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A prova da ilimitada caridade que Cristo, o Senhor, deixou à sua Esposa, a Igreja, qual seja, o inexprimível e
supremo dom da Eucaristia, requer de nós que aprofundemos nossa apreciação desse grande mistério e
compartilhemos ainda mais plenamente de seu poder salvífico. Conseqüentemente, a Igreja, em seu zelo e cuidado
pastoral, tem repetidamente elaborado leis práticas e declarações doutrinais adequadas, objetivando o aumento na
devoção pela Eucaristia, o cume e o centro do culto Cristão.
As novas condições do presente parecem exigir que, sem prejuízo da suprema reverência devida a tão
excelso sacramento1, o acesso à Comunhão seja facilitado, de modo que, pela participação mais plena nos efeitos
do sacrifício da Missa, os fiéis possam, mais prontamente e intensamente, entregarem-se a Deus, e ao bem da
Igreja e de toda a humanidade.
As primeiras medidas a serem tomadas objetivam evitar que a recepção da Comunhão se torne impossível
ou difícil pela falta de um número suficiente de ministros. Medidas devem ser tomadas, em segundo lugar, para
prevenir a exclusão dos doentes desse grande conforto espiritual, a recepção da Comunhão, devido à
impossibilidade de observar a lei do jejum, mesmo em sua forma menos severa. Finalmente, parece vantajoso, em
certos casos, permitir aos fiéis solicitantes receber a Comunhão uma segunda vez no mesmo dia.
Em resposta, portanto, às preferências de várias Conferências de Bispos, as seguintes normas são emitidas,
com relação a:
Há várias situações nas quais uma deficiência no número de ministros da Comunhão tem sido apontada:
- fora da Missa, quando a distância torna difícil levar a Comunhão, especialmente como viático aos doentes
em perigo de morte; ou quando o grande número de pessoas doentes, especialmente em hospitais ou instituições
similares, requer vários ministros.
A fim de que, então, os fiéis que estão em estado de graça e retamente e devotamente desejem participar
do banquete sagrado não fiquem privados desse conforto e remédio sacramental, o Papa Paulo VI decidiu ser
1 Ver o Concílio de Trento, sessão 13, “Decretum de SS. Eucharistiae Sacramento” cap. 7: Denz-Schon 1646-47: “É inadequado tomar
parte em qualquer função sagrada sem santidade. Seguramente, portanto, quanto mais os cristãos percebem a sacralidade e a divindade
desse celestial sacramento, tanto mais devem tomar todos os cuidados para não vir a recebê-lo sem reverência e santidade, especialmente
quando temos as assustadoras palavras de São Paulo: ‘Aqueles que comem e bebem sem estarem preparados, comem e bebem sua
própria condenação, não discernindo o Corpo do Senhor’ (1 Cor 11, 29). Aqueles que desejam receber a Comunhão devem lembrar-se do
mandamento de São Paulo: ‘Examine a si mesmo’ (1 Cor 11, 28). O costume da Igreja torna claro que tal exame é necessário porque
aqueles conscientes de pecado mortal, não importa quão contritos se considerem, não devem dirigir-se à Eucaristia sem antes passar por
uma confissão sacramental. Este Concílio decreta que, quando há confessores disponíveis, essa prática deve ser sempre observada por
todos os cristãos, incluindo os sacerdotes, obrigados por ofício a celebrar a Missa. Um sacerdote que, em caso de necessidade, tenha
celebrado Missa sem antes ter se confessado, deve ir confessar-se logo que possível”. Ver também Congregação do Concílio, Decr. “Sacra
Tridentina Synodus”, 20 de dezembro de 1905: AAS 38 (1905-06) 400-406. Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, “Normas
Pastorais acerca de dar Absolvição Sacramental Geral”, 16 de junho de 1972. Norma 1.
oportuno autorizar ministros extraordinários, que serão designados para dar a Comunhão a si mesmos e aos outros
fiéis, sob as exatas e específicas condições aqui listadas.
I. Os Ordinários locais possuem a faculdade que os capacita a permitir que pessoas aptas, cada uma delas
cuidadosamente escolhida como ministro extraordinário, em um dado momento ou por um período determinado ou
mesmo permanentemente, possam distribuir a Comunhão a si mesmas e aos outros fiéis, e levá-las aos enfermos
residentes em casa:
2. Uma Possibilidade Mais Ampla Para Receber a Comunhão Duas Vezes no Mesmo Dia
A disciplina atualmente em vigor permite aos fiéis receber a Comunhão uma segunda vez no mesmo dia:
- no sábado à noite ou na noite da véspera de um dia santo de preceito, quando estão cumprindo a
obrigação de assistir a Missa, mesmo que já tenham recebido a Comunhão naquela manhã3;
- na segunda Missa do Domingo de Páscoa, e em uma das Missas do Dia no Natal, mesmo que já tenham
recebido a Comunhão na Missa da Vigília Pascal ou na Missa da Meia-noite (do Galo) no Natal4;
- também na Missa da noite na Quinta-feira Santa, mesmo que já tenham recebido a Comunhão na Missa do
Crisma (ou dos Santos Óleos)5.
de 1967, nº 14.
Além das listadas, há outras situações do mesmo tipo que favorecem uma Segunda Comunhão. As razões
para a concessão de uma nova permissão devem, portanto, ser aqui demonstradas em detalhe.
Como mãe providente, a Igreja estabeleceu, a partir de prática multissecular, e acolheu em seu Código de
Direito Canônico, uma norma segundo a qual é permitido ao fiel receber a Comunhão apenas uma vez ao dia. Essa
norma permanece inalterada, e não deve ser desconsiderada simplesmente por razões de devoção. Qualquer mal-
recomendado desejo de repetir a Comunhão deve ser contido pela verdade de que quanto mais devotamente a
pessoa se aproxima da mesa sagrada, maior o poder do sacramento que alimenta, fortalece, e expressa fé,
caridade, e todas as demais virtudes6. Por isso os fiéis devem dar prosseguimento à celebração litúrgica realizando
obras de caridade, de religião e de apostolado, “de modo que aquilo que receberam pela fé e pelo sacramento na
celebração da Eucaristia seja confirmado pela maneira com que vivem”7.
Entretanto, podem ocorrer circunstâncias especiais nas quais os fiéis que já receberam a Comunhão no
mesmo dia, ou nas quais padres que já celebraram a Missa, comparecem a alguma celebração da comunidade.
Será permitido a esses fiéis e a esses padres receber a Comunhão uma segunda vez nas seguintes situações:
1. em Missas rituais nas quais os sacramentos do batismo, confirmação, unção dos enfermos, ordenação, e
matrimônio são administrados, bem como em Missas nas quais haja uma primeira comunhão8;
2. em Missas pela consagração de uma Igreja ou um altar, por uma profissão religiosa, ou pela outorga de
uma “missão canônica”;
3. nas Missas pelos falecidos por ocasião de um funeral, anúncio de falecimento, enterro final, ou primeiro
aniversário de falecimento;
4. na Missa principal celebrada em uma Catedral ou Igreja paroquial na solenidade de Corpus Christi e no
dia de uma visita pastoral; em uma Missa celebrada por ocasião da visita canônica de um superior geral de uma
congregação a uma casa religiosa particular, ou capítulo;
5. na Missa principal de um Congresso Eucarístico ou Mariano, seja internacional ou nacional, regional ou
diocesano;
6. na Missa principal de qualquer tipo de encontro, peregrinação, ou missão popular;
7. na administração do viático, quando a Comunhão for dada aos membros da casa e aos amigos da pessoa
doente que estejam presentes.
8. Além dos casos já mencionados, permite-se ao Ordinário local conceder, para uma única ocasião, a
faculdade de receber a Comunhão duas vezes no mesmo dia em qualquer tempo, devido a circunstâncias especiais.
Uma segunda recepção está autorizada com base nesta Instrução.
E, com relação à comida e bebida tomadas enquanto nutrição, deve ser mantida aquela tradição segundo a
qual a Eucaristia deve ser recebida “antes de qualquer comida”, como diz Tertuliano11, como sinal da excelência
desse alimento sacramental.
Para dar reconhecimento à dignidade do sacramento, e para aumentar o júbilo na recepção do Senhor,
apraz observar um período de silêncio e recolhimento. É um adequado sinal de devoção e respeito da parte dos
doentes se eles direcionam suas mentes, por um curto período de tempo, para esse grande mistério. A duração do
jejum eucarístico, ou seja, da abstenção de comida ou de bebida alcoólica, é reduzida a aproximadamente um quarto
de hora para:
1. Os doentes nos estabelecimentos de saúde ou em casa, mesmo não estando acamados;
3. Padres doentes, mesmo se não acamados, e padres mais idosos, com relação tanto a celebrar a Missa
quanto a receber a Comunhão;
4. Os cuidadores, bem como familiares e amigos, dos doentes e idosos que desejarem receber a Comunhão
com eles, quando tais pessoas estiverem impossibilitadas de manter o jejum de uma hora sem inconvenientes.
+ Papa Paulo VI
12 Sagrada Congregação para o Culto Divino, Instr. ”Memoriale Domini”, 29 de maio de 1969 que permanece em vigor.
13 Ver “Sacrosanctum Concilium” art. 7. Sagrada Congregação dos Ritos, Instr. “Eucharisticum Mysterium”, nº 9. Sagrada Congregação para
o Culto Divino, Instr. “Memoriale Domini”, as palavras “eles devem evitar que crie raízes nas mentes das pessoas qualquer possível falta de
reverência ou falsas opiniões sobre a Eucaristia”.
14 Ver Paulo VI, Carta aos membros do Conselho Permanente de Congressos Eucarísticos Internacionais.
15 Ver Lc 11, 3.
16 Ver Heb 2, 14.