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Resumo
Esta comunicação apresenta a pesquisa em desenvolvimento no estágio de pós-doutorado que se
propõe apresentar uma reflexão sobre o tipo de Dança que está sendo apresentada para a Educação
Infantil (EI) nos municípios do Estado do Rio Grande do Norte (RN). A intenção é verificar, por meio
das diretrizes/propostas/orientações curriculares municipais para EI, quais as concepções de Dança,
Movimento e Educação estão presentes nestes documentos. Para tanto, a pesquisa possui três fases, a
primeira consiste na coleta e seleção do material, dentre as diretrizes/propostas/orientações
curriculares municipais para EI do RN. A segunda refere-se ao tratamento do material: organização,
identificação e definição de um quadro teórico de referências. A última consiste na análise dos dados.
A metodologia da investigação pauta-se em um estudo documental de natureza qualitativa, que utiliza
como método a análise do discurso (AD) sob a ótica da corrente francesa, proposta por Orlandi (2013).
Palavras-chave: Dança. Educação Infantil. Currículo. Rio Grande do Norte
1
Bailarina, pesquisadora e professora de dança credenciada pela Royal Academy of Dance (RAD). Pós-doutora
em Artes– IA-UNESP, Doutora em Artes, IA-UNESP (2016). Professora colaboradora do
DACEF(Departamento de Artes Cênicas, Educação e Fundamentos da Comunicação) e do Mestrado Profissional
PROF-ARTES, IA-UNESP. Pós-doutoranda no PPGARC- UFRN, bolsista PNPD/CAPES. Email:
carolromano@hotmail.com
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A redação desse artigo foi modificada no ano de 2006, pela emenda Constitucional nº 53 e assim confere no
Art. 208. “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: IV - educação infantil, em
creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade”.
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL,
1988).
Para Nunes, Corsino e Didonet (2011) “Esse novo quadro político inseriu a criança
num contexto de cidadania e definiu novas relações entre ela e o Estado” 3
(p. 30). Nesse
sentido, cabe à União estabelecer normas gerais para a educação e aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, a execução.
Outra mudança significativa nesse cenário foi a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) nº 9394/96 que considerou a Educação Infantil (EI) como parte do
sistema nacional de ensino e primeira etapa da Educação Básica. Além disso, estabeleceu
entre as suas finalidades o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico,
afetivo, intelectual, linguístico e social, complementando a ação da família e da
comunidade, como profere o art. 294.
Nesse sentido, a EI passa a fazer parte do processo educativo formal5, como
responsabilidade das instituições escolares, que necessitam integrar os sistemas de ensino.
Assim, em relação à EI, o Ministério da Educação fixa as diretrizes e as normas nacionais e
presta assistência técnica aos Estados, Distrito Federal e Municípios para desenvolvimento
de seus programas.
Entre a série de documentos que podem ser usados como referências para esse
ensino atualmente encontra-se, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) e o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), elaborados pelo Ministério da Educação. As
Diretrizes Curriculares (DCNEI) 6, entre outros aspectos, apresentam os fundamentos
3
No ano de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no capítulo IV, artigo 54, inciso IV reafirmou
que "É dever do Estado assegurar [...] atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade” (ECA, 1990).
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A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança de até 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) . Essa redação altera a Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a
formação dos profissionais da educação e dar outras providências.
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Seu oferecimento acontece em creches (0 a 3 anos) e pré-escola (4 a 5 anos). A avaliação deve ser realizada
sem objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Esse dispositivo justifica-se pela
existência, após a lei de 1971, de classes de alfabetização em várias redes de ensino, como fase intermediária
entre a pré-escola e a 1ª série, nas quais eram realizadas avaliações de aprendizado, inclusive para acesso à 1ª
série do ensino de 1º grau.
6
Anterior a esta o parecer CNE/CEB nº 22/1998, aprovado em 17 de dezembro de 1998 apresenta as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e a Resolução CNE/CEB nº 1, de 07/04/99, institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Dez anos depois da implantação da primeira Diretriz Curricular
norteadores para as Instituições de Educação Infantil, entre eles:
para a Educação Infantil, o parecer CNE/CEB nº 20/2009, de 11/11/09, faz uma revisão das novas Diretrizes
Curriculares e a Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009 institui de fato Diretrizes Curriculares
para a Educação Infantil. Diferentemente do RCNEI, que se constitui apenas em um documento orientador do
trabalho pedagógico, o DCNEI tem caráter mandatório para todos os sistemas municipais ou estaduais de
educação e articulam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica que reúnem princípios,
fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
serem desenvolvidos com as crianças pequenas no item Movimento7. Este documento
profere que o trabalho com o movimento deve respeitar as diferentes habilidades das
crianças em cada faixa etária, bem como as diversas culturas corporais presentes nas
regiões do país. Os conteúdos8 estão organizados em dois blocos: o primeiro:
Expressividade; e o segundo: Equilíbrio e Coordenação.
No bloco Expressividade, a dança é uma das manifestações da cultura corporal9 por
meio da exploração das danças da cultura de cada lugar, associada ao ritmo a fim de
desenvolver as capacidades expressivas das crianças. Essa primeira parte, destaca que a
criança pode se comunicar e manifestar seus sentimentos e emoções por meio do
movimento. Entre as orientações didáticas, sugere:
Para tanto, são incentivados danças, folguedos, brincadeiras de roda e cirandas que,
além do caráter de socialização que representam, trazem para a criança a possibilidade de
realização de movimentos de diferentes qualidades expressivas e rítmicas. O fato de essas
manifestações serem realizadas em grupo acresce ao movimento um sentido socializador e
estético (BRASIL, 1998).
No bloco Equilíbrio e Coordenação, a dança é apresentada entre as atividades
ligadas aos aspectos motores. Para estimular o conhecimento e controle do próprio corpo,
valoriza-se a exploração das diferentes qualidades de movimento por meio da utilização
das brincadeiras, jogos e da Dança, que enfatizem percepção espaço-tempo. Como
orientações didáticas indicam
7
Vale ressaltar que desde os jardins de infância na concepção de Froebel a Dança já é mencionada para a criança
pequena, mas no RCNEI (1998) ela é apresenta como parte da cultura corporal (ANDRADE, 2016).
8
Essa nomenclatura é a utilizada no RCNEI.
9
Segundo Escobar (1995, p. 94), cultura corporal se refere ao "amplo e riquíssimo campo da cultura que abrange
a produção de práticas expressivo-comunicativas, essencialmente subjetivas que, como tal, externalizam-se pela
expressão corporal”.
conhecimento e controle sobre o corpo e o movimento.
• Utilização dos recursos de deslocamento e das habilidades de força, velocidade,
resistência e flexibilidade nos jogos e brincadeiras dos quais participa.
• Valorização de suas conquistas corporais. (IDEM, v. 3, p. 36 – grifo do autor).
Procedimentos metodológicos
Para apresentar uma reflexão sobre o tipo de dança que está sendo apresentada na EI
por meio de identificar as concepções de Dança, Movimento e Educação nas
diretrizes/propostas/orientações curriculares municipais do Rio Grande do Norte.
As perguntas que norteiam essa investigação são:
Existe um pensamento/concepção de dança para a EI?
Quais as correntes de pensamento de Educação que influenciaram na
elaboração desses documentos?
Essas correntes corroboraram com o tipo de educação para a dança que é
apresentada?
Que tipo de dança é oferecida aos professores e as crianças por meio desses
documentos?
Para responder esses questionamentos pretendo, por meio desse projeto, realizar um
levantamento nas diretrizes/propostas/orientações curriculares municipais para a Educação
Infantil nas capitais das cinco regiões do país, com o intuito de:
Identificar as concepções de Dança, Movimento e Educação.
Revelar os referenciais teóricos adotados.
Definir e classificar as convergências e divergências teóricas.
Conhecer os objetivos das propostas de dança e movimento.
Evidenciar as escolhas curriculares na área da dança para a EI no RN.
Apresentar uma reflexão sobre o tipo de dança que está sendo apresentada na
EI.
Para tanto estão em desenvolvimentos as seguintes etapas:
a) Coleta dos documentos para a análise.
De acordo com a lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, os aparelhos públicos
devem garantir o acesso à informação. Diante desta exigência, as prefeituras e os demais
órgãos realizaram uma ampla divulgação das informações de interesse público, a fim de
fomentar o desenvolvimento de uma cultura de transparência e controle social na
administração.
Dessa maneira, com o intuito de adequar-se à lei, União, Estados, Distrito Federal e
Municípios construíram seus próprios portais de informação. Esses deveriam conter, entre
outros dados: competências e estrutura organizacional; autoridades, endereços e telefones de
órgãos e entidade; resultados de inspeções, auditorias, prestações de contas; repositório de
perguntas frequentes; descrição dos principais programas, ações, projetos e obras, com
informações sobre sua execução, metas e indicadores;
Por esse motivo, utilizarei como fonte primária para esse mapeamento, os dados
obtidos nos sites das Prefeituras Municipais. A primeira etapa, portanto, constitui uma
consulta aos sites das Secretarias de Educação das Prefeituras Municipais, a fim de buscar as
orientações curriculares para a Educação Infantil.
c) Organizando o material
Depois de realizada a seleção dos documentos, estes serão agrupados a fim de
facilitar as próximas etapas. A intenção é organizar quadros com as principais informações
relacionadas à Dança e Movimento em categorias. A definição das categorias acontecerá a
posteriori, ou seja, irão emergir dos documentos e serão escolhidas no processo de pesquisa.
O intuito é agrupar os dados, considerando o que há de comum entre eles. Destacarei ainda,
as diferenças entre os documentos. A ideia para essa etapa é tratar o material e prepará-lo
para a análise.
Considerações finais
Sendo assim, este projeto pode vir a estabelecer a construção de um diálogo entre
universidade e Secretarias Municipais de Educação, no tocante ao auxílio de proposições para
a dança e movimento, subsidiar a formulação de novas orientações curriculares para EI
baseadas nos documentos oficiais e resultados desse pós-doutoramento.
Além disso, esse estudo pode abrir caminhos para outros que relacionem os
documentos que buscam estabelecer propostas de currículo, com as apropriações e as
múltiplas leituras que os professores e equipe pedagógica fazem dos referenciais no contexto
escolar.
O principal resultado desta pesquisa, partindo da análise e da sistematização dos dados
obtidos em seu percurso, será uma publicação na qual poderei apresentar um cenário do que
vem sendo trabalhado em dança para as crianças pequenas, no Rio Grande do Norte, por meio
do que os documentos reguladores do ensino proferem.
Referências Bibliográficas
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para a educação infantil. 2016, 339 p. Tese (Doutorado em Artes),- Universidade Estadual
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