Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
TGP II
O processo pode ser definido como instrumento por meio do qual a jurisdição é exercida, sendo
essa última caracterizada por tutelar as situações jurídicas deduzidas no processo.
Tais situações correspondem, de modo geral, ao mérito do processo, logo, afirma-se que todo
processo traz, ao menos, uma situação de direito material que necessita de tutela jurisdicional.
Então, pode-se extrair o conceito de processo como o conjunto de atos que constitui relação jurídica
capaz de gerar obrigações, ônus, poderes e faculdades às partes que a compõem.
Por fim, a natureza jurídica do processo é reconhecida, atualmente, como de categoria jurídica
autônoma, sendo estabelecida discussão dentre diversas correntes, que estudaremos abaixo:
I Teorias privatistas
Processo é visto como um contrato: identifica o processo como um contrato, por meio do
qual as partes se submetiam à decisão que viesse a ser proferida.
Processo como um quase contrato: assim como a precedente, essa teoria foi construída
sobre fragmentos do direito romano. Baseia-se na constatação de que, conquanto o
processo não possa ser considerado um contrato, diante das contundentes críticas
formuladas contra a teoria anterior, dele decorre obrigações que vinculam as partes.
1
III Teoria do processo como situação jurídica: Segundo o alemão James Goldschmidt, a única
relação jurídica existente seria a de direito material, não havendo direitos processuais, mas meras
expectativas de se obter vantagem. Assim, o processo constituiria uma série de situações
jurídicas, concretizando para as partes direitos, deveres, faculdades, poderes, sujeições, ônus etc.
Tal teoria, entretanto, foi esvaziada por não conseguir afastar a noção de relação jurídica
processual, contribuindo, contudo, para o enriquecimento da ciência processual a partir do
desenvolvimento e incorporação na doutrina dos conceitos de faculdades, ônus, sujeições, bem
como da relação funcional de natureza administrativa entre juiz e Estado.
IV Teoria do processo como instituição: Segundo essa teoria, o processo seria uma instituição
jurídica. A primeira e maior dificuldade que dela decorre reside em esclarecer, com precisão, o que
significa a expressão instituição jurídica. O conceito de instituição possui origem eminentemente
sociológica, e não jurídica, sobre ele havendo se debruçado mentes brilhantes do porte de Ihering,
Renard e Hauriou, sem que suas ideias convergissem para um denominador comum. Esta teoria,
conquanto engenhosa, não explica satisfatoriamente a natureza jurídica do processo. O caráter
impreciso e elástico do conceito de instituição, por si, já recomenda que se evite tal categoria na
revelação do que venha a ser o processo.
V Teoria do processo como procedimento em contraditório: De acordo com essa teoria, o processo
seria um procedimento, isto é, uma sequência de normas destinadas a regular determinada
conduta, em presença do contraditório. Esta teoria defende a superação do conceito de relação
jurídica, o qual considera incapaz de revelar a natureza jurídica do processo. Para ela, o processo
é uma espécie do gênero procedimento. Mais precisamente, o processo é o procedimento que se
desenvolve em contraditório. O procedimento poderia ser definido como uma série de atos e de
normas que o disciplinam, regendo a sequência de seu desenvolvimento. Todo procedimento
destina-se a preparar um provimento, que, por sua vez, é um ato do Estado, de caráter imperativo,
produzido pelos seus órgãos no âmbito de sua competência, seja um ato administrativo, legislativo
ou jurisdicional. O processo seria, portanto, aquela espécie de procedimento em que os
interessados participariam, em condições de igualdade, interferindo efetivamente na preparação
do provimento. O contraditório seria o elemento que qualifica o processo, permitindo apartá-lo das
demais espécies de procedimento. Esta teoria é criticada por procurar eliminar a relação jurídica
do conceito de processo. Afinal, não existe qualquer incompatibilidade entre contraditório e relação
jurídica. É por meio da relação jurídica processual e das transformações que essa experimenta, à
2
VI Teoria do processo como categoria complexa: A referida teoria, destacada por Cândido Rangel
Dinamarco, complementaria a de Elio Fazzalari, ao sustentar que o processo é uma entidade
complexa, ou seja, o processo seria o procedimento realizado em contraditório e animado pela
relação processual. Por se tratar de uma categoria complexa, o processo seria composto,
basicamente, por dois aspectos: o extrínseco, que seria justamente o procedimento realizado em
contraditório; e o intrínseco, que, por sua vez, seria a relação jurídica processual estabelecida
entre as partes, gerando sucessivamente direitos, deveres, faculdades e ônus. Contestando a
teoria do processo como relação jurídica, Dinamarco sustenta sua falha, na medida em que esta
não explica como o processo poderia ser apenas uma relação processual, sem incluir um
procedimento. Ou seja, a teoria partiria da errônea percepção de que procedimento e relação
jurídica processual não coexistem no conceito e na realidade do processo, apesar de este não
poder ser o que realmente é na ausência de um desses elementos. Não obstante tal teoria seja
bem aceita na doutrina, as críticas remanescentes apontam para a contradição existente em
dissociar o processo nos planos interno e externo, pois todo instituto ou entidade deve ser
concebido como uma unidade.
VII Teoria do processo como categoria jurídica autônoma: Segundo os defensores da teoria, que no
Brasil recebe a simpatia de Afrânio Silva Jardim, o processo seria uma categoria jurídica
autônoma, distinta das demais já consagradas no quadro da Teoria Geral do Direito. As diversas
teorias existentes acerca da natureza jurídica do processo incidem em equívoco metodológico:
procuram, em vão e desnecessariamente, enquadrar o processo em categorias jurídicas já
existentes. Consoante essa teoria, “o processo é o processo”, e simplesmente isso.
Classificação
Por fim, o processo de execução é a realização prática do direito no mundo dos fatos, sendo
utilizado para que seja dado um efeito concreto a determinado título executivo. Cabe, aqui,
mencionar a figura do processo sincrético, que se configura quando as fases de conhecimento e
execução acontecem dentro do mesmo vínculo jurídico-processual, conferindo à sentença de pro-
cedência do pedido caráter de auto exequível.
Dessa forma, a execução dos títulos executivos judiciais torna-se uma fase do processo de
conhecimento, objetivando, majoritariamente, a celeridade processual.
Quanto à sentença proferida, há duas correntes que versam sobre sua classificação.
mandamental (dirige uma ordem ou comando ao réu que o obriga a cumprir a sentença)
é aquela que tem por objeto a emissão, pelo juiz, de uma ordem de autoridade que, se
não for especificamente cumprida pelo destinatário, implica na sua responsabilidade
penal (ex.: sentença proferida em mandado de segurança);
A classificação quinaria perdeu muito de sua relevância em razão das últimas reformas
processuais, que estabeleceram a atividade executiva como fase do processo, e não mais
como processo autônomo.
É a relação estabelecida entre réu, autor e juiz quando é instaurado o processo, na qual é
discutida uma relação de direito material. Possui deter- minadas características, como, por
exemplo, a autonomia, referente à independência entre a relação processual e a material. Isso
porque, conforme visto acima, essa constitui a matéria em debate e está naquela contida. Além
4
Quanto a essa última, cabe ressaltar que não é consenso doutrinário a configuração triangular da
relação processual. Há quem defenda a relação angular, considerando não haver relação direta
entre autor e réu e pressupondo intermediação necessária por parte do ente estatal, assim como
há quem defenda que a figura do Estado-juiz é dispensável na relação processual. No entanto,
figura, predominantemente, a relação triangular processual.
Pressupostos processuais
Além disso, as condições da ação dizem respeito ao exercício do direito de ação, enquanto os
pressupostos validam a relação processual.
pressupostos de existência e de validade (com a ressalva feita por Fredie Didier Jr. a respeito da
incorreção técnica do termo “pressuposto” de validade, apontando que o ideal seria “requisito” no
lugar desse — pressupostos devem preceder o ato e são indispensáveis para a existência jurídica
desse, enquanto requisitos integram a estrutura do ato e se referem à validade).
A curatela especial é promovida pelo defensor público, segundo o parágrafo único do art. 72, CPC.
Anteriormente, tal previsão era encontrada na Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública.
A curatela especial é um dever; caso o curador não pratique os atos de defesa do curatelado, o
juiz poderá destituí-lo e designar outro, posto ser essa função pública. O curador especial poderá
praticar todos os atos em defesa do curatelado, tais como contestar, recorrer, opor embargos à
execução, mas não pode reconvir, posto não ser essa defesa, e sim um novo ataque. Há quatro
hipóteses previstas no art. 72 do NCPC a respeito da possibilidade da nomeação de um curador
especial:
A cognição é conceituada como um dos mais importantes núcleos metodológicos para o estudo do
processo. Isso porque, cabe destacar, a própria tipologia do processo (conhecimento, execução
ou tutela provisória cautelar em caráter antecedente) é definida de acordo com o grau de cognição
judicial estabelecido em cada um deles.
Cognição judicial é a técnica pela qual o magistrado tem acesso e resolve as questões a ele
postas para apreciação. O objeto da cognição é formado pelas questões.
As questões são entendidas como qualquer ponto de fato ou de direito controvertido de que
dependa o pronunciamento judicial, ou seja, o objeto de conhecimento do juiz seja pelos pontos de
fato ou de direito, que influirão no julgamento de mérito e de admissibilidade. A apreciação das
questões leva à extinção do processo, podendo essa acontecer com ou sem o julgamento
(resolução) de mérito e, no caso do primeiro, decidir pela procedência ou improcedência.
As questões prévias referem-se ao exame anterior ao da questão principal (conforme visto acima,
todo processo possui ao menos uma questão de mérito a ser analisada).
As questões principais são representativas do mérito do processo, sendo reveladas pelo pedido
formulado pelo autor na petição inicial. Quando do julgamento das questões principais, a decisão
do juiz será pela procedência ou improcedência do pedido do autor. A decisão com análise do
mérito será definitiva, vez que incidirão os efeitos da coisa julgada material e, assim, impedindo
que seja ajuizada nova demanda.
O Código de Processo Civil, ao tratar da forma dos atos processuais, refere-se aos praticados
pelas.
As partes;
Os advogados;
Os terceiros que intervêm no processo;
O juiz e os auxiliares da justiça;
O Ministério Público;
A Advocacia;
Defensoria Pública arts. 70 a 187 CPC.
O Advogado representa a parte em juízo art. 103 CPC, devendo, para tanto, estar inscrito
regularmente na Ordem dos Advogados do Brasil. Por representar aquele que está em conflito, o
Advogado, no processo judicial, “contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte,
ao convencimento do julgador” art. 2º § 2º Lei 8906/94. Então, ele é parcial! Essa parcialidade faz
com que o Advogado leve suas argumentações fáticas e jurídicas ao processo, sendo que
encontrarão resistência em outras apresentadas pelo colega adversário, tudo isso para que o Juiz,
a partir do choque de proposições, possa fazer escolhas e equacionar a lide. Não é por serem
parciais que os Advogados estão isentos de formular pretensões com fundamentação lógica e de
cumprir as decisões e não embaraçá-las art. 77 e incisos CPC. Eles respondem pelos abusos, não
perante os Juízes que conduzem os processos em que atuam § 6º art. 77 CPC, mas sim no âmbito
da OAB e/ou corregedorias, estas últimas para infrações praticadas por Advogados Públicos.
As partes é que vão a juízo, representadas pelos Advogados, defender seus interesses. São,
obviamente, parciais. Mas se sujeitam aos deveres de lealdade e cooperação, sob pena, nos casos
de manifestação desses abusos, de responderem com multas e mesmo sanções penais, ex vi dos
arts. 77 e 80 NCPC.
Ao que se vê, os sujeitos de um processo judicial têm características próprias, estando cada um
deles atento às finalidades de sua atuação no litígio submetido ao Poder Judiciário.
Dessa forma, o Advogado será ético, mas parcial, assim levando ao processo versões fáticas e
proposições jurídicas que interessarem ao cliente; o Promotor de Justiça vigiará os interesses que
justificaram sua intervenção no processo, como é o caso de conflitos que envolvam menores ou
incapazes; o Juiz observará a imparcialidade, devendo analisar de forma equidistante todas as
versões para proferir a decisão; as partes – aquelas que manifestam seus pleitos à Justiça –
depositam todas as suas esperanças no processo, até porque foram incapazes de resolver
amigavelmente o conflito.
Porém, não é surpresa para ninguém a existência de Advogados que estimulam os conflitos. Da
mesma forma, há casos em que os Promotores de Justiça ignoram suas responsabilidades e
deixam de defender o interesse público, apegando-se a objetivos menos nobres. Existem Juízes
que, por simpatia com a parte ou com o Advogado, proferem decisões ou conduzem o processo de
maneira parcial. E há partes que, além de incapazes de resolver extrajudicialmente a querela, vão a
juízo apenas por espírito de vingança ou provocação. Tais situações são exceções, mas existem.
O Código de Processo Civil (lei 13.105/15), com o fito de contribuir para o aperfeiçoamento ético
dos sujeitos no processo judicial. A começar pela adoção expressa de princípios como o da boa-fé
processual, do que impõe isonomia entre as partes e o de cooperação entre os sujeitos do
processo, dentre outros tantos.
8
Por sua vez, o Perito a ser nomeado – será observado o critério da equitatividade pelo Juiz – não
precisará ter em seu currículo uma filiação ilustre, devendo apenas estar legalmente habilitado e
constar no cadastro público arts. 156 e §s e 157 §2º CPC – conferir Resolução CNJ 233/2016.
Já os Advogados terão que trabalhar não pela protelação do processo, mas pela conciliação –
agora, com o auxílio da chamada mediação. Ou seja, as alentadas preliminares trabalhadas pelos
Advogados não terão o condão mais de provocar o efeito de atrasar o processo ou a solução da
lide. O profissional da Advocacia deve preferir, até por visão prática, intensificar sua atuação técnica
com foco nas alegações de mérito.
A eternização dos conflitos judiciais – sobretudo com os desnecessários debates sobre solenidades
e formas – traz insegurança aos litigantes e àqueles que estão ao seu redor, além de acarretar
perda de credibilidade do Estado-Juiz.
De outro lado, deve-se insistir com a assertiva de que o diálogo entre os sujeitos do processo é
ponto forte no novo Código.
A propósito, o Advogado terá que se comunicar mais com os clientes. Por exemplo, mesmo as
intimações para o cumprimento de obrigações pessoais de fazer ou não fazer – sob pena de multa
– ocorrerão na pessoa do profissional da Advocacia. Com efeito, o art. 513 § 2º NCPC trata, de
forma genérica, acerca do cumprimento de sentença, tendo consignado que, a priori, a
comunicação ao devedor será por intimação, pelo Diário da Justiça, na pessoa do seu advogado
constituído nos autos (inc. I). A partir daí, se não cumprida à obrigação, já incidirá a multa
9
Aliás, o advogado será responsável por comunicar às testemunhas de seu cliente sobre a
necessidade de comparecimento à audiência. Sim, a regra geral, doravante, é a de que “cabe
ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local
da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo” art. 455 NCPC.
Tudo está a revelar que o legislador quer um processo mais dinâmico e que se mova pelo
paradigma da confiança, mesmo que haja um latente conflito entre os litigantes. Os sujeitos do
processo deverão mostrar-se confiáveis, a fim de que os atos processuais transmitam segurança.
Não por outra razão, que o art. 6º do novo Código Processual, quase poeticamente, estabeleceu
que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Mais adiante, de forma mais pragmática, o legislador
adverte que o Juiz, o Advogado Público, o Promotor de Justiça e o Defensor Público responderão
civilmente quando, no exercício de suas funções, agirem com dolo ou fraude arts. 143, 181, 184 e
187 CPC.
Demais disso, o art. 235 estabelece a imposição de sanções administrativas ao juiz que extrapolar
os prazos, sendo que, se a inércia for mantida, os autos do processo serão remetidos ao seu
substituto legal para que, em última análise, os jurisdicionados não fiquem com os prejuízos. Em
outras palavras, o magistrado deve estar com o seu serviço em dia, até para que não
sobrecarregue, injustamente, o seu colega (“o substituto legal”).
Enfim, os sujeitos do processo serão cobrados, para que suas atuações tenham em mira o rápido
atingimento do mérito pelo Judiciário.
TGP II - LITISCONSÓRCIO
1. Definição
Litisconsórcio simples há autonomia entre as partes que estão no mesmo polo. Tal fato se
deve à existência de mais de uma relação jurídica material, possibilitando ao juiz que as decida
diferentemente. É exemplo uma obrigação solidária divisível. Já o unitário, como define o art.
116, CPC, é “quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo
uniforme para todos os litisconsortes”. Há, pois, uma única relação jurídica material indivisível
sendo discutida.
A classificação em questão merece um pouco mais de atenção. O art. 114, CPC, traz o
seguinte:
“Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação
jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes.”
A regra geral introduzida pelo art. 114 dispõe que o litisconsórcio será necessário em dois
casos.
“Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.”
Ocorre o fenômeno processual chamado intervenção de terceiro quando alguém ingressa como
“coadjuvante” em relação processual já existente. À condição de terceiro se chega por exclusão:
terceiro em relação à determinada demanda é todo aquele que não for parte daquela demanda.
12
Voluntária e Provocada.
Voluntária:
Provocada ou Obrigatória
Terceiro no processo é aquele que não é parte, ou seja, não é titular do direito discutido, mas por
alguma razão jurídica intervém na lide. Cumpre lembrar, que apenas o interesse jurídico possibilita
o ingresso de alguém em processo alheio, não bastando, portanto, o interesse econômico ou moral;
a lei disciplina o ingresso de terceiro a fim de que este tenha a oportunidade de afastar eventual
situação desfavorável oriunda de decisão entre duas partes, que reflexamente lhe atingiria. Outro
aspecto que merece ser mencionado é o fato de que o ingresso do terceiro pressupõe sua relação
jurídica com apenas umas das partes.
Desse modo, os terceiros que intervêm não são partes na relação processual originária. São
pessoas estranhas à relação processual de direito material deduzida em juízo e estranhas à relação
processual já constituída. São sujeitos de outra relação de direito material que se liga intimamente
àquela já constituída, ou seja, são os que não são partes no processo pendente.
Por conseguinte, somente é possível a intervenção de terceiros até o saneamento do feito, visto
que seja o momento máximo de estabilização processual. Todavia, pode dar-se em segundo grau,
13
Oposição é forma de intervenção de terceiro no processo, que, sem ser integrante da lide se
apresenta como o legítimo titular do direito discutido entre o autor e o réu. O seu objetivo, portanto,
é negar o pretenso direito de ambos. Tem legitimidade para este tipo de intervenção, segundo o art.
682 do CPC, o terceiro, denominado “opoente”, que pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o
direito sobre o que controvertem as partes no processo principal, denominados “opostos”, Por
exemplo: numa ação de divisão o autor pede a citação dos demais condôminos, os quais ingressam
na ação e oferecem contestação. Um terceiro que se tem como legítimo proprietário de parte do
imóvel a ser divido, ingressa, também, no feito como opoente, para ilidir a pretensão dos litigantes e
ver, a final, reconhecida a sua propriedade exclusiva e expurgada da divisão a parte que lhe
pertence.
A oposição pode ser intentada até que seja proferida a sentença no feito principal. Distribuída por
dependência, a petição de oposição deve observar os mesmos requisitos da petição inicial, sendo
que os opostos serão citados na pessoa dos seus advogados. Autuada em apenso aos autos
principais, a oposição correrá simultaneamente com ação principal, sendo ambas julgadas pela
mesma sentença - art. 685, CPC -, embora deva o juiz primeiro conhecer da oposição - art. 686,
CPC.
Existem dois tipos de oposição: a interventiva que é exercida antes da audiência de instrução e
julgamento - art. 685, CPC; e a autônoma se ajuizada após o início da audiência de instrução e
julgamento, e antes da sentença – PU do art. 685, CPC.
Denunciação da lide é o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de regresso, no caso de
que acabe vencida na ação, chama à lide terceiro garantidor, a fim de este integre o processo.
Desta forma, se por acaso o juiz vier a condenar ou julgar improcedente o pedido do denunciante,
deverá, na mesma sentença, declarar se o denunciado, por sua vez, deve ou não indenizá-lo. Na
verdade, com a denunciação se estabelecem duas lides num só processo.
A denunciação da lide é obrigatória nos casos expressamente previstos no art. 125 do CPC:
(i) ao alienante, a fim de que possa exercer o direito que da evicção lhe resulta - art. 456,
CC/02;
(ii) ao proprietário ou ao possuidor indireto, em casos como o do usufrutuário, do credor
pignoratício;
14
Se a denunciação for feita pelo autor (art. 127), deverá constar da petição inicial, procedendo-se em
seguida a citação do réu. Se competir ao réu a iniciativa, a denunciação deverá ser feita no prazo
da contestação, quando será pedida a citação do denunciando. Ao deferir o pedido, o juiz
suspenderá o processo, determinando ao denunciante que proceda com a citação do denunciado
no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma comarca e 30 (trinta) dias, quando residir
em outra comarca. Citado, o litisdenunciado pode aceitar a denunciação, recusá-la, ou permanecer
revel. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar
procedente a ação declarará, conforme o caso, a sua responsabilidade, em face do denunciante,
valendo como título executivo judicial - art. 129, CPC.
O chamamento ao processo, de que trata o Código de Processo Civil, do artigo 130 ao 132, é o ato
pelo qual o réu chama outros coobrigados para integrar a lide. Assim como acontece na
denunciação da lide, o chamado fica vinculado ao feito, subordinando-o aos efeitos da sentença. É
admissível, segundo o art. 130 do CPC, em face: I – do devedor, na ação em que o fiador for réu; II
– dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III – de todos os devedores
solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles parcial ou totalmente, a divida comum.
Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda com a citação
do chamado no prazo de 30 (trinta) dias, quando este residir na mesma comarca, e dois meses,
quando residir em outra comarca – PU do art. 131, CPC. Citado, o chamado pode negar a
qualidade que lhe é imputada ou permanecer revel. Em qualquer caso, ficará, como já disse,
vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar procedente a ação valerá como título
executivo em favor do devedor que satisfizer a dívida - art. 132, CPC.
É possível ocorrer “chamados sucessivos”, ou seja, o chamado poderá, por sua vez, chamar
terceiro, e assim sucessivamente.
Permite ao réu declinar sua condição e indicar ao autor a pessoa verdadeiramente legitimada a
figurar no processo como demandado.
15
Recebida a nomeação, o juiz suspenderá o curso da ação e ordenará a intimação do autor para se
pronunciar em quinze dias - art. 338, CPC. Intimado da nomeação, o autor poderá aceitá-la ou
recusá-la; afinal, ninguém pode ser obrigado a litigar em face de quem não queira.
V. Assistência
A assistência é inerente o escopo de ajudar uma das partes, e daí dizer-se sempre uma intervenção
coadjuvante. É uma situação que tangencia a coisa julgada e seus limites subjetivos, mas que com
ela não se confunde.
Não é qualquer interesse que autoriza a assistência. Não basta mera relação de amizade, ou a
convicção pessoal do terceiro de que o direito à tutela cabe a uma e não a outra parte: exige a lei o
interesse qualificado como jurídico, que haja uma relação entre o terceiro e uma das partes do
processo que pode ser atingida pela sentença.
A assistência pode ser simples ou adesiva quando, pendendo um processo entre duas ou mais
pessoas, terceiro, que tenha interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes,
intervém no processo para assisti-la - art. 119, CPC. Na qualidade de auxiliar, o assistente exercerá
16
Já a assistência litisconsorcial ocorre sempre que a sentença houver de influir na ralação jurídica
entre o assistente e o adversário do assistido. Em outras palavras, embora o assistente não seja
parte daquele processo, a sentença ali proferida irá afetar diretamente a relação jurídica de direito
material entre ele e o adversário do assistido. É uma espécie de “litisconsórcio facultativo ulterior
unitário”. Trata-se de intervenção espontânea pela qual o terceiro transforma-se em litisconsorte do
assistido, daí porque o tratamento é igual àquele deferido ao assistido. Por exemplo: em ação
reivindicatória movida por consorte, art. 1.314, CC/02; adquirente de direito material litigioso quando
não lhe for possível à sucessão processual, art., § º, CPC; lide envolvendo obrigações solidárias,
arts. 267 e 274, CC/2002, razão pela qual neste tipo de intervenção o assistente atua como parte
distinta, tendo o direito de promover individualmente o andamento do feito, devendo, para tanto, ser
intimado dos respectivos atos.
Na sentença transitada em julgado, em princípio, fica impedido de, em ação futura, discutir o
fundamento da decisão, o assistente que não é atingido pelos efeitos da coisa julgada, que na
dicção do art. 123 do Código, consiste na justiça da decisão, não poderá ser discutida o dispositivo
da sentença nem pelo assistente simples como pelo assistente qualificado, pois a justiça da decisão
refere-se aos fatos que se tiverem por comprovados.
Amicus curiae é um auxiliar do juízo que pode atuar no processo, quer seja pessoa física ou
jurídica, desde que tenha representatividade e possa contribuir para a solução da causa. Trata-se
de uma intervenção provocada pelo magistrado ou requerida pelo próprio amicus curiae, cujo
objetivo é o de aprimorar ainda mais as decisões proferidas pelo Poder Judiciário. Entretanto, não
17
A primeira intervenção de amicus curiae no direito brasileiro deu-se por ocasião da Lei Federal n. 6
385/76, que no art. 31 impôs a intervenção da Comissão de Valores Imobiliários nos processos que
discutam matéria objeto da competência desta autarquia. A Lei Federal n. 8.888/94 (Lei Antitruste),
o art. 89, também impõe a intimação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, nos
processos em que se discutam questões relacionadas ao direito da concorrência. Com a edição das
leis que regulamentam os processos de controle concentrado de constitucionalidade, a intervenção
do amicus curiae aprimorou-se: não mais se identifica previamente quem deva ser o auxiliar e se
permite a intervenção espontânea do amicus curiae – até então a intervenção era sempre
provocada. Admite-se também a intervenção do amicus curiae no incidente de declaração de
inconstitucionalidade em tribunal - art. 482 do CPC.
O Min. Celso de Mello, revendo anterior posicionamento – na mesma ADIN 2.130-SC – amplia
consideravelmente os poderes processuais do amicus curiae, de mera apresentação de petição
escrita ou à prestação eventual de informações que lhe venham a ser solicitadas, permitindo-lhe, o
direito de proceder à sustentação oral das razões que justificam a sua admissão formal na causa.
Destarte, o § 2º do art. 7º da Lei federal 9.868/99, fonte normativa para a intervenção do “amigo”,
não estabelece forma para a sua manifestação. Assim sendo, não havendo previsão legal a
respeito, o ato processual pode ser efetivado tanto pela forma oral como escrita, desde que atinja a
finalidade - que, no caso, é a de ajudar o tribunal no julgamento.
O Supremo Tribunal Federal, inicialmente não admitia a sustentação oral do amicus curiae, o que já
foi revisto (ADI 2675/PE, rel. Min. Carlos Velloso e ADI 2777/SP, rel. Min. Cezar Peluso, j. 26 e
27.11.2003).
18
É uma ação constitucional de viés civil, independente da natureza do ato impugnado, seja
ele administrativo, jurisdicional, criminal, eleitoral ou trabalhista. Possui por escopo a
proteção de direitos líquidos e certos contra ato de autoridade ou de quem exerça funções
públicas.
O direito líquido e certo aquele que não exige dilação probatória para ser comprovado,
podendo ser demonstrado de plano, mediante prova previamente constituída. Falamos de
19
Após o termo final do prazo de 10 dias para que a autoridade coatora preste informações
(Lei 12.016/2009 art. 7º, I), o Ministério Público deverá opinar, também no prazo de 10 dias,
contudo, se nesse prazo não haver manifestação do órgão ministerial, os autos deverão ir
conclusos ao Juiz para proferir a decisão, no prazo de 30, dias nos termos do artigo 12
parágrafo único da Lei 12.016/2009:
Da sentença e recursos:
Após a concessão da segurança, deverá o juiz expedir ofício, através de oficial do juízo, ou
por meio do correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da
sentença para a autoridade coatora e também à pessoa jurídica interessada (art. 13, caput,
Lei 12.016/2009). Em situações de urgência, o juiz poderá enviar a sentença, por telegrama,
radiograma, ou qualquer outro meio que garanta a autenticidade do documento e a rápida
ciência pela autoridade (art. 13, parágrafo único e art. 4º, Lei 12.016/2009).
Da sentença que denegar ou conceder a segurança caberá recurso de apelação (art. 14,
caput, Lei 12.016/2009).
20
Observação importante para provas: segundo o STF, todos os Tribunais têm competência
para julgar, originariamente, os MS contra os seus próprios atos, os dos respectivos
presidentes e os de suas câmaras, turmas ou seções. Assim, MS contra ato do STJ, do
Presidente do STJ ou de uma turma do STJ, será julgado pelo próprio STJ, e assim
sucessivamente. No âmbito da Justiça Estadual, caberá aos próprios estados-membros
cuidar da competência para a apreciação do MS contra atos de suas autoridades, por força
do art. 125-CF.
- Não se exige, também, que o direito defendido pertença a todos os filiados ou associados.
Basta que pertença a parte deles. Súmula 630 – STF (Ex: Um benefício que aproveite
apenas aos delegados de polícia inativos – parte da categoria).
- Outro detalhe importante: embora sendo uma ação coletiva, segundo o STF, para o
ajuizamento de MS coletivo, exige-se a comprovação de direito subjetivo, líquido e certo de
um grupo, categoria ou classe, não se permitindo a sua utilização para o fim de proteger
direitos difusos e gerais da coletividade.
É cabível “sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.”
22
Não obstante, não ter previsão expressa na Constituição, há pacífica orientação do STF a
respeito do cabimento do mandado de injunção coletivo, admitindo-se a impetração pelas
entidades sindicais ou de classe, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou
associados dessas instituições, o exercício de direitos assegurados pela CF e que estejam
inviabilizados pela ausência de regulamentação, nos mesmos termos previstos para o
mandado de segurança coletivo (MI 20/DF, rel. Min. Celso de Mello, 19.05.1994.)
Do Prazo de Defesa:
A Autoridade ou órgão que deve fazer a regulamentação cuja ausência de regras esta sendo
questionada, será notificado do conteúdo da petição inicial, a fim de que, no prazo de dez
dias, preste as informações. Após esse prazo, o Ministério Público terá mais dez dias para
opinar e, então, o juiz proferir decisão.
A garantia do Habeas Data não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5, XXXIV,
b – CF), ou informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5, XXXIII). Havendo
recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o
remédio apropriado é o mandado de segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, como visto, o remédio será
o habeas data.
Legitimidade ativa:
Qualquer um do povo, sendo pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como pessoa
jurídica. Saliente-se, porém, que a ação é personalíssima, vale dizer, somente poderá ser
impetrada pelo titular das informações.
Legitimidade passiva:
Entidades governamentais, da Administração Pública Direta (União, Estados, DF e
Municípios) e Indireta (as autarquias, as Fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista), bem como as
instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de dados contendo
informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso
privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (ex: as entidades
de proteção ao crédito, como o SPC, o SERASA, entre outras).
Portanto, para que o interessado tenha interesse de agir, para o fim de impetrar habeas
data, é imprescindível que tenha havido o requerimento administrativo e a negativa pela
autoridade administrativa de atendê-lo, devendo tal negativa ou omissão da autoridade
administrativa vir comprovada na petição inicial (art. 8, par. Único, da Lei 9.507/97).
Não está sujeita a prazo prescricional ou decadencial, podendo a ação ser proposta a
qualquer tempo.
Competência para o julgamento tem por critério a pessoa que pratica o ato (ratione
personae). Exs: art. 102, I, d: competência originária do STF para processar e julgar Habeas
Data contra atos do Presidente da República; art. 105, I, b – competência originária do STJ
para processar e julgar Habeas Data contra atos dos Ministros de Estado, dos Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do próprio Tribunal.
É gratuito o procedimento administrativo quanto à ação judicial (art. 5, inc. 77). Estão
vedadas pela Lei quaisquer cobranças de custas ou taxas judiciais dos litigantes, bem como
de quaisquer valores para o atendimento do requerimento administrativo. Ademais, não há
ônus de sucumbência (honorários advocatícios) não obstante ser exigido advogado para o
ajuizamento da ação.
Do Prazo de Defesa:
O coator é notificado do conteúdo da petição inicial, a fim de que, no prazo de dez dias,
preste as informações que julgar necessárias.
Visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de identidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
26
Requisitos essenciais
O STJ já pacificou o entendimento de que, para a existência de uma ação popular, são
necessários três pressupostos:
a condição de eleitor do proponente;
a ilegalidade ou ilegitimidade do ato e;
a lesividade decorrente do ato praticado.
Nos questionamentos que chegam até o STJ, um dos pontos contestados é a legitimidade
do cidadão proponente. O entendimento da corte é que basta a apresentação de um título
de eleitor válido para justificar a legitimidade ativa do proponente.
“Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não necessariamente deixa
de ser eleitor, podendo apenas exercer sua cidadania em outra circunscrição. Se for
eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento de ação popular.”
Por outro lado, as informações preservadas sob sigilo por parte do estado também devem
ter essa situação justificada, já que não é possível decretar sigilo em um documento apenas
para não fornecê-lo ao interessado.
Há flexibilidade no que diz respeito à inclusão de documentos e certidões nas ações. A falta
de comprovação documental no pedido inicial, por exemplo, não implica inépcia da
denúncia. Os ministros já afastaram essa alegação ao analisar o Resp. 439.180:
Preenchidos os requisitos legais, uma ação popular pode levar à anulação dos atos
considerados lesivos. Diversas ações populares questionam procedimentos licitatórios
realizados pelo poder público.
O conceito de ato lesivo é amplo, já que não significa apenas atos que causem prejuízo
financeiro direto ao estado. Os atos considerados prejudiciais podem ser por desvio de
finalidade, inexistência de motivos, ilegalidade de objeto, entre outros aspectos passíveis de
anulação.
Dupla finalidade
Sentenças advindas de ações populares possuem efeitos erga omnes, a não ser em casos
em que a demanda foi julgada improcedente por ausência de provas. Os efeitos erga omnes
são aqueles que alcançam todos, e por isso impedem o ajuizamento de demandas idênticas.
Tem finalidade repressiva e preventiva. Como forma preventiva, a Ação Popular pode ser
ajuizada antes da consumação dos efeitos lesivos do ato, sendo que a lei permite a
suspensão liminar do ato impugnado para prevenir a lesão. Já como meio repressivo, vem
para corrigir atos danosos consumados. Há também a finalidade supletiva da ação popular,
em que o autor obriga a Administração omissa a atuar.
Deste modo, o pólo ativo da ação popular só poderá ser composto por uma pessoa física,
singular. Exceções existem onde é possível o litisconsórcio facultativo originário com outros
cidadãos.
No que tange ao pólo passivo da ação, este é composto pelo réu e estes estão
determinados no Art. 6º da Lei 4.717 de 1965:
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item “b”, do art. 4º, quando o valor real do bem
for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou
privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação
inexata e os beneficiários da mesma.
§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do
29
Nos termos do artigo art. 5° da Lei nº 4.717/65, a ação popular prescreve em cinco anos a
contar do evento lesivo:
Do prazo de defesa
A teor do disposto no art. 7º, IV da Lei 4.717/65, o prazo de contestação da ação popular é
de 20 (vinte dias) a contar da entrega em cartório do mandado de citação cumprido
Legitimidade ativa:
Somente pessoa jurídica, tem legitimidade para propor Ação Civil Pública, são eles:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
Requisitos:
esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
O legitimado pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que tenha lesado algum direito que
é objeto de proteção da Lei 7347/85.
Citando a lição de André Luiz Lopes na Obra Ação Civil Pública, “a parte Passiva será
aquele que causar o dano, podendo ser legitimado passivo qualquer um que causar dano
àqueles interesses tutelados”.
Habeas Corpus Art.5 inc. LXVIII da CF, arts. 647 a 666, CPP.
Habeas corpus é uma ordem constitucional visando a proteção do direito de ir e vir, quando
esse lhe é vedado.
“habeas corpus é uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça
de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legitima,
ou em caso de ilegitimidade ou abuso de poder.” E. Penha Malheiro
Legitimidade ativa
Legitimidade passiva
Sempre que houver a restrição da liberdade de ir e vir, mesmo que parcial, através de
ilegalidades.
Liminar
Não há previsão no CPP, de concessão de liminar em habeas corpus, porém criado pela
primeira vez em 1964, pelo STF, a aceitação tem sido praxe.
31
Autoridade coatora: Autoridade que proferiu o ato contra o qual se impetra habeas
corpus. P.ex. o juiz que decretou a prisão preventiva — contra a qual se impetrou
habeas corpusperante o Tribunal de Justiça — é a autoridade coatora.
Impetrado: autoridade para a qual foi distribuída o habeas corpus; autoridade que
julgará o HC; pode ser juiz ou tribunal.
Detentor: pessoa que detém o paciente; pode ser diferente da autoridade coatora,
como no caso de prisão preventiva decretada por juiz, quando o paciente encontra-
se em presídio, hipótese em que é detentor o Diretor do Presídio.
Competência
Espécies
Preventivo: contra coação que está na iminência, e o habeas corpus visa prevenir
sua concretização. Em tais casos a concessão da ordem determina a expedição de
salvo-conduto (art. 660, § 4º, CPP).
De ofício: Hipótese em que a autoridade judicial toma conhecimento (art. 654, § 2º,
CPP).
Atos jurídicos praticados no processo com a finalidade de contribuir para o exercício da jurisdição.
São interdependentes, ou seja, nenhum ato do processo é um ato isolado, pois todo ato praticado
influencia o ato subsequente e é influenciado por aqueles que o antecederam.
Unidade de finalidade: Os atos praticados por todos os sujeitos do processo contribuem para
um único fim, que é o exercício da jurisdição.
Interdependência: Nenhum ato no processo é ato isolado, por isso deve ser interpretado
através da análise dos demais atos.
Os atos processuais têm interferência na aplicação da lei processual no tempo. Servem como
divisória entre as normas antigas e as mais recentes.
Há diferentes tipos de atos processuais, que são moldados aos papeis das pessoas envolvidas no
processo: (i) as partes, (ii) o juiz e (iii) os auxiliares de justiça.
Atos dos juízes, cinco são os atos que podem ser chamados a realizar:
V. Atos de coerção
Atos Instrutórios: O juiz é quem tem que examinar se determina- da prova precisa ou não ser
produzida, porque é a ele que a prova se destina. O juiz também pode determinar de ofício a
produção de provas, de acordo com o art. 370, CPC.
Atos de Documentação: Os atos praticados por todos os sujeitos devem ter seu conteúdo
registrado no processo. O juiz é o responsável pela documentação de alguns desses atos.
Ex: O juiz deve documentar a audiência, ditando seus termos para o escrivão.
34
I. Atos postulatórios
Os atos dispositivos são realizados pelas partes quando dispõem de algum direito processual ou
material. Podem se concretizar de três formas distintas: disposição
(i) contratual ou bilateral, (ii) por renúncia ou (iii) por aceitação. Na primeira mencionada, ambas as
partes chegam a um acordo para disporem, cada uma, de algum direito.
É importante também ressaltar a diferença entre os atos instrutórios realizados pelas partes dos
realizados pelos magistrados. Os juízes realizam atos instrutórios quando deferem provas das
partes ou determina de ofício a produção de provas, enquanto que as partes os realizam quando
produzem alguma prova ou fazem o seu requerimento. Quanto a essa diferenciação, vale apontar o
art. 190 do Código de Processo Civil. Quanto a direitos que admitam a resolução por
autocomposição, é lícito que as partes convencionem a respeito de alterações no procedimento que
o ajustem às peculiaridades do caso concreto, além de estipular ônus, poderes, faculdades, entre
outros. Tais convenções podem vincular apenas as partes ou também o juiz, sendo, no entanto,
vedadas à prática por parte do autor e do réu.
Atos postulatórios: São todas as petições e requerimentos que as partes dirigem ao juiz para
submeter à apreciação deste o exame de quaisquer questões.
Atos dispositivos: Também têm caráter postulatório, mas se caracterizam por serem atos em
que as partes abrem mão de algum direito, de alguma faculdade.
Atos reais: São ações ou atividades humanas que se destinam a produzir efeitos no
processo, como, por exemplo, a exibição de um documento pela parte, o comparecimento
da parte em juízo para prestar depoimento pessoal, etc.
35
Citação: A citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de
se defender — vide artigo 238 do CPC. A citação ocorre, nos termos do artigo 334 do
CPC, logo após a verificação da procedência da petição inicial. Não incidindo em
qualquer dos casos de indeferimento da petição liminar ou improcedência liminar do
pedido, cita-se o réu para que ele com- pareça à audiência de conciliação ou de
mediação.
Conforme exposto no artigo 240 do CPC, a citação válida, como consequência, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor. Além disso, ela
estabiliza a demanda — vide artigo 329, I do CPC/15 — e interrompe a prescrição.
Em regra, a citação é realizada pelos correios. As demais formas são empregadas somente perante
a impossibilidade dessa modalidade. Já a citação por mandado é empregada justamente após uma
tentativa frustrada de citação pelo correio ou nos casos dos incisos do artigo 247 do CPC/15 (por
exemplo, quando o citando for incapaz). Nesses casos, munido de seu mandado, o oficial de justiça
se dirige à residência do réu para intimá-lo. Em alguns casos, esse auxiliar de justiça precisa de
uma carta precatória (por exemplo, para citar réu de outra comarca. Nessa situação, a carta
precatória só não será imprescindível quando as comarcas forem contíguas, de fácil comunicação,
ou se situem na mesma região metropolitana).
Entrando, agora, no rol das citações fictas, a por hora certa também é realizada pelo oficial de
justiça. Após duas tentativas malsucedidas de citar o réu em seu domicílio, havendo suspeita de
ocultação, pode comunicar qualquer parente ou vizinho que se encontre no local de que voltará
uma última vez em hora certa no dia útil subsequente e que, caso o citando não apareça, presumir-
se-á a sua ciência.
Em se tratando da citação por edital, é aplicada sempre quando não se sabe a localização do réu,
ou seja, quando se encontrar em lugar incerto e não sabido; quando for inacessível; ou quando sua
identidade é incerta. Os requisitos para a citação por edital encontram-se no artigo 257 do CPC/15.
Segundo o artigo 239, a citação do réu é essencial para a validade do processo. No entanto, o
comparecimento espontâneo do réu, seja para se defender ou para reclamar de alguma nulidade na
citação, produz o mesmo efeito desse ato de comunicação, considerando-lhe ciente.
Em regra, conforme o artigo 212 do CPC, os atos processuais serão realizados nos dias úteis, das
6 horas da manhã até às 20 horas. É importante destacar, contudo, que o horário forense de
funcionamento se estende somente até às 18 horas. A organização do tempo durante as férias é
prevista nos artigos 214 e 215 do CPC/15. Já o plantão judiciário está estipulado no artigo 93, X da
CF.
Quando um ato qualquer tiver que ser realizado por meio de petição não eletrônica, deverá
respeitar o horário de funcionamento do fórum ou tribunal — vide artigo 212, § 3º do CPC/15. No
entanto, as petições eletrônicas estão dispostas na Lei 11.419/06.
Os prazos para a realização dos atos processuais costumam estar previstos em lei. No entanto,
caso não seja o caso, compete ao juiz decidir. Sua omissão implica na fixação de um prazo de 5
dia. Por fim, ainda é possível que as partes se juntem para convencionar um prazo.
Além das categorias indicadas, os prazos podem ser dilatórios (impróprios) ou peremptórios
(próprios ou fatais). Enquanto estes correspondem a prazos dentro dos quais os atos processuais
devem obrigatoriamente ser realizados, sob a pena de não poderem ser feitos posteriormente —
por exemplo, o prazo para recurso —, aqueles correspondem a um período de tempo que serve
somente como parâmetro para a realização dos atos processuais. Após o fim dos prazos dilatórios,
ainda assim é possível que os atos sejam feitos — o clássico exemplo são os prazos para
realização dos atos judiciais.
Outros pontos e artigos importantes aos prazos dos atos processuais são os seguintes:
Os prazos diferenciados para litisconsortes com advogados diferentes e para entes, órgãos e
Pessoas Jurídicas de direito público têm o condão de promover a paridade de armas. Os
beneficiados pelo prazo dilatado teriam mais dificuldade para se organizar de modo a realizar o ato
processual necessário, gozando, por conseguinte, de maior espaço de tempo
Prazo Processual: lapso de tempo destinado à prática de um ato processual. Ex: prazo para o
recurso ordinário é de oito dias, prazo para recurso de apelação é de quinze dias, prazo para
embargos de declaração é de cinco dias.
Classificação: Muitos autores classificam os prazos processuais conforme feito por Marcelo Abelha
Rodrigues. Ele classifica os prazos processuais da seguinte forma:
O prazo judicial é aquele que nasce pelo juiz, é o juiz que fixa. Ex: prazo para a juntada de
substabelecimento: 48 horas.
O prazo convencional é aquele fixado e sugerido pelas as partes e homologado pelo juiz. Artigo
313 do CPC.
O prazo pode ser judicial e legal ao mesmo tempo. Ex: Art. 970 do CPC: O relator ordenará a
citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta)
dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual com ou sem contestação, observar-se-á
no que couber, o procedimento comum.
Quanto à natureza:
Impróprios: são os prazos destinados aos outros que participam do processo, que não seja o
autor e réu. Exemplo: prazo destinado ao perito para apresentar prazo pericial, prazo para o
juiz oferecer a sentença.
Suspensão: é a paralisação da contagem dos prazos que será retomada a contagem do momento
que parou. O recesso do Judiciário SUSPENDE a contagem do prazo. Após o fim do recesso,
retoma-se o prazo, de onde parou.
Da Preclusão
Preclusão lógica ocorre pela prática de ato, incompatível com aquele que se poderia praticar. Ex.
Levantamento de alvarás de condenações judiciais sem qualquer ressalva ou impugnação quanto
ao valor levantado, se presumindo que há preclusão quanto à discussão dos valores depositados
em juízo, sem a prática simultânea do ato impugnatório.
40
Também, algumas possibilidades legais no novo código atenuam esta forma de preclusão, como a
possibilidade de emendar à petição inicial, que deve ser oportunizada pelo magistrado em quinze
dias (art. 321 do CPC), dando maior importância a princípios como do acesso à justiça.
Preclusão a temporal, ocorre pelo transcurso do prazo sem a prática do ato, e está ligada a
necessidade do andamento do processo. Ex. prazo para opor embargos de declaração, cinco dias,
não o fez precluiu).
TGP II NULIDADES
O Ato viciado é um ato imperfeito, praticado com defeito, porque em desrespeito a forma legal
prevista para a sua prática.
A parte que descumpre a forma legal na pratica do ato, tem a NULIDADE como sanção processual.
Natureza Jurídica – a principal característica da nulidade é ser uma Sanção, que pode extinguir o
processo ou retardar seu andamento.
Espécies:
Nulidades: Existem duas correntes que tentam explicar as exceções desse tipo de nulidade são
elas Majoritária e Minoritária
Majoritária
Após o julgamento da coisa julgada da fase de execução e a efetivação do direito material cabe
apenas ação rescisória no prazo de 2 anos depois da coisa julgada.
Minoritária
Teoria dos Atos inexistentes: Esta teoria baseia-se na ideia de que os atos praticados após o vício
são nulos portanto não há esses repercussões no mundo jurídico sendo este nulos o simples atos
posteriores a ele não existirão, uma vez que não há os atos, não ocorre-se o fato.
Relação Jurídica:
Material: objeto da controvérsia existente entre as partes e que configura o mérito da causa,
normalmente de natureza privada. Identifica-se pelo fundamento do pedido ou causa de
pedir (causa petendi) e pelo pedido que o autor formula na petição inicial.
Assim a resposta do réu, pode ser de cunho processual, através das preliminares, e de cunho
material, rebatendo o mérito.
defesa de mérito.
Defesa processual
Possui conteúdo apenas formal, visa à extinção do processo sem que haja a apreciação do mérito
pelo juiz. Ex. invocam a inexistência de pressupostos processuais ou de condições da ação (art.
337 – CPC).
Aquelas que se acolhidas, extingue o processo sem resolução do mérito, como a de inépcia da
inicial, ilegitimidade de parte, litispendência, coisa julgada, perempção etc. (art. 485 – CPC).
São as que, mesmo quando acolhidas, não provocam a extinção do processo, mas apenas causam
ampliação ou dilatação do curso do procedimento, quando se alega nulidade da citação,
incompetência do juízo, conexão de causas, deficiência de representação da parte ou falta de
autorização para a causa, ou ausência de caução ou de outra prestação que a lei exige como
preliminar (art. 337 CPC).
Pode ocorre que uma defesa meramente dilatória venha a adquirir a força de peremptória, quando,
acolhida pelo juiz, à parte deixar de cumprir a diligência saneadora que lhe for determinada, no
prazo legal ou naquele que o juiz houver marcado.
43
decisão interlocutória – o ato do juiz que rejeita exceção dilatória ou que julga sanada a falha
que a motivou.
sentença – o ato que acolhe a defesa processual para extinguir a relação processual.
Defesa de mérito
O ataque ao fato jurídico que constitui o mérito da causa (causa petendi). Ex. negar a existência do
dano a indenizar, ou suas consequências jurídicas (quando reconhecido o fato, nega o efeito
pretendido pelo autor).
São elas:
Preliminar: defesa processual, se acolhida extingue o processo sem resolução do mérito, o que
viabiliza o ajuizamento de nova ação. Relacionada ao Direito Processual
Prejudicial: defesa de mérito, quando acolhida o processo é extinto com resolução do mérito, o que
obsta um novo ajuizamento. Relacionada ao Direito Material
Derivado do latim probatio, que significa prova, ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento,
que deriva do verbo probare, significando provar, ensaiar, reconhecer.
44
A constituição, nos trouxe princípios que regulam esta matéria, são eles:
Devido processo legal: ninguém será privado de sua liberdade e de seus bens sem o devido
processo legal; art. 5º, LIV, da CF
Isonomia: estabelece a igualdade de todos, homens e mulheres, perante a lei; art.5º, I da CF
Contraditório e da Ampla defesa: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes; 5º, LV, da CF
Motivação das decisões judiciais: vincula todas as decisões judiciais à necessidade de
serem públicas e fundamentadas, sob pena de nulidade. art. 93, IX, CF
O princípio da isonomia, por sua vez, figura no caput e inciso I do art. 5º da CF, estabelecendo a
Esse tratamento isonômico, como ensina Nelson Nery (2009, p. 97), significa tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Ou seja, o
tratamento, para ser igualitário, deve obedecer a questões de proporcionalidade e de justiça no
momento de sua aplicação ao caso concreto. Relacionando este princípio ao assunto central
abordado no presente trabalho, é possível identificar, por exemplo, a obrigatoriedade de ser
oportunizada às partes a utilização dos mesmos tipos de provas dentro do processo.
Por fim, tem-se o princípio da motivação das decisões judiciais, estatuído no art. 93, IX, CF, o qual
vincula todas as decisões judiciais à necessidade de serem públicas e fundamentadas, sob pena de
nulidade. Por sua vez, o CPC (art. 458, II) traz como requisito fundamental das sentenças judiciais,
os fundamentos que serão usados pelo juiz para analisar as questões de fato e de direito. Sobre
esse princípio, assevera Nelson Nery (2009, p. 59) que:
O magistrado deverá demonstrar às partes as razões pelas quais decidiu, o que servirá tanto para o
convencimento de que a decisão foi justa, como para o embasamento de possíveis recursos dos
que com ela não se contentarem. Além disso, motivar as decisões permite que seja auferida a
imparcialidade do magistrado, a partir da análise do que foi considerado para o julgamento da
demanda.
Definição
A dilação probatória está inserida no chamado processo de conhecimento, cujo objetivo é a busca
pela constituição de uma decisão judicial que aplique o direito ao caso concreto, permitindo-se, para
isso, que se produzam as provas necessárias para que o julgador tenha elementos para proferir
uma sentença. Corroborando com tal entendimento, Medina (2011, p. 165), ensina que através do
processo de conhecimento, realizam-se atividades voltadas à obtenção de uma sentença.
Observa-se, assim, que a importância dada à prova está diretamente relacionada à sua finalidade
dentro do contexto processual. De acordo com Marinoni (2010, p. 53-54), é a prova que tem a
função de embasar as alegações formuladas de modo a convencer o juiz de sua validade, diante da
sua impugnação pela parte contrária. Seguindo com as ponderações do ilustre doutrinador, vê-se
não se tratar da possibilidade de, por meio da prova, reconstruir a verdade do fato trazido a juízo,
mas de se ter nela apoio capaz de atribuir verossimilhança à argumentação retórica das partes, o
que irá impactar positivamente no convencimento do juiz.
Vale destacar, ainda, que o magistrado conhece os fatos por meio do que lhe é trazido pelas partes;
portanto, conforme aponta Medina (2011, p. 237), o fato estará provado quando for atestado pelo
juiz, a partir da análise objetiva e racional das provas, a sua existência. Sobre a temática, conclui
Arruda Alvim que as provas:
Um dos princípios que rege o processo é o princípio dispositivo, o qual informa que o julgamento da
causa deve se basear nos fatos alegados e que consigam ser provados pelas partes. Ao juiz,
caberá a determinação de provas suplementares, subsidiariamente às já existentes, caso isso seja
necessário à sua prestação jurisdicional. Como se vê, a atividade probatória tem relevante papel no
desfecho das demandas judiciais, razão pela qual o Código de Processo Civil (CPC) dedica o
Capítulo XII, arts. 369 a 484, ao disciplinamento da prova no processo civil, iniciando-se com o
seguinte enunciado, in verbis:
46
Destaca-se, desse dispositivo, que o legislador não pretendeu exaurir os meios de prova a serem
considerados no processo, não reconhecendo apenas os tipicamente previstos; ao invés disso,
ratificou antecipadamente todos aqueles que por ventura pudessem surgir com a dinamicidade e
evolução natural da sociedade, os chamados atípicos, desde que crivados de preceitos moralmente
aceitos.
“(...) prova é o meio através do qual as partes demonstram, em juízo, a existência dos fatos
necessários à definição do direito em conflito. Provar significa formar a convicção do juiz sobre a
existência ou inexistência dos fatos relevantes para a causa”. (FUX, 2008, p. 572)
Pela análise dos conceitos desses doutrinadores, depreende-se que as partes tem papel ativo no
convencimento do juiz para a composição da lide. Relacionando tais conceitos ao enunciado do art.
369 do CPC, anteriormente citado, tem-se que na atividade das partes direcionada ao
convencimento do juiz, lhes é vedado o uso de meios inidôneos na atividade probatória. Assim,
desde que legítimos, serão admitidos todos os meios de prova que dispuserem, pois é dado às
partes o direito de produzir e de exigir que se produzam, conforme o caso, todas as provas
necessárias à validação de sua pretensão em juízo.
Outro princípio que merece menção neste momento é o da comunhão das provas, o qual informa
que, uma vez produzida, a prova é incorporada ao processo, não pertencendo a nenhuma das
partes, mas sim, pertencendo a qualquer delas e ao interesse público inerente ao processo, qual
seja: de se buscar a decisão justa à lide por meio da investigação da verdade.
O objeto da prova, será sempre os fatos e não as normas, isto é, o que precisa ser comprovado são
os fatos controvertidos que, no processo, alega-se ser a origem do direito pretendido. Por isso, nos
termos do art. 374, I a IV, do CPC, os fatos notórios, os incontroversos, os que sejam
confessados pela parte contrária e aqueles que a seu favor pugna presunção legal de
existência ou de veracidade, não dependem de prova. Significa dizer, conforme Fux (2008, 572),
que as provas trazem para os autos a verdade que importa para a tomada de decisão do
magistrado, conseguidas por meio da colaboração das partes.
Tal colaboração está diretamente ligada ao chamado ônus da prova que recai sobre as partes. Sob
47
este prisma, a elas cabe demonstrar a verdade dos fatos em que se fundam a ação e a defesa (art.
Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
373 do CPC), priorizando aquilo que lhe seja mais favorável dentro do processo. Isso porque,
ninguém mais do que o próprio interessado na lide pode trazer elementos capazes de demonstrar
os fatos constitutivos do seu direito; primordialmente o autor, em razão da iniciativa da demanda,
tem a responsabilidade de provar aquilo que alega.
Pelo CPC, ainda há a distribuição do ônus da prova entre as partes, vez que cada uma,
independente do polo em que figurem na lide, terão momento hábil para suas alegações e
comprovações. Nessa seara, preceitua o art. 373 do citado Código que o ônus da prova incumbe
tanto ao autor, em relação ao fato constitutivo do seu direito; quanto ao réu, acerca da existência de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Necessário destacar uma diferença entre as regras sobre prova no direito processual, que estão
diretamente voltadas ao curso do processo judicial; e as regras sobre prova no Código Civil que,
voltadas à esfera extrajudicial, são usadas para provar a existência/validade de um ato ou negócio
jurídico (DIDIER, 2008, p. 100).
Meios de prova
Depoimento pessoal,
Confissão,
Exibição de documentos ou coisa,
Prova testemunhal,
Prova pericial e inspeção judicial.
Depoimento pessoal: Depoimento pessoal é o tipo de prova produzida por meio do testemunho
oral prestado por uma das partes em juízo, seja o autor ou o réu.
“Com ele, busca a parte o obter a confissão do adversário, objetivando lograr alcançar prova
robusta em seu favor, e capaz de dispensar outros elementos probatórios aos fatos por ela trazidos
aos autos (...).” (MARINONI, 2010, p. 379)
48
Confissão: Prevista nos arts. 389-395 do CPC, é a admissão, por uma das partes, daquilo que é
arguido em seu desfavor pela parte contrária.
“A confissão pode ser engendrada por qualquer das partes, pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais (art. 38 do CPC). Havendo litisconsórcio, quer seja simples ou unitário, o regime
da confissão não se altera, por isso a confissão faz prova apenas contra o confidente, não
prejudicando os demais (art. 350 do CPC). Em face do litisconsórcio necessário que se forma nas
causas relativas a direitos reais imobiliários pertencentes aos cônjuges, a imposição da prática
conjunta de atos de disponibilidade implica que a confissão de um deles não vale sem a do outro.
(...) A confissão revela-se desfavorável ao confidente porquanto o fato admitido evita ser provado
pela parte contrária.”
A confissão poderá ser judicial ou extrajudicial (art. 389, CPC). Será judicial quando feita por escrito
ou por depoimento em juízo. Caso seja objeto de liberalidade da parte, será tida como espontânea;
ao contrário, se resultar da inquirição de seu adversário quando do depoimento pessoal, será do
tipo provocada (art. 390, CPC). A confissão extrajudicial, por seu turno, é feita por escrito à parte ou
a terceiro, fora do trâmite processual.
Há de se chamar a atenção, contudo, que a confissão diz respeito a um fato e não ao pedido
jurídico em questão; isto é, não se reconhece nem e renuncia a direito material alegado pela parte
contrária, apenas há a admissão de determinado fato por ela aduzido no processo (MARINONI,
2010, p. 431).
Por fim, como ensina Fux (2008, p. 616), a confissão goza de significativo valor probante, ao ponto
do CPC dispensar qualquer outra prova em relação aos fatos confessados. No entanto, não pode a
49
Exibição de documento ou coisa: Previsão nos arts. 396 a 404 do CPC regulam a atividade de
exibição de documento ou coisa no curso do processo. Trata-se de ação incidental à principal,
chamada ação de exibição, por meio da qual o magistrado, a pedido da parte, acionando a parte
contrária ou mesmo terceiro, requer a apresentação do meio de prova propriamente dito: o
documento ou a coisa (MARINONI, 2010, p. 477-480).
Assim, observa-se que a ação em si não é um meio de prova, mas o meio pelo qual se aciona
alguém (a parte adversária ou terceiro) para a obtenção de uma prova (documento ou coisa).
O art. 404 elenca as causas de dispensa da exibição requerida, as quais, conforme Câmara (2010,
p. 425), se relaciona a questões lesivas à intimidade e á honra do requerido, de sua família, bem
como a dever de sigilo seu. Continua o referido doutrinador:
Prova documental: são em geral todas as coisas que aparecem idôneas a documentar um fato.
Quanto à origem:
Públicos (se lavrados por oficial público, como escritura de compra e venda de imóveis)
Particulares (quando não há intervenção de órgão público, sendo elaborado pelos
interessados, como um contrato de locação);
Quanto à forma:
A prova documental, segundo Marinoni (2010, p. 531), tem por característica típica a circunstância
de, diretamente, demonstrar fato pretérito; e continua dizendo que através desse meio de prova, o
juiz tem conhecimento do fato sem qualquer interferência valorativa outra, que não a sua própria.
“Deve a prova ser produzida com a petição inicial (art.435 do CPC), admitindo-se “às partes, em
qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos
ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos”.
50
Destaque-se que a produção da prova testemunhal poderá ser indeferida, caso o magistrado
entenda serem suficientes as provas existentes nos autos para a devida instrução do processo.
Ainda, poderá ser dispensa se os fatos já foram provados por documento ou confissão; ou se por
documento ou exame pericial puderem ser comprovados os fatos (MEDINA, 2011, P. 263).
Tal tipo de prova distingue-se do depoimento pessoal porque quem presta os esclarecimentos não
são as partes, mas pessoas estranhas à lide, as quais dizem em juízo aquilo que conhecem dos
fatos (o que viram, ouviram, sentiram etc.). Partindo desse pressuposto, o art. 447 do CPC
estabelece que podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas
ou suspeitas, nos termos a seguir, in verbis:
§ 1º São incapazes:
§ 2º São impedidos:
§ 3º São suspeitos:
Acrescente-se, ainda, que o CPC (art. 448), com claro intuito protetivo à testemunha, isentou-a de
depor em relação aquilo que acarrete grave dano a ela mesma ou ao seu cônjuge e aos seus
parentes (consanguíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau), bem como
sobre algo que, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
Limitadas a 10(dez), por cada parte processual, após a indicação dos nomes das testemunhas ao
juiz, só pode haver substituição em caso de falecimento, enfermidade que lhe retire as condições
necessárias ao depoimento ou se, por ter mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de
justiça.
Prova pericial: Quando o magistrado não dispõe de conhecimentos técnicos sobre o objeto do
processo, recorre ao auxílio de especialista – o perito. Prevista arts. 464-480 do CPC, a perícia
consiste em realização de vistoria, exame ou avaliação técnica-especializada que só deve ser
utilizada quando o conhecimento técnico a ela inerente for indispensável à formação probatória,
51
Como se vê, a atividade pericial não tem forma rígida, pois seu modus operandi dependerá do caso
concreto. Assim, o profissional tem liberdade para conduzir seu trabalho da forma que entenda ser
a melhor, respeitados os limites da legalidade e da moralidade, para a apresentação de elementos
técnicos necessários ao julgamento do caso pelo juiz, fim último de sua designação.
Existindo necessidade, uma segunda perícia poderá ser solicitada, tanto de ofício pelo juiz quanto a
pedido das partes, sem, contudo, haver a invalidação da anteriormente realizada.
Por fim, é importante salientar que o laudo pericial não vincula o magistrado, o qual pode formar seu
convencimento nos demais elementos existentes no processo, nos termos do art. 436 do CPC. Isso
porque, esse laudo é mais um meio de prova dentro do processo, devendo ser valorado e apreciado
na mesma forma que os demais.
Inspeção judicial: Encerrando os meios de prova típicos disciplinados no Código de Processo Civil,
tem-se a inspeção judicial, exame de coisa ou pessoa realizado pelo próprio juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, em qualquer fase do processo (art. 481), com o intuito de esclarecer fatos
relacionados à causa em análise.
Apesar de ser atividade sua, o juiz poderá valer-se de um ou mais peritos nos casos de inspeção
direta. Sempre que julgar necessário; ou não puder a coisa ser apresentada em juízo; ou se trate de
reconstituição dos fatos, o juiz se deslocará até o local onde esteja a pessoa ou a coisa a ser
inspecionada.
É direito das partes acompanhar a realização da inspeção, inclusive para prestar esclarecimentos e
fazer observações que reputem de interesse para a causa (parágrafo único do art. 483, CPC).
Conclusa a inspeção, tudo que dela tenha se apurado que seja útil ao julgamento deverá constar de
auto circunstanciado, lavrado por determinação do magistrado (art. 484, CPC).
Sentença:
Conceituada pelo legislador em 1973, como o ato que põe fim ao processo. A sentença é um ato
jurídico-processual, à vista do § 1º do art. 203 do CPC que pode extinguir o processo sem resolver
o mérito (art. 485) como podem extingui-lo com resolução de mérito (art. 487).
Relatório;
Fundamentação; e
Dispositivo.
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e
da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
Terminativas e
Definitivas.
Sentenças terminativas: são os pronunciamentos do juiz que põem fim ao processo, porém sem
resolver o mérito.
Apesar disso, seja a sentença terminativa, seja a sentença definitiva, os seus elementos
componentes permanecem incólumes. Haverá sempre a necessidade de relatório, fundamentação
e dispositivo.
igualmente viáveis. Mas o dispositivo não é uma conclusão qualquer. É uma conclusão de conteúdo
Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
decisório, que contém um comando, uma ordem judicial que incidirá sobre o mundo dos fatos
(realidade fática), podendo transformá-lo ou não.
Sentença heterogênea: quando tem capítulos mistos, que analisa questões processuais e
resolvem o mérito.
Sendo assim, num mesmo dispositivo, pode haver capítulos puramente processuais como pode
haver capítulos de mérito. Se uma sentença contém apenas capítulos de um tipo, ela será
considerada uma sentença homogênea (p. ex.: sentença contém apenas capítulos que resolvem o
mérito, pois o réu não alegou em sua resposta nenhuma das preliminares processuais constantes
do art. 337 do CPC). Já na hipótese de a sentença conter capítulos mistos, que ora decidem
questões puramente processuais, ora conferem resolução a questões de mérito, ter-se-á uma
sentença heterogênea.
Processos com cumulação de pedidos, o juiz deverá proferir um pronunciamento para cada deles.
O dispositivo da sentença conterá a resolução de vários pedidos cumulados, a decisão sobre cada
um deles constituirá um capítulo.
Ex.: ação de indenização na qual o autor pede indenização por danos morais e materiais. Nessa
hipótese, o juiz decidirá de tal forma a que, na parte dispositiva da sentença, haja um capítulo para
o dano material e outro para o dano moral.
Ex.: ação de cobrança na qual o autor pede R$ 100.000,00 do réu, o juiz decidirá, no mérito, se
acolhe ou não a integralidade do pedido formulado na petição inicial. Caso o juiz se convença de
que a dívida do réu não é de R$ 100.000,00, mas tão só da metade, a sentença conterá dispositivo
com pelo menos dois capítulos: o primeiro deles julga procedente o pedido quando ao pagamento
do valor de R$ 50.000,00; o segundo julga improcedente o pedido de pagamento na mesma
extensão. Portanto, sempre que um pedido for julgado parcialmente procedente, estar-se-á diante
de, no mínimo, dois capítulos da sentença.
Recursos:
54
É assim igualmente que se desenvolve a estratégia processual da parte, que pode devolver ao
tribunal o conhecimento de toda a matéria impugnada ou limitar o efeito devolutivo do recurso,
conferindo à devolução um caráter mais restrito. Aplica-se aqui a tradição construída desde os idos
do Direito Romano, segundo a qual tantum devolutum quantum appellatum, brocardo incorporado
pelo caput do art. 1.013 do CPC:
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo
impugnado.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito
quando:
Note-se que a redação do §1º do art. 1.013 do CPC alude explicitamente aos capítulos impugnados,
o que é clara decorrência da teoria dos capítulos da sentença, utilizados na sistemática recursal do
código como parâmetro limitador da extensão do efeito devolutivo do recurso de apelação.
Dessa maneira, à luz de todos esses exemplos conjugados, seja na teoria da decisão judicial –
sobretudo no que concerne aos elementos da sentença -, seja na liquidação de sentença, seja na
extensão do efeito devolutivo dos recursos (tantum devolutum quantum appellatum), conclui-se que
a teoria dos capítulos da sentença encontra-se amplamente incorporada à sistemática geral do
Código de Processo Civil (Lei 13.105/15).
Transito em julgado, ocorre do decurso do prazo recursal, que ocorre através da:
55
Coisa Julgada
A coisa julgada consiste nos efeitos que a sentença transitada em julgado atinge.
A origem da coisa julgada é atribuída ao direito romano, à chamada "res judicata". A justificativa de
tal instituto à época é muito semelhante à justificativa atual: pacificação social e segurança jurídica.
A coisa julgada está relacionada com a sentença judicial, sendo a mesma irrecorrível, ou seja, não
admite mais a interposição de qualquer recurso, tornado esta, assim, imutável.
A coisa julgada é uma garantia constitucional e encontra amparo no artigo 5º inciso XXXVI da
Constituição da República Federativa do Brasil, conhecida também como Carta Magna, a saber: “A
Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” E ainda nos artigos
502, e seguintes do Código de Processo Civil.
Características:
A Ação Rescisória, por exemplo, é um mecanismo que torna a discutir questões anteriormente
consideradas imutáveis, onde o trânsito em julgado não é um óbice, mas sim pressuposto de
cabimento.
Objetivo:
Trazer a segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo.
Imprimir segurança aos julgados, evitando que litígios idênticos sejam novamente ajuizados, o que
56
Material
Formal
Coisa Julgada Material – tem a sua definição estabelecida pelo artigo 502 do Código de Processo
Civil, o qual estabelece que: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade, que torna imutável e
indiscutível a decisão de mérito, não mais sujeita a recurso.”.
A coisa julgada material é aquela que advém de uma sentença de mérito, como nas hipóteses
estabelecidas pelo diploma processual civil nos casos em que juiz decide com resolução do mérito,
quando acolhe ou rejeita o pedido do autor, o réu reconhece a procedência do pedido; quando as
partes transigirem, quando o juiz pronuncia a decadência ou a prescrição, e quando o autor
renuncia ao direito sobre que se funda a ação.
Ex.: Ação de reparação de danos, ou outra de qualquer natureza, em face do réu, e o juiz julga
improcedente o pedido do autor, que não recorre, tal decisão é um exemplo de ocorrência da coisa
julgada material.
Depois de formada a coisa julgada, o juiz não pode mais modificar sua decisão, ainda que se
convença de posição contrária a que tinha anteriormente adotado.
Só tem eficácia dentro do processo em que surgiu e, por isso, não impede que o tema volte a ser
agitado em nova relação processual. É o que se denomina Princípio da inalterabilidade do
julgamento.
57
Ex.: A coisa julgada formal é aquela que advém de uma sentença terminativa, como nas hipóteses
em que o processo será extinto pelo juiz, quando indeferir a petição inicial, quando o processo ficar
parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes, quando, por não promover os atos e
diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias, quando se
verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo, quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada,
quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual, pela convenção de arbitragem, quando o autor
desistir da ação, quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal, quando
ocorrer confusão entre autor e réu.
Definições:
Petição Inicial - é a peça processual que instaura o processo jurídico, levando ao Juiz-Estado os
fatos constitutivos do direito, também chamados de causa de pedir, os fundamentos jurídicos e o
pedido.
Perempção – é a perda do direito de ação. Ou seja, de demandar acerca do mesmo objeto da ação,
quando o autor abandona o processo por três vezes.
Litispendência - ocorre a litispendência quando duas causas são idênticas quanto às partes, pedido
e causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza uma nova ação que repita outra que já fora ajuizada,
sendo idênticas as partes, o conteúdo e pedido formulado.
Limites subjetivos: relacionado às pessoas que, em razão da coisa julgada, não podem mais
discutir a certeza do direito apreciada na sentença. A regra geral, decorrente das garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa, é a de que a coisa julgada somente vincula as
partes, porque ninguém pode perder um direito em decorrência de um processo judicial em que não
teve ampla oportunidade de se defender.
A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando
terceiros.
Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio
necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.
O instituto da preclusão é, no direito processual, a perda do direito de agir nos autos em face da
perda da oportunidade, conferida por certo prazo.
A eficácia preclusiva da coisa julgada impede que certas questões não apreciadas pelo juiz possam
vir a ensejar em outro processo um novo julgamento do mesmo pedido, como por exemplo,
argumentos de defesa de que o réu não fez uso ou certos fatos secundários de que o próprio autor
não se utilizou.
59