Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1 INTRODUÇÃO
Neste enquadre que a partir das disciplinas de Clínica I, II e III, ofertadas pela FASI 2,
respectivamente nos períodos sexto, sétimo e oitavo do curso de Psicologia, constituem como
uma oferta e promoção do serviço da Psicologia Clínica, para a população que tem acesso aos
serviços no campo da saúde da Clínica Escola da respectiva instituição, por intermédio de
acadêmicos e por supervisão de profissionais do campo em questão.
1
Acadêmica de Psicologia da Faculdade de Saúde Ibituruna FASI.
2
Faculdade de Saúde Ibituruna, Montes Claros-MG.
Dentro do trabalho da Psicologia Clínica, existem várias abordagens que cuidará de conduzir
o caso clínico dentro do seu referencial teórico e epistemológico. Assim, o debruçar-se sobre
o caso requer um trabalho também de apropriação de um arcabouço filosófico que auxiliará a
pensar o caso clínico, permeando a condução do caso dentro do processo terapêutico. Apesar
das diferenciações epistemológicas, é unânime entre as abordagens à importância que se
confere à relação terapêutica. O que ganhou especial atenção a partir da terceira força da
Psicologia, a Abordagem Existencial-Humanista – pela qual este trabalho terá como norteador
para analisar e explorar casos e acasos clínicos. (VILELA, FERREIRA e PORTUGAL;
2005); (BARROS e HOLANDA, 2007).
Assim, a partir de experiência com três casos clínicos de uma acadêmica dentro da abordagem
supracitada, que este trabalho possui o objetivo de se debruçar, conforme a epistemologia da
palavra clínica, ou clinicar a respeito das potencialidades, limites, e possibilidades da clínica
psicológica.
2 DESENVOLVIMENTO
3
Carl Rogers teve como principal foco de estudo o processo da comunicação, partindo de um enfoque mais
diretivo para uma comunicação transcendente. Nos seus estudos, as principais contribuições, que são tomadas
como fundamentais em qualquer relação terapêutica, independente de abordagem, refere-se às atitudes. Sendo:
1-aceitação incondicional:; 2-congruência:; e 3-autenticidade:. Neste caso clínico, as atitudes foram as primeiras
norteadoras para a escuta verdadeira e o estabelecimento do contrato e vínculo terapêutico.
A fenomenologia também acaba por se envolver neste movimento, ao tecer críticas ao saber
científico e na maneira instrumentalizada e objetificada com que a pessoa era considerada –
algo que também pode ser encontrado nos trabalhos de Rogers, ao partir de uma diretividade
no processo de comunicação para uma não diretividade, que envolve a forma como o autor e
pesquisador, passa a apreender a totalidade da pessoa, dentro de uma perspectiva positiva.
(MIRANDA, 2012); (DE BARROS e HOLANDA, 2007).
Algo semelhante ou similar não deixar de ser realizado pela Psicologia Humanista (como
também pela Psicanálise), ao recuperar epistemologicamente a Filosofia dentro da Psicologia,
adotando não somente uma maneira de olhar e apreender o ser humano em sua totalidade,
como também e por este modo de se relacionar com ele. Por este motivo que esta abordagem
considera como de fundamental importância e a priori, a relação do terapeuta com o cliente,
que passa por compreender não somente a totalidade da existência do ser cliente, como
também do ser terapeuta. (SHMIDT, 2011).
Através desta fundamentação, é possível agora refletir sobre a experiência com três casos
clínicos – sobre os pontos em comum e o que escapa desses pontos, sendo assim, os acasos.
Em todos eles, a responsabilidade do terapeuta se situou nos limites da relação e nas maneiras
de como estabelecer essa relação. De certa maneira, a responsabilidade do terapeuta no
processo de condução e estabelecimento do vínculo pode ser pensada por meio das atitudes
que Rogers considera. Todavia, não se é possível pensá-las de maneira robotizada ou
4
Psicologia Social dentro da perspectiva crítica, tendo nascido com os estudos de Vygotsky, Luria e Leontiev,
sendo representada no Brasil através inicialmente de Silvia Lane, e outros pesquisadores como Ana Bock e
Bader Sawaia.
instrumentalizá-las, pois foge da lógica de como Rogers compreende o terapeuta e cliente, ao
discorrer sobre elas. Assim, é possível situar neste sentido a categoria da afetividade na
relação e na apreensão de um objeto no conhecimento cientifico sem desapropriá-lo da sua
totalidade, o que caracteriza também o método fenomenológico proposto por Husserl.
(MIRANDA, 2012); (ROGERS, 2007); (SAWAIA, 1999); (SHMIDT, 2011).
Considerando a responsabilidade do terapeuta, cabe então pensar até onde “depende” dele, de
certa forma, o sucesso de uma condução do caso clínico, ou o que escapa dos pontos
abordados acima. A relação não deixa de estar envolvida novamente, visto a forma com que
Rogers também concebia o cliente no processo de comunicação. Neste enquadre, cabe
considerar a maneira como é compreendido o espaço da clínica ou o setting terapêutico. Para
Rogers, este espaço situa-se no encontro entre terapeuta e cliente – o que se esbarra muito
também nos estudos da Psicologia Social ao se pensar sobre o sofrimento dentro da dimensão
ético-política. (ROGERS, 2007); (SHMIDT, 2011).
Assim, o terapêutico da clínica não se limita a estruturas físicas de uma sala, por exemplo,
compreendendo que o potencial da vida existe na totalidade da existência, o que abarca as
várias dimensões que a constituem. Assim, poder-se-ia considerar que os limites da clínica em
Psicologia se circunscrevem no que se escapa no encontro com o cliente para o que existe fora
do espaço físico dentro do processo de comunicação, que são as outras dimensões que existem
para além do clínico, e compõe a vida, e história desta pessoa, quando retrata o seu dia, escrita
nos seus dia-a-dias. (DE BARROS e HOLANDA, 2007); (MIRANDA, 2012); (ROGERS,
2007); (SHMIDT, 2011).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este movimento não acontece somente dentro da Psicologia, como desemboca primeiramente
no campo da saúde de forma geral, como na Psicopatologia, ao se contrapor à Psicopatologia
Tradicional através da Fenomenologia, quando surge com o intento de “atender ao imperativo
de não exclusão ao verdadeiro objeto de estudo destas disciplinas: a experiência subjetiva”.
Um dos seus representantes mais contemporâneos, Tatossian, tendo como referência os
estudos de Husserl, Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, bem como Jaspers, Binswanger, e Van
Den Berg, tece entrelaçamentos entre a psicopatologia e a filosofia fenomenológicas, para
compreender o sintoma e o fenômeno dentro do contexto da experiência, sem tomar
novamente o sujeito no lugar de passividade. (DE BARROS e HOLANDA, 2007);
(SAWAIA, 1999); (MOREIRA, 2011); (TEIXEIRA, 2006).
BOCK, Ana Mercês Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça Marchina (Ed.). A dimensão
subjetiva da realidade: uma leitura sócio-histórica. Cortez Editora, 2009.
MIRANDA, Carmen Silvia Nunes de; FREIRE, José Célio. A comunicação terapêutica na
abordagem centrada na pessoa. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 64, n. 1, p. 78-94,
2012.
SCHMIDT, Maria Luisa Sandoval. Utopia, teoria e ação: leitura das propostas grupais na
abordagem centrada na pessoa. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 31, n. 3, p. 628-639, 2011.