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Apostila- Técnicas de Roteiro

Prof. Leandro V. Maciel

Agosto de 2007
TÉCNICAS DE ROTEIRO (PROCEDIMENTOS BÁSICOS E PROCESSOS DE
ADAPTAÇÃO)
PROF. LEANDRO MACIEL

SEMESTRE – 2º 2007

UMA BREVE APRESENTAÇÃO

‘ CAros
Caro(a),
Este trabalho que você tem em mãos é um primeiro resultado de
conhecimentos profissionais e acadêmicos levantados em 7 anos de experiência.
Por se tratar de um trabalho ainda inicial, preferia batizá-lo de “mini-apostila”
pois ela ainda não se configura como uma apostila propriamente dita, no sentido
pedagógico do termo.
Esta mini-apostila reproduz conceitos diversos, de outros autores e do
próprio professor, além de algumas dicas de profissionais da área. Não a encare
com um centro de posições fechadas e dogmáticas, mas como um guia, uma
pequena orientação.
Os exercícios e os resumos estão separados. Ao final da apostila, você
encontra os exercícios listados. O professor pode segui-los de acordo com as
indicações de cada capítulo, ou apenas sugerir como trabalho extra-classe, o que
permite uma maior flexibilidade durante as aulas.
E

EXERCÍCIOS: A PARTIR DA PÁGINA 29

ESPAÇO PARA ANOTAÇÕES : AO FINAL DE CADA CAPÍTULO E DA


APOSTILA

DADOS DO LIVRO DE APOIO:

SARAIVA, Leandro; CANNITO, Newton . Manual de Roteiro (ou Manuel, o primo pobre
dos manuais de roteiro).São Paulo: Conrad, 2004. (código na biblioteca da
universidade - 791.437 S246m)

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(1)Roteiro
CENA
Um roteiro é um plano para uma obra. Toda obra audiovisual tem início no
roteiro - na referência da palavra escrita- que deverá ser convertida em som e
imagem. Basicamente, o roteiro deve ser escrito para a leitura e entendimento de
todos os envolvidos na produção da obra audiovisual: os atores irão interpretar os
personagens, dando-lhes voz e vida; os desenhistas irão criar storyboards; o diretor
irá conduzir a transformação das palavras escritas em imagens, e daí em diante.
Como autor do plano de uma obra, realizada num processo coletivo, o roteirista
verá este plano sofrer todo tipo de interferência: do diretor, do produtor, do ato,
etc.

“Linguagem Secreta do roteiro”:

Áudio & Vídeo: O roteirista deve descrever apenas aquilo que será visto e
ouvido pelo público. Sensações devem ser transmitidas pela combinação de
elementos sonoros e visuais.

Objetividade: Roteiro não é lugar para a subjetividade. Você não pode


escrever algo como “Fulano se lembra de uma manhã ensolarada”. Você precisa
descrever como esta lembrança se processa: “Fulano olha através de uma janela.
Efeito de Transição...”

O roteiro é sempre escrito na terceira pessoa do singular: “João beija a mão


de Suzana”. É bom evitar usar “vemos” ou ”a câmera mostra”. Diga “vê-se a
caixa” ou “mostra-se a caixa”, para evitar qualquer problema de leitura.

“Linguagem secreta”: o roteirista Jean-Claude Carrière diz que existe “uma


linguagem secreta do cinema”, impressa num roteiro bem escrito. O modo como o
texto é escrito deve sugerir uma decupagem para o leitor. Roteiro realmente é algo
chato de ler, que só se torna interessante para aqueles que conseguem imaginá-lo
como um filme acabado (como alguns grandes diretores). Uma dica é a pontuação:
um ponto pode sugerir um corte ao diretor.

Roteirista & mercado de atuação

Se um roteirista se preocupar, em primeiro lugar, com questões técnicas


(quais procedimentos utilizar; como as partes da obra audiovisual se relacionam;
como as ordenar; como gerar interesse em quem assiste),ele pode achar espaço
num mercado reduzido como o nosso. Um bom roteiro é um roteiro bem escrito;
moral, política ou simbologia vem em segundo plano.
Saber e entender um roteiro não é e não deve ser exclusividade do
roteirista. Os melhores diretores em geral são grandes roteiristas (os exemplos são
inúmeros) e conseguem reconhecer um bom roteiro logo nas primeiras paginas. Um

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câmera man do programa do Gugu que entende de roteiro está dois passos a frente
daquele que não entende nada.

(2) Modalidades ou modelos de Roteiro

É difícil e pouco proveitoso criar uma tipologia de roteiros, ou seja, definir


modelos para tudo o que pode ser roteirizado. Mas refletir sobre as modalidades
usadas hoje em dia não é um desperdício.
O roteirista, se der sorte, será confrontando com todo tipo de desafio:
escrever um curta-metragem de animação, criar personagens para um videoclipe,
definir o que nós chamamos de organograma de um site, escrever a cabeça (o texto
de apresentação) para o âncora de um telejornal, misturar a realidade com fatos
dramatizados em um docudrama...
Como se preparar para desafios tão diferentes?
Grosso modo os modelos de roteiros se dividem em dois campos, com
limitações muito tênues: a não-ficção (documentário, programas de auditório,
reality shows) e a ficção ( filmes, seriados, sitcoms, novelas...).

A não-ficção

De maneira geral, produtos audiovisuais de não-ficção são destinados em


primeiro lugar à informação e o conhecimento do espectador em primeiro lugar.
O que um roteirista faz? Bem, em trabalhos desta área nem sempre o
roteirista é nomeado como tal. Nos reality shows, é muito comum um produtor que
assuma esta função e crie situações In loco, ou seja, no próprio momento da ação
dos participantes do reality. No jornalismo, são comuns as figuras do editor de
texto e do editor-chefe, responsáveis por criar um mapa de edição para as
matérias, redigir textos para os apresentadores, etc
Precisaríamos entender as necessidades de roteirização de cada produto
audiovisual. Se dissermos que um evento, como uma feira de games, possui um
roteiro, te parece estranho? Mas há profissionais que assumem esta função e
determinam a ordem de chegada de convidados, a abertura de stands, o
fechamento de outros.
Já num trabalho como um institucional, o roteirista deve realizar uma
pesquisa e estabelecer um roteiro que venda a imagem da empresa, de acordo com
o que o empresário deseja. Não é difícil entender que já existe um modelo
comercialmente aceito de um institucional, onde um locutor determina os pontos
positivos da empresa, e entrevistas com funcionários e clipes da empresa
contextualizam estes pontos.

A Ficção

Frustração, angústia, felicidade, riso... Na ficção, a emoção vem em


primeiro lugar. Se o roteirista escreve sobre um evento real, por exemplo a morte
de Raul Seixas, ele detém por direito e dentro de certos limites, a liberdade para
alterar os dados reais (as informações) para causar a devida emoção no espectador.

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O roteirista é aquele que, reiterando o que foi dito anteriormente, cria o
plano para uma obra audiovisual. Produzir ficção é algo caríssimo, ainda mais num
país como o Brasil. Planejar, antever custos, pode ser feito de forma muito mais
barata ainda na fase do roteiro. Uma cena escrita é mais do que só palavras: é uma
peça rara que um diretor de arte terá que localiza, é um ator importante recitando
uma fala, é um diretor pensando um enquadramento mais ousado.
Ainda, desse campo, há uma vasta gama de tarefas que um roteirista pode
realizar. Criar o projeto de uma série , definir ordem para as cenas de uma
dramatização, redigir textos de análise (pareceres) para um longa-metragem ,
mapear a biografia de um personagem, pesquisar sobre a realidade de uma
comunidade pobre, etc.
Mesmo entre os roteiristas de ficção há especializações: alguns escrevem
mais para cinema, outros mais para tv, outros ainda tem experiência com teatro,
etc. Outros nem de fato escrevem a versão final produzida: são os colaboradores,
os “ghost writer”, script doctor (aqueles que redigem uma análise do roteiro
escrito). Mas tais funções são importantes num esquema de produção profissional.

Pontos de contato

Como você pode sabiamente ter notado, a separação entre esses dois
campos nem sempre é clara e os pontos de “fricção” são muitos. Repare nas
palavras grifadas em ambos capítulos acima: crie (criar), ordem, textos, mapa,
pesquisa...
Peguemos como exemplo o videoclipe. Dentro deste mesmo formato você
pode ter algo que se aproxime muito mais do documentário (como o registro de
uma turnê da banda, resumido é claro) ou da ficção (o famoso videoclipe “com
historinha” onde o exemplo ainda mais radical é “Thriller”, do Michael Jackson)
Hoje, a maior parte do que é feito nos dois campos seguem de qualquer
forma um modelo maior e que domina o audiovisual: o Narrativo, ou simplesmente
contar-se um enredo (uma narrativa). Uma definição para narrativa, muito simples
de se guardar, é:

Uma cadeia de eventos unidas por alguma relação de causa e efeito,


determinadas dentro de algum tempo e espaço, passíveis de um espectador
acompanhar.

Um dado interessante é notar que no jornalismo há cinco perguntas básicas


para se montar uma pauta: quem? O que? Onde? Quando? e Como? . Em exercícios
de roteirização, os professores costumam usar as mesmas perguntas para
estabelecer os pontos cruciais de uma cena (didaticamente, primeiro definimos
quem são os personagens; depois o colocamos no espaço, definindo um ambiente;
criamos alguns indícios temporais, como um relógio pendurado na sala ou uma
chuva que cai pela janela. Em seguida colocamos os personagens em ação, o o que
e o como).
Neste curso de roteiro em particular, 70% de nosso estudo será dedicado a
ficção. Os motivos para isto são variados, mas os principais são: o roteirista que
trava conhecimento com o universo e os procedimentos comuns dos roteiristas
desta área tem uma facilidade maior para lidar com a não-ficção (já que a ficção

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se apropria de procedimentos de linguagens comuns a não-ficção com maior
facilidade); o material catalogado para estudo é mais farto.
Em todo caso , sempre uma das modalidades vai prevalecer: um
procedimento da ficção utilizado numa estrutura não ficcional, ou o inverso.

Exercícios sugeridos

Exercícios 3 e 4.

Leitura

“Jorge Furtado, Ilha das Flores e A Coroa do Imperador” (monografia), escrita por
Leandro Maciel. (Texto complementar disponível no xerox)

O gancho - da mídia impressa às mídias eletrônicas, escrita por Maria Cristina


Castilho (texto complementar disponível no xerox)

Capítulos 1 (Quais são suas intenções?) e 2 (Criação: as técnicas da arte) do


“Manuel de Roteiro”, de Newton Cannito e Leandro Saraiva.

ANOTAÇÕES

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(3) Dramaturgia Clássica

Dramaturgia Clássica

Segundo o estudo do drama clássico, drama é ação; este só existe quando temos 1)
um personagem (um ser que gere algum tipo de empatia); 2) um conflito para este
personagem

Conflito é formado por: objetivo do personagem versus forças antagônicas

O personagem persegue seu objetivo, consciente ou não, via ação dramática. Esta
é a soma da intenção do personagem, da ação propriamente dita e do efeito
desta; A força antagônica é algo ou alguém que impede ou dificulta que este
personagem realize sua intenção e atinja seus objetivos.

Temos dois tipos básicos de personagem na dramaturgia clássica:

- o protagonista (do grego Proto + Agonia; “o que sofre primeiro”).


Consideramos protagonista aquele personagem cujo conflito se torna ou é
central para o espectador, e sobre que depositamos nossa empatia de
maneira positiva (ou seja, torcemos, acompanhamos, etc);

- o antagonista (do grego Ante + Agonia; “o que sofre por último”). O


antagonista é aquele que dificulta ou impede o protagonista de atingir seus
objetivos; normalmente ele leva a uma reação antipática por parte do
espectador (desejamos que ele “se dê mal”, por exemplo). Alguns teóricos
afirmam que na verdade um antagonista é um protagonista de uma narrativa
simetricamente oposta ao do protagonista de fato.

O esquema clássico do conflito de um personagem se aproxima desse diagrama:

O personagem tem carência (de algum tipo)  ele conquista algo  esta
conquista gera uma crise  crise que atinge seu auge (o clímax)  clímax por
qual passa o personagem e atinge a redenção

A cena clássica ideal seguiria esse modelo numa escala menor(curva


dramática da cena).

Narrativa (=trama, enredo): É uma cadeia de eventos, unida por causa e efeito,
sendo ela passível do espectador acompanhar e determinar espaço e tempo.

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História (=”fábula”): É o que podemos depreender a partir da narrativa, de
maneira genérica (ex: vi um filme sobre uma garota que é possuída e no final é
salva por um padre).

Narrativa Clássica

Narrativa Clássica: A maior parte da ficção feita hoje em cinema e televisão é


clássica. Narrativa Clássica é uma série de procedimentos estabelecidos, que
procuram manter clareza, coesão e harmonia numa narrativa.

A narrativa clássica é centrada em personagens motivados e com objetivos


estabelecidos; Mantém a clareza e a redundância de informações ("uma causa deve
levar a um efeito e este efeito deve se tornar outra causa, para outro efeito, numa
cadeia inquebrável através do filme"). Cada evento, objeto, traço de
personalidade, e outro componente narrativo deve ser justificado, explicita ou
implicitamente, por outros elementos no filme. A Narrativa clássica utliza
comumente procedimentos como: ganchos, deadlines (prazos), encontros
agendados pelos personagens (e outros tipos de causas suspensas), paralelismos.

Dangling Causes/ “Pinças” : são as causas suspensas, deixadas em aberto para


gerar a atenção e expectativa;

- Deadlines (prazos): são limites de tempo para realizar os objetivos; tem função
semelhante ao das pinças.

Narração

Narração é a instância que "administra"a narrativa.O roteirista controla as


informações que são passadas, determinando o se mostra, o que se insinua e o que
não se mostra.

Exemplos

Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida. A narração nos omite informações


para gerar suspense. A narração, no caso deste filme, “escolhe” não nos mostrar
o rosto de Indiana até determinado momento.

Exercícios sugeridos

Pg. 178 do “Manuel de Roteiro”, de Newton Cannito e Leandro Saraiva.


(Projeto de uma cena: escreva como se a contasse para alguém)

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Leitura

Capítulo 10 (Repetições) do “Manuel de Roteiro”

ANOTAÇÕES

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(4) Estrutura

Estrutura é uma armação, um esqueleto. Estruturar é procurar


“pontos de ancoragem”, “pontos-guia” para arquitetar seu roteiro e levar
sua história em frente. E por que estruturar? Para assentar nossa história
numa base sólida, que permitirá mais consistência na escolha dos
procedimentos através dos quais funcionará nosso roteiro.

Principios de estrutura:

Ponto de virada: é um incidente ou evento que engancha na história e a gira para


outra direção. (simbolizado pelos X)

Arco dramático: são pontos que marcam o desenvolvimento da narrativa (os pontos
básicos são o “começo, meio e fim”).

O que são “beats” (batidas)?- seria a menor unidade dramática da cena. Um


“beat” corresponde a um intervalo entre a causa de um evento e seu efeito.
Para anotar os “beats” basta “marcar” como a cena evolui.

Plot: Trama, enredo.

Plot line (linhas de trama ou ação): são fios, linhas dessa trama, que são
determinados pelos objetivos do (s) personagem(ns). Estas plotlines desenham uma
estrutura.

Para delinear a plotline, identifique:

1) os personagens e 2) seus objetivos

Um mesmo personagem pode ter mais de um plot line (doubleplotline clássica: um


objetivo de ordem prática e um de ordem sentimental-afetiva, que em geral é a
principal)

Divisão em atos:

Processa-se a princípio através dos pontos de virada, mas hoje é mais aceito que o
roteirista estabeleça a sua própria estrutura (“prototípica”)

Divisões comuns em atos

1)Aristóteles (“Poética”):
Drama = ação

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Ação dramática= é a soma da vontade, da tomada de decisão e do efeito desta
decisão de um personagem.
Divisão em atos (começo-meio-fim)
Unidade dramática : a peça ideal se passa em um dia e um único espaço

2) Trajetória do Herói (Campbell)

12 passos ou estágios, no qual se baseiam as histórias mitológicas (que por sua vez
atualizam os ritos ancestrais de passagem para a vida adulta):

1) Mundo comum
2) Chamado à aventura
3) Recusa ao Chamado
4) Encontro com o Mentor
5) Travessia do Primeiro Limiar
6) Testes, Aliados e Inimigos
7) Aproximação da Caverna Oculta
8) Provação Suprema
9) Recompensa
10) Caminho de volta
11) Ressurreição
12) Retorno com Elixir

3) Syd Field

Uma narrativa audiovisual se divide em 3 partes (atos) : apresentação –


confrontação- resolução. O Conflito do protagonista define a narrativa
Diz Syd Field: “de meia em meia hora deve acontecer algo no seu filme”

(BEGINNING) (CONFRONTATION) (RESOLUTION)

(1/4) (1/2) (1/4)


--------------X---------------------*-------------------X-----------------
(problemas) (conflito gera problema insolúvel) (ação provém solução)

Os “Xs” marcam os pontos de virada


 Mid point: para Syd Field, um evento importante na “mediana” da narrativa.
 Syd Field chama o ponto de virada de “plot ploint” (ponto da trama).
Recomenda-se evitar este nome, já que ele é problemático na definição
(“ponto da trama” pode se referir a qualquer evento da trama). O ideal é
usar “turning point” ou ponto de virada

4) Kristin Thompson

Uma estrutura muito mais flexível, numa crítica a de Syd Field:

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(SET UP) (COMPLICATING) (DEVELOPMENT) (CLIMAX)

(20´a 30´) (20´a 30´) (20´a 30´) (20´a 30´)

----------------X------------------X-----------------X------------------.....

SET UP (“ARMAÇÃO”): estabelece situação inicial; protagonista tem objetivos


estabelecidos ou encontra circunstâncias que os estabelecem;
COMPLICATING (COMPLICAÇÃO): nova direção que pode incluir mudança de tática
para alcançar objetivos ou uma “contra-armação”, introduzindo toda uma nova
situação
DEVELEPOMENT (ADENSAMENTO): introdução de novos objetivos e obstáculos;
criação de ação, suspense, e atraso (delay); tipicamente, muito pouco progresso
dramático é feito;
CLIMAX(podendo incluir um epílogo): nada mais é introduzido; o filme avança para
a resolução final, em uma concentrada seqüência de muita ação.

(um filme pode variar o número de atos,em geral de 3 até 5. em alguns falta a
complicação; em outros, podemos ter dois adensamentos).

Exercícios sugeridos

Pg. 140 do “Manuel de Roteiro”, de Newton Cannito e Leandro Saraiva.


(Escaleta de um roteiro)_. O professor sugere o uso de fichas para este exercício.

Exercício 16, itens “a” e “b” apenas, da mini-apostila.

Leitura

Capítulo 6 (Curva Dramática) do “Manuel de Roteiro”

ANOTAÇÕES

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(5) Formas de Ficção

(Adaptado dos escritos de Anatol Rosenfeld)

São procedimentos ligados à maneira de se narrar uma história:

Lírica –“todo poema de extensão menor, na medida que nele não se cristalizarem
personagens nítidos e em que, ao contrário, uma voz central – quase sempre um
“Eu” – nele exprimir seu próprio estado de alma. “. Ou seja, é quando vemos um
estado subjetivo do personagem traduzido em som e imagem (seria o equivalente a
um “narrador em 1a pessoa”)

Épica- O épico é o domínio do narrador em terceira pessoa, objetivo.


Caracteriza-se pela presença de um narrador que apresenta a história ao público,
mas sem ser completamente subjetivo. O épico pode condensar longos períodos de
tempo, referindo-se sempre a fatos passados. Também faz o espectador se afastar
dos personagens e olhar a cena com distanciamento.

Dramática- O drama como o “domínio do presente”: personagens apresentados via


diálogos; cena independente de quem assiste e que parece surgir em tempo
presente para o espectador. Narração oculta sob os fatos (o ideal seria o
“mascaramento” da narração).

Dentro de uma mesma narrativa, podemos usar procedimentos dos três tipos
Mas em geral, um filme apresenta uma categoria onde ele se encaixa, e para
efeito de unidade é importante saber qual é a categoria predominante do filme.

O Drama

O DRAMA:

- enquanto FORMA (o dramático): a ação em conjunto com os diálogos; o tempo


presente; o conflito. Esta forma, que se torna sinônimo de teatro, origina A
TRAGÉDIA e a COMÉDIA.

- enquanto GÊNERO, o drama seria uma combinação da comédia com a tragédia (o


herói dramático pode cometer erros, como o trágico, mas existe a possibilidade de
remediação, como na comédia, ou expiação, como no melodrama)

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Tragédia clássica

A tragédia clássica deve cumprir, ainda segundo Aristóteles, três condições:


possuir personagens de elevada condição (heróis, reis, deuses), ser contada em
linguagem elevada e digna e ter um final triste, com a destruição ou loucura de um
ou vários personagens sacrificados por seu orgulho ao tentar se rebelar contra as
forças do destino.

Catarse é a purificação das almas através da descarga emocional provocada


pelo drama, um conceito teorizado por Aristóteles.
Segundo o filósofo, para suscitar a catarse era preciso que o herói passasse
da dita para a desdita, ou seja, da felicidade para a infelicidade. E mais ainda: não
pode ser por acaso, e sim por uma desmedida, ou seja, por uma ação ou escolha
mal feita do herói. (FALHA TRÁGICA)

Comédia é o uso de humor nas artes cênicas. Também pode significar um


espetáculo que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, "comédia" é o
que é engraçado, que faz rir.
No surgimento do teatro, na Grécia, a arte era representada,
essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da
comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia
diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens superiores (heróis),
a comédia fala sobre os homens inferiores (pessoas comuns da pólis). Isso pode ser
comprovado através da divisão dos júris que analisavam os espetáculos durante os
antigos festivais de Teatro, na Grécia. Ser escolhido como jurado de tragédia era a
comprovação de nobreza e de representatividade na sociedade. Já o júri da
comédia era formado por cinco pessoas sorteadas da platéia.

(6) Gêneros Dramáticos

Existem, dentro do drama, quatro gêneros predominantes, que usaremos


para efeito de estudo (a divisão sempre gera polêmica): o melodrama, a tragédia, a
farsa e a comédia. Tais gêneros seguem algumas convenções estabelecidas , que
estão ligadas à estrutura do enredo. Os gêneros podem possibilitar uma moldura
plástica (bem flexível) ao roteirista, mas não é recomendável usá-la como uma
forma rígida determinante do filme. Eles servem como baliza, não como molde.
No melodrama, normalmente um personagem é isolado (simbolicamente)
da sociedade, e os espectadores acompanham o sofrimento dele, assumindo seu
ponto de vista. Cria-se uma situação em que o espectador possa compartilhar a
solidão e o sofrimento do protagonista, que enfrenta o mundo. A situação
dramática do melodrama é geralmente simples, e esta situação se estende através
de complicações que não apresentam muita unidade.
A tragédia é composta pelo desenrolar implacável de uma situação
dramática que não permite solução, e o protagonista tem consciência desta sina.
Tanto personagem como público compreende este destino. E com a ação dramática
do personagem, o Destino virá. Na tragédia, o personagem não sofre as ações do
mundo (como no melodrama),ele age sobre o mundo.

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A farsa, tal qual o melodrama, não se interessa pela unidade dramática;
desenvolvimento de uma farsa é uma surpreendente sucessão de situações novas e
arranjos. A farsa é episódica: não leva o mundo suficientemente a sério para
acreditar que existam desenvolvimentos unitários, movimentos com sentido na
ação humana. Neste procedimento, há uma caricaturização do mundo.
A comédia é o desenvolvimento de uma situação dramática unificada, que
ao final chega a um reequilíbrio conciliado, marcado por um final feliz (uma festa,
um casamento). No nível da estrutura, a comédia diferencia-se da tragédia por
buscar driblar as “contradições irreconciliáveis” da época, estabelecendo pactos
que permitem à vida prosseguir.
De maneira geral, os gêneros atuais são subgêneros dos acima citado. por
exemplo: do melodrama, “nasceram” o faroeste, o terror, o romance. A comédia
tem sua subdivisão romântica, e etc

Exercícios sugeridos

Exercícios 10, da mini-apostila, para fixação das formas de ficção.


Exercícios 14 e 16, item “c”, e para fixação dos gêneros.

Leitura

Capítulo 3 (“Ser ou não ser dramático” ) e 4 ( “Os 4 reinos do Drama”) do Manuel


de Roteiro

ANOTAÇÕES

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(7) Processos de adaptação

Luiz Carlos Maciel, em o Poder do clímax, pergunta-se o que é mais fácil:


criar um roteiro original ou um adaptado? A sua resposta vem logo a seguir: o autor
defende que dentro de certas direções, trabalhar com material adaptado não é tão
fácil como imaginamos. Ele recomenda que depois que depreendemos a história do
livro a ser adaptado, por exemplo, nós deixemos um pouco de lado o livro e
comecemos a pensar no roteiro como uma obra original em si.
E mesmo quando nos atemos ao roteiro original, devemos nos perguntar: o
quanto ele é original de fato? Ao pé da letra, nada realmente é: o roteirista se
inspira no mundo que o cerca, nas suas próprias experiências, nas suas referências
audiovisuais.

Diferentes linguagens

Quando trabalhamos com adaptação, é preciso notar a diferença entre as


linguagens. Usar um texto de teatro diretamente na televisão, por exemplo, pode
nos levar a ignorar exigências desta mídia (a peça não é pensada para ter
intervalos; na televisão, necessariamente qualquer produtor deve ser pensado
dessa maneira).
Enquanto no teatro temos um “plano geral” (o proscênio teatral), no
audiovisual temos uma gramática (plano geral, closes etc) e a relação entre os
planos – a sucessão entre as imagens - cria uma relação entre elas, um sentido ( ver
“O Sentido do Filme”- Serguei Eisestein). Digamos que no teatro, quem “faz o
corte” é o espectador, direcionando o seu olhar para onde bem entender.
Nos textos de literatura, como os contos e os romances, há possibilidades
muito mais fáceis de se utilizar do que no audiovisual. Uma delas é fluxo interno
ou psicológico de um personagem (quando o autor se dedica detalhar o que se
passa nos pensamentos do personagem) ou o discurso indireto livre ( quando o
narrador em terceira pessoa assume a voz de um personagem);
Podemos dizer que na passagem para o audiovisual, há algumas
possibilidades para o fluxo interno, por exemplo:

- Um personagem demonstra através de ação dramática (ou seja, dramatizamos


aquele fluxo);

- Sugestão através das imagens (forma lírica)

- O fluxo interno se da, através de voz over (forma épica), mas de uma forma
normalmente resumida.

Montamos a seguir um quadro comparativo, onde estabelecemos algumas


relações entre as diferentes mídias:
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TEATRO LITERATURA TV CINEMA
Meio presencial Escrito audiovisual audiovisual
Personagem Tende ao uso A ação dramática não
Necessita de Necessita de
da ação é imprescindível. ação ação
dramática. Podemos acompanhar dramática. dramática.
Baseado apenas o Tende a ter
essencialmente desenvolvimento características
nos diálogos interior do mais
personagem (fluxo evidentes
psicológico) Dependendo
do formato,
baseia-se mais
em diálogo
(novelas,
sitcom)
Segmentação Com a ação A unidade menor é a Fragmentada. A divisão
concentrada, palavra; a união A divisão essencial é a
em geral, em delas, o parágrafo. primordial são cena,
um cenário, a Unidade posterior- o os blocos, unidade
divisão capítulo (trechos que separados por menor da
essencial é o apresentam unidade intervalo sequência
ato. Este pode dramática/temática) (divisão
se subdividir . determinada
em cenas por unidade
dramática,
de tempo
e/ou espaço)
concentrado. dispersivo. o dispersivo. a concentrado.
Espectador ir ao teatro espectador adapta a televisão se ir ao cinema
constitui ritual leitura à sua rotina insere na constitui
rotina ritual
doméstica

TABELA COMPARATIVA ENTRE MÍDIAS

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Obs: esta tabela é só uma amostra para reflexão. É claro que há outros meios
deixados de fora e que hoje são muito importantes para o audiovisual, como os
quadrinhos.

Níveis de adaptação

No Manual de Roteiro escrito por Syd Field, ele define 3 níveis possíveis para
uma adaptação de uma obra literária ou teatral para o audiovisual. Cada nível
depende do aproveitamento que se faz da obra de origem (em relação a esta, é
mantida a trama? Apenas um personagem? Muda-se a ambientação?)
Os níveis propostos por Syd Field são em geral estes quatro:

- “Adaptado de”: usaríamos se possível para aquela obra que recebeu uma versão
quase direta para as telas. È mais comumente utilizado para as adaptações de
peças teatrais (“adaptado para a tela”).

- Baseado em: usamos para a obra audiovisual que se mantém fiel a maior parte da
oobra de origem. Por exemplo, aquela onde se mantém a trama e os personagens,
mas se faz algum tipo de pequena concessão dramática (retirar alguns fatos ou
detalhes, por exemplo). Digamos que é adaptado de 60 a 90% do material original.
Exemplo: o terceiro livro e o terceiro filme da série O Senhor dos Anéis

- Inspirado em: usamos a obra original como uma referência importante, sendo
base para personagens ou a trama, mas concessões importantes são feitas, como
omissões de grande parte de eventos, personagens fundidos, etc. Digamos que 50%
a 60% do material original é adaptado. Exemplo: Cidade de Deus.

- Inspirado livremente em: aqui, é quando o autor do produto audiovisual toma


maiores liberdades em relação à obra original. Abaixo de 50 % do material original
seria adaptado. Exemplo: West Side Stories (um musical que adapta a história de
Romeu e Julieta para um contexto de gangues nos Estados Unidos, em 1970).

Exercícios sugeridos

Exercícios 8, 9 (teste de câmera) e 13

Leitura

Pg. 181 a 183 e 199 a 203 do Manuel de Roteiro (exemplos de adaptações:


“Sabrina” e “A Sociedade”

ANOTAÇÕES

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(8) Dicas para escrever um roteiro para uma peça radiofônica

O rádio é uma mídia de produção simples. Produzir uma ficção para o rádio
demanda muito menos recurso do que para outras mídias: basta uma boa biblioteca
de som, um estúdio razoável e bons atores. Criar uma ficção para a linguagem
radiofônica envolve algumas sutilezas, contudo elementos básicos da ficção se
mantêm em qualquer linguagem e em qualquer mídia: o conflito, os personagens
que geram algum tipo de empatia, a ação dramática, as formas de ficção, etc.
Alguns teóricos defendem que o rádio é audiovisual, e não somente áudio.
Podemos alegar isto quando notamos que, ao contar uma história através apenas
de sons, apelamos essencialmente para nossa imaginação. Ao ouvir o som de um
molho de chaves caindo, por exemplo, nós imaginamos esta chave caindo ao chão-
nós vemos mentalmente a imagem da chave. . Podemos, inclusive, determinar o
tipo de piso em que ele caiu, a quantidade de chaves.
Ainda, a nossa audição é um dos sentidos mais primitivos, pois ele é capaz
de mover nossos sentimentos mais instintivos. Por exemplo: se você ouve um som
brusco, você pode se assustar e cair da cadeira.

Personagem

Traçamos o perfil do personagem da mesma forma que qualquer outra mídia


(suas origens, sua ocupação, suas características físicas e psicológicas, idade...).
Mas o elemento constitutivo de fato do personagem no rádio é a voz: qual é timbre
dela? (agudo? grave? É uma criança ou um velho que fala?); há sotaque? Se há, é
carregado?; qual é o vocabulário básico dele ? (coloquial? formal? O da profissão?)
Dentro deste vocabulário, qual é a entonação usada costumeiramente?
Quando assistimos a versão radiofônica de Guerra dos Mundos não é difícil
visualizar o personagem do prof. Pearson, personagem entrevistado na peça
“Guerra dos Mundos” como um senhor intelectual, posudo, que quem sabe se vista
de terno e gravata e use óculos.

Conflito & Ação Dramática

O conflito entre os personagens em uma peça radiofônica acontece,


genericamente, via diálogo. As vontades dos personagens podem ser confrontadas

19
através do que eles falam (ou deixam de falar). Mas o poder de sugestão pode ser
utilizado a nosso favor:
Por exemplo, com o uso seguido de efeitos sonoros e da trilha, podemos dar
uma dimensão maior a uma cena. Sons de passos e a voz de uma mocinha
suspirando podem nos sugerir uma perseguição.
Vamos um pouco além. Imagine um casal discutindo sua relação. Eles estão
numa cozinha: ouvimos os sons de um deles lavando pratos, os passos do outro se
aproximando e o arrastar de uma cadeira. Há o ruído constante do motor de uma
geladeira: este sugere um clímax de tensão. A cena segue com o casal discutindo
até o ponto em que um deles termina a relação. Há um momento de silêncio, onde
tudo, inclusive o ruído do motor da geladeira, cessa.

Espaço

Se trabalhamos apenas com o som, como determinar onde personagens estão


no espaço?
Paisagem sonora é um termo criado pelo canadense Murray Schaffer (o termo
em inglês é soundscape). Este é uma analogia à paisagem visual (landscape) que
Murray criou pra pensar em como a gente pode moldar o ambiente sonoro que nos
cerca. Na introdução do livro Afinação do Mundo (l781.1 S321a- veja na biblioteca)
Schaffer apresenta o conceito e dá uma breve explicação (recomendamos sua
leitura.
Basicamente, localizamos os personagens em determinado espaço, ao ouvido
do espectador, através da conjunção de um ou mais efeitos sonoros. A conjunção
do burburinho de vendedores ambulantes, buzinas, aceleradas e freadas de carros,
o som de um trem se aproximando e até mesmo o ruído de pombas voando ou
piando, podem passar a sensação ao espectador que ele está na Praça da Sé, no
horário comercial.

Trilha

No roteiro para o rádio, a definição de trilhas é parte constitutiva do


trabalho de roteirização. Saber que músicas vão entrar, e de que forma, contribui
para o produto final.
Tecnicamente, no roteiro de rádio, podemos definir uma música como BG ou
não. BG é uma abreviação para background, e dizer que uma música está em Bg
significa que ela está de fundo à ação (uma música de combate enquanto ouvimos
os sons de duas pessoas lutando, por exemplo). Quando a música sobe, ela passa a
ter um papel importante como peça sonora
Uma trilha pode ter uma função que poderíamos chamar de “diegética”. Isto
precisa ser construído: por exemplo, um personagem que liga um rádio, sintoniza
numa estação e cantarola a música que sintonizou (note que aqui temos uma série
de efeitos sonoros, vozes e trilha, casados dentro de um mesmo trecho).

Quanto à sua duração e utilização, a trilha pode ser categorizada em três


tipos:

20
Trilha Longa – normalmente usada para bg, é a música que acompanha a
ação por longo tempo. Eventualmente seu volume pode subir e tornar-se o trecho
principal da peça
Trilha Curta – aquela usada para caracterizar ação ou personagem (por
exemplo, música-tema de casal apaixonado)
Trilha Pontual- aquela usada para pontuar a ação: um susto com uma vinheta
musical dramática. Num momento de decepção, uma vinheta cômica típica.
Exemplo: Onomatopéias de pessoas brigando, caindo, tossindo etc.

Nota: os efeitos sonoros (ruídos) funcionam em padrões parecidos.

Formato radiofônico

O formato do roteiro radiofônico é apelidado de “Tec Loc” ou “laudas em 2


colunas” (à maneira dos documentários e dos programas de tv ao vivo.
Temos aqui um princípio muito simples: uma coluna dividida em duas partes
simétricas, onde a coluna da esquerda contém instruções técnicas, para o operador
de áudio ou para a produção (TEC), e do lado esquerdo temos o texto a ser lido por
locutores e /ou atores (LOC).
Assim, instruções de entrada ou subida de uma trilha e de efeitos sonoros
ficariam na coluna da esquerda. A coluna da direita deve conter diálogos ou
narrações. Se seguirmos o alinhamento, vamos ter noção de que falas, efeitos
sonoros e trilhas entram em determinado momento, simultaneamente.
A formatação mais comum é texto alinhado à esquerda, com fonte arial 11.
Uma contagem comum de tempo, além da própria duração da trilha e dos efeitos,
é de que a cada duas linhas temos um segundo de locução (estimado, dentro dessa
formatação).
Usamos como exemplo um trecho da peça radiofônica “Guerra dos Mundos”,
de Orson Welles (o trecho aqui transcrito se refere de 13:30 até 21:55. Algumas
falas foram resumidas).

ROTEIRO TRECHO “GUERRA DOS MUNDOS”

(legenda:
LOC : O locutor do programa de rádio musical e de notícias (com o tom comum da
pepoca, bem empostado)
PEAR: professor Pearson, um cientista, com um tom de voz formal e uma
entonação fria, até acadêmica de se falar.
CARL: o comentarista (repórter) Carl Philips

21
(...) (...) – 13: 30

LOC LOC: (...)ÀS 8 E 50 P.M., UM ENORME


OBJETO FLAMEJANTE, QUE SE JULGA
SER UM METEORITO, CAIU NUMA
FAZENDA NAS VIZINHANÇAS DE
GROVERS MILE, NOVA JERSEY,
DISTANTE 35 QUILÔMETROS DE
TRENTON. O CLARÃO NO CÉU FOI
VISÍVEL DENTRO DE UM RAIO DE
VÁRIAS CENTENAS DE QUILÔMETROS
E O ESTRONDO DO IMPACTO FOI
OUVIDO EM ATÉ ELIZABETH, AO
NORTE !
(PAUSA) NÓS DESPACHAMOS UMA
UNIDADE MÓVEL PARA O LOCAL, E
VAMOS OUVIR O QUADRO, POR NOSSO
COMENTARISTA CARL PHILIPS, ASSIM
QUE ELE CHEGAR AO LOCAL (PAUSA;
MUDA PARA UM TOM MAIS ANIMADO).
ENQUANTO ISSO VAMOS LEVÁ-LO AO
HOTEL MARTINET, NO BROOKLIN,
ONDE BOBBY MILLETTE E SUA
ORQUESTRA ESTÃO OFERECENDO UM
PROGRAMA DE MÚSICA PARA DANÇAR

- (TÉRMINO- 14:12)

TEC: SOBE “MÚSICA PARA DANÇAR” “MÚSICA PARA DANÇAR”

TEC: CAI PARA BG (DUR: 30”)

TEC: CORTA BG EM 7” LOC: SENHORES OUVINTES, LEVAMOS


VOCÊ A GROVERS MILL, NOVA JERSEY!
LOC

(DUR: 2”)
TEC: SIRENES DA POLÍCIA
TEC: SIRENES DE AMBULÂNCIA CARL: SENHORAS E SENHORES, AQUI
TEC: BURBURINHO MAIS UMA VEZ CARL PHILIPPS,

22
TEC: CAEM PARA BG FALANDO DA FAZENDA WILMUTH, EM
GROVERS MILL, NOVA JERSEY.
CARL (LOC) (PAUSA) O PROFESSOR
E EU FIZEMOS OS DEZESSETE
TEC: SOBE BG (POR 2”) QUILOMETROS DE PRINCETON ATÉ
AQUI EM DEZ MINUTOS (PAUSA;
TEC: CAEM PARA BG RELUTANTE). BEM...EU...EU NÃO SEI
COMO COMEÇAR PARA DIZER O QUE
TENHO DIANTE DE MEUS OLHOS.
(PAUSA) BEM, EU ACABEI DE CHEGAR.
AINDA NÃO TIVE A CHANCE DE OLHAR
TEC: SOBE BG (POR 2”) EM VOLTA. (PAUSA) SIM, EU ACHO QUE
TEC: CAEM PARA BG É ISSO! EU QUE...É...UMA COISA
EXATAMENTE NA MINHA FRENTE,
SEMIENTERRADA NUM GRANDE
BURACO! DEVE TER SE CHOCADO COM
UMA ENORME FORÇA (...)
ESPECTADORES CURIOSOS SE
AMONTOAM EM TORNO DO OBJETO,
APESAR DOS ESFORÇOS DA POLÍCIA
PARA MANTÊ-LOS AFASTADOS. ESTÃO
OBSTRUINDO MINHA LINHA DE VISÃO
(PARA OS CURIOSOS) POR FAVOR! POR
FAVOR, PODERIAM CHEGAR MAIS PRA
LÁ UM POUCO?!

UM DOS POLICIAIS: PARA O


LADO...VAMOS...PARA O LADO!

CARL:ENQUANTO OS POLICIAIS
EMPURRAM PARA TRÁS A MULTIDÃO,
AQUI ESTÁ O SR. WILLMUTH,
PROPRIETÁRIO DA FAZENDA. ELE
DEVE TER COISAS ASSIM
INTERESSANTES PARA
ACRESCENTAR...

(- 16:40)

(...)
TEC: SOBE BG (POR 2”)
TEC: CAEM PARA BG ATÉ CORTAR
(-18:00)

CARL: SENHORAS E SENHORES,


ACABAMOS DE OUVIR O SENHOR
WILLMUTH, PROPRIETÁRIO DA
FAZENDA ONDE CAIU ESTA COISA.
GOSTARIA DE SER CAPAZ DE
TRANSMITIR A ATMOSFERA, O
AMBIENTE DESTA COISA FANTÁSTICA.
CENTENAS DE CARROS ESTÃO
ESTACIONADOS NUM PONTO ATRÁS DE
NÓS. A POLÍCIA ESTÁ TENTANDO
BLOQUEAR A RODOVIA QUE CONDUZ

23
À FAZENDA, MAS NÃO ADIANTA...ELES
CHEGAM DE QUALQUER JEITO. SÃO
FARÓIS LANÇANDO ENORME FOCO
LUMINOSO SOBRE O BURACO EM QUE
O OBJETO ESTÁ MEIO ENTERRADO
(PAUSA). ALGUMAS PESSOAS MAIS
OUSADAS SE AVENTURAM PERTO DA
BEIRADA. SUAS SILHUETAS SE
DESENHAM CONTRA O RESPLENDOR
METÁLICO.

(2”)

CARL (SURPRESO): ESPERA! UM


TEC: RUÍDO SIBILANTE HOMEM QUER TOCAR NA COISA!
TEC: RUÍDO CAI PARA BG (PAUSA) ELE ESTÁ TENDO UMA
DISCUSSÃO COM UM POLICIAL!
CARL (PAUSA) OH, GRAÇAS A DEUS O
TEC: SOBE RUÍDO SIBILANTE (2”) POLICIAL VENCE. AGORA, SENHORAS
TEC: RUÍDO CAI PARA BG E SENHORES, ALGO QUE EU NÃO
MENCIONEI EM TODA ESSA
BARAFUNDA, MAS QUE ESTÁ SE
TEC: O RUÍDO SIBILANTE FICA MAIS TORNANDO MAIS NÍTIDO! TALVEZ OS
ALTO E AGUDO SEUS RÁDIOS JÁ TENHAM CAPTADO.
PRESTEM ATENÇÃO, ESCUTEM
AGORA...

CARL: ESTÃO OUVINDO? UM


MURMURAR QUE PARECE VIR DE
TEC: SOBE RUÍDO SIBILANTE (3”) DENTRO DO OBJETO. EU VOU LEVAR O
TEC: RUÍDO CAI PARA BG MICROFONE MAIS PERTO. AGORA,
TEC: RUÍDO FICA MAIS VARIADO, NA AQUI.
ALTURA E NO TOM

CARL: AGORA NÓS ESTAMOS


TEC: PICO DO RUÍDO AFASTADOS APROXIMADAMENTE UNS
TEC: RUÍDO CAI PARA BG OITO METROS.PODEMOS OUVIR
AGORA
CARL

TEC: VARIAÇÃO DO RUÍDO SIBILANTE CARL: AH, PROF PEARSON!


TEC: RUÍDO CAI PARA BG
PEARSON: SIM, SENHOR PHILIPPS?
CARL
PEARSON CARL: PODEMOS ESCLARECER O
SIGNIFICADO DESSE BARULHO
RASPANTE, DENTRO DA COISA?

PEARSON: POSSIVELMENTE O
ESFRIAMENTO DESIGUAL DE SUA
TEC: PICO DO RUÍDO (2”) SUPERFÍCIE.

24
TEC: RUÍDO CAI PARA BG
CARL: AH, COMPREENDO, O SENHOR
AINDA ACHA QUE SEJA UM METEORO?

PEARSON: NÃO SEI O QUE PENSAR...A


COBERTURA DE METAL É
POSITIVAMENTE EXTRATERRESTRE,
FEITO DE METAL NÃO ENCONTRADO
EM NOSSO PLANETA. A FRICÇAO COM
A ATMOSFERA DA TERRA COSTUMA
FAZER BURACOS NOS METEOROS. A
COISA É LISA E VOCÊ PODE VER A SUA
FORMA CILÍNDRICA.

CARL: ESPERE! UM MINUTO!


ESTÁ ACONTECENDO ALGO!
TEC: PICO DO RUÍDO (2”) SENHORAS E SENHORES, ISTO É
TEC: RUÍDO CAI PARA BG ASSUSTADOR! A EXTREMIDADE DA
COISA ESTÁ COMEÇANDO A ABRIR...
O TOPO ESTÁ COEÇANDO A RODAR
TEC: VARIAÇÃO DO RUÍDO SIBILANTE COMO UM PARAFUSO. A COISA DEVE
SER OCA...

TEC: PORTA METÁLICA ABRINDO (LOC: GRITO DAS PESSOAS


TEC: PEÇA GDE DE METAL RODANDO UM DELES: A COISA ESTÁ
LENTO DESPARAFUSANDO!!!
OUTRO: VOLTEM! VOLTEM!
TEC: ZUMBIDO FORTE TERCEIRO: VEJAM! ALGO ESTÁ LÁ
DENTRO TENTANDO ESCAPAR!

UMA MULHER: ELA CAIU!


TERCEIRO: A TAMPA SE SOLTOU,
CUIDADO! FIQUEM AFASTADOS
TEC: BURBURINHO
TEC: ZUMBIDO MAIS FORTE CARL: SENHORAS E SENHORES, ESTA É
TEC: ESTRONDO MODERADO A COISA MAIS FANTÁSTICA QUE JÁ
TESTEMUNHEI! UM MOMENTO, UM
MOMENTO ! (PAUSA) ALGUÉM SAI
ENGATINHANDO PELA ABERTURA DE
CIMA...ALGUÉM OU...OU ALGUMA
COISA...POSSO VER QUE DE DENTRO
DO BURACO NEGRO, DOIS DISCOS
LUMINOSOS ESTÃO ESPIANDO...
(PERPLEXO) SERÃO OLHOS?! ...OU
PODE SER UM ROSTO...OU PODE SER...
TEC: ZUMBIDO SUAVE
TEC: CAI PARA BG CARL: EU NÃO SEI, ESTÁ SAINDO DA
SOMBRA COMO UMA
SERPENTE...AGORA OUTRO...ESPERE!
MAIS OUTRO (...) PARECEM
TENTÁCULOS! AGORA POSSO VER O
CORPO DA COISA...É GRANDE COMO
TEC: GRITOS DESESPERADOS UM URSO E BRILHA COMO COURO

25
MOLHADO! MAS O ROSTO...ELE...ELE É
INDESCRITIVEL...MAL POSSO
CONTINUAR OLHANDO...OS OLHOS
SÃO PRETOS E BRILHANTES, COMO O
DE UMA COBRA. A BOCA TEM A FORMA
TEC: SOBE GRITOS DESESPERADOS DE V, COM SALIVA ESCORRENDO DE
SEUS LÁBIOS DISFORMES, QUE
PARECEM TREMER E PULSAR. O
MONSTRO OU SEJA LÁ O QUE FOR MAL
PODE SE MOVER, PARECE PUXADO
TEC: ZUMBIDO SUAVE PARA BAIXO, TALVEZ PELA
TEC: CAI PARA BG GRAVIDADE OU ...OU ALGO PARECIDO.
(PAUSA) ESPERE! A COISA ESTÁ SE
LEVANTANDO. A MULTIDÃO RECUA...
(...)

TENHO QUE INTERROMPER A


TRANSMISSÃO ATÉ COLOCAR-ME
NUMA OUTRA POSIÇÃO. AGUARDEM
TEC: VARIAÇÃO DO ZUMBIDO POR FAVOR! EU VOLTAREI, EM UM
MINUTO

TEC: VINHETA DO PLANTÃO (10”)


TEC: CAI PARA BG
LOC: SENHORES OUVINTES....

(...)

Exercícios sugeridos

Exercício 12 (foley), da mini-apostila.

ANOTAÇÕES

26
(9) “ A Bíblia”

“A Bíblia” é um modelo utilizado por roteiristas profissionais para


apresentar seus projetos (no caso, projetos de ficção. Mas o projeto pode ser
adaptado para não-ficção) . Este modelo é formado por alguns documentos básicos,
que seguem preferencialmente esta ordem:

Storyline & Sinopse

Storyline é o resumo da história em pouquíssimas linhas, sem nenhum


detalhe. Deve-se citar o que é a história, onde se passa e seu conflito dramático.
Não confunda essa ferramenta com a mensagem política ou ideológica que
eventualmente pretenda transmitir em seu roteiro.
Sinopse é o resumo funcional e/ou estrutural do seu filme, com cerca de
uma página. O roteirista pode explicar o começo, meio e fim de sua história,
sucintamente, ou ser mais funcional e dedicar um parágrafo para o arco dramático,
outro para conflito do protagonista, o parágrafo seguinte para as características do
protagonista, o seguinte para as forças antagônicas e um último com a direção da
resolução do conflito. (este modelo é bom para miniséries, série e novelas).

Biografia de personagens

É um resumo da vivência de cada personagem. Em geral se dedicam cerca


de 2 páginas ao protagonista e seu antagonista (se houver) e uma página para cada
personagem secundário.
Estas biografias podem ser moldadas por tópicos. Podemos utilizar: fichas de
RPG, modelo de biografia de Lajos Egri (conhecida lista de perguntas usada em
dramaturgia), enquete, etc. Qualquer sistema de tópicos que responda muito
sobre quem o personagem é: características físicas, infância, educação, status
social, medos, traumas, hobbies, trabalho, etc

Argumento

Este é uma versão desenvolvida da sinopse, com cerca de 5 páginas. Serve


para que possamos enxergar literalmente como o curta começa, desenvolve-se e
termina. Diálogos podem ser previstos, mas se atenha ao conteúdo deles apenas.

Escaleta

27
A escaleta é um resumo cena a cena do seu filme. No projeto, serve para
que possamos enxergar de maneira resumida a estrutura do filme. Mas no dia-a-dia
é uma ferramenta de trabalho, que serve para o roteirista poder “brincar” com as
estrutura do filme, trocando cenas de ordem ou as eliminando (com o sistema de
fichas, por exemplo).

Roteiro

É um texto com divisão cena a cena (ou seqüência a seqüência) de uma obra
audiovisual. Na formatação padrão, conhecida como Master Scenes, uma página de
roteiro corresponde a aproximadamente uma página de roteiro. Esta é a
formatação mais utilizada comercialmente,e por isso mesmo se tornou padrão.
Formatação padrão: Fonte: Courier ou Courier New 12 point 10 pitch. Não se
usa itálico nem negrito (para se manter um padrão de leitura). Margens : Vertical:
Em cima 2,5cm; Em baixo 2,5cm-3cm. Ação/Cabeçalhos: Esquerda 3,5cm; Direita
3,5-4cm. Nomes: 9 cm da esquerda. Diálogo: 6,5cm da esquerda
7,5cm da direita. Instruções para o ator: 7cm da esquerda. Justificação: Diálogo e
ação para a esquerda.

Exercícios sugeridos

Exercícios 6 e 7, da mini-apostila

Leitura

Como formatar roteiro, de Hugo Moss (disponível na biblioteca e na internet)

ANOTAÇÕES

28
EXERCÍCIOS

1. CRIAÇÃO DE ROTEIRO PARA INSTITUCIONAL

Utilizando as seguintes informações, criar uma breve narração em off (máximo de


duas páginas, com apresentação, desenvolvimento e conclusão):

O gerente de uma famosa rede de sex shops ("Lojas H Romeu") quer criar um
vídeo institucional bem curto e interessante, para ser exibido numa feira para
franquias e franqueados. Ele deseja:
- linguagem atraente, bem-humorada e sem vulgaridades
- conteúdo claro e informativo
- incentivo a possíveis novos franqueados
- utilização de boa parte das seguintes informações a respeito da rede: maior
rede do brasil, com mais de 30 lojas só na Grande São Paulo; faturamento médio
mensal, por loja, de 50 mil reais; capital inicial de apenas 100 mil reais, com
ponto sugerido pela franquia (próximo a metrôs, em centros urbanos), e com
benefícios ao franqueado, como bônus por venda acima da meta de 20% e ajuda
de custo no aluguel em 15% em caso de pagamento à vista. Público
diversificado: a loja oferece produtos a todos os gêneros e opções sexuais; há
produtos para homens, mulheres, gays, lésbicas e simpatizantes. Não há
produtos setorializados, o que poderia constranger os freqüentadores. Há uma
gama imensa de produtos: 50 tipos diferentes de vibradores, desde exemplares
de 30 cm até alguns disfarçados como canetas e batons; há locadora erótica
separada da pornográfica, e cabines de peep show, bastante discretas.
Melhor treinamento e atendimento: o cliente só é abordado caso solicite; tem
liberdade para observar, tocar e examinar, desde que respeitados os devidos
limites; garantia de novo produto em caso de defeito ou informação incorreta;
a seleção de atendentes devem respeitar a diversidade sexual
Lema da rede: "sua fantasia é seu limite"

2. CRIANDO UMA TESE

29
O aluno deve redigir uma proposta breve (cerca de uma página) a partir de uma
notícia de jornal. Os alunos adaptam uma noticia de jornal para o formato
audiovisual, através de processo de criação que envolve a discussão de uma notícia
e a sua transformação em argumento. O professor fornecerá a matéria completa,
caso necessário:

Suzane não vai desistir de herança

No fórum de Tremembé (SP), cidade onde está presa, ela disse que não abrirá
mão dos cerca de R$ 2 milhõesSuzane von Richthofen não vai abrir mão da herança à
qual tem direito, no valor estimado de R$ 2 milhões. Ela esteve ontem à tarde no fórum
de Tremembé, cidade do Vale do Paraíba onde está detida, e, na frente da juíza Márcia
Berings Domingues de Castro, abdicou da renúncia. Esta foi a terceira vez que Suzane
disse, diante da Justiça, que vai continuar lutando pelos bens deixados pelos pais que
ajudou a matar. Suzane cumpre pena de 39 anos de prisão pela participação no
assassinato dos próprios pais, Marísia e Manfred von Richthofen, em outubro de 2002,
junto com Daniel e Christian Cravinhos, também presos em Tremembé.
(...)
Na penitenciária, fica na cela com detentas evangélicas e cumpre tarefas diárias,
como varrer o pátio. Em dias de visitas, aos sábados e domingos, ela costuma não descer
até o pátio para não ser reconhecida pelos parentes das presas. Os familiares costumam
comentar, na saída das visitas, que nunca vêem Suzane e que as outras presas comentam
que ela é ''''muito quieta''''.

3. FICÇÃO x NÃO FICÇÃO

O aluno recebe o seguinte material e cria uma proposta de documentário (10 a 20


linhas). O aluno então vira a folha e, a partir da mesma notícia, estabelece uma
storyline de uma ficção (o conflito central e seus protagonistas, por exemplo).

Negada indenização por gravidez


atribuída a uso de medicamento de farinha

A 9ª Câmara Cível do TJRS negou indenização moral e material a mulher


que atribuiu a gravidez ao uso de suposto anticoncepcional feito de farinha. A
decisão confirma sentença da Comarca de São Leopoldo. (...)
A autora alegou que utilizava o anticoncepcional Microvlar, fabricado pela
Schering do Brasil Química e Farmacêutica LTDA., obtido gratuitamente no
Centro de Planejamento Familiar de São Leopoldo. Disse que, no ano de 1998,

30
submeteu-se a um teste de gravidez obtendo o resultado positivo. Segundo ela,
por intermédio dos meios de comunicação, teve o conhecimento de que a
empresa teria colocado no mercado um lote do medicamento feito de farinha.
De acordo com a Schering, na época, um lote foi elaborado para testes de
qualificação de uma das máquinas, mas, por motivos desconhecidos, acabou
sendo colocado no mercado. O fato foi divulgado, a pedido da empresa, a fim de
alertar a população da existência do medicamento sem princípio ativo.
Em seu voto, a relatora do recurso, Desembargadora Marilene Bonzanini
Bernardi, afirma que pela realização da perícia constatou-se que a cartela
utilizada correspondia a um contraceptivo em conformidade com as normas
técnicas. O laudo pericial mostrou que os comprimidos possuíam o princípio
ativo em nível satisfatório, adequado para o consumo. “Não há prova nos autos
no sentido de que a autora tivesse feito uso correto do anticoncepcional, de
acordo com a prescrição médica”, finalizou a magistrada.

4. ENTREVISTA DE UM PERSONAGEM

A partir da (s) seguinte (s) tira (s), crie a pauta de uma entrevista com a
personagem envolvida. Mínimo de 5 perguntas.

31
5. VIDEOCLIPE

Ouça a seguinte música, veja sua letra e tente pensar como poderia fazer um
videoclipe dela. Defina primeiramente o tema dela; depois crie uma proposta para
ilustrar tal música Se possível rascunhe um storyboard da sua proposta:

LULU SANTOS- TEMPOS MODERNOS

Eu vejo a vida melhor no futuro


Eu vejo isto por cima do muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar
A força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Que não há tempo que volte, amor

32
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir

6. SUGERINDO ATRAVÉS DO TEXTO

Os alunos assistem o trecho selecionado de Sexto Sentido e tentam transcrever o


que estão vendo. Em seguida, fazemos a comparação com o que está escrito de
fato no roteiro (recomenda-se que o aluno assista anteriormente o filme em sua
íntegra) . O trecho sugerido é a seqüência inicial (da lâmpada até a morte de
Vincent).

7. ESCREVENDO O INVISÍVEL

Como dizer no universo do audiovisual o que não é visível? Os alunos deverão


transcrever uma cena do Sexto Sentido (recomenda-se que o aluno assista
anteriormente o filme em sua íntegra). O trecho sugerido é a seqüência final.

8. “TESTE DE ELENCO”

Para mostrar mudança da linguagem , o professor fará um texto de vídeo em


classe. Compararemos trecho da peça com trecho do seriado Confissões de
Adolescente, a série e a peça de teatro (o mesmo trecho). Procure decupar a cena,
rabiscando o texto, de acordo com a sua imaginação (faça isso antes de assistir a
série):

Escritório do PAI. Ele está se sentando à mesa do escritório, como quem acaba de chegar.
ENTRA MARIANA, tensa.

PAI
Tudo bem filha? Dia difícil hoje. Como você está?

MARIANA
Queria te dizer uma coisa, pai, mas tô encabulada de falar.

PAI

33
Fala

MARIANA
Tô grávida. Peguei o teste hoje e deu positivo

Silêncio entre o PAI e MARIANA.

PAI
Sua débil mental! Idiota! Débil mental! A única coisa que eu te pedi pra não fazer!idiota!
Você sabe o que é um aborto? Hospital, anestesia geral? Vou telefonar pro médico agora,
marcar amanhã....fazer logo esta porra. Como é mesmo o nome daquela merda, daquela
porra daquele ginecologista?

MARIANA
Desculpe...desculpe...eu não sabia.

PAI
Não sabia o quê? Irresponsável...débil mental! Irresponsável, feito sua mãe!

MARIANA
Desculpa, pai

PAI
Não fala comigo

MARIANA
A camisinha estourou, pai, eu não sabia. (Chorando). Tô começando, pô! Não sabia que
camisinha estourava.

PAI
Não sabia que camisinha estourava...Quem não sabe que camisinha estoura? É a mesma
coisa que não saber que carro atropela.

MARIANA
Desculpa

Silêncio maior entre eles. O PAI se acalma.

PAI
Desculpa você, filha. O seu problema é maior que e o meu e eu fico gritando. Fiquei
histérico, você há de convir que não é pra menos. Desculpa, eu não devia ter gritado,
tenho que estar do seu lado numa hora dessas. Não é nada demais, a gente resolve.

MARIANA
Desculpo não

PAI
O quê?

34
MARIANA
Eu tô nervosa, tô com medo e você fica gritando comigo? (Chorando cada vez mais)

MARIANA SAI e se tranca no quarto, batendo a porta

PAI
Filha, filha, abre a porta. Filha, desculpe. Você sabe que eu tenho horror de hospital, de
doença, você sabe como eu fico histérico quando você tem uma febre baixa! Abre, filha,
pra gente conversar.

MARIANA
Não quero conversar

PAI
Mas a gente precisa. Você quer ter esse filho?

MARIANA
Não, quero ficar sozinha

(continua...)

Silêncio. Depois de algum tempo, o PAI desiste e fica vagando pela casa

9. “TESTE 2”

Agora vamos ler uma cabeça de telejornal. O professor irá fazer duas versões. Uma
direto sem cortar e a outra cortando em uma das frases do espectador. Os alunos
devem definir o ponto ideal para se cortar. Marque onde você acha que funcionaria
melhor e defina movimento de câmera, plano, etc. Tente notar as diferenças entre
as duas versões:

(TEXTO DO ÂNCORA):
Um homem que perdeu os dois braços e uma perna em um acidente é
condenado a cinco anos de prisão por uma série de infrações ao volante.
Francis Wiley, 40, declarou-se culpado de todas as acusações.
Wiley, que já tinha cumprido uma pena de prisão por dirigir sem licença,
perdeu seus braços e uma perna quando tinha 13 anos.
Apesar das limitações, Wyley ligava o carro com os dedos do pé, mudava as
marchas com o joelho e chegava a usar os dentes para acender as luzes

Isto é uma vergonha!

10.DO SONETO Á CENA

35
Leia os seguintes trechos de sonetos famosos (o professor fornecerá o soneto
completo caso necessário):

"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável..." (Augusto dos Anjos)

"Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha..." (Olavo Bilac)

a) Analise um dos sonetos: defina primeiro qual é o tema do poema. Em seguida,


tente julgar qual é a emoção que o autor tentou provocar. Por último, faça uma
livre associação de imagens e sons (audiovisualmente, o que o soneto te evoca?
Liste ao menos 5, tanto faz se som ou imagem).

b) Crie uma pequena crônica a partir da análise feita no item “a”. Crie dois
personagens, um conflito para ou entre eles. Foque numa situação muito simples.
O narrador deve ser na terceira pessoal do singular. Não use diálogos na forma
direta.

c) A partir de sua crônica, elabore uma cena estritamente dramática ( foque no


diálogo entre eles)

11.“BALÃO”

Os alunos devem criar um diálogo para o espaço destinado ao texto, na(s) tira (s),
criando um novo sentindo para aquilo que é mostrado. Aqui o que vale é o
inusitado:

a)

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b)

12.FOLEY

Os alunos devem realizar uma tarefa extra-classe: trazer de casa objetos que
produzam sons interessantes, que soem artificiais ou não (um sapato de salto
metálico). Quanto mais improvável a conexão entre o objeto e o som produzido,
melhor. Em seguida, o professor trabalhará com os alunos em torno do trecho do
roteiro de “A Guerra dos Mundos” (ver no item da apostila dedicada ao rádio). Leia
o trecho e tente encaixar os sons produzidos por seus objetos com aqueles citados
no roteiro.

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13.CITAÇÃO

Pegue uma citação famosa. “Tudo vale a pena/ quando a alma não é pequena”. Ou
uma máxima. Apreenda a intenção, ou a moral daquela citação.
Agora crie um breve argumento de uma história inspirado nesta citação. Sem
revelar para a classe qual é a citação escolhida, conte brevemente sua história e
vejam se seus colegas adivinham qual foi a citação.

14.AS DUAS FACES DA PIADA

O aluno transcreve de maneira simples uma piada que aprecia . Ele vira a folha e,
no verso, altera o sentido do texto para que a piada se torne um breve relato
dramático (dicas: torná-la trágica é uma boa saída. Mudar o ponto de vista
também)

15.A VIDA COMO ELA É

O professor irá exibir a série “A Vida como ela é” ( Tv Globo). Junto com ele,
procure dividir o texto original de Nelson Rodrigues (logo abaixo, trecho da crônica
“Quem Morre Descansa”) de acordo com o que você assiste (cena, diálogo,
narrador, e ação). Solicite ao professor material para análise de um outro episódio,
caso necessário.

QUEM MORRE DESCANSA

Ela batia à máquina quando Norberto apareceu. Fez a


pergunta:(
— Pode-se bater um papinho contigo? (diálogo a partir
daqui)
— Quando?
— Depois do serviço?
— 0K. E onde?
Ele vacilou: “Olha, eu te espero naquele bar da esquina”.
Julinha, com o coração disparado, balbuciou: “Eu estarei lá”.
Batata. E não trabalhou mais direito.
Norberto a esperava, num canto do bar, com uma garrafa na
frente.Deu-lhe a cadeira e requisitou o garçom. Perguntou à
pequena:
— Você toma o quê?
Julinha, que não estava passando bem do estômago, pediu:
— “Água tônica”. Enquanto o garçom ia e vinha, Norberto
foi direto ao assunto: — “Você sabe, não sabe, que eu sou
casado?”. Suspirou:
— Sei.
E ele:

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— Muito bem. Sabe, também, que eu gosto muito de você?
Disse que não tinha certeza, mas desconfiava. Ele insistiu:
— “Pois gosto e muito, mais do que você pensa”. E, súbito,
fez-lhe a pergunta que a surpreendeu e deixou sem fala: —
“Quer casar comigo?”.
Durante alguns momentos, ela não soube o que dizer, não soube
o que pensar. Balbuciou:
— Quer dizer, queria. Mas como? E sua mulher?
Mas Norberto estava preparado para a pergunta:
— “O negócio é o seguinte, meu anjo: minha mulher está
muito mal”. E era verdade. A mulher de Norberto era muito
franzina, um peito cavado, asmática, tinha uma vida de
sacrifício. No inverno, pagava todos os pecados, qualquer
resfriado bobo a deixava sem ar, e tinha sufocações tremendas.
Vivia em casa, estiolando-se, cada dia pior. Há coisa de oito
meses, fizera uma radiografia do estômago. Constatara-se a
úlcera; e, depois, uma do pulmão que revelara a tuberculose.
Chocada com essas variedades de doenças, de provações, Julinha
deixou escapar a exclamação:
— “Que horror!”. Norberto prosseguiu. (...)

16.“AUTO DA COMPADECIDA”

Os alunos devem, em grupos de 3:

a) Assistir a minissérie "Auto da Compadecida" (Tv Globo);


b) Redigir uma sinopse (uma página), resumindo a história da peça/filme, na qual
deve se responder:
- Qual o gênero dramático predominante do "Auto"?
- Qual o conflito central?
- Quem são os protagonistas? Defina-os bem
- Quem ou o que lhes é antagônico?
- Qual é o arco dramático da peça?
c) A partir da leitura da epígrafe da peça e da sinopse redigida anteriormente, o
grupo deve propor uma nova versão para o "Auto", adaptando-a para a tv, mas
alterando seu tom e gênero dramático. A dica do professor é alterar o clímax (a
cena do julgamento) e a partir dele, imaginar variações dentro do resto da história.
Esta proposta deve ser feita na forma de sinopse (1 página).

(epígrafe “ Auto da compadecida”)

O DIABO
Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete!
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MARIA
Meu filho perdoe esta alma,
Tenha dela compaixão
Não se perdoando esta alma,
Faz-se é dar mais gosto ao cão:
Por isto absolva ela,
Lançai a vossa bênção.
JESUS
Pois minha mãe leve a alma,
Leve em sua proteção,
Diga às outras que recebam,
Façam com ela união.
Fica feito o seu pedido,
Dou a ela a salvação.

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