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Obra: Laços de Alma

Autor: Ângela Amaral

A análise dos dias: Laços de Alma, de Ângela Amaral

Eu tenho por bem que coisas tão assinaladas e talvez nunca ouvidas nem vistas
cheguem ao conhecimento de muitos, e não fiquem enterradas no esquecimento,
porque pode ser que alguém ao lê-las encontre qualquer coisa que lhe agrade,
e deleitem aqueles que não as puderam aprofundar.
(in Lazarilho de Tormes)

Em todo texto escrito reside uma clara intenção: a de ser lido. E em todo o texto
escrito existe uma clara ambição, por parte do seu autor, de que a leitura deste seu texto
revele ao outro, aquele que lê, um universo de sentidos novo e que possa, por mínimo
que seja, modificar a forma como o receptor olha o mundo. Esta é, em traços muito
breves, a fórmula que preside ao acto de escrever e de publicar.
Ângela Amaral, psicóloga de profissão, ambicionou ser lida e entendida por
todos quantos contactam com o seu livro Laços de Alma. E essa ambição é legítima e
corajosa, na medida em que o faz através de um conjunto de pensamentos, memórias,
notas diarísticas, leituras dos dias ou “ajudas à navegação” que a expõem enquanto ser
inteiro, pois o leitor irá sempre confrontar este sujeito presente no texto (exposto quase
na totalidade como uma segunda pessoa do plural – “nos”) com a sua própria criadora.
Não parece ser intenção da autora afastar essa imagem, uma vez que a leitura dos dias é
constante e parece mais integrar do que afastar. Ou seja, a autora constrói um sujeito
que “caminha” e analisa, ao mesmo tempo que sugere e aconselha, instituindo-se
(defeito profissional bem presente no texto?) no texto uma extensão do aconselhamento
clínico. Será isto um factor negativo? Vejamos… Nem todos os exercícios de
pensamento e de escrita (por mais vontade que exista) entram naquilo que hoje é
considerado ser uma obra literária. Claro que, se a pergunta fosse aqui colocada,
também não haveria unanimidade naquilo que todos responderiam e considerariam ser
essa mesma obra, tal a variedade e criatividade que hoje nos são apresentadas pelo
mercado. Assim sendo, da análise que se faz, esta obra tem uma clara intenção de se
situar num espaço de leitura que é hoje caracterizado como “livros de auto-ajuda”. A
autora aconselha, depois de analisar e de olhar e de sentir. Situa o leitor num espaço de
aparente fragmentação e mostra-lhe a porta de saída para um universo de união e de
esperança.
Como nota final, e referindo-me não às ideias mas ao elemento que expõe essas
ideias, não poderia terminar esta pequena apreciação sem referir que a obra tem falhas
graves, nomeadamente ao nível da língua. Ao longo da obra a autora utiliza a expressão
“por de entre” (em vez de “entre” ou “por entre”) várias vezes, notando-se que não
existe a consciência da utilização errada. Também a utilização e colocação da vírgula
em frases complexas (por exemplo, na anteposição da frase subordinada adverbial)
merecerá maior atenção por parte da autora. Erros da autora mas também culpa da
editora. A revisão das obras, da responsabilidade da editora, deve ser efectuada com o
máximo profissionalismo e com o maior respeito pelo autor, não o tratando apenas
como pagador de impressões e lucrando com isso.

Guarda, Outubro de 2017


Daniel António Neto Rocha

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