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| Sumário |
| Actualidade Tecnologia | A convergência da 6 Opinião
comunicação enquanto solução para as empresas 8 Opinião/ Sociedade Bit
A reportagem do o seminário de Comunicações 10 Dossier/ Educação para os Media
IP revelou a nova tendência da convergência 28 Entrevista/ Augusto Santos Silva
numa rede única de comunicações IP.
32 Actualidade/ Imprensa
39
34 Dinâmicas de Comunicação e SI
36 Reportagem/ Comunicação
39 Actualidade/ Tecnologia
40 Reportagem/ Tecnologia e SI
| Editorial |
REGULAÇÃO E
EDUCAÇÃO PARA OS
| Paulo Faustino* |
MEDIA
Para os mais atentos tem sido interessante acompanhar a mercado relevante só compreender as bebidas que tenham
operação de aquisição da Lusomundo Media. Depois do por base a Cola. Caso se considere o mercado dos refrige-
parecer positivo da operação por parte da AACS, a validação rantes ou mesmo o mercado das bebidas sem álcool, o que
da operação está dependente da Autoridade da Concorrên- faz todo o sentido, a quota detida pela Coca-Cola será subs-
cia, que vai proceder a uma análise aprofundada. Uma das tancialmente inferior. Inspirado neste exemplo, podemos
questões mais complexas é a definição do mercado rele- definir como mercado relevante na operação em causa, o
vante dos jornais. Não se deve cair na tentação fazer uma mercado da imprensa em geral.
análise numa perspectiva estática (focalizada no segmento Por conseguinte, convém sublinhar que o índice de medi-
dos diários e ignorando as estratégia multimédia), em de- ção da concentração não permitem, por si só, analisar ca-
trimento de uma análise que considere as tendências do balmente esta problemática. Por isso, é importante que as
sector e o papel da Internet para difundir conteúdos. Acres- entidades reguladoras tenham em conta as características
ce importância da imprensa regional, nomeadamente a sociais e económicas do país (ex: os nossos baixos índices
diária e semanal, como pode ser comprovado pelo Bareme e leitura e a reduzida dimensão do mercado). Ainda a pro-
Imprensa Regional. pósito de regulação, esta edição publica uma entrevista
É de realçar também que Portugal é um dos únicos países com o Ministro Augusto Santos Silva que nos fala do mo-
do mundo desenvolvido onde a imprensa semanal possui delo da nova entidade reguladora e das principais políticas
uma forte tradição, o que se explica, em parte, pelos nossos para o sector.
baixos hábitos de leitura. Somos um dos países que mais A regulação do mercado dos media passa também por en-
jornais não diários apresenta no mercado, sobretudo a ní- sinar os consumidores de informação a interpretar de uma
vel regional: são mais de 800. E as próprias revistas sema- forma crítica as mensagens que lhes são sugeridas. Esse é
nais (newsmagazines) têm revelado uma performance um dos grandes desafios das instituições da comunicação.
muito interessante tendo em conta a reduzida dimensão do Por nós, queremos abraçar esse desafio e, por isso, fomos
mercado e o nível concorrencial existente entre a Visão, Sá- perceber melhor o que se pode fazer no contexto de uma
bado e Focus. Outro aspecto que merece reflexão é o apa- sociedade mais responsável socialmente. O Dossier sobre a
recimento dos jornais gratuitos, como o Destak e o Metro, Educação para os Media que aqui publicamos sugere algu-
que se assumem como jornais de informação geral, poden- mas pistas...
do, por isso, ser considerados produtos substitutos ou
complementares da imprensa. O próprio Jornal da Região Nota final: a Media XXI agradece o excelente contributo
também se está a reestruturar nesse sentido. Por seu lado, dado pelo Rogério Santos para a afirmação desta revista no
os jornais online assumem uma importância crescente. Na mercado. Durante o tempo que dirigiu a Media XXI, aju-
Internet as publicações semanais em suporte impresso são dou a elevar os nossos padrões de qualidade e rigor, num
diárias, como é o caso do Expresso e da Visão. O que está projecto que se situa algures entre uma revista científica e
em causa nesta operação é a capacidade a influência dos técnica - profissional. Todos lhe desejamos os melhores su-
grupos na opinião pública através dos vários media que cessos nas investigações que vai desenvolver. Cá estaremos
possuem. para partilhar e difundir o seu conhecimento. Obrigado!
Um exemplo clássico que ilustra bem o cuidado a ter com
a regulação do mercado é o caso da Coca-cola. A quota de * Director Interino
mercado desta empresa é muito superior se a definição de
| Opinião |
Fronteiras das
tecnologias
| Carlos Reis Marques * |
Desde o final da década de 90, de trabalhadores e pelo conhecimento estável dos seus pro-
do século passado, que as Organizações, de um modo geral, cessos, mercados e clientes. Novas Fronteiras surgiram mar-
vivem um processo de mudança fundamentalmente caracte- cadas por contornos de desenvolvimento tecnológico, por
rizado pela passagem da chamada Sociedade da Informação imperativos de mudança constante e por uma dependência
para a Era do Conhecimento. Apesar de se encontrar fre- dos trabalhadores do conhecimento e pelas necessidades de
quentemente a designação de Socie- desenvolvimento destes. Atendendo ao
dade da Informação e do Conheci- NOVAS FRONTEIRAS SURGIRAM anterior e às consequências resultantes
mento, é mais interessante para uma dos impactos das transformações referi-
reflexão a abordagem iniciada por P. MARCADAS POR CONTORNOS das, podemos considerar que hoje colo-
Drucker, valorizando as pessoas e cam-se quatro desafios às Organizações:
identificando-as como “Trabalhado- DE DESENVOLVIMENTO TECNO- como lidar com as transformações exis-
res do Conhecimento” e baptizando- tentes nos contextos de desenvolvimen-
-a como a Era do Conhecimento. LÓGICO, POR IMPERATIVOS DE to das actividades profissionais por via
Nesta, o papel das pessoas assume de uma maior flexibilidade dos postos
capital importância no desenvolvi- MUDANÇA CONSTANTE E POR de trabalho; como lidar com a Globali-
mento das Organizações, numa so- zação económica e a aproximação sócio-
UMA DEPENDÊNCIA DOS TRA-
ciedade que designa como pós-capi- cultural; como gerir equipas em contex-
talista e em que o principal recurso e BALHADORES DO CONHECI- tos de trabalho multiculturais e à
factor de desenvolvimento é o Saber, distância, e finalmente, como lidar com
em vez dos tradicionais capital, terra MENTO E PELAS NECESSIDA- a necessidade constante, e contínua, de
e trabalho, característicos do pensa- actualização dos saberes e de novas
mento económico que atravessou os DES DE DESENVOLVIMENTO aprendizagens? Estas quadro linhas de
séc. XIX e XX. Organizações alicerça- necessidades sustentam análises e deci-
das em estruturas rígidas, centraliza- DESTES sões específicas, em que o binómio Pes-
das e poucos flexíveis, conforme as soas e Tecnologias surge como denomi-
que existiram durante o século passado, são hoje realidades nador comum e em que o acesso ao Conhecimento e
condenadas ao fracasso. Num mundo em que a realização de Desenvolvimento Pessoal e Organizacional emerge como um
objectivos, a obtenção de bons resultados e o sucesso nos novo paradigma de Gestão. Neste contexto, o recurso a Sis-
negócios está fortemente dependente do acesso à Informa- temas e Tecnologias de Informação surge como inevitável e
ção e à geração de Conhecimento, a capacidade de lidar com caracterizador de todo e qualquer universo organizacional.
a mudança, antecipando-a e integrando-a nos processos de Estes quatro pressupostos obrigam Pessoas e Organizações a
Gestão, surge como um recurso estratégico fundamental pa- ponderarem sobre o seu Desenvolvimento. A implementação
ra o desenvolvimento das Organizações. de soluções que permitam a integração dos processos de
A necessidade premente de lidar com a celeridade e univer- Aprendizagem Individual nos processos de Aprendizagem
salidade da Informação, obrigou a que as Organizações se Organizacional, constitui-se como uma das principais medi-
preparassem tomando a mudança como uma vantagem das para que as Organizações de hoje sejam capazes de en-
competitiva e integradora da sua cadeia de valores. Esta reali- contrar e desenvolver Conhecimento, disseminando-o e apli-
dade trouxe um Novo Desafio às Organizações, em que as cando-o nas suas tomadas de decisão.
fronteiras que as delimitavam deixaram de ser definidas pela
sua estrutura funcional e orgânica, pelo seu quadro regular * Business Manager - Vivere Consulting
| Sociedade Bit |
“Os media ainda não devoraram o cen- sas, sociedade de massas e consolidação derá assentar na “criação” de aconteci-
tro”. Foi com estas palavras que, há cer- da democracia de massas. mentos destinados à sua cobertura me-
ca de dois anos, numa conferência em Para Wolton, o espaço público contem- diática – os pseudo-eventos, na termi-
Portugal, Daniel Dayan se referia aos porâneo significa espaço público media- nologia de Daniel Boorstin.
media como instituições so- Questionando-se sobre o que é um
ciais centrais, embora sem o A NOVIDADE DESTE ENTRELAÇAMENTO ENTRE acontecimento mediático, Mário
exclusivo de influência simbó- Mesquita constata, em “O Quarto-
lica sobre os indivíduos e as OS CAMPOS DA POLÍTICA E DOS MEDIA PODERÁ Equívoco”, que “alguns aconteci-
comunidades. mentos se nos apresentam como
O fenómeno da comunicação ASSENTAR NA “CRIAÇÃO” DE ACONTECIMENTOS construções mediáticas e/ou virtuais
de massas, que remonta ao que se impõem por si próprias, in-
DESTINADOS À SUA COBERTURA.
aparecimento da imprensa in- dependentemente de traduzirem ou
dustrial no século XIX, condu- representarem uma ‘realidade exte-
ziu a alterações substantivas do espaço tizado. Trata-se, contraditoriamente, de rior’ às tecnologias e às retóricas que os
público. Como sublinha Dominique um domínio de acesso restrito, pouco produzem”.
Wolton, na mudança estrutural da esfera democrático e transparente, excessiva-
pública foi decisiva a convergência de mente controlado pelos emissores. | Poder e efeitos dos media |
três factores históricos: media de mas- A centralidade dos media e a descons- A constante negociação sobre as formas
trução do processo comunicativo con- de encenação mediática de indivíduos e
duziram ou reforçaram a pesquisa sobre organizações e a quase omnipresença
o seu poder e respectivos efeitos na so- dos media tanto na esfera pública como
ciedade. Poder, antes de mais, face aos na privada, pela preferência que reco-
outros poderes emanados dos vários lhem na ocupação dos tempos de lazer,
campos sociais. Cada vez mais a media- conduzem a uma segunda acepção do
ção simbólica destes campos tem nos poder dos media: a capacidade de in-
media palco privilegiado, levando a for- fluenciar a instância de recepção, os pú-
jar estratégias de apropriação e até ten- blicos, nos seus conhecimentos, opi-
tativas de manipulação do campo. niões, crenças, ideologias, afectos,
Denis McQuail, no clássico “Comunica- atitudes e comportamentos.
ção de Massas”, salienta que, no plano Esta linha evolutiva de investigação, ini-
político, os media constituem simulta- ciada há quase um século, procura de-
neamente um elemento essencial no terminar a natureza e a extensão dos
processo democrático, uma vez que são efeitos dos media, embora as conclusões
lugar de apresentação dos protagonistas estejam longe de ser consensuais. Procu-
e de debate de ideias, projectos, promes- rando sistematizar esta corrente investi-
sas, e um meio de exercício do poder. gativa, McQuail identifica quatro fases
A novidade deste entrelaçamento entre da “história natural” da investigação e
Casa da Imagem os campos da política e dos media po- das teorias sobre os efeitos dos media.
Casa da Imagem
Estudos de Opinião
Estudos Sócio-Políticos
Estudos de Perfil do Consumidor
Estudos Publicitários
Estudos Qualitativos
Planeamento e Recolha de Informação
Digitalização e Tratamento de Informação
Telemarketing
Diagnóstico de Necessidades de Formação
Rua Cândido dos Reis, 253 - 2º | 4000 - 073 V. N. Gaia | Tlf: 22 370 94 30 Fax: 22 371 26 21 | e-mail: geral@ipom.pt www.ipom.pt
EDIÇÃO 81 6/10/70 8:29 PM Page 14
a dar consistência ao
trabalho que se fazia
nas escolas”, o respon-
sável sublinha ainda o
facto de o IIE ter cons-
tituído um “elo facili-
tador e organizador de
uma rede de contac-
tos” entre as escolas, os
investigadores, os pro-
fessores e os alunos,
inclusive de diferentes
países. A extinção do
organismo conduziu,
no seu entender, a que
tudo tenha ficado
“mais desarticulado”.
Além disso, enquanto
“estratégia de inovação”, o desapareci- passa no interior das escolas. Ignoram Existem, no entanto, projectos indepen-
mento do IIE tornou o país “mais po- que as representações sobre a ciência ou dentes que, apesar de tudo, continuam a
bre”, já que “as políticas modernas, em sobre a língua, sobre a geografia ou so- subsistir. É o caso do “Público na Esco-
todos os sectores não são sustentáveis bre a Europa, sobre a história e sobre o la” que, desde 1990, edita um boletim
sem inovação”. ambiente se geram na escola mas tam- mensal, e pretende, entre outras coisas,
José Carlos Abrantes, que é também au- bém na televisão, na imprensa, no cine- incentivar o desenvolvimento de jornais
tor do livro “Os media e a escola” e do ma e na Internet”. Partindo da ideia de escolares de todo o país. Este projecto
blogue “As Imagens e Nós” que a influência dos media se exerce desenvolvido pelo diário organiza ainda,
(http://educaimagem.blogspot.com/), “muito intensamente fora da escola e de anualmente, um concurso nacional de
afirma ainda que “nem agora jornais escolares, dividido em escalões
nem nos tempos anteriores se que vão desde os jornais produzidos nos
pode dizer que tenha alguma O DESAPARECIMENTO DO IIE TORNOU O jardins-de-infância, aos do 12º ano de
vez havido uma política coeren- escolaridade.
te do Ministério da Educação PAÍS “MAIS POBRE”, JÁ QUE “AS POLÍTI- O objectivo passa, como pode ler-se no
para o conjunto do sistema regulamento do concurso deste ano, por
educativo neste domínio”. De CAS MODERNAS, EM TODOS OS SECTO- “promover a utilização do jornal escolar
facto, o programa do actual go- como instrumento cívico para a discus-
RES NÃO SÃO SUSTENTÁVEIS SEM
verno para a Educação não são de temas relevantes para a comuni-
apresenta referências a esta INOVAÇÃO”. dade escolar e para a promoção de rela-
questão. As propostas do Partido ções entre a escola e o meio
Socialista para este sector pas- envolvente”.
sam à margem de qualquer referência forma desordenada”, defende a necessi-
aos media, como pode comprovar-se no dade de “estratégias e iniciativas”, no
programa disponível no site do Ministé- sentido de dar “coerência a esse saber | Os media na escola |
rio da Educação. mosaico”. Professores e alunos devem, A utilização dos media em contexto es-
Acrescenta o professor que “os sucessi- assim, reflectir juntos sobre a actualida- colar poderá então assumir duas posi-
vos responsáveis pelo Ministério da de. Aos alunos, por sua vez, devem ser- ções: uma mais funcional em que os
Educação sempre pensaram (e conti- -lhes dadas oportunidades para “ques- media são usados ao serviço do proces-
nuam a pensar...) que podem dar coe- tionar o modo como as representações so de aprendizagem, como forma de
rência à formação das crianças e dos jo- sobre a vida, sobre os saberes, são ilustrar um conteúdo ou tema; e outra
vens ocupando-se apenas do que se construídas nos media”. perspectiva em que os media são objec-
Formação indispensável
Os indivíduos devem ser educados para o correcto uso dos media e adequada
interpretação das suas mensagens. O diálogo familiar contribui para esta educação,
são as conclusões do estudo IPOM | Por Daniela Gonçalves |
Deve existir uma educação/formação Os inquiridos com 60 ou mais anos são que deve existir uma preparação espe-
para os media. Esta é uma das principais aqueles que mais partilham esta opinião cial para utilizar adequadamente os me-
conclusões do estudo sobre Educação (100%), seguidos dos que têm entre 25 dia e entender as suas mensagens. São os
para os Media, desenvolvido pelo Insti- e 29 anos (89.3%). Na sua maioria, têm homens aqueles que mais defendem
tuto de Pesquisa de Opinião de Mercado como habilitações literárias, o grau de que deve haver uma preparação para o
(IPOM), em exclusivo para a Media XXI. ensino secundário (12.º ano), são che- uso adequado dos media e para com-
A amostra do estudo foi constituída por fes de redacção, editores, e relações pú- preender as suas mensagens (63%),
gestores dos meios de comunicação so- blicas, exercendo a sua actividade na contra 42.6% de mulheres. Os inquiri-
cial, professores e alunos de cursos su- imprensa generalista, televisão, nos su- dos com 60 anos ou mais anos são os
periores de comunicação social. Do total portes publicitários e nas rádios. que mais têm este ponto de vista, segui-
dos inquiridos, dos dos
82% pensa que que têm
o consumo de entre 18 e
media requer 24 anos, e
uma educação são na sua
e formação pa- maioria re-
ra a sua ade- lações pú-
quada utiliza- blicas e
ção. A família editores. A
perdeu terreno Internet é
enquanto agen- o meio de
te de socializa- comunica-
ção face à emergência dos media como Avaliar a influência do diálogo na famí- ção social que exige uma maior prepa-
novo agente, muito embora actualize lia na educação para os media foi outro ração para um uso adequado e descodi-
agora o seu papel, sendo indispensável dos objectivos deste estudo. Em cima da ficação da sua mensagem, segundo
para educar os indivíduos para os me- mesa, o papel da família enquanto agen- 55.8% dos inquiridos. São as mulheres
dia. Numa sociedade da informação, o te de socialização, responsável pela ade- quem mais aponta este meio como o
tema da Educação para os Media interes- quada preparação dos indivíduos para a mais exigente sob o ponto de vista da
sa a todos os consumidores de media. A utilização dos media e correcta interpre- educação/formação para os media
Media XXI dá-lhe a conhecer as princi- tação das suas mensagens. Para a maioria (69.6%) contra 44.8% de homens. Os
pais conclusões deste estudo e faz a ca- dos inquiridos, o consumo de media no inquiridos com idades compreendidas
racterização do panorama português ao seio da família, seguido de um diálogo entre os 50 e os 59 anos são os que
nível da educação para os media. sobre o que é transmitido, contribui pa- mais têm esta opinião, seguidos dos que
São as mulheres aquelas que mais pen- ra a educação para os media. Assim, do têm entre 30 e 39 anos. Do total dos in-
sam que deve existir uma educação/for- total dos inquiridos, 88% afirmou que a quiridos, 28.8% referiu que a imprensa
mação para os media, muito embora família desempenha um papel crucial na é o meio de comunicação social que re-
haja um equilíbrio entre as respostas de adequada descodificação/ interpretação quer uma maior preparação. Do total
ambos os sexos. Do total dos inquiridos, das mensagens mediáticas. Isto porque, dos inquiridos que expressa esta opi-
85.2% são mulheres e 78.3% homens. do total dos inquiridos, 52% salientou nião, 30.4% são mulheres e 27.6% ho-
que o pano-
rama nacio-
nal de edu-
cação para
os media é
razoável,
31% pensa
que é mau,
e apenas 4%
considera-o
bom.
São os in-
quiridos
com idades
compreen-
didas entre os 25 e os 29 anos os que municação social que os inquiridos re- São os inquiridos que se encontram na
mais afirmaram que o panorama portu- velam consumir mais (69.2% do total classe etária entre os 50 e os 59 e que
guês ao nível da educação para os media de respostas), seguida da Internet têm pós-graduação ou mestrado aqueles
é razoável. Estes têm na sua maioria pós- (47.3%), da televisão (40.7%) e da rá- que mais revelam ser consumidores as-
graduação ou mestrado. Os inquiridos dio (34.1% do total das respostas). As síduos de imprensa. Quanto ao uso re-
de sexo feminino mostram uma visão mulheres são as que mais consomem gular da Internet, este cabe mais aos in-
mais pessimista face ao estado da educa- imprensa (73.9% do total das respostas) quiridos de sexo masculino (57.8% do
ção para os media em Portugal (35.2%) contra 64.4% das respostas dos homens. total das respostas) contra 37% das res-
contra 26.1% dos de sexo masculino. Os Não existem diferenças acentuadas de postas dos de sexo feminino. São os in-
inquiridos que partilham esta opinião respostas, tendo por base a variável sexo. quiridos com idades compreendidas en-
têm na sua maioria 60 ou mais tre os 30 e os 39 anos aqueles
anos. que mais consomem Internet e
Ficha Técnica têm na sua maioria pós-gradua-
| Hábitos de Consumo | O trabalho de campo deste estudo foi realizado ção e mestrado. No que diz res-
Do total dos inquiridos, 91% são através de um questionário por telefone, no dia peito ao consumo de televisão,
habituais consumidores de media, 24 de Maio de 2005, entre as 10:00 e as 17:00, e este fica mais a dever-se ao sexo
realidade a que não é alheio o facto todas as chamadas foram controladas pelo siste- feminino (43.5% do total das
de todos eles terem profissões liga- ma CATI. A amostra englobou 100 inquiridos, de respostas televisão) contra
das à comunicação e ao jornalismo um universo ou população constituída por gesto- 37.8% de respostas masculinas.
em particular. Apesar de existir um res dos meios de comunicação social, da impren- Os inquiridos com 60 ou mais
equilíbrio de respostas entre os in- sa especializada, da imprensa nacional, da im- anos são os que mais conso-
quiridos de ambos os sexos, são os prensa regional, das rádios locais e nacionais, da mem televisão. Enquanto que
homens aqueles que têm um televisão em sinal aberto, das empresas relaciona- são os homens os inquiridos
maior hábito de consumir media das com a comercialização e distribuição de co- que mais consomem rádio
(97.8% contra 85.2% das mulhe- municação social, e por professores e alunos do (37.8% do total das respostas
res). Quem consome mais media curso de Comunicação Social. Recorreu-se ao “rádio”) contra 30.4% das res-
são os inquiridos que se encon- método de amostragem aleatório estratificado postas das mulheres.
tram nas classes etárias dos 18-24, proporcional, tendo por base as variáveis tipo de A avaliar pela caracterização dos
50-59, e aqueles que têm 60 ou meio e percentagem de meios por distrito, ga- inquiridos, Portugal tem ainda
mais anos e os que consomem me- rantindo-se desta forma a representatividade da um longo caminho a percorrer
nos têm idades compreendidas en- amostra face ao universo ou população de estu- no que diz respeito à educação
tre os 40 e 49 anos. E são na sua do. A margem de erro é inferior a 5.2% e o nível para os media. Estas foram as
maioria bacharéis, licenciados, de confiança é de 95.5%. principais conclusões do estudo
mestres, e pós-graduados. A im- desenvolvido.
prensa é de longe o meio de co-
Educar e socializar:
aprender com os
media
1) Para si, o que significa estar educado para os media?
3) Na sua opinião, quais são os agentes de socialização que podem ter um papel
mais activo neste processo?
– sejam de carácter associativo, cultural, nais desempenharão as suas actividades. capaz de analisar e interpretar as mensa-
profissional, científico ou pedagógico - É fulcral haver interacção entre a educa- gens que nos chegam como notícias,
que mais directamente intervêm e inter- ção e o mercado de trabalho ou mundo como sugestão de compra de produtos
ferem na Educação do país serão, sem profissional, sob pena de haver o risco ou serviços ou como opiniões ou ideias
dúvida, aquelas a quem deve caber papel dos profissionais não estarem dotados políticas, religiosas ou outras. Torna-se
mais activo. das capacidades para exercer adequada- por isso necessário conhecer a forma
Aos governos caberá naturalmente o pa- mente a sua actividade. como são produzidas as mensagens nos
pel de promover uma educação para os vários tipos de media e quais os códigos
media, promovendo e motivando acções 3) Penso que todos os agentes de socia- utilizados. Não basta saber ler, é preciso
e políticas que permitam um acesso ge- lização têm uma palavra a dizer e um interpretar de forma crítica o que se lê e
neralizado e sustentado. papel relevante a desempenhar na edu- desenvolver a consciência de que os desti-
cação para os media. Porém, dada a natários das mensagens são os consumi-
emergência dos media enquanto “novo dores dum mundo mediático concorren-
sujeito suposto saber”, ou seja como cial. Mas para além do desenvolvimento
novo agente de socialização que detém da capacidade analítica, torna-se necessá-
o maior poder, existe a necessidade de rio também educar o gosto dos consu-
haver articulação entre os agentes tradi- midores de media e isso é uma parte
cionais de socialização e os media. Dado importante da educação para os media.
o impacto dos media na socialização ser
crescente, existem responsabilidades 2) A educação para o media deve ser
acrescidas por parte dos professores e uma preocupação constante de todo o
educadores no que diz respeito à relação processo de aprendizagem, mas podem
dos indivíduos com os media. O desafio conceber-se projectos específicos sobre-
que se coloca é o seguinte: Como apro- tudo destinados aos jovens. Esses projec-
veitar as potencialidades dos media para tos deveriam proporcionar oportunida-
a educação familiar e escolar? Isto por- des para debater em grupo ideias
que é fundamental haver uma articula- veiculadas pelos media, ou incidir sobre
ção entre agentes tradicionais e novos algumas linguagens específicas, como
| José Manuel Silva | agentes de socialização. por exemplo o cinema ou a Internet.Vi-
Director Regional de Educação da Região sitas guiadas às empresas produtoras ou
Centro difusoras de conteúdos poderiam igual-
mente ser de grande utilidade para a
educação dos jovens para os media.
1) Vivemos numa sociedade de infor-
mação que se caracteriza pela importân- 3) A educação para os media depende
cia crescente e visível dos media. Estar principalmente dos três agentes clássicos
educado para os media significa ter de socialização. A família, a escola e os
competências adquiridas para interagir próprios media. Na família podem ser
numa sociedade marcada pela mediati- comentados de forma natural os princi-
zação global, o que se pode traduzir na pais factos e ideias transmitidos pelos
ideia de que só o que é mediatizado media. A escola pode educar os jovens
existe. de uma forma sistemática e os próprios
media podem ter um grande papel atra-
2) É crucial que se criem as condições | Fausto José Amaro | vés duma atitude pedagógica e de pro-
essenciais para que haja educação para Director do Centro de Estudos da Família do cura de qualidade o que teria também
os media. É aqui que se inserem os pro- Instituto Superior de Ciências Sociais e um efeito positivo traduzido no aumen-
jectos. Estes devem resultar de parcerias Políticas to do número de leitores, ouvintes ou
entre as escolas que fazem a formação e telespectadores.
as instituições onde os futuros profissio- 1) Uma pessoa educada par os media é
| Dossier/ Opinião |
Pedagogia, Educação
ou Literacia dos Media?
Os conceitos enunciados no título deste artigo correspon- cos, especialmente na Suécia e
| Vítor Reia-Baptista* |
dem a abordagens diferentes dos problemas relacionados na Dinamarca, têm-se desenro-
com a cognição dos Media, mas também a estados diferen- lado processos semelhantes ao
tes dessa mesma cognição e dos seus processos cognitivos. britânico de desenvolvimento de estratégias «Educação pa-
As diferenças mais comuns residem muitas vezes tão so- ra os Media» e de «Pedagogia dos Media» (o termo é idên-
mente no facto das diferentes designações terem origens tico em sueco e alemão: «Mediapedagogik») com o objec-
geográficas diversas. Assim, na América Latina e sobretudo tivo mais geral de implementar situação reais de autêntica
no Brasil, já desde há algum tempo que se abordam estas «Literacia dos Media». E é em processos deste tipo que,
questões numa perspectiva mais abrangente da «Pedagogia quanto a mim, reside a verdadeira diferença entre os três
da Comunicação», a qual inclui assiduamente uma pers- conceitos enunciados no título. A «Pedagogia dos Media»
pectiva mais próxima do papel social, cultural e pedagógi- assenta num conjunto de fenómenos intrínsecos dos Me-
co dos canais e dos meios, ou seja, no sentido da «Pedago- dia, cujas dimensões pedagógicas se fazem sentir nos mais
gia dos Media». É também nesta TORNA-SE NECESSÁRIO DESEN-
variados contextos, tocando os públicos
perspectiva mais abrangente que receptores desses Media, quase sempre
em muitos casos se utiliza a ex- VOLVER ESTRATÉGIAS ORIENTADAS sem que uns e outros tenham grande
pressão «Educação para a Comu- consciência disso ou sem que para tal
nicação». Em França, a designa- E PLANIFICADAS EM FUNÇÃO DAS tenham feito qualquer diligência especial.
ção «Éducation aux Média» fez Este tipo de dimensões pedagógicas está
escola através do dinamismo do CAPACIDADES COGNITIVAS DOS presente em todos os meios, desde o ci-
seu principal centro de activida- nema à imprensa, passando pela música
des – o CLEMI (Centre de Liaison ESTUDANTES «pop» e pelos jogos de computador, as-
de l’Enseignement et les Moyens d’Information) e passou a sim como, obviamente, pela televisão. A «Pedagogia dos
exercer toda uma esfera de influências, essencialmente nos Media» pode ser estudada e investigada nas universidades
contextos francófonos e latinos, nomeadamente no contex- como matéria própria, cujo estudo pode contribuir para
to português, donde a tradução quase directa, mas algo re- um estado aprofundado de cognição sobre a mesma, ou
dutora, «Educação para os Media». No Reino Unido, a de- seja para uma «Literacia dos Media». Mas em muitos ou-
signação «Media Education» foi a mais utilizada durante tros contextos, como nos contextos escolares básicos e se-
um largo período, com vários autores a desenvolverem tra- cundários, torna-se necessário desenvolver estratégias
balhos de aprofundamento teórico, os quais marcaram de- orientadas e planificadas em função das capacidades cogni-
finitivamente este campo de estudos, como por exemplo tivas dos estudantes. Assim, penso que as diferentes desig-
Len Masterman e Manuel Alvarado do British Film Institu- nações correspondem a estados e processos diferentes de
te, ou David Buckingham e Sonia Livingstone do Institute construção cognitiva que têm forçosamente de ser integra-
of Education da London University. No entanto, no contex- dos em diferentes momentos da formação dos cidadãos, a
to britânico tem-se evoluído ultimamente para uma utiliza- saber: os mais jovens ao longo dos seus percursos escolares
ção muito mais assídua da expressão «Media Literacy» co- obrigatórios e os menos jovens, incluindo os candidatos a
mo conceito abrangente dos processos educativos formais «fazedores dos Media» (jornalistas, cineastas, publicitários,
e extra-escolares que de algum modo contribuem para um professores, etc…) necessariamente durante as suas forma-
conhecimento acrescido dos Media por parte dos cidadãos, ções superiores e de especialização.
nomeadamente os mais jovens, sobretudo no que respeita
aos seus próprios processos de apropriação mediática.Vale- * Director do Curso de Ciências da Comunicação e do centro de Investigação em
rá ainda a pena referir que na Alemanha e nos países nórdi- Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve
A dimensão
sócio-económica da
literacia mediática
A educação para os media em Portugal está de boa saúde? povoado e marcado pelo cresci-
| Manuel Pinto * |
Está doente? Não existe? Quem o poderá dizer? Para en- mento num “ecossistema infor-
saiar uma resposta, precisamos, primeiro, de nos entender mativo” de que os suportes tecnológicos são uma dimen-
sobre o conceito de “educação para os media”. Se por tal são relevante: a par da televisão, com um papel que
noção significarmos o conjunto de esforços, de projectos e continua a ser central, não se pode esquecer a centralidade
de iniciativas no sentido de promover o acesso e o uso das dos jogos vídeo e electrónicos, dos chats e “mensageiros”,
tecnologias de informação e comunicação (TIC) no ensino, da música nos seus vários suportes e formas de circulação e
o panorama não será brilhante, mas traduz-se em algo de reprodução. Neste quadro, seria trágico que a educação es-
consistente e visível. colar se mantivesse ostensivamente alheia a este uni-
ALGUM TRABALHO SISTE-
Entendo, porém, que isso po- verso de experiências ou se acantonasse numa perfor-
de ser um requisito ou um MÁTICO DE EDUCAÇÃO matividade tecnológica que não toma o mundo real
factor de potenciação; não é dos mais novos como centro de referência.
educação para os media. E PARA OS MEDIA, NO Deste ponto de vista, o panorama em Portugal não será
não chega necessariamente a catastrófico, mas é, seguramente, pobre. Algum traba-
formular e a responder a per- NOSSO PAÍS, DEVE-SE À lho sistemático de educação para os media, no nosso
guntas como estas: TIC para país, deve-se à boa vontade de meia dúzia de professo-
quê? Que contributos dão na BOA VONTADE DE MEIA res e de responsáveis de escolas básicas e secundárias.
formação das novas gerações, De realçar também a atenção que algumas instituições
capacitando-as a viver num DÚZIA DE PROFESSORES E de ensino superior vêm dando ao assunto, nomeada-
“oceano informativo” cada mente na Universidade do Minho (com um mestrado
DE RESPONSÁVEIS DE
vez mais caudaloso e gerador de Comunicação, Cidadania e Educação) e do Algarve
de perplexidade? Como aju- ESCOLAS BÁSICAS E e algumas escolas superiores de Educação. À parte al-
dam a comunicar melhor? gumas iniciativas pontuais e localizadas de associações
Se quisermos ser rigorosos, SECUNDÁRIAS. e empresas privadas, o projecto mais consistente que
verificaremos que não são es- se pode inscrever no espírito da educação para os me-
sas as preocupações dominantes dos discursos e das políti- dia é o “Público na escola”, do jornal Público, no terreno
cas que têm vigorado nos últimos anos em Portugal. Sinto- desde finais de 1989. O seu concurso anual de jornais es-
mático disso foi a extinção, em 2002, do Instituto de colares, o seu boletim informativo mensal, os seus dossiers
Inovação Educacional, um departamento central do Minis- e materiais pedagógicos deram-lhe um lugar de destaque
tério da Educação, que vinha desenvolvendo, há vários solitário neste campo.
anos, um trabalho humilde, mas sério e consistente de A literacia mediática e digital é, nos nossos dias, uma com-
apoio às escolas com projectos neste terreno. ponente imprescindível da literacia geral. O investimento
Existe hoje, no panorama internacional, um consenso alar- neste âmbito reveste-se de carácter estratégico, com impli-
gado em torno do conceito de educação para os media. Po- cações não apenas sociais e culturais, mas também econó-
de definir-se como o desenvolvimento da capacidade de micas. Aos governos cabe um papel de incentivo e de apoio
aceder à informação e enriquecer a comunicação num le- insubstituível. Mas se não contar com a iniciativa articulada
que variado de suportes e de contextos, compreendendo o de instituições diversas (educativas, sócio-profissionais,
fenómeno cultural das comunicações e progredindo na empresariais, religiosas, culturais…) não sairemos do pon-
criação de formas autónomas de expressão e comunicação to onde estamos.
individual e de grupo.
O quotidiano das crianças e dos jovens é, desde o início, * Professor de Jornalismo na Universidade do Minho
outra actividade a tempo inteiro. eficácia e alguma intensificação em ter- competentes, idóneas e reconhecidas. O
mos da estrutura técnica da entidade que implica que tenham uma relação
De qualquer modo, está prevista a redução mas, tudo o que propomos em matéria com a comunicação social que não seja a
do número de membros... de estatutos remuneratórios e de dimen- de uma representação de interesse secto-
A nossa proposta é a de que o Conselho são do órgão, propomo-lo na consciên- rial, porque isso prejudicaria a sua condi-
de Reguladores seja constituído por cin- cia de que não é por se gastar muito ção de regulador.
co personalidades, porque nos parece dinheiro que as coisas funcionam bem,
que a ERC ganhará se for uma estrutura e que vivemos num período de austeri- Outra das propostas no âmbito da
magra mas tecnicamente mais forte em dade. comunicação foi a de
relação à Alta Autoridade. Portanto, pre- Por exemplo, o estatuto PRETENDEMOS REDUZIR O estabelecer limites à
tendemos reduzir o número de regula- remuneratório que pro- concentração. Que
dores para cinco e, inversamente, dotar pomos para os regula- NÚMERO DE REGULADO- medidas vão ser tomadas
a nova ERC de mais competências, com dores é o dos dirigentes nesse sentido?
juristas, economistas, ou técnicos muito de institutos públicos. RES PARA CINCO E, Estamos a trabalhar nu-
qualificados na respectiva área. Inspira- ma proposta de Lei que
INVERSAMENTE, DOTAR A
mo-nos, aliás, na Autoridade da Conco- O Sindicato dos queremos apresentar
rrência. Jornalistas, apelou NOVA ERC DE MAIS COM- na Assembleia até Jul-
recentemente para que a ho. O que posso dizer
Mais gente, mais qualificada, equivale a mais nova ERC integre pessoas PETÊNCIAS. neste momento, é que
dinheiro gasto? de vários meios. O que lhe se trata de encontrar
A nossa proposta não significa nenhum parece esta sugestão? uma proposta de lei que permita tornar
aumento desproporcionado de meios fi- Devo dizer que isso é possível. Mas será mais claro quem é proprietário do quê
nanceiros. Implica alguns, porque há decisão do Parlamento, visto que a com- no universo da comunicação social, e
mais competências e há o cuidado de posição da nova ERC está também defi- tentar clarificar de uma vez por todas
ter maior nida na Constituição. O que a Constitui- qual é a presença do Estado (directa ou
ção diz é que os membros da ERC serão indirecta) nesse universo. A proposta do
eleitos pela Assembleia da República ou PS é a de que o Estado não possa ter in-
cooptados pelos que foram eleitos, e teresses, mesmo que indirectos, na co-
a eleição faz-se por dois terços. Po- municação social fora do universo do
dem ser quatro eleitos e um co- serviço público. Em terceiro lugar, esta-
optado, ou três eleitos e dois belecer o limite à concentração da pro-
cooptados. Não há nada es- priedade num momento em que eles
crito na proposta de lei ainda podem ser definidos em abstracto.
(nem tem de haver) que Tenho dito que, do meu ponto de vista,
proíba que certas perso- e do ponto de vista do governo, ainda
nalidades com exercício não vivemos numa situação de concen-
na comunicação social, tração excessiva da propriedade dos
sejam professores, juris- meios da comunicação social, mas esta-
tas, jornalistas, o que se- mos a um passo de a ter. E, antes de se
ja. Não podem é nos dar esse passo, convém que a Assembleia
dois anos anteriores, ter diga quais são as regras. Não queremos
ocupado lugares recon- prejudicar nenhum grupo, mas quere-
hecidos em empresas ou mos, enquanto é tempo, definir em abs-
sindicatos. tracto quais são os limites à concentra-
ção da propriedade dos media.
Na sua opinião faz sentido que Finalmente, o quarto objectivo, é que a
haja esse pluralismo? lei permita corrigir algumas situações
Faz sentido que os reguladores da de dispersão da concorrência que even-
comunicação social sejam pessoas tualmente hoje já se vivem em Portugal.
Designadamente que esclareça, por nicação Social todas as competências rior governo. Em relação à lei da rádio,
exemplo, qual é a relação que deve ha- que essa lei me dava. Depois há regras já pedi ao ICS que começasse a trabalhar
ver ou quais são os limites entre opera- muito burocráticas: os candidatos aos e a ideia fundamental é esta: a actual lei
dores de rede de distribuição e operado- subsídios têm de apresentar estudos de da rádio tem uma estrutura genérica
res de conteúdos. viabilidade eco- que me parece
nómico-financei- ainda actual.
NÃO QUEREMOS PREJUDICAR NENHUM
Em relação à Comunicação Social Regional, ra relativamente Também nos
estão previstas alterações ao diploma do go- pormenorizados parece que al-
GRUPO, MAS QUEREMOS, ENQUANTO É
verno anterior? e isso não faz gumas obriga-
Sim, é preciso alterar duas ou três coisas. grande sentido TEMPO, DEFINIR EM ABSTRACTO QUAIS ções expeditas
A primeira é que esse decreto concede porque correría- de programa-
ao poder político um poder tão discri- mos o risco de o SÃO OS LIMITES À CONCENTRAÇÃO DA ção devem ser
cionário que pode parecer arbitrário na esforço pedido agora testadas.
selecção concreta dos órgãos a serem fi- ser maior do que PROPRIEDADE DOS MEDIA. Há questões
nanciados. Sou frontalmente contra isso. os benefícios. importantes a
Acho que deve ser exactamente ao con- Quero que os órgãos de comunicação nível de leis como a licença de rádio,
trário: a selecção dos beneficiários dos social beneficiem dos subsídios públi- atribuída por concurso público pelo Es-
incentivos deve ser feita numa base não cos, que as regras sejam claras e defini- tado e que, por isso, não pode ser trans-
discriminatória. E, portanto, uma das das, mas que a sua aplicação não tenha a formada num quilo de ananases que se
primeiras coisas que fiz depois de tomar ver com o Governo. pode vender ou comprar livremente.
posse foi delegar no Instituto da Comu-
Que políticas vão implemen- Há quem defenda que Portugal tem um exces-
tar em relação à so de rádios regionais...
modernização do sector da Acho que, não devendo haver nenhuma
rádio? espécie de criação ou manutenção espe-
A alteração à lei é uma cial de rádios e, cumprindo os operado-
coisa que está na ordem res as regras gerais, saber se há muitas
do dia já há algum tem- ou se há poucas depende dos mercados:
po, com uma pequena do mercado económico e do mercado
particularidade: das duas das ideias. Não vejo que o Estado possa
últimas vezes que en- interferir.
trou uma autorização le-
gislativa na Assembleia O ano de 2007 foi estabelecido como a meta
para ser alterada, o go- para a cobertura nacional da rádio digital.
verno caiu. Portanto, di- Pensa que o objectivo será alcançado?
go por brincadeira que, O DAB [Digital Audio Broadcasting]
se há compromisso fir- atinge neste momento os três quartos
me que tenho, é que do território nacional. O principal blo-
vou dispensar-me de queio que existe está ligado ao consumo
uma proposta de altera- de rádio, muito associado à viagem de
ção legislativa, apresento carro e ao facto de os equipamentos ra-
logo a proposta de lei, diofónicos para carro não incorporarem
para evitar o ditado por- essa tecnologia. Em relação à colocação
tuguês «não há duas de conteúdos radiofónicos online, hou-
sem três»…. Temos na- ve um programa de incentivo próprio
turalmente de ter em até 2002 que nós queremos revalorizar.
conta a substância das
propostas à alteração le- Outras das propostas foi a criação de prove-
gislativa feita pelo ante- dores de ouvintes e espectadores para o ser-
| Actualidade/ Imprensa |
Jornal Público lança nova revista
Comunicar com os
“tweenies”
O mercado da imprensa para os mais novos está
a crescer. A Kulto, especialmente produzida para
pré-adolescentes, tem como objectivo entreter e
chegar mais perto do público jovem | Por Cátia Candeias |
“Não é uma revista para crianças, mas quer a marcas de produtos de
para os tweenies”, afirmou Luís Pedro entretenimento, quer aos pró-
Nunes, editor responsável pela Kulto, prios jornais e newsmagazines.
em resposta à Media XXI. Dirigido a um Uma das razões apontadas por
target “entre os 9 e os 13 anos”, o res- Luís Pedro Nunes é o facto de
ponsável conta que “em 2004 quando o os tweenies serem “um nicho
projecto da Kulto foi apresentado à di- de mercado poderosíssimo”,
recção, já existia o Público na Escola e o ainda que sejam consumidores
Publicozinho” e isso “permitiu a vira- “altamente críticos e exigentes,
gem mais incorrecta [da Kulto] para voláteis e muito desconfiados”.
uma linguagem menos obsessivamente
pedagógica”. No entanto, ainda que não
assuma uma orientação eminentemente | Do papel ao blogue |
pedagógica, o jornalista acredita que a Associado à Kulto, foi criado o blogue que chegam diariamente à caixa de cor-
nova publicação ensina muitas coisas com o mesmo nome, com o objectivo reio do blogue”, havendo mesmo al-
aos mais novos, desde receitas a expe- de promover a interacção entre os leito- guns leitores que enviam emails todos
riências que invocam a ciência, passan- res e a própria revista. Só na primeira os dias e mais do que uma vez.
do pelas “dicas” que são dadas sobre os semana, registaram-se 12 mil visitas,
vários temas abordados. um número elevado para uma publica-
Produzida em parceria com as Produ- ção acabada de sair para as bancas. Dia- | Mercado a crescer |
ções Fictícias, a revista é escrita e ilustra- riamente são colocados “dois a três Ainda este mês, está previsto o lança-
da por pessoas com experiência na área posts”, que incitam à participação e aos mento de outro título, para meninas dos
de produção para públicos infanto-juve- comentários dos mais novos, como ex- 5 aos 15 anos, a revista Bratz, inspirada
nis. É o caso de colaboradores como plicou Rute Gil, a sub-editora da publi- na versão inglesa original. Publicada pe-
Mário Botequilha, que escreveu o Hugo, cação e responsável pela actualização do la Publibónus, editora recentemente lan-
ou de Patrícia Castanheira, que escreveu blogue. Além disso, o blogue assume-se çada pelo empresário João Paulo Fonse-
o Max e o Clube Disney. Daí que o con- como um espaço para actualizar a edi- ca e por Rocha Vieira, jornalista e
ceito desta publicação não recorra a jor- ção em papel (capa e artigos de desta- ex-director da revista Focus, a Bratz pre-
nalistas, mas a autores criativos, havendo que). “Com o blogue queremos conhe- tende concorrer com a Barbie e a Witch,
apenas uma sub-editora a tempo inteiro. cê-los ao máximo”, promovendo a da Edimpresa, e com a Katie e a Linda
Depois do fenómeno da Visão Júnior, “identificação” e a “materialização disso Princesa, da PCD Publishing. A tiragem
lançada no Verão de 2004, o mercado de na própria revista”, disse Rute Gil. A res- rondará os 30 mil exemplares e será
publicações dirigidas aos mais novos co- ponsável acrescenta que o mais “difícil vendida a dois euros.
meçou a crescer, com títulos associados está a ser dar resposta a tantos emails
Mudanças de direcção
| Reportagem Comunicação |
Canais de Televisão Internos
Televisão ao
Minuto
Há uma nova tendência na publicidade e na
comunicação: canais de televisão produzidos e
estrategicamente colocados junto ao consumidor
| Por Paula dos Santos Cordeiro e Daniela Gonçalves |
| Reportagem Comunicação |
| Actualidade/ Tecnologia |
Rumos para o Ensino Profissional D.R.
Escola Digital
Criada para dar resposta às necessidades do mercado de
trabalho da economia digital, a EPTD dá formação ao nível
do 12º ano | Por Dulce Mourato | Francisco Miguel, director da Escola
Profissional de Tecnologia Digital Rumos
conhecer em Maio a novos alunos,
através de um dia aberto. Criado no de Nível III. Como requisito de entrada
seio de uma empresa dedicada à é exigido, no mínimo, o 9º ano comple-
prestação de serviços de formação e to no início do ano lectivo que se inicia
certificação técnica de profissionais em Setembro.
de informática, este estabelecimento O projecto da Escola Profissional de Tec-
de ensino disponibiliza três cursos nologia Digital Rumos existe há cinco
na área informática e multimédia, anos e, de acordo com Francisco Mi-
nomeadamente, Técnicos de Multi- guel, director desta instituição, o objec-
média, Técnico de Gestão e Progra- tivo é “responder eficazmente às expec-
A Escola Profissional de Tecnologia Digi- mação de Sistemas Informáticos e Técni- tativas e solicitações dos alunos,
tal da responsabilidade da Rumos (a cos de Gestão de Equipamentos melhorando a nossa oferta de ano para
empresa de formação e certificação téc- Informáticos, que conferem equivalên- ano”.
nica na área da informática), deu-se a cia ao 12º Ano e Certificado Profissional
Comunicações IP
Redução de custos, melhoria dos serviços e aumento
dos lucros são os principais objectivos das
comunicações IP | Por Cátia Candeias |
Organizado pela IBM e pela Cisco para canais da Cisco em Portugal referiu que
apresentar novas soluções na área das a convergência “ajuda a criar novas menu do restaurante, à meteorologia.
comunicações IP, o seminário de Comu- oportunidades”. E exemplificou com o Jorge Ferreira, gestor dos serviços de re-
nicações IP revelou a nova tendência da caso do sector da hotelaria que optou des e conectividade da IBM portuguesa,
convergência desenvolver reunida numa por utilizar este novo sistema de comu- referiu existirem já cerca de 2500 tele-
rede única de comunicações IP, onde as nicação. “O telefone deixou de ser o bi- fones instalados no nosso país. O ideal
tecnologias de voz, dados e vídeo estão belot em cima da mesa de cabeceira pa- seria, como afirmou, “migrar para um
integradas, com a finalidade de poupar ra ser o computador que permite várias ambiente IP a 100%”. Uma situação que
custos e aumentar a produtividade das soluções”, reconheceu a responsável. se prevê para “um futuro próximo”,
empresas. Em hotéis como o Plaza, em Dublin, por acrescentou.
Sandra Freitas, gestora comercial e dos exemplo, é possível consultar desde o
| Entrevista/ Tecnologia |
Entrevista a David Bowdler (EMEA) e Jorge Ferreira (IBM)
Comunicações IP e o
futuro das redes
Dois olhares sobre a tecnologia que
pretende revolucionar o mundo da
comunicação | Por Cátia Candeias |
PT Escolas põe a
banda larga no mapa
A Portugal Telecom lançou “A aventura do conhecimento PT Escolas”, um concurso
para criar a primeira Escola do Futuro PT em Portugal | Por Dulce Mourato |
P. T.
Num momento em que o plano tecno-
lógico tarda em se aplicar, a Portugal Te-
lecom lançou “A aventura do conheci-
mento PT Escolas”, um concurso para
aproximar a banda larga, os conteúdos e
o entretenimento digital, através dos
serviços das participadas PT, de todos os
estabelecimentos de ensino dos distritos
concorrentes de Norte a Sul do País.
Através de uma mega acção de promo-
ção, a Portugal Telecom e as suas empre-
sas participadas (com uma equipa de
cem pessoas a tempo inteiro) percorre-
ram o país à procura de jovens que utili-
zassem as Tecnologias da Informação e
da Comunicação (TICs) de um modo
pedagógico para a resolução das suas
dúvidas escolares. O concurso decorreu Em plena performance tecnológica as equipas/clãs pesquisam as respostas online.
ao longo de várias etapas em escolas
concorrentes de dez distritos, cujas várias escolas concorrentes, procurou dora (Escola do Futuro PT) será equipa-
equipas/clãs competiram entre si sobre aliar o conhecimento das novas tecnolo- da com computadores em todas as salas
temas das comu- gias à qualifica- de aula; quadro electrónico inteligente,
nidades/tr ibos ção para o con- táctil, com capacidade de navegação na
(Glammies - arte, curso. Outra das Internet, gravação dos apontamentos,
cinema, design, iniciativas foi o sumários dos professores e descarga
moda; Soundies - Tour Sapo Cha- dessa informação para os computadores
música, concertos; llenge que esteve dos alunos; acesso de banda larga, assim
Sporties - despor- em todas as capi- como cobertura WI-FI (acesso sem fios)
to e saúde; Techies tais de distrito em toda a escola, um servidor de mail,
- ciência e tecno- aproximando o sistema de gestão escolar e respectivas
logia; Pro-activists universo escolar plataformas, a criação de um portal e de
- causas, actuali- do ambiente tec- uma Intranet de escola, equipamentos
dade, livros, cultu- nológico, me- de instalação SMS, quiosques multimé-
ra e viagens) para equiparem tecnologi- diante o portal turma.sapo.pt. dia com informação estratégica, uma
camente o local onde aprendem. Deste evento saiu uma equipa/clã que Mediateca e instalação gratuita dos ser-
O projecto PT Escolas principiou com representou o distrito, a respectiva esco- viços de acesso Internet de banda larga
um concurso on-line em que a pesquisa la e se qualificou para a fase decisiva do em casa de todos os alunos e docentes.
e a cooperação das equipas de alunos de concurso, a 2 de Julho. A escola vence-
| Actualidade/ Rádio |
Novo sistema de informações de trânsito
Trânsito ao minuto
A TeleTráfego apresenta um novo sistema de informações de trânsito nacional para
rádio e televisão via Internet | Por Paula dos Santos Cordeiro |
| Trânsito profissional | os recursos de que dispomos e a equipa dios, a Teletráfego tem apostado noutro
“A ideia da Teletráfego esteve em ama- de jornalistas”, bem como “tráfego e tipo de empresas. As frotas de transpor-
durecimento durante algum tempo”, outros conteúdos para a sonoplastia das tes e as empresas de logística têm sem-
explicou à MediaXXI Anastácio Rosa, estações de rádio” explicou o responsá- pre necessidade de conhecer as actuali-
responsável pelo projecto. Surgiu depois vel. Obtida junto de fontes oficiais, a in- zações do estado do trânsito,
de ter sido detectada “a falha nas esta- formação de trânsito é disponibilizada especialmente nas grandes cidades, pois
ções de rádio no que diz respeito a in- de várias formas: electronicamente, para “não há nada pior para uma empresa
formações de trânsito que, com este ser- ser lida na estação emissora, ou gravada destas do que ter os seus camiões para-
viço, pretendemos colmatar”, explicou. pelos profissionais da TeleTráfego, para dos no trânsito”, acrescentou Anastácio
No panorama nacional, as rádios locais ser integrada na emissão da estação. Rosa.
são as que mais sofrem esta lacuna, por No que respeita ao investimento das rá- Os conteúdos disponibilizados por esta
falta de meios e recursos humanos, pelo dios locais, o “cenário de crise que o empresa incluem também a publicida-
que a Teletráfego procura oferecer um país tem vindo a atravessar tem apertado de. “Trabalhamos essencialmente com
conjunto de serviços de informação di- o investimento”, explicou o responsável rádios locais, onde muitas vezes, há falta
versificado: de carácter geral “notícias e da empresa. As “dificuldades financeiras de vozes”. É um facto que em muitas si-
outros conteúdos, que produzimos com do país e, em particular deste ramo de tuações, “é a mesma pessoa que grava a
actividade” têm limitado a ex- publicidade, os jingles da estação e mes-
pansão deste serviço na gene- mo, lê as notícias”, pelo que, com este
ralidade das localidades pelo serviço, “procuramos profissionalizar o
que, dado o facto deste ser aspecto sonoro das rádios locais”, criar,
“um serviço inovador” e que uma “imagem de marca”, concluiu
pode ser usado por outro tipo Anastácio Rosa.
de empresas para além das rá-
| Actualidade/ TV |
Casa da Imagem
As possibilidades da televisão
regional
Invicta
TV
Novo canal temático português
inicia emissões para público
do Grande Porto | Por Filipa Cerol Martins |
| Conferência/ EMMA |
Conferência Internacional reúne “gurus” da gestão dos media
Mercado Europeu
em análise
As políticas e as tendências dos mercados de vários países europeus estiveram em
debate no segundo encontro da European Media Management Education Association
(EMMA) | Por Cátia Candeias |
Robert Picard, professor de economia na Europa. Se por um lado se verifica vel” e em que as decisões oscilam em
dos media, foi o primeiro orador do en- que “o controlo nacional das políticas função dos custos e dos riscos.
contro. Na sua intervenção, dedicada às económicas está a decrescer”, por outro Dos estudos que tem conduzido, Gabaro
políticas para o sector, o investigador re- crescem as “influências económicas”, aponta duas conclusões que reflectem
conheceu que “alguns media são mais nomeadamente dos “maiores media e tendências opostas. Tanto se constatam
influenciados que outros”. As infra-es- dos grandes grupos” “mais aquisições e
truturas de telecomunicações são, na sua mediáticos. SE POR UM LADO SE VERIFI- produções externas
opinião, as mais influenciadas, enquanto A concentração foi ou- de programas”, co-
a Internet, a Imprensa e mesmo o cabo tro dos assuntos abor- CA QUE “O CONTROLO NACIO- mo exitem “muitas
ou o satélite sofrem uma menor in- dados, desta vez por televisões europeias
NAL DAS POLÍTICAS ECONÓ-
fluência. Marco Gambaro, pro- que trabalham na
Para Picard, a intervenção do Estado no fessor na Universidade produção de fil-
MICAS ESTÁ A DECRESCER”,
sector justifica-se na medida em que as de Milão. Na interven- mes, novos media e
comunicações servem importantes ne- ção, o investigador POR OUTRO CRESCEM AS Internet”.
cessidades sociais, políticas e económi- comparou os modelos Peter Goodwin,
cas nas sociedades democráticas e capi- de concentração hori- “INFLUÊNCIAS ECONÓMICAS”. professor na Uni-
talistas. Nesse sentido, “o governo zontal e vertical. E con- versidade de Wes-
deveria promover e aumentar as possi- cluiu que, nos últimos tminster, situou a
bilidades de comunicações”. Até por- anos, “a concentração horizontal no sua intervenção “na era do pós power
que, acrescentou, “quanto mais meios mercado europeu se manteve constan- point” e apresentou o panorama dos
tivermos mais poderemos satisfazer es- te”. O mesmo não se passou com a ver- media pagos em relação aos media gra-
sas necessidades”. No fundo, trata-se de tical que, no seu entender, precisa ser tuitos. As interrogações “O que mudou
promover a pluralidade e a diversidade. “melhor” definida. Isto porque a defini- nas pessoas? O que estão dispostas a pa-
O professor não deixou, no entanto, de ção existente de concentração vertical é gar para aceder aos media?” foram diri-
associar, num tom crítico, a política eu- “problemática”. Exemplo disso, referiu, gidas à assistência, em busca de uma
ropeia dos media a “políticas retóricas”. é a integração vertical na programação resposta que teimou em não aparecer,
E traçou o panorama actual dos media televisiva, cuja fronteira é “muito flexí- pelo menos de modo conclusivo. A ideia
01 02 03 04
João Reis
clusivo. A ideia de que vários factores tugal: transformações e Heinz-Werner Nienstedt, professor
influenciam a escolha do público, espe- tendências” e colunista de Economia dos Media na
cialmente os histórico-culturais, ficou da Media XXI, apresentou Universidade de Mainz, na
marcada no seu discurso. Em relação à o mercado da imprensa Alemanha, é o novo presidente da
televisão, Goodwin acredita que a ten- nacional. O “crescente EMMA, substituindo assim Alfonso
João Reis
dência será a de “as televisões pagas se número de empresas jor- Sanchez Tabernero.
tornarem livres”. nalísticas”, a “estagnação
A programação televisiva esteve também ou o crescimento ligeiro Está satisfeito por ter sido eleito presidente desta
em análise, por Mercedes Medina, do- dos índices de difusão e organização europeia?
cente na Universidade de Navarra, que leitura”, assim como a Sim.É muito importante termos esta rede de
apresentou as conclusões de um estudo existência de “estratégias intercâmbio entre professores que leccionam
que envolveu 14 países. Entre outras comerciais mais agressi- economia e gestão dos media porque esta é uma área
coisas, constatou a investigadora a exis- vas”, são alguns dos fac- em evolução em toda a Europa.
tência de “menos programas america- tores que contribuem pa-
nos no horário nobre”, bem como o ra essa caracterização. Quais são as suas intenções para este mandato?
facto de a França ser o país com Outra das tendências do Começámos a EMMA há dois anos, e temos já uma
“maior” número de produções inde- mercado português resul- boa rede de professores. Mas há que a estabelecer
pendentes. Por outro lado, Mercedes ta na “fragmentação e di- ainda mais para que actue como um agregador
Medina referiu que a programação eu- versificação do negócio”, concreto de conteúdos de ensino em gestão dos
ropeia tende a reflectir uma certa “ho- especialmente nas revis- media. Isso significa que os nossos colegas finlandeses
mogeneização”, assim como a assumir tas. Constata-se ainda a tragam material de ensino sobre a Nokia para que os
pequenas diferenças entre os canais pú- tendência “crescente” e colegas portugueses, por exemplo, tenham a
blicos e os privados. Ainda que a co- “muito visível em Portu- oportunidade de olhar para isso e usar essas
produção seja uma das formas de pro- gal” da adaptação local de informações enquanto ensinam. Trata-se de ter case
dução europeia, o seu crescimento revistas globalizadas, studies para trocar conhecimentos entre professores e
deve-se “não à regulação, mas devido ao exemplo da National Geo- alunos.
mercado ter produtores competitivos”. graphic.
No entanto, não deixou de criticar o A atenção a práticas de Como vê o mercado dos media nos próximos anos?
facto de não existirem propriamente gestão racionais é, na sua Será um grande fascínio, com mudanças estruturais,
programas europeus, mas “diferentes opinião, uma atitude que teremos a digitalização que dará aos consumidores
modelos internacionais adaptados às re- já começa a ser praticada novas experiências e que abrirá novas oportunidades
alidades nacionais”. E, em jeito de con- por algumas empresas às companhias de media de desenvolverem novos
clusão, afirmou que “as cotas europeias jornalísticas, face à cres- modelos de negócio.
são uma ficção”. cente competitividade e
segmentação do mercado. A palavra si- com países com os quais mantém afini-
| O mercado da nacional | nergia liga, por isso, com esta ideia. Co- dades lingüísticas (como o Brasil ou ou-
Cada vez “mais competitivo”. Foi assim mo afirmou Paulo Faustino, “as empre- tros de África), o investigador respon-
que Paulo Faustino, autor do recente- sas jornalísticas parecem tender a deu, sem hesitar, que o próximo passo
mente publicado “A imprensa em Por- integrar-se em grupos multimédia e a “é a internacionalização dos produtos
comercializar a informação não se con- dos media”. A fechar o painel de orado-
formando simplesmente com a difusão res do seminário internacional esteve
em suportes tradicionais”. Gonçalo Reis, membro do Conselho de
01_Tabernero, Robert Em Portugal existe ainda a concentração Administração da RTP, que falou sobre a
Picard e Marco
Gambaro do investimento publicitário, como evolução financeira do operador de ser-
02_Peter Goodwin comprovam os 57% que os três grupos viço público. O responsável sublinhou a
03_Tabernero e de media (Impresa, Lusomundo Media necessidade de a RTP ser “tão eficiente
Paulo Faustino e Media Capital) captam do total do como os operadores privados”, baseada
04_Mercedes Medina mercado publicitário dos media. Ques- numa “lógica de funcionamento orien-
tionado sobre a possibilidade de Portu- tada para a competitividade”.
gal estabelecer relações de cooperação
| Encontros |
Reflexão sobre o impacto da Internet na cidadania
“Cyber-democracia” não é
para todos
Um encontro para pensar a sociedade de informação
e o impacto psicológico e social das novas tecnologias
| Por Daniela Gonçalves |
Media em Português
Profissionais de informação dos PALOP’s encerraram a terceira edição do curso
organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Universidade Católica
| Por Cátia Candeias |
José Neto Alves Fernandes, jornalista há que “há uma grande apetência para que munitárias estão a ter no país. Um da-
22 anos e correspondente da RTP Áfri- a comunicação social seja liberalizada”. do importante, já que as rádios con-
ca, foi o primeiro a apresentar a situação Também em Cabo Verde, o Estado se as- vencionais estão “quase todas sediadas
actual do seu país. Reconhecendo que sume como “o maior empregador e em Bissau”.
em Angola “a liberdade de imprensa é proprietário”, como afirmou Alexandre Também em Moçambique a situação é
um facto consumado mas não acaba- Semedo, jornalista cabo-verdiano. Uma difícil. De acordo com vários estudos, só
do”, referiu existirem ainda “muitos das grandes aspirações passa pois pela cerca de 1% dos 18 milhões de habitan-
constrangimentos” ao desempenho da “democratização do espectro televisi- tes acede aos jornais, e a rádio cobre
profissão. Alguns deles passam pelo pre- vo”. Ainda no passado dia 17 de Maio pouco mais de um terço do país. S.Tomé
ço dos jornais e pela distribuição das foram emitidas duas licenças para televi- e Príncipe não foge à regra: o Estado de-
publicações, complicada, num país são por cabo, uma delas apenas com ca- tém uma rádio, uma televisão e um jor-
constantemente em guerra. Mesmo as- pitais chineses. nal, existindo ainda seis jornais priva-
sim, o jornalista referiu que o futuro é Quanto à Guiné Bissau, Salvador Gomes dos, nenhum deles diário.
encarado com “bastante optimismo”, já realçou a importância que as rádios co-
| Seminário/ ISCTE |
A Sociedade da Informação em debate
Relações Inter-Atlânticas
João Reis
| Seminário/ ICAP |
Regras do sector em debate
Multiplicada
Novas técnicas e suportes publicitários difundem
as mensagens de forma mais rápida. Do
consumidor, a resposta é também imediata em
relação aos meios tradicionais | Por Cátia Candeias |
Da esquerda para a direita: Landerset Cardoso, Alberto da Ponte,
Carmém Henriques, Fernando Contreras e João David Nunes
Estas ideias atravessaram a terceira edi-
ção do seminário organizado pelo Ins- | Condições especiais de recepção | zam este meio de informação enquanto
tituto do Consumidor (IC) e pelo Insti- Para Luís Landerset Cardoso, presidente positivo”, além de constituir “uma ele-
tuto Civil de Auto Disciplina da do Obercom, os novos suportes impli- vada atracção para os anunciantes”, na
Publicidade (ICAP), este ano sobre “As cam “circunstâncias especiais de isola- medida em que cobre mais de 51% da
novas técnicas da comunicação publicitá- mento”, quer das mensagens, quer das população daquelas duas cidades.
ria e sua evolução – experiência ibérica”. próprias pessoas. A publicidade nas ins- Em Portugal, o exemplo veio com a
Os novos suportes tecnológicos de ex- talações sanitárias ilustra bem esta situa- MCO TV, implantada pela Media Capital.
pressão publicitária - de que é exemplo ção em que, apesar de os custos de in- Presente nos 56 ecrãs das estações de
a televisão empresarial do Millenium vestimento serem baixos, têm grande metro de Lisboa, “junta-se a força e a
BCP - possuem, na perspectiva de Car- impacto face ao isolamento do indiví- flexibilidade da televisão à inevitabilida-
men Segade Henriques, jurista do IC, duo, permitindo também a selecção por de e à frequência de contacto do out-
vantagens e desvantagens. Por um lado, género e a segmentação económica. O door”, como afirmou João David Nu-
permitem o contacto directo com o pú- responsável acredita que se esta tendên- nes, responsável por este projecto.
blico alvo, favorecendo a segmentação, cia continuar a crescer em Portugal, as
assim como têm um baixo custo de ma- empresas de media serão obrigadas a | Publicidade omnipresente |
nutenção e conteúdos variados. Por ou- “criar outro tipo de conteúdos para Presente no encontro esteve também
tro, podem assumir-se como elementos manter o seu volume de negócios”. Eduardo Cintra Torres, crítico de televi-
“intrusivos, ruidosos e maçadores”, e, são, para quem “ o product placement –
em muitos casos, “não permitem uma | O exemplo espanhol | inserção de publicidade nos conteúdos
clara identificação da publicidade”. Fernando Contreras, da Associação Es- de programação - já não ocorre apenas
Além disso, dada a sua “dispersão física panhola de Publicidade Exterior, fez na televisão mas em qualquer sítio onde
e temporal”, colocam dificuldades de uma breve exposição de como funcio- estão os consumidores”. E criticou não
monitorização às entidades fiscalizado- nam os canais de televisão nas estações só a experiência espanhola, por ser “in-
ras, e o consumidor não tem liberdade de Metro em Madrid e Barcelona. Sema- trusiva”, na medida em que não define
de escolha, já que “não pode mudar o nalmente, cerca de 17 milhões de pes- as fronteiras, bem como a portuguesa,
canal”. Uma das soluções passa pela au- soas contactam com este meio de co- “praticada pela TVI”, exemplo das nove-
to-regulação do sector através da criação municação, que aposta em blocos de las. Já Vítor Castro Rosa, assessor jurídico
de um Código de Conduta da Televisão informação separados por anúncios pu- da TVI, defendeu que a prática do patro-
Empresarial, bem como pela “aposição blicitários, feitos de forma adequada pa- cínio e do product placement “é a única
da palavra «publicidade» ou «pub» ra o passageiro que não está mais de três forma de manter o sistema de televisão
num dos cantos do écran. minutos na estação. Para o responsável, não pago a funcionar”.
“cerca de 84,6% dos passageiros valori-
| Congresso/ APR |
Congresso Nacional de Radiodifusão
João Reis
Rádio mais
profissional
Os dias 29 e 30 de Abril e 1 de Maio
receberam o congresso anual que
discutiu a rádio e elegeu a nova equipa à
frente dos destinos da Associação
Da esquerda para a direita: Catarina Pessanha, Francisco Rui Cádima, Fernan-
Portuguesa de Radiodifusão
do Vicente Silva e Garcia Esparteiro
| Por Paula dos Santos Cordeiro |
| Seminário/ APMP |
Governo Electrónico e Indústria Nacional de Conteúdos
Diagnóstico em português
Governo e Empresas com objectivos comuns debatem o futuro da era digital
| Por Cátia Candeias |
João Reis
Online tímido e
pouco criativo
“O estado da arte e cenários futuros” do jornalismo
digital, 10 anos após o seu nascimento, em debate na
Universidade do Minho | Por Rita Cunha |
Rosental Calmon Alves e Ramón Salaverría
A revolução não se faz da noite para o Rosental Calmon Alves, knigt chair de
dia. Dez anos decorridos desde o início Jornalismo Internacional na Universida- tícias – como um resultado expoente
do jornalismo digital em Portugal, mar- de do Texas em Austin, EUA, lamentou a das possibilidades de interacção deste
cado pelo lançamento da primeira ver- situação que vive o jornalismo online meio, Ramón Salaverría, director do La-
são electrónica do Jornal de Notícias em actual, na conferência de abertura: “O boratório de Comunicação Multimédia
Julho de 1995, discutiu-se nos passados jornalismo online continua tímido, da Faculdade de Comunicação de Navar-
dias 2 e 3 de Junho a conjectura econó- económico, burocrático e pouco criati- ra, acredita ser possível superar esta per-
mica e social que coloca em risco o pa- vo”. O professor queixou-se do “sho-
pel do jornalista, ao mesmo tempo que velware”, a cópia integral dos textos
as inovações tecnológicas o empurram dos media tradicionais, “continuar a
para a aventura virtual. ser vergonhosamente o principal méto-
No auditório estiveram cerca de cinco do de produção jornalística”, não se
dezenas alunos, professores e profissio- investindo nas experiências narrativas
nais da Comunicação, mas a audiência multimédia.
destas jornadas, promovidas pelo grupo É no ensino que se começará a valorizar
de investigação Ciberlab e pelo projecto a figura do jornalista digital. Também
Mediascópio, integrantes do Centro de João Canavilhas, da Universidade da Bei-
Estudos de Comunicação e Sociedade da ra Interior, concluiu que só com um in- Moisés Martins, Director do CECS, Guimarães
Universidade do Minho, foi muito vestimento neste sentido se encontrará Rodrigues, Reitor da UM, e Manuel Pinto,
maior, porque a sessão foi transmitida resposta para a crise do sector. O respei- coordenador do Mediascópio
em directo, via Internet. to pelo “parente pobre do jornalista”,
segundo expressão de José Vítor da de “património da palavra” mediante
Malheiros, do Público, conse- a aprendizagem das novas tecnologias e
gue-se, uma vez mais, na sim- manutenção da credibilidade nomeando
ples definição da profissão co- sempre fontes primárias.
mo fazedora de “um produto No fim a organização saiu felicitada por
essencial para a coesão social e Ramón Salaverría pela oportunidade de
para a vivência democrática”. Se questionar “quem somos afinal”, nesta
a revolução (ou evolução) digi- altura de desfocagem de papéis. Jornadas
tal torna flagrante a passagem que serviram ainda para o anúncio do
do poder da palavra para as au- lançamento de um novo mestrado em
diências e a necessidade de as Comunicação Multimédia na Universi-
ouvir – Paulo Ferreira do JN dade do Minho, para o próximo ano
Da esquerda para a direita: Luís Santos, Rosental Calmon Alves, lembrou que na simples obser- lectivo.
Ramón Salaverría e Manuel Pinto vação de blogs se adivinham no-
Depois do adeus
João Paulo II soube “entender” Casa da Imagem
interac- Da esquerda para a direita: Delfim Sardo, Maria Teresa Cruz, Pedro Andrade e Maria Augusta Babo
tividade
está, por isso, intimamente ligado a uma é a um nível micro molecular”. Daí que
viagem, apesar de defender que na se interesse por investigar as potenciali-
interacção com o digital “a experiência dades da tecnologia, ao serviço de áreas
humana é o essencial”. como a medicina, em que a simulação
Traçar uma Sociologia das Visibilidades e permite prever determinada situação.
do panoptismo foi o objectivo do soció- Esta técnica pode ter outras aplicações,
logo Pedro Andrade, que apresentou o ao nível do desporto, por exemplo, no
conceito de “arte sociológica”. Na sua sentido em que, ao se confrontarem
óptica, os cidadãos encontram-se vigia- com as imagens simuladas de acções
Peter Weibel, investigador alemão dos pelos media, que apenas apresentam desportivas, como demonstrou o inves-
algumas facetas da sua personalidade, na tigador, os atletas têm a oportunidade de
Reflectir sobre a ligação entre a arte e a medida em que “os media têm disposi- aprender a melhorar o comportamento.
interactividade foi o principal objectivo tivos panópticos”.
do debate realizado no segundo dia do As artes interactivas também mantêm | Arte e Media |
encontro Arte e Comunicação que deco- uma ligação com o erotismo, como ex- Presente esteve também Maria Augusta
rreu no Centro Cultural de Belém nos plicou Moisés Lemos Martins, para Babo, docente da Universidade Nova de
passados dias 2, 3 e 4 de Junho. quem existe mesmo uma “nova erótica Lisboa, que reflectiu sobre o texto na In-
A passagem do analógico para o digital interactiva”. Isto porque se verifica uma ternet, no âmbito do painel sobre “Arte
mereceu especial atenção por parte de “fusão entre o sexo e a tecnologia”. e Media”. No seu entender, através da
Francisco Rui Cádima que desenhou o Com a demonstração de pequenos ex- Internet, o leitor “torna-se decisor e co-
começo da história da interactividade, certos do filme Existenz, Lemos Martins autor do texto”. Um estatuto conferido
referindo as narrativas de Aristóteles e fez a ponte entre “carne e técnica”, refe- pela interactividade e que lhe permite “a
associando a narrativa digital à televisão rindo que “a tecnologia está repleta de recriação da obra [do texto]”. No en-
interactiva. sex-appeal”. tanto, a docente acredita que com o
As incertezas da comunicação e da arte avanço das ligações em rede, o leitor
estiveram no centro de análise de Maria | Da simulação ao estímulo | passou mais para uma posição de con-
Lucília Marcos. “Em vez de certezas, a Peter Weibel, investigador alemão, re- sumidor, devido à própria “formatação
arte digital vem alargar o campo das in- flectiu, no último dia do encontro, so- dos motores de busca”. Para contrariar
certezas”, afirmou. Segundo a docente, a bre a presença de novas linguagens nos esta tendência, Babo defendeu que de-
arte digital usa as tecnologias, o som e a novos media. Caracterizando-os como vem ser criadas “técnicas de navegação
imagem e “cria ficções, trocando os pin- “extensão dos órgãos”, Weibel disse ain- em rede”.
céis pelos ratos e pixels”. O conceito de da que “actualmente a grande revolução
| Congresso/ APODEMO |
Êxito da marca depende de estudos de mercado
As opiniões contam
“Inovação em Marketing. O papel dos estudos de mercado” foi o mote para um
encontro marcado pela apresentação de marcas de sucesso | Por Marisa Torres da Silva |
João Reis
Quotidiano dos
cidadãos no jornal
Os jornais do distrito de Setúbal mostram aos cidadãos “o que
Paulo Chaves
se passa à sua porta” e são seus aliados | Por Daniela Gonçalves |
Criados para preencher as necessida- visa “chamar a aten- mas ligados ao que se passa no concel-
des de informação regional e local ção para problemas ho. Considerado pelo director “o jornal
da população do distrito e para “dar dos referidos conce- das famílias e do comércio”, o Jornal do
voz aos setubalenses”, os jornais de lhos” e uma outra Barreiro é, de acordo com Miguel Sou-
Setúbal, alguns deles gratuitos, são com o nome de “O sa, “o terceiro jornal mais lido em Setú-
bem recebidos pelos cidadãos. A repórter é você” que bal e o mais antigo da região”, sendo o
maior parte dos jornais apresenta convida o cidadão a “único que cobre as notícias da zona”.
como principais secções a infor- ser repórter e a iden-
mação geral, política, sociedade, tificar os problemas | Títulos mais recentes |
cultura, desporto e opinião.Tudo do quotidiano do seu O concelho de Sines viu surgir em 1997
isto, numa abordagem essencialmente concelho, têm lugar o Notícias de Sines, um semanário
regional e local. De salientar que exis- assíduo em cada edi- adaptado às necessidades informativas
tem várias publicações destinadas à ção deste jornal. “Dar regionais deste concelho. A publicação
cobertura de cada um dos concelhos de voz às pessoas, ouvir visa “enaltecer as figuras da
Setúbal, em específico. os seus problemas, di- NOS ÚLTIMOS ANOS TEM- terra e noticiar os problemas
versificar os conteú- da região”, referiu o director,
-SE ASSISTIDO A UMA
| Experiência e Longevidade | dos oferecidos em ca- Alsídio Torres. A Economia é,
Criado em 1855 para, segundo o direc- da edição e informar CRESCENTE TENDÊNCIA a par das referidas secções
tor João Fidalgo, “ser um jornal inde- bem o leitor” são, pa- comuns às outras publicações
pendente e objectivo, capaz de formar ra Cristiana Vargas, a PARA AS PESSOAS SE do distrito, uma das que têm
leitores críticos”, O Setubalense é um mais valia desta publi- carácter fixo no Notícias de
exemplo de uma publicação regional cação. INFORMAREM SOBRE O Sines.
com experiência, longevidade e uma Não deixando de ser “Transmitir informação so-
considerável tiragem. “É a publicação uma publicação com QUE SE PASSA À SUA bre todo o litoral alentejano e
mais antiga do continente”, subli- várias décadas de divulgar a região” é, segundo
nhou o responsável. O jor- existência, o Jornal PORTA o director-adjunto, Marcos
nal centra-se na co- do Barreiro Leonardo, a principal meta
bertura noticiosa dos foi criado para “dar informa- do Litoral Alentejano, criado em 2001.
concelhos de Setúbal, ção sobre o Barreiro aos habi- A Rede Sem Mais é um grupo de comu-
Montijo e Palmela, re- tantes do concelho”, referiu o nicação do distrito de Setúbal que en-
feriu a editora de infor- director, Miguel Sousa. Além globa nove publicações e que começou
mação geral, Cristiana das secções comuns às publi- com um só título, a Sem Mais Revista,
Vargas. Rubricas fixas sobre cações do distrito, apresenta centrada em temas de Economia, Ensi-
associações, pessoas, ruas suplementos quinzenais de no, Ambiente, entre outros. Criado em
históricas, uma designada saúde, automobilismo e os 1998, o Sem Mais Jornal é diferente pa-
“Repórteres pela cidade” que cadernos do Barreiro, com te- ra cada um dos concelhos do distrito de
D.R.
ços logísticos, nas tecnologias da infor- Setúbal na 2:
Setúbal e encontra-se “virado para o jor- mação e nos recursos humanos e forma- Estreou, no dia 11 de Junho, na 2, o
nalismo de investigação abrangendo to- ção. programa semanal "Conhecer a Pe-
da a região”, referiu a chefe de redacção, nínsula de Setúbal" que promove a
Etelvina Baía. Os jornais Correio de Se- | Títulos Gratuitos | economia, paisagem e cultura da re-
túbal, Voz do Barreiro, “Distrito” e Palmela e, mais especificamente, a fre- gião. A iniciativa é da Associação para
“Concelho de Palmela Jornal integram guesia de Pinhal Novo conta com uma o Desenvolvimento Rural da Penínsu-
igualmente a rede Sem Mais. publicação que, sendo gratuita, chega fa- la de Setúbal (ADREPES).
Nem só os jornais desenham o panora- cilmente às mãos dos cidadãos do con-
ma de imprensa do distrito de Setúbal. A celho. “O jornal do Pinhal Novo foi cria- se informarem sobre o que se passa à
revista Logística Moderna é a prova dis- do para colmatar a lacuna que havia a sua porta”. Fundado em 2002, o Jornal
so. Foi fundada em 2002 para “ser um nível de cobertura noticiosa desta fre- de Setúbal surgiu para “criar mais uma
projecto de imprensa profissional e um guesia”, explicou a chefe de redacção, alternativa de informação para os se-
veículo de informação para os profissio- Ana Aldegalega. Criado tubalenses”, afirmou a chefe de re-
nais do sec- em 2000, o dacção, Fernanda Matos. Da mesma
tor da logís- A ECONOMIA É, A PAR DAS Jornal da Moita forma, criado em 2005, o jornal
tica” referiu segue a mesma Notícias de Almada, pretendeu “do-
REFERIDAS SECÇÕES
a directora lógica das publi- tar o concelho de Almada de uma
Dora Assis. COMUNS ÀS OUTRAS cações direccio- publicação independente, de
As secções nadas a cada um grande tiragem e que se pudesse
principais da PUBLICAÇÕES DO DISTRITO, dos concelhos do afirmar como a melhor forma de
publicação distrito de Setúbal, comunicar no concelho”, expli-
centram-se UMA DAS QUE TÊM CARÁC- “colmatando assim cou o director, Francisco Rito.
nos aconteci- o vazio informati- Estes jornais gratuitos integram
mentos do TER FIXO NO NOTÍCIAS DE vo sobre a Moita”, o grupo Losango Mágico e apre-
sector, nas referiu o chefe de sentam, na sua maioria, uma ele-
estratégias e SINES. redacção, Luís Gei- vada tiragem. Segundo o director,
soluções que rihas. E acrescentou Francisco Rito, “são financiados
envolvem as empresas, nos seus projec- que “nos últimos anos tem-se assistido a apenas pela publicidade”.
tos implantados e na prestação de servi- uma crescente tendência para as pessoas
Imprensa*
TÍTULO ORIGEM JORNALISTAS** TIRAGEM N.º PÁGINAS ASSINATURAS DISTRIBUIÇÃO SITE
* Dados fornecidos pelas próprios títulos; ** Com Carteira Profissional; (n. t.) Não tem.
Paulo Chaves
A Voz do cidadão
Acompanhar os cidadãos do distrito de Setúbal no seu quotidiano e gerar empatia,
é a principal meta das rádios da região | Por Daniela Gonçalves |
À distância de um
Setúbal na Web
clique
À distância de um
clique
Os cidadãos de Setúbal têm ao seu dispor os principais jornais do distrito, em
formato digital, que divulgam a actualidade informativa da região
| Por Daniela Gonçalves |
Paulo Chaves
ESE aposta na
Comunicação de Ciência
Na ESE a empregabilidade é
considerável. O próximo
D.R.
desafio é a Comunicação de
Ciência | Por Daniela Gonçalves |
| Classificados |
PA R A Q U E M P E N S A E E X E R C E A C O M U N I C A Ç Ã O
PA R A Q U E M P E N S A E E X E R C E A C O M U N I C A Ç Ã O
“DESDE QUE PERCEBA QUE HÁ ALI UM ASSUNTO INTERESSANTE ENTREGO-ME DE ALMA E CORAÇÃO. “
Mas não lhe parece que o próprio público Quando se refere a simplicidade não se trata ou são integrados numa narrativa políti-
busca essa informação superficial, pronta a de superficialidade... ca ou então ficam de fora, assim como a
consumir? Não! Posso comparar a simplicidade educação. Estamos sempre a ler politica-
Essa é uma visão do público que não àquela simplicidade mente as coisas, não te-
gosto de ter. Não me parece que seja o que encontramos nos HOJE O JORNALISMO É
mos outra capacidade de
gosto das pessoas a comandar as coisas, bons filmes, que são leitura para perceber os
acho que gostam de ouvir estórias, têm capazes de nos pôr em PRATICAMENTE UM acontecimentos. Hoje o
uma forma natural de lidar com elas e contacto com as refle- jornalismo é praticamente
se a estória for bem contada qualquer xões das coisas mais FENÓMENO DE PON- um fenómeno de pontos
assunto, mesmo o mais difícil, pode ser profundas da vida de febris que em determina-
tratado. O problema é que há determi- uma forma directa. Os TOS FEBRIS QUE EM da altura parecem domi-
nados assuntos que são grandes desafios bons filmes encontram nar totalmente o campo
para os jornalistas de hoje em dia: as- as boas fórmulas para DETERMINADA ALTURA da informação e do deba-
suntos bastante complexos, alguns deles nos falarem sobre a te. Tivemos o tsunami, de-
PARECEM DOMINAR
considerados aborrecidos relacionados morte, a eutanásia... pois o Papa, agora o Mou-
com a economia, com o que é adminis- TOTALMENTE O CAMPO
rinho e a seguir teremos o
trativo, ou com os planos do ordena- Existe o perigo de os Campeonato Nacional. Pe-
mento. Assuntos que o próprio jornalis- temas serem definidos DA INFORMAÇÃO E DO lo meio existem dois ou
ta considera “seca” e não faz nenhum apenas em função do que três pontos febris, exem-
esforço para investir nas melhores for- o público é ou não capaz DEBATE plo da Casa Pia.
mas narrativas que tornem o assunto de compreender?
aliciante para as pessoas. Alguns acontecimen- O que pensa das críticas diri-
tos são transportados ao longo do tem- gidas ao peso que a economia tem no
Fazer simples torna-se por vezes po. É o caso do futebol, uma espécie de jornalismo e que, inclusivamente,
complicado... telenovela, grande, esticada, de que to- condicionam a reportagem?
É preciso ser-se muito bom, muito com- dos os dias os jornais e as televisões des- A opção nos últimos anos tem sido
petente, e que o jornalista não seja pre- vendam pequeninos episódios, cons- apostar na pequena notícia, no modelo
guiçoso. truindo o argumento. O mesmo com a CNN: a notícia e o tratamento das coisas
política, damos uma pequena reporta- através do directo. É uma opção válida,
gem política porque isto vai acrescen- mas que implica um grande investimen-
tar alguma coisa ao primeiro-mi- to e um grande esforço económico no
nistro poder manter o estado de sentido de modelar as estruturas das re-
graça ou de perder as eleições dacções para isso, ter bons estúdios, ter
na próxima semana... O equipamentos de exterior que são caros.
problema é que esse con- O problema surge quando temos esse
junto de assuntos começa modelo moldado e queremos fazer ou-
a estreitar-se muito.Tudo tro tipo de jornalismo, ou uma reporta-
aquilo que é novo na gem ou outra coisa qualquer. É sempre
agenda e que não tem um estilo de jornalismo colonizado: pe-
esse comboio que per- ga-se em dois ou três jornalistas que
mite ao espectador ir têm de trabalhar com operadores de câ-
permanentemente en- mara que estão sujeitos à agenda do dia
quadrando todas as pe- a dia que é sempre imperativa. A grande
quenas notícias que vão reportagem tem sido sempre vista por
surgindo, vai sendo esque- esse prisma; ou seja, por ter sido sempre
cido e postos de lado. feita de forma colonizada, trabalhou-se
sempre no mínimo. Quem quiser apos-
Como por exemplo? tar na grande reportagem terá de pensar
A ecologia, ou a saúde. Estes temas nas condições do modelo que possam
“O MODELO DE INFORMAÇÃO QUE TEMOS NOS VÁRIOS CANAIS É TODO MUITO IGUAL: MUITO CENTRADO SOBRE O INSTANTE.”
| Investigação em Comunicação |
Relatórios apontam tendências mundiais
Bons ventos
para os media
Os tempos de crise nos media parecem já ter
desaparecido, pelo menos a avaliar pelos
relatórios da World Association of
Newspapers e da Global Advertising Report
| Por Luís Bonixe |
Casa da Imagem
De acordo com o relatório da World As- aumento de 4,8 por cento
sociation of Newspapers (WAN), a ven- nas vendas de jornais em todo o mun- Para além de Portugal e da Polónia, na
da mundial de jornais aumentou 2,1 do. O relatório da WAN sublinha, contu- União Europeia registaram subidas nas
por cento ao longo do último ano. A do, que o crescimento das vendas não se vendas a Estónia (2,39%), a Áustria
WAN justifica os valores alcançados com verificou de igual forma em todo o pla- (1,9%), a Espanha (1,31%), a Bélgica
a fase de renascimento dos periódicos, neta. A América do Sul com 6,3 por cen- (0,54%), a Finlândia (0,53%) e a Itália
marcada pelo aparecimento de to e África com (0,19%). Em oposição, a Eslováquia
novos produtos, formatos, títulos um aumento de 6 (5,14%) e a Hungria (4,55%) foram os
AO NÍVEL DOS MER-
e enfoques editoriais. Este au- por cento foram países onde a quebra de vendas em
mento representa vendas diárias CADOS, O ASIÁTICO É os continentes 2004 foi mais acentuada.
mundiais na ordem dos 395 onde o incre- Em relação aos últimos cinco anos, foi
milhões de exemplares. Os dados AQUELE PARA O QUAL mento foi maior no Reino Unido que se verificou a
constam do relatório elaborado em 2004 quando maior descida de circulação de jornais
anualmente pela WAN que estu- SE PREVÊ O MAIOR comparado com registando uma queda de 11,41 por
da as tendências da imprensa o ano anterior. cento, por oposição à Polónia, que no
mundial, baseando-se nos mer- CRESCIMENTO NESTE Por contraste, os mesmo período alcançou um aumento
cados de 215 países, incluindo mercados da Eu- na circulação de 43,99 por cento.
ANO.
Portugal. ropa e da Améri-
Ainda, de acordo com a mesma ca do Norte des- | Publicidade a crescer |
organização, que considera os valores ceram as vendas em 1,4 por cento e 0,2 As receitas de publicidade nos jornais
agora atingidos como “extraordinaria- respectivamente. também sofreram um aumento signifi-
mente positivos”, foram as vendas regis- Dos cinco maiores mercados mundiais, cativo no ano passado. Os valores indi-
tadas nos mercados emergentes dos paí- três encontram-se no continente asiático cados são de 5,3 por cento, em compa-
ses em vias de desenvolvimento que (China, Japão e Índia). Os Estados Uni- ração com os 2 por cento registados no
mais contribuíram para o crescimento a dos da América e a Alemanha comple- ano anterior. Os jornais são, logo a se-
nível mundial. Apesar disso, Timothy tam a lista. Contrariando a tendência guir à televisão, o meio de comunicação
Baldy, director geral da WAN, lembra mundial, a União Europeia registou social onde mais se investe em publici-
que, nos últimos doze meses, nos mer- uma quebra no ano passado de 0,7 por dade, um cenário que a WAN espera
cados tradicionais também se verificou cento na circulação de jornais e 0,4 por que se mantenha durante os próximos
um acréscimo de vendas. cento nas vendas dos últimos cinco anos. Significativo é o facto das receitas
Nos últimos cinco anos registou-se um anos. oriundas da publicidade nos jornais dos
| Investigação em Comunicação |
No capítulo do inves-
timento publicitário,
o ano de 2005, de
acordo com o relató-
rio da GAR também
será favorável a Por-
tugal. Estima o estu-
do que, nos seis
meios de comunica-
ção social, o investi-
mento publicitário
deverá crescer 5,1
por cento em relação
ao ano anterior. Con-
trariando a tendência
mundial, a maior
quota de investimen-
to publicitário em
Portugal não está
destinada para a In-
ternet, mas sim para
Casa da Imagem a televisão. Estima o
GAR que deverá cres-
Estados terem aumentado no último prensa com 3,9 por cento, a rádio e os cer 8 por cento em relação a 2004. O
ano em 3,93 por cento, quando em outdoors com 3,7 por cento. investimento em publicidade na rede
2003 tinham registado apenas 1,9 por Ao nível dos mercados, o asiático é global deverá crescer 6 por cento este
cento. aquele para o qual se prevê o maior ano, muito abaixo dos 20,4 registados a
Se 2004 foi um bom ano para os jornais crescimento neste ano, devendo atingir nível mundial. A rádio e o outdoor de-
no que aos investimentos publicitários 21,5 por cento da quota universal, en- verão crescer apenas 2 por cento.
diz respeito, para este ano a tendência quanto que a Europa deverá possuir
parece manter-se, pelo menos a avaliar uma quota mundial de 22,4 por cento | Casos à parte |
pelo relatório da Global Advertising Re- (em 2000 tinha 26 por cento) e a Amé- A Internet e a circulação de jornais gra-
port (GAR) que estima que o investi- rica do Norte também deverá descer dos tuitos constituem, segundo o relatório
mento publicitário deverá crescer cerca 48,3 por cento que tinha em 2000, para da WAN, dois fenómenos de crescimen-
de 5,8% em relação ao último ano. Este 46,2 por cento em 2005. to. No caso dos sites jornalísticos o trá-
valor representa, mesmo assim, uma fego aumentou 32 por cento no último
quebra no crescimento verificado em | O caso português | ano, e 350 por cento em relação aos úl-
2004 quando se atingiu, a nível global, Portugal acompanhou o ritmo de cresci- timos cinco anos. A esta crescente pro-
um aumento comparado com o ano an- mento da venda mundial de jornais ten- cura correspondem também significati-
terior de 8,1 por cento. De qualquer do registado uma subida em 2004 de vos aumentos nas receitas publicitárias
forma, a perspectiva da GAR aponta para 5,78 por cento. Só a Polónia, no contex- que aumentaram 21 por cento no últi-
a tendência de subida verificada desde to da União Europeia, alcançou valores mo ano.
2002. mais elevados no último ano, com Quanto aos jornais gratuitos, o relatório
A Internet é o meio de comunicação pa- 15,21 por cento. De acordo com o rela- da WAN classifica a sua implementação
ra o qual se prevê o maior crescimento tório da WAN, Portugal foi também um de “impressionante”. A sua distribuição
de investimento publicitário, na ordem dos países no espaço europeu onde se representa em Espanha 40 por cento do
dos 20,4 por cento a nível mundial. Se- tem verificado um maior crescimento mercado, em Itália 29 por cento e na
guem-se o cinema com 8,2 por cento e na distribuição de jornais gratuitos re- Dinamarca 27 por cento.
a televisão com 6,2 por cento, a im- presentando 25 por cento do mercado.
| Aula Aberta |
| Instituições da Comunicação |
APMP - Associação para a Promoção do Multimédia em Portugal
Portugal na linha
da frente
APMP promove a indústria nacional de multimédia e aposta na formação de
quadros | Por Daniela Gonçalves |
D.R.
Numa sociedade em tores de conteúdos, operadores de tele-
que o poder assenta na comunicações, editores, empresas de
informação e no co- comunicação social, operadores de tele-
nhecimento, é crucial visão, empresas de publicidade, estabe-
que todos os especialis- lecimentos de ensino e de formação, ca-
tas e intervenientes na racterizou o Presidente. Porém, referiu
área do Multimédia se que nem tudo é favorável. Isto porque a
mobilizem para tornar APMP é uma sociedade sem fins lucrati-
Portugal num país mais vos, não sendo “ainda reconhecida co-
competitivo, pensa o mo entidade de utilidade pública”, mui-
Presidente da APMP, to embora “o processo de obtenção
Francisco Miguel. Justi- deste estatuto já esteja a decorrer”, ex-
fica ainda, “as novas plicou o responsável.
tecnologias e a socieda- Para este ano, Francisco Miguel aposta
de da informação colo- no “relançamento” da APMP, daí que es-
cam ao conjunto das tejam já previstas conferências e debates
Francisco Miguel, Presidente da APMP nossas sociedades um sobre multimédia. O Governo Electróni-
enorme desafio”, sendo co e a Indústria Nacional de Conteúdos
“Apoiar a consolidação do mercado de neste contexto que a APMP desenvolve a estiveram no centro do primeiro debate
produtos e serviços multimédia interac- sua actividade. deste ano, realizado em Maio. A forma-
tivos em Portugal; reforçar a competiti- A experiência nacional e ção é uma prio-
vidade empresarial do sector e dinami- internacional da APMP, “AS NOVAS TECNOLOGIAS E A ridade para a
zar a definição de políticas para o sector na área do Multimédia, APMP, desta for-
multimédia” são os principais objectivos principalmente na for- SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ma, está igual-
da Associação para a Promoção do Mul- mação de quadros, nas mente prevista a
timédia (APMP) em Portugal, explicou à acções de Marketing, e “a COLOCAM AO CONJUNTO DAS apresentação de
Media XXI o Presidente da instituição, motivação e dinamismo” projectos nesta
Francisco Miguel. Criada em 1996, a dos associados, são, se- NOSSAS SOCIEDADES UM área, referiu o
APMP pretende “colocar Portugal na lin- gundo Francisco Miguel, Presidente. “Ser-
ha da frente da sociedade digital”, pro- “os ingredientes que ENORME DESAFIO”. vir a causa do
movendo a indústria nacional de Multi- constituem os pontos progresso na-
média, acrescentou. A associação é fortes da associação”. E acrescenta que cional neste tempo único de transição e
privada, sem fins lucrativos e conta com “são quase 10 anos de experiência a tra- viragem” é a filosofia de actuação da
mais de 3 dezenas de associados das balhar com e para a indústria multimé- APMP, acrescentou o responsável.
mais diversas áreas. dia”. Os associados da APMP são produ-
| Centros de Conhecimento |
Centro de Investigação em Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve
Foram dois os principais objectivos que veis, jogos, e outros), e fazer uma análi- dos alunos para o mercado de trabalho,
conduziram à criação do Centro de In- se comparativa, é a meta do principal explicou o Professor Vítor Reia.
vestigação em Ciências da Comunicação projecto em curso no CICCOM, o ME- Na agenda deste ano encontram-se pro-
da Universidade do Algarve (CICCOM), DIAPPRO - Media Aproppriations. Está jectos na área dos estudos de género, da
em Fevereiro de 2004, referiu o direc- também a ser desenvolvida uma investi- comunicação ambiental, das Linguagens
tor, o Professor Vítor Reia. Por um lado, gação sobre “alguns estereótipos na im- Fílmicas e Novos Suportes (curso de Ve-
apostar “nos projectos internacionais de prensa desportiva, formas de comunica- rão), e dos estudos de opinião e sonda-
investigação e desenvolvimento que a ção nos Blogues, conceitos de gens. Ao CICCOM caberá igualmente “a
UALG tinha em curso, designadamente europeísmo na imprensa, alteração de organização das III Jornadas de Comuni-
os projectos EDUCAUNET – Programa linguagens nas cação da Universidade do
de Educação Crítica para a Utilização da mensagens SMS, Algarve”, acrescentou o
Internet e o MEDIAPPRO – Media e estudos no responsável.
Aproppriations”. Por outro, fazer inves- campo do cine- A colaboração do CICCOM
tigação em Comunicação, aproveitando ma”, justificou com os órgãos de comuni-
as capacidades dos profissionais da Vítor Reia. cação social do Algarve é
UALG, explicou o responsável. Afirmou que colaboram no CICCOM uma questão central para Vítor Reia. A
Avaliar o modo como os jovens estudan- cerca de vinte investigadores, a saber: parceria foi alargada também à região
tes de sete países europeus e do Canadá professores doutorados, alunos de dou- da Andaluzia, existindo uma “colabora-
utilizam os media, sobretudo as novas toramento e mestrado e ainda “vários ção próxima” com o Grupo COMUNI-
tecnologias da comunicação (telemó- investigadores estrangeiros que acom- CAR de Huelva.
panham trabalhos Apesar do centro de investigação estar
pós-doc”. Em vista, ainda a dar os seus primeiros passos, já
está a criação de uma foram traçadas algumas conclusões no
revista científica de projecto EDUCAUNET que “são de al-
comunicação e do gum modo inéditas”, para Vítor Reia.
portal do CICCOM. Em vez de tratar os problemas de segu-
“Dar visibilidade aos rança no uso da Internet, e as suas con-
resultados dos dife- sequências, como por exemplo restrição
rentes projectos” é a e proibição de navegação, optou-se pela
principal finalidade “via do conhecimento e da responsabili-
da futura publicação zação, logo pela via da utilização em
e do portal, muito consciência dos riscos”, rematou o di-
embora seja valori- rector do CICCOM.
D.R.
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EDIÇÃO 81 6/9/70 9:24 PM Page 78
Hambúgueres
saudáveis?
As marcas mudam e evoluem. A McDonald’s
acompanha o pulsar da sociedade e revela ao
mundo as suas preocupações com a
alimentação e a vida activa | Por Paula dos Santos Cordeiro |
Os últimos anos têm sido mais longe. Os últimos dois anos não
particularmente difíceis, com uma têm funcionado muito em função da
conjuntura pouco favorável ao criatividade das campanhas, contudo,
investimento publicitário. No seu enten- por mais que a publicidade tenha uma
der, quais têm sido as principais vertente de entretenimento, não podemos
dificuldades e as alterações de descurar a relevância e a originalidade.
mercado?
As dificuldades têm sido muitas, Paralelamente à crise, vivemos uma altura de
contudo, não são tanto económicas excesso de comunicação, particularmente co-
como se tem feito pensar. Para a mercial. Como se consegue continuar a
criatividade, influenciar as
a crise tem NO CASO DA BATES RED CELL, GOS- pessoas?
sido a des- As pessoas, a socie-
culpa para TAMOS DE ESTAR, NÃO UM, MAS dade e os gostos
evitar cam- mudam. O essen-
panhas mais DOIS OU TRÊS PASSOS À FRENTE E cial para a publici-
arriscadas e dade e a comunica-
para reduzir CONSEGUIR LEVAR AS MARCAS ção é estar sempre
as margens em contacto, em
de investi- CADA VEZ MAIS LONGE. relação com essas
mento. Pare- mudanças, saber
ce-me que se trata de um discurso sempre o que é a actualidade das pesso-
algo artificial face aos resultados as e tentar adiantar o que vai ser o
reais das principais empresas. amanhã. Os criativos alimentam-se do
quotidiano da vida das pessoas e do
Não estarão estes factores de crise as- consumidor para terem ideias.
sociados ao aumento do número de
agências a trabalhar em Portugal? Para além da estratégia desenvolvida para
Esse aspecto traduz-se numa difi- cada anunciante, que é sempre diferente, o
culdade acrescida, mas mesmo os que diferencia as agências de publicidade?
clientes mais antigos das agências Diz-se que são as ideias… Não há ne-
usam esses argumentos para não nhuma agência que não se auto-intitule
aceitarem campanhas mais origi- criativa… Seja como for, é a criatividade
nais. No caso da Bates Red Cell, que faz a diferença. Quanto melhores
gostamos de estar, não um, mas forem as ideias, do ponto de vista do
dois ou três passos à frente e con- consumidor, melhor será considerada a
seguir levar as marcas cada vez agência. Há também, um cliente perfei-
história e que, ao mesmo tempo, faz esteja viciado. As ideias estão a acontecer cada um com a sua importância. A ques-
memorizar a marca. Um anúncio que em todo o lado, só é preciso saber usá- tão central é a da relevância da comuni-
serve para entreter e que é interessante, -las. Os anúncios mais populares são os cação num dado momento. Certos
se tiver uma exposição suficiente, acaba que dizem respeito ao dia-a-dia das pes- anúncios, mesmo que sejam aborreci-
por ficar na memória do consumidor. soas. A publicidade alimenta-se da socie- dos, se tiverem relevância para um deter-
Há inclusivamente estudos internacio- dade, mas dá também um retorno, con- minado consumidor, num dado momen-
nais que provam que a criatividade ven- tribuindo para a sua evolução. to, resultam. Contudo, se se tratar de um
de e é com base nesta premissa, que na anúncio engraçado, inovador e estimu-
Bates temos trabalhado. HÁ UM RECEIO MUITO GRANDE EM lante, vai conseguir estabelecer laços
emocionais com o consumidor, inde-
Foi recentemente escolhida para integrar o MOSTRAR ALGO QUE NÃO pendentemente do momento, ou da re-
júri do Festival El Sol e, tanto quanto sei, levância.
também já participou noutros festivais, CORRESPONDA À IDEIA DE
nomeadamente Cannes. Qual o valor dos Mas as pessoas cada vez mais abandonam a
«JOVEM BONITO E BEM VESTIDO»
prémios? TV em função de outros meios…
Cada vez mais, até porque os anuncian- E, COM ISSO, CORRE-SE O RISCO Acho excelente que haja uma dispersão
tes vêm sendo integrados nos festivais dos públicos por outros meios, porque
para aumentar e melhorar esta percep- DOS ANÚNCIOS PARECEREM assim, só vão estar na televisão os anun-
ção em relação à criatividade. ciantes com capacidade para investir
TODOS IGUAIS. nesse meio, e os anúncios mais relevan-
Como se desenvolve este processo em que a tes. Se todos achamos que os blocos de
publicidade influencia o público e se deixa publicidade em Portugal são muito
influenciar por aquilo que, num dado grandes, esta dispersão vai fazer com
momento, se passa na sociedade? Quais são as grandes tendências da que também os anunciantes se disper-
É um círculo vicioso e que espero, não publicidade moderna? sem por outros meios, aliviando a carga
Se a publicidade quer ser cria- publicitária em cada um.
tiva e original, não pode de-
pender ou seguir tendências. Outro desafio que se coloca tem a ver com
Ao nível dos suportes, estamos uma tendência demográfica na Europa e nos
claramente no tempo do mar- Países da América do Norte, de
keting relacional, em que se envelhecimento da população. Já se nota
tenta contactar o consumidor essa tendência na publicidade que se faz em
das formas e nos locais mais Portugal?
inesperados, cada vez menos Não. Já tentei, com produtos e clientes
nos mass media. A eficácia des- diferentes, falar segmentadamente para
tes meios alternativos é muito esse mercado e não consigo, não só por-
difícil de definir, mas desde que Portugal é um país muito conserva-
que consigamos fazer publici- dor, mas porque talvez se esteja à espera
dade que estabeleça laços com que no estrangeiro se comprove esta
o consumidor, ele vai deixar-se tendência. Há um receio muito grande
envolver. em mostrar algo que não corresponda à
ideia de «jovem bonito e bem vestido»
No seu entender como perspectiva e, com isso, corre-se o risco dos anún-
o futuro da comunicação publicitá- cios parecerem todos iguais. A publici-
ria? Será a Internet o veículo do dade tem, acima de tudo, de reflectir a
futuro para este tipo de realidade, ser credível para o consumidor
comunicação? e gerar identificação com o consumidor
Acho que não há um veículo, representando essa mesma realidade.
mas um conjunto de veículos e
| Vizinhança Mediática |
| Lá Fora |
How
nanotechnology will
revolutionize new
| Tyrone L. Adams* |
ted” or “open” circuit. Please recall that computers work en very successful in guiding us through microcircuit en-
off of binary logic. That is, computers think in 0s and 1s. gineering to this point.
Using complex algorithmic calculations, framed by smaller Microcircuit engineers are perplexed as to what can be do-
bits and bytes of predetermined logic libraries, our com- ne. Yet, there is significant excitement about a new branch
puters can do things as simple as allow us to play solitaire of nanoscience called “spintronics.” In spintronics, nano-
or write a word-processed document (like I am doing circuit engineers are trying to determine the “spin” of a
right now). To put is more simply, our computers basically single electronic – either clockwise or counter-clockwise –
run because we can make energy (in this case electricity) as it comes down a carbon nanotube engineered shaft. If
perform to the “code” of binary logic. the electron is moving clockwise, then the binary logic is a
Now, what does all of this have to do with nanotechno- 1. If the electron is moving counter-clockwise, then the
logy? Well, quite a bit ac- binary logic is a 0. The difference in
tually. Today’s computer IT IS MY OPINION THAT WE ARE ON THE this model is that nanocircuit engi-
chips (also known as the neers are harnessing the flow of one,
EDGE OF A RAGING NEW ARENA OF
central processing unit or single energy-charged electron. On
CPU) condense these small SCIENCE THAT WILL MATURE WITHIN THE
the other hand, microcircuit engine-
circuits by the millions to ers are looking at the flow of thou-
fit on a slice of silicon wa- DECADE. sands of electrons between a traditio-
fer. It is truly amazing that nal circuit. Obviously, once IBM,
we have come so far, so fast, THESE DISCOVERIES – WHICH ARE HUN- Intel, or AMD master the concept of
when you stop to think spintronics, the notion of Moore’s
about it for a moment. Not DREDS MORE THAN I HAVE LISTED HERE Law will be as outdated as the idea
50 years ago, the “digital that the world is flat.
binary” age began at Texas WITH SPINTRONICS – WILL NOT ONLY It is my opinion that we are on the
Instruments, and we have edge of a raging new arena of scien-
USHER IN NEW PRODUCTS THAT WILL
given birth to new media ce that will mature within the deca-
devices that magnify the CHANGE THE WAY THAT WE USE AND de. Likewise, these discoveries –
ideologies that use them by which are hundreds more than I ha-
turning information into a ABUSE NEW TECHNOLOGIES AND MEDIA, ve listed here with spintronics – will
power currency. not only usher in new products that
But, there is a small pro- THEY WILL REINVENT THE PROCESSES BY will change the way that we use and
blem with the current use abuse new technologies and media,
of microcircuits. Intel WHICH THINGS ARE MADE. they will reinvent the processes by
founder Gordon Moore on- which things are made. In the futu-
ce predicted in the 1960s that the amount of chips that re, your computer may not only be the size of a deck of
could be placed on a silicon wafer would double every 14- playing cards, but it may be constructed from the atom up.
18 months. This theory, which has stood the test of time I believe that the smart investor should boldly move into
until recently, has been referred to as Moore’s Law. You see, true nanotechnology stocks, and wait it out for 10-15 ye-
the main problem with Moore’s Law is that the issue of ars. This is a science rich in promise, and technology has
magnetic radiation had not been taken into consideration. nowhere to go but to get smaller. The next level down is
Microprocessor engineers have learned that, indeed, they nanoscience. It is not a matter of “if,” it is a matter of
can continue to reduce the number of chips on a silicon “when.”
surface. But, they have reached a point where the magne-
tism and radiation coming from neighboring circuits on
the wafer is, literally, melting the circuits upon themselves.
In short, the chipsets are getting too hot, and are unable to * Ph.D. Richard D’Aquin Associate Professor of Communications
be cooled by traditional means – like motorized fans. Mo- The University of Louisiana
ore’s Law is not holding up in the 2000s, though it has be-
EDIÇÃO 81_1 6/9/70 9:36 PM Page 86
| Instituições da Comunicação |
Formação e convergência entre os jornalistas da Europa
European Journalism
Centre
Centro de formação de jornalistas promove a qualidade das competências
profissionais dos jornalistas europeus | Por Filipa Cerol Martins |
| EuroMedia |
Casa da Imagem
i2010
O programa i2010, Sociedade Europeia da Informação, sucede ao eEurope 2005 e
aposta na banda larga para Portugal | Por Inês Rodrigues (em Bruxelas) |
Vivianne Reading, comissária europeia informação e a comunicação são duas apareceram novos serviços como o "born
para os media e a sociedade de informa- das bases tecnológicas essenciais de digital" e o software interactivo. A con-
ção, apresentou em Junho, na comissão crescimento na Europa, dado que um vergência da sociedade de informação
parlamentar da Cultura e Educação no quarto do PIB europeu e 40% da sua numa realidade digital está finalmente a
Parlamento Europeu, o programa qua- produtividade são provenientes das TI. tornar-se quotidiana e, na realidade, as
dro estratégico i2010, “i2010: Socieda- Além disso, algumas das diferenças de TI são cada vez mais inteligentes, pe-
de Europeia da Informação 2010”. Este performance económica entre os países quenas, seguras e rápidas, com conteú-
programa quadro tem como principal da UE são verdadeiramente explicadas dos multimédia em três dimensões.
objectivo, a promoção de um espaço pelo nível de investimento nas TI, tanto Segundo a Comissária, politicas pro-activas
económico digital aberto e competitivo, na sua investigação como no seu uso, e são essenciais para responder a estas
através das tecnologias de informação pela competitividade da industria dos mudanças fundamentais na tecnologia.
(TI). As TI são consideradas hoje em dia media e da comunicação. A convergência digital precisa de uma
pelos centros decisórios europeus uma Nos últimos anos, o desenvolvimento politica dessa convergência e facilidade
fonte importante de crescimento do ní- das tecnologias teve um crescimento ex- de adaptação aos novos quadros regula-
vel da qualidade de vida em cada Estado ponencial, só possível pela multiplicação dores. Neste cenário, a comissão propõe
Membro. O i2010 será a ferramenta da indústria das comunicações, telemó- três prioridades integradas na política
chave da Estratégia de Lisboa para o veis e serviços on-line e mesmo os cha- europeia para os media e a sociedade de
crescimento e emprego, de forma a mados "conteúdos tradicionais", como informação: a criação de um espaço eu-
cumprir as metas previamente definidas. vídeos, filmes e música, já estão disponíveis ropeu único de informação com o fim
Para a Comissária Vivianne Reading, a em formato digital. Neste "boom" também de promover um mercado interno aber-
Casa da Imagem
ciedade de Informação Europeia tal, ca-
paz de promover o emprego e a oferta
de trabalho de forma consistente com
um desenvolvimento sustentável que dê
prioridade a um melhor serviço público
e qualidade de vida.
| O novo ciclo |
Para Vivianne Reading, as coisas estão
claras, pois a União Europeia está a pre-
parar-se para dar um novo empurrão à sociedade da informação mais inclusiva rar ultrapassar as divisões sociais e geo-
Estratégia de Lisboa. A comissária enten- e abrangente, a estratégia i2010 está de- gráficas no seio da Europa no que con-
de ser urgente desenvolver propostas de finida para os próximos cinco anos e cerne à problemática da iliteracia digital.
actualização dos quadros legais para as conta com o financiamento do sétimo Considerando os principais concorren-
comunicações electrónicas, a sociedade Programa-Quadro para a Investigação, tes da Europa, a comissária europeia es-
de informação e os media, visando ex- bem como o Programa de Competitivi- pera que, com este quadro regulamen-
plorar a totalidade do mercado interno, dade e Inovação (CIP). tar, muito em breve, metade dos lares
recorrendo ao uso dos instrumentos fi- portugueses estejam ligados à Internet
nanceiros da comunidade para estimular | Conteúdos mais ricos | de alta velocidade, procurando acom-
o investimento estratégico na investiga- Em paralelo, a aposta centra-se no de- panhar a penetração e a velocidade das
ção. Para isso, os Estados Membros, atra- senvolvimento de um plano de acção ligações existentes em outros países, pa-
vés dos programas nacionais a serem ra assim, promover a competitivi-
adoptados em Outubro de 2005, devem A COMISSÁRIA ENTENDE SER URGEN- dade. Espera-se que a banda larga
definir as prioridades para o desenvolvi- continue a implantar-se, bem co-
mento dos instrumentos da Sociedade TE DESENVOLVER PROPOSTAS DE mo a convergência entre a Inter-
de Informação no seu país. Esses progra- net, telefone e a televisão, para for-
mas terão como finalidade dotar os esta- ACTUALIZAÇÃO DOS QUADROS LEGAIS talecer o mercado interno na área
dos membros de capacidade para uma das telecomunicações e serviços
rápida adaptação ao novo quadro regu- PARA AS COMUNICAÇÕES ELECTRÓNI- digitais.
lador, aumentar a despesa nacional em Um dos grandes objectivos deste
investigação e inovação, e desenvolver CAS, A SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO E i2010 é o desenvolvimento de um
serviços públicos digitais operativos. mercado europeu no domínio dos
OS MEDIA.
Neste contexto, os Estados membros te- conteúdos multimédia e on-line,
rão que reportar anualmente a Bruxelas de acordo com a cultura europeia
os seus avanços na implementação do para serviços de governo electrónico e as diferentes identidades dos países
programa de acordo com o ciclo da Es- (eGovernment) a avançar já em 2006. A que a constituem. Trata-se de fazer
tratégia de Lisboa. A comissária infor- qualidade de vida está também incluída frente à oferta dos mercados mundiais,
mou também que a Comissão Europeia, neste programa de acção, nomeadamen- fortalecendo o sector e dinamizando
iniciará um diálogo com investidores te no que respeita a tecnologias para o um mercado interno ainda incipiente.
privados para o desenvolvimento deste apoio aos idosos, veículos inteligentes e As medidas passam pela simplificação
programa e os serviços baseados nas bibliotecas digitais, com arranque pre- da regulação e o apoio ao investimen-
tecnologias de informação e comunica- visto até 2007. O plano e-Inclusion, to, conforme explicou Viviane Reding.
ção. Com o objectivo de promover uma marcado para o ano de 2008 irá procu-
francês
Rádios Livres,
ou nem
tanto...
Em França, mantém-se a discussão em torno do paradoxo entre financiamento e
liberdade de expressão para as rádios associativas | Por Sayonara Leal, em Paris |
Falar do binómio financiamento e inde- Mas, desde a origem das rádios locais raio de 15 a 30 km de extensão.
pendência nos remete directamente para que persiste o problema da auto-sus-
o princípio de liberdade de expressão tentabilidade. O voluntariado é a base | Regulação |
historicamente reivindicado pelo movi- de funcionamento destas rádios e, o as- Os dois órgãos públicos que regulam o
mento de rádios livres desde a década pecto financeiro, está atrelado ao carác- sistema audiovisual francês são: o Minis-
de 1970. Na altura, o sector de comuni- ter de independência e liberdade de tério da Cultura e das Comunicações e o
cações estava predominantemente sob expressão das rádios livres. Conselho Superior do Audiovisual
monopólio estatal e privado em todo o A legislação francesa enquadra estes (CSA). Este último conta também com a
mundo. Tanto em países europeus como meios de comunicação na categoria estrutura dos chamados Comités Técni-
nos latino-americanos multiplicaram-se (A) de serviços privados não-comer- cos Radiofónicos – CTR, instalados em
as demandas pela liberação das ondas ciais, com vocação para serem de pro- 12 regiões da França Metropolitana e
sob a égide das rádios pira- nos territórios franceses do além-
tas. O engajamento sócio- mar. Existem na França metropoli-
político e cultural e uma O VOLUNTARIADO É A BASE DE FUNCIONAMENTO tana 547 rádios associativas em
comunicação independente, funcionamento, o que representa
DESTAS RÁDIOS E, O ASPECTO FINANCEIRO, ESTÁ
desatrelada do poder eco- 24,9% do total das frequências au-
nómico, formavam o espíri- ATRELADO AO CARÁCTER DE INDEPENDÊNCIA E torizadas pelo CSA (dados do CSA
to das rádios locais não-co- de 31 de Dezembro de 2003). As
merciais. O caso francês de LIBERDADE DE EXPRESSÃO DAS RÁDIOS LIVRES. rádios associativas que cumprem as
radiodifusão não-comercial normas de funcionamento previs-
é bastante paradigmático tos na lei, sobretudo o respeito ao
por se tratar de um dos primeiros países ximidade, comunitárias, culturais ou seu carácter não-comercial, têm acesso
na Europa a legalizar o funcionamento escolares. A sua programação deve ser ao Fundo de Suporte à Emissão Radiofó-
de rádios livres a partir da lei do audio- de interesse local, com a obrigatorieda- nica – FSER - criado em 1982, mantido
visual de 1982 que inaugura a denomi- de de apresentarem um mínimo de por uma taxa parafiscal sobre as receitas
nação de rádios associativas. quatro horas por dia de difusão de publicitárias das rádios e televisões pri-
O movimento de rádios livres na França conteúdos próprios entre 6h e 22h. So- vadas comerciais. Este é um mecanismo
nasce em contraposição ao monopólio mente associações e fundações sem fins de subvenção pública para a instalação,
estatal sobre o sector audiovisual e a fa- lucrativos legalmente constituídas po- manutenção, compra e renovação de
vor da democratização da exploração e dem demandar a exploração deste ser- equipamentos. Mas, para que as rádios
do acesso ao serviço de radiodifusão. viço. Essas rádios podem operar num associativas que se beneficiam de verbas
Casa da Imagem
publicitárias recebam a ajuda do
Fundo elas devem obedecer ao
dispositivo da lei 86-1067 de 30
de Setembro de 1986, que limita
em menos de 20% a publicidade
sobre o total de receita da rádio.
Aquelas que são atendidas pelo
fundo podem receber anualmente
o máximo de 40 000 euros de
subvenção para a sua manutenção.
| Financiamento |
A questão do financiamento assu-
me lugar privilegiado nos espaços
de debate sobre a dinâmica do sis-
tema associativo de radiocomuni-
cação francês. Os dois órgãos re-
presentativos das rádios de
categoria A na França, o Sindicato
Nacional de Rádios Livres – SNRL – e a presidente da rádio, Jean-Marie Chauo- rin, presidente do SNRL, muitas rádios
Confederação Nacional de Rádios Asso- llet. Esta é uma rádio associativa de cen- da categoria A beneficiadas pelo fundo
ciativas – CNRA – compartilham a preo- tro social que funciona com 38 voluntá- difundem quase 20 horas por dia de
cupação sobre os critérios e restrições rios e dois assalariados que não recorre conteúdos de redes nacionais de rádios,
das subvenções oriundas do Fundo de à publicidade. como as rádios diocesanas integradas à
Sustentação à Expressão Radiofónica. Pa- Para o SNRL, hoje, o que compromete o Rede Rádio Cristã na França que trans-
ra as duas entidades, as rádios associati- financiamento das rádios de categoria A mitem a Rádio Vaticano. Para o sindica-
vas francesas cumprem missões de ser- é a deturpação do princípio de equidade to, estas emissoras não têm as caracterís-
viço público, sendo assim actores no procedimento de concessão dos sub- ticas de rádios locais associativas
sócio-culturais importantes independentes, como prevê a lei. “Não é
nas localidades onde emitem. justo financiar identicamente uma rádio
Da parte do CNRA, o ponto A QUESTÃO DO FINANCIAMENTO ASSUME independente que realiza quase a totali-
crítico do debate sobre o dis- dade de seus programas e uma outra,
LUGAR PRIVILEGIADO NOS ESPAÇOS DE
positivo do financiamento simples repetição local de uma rede na-
destas rádios está nas receitas cional, que concebe menos de 20%”,
DEBATE SOBRE A DINÂMICA DO SISTEMA
necessárias ao FSER para sus- explicam Bouttarin e Andruccioli. Na
tentar a economia das rádios ASSOCIATIVO DE RADIOCOMUNICAÇÃO verdade, questões como princípios de-
de categoria A na França. ontológicos, profissionalização dos ani-
Muitas rádios associativas so- FRANCÊS. madores e do serviço prestado pelas
brevivem dos recursos finan- emissoras perpassam a discussão sobre o
ceiros concedidos pelo fundo, financiamento e a independência das ra-
não contando com ne-nhuma outra sídios do FSER. O sindicato defende um diodifusoras associativas na França.
fonte sustentável de receita. Este é o caso quadro legal que garanta a subvenção Aquilo que pode orientar a continuida-
da Rádio Pacot Lambersart- RPL -, loca- daquelas rádios associativas indepen- de do sector de radiodifusão não-co-
lizada no norte da França, na região me- dentes e engajadas em projectos de co- mercial é a garantia da sua sustentabili-
tropolitana de Lille. A subvenção dada municação social de proximidade, exi- dade financeira e a salvaguarda do
pelo FSER representa aproximadamente bindo em grande parte programas pluralismo de opiniões, de expressões
80% da receita total da RPL. “Em relação próprios. Segundo Gilberto Andruccioli, socioculturais, a promoção do desenvol-
ao nosso futuro o que mais me preocu- representante das rádios associativas na vimento local, a luta contra a exclusão.
pa é a incerteza sobre o FSER”, diz o Comissão do FSER e Emmanuel Boutta-
| Aldeia Global |
Media e etnicidade em discussão nos EUA 25ª edição da Computex Taipei
Realizou-se em Nova Iorque, no passado dia 9 de Junho, a primeira edi- A Computex Taipei, a segunda maior feira de comu-
ção da National Expo of Ethnic Media, resultado da cooperação entre a nicação e tecnologia a seguir à CeBit, realizou-se en-
Graduate School of Journalism da Universidade de Columbia, a American tre 31 de Maio e 4 de Junho no World Trade Centre
Press Association e a New California Media, uma associação nacional de de Taipei, Taiwan. No ano em que comemorou o seu
cerca de 700 meios de comunicação étnicos. Numa celebração dos valo- 25º aniversário, a feira contribuiu para situar o país
res do jornalismo intercultural, este fórum foi anfitrião como um dos
o palco para a discussão e partilha de ideias mais importantes no ce-
entre profissionais, educadores e estudantes nário dos mercados dos
dos media e participantes de outras áreas da computadores, comuni-
comunicação como publicitários, representan- cações, electrónicas de
tes de variadas comunidades étnicas, activistas consumo e conteúdos di-
e investigadores sociais. Dar relevo aos meios gitais. De acordo com os
de comunicação étnicos e colocá-los sob a organizadores da feira,
atenção dos decisores, publicitários e dos este ano foram batidos
meios de comunicação generalistas foi o prin- todos os recordes de par-
cipal objectivo desta feira, que pretendeu tam- ticipação com 28,254 vi-
bém contribuir para fortalecer os laços entre sitantes internacionais e
diferentes meios de comunicação e desenvolver novas estratégias mediá- compradores profissionais durante os cinco dias do
ticas, numa sociedade cada vez mais globalizada e multicultural. evento, subindo em 7,75% a participação em relação
ao ano anterior. Ainda segundo as estatísticas da or-
ganização, os compradores dos Estados Unidos cons-
tituíram o mais importante grupo comprador estran-
Jornalismo de causa nas ruas de Londres geiro, seguido dos japoneses e dos sul- coreanos.
The Pavement é um jornal A próxima edição da Computex Taipei realizar-se-á
mensal de 8 páginas, de dis- entre 6 e 10 de Junho de 2006.
tribuição gratuita, dedicado
aos sem-abrigo de Londres.
Distribuído em centros de
dia e outros espaços de
Google Inc. é a mais bem cotada
apoio, tem uma tiragem de do mundo
1300 exemplares e é produ- A Google Inc. foi considerada pelos especialistas da
zido exclusivamente por vo- Wall Street a mais valiosa empresa de media do mun-
luntários. Com a reportagem do quando, no início do mês de Junho, as suas ac-
e o cartoon como privilegia- ções chegaram a ser negociadas a cerca de 290 dóla-
dos géneros jornalísticos, a res. Atingindo uma capitalização de mais de 80 mil
redacção fica a cargo de re- milhões de dólares, ultrapassou a Time Warner, gi-
conhecidos profissionais que gante dos media que até então detinha o título.Tam-
dão um pouco do seu tempo bém a sua rival Yahoo apresentou um volume de ne-
livre por esta causa e garan- gócios menor, situado nos 53 milhões de dólares.
tem, assim, a sua credibilida- Considerada por várias revistas da especialidade co-
de. Ao mesmo tempo que mo um dos melhores produtos da internet, começou
procura ir ao encontro das em 1995 como motor de busca simples. Hoje, dos
necessidades informativas de seus serviços fazem também parte a pesquisa de ima-
quem vive na rua, este jornal dá conta dos serviços e equipamentos dis- gens e de mapas, a agregação de notícias ou o recen-
poníveis na cidade. Para manter a ligação próxima, oferece ainda outros te serviço de email - Gmail. A Google fica agora a 17
elos de ligação, como um espaço resposta do leitor ou uma coluna, de- mil milhões de dólares de entrar para o grupo das
senvolvida por uma enfermeira com larga experiência de voluntariado, maiores empresas norte-americanas no que respeita
que funciona como consultório para questões de saúde e não só. à cotação na bolsa.
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