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Wicked Deceptions 1
JOANNASHUPE
Sinopse
Pode uma mentira imprudente conduzir ao amor eterno?
Júlia Colton se casou aos dezesseis anos com o sétimo Duque
de Colton, Nicholas Francis Seaton, conhecido como o Duque
Depravado. Depois do matrimônio, ele pede duas coisas:
dormir em quartos separados e liberdade para estar com outras
mulheres sem que ela se incomode. Júlia não esperava muito
mais, mal se conheciam e seu matrimônio fora um acordo entre
famílias. Mas agora, oito anos depois, seu marido é um
estranho, e ela está zangada e aborrecida. Assim, trama um
plano para seduzir o marido que a ignora.
Um plano bastante indecoroso, mas incrivelmente
prazeroso: aprender os segredos mais íntimos da mais
importante cortesã de Londres. Fazer-se passar por cortesã,
com o nome de Juliet Leighton. Viajar para Veneza e localizar
seu marido. Seduzir seu marido, conceber um herdeiro e
assim, assegurar seu futuro. O que começa sendo um
tormentoso flerte termina convertendo-se em uma autêntica
paixão, e o sentimento é mútuo.
A duquesa cortesã descobrirá o amor de sua vida no
homem com quem se casou?
Capítulo 1
Uma mulher inteligente é capaz de transformar-se naquilo que a
situação requeira.
***
— Dois anos! Viu-o faz dois anos e não me disse? — Já em
sua gôndola, Júlia tirou as luvas e as deixou sobre o assento
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da felze . As cortinas estavam puxadas e a única lamparina
interior arrojava um quente resplendor amarelo sobre a cabine.
Estava muito zangada para sentar-se, mas pouca opção tinha
no reduzido espaço. — Como pôde me ocultar isso Simon?
A embarcação se afastou do cais e ele se deixou cair ao
seu lado.
— Para que lhe ia contar isso. Vim a Veneza e tentei
convencê-lo a voltar comigo. Falei de ti. A verdade é que lhe
cantei seus louvores, mas não consegui convencê-lo. Deu-me
medo que se inteirasse e pudesse ferir seus sentimentos. —
Enquanto Júlia pensava nisso, ele continuou: — A única razão
pela qual o mencionei esta noite foi para que fosse plenamente
consciente do que enfrentará com o Colton.
— A que se referia quando disse que eu era a marionete de
seu pai? Marionete do quê, exatamente?
Simon suspirou.
— Segundo ele, é a mulher com quem seu pai o casou sem
ter em conta seus desejos a respeito. Como te dizia, era o filho
esquecido até que seu irmão faleceu. E ao converter-se no
herdeiro, seu pai quis, por todos os meios, fazer seu único filho
vivo entrar no bom caminho para que se tornasse responsável.
Na opinião de Colt, você é simplesmente outro intento de seu
pai por manter seu filho rebelde em rédea curta. — Simon
esticou suas longas pernas. — Mas já sabe quão bem resultou
aquilo, porque se foi a Paris assim que fez os seus votos, não?
Sim, e aquilo lhe tinha doído. E embora conseguisse
imaginar como Colton se sentira manipulado, Júlia precisava
concentrar-se em seu plano; um plano do qual Simon não
estava inteiramente ciente.
— Vamos ver… se interessou pela senhora Leighton.
Depois de enrolá-lo poderei lhe dedicar tempo não em
qualidade de esposa, mas sim como mulher. Assim poderei
satisfazer minha curiosidade por meu marido — mentiu.
— Que Deus salve os homens das mulheres inteligentes —
Simon murmurou com um bocejo. — Não sei se este vínculo
com Pearl Kelly foi benéfico, Júlia. Antes não era tão…
descarada.
— Que remédio! Estou farta de esperar e me perguntar se
Nick voltará. Estou farta da compaixão e do desdém, de todos
os rumores. A esposa ingênua do Duque Depravado; se se
tratasse de outra pessoa, seria ridículo. Já falamos sobre isto,
Simon. No mínimo, eu deveria ser capaz de conhecer o homem
com quem estou casada. Ver se encaixamos.
— Ora! Esse é Nick, não é?
A gôndola se deteve e Simon se levantou para estender
sua mão. Subiram ao cais e continuaram para as escadas de
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seu palazzo alugado.
— Insisto — ela disse. — Já te disse que estava
interessado.
— Claro que está interessado! Seria uma idiotice não
estar, e Colton não é idiota. Como te dizia, aprovo totalmente
este plano. Colton está há muito tempo ignorando suas
responsabilidades.
***
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O duque de Colton andou a passo ligeiro para a piazza
São Marco, esquivando-se dos enormes atoleiros que a
inundação do começo da semana tinha deixado. Nesta época do
ano, Veneza tinha acqua alta, o que significava que as partes
baixas da cidade com frequência ficavam inundadas devido às
copiosas chuvas. A água, tanto dentro como ao redor da
cidade, era ali uma circunstância natural.
Nick continuou pela margem direita da Piazza e entrou no
Florian. Localizou Winchester imediatamente, sentado a uma
mesa ao fundo do abarrotado café.
Este se levantou e lhe deu umas palmadas no ombro.
— Que alegria receber sua nota! Passou muito tempo.
— Certamente, amigo. — Os homens se sentaram, e Nick
se serviu de uma xícara de café da jarra da mesa. — Confesso
que ontem à noite me surpreendeu.
— Sim? Parece incrível que está há duas semanas em
Veneza e não nos tenhamos encontrado até agora. Claro que
estive bastante ocupado.
— Ah…! Refere à sua senhora Leighton? É encantadora.
Sabia que «encantadora» não fazia justiça à mulher.
«Espantosa» e «fascinante» eram atributos muito mais
adequados.
— Isso é temporário. Ninguém a retém por muito tempo.
Não imagina o que tive que lhe prometer para conseguir que
viesse de viagem. Mesmo assim, temo que me substitua assim
que atracar em Londres; se não antes.
— É uma ardilosa mulher de negócios, não é?
Winchester assentiu.
— Ardilosa e implacável. Ela quase não necessita mais dos
quartos. É uma mulher de recursos que pode escolher seus
amantes por distintas razões.
— E por que razão escolheu a ti?
— Além de minha reputação na cama, quer dizer? — Nick
soprou e Winchester pôs-se a rir. — Prometi uma estadia em
Veneza tão longa quanto quisesse. Isso e um arsenal de jóias o
bastante grande para empalidecer uma princesa.
Nick esperava que Juliet ficasse tempo suficiente para que
os dois se conhecessem melhor. Tinha notado a atração da
noite anterior e, depois que tinha flertado com ele estava
convencido de que ela também o tinha notado; mas no
processo não queria ofender um de seus amigos mais antigos.
— E se encontrar outra pessoa estando em Veneza?
Winchester encolheu os ombros e tomou um sorvo de café.
— Não posso dizer que me surpreenderia. — Lançou ao
Nick um olhar cúmplice. — Ora, acho que pretende ganhar a
partida. Que feio, Colton!
Apesar do tom zombador de Winchester, Nick quis
apaziguar seu amigo.
— Só com sua aprovação. É um dos poucos homens que
me apoiou todos estes anos. A senhora Leighton é fascinante,
mas não tanto para arruinar uma amizade de vinte anos.
Winchester se mostrou momentaneamente embaraçado, o
que desconcertou Nick. Talvez todos estes anos fora o tivessem
tornado mais sentimental do que era apropriado na velha e
mal-humorada Inglaterra.
Começou a desculpar-se, mas Winchester elevou uma
mão.
— Não me importa que lhe jogue o olho, Colt. Não seria a
primeira mulher que perco para você. Mas ela tem suas
próprias razões para escolher acompanhante. Retê-la seria
como reter o vento.
— Que poético! — Nick zombou. — Está ficando muito
eloquente com a idade.
— Tendo em conta que só temos a diferença de uns
meses, deveria se abster de fazer comentários sobre a idade.
Mesmo assim, se pretende cortejar a minha Juliet, eu diria que
deveria ir procurando uma substituta. Que tal as mulheres em
Veneza?
— Abundantes — Nick respondeu com um sorriso. —
Talentosas. Formosas. — Sua mente evocou Francesca, quem
tinha sido sua amante durante quase um ano. De pele de oliva,
cabelo moreno e longas pernas, seu temperamento fogoso
casava com o seu próprio. Deitar-se com ela tinha sido uma
batalha feroz pelo controle. — Ardentes. Nada a ver com as
inglesas.
— Não se precipite no julgamento. Há uma inglesa em
concreto que, certamente, é todas essas coisas.
— Se eu tiver a oportunidade de comparar. Há um senhor
Leighton?
— Não. Faleceu há anos deixando a pobre mulher
totalmente carente de recursos. Mas tem um pouco de nobreza
em suas origens. Seu pai era primo do conde de Kilbourne,
acredito. — Então Winchester ficou sério e Nick imaginou o que
vinha a seguir: — Colt, por minha amizade com sua mulher me
sinto ao menos obrigado…
— Já basta. Não falamos disso ontem à noite? Tenho…
— Me deixe falar! — Winchester deixou a taça com
brutalidade. — Pode ser que um dia chegue a lamentar o
péssimo trato que deu a essa mulher. Inclusive agora os
carreiristas a rodeiam como a um cordeiro precioso. Se cansará
de te esperar e que Deus te ajude quando isso aconteça, Colt.
Nick ignorou a ligeira culpa que lhe produziram as
palavras de Winchester. Sua esposa não era mais que o
instrumento de controle de seu pai, Nick recordou-se. «É o
melhor que te acontecerá na vida, pirralho ingrato. Ou crê que
merece algo mais, menino?» Nick não tinha a menor intenção de
fazer nada do que seu pai tinha querido que fizesse, embora o
arrogante filho de sua mãe levasse tempo morto.
Com perito controle reprimiu a desolação e a raiva de seu
peito e tomou um pequeno sorvo de café.
— Se minha mulher encontrar outra pessoa, melhor. Não
quero um herdeiro, nem serei um duque nem um marido como
Deus manda. Sua excelência é livre para fazer o que lhe
agradar. É duquesa, maldição, e não tem um marido que limite
sua liberdade, de que demônios pode ter queixa?
Winchester tamborilou com os dedos sobre a mesa, um
claro sinal de que a resposta do Nick lhe tinha incomodado.
— Chama-se Júlia, Colt. É uma pessoa de carne e osso, e
não teve nada a ver com o que aconteceu. Sei que culpa seu
pai, mas a está fazendo sofrer desnecessariamente. Se não quer
viver na Inglaterra, manda a alguém buscá-la. Traga-a para cá.
Uma parte de Nick aceitou a sensatez daquelas palavras,
mas a maior parte e mais raivosa de seu ser desejava castigar
todos os membros de sua família: incluída a mulher que se
casara com ele. Além disso, por que uma dama de ilustre berço
ia querê-lo, um homem muito mais familiarizado com os
bordéis que com os salões de baile? Deus! Que jovem, formosa
e inocente estava no dia de suas bodas! Como poderia manchar
uma garota tão casta depois de ter empurrado seu próprio
irmão…?
Nick reprimiu deliberadamente aquela linha concreta de
pensamento. Não, à sua esposa mais valeria encontrar um
jovem galã carregado de títulos que soubesse ser um amante
cuidadoso e respeitoso.
— Não mandarei ninguém para buscá-la nem me
desculparei por isso. Se realmente é seu amigo, confio em que
lhe transmitirá o que te disse. Deixa que encontre a felicidade
em outra parte, porque em mim não a encontrará.
Winchester se reclinou e cruzou os braços diante do peito.
— Muito bem, mas comete um engano.
Nick observou com ar pensativo o seu amigo.
— Sente algo por minha esposa? Está inusitadamente
preocupado por sua felicidade. — Winchester ficou de um
vermelho apagado, e Nick acrescentou: — Não albergo
sentimentos amorosos por essa mulher. Mas, se você os sentir,
prometo-te que não afetará a nossa amizade. De fato, explicaria
por que está tão empenhado em ver-me retornar à Inglaterra.
— Não fantasio com a Júlia. Essa honra corresponde ao
Wyndham. — As sobrancelhas de Nick se arquearam ante
aquela novidade, mas não fez nenhum comentário, por isso
Winchester continuou: — Mas não crê que deixou que dure o
suficiente? Refiro-me ao escândalo. Maldição, passaram oito
anos, Colton. E ver o Templeton comportar-se como se ele fosse
o duque… Deus! É revoltante.
Nick sacudiu a cabeça.
— Toda Londres acredita que seduzi a minha cunhada,
coisa que fez com que meu irmão fosse às nuvens e caísse do
cavalo, quebrando o pescoço. Isso, além de todo esse disparate
do Duque Depravado, garante que as más línguas não me
esqueçam nunca.
— O apelido é justo, posto que eu mesmo vivi grande parte
de sua depravação juvenil. A imprensa apenas se utilizou do
rótulo uma vez que assumiu o título. — Sua voz se apagou. —
Mas Colt, ambos sabemos as verdadeiras circunstâncias que
há atrás da morte de seu irmão.
«E carrego diariamente a culpa dessas circunstâncias.»
— Isso não muda nada. Para não falar de que enquanto
minha mãe respire está esbanjando o fôlego.
A viúva do duque era tão merecedora, se não mais, da
raiva de Nick como todos os outros; depois de tudo, foi ela
quem se assegurou que a instrutora levasse unicamente seu
irmão ao salão para a inspeção diária de seus pais. «Nicholas é
um mal-educado e não é digno do sobrenome Seaton. Só Harry
terá a honra requerida. Ninguém mais.»
A partir daquele momento Nick tinha decidido que não
necessitava da sua família. E herdar o título não tinha mudado
nada.
— Os animais que comem as suas crias têm mais instinto
maternal que essa mulher — Winchester murmurou. — Vi-a
recentemente. Fulminou-me com o olhar da outra ponta de um
salão de baile abarrotado.
— É evidente que desaprova nossa duradoura amizade
quando quase todos os outros tiveram a sensatez de me
espezinhar. Rogo-te que invente as histórias mais
espantosamente sensacionalistas sobre mim e se assegure de
transmitir à viúva do duque na próxima vez que a veja. Temo
que meu paradeiro atual está muito afastado de Londres para
que minha sagacidade chegue de outro modo aos seus ouvidos.
— Falando de sagacidade… — Winchester disse
arrastando as palavras. — Se a coisa prosperar com Juliet,
será… cuidadoso com ela, não é?
— Cuidadoso?
Nick arqueou as sobrancelhas. O que preocupava
exatamente o Winchester? Se a senhora Leighton era tão
talentosa como apontavam os rumores, poderia defender-se
sem problemas de qualquer homem.
Winchester agitou uma mão.
— Já sabe a que me refiro.
— Não, não sei. Não tenho nem uma maldita ideia ao que
se refere.
— Pode parecer que… é uma mulher do mundo, mas é
uma boa atriz. Em realidade, todas as mulheres de sua
condição o são — acrescentou. — Não queria vê-la sofrer.
Ali havia algo suspeito. Nick intuía. Talvez Winchester
albergasse realmente sentimentos por Juliet, sentimentos não
correspondidos pela senhora Leighton; ao fim e ao cabo, seu
amigo não seria o primeiro homem a apaixonar-se por uma
cortesã. Só tinha que fixar-se no Fox e sua senhora Armistead.
— Se preferir que eu não…
— Não — Winchester interrompeu. — Unicamente quero
que seu seguinte protetor seja tão… generoso com ela como o
fui eu.
— Então não tem nada que temer. Serei extremamente
amável e generoso, se quiser estar comigo.
— Ainda não conheci nenhuma mulher que tenha
resistido a ti, Colt, nem sequer antes de se converter em duque.
Mas a senhora Leighton decidirá por si só.
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Colt,
Se está lendo isso é porque já sabe que fomos.
Já te disse em certa ocasião, meu amigo, que se seguisse
ignorando a sua esposa, lamentá-lo-ia. Temo que esse dia
chegou.
A senhora Juliet Leighton nunca existiu. Foi um produto da
imaginação de uma mulher levada pela desesperança. Uma
mulher à beira do desespero, que estava convencida de que sua
única esperança era inventar um personagem legendário para
captar a atenção de seu marido. Você.
Sim, Juliet Leighton em realidade é Júlia Seaton, a
Duquesa de Colton.
Sei que possivelmente nunca me perdoe pelo que fiz. Só
espero que chegue a entender as razões pelas quais me
compadeci da mulher que abandonou faz oito anos. Fiz por ti,
além disso.
Voltamos para Londres. Não sei o que ocorreu entre Júlia e
você nos últimos dias, mas está desesperada para ir embora de
Veneza. Não tenho mais remédio que as acompanhar, à sua tia e
a ela, a casa.
Não sei quando voltarei a ver-te, Colt, mas desejo de
coração que sigamos sendo amigos. Espero que algum dia
entenda.
Um abraço,
Simon.
***
***
***
***
Não.
N.S.
***
Na manhã seguinte que Júlia foi para o campo, Nick e seu
advogado recém contratado, se apresentaram no palacete de
seu primo. O mordomo de Templeton os fez entrar no escritório
com prontidão para que esperassem que viesse o dono da casa.
Não havia dúvida de que Templeton vivia bem, Nick
percebeu. Era uma casa pequena nos subúrbios de Mayfair,
mas todos os móveis pareciam bastante novos. Não havia nada
desgastado nem deteriorado: flores frescas habilmente
dispostas em toda parte, inclusive tulipas, que não eram
baratas; enormes tapetes turcos pulverizados pelo chão e
quadros cobrindo as paredes; uma infinidade de licoreiras de
cristal colocadas na mesa, todas cheias de licor. Sim,
Templeton vivia bem para ser um homem que supostamente
recebia menos de trezentas libras ao ano.
Embora para falar a verdade, a Nick não preocupava o
legado dos Seaton nem lhe preocupava muito o imóvel Colton,
embora o preocupasse que o extorquissem. E lhe preocupava
muito, muitíssimo que Templeton roubasse dinheiro de sua
mulher com a esperança de obrigá-la a deitar-se com ele.
Templeton se deu bem? Era seu primo o pai do bebê de
Júlia?
A porta se abriu e entrou um homem que Nick supôs que
era lorde Templeton. De cabelo castanho espaçado e testa alta,
Templeton tinha um nariz afiado e queixo bicudo. Nick o
reconheceu imediatamente do baile de Collingswood. Ele estava
no terraço observando a sua mulher e este homem a tinha
abordado justo antes que ela saísse. Para vomitar.
Júlia não tinha reagido a ele favoravelmente. De fato,
tinha-lhe revolto o estômago. Se este homem e a duquesa eram
amantes, ele era o arcebispo de Canterbury.
O que significava que Winchester havia dito a verdade.
Templeton tinha chantageado a duquesa para meter-se debaixo
de suas saias.
Um novo ataque de fúria o sacudiu. Oh, como ia desfrutar
com isto!
— Sua excelência, que grata surpresa — Templeton disse,
seus impenetráveis olhos pousando em um e outro visitante. —
Bem-vindo de novo a Londres.
— Obrigado. Me permita que o apresente ao meu novo
advogado, o senhor Barnaby Young. A partir de agora se
ocupará de todos os assuntos do imóvel Colton.
Sentou-se e tirou uma penugem imaginária dos calções
enquanto deixava que Templeton assimilasse o alcance
daquelas palavras.
— Não… não o entendo, sua excelência. Estou seguro de
que não quererá ocupar-se dos assuntos do imóvel durante sua
breve estadia aqui em Londres — disse sentando-se, e Nick viu
que o suor cobria o lábio superior de seu primo.
— Diz bem, por isso contratei o senhor Young, quem à sua
vez contratará um administrador de imóveis competente, e os
dois velarão por meus interesses. De modo que dure o que dure
minha estadia aqui, não é necessário que você siga
encarregando-se de tudo.
Templeton moveu a boca como se quisesse falar, mas não
encontrasse as palavras. Nick lhe dedicou um sorriso nada
cálido.
— Não me agradeça, Templeton. Sei que esta notícia é um
alívio para você e quão complicado foi seu trabalho estes
últimos anos. — Assinalou ao senhor Young. — E agora, se não
for inconveniente, o senhor Young necessita que assine uns
documentos que pedi que redigisse.
O advogado extraiu um montão de papéis de sua pasta e
os deu ao Templeton, quem os aceitou a contragosto.
Nick ficou de pé e foi tranquilamente até a mesa enquanto
Templeton lia o conteúdo. Ouviu-o suspirar.
— Siga lendo — disse ao seu primo. — Logo melhora.
Sobre a mesa Nick viu pilhas de faturas de diversos
lojistas e comerciantes.
— Sua excelência, — disse Templeton soltando uma
exclamação — isto é ridículo. Aqui põe que se descobrir que
nos últimos anos houve apropriação indevida de recursos,
requererá que os devolva ao imóvel.
— Correto, o que não será um problema, não é, primo?
A mão de Templeton tremeu ao deixar os papéis em uma
mesa auxiliar.
— Mas o administrador do imóvel também administrava
os recursos, por que vou eu cobrir os recursos que ele tenha
podido desviar? Isso é tremendamente inapropriado e
absolutamente injusto.
— Tenha a segurança de que o senhor Young e eu
falaremos hoje com o ajudante do meu pai. — Pegou a pluma e
a fez girar entre seus dedos. — Se tiver roubado recursos do
imóvel terá que atuar em consequência. Enquanto isso conviria
que você assinasse estes documentos.
Templeton assinalou para os papéis.
— Não estou seguro de que deva assinar nada ainda.
Talvez meu advogado devesse lhes dar uma olhada.
— Senhor Young, rogo-lhe que espere um momento no
corredor.
Sem dizer uma palavra, o advogado de Nick saiu da sala
fechando a porta discretamente ao fazê-lo.
O sorriso de Nick se esfumou. Deus, tinha vontade de
esmagar o Templeton. Saltava à vista que o tipo era culpado,
embora certamente negaria até seu último fôlego. O qual, tendo
em conta o que tinha feito a Júlia, possivelmente chegasse
mais cedo que tarde.
A ira que Nick tinha tentado controlar explodiu então com
virulência. De pé ante Templeton, apoiou um pé na borda da
cadeira e a empurrou para frente. A cadeira ficou sobre os dois
pés traseiros e, com um empurrão mais, esta e Templeton
caíram contra o chão.
Nick pisou em seguida no pescoço de Templeton com o
salto da bota. O tipo abriu desmesuradamente os olhos pelo
medo, seu rosto avermelhado, por isso Nick pressionou um
pouco mais.
Os olhos de Templeton lhe saíam das órbitas e Nick soube
então que tinha monopolizado a atenção de seu primo.
— Se acreditava — resmungou — que eu ia deixar que me
roubasse e fizesse proposições desonestas à minha mulher,
você está muito equivocado. Caso lhe ocorra voltar a dirigir a
palavra à duquesa, seja para o que for, ou sequer olhar na sua
maldita direção, não me darei ao trabalho de ir vê-lo à alvorada
como um cavalheiro. Não, o pegarei de noite em uma rua
escura, o arrastarei até um beco e lhe arrancarei o coração do
peito com as mãos.
Ao ver que a pele de Templeton ficava roxa, Nick levantou
o pé, deixando o homem respirar. Retrocedeu e alisou o casaco,
encantado de que o homem se afastasse dele sufocando.
— Sua implicação em meus assuntos acabou, Templeton.
Agora pode assinar esses papéis voluntariamente e sofrer as
consequências, ou passar o resto de sua vida olhando cada
noite por cima de seu ombro, perguntando-se o que vou fazer e
quando.
Templeton tragou saliva e assentiu.
— Magnífico — Nick disse, e a seguir fez entrar de novo o
senhor Young na habitação.
Se ao advogado lhe surpreendeu ver uma cadeira
derrubada e a Templeton respirando com dificuldade, não
deixou notar.
Depois de assinar e atestar os papéis, o senhor Young os
guardou.
— Agora necessitaremos de qualquer livro de
contabilidade ou papel que tenha relacionado com o imóvel
Colton, Templeton.
Nick cruzou os braços diante do peito e esperou.
Cinco minutos depois Nick e seu advogado saíam.
Templeton tinha assegurado que os livros de contabilidade
estavam com o antigo administrador do imóvel, e não lhes
tinha ficado mais solução que acreditar.
— Senhor Young, vá em minha carruagem ver o ajudante
do meu pai. Comunique-lhe o afastamento de seus serviços e
tire-lhe todos os papéis e contas que possamos necessitar. Não
acredito que vá dar-lhe problemas, mas se o fizer, mande meu
lacaio vir me buscar.
— Sim, sua excelência.
— Leve o senhor Young onde tiver que ir — Nick gritou ao
seu cocheiro.
Um de seus lacaios saltou da carruagem.
— Desculpe, sua excelência, mas o senhor Fitzpatrick me
disse que, em sua ausência, siga-o para onde for.
Nick suspirou. Era como ter uma ditosa babá.
— Fique com o senhor Young, David. Pode ser que
necessite de sua ajuda mais que eu. — Quando o rapaz quis
protestar, Nick elevou uma mão. — Irei andando ao meu clube,
que não fica longe. E estamos em Mayfair, pelo amor de Deus.
Não me acontecerá nada.
— Fitz não gostará disso — murmurou o rapaz.
— Ora, mas o salário quem lhe paga sou eu — Nick
retrucou e se foi rua abaixo.
Só que não se dirigia ao White. Tinha mentido. Ficava
uma tarefa desagradável mais nessa manhã, uma que tinha
que fazer sozinho.
Do outro lado da Grosvenor Square vivia um tal lorde
Robert Wyndham. Embora tivesse passado algum tempo, Nick
recordava Wyndham dos clubes e de havê-lo visto pela cidade.
Era vários anos mais novo que ele e parecia bastante
reservado. Um rato de biblioteca, diria Nick; certamente tinha
esse perfil. Não entendia o que Júlia tinha visto naquele
homem.
Dez minutos depois Nick estava dando seu cartão ao
mordomo de Wyndham. Embora não fossem horas para fazer
visitas, ninguém deixava um duque esperando na porta,
especialmente um tão infame como o Duque Depravado. Como
cabia esperar, foi acompanhado no ato ao salão e o servente foi
confirmar a disponibilidade de sua senhoria.
A Nick não cabia nenhuma dúvida de que Wyndham
apareceria.
Não muito depois a porta se abriu. Wyndham, ao que
estava claro que acabava de sair da cama, entrou
apressadamente. Tinha umas feições bem pouco agraciadas:
cabelo castanho curto e olhos marrons, e uma barba espaçada
que não servia para conter o rubor de sua pele. Estupendo.
Wyndham sabia por que Nick estava ali.
— Sua excelência, — Wyndham saudou com recato
enquanto ambos os homens se sentavam, bem-vindo à casa.
— Obrigado, Wyndham. Sinto vir tão cedo, mas é uma
visita que preferiria que passasse desapercebida.
Wyndham tragou saliva.
— Necessita de algo, sua excelência?
Nick contemplou pensativo o outro homem, estendendo o
momento. Quando Wyndham se removeu incômodo em sua
cadeira, perguntou-lhe:
— Há algo que queira me dizer, Wyndham?
— Mmm… não sei a que se refere. — Pigarreou. — O que
ia querer… lhe dizer?
— Descobre-se certas coisas. Embora tenha vivido longe
de Londres, surpreender-se-ia quão desejosas as pessoas estão
por falar do que aconteceu e acontece aqui na cidade. — Nick
se reclinou e apoiou um tornozelo sobre o joelho contrário.
Embora pudesse aparentar tranquilidade, por dentro palpitava
de incerteza e raiva; mas era isso ou jogar-se sobre o
Wyndham, jogar-lhe as mãos ao pescoço e o obrigar a confessar
se tinha se deitado ou não com Júlia. — Assim estou bastante
a par de todos as últimas fofocas.
— Pois se tiver ouvido algo com respeito a minha pessoa,
— Wyndham retrucou — não há nada de certo no rumor.
Absolutamente nada.
Olhou para Nick diretamente aos olhos, sem pestanejar.
Podia ser que Wyndham fosse um mentiroso de primeira,
mas Nick acreditou. Mesmo assim, não estava completamente
seguro, nem estaria até setembro.
— Alegra-me ouvir isso, porque se pensasse que
determinados rumores são certos, ver-me-ia obrigado a me
ocupar do assunto. E com certeza sabe que não costumo seguir
o rumo estipulado. Para não mencionar que não gosto de me
levantar à alvorada. Não, prefiro com acréscimo o elemento
surpresa, ter meu inimigo em suspense. À espera do contra-
ataque. Não é muito limpo por minha parte, sei, mas é
imensamente mais divertido. Entende, Wyndham?
Wyndham assentiu energicamente.
— Sim, sua excelência. Certamente que sim.
— Magnífico — Nick anunciou, e ficou de pé. — Então
acredito que estamos bem.
***
Não muito depois de chegar à mansão Seaton, Júlia se
dedicou a percorrer a enorme e labiríntica estrutura. O valete
de Nick, Fitz, tinha voltado para Londres pouco depois de as
deixar, e Theo tinha ordenado a Júlia que descansasse dois
dias inteiros depois da viagem. Agora que se encontrava
melhor, estava desejosa de explorar seu novo lar; pelo menos
seu novo lar durante os próximos meses.
A casa em si era enorme. Como ainda fazia muito frio para
estar ao ar livre, percorreu o interminável labirinto de
corredores a fim de não pensar em suas permanentes náuseas,
para não mencionar a raiva e o desgosto pela recente crueldade
de Nick.
Oxalá não tivesse conhecido nunca o homem carinhoso e
terno que com tanta devoção a tinha cortejado em Veneza!
Tinha lembranças tão bonitas! Lembranças agora empanadas
pelo conhecimento de que seu marido pensava o pior dela. De
fato, acreditava que ela tinha ido a Veneza para legitimar o
bebê que tinha concebido com outro homem; tinha-a chamado
de vadia e a tinha acusado de se deitar tanto com Simon como
com Wyndham.
E agora a tinha enviado para longe.
— Sua excelência?
Júlia levantou bruscamente a cabeça. Lady Lambert, a
esposa do falecido irmão de Colton, estava a pouca distância.
Tinha lhes dado calorosas boas vindas ao chegar, para grande
alívio de Theo e Júlia.
— Bom dia, lady Lambert.
— Por favor, me chame de Angela. — Sorriu com
acanhamento e fez um gesto para a sala vazia que havia às
suas costas. — Se importa que nos sentemos um momento? Eu
gostaria de falar com você.
Júlia assentiu e entrou atrás dela no que resultou ser a
sala de música. No canto se achava um grande pianoforte
rodeado de cadeiras enquanto diversos instrumentos de corda
e trompas decoravam as paredes. Angela tomou assento e com
a mão indicou a Júlia que fizesse o mesmo.
— Espero que não pense que sou uma descarada —
começou Angela antes de alisar a saia. Pigarreou. — Mas eu
adoraria que fôssemos amigas. Entendo que possivelmente
tenha… motivos para não estar interessada em ter amizade
comigo. Disseram muitas coisas sobre mim, sobre… seu
marido, por isso queria lhe assegurar que qualquer rumor que
possa ter ouvido é falso.
Júlia ia falar, mas Angela levantou uma mão.
— Não, espere. Me deixe dizer tudo o que tenho que dizer.
Eu amava o meu marido. Fiquei desolada quando faleceu.
Muita gente acreditou nos rumores sobre seu marido e eu, e…
depois daquilo não tive muitos amigos. Quase toda a sociedade
me deu as costas, salvo a viúva do duque. Tratavam-me com
educação, naturalmente, mas quando acreditavam que não os
ouvia diziam coisas horríveis de mim. Os convites também se
acabaram. A viúva do duque foi muito… boa comigo, e lhe
agradecerei eternamente que me desse um lar quando ninguém
o fez.
Angela baixou os olhos e Júlia viu os olhos da mulher
alagados em lágrimas. Esticou um braço e tomou a mão de
Angela, dando-lhe um breve aperto.
— Alegra-me muito que você esteja aqui — Angela
sussurrou lhe devolvendo o aperto. — Faz muitos anos que não
tenho amigos mais ou menos da minha idade. A verdade é que
estive muito sozinha. Não sabe o quanto eu gostaria que
pudesse esquecer o que ouviu e… que, por favor, desse-me a
oportunidade de ser sua amiga.
— Naturalmente! — Júlia exclamou. — Eu adoraria,
Angela.
Angela relaxou visivelmente.
— Estupendo. — Enxugou os olhos e inspirou fundo. —
Bom, que tal se encontra hoje?
— Melhor, obrigada. Cada dia tenho menos náuseas.
Embora Angela soubesse que o bebê era do Nick, Júlia
não tinha divulgado as circunstâncias nas quais ficara grávida.
Não pensava revelar a ninguém… jamais.
— Pois já que se encontra melhor talvez queira me
acompanhar em meus passeios matutinos. Não vou muito
longe e seria agradável ter companhia.
Júlia assentiu.
— Eu adoraria. O ar fresco e o exercício serão de
maravilhosos.
— Excelente! Volto a perguntar: tem certeza que não
prefere que me mude à casa pequena? Acho estranho ficar aqui
quando legitimamente pertence a você. A outra mansão não
está longe e poderíamos seguir nos vendo.
— Céus, não! — Júlia respondeu. — Esta casa é
suficientemente grande para as três. Diria que inclusive
convidando trinta pessoas mais nunca tropeçaríamos, salvo
nas refeições.
— Ora! Obrigada. Agradeço muito. Depois de estar aqui
tantos anos com a viúva do duque, estou sedenta de falar de
festas e de moda… e escândalos que não tenham a ver com
minha pessoa.
— Bom, Theo é sem dúvida uma perita em tudo isso. —
Júlia riu entredentes. — Me diga, você não tem família?
— Não. Minha mãe faleceu poucos meses depois que
Harry. Meu pai morreu em um acidente de carruagem quando
eu era pequena e nunca tive irmãos nem irmãs.
— Pois estamos iguais — Júlia murmurou. — Exceto
Theo, não tenho mais família.
— Tem ao duque — disse Angela, como se esse dado
tivesse que ser um consolo.
Júlia emitiu um som evasivo e ficou olhando o pianoforte.
Não queria falar de seu marido. Ainda tinha o coração dolorido;
a raiva por suas dúvidas era muito recente.
Estiveram um bom momento em silêncio. Então Angela
perguntou:
— Acredita que virá vê-la?
Júlia percebeu algo na voz de Angela, mas não soube a
que correspondia: Esperança? Entusiasmo? Medo?
— A verdade é que não sei.
— Bom, Theo e eu podemos mantê-la distraída enquanto
isso. — Angela se levantou. — Acredito que tocarei um
momento o pianoforte. Irei vê-la pela tarde, sua excelência.
— Me chame de Júlia, por favor; depois de tudo, somos
cunhadas.
Angela sorriu.
— Obrigada, Júlia.
Depois de despedir-se com a mão, Júlia partiu e
continuou com seus passeios pela mansão. A conversação com
Angela lhe tinha produzido certo desgosto. Angela tinha
interesse em Nick? Se realmente em sua época tinham se
deitado juntos, podia ser que estivesse ansiosa por retomar a
aventura. E Nick? A rejeitaria? Melhor não saber a resposta a
essa pergunta.
Transcorreu um mês, e Júlia teve que aceitar que Nick
não iria vê-la. Tampouco lhe tinha escrito. Não tinha tido
notícias suas desde o breve trocar de notas em Londres. Uma
vez mais a tinha deixado à sua sorte.
Só que não estava exatamente sozinha. Uma minúscula e
preciosa vida crescia agora em seu interior. O bebê de Nick.
Havia dias em que lhe custava acreditar que em poucos meses
seria mãe.
Nas últimas duas semanas os enjôos tinham começado a
reduzir. Agora só se encontrava mal pelas manhãs, antes de
encher o estômago. O resto do dia tinha fome a todas as horas
e comia tudo o que via. Em lugar de controlar a linha, os
vestidos começavam a ficar apertados.
Júlia e Angela tinham tomado gosto por passear juntas a
cada manhã. Tia Theo se negou a as acompanhar, aduzindo
que uma anciã só era capaz de suportar tanta natureza até
certo ponto.
As duas jovens falavam abertamente enquanto percorriam
o imóvel. A imensidão da propriedade dos Seaton deixou Júlia
impressionada. Havia um sem-fim de colinas e campos, jardins
espetaculares, um bosque espesso e inclusive o rio Wensum a
atravessava em determinado ponto. Quase era capaz de
imaginar Nick quando pequeno, um menino moreno e precoce
brincando de correr daqui para lá e fazendo travessuras.
Essa manhã em concreto Angela lhe propôs passear pelo
bosque, por um atalho que ia do lago até a outra mansão.
Foram vestidas com múltiplas anáguas e grossos casacos para
se protegerem do frio de abril. Na noite anterior a névoa havia
coberto tudo e não se via o horizonte, mas este era um atalho
que tinham tomado outras vezes.
Angela falava sem parar e Júlia se deu conta de que
estava escutando pela metade. Os jardins estavam lindos, a
erva fresca salpicada de delicadas flores de açafrão púrpura,
branco e amarelo. Face ao que sentia por seu marido, a beleza
da residência da família ducal era inegável. A última vez que
esteve de visita, tinham-na tratado como uma intrusa. Uma
marginal. Desta vez era a senhora da casa. Todos acatavam o
que dizia em ausência de Colton e ali ninguém contradizia seus
desejos; nem provavelmente fizessem nunca, posto que era
evidente que seu marido não tinha a intenção de ir vê-la.
Entraram no bosque, onde o som de pássaros e insetos
ressoava com força na quietude da manhã. Ali o terreno se
inclinava abruptamente com o passar do estreito atalho.
Devido à escassa luz sob a entupida abóbada de árvores, as
folhas e o musgo estavam escorregadios, obrigando Júlia a
olhar bem por onde pisava.
Perguntou-se de novo o que Nick estaria fazendo em
Londres. O orgulho a impedia de lhe escrever ou a quem fosse
para perguntar. Tinha escrito a Sophie, mas unicamente para
informar à sua amiga da prolongada estadia na mansão
Seaton. Sophie lhe tinha respondido dizendo que iria vê-la, mas
do duque não tinha notícias.
Teria uma amante? Parecia provável, posto que a idéia de
que o Duque Depravado se mantivesse casto era no mínimo
ridícula.
Disse a si mesma que seguia zangada com ele e que,
portanto, não lhe importava que se deitasse com outras
mulheres. Mas sim, importava. E muito. A lembrança de suas
hábeis mãos e sua ardente boca a atormentava. Seu corpo,
exuberante e túrgido pela gravidez, recordava-o, suspirava por
ele na solitária escuridão de seus aposentos.
Para não falar de seu estúpido coração, que se negava a
desprender-se das ternas lembranças de sua maravilhosa
semana juntos em Veneza. De sua forma de lhe sorrir. De sua
risada. De como a tinha feito sentir a mulher mais formosa e
mais desejável do mundo. Tinha sido uma loucura acreditar
que o que sentia por ela era mais que luxúria?
— Não crê, Júlia? — Angela inquiriu, tirando-a de seu
devaneio.
— Perdoe, o que me perguntou? — Júlia tropeçou em uma
pedra. — Não estava atenta.
— Percebo. — Uma risadinha escapou de Angela, e se
adiantou para saltar uma raiz que havia no atalho. — Sugeri
que redecorem o quarto infantil. Talvez…
Júlia saltou a raiz e calculou mal, porque a ponta do
sapato se enganchou e perdeu o equilíbrio. Em lugar de erguer-
se, inclinou-se para um lado, o chão movendo-se sob seus pés,
e caiu, deslizando sobre as folhas e erva úmidas do
pronunciado aterro. Júlia não pôde agarrar-se a nada e rodou
para baixo.
— Angela! — Gritou enquanto tentava agarrar-se ao
espesso matagal. Mas tudo estava muito escorregadio para
segurar-se e seu medo aumentou.
Deu tombos rodando até o pé do aterro, cobrindo o
abdômen com as mãos para proteger o bebê durante a
vertiginosa queda. Enganchou a perna em um galho, ao que
seguiu um doloroso rasgo no tornozelo.
Então deu um golpe na cabeça com o tronco de uma
árvore e sentiu uma dor aguda no crânio até que tudo ficou às
escuras.
A luz a incomodava horrores. Júlia fechou as pálpebras
com força e procurou lembrar-se. Céus, doía-lhe a cabeça e o
tornozelo. Moveu as mãos, tocando folhas, ramos e ervas. Sim,
tinha tropeçado e caído pelo pronunciado desnível do atalho do
bosque. Onde estava Angela?
Inspirou várias vezes para manter a calma, entreabriu as
pálpebras e não viu ninguém. Talvez Angela tivesse ido pedir
ajuda. Apalpou as extremidades com cuidado para avaliar o
alcance dos ferimentos. Estava melhor do que temia. Além do
tornozelo e uma dor de cabeça terrível, seguramente poderia
subir até o atalho. Não tinha sentido esperar que viesse alguém
para ajudá-la.
Arrastou-se com cuidado para o atalho, ajudando-se com
as raízes e ramos caídos. O chão estava escorregadio e em
várias ocasiões deslizou uns metros abaixo até que conseguiu
agarrar uma raiz para continuar subindo. O tornozelo dolorido
a incomodava um pouco, mas com força de vontade conseguiu
voltar a subir o atalho. Uma vez em chão plano, localizou um
ramo alto e grosso que faria as vezes de bengala, e que
empregou para retornar à mansão.
Pareceu-lhe que demorara horas em chegar e quando
entrou na casa esteve a ponto de desabar de esgotamento.
Ofegando, deixou que o mordomo aproximasse uma cadeira à
porta. Este mandou então um lacaio procurar o médico do
povoado.
Justo nesse momento Angela dobrou a esquina, seguida
muito de perto por Theo e outro criado. Os três se detiveram
em seco ao vê-la, suja e molhada, em uma cadeira no saguão.
— Júlia! — Angela foi voando ao seu lado, o alívio refletido
no rosto. — Voltei para casa correndo para procurar ajuda; não
sabia o que mais fazer. Se machucou muito?
— John, leve sua excelência pelas escadas — Theo
ordenou. —Angela, mande procurar o médico e logo peça à
cozinheira algo para comer. Eu irei tomar um brandy.
— Já foram buscar o médico — Júlia disse cansada
enquanto o criado a levantava da cadeira. — E não quero
comer nada. Só que me ajudem a subir.
Logo Júlia esteve agasalhada na cama, rodeada de
travesseiros em um quarto cheio de rostos preocupados.
— Estou bem — disse. — Theo e Angela se sentaram aos
pés de sua cama, as sobrancelhas franzidas em sinal de
inquietação. — De verdade estou bem. Tenho dor de cabeça e
me dói horrores o tornozelo, mas viverei.
— E o bebê? — Angela inquiriu em um tom de pânico. —
Céus, se acontece algo ao bebê eu morro. Não deveria havê-la
levado àquele atalho hoje. Estava muito nebuloso e úmido.
— Chsss…, jovem! — Theo disse. — Não é sua culpa e não
conheceremos o estado do bebê até que venha o médico; não
serve de nada ficar histérica.
Júlia tomou outro sorvo de brandy.
— Estou cansada, nada mais. Acredito que poderia dormir
durante dias.
E para demonstrá-lo, bocejou.
— Não durma — Theo disse. — Não até que venha o
médico e possa te examinar.
O médico chegou meia hora depois. Homem agradável e de
certa idade, tomou seu tempo para examiná-la. Foi delicado e
respeitoso, e esteve falando sem parar tanto para relaxá-la
como para mantê-la acordada.
Quando acabou, Theo e Angela entraram de novo no
quarto de Júlia para ouvir o resultado.
— Sua excelência tem uma leve concussão, que com um
pouco de repouso deverá desaparecer em uns dias. Deixarei
láudano para a dor, mas lhe sugiro que não tome a menos que
seja absolutamente necessário. Fez uma torsão no tornozelo,
deve mantê-lo vários dias para cima. Dentro de
aproximadamente uma semana sua excelência deverá estar
bem.
Aclarou a garganta.
— No que concerne ao bebê, não saberia dizer se sua
excelência o perderá ou não. Houve quedas que precipitaram
um aborto. De modo que se sua excelência não tem perda de
sangue…diria que é provável que a gravidez siga seu curso. Se
sua excelência, entretanto, começar a ter cãibras ou perdas de
sangue, avisem a parteira. Eu ficarei encantado de vir também,
mas a senhora Popper tem experiência de sobra na hora de
perder e dar à luz bebês. Possivelmente possa lhe dar algo que
contribua para deter o processo.
Reinou o silêncio no local. «Houve quedas que precipitaram
um aborto.» As palavras ressoaram nos ouvidos de Júlia.
Encolheu-se-lhe o peito, e lhe doeu tanto como o tornozelo.
Angela acompanhou o médico à porta enquanto Theo se
aproximava e se sentava na cama de Júlia.
— Não chore, querida — disse sua tia, acariciando-lhe o
cabelo. — Tudo sairá bem. Verá.
— Isso não sabe — Júlia sussurrou, as lágrimas fluindo
com abundância. — Ninguém sabe. Oh, Theo! O que farei se
perder este bebê? Não me perdoaria isso nunca — disse e lhe
escapou um soluço do peito quando Theo a rodeou com os
braços.
— Chsss…, não é sua culpa. Foi um acidente; nada mais.
Sua tia lhe esfregou as costas, embalando-a enquanto
chorava e chorava.
— Venha — Theo disse ao fim. Sua tia a obrigou
brandamente a recostar-se de novo sobre os travesseiros. — Se
não reservar suas forças, perderá o bebê. Seja forte, Júlia. Esse
pequenino te necessita. Chorar e dramatizar não servirá de
nada, mas descansar um pouco e comer sim.
Júlia enxugou os olhos com a beirada da colcha.
— Tem razão. Tenho que procurar manter a calma e me
repor.
— Durma, querida. Voltarei dentro de um momento para
ver como está.
Aquele dia e aquela noite foram nebulosos. Dolorida e
cansada, Júlia não tinha vontade mais que de dormir. Theo
entrou para vê-la a cada poucas horas, despertando-a quando
era necessário para lhe dar de comer e beber. Ajudou Júlia a
urinar, o que a esta deu uma vergonha infinita, mas o fez com
tal naturalidade que o agradeceu.
Pela manhã dormiu até tarde, mas se encontrava
notavelmente melhor. Até o momento não tinha tido perdas de
sangue nem cãibras; muito bom sinal de que tudo iria bem
com o bebê. Propôs-se seguir os conselhos do médico e fazer
todo o possível para não se preocupar. Theo tinha razão: devia
reservar suas forças.
Depois do café da manhã, Theo trouxe vários exemplares
antigos de La Belle Assemblée para que ambas lessem
enquanto ela permanecia na cama. Logo Angela foi vê-la um
momento pela tarde para substituir Theo.
— Não necessito de supervisão constante — Júlia disse à
sua cunhada. — Theo e você deveriam aproveitar o dia e não
ficar aqui sentadas comigo. Vá. — Fez um gesto para a porta.
— Além disso, quero dar uma cochilada.
Convencida de que Júlia dizia a verdade, Angela partiu.
Então se aninhou bem entre os travesseiros e voltou a dormir.
Passou o resto do dia de forma muito similar, descansando e
assegurando às outras duas mulheres que seu estado tinha
melhorado.
Meg acabava de levar sua bandeja do jantar quando a
porta de acesso aos seus aposentos se abriu de repente.
Seu marido, tão esquálido e desalinhado como nunca o
tinha visto antes, entrou correndo no quarto. Uma barba de
um dia pelo menos lhe salpicava a mandíbula, e tinha os olhos
avermelhados e rodeados de escuros círculos, a gravata,
torcida, e a roupa enrugada e coberta de pó do caminho.
— Colton! — Júlia exclamou, boquiaberta. — O que faz
aqui?
Ele pigarreou e entrelaçou as mãos às costas.
— Um dos lacaios me deu a notícia de seu acidente,
senhora. Quis avaliar por mim mesmo o alcance de seus
ferimentos.
Preocupou-se com ela? Tinha que ter galopado como um
desvairado para chegar tão rápido. A alegria brotou no peito de
Júlia, que procurou não sorrir.
— Me diga o que ocorreu. Estava passeando pelo bosque?
Estava sozinha?
Ela sacudiu a cabeça.
— Não. Estava comigo lady Lambert.
— E tropeçou?
— Sim, em uma raiz. Suponho que calculei mal o passo.
Logo perdi o equilíbrio e rodei por um aterro. Mas estou bem.
Uma concussão leve e um tornozelo torcido, ambos melhorando
grandemente porque Theo não deixa me levantar da cama.
— E o bebê?
Júlia esperou, esquadrinhando os olhos de Nick em busca
de alguma emoção além da inquietação. Esperança? Reparou
que não havia dito meu bebê, mas sim o bebê. Teria abrigado a
esperança de que sofresse um aborto?
Deus do céu, seguramente por isso tinha se deslocado ao
seu lado. A alegria experimentada fazia tão só uns instantes
murchou como uma flor sob o sol ardente. Tinha ido ali voando
com a esperança de que ela perdesse o bebê, coisa que daria
uma solução adequada a todos os seus problemas.
Júlia inspirou fundo para combater o desespero que a
abatia. Não havia nada que fazer. Jamais o faria mudar de
opinião. Nick nunca acreditaria nem aceitaria seu filho.
— Lamento decepcioná-lo, meu marido, — disse em voz
baixa — mas não perdi o bebê. Pelo menos não ainda.
Ele franziu as sobrancelhas.
— À margem do que eu pense sobre a criança, não lhe
desejo sofrimento algum, Júlia.
Ela não se viu capaz de responder, porque um aborto a
faria sofrer. Nunca se recuperaria disso. Seu corpo, sim; mas
jamais haveria um filho concebido em circunstâncias similares,
com semelhante paixão e afeto. Agora não havia mais que uma
fria desconfiança entre eles, e já não tinha energias para seguir
batalhando.
Girou a cabeça, afastou o olhar e desejou com todas as
suas forças que se fosse.
Instantes depois, ele suspirou.
— Pensei ficar uns dias, até que tenha se recuperado —
disse em voz baixa. — Quando retornar a Londres, Fitz ficará
aqui para cuidar de ti.
Júlia cravou bruscamente os olhos nele.
— Não acredito que necessite de escolta, Colton. Só
tropecei.
— Não estou tão seguro. E até que eu esteja, Fitz ficará. —
Aludiu com um gesto ao pequeno quarto do qual se apropriou à
sua chegada fazia dois meses. — Por que não está nos
aposentos da duquesa?
Júlia encolheu os ombros.
— Angela ficou com essas habitações quando sua mãe
faleceu. Não me pareceu justo lhe pedir que se mudasse. Além
disso, tenho mais que o suficiente com este quarto.
Nick deu meia volta e foi em grandes passadas até à porta.
— Vá imediatamente procurar lady Lambert — disse a um
criado que estava passando pelo corredor.
— Colton, de verdade… — Júlia começou, mas se deteve
quando ele elevou uma mão.
— Você é a senhora desta casa e merece ser tratada como
tal. Para não mencionar que dormirá onde eu lhe diga que
durma.
— Não, depois de oito anos não — ela replicou. Seriamente
acreditava que podia dedicar-se a lhe dar ordens depois de
havê-la ignorado tanto tempo? — Não pode escolher ao seu
desejo quando exercer seus direitos em qualidade de marido,
Colton.
Ele fechou as pálpebras e lhe lançou um sorriso relaxado
e petulante.
— Acredito que ambos sabemos que eu nunca precisaria
recorrer aos direitos maritais, Juliet.
Capítulo 11
Os homens gostam de oferecer amparo, mesmo que não o
necessitemos. Geralmente o melhor é aceitar para não ferir seu
ego.
***
Júlia não viu seu marido em três dias. Sabia que seguia
ali porque cada noite, quando ia para a cama, ouvia seus
passos no aposento ao lado. Que na realidade ansiasse
qualquer indício de sua presença dizia bastante do tédio de
seus dias.
Theo a mantinha a par do paradeiro do duque. Como era
de esperar, este passava a maior parte do tempo no lombo de
seu cavalo com Fitz atrás. Pelo visto os jantares foram um
tanto violentos, posto que na primeira noite Nick, Theo e
Angela já tinham esgotado todos os temas de conversação
possíveis.
Essa noite Júlia decidiu unir-se a eles. Tinha o tornozelo
muitíssimo melhor e a idéia de passar um dia a mais na cama
era superior a ela.
Chamou Meg com a campainha e procurou não se expor,
por que nos últimos dias Nick não tinha aparecido. Desde
aquela primeira noite não tinha ido nem uma só vez para a ver
nem para comprovar como estava. Estaria esperando a notícia
de um possível aborto?
Pois teria uma decepção, ela pensou levantando o queixo
com orgulho. Conforme lhe havia dito esse dia a parteira, o
bebê estava bem; coisa que a aliviou ao escutar. De fato, tanto
Júlia como Theo tinham chorado de felicidade ao ouvir a
notícia.
Meg chegou e as duas ficaram a falar do que colocaria
para jantar.
— Ainda tem um par de vestidos dos que levou a Veneza
que deve poder colocar uma ou duas semanas mais — Meg
sugeriu. — Chamará a atenção de sua excelência.
— Não estou muito segura de querer sua atenção — Júlia
resmungou.
Seguia zangada e doída. Nick lhe havia dito coisas
horríveis, sem duvidar em pensar o pior dela.
Não que Meg estivesse a par disso, mas os serventes
falavam e evidentemente Meg sabia que o duque e a duquesa
não tinham estado juntos desde a chegada deste.
— Coloque o vestido rosa, sua excelência. Agora mesmo
vou buscá-lo.
Quase uma hora depois Júlia se olhou no espelho.
— Bom…, Meg. O que acha?
— Acredito que dará um chute no traseiro de sua
excelência, se sua excelência não se importa que eu o diga.
Júlia soltou uma risadinha. Tinha tido que prescindir do
espartilho para entrar na roupa, mas o resultado compensava.
A seda rosa lhe abraçava o torso, o decote do corpete
empurrando os seios para cima e para fora. A malha suave
como um sussurro caía com delicadeza até o chão, lhe roçando
coxas e pantorrilhas por cima de suas muito finas anáguas. As
mangas curtas lhe acentuavam os ombros e o pescoço, e a cor
do vestido ressaltava a cor nata de sua pele.
Uma lástima haver vendido as pérolas de sua avó.
— Soou o gongo. É melhor sua excelência se apressar.
— Com o tornozelo dolorido? Com sorte chegarei antes da
sobremesa — Júlia brincou. — Me deseje sorte, Meg.
— Esse vestido é quanta sorte necessita sua excelência.
Júlia riu e iniciou uma lenta descida ao primeiro piso.
Quando chegou à sala de jantar tinham começado o primeiro
prato. Todos se levantaram e correram para ajudá-la, e a
surpreendeu ver que Nick chegava primeiro.
— Querida, — Theo a saudou enquanto Júlia segurava
seu marido pelo braço. Notou seu calor e sua força debaixo da
mão e sentiu mariposas no estômago — tem certeza que pode
estar em pé?
— Estou bem, tia Theo. — Nick caminhou para o outro
extremo da mesa, o lugar habitual de Júlia. — Colton, rogo-lhe
que não me faça andar até lá. Se não lhe importar, irei me
sentar nesta ponta daqui, ao seu lado.
Ela viu que Nick, pigarreando, os olhos em seu decote.
— Como desejar, senhora.
Capítulo 12
Os homens não compartilham seus sentimentos como caberia
esperar. De fato, talvez descubra mais coisas pelo que não
dizem.
***
***
***
***
***
***
***
***
***
Um mês depois
[←1]
Cabine em uma gôndola.
[←2]
Palácio.
[←3]
Praça.
[←4]
Bebida italiana que consiste em uma dose de café expresso com uma pequena
quantidade de licor, geralmente grappa e, às vezes, sambuca ou conhaque.
[←5]
Bebida alcóolica de origem italiana. Tradicionalmente é feita a partir de bagaço,
subproduto do processo de vinificação.
[←6]
Denomina toda uma tradição vocal, técnica e interpretativa da Ópera italiana a
qual se originou no fim do século XVII e alcançou seu auge no início do século
XIX.
[←7]
Meio-soprano: voz intermediária entre o soprano e o contralto. Geralmente
apresenta um timbre mais encorpado que o soprano e tem uma extensão maior
na região central-grave.
[←8]
Atriz britânica, conhecida como a atriz trágica mais famosa do século XVIII.
[←9]
Querida.
[←10]
Por favor.
[←11]
Senhor.
[←12]
Senhora.
[←13]
Obrigada.
[←14]
Céu.
[←15]
Senhorita.
[←16]
Indisposição pessoal causada, dentro das embarcações, pelo balanço das
águas.
[←17]
Dança popular antiga muito animada.
[←18]
Alegria de viver.