
Manchas brancas Geotrichum 0,09 0,15 0,04 ns *** ns
Branco pleno Byssochlamys 0,22 0,3 0,05 ns *** ***
Branco c/ pontos pretos Mucorales 0 0 - - - -
Azulado Penicillium 0,43 0,46 0,06 ns *** ns
Vermelho felpudo Fusarium 0 0 - - - -
Vermelho sangue Monascus 0 0 - - - -
Aspergillus
Cinza/escuro 0,27 0,86 0,07 *** ** ***
fumigatus
Avaliação visual – Porção deteriorada (notas de 0 a 5)4
Manchas brancas Geotrichum 0,96 1,27 0,1 ** *** ***
Branco pleno Byssochlamys 0,52 0,21 0,07 *** *** ***
Branco c/ pontos pretos Mucorales 0 0 - - - -
Azulado Penicillium 1,57 1,1 0,09 *** *** **
Vermelho felpudo Fusarium 0 0 - - - -
Vermelho sangue Monascus 0,07 0,38 0,06 *** ** ns
Aspergillus
Cinza/escuro 3,97 3,83 0,03 *** ** ***
fumigatus
1
kg de MS – quilogramas de matéria seca; pH – potencial hidrogeniônico;
2
EPM – erro padrão da média;
3
T – tratamento; P – período; *** - significativo (P<0,01); ** - significativo (P<0,05);
4
Avaliação visual estabelecida com base em crescimento fúngico, segundo critério desenvolvido pela
Empresa Lallemand (Adaptado de Jouany e Diaz, 2005).

Devido à grande quantidade de dados, uma vez que os mesmos foram aferidos
diariamente nos painéis dos silos em 40 pontos distintos, observou-se diferença
(P<0,05) para a altura total dos silos, mesmo a diferença sendo apenas de
aproximadamente dois centímetros entre os silos.
A camada superficial descartada em centímetros e quilogramas, em cada silo,
não foi diferente (P>0,05), mesmo considerando o tratamento químico com benzoato de
sódio que visava controlar estas perdas (Tabela 20). Na Figura 11, pode ser observada
110

a representação gráfica da altura total e da porção deteriorada da superfície de cada


um dos silos avaliados, aonde se pode observar a semelhança entre os tratamentos e a
deformação da massa ensilada, proporcionada pela acomodação da mesma ao longo
do período de armazenamento. Ao avaliar apenas a porção deteriorada na superfície da
massa, pode-se classificá-las como modestas, uma vez que Ashbell e Lisker (1987)
encontraram perdas superficiais de silagens de polpa de laranja, armazenadas durante
142 dias, representando até 15 cm da superfície dos silos.
A quantidade descartada diariamente (6,65 e 6,93 kg de MS para os silos
controle e benzoato de sódio, respectivamente) embora não tenham sido diferentes
(P>0,05), representou, em média, 15% do que foi retirado diariamente do painel dos
silos. Esse valor está, sobretudo, relacionado com a altura do silo, pois caso a mesma
não tivesse diminuído com a acomodação da massa (como relatado no item 2.2.4.2.1) e
a mesma camada (aproximadamente 6 cm) tivesse se deteriorado, certamente essa
proporção seria menor.

Figura 11 – Médias de altura total do silo e da espessura de camada deteriorada das


silagens da polpa de citros úmida despectinada

É interessante ressaltar que o silo que recebeu o tratamento com benzoato de


sódio em sua superfície, foi atingido por uma forte chuva que rompeu a lona que o
cobria, o mesmo não ocorrendo com o silo controle. Assim, este fato pode ter
influenciado decisivamente no controle das perdas superficiais ocorridas neste silo,
devido à quebra da vedação e, supostamente, prejudicando o tratamento imposto.
111

Embora tenham sido observadas mudanças de coloração (Tabela 20) na porção


do silo que fora fornecida aos animais, as notas baixas atribuídas nesta porção indicam
que a massa foi pouco alterada e permaneceu bem conservada. Nas análises
realizadas para detecção de aflatoxinas (B1, B2, G1, G2), nada foi encontrado. É válido
ressaltar que o limite de detecção e quantificação da metodologia empregada nestas
análises foi de 2,0 µg/kg, para cada aflatoxina avaliada.
A boa conservação da PCUD na forma de silagem pode ser parcialmente
atribuída ao baixo pH (2,85 e 2,84 para a silagem controle e benzoato de sódio,
respectivamente) e à alta concentração de ácido acético (10,2 e 10,8% MS para a
silagem controle e benzoato de sódio, respectivamente).
Silagens de milho com 30 a 35% de MS e teor de CHO’S, no momento da
ensilagem, variando entre 9 a 15% da MS, armazenadas aproximadamente por 100
dias, apresentaram pH variando entre 3,6 a 4,3, teor de lactato variando entre 3,6 a
7,7% da MS e, o teor de acetato entre 1,1 a 3,6% da MS, dependendo do tipo de aditivo
utilizado para o controle da fermentação das massa ensilada (KUNG et al., 1998;
RANJIT; KUNG, 2000; RODRIGUES et al., 2004). Embora nestas silagens, o principal
responsável pela redução do pH da massa fora, principalmente, a presença de ácido
lático, o ácido acético também pode realizar este papel, desde que esteja presente em
altas proporções, como por exemplo, no observado em silagens de capins tropicais,
aonde as bactérias heterofermentativas produzem elevadas proporções de acetato,
podendo representar em torno de 5,5% da MS (Ribeiro, 2007). Além disso, silagens de
milho inoculadas com bactérias heterofermentativas, como L. buchneri, que apresentam
como característica a produção de ácido acético, foram as que apresentaram maior
tempo de estabilidade aeróbia, após a abertura dos silos (RANJIT; KUNG, 2000). No
presente estudo, mesmo a quantidade de lactato (Tabela 14) sendo inferior àquela
comumente observada na silagem de milho, o pH da PCUD foi inferior (Tabela 20).
Assim, o alto teor de ácido acético observado na PCUD pode ter contribuído
decisivamente no pH encontrado e, conseqüentemente, na preservação do material,
mesmo este sendo considerado um ácido fraco.
Outro fator que pode ter contribuído para preservação do material foi a massa
específica das silagens. Nas amostragens de triagem realizadas nas silagens de PCUD,
112

observaram-se valores próximos de 1000 kg de MV/m3. Esta alta massa específica


pode ser atribuída, principalmente, ao aspecto físico deste co-produto, devido ao seu
reduzido tamanho de partícula e, ao elevado teor de umidade, resultantes do
processamento industrial recebido, que por sua vez, possibilitaram a boa compactação
do material. Este valor encontrado para a massa específica sugere que havia pouco
espaço para a entrada de oxigênio na porção central dos silos, justificando desta forma,
porque as notas de avaliação visual, atribuídas à porção fornecida aos animais (Tabela
20), foram inferiores àquelas atribuídas à porção superficial da massa ensilada, uma
vez que nesta última, o contato com o oxigênio era inevitável.
A presença de oxigênio no armazenamento de forragens, na forma de silagem, é
fator decisivo na espoliação da massa, pois microrganismos oxidam rapidamente os
carboidratos solúveis disponíveis, privando-os de serem fermentados, e atrasando
desta forma o declínio do pH. A presença de oxigênio remanescente em silagens mal
compactadas, apresentando massa específica próxima de 400 kg de MV/m3 para
silagens de milho ou alfafa, logo após a ensilagem, não provoca perdas significativas de
MS, caso o silo esteja perfeitamente vedado. No entanto, a existência de acesso
contínuo de oxigênio, provocado, por exemplo, por falhas na vedação do silo, podem
comprometer todo o processo de armazenamento (MUCK, 1988). Neste contexto, a alta
massa específica observada na silagem de PCUD, sugerindo pequena porosidade na
massa ensilada, pode ter contribuído decisivamente no impedimento da penetração do
oxigênio no material ensilado, pois como comentado anteriormente, os silos
apresentaram algumas falhas na vedação, devido à acomodação da massa ensilada.
A porção superficial, como ilustrado graficamente na Figura 11, foi
intensivamente colonizada por microrganismos. As colorações branca (pleno), azulada
e cinza escuro, que segundo a Tabela 3 (item 2.2.6) representariam os fungos
Byssochlamys, Penicillium e Aspergillus fumigatus, respectivamente, receberam notas
maiores (P<0,05) para o silo controle. Talvez, para estes microrganismos, a ação
antifúngica do benzoato de sódio tenha surtido efeito, embora as perdas superficiais
dos silos não tenham diferido (P>0,05) entre os tratamentos, quanto à altura e
quantidade em kg da porção deteriorada. Kleinschmit, Schmidt e Kung (2005),
observaram que silagens de milho com 30% de MS e teor de CHO’S representando
113

cerca de 15% da MS, no momento da ensilagem, aditivadas com benzoato de sódio


(0,1% da MV), não diferiram do tratamento controle quanto à quantidade de leveduras
presentes na massa ensilada (4,43 vs. 3,47 log10 UFC/g de MV para a silagem controle
e aditivada com benzoato de sódio, respectivamente), embora, a silagem aditivada com
benzoato tenha proporcionado maior preservação de CHO’S (9,67 vs. 2,70% da MS),
menor produção de etanol (0,74 vs. 2,76% da MS) e maior tempo de estabilidade
aeróbia (165 vs. 39 h) da forragem após a abertura do silos experimentais. No presente
estudo, o teor de CHO’S da silagem de PCUD aditivada com benzoato de sódio não
diferiu (P>0,05) da silagem controle (11,3 e 10,3% da MS, respectivamente), no
entanto, a menor nota visual atribuídas à coloração da superfície do silo aditivado com
benzoato de sódio, sugerindo menor colonização por aqueles fungos, corrobora os
dados de estabilidade aeróbia encontrados por Kleinschmit, Schmidt e Kung (2005),
pois os fungos são considerados importantes agentes espoliadores do painel de
silagens após a abertura dos silos.
A colonização por fungos na superfície de silagens pode receber influência do
clima e de práticas de ensilagem, como por exemplo, o tipo do silo e do filme plástico
utilizado para vedação durante a confecção, tendo em vista que estes serão os
principais responsáveis pelo impedimento do contato do oxigênio com a superfície da
massa ensilada (O’BRIEN et al., 2005). Skaar e Stenwig (1996) observaram em
silagens de gramíneas utilizando silos tipo bola (big bale silage) que os principais
fungos espoliadores da massa superficial foram do gênero Penicillium, Aspergillus,
Mucorales e Geotrichum, observados em 72, 32, 23 e 11% do total de 571 amostras de
silagens avaliadas. O’Brien et al. (2005), observaram no mesmo tipo de silagem, que
fungos do gênero Penicillium, Geotrichum e Fusarium estiveram presentes em 86, 8 e
1,1%, dos silos avaliados, respectivamente. Semelhante foi observado por O’Brien et al.
(2007a) e O’Brien et al. (2007b), onde fungos do gênero Penicillium e Geotrichum foram
isolados em 86 e 78; 16 e 23% dos silos avaliados, respectivamente. Pode-se observar
que os principais fungos deterioradores das superfícies de silagens encontrados por
estes autores, supostamente, também foram observados nas avaliações visuais
realizadas na silagem de PCUD e, em menor proporção na silagem de PCUD aditivada
com benzoato de sódio. Isso sugere que a silagem de PCUD pode estar sujeita à
114

deterioração superficial pelos mesmos tipos de microrganismos observados em


silagens de gramíneas e, a necessidade do isolamento, identificação e controle destes
agentes com intuito de garantir a inocuidade da PCUD fornecida aos animais.
Na Tabela 21, podem ser observadas as equações de regressão para as
variáveis que apresentaram efeito significativo (P<0,05), em cada tratamento, ao longo
dos períodos experimentais.

Tabela 21 - Equações de regressão dos parâmetros do painel das silagens em função


do período para os tratamentos
Fungo
Variáveis1 Silos Equações de regressão2
provável
Controle Y = 42,0984 + 4,5022*PER – 1,4214*PER2
Altura total -
Benzoato Y = 31,9641 + 8,3909*PER – 1,5386*PER2
Controle Y = 0,7396 + 1,8893*PER – 0,3572*PER2
pH -
Benzoato Y = 0,2922 + 2,2228*PER – 0,4063*PER2
Avaliação visual – Porção fornecida
Branco Controle Y = - 0,6522 + 1,1957*PER – 0,3261*PER2
Byssochlamys
pleno Benzoato Y = 1,9728 – 1,4565*PER + 0,2663*PER2
Aspergillus Controle Y = 1,5960 – 1,4592*PER + 0,3415*PER2
Cinza/escuro
fumigatus Benzoato Y = 0,58
Avaliação visual – Porção deteriorada
Manchas Controle Y = - 0,3351 + 1,6984*PER – 0,4502*PER2
Geotrichum
brancas Benzoato Y = - 2,6721 + 4,8587*PER – 1,2301*PER2
Branco Controle Y = - 2,4369 + 3,6193*PER – 0,9166*PER2
Byssochlamys
pleno Benzoato Y = 0,4292 + 0,2977*PER – 0,04512*PER2
Controle Y = 0,9027 + 1,6371*PER – 0,5167*PER2
Azulado Penicillium
Benzoato Y = - 1,5549 + 3,3557*PER – 0,8211*PER2
Aspergillus Controle Y = 3,95
Cinza/escuro
fumigatus Benzoato Y = - 3,6576 + 0,1998*PER
1
pH – potencial hidrogeniônico;
2
PER – período.
115

Analogamente, na Figura 12, pode ser observada a representação gráfica do


comportamento das interações significativas (P<0,05) dos tratamentos em função dos
períodos experimentais, para as variáveis avaliadas no painel das silagens.
116

Figura 12 – Interações dos tratamentos em função dos períodos experimentais para as


avaliações do painel das silagens de PCUD

Na Figura 12, observou-se um aumento no pH das silagens de PCUD conforme


os períodos experimentais avançaram. Isso provavelmente ocorreu, pois após a
abertura dos silos, para a utilização durante o ensaio experimental, o contato da massa
ensilada com o oxigênio ambiental aumentou, pois o filme plástico já não estava
vedando totalmente o painel do mesmo. Assim, possivelmente, a atividade de
microrganismos aeróbios aumentou com o passar do tempo e, com ela, provavelmente
o consumo do conteúdo ácido. No entanto, a preservação do material não foi
comprometida, já que o pH no último período experimental ainda foi inferior a 3,5. As
variações observadas nas notas visuais podem ser parcialmente atribuídas ao
acomodamento da PCUD ao longo dos períodos experimentais, uma vez que foram
utilizados silos do tipo superfície.
Na Tabela 22, podem ser observadas as equações de regressão para as
variáveis que apresentaram efeito significativo (P<0,05) para as avaliações do painel
das silagens de PCUD, ao longo dos períodos experimentais.
117

Tabela 22 - Equações de regressão dos parâmetros avaliados no painel das silagens


em função dos períodos experimentais
Variáveis Fungo provável Equações de regressão1
Deteriorado (cm) - Y = 9,6141 – 3,1396*PER + 0,5828*PER2
Deteriorado (kg) - Y = 11,8510 – 5,3160*PER + 1,1639*PER2
Avaliação visual – Porção fornecida
Manchas brancas Geotrichum Y = - 0,5294 + 0,8886*PER – 0,2328*PER2
Azulado Penicillium Y = - 0,5432 + 1,1782*PER – 0,2584*PER2
Avaliação visual – Porção deteriorada
Vermelho sangue Monascus Y = 0,5438 + 0,1972*PER – 0,03233*PER2
1
PER - período

Na Figura 13, pode ser observado a representação gráfica referente ao


comportamento das interações significativas (P<0,05) das variáveis avaliadas no painel
das silagens ao longo dos períodos experimentais.

Porção diária deteriorada


9
(cm e kg MS)
8

5
1 2 3
Períodos
Perda (cm) - estimado Perda (cm) - observado
Perda (kg) - estimado Perda (kg) - observado
Figura 13 – Parâmetros avaliados no painel dos silos ao longo dos períodos
experimentais
118

Embora tenham sido observadas alterações na avaliação visual das colorações


vermelho sangue (Monascus) na porção deteriorada e, manchas brancas (Geotricum) e
azulado (Penicillium) na porção fornecida aos animais, para os períodos experimentais,
as notas variaram de 0 a 0,8, sugerindo que são pouco relevantes na avaliação dos
painéis das silagens de PCUD. Ainda na Figura 13, pode-se observar que a altura (cm)
da porção diária deteriorada diminuiu (P<0,05) conforme os períodos experimentais
avançaram e, no último período, a porção (kg de MS) deteriorada do painel, que
também decrescia, aumentou. Isso pode ter ocorrido por um provável aumento no teor
de matéria seca na porção deteriorada no último período experimental.
119

3 CONCLUSÕES

A polpa de citros úmida despectinada in natura ou armazenada na forma de


silagem, pode ser utilizada como fonte energética em rações de alto concentrado (85%)
para bovinos de corte, na dose de substituição de 30% à polpa cítrica peletizada, sem
comprometer o desempenho dos animais.
Em rações com alto teor de concentrado (85%) para bovinos de corte em
terminação, os valores de energia para polpa de citros úmida despectinada e para a
polpa cítrica peletizada, preditos pelo NRC (2001), são subestimados. Os desvios dessa
predição foram mais acentuados para a PCUD que para a PCP.
A polpa de citros úmida despectinada pode ser armazenada na forma de silagem
sem o uso de aditivos químicos para o controle da deterioração no centro da massa
ensilada.
O benzoato de sódio, na dose de 0,18% da MV, aplicado superficialmente, não
foi capaz de controlar a deterioração na superfície da silagem de PCUD, embora mais
estudos devam ser realizados visando à aplicação deste aditivo em tipos de silo mais
apropriados para o armazenamento deste co-produto.
O silo tipo superfície não é uma boa alternativa para a ensilagem de polpa de
citros úmida despectinada, uma vez que este co-produto tende a se acomodar e, isso
altera sua conformação física, tornando-o mais susceptível à deterioração aeróbia e
perdas de superfície.
120
121

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