Sei sulla pagina 1di 60

TEORIA GERAL DO PROCESSO

TGP II

Processo: conceito, natureza jurídica, espécies, objeto, pressupostos, procedimentos e princípios.


Relação jurídica processual e seus sujeitos. Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros. Tutela
jurisdicional. Fatos e atos processuais. Nulidades. Noções gerais de resposta do réu (questões
preliminares e prejudiciais). Noções elementares de direito probatório. Noções gerais de sentença,
recursos e coisa julgada.
TEORIA GERAL DO
PROCESSO
TGP II PROCESSO – PROCEDIMENTO –
PRINCÍPIOS – RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL
– PRESSUPOSTOS – SUJEITOS –
LITISCONSÓRCIO – INTERVENÇÃO DE
TERCEIROS
Processo

O processo pode ser definido como instrumento por meio do qual a jurisdição é exercida, sendo
essa última caracterizada por tutelar as situações jurídicas deduzidas no processo.

Tais situações correspondem, de modo geral, ao mérito do processo, logo, afirma-se que todo
processo traz, ao menos, uma situação de direito material que necessita de tutela jurisdicional.

Assim, à abordagem do processo tendo em vista a relação estabelecida entre o processo e a


relação material que carece de tutela jurisdicional, dá se o nome de instrumentalismo.

O processo é, também, um instrumento viabilizador do exercício, pelo magistrado, da função


jurisdicional, que, por sua vez, só será legítima na medida em que proporcionar às partes a
participação e a possibilidade de influência na decisão a ser proferida. A função jurisdicional deverá,
também, ser exercida respeitando os princípios, entre outros, do contraditório e da legalidade.

Então, pode-se extrair o conceito de processo como o conjunto de atos que constitui relação jurídica
capaz de gerar obrigações, ônus, poderes e faculdades às partes que a compõem.

Por fim, a natureza jurídica do processo é reconhecida, atualmente, como de categoria jurídica
autônoma, sendo estabelecida discussão dentre diversas correntes, que estudaremos abaixo:

Teorias sobre a natureza jurídica do processo:

I Teorias privatistas

 Processo é visto como um contrato: identifica o processo como um contrato, por meio do
qual as partes se submetiam à decisão que viesse a ser proferida.
 Processo como um quase contrato: assim como a precedente, essa teoria foi construída
sobre fragmentos do direito romano. Baseia-se na constatação de que, conquanto o
processo não possa ser considerado um contrato, diante das contundentes críticas
formuladas contra a teoria anterior, dele decorre obrigações que vinculam as partes.
1

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
II Teoria da relação jurídica processual: Com a publicação, na Alemanha, da obra “Teoria dos
pressupostos processuais e das exceções dilatórias”, de Oskar von Bülow, em 1868, iniciou-se a
sistematização da relação processual, distinta da relação de direito material, abrindo espaço para
que o direito processual lograsse autonomia científica. Assim, Bülow identificou o processo com
uma relação jurídica — eis que decorreriam para os seus sujeitos direitos e obrigações — distinta
da relação jurídica material, tendo em vista que ambas as relações possuíam sujeitos, objeto e
pressupostos distintos. Destacou-se das demais teorias não só pela identificação dos dois planos
de relações, mas também pela sistematização ordenadora da conduta dos sujeitos processuais em
suas relações recíprocas.

III Teoria do processo como situação jurídica: Segundo o alemão James Goldschmidt, a única
relação jurídica existente seria a de direito material, não havendo direitos processuais, mas meras
expectativas de se obter vantagem. Assim, o processo constituiria uma série de situações
jurídicas, concretizando para as partes direitos, deveres, faculdades, poderes, sujeições, ônus etc.
Tal teoria, entretanto, foi esvaziada por não conseguir afastar a noção de relação jurídica
processual, contribuindo, contudo, para o enriquecimento da ciência processual a partir do
desenvolvimento e incorporação na doutrina dos conceitos de faculdades, ônus, sujeições, bem
como da relação funcional de natureza administrativa entre juiz e Estado.

IV Teoria do processo como instituição: Segundo essa teoria, o processo seria uma instituição
jurídica. A primeira e maior dificuldade que dela decorre reside em esclarecer, com precisão, o que
significa a expressão instituição jurídica. O conceito de instituição possui origem eminentemente
sociológica, e não jurídica, sobre ele havendo se debruçado mentes brilhantes do porte de Ihering,
Renard e Hauriou, sem que suas ideias convergissem para um denominador comum. Esta teoria,
conquanto engenhosa, não explica satisfatoriamente a natureza jurídica do processo. O caráter
impreciso e elástico do conceito de instituição, por si, já recomenda que se evite tal categoria na
revelação do que venha a ser o processo.

V Teoria do processo como procedimento em contraditório: De acordo com essa teoria, o processo
seria um procedimento, isto é, uma sequência de normas destinadas a regular determinada
conduta, em presença do contraditório. Esta teoria defende a superação do conceito de relação
jurídica, o qual considera incapaz de revelar a natureza jurídica do processo. Para ela, o processo
é uma espécie do gênero procedimento. Mais precisamente, o processo é o procedimento que se
desenvolve em contraditório. O procedimento poderia ser definido como uma série de atos e de
normas que o disciplinam, regendo a sequência de seu desenvolvimento. Todo procedimento
destina-se a preparar um provimento, que, por sua vez, é um ato do Estado, de caráter imperativo,
produzido pelos seus órgãos no âmbito de sua competência, seja um ato administrativo, legislativo
ou jurisdicional. O processo seria, portanto, aquela espécie de procedimento em que os
interessados participariam, em condições de igualdade, interferindo efetivamente na preparação
do provimento. O contraditório seria o elemento que qualifica o processo, permitindo apartá-lo das
demais espécies de procedimento. Esta teoria é criticada por procurar eliminar a relação jurídica
do conceito de processo. Afinal, não existe qualquer incompatibilidade entre contraditório e relação
jurídica. É por meio da relação jurídica processual e das transformações que essa experimenta, à
2

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
medida que o procedimento avança que se concretiza a garantia constitucional do contraditório.
Em outras palavras: a participação das partes, assegurada pelo contraditório, somente se faz
efetiva, porque, com as transformações da relação processual, criam-se para as partes diversos
direitos, deveres, ônus, sujeições, enfim, diversas situações subjetivas, cujo surgi- mento é
indissociável da noção de relação jurídica.

VI Teoria do processo como categoria complexa: A referida teoria, destacada por Cândido Rangel
Dinamarco, complementaria a de Elio Fazzalari, ao sustentar que o processo é uma entidade
complexa, ou seja, o processo seria o procedimento realizado em contraditório e animado pela
relação processual. Por se tratar de uma categoria complexa, o processo seria composto,
basicamente, por dois aspectos: o extrínseco, que seria justamente o procedimento realizado em
contraditório; e o intrínseco, que, por sua vez, seria a relação jurídica processual estabelecida
entre as partes, gerando sucessivamente direitos, deveres, faculdades e ônus. Contestando a
teoria do processo como relação jurídica, Dinamarco sustenta sua falha, na medida em que esta
não explica como o processo poderia ser apenas uma relação processual, sem incluir um
procedimento. Ou seja, a teoria partiria da errônea percepção de que procedimento e relação
jurídica processual não coexistem no conceito e na realidade do processo, apesar de este não
poder ser o que realmente é na ausência de um desses elementos. Não obstante tal teoria seja
bem aceita na doutrina, as críticas remanescentes apontam para a contradição existente em
dissociar o processo nos planos interno e externo, pois todo instituto ou entidade deve ser
concebido como uma unidade.

VII Teoria do processo como categoria jurídica autônoma: Segundo os defensores da teoria, que no
Brasil recebe a simpatia de Afrânio Silva Jardim, o processo seria uma categoria jurídica
autônoma, distinta das demais já consagradas no quadro da Teoria Geral do Direito. As diversas
teorias existentes acerca da natureza jurídica do processo incidem em equívoco metodológico:
procuram, em vão e desnecessariamente, enquadrar o processo em categorias jurídicas já
existentes. Consoante essa teoria, “o processo é o processo”, e simplesmente isso.

Classificação

O processo admite três classificações, segundo o CPC.


São elas:
 Processo de conhecimento;
 Processo de execução;
 Tutela provisória cautelar antecedente.

O processo de conhecimento, de acordo com Cândido Rangel Dinamarco, corresponde a “uma


série de atos interligados e coordenados ao objetivo de produzir tutela jurisdicional mediante o
julgamento da pretensão exposta ao juiz”. Trata-se, então, de processo de caráter declaratório, já
que visa à comprovação de determinado fato ou situação jurídicos. Objetiva a sentença de mérito.

Por conta do surgimento da necessidade de tutela efetiva antecipatória em prol de assegurar a


eficácia do processo de conhecimento, surgiu e foi sendo consolidado o instituto da tutela
provisória cautelar antecedente. Quer dizer que, mediante o preenchimento dos requisitos de
perigo da demora e probabilidade do direito, há a possibilidade de concessão de tutela provisória
3

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
cautelar, que visa à proteção do objeto do litígio para que seja possível e eficaz o correto exercício
da fase de conhecimento.

Por fim, o processo de execução é a realização prática do direito no mundo dos fatos, sendo
utilizado para que seja dado um efeito concreto a determinado título executivo. Cabe, aqui,
mencionar a figura do processo sincrético, que se configura quando as fases de conhecimento e
execução acontecem dentro do mesmo vínculo jurídico-processual, conferindo à sentença de pro-
cedência do pedido caráter de auto exequível.

Dessa forma, a execução dos títulos executivos judiciais torna-se uma fase do processo de
conhecimento, objetivando, majoritariamente, a celeridade processual.

Quanto à sentença proferida, há duas correntes que versam sobre sua classificação.

São elas a corrente:


 Ternária (três espécies de sentença):
declaratória (declaração de existência ou inexistência de determinada relação jurídica ou
de autenticidade ou falsidade de documento);

constitutiva (pretende a modificação de uma situação ou relação jurídica, criando uma


nova) ex. anulação de casamento;

condenatória (visa à condenação do réu a prestação proveniente da violação anterior de


direito).

 Quinaria (cinco espécies de sentença): as três acima e acrescenta

mandamental (dirige uma ordem ou comando ao réu que o obriga a cumprir a sentença)
é aquela que tem por objeto a emissão, pelo juiz, de uma ordem de autoridade que, se
não for especificamente cumprida pelo destinatário, implica na sua responsabilidade
penal (ex.: sentença proferida em mandado de segurança);

executiva lato sensu (dispensa posterior propositura de ação de execução), é aquela


que independe de processo autônomo de execução para a obtenção da pretendida
alteração no mundo dos fatos (a sentença é exequível no mesmo processo em que foi
proferida).

A classificação quinaria perdeu muito de sua relevância em razão das últimas reformas
processuais, que estabeleceram a atividade executiva como fase do processo, e não mais
como processo autônomo.

Relação jurídica processual

É a relação estabelecida entre réu, autor e juiz quando é instaurado o processo, na qual é
discutida uma relação de direito material. Possui deter- minadas características, como, por
exemplo, a autonomia, referente à independência entre a relação processual e a material. Isso
porque, conforme visto acima, essa constitui a matéria em debate e está naquela contida. Além
4

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
disso, observa-se a natureza pública da relação processual, posto que a função pública
jurisdicional seja exercida pelo Estado e as partes a essa se sujeitarão. Há, também, a
complexidade, que se refere aos efeitos que o andamento do processo gera para as partes
envolvidas, e a progressividade, responsável pela caracterização dinâmica do processo. Apesar
da sua autonomia, há a unidade processual: quer dizer que os atos praticados no decorrer do
processo visam a um objetivo comum, que é o provimento jurisdicional. Por fim, ressalta-se o
caráter tríplice, visto que a relação processual é composta por autor, réu e Estado.

Quanto a essa última, cabe ressaltar que não é consenso doutrinário a configuração triangular da
relação processual. Há quem defenda a relação angular, considerando não haver relação direta
entre autor e réu e pressupondo intermediação necessária por parte do ente estatal, assim como
há quem defenda que a figura do Estado-juiz é dispensável na relação processual. No entanto,
figura, predominantemente, a relação triangular processual.

Pressupostos processuais

Os pressupostos processuais são requisitos essenciais para a configuração de uma relação


jurídica processual existente e válida. Trata-se do conjunto de elementos de existência, requisitos
de validade e condições de eficácia do procedimento. Isso porque a ausência desses ocasiona a
extinção do processo sem resolução do mérito, com previsão no art. 485, IV, NCPC.

Os pressupostos diferenciam-se das condições da ação por serem essas referentes à


possibilidade de atingir os fins pretendidos pelo processo e aqueles, ao processo como um todo.

Além disso, as condições da ação dizem respeito ao exercício do direito de ação, enquanto os
pressupostos validam a relação processual.

A doutrina divide, atualmente, os pressupostos processuais em duas categorias:

pressupostos de existência e de validade (com a ressalva feita por Fredie Didier Jr. a respeito da
incorreção técnica do termo “pressuposto” de validade, apontando que o ideal seria “requisito” no
lugar desse — pressupostos devem preceder o ato e são indispensáveis para a existência jurídica
desse, enquanto requisitos integram a estrutura do ato e se referem à validade).

 Os pressupostos de existência podem ser objetivos ou subjetivos, sendo que esses


abarcam o órgão investido de jurisdição e a capacidade de ser parte, ou seja, a aptidão de
figurar no polo ativo ou passivo de uma relação processual, e aquele abrangendo a
demanda, sendo essa o ato de pedir a tutela jurisdicional (não se confunde com a petição
inicial, posto ser essa a instrumentalização da demanda).
 Os requisitos de validade admitem a existência do processo, mas inviabilizam sentença
com julgamento de mérito. São eles a competência e imparcialidade do magistrado, a
capacidade processual e postulatória, definida como a aptidão para a prática de atos
processuais, e a demanda regularmente ajuizada (respeito ao formalismo processual).
Didier admite, ainda, a existência de requisitos de validade extrínsecos, ou seja, o
pressuposto é a não existência de: perempção, litispendência, coisa julgada e convenção
de arbitragem.
5

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Curador Especial

O curador especial é o representante de um incapaz processual. É especial por ser designado


pelo juiz somente para aquele processo, ou seja, o instituto da curatela é encerrado quando finda
a relação processual. Possui natureza jurídica de representante processual. A posição de parte na
relação processual não será ocupada pelo curatelado, mas sim pelo seu representante.

A curatela especial é promovida pelo defensor público, segundo o parágrafo único do art. 72, CPC.
Anteriormente, tal previsão era encontrada na Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública.

A curatela especial é um dever; caso o curador não pratique os atos de defesa do curatelado, o
juiz poderá destituí-lo e designar outro, posto ser essa função pública. O curador especial poderá
praticar todos os atos em defesa do curatelado, tais como contestar, recorrer, opor embargos à
execução, mas não pode reconvir, posto não ser essa defesa, e sim um novo ataque. Há quatro
hipóteses previstas no art. 72 do NCPC a respeito da possibilidade da nomeação de um curador
especial:

 Quando o incapaz não tiver representante legal;


 Quando o incapaz estiver em conflito com o seu representante legal;
 Ao réu revel citado por edital ou por hora certa;
 Ao réu preso revel.

Objeto da Cognição: questões prévias e de mérito

A cognição é conceituada como um dos mais importantes núcleos metodológicos para o estudo do
processo. Isso porque, cabe destacar, a própria tipologia do processo (conhecimento, execução
ou tutela provisória cautelar em caráter antecedente) é definida de acordo com o grau de cognição
judicial estabelecido em cada um deles.

Cognição judicial é a técnica pela qual o magistrado tem acesso e resolve as questões a ele
postas para apreciação. O objeto da cognição é formado pelas questões.

As questões são entendidas como qualquer ponto de fato ou de direito controvertido de que
dependa o pronunciamento judicial, ou seja, o objeto de conhecimento do juiz seja pelos pontos de
fato ou de direito, que influirão no julgamento de mérito e de admissibilidade. A apreciação das
questões leva à extinção do processo, podendo essa acontecer com ou sem o julgamento
(resolução) de mérito e, no caso do primeiro, decidir pela procedência ou improcedência.

As questões prévias referem-se ao exame anterior ao da questão principal (conforme visto acima,
todo processo possui ao menos uma questão de mérito a ser analisada).

Podem ser divididas em questões preliminares, capazes de impedir o julgamento de mérito, e


questões prejudiciais, que devem ser analisadas antes da resolução do mérito. Essas não
impedem a análise do mérito, podendo apenas condicionar a resolução desses.
6

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Diferenciam-se as questões preliminar e prejudicial mediante três quesitos: a preliminar só está
presente quando examinada juntamente à principal, sendo a prejudicial autônoma; a preliminar
refere-se a uma questão processual, enquanto a prejudicial é relativa a direito material; e a
questão prejudicial, reflete na forma como o mérito será julgado, enquanto a questão preliminar,
por sua vez, determina se o mérito será julgado ou não.

As questões principais são representativas do mérito do processo, sendo reveladas pelo pedido
formulado pelo autor na petição inicial. Quando do julgamento das questões principais, a decisão
do juiz será pela procedência ou improcedência do pedido do autor. A decisão com análise do
mérito será definitiva, vez que incidirão os efeitos da coisa julgada material e, assim, impedindo
que seja ajuizada nova demanda.

TGP II - SUJEITOS DO PROCESSO

O Código de Processo Civil, ao tratar da forma dos atos processuais, refere-se aos praticados
pelas.

 Partes, arts. 200 a 202 CPC;


 Juiz, arts. 203 a 205 CPC;
 Escrivão ou chefe de secretaria arts. 206 a 211 CPC.

Demais disso, o Código trata como sujeitos do processo.

 As partes;
 Os advogados;
 Os terceiros que intervêm no processo;
 O juiz e os auxiliares da justiça;
 O Ministério Público;
 A Advocacia;
 Defensoria Pública arts. 70 a 187 CPC.

O magistrado, como representante do Estado-Juiz no equacionamento da lide, é quem dirige o


processo. Espera-se, no exercício dessa condução, que ele venha a “assegurar às partes igualdade
de tratamento” art. 139 I CPC, devendo, para tanto, ser imparcial. Essa imparcialidade traz,
implicitamente, a ideia de que o magistrado possui atributos que lhe permitam “cumprir e fazer
cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício” art.
35 I Lei Complementar 35/79. A quebra da imparcialidade pode gerar suspeição ou impedimento do
Juiz arts. 144 a 148 CPC, arguições que, uma vez apresentadas, pretendem afastar o magistrado
parcial da condução do processo.
7

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
O Promotor de Justiça, como integrante do Ministério Público, sabe que deve estar atento “à defesa
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” art. 1º
da Lei Complementar 8625/93. Se o norte de sua atuação não é proteger interesses particulares
disponíveis, deve, mesmo quando autor de ação, ser imparcial na sua conduta. Irá, em certas
situações, requerer como parte, mas sem interesse próprio ou em defesa de direitos de terceiros
disponíveis. Também aí a imparcialidade, se quebrada, ensejará a arguição de suspeição ou
impedimento, na forma do art. 148 I CPC.

O Advogado representa a parte em juízo art. 103 CPC, devendo, para tanto, estar inscrito
regularmente na Ordem dos Advogados do Brasil. Por representar aquele que está em conflito, o
Advogado, no processo judicial, “contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte,
ao convencimento do julgador” art. 2º § 2º Lei 8906/94. Então, ele é parcial! Essa parcialidade faz
com que o Advogado leve suas argumentações fáticas e jurídicas ao processo, sendo que
encontrarão resistência em outras apresentadas pelo colega adversário, tudo isso para que o Juiz,
a partir do choque de proposições, possa fazer escolhas e equacionar a lide. Não é por serem
parciais que os Advogados estão isentos de formular pretensões com fundamentação lógica e de
cumprir as decisões e não embaraçá-las art. 77 e incisos CPC. Eles respondem pelos abusos, não
perante os Juízes que conduzem os processos em que atuam § 6º art. 77 CPC, mas sim no âmbito
da OAB e/ou corregedorias, estas últimas para infrações praticadas por Advogados Públicos.

As partes é que vão a juízo, representadas pelos Advogados, defender seus interesses. São,
obviamente, parciais. Mas se sujeitam aos deveres de lealdade e cooperação, sob pena, nos casos
de manifestação desses abusos, de responderem com multas e mesmo sanções penais, ex vi dos
arts. 77 e 80 NCPC.

Ao que se vê, os sujeitos de um processo judicial têm características próprias, estando cada um
deles atento às finalidades de sua atuação no litígio submetido ao Poder Judiciário.

Dessa forma, o Advogado será ético, mas parcial, assim levando ao processo versões fáticas e
proposições jurídicas que interessarem ao cliente; o Promotor de Justiça vigiará os interesses que
justificaram sua intervenção no processo, como é o caso de conflitos que envolvam menores ou
incapazes; o Juiz observará a imparcialidade, devendo analisar de forma equidistante todas as
versões para proferir a decisão; as partes – aquelas que manifestam seus pleitos à Justiça –
depositam todas as suas esperanças no processo, até porque foram incapazes de resolver
amigavelmente o conflito.

Porém, não é surpresa para ninguém a existência de Advogados que estimulam os conflitos. Da
mesma forma, há casos em que os Promotores de Justiça ignoram suas responsabilidades e
deixam de defender o interesse público, apegando-se a objetivos menos nobres. Existem Juízes
que, por simpatia com a parte ou com o Advogado, proferem decisões ou conduzem o processo de
maneira parcial. E há partes que, além de incapazes de resolver extrajudicialmente a querela, vão a
juízo apenas por espírito de vingança ou provocação. Tais situações são exceções, mas existem.

O Código de Processo Civil (lei 13.105/15), com o fito de contribuir para o aperfeiçoamento ético
dos sujeitos no processo judicial. A começar pela adoção expressa de princípios como o da boa-fé
processual, do que impõe isonomia entre as partes e o de cooperação entre os sujeitos do
processo, dentre outros tantos.
8

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Perpassando os limites principiológicos, o novo Código tratou de exigir que o juiz se aproxime das
partes e dos advogados para que apure e esclareçam, sem armadilhas, quais fatos serão trazidos
ao campo probatório e, da mesma forma, quais fundamentos jurídicos serão reputados como
relevantes para a decisão. Tudo claro e sem surpresas, até mesmo porque o Código exige que as
decisões sejam efetivamente fundamentadas, sem a aplicação de manifestações padronizadas e
que sirvam para qualquer caso. Com efeito, ao tratar do saneamento do processo, diz o novo
Código, em seu artigo 357 § 3º, que, “se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou
de direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com
as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer
suas alegações”.

As relações entre os sujeitos do processo – ou seja, seres humanos comunicativos – criam


amizades, simpatias e antipatias. Porém, o código traçou limites objetivos e subjetivos quando
encarou tais relações em face do processo judicial. Nessa linha de raciocínio, o juiz será
literalmente impedido de julgar o processo em que figure como parte o cliente do escritório de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente de até terceiro grau, mesmo que naquele caso
específico esteja representado por outro advogado do escritório. Em tempos de maior cobrança
ética, é providencial a nova regra. Sim, estará impedido o juiz de funcionar no processo, em que
“figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório” Art. 144 inc.VIII CPC.

Por sua vez, o Perito a ser nomeado – será observado o critério da equitatividade pelo Juiz – não
precisará ter em seu currículo uma filiação ilustre, devendo apenas estar legalmente habilitado e
constar no cadastro público arts. 156 e §s e 157 §2º CPC – conferir Resolução CNJ 233/2016.

Já os Advogados terão que trabalhar não pela protelação do processo, mas pela conciliação –
agora, com o auxílio da chamada mediação. Ou seja, as alentadas preliminares trabalhadas pelos
Advogados não terão o condão mais de provocar o efeito de atrasar o processo ou a solução da
lide. O profissional da Advocacia deve preferir, até por visão prática, intensificar sua atuação técnica
com foco nas alegações de mérito.

Com efeito, o legislador repugna o louvor às formalidades e às nulidades desnecessárias. Eis o


porquê da adoção do chamado “princípio da primazia do mérito”, segundo o qual se deve aproveitar
ao máximo os atos já praticados. Aliás, isso faz todo sentido, pois a paz social não se obtém
apenas com a conciliação, mas com a definição do juízo sobre o mérito em discussão.

A eternização dos conflitos judiciais – sobretudo com os desnecessários debates sobre solenidades
e formas – traz insegurança aos litigantes e àqueles que estão ao seu redor, além de acarretar
perda de credibilidade do Estado-Juiz.

De outro lado, deve-se insistir com a assertiva de que o diálogo entre os sujeitos do processo é
ponto forte no novo Código.

A propósito, o Advogado terá que se comunicar mais com os clientes. Por exemplo, mesmo as
intimações para o cumprimento de obrigações pessoais de fazer ou não fazer – sob pena de multa
– ocorrerão na pessoa do profissional da Advocacia. Com efeito, o art. 513 § 2º NCPC trata, de
forma genérica, acerca do cumprimento de sentença, tendo consignado que, a priori, a
comunicação ao devedor será por intimação, pelo Diário da Justiça, na pessoa do seu advogado
constituído nos autos (inc. I). A partir daí, se não cumprida à obrigação, já incidirá a multa
9

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
eventualmente fixada pelo Juiz art. 537 § 4º CPC. Aquela disposição legal genérica (intimação
destinada ao Advogado) aplica-se ao cumprimento de obrigação de fazer e não fazer, eis que não
foi erigida qualquer exceção nos artigos específicos arts. 536 e 537 CPC. O resultado prático disso,
além de celeridade e efetividade processuais, é a superação da súmula 410 STJ e a exigência de
efetiva e documentada comunicação entre Advogado e cliente.

Aliás, o advogado será responsável por comunicar às testemunhas de seu cliente sobre a
necessidade de comparecimento à audiência. Sim, a regra geral, doravante, é a de que “cabe
ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local
da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo” art. 455 NCPC.

Tudo está a revelar que o legislador quer um processo mais dinâmico e que se mova pelo
paradigma da confiança, mesmo que haja um latente conflito entre os litigantes. Os sujeitos do
processo deverão mostrar-se confiáveis, a fim de que os atos processuais transmitam segurança.

Não por outra razão, que o art. 6º do novo Código Processual, quase poeticamente, estabeleceu
que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Mais adiante, de forma mais pragmática, o legislador
adverte que o Juiz, o Advogado Público, o Promotor de Justiça e o Defensor Público responderão
civilmente quando, no exercício de suas funções, agirem com dolo ou fraude arts. 143, 181, 184 e
187 CPC.

Demais disso, o art. 235 estabelece a imposição de sanções administrativas ao juiz que extrapolar
os prazos, sendo que, se a inércia for mantida, os autos do processo serão remetidos ao seu
substituto legal para que, em última análise, os jurisdicionados não fiquem com os prejuízos. Em
outras palavras, o magistrado deve estar com o seu serviço em dia, até para que não
sobrecarregue, injustamente, o seu colega (“o substituto legal”).

Enfim, os sujeitos do processo serão cobrados, para que suas atuações tenham em mira o rápido
atingimento do mérito pelo Judiciário.

TGP II - LITISCONSÓRCIO

1. Definição

O litisconsórcio possui diversas classificações, a saber:

2.1) Ativo, passivo ou misto:

Refere-se ao polo da relação processual. Quando há mais de um autor, é ativo. Mais de um


réu é passivo. E é misto quando temos a pluralidade de autor e de réu.
10

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
2.2) Inicial ou ulterior:

O litisconsórcio será formado no início do processo ou do incidente. Excepcionalmente forma-


se após o início do procedimento, chamando-se ulterior. São os casos de intervenção de
terceiro, de sucessão processual e de conexão ou continência.

2.3) Simples ou unitário:

Litisconsórcio simples há autonomia entre as partes que estão no mesmo polo. Tal fato se
deve à existência de mais de uma relação jurídica material, possibilitando ao juiz que as decida
diferentemente. É exemplo uma obrigação solidária divisível. Já o unitário, como define o art.
116, CPC, é “quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo
uniforme para todos os litisconsortes”. Há, pois, uma única relação jurídica material indivisível
sendo discutida.

2.4) Necessário ou facultativo:

A classificação em questão merece um pouco mais de atenção. O art. 114, CPC, traz o
seguinte:

“Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação
jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes.”

A regra geral introduzida pelo art. 114 dispõe que o litisconsórcio será necessário em dois
casos.

O primeiro é quando a lei assim o dispuser.

Já o segundo refere-se à “natureza da relação jurídica controvertida”, em outras palavras,


quando for passivo e unitário. Isto se deve ao fato de que, quando há apenas uma relação
jurídica em litígio e esta relação produz efeitos a uma pluralidade de litisconsortes, os
princípios do contraditório e da ampla defesa imperam pela citação de todos os réus no caso
concreto, para que tenham a possibilidade de se manifestar. Contrariamente, a definição de
litisconsórcio facultativo recai nas situações em que é facultado à parte litigar com litisconsorte
ou não. Vide regra, o litisconsórcio ativo será sempre facultativo, uma vez que o direito de
litigar é prerrogativa constitucional, não podendo ser indevidamente cerceado ou vinculado a
um terceiro.
11

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Nos casos em que houver litisconsórcio passivo necessário e o juiz perceber a falta de citação
pelo autor dos demais réus do processo (litisconsortes passivos necessários), o magistrado
deverá promover a intervenção iussu iudicis, isto é, de ofício determinará que o autor
convoque os possíveis litisconsortes passivos, sob pena de extinção do processo (art. 115,
parágrafo único, CPC). Quando o litisconsórcio for multitudinário, ou seja, facultativo e com um
número excessivo de partes envolvidas que acaba por prejudicar a defesa, a rápida solução do
litígio ou o cumprimento da sentença, o § 1º do art. 113, facultou ao juiz a possibilidade de
limitar o número de litisconsortes.

2. Litisconsórcio unitário e coisa julgada.

Relativamente ao litisconsórcio unitário no polo ativo, por definição facultativo, os demais


autores podem atuar como terceiros interventores (ex: denunciação à lide) ou optar por não
ingressar no processo, seguindo normalmente. Nesses casos, em que os litisconsortes
facultativos não agem, havia a discussão no CPC de 1973 se a eles gerava-se coisa julgada. A
regra anterior definia que a coisa julgada restringia-se às partes que litigaram, mas parte da
doutrina defendia que se formasse coisa julgada ultra partes, a saber, para além das partes do
processo, enquanto que outra parcela doutrinária pretendia a formação de coisa julgada a
terceiros secundum eventus litis, ou seja, apenas se essa decisão beneficiasse os terceiros.
Aparentemente o atual CPC adotou esse último entendimento, como se extrai do artigo 506:

“Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.”

Na previsão anterior, manifestada no art. 472 do CPC/73, o legislador manifestava


expressamente que “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros”. O silêncio indica que os efeitos benéficos passarão
a atingir os terceiros, caso do litisconsorte ativo facultativo que não litigou.

TGP II - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Ocorre o fenômeno processual chamado intervenção de terceiro quando alguém ingressa como
“coadjuvante” em relação processual já existente. À condição de terceiro se chega por exclusão:
terceiro em relação à determinada demanda é todo aquele que não for parte daquela demanda.
12

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Casos de intervenção de terceiros previstos no Código de Processo Civil:

(i) Oposição (arts. 682 a 686);


(ii) Nomeação à autoria (arts. 338 e 339);
(iii) Denunciação da lide (arts. 125 a 129);
(iv) Chamamento ao processo (arts. 130 a 132);
(v) Assistência (arts. 119 a 123).
(vi) Amicus Curiae (art. 138 do CPC).

A intervenção de terceiros pode ser divididas em dois grupos:

Voluntária e Provocada.

Voluntária:

Assistência, Recurso de terceiro prejudicado, Amicus Curiae e Oposição.

Provocada ou Obrigatória

Nomeação à autoria, chamamento ao processo, Amicus Curiae e denunciação da lide.

No processo penal, a única modalidade de intervenção de terceiros existente é a do assistente,


prevista nos art. 269 do CPP. Na ação penal pública, a vítima, seu representante legal ou qualquer
das pessoas mencionadas no art. 31 do CPP podem se habilitar como assistente na ação penal
pública.

Terceiro no processo é aquele que não é parte, ou seja, não é titular do direito discutido, mas por
alguma razão jurídica intervém na lide. Cumpre lembrar, que apenas o interesse jurídico possibilita
o ingresso de alguém em processo alheio, não bastando, portanto, o interesse econômico ou moral;
a lei disciplina o ingresso de terceiro a fim de que este tenha a oportunidade de afastar eventual
situação desfavorável oriunda de decisão entre duas partes, que reflexamente lhe atingiria. Outro
aspecto que merece ser mencionado é o fato de que o ingresso do terceiro pressupõe sua relação
jurídica com apenas umas das partes.

Desse modo, os terceiros que intervêm não são partes na relação processual originária. São
pessoas estranhas à relação processual de direito material deduzida em juízo e estranhas à relação
processual já constituída. São sujeitos de outra relação de direito material que se liga intimamente
àquela já constituída, ou seja, são os que não são partes no processo pendente.

Por conseguinte, somente é possível a intervenção de terceiros até o saneamento do feito, visto
que seja o momento máximo de estabilização processual. Todavia, pode dar-se em segundo grau,
13

a assistência, o recurso de terceiro e as intervenções especiais dos entes públicos.


Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
I. Oposição

Oposição é forma de intervenção de terceiro no processo, que, sem ser integrante da lide se
apresenta como o legítimo titular do direito discutido entre o autor e o réu. O seu objetivo, portanto,
é negar o pretenso direito de ambos. Tem legitimidade para este tipo de intervenção, segundo o art.
682 do CPC, o terceiro, denominado “opoente”, que pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o
direito sobre o que controvertem as partes no processo principal, denominados “opostos”, Por
exemplo: numa ação de divisão o autor pede a citação dos demais condôminos, os quais ingressam
na ação e oferecem contestação. Um terceiro que se tem como legítimo proprietário de parte do
imóvel a ser divido, ingressa, também, no feito como opoente, para ilidir a pretensão dos litigantes e
ver, a final, reconhecida a sua propriedade exclusiva e expurgada da divisão a parte que lhe
pertence.

A oposição pode ser intentada até que seja proferida a sentença no feito principal. Distribuída por
dependência, a petição de oposição deve observar os mesmos requisitos da petição inicial, sendo
que os opostos serão citados na pessoa dos seus advogados. Autuada em apenso aos autos
principais, a oposição correrá simultaneamente com ação principal, sendo ambas julgadas pela
mesma sentença - art. 685, CPC -, embora deva o juiz primeiro conhecer da oposição - art. 686,
CPC.

Existem dois tipos de oposição: a interventiva que é exercida antes da audiência de instrução e
julgamento - art. 685, CPC; e a autônoma se ajuizada após o início da audiência de instrução e
julgamento, e antes da sentença – PU do art. 685, CPC.

II. Denunciação a lide

Denunciação da lide é o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de regresso, no caso de
que acabe vencida na ação, chama à lide terceiro garantidor, a fim de este integre o processo.
Desta forma, se por acaso o juiz vier a condenar ou julgar improcedente o pedido do denunciante,
deverá, na mesma sentença, declarar se o denunciado, por sua vez, deve ou não indenizá-lo. Na
verdade, com a denunciação se estabelecem duas lides num só processo.

A denunciação da lide é obrigatória nos casos expressamente previstos no art. 125 do CPC:

(i) ao alienante, a fim de que possa exercer o direito que da evicção lhe resulta - art. 456,
CC/02;
(ii) ao proprietário ou ao possuidor indireto, em casos como o do usufrutuário, do credor
pignoratício;
14

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
(iii) ao obrigado, pela lei ou contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do
denunciante, e tanto pode ser de iniciativa do autor como do réu.

Se a denunciação for feita pelo autor (art. 127), deverá constar da petição inicial, procedendo-se em
seguida a citação do réu. Se competir ao réu a iniciativa, a denunciação deverá ser feita no prazo
da contestação, quando será pedida a citação do denunciando. Ao deferir o pedido, o juiz
suspenderá o processo, determinando ao denunciante que proceda com a citação do denunciado
no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma comarca e 30 (trinta) dias, quando residir
em outra comarca. Citado, o litisdenunciado pode aceitar a denunciação, recusá-la, ou permanecer
revel. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar
procedente a ação declarará, conforme o caso, a sua responsabilidade, em face do denunciante,
valendo como título executivo judicial - art. 129, CPC.

III. Chamamento ao processo

O chamamento ao processo, de que trata o Código de Processo Civil, do artigo 130 ao 132, é o ato
pelo qual o réu chama outros coobrigados para integrar a lide. Assim como acontece na
denunciação da lide, o chamado fica vinculado ao feito, subordinando-o aos efeitos da sentença. É
admissível, segundo o art. 130 do CPC, em face: I – do devedor, na ação em que o fiador for réu; II
– dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III – de todos os devedores
solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles parcial ou totalmente, a divida comum.

Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda com a citação
do chamado no prazo de 30 (trinta) dias, quando este residir na mesma comarca, e dois meses,
quando residir em outra comarca – PU do art. 131, CPC. Citado, o chamado pode negar a
qualidade que lhe é imputada ou permanecer revel. Em qualquer caso, ficará, como já disse,
vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar procedente a ação valerá como título
executivo em favor do devedor que satisfizer a dívida - art. 132, CPC.

É possível ocorrer “chamados sucessivos”, ou seja, o chamado poderá, por sua vez, chamar
terceiro, e assim sucessivamente.

IV. Nomeação à autoria.

Permite ao réu declinar sua condição e indicar ao autor a pessoa verdadeiramente legitimada a
figurar no processo como demandado.
15

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Nomeação à autoria é ato obrigatório atribuído ao réu, que visa corrigir o polo passivo da ação.
Com efeito, citado em ação em que é demandado por uma coisa, móvel ou imóvel, da qual seja
mero “detentor”, o réu deverá, no prazo para responder, indicar, nomear quem seja o proprietário ou
possuidor indireto. Neste sentido, a norma do art. 338 e 339 do CPC declara que “aquele que alegar
ilegitimidade passiva, deverá indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida”.

Recebida a nomeação, o juiz suspenderá o curso da ação e ordenará a intimação do autor para se
pronunciar em quinze dias - art. 338, CPC. Intimado da nomeação, o autor poderá aceitá-la ou
recusá-la; afinal, ninguém pode ser obrigado a litigar em face de quem não queira.

V. Assistência

A assistência é inerente o escopo de ajudar uma das partes, e daí dizer-se sempre uma intervenção
coadjuvante. É uma situação que tangencia a coisa julgada e seus limites subjetivos, mas que com
ela não se confunde.

Modalidade de intervenção de terceiros na qual o assistente ingressa, voluntariamente, na relação


jurídica processual como coadjuvante (ad coadjuvandum) em auxílio de uma das partes, pois a
sentença a ser proferida no processo pode interferir em sua esfera econômica.

Não é qualquer interesse que autoriza a assistência. Não basta mera relação de amizade, ou a
convicção pessoal do terceiro de que o direito à tutela cabe a uma e não a outra parte: exige a lei o
interesse qualificado como jurídico, que haja uma relação entre o terceiro e uma das partes do
processo que pode ser atingida pela sentença.

A assistência tem cabimento em qualquer tipo de procedimento e em qualquer grau de jurisdição,


sendo que o assistente recebe o processo no estado em que ele se encontra, não se lhe deferindo
rediscutir provas e matérias preclusas - CPC, art. 119, parágrafo único. O interessado em intervir
como assistente num feito pendente deverá fazer pedido escrito neste sentido, oferecendo as
razões e as provas que justificam seu interesse no feito, bem como a quem deseja assistir. É licito a
qualquer das partes impugnar o pedido no prazo de quinze dias. Havendo impugnação, o juiz
determinará, sem suspensão do processo, decidirá o incidente - art. 120, CPC.

A assistência pode ser simples ou adesiva quando, pendendo um processo entre duas ou mais
pessoas, terceiro, que tenha interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes,
intervém no processo para assisti-la - art. 119, CPC. Na qualidade de auxiliar, o assistente exercerá
16

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido - art. 121, CPC -,
embora não possa praticar atos contrários à vontade do assistido, que pode reconhecer a
procedência do pedido, desistir da ação ou transigir com a parte contraria - art. 122, CPC. O
“interesse jurídico do assistente” se fundamenta na perspectiva de sofrer efeitos reflexos da decisão
desfavorável ao assistido, por exemplo: sublocatário, em ação de despejo movida em face do
sublocador; funcionário público, em ação de indenização proposta em face da administração pública
por dano causado por ele; de asseguradora, em ação de indenização promovida contra o segurado
etc.

Já a assistência litisconsorcial ocorre sempre que a sentença houver de influir na ralação jurídica
entre o assistente e o adversário do assistido. Em outras palavras, embora o assistente não seja
parte daquele processo, a sentença ali proferida irá afetar diretamente a relação jurídica de direito
material entre ele e o adversário do assistido. É uma espécie de “litisconsórcio facultativo ulterior
unitário”. Trata-se de intervenção espontânea pela qual o terceiro transforma-se em litisconsorte do
assistido, daí porque o tratamento é igual àquele deferido ao assistido. Por exemplo: em ação
reivindicatória movida por consorte, art. 1.314, CC/02; adquirente de direito material litigioso quando
não lhe for possível à sucessão processual, art., § º, CPC; lide envolvendo obrigações solidárias,
arts. 267 e 274, CC/2002, razão pela qual neste tipo de intervenção o assistente atua como parte
distinta, tendo o direito de promover individualmente o andamento do feito, devendo, para tanto, ser
intimado dos respectivos atos.

Na sentença transitada em julgado, em princípio, fica impedido de, em ação futura, discutir o
fundamento da decisão, o assistente que não é atingido pelos efeitos da coisa julgada, que na
dicção do art. 123 do Código, consiste na justiça da decisão, não poderá ser discutida o dispositivo
da sentença nem pelo assistente simples como pelo assistente qualificado, pois a justiça da decisão
refere-se aos fatos que se tiverem por comprovados.

Todavia, o assistente poderá discutir o fundamento da decisão se ficar caracterizada má gestão


pelo assistido de seus próprios interesses, seja porque deixou de produzir provas, seja porque
renunciou a direito, reconheceu a procedência do pedido do autor ou transigiu. As hipóteses em que
o assistente não pode ser prejudicado por tais atos são resumidas nos seguintes termos - CPC, art.
123: I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora
impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II - desconhecida a existência de
alegações ou provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

VI. AMICUS CURIAE

Amicus curiae é um auxiliar do juízo que pode atuar no processo, quer seja pessoa física ou
jurídica, desde que tenha representatividade e possa contribuir para a solução da causa. Trata-se
de uma intervenção provocada pelo magistrado ou requerida pelo próprio amicus curiae, cujo
objetivo é o de aprimorar ainda mais as decisões proferidas pelo Poder Judiciário. Entretanto, não
17

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
se pode equiparar a intervenção do amicus curae - que tem participação consubstanciada em apoio
técnico-jurídico -, com a intervenção de terceiro, que tem interesse na conclusão do processo.

A primeira intervenção de amicus curiae no direito brasileiro deu-se por ocasião da Lei Federal n. 6
385/76, que no art. 31 impôs a intervenção da Comissão de Valores Imobiliários nos processos que
discutam matéria objeto da competência desta autarquia. A Lei Federal n. 8.888/94 (Lei Antitruste),
o art. 89, também impõe a intimação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, nos
processos em que se discutam questões relacionadas ao direito da concorrência. Com a edição das
leis que regulamentam os processos de controle concentrado de constitucionalidade, a intervenção
do amicus curiae aprimorou-se: não mais se identifica previamente quem deva ser o auxiliar e se
permite a intervenção espontânea do amicus curiae – até então a intervenção era sempre
provocada. Admite-se também a intervenção do amicus curiae no incidente de declaração de
inconstitucionalidade em tribunal - art. 482 do CPC.

O Min. Celso de Mello, revendo anterior posicionamento – na mesma ADIN 2.130-SC – amplia
consideravelmente os poderes processuais do amicus curiae, de mera apresentação de petição
escrita ou à prestação eventual de informações que lhe venham a ser solicitadas, permitindo-lhe, o
direito de proceder à sustentação oral das razões que justificam a sua admissão formal na causa.

Destarte, o § 2º do art. 7º da Lei federal 9.868/99, fonte normativa para a intervenção do “amigo”,
não estabelece forma para a sua manifestação. Assim sendo, não havendo previsão legal a
respeito, o ato processual pode ser efetivado tanto pela forma oral como escrita, desde que atinja a
finalidade - que, no caso, é a de ajudar o tribunal no julgamento.

Se levarmos em consideração que a sustentação oral serve ao esclarecimento dos juízes, o


julgamento colegiado caracteriza-se pelos debates orais, e a participação do amicus curiae no
processo é um fator de aprimoramento da tutela jurisdicional, não justifica a proibição desse auxilio
se dê pela via da palavra falada.

O Supremo Tribunal Federal, inicialmente não admitia a sustentação oral do amicus curiae, o que já
foi revisto (ADI 2675/PE, rel. Min. Carlos Velloso e ADI 2777/SP, rel. Min. Cezar Peluso, j. 26 e
27.11.2003).
18

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
TGP II - TUTELA JURISDICIONAL
DIFERENCIADA: MANDADO DE SEGURANÇA,
MADADO DE INJUNÇÃO, HABEAS DATA, AÇÃO
POPULAR, AÇÃO CIVIL PÚBLICA,
HABEASCORPUS; FATOS E ATOS PROCESSUAIS;
NULIDADES; RESPOSTA DO RÉU; DIREITO
PROBATÓRIO, ENTREGA DA PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL

Tutela Jurisdicional Diferenciada:

Responsabilidade do Estado de resolver conflitos eu houverem no âmbito político-jurídico,


procedendo à aplicação de leis, com objetivo de alcançar uma decisão equânime.

 Mandado de Segurança, lei 12.016 de 07/08/2009


Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte
de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Remédio constitucional, regulamentado por norma infraconstitucional. Disciplinado pela Lei


nº 1.533/1951, tendo a Lei nº 4.348/1964 também estabelecido normas processuais relativas
a impetração do mandado de segurança. Em 2009 a Lei nº 12.016, que passou a ser o
diploma legal regulamentador do instrumento. Essa lei revogou a anterior (Lei nº
1.533/1951).

É uma ação constitucional de viés civil, independente da natureza do ato impugnado, seja
ele administrativo, jurisdicional, criminal, eleitoral ou trabalhista. Possui por escopo a
proteção de direitos líquidos e certos contra ato de autoridade ou de quem exerça funções
públicas.

Buscar-se-á demonstrar nesse estudo a adequação ou não da liminar no mandado de


segurança, assim como a existência de liquidez e certeza como pressuposto para sua
impetração.

O direito líquido e certo aquele que não exige dilação probatória para ser comprovado,
podendo ser demonstrado de plano, mediante prova previamente constituída. Falamos de
19

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
um direito perfeitamente determinado, podendo ser exercido prontamente, uma vez que é
incontestável.

Do prazo para impetrar o Mandado de Segurança:

O prazo decadencial para a propositura do mandado de segurança é de 120 dias, após a


consumação do ato, todavia com a nova disposição do Código atual, que trata da contagem
em dias úteis dos prazos processuais, tem surgido divergência de entendimento sobre ser
processual o prazo de 120 (cento e vinte) dias para impetração do mandado.

Nesse sentindo, há posições que se coadunam com a classificação de Chiovenda, que em


analogia ao direito civil, “encontrou a natureza jurídica do direito de ação” na classe dos
direitos potestativos. E exatamente por estarem, no âmbito do direito civil, os direitos
potestativos vinculados sempre a prazos decadenciais, a doutrina brasileira passou a
qualificar como decadenciais também os prazos estabelecidos pela lei processual, para a
propositura de determinadas demandas, como o mandado de segurança. Assim, o prazo do
mandado não seria processual, devendo ser contado, portanto, em dias corridos. Entretanto,
há entendimento de que seria sim um ato processual da parte, uma vez que o mandado de
segurança, não importa se é previsto pela Constituição ou pela Lei Federal, nada mais é do
que um procedimento legal, uma técnica processual diferenciada. E exatamente por este
motivo, possui requisitos de admissibilidade diferenciados, dentre os quais prazo para sua
utilização, assim como o possuem outros procedimentos especiais, como as ações
possessórias, por exemplo.

Do prazo para esclarecimentos pela autoridade coatora:

A autoridade coatora será notificada, da impetração do Mandado de Segurança, e disporá


do prazo de 10 dias, para prestar esclarecimentos.

Após o termo final do prazo de 10 dias para que a autoridade coatora preste informações
(Lei 12.016/2009 art. 7º, I), o Ministério Público deverá opinar, também no prazo de 10 dias,
contudo, se nesse prazo não haver manifestação do órgão ministerial, os autos deverão ir
conclusos ao Juiz para proferir a decisão, no prazo de 30, dias nos termos do artigo 12
parágrafo único da Lei 12.016/2009:

Da sentença e recursos:
Após a concessão da segurança, deverá o juiz expedir ofício, através de oficial do juízo, ou
por meio do correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da
sentença para a autoridade coatora e também à pessoa jurídica interessada (art. 13, caput,
Lei 12.016/2009). Em situações de urgência, o juiz poderá enviar a sentença, por telegrama,
radiograma, ou qualquer outro meio que garanta a autenticidade do documento e a rápida
ciência pela autoridade (art. 13, parágrafo único e art. 4º, Lei 12.016/2009).

Da sentença que denegar ou conceder a segurança caberá recurso de apelação (art. 14,
caput, Lei 12.016/2009).
20

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente,
salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.

Legitimidade ativa para impetrar MS:


 as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no
Brasil;
 as universalidades reconhecidas por lei, que, embora sem personalidade jurídica,
possuem capacidade processual para a defesa de seus direitos (ex: o espólio, a
massa falida, o condomínio de apartamentos, a herança, a sociedade de fato, a
massa do devedor insolvente, etc...);
 os órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
 os agentes políticos (governador de estado, prefeito municipal, magistrados,
deputados, senadores, vereadores, membros do MP, membros dos Tribunais de
Contas, Ministros de Estado, Secretários de Estado, etc.), na defesa de suas
atribuições e prerrogativas;
 o Ministério Público, competindo à impetração, perante os Tribunais locais, ao
promotor de Justiça, quando o ato atacado emanar de juiz de primeiro grau;

Legitimidade passiva (autoridade coatora):


 autoridade pública de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios, bem como de suas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista;
 agente de pessoa jurídica privada, desde que no exercício de atribuições do Poder
Público (só responderão se estiverem, por delegação, no exercício de atribuições do
Poder Público;

Competência para o processo e julgamento do mandado de segurança:

A competência para o processo e julgamento do MS é definida ratione personae, ou seja,


em razão de quem seja a autoridade pública ou o agente delegado e pela sua sede
funcional. É irrelevante, para fixação da competência, a matéria a ser discutida em MS.
Assim, se um Ministro de Estado pratica um ato por delegação recebida do Presidente da
República, o tribunal competente para apreciar o MS impetrado contra tal ato do ministro
será o STJ (CF 105, I, b), não o STF (que seria o Tribunal competente se o ato tivesse sido
praticado pelo próprio Presidente da República – CF 102, I, d).

Observação importante para provas: segundo o STF, todos os Tribunais têm competência
para julgar, originariamente, os MS contra os seus próprios atos, os dos respectivos
presidentes e os de suas câmaras, turmas ou seções. Assim, MS contra ato do STJ, do
Presidente do STJ ou de uma turma do STJ, será julgado pelo próprio STJ, e assim
sucessivamente. No âmbito da Justiça Estadual, caberá aos próprios estados-membros
cuidar da competência para a apreciação do MS contra atos de suas autoridades, por força
do art. 125-CF.

O Ministério Público é oficiante obrigatório no MS, como parte pública autônoma,


encarregada de velar pela correta aplicação da lei e pela regularidade do processo. Sua
21

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
atuação é imparcial, como fiscal da aplicação da lei, podendo opinar pelo cabimento ou
descabimento da ação. É indispensável o efetivo pronunciamento do MP no feito, sob pena
de nulidade.

Mandado de Segurança Repressivo ou Preventivo

Destina-se a reparar uma ilegalidade ou abuso de poder já praticados ou apenas a afastar


uma ameaça de lesão ao direito líquido e certo do impetrante.

Mandado de Segurança Individual ou Coletivo

 individual (para proteger o direito líquido e certo do impetrante ou impetrantes, no


caso de litisconsórcio ativo);

 coletivo (impetrado por partido político, organização sindical, entidade de classe ou


associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados). A exigência de 1 ano
somente recai sobre as associações, não obrigando as organizações sindicais e
entidades de classe.

No Mandado de Segurança coletivo, o interesse invocado pertence a uma categoria, grupo


ou classe, agindo o impetrante como mero substituto processual (legitimação extraordinária)
na relação jurídica, daí porque não se exige a autorização expressa dos titulares dos
direitos, conforme exigência do art. 5º, inc. 21 da CF, que contempla caso de representação.
Ou seja, se uma associação pleitear judicialmente determinado direito em favor de seus
associados por outra via que não seja a do mandado de segurança coletivo, será necessária
a autorização expressa, prescrita no art. 5º, inc. 21. Mas em se tratando de Mandado de
Segurança tal exigência não incidirá, por se tratar de hipótese de substituição processual.

- Não se exige, também, que o direito defendido pertença a todos os filiados ou associados.
Basta que pertença a parte deles. Súmula 630 – STF (Ex: Um benefício que aproveite
apenas aos delegados de polícia inativos – parte da categoria).

- Outro detalhe importante: embora sendo uma ação coletiva, segundo o STF, para o
ajuizamento de MS coletivo, exige-se a comprovação de direito subjetivo, líquido e certo de
um grupo, categoria ou classe, não se permitindo a sua utilização para o fim de proteger
direitos difusos e gerais da coletividade.

 Mandado de Injunção art. 5, LXXI – CF.

É cabível “sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.”
22

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
É um remédio constitucional colocado à disposição de qualquer pessoa que se sinta
prejudicada pela falta de norma regulamentadora, sem a qual resulte inviabilizado o
exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais prescritas no transcrito inciso. A
preocupação, portanto, é conferir efetiva aplicabilidade e eficácia ao texto constitucional,
para que este não se torne “letra morta”, em razão da omissão do legislador ordinário na sua
regulamentação.

Não obstante, não ter previsão expressa na Constituição, há pacífica orientação do STF a
respeito do cabimento do mandado de injunção coletivo, admitindo-se a impetração pelas
entidades sindicais ou de classe, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou
associados dessas instituições, o exercício de direitos assegurados pela CF e que estejam
inviabilizados pela ausência de regulamentação, nos mesmos termos previstos para o
mandado de segurança coletivo (MI 20/DF, rel. Min. Celso de Mello, 19.05.1994.)

A competência para o julgamento do mandado de injunção é determinada em razão da


pessoa (ratione personae) obrigada a elaborar a norma regulamentadora, e que permanece
inerte. A CF fixa a competência para julgamento de mandado de injunção nos seguintes
dispositivos: art. 102, I, “q”; art. 102, II, “a”; art. 105, I, “h”; e art. 121, par. 4, V – CF.

Para impetração do mandado de injunção, tem as despesas processuais, e, para sua


impetração, é necessária a assistência de advogado.

- Distinções entre o Mandado de Injunção e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por


omissão:

Ante o objetivo de ambas as ações em suprir uma omissão do legislador, diante da


necessidade de regulamentação do texto constitucional, se fazem necessário demonstrar os
aspectos distintos, especialmente os seguintes: legitimação, objeto, procedimento,
julgamento e competência, efeitos da decisão, etc.

 Hipóteses de descabimento do Mandado de Injunção:

Consubstanciado na jurisprudência do STF, não caberá mandado de injunção:

Se já existe norma regulamentadora do direito previsto na Constituição, ainda que defeituosa


(mandado de injunção é remédio para reparar a falta de norma regulamentadora de direito
previsto na Constituição; se já existe a norma regulamentadora, ainda que flagrantemente
inconstitucional, não será mais cabível mandado de injunção; nesse caso, a validade da
norma poderá ser discutida em outras ações, mas não na via do mandado de injunção);

Na falta de norma regulamentadora de direito prevista em normas infraconstitucionais (MS é


remédio para reparar falta de norma regulamentadora de direito previsto na Constituição
Federal, e não para os casos de falta de norma regulamentadora que esteja obstando o
exercício de direito previsto em normas infraconstitucionais, tais como as leis, tratados
internacionais ou decretos publicados no exercício do poder regulamentar do Chefe do
Executivo);
23

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Na ausência de regulamentação dos efeitos de Medida Provisória não convertida em lei pelo
Congresso Nacional (pelo mesmo motivo explicitado no item anterior). A hipótese está
prevista pelo art. 62, parágrafos 3 e 11– CF.

 Da legitimidade ativa e passiva para o Mandado de Injunção:

Qualquer pessoa física ou jurídica que se veja impossibilitada de exercer um determinado


direito constitucional por falta de norma regulamentadora. No mandado de injunção coletivo,
a legitimação pertence ao partido político com representação no Congresso Nacional e à
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados.

No pólo passivo do mandado de injunção, devem figurar os órgãos ou autoridades públicas


que têm a obrigação de legislar, mas estejam omissos quanto à elaboração da norma
regulamentadora. Se a omissão for legislativa federal, o MI deverá ser impetrado em face do
Congresso Nacional, salvo se a iniciativa para a lei for privativa de outro órgão ou
autoridade, hipótese em que o mandado de injunção deverá ser ajuizado em face do
detentor da iniciativa privativa (ex: Presidente da República, nas situações do art. 61, par. 1
– CF, por exemplo).

O STF firmou o entendimento de que os particulares não se revestem de legitimidade


passiva ad causam, pois somente ao Poder Público é imputável o dever constitucional de
produção legislativa. Dessa forma, só podem ser sujeitos passivos entes públicos, não
admitindo o STF a formação de litisconsórcio passivo, necessário ou facultativo, entre
autoridades públicas e pessoas privadas.

Do Prazo de Defesa:

A Autoridade ou órgão que deve fazer a regulamentação cuja ausência de regras esta sendo
questionada, será notificado do conteúdo da petição inicial, a fim de que, no prazo de dez
dias, preste as informações. Após esse prazo, o Ministério Público terá mais dez dias para
opinar e, então, o juiz proferir decisão.

 Habeas Data Art. 5, LXXII – CF.

O habeas data é um instituto destinado a assegurar o conhecimento de informações


relativas à pessoa do impetrante constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público e para permitir a retificação de dados, quando não
feita de modo sigiloso.

Trata-se de um remédio constitucional, de natureza civil, que se destina a garantir, em favor


da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice aspecto:

 direito de acesso aos registros relativos à pessoa do impetrante;


 direito de retificação desses registros e
 direito de complementação dos registros.
24

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Regulado pela Lei 9.507, de 12 de novembro de 1997, que, no inciso III do seu art. 7,
acrescentou uma outra hipótese de cabimento da medida, além das constitucionalmente
previstas, a saber: “para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou
explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou
amigável.”

A garantia do Habeas Data não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5, XXXIV,
b – CF), ou informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5, XXXIII). Havendo
recusa no fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o
remédio apropriado é o mandado de segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, como visto, o remédio será
o habeas data.

O direito a receber dos órgãos públicos informações de interesse próprio, em sede de


habeas data, não se reveste de caráter absoluto, cedendo passo quanto aos dados
protegidos por sigilo, em prol da segurança da sociedade e do Estado. Nos termos do art. 5,
XXXIII, o acesso a informações de órgãos públicos não abrange aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Evidentemente, tal ressalva não pode
ser banalizada, sob pena de se tornar inócua a garantia do HD. Com efeito, conforme
sustenta Pedro Lenza, em seu entender, infelizmente não acompanhado por parte da
jurisprudência, não se poderia negar o irrestrito direito de acesso às informações, sobre a
pessoa do impetrante, nem mesmo alegando o sigilo como imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado. Isso porque não há como, em matéria de direito individual, utilizar-se
de interpretação restritiva. Ela há de ser, nessa matéria, ampliativa.” (Michel Temer)

Legitimidade ativa:
Qualquer um do povo, sendo pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como pessoa
jurídica. Saliente-se, porém, que a ação é personalíssima, vale dizer, somente poderá ser
impetrada pelo titular das informações.

Legitimidade passiva:
Entidades governamentais, da Administração Pública Direta (União, Estados, DF e
Municípios) e Indireta (as autarquias, as Fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista), bem como as
instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de dados contendo
informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso
privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (ex: as entidades
de proteção ao crédito, como o SPC, o SERASA, entre outras).

Cabimento do Habeas Data


É irrelevante a natureza jurídica da entidade, que poderá ser pública ou privada. O aspecto
que determinará o cabimento da ação será o fato de o banco de dados ser de caráter
público, a exemplo do SPC. Note-se que, nesse caso, a entidade é de natureza privada, mas
o seu banco de dados é de caráter público (as informações sobre os consumidores podem
ser acessadas por terceiros).
25

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Requisitos fundamentais:
O principal requisito é à exigência legal de que a ação somente poderá ser impetrada em
Juízo diante da prévia negativa da autoridade administrativa de fornecimento / retificação
das informações solicitadas. Trata-se de uma das exceções constitucionais ao princípio do
controle jurisdicional imediato (art. 5, XXXV), configurando hipótese de instância
administrativa.

Portanto, para que o interessado tenha interesse de agir, para o fim de impetrar habeas
data, é imprescindível que tenha havido o requerimento administrativo e a negativa pela
autoridade administrativa de atendê-lo, devendo tal negativa ou omissão da autoridade
administrativa vir comprovada na petição inicial (art. 8, par. Único, da Lei 9.507/97).

Não é obrigatório, justificar as causas do requerimento, pois o direito de acesso lhe é


garantido, independentemente de motivação.

Não está sujeita a prazo prescricional ou decadencial, podendo a ação ser proposta a
qualquer tempo.

Competência para o julgamento tem por critério a pessoa que pratica o ato (ratione
personae). Exs: art. 102, I, d: competência originária do STF para processar e julgar Habeas
Data contra atos do Presidente da República; art. 105, I, b – competência originária do STJ
para processar e julgar Habeas Data contra atos dos Ministros de Estado, dos Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do próprio Tribunal.

É gratuito o procedimento administrativo quanto à ação judicial (art. 5, inc. 77). Estão
vedadas pela Lei quaisquer cobranças de custas ou taxas judiciais dos litigantes, bem como
de quaisquer valores para o atendimento do requerimento administrativo. Ademais, não há
ônus de sucumbência (honorários advocatícios) não obstante ser exigido advogado para o
ajuizamento da ação.

Do Prazo de Defesa:

O coator é notificado do conteúdo da petição inicial, a fim de que, no prazo de dez dias,
preste as informações que julgar necessárias.

 Ação Popular Art. 5º, LXXIII da CF:

Visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de identidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
26

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Ação popular, é uma ferramenta para o controle social do patrimônio coletivo.

Qualquer cidadão brasileiro pode questionar judicialmente atos lesivos ao patrimônio


público, bem como à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural.

A previsão, expressa na Constituição de 88, é um reforço feito pelo legislador ao conceito da


ação popular, medida presente no ordenamento jurídico brasileiro desde 1824. Atualmente,
além do texto constitucional, a ação popular é regulamentada pela Lei 4.717/65.

Direito político de todos os cidadãos, a ação popular é uma forma de aumentar a


participação popular na proteção de valores e bens especificados pela Constituição. Na
história do Brasil, apenas as Constituições de 1891 e 1937 não previram a ação popular.

Requisitos essenciais

O STJ já pacificou o entendimento de que, para a existência de uma ação popular, são
necessários três pressupostos:
 a condição de eleitor do proponente;
 a ilegalidade ou ilegitimidade do ato e;
 a lesividade decorrente do ato praticado.

No julgamento do Resp. 1.447.237, os ministros da Primeira Turma ratificaram o


entendimento dos pré-requisitos da ação:

“Tem-se como imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-lesividade, como


pressuposto elementar para a procedência da ação popular e consequente condenação
dos requeridos no ressarcimento ao erário em face dos prejuízos comprovadamente
atestados ou nas perdas e danos correspondentes.”

Nos questionamentos que chegam até o STJ, um dos pontos contestados é a legitimidade
do cidadão proponente. O entendimento da corte é que basta a apresentação de um título
de eleitor válido para justificar a legitimidade ativa do proponente.

No Resp. 1.242.800, os ministros da Segunda Turma resumiram a polêmica em torno da


legitimidade ativa:

“Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não necessariamente deixa
de ser eleitor, podendo apenas exercer sua cidadania em outra circunscrição. Se for
eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento de ação popular.”

Requisito, pedido específico

Os pedidos feitos no âmbito da ação devem ser específicos e motivados. A recusa da


administração em fornecer documentos para instruir a ação nem sempre significa violação
de direito líquido e certo, já que solicitações genéricas e desmotivadas não geram nenhuma
obrigação ao estado para fornecer informações.
27

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Necessidade de embasamento, não se admite como razoável enviar uma solicitação
genérica com a justificativa de que tal documento é imprescindível para a ação. É preciso
explicar por que tal documento é necessário para a instrução.

Por outro lado, as informações preservadas sob sigilo por parte do estado também devem
ter essa situação justificada, já que não é possível decretar sigilo em um documento apenas
para não fornecê-lo ao interessado.

O sigilo é reservado às situações em que é imprescindível para a segurança do estado e da


sociedade.

Há flexibilidade no que diz respeito à inclusão de documentos e certidões nas ações. A falta
de comprovação documental no pedido inicial, por exemplo, não implica inépcia da
denúncia. Os ministros já afastaram essa alegação ao analisar o Resp. 439.180:

“A falta de inclusão dos documentos indispensáveis ao processo na exordial, que


dependem de autorização de entidades públicas, não impõe a inépcia da peça
vestibular, porquanto o juiz tem a faculdade de requisitá-los aos órgãos, durante a
instrução do processo, quando houver requerimento para tanto.”

Resultado da Ação Popular: Anulação

Preenchidos os requisitos legais, uma ação popular pode levar à anulação dos atos
considerados lesivos. Diversas ações populares questionam procedimentos licitatórios
realizados pelo poder público.

É cabível a suspensão do ato administrativo considerado lesivo, antes mesmo do julgamento


de mérito da demanda, tendo em vista a necessidade de proteger o interesse público.

O prosseguimento da ação popular não precisa de formação de litisconsórcio no polo


passivo, isto é, não é preciso comprovar quem seriam os réus diretos na demanda, já que
em algumas situações de ato lesivo praticado é impossível identificar as pessoas físicas
diretas para figurarem como corrés na ação, junto com o estado.

“Esta corte superior já firmou entendimento no sentido de que não há falar em


formação de litisconsórcio passivo necessário entre eventuais réus e as pessoas
beneficiadas pelas supostas fraudes nas ações civis públicas por ato de improbidade
administrativa”, argumentaram os ministros ao julgar o Resp. 1.321.495.

O conceito de ato lesivo é amplo, já que não significa apenas atos que causem prejuízo
financeiro direto ao estado. Os atos considerados prejudiciais podem ser por desvio de
finalidade, inexistência de motivos, ilegalidade de objeto, entre outros aspectos passíveis de
anulação.

Dupla finalidade

Outra possibilidade é o ajuizamento de dupla demanda em âmbito de ação popular:


 uma para desconstituir o ato lesivo, e
28

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
 outra para condenar os responsáveis.

Ao analisar os recursos, os ministros do STJ já firmaram o entendimento de que é possível


aplicar a condenação na sentença para fixar o quantum das perdas e danos. Para os
magistrados, as conclusões de tribunais de origem que verificaram ato ilegal e na mesma
decisão estabeleceram danos ao erário são corretas em fixar as perdas e danos.

Sentenças advindas de ações populares possuem efeitos erga omnes, a não ser em casos
em que a demanda foi julgada improcedente por ausência de provas. Os efeitos erga omnes
são aqueles que alcançam todos, e por isso impedem o ajuizamento de demandas idênticas.

Tem finalidade repressiva e preventiva. Como forma preventiva, a Ação Popular pode ser
ajuizada antes da consumação dos efeitos lesivos do ato, sendo que a lei permite a
suspensão liminar do ato impugnado para prevenir a lesão. Já como meio repressivo, vem
para corrigir atos danosos consumados. Há também a finalidade supletiva da ação popular,
em que o autor obriga a Administração omissa a atuar.

A ação popular ganha sua característica especial quanto à legitimação, pois há a


possibilidade de qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos (cidadania mínima)
poder intentar, litisconsorciar ou dar prosseguimento a este remédio constitucional. Tal
direito político é garantido pela Constituição Federal de 1988 em seu art. 1º, parágrafo único.

Legitimidade Ativa e Passiva

Deste modo, o pólo ativo da ação popular só poderá ser composto por uma pessoa física,
singular. Exceções existem onde é possível o litisconsórcio facultativo originário com outros
cidadãos.

No que tange ao pólo passivo da ação, este é composto pelo réu e estes estão
determinados no Art. 6º da Lei 4.717 de 1965:

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as


entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou
administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o
ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e
contra os beneficiários diretos do mesmo.

§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou


desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas
neste artigo.

§ 2º No caso de que trata o inciso II, item “b”, do art. 4º, quando o valor real do bem
for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou
privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação
inexata e os beneficiários da mesma.

§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do
29

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da


prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem,
sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou
dos seus autores.

§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do


autor da ação popular.

Nos termos do artigo art. 5° da Lei nº 4.717/65, a ação popular prescreve em cinco anos a
contar do evento lesivo:

Do prazo de defesa

A teor do disposto no art. 7º, IV da Lei 4.717/65, o prazo de contestação da ação popular é
de 20 (vinte dias) a contar da entrega em cartório do mandado de citação cumprido

 Ação Civil Pública LEI nº 7.347, 24/07/1985.

Instrumento processual, de que podem se valer o Ministério Público e outras entidades


legitimadas para a defesa de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Legitimidade ativa:

Somente pessoa jurídica, tem legitimidade para propor Ação Civil Pública, são eles:

I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

V - a associação que, concomitantemente:

Requisitos:
 esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

 inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao


consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.
30

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Legitimidade Passiva

O legitimado pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que tenha lesado algum direito que
é objeto de proteção da Lei 7347/85.

Citando a lição de André Luiz Lopes na Obra Ação Civil Pública, “a parte Passiva será
aquele que causar o dano, podendo ser legitimado passivo qualquer um que causar dano
àqueles interesses tutelados”.

Apresentação de defesa, artigo 17 da Lei 8429/92(Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos


agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências.)

Inicialmente, estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a


notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída
com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias, após o juiz analisará a
respectiva peça e através de decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via
eleita. Em ato contínuo, será o réu já notificado, citado para apresentar contestação.

 Habeas Corpus Art.5 inc. LXVIII da CF, arts. 647 a 666, CPP.

Habeas corpus é uma ordem constitucional visando a proteção do direito de ir e vir, quando
esse lhe é vedado.

“habeas corpus é uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça
de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legitima,
ou em caso de ilegitimidade ou abuso de poder.” E. Penha Malheiro

Legitimidade ativa

Qualquer pessoa. Desnecessária a atuação de advogado (“Não se inclui na atividade


privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal.” A
1º, § 1º, Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil – Lei 8.906/1994). Até
mesmo o Ministério Público pode impetrar habeas corpus.

Legitimidade passiva

Sempre que houver a restrição da liberdade de ir e vir, mesmo que parcial, através de
ilegalidades.

Liminar

Não há previsão no CPP, de concessão de liminar em habeas corpus, porém criado pela
primeira vez em 1964, pelo STF, a aceitação tem sido praxe.
31

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Terminologia
 Paciente: pessoa em favor de quem se impetra a ordem de habeas corpus. Pode ser
qualquer pessoa física.

 Autoridade coatora: Autoridade que proferiu o ato contra o qual se impetra habeas
corpus. P.ex. o juiz que decretou a prisão preventiva — contra a qual se impetrou
habeas corpusperante o Tribunal de Justiça — é a autoridade coatora.

 Impetrado: autoridade para a qual foi distribuída o habeas corpus; autoridade que
julgará o HC; pode ser juiz ou tribunal.

 Detentor: pessoa que detém o paciente; pode ser diferente da autoridade coatora,
como no caso de prisão preventiva decretada por juiz, quando o paciente encontra-
se em presídio, hipótese em que é detentor o Diretor do Presídio.

 Concessão da ordem: Julgado procedente, se diz que a ordem foi concedida.

 Denegação da ordem: Se o habeas corpus for julgado improcedente, a ordem é


denegada.

 Salvo-conduto: é o documento que autoriza o paciente o direito de ir e vir, outrora


violado.

 Pedido de informações: a autoridade impetrada requisitará da autoridade coatora


informações, nos termos do art. 662, CPP. A rigor, o pedido de informações será
feito, “se necessário”, e só tem previsão legal para o HC impetrado em Tribunal.

Competência

A competência será determinada pelo critério da territorialidade, de modo que será


competente o juiz do território em que estiver ocorrendo a coação ilegal.

 Juiz de primeira instância: se a autoridade coatora for delegado de polícia.

 Tribunal de Justiça: se a autoridade coatora for juiz estadual.

 Tribunal Regional Federal: se a autoridade coatora for juiz federal.

 Tribunal Regional Eleitoral: se a autoridade coatora for juiz eleitoral.

 Superior Tribunal de Justiça: autoridade coatora for câmara ou turma do Tribunal de


Justiça ou Tribunal Regional Federal.

 Supremo Tribunal Federal: autoridade coatora for o Tribunal Superior, ou quando o


coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à
mesma jurisdição em uma única instância, e quando o paciente for o Presidente da
32

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
República, o Vice-Presidente da República, os membros do Congresso Nacional,
seus próprios Ministros, o Procurador Geral da República, os Ministros de Estado, os
Comandantes da Marinha, do Exército, e da Aeronáutica; os membros dos Tribunais
Superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de
caráter permanente, conforme preceitua o art. 102, I, "d" da CF.).

Espécies

 Liberatório (repressivo ou propriamente dito): contra decisão já proferida. Em tais


casos, a decisão que concede a ordem determina a cessação da coação ilegal.

 Preventivo: contra coação que está na iminência, e o habeas corpus visa prevenir
sua concretização. Em tais casos a concessão da ordem determina a expedição de
salvo-conduto (art. 660, § 4º, CPP).

 De ofício: Hipótese em que a autoridade judicial toma conhecimento (art. 654, § 2º,
CPP).

TGP II FATOS E ATOS PROCESSUAIS

Os atos ocorridos no decorrer do andamento do processo, os quais contribuem para a resolução da


relação jurídica processual, são os denominados atos processuais.

Atos jurídicos praticados no processo com a finalidade de contribuir para o exercício da jurisdição.
São interdependentes, ou seja, nenhum ato do processo é um ato isolado, pois todo ato praticado
influencia o ato subsequente e é influenciado por aqueles que o antecederam.

Do mencionado, podem-se extrair as duas principais características desses atos: a


interdependência e a unidade de finalidade.

 Unidade de finalidade: Os atos praticados por todos os sujeitos do processo contribuem para
um único fim, que é o exercício da jurisdição.
 Interdependência: Nenhum ato no processo é ato isolado, por isso deve ser interpretado
através da análise dos demais atos.

Os atos processuais têm interferência na aplicação da lei processual no tempo. Servem como
divisória entre as normas antigas e as mais recentes.

A um ato processual já em andamento ou terminado no momento de criação de leis processuais


novas, aplica-se ainda as antigas. No entanto, aos atos ainda não iniciados, aplicam-se os
33

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
dispositivos novos. Assim, é possível a existência de um mesmo processo ao qual se aplicam leis
processuais diferentes.

Classificação dos atos processuais

Há diferentes tipos de atos processuais, que são moldados aos papeis das pessoas envolvidas no
processo: (i) as partes, (ii) o juiz e (iii) os auxiliares de justiça.

Atos dos juízes, cinco são os atos que podem ser chamados a realizar:

I. Atos decisórios: interlocutórios e finais à Artigo 203 do CPC.

II. Atos de impulso à Artigo 2º do CPC.

III. Atos instrutórios à Artigo 370 do CPC.

IV. Atos de documentação

V. Atos de coerção

Atos dos juízes

 Atos Decisórios: Há duas espécies: decisões interlocutórias e sentenças. Decisão


interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente (art.
203, § 2º CPC). Sentença, nos termos do art. 203, § 1º CPC,“é o pronunciamento por meio
do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução”.

 Atos de Impulso (movimentação): Atos praticados pelo juiz conduzindo o processo em


direção ao seu fim, por força do princípio do impulso oficial (art. 2º do CPC/15). São
chamados de despachos de mero expediente (art. 203, § 3º CPC).

 Atos Instrutórios: O juiz é quem tem que examinar se determina- da prova precisa ou não ser
produzida, porque é a ele que a prova se destina. O juiz também pode determinar de ofício a
produção de provas, de acordo com o art. 370, CPC.

 Atos de Documentação: Os atos praticados por todos os sujeitos devem ter seu conteúdo
registrado no processo. O juiz é o responsável pela documentação de alguns desses atos.
Ex: O juiz deve documentar a audiência, ditando seus termos para o escrivão.
34

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Atos das partes, quatro são os atos que podem ser chamados a realizar:

I. Atos postulatórios

II. Atos dispositivos

III. Atos instrutórios

IV. Atos reais

Os atos dispositivos são realizados pelas partes quando dispõem de algum direito processual ou
material. Podem se concretizar de três formas distintas: disposição

(i) contratual ou bilateral, (ii) por renúncia ou (iii) por aceitação. Na primeira mencionada, ambas as
partes chegam a um acordo para disporem, cada uma, de algum direito.

É importante também ressaltar a diferença entre os atos instrutórios realizados pelas partes dos
realizados pelos magistrados. Os juízes realizam atos instrutórios quando deferem provas das
partes ou determina de ofício a produção de provas, enquanto que as partes os realizam quando
produzem alguma prova ou fazem o seu requerimento. Quanto a essa diferenciação, vale apontar o
art. 190 do Código de Processo Civil. Quanto a direitos que admitam a resolução por
autocomposição, é lícito que as partes convencionem a respeito de alterações no procedimento que
o ajustem às peculiaridades do caso concreto, além de estipular ônus, poderes, faculdades, entre
outros. Tais convenções podem vincular apenas as partes ou também o juiz, sendo, no entanto,
vedadas à prática por parte do autor e do réu.

Atos das Partes

 Atos postulatórios: São todas as petições e requerimentos que as partes dirigem ao juiz para
submeter à apreciação deste o exame de quaisquer questões.

 Atos dispositivos: Também têm caráter postulatório, mas se caracterizam por serem atos em
que as partes abrem mão de algum direito, de alguma faculdade.

 Atos instrutórios: Consistem na proposição e na produção de provas.

 Atos reais: São ações ou atividades humanas que se destinam a produzir efeitos no
processo, como, por exemplo, a exibição de um documento pela parte, o comparecimento
da parte em juízo para prestar depoimento pessoal, etc.
35

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Atos dos auxiliares de justiça podem ser separados em quatro classes:

I. Atos de impulso à Artigo 203, § 4ºdo CPC.

II. Atos de documentação à Artigo 206 e ss do CPC.

III. Atos de execução à Artigo 839 do CPC.

IV. Atos de comunicação

Atos dos auxiliares de justiça

 Atos de Comunicação: Os auxiliares deverão promover a citação e a intimação das partes.

 Atos de Execução: Atos praticados em cumprimento das ordens do juiz.

 Atos de Documentação: A maioria dos atos de documentação compete ao escrivão, nos


termos do art. 206 e ss do CPC. O escrivão é o guardião dos autos, além de ser obrigado,
por lei, a registrar em livros do cartório certos atos mais importantes do processo.
Responsável por lavrar termos, atas, assim como atos cujo teor é ditado pelo juiz.

 Atos de comunicação processual: Temos a divisão em dois principais grupos: as citações e


as intimações/Notificações.

 Citação: A citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de
se defender — vide artigo 238 do CPC. A citação ocorre, nos termos do artigo 334 do
CPC, logo após a verificação da procedência da petição inicial. Não incidindo em
qualquer dos casos de indeferimento da petição liminar ou improcedência liminar do
pedido, cita-se o réu para que ele com- pareça à audiência de conciliação ou de
mediação.

Na hipótese de ambas as partes não desejarem e se manifestarem contra a


audiência, o réu prossegue direto da citação ao seu período de resposta. O ato de
citação deve deixar claro que caso o réu não formule resposta, ocorrerá sua revelia,
presumindo-se verdadeiros todos os fatos alegados pelo autor.

Conforme exposto no artigo 240 do CPC, a citação válida, como consequência, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor. Além disso, ela
estabiliza a demanda — vide artigo 329, I do CPC/15 — e interrompe a prescrição.

As citações podem ser reais ou fictas.

São reais quando o réu toma, de fato, ciência da demanda.


36

As citações reais são compostas:


Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
 por correio — artigo 247 do CPC;
 por mandado (ou pelo oficial de justiça), artigos 249 e 250 do CPC.

São fictas quando se presume que o réu tomou ciência.

As citações fictas são compostas:

 por hora certa, artigo 252 do CPC;


 por edital — artigo 256 do CPC;
 por meio eletrônico — Lei 11.419/06.

Em regra, a citação é realizada pelos correios. As demais formas são empregadas somente perante
a impossibilidade dessa modalidade. Já a citação por mandado é empregada justamente após uma
tentativa frustrada de citação pelo correio ou nos casos dos incisos do artigo 247 do CPC/15 (por
exemplo, quando o citando for incapaz). Nesses casos, munido de seu mandado, o oficial de justiça
se dirige à residência do réu para intimá-lo. Em alguns casos, esse auxiliar de justiça precisa de
uma carta precatória (por exemplo, para citar réu de outra comarca. Nessa situação, a carta
precatória só não será imprescindível quando as comarcas forem contíguas, de fácil comunicação,
ou se situem na mesma região metropolitana).

Entrando, agora, no rol das citações fictas, a por hora certa também é realizada pelo oficial de
justiça. Após duas tentativas malsucedidas de citar o réu em seu domicílio, havendo suspeita de
ocultação, pode comunicar qualquer parente ou vizinho que se encontre no local de que voltará
uma última vez em hora certa no dia útil subsequente e que, caso o citando não apareça, presumir-
se-á a sua ciência.

Em se tratando da citação por edital, é aplicada sempre quando não se sabe a localização do réu,
ou seja, quando se encontrar em lugar incerto e não sabido; quando for inacessível; ou quando sua
identidade é incerta. Os requisitos para a citação por edital encontram-se no artigo 257 do CPC/15.
Segundo o artigo 239, a citação do réu é essencial para a validade do processo. No entanto, o
comparecimento espontâneo do réu, seja para se defender ou para reclamar de alguma nulidade na
citação, produz o mesmo efeito desse ato de comunicação, considerando-lhe ciente.

 Intimação: As intimações compreendem todos os outros atos de comunicação


processual que não constituem a citação inicial.
Assim como as citações, as intimações também podem ser pelo correio, pela via
eletrônica, por hora certa ou por edital. Além dessas, há a intimação pela publicação
em diário oficial, vide artigo 272 do CPC, modalidade criada especialmente para os
advogados, e a intimação pessoal. Esta é feita geralmente com a participação do
oficial de justiça, e é uma prerrogativa da Fazenda Pública, do Ministério Público e da
Defensoria Pública. A intimação por hora certa e a por edital não estão previstas em
lei, mas são admitidas pela doutrina.

Lugar do ato processual


37

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Em regra, os atos processuais são praticados na sede do juízo, mas podem realizar-se, em razão
de sua natureza ou disposição legal, em outro lugar. Essa regra está estipulada no artigo 217 do
CPC.

Tempo do ato processual

Em regra, conforme o artigo 212 do CPC, os atos processuais serão realizados nos dias úteis, das
6 horas da manhã até às 20 horas. É importante destacar, contudo, que o horário forense de
funcionamento se estende somente até às 18 horas. A organização do tempo durante as férias é
prevista nos artigos 214 e 215 do CPC/15. Já o plantão judiciário está estipulado no artigo 93, X da
CF.

Quando um ato qualquer tiver que ser realizado por meio de petição não eletrônica, deverá
respeitar o horário de funcionamento do fórum ou tribunal — vide artigo 212, § 3º do CPC/15. No
entanto, as petições eletrônicas estão dispostas na Lei 11.419/06.

Prazos dos atos processuais

Os prazos para a realização dos atos processuais costumam estar previstos em lei. No entanto,
caso não seja o caso, compete ao juiz decidir. Sua omissão implica na fixação de um prazo de 5
dia. Por fim, ainda é possível que as partes se juntem para convencionar um prazo.

A partir do mencionado, podemos dividir os prazos em três categorias:

 Prazos legais à Artigo 218, caput do CPC.


 Prazos por determinação judicial à Artigo 218, § 1º do CPC.
 Prazos convencionais são encontrados pela regra geral do art. 190 CPC.

Além das categorias indicadas, os prazos podem ser dilatórios (impróprios) ou peremptórios
(próprios ou fatais). Enquanto estes correspondem a prazos dentro dos quais os atos processuais
devem obrigatoriamente ser realizados, sob a pena de não poderem ser feitos posteriormente —
por exemplo, o prazo para recurso —, aqueles correspondem a um período de tempo que serve
somente como parâmetro para a realização dos atos processuais. Após o fim dos prazos dilatórios,
ainda assim é possível que os atos sejam feitos — o clássico exemplo são os prazos para
realização dos atos judiciais.

Outros pontos e artigos importantes aos prazos dos atos processuais são os seguintes:

 Contagem do prazo à Artigo 224 do CPC.


 Suspensão do prazo à Artigos 220 e 221 do CPC.
 Interrupção do prazo em embargos de declaração à Artigo 1.026 do CPC.
 Prazos em litisconsórcio à Artigo 229 do CPC.
 Prazos para a Fazenda Pública e para o Ministério possuem prazo em dobro, artigo
180 do CPC, bem como a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de Direito Público, artigo 183 do CPC.
38

 Prazos para a Defensoria Pública à Artigo 186 do CPC.


Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
 Prazos para os entes políticos, suas autarquias e fundações públicas à Artigo 183 do
CPC/15. Ademais, prevê o novo Código de Processo Civil, em seu art. 218, que os
atos serão realizados nos prazos previstos em lei.

Os prazos diferenciados para litisconsortes com advogados diferentes e para entes, órgãos e
Pessoas Jurídicas de direito público têm o condão de promover a paridade de armas. Os
beneficiados pelo prazo dilatado teriam mais dificuldade para se organizar de modo a realizar o ato
processual necessário, gozando, por conseguinte, de maior espaço de tempo

Prazo Processual: lapso de tempo destinado à prática de um ato processual. Ex: prazo para o
recurso ordinário é de oito dias, prazo para recurso de apelação é de quinze dias, prazo para
embargos de declaração é de cinco dias.

Classificação: Muitos autores classificam os prazos processuais conforme feito por Marcelo Abelha
Rodrigues. Ele classifica os prazos processuais da seguinte forma:

Quanto à origem da fixação (legais, judiciais e convencionais):

Prazo legal é aquele fixado pela lei.

O prazo judicial é aquele que nasce pelo juiz, é o juiz que fixa. Ex: prazo para a juntada de
substabelecimento: 48 horas.

O prazo convencional é aquele fixado e sugerido pelas as partes e homologado pelo juiz. Artigo
313 do CPC.

O prazo pode ser judicial e legal ao mesmo tempo. Ex: Art. 970 do CPC: O relator ordenará a
citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta)
dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual com ou sem contestação, observar-se-á
no que couber, o procedimento comum.

Quanto à natureza:

 Prazo dilatório: podem ser dilatados, estendidos, ampliados.


39

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.

 Prazo peremptório: jamais pode ser dilatado, é um prazo fatal, todo prazo legal é
peremptório, mas tem todo prazo peremptório é legal.

Quanto aos destinatários:

 Próprios: são os prazos destinados às partes (reclamante e reclamado, autor e réu).

 Impróprios: são os prazos destinados aos outros que participam do processo, que não seja o
autor e réu. Exemplo: prazo destinado ao perito para apresentar prazo pericial, prazo para o
juiz oferecer a sentença.

Suspensão e Interrupção dos Prazos

Suspensão: é a paralisação da contagem dos prazos que será retomada a contagem do momento
que parou. O recesso do Judiciário SUSPENDE a contagem do prazo. Após o fim do recesso,
retoma-se o prazo, de onde parou.

Interrupção: o prazo inicia novamente. Interrompe-se o prazo, recomeça a contagem (zera a


contagem). A oposição de Embargos Declaratórios interrompe o prazo para interposição do
Recurso Ordinário. Publicou a sentença. Temos oito dias para recorrer (Recurso Ordinário). Se no
quinto dia opusemos Embargos Declaratórios, quando foi publicada a decisão dos embargos, não
vamos continuar contando, seis, sete e oito. Vamos reiniciar o prazo, do início: um, dois, três etc.

Da Preclusão

Ato pelo qual a parte tem o direito de se manifestar precluso.

Preclusão lógica ocorre pela prática de ato, incompatível com aquele que se poderia praticar. Ex.
Levantamento de alvarás de condenações judiciais sem qualquer ressalva ou impugnação quanto
ao valor levantado, se presumindo que há preclusão quanto à discussão dos valores depositados
em juízo, sem a prática simultânea do ato impugnatório.
40

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Preclusão consumativa, quando um ato é praticado, todavia não abarca a totalidade da pretensão
da parte, na definição clássica dos motivos da preclusão processual, não se pode repetir atos
processuais. Ex. Parte peticiona em provas, depois quer peticionar requerendo mais provas.

Também, algumas possibilidades legais no novo código atenuam esta forma de preclusão, como a
possibilidade de emendar à petição inicial, que deve ser oportunizada pelo magistrado em quinze
dias (art. 321 do CPC), dando maior importância a princípios como do acesso à justiça.

Preclusão a temporal, ocorre pelo transcurso do prazo sem a prática do ato, e está ligada a
necessidade do andamento do processo. Ex. prazo para opor embargos de declaração, cinco dias,
não o fez precluiu).

TGP II NULIDADES

O Ato viciado é um ato imperfeito, praticado com defeito, porque em desrespeito a forma legal
prevista para a sua prática.

A parte que descumpre a forma legal na pratica do ato, tem a NULIDADE como sanção processual.

Natureza Jurídica – a principal característica da nulidade é ser uma Sanção, que pode extinguir o
processo ou retardar seu andamento.

Se não houver prejuízo não haverá nulidade

Espécies:

Nulidade Absoluta(nulidade) & Nulidade relativa(anulabilidade)

Nulidade Absoluta Nulidade Relativa


Ato Nulo Ato Anulável
Vicio Insanável Vício sanável
41

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Artigo 485, I CPC Artigo 321 CPC
De ofício ou pelas partes Deve ser requerida pela parte interessada, no
primeiro momento que falar nos autos.
A qualquer momento Na primeira vez que fala nos autos
Ex Tunc – retroage até o local do vício Ex Nunc – não retroage
Não é atingido pela Preclusão É atingido pela preclusão

Nulidades: Existem duas correntes que tentam explicar as exceções desse tipo de nulidade são
elas Majoritária e Minoritária

Majoritária

Após o julgamento da coisa julgada da fase de execução e a efetivação do direito material cabe
apenas ação rescisória no prazo de 2 anos depois da coisa julgada.

Minoritária

Teoria dos Atos inexistentes: Esta teoria baseia-se na ideia de que os atos praticados após o vício
são nulos portanto não há esses repercussões no mundo jurídico sendo este nulos o simples atos
posteriores a ele não existirão, uma vez que não há os atos, não ocorre-se o fato.

TGP II RESPOSTA DO RÉU

Relação Jurídica:

 Processual: de ordem pública e originando-se na propositura da ação e se se aperfeiçoando


com a citação do demandado, vinculando, assim, autor, juiz e réu.

 Material: objeto da controvérsia existente entre as partes e que configura o mérito da causa,
normalmente de natureza privada. Identifica-se pelo fundamento do pedido ou causa de
pedir (causa petendi) e pelo pedido que o autor formula na petição inicial.

Assim a resposta do réu, pode ser de cunho processual, através das preliminares, e de cunho
material, rebatendo o mérito.

As defesas são classificadas:


42

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
 defesa processual.

 defesa de mérito.

Defesa processual

Possui conteúdo apenas formal, visa à extinção do processo sem que haja a apreciação do mérito
pelo juiz. Ex. invocam a inexistência de pressupostos processuais ou de condições da ação (art.
337 – CPC).

Defesa processual peremptória

Aquelas que se acolhidas, extingue o processo sem resolução do mérito, como a de inépcia da
inicial, ilegitimidade de parte, litispendência, coisa julgada, perempção etc. (art. 485 – CPC).

Defesa processual dilatória

São as que, mesmo quando acolhidas, não provocam a extinção do processo, mas apenas causam
ampliação ou dilatação do curso do procedimento, quando se alega nulidade da citação,
incompetência do juízo, conexão de causas, deficiência de representação da parte ou falta de
autorização para a causa, ou ausência de caução ou de outra prestação que a lei exige como
preliminar (art. 337 CPC).

Defesa processual dilatória x Defesa processual peremptória

Pode ocorre que uma defesa meramente dilatória venha a adquirir a força de peremptória, quando,
acolhida pelo juiz, à parte deixar de cumprir a diligência saneadora que lhe for determinada, no
prazo legal ou naquele que o juiz houver marcado.
43

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Exemplo: O juiz determina ao autor que regularize sua representação nos autos em 10 dias, e este
deixa escoar o prazo sem diligenciar o saneamento da falta. A exceção que, inicialmente, foi
dilatória, acabou se tornando peremptória, porque o juiz terá de decretar a extinção do processo
(art. 485, IV).

A solução da defesa processual pode variar de natureza, sendo:

 decisão interlocutória – o ato do juiz que rejeita exceção dilatória ou que julga sanada a falha
que a motivou.
 sentença – o ato que acolhe a defesa processual para extinguir a relação processual.

Defesa de mérito

O ataque ao fato jurídico que constitui o mérito da causa (causa petendi). Ex. negar a existência do
dano a indenizar, ou suas consequências jurídicas (quando reconhecido o fato, nega o efeito
pretendido pelo autor).

São elas:

 Dilatórias – pretende protelar o exercício do direito.

 Peremptórias – busca a total exclusão do direito material do autor.

Preliminar: defesa processual, se acolhida extingue o processo sem resolução do mérito, o que
viabiliza o ajuizamento de nova ação. Relacionada ao Direito Processual

Prejudicial: defesa de mérito, quando acolhida o processo é extinto com resolução do mérito, o que
obsta um novo ajuizamento. Relacionada ao Direito Material

TGP II DIREITO PROBATÓRIO

Derivado do latim probatio, que significa prova, ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento,
que deriva do verbo probare, significando provar, ensaiar, reconhecer.
44

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Produção de atos tendentes ao convencimento do juiz;

Meio pelo qual a prova será produzida;

A constituição, nos trouxe princípios que regulam esta matéria, são eles:

 Devido processo legal: ninguém será privado de sua liberdade e de seus bens sem o devido
processo legal; art. 5º, LIV, da CF
 Isonomia: estabelece a igualdade de todos, homens e mulheres, perante a lei; art.5º, I da CF
 Contraditório e da Ampla defesa: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes; 5º, LV, da CF
 Motivação das decisões judiciais: vincula todas as decisões judiciais à necessidade de
serem públicas e fundamentadas, sob pena de nulidade. art. 93, IX, CF

O princípio da isonomia, por sua vez, figura no caput e inciso I do art. 5º da CF, estabelecendo a
Esse tratamento isonômico, como ensina Nelson Nery (2009, p. 97), significa tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Ou seja, o
tratamento, para ser igualitário, deve obedecer a questões de proporcionalidade e de justiça no
momento de sua aplicação ao caso concreto. Relacionando este princípio ao assunto central
abordado no presente trabalho, é possível identificar, por exemplo, a obrigatoriedade de ser
oportunizada às partes a utilização dos mesmos tipos de provas dentro do processo.

O princípio do contraditório e da ampla defesa, expresso no inciso LV do art. 5º da CF – aos


litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes – está diretamente ligado à
temática do direito probatório. Isso porque o termo contraditório deve ser compreendido sob dois
ângulos: de um lado, como a necessidade de ser dado conhecimento às partes da existência da
ação e de todos os atos processuais a ela correlatos; e, de outro, como a possibilidade das partes
poderem reagir aos atos que julgarem lhes serem desfavoráveis, nesse aspecto, inclui-se o direto
dos demandantes deduzirem suas pretensões e defesas, de apresentar as provas (de suas
alegações) e as contraprovas (das alegações da parte contrária), de serem ouvidos de forma
paritária em relação a todos os atos processuais (NERY JUNIOR, 2009, p. 206-207).

Por fim, tem-se o princípio da motivação das decisões judiciais, estatuído no art. 93, IX, CF, o qual
vincula todas as decisões judiciais à necessidade de serem públicas e fundamentadas, sob pena de
nulidade. Por sua vez, o CPC (art. 458, II) traz como requisito fundamental das sentenças judiciais,
os fundamentos que serão usados pelo juiz para analisar as questões de fato e de direito. Sobre
esse princípio, assevera Nelson Nery (2009, p. 59) que:

“Fundamentar significa o magistrado dar as razões, de fato e de direito, que o convenceram a


decidir a questão daquela maneira. A fundamentação tem implicação substancial e não
45

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
meramente formal, donde é lícito concluir que o juiz deve analisar as questões postas a seu
julgamento, exteriorizando a base fundamental de sua decisão.”

O magistrado deverá demonstrar às partes as razões pelas quais decidiu, o que servirá tanto para o
convencimento de que a decisão foi justa, como para o embasamento de possíveis recursos dos
que com ela não se contentarem. Além disso, motivar as decisões permite que seja auferida a
imparcialidade do magistrado, a partir da análise do que foi considerado para o julgamento da
demanda.

Definição

A dilação probatória está inserida no chamado processo de conhecimento, cujo objetivo é a busca
pela constituição de uma decisão judicial que aplique o direito ao caso concreto, permitindo-se, para
isso, que se produzam as provas necessárias para que o julgador tenha elementos para proferir
uma sentença. Corroborando com tal entendimento, Medina (2011, p. 165), ensina que através do
processo de conhecimento, realizam-se atividades voltadas à obtenção de uma sentença.

Observa-se, assim, que a importância dada à prova está diretamente relacionada à sua finalidade
dentro do contexto processual. De acordo com Marinoni (2010, p. 53-54), é a prova que tem a
função de embasar as alegações formuladas de modo a convencer o juiz de sua validade, diante da
sua impugnação pela parte contrária. Seguindo com as ponderações do ilustre doutrinador, vê-se
não se tratar da possibilidade de, por meio da prova, reconstruir a verdade do fato trazido a juízo,
mas de se ter nela apoio capaz de atribuir verossimilhança à argumentação retórica das partes, o
que irá impactar positivamente no convencimento do juiz.

Vale destacar, ainda, que o magistrado conhece os fatos por meio do que lhe é trazido pelas partes;
portanto, conforme aponta Medina (2011, p. 237), o fato estará provado quando for atestado pelo
juiz, a partir da análise objetiva e racional das provas, a sua existência. Sobre a temática, conclui
Arruda Alvim que as provas:

Um dos princípios que rege o processo é o princípio dispositivo, o qual informa que o julgamento da
causa deve se basear nos fatos alegados e que consigam ser provados pelas partes. Ao juiz,
caberá a determinação de provas suplementares, subsidiariamente às já existentes, caso isso seja
necessário à sua prestação jurisdicional. Como se vê, a atividade probatória tem relevante papel no
desfecho das demandas judiciais, razão pela qual o Código de Processo Civil (CPC) dedica o
Capítulo XII, arts. 369 a 484, ao disciplinamento da prova no processo civil, iniciando-se com o
seguinte enunciado, in verbis:
46

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
“As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos,
ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que
se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”. (art. 369, CPC)

Destaca-se, desse dispositivo, que o legislador não pretendeu exaurir os meios de prova a serem
considerados no processo, não reconhecendo apenas os tipicamente previstos; ao invés disso,
ratificou antecipadamente todos aqueles que por ventura pudessem surgir com a dinamicidade e
evolução natural da sociedade, os chamados atípicos, desde que crivados de preceitos moralmente
aceitos.

Sobre o conceito de prova, assim assevera Luiz Fux:

“(...) prova é o meio através do qual as partes demonstram, em juízo, a existência dos fatos
necessários à definição do direito em conflito. Provar significa formar a convicção do juiz sobre a
existência ou inexistência dos fatos relevantes para a causa”. (FUX, 2008, p. 572)

Pela análise dos conceitos desses doutrinadores, depreende-se que as partes tem papel ativo no
convencimento do juiz para a composição da lide. Relacionando tais conceitos ao enunciado do art.
369 do CPC, anteriormente citado, tem-se que na atividade das partes direcionada ao
convencimento do juiz, lhes é vedado o uso de meios inidôneos na atividade probatória. Assim,
desde que legítimos, serão admitidos todos os meios de prova que dispuserem, pois é dado às
partes o direito de produzir e de exigir que se produzam, conforme o caso, todas as provas
necessárias à validação de sua pretensão em juízo.

Outro princípio que merece menção neste momento é o da comunhão das provas, o qual informa
que, uma vez produzida, a prova é incorporada ao processo, não pertencendo a nenhuma das
partes, mas sim, pertencendo a qualquer delas e ao interesse público inerente ao processo, qual
seja: de se buscar a decisão justa à lide por meio da investigação da verdade.

O objeto da prova, será sempre os fatos e não as normas, isto é, o que precisa ser comprovado são
os fatos controvertidos que, no processo, alega-se ser a origem do direito pretendido. Por isso, nos
termos do art. 374, I a IV, do CPC, os fatos notórios, os incontroversos, os que sejam
confessados pela parte contrária e aqueles que a seu favor pugna presunção legal de
existência ou de veracidade, não dependem de prova. Significa dizer, conforme Fux (2008, 572),
que as provas trazem para os autos a verdade que importa para a tomada de decisão do
magistrado, conseguidas por meio da colaboração das partes.

Tal colaboração está diretamente ligada ao chamado ônus da prova que recai sobre as partes. Sob
47

este prisma, a elas cabe demonstrar a verdade dos fatos em que se fundam a ação e a defesa (art.
Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
373 do CPC), priorizando aquilo que lhe seja mais favorável dentro do processo. Isso porque,
ninguém mais do que o próprio interessado na lide pode trazer elementos capazes de demonstrar
os fatos constitutivos do seu direito; primordialmente o autor, em razão da iniciativa da demanda,
tem a responsabilidade de provar aquilo que alega.

Pelo CPC, ainda há a distribuição do ônus da prova entre as partes, vez que cada uma,
independente do polo em que figurem na lide, terão momento hábil para suas alegações e
comprovações. Nessa seara, preceitua o art. 373 do citado Código que o ônus da prova incumbe
tanto ao autor, em relação ao fato constitutivo do seu direito; quanto ao réu, acerca da existência de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Necessário destacar uma diferença entre as regras sobre prova no direito processual, que estão
diretamente voltadas ao curso do processo judicial; e as regras sobre prova no Código Civil que,
voltadas à esfera extrajudicial, são usadas para provar a existência/validade de um ato ou negócio
jurídico (DIDIER, 2008, p. 100).

Meios de prova

Incertos nos arts. 385 a 484 do CPC, quais sejam:

 Depoimento pessoal,
 Confissão,
 Exibição de documentos ou coisa,
 Prova testemunhal,
 Prova pericial e inspeção judicial.

Depoimento pessoal: Depoimento pessoal é o tipo de prova produzida por meio do testemunho
oral prestado por uma das partes em juízo, seja o autor ou o réu.

Já o depoimento pessoal, ou da parte como preferem alguns doutrinadores, tem objetivo


nitidamente probatório. Sobre tal fato, ainda segundo esse mesmo doutrinador, tem-se que:

“Com ele, busca a parte o obter a confissão do adversário, objetivando lograr alcançar prova
robusta em seu favor, e capaz de dispensar outros elementos probatórios aos fatos por ela trazidos
aos autos (...).” (MARINONI, 2010, p. 379)
48

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Como tem objetivo puramente probatório, será considerada confissão presumida o fato da parte
não comparecer à audiência a que tenha sido intimada para colheita de seu depoimento pessoal
(art. 385, §1º, CPC). Aplica-se ao caso, como ensina Alexandre Freitas Câmara (2010, p. 421), a
presunção relativa, o que significa dizer que a pena de confissão poderá ser ilidida pelo conjunto
probatório constante dos autos.

Confissão: Prevista nos arts. 389-395 do CPC, é a admissão, por uma das partes, daquilo que é
arguido em seu desfavor pela parte contrária.

Sobre o tema, discorre Luiz Fux (2008, p. 613):

“A confissão pode ser engendrada por qualquer das partes, pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais (art. 38 do CPC). Havendo litisconsórcio, quer seja simples ou unitário, o regime
da confissão não se altera, por isso a confissão faz prova apenas contra o confidente, não
prejudicando os demais (art. 350 do CPC). Em face do litisconsórcio necessário que se forma nas
causas relativas a direitos reais imobiliários pertencentes aos cônjuges, a imposição da prática
conjunta de atos de disponibilidade implica que a confissão de um deles não vale sem a do outro.
(...) A confissão revela-se desfavorável ao confidente porquanto o fato admitido evita ser provado
pela parte contrária.”

Do exposto, depreende-se o caráter eminentemente pessoal da confissão, mesmo em se tratando


de causas com partes não individuais, visto que por meio desse tipo de prova só é possível versar
sobre direito disponível (art. 392 do CPC).

A confissão poderá ser judicial ou extrajudicial (art. 389, CPC). Será judicial quando feita por escrito
ou por depoimento em juízo. Caso seja objeto de liberalidade da parte, será tida como espontânea;
ao contrário, se resultar da inquirição de seu adversário quando do depoimento pessoal, será do
tipo provocada (art. 390, CPC). A confissão extrajudicial, por seu turno, é feita por escrito à parte ou
a terceiro, fora do trâmite processual.

Há de se chamar a atenção, contudo, que a confissão diz respeito a um fato e não ao pedido
jurídico em questão; isto é, não se reconhece nem e renuncia a direito material alegado pela parte
contrária, apenas há a admissão de determinado fato por ela aduzido no processo (MARINONI,
2010, p. 431).

Por fim, como ensina Fux (2008, p. 616), a confissão goza de significativo valor probante, ao ponto
do CPC dispensar qualquer outra prova em relação aos fatos confessados. No entanto, não pode a
49

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
parte se valer da confissão apenas na medida em que lhe convier, desconsiderando aquilo que não
lhe favorecer, em razão da indivisibilidade da confissão, expressa no art. 395 do CPC.

Exibição de documento ou coisa: Previsão nos arts. 396 a 404 do CPC regulam a atividade de
exibição de documento ou coisa no curso do processo. Trata-se de ação incidental à principal,
chamada ação de exibição, por meio da qual o magistrado, a pedido da parte, acionando a parte
contrária ou mesmo terceiro, requer a apresentação do meio de prova propriamente dito: o
documento ou a coisa (MARINONI, 2010, p. 477-480).

Assim, observa-se que a ação em si não é um meio de prova, mas o meio pelo qual se aciona
alguém (a parte adversária ou terceiro) para a obtenção de uma prova (documento ou coisa).

O art. 404 elenca as causas de dispensa da exibição requerida, as quais, conforme Câmara (2010,
p. 425), se relaciona a questões lesivas à intimidade e á honra do requerido, de sua família, bem
como a dever de sigilo seu. Continua o referido doutrinador:

Prova documental: são em geral todas as coisas que aparecem idôneas a documentar um fato.

Quanto à origem:

 Públicos (se lavrados por oficial público, como escritura de compra e venda de imóveis)
 Particulares (quando não há intervenção de órgão público, sendo elaborado pelos
interessados, como um contrato de locação);

Quanto à forma:

 Originais (os apresentados na forma genuína em que foram produzidos)


 Cópia (quando se trata de reprodução advinda do original)

A prova documental, segundo Marinoni (2010, p. 531), tem por característica típica a circunstância
de, diretamente, demonstrar fato pretérito; e continua dizendo que através desse meio de prova, o
juiz tem conhecimento do fato sem qualquer interferência valorativa outra, que não a sua própria.

Quanto ao momento da prova documental, Medina (2011, p. 258) ensina que

“Deve a prova ser produzida com a petição inicial (art.435 do CPC), admitindo-se “às partes, em
qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos
ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos”.
50

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Prova testemunhal: Previsto nos art. 442 ao art. 463, de acordo com Marinoni (2010, p. 531), é o
meio pelo qual se obtém, das declarações de alguém estranho à relação processual, determinada
versão de como se passaram certos fatos importantes para a definição ao litígio.

Destaque-se que a produção da prova testemunhal poderá ser indeferida, caso o magistrado
entenda serem suficientes as provas existentes nos autos para a devida instrução do processo.
Ainda, poderá ser dispensa se os fatos já foram provados por documento ou confissão; ou se por
documento ou exame pericial puderem ser comprovados os fatos (MEDINA, 2011, P. 263).

Tal tipo de prova distingue-se do depoimento pessoal porque quem presta os esclarecimentos não
são as partes, mas pessoas estranhas à lide, as quais dizem em juízo aquilo que conhecem dos
fatos (o que viram, ouviram, sentiram etc.). Partindo desse pressuposto, o art. 447 do CPC
estabelece que podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas
ou suspeitas, nos termos a seguir, in verbis:

§ 1º São incapazes:

§ 2º São impedidos:

§ 3º São suspeitos:

Acrescente-se, ainda, que o CPC (art. 448), com claro intuito protetivo à testemunha, isentou-a de
depor em relação aquilo que acarrete grave dano a ela mesma ou ao seu cônjuge e aos seus
parentes (consanguíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau), bem como
sobre algo que, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Limitadas a 10(dez), por cada parte processual, após a indicação dos nomes das testemunhas ao
juiz, só pode haver substituição em caso de falecimento, enfermidade que lhe retire as condições
necessárias ao depoimento ou se, por ter mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de
justiça.

Prova pericial: Quando o magistrado não dispõe de conhecimentos técnicos sobre o objeto do
processo, recorre ao auxílio de especialista – o perito. Prevista arts. 464-480 do CPC, a perícia
consiste em realização de vistoria, exame ou avaliação técnica-especializada que só deve ser
utilizada quando o conhecimento técnico a ela inerente for indispensável à formação probatória,
51

devendo ser indeferida quando for desnecessária ou impraticável.


Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
O perito é auxiliar do juízo, designado pelo magistrado entre profissionais capacitados e de sua
confiança. As partes, além de poderem indicar assistente técnico, são intimadas a formular os
quesitos que serão o objeto de trabalho dos peritos.

Como se vê, a atividade pericial não tem forma rígida, pois seu modus operandi dependerá do caso
concreto. Assim, o profissional tem liberdade para conduzir seu trabalho da forma que entenda ser
a melhor, respeitados os limites da legalidade e da moralidade, para a apresentação de elementos
técnicos necessários ao julgamento do caso pelo juiz, fim último de sua designação.

Existindo necessidade, uma segunda perícia poderá ser solicitada, tanto de ofício pelo juiz quanto a
pedido das partes, sem, contudo, haver a invalidação da anteriormente realizada.

Por fim, é importante salientar que o laudo pericial não vincula o magistrado, o qual pode formar seu
convencimento nos demais elementos existentes no processo, nos termos do art. 436 do CPC. Isso
porque, esse laudo é mais um meio de prova dentro do processo, devendo ser valorado e apreciado
na mesma forma que os demais.

Inspeção judicial: Encerrando os meios de prova típicos disciplinados no Código de Processo Civil,
tem-se a inspeção judicial, exame de coisa ou pessoa realizado pelo próprio juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, em qualquer fase do processo (art. 481), com o intuito de esclarecer fatos
relacionados à causa em análise.

Apesar de ser atividade sua, o juiz poderá valer-se de um ou mais peritos nos casos de inspeção
direta. Sempre que julgar necessário; ou não puder a coisa ser apresentada em juízo; ou se trate de
reconstituição dos fatos, o juiz se deslocará até o local onde esteja a pessoa ou a coisa a ser
inspecionada.

É direito das partes acompanhar a realização da inspeção, inclusive para prestar esclarecimentos e
fazer observações que reputem de interesse para a causa (parágrafo único do art. 483, CPC).
Conclusa a inspeção, tudo que dela tenha se apurado que seja útil ao julgamento deverá constar de
auto circunstanciado, lavrado por determinação do magistrado (art. 484, CPC).

TGP II ENTREGA DA PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL
52

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
A entrega da prestação jurisdicional consiste na prolação da decisão final, com o transito em
julgado, e a efetivação da coisa julgada.

Sentença:

Conceituada pelo legislador em 1973, como o ato que põe fim ao processo. A sentença é um ato
jurídico-processual, à vista do § 1º do art. 203 do CPC que pode extinguir o processo sem resolver
o mérito (art. 485) como podem extingui-lo com resolução de mérito (art. 487).

A sentença estrutura-se, a partir de três elementos essenciais:

 Relatório;
 Fundamentação; e
 Dispositivo.

Eles encontram previsão no art. 489 do CPC/15:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e
da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.

Classificação clássica da sentença em dois tipos:

 Terminativas e
 Definitivas.

Sentenças terminativas: são os pronunciamentos do juiz que põem fim ao processo, porém sem
resolver o mérito.

Sentenças definitivas: são os pronunciamentos do juiz que decidem, total ou parcialmente, o


mérito da causa, assegurando à parte a tutela jurisdicional (objeto da demanda) pretendida
mediante o exercício do direito de ação.

Apesar disso, seja a sentença terminativa, seja a sentença definitiva, os seus elementos
componentes permanecem incólumes. Haverá sempre a necessidade de relatório, fundamentação
e dispositivo.

Dispositivo é a conclusão a que chega o julgador após a exposição de ideias na fundamentação,


que embasa e informa as suas razões de decidir de tal ou qual maneira em meio a tantas opções
53

igualmente viáveis. Mas o dispositivo não é uma conclusão qualquer. É uma conclusão de conteúdo
Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
decisório, que contém um comando, uma ordem judicial que incidirá sobre o mundo dos fatos
(realidade fática), podendo transformá-lo ou não.

Sentença homogênea: quando somente contém capítulos que resolvem o mérito.

Sentença heterogênea: quando tem capítulos mistos, que analisa questões processuais e
resolvem o mérito.

Sendo assim, num mesmo dispositivo, pode haver capítulos puramente processuais como pode
haver capítulos de mérito. Se uma sentença contém apenas capítulos de um tipo, ela será
considerada uma sentença homogênea (p. ex.: sentença contém apenas capítulos que resolvem o
mérito, pois o réu não alegou em sua resposta nenhuma das preliminares processuais constantes
do art. 337 do CPC). Já na hipótese de a sentença conter capítulos mistos, que ora decidem
questões puramente processuais, ora conferem resolução a questões de mérito, ter-se-á uma
sentença heterogênea.

Abaixo, exemplificações da sentença em capítulos:

Processos com cumulação de pedidos, o juiz deverá proferir um pronunciamento para cada deles.

O dispositivo da sentença conterá a resolução de vários pedidos cumulados, a decisão sobre cada
um deles constituirá um capítulo.

Ex.: ação de indenização na qual o autor pede indenização por danos morais e materiais. Nessa
hipótese, o juiz decidirá de tal forma a que, na parte dispositiva da sentença, haja um capítulo para
o dano material e outro para o dano moral.

Ex.: ação de cobrança na qual o autor pede R$ 100.000,00 do réu, o juiz decidirá, no mérito, se
acolhe ou não a integralidade do pedido formulado na petição inicial. Caso o juiz se convença de
que a dívida do réu não é de R$ 100.000,00, mas tão só da metade, a sentença conterá dispositivo
com pelo menos dois capítulos: o primeiro deles julga procedente o pedido quando ao pagamento
do valor de R$ 50.000,00; o segundo julga improcedente o pedido de pagamento na mesma
extensão. Portanto, sempre que um pedido for julgado parcialmente procedente, estar-se-á diante
de, no mínimo, dois capítulos da sentença.

Recursos:
54

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Recurso cabível da sentença, terminativa ou definitiva é APELAÇÃO, a qual é interposta no juízo de
1º Instância, sendo o juízo de admissibilidade a cargo da 2ª Instância, bem como a atribuição dos
efeitos.

 Recurso total é aquele que impugna todos os capítulos da sentença.


 Recurso parcial é aquele que impugna apenas alguns capítulos.

É assim igualmente que se desenvolve a estratégia processual da parte, que pode devolver ao
tribunal o conhecimento de toda a matéria impugnada ou limitar o efeito devolutivo do recurso,
conferindo à devolução um caráter mais restrito. Aplica-se aqui a tradição construída desde os idos
do Direito Romano, segundo a qual tantum devolutum quantum appellatum, brocardo incorporado
pelo caput do art. 1.013 do CPC:

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo
impugnado.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito
quando:

Note-se que a redação do §1º do art. 1.013 do CPC alude explicitamente aos capítulos impugnados,
o que é clara decorrência da teoria dos capítulos da sentença, utilizados na sistemática recursal do
código como parâmetro limitador da extensão do efeito devolutivo do recurso de apelação.

O § 1º do art. 509 do CPC autoriza a execução da parte líquida da sentença concomitantemente à


liquidação, em autos apartados, da parte ilíquida. Essas “partes” a que se reporta o texto legal
devem, em verdade, ser lidas como as “partes dispositivas” do provimento jurisdicional. Portanto, a
norma do art. 509, § 1º, só é inteligível se se admitir que o CPC trabalha em sua sistemática de
liquidação a partir da teoria que permite capitular o dispositivo de uma decisão judicial.

Dessa maneira, à luz de todos esses exemplos conjugados, seja na teoria da decisão judicial –
sobretudo no que concerne aos elementos da sentença -, seja na liquidação de sentença, seja na
extensão do efeito devolutivo dos recursos (tantum devolutum quantum appellatum), conclui-se que
a teoria dos capítulos da sentença encontra-se amplamente incorporada à sistemática geral do
Código de Processo Civil (Lei 13.105/15).

O recurso de apelação em regra, é recebido no duplo efeito, ou seja no efeito suspensivo e


devolutivo, artigo 1.012.

Transito em julgado, ocorre do decurso do prazo recursal, que ocorre através da:
55

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Ausência de cabimento de recurso.

Não interposição de recurso.

A parte dispositiva da sentença é que transita em julgado.

Coisa Julgada

A coisa julgada consiste nos efeitos que a sentença transitada em julgado atinge.

A origem da coisa julgada é atribuída ao direito romano, à chamada "res judicata". A justificativa de
tal instituto à época é muito semelhante à justificativa atual: pacificação social e segurança jurídica.

A coisa julgada está relacionada com a sentença judicial, sendo a mesma irrecorrível, ou seja, não
admite mais a interposição de qualquer recurso, tornado esta, assim, imutável.

A coisa julgada é uma garantia constitucional e encontra amparo no artigo 5º inciso XXXVI da
Constituição da República Federativa do Brasil, conhecida também como Carta Magna, a saber: “A
Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” E ainda nos artigos
502, e seguintes do Código de Processo Civil.

Características:

 Sentença transitada em julgado: irrecorrível, não admitindo recursos capazes de altera-la.


 Imutabilidade da sentença: possibilidade do juízo competente, a pedido da parte
interessada, dar novo provimento judicial.

A Ação Rescisória, por exemplo, é um mecanismo que torna a discutir questões anteriormente
consideradas imutáveis, onde o trânsito em julgado não é um óbice, mas sim pressuposto de
cabimento.

Objetivo:

Trazer a segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo.

Imprimir segurança aos julgados, evitando que litígios idênticos sejam novamente ajuizados, o que
56

geraria desordem e discussões infindáveis.


Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:
prof.manonrodrigues@gmail.com.
Tipos da Coisa Julgada

 Material
 Formal

Coisa Julgada Material – tem a sua definição estabelecida pelo artigo 502 do Código de Processo
Civil, o qual estabelece que: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade, que torna imutável e
indiscutível a decisão de mérito, não mais sujeita a recurso.”.

A coisa julgada material é aquela que advém de uma sentença de mérito, como nas hipóteses
estabelecidas pelo diploma processual civil nos casos em que juiz decide com resolução do mérito,
quando acolhe ou rejeita o pedido do autor, o réu reconhece a procedência do pedido; quando as
partes transigirem, quando o juiz pronuncia a decadência ou a prescrição, e quando o autor
renuncia ao direito sobre que se funda a ação.

O principal efeito de uma decisão de mérito é a “impossibilidade” da reforma do provimento judicial,


seja no mesmo processo ou em outro. Verifica-se assim que não se pode submeter à mesma
demanda ao judiciário, diferentemente da coisa julgada formal.

Ex.: Ação de reparação de danos, ou outra de qualquer natureza, em face do réu, e o juiz julga
improcedente o pedido do autor, que não recorre, tal decisão é um exemplo de ocorrência da coisa
julgada material.

Coisa Julgada Formal - é a impossibilidade de modificação da sentença no mesmo processo,


como consequência da preclusão dos recursos.

Depois de formada a coisa julgada, o juiz não pode mais modificar sua decisão, ainda que se
convença de posição contrária a que tinha anteriormente adotado.

Só tem eficácia dentro do processo em que surgiu e, por isso, não impede que o tema volte a ser
agitado em nova relação processual. É o que se denomina Princípio da inalterabilidade do
julgamento.
57

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Todas as sentenças fazem coisa julgada formal, mesmo que não tenham decidido à disputa
existente entre as partes.

Ex.: A coisa julgada formal é aquela que advém de uma sentença terminativa, como nas hipóteses
em que o processo será extinto pelo juiz, quando indeferir a petição inicial, quando o processo ficar
parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes, quando, por não promover os atos e
diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias, quando se
verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo, quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada,
quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual, pela convenção de arbitragem, quando o autor
desistir da ação, quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal, quando
ocorrer confusão entre autor e réu.

Definições:

Petição Inicial - é a peça processual que instaura o processo jurídico, levando ao Juiz-Estado os
fatos constitutivos do direito, também chamados de causa de pedir, os fundamentos jurídicos e o
pedido.

Perempção – é a perda do direito de ação. Ou seja, de demandar acerca do mesmo objeto da ação,
quando o autor abandona o processo por três vezes.

Litispendência - ocorre a litispendência quando duas causas são idênticas quanto às partes, pedido
e causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza uma nova ação que repita outra que já fora ajuizada,
sendo idênticas as partes, o conteúdo e pedido formulado.

O principal efeito de uma decisão terminativa é a impossibilidade da reforma do provimento judicial


no mesmo processo, porém, é proibido ao autor propor demanda semelhante ao judiciário.

Limites da Coisa Julgada

A coisa julgada pode ter limites objetivos e subjetivos.


58

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.
Limites objetivos: restrita ao julgamento o pedido, a imutabilidade da coisa julgada pode ser
estendida, se uma das partes o requerer, por meio da chamada ação declaratória incidental, a uma
questão de direito material que constitua pressuposto necessário do julgamento do pedido, a
questão prejudicial.

Limites subjetivos: relacionado às pessoas que, em razão da coisa julgada, não podem mais
discutir a certeza do direito apreciada na sentença. A regra geral, decorrente das garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa, é a de que a coisa julgada somente vincula as
partes, porque ninguém pode perder um direito em decorrência de um processo judicial em que não
teve ampla oportunidade de se defender.

Coisa julgada em relação às partes e a terceiros

A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando
terceiros.

Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio
necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.

Eficácia de Preclusão na Coisa Julgada

O instituto da preclusão é, no direito processual, a perda do direito de agir nos autos em face da
perda da oportunidade, conferida por certo prazo.

É proibido à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito se


operou a preclusão.

A eficácia preclusiva da coisa julgada impede que certas questões não apreciadas pelo juiz possam
vir a ensejar em outro processo um novo julgamento do mesmo pedido, como por exemplo,
argumentos de defesa de que o réu não fez uso ou certos fatos secundários de que o próprio autor
não se utilizou.
59

Prof.ª MANON WEBER RODRIGUES_TEORIA GERAL DO PROCESSO II_UCAM_E-MAIL:


prof.manonrodrigues@gmail.com.

Potrebbero piacerti anche