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FORTALEZA - CEARÁ
2012
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FORTALEZA - CEARÁ
2012
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____________________________________________________
Profa. Dra. Thereza Maria Magalhães Moreira
Universidade Estadual do Ceará - UECE
Orientadora
___________________________________________________
Profa. Dra. Célida Juliana de Oliveira
Universidade Regional do Cariri - URCA
1º membro efetivo
___________________________________________________
Profa. Dra. Ana Virgínia de Melo Fialho
Universidade Estadual do Ceará - UECE
2º membro efetivo
5
Dedico!
6
AGRADECIMENTOS
À Mainha (Elza Pereira Borges) e Painho (Pedro Borges de Lima), pelo amor
incondicional e por ensinarem que a vida, apesar das limitações sociais impostas, pode ser
vivida com dignidade e felicidade.
Aos meus irmãos, Kelva Gislayne Pereira Borges e Pedro Eduardo Pereira Borges,
meu cunhado, Edivan Borges, e a minha sobrinha Kaylane Borges, pelo apoio e incentivo
para a minha conquista, que me deram segurança para começar uma infinita caminhada.
À tia Toinha (Antônia de Freitas Lima), por abrigar-me em sua família durante a
realização deste curso.
A Ana Célia Caetano Souza, professora e amiga, que fez nascer em mim a semente
da pesquisa.
Aos amigos da “The Best of the World”, Simone, Ana Maria, Aurilene, Manuela,
Graça, Bruna, Raquel, Jênifa, Jéssica, Marcelo, Rafaelly, Juliana, Sanja, Leila, Herculano,
Diana, Priscila, Eryjose, Deivison, Jucy, Suzane, Cíntia pelas trocas de experiências,
vivências e amizades construídas. Pelas angústias trocadas e superadas. Pela Nossa
Conquista!
Aos membros da banca examinadora, Dra. Célida Juliana de Oliveira, Dra. Ana
Virgínia de Melo Fialho e Dr. Paulo César de Almeida, pelas contribuições enriquecedoras
para o aprimoramento desta pesquisa.
MUITO OBRIGADO!
8
RESUMO
A não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um complexo
problema de saúde pública que permanece como um desafio às equipes de saúde. O
desenvolvimento de instrumento específico para medi-la, considerando sua
multidimensionalidade, é uma tecnologia voltada ao cuidado clínico de enfermagem eficaz e
convergente aos requerimentos da pessoa com hipertensão. Objetivou-se desenvolver e
validar o conteúdo de um instrumento de avaliação da não adesão ao tratamento da
hipertensão arterial. Trata-se de um estudo metodológico, quantitativo, ancorado nos
pressupostos teóricos metodológicos da Psicometria. O estudo foi desenvolvido em três
fases. Na primeira fase, foi realizada uma revisão integrativa nas bases LILACS, IBECS,
MEDLINE, SciELO e PubMed, para a elaboração das dimensões da não adesão ao
tratamento da HAS. Foram analisados 48 estudos. Na segunda fase, realizou-se o
desenvolvimento do instrumento de avaliação. Foram delineadas a dimensionalidade, as
definições constitutivas, as definições operacionais e elaborados os itens do instrumento
piloto. A terceira fase designou o processo de validação de conteúdo do instrumento por
especialistas em não adesão. A seleção dos especialistas ocorreu a partir do banco de dados
da CAPES. O critério de inclusão foi uma pontuação mínima de 5 pontos na escala adaptada
do sistema Fhering. Participaram 17 especialistas em hipertensão arterial, sendo 12
enfermeiros, quatro farmacêuticos e um médico. Foram aplicados três formulários de
validação de conteúdo online. Os instrumentos foram tratados e, em seguida, inclusos em
um banco de dados de um programa estatístico. Foram calculados o Índice de Validade de
Conteúdo total (IVCt) e dos itens (IVCi) e realizado o teste binomial das dimensões,
definições constitutivas, definições operacionais e dos itens. Elucidaram-se quatro
dimensões constitutivas da não adesão ao tratamento da HAS: dimensão pessoa, serviço de
saúde, doença/tratamento e ambiente. Foram desenvolvidas nove dimensões constitutivas;
36 definições operacionais e 30 itens do instrumento piloto. O processo de validação de
conteúdo ocorreu com um painel de especialistas de nove estados brasileiros, sendo 58,8%
doutores e 41,2% mestres. A validação das dimensões constitutivas obteve IVCt de 0,88
mostrando boa compreensão sistêmica do fenômeno da não adesão. Foram validadas 19
definições operacionais com excelente IVCi; 12 obtiveram bons IVCi; e 5 foram excluídos.
A validação dos itens do instrumento piloto obteve IVCt = 0,82, indicando boa formulação
teórica. Foram validados 20 itens com excelentes IVCi; seis obtiveram bons IVCi; e quatro
foram excluídos. A avaliação dos critérios psicométricos (comportamento, simplicidade,
clareza, relevância, precisão, modalidade e tipicidade) obtiveram excelentes IVCi
estatisticamente significativos. Foi possível desenvolver e validar o conteúdo do
“Instrumento de Avaliação da Não Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial”, que
consiste em uma escala tipo Likert de 5 pontos que permite mensurar em cada dimensão e
seus constituintes a não adesão em três níveis: não adesão total, risco para não adesão e
adesão. Desse modo disponibilizamos um instrumento multidimensional, a partir de um
entendimento complexo, sendo possível pensar em cada dimensão e seus constituintes inter-
relacionais buscando a convergência de saberes para a construção de abordagens centradas
na realidade de cada sujeito.
ABSTRAT
No adherence to treatment of High Blood Pressure (HBP) is a complex public health issue
that remains as a challenge to the health teams. The development of specific instrument to
measure it, considering its multidimensionality, is a technology focused on clinical nursing
care and effective converged to the requirements of people with hypertension. The objective
was to develop and validate the contents of an instrument for assessing non-adherence to
treatment of hypertension. This is a methodological study, quantitative anchored in
theoretical methodology of psychometrics. The study was conducted in three phases. In the
first phase, we performed an integrative review at LILACS, IBECS, MEDLINE, PubMed
and SciELO, for the elaboration of the dimensions of noncompliance with treatment of
hypertension. 48 studies were analyzed. In the second phase, there was the development of
the evaluation instrument. We outlined the dimensionality, the constitutive definitions,
operational definitions and elaborate items of the instrument pilot. The third phase
designated the process of content validation of the instrument by experts in noncompliance.
The selection of experts came from the database of CAPES. The inclusion criterion was a
minimum score of 5 points on the scale adapted Fhering system. Participants were 17
experts in hypertension, and 12 nurses, four pharmacists and a physician. We applied three
forms of online content validation. The instruments were treated and then included in a
database of a statistical program. We calculated the Index of Content Validity total (ICVt)
and items (ICVi) and performed the binomial test dimensions, constitutive definitions,
operational definitions and items. Elucidated are four constitutive dimensions of
noncompliance with treatment of hypertension: one dimension, health care, disease /
treatment and environment. We developed nine constitutive dimensions, 36 items and 30
operational definitions of the instrument pilot. The content validation process occurred with
an expert panel of nine Brazilian states, 58.8% of doctors and 41.2% masters. The validation
of the constitutive dimensions of 0.88 obtained ICVt showing good understanding of the
phenomenon of systemic noncompliance. 19 operational definitions were validated with
excellent ICVi, 12 achieved good ICVi, and 5 were excluded. The validation of the
instrument items pilot got ICVt = 0.82, indicating good theoretical formulation. 20 items
were validated with excellent ICVi, six achieved good ICVi, and four were excluded. The
evaluation of psychometric criteria (performance, simplicity, clarity, relevance, accuracy,
and typicality mode) achieved excellent ICVi statistically significant. It was possible to
develop and validate the contents of the "Instrument for Assessment of Non-Adherence to
Treatment of Hypertension", it is a Likert scale of 5 points in each dimension allows us to
measure their constituents and non-adherence at three levels: no total membership, risk for
non-adherence and compliance. Thus we provide a multidimensional instrument from a
complex understanding, and can think of each dimension and their constituents inter-
relational seeking the convergence of knowledge for building approaches focused on the
reality of each subject.
RESUMEN
La falta de adherencia al tratamiento de la hipertensión arterial (HTA) es un problema
complejo de salud pública que se mantiene como un desafío a los equipos de salud. El
desarrollo de instrumentos específicos para medir, teniendo en cuenta su carácter
multidimensional, es una tecnología centrada en los cuidados de enfermería clínica y eficaz
convergentes a las necesidades de las personas con hipertensión. El objetivo fue desarrollar
y validar el contenido de un instrumento para evaluar la falta de adherencia al tratamiento de
la hipertensión. Se trata de un estudio metodológico cuantitativo anclado en la metodología
teórico de la psicometría. El estudio se realizó en tres fases. En la primera fase, se realizó
una revisión integradora en LILACS, IBECS, MEDLINE, PubMed y SciELO, para la
elaboración de las dimensiones del abandono del tratamiento de la hipertensión. 48 estudios
fueron analizados. En la segunda fase, se produjo el desarrollo del instrumento de
evaluación. Hemos esbozado la dimensionalidad, las definiciones constitutivas, las
definiciones operacionales y los elementos complejos de la prueba piloto del instrumento.
La tercera fase designado el proceso de validación de contenido del instrumento por
expertos en incumplimiento. La selección de los expertos procedían de la base de datos de
CAPES. El criterio de inclusión fue una puntuación mínima de 5 puntos en la escala
adaptada sistema Fhering. Participaron 17 expertos en hipertensión, y 12 enfermeras, los
farmacéuticos cuatro y un médico. Se aplicaron tres formas de validación de contenidos en
línea. Los instrumentos fueron tratados e incluyó entonces en una base de datos de un
programa estadístico. Se calculó el índice de contenido total validez (IVCT) y artículos
(IVci) y realiza las dimensiones de pruebas binomiales, las definiciones, las definiciones
operacionales constitutivas y los elementos. Dilucidado cuatro dimensiones constitutivas de
incumplimiento con el tratamiento de la hipertensión: una dimensión, la atención de la salud,
la enfermedad / tratamiento y el medio ambiente. Hemos desarrollado nueve dimensiones
constitutivas, artículos 36 y 30 definiciones operativas de la prueba piloto del instrumento.
El proceso de validación de contenido se produjo con un panel de expertos de nueve estados
brasileños, el 58,8% de los médicos y 41,2% amos. La validación de las dimensiones
constitutivas de 0,88 obtenido IVCT mostrando buena comprensión del fenómeno de
incumplimiento sistémico. 19 definiciones operacionales fueron validados con excelente
IVci, 12 IVci logrado buenos, y 5 fueron excluidos. La validación del instrumento piloto
tiene artículos IVCT = 0,82, lo que indica una buena formulación teórica. 20 artículos fueron
validados con excelente IVci, seis logrado IVci bueno, y cuatro fueron excluidos. La
evaluación de los criterios psicométricos (rendimiento, simplicidad, claridad, relevancia
modo, la precisión y la tipicidad) logró IVci excelente estadísticamente significativa. Es
posible desarrollar y validar el contenido del "Instrumento para la Evaluación de la No-
Adherencia al Tratamiento de la Hipertensión", es una escala de Likert de 5 puntos en cada
dimensión nos permite medir sus electores y no adhesión a tres niveles: no número total de
miembros riesgo, por la falta de adherencia y cumplimiento. Por lo tanto, se proporciona un
instrumento multidimensional de una comprensión compleja, y puede pensar en cada
dimensión y sus componentes inter-relacional búsqueda de la convergencia del
conocimiento de enfoques centrados en la creación de la realidad de cada sujeto.
Quadros
Quadro 01: Critérios psicométricos para elaboração de itens. 48
Quadro 07: Variáveis de não adesão da dimensão Pessoa conforme as referências. Fortaleza, 80
2012.
Quadro 08: Variáveis de não adesão da dimensão Doença/Tratamento conforme as 86
referências. Fortaleza, 2012.
Quadro 09: Variáveis da não adesão da dimensão Serviço de Saúde conforme as referências. 89
Fortaleza, 2012.
Quadro 10: Variáveis da não adesão da dimensão Ambiente conforme referências. Fortaleza, 91
2012.
Quadro 11: Dimensionalidade do construto “Não adesão ao tratamento da HAS”. Fortaleza, 97
2012.
Quadro 12: Definições constitutivas e operacionais da dimensão Pessoa segundo as 99
referências. Fortaleza, 2012.
Quadro 13: Definições constitutivas e operacionais da dimensão Doença/Tratamento 100
13
Tabela 02 Perfil acadêmico dos especialistas em Não adesão ao tratamento da HAS. 110
Fortaleza, 2012.
Tabela 03 Índice de Validade de Conteúdo (IVC) das definições constitutivas do traço 113
latente “não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica”. Fortaleza,
2012.
Tabela 04 Índice de Validade de Conteúdo (IVC) das definições operacionais do traço 120
latente “não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica”. Fortaleza,
2012.
Tabela 05 Índice de Validade de Conteúdo (IVC) dos itens do instrumento de avaliação da 137
Não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica. Fortaleza, 2012.
Tabela 06 Avaliação dos critérios psicométricos (comportamento, simplicidade, clareza, 145
relevância, precisão, modalidade e tipicidade) dos itens do instrumento de
avaliação da Não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica.
Fortaleza, 2012.
Gráficos
Gráfico 01 Envolvimento com produção acadêmica em Não adesão ao tratamento da HAS. 111
Fortaleza, 2012.
Gráfico 02 Envolvimento com produção acadêmica em HAS. Fortaleza, 2012. 111
14
LISTA DE SIGLAS
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
OMS Organização Mundial da Saúde
QAM-Q Questionário de Adesão a Medicamentos – Qualiaids
NOC Nursing Outcomes Classification
Questionário MBG Questionário Martín-Bayarre-Grau
GRUPECCE Grupo de Pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidade e
Enfermagem
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem
IBAP Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica
TRI Teoria da Resposta ao Item
CCI Curva Característica do Item
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
IVC Índice de Validade de Conteúdo
IVCs Índice de Validade de Conteúdo da Escala
IVCi Índice de Validade de Conteúdo Item
PASW Predictive Analytics Software for Windows
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PA Pressão Arterial
AVC Acidente Vascular Cerebral
DCV Doença Cardiovascular
FITT Frequência, Intensidade, Tempo e Tipo de exercício
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 18
2 OBJETIVOS................................................................................................................................ 23
3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................... 25
3.1 MENSURAÇÃO DA (NÃO)ADESÃO AO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL................................................................................................................................... 26
3.2 IMPORTÂNCIA DA MENSURAÇÃO NA CLÍNICA DE ENFERMAGEM............................ 35
4 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................... 40
4.1 TEÓRICO LUIZ PASQUALI....................................................................................................... 41
4.2 A PSICOMETRIA......................................................................................................................... 43
5 MÉTODO...................................................................................................................................... 52
5.1 PRIMEIRA FASE......................................................................................................................... 54
5.2 SEGUNDA FASE......................................................................................................................... 61
5.3 TERCEIRA FASE......................................................................................................................... 64
5.3.1 Sujeitos do estudo – os especialistas........................................................................................... 64
5.3.2 Critérios de inclusão e exclusão.................................................................................................. 65
5.3.3 Coleta de dados da terceira fase................................................................................................. 66
5.3.4 Análise........................................................................................................................................... 70
5.3.5 Aspectos Éticos............................................................................................................................. 73
6 DIMENSÕES DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA HAS........................................ 75
6.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS SELECIONADOS........................................................ 76
6.1.1 Dimensão Pessoa.......................................................................................................................... 79
6.1.2 Dimensão Doença/Tratamento................................................................................................... 85
6.1.3 Dimensão Serviço de Saúde........................................................................................................ 89
6.1.4 Dimensão Ambiente..................................................................................................................... 91
6.2 INTEGRALIZANDO OS RESULTADOS................................................................................... 92
7 DESENVOLVIMENTO DOS ITENS DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA NÃO
ADESÃO AO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL...................................... 96
7.1 DIMENSIONALIDADE............................................................................................................... 97
7.2 DEFINIÇÕES E OPERACIONALIZAÇÃO DOS CONSTRUTOS............................................ 98
8 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA NÃO
ADESÃO AO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL...................................... 103
8.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS........................................................................... 104
8.2 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DAS DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS................................ 113
8.3 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DAS DEFINIÇÕES OPERACIONAIS.................................. 119
8.4 VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DOS ITENS DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA
NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA............ 136
8.4.1 Avaliação dos Critérios Psicométricos dos Itens...................................................................... 143
8.5 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL....................................................................................................... 151
9 CONCLUSÃO.............................................................................................................................. 153
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 156
16
APÊNDICES
Apêndice A Instrumento Guia para elaboração de itens
Apêndice B Instrumento de coleta de dados – Caracterização dos especialistas
Apêndice C Validação de conteúdo das definições constitutivas, operacionais e itens
Apêndice D Validação de conteúdo segundo os critérios psicométricos
Apêndice E Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Apêndice F Segunda Validação de conteúdo
Apêndice G Instruções para avaliação dos especialistas
Apêndice H Carta-convite
ANEXO
ANEXO A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
17
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
18
1 INTRODUÇÃO
física e prejuízos na qualidade de vida das pessoas1 com esses agravos são as principais
população adulta mundial e 60% dos idosos. Mais de 30 milhões de brasileiros apresentam
mundo (VI DIRETRIZES, 2010). Com elevado impacto social e econômico, acomete
Atualmente, não faltam ensaios clínicos que apresentam novas drogas ou esquemas
1
Nesse trabalho optamos pela utilização dos termos pessoa e sujeito em detrimento ao termo paciente.
Entendemos que vislumbrar mudanças no setor saúde inicia-se com a adequação dos conceitos aos cenários e
aos discursos paradigmáticos.
19
morbidade. Entretanto, mesmo com todo esse investimento, quem trata de pessoas com essas
que pode ser um bem durável, uma teoria, um novo modo de fazer algo, ou bens ou produtos
modo de ação, de fazer cuidado, classificado como tecnologia leve-dura, por ser estruturado
Diante de tal relevância, a não adesão ao tratamento permanece como desafio aos
A complexidade das altas taxas de não adesão apresentadas pelos diversos métodos
de sustentação para a qualificação da prática dos profissionais que cuidam desses sujeitos,
Saúde (BRASIL, 2006). Deste modo, tornam-se importantes estudos que subsidiem gestores
especificamente importante para o enfermeiro, profissional que a cada dia conquista mais
Universidade Estadual do Ceará, cujo projeto central trabalha com a adesão ao tratamento da
uma tecnologia para o trabalho de enfermagem, sendo este, determinante para a qualificação
saúde.
23
CAPÍTULO II
OBJETIVOS
24
2 OBJETIVOS
Sistêmica;
CAPÍTULO III
REVISÃO DE LITERATURA
26
3. REVISÃO DE LITERATURA
ARTERIAL
Os termos utilizados para definir adesão e não adesão refletem qual a compreensão
que os autores possuem sobre o papel dos atores no processo. Os termos mais utilizados em
língua inglesa são compliance, que pode ser traduzido por cumprimento ou obediência, e
identifica uma escolha livre das pessoas que aderem ou não às recomendações, denotando
uma certa interação colaborativa entre o sujeito com HAS e o provedor de cuidados
pessoa com hipertensão encontra-se numa posição passiva no que tange às decisões a serem
enquanto, ao outro cabe apenas se submeter, cumprindo os ditames propostos. Assim o non-
desvio da conduta, que deve ser cobrada pelo profissional de saúde (SANTA HELENA,
Para Santa Helena (2007) e Santa Helena, Nemes e Eluf-Neto (2008), se, do ponto de
para a pessoa com HAS (resultante de uma relação terapêutica não dialogada, com sentido
expressar um serviço de saúde que não se abre ao diálogo e às opiniões dos seus adscritos.
adherence (adesão), que coloca a pessoa com HAS como partícipe do processo de cuidar de
sua saúde, devendo estar conforme as propostas terapêuticas dos profissionais de saúde.
Com o uso deste termo, há ampliação do universo da relação profissional de saúde – sujeito
cuidado para outro que permite avaliar a qualidade do serviço prestado (WHO, 2003). Ante
o exposto, utilizou-se neste trabalho o termo não adesão, sendo a tradução em português do
termo no adherence.
empregado para a medida (SANTA HELENA, 2007; SOUZA, 2008; BLOCH; MELO;
NOGUEIRA, 2008).
2006; GOHAR et al, 2008; JOHNELL et al, 2005; WETZELS et al, 2006; BOVET et al,
de não adesão apresentam-se com: 49% no Rio de Janeiro, 43,4% em Porto Alegre, 86,3%
em São Paulo, 25% em São Luiz e em Fortaleza essa taxa foi encontrada entre 36 e 42%
NEMES, ELUF NETO, 2008, DOSSE et al, 2009; MOCHEL, et al, 2007; SANTOS et al,
classificação deixa claro que a crença comum, na qual as pessoas com doenças crônicas são
os únicos responsáveis por levar o tratamento, é enganosa e, na maioria das vezes, reflete
uma incompreensão da forma como outros fatores afetam o comportamento das pessoas e da
que quantifiquem sua magnitude (SANTA HELENA, 2007). Para Gusmão et al. (2009),
no entanto, não há consenso sobre um padrão ouro (SANTA HELENA; NEMES; ELUF-
NETO, 2008). Os métodos podem ser indiretos, como contagem de comprimidos, relatório
utilizado para medir adesão ao uso de medicamentos. A teoria fundamental desta medida
abrange que o uso inadequado de medicamentos ocorre em uma, mais de uma ou todas as
sentir melhor ou pior. É de fácil medida, validado, com apenas quatro questões
meio de duas perguntas com as quais se estima uma porcentagem da adesão referente ao
maioria dos pacientes tem dificuldades de tomar seus comprimidos. Você tem dificuldade de
tomar todos os seus?” Em caso de resposta afirmativa, realiza-se a segunda pergunta: “Neste
último mês, quantas vezes você se esqueceu de tomar o seu remédio? É considerado não
aderente, aquele com adesão menor que 80% e maior que 110%, de acordo com o cálculo
pela fórmula: número de dias esquecidos multiplicados por 100, divididos por 30 dias
para medir a não adesão ao tratamento com medicamentos, em suas múltiplas dimensões,
para abordar o ato (se o indivíduo toma e o quanto toma de seus medicamentos), o processo
(como ele toma o medicamento no período de sete dias, se pula doses, se toma de modo
errático, se faz “feriados”) e o resultado de aderir (no caso, se sua pressão estava controlada)
ocorrência de abandono (não tomou nenhuma dose de todos os medicamentos nos últimos
sete dias), feriados (o paciente não toma qualquer medicamento naquele dia), tomada
NETO, 2008).
(BORGES, 2010).
pós-infarto do miocárdio, que passou por processo de validação de conteúdo por enfermeiras
Taxonomia NOC (Nursing Outcomes Classification). Consta de 14 itens tipo Likert com
cinco alternativas de resposta na qual um, é igual a “nunca” significa o valor mais baixo e
cinco, igual a “sempre” o valor mais alto. A escala só está disponível em espanhol
Ábalo (2008) na Escola Nacional de Saúde Pública de Cuba foi elaborado a partir da
cumprimento das prescrições com a execução dos esforços necessários) e relação mútua
tratamento e elaborar a estratégia a seguir que garanta seu cumprimento e aceitação por
ambos). Possui 12 itens em forma de afirmações, com escala tipo Likert com cinco
possibilidades de respostas: sempre, quase sempre, às vezes, quase nunca e nunca. Podem-se
determinar três tipos de níveis de adesão: total, parcial e não adesão (ALFONSO, VEA e
ÁBALO, 2008).
2010).
se desenvolve a vida diária (em casa, na recreação e nas atividades sociais). A escala
original tem um formato Likert de cinco alternativas de respostas que permite alcançar um
máximo de 100 pontos e conta com uma quinta subescala que indaga sobre o hábito de
33
interna alfa de Cronbach entre 0,70 e 0,85. Validada apenas em espanhol (MENDOZA-
em três subescalas. Cada item é uma escala de quatro pontos do tipo Likert e foi
Baltmoore, Estados Unidos da América (EUA) (KIM et al, 2000). Gohar et al. (2008)
usaram uma versão adaptada do instrumento com oito questões em hipertensos do Reino
Unido, avaliando a adesão pelo esquecimento dos pacientes em tomar medicamentos. Foi
garantido que eles não ficariam sem medicação e perguntado sobre as circunstâncias em que
moderada. A consistência interna alfa de Cronbach foi 0,25 e 0,73, respectivamente. Sua
o poder de prever pressão arterial > 140/90 mmHg, as duas escalas mostraram precisão de
57% e 62%, respectivamente. Os autores enfatizam que o uso de ambas as escalas não deve
HELENA, 2007; GUSMÃO et al, 2009, NUNES et al, 2009). No entanto, os métodos de
quantificação descrito na literatura tem suas limitações e não há um método ideal. Para
dessa morbidade.
Partindo do conceito de enfermagem como uma ciência, uma arte e uma disciplina
prática que envolve o cuidado, suas metas incluem o atendimento dos saudáveis, dos
enfermos, a assistência nas atividades de autocuidado, o auxilio aos indivíduos para atingir
seu potencial humano e a descoberta e uso das leis de saúde da natureza. As finalidades do
cuidado de enfermagem incluem colocar a pessoa nas melhores condições para que a
Para Renaud (2010) ainda que inclua uma dimensão de saber incidindo na prestação
corpo carente de cuidados. Mas a pessoa da enfermeira ou do enfermeiro vive também nela
ou nele esta dimensão de mediação, que surge entre a sua vida interior e a sua abertura ao
corpo.
36
sentido que as ações de saúde adquirem nas diversas situações em que se reclama uma ação
terapêutica, isto é, uma interação entre dois ou mais sujeitos visando o alívio de um
uma sabedoria prática para a saúde, apoiados na tecnologia, mas sem deixar resumir-se a ela
abstrata que se objetiva, empiricamente, durante as relações dos entes envolvidos, a partir de
clínicas, repletas de subjetividades que são dispensadas aos sujeitos em qualquer fase do
Consiste numa ampla leitura da realidade, individual e coletiva, nos seus âmbitos
imperceptível que molda as práticas sociais dos sujeitos em suas interações. A partir dessa
dos modos de cuidado, centrado na complexidade do ser humano, buscando nas bases
Uma clínica que transversaliza a política, a crítica e a saúde, uma clínica que se tece
nós, um lidar com a tensão entre as formas postas e os estados intensivos que se insinuam,
forças na interação como um modo de interesse pela vida. A tecnologia deve ser escolhida
simplesmente um modo de fazer, mas é também, enquanto tal, uma decisão sobre quais
dessas ferramentas de trabalho com foco nas tecnologias leves e leves-duras permite uma
da não adesão como um modo de ação de cuidado ser capaz de explicar o que ocorreu,
interpretar o que está acontecendo e prever o que acontecerá, permitindo a abertura de novos
aplicadas sobre dados subjetivos que se transformaram em escores a partir dos instrumentos
CAPÍTULO IV
REFERENCIAL TEÓRICO
41
4 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico a ser usado nesta pesquisa foi a Psicometria. Trata-se de um
certamente conhecido por estudiosos desta área, por psicólogos que utilizam testes para o
seu exercício profissional, assim como por aqueles interessados na compreensão dos
psicológica.
Luiz Pasquali nasceu em Gaurama, Rio Grande do Sul (RS), em 1933. A sua
2003).
Valley, no estado de Michigan, EUA. Nesse período, passou a dar aulas de Introdução à
Rio Grande do Sul e obteve resposta favorável para se vincular à instituição na qualidade de
Brasília são diversas, mas vale destacar que, em 1987, fundou o Laboratório de Psicologia,
- IFP. Tal procedimento constitui uma das primeiras validações de teste psicológico no
membros, elaborou seu estatuto e tornou-se o primeiro presidente. Essa instituição agrega
PASQUALI, 2007).
Pasquali possui, até 2012, 27 livros publicados, dos quais alguns expõem a teoria
“Análise Fatorial para Pesquisadores” (2005), “TRI - Teoria de Resposta ao Item: Teoria,
Pasquali para a ciência psicológica e para psicometria, sendo o mais influente teórico da área
em nosso país.
4.2 A PSICOMETRIA
(2001), os fundamentos da medição em saúde por questionários são apenas uma herança da
Uma vez que a psicologia tem, como objeto de estudo, processos comportamentais e
psíquicos, a Psicometria versa sobre a medida desses processos. Assim, como a não adesão
objetivou-se com essa pesquisa desenvolver um teste para aferir a medida de não adesão ao
entram processos definidos como traços latentes. A Psicometria tradicional vai definir a
presentes ou futuros (realidade física). Por outro lado, a TRI define a qualidade dos testes
2003).
itens. Esse polo explicita a teoria do traço latente, os tipos, categorias e comportamentos que
ser elaborados para cada instrumento, dependendo da literatura existente sobre o construto
instrumentos.
45
POLOS
TEÓRICO EMPÍRICO ANALÍTICO
FASES
TEORIA CONSTRUÇÃO VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO NORMATIZAÇÃO
MÉTODO
Reflexão / Interesse / Literatura / Peritos / Literatura / Análise Teórica Literatura / Seguir Análise Análise Consistência Teoria / Definição de
Livros Índice Experiência / Análise de Experiência / / Semântica Experiência / Planejame Empírica Fatorial Interna Grupos Critério e
Peritos nto Análises Estatística
Conteúdo Entrevista
PASSO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Sistema Propriedade Dimensiona- Definições Operacionalização Análise dos Ítens Planejamento Aplicação e Dimensiona- Análise dos Precisão da Estabelecimento
Psicológico lidade da Aplicação Coleta lidade Itens Escala de Normas
PRODUTO
Objeto Atributo Fatores Constitutiva Itens Instrumento Amostra / Dados Fatores: Índice de Índice de Normas
Psicológico (Dimensões) Operacional Piloto Instruções / (Matriz F) Carga Dificuldade e Precisão %,Z
Formato / Fatorial Discriminaçã Ítem-Fator
Sistemática / o
Tarefa
variável fonte, construto, conceito e atitudes. Como as estruturas latentes são atributos
impérvios à observação empírica, este precisa ser expresso em comportamentos para ser
operando sobre o traço latente. Assim, a medida que se faz ao nível comportamental é a do
tipicamente tentada pelas análises estatísticas dos itens individualmente e do teste como um
Este teorizar implica em resolver algumas questões básicas que permitem enveredar
(PASQUALI, 1998).
versão da hipótese a ser testada. Contudo, é importante avaliar tal hipótese em relação à
opinião de outros para assegurar que ela apresenta garantias de validade. Essa avaliação ou
47
análise da hipótese (análise dos itens) é feita por especialistas e comporta dois tipos
distintos: primeiro, a análise incide sobre a compreensão dos itens (análise semântica); e
A análise semântica tem como objetivo precípuo verificar se todos os itens são
preocupações são relevantes: verificar se os itens são inteligíveis para o estrato mais baixo
(de habilidade) da população e, por isso, a amostra para essa análise deve ser feita com esse
estrato; segundo, para evitar deselegância na formulação dos itens, a análise semântica deve
ser feita também com uma amostra mais sofisticada (de maior habilidade) para garantir a
foi desenvolvido e à qual ele será aplicado para validação e posterior uso (HALFOUN;
latente(s). Nessa análise, aqueles devem ser peritos na área do construto, pois sua tarefa
(BALAN, 2008).
A avaliação se faz com base nos critérios para construção de itens desenvolvidos
por Pasquali (1998). Os juízes avaliam os itens seguindo os critérios listados no Quadro 01.
amostra deve ser estimado de acordo com as exigências das análises estatísticas planejadas
dimensionalidade é definida pela análise empírica dos dados com base na Curva
A análise dos itens implica a avaliação de uma série de parâmetros que eles devem
resposta, validade e precisão dos itens do questionário (PASQUALI, 2003). A análise dos
parâmetros dos itens é realizada sobre os dados coletados de uma amostra de sujeitos,
representativa da população para a qual o teste está sendo construído, utilizando-se análise
estatística apropriada. A análise fatorial é o método recomendado por Pasquali (1997, 1998)
para essa fase. Sua lógica permite identificar quantos construtos comuns são necessários
covariância existe entre um item e o fator. Esta covariância vai de 0% a 100%. Quanto
50
maior for a covariância, maior é a validade do item, porque maior será sua
representatividade do fator, sendo este traço latente e o item sua representação empírica.
uma descrição de todos os itens de uma escala que avaliam aspectos de um mesmo atributo
estatísticos. O coeficiente alfa de Cronbach é muito utilizado neste caso. Seus valores
oscilam entre 0 e 1. Considera-se que há boa consistência interna quando o valor de alfa é
reteste, cuja função é avaliar se a medida produz o mesmo resultado em ocasiões diferentes,
procedimentos para aplicação de um teste válido e preciso, bem como para normatizar a
CAPÍTULO V
MÉTODO
53
5. MÉTODO
estudos de Polit, Beck e Hungler (2004), que conceituam a pesquisa metodológica como
aquela que investiga, organiza e analisa dados para construir, validar e avaliar instrumentos
orientações de Pasquali (1997, 1998, 2003, 2007) que descreve os três polos e suas
analítico.
estudo foi constituído de três fases: 1) elaboração das dimensões da não adesão ao
POLO TEÓRICO
FASES
1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE
MÉTODO
Revisão integrativa da (TEÓRICA) Revisão integrativa da (CONSTRUÇÃO) Análise
literatura literatura com a Psicometria Literatura / Teórica /
Reflexão Especialistas
PASSO
1 2 3 4 5 6
Sistema Propriedade Dimensionalidade Definições Operacionalização Análise dos Itens
Psicológico Validação de
Conteúdo
PRODUTO
Objeto Elucidação 4 dimensões 09 definições 30 itens Validação de
Psicológico: das definidas constitutivas e 36 abrangendo toda Conteúdo das
Comportam dimensões conceitualmente: definições dimensionalidade Dimensões,
ento de não da não dimensão pessoa, operacionais da não adesão ao Definições
adesão ao adesão ao doença tratamento, elaboradas. tratamento da Operacionais e
tratamento tratamento serviço de saúde e HAS foram dos Itens.
HAS. da HAS. ambiente. construídos.
PRODUTO FINAL
Instrumento de Avaliação da Não Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica
Nesta fase, foi realizada uma Revisão Integrativa da literatura em busca de elucidar
centrais deste tipo de estudo são resumir e avaliar a evidência para revelar o conhecimento
55
Assim, deve-se ter clareza do objetivo da revisão. Entretanto, se o número de pesquisas for
muito grande, pode-se fazer uma seleção randomizada, ou a utilização de outros métodos
(2008).
56
Figura 03: Fases da Revisão Integrativa da Literatura segundo Mendes, Silveira e Galvão (2008).
seleção, por pares, das pesquisas que compuseram a amostra da revisão; análise dos
2005).
57
Realizamos uma busca pareada nas bases de dados IBECS, LILACS, MEDLINE,
SciELO e PubMed. O período delimitado para a pesquisa dos artigos foi de 2001 a 2010.
esquema: Hypertension and patient compliance, nas buscas subsequentes utilizamos esse
descritores.
A seleção dos artigos foi realizada por dois pesquisadores, em buscas distintas nas
bases de dados supracitadas, que ocorreram em maio de 2012. A primeira busca se deu a
referências, das quais 26 foram selecionadas para análise mais aprofundada. Nesta mesma
fez surgirem cinco estudos que já haviam sido contemplados na busca anterior.
Modificando o último descritor para treatment failure, surgiram três referências, também
compliance), dos quais 55 trabalhos eram potenciais para o estudo, desses, 29 foram
artigo repetido, e com treatment failure não foram encontrados artigos. Na PubMed,
surgiram 3895 referências. Destas, 508 estavam dentro do período de tempo estabelecido
para a pesquisa, sendo selecionados 33 estudos que se adequavam aos critérios de inclusão.
selecionados nove. Acrescentando o treatment failure, surgiram 273 estudos repetidos nas
últimas buscas.
dentro do período estipulado, mas apenas dois foram selecionados e o restante eram estudos
As buscas resultaram em 101 artigos para análise mais apurada. De posse desses
buscadas, mas que apresentavam indícios de que poderiam se enquadrar nos critérios de
inclusão, foram tomados como artigos na íntegra e lidos para consolidação da informação.
processo de seleção.
59
Figura 04. Processo de seleção dos estudos nas bases IBECS, SCIELO, PUBMED, MEDLINE e
LILACS. Fortaleza, 2012.
60
artigos iriam compor a revisão integrativa. De posse da pergunta problema e dos critérios
adesão ao tratamento, ficando 48 artigos que mostravam variáveis associadas à não adesão
Após concluídas as busca dos artigos, foi realizada sua análise, norteada pela
codificados pela análise crítica realizada. Uma síntese em forma de modelo foi
KNAFL, 2005).
61
elucidação dos passos da Psicometria. Esta etapa consistiu na elucidação dos conceitos do
polo teórico a partir do construto “não adesão ao tratamento da HAS”. Assim, foi delineada
dos itens do instrumento piloto. A figura 05 apresenta o fluxo de construção dos conceitos
psicométricos.
desenvolvimento dessa fase, foi utilizado um instrumento guia (APÊNDICE A), o qual
Figura 05: Fluxo dos conceitos do polo teórico para a construção de instrumentos de medida.
Fortaleza, 2012.
ressalta que a teoria sobre o construto e/ou dos dados empíricos disponíveis sobre ele,
sobretudo dados de pesquisas que utilizaram a análise fatorial na verificação dos dados,
62
deve ser cuidadosamente analisada, pois o que está em jogo é a questão de decidir se o
conceitos próprios da teoria em que ele se insere. Definição constitutiva é a que tipicamente
definidos em termos de outros conceitos, isto é, os conceitos, que são realidades abstratas,
teoria desse construto, fornecendo as balizas e os limites que ele possui. Assim, boas
mede o construto em termos de quanto sua extensão semântica é coberta pelo instrumento,
surgindo daí instrumentos melhores e piores, à medida que medem mais ou menos da
extensão conceitual, extensão essa delimitada pela definição constitutiva desse mesmo
ele é definido, não mais em termos de outros construtos, mas em termos de operações
definição operacional deve ser o mais abrangente possível do construto (BALAN, 2008).
que compõem o instrumento piloto. Este é o passo da construção dos itens, que são a
instrumento) que as pessoas deverão executar para que se possa avaliar a magnitude de
construto, para ser bem representado, necessita de cerca de 20 itens. Dentro da técnica de
construção de instrumentos baseada na teoria dos traços latentes para se salvarem 20 itens
no final de toda a elaboração e validação do instrumento, não é necessário iniciar com mais
do que 10% de itens além dos 20 requeridos no instrumento final. Isto porque os itens
incluídos no instrumento piloto são itens que possuem validade teórica real, e não
comportamento que se deseja mensurar. Neste tipo de validade, os itens do teste têm de
representar fielmente seus objetivos, a área do conteúdo deve ser inteiramente descrita e,
especialistas, que decidiram sobre a pertinência dos itens ao construto que representam. Na
análise dos juízes, estes devem ser peritos na área do construto, pois sua tarefa consiste em
Para esta fase, realizamos uma busca nos bancos de dados da Coordenação de
amostra. No banco de teses e dissertações da CAPES, realizamos uma busca eletrônica com
Oliveira (2011):
Desse modo, para definição do tamanho amostral, foi adotada uma fórmula que leva
especialistas foi determinado pelo cálculo a seguir (JECKEL; ELMORE; KATZ, 2002
Como critério para a seleção dos especialistas foi desenvolvida uma adaptação do
sistema de pontuação de Fehring (1994), o qual construiu um sistema “The Fehring model”
pontuação mínima de cinco pontos para serem incluídos como sujeitos. A adaptação foi
especialista que nos últimos cinco anos tenha modificado sua linha de pesquisa e não
especialistas, e estes estavam nas mais diversas cidades e estados, entramos em contato por
e-mail solicitando sua participação na pesquisa. Foi encaminhada uma carta convite
Após anuência, encaminhou-se via e-mail os links dos instrumentos de coleta de dados
ferramenta web Google Docs. Esta ferramenta permite a criação de formulários com uma
interface vinculada a um arquivo XLS, que gera um banco de dados no Excel à medida que
compondo variáveis sócio demográficas e acadêmicas, além das variáveis dos critérios
definições constitutivas das dimensões da não adesão ao tratamento da HAS, das definições
critérios da psicometria (APÊNDICE D). A avaliação dos juízes se fez com base nos
critérios para construção de itens desenvolvidos por Pasquali (1998) (Quadro 06).
(APÊNDICE F).
cada área de conteúdo, assim como, de todos os itens do instrumento. Para a avaliação
interpretações clínicas que poderiam ser feitas com base na sua medida; e a clareza e a
Para fazer essas avaliações, foi utilizada uma escala categórica ordinal de quatro
pontos, variando entre um e quatro, sendo as opções de resposta três e quatro consideradas
Pontuação Critério
1 Não é indicativa
3 Consideravelmente indicativa
4 Muitíssimo indicativa
tipicidade e amplitude (Quadro 01), para cada determinante, atribuindo uma nota, conforme
a pontuação exposta no Quadro 05, assinalando uma possibilidade de resposta por vez.
Quadro 05. Pontuação para avaliação dos itens quanto aos critérios de Pasquali. Fortaleza,
2012.
5.3.4 Análise
eles, foi calculado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) para cada um dos itens, para o
conjunto de itens de cada área de conteúdo e para o conjunto total de itens do instrumento.
emprega uma escala tipo Likert com pontuação de um a quatro de acordo com o quadro 04.
O escore do índice é calculado por meio da soma de concordância dos itens que foram
marcados por “3” ou “4” pelos especialistas. Os que receberam pontuação “1” ou “2” foram
revisados ou eliminados. Dessa forma, o IVC tem sido também definido como a proporção
de itens que recebe uma pontuação de 3 ou 4 pelos especialistas. A fórmula utilizada para
Polit e Beck (2006) recomendam que os pesquisadores devam descrever como realizaram o
cálculo. Esses autores apresentam três formas que podem ser utilizadas. Optamos pelo
seguinte cálculo: a média dos valores dos itens calculados separadamente, isto é, somam-se
avaliação.
71
considerando um painel de, no mínimo, 16 especialistas, para que uma escala seja julgada
como tendo validade de conteúdo excelente, deve atingir um IVC entre os ítens (IVCi) de
0,75 ou superior e uma média de ICV da escala (CVIs) de 0,90 ou superior. Considerou-se
o seguinte padrão de avaliação: IVCi ≥ 0,78 excelente, IVCi entre 0,60 e 0,71 bom, e IVCi
avaliação pelos especialistas foi realizada, conforme recomendado, até que este nível de
para itens que necessitam de pequenas correções. Com base nos primeiros resultados, uma
segunda avaliação de conteúdo pode ser conduzida por um pequeno grupo de especialistas
segunda avaliação aqueles que na primeira deram respostas 4 a todos os itens; ou avaliações
comentários úteis sobre os itens, indicando tanto a capacidade de conteúdo, quanto um forte
Após a validação de conteúdo, foi acoplada uma escala tipo Likert ao conjunto de
itens. Tratou-se do uso de uma escala de cinco pontos, que determinou mais diretamente a
Likert, os sujeitos marcam cada item em uma das seguintes categorias: SEMPRE (valor
numérico 5); QUASE SEMPRE (valor numérico 4); ÀS VEZES (valor numérico 3);
QUASE NUNCA (valor numérico 2); NUNCA (valor numérico 1). Os autores pontuam
que, para itens negativos, os escores se invertem, uma resposta muito de acordo se codifica
como 1 e uma resposta muito em desacordo como 5. Os escores totais para cada indivíduo
obedeceu à seguinte pontuação: SEMPRE (valor numérico 1); QUASE SEMPRE (valor
numérico 2); ÀS VEZES (valor numérico 3); QUASE NUNCA (valor numérico 4);
- SPSS versão 20.0 através do qual foram obtidos os índices de todas as variáveis.
cada variável, média e desvio padrão das variáveis contínuas. Em seguida, foram
itens foram calculados os seus respectivos IVC. Para a análise dos itens e sua adequação
aos critérios psicométricos selecionados, calculada a média aritmética de cada critério, por
meio da somatória das notas do indicador dividida pelo número de especialistas. Também
Conselho Nacional de Pesquisa referente a pesquisas com seres humanos (BRASIL, 1996).
Durante a abordagem dos participantes, realizada via e-mail, foi explicado do que se
momento e garantia do anonimato. Inicialmente enviou-se uma carta por e-mail, solicitando
A assinatura do TCLE para o estudo foi realizada por via e-mail ou o termo
CAPÍTULO VI
POLO TEÓRICO
capítulo traz o resultado da Revisão Integrativa realizada. Foram analisados 47 artigos que
da HAS, considerando todo o ônus que essa morbidade traz para a sociedade, demanda
maioria (22; 45,83%) foi dos Estados Unidos, fato intimamente relacionado com o estilo de
vida norte americano, que tem aumentado a prevalência da HAS nesse país, além do
incremento racial, pois vários estudos buscam elucidar as variáveis da não adesão em afro
O segundo país em publicações foi o Brasil, com (7; 14,58%), demonstrando que as
pesquisas brasileiras vêm ganhando espaço nas grandes bases de dados. Além disso,
direcionem políticas públicas para os acometidos pela HAS. O terceiro país foi a Espanha,
com (5; 10,41%). Canadá e Chile ficaram com 4,16% (2 artigos cada). Cuba, Suécia,
Kuwait, Paquistão, Holanda, Reino Unido, Colômbia, Barbados, Suíça, Tunísia e Gana
2006 a 2010. Entre os cenários de coleta de dados, 29,16% foram realizados na atenção
básica; seguido por 20,83% na atenção secundária e 20,83% na atenção terciária, outros
estudos foram realizados por e-mail/telefone/postais com 8,33%; e por meio do sistema
campanha, com 2,08% e um relatou que utilizou um local discreto, fora da universidade e
fora do hospital.
subsídios que minimizem o problema. Desse modo, 25% foram estudos transversais
com hipertensão e buscou correlacionar a não adesão a características gerais dos indivíduos
senilidade com a não adesão. As questões de raça, sexo, renda e cultura também foram
critérios de seleção de amostra. Foram quatro estudos relacionados à raça (afro americanos e
negros), três com imigrantes chineses, um estudo somente com mulheres e outro com
A dimensão Pessoa foi assim nomeada por o termo denotar o ser humano em seus
econômico.
elencamos as variáveis relacionadas à ação, ou seja, atos do ser humano danosos à adesão ao
pessoa e sua influência para a não adesão. O Quadro 07 mostra as variáveis de cada
subdimensão.
80
Quadro 07: Variáveis de não adesão da dimensão Pessoa conforme as referências. Fortaleza,
2012.
Autores Variáveis
Orueta et al 2001 Herrero, Badiel,
Richard et al 2005 Zapata 2009 Ter idade < ou = 49 anos;
Mendoza-Parra et Schoenthaler et al Idosos que não têm apoio para os cuidados de si;
Biológico
idade, Orueta et al., (2001) em um estudo com 129 hipertensos espanhóis encontrou
correlação entre homens com idade inferior a 50 anos e não adesão ao tratamento da
nos EUA. Alguns estudos também mostraram correlação estatística entre jovens e não
adesão (HASHMI et al. 2007; SCHOENTHALER et al. 2009; PIRES; MUSSI, 2008).
Outros correlacionam à idade avançada quando o idoso não possui uma rede de cuidados
et al. 2006). No estudo de Santa-Helena, Nemes e Eluf Neto (2010) realizado no Brasil com
667 hipertensos, a faixa etária maior que 50 anos mostrou correlação com não adesão
(p=0,01).
Quanto ao sexo, alguns estudos mostram que o feminino encontra-se associado à não
adesão, como o de Richard et al., (2005), com uma coorte de 8.406 hipertensos dos EUA.
Gohar et al. (2008) no Reino Unido, Mendoza-Parra et al. (2006) no Chile e Herrero, Badiel
e Zapata (2009) na Colômbia corroboram com esse resultado. No entanto, Van Wijk et al.
(2008), ao realizar uma coorte em três países (EUA, Canadá e Holanda) encontraram
associação estatisticamente significante com o sexo masculino nos três países (p<0,001;
Quanto à raça, Bosworth et al. (2006), Morris et al. (2006), Bosworth et al. (2008),
Van Wijk et al. (2008) e Martin et al. (2010) encontraram associação entre não adesão e
negros nos EUA. Os estudos que explicam a compreensão das disparidades raciais no
controle da pressão arterial são importantes, dado o declínio das mortes por doenças
cardiovasculares nos Estados Unidos, que não têm sido uniformemente distribuídas entre os
82
adesão (p=0,006) (DOSSE et al., 2009). Ainda no âmbito da emoção, Andrade et al., (2002)
medicamentos anti-hipertensivos com álcool (p=0,71) como fator para não adesão.
A crença apresentou-se como variável para a não adesão em quatro estudos. Schmidt
Rio-Valle, et al. (2006), em um estudo com grupo focal na Espanha, encontraram a crença
em sentir-se bem como motivador para a não adesão. Outros estudos mostram resultados
semelhantes. Constantine et al. (2008) encontraram a crença de não precisar adotar mudança
no estilo de vida; e para Fongwa et al. (2008), a descrença que se tem em seguir as
recomendações associado à descrença em ter a doença. Acosta et al. (2005) encontraram nos
sujeitos pesquisados a não incorporação de crenças em saúde, que modifiquem seus estilos
de vida. Li et al. (2006) encontraram em imigrantes chineses nos EUA a percepção de menor
susceptibilidade para adquirir a doença [OR = 3,77 (95% CI 1,19, 12,01)]; maior benefício
do uso de ervas chinesas [OR = 2,21 (95% CI 1,02, 4,81)]; menor percepção do benefício de
medicamentos ocidentais para a hipertensão em orientais [OR = 2,78 (95% CI 1,13, 6,84)].
Em relação à falta de motivação, três estudos apontam-na como causa de não adesão
ocorreu em quatro estudos (ANDRADE et al., 2002; JESUS et al., 2008; SCHMIDT RIO-
não saudáveis de vida, como o alcoolismo e alta frequência de consumo de fast food.
Hábitos como seguir o tratamento por conta própria, como a decisão de não tomar a
medicação ou tomá-la apenas quando os sintomas aparecem, a modificação dos horários das
vida moderna que propicia às pessoas estarem sempre ocupadas negligenciando o cuidado à
saúde (LI; FROELICHER, 2007; SEROUR et al., 2007; JESUS et al. , 2008; DOSSE et al.,
Além disso, Li et al., (2006) Li e Froelicher, (2007) e Hsu, Mao e Wey (2010) em
estudos com imigrantes chineses nos EUA mostraram que as barreiras culturais impedem o
adesão.
al. (2008) que os efeitos negativos das interações dos membros da família agem sobre a
pressão arterial. Cuidar dos filhos e netos foi visto como estressor e contribui para uma
pressão não controlada entre mulheres afro americanas. Outro estudo esclarece que a
para a adoção de medidas dietéticas. Outro fator é o grande número de encontros sociais
entre famílias, que promovem alimentação coletiva em abundância (SEROUR et al. 2007;
Por outro lado, a composição familiar também age sobre a não adesão ao tratamento.
tratamento, assim como aqueles que vivem sozinhos (ORUETA et al 2001; KROUSEL-
possuem uma renda familiar baixa apresentam associação com a não adesão, principalmente
2007; ANDRADE et al. 2002; PIRES; MUSSI 2008; TILBURT et al. 2008; LEWIS et al.
associada àqueles que possuem renda familiar média/alta associada à não adesão (VAN
WIJK et al., 2008). Um ponto associado à renda é ter poder aquisitivo para contratar
que pessoas hipertensas com empregadas domésticas em casa não aderiam à atividade física
Uma variável que surgiu na revisão integrativa foi a baixa participação social durante
as últimas duas semanas. Tal fato associa-se a estados psicológicos afetados e indicativos de
tratamento (JOHNELL et al., 2005). Outro fator que a literatura mostrou foi o não
comparecimento às consultas para evitar a falta no trabalho (JESUS et al., 2008; ADAMS et
al., 2010).
A escolaridade foi outra variável associada à não adesão. Hashmi et al. (2007) e
Bosworth et al, (2006) encontraram que analfabetos ou pessoas com menor nível de
85
escolaridade não eram aderentes, e Krousel-Wood et al., (2008) encontraram que pessoas
que tinham menos que o ensino médio eram mais prováveis de ser não aderentes.
relação de interdependência entre esses estados, o que impediria classificarmos como duas
dimensões distintas.
Autores Variáveis
os que mais contribuem para a não adesão à terapêutica (ANDRADE et AL, 2002;
2008; BOSWORTH et al. 2008; LACHAINE et al. 2008; TILBURT et al. 2008). O regime
negativamente a adesão. Patel et al. (2008) e Ghozzi et al. (2010) encontraram que pessoas
com HAS com um regime de duas pílulas ou mais apresentaram mais chances de
87
interromper a terapêutica. Van Wijk et al. (2008) encontraram tolerância maior, quanto ao
número de medicamentos, com associação à não adesão a prescrição de mais de duas pílulas
por dia.
(OR ajustada [AOR] 3,0 IC 95% 1,17-7,92) em comparação com o bloqueador do receptor
Canadá, encontraram que aqueles com período de dois anos com diuréticos são mais
propensos à não adesão. Por outro lado, a modificação das classes medicamentosas no
tratamento da HAS também apresenta ônus para adesão. Richard et al. (2005) em uma
utilização de uma droga para a instituição de outro medicamento associa-se à não adesão.
para a não adesão. Tal fato associa-se tanto às incapacidades adquiridas quanto à demanda
SEROUR et al., 2007; VAN WIJK et al., 2008; CONSTANTINE et al., 2008; DOSSE et al.,
2009).
relatada na literatura como associada à não adesão (WANG et al., 2002; MORRIS et al.,
2006; FONGWA et al., 2008; VAN WIJK et al., 2008; SCHOENTHALER et al., 2009;
MARTIN et al., 2010c) . Além disso, o Parkinson, a deterioração do estado mental e alto
88
nível de estresse também se mostraram associados à não adesão ao tratamento (VAN WIJK
Herrero, Badiel e Zapata (2009); Santa-Helena, Nemes e Eluf Neto (2010a); Martin et al.
(2010c) e Ghozzi et al., (2010) encontraram níveis pressóricos elevados associados à não
Suíça e encontrou forte associação com a não adesão ao tratamento (SAGUNER et al.,
não adesão e Sicras Mainar et al. (2006) encontraram associação da não adesão com o
menor fator de risco cardiovascular. Tal fato pode estar relacionado ao errôneo
conhecimento do curso da doença crônica, o que faz os doentes com HAS pela
VALLE et al., 2006). Tal contexto leva à utilização de terapias complementares alternativas
consideraram sinais da doença necessários, tais como hemorragia nasal, ou sintomas, como
dor de cabeça ou sensação de mal estar. Sinais e sintomas foram interpretados como
microespaço das unidades de saúde, as quais possuem uma estrutura expressa primariamente
pelas ações das pessoas, realizadas de maneira regular e institucionalizada, advindas de uma
hegemonia que molda as práticas de saúde entre profissionais e usuários (BORGES, 2008).
Quadro 09: Variáveis da não adesão da dimensão Serviço de Saúde, conforme as referências.
Fortaleza, 2012.
Autores Variáveis
Educação
Acosta et al 2005
em saúde
Fongwa et al 2008
Relacionamento
Adams et al 2010
Falta de acesso a exames, material clínico e medicamentos;
Tuesca-Molina et al 2006
Falta de recursos humanos em policlínicas.
saúde.
(FONGWA et AL., 2008; SCHOENTHALER et AL., 2009; HSU, MAO e WEY, 2010).
usuário os efeitos positivos ou negativos sobre a qualidade dos serviços e a saúde dos
usuários. Borges (2008), em estudo realizado com enfermeiros e pacientes com hipertensão,
encontrou a assimetria na comunicação verbal e não verbais como indicadores que impedem
o bom seguimento terapêutico. Esta relação exerce influência direta sobre o estado de saúde
sem adesão relataram que as consultas foram estressantes e que os profissionais de saúde
estavam fazendo perguntas desconfortáveis. Lewis et al. (2010) corroboram com esse
achado, pois em seu estudo uma das categorias emergentes foi a desconfiança dos
a não adesão. Martin et al. (2010) sugerem estes resultados como catalisador para pesquisas
futuras sobre o exemplo, quais fatores geram desconforto durante perguntas ao sujeito com
hipertensão? Para os profissionais, a resposta a esta questão pode incluir não saber que
perguntas fazer; Para o usuário, o desconforto pode ser oriundo da presença de figuras de
autoridade.
adesão ao tratamento da HAS. Adams et al. (2010) encontraram que a falta de acesso a
encaixavam nas outras dimensões pelo seu poder de generalização e de integração das outras
dimensões. Tratou-se da grande estrutura necessária para suporte das três dimensões
Quadro 10: Variáveis da não adesão da dimensão Ambiente conforme referências. Fortaleza,
2012.
Autores Variáveis
Johnell et al 2005
Li et al 2006
Município de residência;
Moradia
Serour et al 2007
Islam et al 2008
Clima
falta de um local conveniente para a atividade física (FONGWA et al., 2008), ou até mesmo
à intensidade do clima quente do verão, que interfere nas atividades físicas diárias das
92
pessoas com HAS do Kweit (SEROUR et al., 2007). Lewis et al. (2010) acrescentam, ainda,
pessoas com HAS moravam e trabalhavam como variável de não adesão (JESUS et al.,
Dois estudos investigaram a não adesão em imigrantes chineses radicados nos EUA e
discutiram que esse achado poderia estar relacionado à idade com que os imigrantes foram
para os EUA, pois quanto mais avançada for a idade, mais difícil a adaptação ao novo
tratamento da HAS. Krousel-Wood et al. (2008) e Islam et al. (2008) realizaram estudos
variáveis sobre o desfecho, ao invés de serem feitas asserções de que toda variável está
93
relacionada com todas as outras. Além disso, o modelo descreve um processo que inicia em
Figura 06: Diagrama relacional da Não Adesão ao tratamento da HAS. Fortaleza, 2012.
Relações Cultura
Externas
AMBIENTE
SERVIÇO DE
SAÚDE
DOENÇA
Comportamental Profissionais
Estrutura
Insumos
Biológico PESSOA Familiar
Referência
Contra-
Sócio Psicológico/ referência
econômico Cognitivo
TRATAMENTO
Micropolítica
Macropolítica
pressupostos:
o meio onde cada subdimensão poderá expressar-se dialeticamente com a Não Adesão ao
poderá implicar em não adesão, dependendo da rede de apoio em que o indivíduo está
inserido.
de Saúde. Só pode haver não adesão dos inseridos no sistema de saúde formal.
usuários). Sua micropolítica agirá sobre os profissionais que, por sua vez, se inter-
que externamente agirá sobre as outras dimensões de modo estrutural, pelas forças da
natureza. A cultura também se encontra nessa grande dimensão, pois transversaliza todo o
norteador o de Oliveira (2011, p.107) que define a não adesão ao tratamento como:
culturais. Além disso, alguns estudos são realizados com indivíduos recém-diagnosticados,
enquanto outros com usuários que já convivem com sua condição de hipertenso há algum
tempo. Tudo isto traça um perfil bastante abrangente dos fatores que interferem na adesão.
tratamento da HAS por meio desta revisão integrativa. O grande número de variáveis
listadas mostra a complexidade dessa temática e o desafio para as equipes de saúde. Esta
revisão contribui para a eficácia na abordagem aos hipertensos que não aderem ao
tratamento, além de servir como fonte para a construção de indicadores de saúde para sua
monitorização.
96
CAPÍTULO VII
constitutiva e operacional, culminando com a elaboração de itens que versam sobre a não
7.1 DIMENSIONALIDADE
Nessa etapa, realizou-se a conceituação clara e precisa dos fatores relacionados à não adesão
Definição
Definição Operacional Referências
Constitutiva
Sentir-se bem faz com que o Dosse et al (2009); Serour et al
Biológico - variáveis hipertenso interrompa a medicação; (2007); Schmidt Rio-Valle et al (2006)
intrinsecamente Fongwa et al (2008); Constantine et
relacionadas ao Crença em não precisar adotar al (2008); Li et al 2006; Acosta et al
organismo que não mudança no estilo de vida;
(2005)
são passíveis de
modificações (ex: Andrade et al (2002); Jesus et al
sexo, idade, cor da Esquecimento de tomar a medicação. (2008); Schmidt Rio-Valle et AL
pele). (2006); Acosta et al (2005)
Serour et al (2007); Mendoza-Parra;
Falta de motivação para adotar
Psicológico/cognitivo Merino; Barriga (2009); Schmidt Rio-
alimentação saudável;
- variáveis Valle et AL (2006)
relacionadas à psique, Andrade et al (2002); Dosse et al
Alcoólicos
ao emocional e à (2009)
capacidade de Alta frequência de consumo de fast
Serour et al (2007)
compreensão dos food.
indivíduos. Decisão de não tomar a medicação ou
Reiners, Nogueira (2009); Jesus et al
tomá-la apenas quando os sintomas
(2008)
Comportamental: aparecem;
ação, atos do ser Configuração da vida moderna em
humano danosos à estar sempre ocupado para realizar Serour et al (2007)
adesão ao tratamento exercício físico;
da HAS. Baixa participação social durante as
últimas duas semanas quando Serour et al (2007); Johnell et al
Familiar: variáveis mostrou que os efeitos negativos das (2005); Orueta et AL (2001);
relacionadas ao interações dos membros da família Krousel-Wood et al, (2005)
convívio na agem sobre a pressão arterial -estresse
micropolítica desse Dificuldade em seguir um regime de
Serour et al (2007); Fongwa et al
grupo. dieta diferente da do resto da família
(2008); Pires, Mussi (2008); Jesus et
é um ponto crucial para a adoção de
al (2008)
Sócio econômico: medidas dietéticas.
estão as relacionadas O grande número de encontros sociais
à posição social da entre famílias, que promovem Serour et al (2007)
pessoa e a sua alimentação coletiva em abundância;
influência para a não Fongwa et al, (2008); Hashmi et al
Possui uma renda familiar mais baixa
adesão (renda, (2007); Andrade et al (2002); Pires;
para a compra de medicamentos;
escolaridade) Mussi (2008); Tilburt et al, (2008);
Lewis et al, (2010).
O não comparecimento às consultas Jesus et al (2008); Adams et al
para evitar a falta no trabalho. (2010).
100
Definição
Definição Operacional Referências
Constitutiva
Andrade et al, (2002); Mendoza-Parra
Os efeitos colaterais são os que mais et al, (2009); Schmidt Rio-Valle et al,
contribuem para a não adesão à (2006); Fongwa et al, (2008);
terapêutica medicamentosa. Bosworth et al, (2008); Lachaine et al
(2008); Tilburt et al, (2008)
Patel et al, (2008) e Ghozzi et al
O número de pílulas diárias ingeridas.
Doença/tratamento (2010); Van Wijk et al (2008)
Uso de diuréticos Lachaine et al (2008)
Uso de inibidores da ECA Gregoire et al (2006)
Intervalo de 2 a 3 meses do início de
Presença ou ausência uma droga para outra. Richard et al, (2005)
de sintomatologia da Tuesca-Molina et al (2006); Schmidt
hipertensão e outras Rio-Valle et al (2006); Serour et al,
comorbidades que Presença de comorbidades (2007); Van Wijk et al (2008);
alteram o regime de Constantine et al (2008); Dosse et al
tratamento e (2009)
consequentemente a Wang et al, (2002); Morris et al,
rotina diária ao longo Acometimento do estado mental (2006); Fongwa et al, (2008); Van
dos anos. Alterações Wijk et al , (2008) ; Schoenthaler et al
orgânicas e (2009); Martin et al, (2010)
modificações do Van Wijk et al , (2008); Mendoza-
cotidiano provocadas Alto nível de estresse Parra; Merino; Barriga, (2009);
pelo consumo dos Bosworth et al, (2008); Santa-Helena;
medicamentos que Nemes; Eluf Neto (2010)
levam a não adesão. Herrero, Badiel e Zapata (2009),
Santa-Helena, Nemes e Eluf Neto
Níveis pressóricos elevados
(2010a), Martin et al, (2010c) e
Ghozzi et al, (2010)
Ter tido crise hipertensiva (Saguner et al, 2010)
Utilizar-se de práticas alternativas ao Li; Froelicher, (2007); Gohar et al,
invés de do tratamento acordado. 2008; Hsu, Mao e Wey (2010)
Ausência de sintomas da HAS Lukoschek (2003)
Menor percepção do benefício dos
Li et al (2006)
medicamentos.
101
Quadro 15: Painel de itens para avaliação da não adesão ao tratamento da hipertensão
arterial. Fortaleza, 2012.
OPERACIONALIZAÇÃO DO CONSTRUTO EM ITENS
PESSOA
01 Quando você está bem, deixa de tomar a medicação?
02 Esquece-se de tomar o medicamento?
03 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em sal?
04 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em frituras/gordura?
05 Com o início do tratamento, faz uso de bebida alcoólica?
06 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em fast food?
07 Procura o posto ou hospital sentindo-se mal devido a pressão estar alta?
08 Possui rotina diária sem exercícios físicos?
09 Não tem tempo para realizar exercícios físicos?
10 Possui pouco tempo para diversão com amigos?
11 Tem dificuldades quanto às pessoas da sua família ajudarem no tratamento da hipertensão?
12 Possui alimentação pobre em frutas e verduras?
13 Acredita que não precisa mudar o estilo de viver?
14 Deixa de tomar os medicamentos quando a unidade de saúde não os oferece?
15 Falta às consultas para tratamento da hipertensão?
DOENÇA/TRATAMENTO
16 Para de tomar a medicação por sentir-se mal com ela?
17 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que ingerir mais que dois comprimidos de uma só
vez?
18 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que fazê-lo mais de uma vez ao dia?
19 Quando aferida, a Pressão Arterial encontra-se elevada?
20 Mantém um estilo de vida estressante?
SERVIÇO DE SAÚDE
21 Apresenta baixa participação em grupos de educação em saúde?
22 Pouco entende as palestras que são oferecidas pela equipe de saúde.
23 Sente dificuldade em conversar com o Dr(a).
24 Faltam medicamentos na unidade de saúde?
25 Sente-se mal atendido na unidade de saúde onde faz acompanhamento?
AMBIENTE
26 Falta de um local conveniente para realização de atividades físicas
27 O clima ambiental (quente, frio, chuva) atrapalha a realização de atividade física?
28 Dificuldade de chegar ao posto (translado, transporte) leva a faltar nas consultas.
29 A insatisfação com o ambiente físico (infraestrutura) da unidade de saúde leva a faltar às consultas?
30 A distância de sua residência para a unidade de saúde leva a faltar às consultas?
103
CAPÍTULO VIII
VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA NÃO ADESÃO AO
TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
104
Quadro 16: Pontuação dos especialistas segundo critérios adaptados do modelo Fhering. Fortaleza,
2012.
Especialista A B C D E F G H I* J K L M N*2 O* P* Q*
Escore 07 08 08 08 08 08 09 09 09 12 12 13 13 13 13 13 14
admitido neste estudo, pois o menor escore foi de 7, e o maior de 14 pontos, sendo a média
de 10,41, e o desvio padrão de 2,476, e mediana de 9. Diante deste quadro, percebemos que
contatos de grande parte (86) desses profissionais. A partir de buscas online, encontraram-se
os contatos de 37 deles e enviou-se uma carta convite para participar do estudo a cada um
2
*Especialistas que participaram da Primeira e da Segunda avaliação.
105
respondidos.
conteúdo. Galdeano e Rossi (2006) dizem ser este um dos principais problemas encontrados
temática em estudo.
respondido. No entanto, devido ao pouco retorno deles, teve-se que quadruplicar o tempo de
problema também foi relatado por Oliveira (2011), que triplicou o tempo estimado para a
especialistas, aliado ao fato de se tratar de tarefa que requer tempo e concentração para
Quase a totalidade dos especialistas era do sexo feminino (94,1%). Outros estudos,
dos mais variados tipos de validação, como o de Pires (2003) com tradução e validação de
adesão em pessoas com hipertensão, encontraram que mais de 95% dos especialistas foram
do sexo feminino.
enfermeiro ser mais procurada pelas mulheres. No entanto, durante a coleta de dados,
obteve-se a resposta de apenas um deles, indicando que outros fatores estão envolvidos na
Quanto à idade, a média encontrada foi de 39,14 anos, com mínimo de 27, máximo
Alcântara (2009). Achado diferente foi registrado por Oliveira (2011) que encontrou uma
média de 28 anos de idade, indicando ser reflexo precoce dos recém-formados em cursos de
três grandes regiões (Nordeste, Sudeste e Sul); nove estados (Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí,
Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná) e 14 cidades
(Salvador, Fortaleza, Crato, João Pessoa, Floriano, Vitória, Alfenas, São Paulo, Ribeirão
Preto, Itapeva, Londrina, Maringá e São Mateus) indicando uma multiplicidade de visões e
108
conteúdo um processo nacionalizado. Nesse ponto, Galdeano e Rossi (2006) ressaltam que é
validação de conteúdo. Assim, tendo o instrumento sido avaliado por diferentes estudiosos
do povo brasileiro.
(70,6), indicando que essa profissão vem se destacando na produção acadêmica sobre o
físicos que se enquadraram nos critérios de inclusão, mas não se obteve resposta. Isso pode
tinha pós-doutorado, 52,9% (9) tinham doutorado e 41,2% (7) tinham mestrado. Achados
validação diagnóstica. Para Goldeano (2007) e Melo et al., (2011), um especialista deve
Quanto ao tempo de formação, houve uma média de 16,32 anos, com mínimo de 4,
No que diz respeito à atuação profissional, grande parte dos especialistas (64,8%)
eram docentes. Desses, nove eram enfermeiros e dois eram farmacêuticos. Dos outros 35,2%
109
que não eram docentes, desenvolviam atividades na assistência à saúde como enfermeiros
diversas, que convergiram para o mesmo ponto: experiência teórica e prática com pessoas
com HAS.
dos especialistas aos objetivos do estudo. Desse modo, a Tabela 3 apresenta o perfil
selecionados como especialistas nesse estudo. Como orienta Melo et al. (2011), os critérios
elencados estão bem direcionados com o objetivo do presente estudo. A construção de teses,
Tabela 02: Perfil acadêmico dos especialistas em não adesão ao tratamento da HAS. Fortaleza, 2012.
com média de 6,53 anos de envolvimento nele. Oliveira (2011) encontrou 70% de
especialistas em grupos com essa mesma temática. Esse envolvimento é importante, pois
permite constante atualização dos participantes e, deste modo, aguça o saber dos
especialistas.
pesquisa, sendo em sua maioria instituições públicas e uma privada, todas com reconhecido
e adesão ao tratamento.
Gráfico 01: Envolvimento com produção Gráfico 02: Envolvimento com produção
acadêmica em Não adesão ao tratamento da acadêmica em HAS. Fortaleza, 2012.
HAS. Fortaleza, 2012.
Neste estudo, todos os especialistas afirmaram realizar estudos científicos sobre HAS
científico específico, estudando seus conceitos básicos e exercitando o raciocínio lógico para
assistência a essas pessoas. Para Oliveira (2011), o tempo de atuação clínica tem sido
empregado como indicador de experiência, haja vista sua influência no estilo de tomada de
decisão. Melo et al. (2011) enfatizam que o tempo de experiência, denota preocupação em
recrutar indivíduos com domínio na área, com vistas a assegurar a acurácia da avaliação.
113
da não adesão ao tratamento da HAS com uma compreensão sistêmica, envolvendo quatro
Tabela 03: Índice de Validade de Conteúdo (IVC) das definições constitutivas do traço
latente “Não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica”. Fortaleza, 2012.
IVC Teste
Dimensões e subdimensões Item Binominal
Dimensão Pessoa
Denota o ser humano em seus aspectos biológico, espiritual e social. Engloba as
variáveis interdependentes relacionadas ao biológico, psicológico/cognitivo, 1,0 0,000
comportamental e sócio econômico.
Subdimensão Biológica
Variáveis intrinsecamente relacionadas ao organismo que não são passíveis de
0,76* 0,049
modificações, associadas a alterações nos níveis pressóricos.
Subdimensão Psicológico/Cognitivo
Variáveis relacionadas à psique, ao emocional e à capacidade de compreensão dos
indivíduos que dificultam a tomada de medicamentos e modificações no estilo de 1,0 0,000
vida.
Subdimensão Comportamental
Ação, atos do ser humanos danosos à adesão ao tratamento da HAS. 0,88 0,002
Subdimensão Família
Variáveis relacionadas ao convívio na micropolítica desse grupo, que
1,0 0,000
dificultam modificações no estilo de vida para o sujeito com hipertensão.
Subdimensão Sócio econômico
Estão as relacionadas à posição social, nível sócio econômico da pessoa e sua
0,88 0,002
influência para a não adesão (renda, escolaridade) ao tratamento da HAS.
Dimensão Doença/Tratamento
Presença ou ausência de sintomatologia da hipertensão e outras comorbidades que
alteram o regime de tratamento e consequentemente a rotina diária ao longo dos
0,94 0,000
anos. Alterações orgânicas e modificações do cotidiano provocadas pelo consumo
dos medicamentos anti-hipertensivos que levam a não adesão.
Dimensão Serviço de Saúde
Local onde o seguimento terapêutico é instituído por profissionais de saúde, que
sofre influência direta das relações humanas entre profissionais e os sujeitos que 0,94 0,000
são atendidos, da infra estrutura e da operacionalização dos serviços dispensados.
Dimensão Ambiente
Local onde se encontra a unidade de saúde, a moradia do sujeito e o seu trabalho e
suas interfaces com o tratamento da hipertensão arterial que dificultam o bom 0,76* 0,049
seguimento terapêutico.
IVC total 0,88
*Reavaliados
114
profissionais de saúde, uma vez que alcança dimensões complexas do cotidiano dos sujeitos
0,88. Esse fato leva à reflexão sobre novos horizontes paradigmáticos no campo da ciência.
sistêmico, superando uma visão biomédica. Compreender a não adesão como uma trama
pessoas com HAS inicia-se desde o momento em que se percebe doente, pois existe uma
dificuldade de convencer o sujeito, muitas vezes assintomático, de que ele tem hipertensão
A Dimensão Pessoa obteve um excelente IVC (1,0; p<0,001). Pode-se analisar esse
resultado sob uma ótica de responsabilização do sujeito frente à não adesão ao tratamento da
hipertensão arterial. Essa compreensão ainda é forte nos profissionais de saúde, refletindo
115
ideologicamente nos discursos hegemônicos que ainda impõem-se nos serviços de saúde.
Por outro lado, e analisando essa dimensão a partir das suas subdimensões biológica,
do fenômeno.
obteve o menor IVC (0,76; p<0,05). Associa-se esse resultado ao fato desta subdimensão
Contudo, Souza, Almeida e Baldissera (2012), e Machado, Pires e Lobão (2012) sinalizam
ser importante a reflexão sobre os fatores biológicos como ferramentas para o delineamento
de ações nos serviços que saúde, quer sejam grupais, educacionais ou individuais.
Uma segunda avaliação de conteúdo foi realizada nessa subdimensão, obtendo IVC
associadas a alterações nos níveis pressóricos, que devem ser monitorizadas para o
delineamento de ações nos serviços que saúde, quer sejam grupais, educacionais ou
individuais.
validade de conteúdo (IVC = 1,0; p<0,001). O bem estar psicológico e uma boa cognição
são essenciais para um bom seguimento terapêutico. O resgate dessas condições deve
sempre estar na elaboração dos planos de cuidado dos sujeitos com hipertensão. A harmonia
dessas pessoas. Para Goes e Marcon (2002), é importante para o indivíduo poder contar com
116
saúde vivenciada.
terapêuticos, que sofre influência direta dos fatores socioeconômicos, que transita em dois
saúde interage com o sujeito envolve demandas objetivas e subjetivas no processo de adesão
terapêutica. É nesse lócus em que são dialogados os cuidados necessários ao convívio com a
hipertensão em busca de uma nova harmonia dos níveis tensionais dos processos sociais
alterados.
A dimensão ambiente obteve o menor IVC entre todas as dimensões com índice de
brasileiro (JESUS et al, 2008) indicou variáveis que se enquadraram nesta dimensão. Desse
modo, o IVC pode ser reflexo desta característica, de lacuna na literatura brasileira
ela e a moradia da pessoa com hipertensão é pouco atraente para a comunidade adscrita,
Para Baldissera (2009), deve-se assumir que, na vivência dos indivíduos com
ser superado, e poderá ser útil para o indivíduo que sofre o agravo, para sua família, para sua
científica. Elas descrevem o que será mensurado e como pode ser feita essa mensuração,
deverá, portanto, servir para aumentar o entendimento do conceito teórico proposto, porque
Tabela 04: Índice de Validade de Conteúdo (IVC) das definições operacionais do traço
latente “não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica”. Fortaleza, 2012.
IVC Teste
Definições Operacionais
Item Binomial
01 Sentir-se bem faz com que o hipertenso interrompa a medicação 1,0 0,000
02 Crença em não precisar adotar mudança no estilo de vida 0,88 0,002
03 Esquecer-se de tomar a medicação 0,94 0,000
04 Falta de motivação para adotar alimentação saudável 0,94 0,000
05 Utilização de bebidas alcoólicas 0,76 0,049
06 Alta frequência de consumo de fast food 0,76 0,049
Dimensão Pessoa
07 Decisão de não tomar a medicação ou tomá-la apenas na presença de sintomas. 1,0 0,000
08 Configuração da vida moderna em estar sempre ocupado para realizar exercício físico 0,76 0,049
Baixa participação social durante as últimas duas semanas quando mostrou que os
09 efeitos negativos das interações dos membros da família agem sobre a pressão arterial 0,65 0,332
(estresse).
Dificuldade em seguir um regime de dieta diferente da do resto da família é um ponto
10 0,94 0,000
crucial para a adoção de medidas dietéticas.
O grande número de encontros sociais entre famílias, que promovem alimentação
11 0,59 0,629
coletiva em abundância.
12 Possui renda familiar baixa para a compra de medicamentos e estilo de vida saudável. 0,71 0,143
13 O não comparecimento às consultas para evitar a falta no trabalho. 0,81 0,021
14 Os efeitos colaterais dos medicamentos 0,94 0,000
15 O número de pílulas diárias ingeridas 0,94 0,000
Doença/Tratamento
27 Desconfiança dos profissionais de saúde em relação à fala da pessoa com hipertensão 0,76 0,049
28 Qualidade deficiente do serviço de saúde 0,76 0,049
Falta de acesso a exames laboratoriais, material clínico, medicamentos, e recursos
29 1,0 0,000
humanos.
30 Equipe descoordenada em relação à visita domiciliar 0,88 0,002
31 Insatisfação com o ambiente da unidade de saúde 0,81 0,021
32 Falta de um local conveniente para a atividade física 0,71 0,143
Dimensão
Ambiente
dimensão Pessoa, constatou-se que sete, as de nº01 (Sentir-se bem faz com que o hipertenso
um ponto crucial para a adoção de medidas dietéticas), obtiveram escores excelentes ≥ 0,78.
pelo portador, embora ciente de sua condição por ocasião do diagnóstico médico. Uma
consequência indireta desse fato é que alguns acabam ingerindo o medicamento apenas na
complicações. Os autores enfatizam que há uma relação direta entre sentir-se doente e tratar-
se. A possível justificativa para esse motivo está na dificuldade de convencer o sujeito,
muitas vezes assintomático, de que ele é doente, especialmente quando este rótulo implica
permanentes.
(Alta frequência de consumo de fast food), 08 (Configuração da vida moderna em estar sempre
ocupado para realizar exercício físico), 09 (Baixa participação social durante as últimas duas
semanas quando mostrou que os efeitos negativos das interações dos membros da família agem
sobre a pressão arterial (estresse)) e 12 (Possui uma renda familiar baixa para a compra de
122
medicamentos e estilo de vida saudável) tiveram IVCi considerados bons (IVC entre 0.60 e
fator de risco para hipertensão arterial e para o agravamento do risco cardiovascular, essa
de bebidas alcoólicas.
incorporação desse tipo de alimentação no cotidiano das pessoas, passando a ser encarado
Jesus et al. (2008) salientam que o planejamento alimentar com redução de sal e
hipertensão arterial.
cumprirem tarefas domésticas e se envolverem na educação dos filhos. Estes são fatos que
atividades de lazer está cada vez mais escasso em detrimento às atividades econômico
respectivamente.
importante ação dos seus membros é o gerenciamento do estresse, que também integra a
demanda do tratamento da HAS. Acredita-se que essa definição operacional não obteve
pontuação suficiente para validação, por se apresentar como restrita a um lócus. O estresse
hodiernamente integra-se a vida dos indivíduos nos mais variados ambientes, seja familiar
Desse modo, a definição operacional foi revisada, obtendo IVC de adequação de 1,0,
sendo conceituada em: a convivência em ambientes com alto nível de estressores, seja em
convívio familiar ou comunitário, age sobre a pressão arterial, devendo ser encarado como
que o estresse ambiental crônico constitua mais um fator na gênese da hipertensão arterial.
No entanto, pesquisas indicam que a relação entre estresse e hipertensão arterial ainda não
A definição operacional nº12 (Possui uma renda familiar baixa para a compra de
medicamentos e estilo de vida saudável) obteve um bom IVCi, mas insuficiente para sua
validação. Supõe-se que essa definição operacional não foi bem formulada por associar
saudável. Deste modo, redefinimos essa definição operacional para uma nova avaliação de
conteúdo: Possuir renda familiar com baixo potencial de compra que dificulta o acesso a
medicamentos, quando estes não são fornecidos pelas unidades de saúde, uma alimentação
ginástica, etc.). O índice de adequação dessa definição operacional foi baixo (IVC de 0,60),
estudos que associam variáveis desse estrato à problemática da não adesão ao tratamento. O
estudo de Jesus (2008) é um bom exemplo. Nele o motivo mais apontado para a interrupção
foi o preço dos medicamentos, que se categorizou como reflexo do acesso gratuito
como o nosso, onde as pessoas de menor poder aquisitivo são consideradas por sua condição
nos referimos a indivíduos com idade superior a 50 anos. Portanto, para que se obtenha
indivíduos.
promovem alimentação coletiva em abundância) obteve avaliação ruim, com um IVCi de 0,59, o
que equivale dizer que ele não foi considerado válido, sendo eliminado do estudo.
para que possa exercer a gerência do seu cuidado é algo complexo para a equipe de saúde,
aumentando a carga de fármacos e elevando, assim, os efeitos colaterais deles. Além disso, é
indício de não adesão ao tratamento, pois a má condução dele é um dos principais fatores
126
cerebrais derivadas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), muitas vezes com sequelas que
tornam a vida dos sujeitos dependentes de cuidados de outras pessoas, tornando complexo o
simpático que aumentam os níveis tensionais. Para Lipp (2007), o estresse emocional tem
ela foi renomeada para: Alto nível de estresse emocional percebido, porém, o índice de
hipertensão (definição operacional 21) está atrelada aos valores culturais dos sujeitos, bem
como ao seu nível de conhecimento e de entendimento sobre a doença. Estudo realizado por
Oliveira e Araújo (2002) revelou que a utilização de plantas medicinais por idosos para o
outro parente, como avós, irmãos, tios. Além da influência dos hábitos culturais dos
familiares, as autoras encontraram que alguns dos idosos aprenderam a utilizar as plantas
muitas vezes, utilizadas como adjuvantes ao tratamento convencional por indivíduos com
indivíduos com diagnóstico auto referido de fatores de risco para DCV são produtos naturais
(IVC≥0,78; p<0,005).
saúde se organiza, na maioria das vezes sob uma lógica hierarquizada, tornando o
Para Didier e Guimarães (2007), o cuidado a pessoas com HAS demanda por uma
desse quadro requer política governamental que inclua modelos assistenciais eficientes de
cuidado primário, por meio da melhor gestão da rede assistencial básica, formada pelas
Unidades Básicas de Saúde. Requer, ainda, mudanças no modelo assistencial que otimizem
uma reflexão horizontalizante, que permita a formação de redes de cuidado como novo
saúde em relação à fala da pessoa com hipertensão), que obteve um IVCi de 0,76 (p>0,05). Essa
situação pessoal e do risco associado. Tradução em ação (fase 2) que inclui a iniciação do
tabagismo, dentre outros). Retenção a longo prazo (fase 3) que abrange o reforço de uma
plano terapêutico.
terapêuticos em prol do bem viver dessas pessoas durante os seus papéis sociais. Assim,
profissional de saúde não esboça confiança nas falas e atitudes dele (pessoa com
eliminada.
maioria delas obtive IVCi ruim, abaixo de 0,60, culminando com a exclusão de quatro
(Distância entre o local em que as pessoas com HAS moravam e trabalhavam), 35 (Maior tempo de
abstração para sua visualização no complexo campo da hipertensão arterial. Entende-se que
por esse motivo os IVCi foram abaixo do esperado. A busca de uma compreensão sistêmica
sobre o ambiente de moradia e sua relação com a hipertensão arterial. Estudo realizado no
Japão mostrou evidências de que, quanto mais afastada a residência do sujeito do serviço de
al., 2012).
131
(nº31 “Da insatisfação com o ambiente da unidade de saúde”) e uma (nº 32 “Falta de um local
conveniente para a atividade física”) obteve IVC que a conduziu para uma segunda análise.
participação nas atividades desenvolvidas nesse ambiente. Para Paiva, Bersusa e Escuder
com os serviços oferecidos por qualquer que seja o sistema de saúde, sobretudo os de caráter
et al., 2005).
mínima necessária para atingir os benefícios e encorajar as pessoas a se tornarem mais ativas
individualidade biológica (idade, gênero e grupo étnico) (FERREIRA FILHO et al., 2007).
No entanto, a falta de um local adequado, estruturado e com instrutor pode levar à prática de
132
exercícios não indicados para cada caso, podendo ser danoso à saúde ao invés de
terapêutico.
adequado, estruturado e com instrutor para realização de atividade física torna essa atividade
grande valia para a saúde coletiva e para os profissionais que a vivenciam em seu cotidiano
modo, refletir sobre as dimensões operacionais que delineiam a não adesão ao tratamento no
momento de interação entre profissional e sujeito no âmbito das unidades básicas de saúde
diálogo ingênuo com a pessoa que tem hipertensão. A utilização desse conhecimento deverá
permitir uma reflexão em teia, construída por um diálogo reflexivo com as teorias que
percursos que poderão ser delineados pelos enfermeiros na realização de um cuidado clínico,
uma realidade pluripotencial, marcados pela cultura e ideologias, sendo esse cuidado
enfermeiro na clínica.
com hipertensão, longe dos afetos e da estrutura que delineiam esse encontro. A aquisição
Para Felipe et al. (2012), é fundamental que se reflita acerca da influência gerada
pelo encontro entre o profissional de saúde e a pessoa com HAS. Os autores analisam o
cuidado ao sujeito com hipertensão a partir dos conceitos de presença implicada e presença
dando tempo e espaço ao outro, mas se mantendo disponível, sem que haja necessidade de
intromissão excessiva. Ao atuar segundo esses princípios, o enfermeiro abriria espaço para
134
que a pessoa com HAS viesse a se implicar em seu processo educativo, agindo como sujeito,
O diálogo, de fato, não se encontra presente nas práticas assistenciais de modo geral,
mas pode passar a existir, ser construído e fortalecido, diminuindo as distâncias entre quem
cuida e quem precisa de cuidado/orientação. Para isso, assumir uma postura consciente de
tecnologia.
ciência e não ciência, entre o que é e o que não é enfermagem, ou seja, entre o que a
constitui, em termos epistemológicos, e o que não faz parte da demarcação dessa ciência.
do saber da enfermagem, que norteia os espaços para ações de cuidado nos seus aspectos
agravo.
Quadro 17. Definições operacionais validadas do traço latente “não adesão ao tratamento da
Hipertensão Arterial Sistêmica”. Fortaleza, 2012.
Definições Operacionais
01 Sentir-se bem faz com que o hipertenso interrompa a medicação
02 Crença em não precisar adotar mudança no estilo de vida
03 Esquecer-se de tomar a medicação
04 Falta de motivação para adotar alimentação saudável
05 Consumo de bebidas alcoólicas
Dimensão Pessoa
06 Alta frequência de consumo de comidas rápidas (sanduíches, pastéis, esfirras, batata frita)
07 Decisão de não tomar a medicação ou tomá-la apenas na presença de sintomas.
O tempo de dedicação às atividades de lazer está cada vez mais escasso em detrimento às
08
atividades econômico financeiras da pessoa com hipertensão
A convivência em ambientes com alto nível de estressores, seja em convívio familiar ou comunitário,
09
age sobre a pressão arterial, devendo ser encarados como alvo do tratamento não medicamentoso.
Dificuldade em seguir um regime de dieta diferente da do resto da família é um ponto
10
crucial para a adoção de medidas dietéticas.
11 O não comparecimento às consultas para evitar a falta no trabalho.
12 Os efeitos colaterais dos medicamentos
Dimensão Doença/Tratamento
O sujeito com hipertensão percebe que o profissional de saúde não esboça confiança nas
23
falas e atitudes dele (pessoa com hipertensão).
24 Falta de acesso a exames laboratoriais, material clínico, medicamentos, e recursos humanos
25 Equipe descoordenada em relação à visita domiciliar
Dimensão
Ambiente
de avaliação. Estrutura semântica, porque os itens são constituídos por conceitos que
cognitivos que povoam os itens e seu conjunto. Estrutura pragmática designa os significados
da práxis. Pragmática, no plano etimológico, deve ser relacionada com o termo grego
“práxis” e com o que este considera como prioridade, ou seja, as relações de sujeito a
sujeito. Os itens têm estrutura pragmática porque representam ações da vida cotidiana dos
sujeitos.
Em primeiro lugar, o conceito evoca um domínio que caracteriza a sua forma, [valores de
pressões arteriais sistólicas e diastólicas]. Mas também é localizado em domínios que, por
exemplo, caracterizam sua patogenia e, a partir dessa classificação, como tendo um curso
crônico. Finalmente, o conhecimento sobre este conceito envolve que é uma doença,
classificada como síndrome clínica, que acomete os vasos sanguíneos, está envolvida com
grande número de comorbidades, que transforma radicalmente a vida dos indivíduos que a
têm. Do mesmo modo, o conhecimento contextual de certo evento desempenha uma função
Desse modo, foram construídos 30 itens, após passarem por processo de validação de
conteúdo. A tabela 5 apresenta o painel de itens e seus IVC.
Tabela 05: Índice de Validade de Conteúdo (IVC) dos itens do instrumento de avaliação da
não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica. Fortaleza, 2012.
1º 2º
Item P
IVC IVC
01 Quando você está bem deixa de tomar a medicação? 0,88 0,002 -
02 Esquece-se de tomar o medicamento? 1,0 0,000 -
03 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em sal? 0,88 0,002 -
04 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em frituras/gordura? 0,82 0,013 -
05 Com o início do tratamento, faz uso de bebida alcoólica? 0,82 0,013 -
06 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em fast food? 0,82 0,013 -
07 Procura o posto ou hospital sentindo-se mal devido à pressão estar alta? 0,76 0,049 1,0
08 Possui rotina diária sem exercícios físicos? 0,94 0,000 -
09 Não tem tempo para realizar exercícios físicos? 0,81 0,021 -
10 Possui pouco tempo para diversão com amigos? 0,41 0,629 -
11 Tem dificuldades quanto às pessoas da sua família ajudarem no tratamento da -
0,82 0,013
hipertensão?
12 Possui alimentação pobre em frutas e verduras? 0,88 0,002 -
13 Acredita que não precisa mudar o estilo de viver? 0,94 0,000 -
14 Deixa de tomar os medicamentos quando a unidade de saúde não os oferece? 1,0 0,000 -
15 Falta às consultas para tratamento da hipertensão? 0,94 0,000 -
16 Para de tomar a medicação por sentir-se mal com ela? 0,94 0,000 -
17 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que ingerir mais que dois -
0,94 0,000
comprimidos de uma só vez?
18 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que fazê-lo mais de uma vez -
1,0 0,000
ao dia?
19 Quando aferida, a Pressão Arterial encontra-se elevada. 0,76 0,049 0,80
20 Mantém um estilo de vida estressante? 0,82 0,013 -
21 Apresenta baixa participação em grupos de educação em saúde? 0,88 0,002 -
22 Pouco entende as palestras que são oferecidas pela equipe de saúde. 0,76 0,013 0,60
23 Sente dificuldade em conversar com o Doutor(a). 0,76 0,013 0,80
24 Faltam medicamentos na unidade de saúde? 0,94 0,000 -
25 Sente-se mal atendido na unidade de saúde onde faz acompanhamento? 0,94 0,000 -
26 Falta de um local conveniente para realização de atividades físicas 0,76 0,049 0,80
27 O clima ambiental (quente, frio, chuva) atrapalha a realização de atividade -
0,50 1,000
física?
28 Dificuldade de chegar ao posto (translado, transporte) leva a faltas nas consulta. 0,75 0,077 0,40
29 A insatisfação com o ambiente físico (infraestrutura) da unidade de saúde leva a -
0,59 0,629
faltar às consultas?
30 A distância de sua residência para a unidade de saúde leva a faltar às consultas? 0,59 0,629 -
IVC total 0,82 -
Validado 1º IVC; Validado 2º IVC; Eliminado; Eliminado 2º IVC; p - teste binominal
138
com excelentes IVCi (≥0,78), apresentando valor de p<0,05 no teste binomial. Seis itens
apresentaram IVCi considerados bons (IVCi entre 0,60 e 0,71), necessitando de nova
avaliação por especialistas; e quatro obtiveram índices considerados ruins (IVCi <0,59),
construção deles foi realizado com base em sólido conhecimento compilado a partir de
estudos mundiais, permitindo uma validade aparente dos itens a partir do processo de
não adesão à terapêutica. Esse fato vincula-se às discussões que centralizam os atuais
paradigmas de saúde que coexistem nos espaços sociais. Nota-se claramente o reflexo do
paradigma da medicalização, pois grande parte dos 20 itens refere-se intrinsecamente à não
adesão ao tratamento medicamentoso. No entanto, vê-se por sua vez, que uma compreensão
social e humanística do problema também se apresenta, uma vez que alguns itens que
Essa reflexão é sustentada a partir dos itens que obtiveram IVC bons e ruins.
Observou-se que os seis itens que necessitam de avaliações e os quatro itens eliminados
HAS, como reflexo de novos contextos de pensamentos a partir dos paradigmas de cuidado
No tocante aos itens que necessitam de nova avaliação, os de nº07 (Procura o posto ou
hospital sentindo-se mal devido à pressão estar alta) e nº19 (Quando aferida, a Pressão Arterial
encontra-se elevada), ressalta-se que, apesar da não adesão ao tratamento ser um dos
principais fatores para crises hipertensivas e elevação da pressão arterial, esses eventos
podem ocorrer mesmo quando o sujeito está com bom seguimento terapêutico.
Segundo Varon, Marik (2006) e Souza et al. (2008), apesar da realização de ações
que visam diminuir os índices elevados da hipertensão arterial, estudos referem que 75% das
pessoas com a doença mantêm a pressão arterial não controlada, mesmo utilizando terapia
constituição do instrumento, pois, segundo Souza (2007), muitos indivíduos com HAS,
Desse modo, renomeamos para: nº07 (Procura com frequência a unidade de saúde
porque sua pressão arterial está alta?) e nº19 (Quando aferida, sua Pressão Arterial encontra-
Para Felipe (2011), ao buscar utilizar uma linguagem que se aproxime do contexto
cultural do usuário, a enfermeira assume como importante e, mais do que isso, como
dialética que considera a identidade e o estilo dos sujeitos envolvidos, para, a partir desse
O cuidado, inerente à profissão da enfermeira, pode ser colocado em prática por meio
para uma ação de adesão e isso em virtude do efeito ilocucionário de comprometimento que
uma pretensão de validade criticável, mover um ouvinte à aceitação de sua oferta de ato de
envolvidas põem-se de acordo para coordenar seus planos de ação, o acordo alcançado em
saúde que o atendem?”. O item 22 obteve índice de adequação de 0,60, sendo eliminado e o
(Dificuldade de chegar ao posto (translado, transporte) leva a faltas nas consultas) são da dimensão
infraestrutura.
Embora não haja estudos que relacionem a adequação do ambiente à prática de exercícios
físicos em pessoas com hipertensão arterial, um artigo de revisão concluiu que o acesso a
estímulo visual, chamando a atenção das pessoas para a questão da prática do exercício,
142
Manaus revelou dificuldade para o acesso ao serviço de saúde, vencer obstáculos como
ladeiras, chuva, lama, longas distâncias, tornando esse translado “penoso” para quem busca
cuidados de saúde. O estudo ainda mostrou que unidades de saúde localizadas onde existe
tráfico de drogas e prostituição nos arredores também gera dificuldade de acesso à unidade
Dos quatro itens excluídos a partir da primeira avaliação dos especialistas, um era da
dimensão Pessoa (nº 10 - Possui pouco tempo para diversão com os amigos) e três da
dimensão Ambiente: nº 27 - O clima ambiental (quente, frio, chuva, dentre outros) atrapalha
atividades envolvendo grupos de amigos contribui com a diminuição dos níveis de estresse
arterial ou frequência cardíaca que ocorrem em resposta a uma situação ou evento específico
capacidade de trabalhar com o estresse, da forma como indivíduo foi criado e de como ele
aprendeu a trabalhar com o estresse no decorrer de sua vida. Esses fatores podem fazer com
que haja variações consideráveis de um indivíduo para outro. Tudo dependerá do equilíbrio
existente entre a pressão que a situação traz e a habilidade que o indivíduo tem de trabalhar
O item nº 27 assemelha-se ao item nº 26, mas com uma vertente climática e não
infraestrutura que apoia a realização da equipe de saúde, bem como o acesso a esse serviço.
compreensão sistêmica.
realizado a partir de critérios bem estabelecidos pela teoria psicométrica para que esses itens
consigam, em conjunto, dar a resposta adequada ao instrumento do qual eles fazem parte.
Segundo Pasquali (1998), é preciso seguir algumas regras ou critérios fundamentais para a
144
elaboração adequada dos itens. Essas regras aplicam-se, em parte, à construção de cada item
individualmente, e, em parte, ao conjunto dos itens que medem um mesmo construto. Além
que concordam na adequação de cada critério para o item. Nesse estudo não se avaliou o
Tabela 06: Avaliação dos critérios psicométricos (comportamento, simplicidade, clareza, relevância, precisão, modalidade e tipicidade) dos itens do
instrumento de avaliação da não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica. Fortaleza, 2012.
Painel de itens Critérios Psicométricos Avaliados
Nº Item Comportamento Simplicidade Clareza Relevância Precisão Modalidade Tipicidade
IVC p IVC P IVC P IVC p IVC p IVC p IVC P
01 Quando você está bem deixa de tomar a medicação? 1,0 0,000 0,93 0,002 0,86 0,013 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 0,93 0,002
02 Esquece-se de tomar o medicamento? 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002
03 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em sal? 1,0 0,000 0,93 0,002 0,71 0,180 1,0 0,000 0,86 0,013 0,86 0,013 1,0 0,000
04 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em frituras/gordura? 0,93 0,002 0,86 0,013 0,79 0,057 0,93 0,002 0,79 0,057 0,79 0,057 0,79 0,057
05 Com o início do tratamento, faz uso de bebida alcoólica? 1,0 0,000 0,86 0,013 0,86 0,013 1,0 0,000 0,93 0,002 0,93 0,002 1,0 0,000
06 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em fast food? 0,93 0,002 0,64 0,424 0,64 0,424 0,86 0,013 0,79 0,057 0,71 0,180 0,93 0,002
07 Procura o posto ou hospital sentindo-se mal devido a pressão estar alta? 0,93 0,002 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002
08 Possui rotina diária sem exercícios físicos? 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 0,92 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000
09 Não tem tempo para realizar exercícios físicos? 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002
10 Possui pouco tempo para diversão com amigos? 0,93 0,002 0,86 0,013 0,86 0,013 0,79 0,057 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002
11 Tem dificuldades quanto às pessoas da sua família ajudarem no tratamento da hipertensão? 0,93 0,002 0,86 0,013 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002
12 Possui alimentação pobre em frutas e verduras? 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 0,93 0,002 0,93 0,002 1,0 0,000
13 Acredita que não precisa mudar o estilo de viver? 0,86 0,013 0,86 0,013 0,79 0,057 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,86 0,013
14 Deixa de tomar os medicamentos quando a unidade de saúde não os oferece? 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000
15 Falta às consultas para tratamento da hipertensão? 1,0 0,000 0,86 0,013 0,93 0,002 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000
16 Para de tomar a medicação por sentir-se mal com ela? 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000
Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que ingerir mais que dois 0,86 0,013 0,71 0,180 0,71 0,180 0,86 0,013 0,86 0,013 0,93 0,002 0,86 0,013
17
comprimidos de uma só vez?
18 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que fazê-lo mais de uma vez ao dia? 0,93 0,002 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000
19 Quando aferida, a Pressão Arterial encontra-se elevada? 0,86 0,013 0,79 0,057 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002
20 Mantém um estilo de vida estressante? 0,93 0,002 0,64 0,424 0,64 0,424 0,86 0,013 0,79 0,057 0,86 0,013 0,86 0,013
21 Apresenta baixa participação em grupos de educação em saúde? 1,0 0,000 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002 0,86 0,013 0,93 0,002 0,79 0,057
22 Pouco entende as palestras que são oferecidas pela equipe de saúde? 0,93 0,002 1,0 0,000 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002 0,86 0,013
23 Sente dificuldade em conversar com o(a) Doutor(a)? 0,79 0,057 0,86 0,013 0,86 0,013 0,86 0,013 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002
24 Faltam medicamentos na unidade de saúde? 0,71 0,180 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000
25 Sente-se mal atendido na unidade de saúde onde faz acompanhamento? 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000
26 Falta de um local conveniente para realização de atividades físicas 0,79 0,057 0,86 0,013 0,86 0,013 0,79 0,057 0,86 0,013 0,93 0,002 0,93 0,002
27 O clima ambiental (quente, frio, chuva) atrapalha a realização de atividade física? 0,86 0,013 0,86 0,013 0,93 0,002 0,79 0,057 0,93 0,002 0,93 0,002 0,93 0,002
28 Dificuldade de chegar ao posto (translado, transporte) leva a faltas nas consultas? 0,93 0,002 0,93 0,002 0,86 0,013 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000
A insatisfação com o ambiente físico (infraestrutura) da unidade de saúde leva a faltar 0,93 0,002 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000
29
às consultas?
30 A distância da residência para a unidade de saúde leva a faltar às consultas? 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000 1,0 0,000 0,93 0,002 1,0 0,000 1,0 0,000
Avaliação do critério de AMPLITUDE do instrumento 1,0 0,000
IVC (Índice de Validade de Conteúdo); p (teste binomial); característica reavaliada; item validado; item reavaliado; item eliminado
146
A partir da tabela 6, foi percebido que os itens construídos são de boa qualidade, pois a
maioria obteve índices de validade de conteúdo excelentes nos critérios psicométricos e valor
Apenas sete itens (nº 3, 6, 17, 20 e 24) apresentaram baixos índices de validade de
conteúdos dos critérios psicométricos e necessitaram de readequação para nova avaliação dos
especialistas.
O item nº 03 (Com o início do tratamento, o(a) senhor(a) faz uso de alimentação rica
em sal) obteve IVC no critério clareza de 0,71 (p= 0,180), em busca de melhorar essa
A relação causal entre a ingestão de sal na dieta habitual e a pressão arterial foi
HUSSEIN, HAJI, 2011; DIRETRIZES, 2010). Populações adultas ao redor do mundo têm
consumo médio de sal diário superior a 6 g por dia, embora as recomendações internacionais
sugiram que o consumo médio de sal deve ser inferior a 5-6 g por dia (MEDEIROS et al.,
apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Expõe que a necessidade
nutricional de sódio para os seres humanos é de 500 mg (cerca de 1,2 g de sal), tendo sido
(DIRETRIZ 2010).
postulado da sobrecarga de sal leva em longo prazo, mudanças estruturais e funcionais dos
das principais razões para o difícil controle e tratamento da pressão arterial, ocasionando
O item nº 06 (Com o início do tratamento o(a) senhor(a) faz uso de alimentação rica
em fast food) obteve IVC de 0,64 (p=0,424) nos critérios de simplicidade e clareza e 0,71 no
critério modalidade. Dois especialistas solicitaram a adequação do termo fast food para
termos em português, mais compreensíveis à população brasileira. Esse item foi ajustado
para: nº 06 - Com o início do tratamento faz uso de alimentação como pizzas, sanduíches,
critérios foram 1,0 e 1,0 respectivamente para simplicidade e clareza e para modalidade o IVC
foi 0,80.
influência direta sobre fatores de risco cardiovascular, tais como a concentração de lípides e
deve ser adotada na prevenção e no tratamento das dislipidemias, nos quais o plano alimentar
deverá contemplar questões culturais, regionais, sociais e econômicas, devendo ser agradável
origem animal, em especial as vísceras, leite integral e seus derivados, embutidos, frios, pele
de aves e frutos do mar (camarão, ostra, marisco, polvo, lagosta). Para diminuir o consumo de
gordurosas, leite e derivados), de polpa e leite de coco e de alguns óleos vegetais, como os de
dendê (IV DIRETRIZ, 2007). Como os indivíduos com HAS apresentam, frequentemente,
outras comorbidades de risco cardiovascular, essas intervenções clínicas podem ser uma
qualidade da dieta são conduzidas, em parte, pelo acesso inadequado aos alimentos saudáveis
às comunidades urbanas de alto risco e ao incentivo das indústrias alimentícias que lucram
mais que dois de uma só vez) obteve IVC de 0,71 (p=0,180) nos critérios de simplicidade e
clareza. Esse item foi modificado para: nº 17 – Sente dificuldades para tomar a medicação ao
ter que ingerir mais que dois comprimidos de uma só vez? Seus índices de adequação foram
A terapia combinada é um dos artifícios presentes quando a HAS não consegue ser
associação de, pelo menos, dois fármacos (VI DIRETRIZ, 2010). Desse modo, aumentam
também os efeitos colaterais dos medicamentos e, consequentemente, pode levar à não adesão
ao tratamento.
149
O item nº 20 (Mantém estilo de vida estressante?) obteve IVC de 0,64 (p=0,424) nos
critérios de simplicidade e clareza. Esse item foi modificado para: nº 20 – Sente dificuldades
Entretanto, pessoas com essas características tendem a ter uma reatividade de PAS quando
comportamento de 0,71 (p=0,180). Esse item foi ajustado e obteve IVC de 0,80 a partir do
estrutural (no quesito insumos para a saúde), quanto na atitude da pessoa com hipertensão
A tabela 6 ainda apresenta a avaliação dos critérios psicométricos dos itens que foram
excluídos da escala (nº 10 - Possui pouco tempo para diversão com amigos?; nº 27 - O clima
consultas?) e mostra que, apesar de terem sido avaliados como não representantes do traço
latente da não adesão ao tratamento da hipertensão arterial, foram itens bem construídos e
poderão ser utilizados em pesquisas futuras que forem tratar dessa temática.
conteúdo.
151
Quadro 18. Instrumento de Avaliação de Não Adesão Ao Tratamento da Hipertensão Arterial. Fortaleza,
2012.
QUASE ÀS QUASE
ITENS SEMPRE SEMPRE VEZES NUNCA NUNCA
1 2 3 4 5
01 Quando você está bem, deixa de tomar a medicação?
02 Esquece-se de tomar o medicamento?
03 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em
sal?
04 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação rica em
frituras/gordura?
05 Com o início do tratamento, faz uso de bebida alcoólica?
06 Com o início do tratamento, faz uso de alimentação como
pizzas, sanduíches, pastéis, batatas fritas, salgadinhos em
geral e empanados?
07 Procura com frequência a unidade de saúde porque sua
pressão arterial está alta?
08 Possui rotina diária sem exercícios físicos?
09 Não tem tempo para realizar exercícios físicos?
10 Tem dificuldades quanto às pessoas da sua família ajudarem
no tratamento da hipertensão?
11 Possui alimentação pobre em frutas e verduras?
12 Acredita que não precisa mudar o estilo de viver?
13 Deixa de tomar os medicamentos quando a unidade de saúde
não os oferece?
14 Falta às consultas para tratamento da hipertensão?
15 Para de tomar a medicação por sentir-se mal com ela?
16 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter de ingerir
mais que dois comprimidos de uma só vez?
17 Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter de fazê-lo
mais de uma vez ao dia?
18 Quando aferida, sua Pressão Arterial encontra-se
elevada?
19 Mantém um estilo de vida estressante?
20 Apresenta baixa participação em grupos de educação em
saúde?
21 Sente dificuldades em conversar com os profissionais de
saúde que o atendem?
22 Faltam medicamentos na unidade de saúde?
23 Sente-se mal atendido na unidade de saúde onde faz
acompanhamento?
24 Falta local conveniente para realização de atividades físicas?
Total
152
Para calcular a pontuação obtida por cada pessoa, assinalou-se o valor 1 para a coluna
Sempre, 2 quase sempre, 3 às vezes, 4 para quase nunca e 5 para nunca, sendo 170 a totalidade de
proporções a totalidade de pontos obtidos por cada pessoa que responder a escala, considerando:
CAPÍTULO IX
CONCLUSÃO
154
9 CONCLUSÃO
comportamento de saúde é uma tarefa complexa, que requer o empenho em compreender todo
saúde, uma vez que alcança dimensões complexas do cotidiano dos sujeitos com hipertensão.
desafio para as equipes de saúde. Elucidaram-se quatro dimensões constitutivas da não adesão
nove estados brasileiros, sendo 58,8% doutores e 41,2% mestres. A validação do conjunto das
fenômeno da não adesão. Foram validadas 19 definições operacionais com excelente IVCi; 12
A validação dos itens do instrumento piloto obteve IVCt de 0,82 indicando excelente
formulação teórica. Foram validados 20 itens com excelentes IVCi na primeira avaliação dos
especialistas; seis obtiveram bons IVCi e sofreram adequações, foram reavaliados, sendo
estatisticamente significativos.
tipo Likert de cinco pontos que permite mensurar em cada dimensão e seus constituintes a não
adesão em três níveis: não adesão total, risco para não adesão e adesão.
busca e aceitação dos especialistas para participarem da pesquisa, além do tempo de retorno
em dificuldade, ficando evidente ser necessário sensibilizar outras profissões para estudos de
validação de conteúdo.
Espera-se que esta pesquisa possa contribuir com a eficácia na abordagem aos sujeitos
com hipertensão que não têm adesão ao tratamento, servindo como fonte para a construção de
A partir desse entendimento, é possível pensar em cada dimensão e seus constituintes inter-
proposto.
156
CAPÍTULO X
REFERÊNCIAS
157
REFERÊNCIAS
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169
APÊNDICES
APÊNDICE A: Instrumento Guia para elaboração de itens
OPERACIONALIZAÇÃO
DIMENSIONALIDADE DEFINIÇÃO DOS CONSTRUTOS
DO CONSTRUTO
APÊNDICE B
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA
NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA
HAS
Instrumento de coleta de dados - caracterização dos especialistas
Sexo
Masculino
Feminino
Maior titulação
Mestrado
Doutorado
Pós doutorado
Livre docente
Sim Não
172
Sim Não
Desenvolveu ou está desenvolvendo, como autor (a) ou orientador (a), estudo na temática
Adesão ao tratamento da hipertensão arterial na forma de:
Monografia de graduação
Monografia de especialização
Dissertação
Tese
Artigos científicos
Outro:
Desenvolveu ou está desenvolvendo, como autor (a) ou orientador (a), estudo na temática
Hipertensão na forma de:
Monografia de graduação
Monografia de especialização
Dissertação
Tese
Artigos científicos
Outro:
173
Sim
Não
completos
Enviar
APÊNDICE C
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA
NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA
HAS
VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO: ETAPA DE AVALIAÇÃO GERAL DOS
ITENS
Nessa etapa você avaliará a pertinência de cada item ao traço latente (Não
adesão ao tratamento da HAS). As questões que se seguem requer apenas
que você escolha uma opção entre as quatro que existem.
A seguir, as definições constitutivas das quatro dimensões da não adesão ao tratamento da
hipertensão arterial elaboradas de acordo com as variáveis encontradas na literatura, encontram-
se listadas, para que de acordo com seu conhecimento e experiência, seja assinalada a opção
mais adequada sobre a adequação das definições constitutivas e o traço latente não adesão ao
tratamento da hipertensão arterial. Desse modo, as opções são: Não é indicativa, Muito pouco
indicativa; Consideravelmente indicativa; e Muitíssimo indicativa, que valem respectivamente 1,
2, 3 e 4 pontos.
DIMENSÃO
DOENÇA/TRATAMENTO: Presença
ou ausência de sintomatologia da
hipertensão e outras comorbidades
que alteram o regime de tratamento
e consequentemente a rotina diária
ao longo dos anos. Alterações
orgânicas e modificações do
cotidiano provocadas pelo consumo
175
Devido a complexidade da Dimensão Pessoa, essa foi dividida em subdimensões. Avalie cada
uma delas.
Psicológico/cognitivo - variáveis
relacionadas a psique, ao emocional
e a capacidade de compreensão dos
indivíduos que dificultam a tomada
de medicamentos e modificações no
estilo de vida.
Presença de comorbidades
A barreira na comunicação
profissional-paciente
Consultas estressantes
Desastres naturais
Enviar
182
APÊNDICE D
VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO 2:
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA
NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA
HAS
Nesta etapa será realizado a avaliação dos itens de acordo com os
critérios da psicometria.
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
184
+1 0 -1
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
Com o início do tratamento o senhor(a) faz uso de uma alimentação rica em sal
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
185
+1 0 -1
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
Com o início do tratamento o senhor(a) faz uso de uma alimentação rica em frituras/gordura
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
186
+1 0 -1
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
Com o início do tratamento o senhor(a) faz uso de uma alimentação rica em fast food
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
188
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
189
+1 0 -1
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
190
+1 0 -1
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
191
+1 0 -1
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
192
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
Sente dificuldade em tomar os comprimidos, quando são para tomar mais que dois de uma só
vez
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
193
+1 0 -1
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
194
+1 0 -1
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
195
+1 0 -1
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
196
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
197
Frequentemete sente que é mal atendido na unidade de saúde onde faz acompanhamento
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
198
+1 0 -1
Tipicidade
O clima ambiental (quente, frio, chuva, etc.) atrapalha a realização de atividade física
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
199
+1 0 -1
Precisão
Modalidade
Tipicidade
Insatisfação com o ambiente físico (infra estrutura) da unidade de saúde leva a falta às consultas
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Comportamental
Simplicidade
200
+1 0 -1
Clareza
Relevância
Precisão
Modalidade
Tipicidade
+1 0 -1
Amplitude
Enviar
APÊNDICE E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a):
Meu nome é José Wicto Pereira Borges, sou enfermeiro e aluno do Curso de Mestrado Acadêmico
Cuidados Clínicos em Saúde da Universidade Estadual do Ceará. Estou desenvolvendo uma pesquisa intitulada
“Construção e Validação de um instrumento de avaliação da não adesão ao tratamento da Hipertensão
Arterial”, sob a orientação da professora Dra. Thereza Maria Magalhães Moreira. O objetivo geral da pesquisa é
validar um instrumento para a avaliação da não adesão ao tratamento da hipertensão arterial no âmbito da
atenção primária em saúde.
Inicialmente agradecemos a sua concordância em participar do nosso estudo. Sua participação é
fundamental em virtude da dificuldade de encontrar experts nessa temática. Sua colaboração envolverá a
apreciação e o julgamento da adequação das definições constitutivas e das definições operacionais das
dimensões da não adesão ao tratamento da hipertensão arterial, bem como avaliará a passagem desses conceitos
abstratos para o campo da representação comportamental, ou seja, o da operacionalização do construto em itens.
O material respondido poderá ser devolvido via correio ou e-mail.
Garanto que as informações obtidas serão utilizadas exclusivamente para a execução desta pesquisa,
com garantia do sigilo das respostas. O(a) senhor(a) terá acesso as mesmas caso as solicite. Asseguro ainda que
o(a) senhor(a) será informado quanto aos procedimentos e benefícios do estudo, sendo esclarecido possíveis
dúvidas que possam ocorrer. Além disso, o(a) senhor(a) tem a liberdade de retirar o seu consentimento a
qualquer momento e não participar do estudo sem qualquer prejuízo.
Solicitamos sua colaboração para que nos envie o material analisado de volta em um período máximo
de 30 dias, pois os resultados desta etapa serão essenciais para a execução da validação empírica. Para contato
que se façam necessários, informamos-lhe meu nome e da minha orientadora, números de telefone, endereços
postais e eletrônicos.
Nome do pesquisador: José Wicto Pereira Borges
Endereço:Praça Cel Borges, n50, Apto 401, Floriano - PI
Telefone: (85) 85021956/(89)99173916; E-mail: wictoborges@yahoo.com.br
Esse estudo encontra-se agregado ao projeto de Tese "Adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial
Sistêmica: desenvolvimento de um instrumento avaliativo com base na Teoria da Resposta ao Item (TRI)", da
Doutoranda Malvina Thais Pacheco Rodrigues, sob a orientação da Profa. Dra. Thereza Maria Magalhães
Moreira. O referido projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UECE sob parecer 11517971-2.
Se julgar conveniente, outro contato poderá ser feito com o Comitê de Ética em Pesquisa – (085) 31019890.
Considero sua colaboração muito valiosa, pelo que agradeço seu aceite quanto ao convite formulado.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que após esclarecido (a) pela pesquisadora e tendo entendido o que me foi explicado concordo
em participar da Pesquisa que tem como título: “Construção e Validação de um instrumento de avaliação da não
adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial”.
Fortaleza, CE de 06 de Abril de 2012.
______________________________________________________________
Assinatura do(a) especialista
______________________________________________________________
Assinatura do pesquisador
_______________________________________________________________
Assinatura da orientadora
202
APÊNDICE F
ADEQUAÇÕES - INSTRUMENTO DE
AVALIAÇÃO DA NÃO ADESÃO AO
TRATAMENTO DA HAS
VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DAS DIMENSÕES, DEFINIÇÕES
OPERACIONAIS E ITENS QUE OBTIVERAM INDICES DE
VALIDADE DE CONTEÚDO (IVC) PASSÍVEIS DE REAVALIAÇÃO
*Obrigatório
Definições constitutivas
A seguir, as definições constitutivas das dimensões da não adesão ao tratamento da hipertensão
arterial que foram reelaboradas de acordo com as variáveis encontradas na literatura, e com a
avaliação dos especialistas, encontram-se listadas, para que de acordo com seu conhecimento e
experiência, seja assinalada a opção mais adequada sobre a adequação das definições
constitutivas e o traço latente não adesão ao tratamento da hipertensão arterial. Desse modo, as
opções são: Não é indicativa, Muito pouco indicativa; Consideravelmente indicativa; e Muitíssimo
indicativa, que valem respectivamente 1, 2, 3 e 4 pontos.
+1 0 -1
Clareza
Com o início do tratamento faz uso de alimentação como pizzas, sanduíches, pastéis, batatas
fritas, salgadinhos em geral, empanados?*
+1 0 -1
Simplicidade
Clareza
Modalidade
Sente dificuldades para tomar a medicação ao ter que ingerir mais que dois comprimidos de uma
só vez?*
+1 0 -1
Simplicidade
Clareza
206
+1 0 -1
Simplicidade
Clareza
+1 0 -1
Comportamento
Enviar
APÊNDICE G
Os termos utilizados para definir adesão e não adesão refletem qual a compreensão
que os autores possuem sobre o papel dos atores no processo. Os termos mais utilizados em
língua inglesa são compliance, que pode ser traduzido por cumprimento ou obediência, e mais
recentemente adherence, traduzido como adesão ou aderência em língua portuguesa. O termo
compliance pressupõe um papel passivo do paciente, originário de um paradigma centrado no
médico e é mais orientado ao controle. Já o termo adherence identifica uma escolha livre das
pessoas que aderem ou não a certas recomendações, denotando uma certa interação
colaborativa entre profissional e paciente (SANTA HELENA, 2007; SOUZA, 2008).
Para Santa Helena (2007) e Santa Helena, Nemes e Eluf-Neto (2008), se do ponto de
vista individual o termo compliance remete à responsabilidade por tomar medicamentos para
o paciente (resultante de uma relação profissional de saúde-paciente não dialogada, de um
único sentido), do ponto de vista coletivo, a proporção de pessoas não obedientes pode
expressar um serviço de saúde que também não se abre ao diálogo e às opiniões dos
pacientes.
com essa pesquisa desenvolver um teste para aferir a medida de não adesão ao tratamento
nessa enfermidade, justificando o uso da Psicometria nesse trabalho.
O conceito de traço latente vem referido ou inferido como variável hipotética, variável
fonte, construto, conceito, atitudes e outros. Como as estruturas latentes são atributos
impérvios à observação empírica, então o traço latente precisa ser expresso em
comportamentos para ser cientificamente abordado. Postula-se que, ao operar sobre o sistema
comportamento, está se operando sobre o traço latente. A assim, à medida que se faz ao nível
comportamental é a medida dos traços latentes (PASQUALI, 2003).
Este teorizar implica em resolver algumas questões básicas que permitem enveredar
para a construção adequada de um instrumento de medida dos construtos, assim elaborados.
Especificamente, precisa-se estabelecer a dimensionalidade do construto, defini-lo
constitutiva e operacionalmente e, ao final, operacionalizá-lo em tarefas comportamentais
(PASQUALI, 1998). Este é o passo da construção dos itens, que são a expressão da
211
A análise semântica tem como objetivo precípuo verificar se todos os itens são
compreensíveis para todos os membros da população à qual o instrumento se destina. Nela,
duas preocupações são relevantes: verificar se os itens são inteligíveis para o estrato mais
baixo (de habilidade) da população-meta e, por isso, a amostra para essa análise deve ser feita
com esse estrato; segundo, para evitar deselegância na formulação dos itens, a análise
semântica deverá ser feita também com uma amostra mais sofisticada (de maior habilidade)
da população-meta (para garantir a chamada "validade aparente" do teste). A população-meta
é a população para a qual o item está sendo desenvolvido e à qual ele será aplicado para
validação e posterior uso (HALFOUN; AGUIAR; MATTOS, 2008).
A pontuação que será revertida para cada atributo listado no Quadro 2 será:
Com base nesses critérios você deverá avaliará os itens. Para tanto, considere cada
critério de adequação antes exposto (comportamental, simplicidade, clareza, relevância,
precisão, tipicidade, amplitude) para cada determinante e atribua uma nota:
-1 Para critério não atendido, ou seja, operacionalização do construto em item não
adequada
0 Para indecisão quanto à adequação do critério, ou seja, operacionalização do construto
em item de algum modo adequada
+1 Para critério atendido, ou seja, operacionalização do construto em item adequada
6. Prazo
Como esta etapa é essencial para o desenvolvimento do nosso estudo, o qual se torna
inviável sem a sua contribuição, solicitamos que nos envie o instrumento preenchido em um
prazo máximo de 30 dias para que os resultados das avaliações sejam analisados e, assim,
seja possível a execução da próxima fase. Esta devolução pode ser feita por resposta
eletrônica, por meio postal (Correios). A devolução do Termo de Consentimento Livre e
214
Esclarecido assinado também poderá ser por via eletrônica (digitalizado) ou por meio postal.
Caso escolha a via postal será enviado um envelope previamente selado e endereçado para
que, em seguida, ser devolvido assinado, conforme acordado anteriormente, na carta-convite.
7. Referências
BALAN, M.A.J. Construção de um questionário para análise do conhecimento Sobre o
atendimento inicial ao queimado. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Universidade
Estadual de Maringá. Maringá, PR, 2008.
GUSMÃO JL., GINANI GF; SILVA GV; ORTEGA KC; et al. Adesão ao tratamento em
hipertensão arterial sistólica isolada. Rev. Bras Hipertens, v.16, n.1, p. 38-43, 2009.
PASQUALI, L. Validade dos testes psicológicos: será possível reencontrar o caminho? Psic.
Teor. e Pesq, Brasília, DF, v. 23, Número especial, p. 99-107, 2007.
APÊNDICE H
CARTA-CONVITE
Fortaleza, 06 de abril de 2012.
Prezada/o Dr(a).,
Meu nome é José Wicto Pereira Borges, sou mestrando do Curso de Mestrado
Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde da Universidade Estadual do Ceará. Estou
desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado “Construção e Validação de um instrumento
de avaliação da não adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial”, sob a orientação da Profa.
Dra. Thereza Maria Magalhães Moreira.
Solicitamos por meio desta, a sua colaboração como especialista em hipertensão
arterial. Sua colaboração envolverá a apreciação e o julgamento da adequação das definições
constitutivas e das definições operacionais das dimensões da não adesão ao tratamento da
hipertensão arterial, bem como avaliará a passagem desses conceitos abstratos para o campo
da representação comportamental, ou seja, o da operacionalização do construto em itens.
Caso deseje participar, pedimos que responda este e-mail o mais rápido possível,
expressando o veículo de comunicação de sua preferência (e-mail ou correspondência
convencional). Caso manifeste a sua concordância, enviaremos o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, as instruções para o preenchimento do instrumento e o link do
instrumento propriamente dito. Caso opte pela correspondência convencional, solicitamos
ainda que nos remeta seu endereço postal completo e atualizado para o envio do material
acima descrito.
Esclareço que esse estudo encontra-se agregado ao projeto de Tese "Adesão ao
tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica: desenvolvimento de um instrumento avaliativo
com base na Teoria da Resposta ao Item (TRI)", da Doutoranda Malvina Thais Pacheco
Rodrigues, sob a orientação da Profa. Dra. Thereza Maria Magalhães Moreira. O referido
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UECE sob parecer 11517971-2.
Gostaríamos, se possível, que você indicasse mais especialistas nesta área que
possam colaborar com nosso trabalho.
Aguardamos sua resposta e, desde já, agradecemos o seu valioso apoio, oportunidade
em que me coloco à sua disposição para qualquer esclarecimento.
Atenciosamente,
José Wicto Pereira Borges
wictoborges@yahoo.com.br
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ANEXO A