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CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZACÃO EM FONOAUDIOLOGIA


CLÍNICA
MOTRICIDADE ORAL

A INFLUÊNCIA DE HÁBITOS ORAIS E


RESPIRAÇÃO BUCAL NO APARECIMENTO DE
MORDIDA ABERTA ANTERIOR EM CRIANÇAS COM
DENTIÇÃO DECÍDUA

ELLEN LUCE RESENDE CASTRO FAYYAT

BELO HORIZONTE
1999
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZACÃO EM FONOAUDIOLOGIA
CLÍNICA
MOTRICIDADE ORAL

A INFLUÊNCIA DE HÁBITOS ORAIS E


RESPIRAÇÃO BUCAL NO APARECIMENTO DE
MORDIDA ABERTA ANTERIOR EM CRIANÇAS COM
DENTIÇÃO DECÍDUA.

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DE


ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE ORAL.
ORIENTADORA: MIRIAN GOLDENBERG

ELLEN LUCE RESENDE CASTRO FAYYAT


BELO HORIZONTE
1999
RESUMO

Neste trabalho quisemos relacionar a influência dos maus hábitos orais (


Respiração bucal, uso de chupeta, mamadeira e sucção digital ) no aparecimento
da Mordida Aberta Anterior em crianças com dentição decídua.
Verificando isoladamente cada um destes maus hábitos orais que a
bibliografia pesquisada nos apontou como sendo os principais desencadeantes
deste tipo de maloclusão, realizamos uma pesquisa envolvendo 106 crianças com
idade entre 4 e 6 anos, alunos de uma escola particular da cidade de Foz do
Iguaçu, Paraná.
Para a pesquisa foram utilizados questionário e exame clínico.
O questionário constava de 7 perguntas e induzia os pais a informarem os
hábitos orais dos filhos, especificando a freqüência e a duração destes.
O exame clínico visava detectar a presença ou não de Mordida Aberta
Anterior.
Após a análise e avaliação dos questionários e mediante os resultados dos
exames clínicos, concluímos entre outros fatos, que dos maus hábitos orais em
questão ( chupeta, mamadeira e sucção digital ), este último, apesar de menos
freqüente que os outros, nos parece ser o que mais interfere no aparecimento da
Mordida Aberta Anterior.
SUMÁRIO

1- Introdução Pag.01

2- Discussão Teórica Pag.05

2.1- Respiração Bucal Pag.11


2.2- Sucção do Polegar, Uso de Pag.16
Chupeta e Mamadeira
2.3- Resultados da Pesquisa Pag.19
2.4- Análise dos Dados Pag.21

3- Conclusão Pag.27

4- Referências Bibliográficas Pag.32

5- Anexos
INTRODUÇÃO

Reunido um grupo de fonoaudiólogas que atuam na cidade de Foz do


Iguaçu (cerca de 15 profissionais), surgiu dentre outros assuntos um
questionamento sobre casos de Mordida Aberta Anterior. Nesta conversa informal,
constatamos que poucos casos de crianças com dentição decídua chega-nos ao
consultório com a queixa principal de Mordida Aberta Anterior. Estes chegam sim,
porém a queixa nem sempre é o problema da mordida e sim alterações de fala.
Nestes casos, após anamnese e avaliação fonoaudiológica e constatada a
presença da mordida aberta, além de iniciarmos o trabalho dos fonemas
alterados, orientamos os pais e a criança quanto à necessidade de abandonar
alguns hábitos bucais existentes (sucção digital, uso de chupeta e/ou mamadeira)
e à importância da respiração nasal. Isso porque na grande maioria dos casos há
ocorrência de maus hábitos orais e/ou respiração bucal, quase sempre viciosa.
Observam-se alterações na forma devido ao mau posicionamento da língua e
hábitos bucais inadequados como respiração bucal, sucção de dedo, detenção da
mamadeira e de chupeta.
O fato de poucos casos de crianças com Mordida Aberta Anterior em
dentição decídua serem encaminhadas à Fonoaudiologia, nos levou a pensar que
nem todos os dentistas e odontopediatras estão cientes da eficiência do trabalho
fonoaudiológico para o fechamento desta mordida. De acordo com Junqueira
(1994), em geral, estes profissionais costumam atuar nos casos de mordida
aberta na dentição decídua, retirando possíveis maus hábitos bucais através de
aparelhos ou de orientações aos pais e ao paciente. Alguns profissionais utilizam
ainda o desgaste de dentes para estabilizar a oclusão.
Acreditando que a preservação de condições satisfatórias na dentição
decídua pode ter papel importante na oclusão dos dentes permanentes e
que o trabalho fonoaudiológico seja de grande eficácia para o fechamento da
Mordida Aberta Anterior na dentição decídua (na ausência de mordida cruzada ou
em topo), decidi buscar, através de pesquisa, dados que comprovem a existência
da relação hábitos orais e respiração bucal x Mordida Aberta Anterior, para
estabelecer a influência destes maus hábitos no aparecimento dessa alteração.
Considerando que a maioria dos pacientes são encaminhados à
Fonoaudiologia já na fase de dentição mista ou permanente, decidi fazer uma
triagem em pré-escolares da cidade de Foz do Iguaçu com a finalidade de:
detectar precocemente a presença de hábitos orais e respiração bucal, visando,
sobretudo, reduzir futuros problemas oclusais e diminuir o número de crianças com
dentição mista e permanente, já apresentando o problema. Finalmente, orientar
quanto à necessidade de condições adequadas na dentição decídua para que a
oclusão dos dentes permanentes seja satisfatória.

Espero encontrar em minha pesquisa dados suficientes que comprovem a


hipótese de que a maioria das crianças com maus hábitos orais e/ou respiração
oral apresentarão Mordida Aberta Anterior.

O objeto desta pesquisa foi constituído por um grupo de crianças entre 4 e 6


anos de idade, de nível sócio - econômico médio, alunos do Colégio Anglo
Americano, escola particular da Usina de Itaipu Binacional, localizada na cidade
de Foz do Iguaçu.
A escolha desta escola foi feita levando-se em consideração a
disponibilidade e interesse desta em participar e colaborar com a pesquisa.
Uma vez escolhida a escola, selecionamos todas as turmas de jardim I e II
com suas respectivas crianças, isto é, com dentição decídua.
Escolhemos esta faixa etária por acreditarmos que a retirada de hábitos
orais viciosos e o trabalho fonoaudiológico precoce em crianças portadoras de
respiração bucal com tal idade facilita, além de outros fatores, a harmonia de seu
crescimento dento-facial, uma vez que são dadas condições para uma adequada
postura dos lábios e língua, evitando assim futuras alterações oclusais.
Foram enviados aos pais um documento solicitando autorização para que
seu filho participasse do processo e junto a esse documento um questionário a ser
respondido por aqueles que estivessem de acordo. Foi estabelecido o prazo de
uma semana para devolução dos documentos.
Participaram, portanto, da pesquisa as crianças com dentição decídua do
Colégio Anglo Americano que devolveram dentro do prazo previsto a autorização
e o questionário preenchido.
Para coleta de dados foram utilizados o questionário e um exame clínico.

A- QUESTIONÁRIO. (EM ANEXO)

B- EXAME CLÍNICO DA CRIANÇA

Após receber dos pais a autorização e os questionários respondidos


agendamos, junto à escola, dias, horários, turmas e o número de crianças a serem
examinadas por dia.
O exame constava de 3 provas cujos resultados observados foram
computados e utilizados para análise quantitativa.
Na primeira prova, observamos a postura dos lábios em repouso (
fechados/ entreabertos ). Na Segunda, observamos o modo respiratório ( nasal/
naso- bucal/ bucal), através da utilização do espelho de Glatzel e da prova da água
(esta prova consiste em manter um gole de água dentro da boca por 1 minuto
com os lábios unidos, respirando exclusivamente pelo nariz). Na terceira prova,
preocupamo-nos apenas em verificar se a criança apresentava mordida aberta ou
não.
O exame clínico foi realizado individualmente, em uma sala da escola,
cedida para esta finalidade.

A apuração dos dados foi feita através de tabulação dos questionários e


apuração dos resultados do exame clínico. Os achados foram transcritos em
quadros para uma melhor visualização e análise.
DISCUSSÃO TEÓRICA

De acordo com Nakata e Wey (1988), a dentição decídua tem o início de


sua formação durante as 6 primeiras semanas de vida intra uterina. A erupção
dos primeiros dentes decíduos começa por volta dos 6 meses de idade como que
em resposta à necessidade da alimentação mista e termina quando os segundos
molares decíduos entram em oclusão, por volta dos 2 ½ anos. A dentição
permanece decídua até a erupção dos primeiros molares permanentes, quando se
inicia a dentição mista, aproximadamente aos 6 anos de idade.
A dentição decídua é composta por vinte dentes, dez implantados na
maxila e dez na mandíbula. Apresentando três grupos dentários: incisivos, caninos
e molares. A erupção ocorre seqüencialmente (incisivos centrais inferiores,
incisivos centrais superiores, incisivo lateral superior, incisivo lateral inferior,
primeiros molares superiores e inferiores, canino superior e inferior e segundos
molares superiores e inferiores) e à medida que surgem dentes, os músculos
aprendem a efetuar os movimentos oclusais funcionais necessários.
As arcadas dentárias, nesta fase, não apresentam nenhum tipo de curva
de oclusão e os dentes não tem inclinação, eles são implantados verticalmente na
base óssea. O arco da dentição apresenta-se de forma semi-circular. Em geral,
existe a presença de espaços primatas e espaços interincisivos.
De acordo com Figun e Garino (1989) os dentes decíduos cumprem
funções fisiológica e biológica.
Funções de ordem fisiológicas:

• ação mastigatória
• estabelecimento de uma linha e plano de oclusão
• manutenção da dimensão vertical
• início da fonação
• manutenção do espaço necessário para a correta erupção dos futuros
dentes permanentes

Função de ordem biológicas:


• ação estimulante no crescimento ósseo alveolar dos maxilares
• atuação no processo de erupção dos futuros dentes permanentes,
pela relação de proximidade que têm com os mesmos.
O início da dentição mista é marcado pela erupção dos primeiros molares
permanentes, estes, “peças-chaves” para o estabelecimento de uma oclusão
dentária definitiva dentro dos padrões de normalidade. Não nos ateremos neste
estágio da dentição uma vez que nosso material de estudo se enquadra no
primeiro estágio, dentição decídua de 4 a 6 anos, antes do nascimento dos
primeiros molares permanentes.
São vários os fatores que podem desenvolver uma oclusão anormal.
Podemos agrupá-los como sendo de origem hereditária, congênita ou adquirida.
O padrão de crescimento e desenvolvimento apresenta um forte
componente hereditário. Como exemplo temos as mordidas abertas esqueletais,
classe III esquelética, problemas relativos ao número e tamanho dos elementos
dentários.
As anomalias congênitas são as que se formam desde a fecundação até o
nascimento. Destacam-se entre as várias alterações congênitas as fissuras
lábiopalatinas, tumores, paralisia cerebral, hemangiomas e sífilis congênita.
As anomalias adquiridas são as diversas alterações dentofaciais que
surgem pela ação de fatores locais ou gerais. Os hábitos viciosos como sucção de
dedo e chupeta, interposição de lábio e língua, respiração oral, causam alterações
nas arcadas dentárias, como as mordidas abertas que interferem na dicção.
Citamos ainda como fatores que podem desenvolver uma oclusão anormal,
desnutrição e as pressões anormais por hábito ou função.
De acordo com o que indicam pesquisas contemporâneas na área da
biologia Craniofacial, o crescimento e o desenvolvimento da face humana
depende em 40% da carga genética do indivíduo enquanto os restantes 60% são
de responsabilidade das funções inerentes ao meio ambiente. Estas conclusões
baseiam-se na “teoria das matrizes funcionais” de Moss, a qual afirma que a face,
como região mais dinâmica do organismo, tem seu crescimento e
desenvolvimento diretamente relacionado à ação correta das funções relacionadas
a ela, como sucção, respiração, deglutição, mastigação, fonoarticulação e a
atuação de toda a musculatura facial. Isto significa que, para que uma criança se
torne um adulto com características faciais funcionais, harmoniosas, estéticas e
saudáveis não é apenas necessário que seus pais sejam “normais”, mas que ao
longo de sua fase de crescimento/desenvolvimento ela reuna condições funcionais
adequadas que possibilitem a ela um caminho tranqüilo em direção à maturidade
da região facial. Em suma, “as funções têm a capacidade de determinar ou não,
em sua melhor forma, o potencial que a hereditariedade determinou”, executando
uma verdadeira ação ortopédica natural.
Quando as funções se desenvolvem de forma anormal, principalmente
durante o crescimento e o desenvolvimento de uma criança, pode desencadear-se
severas perturbações dentofaciais, dentre elas a Mordida Aberta Anterior.
Durante o curso normal de erupção, espera-se que os dentes e o osso
alveolar, que os circunda, desenvolvam-se até que o antagonista oclusal do arco
oposto seja encontrado, ocorrendo um relacionamento vertical do arco maxilar e
mandibular. Segundo Urias (1994) a mordida aberta é uma situação onde não há
este contato entre os dentes ântero-superiores e inferiores, embora os demais
dentes permaneçam em oclusão.
As mordidas abertas podem ser dentoalveolares (onde os componentes
esqueléticos do indivíduo são relativamente normais) ou esqueléticos (onde além
dos distúrbios dentoalveolares, há também uma desproporção óssea).
Como as demais deformidades dentofaciais, a mordida aberta tem como
etiologia os fatores hereditários e principalmente os fatores ambientais externos,
dentre eles os hábitos orais.

Os hábitos orais são definidos como sendo prováveis de determinar direta


ou indiretamente desvios na morfologia dento-alveolar.
Para Massler (1983), em geral, os hábitos resultam da repetição de um ato
que, em sua essência primordial, tem uma determinada finalidade. O hábito se
implantaria por ser agradável e resultar em alguma satisfação para os indivíduos.
Surgiriam de necessidades psicológicas que podem ou não ter efeito nas arcadas
dentárias.
Segundo Moyers (1979), todos os hábitos são padrões de contração
muscular aprendidos, de natureza complexa, alguns deles servindo como estímulo
para crescimento normal dos maxilares, o que ocorre, por exemplo, na ação
normal do lábio e na correta mastigação. Já os hábitos anormais podem interferir
no padrão regular do crescimento facial e devem ser diferenciados dos hábitos
normais desejáveis que são uma parte da função buco-faríngea normal e
consequentemente exercem um papel importante no crescimento crânio-facial e na
fisiologia oclusal.
Os padrões anormais habituais e deletérios de conduta muscular
freqüentemente estão associados com o crescimento ósseo anormal, más
posições dentárias, distúrbios na respiração e na fala, perturbação no equilíbrio da
musculatura facial e problemas psicológicos.
Quanto à etiologia da maloclusão os hábitos são classificados de forma
distinta, conforme os autores.
Korkhaus (1939, apud Araujo, 1986) os hábitos seriam de origem exógena,
fatores que agiriam mais diretamente sobre as estruturas buco-dentárias
provenientes da ação de fatores externos ou estranhos ao organismo; já na
classificação de Graber (1974) os hábitos anormais de pressão ou aberrações
funcionais são extrínsecos (que agiriam sobre a dentadura, provenientes de fora).
Para Moyers (1979) os hábitos que mais perturbam a oclusão são a sucção
de dedos, interposição lingual, onicofagia e mordedura e/ou sucção de lábio.

Medeiros (1992) classifica os hábitos dividindo-os em dois tipos: intra-orais


e extra-orais. Os hábitos intra-orais seriam sucção de língua, polegar, bochechas,
lábios e objetos, onicofagia, bruxismo, morder a língua e respiração
oral. Os extra-orais seriam sustentação do queixo, posições anormais de
travesseiro, etc.
Para Lino (1992) os hábitos orais enquadram-se dentro dos fatores
extrínsecos causadores de maloclusão como: hábitos nocivos de sucção,
deglutição, respiração, postura e fonação. Os fatores extrínsecos, são aqueles que
não estão diretamente ligados aos arcos dentários, ou seja, não pertencem
morfologicamente às bases apicais ou ossos alveolares.
Em relação aos fatores etiológicos, o autor relata que a presença de
condições favoráveis nem sempre significa por si mesma a garantia de uma
maloclusão. Existem mecanismos individuais de ajustes no desenvolvimento e
modificações de crescimento que podem, até certo ponto, compensar tais
situações permitindo uma evolução normal da oclusão.
É importante salientar que a deformação depende da freqüência,
intensidade, duração, predisposição individual, idade e também das condições de
nutrição e saúde do indivíduo.
Na falta de um dos requisitos Tempo-Intensidade-Frequência não haverá
modificações nas arcadas dentárias.
Lino destaca ainda que há padrão esqueléticos faciais mais propensos a
desvios (dolicofaciais), mais difícil de se tratar. Por outro lado, há tipos faciais
mais resistentes a sofrerem deformações induzidas por má-funções
(braquifaciais).
Moyers (1979) comenta que assim como variam os fatores que originam os
hábitos, variam também as faces. É a combinação do hábito mais a face em
crescimento que origina o problema clínico.
Moresca e Feres (1992) relatam que quando se depara com um hábito oral,
é importante considerar a idade do indivíduo, dentição, oclusão e todas as
funções envolvidas. Caso ocorram durante o período de crescimento e
desenvolvimento da face, os hábitos viciosos podem gerar forças musculares
anormais e persistentes com o risco de distorção da correta morfologia da região
dentomaxilar, sendo a mais comum a Mordida Aberta Anterior.
De maneira geral, há também que se considerar a forma de frear o hábito
que está causando os desvios. Atitudes “drásticas” como meio para o abandono
do hábito só serviriam de motivo para o indivíduo procurar um hábito substitutivo.
Da criança deverá se obter colaboração, incentivando a eliminação do
hábito e mostrando suas conseqüências.
Lino (1992) ainda relata que é ideal investigar o quanto o fator emocional é
fundo do problema e assim orientar a criança e sua família.
A intervenção com aparelhos só deverá ocorrer após terem sido esgotados
todos os outros recursos possíveis e em casos onde não há outra forma de se
obter sucesso, sempre com o consentimento do paciente.
Os principais hábitos viciosos com potencial de nocividade são:
- Respiração bucal;
- Sucção de dedo, língua, lábios e bochechas;
- Uso de chupetas ou mamadeiras por tempo além do normal;
- Postura inadequadas de língua durante a deglutição, fonação e posturação
(projeção anteriorizada de língua causando pressão exagerada sobre os dentes
superiores, falta de vedamento labial, alterações fonéticas, hiperfunção do
mentoniano);
- Posturas inadequadas de cabeça em atividades diurnas e noturnas;
-Inadequações posturais como dormir de bruços, com a mão ou braço
sobre o rosto, ler apoiando a face que podem levar a mordidas cruzadas e
mastigação inadequada com todas as suas conseqüências;
- Hábitos alimentares inadequados quanto à textura dos alimentos;
- Onicofagia causando projeção anterior da mandíbula para conseguir
poder de corte dos incisivos em posição topo a topo e alterações ao
nível da ATM;

- Deglutição não nutritiva como gerada pelo mascar gomas rotineiramente.


Destacaremos aqui apenas a respiração bucal, sucção de polegar e o uso
de chupeta e mamadeira, uma vez que estes são os maiores causadores de
mordida aberta.

Respiração Bucal

A respiração nasal deve ser sempre priorizada uma vez que o nariz não é
um condutor passivo pelo qual o ar é captado e dirigido para a faringe. Diferente
da cavidade oral, o nariz é um órgão altamente especializado exercendo funções
de filtragem ou purificação, aquecimento e umidificação do ar inspirado.
É comum a suposição de que a função nasorespiratória está diretamente
ligada ao desenvolvimento dento-facial. Segundo Bloch (1889) a relação
respiração bucal e deformidades de arcada dentária já vem sendo descrita desde
o século passado.
Marchesan (1994) afirma que a respiração bucal ou de suplência, pode
provocar alterações morfológicas definidas na região dentofacial, como uma
Mordida Aberta Anterior. Estas alterações ocorrem durante o crescimento e são
conseqüências de pressões musculares inadequadas sobre o esqueleto
craniofacial. A respiração bucal interfere negativamente na postura adequada da
língua em repouso e em ação.
Na respiração bucal deixamos de ter a necessária massagem e
pressionamento de ar junto à região bucosinusal (nariz e seios paranasais), um
dos principais fatores estimuladores do crescimento e desenvolvimento do terço
médio da face.
De acordo com Almeida e Weber (1990), na respiração oral, a mandíbula é
posicionada inferiormente com a língua em repouso no assoalho da boca e seria
esta alteração postural que induziria as modificações dentárias e esqueléticas,
semelhantes às causadas pela sucção digital.
Devido à postura da língua, ocorre também a erupção contínua do dente
posterior, aumentando as dimensões verticais do paciente, e em conseqüência a
Mordida Aberta Anterior.
Quando respiramos pelo nariz há estímulo de crescimento e
desenvolvimento facial pela ação da musculatura que estimula os ossos de modo
correto. Se há respiração bucal, essa estimulação pode se dar de modo
inadequado, favorecendo um crescimento e desenvolvimento desarmônico.
Assim sendo, a boca deve ser canal para respirarmos apenas quando se
torna impossível a respiração nasal. A respiração nasal é inata e deverá
permanecer até a fase adulta se não houver intercorrências neste percurso.
A respiração oral destaca-se como hábito deletério por ser altamente
comprometedora na definição de forma e contorno dos arcos dentários bem como
de todo processo nasomaxilar (Lino, 1992).
Uma vez instalada esta respiração de suplência ou de substituição, serão
grandes as possibilidades do indivíduo em crescimento, vir a desenvolver
distúrbios miofuncionais, já que são bastante intensas as adaptações funcionais e
musculares decorrentes da instalação desta respiração incorreta, e que a
manutenção constante da boca aberta altera todo o equilíbrio neuromuscular da
face (Barroso, 1997).
Todd (1936) já afirmava que as alterações na face ocorrem entre os 2 e 12
anos, período de maior velocidade de crescimento facial.
A respiração pode se tornar oral devido a obstruções nasais ou apenas por
ato vicioso.
As causas de obstrução nasal são muitas, classificadas por Mucellin de
acordo com a faixa etária.
Recém-nascidos: atresia de coana (fechamento da parte posterior do nariz
por uma membrana mucosa ou placa óssea) e tumores nasais (cisto dermóide,
hemangiomas e tumores neurogênicos).

Infância: hipertrofia das Vegetações Adenóides (aumento do tecido linfóide


existente na rinofaringe, com o fechamento ou diminuição do espaço para
passagem da coluna de ar).
Hipertrofia das amígdalas palatinas (aumento excessivo nos pólos
superiores das amígdalas que se comprimem na região da úvula, causando
dificuldade respiratória).
Rinite Alérgica (caracteriza-se por obstrução nasal, coriza, espirros e
prurido nasal intenso).
Desvio de septo nasal (causado por traumatismo nasal).
Hematoma do septo nasal
Fratura nasal
Corpos estranhos
Rinite Vestibular (infecção na região de pelos da fossa nasal).
Puberdade: angiofibroma juvenil (tumor benigno com característica
invasiva).
Pólipo nasal (massa única ou multilobulada que se forma na fossa nasal,
com crescimento progressivo da obstrução).
Rinite medicamentosa (complicação devido ao uso excessivo de
vasoconstritores nasais tópicos).
E os demais já citados anteriormente: desvio do septo nasal, rinite alérgica,
hipertrofia das adenóides e amígdalas palatinas.
Porém, Petrelli (1994) relata que a hipertrofia das vegetações adenóides é
a maior causadora da face alongada, seguida pela rinite alérgica e amigdalite de
repetição.
As causas de respiração bucal podem ser além dos problemas orgânicos acima
citados:
- hipotonia da musculatura elevadora da mandíbula, devido a alimentação
pastosa, levando à boca aberta com língua mal posicionada.
- apenas postura viciosa: o indivíduo simplesmente permanece de boca
aberta, sem muitas vezes perceber isso, não existindo nenhum empecilho
mecânico ou funcional para a respiração nasal.
De acordo com Marsechan e Krakauer (1995), o respirador bucal pode
apresentar vários sintomas característicos da chamada: Síndrome do Respirador
Bucal.

Alterações Craniofaciais e Dentárias:


- Crescimento craniofacial predominante vertical;
- Angulo goníaco aumentado;
- Palato ogival ou inclinado;
- Dimensões faciais estreitas;
- Hipodesenvolvimento dos maxilares;
- Narinas estreitas ou inclinadas;
- Microrrinia com menor espaço na cavidade nasal;
- Desvio de septo;
- Classe II, over jet, mordida aberta ou cruzada;
- Protusão dos superiores.

Alterações dos OFA:


- Hipotrofia, hipotonia e hipofunção dos músculos elevadores da mandíbula;
- Alteração de tônus com hipofunção dos lábios e bochechas;
- Lábio superior retraído ou curto, e inferior evertido ou interposto entre
dentes;
- Lábios secos e rachados com alteração de cor;
- Gengivas hipertrofiadas com alteração de cor e freqüentes sangramentos;
- Anteriorização da língua ou elevação do dorso para regular o fluxo de ar;
- Propriocepção bucal bastante alterada.

Alterações Corporais:
- Deformidades toráxicas;
- Musculatura abdominal flácida ou distendida;
- Olheiras com assimetria de posicionamento dos olhos, olhar cansado;
- Cabeça mal posicionada em relação ao pescoço, trazendo alterações
para a coluna no intuito de compensar este mal posicionamento;
- Ombros caídos para frente comprimindo o tórax;
- Alterações da membrana timpânica, diminuição da audição;
- Assimetria facial visível, principalmente em bucinador;
- Indivíduo muito magro, às vezes obeso e sem cor.

Alterações das Funções Orais:


- Mastigação ineficiente levando a problemas digestivos e engasgos pela
incoordenação da respiração com a mastigação;
- Deglutição atípica com ruído, projeção anterior da língua, contração
exagerada do orbicular, movimentos compensatórios de cabeça;
- Fala imprecisa, trancada, com excessos de saliva, sem sonorização pelas
otites freqüentes, com alto índice de ceceio anterior ou lateral;
- Voz rouca ou anasalada.

Outras Alterações Possíveis:


- Sinusites freqüentes, otites de repetição;
- Aumento das amígdalas faríngeas e palatinas;
- Halitose e diminuição da percepção do paladar e olfato;
- Maior incidência de cáries.
- Alteração do sono, ronco, baba noturna, insônia, expressão facial vaga;
- Redução do apetite, alterações gástricas, sede constante, engasgos,
palidez, inapetência, perda de peso com menor desenvolvimento físico
ou obesidade;
- Menor rendimento físico, incoordenação global, com cansaço freqüente;
- Agitação, ansiedade, impaciência, impulsividade, desânimo;
- Dificuldades de atenção e concentração, gerando dificuldades
escolares.

Para se diagnosticar o quadro de síndrome do respirador bucal não é


necessário a presença de todos os sintomas acima citados.

Sucção do Polegar, Uso de Chupeta e Mamadeira

Afirmando o que diz Moresca e Feres (1994), Tomé, Farret e Jurach (1996)
relatam que de todos os hábitos infantis, a sucção de dedos ou chupeta parece ser
o mais frequente e danoso para a oclusão e ossos maxilares, sendo a maior causa
de alterações no equilíbrio do aparelho estomatognático.
Segundo Camargo (1997), a mamadeira deve ter o bico com a forma e o
tamanho próximos do formato e tamanho do bico do seio materno. A posição da
mamadeira em relação à criança deve ser de 90° e a criança ao tomá-la deve
estar mais verticalizada para facilitar a sua respiração.
A mamadeira deve ser retirada na fase de erupção dos dentes decíduos,
oitavo ou nono mês de vida. Após esta idade, o ideal é oferecer à criança caneca
de transição, copo com tampinha, colher, etc.
Assim como a mamadeira, a chupeta deve ter seu tamanho compatível com
a cavidade bucal da criança. Ela deve ser usada apenas como complemento da
sucção, levando a repleção gástrica, composição muscular e satisfação
psicoemocional. Seu uso deve ser racional e, embora existam ainda algumas
controvérsias a respeito do limite de idade para seu uso, a maioria dos autores
concordam que esta não deve ultrapassar os 2 1/2, 3 anos de idade.
Além do uso de chupeta e mamadeira, a sucção do polegar pode levar a
alterações oclusais

Moresca e Feres (1994) relatam que o hábito de sucção do polegar pode


relacionar-se inicialmente a um problema de amamentação, fator imitativo ou se
resultar de um problema emocional complexo.
Segundo Moyers (1949) a causa mais freqüente de sucção de polegar são
os movimentos labiais insuficientes, isto é, uma capacidade inadequada na fase
de sucção no ato de alimentação. Para ele, bebês que se alimentam em seios
com fluxo rápido de leite ou em mamadeiras, estão mais sujeitos à sucção de
polegar do que aqueles que dispunham de seios ou mamadeiras dotadas de fluxo
mais lentos. Moyers relata ainda que intervalos de alimentação menores, diminui a
incidência dos hábitos bucais em bebê.
A mamadeira oferece o volume de leite suficiente para alimentação porém
não satisfaz a necessidade de sucção.
Na ânsia de se satisfazer, a criança começa a fazer sucção do polegar ou
outro dedo e só irá dormir quando se sentir satisfeita. Com o exagero na sucção
poderá instalar-se o hábito indesejável.
Instabilidade emocional e familiar pode também gerar hábitos viciosos.
Muitas vezes, na tentativa de chamar atenção dos pais, a criança expressa seus
sentimentos através de atitudes como sucção de polegar e onicofagia.
Assim sendo, tais hábitos teriam um fundo psicológico.
A teoria psicanalítica sugere que o hábito de sucção do polegar está
associado ao prazer.
Para muitos, os problemas de sucção do polegar estão baseados na
Psicologia.
A teoria comportamental, diferente da psicanalítica sugere que este hábito
seja um mero padrão de comportamento aprendido sem qualquer causa
fundamental ou qualquer problema emocional ou psicológico. Quando extinto o
hábito, não é esperada sua substituição por outro.
Em geral, as crianças abandonam a necessidade de sucção por volta dos 3
anos.
De acordo com Moresca e Feres (1994), sucção persistente após os 4
anos de idade poderá levar a alterações do tipo: retrognatismo mandibular,
prognatismo maxilar, mordida aberta, musculatura labial superior hipotônica,
musculatura labial inferior hipertônica, atresia do palato, interposição de língua,
atresia do arco superior, respiração bucal e calo ósseo na região do polegar.
Não podemos esquecer que as alterações oclusais causadas pelo hábito
dependerá de uma quantidade de variáveis como a posição ocupada pelo dedo,
contrações buco-faciais associadas, a posição da mandíbula durante a sucção, o
padrão esquelético facial, a força aplicada aos dentes e ao processo alveolar, a
freqüência e a duração do hábito.
RESULTADOS DA PESQUISA:

A pesquisa, realizada no período de Abril à Outubro de 1998, abrangeu


106 alunos com dentição decídua ( jardim I e II ) de 4 a 6 anos , do Colégio Anglo
Americano da cidade de Foz do Iguaçu-Pr, cujos pais autorizaram a participação.
Com o intuito de verificar a influência de cada um dos hábitos orais e da
respiração bucal no aparecimento de MORDIDA ABERTA ANTERIOR nestas
crianças, analisamos todos os itens abaixo, tomando por base as informações
fornecidas pelos pais através do questionário e da avaliação feita com cada
criança envolvida no processo.
Itens abordados:
A) Uso de chupeta
B) Uso de mamadeira
C) Sucção de dedo
D) Modo respiratório

Para facilitar a análise apresentamos um quadro demonstrativo.


( QUADRO 1)
IDADE X HÁBITOS ORAIS USO DE USO DE SUCÇÃO DE
CHUPETA MAMADEIRA DEDO
Nunca usou 5 2 99
Usou até 2 anos e 6 meses 23 13 2
Usou de 2 anos e 7 meses 25 17 0
até 4 anos.
Parou após 4 anos 0 5 0
Ainda usa 15 62 5
Sem informações de quando 37 7 0
parou.
Não respondeu a pergunta 1 0 0
No que diz respeito ao modo respiratório dividimos em:
( QUADRO 2 )
RESPIRAÇÃO NASAL RESPIRAÇÃO NASO- RESPIRAÇÃO
BUCAL PREDOMINANTEMENTE
BUCAL
60 44 02

Além dos hábitos orais e respiração bucal quantificamos também as crianças que
recebem acompanhamentos odontopediátrico ou ortodôntico para comparação,
quando necessário, da incidência destes hábitos entre as crianças que recebem e
as que não recebem estes acompanhamentos.
ANÁLISE DOS DADOS

Das 106 crianças triadas 5 nunca usaram chupeta e 2 nunca usaram


mamadeira.
Dentre as 5 crianças que nunca fizeram uso de chupeta, nenhuma
apresentou MORDIDA ABERTA ANTERIOR. Destas,
- 4 nunca sugaram o dedo;
- 1 sugou o dedo dos 2 meses até 1 ano e meio ( para dormir) e tomou
mamadeira com bico comum até 4 anos e meio ( duas ao dia);
- 2 não fizeram uso de mamadeira;
- 1 tomou mamadeira com bico comum até 2 anos ( 5 mamadeiras ao dia );
- 1 tomou mamadeira com bico ortodôntico até 5 anos ( mais de 2 por dia );

Das 23 crianças que usaram chupeta até os 2 1/2 anos de idade,


independente do tipo de bico da chupeta( comum ou ortodôntico ), nenhuma delas
apresentou MORDIDA ABERTA ANTERIOR. Também não detectamos MORDIDA
ABERTA ANTERIOR em nenhuma das 13 crianças que usaram mamadeira até
esta idade.

Das 25 crianças que usaram chupeta dos 2 anos e 7 meses aos 4 anos de
idade, 4 delas apresentaram MORDIDA ABERTA ANTERIOR. Todas as 4 usaram
chupeta até, aproximadamente, 3 / 4 anos e ainda fazem uso de mais de 2
mamadeiras diárias.
Destas crianças, apenas uma relatou o tipo do bico ( comum ) e a freqüência do
uso ( constante ) . Os demais não fizeram nenhuma citação.
Verificamos também que das 15 crianças que ainda usam chupeta, 13
apresentam MORDIDA ABERTA ANTERIOR .

Destas 13, nove usam mamadeira e uma destas nove também suga o
dedo.
Quanto à frequência e ao tipo de bico usados por estas 13 crianças que
apresentam MORDIDA ABERTA ANTERIOR tivemos dos respectivos pais as
seguintes informações:
- Em 2 casos a freqüência do uso de chupeta é constante e o tipo do bico é
ortodôntico; 2 informaram que o uso da chupeta é constante, porém não
citaram o tipo do bico; 4 relataram que o uso da chupeta é só ao dormir e o tipo
do bico é comum; 2 que o uso ocorre ao dormir; 1 informou que o bico é
ortodôntico.
Os demais não responderam sobre a freqüência do uso e nem sobre o tipo
do bico.

As duas crianças que ainda usam chupeta e não apresentaram MORDIDA


ABERTA ANTERIOR possuem este hábito somente ao dormir. O tipo de chupeta
por elas utilizado é o ortodôntico. Uma delas ainda faz uso de mamadeira com
bico ortodôntico mais de duas vezes ao dia.

Das 37 crianças cujo os pais não relataram a idade em que seus filhos
pararam com o uso da chupeta, apenas uma apresentou MORDIDA ABERTA
ANTERIOR . Esta, apesar de não estar usando bico atualmente, faz uso de duas
mamadeiras diárias e suga o dedo.

O único caso das 106 crianças triadas que não respondeu sobre o uso de
chupeta, toma mais de duas mamadeiras com bico ortodôntico ao dia , suga o
dedo constantemente e apresenta MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
Ao final de nossa pesquisa observamos que das 106 crianças com dentição
decídua ( 4 a 6 anos ), do Colégio Anglo Americano, da cidade de Foz do Iguaçu:

- 62 crianças ainda usam mamadeira ( 58, 5%) ;


- 15 ainda usam chupeta ( 14,15% ) ;
- 5 sugam o dedo ( 4,7% ) ( 2 só ao dormir );
- 44 apresentam respiração naso- bucal ( 41,5% );
- 2 apresentam respiração predominantemente bucal ( 1,88% );
- 19 apresentam Mordida Aberta Anterior ( 18% );

Destas 19 crianças com MORDIDA ABERTA ANTERIOR, verificamos que:

USO DE CHUPETA:

• 13 crianças ainda usam chupeta :


- 4 fazem uso constante. Destas, duas relatam o tipo de bico : ortodôntico.
- 6 a usam só para dormir . Destas, quatro relatam o tipo de bico :
ortodôntico.
- 3 não relatam a frequência. Destas, uma relata o tipo do bico: ortodôntico.

• Das 6 crianças restantes que apresentam MORDIDA ABERTA ANTERIOR :


- 4 fizeram uso de chupeta até, aproximadamente, 3 / 4 anos de idade .
- uma não usa atualmente, porém não relatou até que idade usou.
- uma não respondeu a pergunta.

USO DE MAMADEIRA:

• 16 crianças ainda usam mamadeira.


Destas, a frequência de uso e o tipo de bico são os seguintes:
- 3 usam uma por dia; sendo que em um caso o bico é comum , outro o bico
é ortodôntico e o terceiro não relatou o tipo de bico.
- 6 usam duas por dia; sendo que quatro não relataram o tipo de bico e as
outras duas o bico é comum .
- 6 usam mais de duas ao dia; quatro não relataram o tipo do bico e nas
demais o bico é comum .
- 1 não respondeu a freqüência de uso nem o tipo do bico da mamadeira.

• Das três crianças restantes que apresentam MORDIDA ABERTA ANTERIOR


porém não fazem uso de mamadeira atualmente , todas elas fizeram uso de
mais de duas mamadeiras diárias até a idade de 3 / 4 anos . Em duas delas
o bico da mamadeira era comum e na terceira era ortodôntico.

SUCÇÃO DE DEDO

• 3 crianças sugam o dedo . Apenas uma relata que a freqüência deste hábito
é constante . As demais não mencionam a freqüência do hábito.

MODO RESPIRATÓRIO

Das 19 crianças que apresentam MORDIDA ABERTA ANTERIOR , 12


delas são respiradoras naso-bucais e 2 são predominantemente bucais . As
outras 5 são respiradoras nasais.

Em anexo colocaremos um quadro demonstrativo das 19 crianças com


MORDIDA ABERTA ANTERIOR (MAA), para assim discriminá-las quanto ao uso
de chupeta , mamadeira, dedo, respiração bucal (RB) e idade atual.
Detalhamos agora alguns dos achados de maior relevância identificados em
nossa pesquisa.

• Apenas 5 crianças, dentre as 106 triadas, nunca usaram chupeta e 2 nunca


usaram mamadeira, representando 4,71% e 1,8% respectivamente. Estes
dados nos confirmam que o uso destes objetos já fazem parte do cotidiano de
uma criança.
• Apenas 13 crianças ( 14,15% ) pararam de usar mamadeira até os dois anos e
meio, idade em que a criança já tem praticamente a dentição decídua
completa ( 20 dentes ). Isto significa que o uso de mamadeira é prolongado
mesmo que criança tenha possibilidades de alimentar-se de outras formas.
• Das 62 crianças que ainda usam mamadeira, 16 apresentam MORDIDA
ABERTA ANTERIOR. Das 15 crianças que ainda usam chupeta 13 apresentam
MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
A partir destes achados podemos supor que o uso prolongado da chupeta
contribui mais que o uso prolongado da mamadeira no aparecimento da
MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
• Nenhuma das crianças que pararam de usar chupeta ( 23 crianças) ou
mamadeira ( 13 crianças ) até aos 2 ½ anos de idade apresentou MORDIDA
ABERTA ANTERIOR, o que nos leva a pensar que o abandono destes hábitos
até esta idade não causa MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
• Em nossos estudos não detectamos nenhum caso que apenas por uso
prolongado de mamadeira encontrássemos MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
Das 106 crianças triadas, 91 ( 85,8% ) usaram mamadeira além dos dois nos e
meio e destas apenas 19 apresentaram MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
Destas 19 que apresentam MORDIDA ABERTA ANTERIOR, 16 ainda usam
mamadeira, porém apresentam ou apresentaram outro mau hábito associado
ao uso de mamadeira.
• Das 13 crianças ( 4 a 6 anos ) que além da chupeta ainda usam mamadeira,
apenas uma delas não apresentou MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
A partir destes dados concluímos que a associação do uso prolongado de
mamadeira com outro mau hábito oral poderá causar MORDIDA ABERTA
ANTERIOR.
• Não obtivemos dados suficientes para concluir se o tipo do bico ( ortodôntico
ou não ) interfere no aparecimento da MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
CONCLUSÃO:

Acreditando que a preservação de condições satisfatórias na dentição


decídua possa ser importante na oclusão dos dentes permanentes e que os maus
hábitos orais e a respiração oral possam interferir negativamente neste processo,
com o aparecimento de alterações oclusais em indivíduos predispostos à
maloclusão, em especial a MORDIDA ABERTA ANTERIOR, observamos 106
crianças com dentição decídua e, a partir da análise dos dados coletados,
concluímos que:
• O uso de chupeta e mamadeira faz parte do cotidiano de uma criança.
• O uso prolongado de mamadeira se dá por opção dos pais e não por falta de
condições dos filhos de se alimentarem de outras formas.
• O uso de chupeta e mamadeira até 2 ½ anos não provoca MORDIDA
ABERTA ANTERIOR.
• A mamadeira é mais usada que a chupeta por crianças de 4 a 6 anos.
• O uso prolongado da chupeta concorre mais para aparecimento da MORDIDA
ABERTA ANTERIOR do que o uso prolongado da mamadeira.
• Não podemos afirmar que o uso isolado da mamadeira por crianças em
dentição decídua seja fator desencadeante de MORDIDA ABERTA
ANTERIOR.
• O uso prolongado de mamadeira por crianças maiores de 2 ½ anos,
associado a outro mau hábito oral pode proporcionar o aparecimento de
MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
• Dos maus hábitos orais em questão ( chupeta, mamadeira e sucção digital ),
este último, apesar de menos freqüente que os outros, nos parece ser o que
mais interfere no aparecimento de MORDIDA ABERTA ANTERIOR.
• Em relação ao modo respiratório, acreditamos que tanto a respiração bucal
quanto a naso-bucal em crianças, favorecem um crescimento desarmônico
dos ossos da face. Estas crianças terão maior probabilidade de apresentar
MORDIDA ABERTA ANTERIOR, que as respiradoras nasais. Principalmente
se houver outro mau hábito oral envolvido. Das 19 crianças com MORDIDA
ABERTA ANTERIOR 14 são respiradoras bucais ou nasobucais.

Queremos ressaltar que os dados obtidos nesta pesquisa não podem ser
considerados conclusivos. Podemos falar aqui apenas em tendências. Fica a
sugestão de aproveitamento da metodologia para um trabalho futuro com
amostragem mais representativa da população pesquisada.

Após análise e interpretação dos resultados obtidos, ressalvando eventuais


falhas, nos questionamos:
• A hipótese inicial de que a maior parte das crianças com hábitos orais
apresentariam MORDIDA ABERTA ANTERIOR foi confirmada ?
• O uso de mamadeira sem outro hábito oral associado é causador de
maloclusão dentária ?
• A partir de que idade o uso freqüente da mamadeira poderá interferir no
aparecimento da MORDIDA ABERTA ANTERIOR ?
• O tipo do bico da mamadeira interfere no aparecimento da MORDIDA
ABERTA ANTERIOR?
• O uso de chupeta por crianças menores de 2 ½ anos de idade independente
do tipo de bico utilizado, ( ortodôntico ou não ) causa MORDIDA ABERTA
ANTERIOR ?
• Os hábitos orais ( chupeta, mamadeira, sucção digital) interferem na arcada
dentária com a mesma intensidade ?
Estas são algumas das indagações cujas respostas acreditamos terem
sido encontradas com a realização deste trabalho. Concluímos que é
importante repensarmos nossos conceitos, que são algumas vezes
taxativos, para tentarmos ser, tanto quando possível, mais tolerantes e
flexíveis, procurando entender a necessidade de cada um e a
individualidade de cada caso.
Não queremos com estes resultados incentivar o uso indiscriminado de
mamadeiras. Apenas constatamos em nossa pesquisa que seu uso
isolado, na ausência de outro hábito associado, em crianças com dentes
decíduos, parece não ser suficiente para provocar MORDIDA ABERTA
ANTERIOR porém, não descartamos outros transtornos oromiofuncionais
que este hábito possa trazer.
AÇÃO EDUCATIVA DECORRENTE DA PESQUISA

Nosso objetivo no início deste trabalho foi detectar precocemente a


presença de hábitos orais e respiradores bucais, visando reduzir os futuros
problemas oclusais e diminuir o número de crianças com dentição mista e
permanente com problema já instalado. Assim, após verificarmos que apesar de
49 crianças estarem recebendo acompanhamento odontopediátrico ou ortodôntico
constatamos que 28 destas crianças ( 57%) ainda apresentam alguns dos hábitos
orais pesquisados. Por considerarmos este número bastante expressivo, nos
propusemos a fazer um folder explicativo com algumas considerações sobre o
uso de chupeta / mamadeiras / sucção de dedo / respiração bucal, antes mesmo
da realização do exame clínico. Este folheto foi enviado à escola, que se
prontificou a entregá-lo a cada uma das crianças da pré-escola, independente se
esta tenha ou não participado de nossa pesquisa.
O folheto constava das seguintes considerações:

1- O nariz é muito importante na respiração. Ele filtra, aquece e umedece o ar que


se respira.

2- A respiração pelo nariz estimula o crescimento correto dos ossos da face.

3- A respiração pela boca altera o equilíbrio dos músculos faciais e favorece um


crescimento e desenvolvimento desarmônico dos ossos da face.
4- Além do mau posicionamento dos dentes e músculos da face, a criança que
respira pela boca tem maiores riscos de apresentar doenças respiratórias.

5- Os pais devem evitar que seus filhos chupem o dedo, façam uso de chupetas ou
mamadeiras.

6- A mamadeira, quando adotada, deve ser retirada antes que a criança complete
dois anos de idade.

7- Sugar o dedo e usar chupeta também pode impedir o crescimento correto dos
ossos da face e interferir na organização de seus dentes e músculos.

8- Não permita que a chupeta seja o brinquedo ou passatempo de seu filho. Este
hábito pode comprometer sua saúde bucal.

9- A prevenção é o melhor caminho.

Após a realização do exame clínico e análise dos resultados da pesquisa,


chegamos a conclusão que o item 6 deste folder, em relação a mordida aberta
anterior, poderia ser revisto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01-Barroso, Beatriz Gualberto. Diagnóstico e Prevenção dos Distúrbios


Miofuncionais.
PR. Internet, 1997.

02- Bianchini, Esther M. G. A Cefalometria nas Alterações Miofuncionais Orais.


SP.
Pró-fono Departamento Editoral, 1994.

03- Junqueira, Patrícia S. Tópicos em Fonoaudiologia.


“A Atuação Fonoaudiológica nos Casos de Mordida Aberta Anterior na Dentição
Decídua”. SP. Editora Lovise, 1994.

04- Krakauer, Lilian Huberman. Tópicos em Fonoaudiologia. “ Alteração de


Funções Orais nos diversos tipos faciais “. SP. Editora Louise, 1995.

05- Marchesan, Irene Queiroz. Fundamentos em fonoaudiologia – Motricidade


Oral. SP. Editora Guanabara, 1998.

06- Marchesan, Irene Queiroz. Motricidade Oral – SP. Editora Pancast, 1993.

07 – Marchesan, Irene Queiroz. Uma visão compreensiva das práticas


fonoaudiológicas. SP. Editora Pancast, 1998.
08-Marchesan, Irene Queiroz; Krakauer, Lilian Huberman. Tópicos em
Fonoaudiologia.
“A Importância do Trabalho Respiratório na Terapia Miofuncional”. SP
Editora Lovise, 1995.

09- Moss, M. L.. Neurotropic Regulation of Craniofacial Growth – in Macnamara, J.


A .- Control Mechanisms in Craniofacial Growth. Michigan, 1975.

10- Petrelli, Eros. Ortodontia para Fonoaudiologia . SP. Editora Lovise, 1994.

11- Tomé, Marileda Cattelan; Farret, Milton Benitez; Jurach, Estela Maris. Tópicos
em Fonoaudiologia . “Hábitos Orais e Maloclusão”. SP. Editora Lovise, 1996.

12- Van Der Linden, F.P.G.M. Desenvolvimento da Dentição.S.P. Editora


Quintessense, 1986.

13- Enlow, D.H. Crescimento Facial. Porto Alegre. Editora Artes Médicas, 1993.
ANEXOS
Quadro demonstrativo das 19 crianças com MORDIDA ABERTA ANTERIOR (MAA), discriminadas
quanto ao uso de chupeta , mamadeira, dedo, respiração bucal (RB) e idade atual.
CHUPETA MAMADEIRA DEDO RB MAA IDADE
1- Usou até 3 anos e Sim. 3x dia Não Não Sim 4 anos e 10
6 meses meses
2- Sim Sim. 2x dia Sim *N-B Sim 4 anos e 4
meses
3- Sim Sim. 1x dia Não Não Sim 5 anos e 1
mês
4- Usou até 3 anos Sim. Mais 2x dia Não N-B Sim 4 anos e 4
meses
5- Usou até 4 anos Sim . 2x dia Não N-B Sim 4 anos e 5
meses
6- Sim. Uso constante. Sim. Mais de 2x dia Não N-B Sim 4 anos e 7
meses
7- Não Sim . 2x dia Sim N-B Sim 4 anos e 6
meses
8- Sim. Uso constante . Sim. 2x dia Não Não Sim 4 anos e 6
Bico ortodôntico. meses
9- Sim. Só para dormir Sim. 2 / 3 x dia Não Não Sim 4 anos e 1
mês
10- Sim. Uso constante. Sim Não N-B Sim 4 anos e 8
Bico ortodôntico. meses

11- Sim.Só para dormir. Sim. 1x dia. Bico Não N-B Sim 4 anos e 4
ortodôntico. meses
12- Usou até 3 anos. Uso Até 3 anos e 6 Não Não Sim 5 anos e 2
constante. Bico comum. meses. Bico meses
comum.
13- Sim. Só para dormir. Sim. 2x dia . Bico Não N-B Sim 4 anos e 6
Bico comum. comum meses
14- Não respondeu. Até 3 anos. Mais 2x Sim. Uso N-B Sim 4 anos e 4
dia. Bico ortodôntico constante. meses
15- Sim Só para dormir. Sim. 2x dia. Bico Não N-B Sim 5 anos
Bico comum. comum.
16- Sim. Só para dormir. Até 3 anos. Mais 2x Não N-B Sim 4 anos e 10
Bico comum. dia. Bico comum. meses
17- Sim. Só para dormir. Sim. 2 x dia. Bico Não Sim Sim 6 anos
Bico comum. comum.
18- Sim. Uso constante. Sim. 1x dia. Bico Não N-B Sim 5 anos e 6
comum. meses
19- Sim. Bico ortodôntico. Sim. 2x dia. Bico Não Sim Sim 5 anos e 10
comum. meses
*N-B (NASO-BUCAL)
Pedido de Autorização:

Senhores pais ou responsáveis:

Sou fonoaudióloga e estou desenvolvendo uma pesquisa em meu curso de


pós-graduação sobre a ocorrência de mordida aberta anterior ( falta de contato
dos dentes anteriores, embora os demais dentes permaneçam em oclusão ) em
pré-escolares.
Nossa pesquisa verificará a influência de hábitos orais e respiração bucal
no aparecimento de mordida aberta anterior em crianças com “dentição de leite”.
Venho, através desta, solicitar sua autorização para que seu filho possa
participar da pesquisa a ser realizada em sua própria escola, onde haverá espaço
e horário pré-determinados para que esta aconteça.
Sua colaboração é de grande importância. Desde já agradeço.

Atenciosamente,

Ellen L. R. C. Fayyat.

Autorizo meu filho(a) ----------------------------------------------- ser avaliado pela


fonoaudióloga Ellen Luce Resende Castro Fayyat dentro do horário de aula e nas
dependências da própria escola.

-------------------------------------------
assinatura do responsável.
1. Data de nascimento da criança:

2. Seu filho fica constantemente de boca aberta?


Durante o dia:

( ) sim ( ) não

Durante a noite:

( ) sim ( ) não

3. Seu filho apresenta:

( ) dor de garganta ( ) bronquite


( ) adenóide ( ) sinusite
( ) alergia ( ) resfriados constantes
( ) outros_________________________

Caso apresente, utiliza alguma medicação:


( ) sim ( ) não
Qual?____________________

4. Seu filho usa chupeta?

( ) sim ( ) não

Qual o tipo de chupeta ? ( ) comum ( ) ortodôntica

Até que idade usou? ______________ anos

Com qual freqüência: ( ) raramente ( ) constantemente

( )só para dormir ( ) outros_____________


5. Seu filho toma mamadeira?

( ) sim ( ) não

Até que idade tomou?__________ anos.

Com qual freqüência? ( ) uma por dia ( ) mais que duas por dia
( ) duas por dia ( )outros______________

Qual o tipo do bico da mamadeira? ( ) comum ( ) ortodôntico

6. Seu filho chupa ou chupou dedo?

( ) sim ( ) não

Se afirmativo, dos ________aos_______anos.

Com qual freqüência? ( ) raramente ( ) constantemente ( ) só para dormir


( ) outros_________________

7. Seu filho tem acompanhamento com alguns desses profissionais? Quais?


( ) fonoaudiólogo ( ) ortodontista

( ) odontopediatra ( ) otorrinolaringologista

Agradeço pela atenção e disponibilidade que dedicou a este.

Ellen Luce Resende Castro Fayyat.


FONOAUDIÓLOGA - CRFª 6904 MG/ T- PR

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