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CDD: 149.7
Resumo: Tomar a Regra IV como a junção – sem o aval de Descartes – de dois textos distintos passou a
ser um lugar comum na literatura sobre aquele texto. Seria necessário explicar a distinção entre os textos
recorrendo à outra importante distinção: entre mathesis universalis e método. Com efeito, nosso artigo tenta
pôr em questão essa interpretação clássica na medida em que pretende mostrar que a revisão que se opera
no seio da matemática torna-a menos uma ciência das grandezas abstratas que um método que constrange
as ciências a instituir a ordem e a medida em seus estudos. Em outras palavras, pode-se pensar que a
discussão sobre a matemática em que se ocupa a Regra IV tem como objetivo uma universalização das
operações de ordem e medida, em detrimento de uma compreensão da matemática como ciência das grande-
zas abstratas. Assim, defenderemos que a Regra IV ocupa-se de um único problema: a instituição de um
método universal. Devemos considerá-la então como um único texto.
1. Introduction
O anuncio do método na Regra IV a põe em um lugar de particu-
lar destaque no conjunto das demais regras das Regulae ad Directionem Inge-
nii (doravante: Regras). Será justamente na sua epígrafe que o termo metho-
dus aparecerá no texto das Regras com intuito de subordinar toda investi-
gação científica à determinação, prévia, de suas regras: o método é necessário
na busca da verdade (la méthode est <absolument> nécessaire pour la recherche de la
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Regulae, ne se trouve daté. Nesse sentido, todas as afirmações são conjecturas. AT,
X, p. 486. Além disso, Descartes não fez nenhuma referência ao texto em suas
obras posteriores, tornando ainda mais difícil estabelecer sua datação. Adan, Cf.
nos avons dit qu’il y a deux copie au moins des Regulae (qu’avaient été conrsevées en Holland)
que si trovent dans les Opuscula Posthuma (Amsterdam, 1971). Il y a aussi une autre
exemplaire que Leibniz avait lequelle se trouve mantainent à Hanouver. AT, X, p. 253-256.
Cf. AT, I, p. 49.
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dos como a Regra IV. Desse modo, concernem a uma mesma regra, seja
ela refeita ou não, isto é, seja a Regra IV-B um apêndice ou anexo da
Regra IV-A, ela deve guardar necessariamente alguma relação com a
Regra IV-A. Cumpre descobrir qual é essa relação.
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AT, 545 ligne 16 ut rectum iter chemin AT, 10/29 - AT 02/18 chemin via - AT
7
541/04 AT 08/10 chemin iter – AT, VI, p. 544/07 AT, VI, p. 15/23 – AT, VI, p.
548/32 iter chemin 23/29 – AT, VI, p. 553/20-22 recta via/ inter vias extremas.
8 AT, VI, p. 4. Cf. O método como o ponto a partir do qual nós podemos
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ne fût par les mêmes qu’ils ont examinées; bien que j’en espérasse aucune
autre utilité, sinon qu’elles accoutumeraient mon esprit à se repaître de
vérités, et ne se contenter point de fausses raison. (AT, VI, p. 19).
rectum veritatis iter quaerentes AT, X, p. 366/06 /-/ certe tamen iter capessent AT, X, p.
364/05 /-/ recta quaerendae veritatis via AT, X, p. 360/24.
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Et maintenant il faut conclure de tout ceci, non certes qu’il ne faille rien
étudier que l’Arithmétique et la Géométrie, mais seulement que ceux qui
recherchent le droit chemin de la vérité me doivent s’occuper d’aucun
objet, duquel ils ne puissent avoir une certitude égale à <celles des
démonstrations de> l’Arithmétique et de la Géométrie. (Marion, p. 6 //
AT, X, p. 366) Ces longues chaînes de raisons, toutes simples et faciles,
dont les géomètres ont coutume de se servir pour parvenir à leurs plus
difficiles démonstrations, m’avaient donné occasion de m’imaginer que
toutes les choses qui peuvent tomber sous la connaissance des hommes
s’entresuivent en même façon ... (AT, VI, p. 19) Principes: ...je ne veux
rien recevoir pour vrai, sinon ce qui en sera déduit avec tant d’évidence,
qu’il pourra tenir lieu d’une démonstration de la mathématique (Pr. II,
64 // AT, IX, p. 102).
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Si j’ai dit <<habit>>, ce n’est pas que je veuille cacher cette doctrine et
envelopper pour en écarter la commune <des hommes>, mais plutôt
pour l’habiller et l’orner, en sorte qu’elle soit plus accommodée à l’esprit
humaine. (Marion, p. 12) 10 .
Car en réalité il n’est rien de plus vain, que de s’occuper nombres nus et
de figures imaginaires, en sorte de paraître vouloir s’arrêter à la connais-
sance de telles niaiseries, et de appliquer tant à ces démonstrations super-
ficielles.... (Marion, p. 13 // AT, X, p. 375) Discours: Mais je n’eus pas
dessein pour cela de tâcher d’apprendre toutes ces sciences particulières
qu’on nomme communément mathématiques... (AT, VI, p. 19).
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11O termo artes (ars, artis) é traduzido na Règle IV por Brunschiwig como
savoir-faire (FA, I, p. 95), que embora não seja o termo original, pode ser com-
preendido conforme sugere sua tradução. Porém, as demais traduções francesas
examinadas por nós (Sirven, 1990. p. 23 e Marion, p. 13), optam em deixar o
termo original arte, cujo termo francês é praticamente idêntico aquele latino.
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Aussi bien, quoique tout cela soit si clair qu’on le croirait presque puéril,
une réflexion soutenue me fait comprendre la manière dont se
compliquent toutes les questions relatives aux propositions, et l’ordre
qu’exige leur recherche: et cela seul embrasse l’ensemble de toute la
science des mathématiques pures (Sirven, p. 36 // AT, X, p. 384-385) 16 .
Para a nossa discussão a tradução de Sirven é mais clara. Por isso, optamos
16
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Le projet d’une Science universelle qui puisse élever notre nature à son
plus haut degré de perfection. Plus, la Dioptrique, Les Météores, & la
Géométrie; où les plus curieuses Matières que L’auteur ait pu choisir,
pour rendre preuve de la Science universelle qu’il propose, sont
expliquées en telle sorte, que ceux même qui n’ont point étudié les
puissent entendre (Mersenne, Mars /1636 // AT, I, p. 339).
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