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Antonio Gidi
Mestre e Doutorando em Direito Processual Civil na PUC-SP. Procurador do Município de
São Paulo e Advogado. Membro do Instituto Brasileiro de Política e Direito do
Consumidor
1. Generalidades
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1. A questão da legitimidade para agir nas ações coletivas é um problema
cronologicamente anterior à da coisa julgada. Entretanto, se trata de um problema
logicamente posterior. Isto porque, em última análise, procura-se regular a legitimidade
para que os interessados tenham os seus interesses adequadamente representados em
juízo vez que devem ser, de alguma forma, afetados pela imutabilidade do comando da
sentença coletiva sem que tenham sido parte no processo coletivo ou sequer ouvidos.
Isto significa que é preciso analisar politicamente a quem deve o direito atribuir
legitimidade ativa para agir em juízo em defesa de tais direitos de forma que, sem
cercear os direitos dos membros da comunidade lesada, torne a possibilidade de tutela
efetiva (no sentido de que o representante do grupo tenha condições de se impor ante a
pressão e a superioridade dos poderosos) e com o mínimo de risco para aqueles que não
ingressaram no processo.
Inúmeras soluções vêm sendo propostas em todo o mundo na busca de uma formulação
que possa superar esses e os inúmeros outros problemas que se fazem sentir quando se
procura dar efetiva proteção jurisdicional aos direitos coletivamente considerados.
Propõe-se, por exemplo, a legitimação concorrente e disjuntiva de qualquer membro da
comunidade ou coletividade lesada; a legitimação de pessoas jurídicas de direito privado
(associações, entes despersonalizados) voltadas institucionalmente à defesa de tais
interesses; a legitimação de órgãos do Poder Público (como o Ministério Público ou como
o ombudsman dos países escandinavos) etc.
É opinião corrente, entretanto, que a adoção de qualquer uma dessas propostas não
exclui a adoção simultânea de outras. Sabido que cada uma das propostas acima
elencadas isoladamente traz muito menos vantagens que inconvenientes, a única forma
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
2. Natureza jurídica
2. Natureza jurídica
Por fim, trata-se de uma legitimidade exclusiva porque somente aquelas entidades
taxativamente previstas em lei (art. 5.º, LACP e art. 82, CDC (LGL\1990\40), v.g.)
poderão propor uma ação coletiva. As pessoas físicas e as demais pessoas jurídicas,
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portanto, não terão legitimidade para propor uma ação coletiva, exceto nos estritos
casos de ação popular (art. 5.º, LXXIII, CF/1988 (LGL\1988\3)) em que somente a
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
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pessoa física no gozo dos seus direitos políticos tem legitimidade.
Assim postas as coisas, e em que pese havermos dito que "concorrente significa
não-exclusiva", não se nos afigura contraditório ou incoerente afirmar que os entes do
art. 82 do CDC (LGL\1990\40) são concorrentes e exclusivos legitimados para a ação
coletiva. Isso porque a expressão "exclusiva" está sendo utilizada no texto acima em
dois sentidos análogos, embora sensivelmente diversos.
Nos dias atuais, em face da positivação em nosso direito, a questão vem perdendo a
dimensão que teve em passado recente, à vista da expressa previsão legal de entidades
legitimadas à propositura de ações coletivas (LACP, art. 5.º; CDC (LGL\1990\40), art.
82). Já não mais faz tanta diferença classificar a legitimidade para as ações coletivas
como ordinária ou extraordinária, na medida em que, conforme a lição de Barbosa
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Moreira, não é tão relevante saber a que título se dá proteção jurisdicional aos direitos
super-individuais, se efetivamente se dá tal proteção.
Com efeito. Não há como negar haver manifesta dissociação entre o titular do direito
super-individual (uma comunidade ou uma coletividade, de acordo com a definição legal
do art. 81, parágrafo único do CDC (LGL\1990\40)) e o legitimado processual a
defendê-la em juízo através da ação coletiva (as entidades elencadas no art. 5.º da LACP
e no art. 82 do CDC (LGL\1990\40)).
6. Legitimidade e interesse do MP
A questão exige uma reflexão mais demorada. Em que pese os próprios dizeres do art.
91 do CDC (LGL\1990\40) ("Os legitimados... poderão propor, em nome próprio e no
interesse das vítimas ou seus sucessores..."), em tudo e por tudo correspondentes ao
art. 6.º do CPC (LGL\1973\5) ("Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito
alheio..."), não pensamos ser caso clássico de legitimidade extraordinária.
Dizer que em todas as ações coletivas, seja em defesa de direitos super-individuais, seja
em defesa de direitos individuais homogêneos, o que há é uma legitimidade
extraordinária é uma coisa. Dizer que a legitimidade nas ações coletivas em defesa de
direitos super-individuais é ordinária e a legitimidade nas ações coletivas em defesa de
direitos individuais homogêneos é extraordinária é outra coisa muito diferente. Enquanto
a primeira posição, em que pese a nossa discordância, é coerente, a segunda peca pela
incoerência interna da própria proposição.
Com efeito. Não vemos qualquer diferença ontológica entre as ações coletivas que
defendem direitos super-individuais e aquelas propostas em defesa de direitos
individuais homogêneos. Em ambos os casos há um titular (comunidade, coletividade ou
conjunto de vítimas, conforme se trate de direito difuso, coletivo ou individual
homogêneo) e um outro legitimado (LACP, art. 5.º e CDC (LGL\1990\40), art. 82). A
divergência deriva do fato de que aqueles que consideram a ação coletiva em defesa de
direitos individuais homogêneos como exemplo de legitimidade extraordinária não vêem
como titular desse direito o conjunto de vítimas indivisivelmente considerado, mas, cada
uma das vítimas como titular do seu direito individual. Ainda assim, ad argumentandum,
a ação coletiva em defesa de direitos individuais homogêneos não poderia ser
considerada como exemplo de legitimidade extraordinária. Isso porque é regra da
substituição processual, e mesmo sua própria razão de ser, suprimir a possibilidade de o
substituído ir novamente a juízo, vez que já foi atingido pela autoridade da coisa julgada
material. E isso, manifestamente, não ocorre no caso da ação coletiva em defesa de
direito individual homogêneo, pois as vítimas poderão propor a sua ação individual,
independentemente da improcedência da ação coletiva (isto, considerando as próprias
vítimas como titulares dos direitos individuais homogêneos, e não um grupo
indivisivelmente considerado, conforme o nosso pensamento). A menos que se considere
ser uma espécie anômala de substituição processual (que, por sua vez, já é considerada
uma legitimidade anômala) secundum eventum litis, em que o substituído seria atingido
apenas pela coisa julgada da sentença favorável.
7. Legitimidade passiva
Como não consideramos viável analisar a legitimidade no direito processual civil coletivo
com os institutos do direito processual individual, a solução para esse impasse há de ser
buscada em um outro plano.
Com efeito. Muitas das normas processuais do CDC (LGL\1990\40) e da LACP revelam
uma constante preocupação do direito com os riscos decorrentes da possibilidade de
haver colusão entre as partes nas ações coletivas. Assim é que a coisa julgada não opera
seus efeitos erga omnes ou ultra partes em alguns casos de improcedência por
insuficiência de prova (art. 103, I e II, CDC (LGL\1990\40)); é permitido a outro
co-legitimado promover a execução da sentença coletiva em caso de desídia do autor
(LACP, art. 15); a coisa julgada na ação coletiva não prejudica os direitos individuais
daqueles que não intervieram no processo (art. 103, §§ 1.º e 2.º, CDC (LGL\1990\40));
qualquer legitimado poderá prosseguir na ação coletiva se o seu autor desistiu ou
abandonou o processo (art. 5.º, § 3.º, LACP), ou mesmo recorrer como terceiro
interessado; há intervenção obrigatória do MP como custos legis em todas as ações
coletivas (art. 5.º, § 3.º); desestimula-se a lide temerária (LACP, art. 17 e art. 87,
parágrafo único, CDC (LGL\1990\40)) etc.
Igualmente, essa preocupação que permeia toda a parte processual do direito coletivo se
deve fazer presente no espírito do intérprete e do aplicador ao decidir essa polêmica
questão, que não é exclusiva do nosso direito. Nas ações coletivas do direito
norte-americano ( class actions), por exemplo, como uma garantia adicional aos
ausentes, o representante do grupo não poderá renunciar ou transigir sem que a corte
aprove e notifique a proposta de renúncia ou de transação a todos os membros do
grupo, para que possam intervir e impugnar o ato do representante como violador dos
interesses do grupo, ou exercer o direito de se excluírem do grupo de atingidos pela
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coisa julgada (right to opt out).
8. Referência bibliográfica
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
9. No cotejo entre o art. 5.º da LACP e o art. 82 do CDC (LGL\1990\40), percebe-se não
haver uma perfeita correspondência entre ambos. No entanto, há, segundo pensamos,
uma explicação racional para o fato de o artigo 82 do CDC (LGL\1990\40),
substancialmente mais amplo e mais liberal que o art. 5.º da LACP, não incluir em seu
elenco de legitimados as autarquias, as empresas públicas, as fundações e as sociedades
de economia mista.
É que estes entes, legitimados à propositura da ação civil pública e excluídos da ação
coletiva do CDC (LGL\1990\40), não foram excluídos sem motivo, já que compõem um
outro grupo ao qual se opõe o dos consumidores. Fazem parte do empresariado: são
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predominantemente fornecedores, e em nada podem ser considerados
institucionalmente comprometidos com a causa da defesa do consumidor.
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Segundo Arruda Alvim, o simples fato de não constarem no rol do art. 82 não os
impediria de propor uma ação civil pública em defesa do consumidor, porquanto o fato
de o § 3.º do art. 103 do CDC (LGL\1990\40) estender a coisa julgada da ação civil
pública favorável aos consumidores os legitima à propositura de tal ação.
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
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Pensamos diversamente. Como procuramos demonstrar em uma outra oportunidade,
uma ação coletiva será idêntica a outra ( rectius, a mesma ação coletiva), se os seus
elementos forem os mesmos (art. 301, §§ 1.º a 3.º, CPC (LGL\1973\5)), ainda que uma
ação seja proposta com base no CDC (LGL\1990\40) e a outra, na LACP. Portanto, não
se nos afigura lícito que uma ação civil pública promovida em defesa do consumidor por
um ente excluído do art. 82 obste, seja por litispendência, seja por coisa julgada, a
propositura de uma ação coletiva por um legitimado do referido art. 82.
6. Legitimidade e interesse do MP
10. Impende fazer uma observação a respeito da legitimidade do Ministério Público para
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propor ação coletiva em defesa de direitos individuais homogêneos. É função precípua
do Ministério Público, entre outras, a defesa dos interesses sociais e individuais
indisponíveis (CF/1988 (LGL\1988\3), art. 127, caput). No entanto, não é de ser
excluída, a priori, a possibilidade de o MP propor uma ação coletiva em defesa de
direitos individuais homogêneos com o argumento falacioso de que a proteção ao direito
patrimonial individual disponível não pode ser de interesse social. Isso porque, como
vimos, os direitos individuais homogêneos globalmente considerados são indisponíveis
pela comunidade de vítimas. Disponível é, apenas, cada um dos direitos isolado e
individualmente considerados, por parte do seu titular individual, e não os direitos
individuais homogêneos como um todo (coletivamente considerados).
O próprio Ministério Público, entretanto, deve permanecer atento para não promover
ações coletivas que tutelem "interesses genuinamente privados sem qualquer relevância
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social (...) sob pena de amesquinhamento de relevância institucional do Parquet".
Poder-se-ia mesmo dizer que, em casos que tais, o MP não teria interesse de agir.
Isso é válido, não somente em relação à defesa coletiva dos direitos individuais
homogêneos, como também em relação à defesa coletiva dos direitos super-individuais,
notadamente os coletivos. Para legitimar a atuação do MP é preciso que haja "manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou características do dano, ou pela relevância
do bem jurídico a ser protegido", para usar, analogicamente, as próprias palavras da lei
(art. 82, § 1.º, CDC (LGL\1990\40)).
7. Legitimidade passiva
11. Quanto à legitimidade passiva, há uma importante consideração a ser feita. Nas
class actions norte-americanas a legitimidade para condução de um processo coletivo é
outorgada tanto do lado ativo como do lado passivo da ação. Dessa forma, o
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"representante" do grupo tanto pode ser autor como réu numa class action.
8. Referência Bibliográfica
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
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-----. "Tutela jurisdicional dos interesses difusos: a legitimação para agir", in A tutela
dos interesses difusos, S. Paulo, Max Limonad, 1984, pp. 85-97.
3. Não é de ser esquecida jamais a lição de Frederico Carpi, no sentido de que "per la
realizzazione dell'ordinamento non interessa chi propogna la domanda, ma che cosa
viene chiesto", "Cenni sulla tutela degli interessi collettivi nel proceso civile e la cosa
giudicata", in Revista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile, p. 961, grifamos.
Entretanto, isso não pode significar que o direito positivo não deva procurar selecionar
criteriosamente a quem concederá legitimidade para propor uma ação da repercussão e
dimensão sociais das ações coletivas. No pensamento de Carpi detectamos apenas uma
salutar hierarquização entre a legitimidade para agir e o próprio direito a ser protegido,
mas sempre no sentido de que não é autorizado prejudicar o direito material por amor à
formalidade processual.
4. Cf. Barbosa Moreira. "Legitimação para a defesa dos 'interesses difusos' no direito
brasileiro" e "Tutela jurisdicional dos interesses coletivos ou difusos", in Temas de Direito
Processual, terceira série, pp. 183-192 e 198-206 respectivamente; Waldemar Mariz de
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
Oliveira Jr., "Tutela jurisdicional dos interesses coletivos", in A tutela dos interesses
difusos, pp. 17-21.
8. Cf. Ada P. Grinover, "A ação civil pública e a defesa de interesses individuais
homogêneos", in DirCon., 5/215-217; Daniel Roberto Fink, Código brasileiro de defesa
do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto, pp. 601 e 604; Kazuo
Watanabe, Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do
anteprojeto, pp. 512-513, que cita o art. 174, § 2.º da CF/1988 (LGL\1988\3): "A lei
apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo". Esta é uma
tendência que também segue o CDC (LGL\1990\40), ao prescrever em seu art. 106, IX
que é função do Departamento Nacional de Defesa do Consumidor incentivar a formação
de grupos e entidades de defesa do consumidor por parte da população.
10. Mauro Cappelletti, "Formações sociais e interesses coletivos diante da justiça civil",
in RePro, 5/148-149.
14. Legitimidade complexa é aquela que depende, "para sua corporificação, do concurso
de mais de um co-legitimado". Sobre o assunto v. Donaldo Armelin, Legitimidade para
agir no direito processual civil brasileiro, p. 28.
16. Sobre a legitimidade das pessoas jurídicas para propor ação popular, v. Rodolfo de
Camargo Mancuso, Ação popular, pp. 110-112.
19. Barbosa Moreira. "A ação popular do direito brasileiro como instrumento de tutela
jurisdicional dos chamados 'interesses difusos'", in Temas de Direito Processual, primeira
série, pp. 113-114.
20. Barbosa Moreira. "A ação popular do direito brasileiro como instrumento de tutela
dos chamados 'interesses difusos'", in Temas de Direito Processual, primeira série, p.
111, nota 1; idem, "Notas sobre o problema da 'efetividade' do processo" e "A
legitimidade para a defesa dos 'interesses difusos' no direito brasileiro", in Temas de
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
21. Ao contrário do art. 81 do Código de Processo Civil (LGL\1973\5) italiano, que dispõe
que, "fora dos casos expressamente previstos pela lei, ninguém pode fazer valer no
processo em nome próprio um direito alheio", o nosso CPC (LGL\1973\5) não contém o
advérbio "expressamente" por ter sido retirado do projeto original por emenda do
senador Nelson Carneiro. De observar que o texto do projeto do CPC (LGL\1973\5)-73
era uma tradução quase literal, apenas em ordem invertida, do dispositivo processual
italiano. Cf. Arruda Alvim, Tratado de Direito Processual Civil, v. I, pp. 513-515.
22. Kazuo Watanabe, "Tutela jurisdicional dos interesses difusos: a legitimação para
agir", in A tutela dos interesses difusos, pp. 85-97.
23. Posteriormente, o próprio Barbosa Moreira admitiu a possibilidade de, de lege lata,
contornar o óbice do art. 6.º do CPC (LGL\1973\5). No entanto, considerava conveniente
uma reforma legislativa. "Tutela jurisdicional dos interesses coletivos ou difusos", in
Temas de Direito Processual, terceira série, pp. 203-204. Sobre o Projeto de Lei
5.521/81 apresentado à Câmara dos Deputados com a proposta de inserção de um
parágrafo único ao art. 6.º prescrevendo que "as associações civis constituídas com a
finalidade principal de promover o estudo, a defesa e a coordenação dos interesses de
seus associados poderão representá-los, individual e coletivamente, em juízo, bem como
assisti-los, como intervenientes, nos feitos em que sejam partes e que digam respeito a
interesse comum dos associados, segundo o ato constitutivo da associação respectiva",
v. Rodolfo de Camargo Mancuso, Interesses difusos - conceito e legitimação para agir, p.
186, nota 244. Posteriormente, em 1985, um anteprojeto de reforma do CPC
(LGL\1973\5) muito mais abrangente, elaborado por uma comissão de juristas composta
por Luis Antonio de Andrade, J. J. Calmon de Passos, Kazuo Watanabe, Joaquim Correia
de Carvalho Junior e Sérgio Bermudes, propôs uma regulamentação mais sucinta, mais
técnica e muito mais completa, porquanto previa, inclusive, o regime jurídico da coisa
julgada para as ações coletivas: art. 6.º parágrafo único. "As entidades públicas e
privadas poderão ingressar em juízo na defesa de interesses transindividuais que se
incluam entre seus fins"; art. 472, parágrafo único. "Nas hipóteses do parágrafo único do
art. 6.º a sentença terá eficácia de coisa julgada oponível a terceiros, salvo se a ação for
julgada improcedente por deficiência de prova, caso em que a propositura de ação com
idêntico fundamento ficará condicionada ao oferecimento de novas provas". O excelente
anteprojeto está publicado, na íntegra, na RePro, 43/86-116.
25. Rodolfo de Camargo Mancuso, Interesse difuso - Conceito e legitimação para agir,
pp. 129, 133, 134 e 137: idem, Ação civil pública, pp. 70-71, nota 8; idem, Comentários
ao Código de Proteção do Consumidor, p. 327; idem, Ação popular, p. 196. Segundo
Vincenzo Vigoriti, "A exigência de garantia que, nas situações individuais, vem satisfeita
pela rigorosa correlação entre a titularidade da situação de vantagem e a legitimação
para deduzi-la em juízo assume um conteúdo diverso nas situações coletivas, nas quais
tal correlação não somente é desnecessária, como pode até mesmo ser
contraproducente", Interessi collettivi e proceso - la legittimazione ad agire, pp.
100-106.
27. Sobre o assunto. Donaldo Armelin, Legitimidade para agir no direito processual civil
brasileiro, pp. 134-135; Arruda Alvim, Tratado de Direito Processual Civil, I/518;
Ephraim de Campos Jr., Substituição processual, p. 31.
28. Federal Rules of Civil Procedure, rule 23( e): "Dismissal or compromise. A class
action shall not be dismissed or compromised without the approval of the court, and
notice of the proposed dismissal or compromise shall be given to all members of the
class in such maner as the court directs". Cf. Friedenthal-Kane-Miller, Civil procedure,
pp. 754-756. É preciso observar, no entanto, as diferenças entre as ações coletivas
brasileiras e norte-americanas, principalmente no que tange ao regime jurídico da coisa
julgada, que nas primeiras se estende a terceiros secundum eventum litis e nas
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
29. Rodolfo de Camargo Mancuso, Ação civil pública, pp. 146-148. Quanto aos demais
atos de disposição de direitos coletivamente considerados, temos que a indisponibilidade
é regra geral e inderrogável.
30. Em sentido similar, Rodolfo de Camargo Mancuso, Ação civil pública, pp. 146-148;
Hugo Nigro Mazzilli, A defesa dos interesses difusos em juízo, pp. 157-161, textos aos
quais se remete o leitor, para uma visão mais abrangente do tema. V., ainda, Paulo
Affonso Leme Machado, "Ministério Público, ambiente e patrimônio cultural", in Revista
do Ministério Público do Rio Grande do Sul, pp. 102-103; Alexandre Slhessarenko e
Maria Herrmann, "Ação civil pública - Defesa do consumidor", in DirCon, 7/222-227;
Ferraz-Milaré-Nery Jr., A ação civil pública e a tutela jurisdicional dos interesses difusos,
pp. 43-45. Sobre a indisponibilidade da ação coletiva, alterando seu posicionamento
anterior, Nelson Nery Junior, Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos
autores do anteprojeto, pp. 634-636.
31. Fernando Grella Vieira, "A transação na esfera da tutela dos interesses difusos e
coletivos e a posição do Ministério Público", in Justitia 161/40-53.
32. Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, "A proteção dos direitos difusos através do
compromisso de ajustamento de conduta", in Livro de Estudos Jurídicos 6/236.
34. Conforme expressamente previsto na Rule 23 das Federal Rules of Civil Procedure,
para que em uma ação possa ser reconhecida pela corte uma dimensão coletiva, é
preciso que "The representative parties will fairly and adequately protect the interests of
the class". Além disso, observe-se que os precedentes (que também fazem parte do
direito positivo no sistema da common law) aplicáveis trazem elementos aos quais o
magistrado está vinculado e dos quais não pode se esquivar.
35. De acordo com o Projeto de Lei 3.034/84 proposto pelo dep. Flávio Bierrenbach, a
ação coletiva poderia ser proposta por "associação que, a critério do juiz, demonstre
representatividade adequada, revelada por dados como: I - estar constituída há seis
meses, nos termos da lei civil: II - incluir, entre suas finalidades institucionais, a
proteção ao meio ambiente ou a valores artísticos, estéticos, históricos, turísticos ou
paisagísticos". O referido projeto está publicado, na íntegra, na coletânea organizada por
Ada P. Grinover, A tutela dos interesses difusos, pp. 189-196. Cf. Ada P. Grinover, Novas
tendências do direito processual, pp. 58, nota 61; 145; 152 e 171.
36. Em que pese a letra do § 4.º do art. 5.º da LACP e a do § 1.º do CDC (LGL\1990\40)
levarem a crer que se trata de um poder atribuído ao magistrado para dispensar ou não
o requisito, afigura-se-nos inconcebível uma decisão em que o magistrado,
reconhecendo haver interesse social, não dispense a pré-constituição. Quando muito,
poderia o magistrado não se convencer e não reconhecer o interesse social desde que o
faça em decisão fundamentada.
38. Calmon de Passos, Mandado de segurança coletivo, mandado de injunção, " habeas
data" - Constituição e processo, pp. 46-52.
39. Teresa Arruda Alvim, Mandado de segurança contra ato judicial, pp. 77-90; Agravo
de instrumento, pp. 142-152; Medida cautelar, mandado de segurança e ato judicial, pp.
106-134 e "Limites à chamada 'discricionariedade' judicial", in RDP 96/157-166.
40. Nelson Nery Junior, Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos
autores do anteprojeto, pp. 631-632.
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LEGITIMIDADE PARA AGIR EM AÇÕES COLETIVAS
41. Marcus Vinícius de Abreu Sampaio, O poder geral de cautela do juiz, pp. 98-114.
44. Arruda Alvim, "Da coisa julgada no Código de Proteção e Defesa do Consumidor", n.
7, p. 11, nota 23, texto inédito, gentilmente cedido por cortesia do autor.
45. Antonio Gidi. O instituto da coisa julgada e a litispendência nas ações coletivas do
direito brasileiro, sub-capítulos "A ação civil pública em face da defesa do consumidor
em juízo" e "Litispendência entre duas ações coletivas".
46. Sobre a legitimidade do Ministério Público para a propositura de ação civil pública em
defesa de direitos individuais homogêneos dos contribuintes, v, Washington Araújo
Carijé. "A legitimidade do Ministério Público e a ação civil pública - IPTU - Cobrança
indevida de tributos". in Ciência Jurídica 55/307-313. V, tb, Lázaro Guimarães, As ações
coletivas e as liminares contra atos do Poder Público, pp. 48-49 e 93, e Maria Antonieta
Zanardo Donato, Proteção ao consumidor - Conceito e extensão, pp. 177-181.
49. Arruda Alvim, "Da cosia julgada no Código de Proteção e Defesa do Consumidor", ns.
1 e 2, pp. 1-4, texto inédito, gentilmente cedido por cortesia do autor. Em ação civil
pública promovida pelo Ministério Público estadual contra o sindicato que congregava as
escolas particulares, a juíza Sílvia Zarif, acertadamente, indeferiu a pretensão do autor
em estender a eficácia da coisa julgada a todos os estabelecimentos de ensino
associados. A decisão de primeiro grau, cuja leitura se recomenda, está publicada, na
íntegra, na revista Ciência Jurídica 51/215-221.
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