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Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
Vara Única da Comarca de Ascurra
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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5000127-22.2019.8.24.0104/SC


IMPETRANTE: PATRICIA DOS SANTOS CE
IMPETRADO: PAULO ROBERTO WEISS

DESPACHO/DECISÃO

PATRICIA DOS SANTOS CÉ impetrou mandado de segurança, com pedido


liminar, contra PAULO ROBERTO WEISS, Prefeito do Município de Rodeio, sob o
argumento de que a autoridade coatora praticou ato ilegal consistente na instauração de
processo administrativo disciplinar contra a impetrante, por meio da Portaria n. 9095/2019,
datada de 31/05/2019, sem contudo indicar de forma mínima e concreta os atos e/ou fatos
irregulares a ela imputados.

Aduziu, ainda, que por meio da mesma portaria o impetrado a afastou


preventivamente do serviço público, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, sem indicar motivo,
tampouco os pressupostos de fatos e de direito, com o desconto, ademais, de um terço de sua
remuneração (Evento 1/INIC1).

É o relatório. Decido.

A concessão de liminar em mandado de segurança requer a coexistência de dois


pressupostos normativos, consubstanciados no art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2009, quais sejam,
a relevância do fundamento alegado pelo impetrante, cabendo-lhe comprovar a violação do
seu direito líquido e certo ou a sua iminente ocorrência (fumus boni iuris), bem como a
possibilidade de ineficácia da medida se concedida apenas ao final (periculum in mora).

O mandado de segurança é demanda de cognição sumária, que exige a


comprovação imediata do direito líquido e certo que se reputa violado. A doutrina identifica
direito líquido e certo com o conceito de direito comprovado de plano (por todos, Hely Lopes
Meirelles, Mandado de Segurança, fl. 37. 28ª ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2005).

Dessa feita, quanto ao fumus boni iuris, não é a mera prova do direito que
autoriza a concessão da liminar, mas sim "a elevada probabilidade de êxito da pretensão, tal
como nela formulada" (STF, MS 31816 MC-AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator para
Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2013).

A urgência para concessão de liminar em mandado de segurança é identificada


pelo risco de ineficácia da medida postulada acaso concedida somente ao final da demanda. A
jurisprudência, a propósito, reconhece que a natureza satisfativa da tutela liminar
em mandado de segurança - ou seja, quando a liminar se confunde com o mérito da ação
- reforça a exigência de seus pressupostos para sua concessão.

Sobre a matéria discutida no caso concreto, sabe-se que o processo


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administrativo disciplinar se desenvolve em diversas fases, que podem ser resumidas em três:
a) instauração, b) instrução, e c) decisão.

O PAD, consoante esclarece Alessandro Dantas Coutinho (in Manual de Direito


Administrativo. 2. ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodvm, 2018. p. 416), "começa sempre
com um ato administrativo determinando sua instauração, que pode ser precedido ou não de
uma sindicância ou procedimento apuratório anterior".

Acerca da fase de instauração, o autor elucida:

Geralmente, a autoridade competente edita uma portaria de instauração (...). Importante é que
esse ato, a portaria ou equivalente, contenha os elementos necessários para que o servidor
exerça sua ampla defesa, com a individualização da conduta a ele atribuída e a capitulação
correspondente, ainda que esta possa ser posteriormente modificada. (Destaquei).

José dos Santos Carvalho Filho (in Manual de Direito Administrativo. 32. ed.
São Paulo: Atlas, 2018. pp. 1054-1055) explica ainda que:

(...) o processo administrativo disciplinar não tem uma regra única de tramitação. Como
figuram nos estatutos funcionais, e estes são resultado do poder de auto-organização das
pessoas federativas, o procedimento sofre algumas variações embora não lhe seja lícito
afrontar qualquer mandamento constitucional ou legal. (...)

O ato de instauração deve conter todos os elementos relativos à infração funcional, como o
servidor acusado, a época em que ocorreu e tudo o que possa permitir o direito de ampla
defesa por parte do acusado. Conquanto os fatos devam ser relatados com a maior fidelidade
possível, à semelhaça do que ocorre com a denúncia oferecida pelo Ministério Público no
processo penal, revela-se possível que, após a instrução, seja complementada a situação fática
que dá suporte à acusação. O que não se pode é descartar a oportunidade de conferir-se ao
acusado o direito ao contraditório e à ampla defesa. (Grifei).

Na hipótese em liça, da análise da petição inicial, verifico que estão presentes os


requisitos mencionados para a concessão do pleito liminar.

O fumus boni iuris restou demonstrado por meio da Portaria n. 9095/2019


(Evento 1/PORT 3), da qual se oberva que não foi indicada a conduta na qual a impetrante
supostamente incidiu (o que deve ser feito de forma precisa), tampouco por qual fundamento
(legal) a suposta atitude ensejou a instauração do aludido processo administrativo disciplinar
(PAD), fato que, de forma indubitável, compromete o exercício pleno dos direitos à ampla
defesa e ao contraditório da servidora.

Por outro lado, o periculum in mora decorre do fato de no referido PAD ter
sido designada audiência para amanhã (14/06/2019), no intuito de instruí-lo e assim reunir
elementos de prova acerca da ocorrência ou não de suposta conduta que sequer foi
precisamente indicada (Evento 1/Anexo 6) - o que, consoante já tratado, viola preceito
constitucional.

Nessa linha de intelecção, recentemente decidiu a egrégia Corte Catarinense:

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.

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PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PORTARIA GENÉRICA DE
INSTAURAÇÃO. PENA DE ADVERTÊNCIA APLICADA SUMARIAMENTE. SENTENÇA
QUE CONCEDEU A SEGURANÇA E ANULOU O PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR E A PENALIDADE IMPOSTA. RECURSO DA AUTORIDADE COATORA.
NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO VERIFICADA. PORTARIA DE
INSTAURAÇÃO QUE NÃO DESCREVE MINIMAMENTE OS FATOS A SEREM
APURADOS. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA. PENA DE ADVERTÊNCIA. PUNIÇÃO SUMÁRIA. NULIDADE. RECURSO
DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REMESSA NECESSÁRIA. (TJSC,
Apelação Cível n. 0000544-05.2013.8.24.0061, de São Francisco do Sul, rel. Des. Rodolfo
Cezar Ribeiro Da Silva Tridapalli, Quarta Câmara de Direito Público, j. 06-06-2019).
(Destaquei).

Além disso, observo que na Portaria em voga (a qual, como visto, padece de
requisitos legais) foi determinada a suspensão preventiva da servidora, com redução de 1/3
(um terço) de seus vencimentos, circunstância que também expressa o perigo da demora,
tendo em vista a redução inesperada/suspresa de seus proventos.

Conclusão

Ante o exposto, com espeque no artigo 7º, III, da Lei 12.016/2009, DEFIRO a
liminar pleiteada para determinar a suspensão do processo administrativo disciplinar (PAD)
instaurado por meio da Portaria n. 9095/2019 (Evento 1/PORT3), com a consequente
recondução da impetrante ao cargo e percepção integral dos vencimentos.

Notifique-se a autoridade tida como coatora para, em até 10 (dez) dias, dar
cumprimento a esta ordem, bem como apresentar suas informações.

Com as informações, vistas aos Ministério Público.

Na sequência, voltem conclusos. Intimem-se.

Documento eletrônico assinado por JOSMAEL RODRIGO CAMARGO, Juiz de Direito, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no
endereço eletrônico https://eproc1g.tjsc.jus.br/eproc/externo_controlador.php?acao=consulta_autenticidade_documentos,
mediante o preenchimento do código verificador 310000038282v15 e do código CRC 24e06438.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): JOSMAEL RODRIGO CAMARGO
Data e Hora: 13/6/2019, às 19:31:16

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