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BELO HORIZONTE
2019
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BELO HORIZONTE
2019
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Orientador:____________________________________________________
Nome: Prof. Rev. Manassés Júmior Villaça
Instituição: Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller
Examinador:____________________________________________________
Nome: Prof. Rev. Cleverson Gilvan de Oliveira Moreira
Instituição: Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller
Examinador:____________________________________________________
Nome:
Instituição:
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 03
INTRODUÇÃO
Esta segurança infalível não pertence de tal modo à essência da fé, que um
verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com
muitas dificuldades; contudo, sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as
coisas que lhe são livremente dadas por Deus, ele pode alcançá-la sem
revelação extraordinária, no devido uso dos meios ordinários. É, pois, dever
de todo o fiel fazer toda a diligência para tornar certas a sua vocação e
eleição, a fim de que por esse modo seja o seu coração no Espírito Santo
confirmado em paz e gozo, em amor e gratidão para com Deus, em firmeza
e alegria nos deveres da obediência que são os frutos próprios desta
segurança. Este privilégio está, pois, muito longe de predispor os homens à
negligência (CFW, 2008, p. 142).
uma maneira simples a define como: A segurança da salvação é aquela que o crente
possui e lhe dá a certeza de que é um crente e que o capacita a dizer “eu sei que
meus pecados estão perdoados; eu sei que vou para o céu; eu sei porque...”, e dá as
razões” (GEOFFREY, 1996, p. 7).
diante do tribunal de Deus. Para muitos, este "dia do Senhor" será um dia de
trevas, sem luz alguma. Será o dia quando Deus derramará sua irá sobre o
ímpio e impenitente. Será o holocausto supremo, a hora mais triste, a pior
calamidade da história da humanidade. Salvação suprema significa ser
poupado da ira divina que certamente virá sobre o mundo. Esta é a operação
que Cristo realiza por seu povo como seu Salvador (SPROUL, 1999, p. 191-
192).
Sendo assim, é possível afirmar que a graça de Deus é o meio pelo qual o
pecador chega ao estado de salvação e apesar de distintos, caminham lado a lado. O
homem regenerado pode, na presente vida, ter a certeza de que mesmo não
merecendo, foi alcançado pelo favor de Deus e é abençoado por Ele diariamente
(graça) e, dessa forma, agora se encontra livre da ira divina e da condenação eterna
(salvação).
Embora soe como um pleonasmo afirmar que toda doutrina bíblica precisa ser
embasada na Bíblia, faz-se necessário citar que nem toda doutrina é bíblica, portanto
é necessário o apontamento da base bíblica tanto no antigo, quanto no novo
testamento da doutrina da certeza da graça e da salvação.
Posteriormente, após o período dos juízes, aprouve a Deus pactuar com Davi,
filho de Jessé, fazendo com ele uma aliança de um reinado eterno por meio da sua
descendência (2 Samuel 7.14-16), na qual o SENHOR deixa expresso que o Seu amor
não lhe seria tirado ao declarar: “Mas a minha misericórdia se não apartará dele” (2
Samuel 7.15).
É notório que Davi nunca foi um exemplo a ser seguido, adúltero, sanguinário,
péssimo pai, mas ainda assim, foi um homem que em momentos de tribulação, se
apegava a Deus na certeza de que Ele era a sua salvação conforme o salmo 31 que
diz: “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação.
Só ele é a minha rocha, e a minha salvação, e o meu alto refúgio; não serei muito
abalado”.
Ao analisar cuidadosamente os livros proféticos, é possível encontrar
evidências desta certeza de salvação, uma leitura mais atenciosa no livro do profeta
Isaías, já no capítulo 6 que narra o seu chamamento ao ministério profético, Deus se
dirige ao profeta e declara seu atributo imutável e fidedigno em cumprir suas
promessas demonstradas até aquele momento, sobre a preservação da semente:
“Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e
como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa
semente é o seu toco” (Isaías 6.13).
Posteriormente, Isaías demonstra a segurança de sua salvação em Deus
dizendo: “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o
SENHOR Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação”
(Isaías 12.2). Ao estudar o capítulo 25, é possível ver o profeta apontando para a
fidelidade do Senhor em cumprir suas promessas trazendo livramento para o seu povo
e também muitas outras passagens que falam do messias que viria para trazer
descanso final ao povo de Deus.
Quando Deus fala a Jeremias, o profeta é usado como boca do Senhor para
dizer que Deus estabeleceria uma nova aliança com seu povo (Jeremias 31.31), ou
seja, ao mesmo tempo em que esta era uma mensagem de conforto e restauração
para a comunidade pós-exílica, era também, uma mensagem para o tempo do Senhor
Jesus Cristo que nesta nova aliança, Deus reafirma sua intenção de restaurar a
humanidade para si mesmo e também os céus e a terra, como fica claro nos textos de
Mateus 11.28, 26.28; Primeira epístola de Paulo aos Coríntios 11.25; Segunda
epístola aos Coríntios 3.6 e a carta aos Hebreus 8.8-12.
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a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lucas 1.32.33). Nesta referência em
especial, é encontrada a promessa feita a Davi registrada no segundo livro do profeta
Samuel se cumprindo na pessoa de Jesus, uma clara demonstração da fidelidade de
Deus no cumprimento de suas promessas.
Ainda no evangelho de Lucas, Maria, a mãe de Jesus, ao entoar um cântico
de louvor a Deus após a visitação do anjo, aponta para a certeza de sua salvação
declarando que sua alma engrandece ao Senhor e que o seu espírito se alegra em
Deus, o seu salvador.
O Evangelho segundo João também apresenta diversas evidências que dão
sustentação à doutrina da certeza da graça e da salvação. Iniciando pela descrição da
encarnação do Verbo (João 1.1-3) e com a seguinte declaração: “Mas, a todos quanto
o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem
no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus” (João 1.12, 13). Aqui é possível ver a imensidão
da graça de Deus, sua incondicional fidelidade para salvar o eleito, independente de
seus atos, e também a ampliação a todos aqueles que crerem independente de
fazerem parte do povo de Israel ou não, que são caracterizados por nascer da vontade
de Deus.
Paulo é tido por muitos estudiosos como o maior líder do cristianismo, em seus
escritos é possível encontrar uma série de versículos que demonstram que o apóstolo
tinha plena certeza de sua salvação. Começando pela Epístola de Paulo aos
Romanos, no capítulo 5, o apóstolo mostra a segurança e certeza que ele tem na
justificação por meio de Cristo, por meio de quem, o homem, é reconciliado com o Pai
(8-11). John Murray declara que Romanos 5: 5 tem um notável exemplo de
combinação das bases objetivas e da certeza subjetiva da esperança do crente:
Neste versículo, somos informados das razões por que a esperança é firme
e segura. Não se trata de uma esperança que nos envergonhará, tampouco
é uma esperança na qual precisemos nutrir qualquer vergonha. Pelo
contrário, é uma esperança da qual podemos nos gloriar e protestar contra
todos os adversários. Ela jamais nos desapontará e se mostrará ilusória. Por
quê? Por que o amor de Deus é derramado em nosso coração, pelo Espírito
Santo que nos foi outorgado (MURRAY, 2012, p. 190-191).
sua epístola aos Coríntios. Paulo pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo?”
(Romanos 8). A resposta final que o apóstolo traz ao conhecimento de seus leitores é
que nenhum poder, nenhum homem, absolutamente nada é capaz de separar os
eleitos do amor de Deus que está em Cristo Jesus.
Em Filipenses, Paulo faz uma das suas principais afirmações que embasam
a certeza na salvação. No capítulo 3, versículo 8 ele diz: “Sim, deveras considero tudo
como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor,
por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a
Cristo”. Para perder o que perdeu, abrir mão de toda uma vida consolidada, farta e
confortável que qualquer cidadão romano poderia desfrutar, tal sentença só poderia
ser proferida por alguém que realmente tivesse certeza de sua salvação, caso
contrário, seria abandonar o certo para trocar pelo duvidoso.
Ao analisar as epístolas gerais, é possível encontrar fundamento para a
doutrina da certeza da graça e da salvação na primeira epístola de Pedro, ele inicia
sua carta louvando a Deus pela salvação de seus leitores dizendo: “Bendito o Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos
regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre
os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos
céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a
salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1 Pedro 1.3-5).
Ora, o que seria uma “viva esperança”, “herança incorruptível”, “imaculada”,
“imarcescível” e que está “reservada nos céus”, senão a plena certeza da salvação
que o homem pode ter em Cristo Jesus? De forma maravilhosa e clara, a primeira
epístola de Pedro assegura aos eleitos que sua salvação não dependia da obediência
deles, mas daquilo que o Senhor Jesus fez já antes da fundação do mundo –
derramando seu sangue para remir os pecados dos escolhidos (capítulo 1, versículos
19, 20). Aqui Pedro estabelece um forte argumento da salvação pela graça, pois o
eleito de Deus é salvo através do derramamento de sangue do cordeiro antes da
fundação do mundo o qual é aplicado pela fé, tanto no Antigo Testamento como no
Novo Testamento.
No verso 25, ainda no primeiro capítulo, Pedro ressalta a fidelidade e
imutabilidade de Deus em cumprir suas palavras: “a palavra do Senhor permanece
para sempre”. Pedro ainda fundamenta a segurança do crente mostrando Cristo como
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Ora, onde quer que exista esta fé viva, necessariamente irá acompanhada da
esperança na vida eterna; ou, melhor dizendo, ela a engendra e produz. E,
portanto, pode-se obter uma definição perfeita de fé, se dissermos que ela é
o firme e seguro conhecimento da divina benevolência para conosco, fundado
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Pelo que foi exposto acima, analisando partes do antigo e do novo testamento,
e através do pensamento dos dois grandes homens da reforma, é necessário afirmar
que a doutrina da certeza da graça e da salvação é encontrada nas Sagradas
Escrituras, tanto no antigo, quanto no novo testamento e é amplamente defendida
pelos reformadores Martinho Lutero e João Calvino.
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Muitos, naquele dia, hão e dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos
nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em
teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente:
nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.
Jesus não apresenta um número estatístico, Ele apenas diz que existem
pessoas que estão enganadas acerca da salvação, que estão convictos de sua
salvação quando na verdade não estão, daí caracteriza-se esta falsa certeza.
Hodge (2016), em seus comentários acerca da CFW, reafirma a possibilidade
desta falsa certeza dizendo o seguinte:
Há também aqueles que vão além, porque não só têm a Palavra de Deus por
oráculo certíssimo, nem negligenciam totalmente seus preceitos, mas até de
certa forma se deixam afetar pelas ameaças e promessas. A tais, na verdade,
atribui-se o testemunho da fé, mediante κατάχρησιν [Katáchrēsin – uso
impróprio], uma vez que não resistem à Palavra de Deus em manifesta
impiedade, nem a rejeitam nem a desprezam; pelo contrário, antes lhe exibem
certa aparência de obediência (CALVINO, 2006, p. 33).
falsa tranquilidade, uma falsa paz e uma falsa alegria” (LLOYD-JONES, 1991, p. 199).
Lloyd-Jones chama atenção para uma lista de características que apontam falsa
segurança na vida de um indivíduo, a saber:
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez,
atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual
clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus.
Sendo assim, a evidência interna desta certeza não é uma mera conjectura
ou algo proveniente do coração do crente, mas da parte do Espírito Santo. É uma obra
que tem seu início em Deus e é testificada ao espírito do eleito.
Já o testemunho externo é definido pela confissão de fé (CFW) como uma
verdadeira crença no Senhor Jesus, amor sincero a Ele e o andar diante dele em toda
a boa consciência.
Nesse sentido, há também uma forte demonstração e cuidado pastoral, por
parte dos puritanos, de que a certeza do crente seja evidenciada por meio de frutos,
ou seja, manifestações externas, visíveis. Isso fica bem evidente na obra de Thomas
Watson, na qual ele mostra alguns frutos ou evidências que acompanham de perto
aqueles que tem a plena segurança e certeza da salvação em suas vidas. Diante
disso, Watson, destaca os seguintes frutos que a segurança e certeza vão gerar na
vida do crente:
A Idade Moderna é uma época da História que tem início em 1453, com a
tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, indo até 1789, que marca o início
da Revolução Francesa. Dentro deste cenário, dois acontecimentos em especial
transformaram o mundo, o primeiro deles foi a reforma protestante, liderada por
Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517 e o outro, oriundo da reforma que foi a
assembleia de Westminster, um concílio formado pelos mais notáveis pastores da
Inglaterra e que em quase sua totalidade, era formado por puritanos. A assembleia
convocada pelo parlamento inglês teve seu início em julho de 1634 em uma das salas
da Abadia de Westminster, em Londres, este concílio elaborou três documentos: A
confissão de fé, documento que abarca dentre outras, a doutrina da certeza da graça
e da salvação, e os catecismos (breve e maior), portanto, torna-se impossível falar da
Confissão de Fé de Westminster e não falar dos puritanos.
Augustus Nicodemus Lopes faz uma importante análise do pensamento
puritano dentro do contexto social no período da idade moderna. Ele liga a ousadia
dos puritanos ao enfrentarem reis e rainhas à certeza da salvação.
Nicodemus diz:
Quando nós pensamos que uma das coisas que impulsionava a máquina
puritana, ou todo o movimento puritano, e os levava àquela ousadia de
enfrentar reis e rainhas, lembramo-nos que tudo era decorrente da convicção
e da certeza advindas do fato de estarem plenamente seguros de que Deus
estava ao lado deles. Portanto, esta questão da certeza da salvação, da
certeza da eleição, é fundamental no movimento puritano. Eles achavam que
esta era a maior bênção que alguém poderia ter ainda neste mundo. Por isso
este tema é importante de ser conhecido (LOPES, 2019).
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Com o foco ainda nas palavras de Nicodemus, ele reforça a importância que
os puritanos davam para a certeza da salvação:
Sendo assim, este pensamento acerca da certeza da salvação era a base das
reformas externas que eles pretendiam fazer na Igreja que havia rompido com o
catolicismo romano, mas aspirava ameaças do sistema episcopal por meio do
Anglicanismo e no Estado que por três vezes dissolveu um parlamento porque era
formado em sua grande maioria por puritanos. A certeza que eles tinham de que eram
povo eleito de Deus, lhes dava coragem para além das portas da Igreja e enfrentar o
mundo aplicando a Palavra de Deus em todos os aspectos da vida.
O período pós-moderno, tem seu início após a Segunda Guerra Mundial que
começa em 1939 e perdura até os dias atuais. Se no modernismo, a produção de
material acerca da certeza da salvação foi efervescente após a assembleia de
Westminster, no pós-modernismo essa produção teve uma drástica diminuição. Os
teólogos reformados do Século XX sempre empreenderam esforços para defender a
doutrina da certeza da salvação, porém, lançando mão de produções literárias do
modernismo.
D.A Carson, em seu artigo intitulado de Reflection on Christian Assurance, ou
traduzindo para o português, reflexões sobre a segurança cristã, publicado no
Westminster Theological Journal afirma que em cinco décadas não houve um
tratamento importante acerca da referida doutrina. Carson diz: “Tanto quanto sei, não
houve tratamento em grande escala em língua inglesa da teologia bíblica da
segurança cristã por mais de cinquenta anos” (CARSON, 1992, p. 1).
Sendo assim, os teólogos do pós-modernismo se serviram do material
produzido no período moderno, criando uma lacuna e enfraquecendo o ensino
doutrinário acerca da certeza da salvação.
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santa doutrina, todavia, deve-se ressaltar que é mister que tais materiais sejam
voltados à discussão da doutrina da certeza da graça e da salvação.
Por fim, o último tópico do presente capítulo tem como objetivo apresentar a
importância do resgate da doutrina da certeza da salvação e sua relevância para a
saúde espiritual da igreja, para isso, é necessário um retorno aos escritos puritanos
acerca desta doutrina pois eles apresentavam a necessidade de buscar a segurança
e certeza da salvação.
Thomas Watson, além de incentivar o crente a buscar a segurança e certeza
da salvação, afirma que essa busca deve ser diligente. Quanto a isso ele diz: “Lute
para obter a certeza” (WATSON, 2009, p. 295). Ele vai direcionar o crente a aferir
algumas questões cruciais, como por exemplo: “se tem a verdadeira obra da graça em
sua vida; se de fato tem grandes sentimentos por Cristo; se tem a presença do Espírito
Santo em sua vida” (WATSON, 2009, p. 295).
Da mesma forma, Thomas Brooks não deixa de trazer à tona a ordem para
que os crentes busquem a segurança e certeza da salvação. Brooks cita o texto da
primeira epístola de Pedro 1.10, afirmando que o Espírito Santo exorta os crentes por
meio dessa passagem que diz: “Foi a respeito desta salvação que os profetas
indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros
destinada”. Brooks reafirma essa verdade dizendo: “É especialmente necessário; é de
importância interna e eterna fazer firme e segura diligência por sua alma, irmão”
(BROOKS, 2014, p. 30).
Brooks ainda convoca os crentes a buscarem esta certeza uma vez que Deus
a promete em sua Palavra. Com isso ele assevera essa verdade dizendo que: “É
propósito da Escritura em geral levar as almas, primeiro, a um conhecimento de Cristo,
depois, a aceitarem a Cristo, e depois, a edificarem em uma serena certeza do seu
real interesse por Cristo” (BROOKS, 2014, p. 22).
Tanto Thomas Watson quanto Thomas Brooks, enfatizam a necessidade da
busca pela certeza da salvação. Ela existe e o crente precisa empenhar-se e busca-
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O pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes afirma que quando o crente não
possui esta segurança, ele corre o risco de viver uma instabilidade espiritual em sua
vida e que tal instabilidade além de cruel, gera um enorme fardo na vida do crente,
Hernandes diz:
A pessoa imagina o seguinte: eu não posso ter essa certeza, embora salva
porque creu em Jesus, ela não desfruta da certeza, ela não usufrui alegria,
ela fica instável, com medo de estar salva de manhã e perdida à noite, com
medo de ser filho de Deus de manhã e ser filho do diabo à noite, com medo
de estar indo para o céu de manhã e ir para o inferno à noite. Esta
instabilidade é cruel na vida de um cristão (LOPES, 2019b).
É pecado não buscar esta certeza depois do que Cristo fez na cruz do
Calvário, depois que o seu Espírito foi derramado no dia de Pentecostes. Isso
nos ajuda a combater esta tendência” (LOPES, 2019a).
Em seguida, Nicodemus analisa a distorção criada por aquilo que ele mesmo
chama de evangelho barato e as decisões por Cristo tomadas como respostas aos
constantes apelos durante os cultos nas igrejas evangélicas.
“Em terceiro lugar, essa doutrina puritana pode nos ajudar contra a influência
do legalismo proveniente, infelizmente, de alguns círculos pentecostais que
torna a certeza de salvação inatingível, porque é baseada no rigorismo do
cumprimento da Lei. Ou então baseada em evidências legalistas. O puritano
diria: A certeza de salvação não se baseia na auto-avaliação, como sendo
algo pessoal do crente, mas na percepção da graça de Deus agindo em seu
coração. Não tem nada de legalismo” (LOPES, 2019a).
CONCLUSÃO
Afirmar que o homem, salvo unicamente pela graça de Deus, pode gozar em
vida a plena certeza desta salvação, não é apenas salutar, é o desejo daquele que o
salvou. Toda a escritura, do antigo ao novo testamento, de gênesis ao apocalipse,
aponta para a realidade de que, uma vez que o eleito é salvo mediante os méritos de
Cristo, não existe a menor possibilidade de essa salvação se perca no meio da
caminhada cristã.
É usar de raciocínio lógico para obter uma conclusão lógica: Se a salvação
fosse conquistada pelo poder humano, essa salvação estaria em risco
constantemente, pois da mesma forma que o homem conquista seu estado de graça,
infere-se a possibilidade de perder tal estado, da mesma forma uma vez que algo de
poder igual ou superior se proponha a tirá-la, mas, se a salvação é obra do poder de
Deus, quem poderia se igualar ou O sobrepor em poder?
Portanto, certo de que a salvação é proveniente da graça, mediante a fé em
Cristo Jesus, não por obras para que ninguém se glorie (Efésios 2.8-9), quem poderá
separar o eleito do amor de Deus que está em Cristo Jesus? Nada, nem ninguém!
(Romanos 8.38-39).
O plano e o desejo de Deus para com seus eleitos é que cada um possa
desfrutar desta certeza, pois estar convicto da salvação traz consolo para a alma e
alívio para os ombros, crer na certeza da graça e da salvação é caminhar seguro ainda
que o trajeto seja em meio ao vale da sombra da morte, é andar olhando para Cristo,
o autor e o consumador da fé com gratidão, humildade, com o reconhecimento de
quem recebeu algo que não merecia.
A plena certeza da graça e da salvação precisa ser resgatada nos púlpitos
das igrejas de hoje. Pastores devem enfatizar a certeza da salvação da mesma forma
que enfatizam o juízo, o amor e o perdão de Deus. O eleito precisa voltar a ouvir sobre
esta maravilhosa doutrina para que ele pare de pensar que sua vida espiritual é feita
por um jogo de apostas, na qual um dia se ganha e no outro se perde, um dia ele está
no céu, e outro, no inferno. Isso é nocivo, é maléfico, transforma o deleite da
caminhada cristã em fardo pesado, carregado das muitas obras, tapando o gentil
convite do Cristo que diz; “vinde a mim todos vós que estais cansados e
sobrecarregados e eu vos aliviarei! Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,
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que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.29-30).
O Deus que salva é o mesmo Deus que garante esta salvação e chama os
seus a descansarem nesta certeza.
Glória somente a Deus!
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REFERÊNCIAS
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2012, p. 69.
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41
SPROUL, Robert C. Como posso saber se sou salvo?. São José dos Campos:
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