Sei sulla pagina 1di 4

II.

Princípios

As providências cautelares têm que respeitar essencialmente três princípios: princípio da


tutela judicial efectiva, princípio da separação de poderes e princípio da processão do
interesse público.

Na base das providências cautelares encontra-se o princípio nuclear da tutela judicial efectiva
dos direitos e interesses legítimos dos cidadãos. [4]

Com a Reforma do Contencioso Administrativo, veio suprimir-se uma lacuna grave, que
respeitava à ausência de instrumentos adequados, que garantissem uma tutela efectiva, fora
dos casos de suspensão do acto.

Desta forma, o princípio da tutela judicial efectiva encontra-se, neste momento, plenamente
tutelado, não se limitando as providências cautelares a determinado tipo de pretensões dos
particulares, proporcionando-se assim uma proteção adequada dos direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos, perante quaisquer actuações ilícitas da Administração.

Seguidamente, com o novo sistema de protecção judicial cautelar, importa ter em conta o
princípio da separação de poderes, que também deve ser assegurado pelas mesmas. Existe,
assim, a possibilidade de os tribunais condenarem a Administração na adopção ou abstenção
de condutas, desde que não seja violado o núcleo essencial da função administrativa. [5]

Por último, deve ter-se em consideração o princípio da processão do interesse público, visto
que na concessão da tutela cautelar, devem ser ponderados de forma equilibrada, dois
princípios constitucionais, o princípio do interesse público e o princípio do respeito pelos
direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.

III. Características

As providências assentam em três características: instrumentalidade, provisoriedade e


sumaridade.

Em virtude de uma função de prevenção contra a demora, as providências cautelares


caracterizam-se pela instrumentalidade em relação à acção principal [6], que tem como
objecto a decisão sobre o mérito. Desta forma, a decisão cautelar não deve antecipar a decisão
principal, para não se correr o risco de esvaziar o conteúdo da decisão definitiva.

Compreende-se que esta proibição não prejudica o facto de se conseguir, no título


provisório, aquilo que no processo principal, se alcançará a título definitivo. [7]

Assim, através das providências cautelares é alcançada a satisfação provisória dos interesses
que resultam da relação material controvertida.

A segunda característica é a provisoriedade, visto que a solução que for adoptada será
sempre provisória (decisão transitória) e irá caducar com a execução da decisão principal.
Inevitavelmente, os efeitos da decisão cautelar possuem uma duração temporal limitada e são
ineptos de formar caso julgado, no âmbito do processo cautelar e do processo principal. [8]

Falta ainda ser analisada a característica da sumaridade, que determina o carácter urgente
das providências cautelares.
Neste caso, e tendo em conta a necessidade de urgência, o deferimento ou indeferimento
das providências deve assentar na apreciação sumária dos factos apresentados, exigindo-se
um juízo de mera probabilidade sobre a existência do direito que se pretende acautelar.

IV. Requisitos

O decretamento das providências cautelares encontra-se condicionado a três requisitos


fundamentais:

i) A Perigosidade (“periculum in mora”)

Este requisito é referido no art.º 120º CPTA quando se exige que “haja fundado receio da
constituição de uma situação de facto consumado ou da produção de prejuízos de difícil
reparação (…)” para os interessados, ou seja, perigo de dano iminente e irreparável.

Desta forma, deve ser realizado um juízo de prognose, para se apurar se há razões, ou não,
para se proceder à concessão de uma cautela justificada, cabendo ao requerente provar o
fundado receio.

Além disso, as providências cautelares devem basear-se em critérios concretos, em função


da utilidade da sentença e não, em critérios puramente abstractos.

Nas providências conservatórias, é exigido o periculum in mora de infrutuosidade, com o


intuito de manter a situação existente, e nas providências antecipatóricas, o periculum in mora
de retardamento, com vista a antecipar a solução pretendida.[9]

No entanto, segundo o art.º 120/1 alínea a) do CPTA, este requisito não é exigido quando
seja evidente a procedência da pretensão formulada.

ii) Juridicidade material (“fumus boni iuris”)

“A decisão da providência destina-se a acautelar, precária e transitoriamente, a eficácia de


outra decisão a proferir mais tarde, através de uma apreciação perfunctória, baseada
sobretudo em percepções recolhidas da experiência e do senso comum e não através da
formação de uma convicção segura sobre a existência e bondade do direito invocado.” [10]

Segundo o art.º 112/1, in fine, do CPTA, a adopção de providências cautelares, sejam estas
conservatórias ou antecipatórias, visam apenas assegurar a utilidade da sentença a proferir na
acção principal e não a antecipar a decisão a proferir nessa acção.

Desta forma, este requisito traduz-se na exigência de que o direito acautelado seja tratado
como uma simples probabilidade, e não como um direito efectivamente existente.[11]

O juiz tem o poder e o dever de avaliar a probabilidade da procedência da acção principal,


verificando a existência do direito invocado ou da sua ilegalidade, devendo existir uma
aparência de procedibilidade da decisão final, confirmativa do juízo antecipatório. [12]

Nesses termos, se o particular aparentemente tem razão e a acção provavelmente terá


sucesso, deve conceder-se a providência cautelar, visto que, para isso, basta que o
fundamento substancial da pretensão seja adequado.
No caso de providências conservatórias, é suficiente que não seja manifesta a falta de
fundamento da pretensão formulada ou a formular no processo principal. (cf. artº120º, nº1,
b), in fine, do CPTA- fumus boni iuris, na sua formulação negativa).” [13]

iii) Proporcionalidade

Esta característica implica que sejam ponderados todos os interesses, através da sua
avaliação num juízo de prognose.

Se os requisitos anteriormente referidos estiverem preenchidos, (periculum in mora e fumus


boni iuris) mas “da ponderação dos interesses públicos e privados em presença decorra que os
danos resultantes da concessão da providência (…) ”[14] são superiores àqueles que podem
resultar da sua recusa, não deve ser concedida a providência cautelar, porque levará a um
prejuízo superior para o requerido.

Sendo assim, este requisito tem uma especial relevância, devendo existir um equilíbrio entre
os interesses em causa, atendendo-se aos danos e prejuízos que poderão resultar, se for
concedida a providência.

Esta ideia de proporcionalidade também surge tanto na dimensão de necessidade, visto que
as providências devem limitar-se ao necessário para evitar a lesão dos interesses defendidos
pelo requerente (Art.º 120/2 CPTA), como na dimensão da adequação, devendo ser adequadas
ao caso concreto, ou seja, à natureza e força jurídica dos diversos bens em conflito.

Como refere o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, de 25-03-2010, existe a


“possibilidade de decretamento de providências cautelares de qualquer tipo desde que elas
sejam adequadas a assegurar a utilidade da sentença e se limitem ao estritamente necessário
para evitar a lesão, permitindo até que o Tribunal decrete outras providências para além da
requerida (…) ” concluindo-se que existe uma margem de decisão muito ampla por parte do
Tribunal.

V. Conclusões

Conclui-se que a Reforma do Contencioso Administrativo de 2004 teve um papel


fundamental na garantia da tutela jurisdicional cautelar, plena e efectiva.

Verificando-se, após a análise dos vários requisitos enunciados, que estes indicam um
caminho mais seguro para a tutela dos interesses discutidos e para o controlo das decisões
judiciais.

Para além do mais, as condições de procedência das providências cautelares são de


verificação cumulativa, pelo que devem estar preenchidos todos os requisitos, sejam, o da
perigosidade (“periculum in mora”), o da juridicidade material (“fumus boni iuris”) ou o da
proporcionalidade, para que a providência seja julgada improcedente. [15]

Desta forma, a procedência ou a improcedência da acção principal é manifesta, conforme


previsto no art.º 120º do CPTA, não subsistindo dúvidas quanto à legalidade ou ilegalidade do
acto, visto que em casos concretos esta pode ser facilmente detectada, tendo em conta os
elementos constantes do processo.
“Na verdade, o que é manifesto, é líquido, salta à vista, não oferece dúvida.” [16]

Marisa Figueira, nº 20768

Bibliografia:

Almeida, Mário Aroso de - “Manual de Processo Administrativo”, Almedina, 2010;

Andrade, José Carlos Vieira – A Justiça Administrativa (Lições), Almedina, 2009, 10ª edição;

Henriques Filho, Ruy Alves – Providências especiais, urgentes e cautelares no Contencioso


Administrativo Português, 2009;

Maças, Fernanda – As Medidas Cautelares, in Reforma do Contencioso Administrativo, vol. I,


Coimbra Editora, 2003;

Quadros, Fausto de – Algumas considerações gerais sobre a Reforma do Contencioso


Administrativo, em especial, as Providências Cautelares, in Reforma do Contencioso
Administrativo, vol. I, Coimbra Editora, 2003;

Serra, Manuel Fernando dos Santos – Breve apontamento sobre as Providências Cautelares no
Novo Contencioso Administrativo, Coimbra Editora, 2006.

Potrebbero piacerti anche