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Prof. Dr.

Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A equação universal de perdas de solo (EUPS) foi desenvolvida por


cientistas do “Agricultural Research Service” (ARS). A EUPS tem sido
amplamente utilizada, por mais de 30 anos, como um método para a predição
das perdas médias anuais de solo por erosão. Porém, a EUPS não pode ser
aplicada, em estimativas de perdas de solo, para um ano ou evento
específicos. Por isso, a EUPS tem sido freqüentemente criticada para tais
finalidades ou aplicações.
Entretanto, mesmo com suas limitações, a EUPS tem sido empregada
como um guia para os profissionais da área de conservação do solo no
planejamento dos cultivos, manejos e práticas de conservação.
Wischmeier e Smith (1978) propuseram a equação universal de perdas
de solo (EUPS), na qual os cinco fatores que levam à erosão são expressos.
Através desta equação é possível avaliar a perda média anual de solo,
expressa em t/ha ano. A EUPS pode ser descrita como:

A = R K LS C P [1.1]

em que, R é o fator erosividade da chuva (MJ mm ha-1 h-1 ano-1), K o fator


erodibilidade (ta ha h ha-1 MJ-1 mm-1), LS o fator topográfico, C o fator cobertura
e manejo e P o fator práticas de controle da erosão.
A equação [1.1] foi desenvolvida especificamente para condições
americanas. Esta equação, portanto, permite nos EUA determinações
confiáveis das perdas médias anuais de solo por erosão. Contudo, há exceção
também quanto a confiabilidade em algumas regiões dos EUA. Para os EUA
numerosas medições dos fatores da EUPS já foram levantadas, durante vários
anos. Isto permite um tratamento estatístico adequado a ponte de permitir
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predições bem confiáveis, com relação a fatores que têm comportamento


cíclico como a erosividade.
No Brasil, a aplicabilidade da EUPS suscita dúvidas. Tais dúvidas são
decorrentes da falta de informações, quanto aos parâmetros da EUPS, para as
nossas condições. Entretanto, há muitas informações já geradas por
pesquisadores brasileiros, as quais têm permitido o uso da EUPS, em algumas
localidades brasileiras, com relativo grau de confiabilidade.
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CAPÍTULO 2

EROSIVIDADE (FATOR R)

A erosividade é a capacidade potencial da chuva causar erosão no solo,


sendo esta uma função das propriedades da chuva como: energia cinética e
momentum. A energia cinética e o momentum de uma chuva são dependentes
da distribuição do tamanho e da velocidade terminal das gotas. As
determinações da distribuição do tamanho de gotas de uma chuva são
trabalhosas e demandam muito tempo. Em função desta dificuldade equações
empíricas têm sido propostas e amplamente utilizadas no mundo todo, inclusive
no Brasil, para estimativas da energia cinética das gotas d’água da chuva.
Estas equações são resultantes de correlações estabelecidas entre energia e
distribuição de tamanho de gotas, velocidade terminal, intensidade de chuva e
precipitação total.
A energia cinética de uma chuva tem sido estimada pela seguinte
equação (Wischmeier e Smith, 1978):

-1
Ec = 0,119 + 0,0873 log I (I ≤ 76,2 mm h ) [2.1]

onde, Ec é a energia cinética para cada mm de chuva (MJ ha-1 mm-1) e I é a


intensidade de chuva (mm h-1).
Dois pesquisadores brasileiros, Wagner e Massambani (1988), relataram
que o interesse em estimar a energia cinética reside no fato que a maior parte
dos índices de erosividade, testados e em uso, combina a energia cinética da
chuva com algum parâmetro que expressa o poder erosivo do escoamento
superficial. No Brasil, desde o final da década de 70 até o presente, as
pesquisas sobre a erosividade das chuvas têm sido concentradas no estudo de
índices de erosão como EI30 e KE > 25mm h-1 (KE > 25).
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O EI30 é o produto da energia cinética da chuva multiplicada pela sua


máxima intensidade num intervalo de 30 minutos, durante o seu tempo de
duração (Wischmeier e Smith, 1978). O índice KE > 25 foi proposto por Hudson
(1981), em condições tropicais da África do Sul, no qual há o computo da
energia cinética das chuvas com intensidades iguais ou superiores a 25 mm/h.
No Brasil, pesquisadores como Lombardi Neto (1977), Biscaia et al.
(1981), Carvalho (1987), Morais et al. (1988), Cantalice e Margolis (1993)
obtiveram correlações significativas entre os índices EI30 e KE > 25 e as perdas
de solo por erosão (Quadro 1). Tais resultados demonstram que o EI30 e o KE >
25 podem ser utilizados como índices de erosividade, visto que eles combinam
a energia cinética da gotas da chuva com a capacidade erosiva do
escoamento superficial. Em geral, tem sido observado haver boas correlações
entre o EI30 e as perdas de solo por erosão.
Vários pesquisadores (Dedecek, 1988; Morais et al., 1988,
Carvalho,1992; Cantalice e Margolis, 1993; Albuquerque et al., 1994)
demonstraram que o EI30 é o índice de erosividade que melhor se correlaciona
com as perdas de solo por erosão.

Quadro 2.1. Coeficientes de correlação entre índices de erosividade EI30 e


KE > 25, e perdas de solo provocadas por chuvas individuais, em
diferentes localidades (Cantalice e Margolis,1993) .

Índices de Local r Número de


erosividade observações
EI30 Ponta Grossa (PR) 0,770 ....
Londrina (PR) 0,720 ....
Campinas (SP) 0,670 ....
Mococa (SP) 0,799 425
Guaíba (RS) 0,749 109
Glória do Goitá (PE) 0,749 127
Caruaru (PE) 0,728 42
KE > 25 Mococa (SP) 0,788 425
Guaíba, Ijuí e Santa Maria (RS) 0,641 329
Gloria do Goitá 0,651 127
Caruaru 0,632 42
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POTENCIAL EROSIVO OU EROSIVIDADE REGIONAL (EI30)

O potencial erosivo das chuvas de uma região é um somatório do índice


de erosividade de cada uma das chuvas ocorridas num dado intervalo de
tempo. O somatório dos valores EI30 das chuvas, num dado mês, em uma
região representa o potencial erosivo deste mês. Já o somatório dos potenciais
erosivos das chuvas ocorridas num ano qualquer representa a sua erosividade.
Para uso na EUPS o potencial erosivo, R, é uma média anual dos EI30,
uma vez que a erosividade tem caráter cíclico como as chuvas. Assim, o valor
R da EUPS é calculado como o somatório dos valores anuais de EI30 dividido
pelo número total de anos em que os valores foram coletados (vide equação
[2.2]). É recomendável, o tanto quanto possível, a utilização de informações de
registros pluviográficos obtidos num intervalo de tempo de 25 a 30 anos.
n
1
R= Ei I30i [2.2]
N i =1

onde, N é o número de anos computados e n é o número de chuvas erosivas


nos N anos computados.
Precipitações menores que 10 mm de altura e com intervalo de
interrupção superior a seis horas são omitidas dos cálculos de EI30, exceto se
chover 5 mm num período de 15 minutos. Em termos práticos adota-se a altura
10 mm como valor limite para cálculo de EI30.
Na Figura 2.1 temos um exemplo de uma chuva erosiva representada
numa fita pluviográfica, a qual registra a quantidade de precipitação em função
do tempo em horas e minutos. Os cálculos para determinação da energia
cinética da chuva representada na Figura 2.1 são apresentados no Quadro 2.2.
Cabe ressaltar que a intensidade de uma chuva durante o tempo de ocorrência
desta é variável (vide Figura 2.1)
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Precipitação acumulada (mm)

10

7:30 11:00 14:00 16:10

Tempo (h : min.)

Figura 2.1. Registro de uma fita de pluviógrafo para uma chuva.

O valor I30 para a chuva expressa na Figura 2.1 e Quadro 2.2 ocorre no
intervalo das 14 h a 14 h e 30 min. No caso I30 é igual a 32 mm/h . A energia
cinética (Ec), para cada mm de chuva, num intervalo qualquer em que a
intensidade de chuva (I) variou foi calculada aplicando-se o correspondente
valor de I na equação [2.1.]. Após o registro dos cálculos no Quadro 2.2 e da
determinação do valor de I30 temos que o potencial erosivo da chuva (Figura
2.1) é 282,54 MJ mm ha-1 h-1 (EI30 = 8,8294 MJ ha-1 x 32 mm h-1).
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Quadro 2.2. Procedimento para cálculo do EI30 ou potencial erosivo (R) de uma chuva.
TEMPO Pacumulada ∆t ∆P I Ec E
h e min. mm min. mm mm/h para 1 mm de chuva MJ mm ha-1 h-1
7:30 0 - - - - -
8:30 3 60 3 3 0,1607 0,4820

9:00 3 30 0 0 - -
9:30 8 30 5 10 0,2063 1,0315

10:30 8,5 60 0,5 0,5 0,0927 0,0464

11:00 10 30 1,5 3 0,1607 0,2410

12:00 10,5 60 0,5 0,5 0,0927 0,0464

12:30 12 30 1,5 3 0,1607 0,2410

13:30 14 60 2 2 0,1453 0,2906

13:40 16 10 2 12 0,2132 0,4264

13:50 20 10 4 24 0,2395 0,9580

14:00 24 10 4 24 0,2395 0,9580

14:10 30 10 6 36 0,2549 1,5292

14:30 40 20 10 30 0,2479 2,4795

16:10 41 100 1 0,6 0,0996 0,0996

8,8294

P = precipitação; Ec = energia cinética e E = energia cinética total (∆P x Ec).

O produto EI30 representa a interação do efeito de como impacto, salpico


e turbulência se combinam com a enxurrada para transportar as partículas
desalojadas do solo (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
Os cálculos efetuados para avaliação da energia cinética total (E) de
uma chuva, bem como aqueles necessários para cálculo do I30, devem ser
realizados de preferência utilizando-se de uma coleção de registros
pluviográficos de 25 a 30 anos, para efeitos de repetição do evento hidrológico
considerado, no caso as chuvas observadas numa região qualquer.
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-1
No uso da equação [2.1] quando I > 76,2 mm h a energia cinética deve
ser avaliada como: Ec = 0,119 + 0,0873 log (76,2). Por exemplo, se uma chuva
natural tem intensidade constante e igual a 90 mm/h, com tempo de duração de
1 hora, o valor de energia cinética total (E) desta chuva é calculado como 90 x
Ec ou 90 x [ 0,119 + 0,0873 log (76,2) ]. Assim, para qualquer chuva (P) com
-1
intensidade superior a 76,2 mm h e intensidade deve-se calcular a energia
cinética total (E) como: E = P x [ 0,119 + 0,0873 log (76,2) ] .

DISTRIBUIÇÃO DA EROSIVIDADE DAS CHUVAS NUMA REGIÃO

Assim como a precipitação a erosividade das chuvas tem um


comportamento cíclico e, ainda, os seus efeitos no solo são cumulativos, visto
que as chuvas dissipam as suas energias no solo. Logo, o potencial erosivo
também possui efeito cumulativo. Existirá, contudo, em função do regime de
distribuição das chuvas, a possibilidade de que ao longo de um ano agrícola,
que haja a ocorrência fases ou períodos de chuvas com alto ou baixo potencial
erosivo. Prova desta última afirmativa pode ser obtida pela análise das Figuras
2.2.a e 2.2.b.
Pode ser observado nas Figuras 2.2.a e 2.2.b que Manaus - AM e
Mococa - SP têm distribuições das chuvas e potencial erosivo diferentes ao
longo de um ano.
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25,00

P
20,00
EI30

(a)
15,00

10,00

5,00
Percentagem relativa (%)

0,00
JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

25,0

20,0
P (b)
EI30

15,0

10,0

5,0

0,0
JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

Meses do ano

Figura 2.2. Distribuição em percentagem relativa da precipitação e erosividade das


chuvas para: (a) Manaus - AM (Oliveira Júnior e Medina, 1990) e (b)
Mococa - SP (Carvalho et al., 1989)..
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Alguns autores (Val et al., 1986; Moura e Medeiros, 1987, Oliveira Júnior,
1988 e Oliveira Júnior e Medina, 1990) têm sugerido, nos meses em que a
porcentagem relativa de erosividade supera a da precipitação, haver um forte
indicativo de que as chuvas daqueles meses possuem maior potencial erosivo.
Assim na Figura 2.2.a fica fácil evidenciar que para Manaus isto ocorre nos
meses de janeiro, março, setembro, outubro, novembro e dezembro. Já em
Mococa o mesmo pode ser verificado nos meses de janeiro, fevereiro, abril e
novembro. Cabe ressaltar, contudo, o mês de dezembro em Mococa. No
referido mês em Mococa a %EI30 corresponde a 23% do potencial erosivo
anual e que é, ainda, menor que a %P. Isto reflete uma exceção à regra
mencionada e propagada por alguns autores na literatura. Há que se ter o
devido cuidado em tal análise, para a validade da regra. Deve ficar claro que
ocorrem chuvas erosivas em dezembro em Mococa, visto que a %EI30 neste
mês (23%) é a maior entre todos os meses do ano para a referida localidade.
Outro aspecto relevante, quanto a importância da distribuição do
potencial erosivo, é abordado a seguir utilizando-se as informações
apresentadas na Figura 2.3.
A comparação apresentada na Figura 2.3 é interessante sob o ponto de
vista de verificar em duas regiões, uma Mococa - SP e A qualquer, as
diferenças existentes na distribuição do potencial erosivo e suas implicações
com relação ao uso e manejo do solo. Para entender melhor o significado da
comparação representada na Figura 2.3, realizou-se uma análise em três
fases: janeiro a maio, maio a agosto e agosto a dezembro. Na primeira fase,
janeiro a maio, em Mococa ocorre 28,84% do R (EI30 médio anual) e em A 5%
do R (EI30 médio anual). Conclui-se, portanto, que há maior possibilidade do
solo ser mais erodido, na primeira fase deste exemplo, em Mococa que na
região A, considerando-se as demais condições iguais (K, LS, C e P). Na
segunda fase de maio a agosto ocorre em Mococa 1,86% do R (EI30) e em A
25% do R (EI30). Portanto, há maior possibilidade do solo ser mais erodido, na
2a fase do exemplo, na região A, considerando-se as demais condições iguais.
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Porcentagem acumulada de EI30 (%)

100,0

90,0

80,0

70,0 Mococa - SP
A

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

Meses do ano

Figura 2.4. Distribuição em porcentagem acumulada do potencial erosivo (EI30) para


Mococa - SP e outra localidade qualquer (A) com mesmo valor médio
anual de erosividade (R = 7747 MJ mm ha-1 h-1 ano-1 ).

Na terceira fase, agosto a dezembro, ocorre 52,04% do R (EI30) e em A


65% do R (EI30). Assim, sob as mesmas condições na terceira fase em ambas
as localidades o solo estará propenso a sofrer um intenso processo erosivo
causado pela água da chuva. Desta pequena abordagem, pode-se depreender
que é de fundamental importância para o planejamento agrícola, visando um
controle mais efetivo da erosão, o conhecimento da distribuição do potencial
erosivo das chuvas numa região. O calendário agrícola, numa região qualquer,
deverá estar atrelado à distribuição do potencial erosivo de modo que nas fases
de maior erosividade o solo esteja protegido por uma boa porcentagem de
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cobertura vegetal viva e/ou morta (resíduos). Cobertura esta que deverá ser
suficiente para evitar que os processos erosionais não degradem o solo. Assim,
a adequação de época de preparo do solo, plantio da cultura e manejo da
resteva (resíduos culturais) terá papel fundamental, numa região agrícola, para
que as perdas médias anuais de solo permitam a manutenção da produtividade
do solo, em níveis economicamente viáveis para os agricultores.

EROSIVIDADE ( R ) PARA ALGUMAS LOCALIDADES BRASILEIRAS

No Quadro 2.4. alguns valores de erosividade, para municípios


brasileiros, são apresentados, com o intuito de demonstrar a ordem de
magnitude que os valores de potencial erosivo podem assumir.

Quadro 2.4. Erosividade (R) para algumas localidades no Brasil.


Localidades R
MJ mm ha-1 h-1 ano-1
1. Palotina - PR 11.036
2. Londrina - PR 8.093
3. Antonina - PR 11.095
4. Ponta Grossa - PR 6.406
5. Mococa - SP 7.747
6. Manaus - AM 14.129
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CAPÍTULO 3

ERODIBILIDADE DO SOLO (FATOR K)

A susceptibilidade de um dado solo à erosão tem sido denominada


erodibilidade. Esta habilidade do solo resistir à erosão tem sido expressa por
um parâmetro – fator K, em diferentes modelos de predição de perdas do solo
utilizados em todo mundo, desde a década de cinqüenta.
Os solos diferem em termos de susceptibilidade à desagregação e ao
desalojamento das suas partículas, os quais são função da ação do impacto
das gotas da chuva e do fluxo de enxurrada. Esses dois processos são
dependentes das inerentes e diferentes propriedades físicas, químicas e
mineralógicas que um solo apresenta. Vários atributos do solo
reconhecidamente afetam a sua erodibilidade. Dentre esses atributos incluem-
se: teores de óxidos de Fe e Al, textura, matéria orgância, estrutura, umidade,
ligações eletroquímicas, estabilidade de agregados e permeabilidade do solo
(Grissinger, 1966; Wischmeier e Mannering, 1969; Wischmeier et al., 1971;
Bubenzer e Jones, 1971; Partheniades, 1972, Römkens et al., 1972; Lal, 1988;
Silva, 1994; Striebig, 2000).
Solos com alta taxa de infiltração, elevados teores de matéria orgânica,
bem estruturados e permeáveis oferecem maior resistência à ação erosiva das
gotas da chuva e do fluxo de enxurrada (Lal, 1988; Striebig, 2000). Solos com
texturas arenosa, franco-arenosa e franca são mais permeáveis, portanto
menos sujeitos à ação da enxurrada, já os solos mais erodíveis são aqueles
com altos teores de silte e areia fina (Lal, 1988; Striebig, 2000). A textura do
solo é, portanto, um importante fator que afeta a sua erodibilidade. A textura
afeta a desagregação e o transporte das partículas do solo. As partículas
maiores ou grosseiras resistem mais ao transporte e aquelas menores ou mais
finas à desagregação.
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As propriedades do solo são dinâmicas (Lal, 1988). Logo, elas podem


ser alteradas o tempo todo. Desse modo a erodibilidade também varia no
tempo. Com as práticas de preparo e cultivo intensivas há um decréscimo nos
teores de matéria orgânica do solo, com isso ocorre uma degradação da sua
estrutura, o que conseqüentemente conduz a um aumento da sua erodibilidade.
Esse aumento é por vezes resultante de um processo de compactação
subsuperficial do solo, o “pé-de-grade” ou “pé-de-arado”, o qual reduz a taxa de
infiltração de água no solo e aumenta a taxa de enxurrada. Um decréscimo na
taxa de infiltração pode ser causado, também, pela formação de uma crosta, a
qual tende a selar a superfície. Em alguns locais, o selamento superficial pode
reduzir a erosão em lençol e por salpico. Contudo, há um correspondente
aumento na taxa de enxurrada pode contribuir para uma maior expressão do
processo de erosão em sulcos. Todas as modificações em propriedades do
solo decorrentes de atividades de manejo não são avaliadas através do fator K
na EUPS, mas sim no fator C (ver Capítulo 5). Desse modo, assume-se, para
uso na EUPS, que o valor de K é constante e, portanto, igual ao valor
determinado experimentalmente ou estimado por modelos específicos
existentes para tal finalidade.

DETERMINAÇÃO DA ERODIBILIDADE DO SOLO

No Brasil, as pesquisas sobre a determinação desse parâmetro tiveram


maior impulso a partir do final da década de 70. O modelo mais comumente
utilizado para a determinação experimental da erodibilidade, fator K, tem sido a
equação universal de perdas de solo (EUPS):

A = R K LS C P [3.1]

em que, R= erosividade; K= erodibilidade; LS = fator topográfico ou relevo;


C= fator cobertura e manejo do solo e P = práticas conservacionistas.
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O fator K tem sido obtido experimentalmente, no Brasil, no campo,


seguindo-se método proposto por Wischmeier e Smith (1978), em parcelas
padrões (22,13 m de comprimento e 9% de declive) ou não padrões, mantidas,
permanentemente, descobertas por no mínimo 2 anos e com preparo do solo
no sentido do declive. Sob condições de parcelas unitárias padrões os fatores
LS, C e P são unitários e a equação [3.1] é resolvida para K, o qual iguala-se a
A/R. No caso das parcelas unitárias não padrões, apenas os fatores C e P
assumem valores unitários e a equação [3.1] é resolvida para K, o qual
iguala-se a A/(R LS). Esta segunda solução tem sido a mais utilizada no Brasil.
Com o advento da EUPS as pesquisas sobre a erodibilidade dos solos
foram intensificadas, principalmente com o uso de simuladores de chuvas.
No Brasil, o simulador de hastes rotativas do tipo Swanson é um dos
equipamentos disponíveis e mais utilizados, em pesquisas para a determinação
da erodibilidade dos solos (Figura 3.1).

Figura 3.1. Vista de um simulador de chuvas de hastes rotativas, num experimento


sobre estudo da erosão hídrica do solo (Mitchell, 2000).
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Algumas vantagens justificam o uso desse equipamento em condições


brasileiras:
1) obtenções mais rápidas de informações, as quais em estudos da
erosão sob chuva natural requerem um período de 25 a 30 anos, para a
obtenção de resultados conclusivos;
2) as chuvas simuladas ou artificiais, com intensidade e duração
selecionadas, podem ser aplicadas e repetidas em condições específicas de
tratamentos;
3) as avaliações em número relativamente pequeno podem indicar
resultados conclusivos, para a pesquisa ou extensão, a curto prazo;
4) ser maior a eficiência na manutenção e na coleta de informações em
parcelas experimentais sob chuva artificial;
5) as determinações sob chuva natural são dispendiosas e morosas,
quando comparadas àquelas sob chuva simulada;
6) maior controle no funcionamento dos equipamentos utilizados para as
simulações de chuvas, os quais podem ser avaliados no local, visto que o mau
funcionamento de equipamentos sob chuva natural, o que não é incomum,
pode ocasionar a perda de dados;
7) maior adaptabilidade, o que permite utilizar simuladores de chuvas em
estudos de laboratório inclusive;
8) permitir que sistemas de manejos possam ser avaliados, antes que o
uso dos mesmos seja preterido pelos agricultores sem qualquer
fundamentação técnica.
No final da década de 70, em função da carência de dados e da
necessidade de se obter informações mais rápidas, adotou-se, em diferentes
regiões do Brasil (RS, SP, PR, PB, MG, CE e PE), o uso de aparelhos
simuladores de chuva nos estudos sobre a erosão do solo. Com o uso dos
simuladores de chuvas as pesquisas sobre a erodibilidade dos nossos solos
ganharam um grande impulso. Isso permitiu a Denardin (1990) apresentar uma
extensa lista de locais, valores do fator erodibilidade determinados no campo,
com chuva natural e simulada, para solos do Brasil (Quadro 3.1).
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O Quadro 3.1 dá uma boa idéia do grande impulso proporcionado pelos


simuladores de chuva, quanto a determinação da erodibilidade de diferentes
solos do território brasileiro.

Quadro 3.1. Tipo de solo, local, valor e método de determinação da


erodibilidade a campo e fonte no Brasil (Denardin, 1990).
1
Solo Local K Método Fonte
PVd Viçosa-MG 0,027 Chuva simulada Resck et al. (1981)
Lea Planaltina-DF 0,013 Chuva natural Dedecek et al. (1986)
2
LRd Ijuí-RS 0,009 Chuva natural Levien (1989)
3
PVd Itaguaí-RJ 0,028 Chuva natural Leprun (1988)
PVa Bela Vista do Praíso-PR 0,026 Chuva natural Angulo (1983)
LRe Londrina-PR 0,025 Chuva simulada Mondardo et al. (1978)
Lea Paranavaí-PR 0,008 Chuva simulada Angulo (1983)
LEd Ponta Grossa-PR 0,022 Chuva natural Angulo (1983)
PV Glória do Goitá-PE 0,010 Chuva natural Margolis e Campos Filho (1981)
Li-e Caruaru-PE 0,008 Chuva natural Margolis et al. (1985)
LEd Passo Fundo-RS 0,021 Chuva natural Denardin e Wunsche (1981)
2
PV Santa Maria-RS 0,032 Chuva natural Levien (1982)
2
PEd Eldorado do Sul-RS 0,034 Chuva natural Levien (1982)
LRd Campinas-SP 0,012 Chuva natural Bertoni e Lombardi Neto (1985)
PVe Mococa-SP 0,023 Chuva natural Carvalho et al. (1989)
AQd Tianguá-CE 0,003 Chuva simulada Tavora et al. (1985)
LVd Ubajara-CE 0,034 Chuva simulada Tavora et al. (1985)
Li-e Patos-PB 0,008 Chuva simulada Silva et al. (1986)
4
Re-d Esperança-PB 0,002 Chuva simulada Silva et al. (1989)
4
NCp Juarez Távora-PB 0,044 Chuva simulada Silva et al. (1989)
4
LVa Areia-PB 0,002 Chuva simulada Silva et al. (1989)
PVe Teixeira-PB 0,008 Chuva simulada Silva et al. (1986)
PVe Tavares-PB 0,025 Chuva simulada Silva et al. (1986)
4
Sd Boa Vista-PB 0,012 Chuva simulada Silva et al. (1984)
4
TEe Alagoa Grande-PB 0,032 Chuva simulada Silva et al. (1984)
PVe Alagoa Nova-PB 0,031 Chuva simulada Silva et al. (1986)
4
NCv Patos-PB 0,008 Chuva simulada Silva et al. (1986)
4
Li-e Água Branca-PB 0,005 Chuva simulada Silva et al. (1984)
4
Sd-p Gurinhém-PB 0,032 Chuva simulada Silva et al. (1984)
4
PV Patos-PB 0,004 Chuva simulada Silva et al. (1984)
4
V Queimadas-PB 0,006 Chuva simulada Silva et al. (1984)
1
Fator erodibilidade do solo determinado a campo, expresso em t ha h/ha MJ mm;
2
Levien, R. Informação pessoal. IPRNRAP, Porto Alegre - RS. 1989;
3
Leprun, J.C. Informação pessoal. EMBRAPA/SNLCS, Rio de Janeiro. 1989; e
4
Silva, I. de F. da. Informação pessoal. UFPB, Areia - PB. 1989.

Métodos diretos para avaliações das perdas de solo por erosão, embora
sejam os mais precisos para determinação da erodibilidade, são caros (chuva
natural e simulada) e demorados (chuva natural). Assim, no Brasil, pesquisas
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têm sido conduzidas para estimar a erodibilidade com menores custos, por
meio de correlações entre atributos do solo, obtidos no campo ou no laboratório
com maior rapidez e praticidade. Contudo, a validade detes métodos indiretos é
dependente de comparações entre resultados obtidos por equações
estimadoras com os obtidos em parcelas experimentais no campo, sob chuva
natural ou simulada.

Método direto com chuva natural


Para o cálculo da erodibilidade utilizando-se de chuva natural há,
idealmente, a necessidade de dados coletados num período de 25 a 30 anos.
Nesse período os dados coletados referem-se a valores de EI30 e perdas de
solo (A), os quais foram proporcionados por cada chuva erosiva ocorrida nos 25
ou 30 anos de registros. Com essas informações pode-se determinar, por
correlação entre as perdas de solo (A) e os valores de (EI30), a erodibilidade do
solo - fator K.
Segundo Wischmeier (1972) podemos admitir que num modelo linear
y = a + bx, no qual y representa a perda de solo por erosão (A) e x o índice de
erosividade (EI30), que o coeficiente angular (b) é o fator K, quando os
resultados de perdas de solo são obtidos sob condições de parcelas unitárias
padrões. A erosividade (x) é determinada pelo uso de pluviógrafos e as perdas
de solo (y) com o uso de talhões coletores permanentes.
Carvalho et al. (1989) correlacionaram os índices EI30 (x), obtidos entre
1978-1985, com as respectivas perdas de solo por erosão (y), para um PV, sob
condições de chuva natural em parcela padrão, em Campinas - SP. Os
referidos autores estabeleceram a seguinte correlação:

y = 0,543609 + 0,02316053 EI30 ( r = 0,7992**) [3.2]

Assim, para o PV de Campinas - SP a erodibilidade seria de 0,02316054


t ha h / ha MJ mm.
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O baixo coefeiciente de correlação (r = 0,7992**), embora significativo,


pode ser decorrente do baixo número de anos de coleta de informações, 8
anos apenas (1978-85), visto que o ideal é de 25 a 30 anos.
Esse é o método principal para a determinação e pesquisa, tanto da
erodibilidade do solo como da erosividade. É sabido que o melhor estimador da
erosividade da chuva de um local é originado de estudos de correlação entre
características da chuva e a respectiva perda de solo por erosão (Wischmeier &
Smith, 1978). A partir de um bom parâmetro estimador da erosividade é que se
chega a um valor confiável da erodibilidade do solo, passível de uso em
modelos de predição da erosão como a EUPS.

Método direto com chuva simulada ou artificial


No caso de uso de chuva simulada ou artificial o procedimento para
determinação da erodibilidade do solo (fator K) é o seguinte:
1) numa área mantida sem vegetação por no mínimo 2 anos e, ainda,
com o preparo do solo no sentido morro abaixo (sentido do declive) são
instaladas parcelas experimentais deilimitadas lateralmente por chapas
galvanizadas, com 11,00 m de comprimento no sentido do declive, x%
(declividade natural local) e transversalmente no topo com 3,50 m de largura.
No final da rampa (11,00 m) é instalada uma calha coletora convergente para
uma saída central, na qual amostras de enxurrada são coletadas para
quantificar a erosão. Sob tais condições os fatores C e P são unitários (C = 1 e
P =1).
2) determina-se o valor LS específico para o comprimento de 11,00 m e
x% de declividade que compõe a parcela (ver CAPÍTULO 4, o qual trata da
determinação do fator LS);
3) realiza-se uma chuva com intensidade constante de 60 mm h-1
durante 60 minutos (1a chuva);
4) 24 horas após a 1a chuva realiza-se outra com intensidade constante
de 60 mm h-1 durante 30 minutos (2a chuva);
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a
5) 15 minutos após a 2 chuva realiza-se outra com intensidade
constante de 120 mm h-1 durante 18 minutos (3a chuva).
Durante a ocorrência das chuvas são realizadas coletas de amostras da
enxurrada, para a quantificação das perdas de solo e água por erosão.
Os cálculos para avaliação da erodibilidade são realizados como descrito
no exemplo 1.

Exemplo 1 : Determinação do fator K sob condições de chuva simulada

Consideremos uma parcela unitária não padrão (C =1 e P = 1), com


11,00 m de comprimento de rampa, 3,50 m de largura e com 9% de
declividade. Nestas condições específicas temos que o fator K pode ser
determinado como:

K = A / R LS [3.3]

m 2
λ/22,13) (65,41 sen θ + 4,56 senθ
LS = (λ θ + 0,065) [3.4]

em que, λ é o comprimento da rampa (m); m é um expoente avliado em função


declividade do terreno; e senθ é o seno do ângulo de inclinação da rampa.

n
A erosividade da chuva artificial ( R = Ei I30i ) é calculada utilizando-se
i =1

as equações [3.5] e [3.6] :

Ec = 0,78 ( 0,119 + 0,0873 log I ) ( só vale para I ≤ 76,2 mm /h) [3.5]

EI30 = Ec x P x I30 [3.6]

Como a chuva artificial não reproduz fielmente a distribuição de


tamanhos de gotas de uma chuva natural de mesma intensidade e duração, um
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fator de correção foi acrescentado na equação [3.5]. Isto se faz necessário para
se estabelecer o valor correspondente de energia cinética para cada mm de
chuva artificial. O referido fator tem sido adotado como 0,78. Assim, a energia
cinética de uma chuva artificial é 78% menor que a de uma chuva natural de
mesma intensidade.
No Quadro 3.2 são apresentados os resultados dos cálculos necessários
à determinação do fator K, para a mencionada parcela unitária não padrão.
Cabe salientar que no caso da 3 chuva a sua intensidade é 120 mm h-1. Neste
a

caso calcula-se a energia cinética para cada mm de uma chuva com


intensidade igual ao limite de validade da equação [3.5], ou seja, 76,2 mm h-1.
Após tal procedimento multiplica-se o valor resultante pela altura P (mm) da
chuva correspondente (vide Quadro 3.2).

Quadro 3.2. Erodibilidade do solo (fator K) obtida em condições de chuva simulada.


A I t P I30 Ec E EI30 LS K
-1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
t ha ano mm h min. mm mm h MJ ha mm MJ ha * **
12 60 60 60 60 0,2139 12,834 770,50 - -
11 60 30 30 60 0,2139 6,417 385,02 - -
20 120 18 36 120 0,2210 7,955 954,59 - -
43 2109,66 0,705 0,029
A são as perdas de solo; I é a intensidade da chuva; t é o tempo de duração da chuva; P é altura da precipitação; I30 é
máxima intensidade de chuva em 30 minutos; Ec é a energia cinética para cada mm de P, E é a energia cinética total
de cada chuva; EI30 é o potencial erosivo de cada chuva aplicada, LS é o fator topográfica; K o valor de erodibilidade do
solo; * = MJ mm ha-1 h-1 ano-1 e ** = t ha h ha-1 MJ-1 mm-1.

Logo do Quadro 3.2. avalia-se que:


K = 43/ (2.109,66 x 0,705) = 0,029 t ha h ha-1 MJ-1 mm-1

Métodos indiretos
Alguns métodos indiretos, que utilizam atributos físicos e químicos do
solo, têm sido propostos e avaliados por pesquisadores brasileiros. Dentre
estes métodos incluem-se os propostos por Lombardi Neto e Bertoni (1975),
Lima (1987) citado por Cavalieri et al. (1994), Lima et al. (1990) e Denardin
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(1990). Nos EUA, Wischmeier et al. (1971) propuseram uma equação


matemática, a qual foi também expressa num nomógrafo, para avaliação
indireta da erodibilidade do solo como:

1,14
100 K = 0,1317 [0,00021 (12-MO) M + 3,25 (S-2) + 2,5 (P-3)] [3.7]

onde, M é produto das percentagens de silte mais areia muito fina pela soma
das percentagens de areia > 0,1 mm e percentagens de silte mais areia muito
fina; MO é o teor de matéria orgânica em %; S e P são a estrutura do solo e
permeabilidade do perfil do solo, respectivamente, codificadas por Wischmeier
et al. (1971).
A equação [3.7], por ter sido desenvolvida nos EUA, não permite
estimativas de K confiáveis para os nossos solos, principalmente os latossolos.
Assim, pesquisas sobre a adaptação do nomógrafo de Wischemeier et al.
(1971) foram realizadas no Brasil (Lima, 1987 citado por Cavalieri et al., 1994;
Lima et al., 1990; e Denardin,1990). Henklain (1980) concluiu que o modelo de
Wischmeier et al. (1971) subestimava a erodibilidade de três latossolos do
Paraná. Freire e Pessotti (1978) e Henklain (1980) justificaram esta
subestimativa aos baixos teores de silte mais areia muito fina presentes nos
latossolos estudados.
Lombardi Neto e Bertoni (1975), num boletim técnico do IAC,
apresentaram a erodibilidade de solos paulistas utilizando técnica desenvolvida
por Middleton com algumas modificações. Para tal intuito os referidos autores
utilizaram 66 perfis de solos. Apenas os horizontes A e B de solos com B
textural e B latossólico foram utilizados, estabelecendo-se as seguintes
relações: 1) relação de dispersão = teor de argila natural / teor de argila
dispersa; 2) relação argila dispersa / umidade equivalente e 3) relação de
erosão = relação de dispersão / (relação argila dispersa / umidade equivalente).
As relações estabelecidas, por Lombardi Neto e Bertoni (1975), não dão uma
validação muito precisa das susceptibilidades de alguns solos. Contudo as
conclusões obtidas por Lombardi Neto e Bertoni (1975) norteiam até o presente
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ações de planejamento conservacionistas no estado de São Paulo. Dentre suas


conclusões incluem-se: 1) os solos com B textural são mais erodíveis e 2) o uso
e o manejo a serem adotados em solos com B textural e com B latossólico
deverão ser distintos.
Denardin (1990) sugeriu para o Brasil duas equações para estimativa da
erodibilidade do solo:

K = 0,0061 P + 0,0083 MO - 0,0012 Al - 0,0004 PART [3.8]

onde, Al é o teor de alumínio obtido por ataque sulfúrico (%) e PART teor de
partículas entre 2 e 0,5 mm (%).

K = 0,00000748 M + 0,00448059 P - 0,06311750 X27 + 0,01039567 X32 [3.9]

em que, Al é teor de alumínio (%); PART teor de partículas entre 2 e


0,5 mm (%); M é o produto do “novo silte” (%) pela soma da “nova areia” (%)
com o “novo silte”(%); P é a permeabilidade codificada segundo Wischmeier et
al. (1971); X27 é o diâmetro médio ponderado das partículas menores que
2mm, expresso em mm; e X32 é uma relação entre o teor de matéria orgânica
(MO) e o teor da “nova areia” determinada pelo método da pipeta (X32 = MO x
“nova areia” / 100).
Cabe salientar que o “novo silte” compreende as partículas com diâmetro
entre 0,1 e 0,002 mm e a “nova areia” as partículas com diâmetro entre 2 e
0,1 mm determinadas pelo método da pipeta. Estas determinações não fazem
parte da rotina dos laboratórios de solos que fazem análise textural. Caso haja
interesse da estimativa da erodibilidade do solo, pelo método de Denardin
(1990), o laboratório deverá ser informado quanto a necessidade do
fracionamento da areia, para posterior determinação do “novo silte” (0,1 e 0,002
mm) e da “nova areia” (2 e 0,1 mm).
Algumas críticas têm surgido ao uso dos modelos [3.8] e [3.9]. Para
latossolo, terra roxa estruturada, podzólico e areia quartzosa, com pH em água
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≤ 6,0, no estado do Paraná, Roloff e Denardin (1994) propuseram uma


estimativa simplificada da erodibilidade do solo como:

1/2 2
K = 0,0049 P + 0,0331 M (R = 0,93**) [3.10]

em que, M é a fração silte multiplicada pela soma de silte mais areia fina (g/g).
Um grande problema no uso das equações [3.8] e [3.9] é a falta de um
critério preciso para o estabelecimento do valor P (classe de permeabilidade do
solo), o qual é inferido em função da experiência do pesquisador. Assim, a
probabilidade de erro é muito grande. Segundo Rolofff e Denardin (1994) a
alocação do valor P com diferença de uma unidade implica num erro de
aproximadamente 20% no valor K.
Assim modelos que excluem a variável P têm sido propostos para o
estado Paraná (Roloff e Denardin, 1994):

- para latossolos e areia quartzosa

K = 0,0437 M1/2 + 0,0350 Fe - 0,0111 Aa (R2 = 0,83*) [3.11]

- para podzólicos e terras roxas

K = 0,0917 M1/2 - 0,0526 Fe - 0,0176 Af (R2 = 0,94 **) [3.12]

em que, Fe é teor de óxido de ferro (g/g); Aa é o teor de Al (g/g) dividido pelo


da argila (g/g) e Af é o teor de areia fina (g/g).
Para a estimativa da erodibilidade para solos com B textural no Brasil
Marques et al. (1997) propuseram a seguinte equação:

K = -0,006 + 0,0074X1 - 0,855 x 10-5 X2 + 3,637 x 10-6 X3 - 1,878 x 10-5 X4


+ 1,172 x 10-7 X5 - 0,012X6 - 2,438 x 10-4 X7 + 1.107 x10-4 X8 [3.13]
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em que, X1 = código da estrutura do horizonte A; X2 = silte disperso em água


do horizonte Bt (g/kg) multiplicado por X1; X3 = partículas* maiores que 0,1 mm
(g/kg) multiplicadas por C orgânico (g/kg) do horizonte A; X4 = C orgânico (g/kg)
multiplicado por Areia muito grossa (g/kg) no horizonte A; X5 = areia muito fina
(g/kg) + areia muitíssimo fina (g/kg) + silte (g/kg) multiplicada pela argila (g/kg)
do horizonte A; X6 = DMG sem pré-tratamento do horizonte Bt (mm); X7 =
atividade da argila no horizonte Bt (mmolc / kg); e X8 = areia muito grossa
-1
dispersa em água do horizonte Bt (g/kg). * = disperso em NaOH 1 mol L e
DMG = diâmetro médio geométrico (mm).
Não há nenhum modelo disponível na literatura, para estimativas
indiretas da erodibilidade do solo, que possa ser considerado perfeito. Todos
eles proporcionam erros em suas estimativas, por superestimarem ou
substimarem os valores observados de K. Valores observados de K são
aqueles obtidos por métodos diretos (chuva natural ou simulada), os quais já
foram descritos anteriormente.
Embora hajam falhas nas suas estimativas, em muitos trabalhos de
planejamento, modelos como os propostos por Denardin (1990) ou outros, têm
sido utilizados para estimativas do fator K da EUPS. Mais comumente, os
modelos propostos por Denardin (1990) têm sido os mais utilizados, devido a
facilidade de determinação dos parâmetros do solo, por meio de análises
laboratoriais, necessários para as estimativas de K. Deste modo, um exemplo
de aplicação dos modelos de Denardin (1990) é apresentado na seqüência
(Exemplo2).
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Exemplo 2 : Determinação do fator K por métodos indiretos

No presente exemplo serão utilizadas as equações propostas por


Denardin (1990):

K = 0,0061 P + 0,0083 MO - 0,0012 Al - 0,0004 PART [3.14]

K = 0,00000748 M + 0,00448059 P - 0,06311750 X27 + 0,01039567 X32 [3.15]

em que, Al é teor de alumínio obtido pelo ataque sulfúrico (%) e PART teor de
partículas entre 2 e 0,5 mm (%); M é o produto da % do “novo silte” pela soma
da % da “nova areia” mais % “novo silte”; P é a permeabilidade codificada
segundo Wischmeier et al. (1971); X27 é o diâmetro médio ponderado das
partículas menores que 2mm, expresso em mm e X32 é a relação entre o teor
de matéria orgânica e o teor da “nova areia” determinada pelo método da
pipeta.
Nos Quadros 3.3 a 3.5 são apresentados atributos de dois solos: um LEa
e um LRd. Para os referidos solos nos Quadro 3.6 e 3.7 os valores de
erodibilidade (fator K ) são apresentados após o uso das duas equações
propostas por Denardin (1990).

Quadro 3.3. Resultados granulométricos para um LEa e um LRd.


Solos % Argila % Silte % Areia % Areia muito % Areia Fina % Areia % Areia % Areia
fina (AMF) (AF) Média (AM) Grossa Muito
(AG) Grossa
(AMG)
(< 0,002 mm) (0,05-0,002 mm) (2-0,05 mm) (0,1-0,05 mm) (0,25-0,1 (0,5-0,25 (1-0,5 mm) (2-1,0 mm)
mm) mm)
Lea 44,2 19,0 36,8 6,9 17,9 10,1 1,1 0,8
LRd 53,2 18,0 28,8 2,3 13,8 9,7 1,1 1,9
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Quadro 3.4. Parâmetros físicos e químicos para os solos LEa e LRd.


Solo % MO Estrutura Permeabilidad % Fe2O3 % Al2O3
e
LEa 2,3 2 2 8,2 14,9
LRd 2,6 3 2 21,4 14,7
Fe2O3 e Al2O3 extraídos com ácido sulfúrico.

Quadro 3.5. Valores do “novo silte” e “nova areia” para os solos LEa e LRd.
Solos % "novo silte" % "nova areia"
% silte+ % AMF % AMG+ % AG+ % AM + % AF
(0,1-0,02 mm) (2-0,1 mm)
Lea 25,9 29,9
LRd 20,3 26,5

Os parâmetros das equações 3.14 e 3.15 podem ser determinados


como:

PART= %AMG + %AG

% “Novo silte” = %Silte + %AMF

% “Nova Areia” = (%AF+ %AM+ %AG+ %AMG)

X27= [ (0,002 x %Argila) + ( 0,026 x %Silte) + ( 0,075 x %AMF) + ( 0,175 x %AF)


+ (AM x 0,375) + (0,75 x AG)+(1,5 x AMG) ] / (%Argila + %Silte + %Areia)

X32 = (%MO x % “Nova Areia”)/100

M = %“Novo silte” x (%“Novo silte” + % “Nova Areia”)

Quadro 3.6. Parâmetros dos solos LEa e LRd e valores de K determinados com
a equação [3.14].
Solo P MO Al MO PART K
LEa 2 2,3 14,9 2,3 1,9 0,013
LRd 2 2,6 14,7 2,6 3,0 0,015
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Quadro 3.7. Parâmetros dos solos LEa e LRd e valores de K determinados com
a equação [3.15].
Solo M P x27 x32 K
LEa 1445,22 2 0,100449 0,6877 0,021
LRd 950,04 2 0,104744 0,6890 0,017

Nenhum dos dois modelos apresenta precisão para estimar o valor da


erodibilidade (vide Quadros 3.6 e 3.7), mas são, suficientemente, precisos para
fornecer a magnitude deste fator para solos de ampla variabilidade de atributos
físicos e químicos (Denardin, 1990). Há diferenças entre os valores estimados
pelas duas equações.
Pelo exposto, ainda é temerário o uso do valor K estimado pelo método
de Denardin na EUPS. Contudo, faltam alternativas ou modelos para se estimar
indiretamente K com confiabilidade. Assim, os valores obtidos por este método
de momento permitem apenas que se façam ilações sobre a erodibilidade do
solo em termos de sua magnitude. Contudo, na necessidade da adoção de um
ou outro valor é preferível utilizar o resultado com maior valor para K.
Os valores ideais de K passíveis de serem aplicados à EUPS, com boa
confiabilidade, já foram apresentados no Quadro 3.1. Tal afirmativa justifica-se
pelo fato dos referidos valores terem sido obtidos no campo sob condições de
chuva natural ou artificial (métodos diretos).
O código de permeabilidade (P) utilizado nas equações [3.14] e [3.15],
para alguns solos brasileiros, podem ser inferidos a partir do Quadro 3.8 e
classificado conforme o apresentado no Quadro 3.9.
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Quadro 3.8. Agrupamento de solos segundo suas qualidades, características e resistência à erosão.

Principais Características
Grupo Grupo de Profundidade Permeabili- Textura (1) Razão Exemplos(3) Ìndice
(1)
resistência dade (1) Textural(2)
à erosão
A Alto muito profundo rápida / rápida média / média < 1,2 LR,LE,LV, 1,25
(>2,0m) ou moderada/ráp. m.argilosa / m.argilosa LVr,LVt,LH,
profundo (1,0 a argilosa / argilosa LEa, e LVa
2,0m)
B Moderado profundo rápida/rápida arenosa/arenosa 1,2 a 1,5 LJ,LVP, PV, 1,10
(1,0 a 2,0m) rápida/mod. arenosa/média PVL, Pln, TE,
mod. /moderada arenosa/argilosa PVls, R, RPV-
média /argilosa RLV, LEa (5) e
argilosa/m.argiolsa LVa (5)
C Baixo profundo (1,0 a lenta/rápida arenosa/média(4) > 1,5 Pml, PVp, PVls, 0,90
2,0m) mo- lenta/moderada média/argilosa(4) Pc e M
deradamente rápida/mod. arenosa/argilosa
profundo (0,5 a arenosa/m.argilosa
1,0m)
D muito baixo moderada- rápida, muito variável muito Li-b, Li-ag, gr, 0,75
mente moderada ou variável Li-fi,
profundo (0,5 a lenta sobre lenta Li-ac e PVp
1,0m) ou raso (rasos)
(0,25 a 0,50m)
(1)
Segundo Manual para Levantamento do Meio Físico e Classificação de terras no Sistema de Capacidade de Uso
(LEPSCH et al, 1983).
(2)
Média da porcentagem de argila do horizonte B (excluíndo B3) sobre média da porcentagem de argila de todo
horizonte A.
(3)
Abreviações segundo BRASIL, 1960.
(4)
Somente com mudança textural abrupta entre os horizontes A e B.
(5)
Somente aqueles com horizonte A arenoso.

Quadro 3.9. Valores do código de permeabilidade do solo (P).


Permeabilidade Valor do código P
1. rápida 1
2. moderada para rápida 2
3. moderada 3
4. lenta para moderada 4
5. lenta 5
6. muito lenta 6
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CAPÍTULO 4

RELEVO (FATOR LS)

O LS exprime o efeito combinado do grau de inclinação e do


comprimento do declive. É um valor adimensional, pois é uma razão entre
perdas de solo.
Este fator pode ser analisado separadamente considerando-se o efeito
do comprimento do declive que é expresso pelo fator L. L é a razão entre a
perda de solo obtida em uma rampa com um comprimento qualquer para
aquela obtida em rampa com 22,13m (comprimento padrão), uma vez as
demais condições sendo mantidas idênticas (R, K, d%, C e P).
O fator L pode ser expresso como:

λ / 22,13)m
L = (λ [4.1]

em que, λ é comprimento de rampa em metros e m é um expoente variável


com a declividade do terreno, θ, expressa em graus ou porcentagem. Os
valores de m, em função do ângulo θ expresso em porcentagem (d%), são
apresentados no Quadro 4.1..

Quadro 4.1. Valores do expoente m em função da declividade expressa em porcentagem.

m Declividade (%)
0,2 d% ≤ 1
0,3 1 < d% ≤ 3
0,4 3 < d% < 5
0,5 d% ≥ 5
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O Fator S é a razão de perda de solo entre uma rampa com um declive


qualquer para aquela obtida em rampa com 9% de declive (declive padrão) e
com as demais condições idênticas (R, K, λ, C e P). O efeito do grau de
inclinação, S, pode ser expresso como:

2
S = 65,41 sen θ + 4,56 sen θ + 0,065 [4.2]

em que, sen = seno do ângulo de inclinação da rampa θ.


É conhecido que :

tg θ = (dV/dH) x 100 = d% x 100 [4.3]

onde, dV é distância vertical e dH a distância horizontal e d% a declividade em


porcentagem.
Logo o ângulo de inclinação da rampa θ pode ser obtido como:

θ = arctg ( d% / 100 ) [4.4]

em que, arctg = arco-tangente e d% a declividade em porcentagem do terreno.


Assim temos que o fator LS é:

λ / 22,13)m (65,41 sen2 θ + 4,56 sen θ + 0,065)


LS = (λ [4.5]

FATOR LS: UMA RAZÃO ENTRE PERDAS DE SOLO

Consideremos R, K, L, C e P mantidos com valores constantes para


duas rampas numa região qualquer. Uma das rampas é uma parcela unitária
padrão. É conhecido que em condições de parcela unitária padrão os fatores
LS, C e P são unitários (LS = 1, C = 1 e P = 1). Nesta condição teríamos uma
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perda de solo simboliza aqui neste texto por A*. Assim as perdas de solo por
erosão podem ser preditas em condições de parcela unitária padrão como
sendo:

A* = R K [4.6]

Considerando-se uma rampa com 22,13 m de comprimento de rampa,


15% de declividade ( LS = ...... ; Portanto LS # 1), C = 1 e P = 1 temos que as
perdas de solo por erosão podem ser estimadas como:

A = R K LS [4.7]

Assim o LS seria a seguinte razão de perda de solo:

LS = A / A* = R K LS / R K = ........... (adimensional)
[4.8]

Com o exemplo acima espera-se que o leitor compreenda como se


m 2
λ / 22,13)
determina o fator LS. A equação LS = (λ (65,41 sen θ + 4,56 sen
θ + 0,065) foi obtida através de correlações entre λ, θ e valores de LS. Os
valores de LS foram obtidos em estudos realizados em cerca de 20.000
parcelas com diferentes combinações para λ e θ .

FATOR LS: PLANOS INCLINADOS, RAMPAS CÔNCAVAS E CONVEXAS

Na natureza as feições de uma rampa nem sempre são as de um plano


inclinado, mas sim uma combinação entre conformações côncavas, convexas e
planas. Isto leva ao surgimento das rampas com conformações complexas, as
mais comuns na natureza.
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Como proposta a equação para cálculo do fator LS está toda baseada


em planos inclinados. Assim, é necessário um método para se determinar o LS
para rampas côncavas e convexas.

Plano inclinado
Consideremos um plano inclinado com 200 m de comprimento de rampa
e declividade média de 12,5%. O fator LS para esta rampa é:
tg θ = d% x 100 θ = arctg (d% / 100)
θ = arctg (12,5 / 100)
assim,
LS = (λ / 22,13)m (65,41 sen2 θ + 4,56 sen θ + 0,065) LS = 4,92

Rampas côncavas ou convexas


Para rampas convexas ou côncavas com comprimento λ, estas são sub-
divididas em N segmentos (1 a N) iguais e uniformes. Posteriormente, calcula-
se valores de LS designados por LS1, LS2, LS3, ..., LSN, os quais são obtidos
considerando-se que os segmentos 1 a N possuem comprimento λ, em função
das declividades d%1, d%2, d%3,....., d%N correspondentes a cada segmento.
Calcula-se, portanto, valores de LS, para cada segmento da rampa,
considerando-se que cada um dos N segmentos possuem comprimento λ com
suas respectivas declividades.
Posteriormente, para cada segmento (1 a N) determina-se uma fração
de perda de solo (f). A fração de perda de solo (f) considerada o
posicionamento na rampa de cada um dos seus segmentos (1 a N). Esta fração
de perda de solo (f) proporciona uma correção para o valor de LS obtido num
segmento da rampa. LS este calculado como se fosse o referido segmento um
plano inclinado com comprimento λ e d% igual a do segmento.
Foster e Wischmeier (1974) propuseram uma equação para estimar
frações de perdas de solo para segmentos sucessivos, caso não haja
deposição de sedimento durante o trajeto da enxurrada em toda a rampa
composta por estes segmentos. Assim, para declives com gradiente uniforme e
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com segmentos de mesmo comprimento as frações de perdas de solo podem


ser calculadas como:

m+1 m+1 m+1


f=[ i - (i-1) ]/ N [4.9]

em que, i é o número do segmento, m é o expoente e N é o número total de


segmentos de mesmo comprimento no qual a rampa foi sub-dividida.

Exemplo de Cálculo do LS: rampas convexas, côncavas e plano inclinado

1. Convexa
1 2 3 4

5% 9% 14% 22%

50 50 50 50

200 m

Quadro 4.1. Cálculo do LS para uma rampa convexa.


Segmento Declividade LS f LS x f
(%)
1 5 1,37 0,12 0,16
2 9 3,00 0,23 0,69
3 14 5,87 0,30 1,76
4 22 12,22 0,35 4,28
Σ = 1,00 Σ = 6,89

Para o segmento 1, por exemplo, calcula-se LS1 como:


tg θ1 = d%1 /100 θ1 = arctg (d%1 / 100)
logo,
θ1 = arctg (d%1 / 100)
LS1 = (200 / 22,13)m (65,41 sen2 θ1 + 4,56 sen θ1 + 0,065)
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Após o cálculo do LS para o segmento 1 determina-se a fração de perda


de solo correspondente ao referido segmento como:

m+1 m+1 m+1


f1 = [ 1 - (1-1) ]/ 4

Para os demais segmentos (2 a N) adota-se o mesmo procedimento.


Portanto, o LS para uma rampa convexa ou côncava será o valor
resultante da seguinte equação de ponderação:

LS = (LS1 x f1+ ............ + LSN x fN) / (f1+ .......+ fN) [4.10]

Assim,
n n
LS = LS x f / f = 6,89 / 1,00 = 6,89
i =1 i =1

2. Côncava

1 2 3 4

20% 15% 11% 4%

50 50 50 50
200 m

Quadro 4.2. Cálculo do LS para uma rampa côncava.


Segmento Declividade LS f LS x f
(%)
1 20 10,44 0,12 1,25
2 15 6,55 0,23 1,51
3 11 4,04 0,30 1,21
4 4 0,85 0,33 0,28
Σ = 0,98 Σ = 4,25
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Assim,
LS = Σ LS x f / Σ f = 4,25 / 0,98 = 4,34

4. Plano Inclinado ( aplicar equação [4.5.] do LS apenas )


θ = arctg (12,5 / 100)
LS = (200/22,13)0,5 (65,41 sen2θ + 4,56 senθ + 0,065)
LS = 4,92

Comentários finais
Segundo Leprun (1981) o fator LS é problemático, porque quando se
extrapolam dados de perdas de solo obtidos em parcelas padrões para
condições topográficas diferentes, um valor incorreto de LS pode levar a
estimativas errôneas de perda de solo.
Bertoni (1966) utilizando-se de determinações de perdas de solo por
erosão, para os principais solos do estado de São Paulo, numa média de 10
anos de observações em talhões coletores permanentes de diferentes
comprimentos e graus de declive, determinou uma equação que possibilita
avaliar o fator LS como:

LS = 0,00984 λ0,63 d%1,18 [4.11]

onde, λ é comprimento da rampa em m e d% a declividade do terreno em


porcentagem.
A equação [4.11] só é válida para planos inclinados.
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CAPÍTULO 5

FATOR COBERTURA E MANEJO DO SOLO (FATOR C)

O Fator C é uma razão entre a perda de solo numa área com específica
cobertura e manejo e aquela obtida, em condições, em parcela unitária não
padrão (P = 1 e C = 1) ou padrão (LS = 1, C = 1 e P = 1). As avaliações de
razão de perdas de solo podem ser obtidas como:

rp = Atratamento / A [5.1]

em que, Atratamento = R x K x LS x C (LS ≠1 ou LS =1; P = 1); A = R x K x LS


(LS ≠1, C = 1 e P = 1) ou A = R K (LS = 1, C = 1 e P = 1); Atratamento é a perda
de solo em t/ha ano verificada em área com específica cobertura e manejo, A é
perda de solo em t/ha ano verificada em condições de parcela unitária padrão
ou não, R é a erosividade da chuva, K a erodibilidade do solo, LS o fator
topográfico, C o fator cobertura e manejo e P o fator práticas conservacionistas.
Aplicando-se a equação [5.1] numa parcela unitária não padrão temos
que:

rp = R x K x LS x C / R x K x LS [5.2]

Portanto,

rp = C [5.3]

(Obs.: As avaliações de perdas de solo são feitas sob condições idênticas


quanto aos demais fatores, no caso R, K, LS e P, tanto sob aplicação de chuva
natural ou artificial)
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Ao longo de um ano agrícola a porcentagem de cobertura vegetal e o


manejo do solo são variáveis ao longo do tempo. Este é sem dúvida o fator
mais susceptível às mudanças impostas pelo agricultor. Num sistema de
preparo convencional (aração e/ou gradagem) durante a fase de preparo do
solo este praticamente não apresentará cobertura vegetal viva ou morta. Isto, é
lógico, dependerá da existência ou não do manejo da resteva (resíduos
culturais), por parte do agricultor, após a colheita da cultura. Assim, após o
preparo do solo com o consequente plantio da cultura até a época da colheita
diferentes porcentagens de cobertura vegetal viva ou morta serão
possibilitadas ao solo. Em todas estas fases haverá, ainda, diferente
distribuição do potencial erosivo das chuvas e da porcentagem de cobertura
vegetal, principalmente nas épocas mais críticas (preparo e plantio). Assim, a
erosão resultante será função das diferentes combinações do potencial erosivo
da chuvas versus cobertura e manejo do solo. Como pode ser notado o fator C
é complexo e dependente da cultura, do espaçamento entre plantas, do
desenvolvimento da cultura, do tipo de preparo do solo, da distribuição do
potencial erosivo das chuvas, etc.
Para uso na EUPS o fator C, para um específico sistema de manejo, é
computado a partir das razões de perdas de solo por erosão determinadas pela
equação [5.1] em estágios ou estádios de desenvolvimento da cultura, nos
quais os efeitos da cobertura e sistema de manejo podem ser considerados
uniformes (Mutchler et al., 1990). O ano agrícola, para fins de cálculo do fator
C, deverá ser dividido em estágios ou estádios, como recomendado por
Wischmeier e Smith (1978). Os referidos estádios são :
1. Período de preparo do solo (P) - aração até a gradagem;
2. Perídodo de plantio ou sementeira (S) - final do período P ( plantio)
até 10% de cobertura vegetal oferecida ao solo;
3. Período 1 - Estabelecimento da cultura - 10% a 50% cobertura
vegetal (35% algosão);
4. Período 2 - Desenvolvimento - 50% a 75% cobertura vegetal (35 a
60% algodão);
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5. Período 3 - Maturação da cultura - final do período 2 até a colheita.


Este período é avaliado em três níveis: 3a) 80 - 90%; 3b) 90 - 96% e 3c) 96 -
100% de cobertura vegetal oferecida ao solo;
6. Período 4 - Resíduo - este período vai da colheita até o novo período
de preparo ou sementeira (caso do plantio direto).
Para uso na EUPS o fator C é avaliado como:

C = Σ (%EIi rpi) / Σ %EIi [5.4]

em que, n é o número de estádios que compõe o ano agrícola em análise, i é


um estádio específico do total n; %EIi é a porcentagem de EI30 disponível para
provocar erosão no solo num período específico i e rpi é a razão de perda de
solo verificada num estádio específico i.
Como pode ser notado o fator C é uma média ponderada das diferentes
razões de perdas de solo que irão ocorrer num ano agrícola tendo como fator
ponderador a % de EI30 disponível em cada um dos diferentes estágios do ano
agrícola para uma região.

Dificuldades de obtenção do fator C no Brasil


As perdas de solo por erosão sob diferentes sistemas de preparo do solo
para diferentes culturas tem tido grande número de pesquisas, desde a década
de 70, no Brasil.
A erosão do solo e a consequente queda na produtividade tem, ao longo
dos anos no Brasil, ganho ênfase, em busca de maior retorno econômico com a
agricultura. Assim, tem-se buscado conhecer, mais intensamente, desde a
década de 70, o comportamento de diferentes culturas, em relação à erosão,
seja seu ciclo vegetativo completo ou nos seus diferentes estágios ou estádios
de desenvolvimento, visando ajustar capacidade de uso do solo e manejo
adotado. Contudo, trabalhos de estudo da erosão nos diferentes estágios de
uma cultura não têm considerado (Quadro 5.1), com raras exceções, até o
presente a divisão dos estádios de uma cultura como recomendado por
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Wischmeier e Smith (1978) para cálculo do fator C da EUPS. Este tem sido um
grande entrave à evolução do conhecimento de um importante parâmetro
relacionado com o processo erosivo do solo. Muitas informações sobre o fator
C já poderiam ter sido gerados no Brasil, o que é lamentável. Isto limita o
estudo e a aplicação dos modelos mais recentes de predição de perdas de
solo, como o WEPP, que necessitam de informações sobre o parâmetro
cobertura vegetal. Segundo Rolofff et al. (1994) a determinação do uso e
manejo do solo sobre a erosão, fator C da EUPS, é considerada um dos
maiores obstáculos para a utilização mais ampla desta equação no Brasil.
Pereira et al. (1992) apresentou modelos para estimativa de cobertura
vegetal para as culturas de milho e soja, em função de parâmetros de clima.
Contribuições como esta têm sido raras e dificultam a evolução de pesquisas
para a aplicação de modelos de predição de perdas de solo em maior escala
no Brasil.

Quadro 5.1. Perdas de solo em trigo, soja, milho e algodão em preparo convencional e soja/trigo em
plantio direto, em latossolo roxo eutrófico, com 8% de declive (Adaptado de Mondardo
et al., 1978).
Estádios da cultura
Cultura I II III IV Total
Perdas de solo (kg/ha)
Soja-convencional 6738 39 7 641 7425
Soja-plantio direto 974 587 0 538 2099
Trigo-convencional 2216 1755 6 691 4668
Trigo-Plantio direto 970 1334 489 467 3260
Milho-convencional 994 747 35 0 1776
Algodão-convencional 9252 1303 2088 352 12995
Solo descoberto 25225 25191 27355 25225 102996
I- germinação a 30 dias após ; II- 30 a 60 dias; III- 60 dias a floração e IV- após a colheita.

Pesquisadores do IAC têm contribuído de forma decisiva na


determinação de valores do fator C para diferentes culturas. Este é o caso de
De Maria et al. (1994) que apresentaram resultados, a partir de dados de
perdas de solo, obtidos sob chuva natural, para cálculo do fator C para cana-
de-açúcar. Os referidos resultados foram obtidos em dois tipos de solo:
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latossolo roxo distrófico e podzólico vermelho-amarelo, com 13 e 12% de


declive, respectivamente, nos municípios de Campinas-SP e Pindorama-SP. O
fator C foi estabelecido como 0,11. A partir dos resultados obtidos para cálculo
do fator C, as larguras máximas de faixas de cana-de-açúcar (Quadro 5.2.),
para quatro classes de declive foram obtidas por De Maria et al. (1994). Esta é
uma contribuição muito importante, visto que informações para
dimensionamento de práticas de controle da erosão são raras no Brasil.

Quadro 5.2. Largura máxima de faixas para cana-de-açúcar.


Grupos de solos *
Declive (%) A B C D
<3 300 230 80 50
3a6 230 80 50 20
6a9 80 50 20 -
9 a 12 50 20 - -
* De A a D os grupos apresentam menor resistência à erosão (Lombardi Neto et al., 1989 citado por De Maria, 1994).

Determinação do fator C da EUPS


Dada a falta de maiores informações sobre o fator C, para sistemas de
cobertura e manejo utilizados no Brasil, tabelas apresentados por
pesquisadores americanos têm sido utilizadas por profissionais brasileiros. É
claro que determinados manejos adotados no Brasil não coincidem com os
aquelas utilizados nos EUA. Contudo, quando os manejos são semelhantes
resultados como os apresentados na Tabela 5.3 podem nos dar uma
aproximação razoável das razões de perdas de solo ano longo de um dado
calendário ou ano agrícola.
Considerando-se as informações da Figura 5.1, Tabela 5.3. e a equação
[5.1.] o fator C para uma região na qual se cultiva milho após milho, no sistema
convencional com preparo do solo feito com arado de aiveca e cujos resíduos
são deixados no campo ( 4.000 kg/ha ou 94% de cobertura residual pela
palhada do milho) tem o fator C igual a 0,4540. Para se chegar a tal valor veja
os quadros guias 5.4 e 5.5.
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Tabela 5.3. Razões de perdas de solo obtidas nos EUA para alguns sistemas de cobertura e manejo.
Quantidade de Milho após Milho ou Sorgo, ou pequenos Razão de perda de solo para cada estágio de
resíduo na época grãos ou algodão desenvolvimento e cobertura vegetal (x 10-2)
de preparo do - cultivo convencional, com arado de aiveca
solo
No kg/h % Resíduos deixados no campo P S 1 2 3a 3b 3c 4
á
1 5000 Idem 31 55 48 38 - - 20 23
2 4000 Idem 36 60 52 41 - 24 20 30
3 3000 Idem 43 64 56 43 32 25 31 37
4 2000 Idem 51 68 60 45 33 26 22 47
5 5000 Resíduos retirados do campo 66 74 65 47 - - 22 56
6 4000 Idem 67 75 66 47 - 27 23 62
7 3000 Idem 68 76 67 48 35 27 - 69
8 4000 Idem 69 77 68 49 35 - - 74
9 5000 Somente grade pesada (sem aração) - 45 38 34 - - 20 23
ou grade e arado
10 4000 Idem - 52 43 37 - 24 20 30
11 3000 Idem - 57 48 40 32 25 21 37
12 2000 Idem - 61 51 42 33 26 22 47
13 6000 95 Plantio direto - 2 2 2 - - 2 14
14 6000 90 Idem - 3 3 3 - - 3 14
15 5000 80 Idem - 5 5 5 - - 5 15
16 4000 70 Idem - 8 8 8 - 8 6 19
17 4000 60 Idem - 12 12 12 12 9 8 23
18 4000 50 Idem - 15 15 14 14 11 9 27
19 3000 40 Idem - 21 20 18 17 13 11 30
20 3000 30 Idem - 26 24 22 21 17 14 36
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Porcentagem acumulada de EI30 (%)

100

90

80

70

60

50

Preparo do
40 solo (P) Plantio (S) Período 1 Período 2 Período 3 Período 4

30

20

10

0
DATA 1 DATA 2 DATA 3 DATA 4 DATA 5 DATA 6 DATA 7

Períodos do ano agrícola

Em que: Preparo do solo (P) - aração até a gradagem; Plantio (S) - final do período P ( plantio) até 10% de cobertura vegetal
oferecida ao solo; Período 1 - Estabelecimento da cultura - 10% a 50% cobertura vegetal (35% algosão); Período 2 -
Desenvolvimento - 50% a 75% cobertura vegetal (35 a 60% algodão); Período 3 - Maturação da cultura - final do período 2 até a
colheita. Este período é avaliado em três níveis: 3a) 80 - 90%; 3b) 90 - 96% e 3c) 96 - 100% de cobertura vegetal oferecida ao
solo; Período 4 - Resíduo - este período vai da colheita até o novo período de preparo ou sementeira (caso do plantio direto).

Figura 5.1. Porcentagem acumulada de EI30 em função dos períodos de um ano


agrícola para fins de determinação do fator C.
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Quadro 5.4. Guia para cálculo do fator C para uma cobertura vegetal e sistema de manejo
específicos, num ano agrícola qualquer.
Período Data Leitura % de EI30 Razão de perda Cálculo do fator
(% EI30) δ)
disponível (δ de solo (rp) C
Preparo do solo Data 1 a Data 2 EI1 EI1 - EI2 = δ1 rpp rpp x δ1
Plantio Data 2 a Data 3 EI2 EI3 - EI2 = δ2 rps rps x δ2
Período 1 Data 3 a Data 4 EI3 EI4 - EI3 = δ3 rp1 rp1 x δ3
Período 2 Data 4 a Data 5 EI4 EI5 - EI4 = δ4 rp2 rp2 x δ4
Período 3 Data 5 a Data 6 EI5 EI6 - EI5 = δ5 rp3 rp3 x δ5
Período 4 Data 6 a Data 7 EI6 100+EI1 - EI6 = δ6 rp4 rp4 x δ6
Preparo do solo 100+ EI1 100 Σ

C = (rpp x δp + ....... + rpn x δn ) / (δ1 + ....... + δn) [5.5]

em que, rp é a razão de perda de solo, δ é a % de EI30 disponível e n número


total de estádios de um ano agrícola específico.

Quadro 5.5. Guia para cálculo do fator C para uma cobertura vegetal e sistema de manejo
específicos, num ano agrícola qualquer expresso na Figura 5.1.
Período Data Leitura % de EI30 Razão de perda de Cálculo do fator
(% EI30) δ)
disponível (δ solo (rp) C
Preparo do solo Data 1 a Data 2 5 15 0,36 5,40
Plantio Data 2 a Data 3 20 20 0,60 12,00
Período 1 Data 3 a Data 4 40 30 0,52 15,60
Período 2 Data 4 a Data 5 70 20 0,41 8,20
Período 3 Data 5 a Data 6 90 5 0,24 1,20
Período 4 Data 6 a Data 7 95 10 0,30 3,00
Preparo do solo 105 100 45,40

Assim o fator C para o referido exemplo é calculado utilizando-se a


equação [5.4] ou [5.5] como:
C = 45,40 / 100 = 0,4540
Este são os procedimentos básicos para cálculo do fator C da EUPS.
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 45

CAPÍTULO 6

PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS (FATOR P)

O fator P é uma razão de perdas do solo, obtida entre uma área com
uma prática em contorno, sulcos ou linhas de cultivo ou terraceamento para
aquela rampa preparada no sentido do declive. Portanto, nas duas áreas R, K,
LS e C são iguais.
As práticas conservacionistas mais comuns para as culturas anuais são:
plantio em contorno, plantio em faixas de contorno, terraceamento e alternância
de capina. Para áreas terraceadas, o comprimento do declive a usar na
determinação do valor de LS na equação é o intervalo entre terraços. O valor
de P para uma área terraceada, portanto, deverá ser o mesmo do plantio em
contorno, uma vez que, reduzindo o comprimento do declive, reduzem-se as
perdas de solo pela raiz quadrada do comprimento (Bertoni e Lombardi Neto,
1990).
A eficácia do fator práticas é difícil de avaliar. Consequentemente,
poucos dados estão disponíveis para este propósito. O fator P pode ser medido
em rampas padrões nas quais avalia-se os efeitos das operações agrícolas
realizadas em contorno. A análise do fator P dependerá de dados obtidos em
parcelas padrões comparados com aqueles de parcelas semelhantes, exceto
quanto ao cultivo em contorno.
Assim temos que o fator P deve ser determinado como:

P = A contorno / A* [6.1.]

em que, A contorno é a perda de solo obtida em parcela unitária padrão exceto


quanto a P (LS =1 e C = 1, P # 1) e A* é a perda de solo obtida em condições
de parcela unitária padrão (LS = 1, C = 1 e P = 1).
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Os valores de P disponíveis para utilização da EUPS, no Brasil, são


aqueles obtidos para os EUA. Estes valores são apresentados nos Quadros
6.1. a 6.3.

Quadro 6.1. Valores do P e limites de comprimento de rampa para culturas plantadas em nível.

% de declive Valor de P Comprimento máximo (metros)

1a2 0,60 122


3a5 0,50 92
6a8 0,50 61
9 a 12 0,60 37
13 a 16 0,70 25
17 a 20 0,80 18
21 a 25 0,90 15

Quadro 6.2. Valores do fator P para culturas em faixas em nível com limites de comprimento de rampa.

% de declive Valor de P Provável largura Comprimento


A B C da faixa máximo
(m)
1a2 0,30 0,45 0,60 130 122
3a5 0,25 0,38 0,50 100 92
6a8 0,25 0,38 0,50 100 61
9 a 12 0,30 0,45 0,60 80 37
13 a 16 0,35 0,52 0,70 80 25
17 a 20 0,40 0,60 0,80 60 18
21 a 25 0,45 0,68 0,90 50 15
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 47

6.3. Valores do fator P para campos terraceados e plantados em contorno (em nível).

% de declive Uso Agrícola Exclusivo para Produção de


fator em contorno fator p/ culturas em Sedimentos
faixas
superficial (1) subterrâneo (2)

1a2 0,60 0,33 0,12 0,05


3a8 0,50 0,25 0,10 0,05
9 a 12 0,60 0,30 0,12 0,05
13 a 16 0,70 0,35 0,14 0,05
17 a 20 0,80 0,40 0,16 0,06
21 a 25 0,90 0,45 0,18 0,06

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