Avaliação da Doença Periodontal nas Diversas Formas de
Hanseníase em Pacientes do Centro de Saúde Antônia Pinheiro
Cavalcante, no Município de Redenção-PA.
Oliveira, Luis Augusto Peres
RESUMO
A hanseníase é uma doença crônica
granulomatosa, causada pelo mycobacterium
leprae (bacilo de hansen), com predileção pela
pele e nervos periféricos. Tem a capacidade de
infectar um grande número de indivíduos (alta
infectividade), possui também um considerável
poder incapacitante (alta virulência), todavia
apresenta pouca predisposição de produzir
sintomas nos indivíduos infectados (baixa
patogenicidade). Ao longo da história esteve
relacionada a manifestações de preconceito e
discriminação, em decorrência das mutilações
ocasionadas pela doença. Sua classificação é
baseada em suas formas clínicas, e é dividida
em indeterminada, tuberculóide, virchowiana e
dimorfa. O presente estudo tem por objetivo
comparar a doença periodontal nas formas
virchowiana e dimorfa da hanseníase. Pacientes
do Centro de Saúde Antônia Pinheiro Cavalcante
na cidade de Redenção-PA foram examinados e
avaliados por um periodontista, que mensurou a
profundidade de sondagem, perda de inserção
clínica, índice de placa e índice de sangramento
à sondagem. Foi observado entre os 48
pacientes o predomínio do gênero masculino
(56,25%), a idade media de 42,60 ± 12,7 anos, a
maioria de etnia branca (58,33%) e casada
(58,33%). O maior percentual, quanto ao grau de
instrução, era de pessoas que cursaram até o
ensino fundamental (53,33%). A doença
periodontal estava presente em 85,33% dos
pacientes que tinham a hanseníase, sendo
distribuída em periodontite inicial (52%),
periodontite média (20,83%) e grave (12,5%).
Palavras-chave: Hanseníase. Doença periodon-
tal. Mycobacterium leprae.
ABSTRACT
Leprosy is a chronic granulomatous disease
caused by Mycobacterium leprae (Hansen's
bacillus), with a predilection for the skin and
peripheral nerves. It has the capacity to infect a
large number of individuals (high infectivity), it
also has a considerable incapacitating power
(high virulence), but it has little predisposition to
produce symptoms in infected individuals (low
pathogenicity). Throughout history the disease
was linked to displays of prejudice and
discrimination as a result of mutilation that
causes. The ranking was based on its clinical
forms called indeterminate, tuberculoid,
lepromatous and borderline. This study aims to
compare the lepromatous leprosy and borderline
forms with periodontal disease. Patients of the
Center for Health Antonia Pinheiro Cavalcante
town of Redenção in Pará were examined and
evaluated by a periodontist who measured the
probing depth, clinical attachment loss, plaque
index and bleeding on probing index. Among the
total of 48 patients with leprosy was a
predominance of males (56.25%), the mean age
was 42.60 ± 12.7 years, with the majority were
caucasian (58.33%) and married (58.33%), and
presenting the highest percentage of people who
completed primary education (53.33%).
Periodontal disease was present in 85,33% of
patients with leprosy onset in the stages of initial
periodontitis (52%), average periodontitis
(20.83%) and severe (12,5%).
Keywords: Leprosy. Periodontal disease.
Mycobacterium leprae.
INTRODUÇÃO
Uma das doenças mais antigas da humanidade,
a Doença de Hansen ou Hanseníase, é uma
doença inflamatória, crônica, granulomatosa,
causada pelo Mycobacterium leprae. De acordo
com Magalhães e Rojas em 2007, ela está
presente em todos os continentes, estimando-se
a existência de 10 a 15 milhões de doentes em
todo o mundo, mas é endêmica em
determinadas regiões. O Brasil ocupa o segundo
lugar em número absoluto de doentes, sendo
que os estados da região Norte estão entre os
que apresentam as maiores detecções da
doença. Entre as localidades que apresentam as
maiores taxas (acima de 40%), está o município
de Redenção, no Pará, com 43,59 casos para
10.000 habitantes.
A hanseníase, embora comprometa a mucosa
bucal, é uma doença pouco investigada nas
pesquisas odontológicas, ao contrário das
manifestações cutâneas, que são descritas
exaustivamente na literatura médica. São poucos
os estudos publicados que tratam das
manifestações orais na hanseníase, e faltam
descrições detalhadas sobre esse assunto nos
livros textos padrões. A maioria das referências é
antiga, da época em que os pacientes evoluíam
ao longo dos anos pela falta de um tratamento
eficaz para a doença. Na literatura recente, em
plena fase da poliquimioterapia, faltam dados
sobre o comprometimento da mucosa oral pela
hanseníase (Santos 2000).
Brasil 1973 afirmou que as lesões
bucofaringeanas da hanseníase podem
manifestar-se desde o eritema com infiltração até
a úlcera com perda de substância. A mucosa dos
lábios pode apresentar-se infiltrada e com
tubérculos que ficam ulcerados e cobertos de
crostas. As gengivas praticamente apresentam
as mesmas manifestações, tumefatas e grossas,
infiltradas e sangrantes, sendo essas alterações
bucais ocorridas predominantemente nas formas
virchowiana e dimorfa da doença.
A odontologia tem evoluído enquanto ciência da
saúde, dessa forma o cirurgião-dentista deixou
de se preocupar unicamente com as situações
pertinentes ao dente e encarar o paciente como
um ser integral, visando não somente a
devolução e manutenção da vitalidade dos
dentes, mas também o individuo como um todo.
Sendo a hanseníase endêmica em nossa região,
causadora de estigmas sociais e pela carência
de publicações de dados nessa área, o presente
trabalho propôs verificar as condições
periodontais em pacientes do Centro de Saúde
Antônia Pinheiro Cavalcante na cidade de
Redenção estado do Pará.
METODOLOGIA
O projeto de pesquisa deste estudo foi avaliado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Faculdade de Odontologia e Centro de
Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic
em Campinas, São Paulo, e aprovado, sob o
parecer de nº 2001/0093, considerando que o
projeto está de acordo com as diretrizes para a
proteção do sujeito de pesquisa, estabelecidas
pela Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional
de Saúde, do Ministério da Saúde.
Após o interesse por parte do paciente em
participar do estudo foi entregue o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para que
tivesse ciência da pesquisa.
Neste estudo foram avaliados de forma aleatória,
48 pacientes portadores de hanseníase, sendo
24 na forma virchowiana e 24 na forma dimorfa,
de ambos os gêneros, com idade variando entre
18 e 69 anos, todos recebendo tratamento PQT,
atendidos no Centro de Saúde Antônia Pinheiro
Cavalcante, na cidade de Redenção-PA. A
seleção dos pacientes foi feita de forma
sistemática, à medida que se enquadravam nos
critérios de inclusão e exclusão do estudo
descritos abaixo:
Critérios de inclusão: ter, no mínimo, 06 dentes
naturais e idade acima de 18 anos.
Critérios de exclusão: pacientes com doenças
neoplásicas, pacientes com doenças
autoimunes, gestantes e lactantes.
Os pacientes que preencheram os requisitos pré-
estabelecidos e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido, foram
avaliados por um pesquisador, cirurgião-dentista
e especialista em periodontia, que determinou a
presença ou não de doença periodontal, por
meio de exame periodontal conforme critérios de
Armitage (1999).
Os pacientes responderam um questionário que
continha variáveis sociodemográficas e a história
médica pregressa como: idade, gênero, etnia,
estado civil, escolaridade, tabagismo, diabetes.
Todos foram submetidos ao exame clínico que
compreenderam avaliação e orientação de
higiene bucal, incluindo exame de profundidade,
sondagem, perda de inserção, presença ou não
de placa bacteriana e sangramento após
sondagem.
O exame dos dentes e do periodonto foi
realizado por meio de inspeção visual, táctil e
com auxílio de uma sonda periodontal, graduada
de 1 a 10 mm (Sonda Goldman / Fox / Williams –
marca Hu-Friedy – EUA), utilizada rotineiramente
pelos cirurgiões-dentistas para mensurar a
profundidade do sulco gengival clinicamente
sadio e a profundidade das bolsas periodontais
(quando a infecção periodontal estivesse Foi criada a diferença percentual entre os valores
presente). A gravidade da periodontite crônica foi de saúde bucal antes e depois, obtida pela
classificada em leve (perda de inserção clínica < fórmula: 100 * (valor depois – valor antes) / valor
3 mm); moderada (perda de inserção entre ≥ 3 antes. Essa medida representa, quando positiva,
mm e < 5 mm); e grave (perda de inserção ≥ 5 quanto percentualmente foi o aumento, e,
mm) (Armitage, 1999). quando negativa, quanto foi o decréscimo. Os
O exame periodontal compreendeu a avaliação valores foram comparados entre os grupos
de: também através do teste de Wilcoxon pareado.
-profundidade de sondagem (distância entre a
margem gengival e a porção mais apical da RESULTADOS
bolsa periodontal ou sulco gengival), sendo
tomada em seis pontos: MV (mesiovestibular), V Foi observado entre os 48 pacientes o
(vestibular), DV (distovestibular), MP predomínio do gênero masculino (54%), a idade
(mesiopalatino), P(palatino) e DP (distopalatino) media de 42,60 ± 12,7 anos, a maioria de etnia
(Santos-Pereira et al., 2007); branca (58%) e casada (58,5%). O Maior
-perda de inserção (distância entre a junção percentual no grau de instrução era de pessoas
cemento-esmalte e a porção mais apical da que cursaram até o ensino fundamental (50%).
bolsa periodontal ou sulco gengival), sendo Ao analisarmos a classificação quanto à
tomada em seis pontos: MV (mesiovestibular), V presença da doença periodontal, 85,3% dos
(vestibular), DV (distovestibular), MP pacientes tinham a doença sendo distribuída em,
(mesiopalatino); P (palatino) e DP (distopalatino) periodontite inicial (52%), periodontite média
(Santos-Pereira et al., 2007); (20,8%) e periodontite grave (12,5%).
-sangramento gengival (presença de No Gráfico 1 temos a distribuição entre os
sangramento após passagem gentil da sonda na pacientes das formas virchowiana e dimorfa,
margem gengival), sendo tomada em seis conforme a classificação da doença periodontal.
pontos: MV (mesiovestibular), V (vestibular), DV
(distovestibular), MP (mesiopalatino), P (palatino)
e DP (distopalatino) (Santos-Pereira et al., 2007); Gráfico 1 – Distribuição conforme classificação
-presença de placa bacteriana (avaliada nas da doença periodontal.
faces livres e interproximais com auxílio de
evidenciador de placa bacteriana), sendo tomado 14 12 13
em quatro pontos: mesial, distal, palatino e 12
vestibular (O’Leary et al., 1972). 10 7
Todos os dados coletados foram anotados em 8 5
6 3 2 3
ficha clínica pelo pesquisador. 4 1 1 1
Inicialmente, todas as variáveis foram estudadas 2
de maneira descritiva, através do cálculo de 0
frequências absolutas (n) e relativas (%), e, no
caso das variáveis contínuas, através do cálculo
de média, desvio-padrão, mediana, valores de
mínimo e de máximo.
Para estudar a associação das variáveis
categóricas com a variável resposta, estudaram-
se cada uma delas bivariadamente através do Virchowiana Dimorfa
cálculo do OR (Odds Ratio) e seu respectivo
Fonte: Autoria própria.
intervalo de confiança, e do teste de qui-
quadrado.
Para relacionar a variável resposta dicotômica
As características sociodemográficas em relação
(dirmorfa e virchowiana) com cada variável
aos grupos estudados de acordo com as formas
explicativa utilizou-se o modelo de regressão
da doença estão ilustradas na tabela 1.
logística univariado. Adicionalmente, testou o
impacto conjunto das variáveis explicativas na
variável resposta através do modelo de
regressão multivariado. O modelo de regressão
logística permitiu estimar a razão de chances,
bem como obter o valor-p ao nível de 5% de
significância estatística. As análises foram
desenvolvidas no programa de linguagem
estatística R, livre para download na página
http://cran.r-project.org/.
 Tabela 1 – Características sociodemográficas da Gráfico 3 – Média dos índices de sangramento e
amostra. placa (em%) - formas virchowiana e dimorfa.

Forma da Doença V D 90
100 74
Gênero
Masculino 13 14
Feminino 11 10 50 25
Etnia 16
Branca 14 14
Não Branca 10 10 0
Estado Civil Virchowiana Dimorfa
Solteiro 6 8
Casado 17 11 Índice de Sangramento Índice de Placa
Divorciado 0 5
Viúvo(a) 1 0 Fonte: Autoria própria.
Escolaridade
Sem Instrução 3 4
Fundamental 12 12 No grupo da doença na forma dimorfa
Ensino Médio 9 6 apresentou a maioria dos pacientes com
Ensino Superior 0 2 periodontite leve (54%), número parecido com os
Idade (em anos) pacientes da forma virchowiana (50%), mas
>40 10 8 quando se analisa o número de casos na
40 a 49 9 5 periodontite grave, temos uma diferença sendo
Acima 50 5 11 21% contra apenas 4% na forma dimorfa,
conforme visualizamos na Tabela 2.
Fonte: Autoria própria

Na avaliação das medidas da saúde bucal no grupo

de pacientes que tem a forma wirchowiana da Tabela 2- Presença e Gravidade da Doença
doença temos média da profundidade de sondagem Periodontal (DP).
de 1,19 ± 0,25mm, a perda de inserção de 2,47 ±
1,51mm, um índice de sangramento em média
25,00 ± 21,00% e índice de placa 74,00 ± 33,00%.
No grupo de pacientes na forma dimorfa
Grupos Dimorfa Virchowiana
encontramos média da profundidade de sondagem
de 1,18 ± 0,229mm, a perda de inserção de 2,45 ± (n=24) % (n=24) % ValorPP OR Bruto (IC 95%)
0,84mm, um índice de sangramento em média
16,00 ± 9,00% e índice de placa em 90,00 ± 1,00 %, DP
(gravidade)
conforme gráficos 2 e 3.
Ausência 1 4% 1 4% -
Gengivite 2 8% 3 13% (0.
1.50 (0.27 a 8.07)
Gráfico 2 – Média dos valores da profundidade de Periodontite
0.3087
sondagem e perda de inserção (em mm) –formas leve 13 54% 12 50% 0.07 (0.21 a 4.01)
virchowiana e dimorfa. Periodontite
Moderada 7 29% 3 13% 0.57 (0.08 a 2.06)
Periodontite
2.45 2.47 Grave 1 4% 5 21% 4.99 (0.83 a 29.90)
3 DP
(presença)
2 1.18 1.19 Ausência 1 4% 1 4% 0.8933 -
Gengivite 2 8% 3 13% 1.50 (0.28 a 8.07)
1 Presença 21 88% 20 83% 0.95 (0.22 a 4.05)

0 Fonte: Autoria Própria

Virchowiana Dimorfa

Profundidade de Sondagem Fonte: Autoria própria.

Perda de Inserção
Não foram encontradas diferenças significativas
entre as formas estudadas, quanto à doença
Fonte: Autoria própria. periodontal (p>0,05).
DISCUSSÃO
A hanseníase é uma doença crônica
granulomatosa, causada pelo Mycobacterium
leprae (bacilo de Hansen), tem alta infectividade
(capaz de infectar grande número de indivíduos),
baixa patogenicidade (adoece pouco), embora
tenha alta virulência (grande potencial
incapacitante). Ela acomete com mais frequencia
pele e nervos periféricos, podendo no seu curso
causar surtos reacionais intercorrentes. Esteve
relacionada a manifestações de preconceito e
discriminação, em decorrência das mutilações
ocasionadas pela doença, mas com a instituição
do tratamento PQT permitiu uma completa
mudança desse panorama, tornando-a curável,
com impacto imediato na transmissibilidade, já a
partir das primeiras doses da medicação, quando
os bacilos se tornam inviáveis. É uma doença de
notificação compulsória e investigação
obrigatória,
De acordo com muitos trabalhos, (Miranda, 1970;
Brasil, 1973; Aaerestrup, 1995; Ignotti, 1999;
Santos, 2000) os autores relatam que as
alterações bucais da MH ocorrem
predominantemente nas formas virchowiana e
dimorfa da doença. No nosso trabalho
analisamos 48 pacientes somente nessas duas
formas da doença, sendo 24 em cada uma delas.
O perfil predominante em relação a estado civil
foi de casados, 70,83% nos pacientes com
hanseníase na forma Virchowiana e 45,83% na
forma dimorfa, sendo a maioria dos pacientes
(64,58%) de escolaridade até o nível
fundamental; resultado esse similar a outros
trabalhos descritos na literatura de acordo com
Simões (2016). Já com referência a etnia, nosso
estudo revelou a maioria branca (58,33%) o que
está em discordância com Abdalla(2009), que
encontrou em seu trabalho resultados diferentes
a pacientes que se declaram brancos (27,08%).
Podemos supor que essa diferença seja dada
pelo fato de nosso estudo ser realizado em
região colonizada por imigrantes oriundos das
regiões sul e sudeste do país.
Entre os pacientes houve uma maior
predominância do gênero masculino com 54%
dos casos, resultado comparado a estudos
(Roquete, 1997; e Aquino, 2003) que ressaltaram
o fato dos homens serem mais acometidos pela
hanseníase. No estudo de Gomes et al. (2007),
ele associa a maior prevalência de Hanseníase
no gênero masculino à preocupação com o
trabalho e o sustento da família, o que muitas
vezes impedem o homem de procurar os
serviços de saúde. Os homens também revelam,
que os horários de funcionamento dos serviços
de saúde não atendem às demandas, por
coincidir com a carga horária de trabalho, ficando
as buscas por atendimento aos serviços de
saúde em segundo plano. De acordo com a
literatura, (Opromola, 2000) são diagnosticados
no Brasil, proporcionalmente, 1,3 pacientes do
gênero masculino para 1 do gênero feminino.
Essas informações são confirmadas neste
estudo onde foi encontrado 1,28 pacientes do
gênero masculino para 1 do gênero feminino.
Porém, outros estudos, (Choptian, 2009)
detectaram 1,6 casos do gênero feminino para 1
caso do gênero masculino no município de
Roncador - PR, enquanto (Lana, 2000)
analisando 1217 pacientes no município de Belo
Horizonte - MG, observaram proporções
praticamente semelhantes para ambos os
gêneros. Contradizendo os dados encontrados
no nosso trabalho, o que pode ser justificado
pelas diferenças regionais e culturais da
população estudada.
A idade média dos indivíduos com DP e que
tinham hanseníase na forma dimorfa foi de 43,71
anos e a mediana 43, sendo a menor idade 22
anos e a maior 69 anos. Nos indivíduos com
hanseníase virchowiana a média de idade foi
42,54 anos e mediana 43, sendo a menor idade
18 anos e a maior idade 67 anos. Os resultados
aqui encontrados foram semelhantes a Carvalho
(2000) que bem como outros estudos, Belmonte
(2007), observou que a maior parte dos
indivíduos hansenicos acometidos com DP está
com idade média entre 20 a 59 anos.
As condições orais e dentais dos pacientes
acometidos pela hanseníase são semelhantes ao
restante da população brasileira, entretanto
apresentam uma má saúde oral, de acordo com
Souza (2009). A falha pode estar na falta de
prevenção e ao precário acesso onde os
tratamentos estão disponíveis.
Em nosso estudo, na avaliação das medidas da
saúde bucal no grupo de pacientes que tem a
forma wirchowiana da doença, encontramos a
média da profundidade de sondagem de 1,19 ±
0,25mm, a perda de inserção de 2,47 ± 1,51mm,
um índice de sangramento em média 25,00 ±
21,00% e índice de placa 74,00 ± 33,00%. No
grupo de pacientes na forma dimorfa,
encontramos média da profundidade de
sondagem de 1,18 ± 0,229mm, a perda de
inserção de 2,45 ± 0,84mm, um índice de
sangramento em média 16,00 ± 9,00% e o índice
de placa em 90,00 ± 1,00 %.
Esses valores estão em discordância aos
achados por Nuñez-Marti (2004) onde ele
encontra maiores índices de placa e
profundidade de sondagem em pacientes com
hanseníase, provavelmente consequência de má
higiene oral devido à mutilação dos dedos,
alterações neurológicas, problemas de
sensibilidade gengival, problemas estes não
encontrados nos pacientes analisados nesse
estudo. De acordo com Subramaniam (1983) os
macrófagos e linfócitos T de pacientes com CONCLUSÃO
hanseníase, podem ser incapazes de responder
a determinados antígenos, protegendo a perda -A doença periodontal apresentou elevada
do osso alveolar na presença de fatores locais prevalência no grupo de pacientes de
que normalmente aumentariam essa perda hanseníase estudado. Não houve diferença
óssea; e ainda somam-se ao fato que o uso do estatística (p>0,05) na prevalência e gravidade
PQT poderia interferir na progressão da doença da doença periodontal nos pacientes estudados
periodontal. com a forma virchowiana e dimorfa da
No que diz respeito a presença e severidade da hanseníase.
doença periodontal nos pacientes com a forma -As características da doença periodontal e sua
dimorfa da hanseníase, a maioria dos pacientes distribuição apresentaram-se semelhantes na
(54%) apresentou periodontite leve, seguido de população em geral.
periodontite moderada (29%) e periodontite -Não se encontrou nenhuma evidência que a
grave (4%). Na forma virchowiana 12 pacientes hanseníase seja determinante para ocorrência
(50%) apresentou periodontite leve, seguido de da doença periodontal.
periodontite moderada (13%), e periodontite
grave (21%). Em concordância, Ceballos (1993)
encontrou em seu trabalho números bem
próximos de pacientes com algum grau de DP.
No estudo de Tonello (2005) 84% dos pacientes
hansenianos apresentavam algum tipo de DP.
De acordo com o trabalho de Souza (2009), 80%
dos pacientes hansenianos apresentava alguma
forma de DP.
Baseado nos resultados desse trabalho e
concordando com Filgueira (2004), evidenciamos
que as pessoas acometidas com hanseníase
apresentaram precárias condições de saúde
bucal, o que aponta a necessidade de cuidado
integral a esses pacientes. Deve-se buscar uma
maior resolutividade das ações da Saúde Bucal,
maior redução de danos, além de um cuidado
integral e a garantia de acesso aos serviços
odontológicos para pacientes com hanseníase,
melhorando sua qualidade de vida. E em
concordância com Tonello (2005), sugere-se às
Autoridades, Universidades e pesquisadores
ligados à área de odontologia em saúde coletiva,
maior divulgação dos resultados de trabalhos
semelhantes a este, não somente no meio
científico, mas também, em meios de
comunicação em massa.