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"a supremacia constitucional não dependia da evocação de uma vontade soberana superior." Isso
porque não se tinha a noção de um poder constituinte. A soberania de que gozava a constituição
era fruto de um sentimento constitucional.
Na época, a edição de uma CT não servia como mecanismo de afirmação de poder. Tanto é que,
as constituições que existiam, continham apenas direitos naturais, os quais, eram tidos como
válidos, independentemente, de estarem inseridos na CT. Porque eram oriundos da natureza,
pertencia ao homem independente de constarem num documento. Com a positivação do DN, a
supremacia de seu conteúdo conferia supremacia ao documento que os reconhecia. Portanto, a
CT acabava ficando suprema. Assim, a CT era suprema não pq era fruto de uma decisão política,
tomada pelo povo, algo supremo, mas sim em razão dos direitos que veiculavam.
Consiste num poder ou força capaz de criar ou alterar a norma constitucional de um Estado.
Poder
Constituinte
Originário
Derivado Difuso Supranacional
(1º Grau)
Pós-
Fundacional Reformador Decorrente
fundacional
CONCEITO DE PCO
Poder que estabelece uma nova ordem jurídica constitucional, através da edição de uma nova
constituição. É um poder que origina uma nova OJ Constitucional. É poder inaugural.
PCO FUNDACIONAL: Não só estabelece uma nova OJ como cria um novo Estado.
O PCO fundacional tem dois momentos de manifestação: Num primeiro momento cria um
Estado, e depois fixa uma ordem jurídica constitucional. Por exemplo, os EUA, quando no dia
04/06/1776 declara a independência Americana, para depois criar a CT Americana em 1787; ao
passo que no Brasil, ocorreu em 1822, para depois estabelecer a ordem constitucional apenas
em 1824.
O PCO Pós-fundacional, não cria um Estado, ele fixa para um Estado já existente uma nova CT.
Ele funda uma nova ordem jurídica para um Estado, rompendo com a ordem anterior. A cada
nova CT de um Estado, há manifestação do PCO Pós-fundacional.
o Ruptura com ordem jurídica estabelecida. Uma quebra do processo político normal
da organização do Estado. Há uma revolução. Pode se dar das seguintes maneiras:
Nas palavras de Ivo Dantas, a ruptura gera um HIATO CONSTITUCIONAL, ocorrendo verdadeiro
divórcio entre a Constituição anterior e a realidade social, o que gera uma lacuna, interrupção de
continuidade. (Pedro Lenza – pg. 208)
Tudo isso faz surgir o momento constituinte democrático, o qual pode ensejar os seguintes
acontecimentos:
1) Natureza Sociológica (Ferdinad LaSalle): Trata-se de um PODER DE FATO. Para LaSale, tal
poder era fundamentado em fatores reais do poder, portanto, se a CT não correspondesse
esses fatores reais do poder, ela não passava de uma folha de papel. CT é o que o povo
entende que é uma CT. Nasce a partir de uma manifestação social. É o povo se colocando
em movimentação a fim de estabelecer uma CT em seu Estado.
2) Natureza Política (Carl Smith): Trata-se de uma força não social, nem jurídica, mas política.
Forças ou interesses políticos que operam naquele momento numa sociedade. Portanto,
não se trata de um fato, mas de valor.
3) Natureza Jurídica (Hans Kelsen): Trata-se de um poder jurídico (poder de direito). O PCO é
uma norma pressuposta.
OBS: Como pode o PCO ter natureza jurídica se é ele quem a cria, estabelece a OJ, se é ele
estabelece o Direito? Estaria buscando fundamento em si? Qual, portanto, é o seu
fundamento? A resposta depende da corrente filosófica adotada:
ATENÇÃO Miguel Reale juntou as três ideias anteriores. Para ele, o Direito não era só norma,
mas fatos sociais, valorados politicamente e transformados em norma jurídica. Assim, o sistema
jurídico sofre uma constante valoração, vez que se determinada norma não é mais valorado como
foi concebida, deve ser alterada para se conformar e adquirir legitimidade. Antes de criar norma,
devo verificar sua valoração, se for positiva, crio, se negativa, não crio. Mas se já existe, valoro
novamente...
CONCEITO COMPLEXO DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO)
TITULARIDADE DO PCO
Etapas:
1) Poder Divino: o PCO deriva de Deus e é exercido pelo seu escolhido. Foi assim na Era das
Monarquias Absolutistas. Os monarcas recebiam esse poder de Deus.
2) Poder da Nação: Pertencia apenas ao conjunto de pessoas vinculadas pela mesma língua,
religião e cultura, ainda que não convivam em um espaço territorial, como os Judeus.
3) Poder do Estado Totalitário: pertence ao Estado como ente, e não o povo é o titular do PCO.
Ex. Alemanha Nazista, Estados Totalitários Comunistas...
*** José Afonso da Silva: “É o poder que cabe ao povo de dar-se uma constituição”
Ele viveu todas as mazelas do nacionalismo alemão, vez que era adolescente na época. Portanto,
para Habermas, o sentimento nacional é muitas vezes pernicioso, serve apenas para discriminar
pessoas, não traz benefício algum. É excludente, “só” serve para restringir direitos, vez que você
não é nacional, portanto, não tem direito. Einstein afirmava que só serve para excluir pessoas (abriu
mão de sua nacionalidade alemã). Portanto, para Habermas, que vê a nacionalidade com algo
essencialmente negativo, assim, o PCO não pode ser titularizado apenas pelos nacionais de um
Estado. (Ex. do Bruno: Recorda da repórter húngara que ficou famosa em 2016 por chutar e dar
rasteiras em alguns refugiados, entre eles uma criança, na fronteira entre Hungria e Sérvia – crime
punido com pena de 5 anos de reclusão - Petra László, que trabalhava para a emissora de televisão
"N1", próxima do partido de extrema direita Jobbik). Portanto, para Habermas, essa ideia não se
coaduna com a globalismo atual. E assim, o PCO não pertence ao conjunto de nacionais de um
Estado, mas a todas as pessoas que voluntariamente optam em se submeter a uma mesma ordem
jurídica constitucional. O patriotismo, a devoção não é ao Estado como nação, mas a ordem
jurídica que se decide integrar, a Constituição. (Habermas é tachado como Internacionalista). Ex.
Comunidade europeia. (Nada tem a ver com Marxismo Cultural).
No Brasil, vale lembrar que a Lei de Imigração afirma que os DF aplicam-se aos imigrante (Lei
13.445/2017 art. 4º).
Essa teoria fixa limites ao poder judiciário no exercício da jurisdição. Como o juiz decide quando
não há previsão legal? Pela sua consciência? Pelos princípios?
O que a democracia indica? Bom, sabedores de que a maioria não pode tudo, nem a minoria, como
definir o conceito moderno de democracia?
Para Habermas, a ideia de equiprimordialidade indica que a ideia de democracia, como vontade
exclusivamente da maioria, é ultrapassada e, por si só, gera incoerências internas e paradoxais.
Portanto, não cabe afirmar que democracia consiste na vontade da maioria; aliás, se for a vontade
da maioria, essa não pode ser ilimitada. Caso contrário, estaria entregue à maioria a decisão de
abrir mão do próprio poder que lhe pertence, ao ponto de se destruir. Assim, para Habermas, a
ideia de democracia não deve ser formada apenas pela vontade majoritária como valor absoluto,
pois faria surgir essa ideia paradoxal de democracia autofágica.
Por isso, para Habermas, há duas condições equiprimordiais, nascem juntas, são cooriginárias as
quais integram a essência do conceito de democracia: Soberania (vontade da maioria – elemento
clássico do conceito de democracia tradicional), mas na outra face estão os direitos fundamentais.
Surge então o conceito de DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL. Um regime político que a maioria
decide, porém, essa decisão é limitada pelos direito fundamentais. Isso faz com que certos direitos
(os 5 direitos fundamentais abaixo listados) fujam da seara de decisão da maioria. A vontade da
maioria, portanto, não é mais importante do que esses direitos.
Mas... Que direitos fundamentais são esses? Quais direitos são essenciais para democracia exercício
da democracia constitucional???
3) Garantias que permitam o exercício dos direitos anteriores: Habeas Data. Mandado de
Segurança. Remédios Constitucionais
4) Direitos de natureza Penal e Processual Penal: Acesso ao princípio do DPL, AD, CTD.
Percebe-se que para Jürgen Habermas, as escolhas morais (do que é e do que não é) devem ser
feitas através do Princípio do Discurso, e não pelo o juiz. Não cabe ao juiz fazer juízos morais ou
políticos, vez que serão feitos no discurso. Então, pelo discurso, será estabelecido o Sistema
Jurídico. A moral está afastada da atividade jurisdicional. O juiz deve decidir com base em que o
Poder Soberano já estabeleceu no código de direitos.
Cabe ressalvar que se a maioria não estabelecer no Código de Legislação esses cinco direitos
fundamentais, o juiz pode concedê-los ainda que não previstos, vez que estão intrínsecos no
conceito de democracia, são cooriginários ao direito soberano de criar uma ordem jurídica.
A título de exemplo, a partir dessa ideia, o poder judiciário não poderia determinar que o Estado
fornecesse medicamentos quando a lei não prevê essa possibilidade. O Poder Soberano
(representativo) decidiu não fornecer, não cabendo então ao judiciário determinar essa medida,
pois estaria violando o princípio democrático. Quem decide é o Legislativo!
Prof. Explica que a questão de fornecimento de medicamentos é uma decisão política, uma vez que
nos Estados Democráticos que não optam por essa política, não deixam de ser democráticos.
A) SOBERANO:
B) PERMANENTE
Significa que ele não exaure, se esgota com a edição da CT. Isso significa que Poder Constituinte
permanece em estado de latência, hibernado, pronto para se manifestar caso seja necessário.
art. 2 do ADCT demonstra o exemplo de que o PC foi instado a se manifestar, prova de que ele
está sempre ali, pronto para atuar.
C) EXTRAORDINÁRIO
D) INICIAL
Porque inaugura uma nova OJ. Mas não é tão simples assim, uma vez que, para manutenção
e segurança da ordem social, notadamente nos casos da manifestação do PCO PÓS-
FUNDACIONAL, tendo em vista que há um estado de coisas já estabelecidos.
Da mesma forma, o que for incompatível, será revogado. Mas, as normas anteriores
compatíveis serão recepcionadas, no entanto, com o mesmo status de norma
constitucional. Para aplicação desta teoria, a nova CT deve prevê expressamente essa
possibilidade.
CUIDADO O art. 34 do ADCT prevê a manutenção do STN da CR/67 até o primeiro dia
do quinto mês (março/1989), demonstrando filiação a essa teoria na CR/88. Consiste
numa exceção à teoria da revogação, a qual é adotada via de regra em nosso OJ.
Para essa teoria, as leis anteriores são revogadas (ou não recepcionadas) quando forem
incompatíveis com a nova CT. Se compatíveis, serão recepcionadas. ADOTADA PELO STF.
Esta teoria utiliza o critério temporal, vez que norma posterior (constituição) revoga
norma anterior (lei) que com aquela for incompatível. Para esta corrente, a hierarquia não
é considerada, pela mesma razão do evento que ocorre no direito administrativo quando
disciplina o evento da caducidade.
Uma norma anterior, se compatível, seria constitucional. Se for incompatível com a nova
CT, ela passaria ser inconstitucional em relação a nova CT. Observe que, em regra, a
inconstitucionalidade se reconhece na edição da lei. No caso dessa teoria, a
inconstitucionalidade será dará num momento superveniente a edição da lei, em razão da
nova constituição, a qual será novo paradigma de validade.
Por sua vez, esta teoria utiliza o critério hierárquico, pois a edição de uma nova CT altera
o fundamento de validade de todo ordenamento jurídico. Aqui, a justificativa é pautada
não pelo critério temporal, mas pelo hierárquico, já que tais normas não se encontram no
mesmo patamar hierárquico.
Esta se utiliza dos dois critérios anteriores. Isto porque assim como há uma relação
temporal que não pode ser desconsiderada, há também uma relação de normas
hierarquicamente distintas, o que do mesmo modo não pode ser desprezado. Assim, a
norma anterior incompatível deve ser revogada porque se torna inconstitucional.
ATENÇÃO – TEMA MUITO BEM EXPLICADO PELO CRISTIANO CHAVES (PAG. 167)
A nova CT tem o poder de alcançar fatos anteriores a sua edição, INCLUSIVE os fatos já
executados (exauridos). P.ex., altera os fatos já transitados em julgado, ainda que o
exequente já tenha executado. (sem nenhuma segurança jurídica)
b) Teoria da Retroatividade Média (atinge apenas os vencidos não executados)
A nova CT retroage, alcançando fatos anteriores à sua edição, contudo, não alcança (não
retroage) aqueles fatos já executados, mas sim os vencidos e não executados. P. ex.
Sentença transitada em julgado, porém não foi executada. (menos severa, pois atinge
apenas os retardados que não executaram logo a sentença)
Essa teoria só retroage em relação aos fatos praticados mas que ainda não venceram.
Condenação penal, transitada em julgado, cuja execução ainda estava em curso quando
na edição de nova CT, a qual previu efeitos que não existiam no momento do trânsito
em julgado. Perguntou se a nova CT deveria alterar os efeitos da condenação anterior,
ainda que mais maléfica, desconsiderando o princípio da irretroatividade da lei penal.
A resposta foi que SIM, por duas razões: o pcp da irretroatividade da lei penal mais
gravosa não é capaz de conter a manifestação do PCO, vez que não se trata de lei e sim
de uma nova CT; em segundo lugar, tendo em vista que no Brasil se adota a teoria da
retroatividade mínima, uma vez que a execução ainda estava em curso, não se exauriu,
deve, portanto, atingir as prestações em execução, submetendo-se ao novo
ordenamento constitucional. Mas, caso a execução já tenha sido totalmente cumprida,
não poderá chamar o condenado para pagar alguma coisa...
d) Teoria da Irretroatividade
A nova CT não alcança fatos anteriores, apenas fatos posteriores a sua edição serão
alcançados.
E) INCONDICIONADO:
O PCO não está vinculado a nenhuma procedimento prévio para sua manifestação. O PCO
material, diz respeito ao próprio titular do PCO. Trata-se do PCO em sua essência. Ao passo
que o PCO formal, é o responsável pela elaboração, formalização. Se manifesta por meio de
dois procedimentos específicos: Outorga, a qual significa que a CT é editada sem a
participação (direta ou indireta) dos representação do povo, por meio de ato unilateral. Já na
Promulgação, a CT é fruto de manifestação do povo de forma indireta, por meio de
representante eleitos para esse fim. Assim, nessa hipótese, a elaboração da CT se dá pela
Assembleia Constituinte.
F) ILIMITADO: