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Feira hippie – Uma análise antropológica

A feira é um exemplo típico do casamento que pode haver entre o tradicional e o moderno.
Embora se faça notório um apego às questões artesanais bem como de valorização da tradição
- a grande parte dos objetos ali expostos e comercializados são oriundos do trabalho de
artesãos - sob outro aspecto a organização da feira, com licenças emitidas pela prefeitura,
endereço eletrônico na rede mundial como forma de divulgação da mesma e de seus produtos,
documento de tombamento emitido pela câmara municipal, votação regular por parte dos
feirantes para eleição de uma comissão de administração, blog onde são relatados fatos
relevantes do cotidiano da feira bem como listados os famosos que por ali transitam
evidenciam em parte aquilo que Canclini descreve como modernização dos fatores social e
econômico em meio ao tradicionalismo. A tendência da modernização não é simplesmente a
anulação das culturas tradicionais, mas sim a transformação e interação com elas.

Um dos fatores preponderantes para o sucesso e consolidação da feira que já existe há mais de
quarenta anos e recebeu status de Bem Imaterial do Rio de Janeiro reside na associação
estabelecida entre ela e o apelo às questões de identidade nacional. Uma passagem mais
atenta pelos seus corredores a céu aberto há de revelar a presença significante dos
estrangeiros que a visitam. A título de exemplificação, vale citar que a Feira Hippie de Ipanema
foi uma das atrações mais amada por um casal de chineses que moram em Seatle quando em
visita ao Brasil, conforme documentou a revista Veja Rio na edição comemorativa aos 440 anos
da cidade. Muitos turistas, desejosos de levar uma lembrança do Rio de Janeiro e do país,
gastam seus dólares em mercadorias nas quais seja possível abstrair esse simbolismo nacional.
Balões verdes e amarelos decoram as barracas, telas com suas paisagens tropicais se exibem
imponentes tanto quanto as paisagens naturais, esculturas de jogadores de futebol que ora
parecem lutar capoeira, ora parecem exercer seus dribles hipnóticos, ostentam as camisas de
seus clubes cariocas ou da seleção brasileira, bandeiras tupiniquins que tremulam amarradas
às armações de ferro também surgem estampadas nas saídas de praia e em biquínis. Esses são
alguns dentre tantos outros referenciais do nosso país que ali se fazem enxergar e terminam
por gerar essa percepção da identidade brasileira. Trata-se de uma matriz icônica que gera
resultados embora às vezes só exista na cabeça de quem assim o interprete. Ela é importante
porque tal associação com o nacional funciona como propulsor de vendas, ainda que, em
alguns casos, isso seja só um mito.

Muitos produtos são de origem industrial e mesmo os artesanais podem não ser de uma
origem tipicamente subalterna brasileira, como querem crer muitos turistas. As telas que lá são
expostas, por exemplo, não possuem um certificado ou algo similar que comprove sua origem.
Pode ser que um turista desavisado adquira um quadro de um vendedor que se auto intitula
artesão e autor da obra. Contudo esse quadro poderá ter sido comprado num lugar bem
distante de Ipanema produzido sabe-se lá por quem. Às vezes o contrario também pode
ocorrer, de se dizer, acerca de um souvenir, que o mesmo tenha sido feito por índios do norte
do país quando na verdade sua real fonte chega a ser até mesmo desconhecida. Indo um
pouco mais além, é possível constatar, até mesmo, que nem todos os feirantes são brasileiros,
mas certamente se beneficiam desse caráter de identitismo nacional impregnado na feira.
A preocupação com a originalidade das mercadorias e com a iminente possibilidade de um
desgaste na reputação do precioso “made in Brazil” chegou ao ponto de mobilizar setores da
prefeitura do rio a submeter artistas plásticos que expõem suas obras na feira, a uma espécie
de processo seletivo. Esses artistas tiveram de comprovar suas habilidades e competência. Tal
fato, publicado no jornal O Globo de 05 de maio de 2008, reprovou 35 dentre 58 expositores
sob a alegação de falta de criatividade nos trabalhos. Para alguns dos avaliados ficou evidente
que se tratava de uma forma de julgar se os mesmos estavam aptos a se intitularem autores
das outras obras expostas por eles.

Vale ressaltar que não são apenas os itens oferecidos na feira que contribuem para sua
condição de popular. [incluir citação correspondente a não supervalorização do objeto em si
em detrimento do elemento humano e social dentro das questões de cultura popular -
Canclini] Por ali ocorrem, esporadicamente, eventos e apresentações de artistas que tornam o
ambiente convidativo e criam situações favoráveis para que seu visitante sinta-se inserido e
experimente da alegria e simpatia, imagem essa que sempre se fez questão de vender acerca
do povo carioca. O próprio histórico da feira, sintetizado em cartazes auto elucidativos ou
descortinado num breve bate papo com seus feirantes, bem como o estilo de relacionamento
quase familiar [inserir um fato ou exemplo que sustente tal argumento] entre aqueles que nela
atuam, terminam por gerar, no meu entendimento, um local democrático condizente com
aquilo que Marta Blarche descreve como “situação propícia para que o homem participe de um
comportamento folclórico”.

Geraldo Santos Magela.

Fontes:

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas hibridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade.
Editora da Universidade de São Paulo.

http://veja.abril.com.br/vejarj/020305/capa.html

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2008/05/11/artistas_brigam_na_justica_pelo_direito_de_co
ntinuar_trabalhando_na_feira_hippie-427333726.asp

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