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Volume 1
Apresentação ….............................................................................................................. 05
OBJETIVOS
Compreender o sentido da palavra tecnologia em suas diversas nuances, integrando
saberes de áreas distintas.
Conceber a escrita como processo tecnológico em contínuo aperfeiçoamento.
Perceber o papel fundamental da escrita na criação de outras tecnologias.
Entender a importância da escrita nas práticas do homem como ser social e culturalmente
ativo.
Relacionar os processos de “leitura” e “escrita”, entendendo-os como indissociáveis.
Aplicar esse conhecimento teórico nas práticas de leitura e escrita voltadas às áreas de
Ciências e Tecnologia e de Tecnologia da Informação.
O que é tecnologia?
Como podemos inserir a escrita no campo das tecnologias?
O que torna a escrita uma prática social?
De que maneira a escrita contribui para o surgimento e o desenvolvimento de outras
tecnologias?
Por que a leitura e a escrita são processos inter-relacionados?
Pensemos um pouco sobre o que entendemos a priori por tecnologia...
Que tal adicionarmos ao seu conceito pessoal alguns outros, a começar pelo sentido
sugerido por verbetes de alguns dicionários de língua portuguesa?
TECNOLOGIA, segundo:
a) dicionário Houaiss – 1. teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos,
métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana;
b) dicionário Aurélio – s.f. Tratado das artes e ofícios em geral; vocabulário privativo de uma
ciência, de uma arte, de uma indústria;
c) dicionário Aulet Digital – 1. Conjunto das técnicas, processos e métodos específicos de
uma ciência, ofício, indústria; ciência que trata dos métodos e do desenvolvimento das artes
industriais.
Vejamos o que diz a esse respeito o Engenheiro José Ernesto Lima Gonçalves, em artigo
publicado na Revista de Administração de Empresas.
O que a escrita tem a ver com isso? É o que veremos no tópico a seguir.
A escrita, assim como as demais tecnologias, exige que os usuários dominem seus
mecanismos para, dessa maneira, utilizarem-na em prol do desenvolvimento social.
Exemplo 1
REMOC ORODA UE
LEM MOC ANANAB
AIEVA E
É possível “ler” o texto acima? Trata-se de um “texto”? Será um texto apenas se for possível
atribuir a ele um sentido. Talvez o conhecimento acerca de algumas informações sobre o sistema
adotado possa ajudar: no hebraico e no
árabe, os textos são escritos e lidos em
linhas horizontais (como na nossa língua), de
cima para baixo (também nisso há
semelhanças entre nós), mas da direita para
a esquerda (o oposto da direção que nós
seguimos). Observe se, com essas dicas, é
Figura 5: A evolução da escrita, do ponto de vista da tecnologia.
possível agora ler o que está escrito. Fonte: Educarede Fundação Telefônica (2003?).
A essa altura, você já deve estar
percebendo que a tecnologia da escrita não consiste apenas no conhecimento de vocábulos; pelo
contrário, dominar o código é conhecer a organização de seus constituintes e o modo como eles
são utilizados (tanto na escrita quanto na leitura). Retornando à discussão sobre a relação entre
leitura e escrita, devemos compreender, pois, que lemos porque antes alguém escreveu e
escrevemos respondendo a textos lidos.
Em muitas ocasiões, falamos a partir de conhecimentos que obtivemos por meio de
práticas de leitura e escrita antes vivenciadas. Ouvimos uma conversa e a associamos a um texto
lido ou, a partir dessa conversa, somos levados a escrever algo. Trata-se de um ciclo sem fim, que
constitui a (e é continuamente constituído pela) sociedade grafocêntrica, ou seja, a sociedade
cujas demandas se pautam pelo uso da escrita. Todos nós vivemos nesse tipo de sociedade, já que
estamos mergulhados em um mundo de escrita impressa e/ou digital.
Exemplo 2
Observe o anúncio de emprego a seguir.
Exemplo 3
Vimos até aqui que as pessoas escrevem com diferentes propósitos comunicativos:
lembrar-se de algo, contratar alguém, estudar. A escrita de si é também um importante exercício.
Nele, o escrevente “imprime” no texto as imagens que deseja projetar de si para o leitor. Partindo
desse pressuposto, leia uma breve biografia de Alberto Manguel. Você sabe quem é ele?
ALBERTO MANGUEL
Atividade
Observe o enunciado.
766f6365206520756d20626f6d206c6569746f72.
O que está escrito nesse enunciado? Facilitaria se você soubesse qual o código utilizado por
quem o escreveu? O código utilizado foi o Hexadecimal. Veja se, com o quadro de
correspondências a seguir, é possível decifrar o enunciado. Depois, preencha o espaço deixado ao
lado da escrita numérica com a sua descoberta.
o = 6f u = 75 e = 65
v = 76 b = 62 r = 72
t = 74 m = 6d c = 63
l = 6c i = 69 espaço = 20
Diante de tudo o que foi exposto, devemos salientar dois pontos. O primeiro é que a escrita
deve ser entendida como uma tecnologia que vem sendo desenvolvida há milhões de anos e que
tem um papel fundamental na criação de outras tecnologias. Para compreender melhor essa
ideia, é preciso definir o termo “tecnologia” como processo e/ou produto criado pela inteligência
humana para promover mudanças na natureza.
Ocorre que, ao mudar a natureza devido ao uso de tecnologias, as pessoas acabam por
modificar suas próprias vidas, uma vez que a tecnologia altera não apenas os modos de
representar o mundo e seus processos, mas também a maneira de se relacionar com eles.
Um exemplo disso é a possibilidade de um residente em Natal se comunicar oral e
visualmente, em tempo real, com alguém que está em Tóquio, por exemplo, via Skype. Há poucos
anos, isso seria inimaginável. A tecnologia trouxe-nos essa possibilidade, e os estudos que
culminaram na criação, processamento, comercialização e uso do Skype se devem, em boa parte,
a muitos textos lidos e escritos.
Fundamentados no conteúdo discutido ao longo desta aula, podemos, pois, responder às
questões propostas no tópico “Iniciando nossa conversa”.
O que é tecnologia?
Tecnologia é um conjunto (sistema) de técnicas, ferramentas, conhecimentos e métodos
criados e aperfeiçoados continuamente pelo homem para atender a suas necessidades pessoais
e sociais.
* Texto
GONÇALVES, José Ernesto Lima. Os impactos das novas tecnologias nas empresas prestadoras de
serviços. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.34, n.2, p.63-81, jan./fev.1994.
Disponível em: <http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/10.1590_S0034-759019940
00100008.pdf>. Acesso em: 31 out. 2012.
* Vídeos
BOOK: a revolução tecnológica. 1 Vídeo (3m13s). Disponível em: <http://www.youtube.com/w
atch?v=3QMVoHOJ5A0&feature=related>. Acesso em: 31 out. 2012.
HISTÓRIA da escrita: do papiro ao computador – parte 1. 1 vídeo (8m26s). Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=r7yeiRtc1fA>. Acesso em 31 out. 2012.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, discutimos a respeito dos conceitos de tecnologia, leitura e escrita, partindo de
concepções diversas, a fim de compreender a escrita como tecnologia, fundamental para a
criação e o desenvolvimento de tantas outras tecnologias.
AVALIAÇÃO
Tomando como base os questionamentos iniciais e os conhecimentos construídos ao longo
da aula, esboce um pequeno comentário que justifique por que a escrita deve ser considerada
tecnologia. Para tanto, acesse o vídeo “Book”, sugerido no tópico “Para saber mais”.
Seu comentário deverá obedecer às seguintes orientações:
- contemplar três aspectos (conceito de tecnologia, funções da tecnologia para o homem e
mecanismos para uso da tecnologia) que relacionem o tema “escrita como tecnologia”, o
conteúdo exposto e o vídeo selecionado;
- apresentar, no mínimo, 10 linhas e, no máximo, 15 (em fonte Times New Roman ou Arial,
tamanho 12).
- postar o comentário no Sigaa, utilizando o menu “atividades” e, em seguida, a ferramenta
“tarefas”.
Obs.: aos textos que não seguirem rigorosamente as orientações explicitadas no comando será
atribuída a nota zero.
02 – Leitura como processo de semiotização
VOCÊ VERÁ POR AQUI...
... alguns conceitos de leitura e a discussão de questões pertinentes a esse tópico. Além disso,
verá que existem modalidades diferentes de leitura (de textos verbais e de textos não verbais) e o
quanto essa habilidade é importante para nossa relação com o mundo.
OBJETIVOS
Compreender a leitura como processo de semiotização.
Conceituar leitura.
Entender a existência de leituras adequadas e inadequadas, tendo em vista a possibilidade
de um enunciado não estar aberto a qualquer interpretação.
Perceber a leitura como atividade que envolve diversas habilidades e conhecimentos.
Aplicar o conhecimento teórico às práticas de leitura e escrita.
Que tal fazermos um pré-teste? Responda a essas perguntas antes de continuar lendo e, ao
final desta aula, veja se você mudaria alguma resposta.
É provável que você já tenha experimentado a sensação de não conseguir atribuir sentido a
um texto, a ponto de achá-lo incompreensível. Não se desespere. Isso pode acontecer com
qualquer um. Ocorre que não basta ser alfabetizado para conseguir ler um texto (ou qualquer
texto), outras competências são necessárias. Da mesma forma, acredite se quiser, é possível ser
analfabeto e conseguir fazer algumas leituras (estranho, né?!).
No senso comum, pensa-se que a leitura está exclusivamente associada ao texto escrito.
Também se imagina que, para saber ler, basta reconhecer o significado das palavras existentes no
texto. No entanto, não é bem assim que acontece.
Exemplo 1
Figura 12 – Emoticons.
Fonte: Baixaki [2012?].
E aí, é possível atribuir a esses textos sentido. Será que é possível lê-los?
Atividade 1
No seu caderno, escreva o sentido atribuído a cada uma das imagens do exemplo 1.
Exemplo 2
FALANDO EM LEITURA
[...]
Sem dúvida, o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor, visto como
decodificador da letra. Bastará, porém, decifrar palavras para acontecer a leitura? Como
explicaríamos as expressões de uso corrente "fazer a leitura” de um gesto, de uma situação; “ler o
olhar de alguém”; "ler o tempo”, “ler o espaço”, indicando que o ato de ler vai além da escrita?
Se alguém na rua me dá um encontrão, minha reação pode ser de mero desagrado, diante
de uma batida casual, ou de franca defesa, diante de um empurrão proposital. Minha resposta a
esse incidente revela meu modo de lê-lo. Outras vezes passamos anos vendo objetos comuns, um
vaso, um cinzeiro, sem jamais tê-los de fato enxergado; limitamo-los à sua função decorativa ou
utilitária. Um dia, por motivos diversos, nos encontramos diante de um deles como se fosse algo
totalmente novo. O formato, a cor, a figura que representa, seu conteúdo passam a ter sentido,
ou melhor, passam a fazer sentido para nós.
Estabeleceu-se, então, uma ligação efetiva entre nós e esse objeto. E consideramos sua
beleza ou feiura, o ridículo ou a adequação ao ambiente em que se encontra, o material e as
partes que o compõem. Podemos mesmo pensar a sua história, as circunstâncias da sua criação,
as intenções do autor ou fabricante ao fazê-lo, o trabalho da sua realização, as pessoas que o
manipularam no decorrer de sua produção e, depois de pronto, aquelas ligadas a ele e as que o
ignoram ou a quem desagrada.
[...]
Com frequência nos contentamos, por economia ou por preguiça, em ler superficialmente,
“passar os olhos”, como se diz. Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gesto
mecânico de decifrar os sinais. Sobretudo se esses sinais não se ligam de imediato a uma
experiência, uma fantasia, uma necessidade nossa. Reagimos assim ao que não nos interessa no
momento. Um discurso político, uma conversa, uma língua estrangeira, uma aula expositiva, uma
quadra, uma peça musical, um livro. Sentimo-nos isolados do processo de comunicação que essas
mensagens instauram - desligados. E a tendência natural é ignorá-las ou rejeitá-las como nada
tendo a ver com a gente. Se o texto é visual, ficamos cegos a ele, ainda que nossos olhos
continuem a fixar os sinais gráficos, as imagens. Se é sonoro, surdos. Quer dizer: não o lemos, não
o compreendemos, impossível dar-lhe sentido porque ele diz muito pouco ou nada para nós.
(Texto adaptado de MARTINS, M. H. Falando em leitura. In: "O que é leitura". SP: Brasiliense, 2006)
“O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma
atividade de procura por parte do leitor, no seu passado, de lembranças e
conhecimentos, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto
que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explicita tudo o
que seria possível explicitar.”
Atividade 2
De acordo com Kleiman (2000), o leitor precisa ativar seu conhecimento de mundo para
atribuir sentido a um texto. Isso significa “ler”. Para comprovar essa afirmação, leia a charge de
Sidney Harris adiante e responda às questões que lhe serão propostas.
2.2 – Julgue as assertivas abaixo a respeito dos conhecimentos prévios de que o leitor deve dispor
para compreender o texto e marque a única alternativa correta.
I. Faz-se necessário saber que, algumas vezes, a farmacologia atende mais a fins comerciais,
despreocupando-se com questões éticas.
II. Deve-se atentar para o fato de que o essencial para a compreensão de qualquer situação
comunicativa é sempre o texto verbal.
III. O leitor precisa ter um conhecimento razoável de medicina para entender o texto.
IV. É preciso relacionar o quadrinho ao conhecimento de que os testes laboratoriais são, em geral,
inicialmente, realizados em ratos.
2.3 – Harris (2007) aborda temáticas científicas diversas em suas criações. Sendo assim, mais
diretamente, a qual(is) área(s) do conhecimento poderíamos associar o conteúdo da charge?
(a) Saúde e comunicação.
(b) Medicina e matemática.
(c) Ciências biológicas e ciências exatas.
(d) Enfermagem e ciências humanas.
(e) Farmacologia e bioética.
Observe que, na leitura da charge, precisamos
conjugar as pistas dos aspectos verbais às dos não verbais Ser alfabetizado, ou seja, ter a
para, unindo-as, chegarmos à atribuição de sentidos capacidade de decodificar um texto
possíveis. escrito em determinada língua, é
condição mínima, mas não suficiente
No caso dos textos exclusivamente verbais, não é tão para a realização de uma leitura
diferente. O leitor desses textos não precisa apenas unir satisfatória.
letras e formar palavras/sentenças, ele deve COMPREENDER,
também, a decodificação realizada inicialmente e REFLETIR sobre o que foi lido.
Para que isso seja possível, lançamos mão de nossa memória cultural (o conhecimento de
mundo), informações acessíveis no contexto em que nos encontramos, processos de
inferenciação, bem como do acervo linguístico-textual de que dispomos. Essas competências são
ativadas em maior ou menor grau, dependendo das demandas de leitura, que variam conforme a
complexidade do texto.
Vejamos como isso ocorre no exemplo 4.
Exemplo 4
1M4G1N3 QU3 VOC3 PR3C154553 L3R 35T3 73X7O P4R4 54LV4R SU4 PRÓPR14 P3L3 OU
P4R4 53R 4PROV4DO 3M UM CONCUR5O PÚBL1CO F3D3R4L P4R4 O QU4L 357UDOU COM 4F1NCO
NO5 ÚLT1MOS C1NCO 4NO5. O QU3 VOC3 F4R14? D351571R14? P3D1R14 4JUD4 4 4LGU3M OU
3NFR3N74R14 O 73X7O 3 73N74R14 COMPR33ND3-LO?
3573 P3QU3N0 73X7O 53RV3 4P3N45 P4R4 M057R4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3
F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4N735! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO, 4 L317UR4 3574V4 M310
COMPL1C4D4, M45, 4LGUM45 L1NH45 D3PO15, SU4 M3N73 FO1 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453
4U7OM471C4M3N73, S3M PR3C1S4R P3N54R MU17O, C3R7O? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O(4)
D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
N4 V3RD4D3, VOC3 4C4BOU D3 R34L1Z4R UM4 L317UR4 COMO PROC355O D3
S3M1O71Z4Ç4O.
Essa placa poderia ser compreendida como um texto? Em caso afirmativo, qual seria a
função social desse texto?
Perceba que mesmo alguém que não tenha conhecimento da língua inglesa poderia
compreender a placa. Será que ela diz: “venha! Tubarões simpáticos.” ou “faça uma tatuagem
tribal de tubarão.”? A quais perigos um leitor desatento estaria submetido, caso fizesse uma
dessas leituras?
Observe que foram necessárias certas experiências (conhecimento de mundo) para atribuir
sentido à placa com informação verbal e não verbal. Foi esse conhecimento que nos permitiu
compreender a placa “TUBARÃO”.
Atividade 4
A criptografia é uma forma de escrita que tem sido utilizada ao longo da história dos povos
como uma estratégia para evitar que determinadas mensagens possam ser compreendidas por
interlocutores “indesejáveis”. Ela consiste em codificar uma mensagem, de modo que apenas os
destinatários consigam compreendê-la. Isso se dá porque eles possuem a chave para decodificá-
-la. Um exemplo dessa estratégia é o código Morse. A criptografia também é um dos modos mais
antigos de proteção de dados salvos em um computador.
Vejamos como isso pode ocorrer no texto a seguir.
Numa antiga anedota que circulava na, hoje, falecida República Democrática Alemã, um
operário alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida
pelos censores, ele combina com os amigos: "Vamos combinar um código: se uma carta estiver
escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira".
Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: "Tudo aqui é maravilhoso: as
lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os
cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa - o único
senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha".
(Disponível em http://litura-terra.blogspot.com.br/2012/09/a-tinta-que-falta-slavoj-zizek.html Acesso em 02/12/12)
Para compreender a carta, no entanto, não basta ser alfabetizado na língua em que esse
texto foi escrito, ou seja, decodificar a mensagem é apenas o primeiro passo. Partindo desse
pressuposto, marque a opção que melhor representa o real sentido da carta diante da situação
apresentada.
(a) Devido ao código adotado pelos amigos, tudo o que foi falado é mentira, já que, em nenhum
momento, ele usou a caneta vermelha.
(b) A tinta azul permite compreender, claramente, a intenção do redator da carta de fazer apenas
apontamento verídicos acerca das condições de vida dadas à comunidade, havendo a exceção
com relação à tinta vermelha.
(c) Na falta de tinta vermelha, o amigo precisou escrever em cor azul. Mas, afirmando que não se
consegue encontrar tinta vermelha, ele permite depreender que teria escrito a carta nessa cor
para sinalizar que as afirmações sobre o modo de vida da comunidade são mentirosas.
(d) O amigo pode ter confundido o código a ser utilizado, por isso escreve a carta completamente
em tinta azul para afirmar mentiras. No entanto, o destinatário poderá compreender essa
intenção, pois conhece as reais condições de vida da comunidade em foco.
(e) Diante da ausência de tinta vermelha, o escrevente sinaliza para o fato de que se faz
necessário modificar o código utilizado, pois, caso isso não seja feito, ele apenas poderá escrever
verdades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para concluir este tópico, devemos enfatizar que o ato de ler não se limita ao texto escrito,
mas inclui tudo a que podemos atribuir sentido(s): um cheiro no ar, um conjunto de nuvens
escuras, uma placa com uma imagem, um monumento no centro de uma praça, um artigo
científico. Para isso, contribuem nossa memória cultural (o conhecimento de mundo) e as demais
informações acessíveis no contexto em que nos encontramos, bem como o acervo linguístico-
-textual de que dispomos. Essas competências do leitor são ativadas em maior ou menor grau
dependendo das demandas de leitura apresentadas, que variam de acordo com a complexidade
do texto.
Convém lembrar também que o sentido não é dado a priori no texto. Na verdade, os textos
norteiam o leitor, oferecendo-lhe um roteiro/mapa com pistas que conduzem à atribuição do(s)
sentido(s) possível(is). Essa atribuição de sentido(s) é tarefa do leitor, que deve formular
hipóteses quanto à interpretação mais adequada do texto na situação em que se encontra,
recorrendo às informações adquiridas por meio de suas experiências sociointeracionais.
Contudo, deve-se esclarecer que o poder do leitor na atribuição de sentido(s) a um texto
não é ilimitado. Isso significa que nem toda interpretação é possível. Logo, existe, sim, a leitura
errada. Por mais simples que o texto possa parecer, é sempre recomendável um trabalho
atencioso de leitura, investigando a(s) possibilidade(s) mais apropriada(s) de compreensão, ou
seja, aquelas autorizadas pelas pistas oferecidas pelo texto.
Para ser leitor, é preciso ter lido as obras clássicas da literatura universal?
Não. As obras clássicas enriquecem muito nossa cultura geral, mas elas não são o único
parâmetro de leitura existente.
É possível “ler” um texto, mas não compreendê-lo?
Não. Ler implica compreender. Se não houve compreensão, não houve leitura. Passar os
olhos pelas linhas de um texto não significa lê-lo.
O que é semiotização?
Desde que nascemos, adquirimos sensações e impressões acerca do mundo que nos
permitem compreendê-lo. Sendo assim, tornamo-nos capazes de criar sentido(s) para as “coisas”
dentro de nosso contexto social. É a essa capacidade que chamamos de semiotização.
* Filme
The reader (O leitor)
* Artigo
ARAÚJO, R. J. F.; ARAÚJO, E. C. G.; LUCENA, I. T. O processo de semiotização no atelier de leitura
e produção textual. XI Encontro de Iniciação à Docência, 2009.
http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/xi_enid/prolicen/ANAIS/Area4/4CCHLADLCVPLIC02.
pdf. Acesso em 10/12/12.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, discutimos a respeito do conceito de leitura. Aproveitamos ainda para
desconstruirmos alguns “mitos” sobre o ato de ler. Enfatizamos que não lemos apenas textos
verbais (escritos ou falados), mas também imagens, sons, cheiros, cores. Por fim, vimos que ser
leitor é um processo contínuo, depende do constante exercício e de uma série de outras
competências/conhecimentos.
AVALIAÇÃO
Assista ao filme recomendado na seção Para saber mais e escreva um comentário
explicitando quais suas impressões acerca do filme e qual(is) a relação(ões) desse filme com o
conteúdo estudado nesta aula. Sua resposta deverá ser deixada no fórum da turma, intitulado
“The reader”, no Sigaa. Relacione sua resposta a comentários anteriores ao seu.
Nesse fórum, comentaremos essa relação e as impressões levantadas pelo grupo. As
postagens mais relevantes receberão um ponto de participação.
03 – Informações implícitas, figuratividade e processos de inferenciação
VOCÊ VERÁ POR AQUI...
... o que são informações implícitas, figuratividade e processos de inferenciação. Além disso,
observará de que maneira esses processos refletem na atribuição de sentido(s) ao texto.
OBJETIVOS
Identificar determinadas instruções de sentido que ativam processos de inferenciação.
Compreender o que é inferenciação.
Conceituar e distinguir informações implícitas, duplo sentido e figuratividade.
Perceber que determinados textos produzem informações implícitas e desenvolver algumas
estratégias para percebê-las.
Diferenciar pressupostos de subentendidos.
Entrever a criação de duplo sentido (ambiguidade intencional e ambiguidade indesejada).
Aplicar o conhecimento teórico nas práticas de leitura e escrita.
Exemplo 1
Se o atual técnico Mano Menezes não conseguir um bom resultado nos Jogos Olímpicos de
Londres, há grandes chances de Luiz Felipe Scolari voltar a ser o técnico de nossa seleção. Ainda mais
com a disposição que mostrou levando o Palmeiras ao título.
Mariana Brito
São Paulo/SP
Atividade 1
a) Em “técnico”, “seleção” e “título”, a autora apela para o conhecimento de mundo do
leitor. Que conhecimento é esse?
b) Que informações implícitas existem sobre Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari? Como
isso é sinalizado?
c) Que inferência pode ser feita com relação à volta de Scolari e o título do Palmeiras?
Exemplo 2
É assustadora a situação da segurança pública em São Paulo. Há mais de vinte anos, o Estado
mais rico do País sofre com a violência. O governo, enfim, admitiu o clima de insegurança, mas será
que realizará alguma medida concreta para tranquilizar os paulistas?
Sílvio de Barros Pinheiro
Santos/ SP
Atividade 2
As informações subjacentes (ou implícitas), a exemplo do que encontramos nos textos que
acabamos de ler, podem ser classificadas em dois tipos: pressupostos e subentendidos. Mas o que
é “pressuposto” e o que é “subentendido”? Qual a diferença entre ambos?
1.1 PRESSUPOSTO
Trata-se de uma informação implícita, indiretamente marcada no enunciado, podendo ser
acessada mediante o estabelecimento da relação entre tal marca e o “cálculo” inferencial.
Voltemos aos textos lidos para verificar isso.
1.2 SUBENTENDIDO
Consiste num conteúdo não marcado no texto; portanto, não há como deduzi-lo
logicamente dos enunciados expressos. Sendo assim, o subentendido constitui uma informação
cuja inferência é de responsabilidade do interlocutor, que toma como base alguma pista textual e
pode variar entre mais ou menos aceitável/autorizada.
Retomemos os textos para examinar essa questão.
Por essas amostras, podemos concluir, então, que o SUBENTENDIDO é uma informação
indireta, não necessariamente relacionada ao conteúdo explícito. Por isso, pode ser
negado/questionado pelo locutor.
Exemplo 3
Atividade 3
A leitura da charge depende, em grande parte, de processos inferenciais. Considerando-se que a
leitura pode se dar por meio de “indiretas”, a charge de BOOPO, particularmente, trabalha com o
subentendido. Marque a única opção que não apresenta uma inferência autorizada da charge.
(a) Trata-se de uma crítica à presidenta Dilma Rousseff.
(b) A imagem da planta murcha no vaso em que está escrito “ENSINO MÉDIO” indica o descaso do
governo com esse nível de ensino.
(c) O governo tem se ocupado bastante com a lei de cotas.
(d) O Estado demonstra pouca preocupação com o ensino básico.
(e) A presidenta trata as questões educacionais como se fossem atividades de jardinagem,
regando um vaso por vez.
Exemplo 4
Exemplo 5
4.1 – Em que ponto de cada um dos outdoors lidos podemos identificar o duplo sentido? Como
esse recurso deve ser interpretado em ambos os textos, respectivamente?
Exemplo 6
Figura 19 – Tirinha.
Fonte: É hora de estudar (2012).
Exemplo 7
4.1 – Em que ponto de cada um dos outdoors podemos identificar o duplo sentido? Como esse
recurso deve ser interpretado em ambos os textos, respectivamente?
No exemplo 4, o duplo sentido encontra-se em “zeros à esquerda”, que aponta tanto para
os zeros antecedentes em “007”, como para a ideia culturalmente estabelecida de “não valer
nada”/“pessoas sem valor”, que é uma metáfora extraída da matemática quanto à posição do
zero antes de um número. Além disso, a sequência de números lembra-nos do agente secreto
James Bond, ou seja, temos a referência aos atos de espionagem promovidos pelo governo
(matéria de capa da revista).
No exemplo 5, o duplo sentido está em “arrumar” e em “coroa”: o primeiro pode ser
“conseguir” ou “organizar”; o segundo pode ser “mulher de certa idade” ou “enfeite de flores
para funeral”.
Portanto, no exemplo 4, a leitura deve ser feita em termos figurados; no 5, a leitura deve
ser feita em termos literais, haja vista tratar-se de uma propaganda de assistência funerária,
veiculada em outdoor.
4.2 – Nesses casos, trata-se de ambiguidade intencional ou de ambiguidade indesejada?
Em ambos os casos, a ambiguidade é intencional, própria de textos publicitários, no caso
outdoors.
3 FIGURATIVIDADE
Ainda considerando a natureza polissêmica da língua(gem), é comum, nas situações
comunicativas do dia a dia, desde as mais descontraídas até as mais formais, o recurso à
linguagem figurada. Nesse sentido, umas figuras são mais recorrentes, a ponto de não mais serem
vistas como tal; outras são criadas especificamente para determinados contextos, a fim de
produzirem um efeito de sentido inusitado e chamativo.
Exemplo 8
Exemplo 9
Atividade 6
Que figuras podem ser identificadas em ambos os textos? Como devem ser interpretadas?
Atividade 7
Agora, para revisar e resumir o que foi visto nesta aula, vamos ler o texto a seguir, retirado
da revista ISTO É (08/08/2012, p. 16); depois, identificar nele amostras de informações implícitas,
de ambiguidade e de linguagem figurada.
Exemplo 10
Comportamento
A reportagem sobre o déficit de atenção mostra o movimento que contesta a existência da
doença e o uso de um derivado anfetamínico em seu tratamento. Mas é importante lembrar que, por
trás desses diagnósticos, existem os interesses da indústria farmacêutica. O Brasil não pode ficar à
margem dessa discussão.
José Elias Aiex Neto
Foz do Iguaçu/PR
Que figuras podem ser identificadas em ambos os textos? Como devem ser interpretadas?
No texto “Palco da sentença histórica”, logo no título, encontramos a palavra "palco", que é
uma analogia ao julgamento dos réus envolvidos no mensalão; depois, vemos a expressão “em
jogo”, que significa “em processo de decisão”; mais adiante, há o termo “mensalão”, que remete
ao “pagamento” mensal de enormes quantias de dinheiro a políticos em troca de apoio ao
governo Lula; por fim, “página da história brasileira nossa geração escreverá”, que se refere à
decisão final do STF no julgamento dos acusados.
No texto de Elisabeth Silva, por sua vez, a “política brasileira” é apresentada
figurativamente como um lamaçal, estabelecendo-se uma relação metafórica entre “lama” e a
desonestidade/corrupção que caracteriza nossa política. A outra figura é “se sujar de lama”,
simbolizando o fato de alguém passar a ser desonesto/corrupto ao se tornar político no Brasil.
O que é figuratividade?
Figuratividade é a recorrência à linguagem polissêmica.
O que é inferenciação?
Inferenciação é a capacidade de extrair de um texto as informações que não estão na
superfície, ou seja, depreender aquilo que está implícito. Tome cuidado com isso. Existem
inferências autorizadas (válidas) e não autorizadas (inválidas).
AVALIAÇÃO
Para a devida compreensão de um texto, é importante que o leitor esteja munido de
conhecimentos diversos. Ademais, é preciso ter bastante atenção para perceber as informações
mais sutis. Leia o texto a seguir, retirado da revista “Língua Portuguesa”, a fim de responder às
três primeiras questões levantadas acerca dele.
A netiqueta
Como se comportar corretamente no mundo virtual
02 – Embora os textos abram possibilidades de leitura daquilo que está “nas entrelinhas”,
algumas inferências são autorizadas e outras não. Na sequência, encontram-se algumas
afirmações a respeito do conteúdo lido; leia-as.
I – Há pessoas que desconhecem a existência de um código de etiqueta para situações de
interação mediadas por computador.
II – Não se deve utilizar as redes sociais para divulgar qualquer tipo de informação.
III – Na internet, não é necessário policiar-se quanto ao uso da norma culta.
IV – Os usuários de redes sociais não reconhecem os limites entre o público e o privado.
V – Crianças são as maiores vítimas de problemas relacionados à divulgação de informações.
VI – Problemas linguísticos podem gerar situações desconfortáveis por gerarem perda do sentido
pretendido.
03 – Com base nos tópicos do texto intitulado “A netiqueta”, marque a opção que apresente duas
ocorrências de figurativização.
(a) “coloque entre aspas” (1); “publicações instantâneas” (5).
(b) “não poluir o texto” (1); “posta de lado” (2).
(c) “fluxo de pensamento” (3); “sua réplica” (4).
(d) “necessidade de pausas” (3); “listas de discussão” (4).
(e) “causar problemas” (5); “escrever de qualquer jeito” (2).
04 – Leia a seguinte propaganda do cartão Credicard.
UNIVERSITÁRIO,
AQUI VOCÊ NÃO PRECISA TER UMA NOTA
ALTA PARA SER APROVADO.
OBJETIVOS
Compreender o que e qual é a função do gênero discursivo.
Compreender o que é sequência textual.
Diferenciar gênero discursivo e sequência textual.
Reconhecer a importância da adequação do gênero discursivo à situação comunicativa.
Produzir os gêneros perfil acadêmico e currículo de maneira satisfatória.
Aplicar o conhecimento teórico nas práticas de leitura e escrita exigidas no/pelo cotidiano
acadêmico e profissional.
É essa competência [com relação ao (re)conhecimento dos gêneros] que possibilita aos
sujeitos de uma interação não só diferenciar os diversos gêneros [...] como também identificar as
práticas sociais que os solicitam. Além disso, somos capazes de reconhecer se, em um texto,
predominam sequências de caráter narrativo, descritivo, expositivo e/ou argumentativo.
(KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. SP: Contexto, 2011.)
Em sua vida acadêmica e profissional, você lidará com inúmeros gêneros e será preciso
dominar a leitura e a escrita de alguns deles, adequando-se às peculiaridades de cada um na
situação em que serão utilizados.
Mas o que é mesmo “gênero discursivo” e o que é “sequência textual”? Com base no senso
comum, às vezes, algumas pessoas tendem a confundir uma categoria com a outra, mas esses
conceitos são distintos.
Nesse sentido, para iniciarmos essa reflexão, esclarecendo o que pode parecer inicialmente
confuso, podemos formular algumas questões relevantes acerca do conteúdo desta aula.
Atividade 1
Vejamos, na prática, se você conseguiu entender as especificidades das sequências
textuais, relacionando os textos a seguir à sequência que predomina em cada um. Para tanto, use
o seguinte código: (1) sequência narrativa; (2) sequência descritiva; (3) sequência injuntiva; (4)
sequência argumentativa; (5) sequência expositiva.
( ) O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como uma
síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos. Porém,
diferentemente da bulimia nervosa, as pessoas acometidas por esse transtorno não tentam evitar
ganho de peso com métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação
de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.
Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso,
pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo
é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente acometendo
mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que
procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno do
comer compulsivo.
Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br>. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).
( ) Enquanto a casa pegava fogo, um bebê chorava no quarto dos fundos e dois garotos
brincavam de bola na rua em frente.
( )
( ) O sistema presidencial de governo nasceu nos Estados Unidos com a Constituição de 1787, na
Convenção de Filadélfia. Sua formação foi precedida de fato histórico; não sendo, pois, obra de
nenhum arranjo ou convenção teórica. Sustenta-se que o presidencialismo é o poder monárquico
em versão republicana e, ao contrário do parlamentarismo, é demarcado por uma rígida
separação de poderes, assentada na independência orgânica e na especialização funcional.
Disponível em: <http://www.clubjus.com.br/?colunas&colunista=779_&ver=137>. Acesso em: 20 junho 2011. Com adaptações.
( )
( ) Um soldado estadunidense que estava na guerra no Iraque recebeu uma carta da namorada
dele, que dizia o seguinte.
Querido John,
Não podemos continuar com nossa relação. A distância que nos
separa é demasiado longa. Tenho de admitir que tenho sido infiel
já por várias vezes desde que tu foste embora. Acredito que nem
tu nem eu merecemos isso. Portanto, penso que seja melhor
acabarmos tudo. Por favor, manda de volta a foto minha que te
enviei.
Com amor,
Mary.
O soldado John, muito magoado, pediu a todos os colegas que lhe emprestassem fotos de suas
namoradas, irmãs, amigas, primas… Depois, juntamente com a foto de Mary, colocou todas as
outras que conseguiu recolher em um envelope. Na carta que enviou a Mary estavam oitenta e
sete fotos e uma nota que dizia:
Querida Mary,
Isso acontece. Não se preocupe. Peço desculpas, mas não consigo
lembrar quem tu és. Por favor, procura a tua foto no envelope e
me envia de volta as restantes.
Com carinho e muito, muito amor…
John.
A seguir, veremos seis amostras de gêneros discursivos. Notem que cada um deles tem
especificidades com relação à temática, à estrutura composicional, à configuração linguístico-
textual, à função social e às esferas sociais em que circulam.
Atividade 2
Esclarecidas algumas diferenças entre sequência textual e gênero discursivo, você teria subsídios
suficientes para relacionar um texto ou fragmento textual da atividade 1 ao gênero discursivo a
que ele se refere? Vejamos apenas alguns casos.
( ) ( )
Figura 22
Figura 21
Isso significa que cada comunidade lida com os gêneros que são úteis em sua cultura,
conforme suas peculiaridades sócio-históricas. Para compreendermos melhor a dinamicidade dos
gêneros discursivos, vejamos o exemplo a seguir.
Exemplo 7
Você consegue identificar apenas com um “passar de olhos” o gênero discursivo a que
pertence o texto do exemplo 7?
Possivelmente, não. Isso porque se trata de um gênero que sofreu várias atualizações até
chegar ao que conhecemos hoje, no século XXI. Primeiramente, sua configuração visual não nos
remete a qualquer gênero discursivo atual. Talvez, alguém o associe a uma “carta”, mas essa ideia
teria de ser descartada por não encontrarmos, no texto em foco, data, vocativo nem assinatura,
que são elementos essenciais do gênero discursivo “carta”. Quem sabe ajude o reconhecimento
do gênero se observarmos a transcrição desse texto.
E agora, ficou mais fácil?
Marmelada branca
Vão-se esbrugando os marmelos e deitando-os em agoa
fria. Põe-se a ferver em lume forte, estando bem cozidos
se passão por peneira. Para 1 Medida de massa, 2
Medidas de Assucar em ponto alto de sorte que deitando
uma pinga na agoa coalhe: tira-se o táxo do lume e se lhe
deita a massa muito bem desfeita com a colher: Torna ao
lume até levantar empôlas tirasse para fóra e se bota até
esfriar, para se pôr em pratos a secar.
Figura 25 – Texto do século XIX.
Fonte: Odivelas (2010).
Atividade 4
É importante salientar, ainda, a relação entre os gêneros discursivos e as esferas de
atividade social: casa, trabalho, escola, universidade, igreja, clube, hospital, comércio. Cada
espaço social requer gêneros específicos. Vejamos se você consegue entender essa relação
completando o quadro a seguir.
Gêneros discursivos
Anderson Araújo
E-mail: anderson@ejectufrn.com.br
Função: aluno.
Sou Anderson Araújo, tenho 20 anos, nasci em Natal. Desde criança, adoro computadores e outras
tecnologias digitais. Fiz vestibular para o Bacharelado em Ciências e Tecnologia (BCT) inicialmente porque
não sabia ao certo que profissão na área das engenharias eu preferia seguir. Mas, quando comecei a
entender melhor o curso, percebi que o BCT me oferece oportunidades que outro curso não poderia me
oferecer. Hoje, sei que, ao concluir o BCT, já estarei apto a entrar no mercado de trabalho, especialmente se
eu conseguir desenvolver minha tendência para o empreendedorismo. Essa tendência foi descoberta por
mim enquanto eu cursava os componentes de CTS, daí a razão por que resolvi fazer parte da empresa júnior
da ECT (EJECT) e estou muito satisfeito com as experiências que venho vivenciando desde então. Porém,
mesmo que eu possa atuar profissionalmente formado Bacharel em Ciências e Tecnologia, tenho ainda a
opção de seguir para um dos cursos subsequentes ao BCT. Assim, poderei conseguir um segundo diploma de
nível superior. Isso é um grande diferencial. Minha preferência de adesão aos cursos subsequentes é na área
da informática: serei generalista com ênfase em Informática ou seguirei para a engenharia da computação.
Ainda estou meio indeciso, mas pelo menos já sei com o que desejo trabalhar: tecnologia digital.
O texto de Anderson Araújo é sucinto, mas contempla alguns itens requeridos para um
perfil acadêmico. É por ter consciência da seleção de informações que nesse gênero interessam
que Anderson não focaliza atributos pessoais. Ele salienta o percurso que vem desenvolvendo no
curso superior do qual faz parte e as perspectivas que consegue vislumbrar. Até a escolha da
fotografia é acertada, posto que condiz tanto com a seriedade com que o escrevente enxerga sua
vida acadêmica quanto com as imagens que pretende que seu leitor construa sobre ele.
Nesse gênero discursivo, a seleção da fotografia é, de fato, um passo fundamental.
A fotografia, além de ser um dado imprescindível, pois facilita a identificação do autor, tem
grande influência na construção de sentidos que o leitor poderá fazer do perfilado. Por isso, é
necessário ter muita cautela na escolha da foto.
Exemplo 9
1. Gramática e ortografia
Currículos com erros de português dificilmente passam pela triagem dos selecionadores.
Segundo pesquisas realizadas pela Catho Online, um a cada quatro currículos é descartado por
esse motivo.
2. Objetivo profissional
Não é indicado informar pretensões de atuação em mais de um cargo. Quando o currículo
não demonstra foco em uma função específica, o selecionador pode imaginar que o candidato
não tem um objetivo definido.
3. Dados pessoais
Manter informações desatualizadas (tais como telefone e e-mail) pode dificultar ou mesmo
impedir o contato do selecionador com o candidato. Isso pode acarretar a perda de
oportunidades de emprego ou de estágio. É importante salientar também a importância da
escolha de um e-mail profissional que sinalize seriedade. Se, no currículo, uma candidata explicita
que o e-mail dela é <gatinhamanhosa@hotmail.com>, pode ser mal interpretada e até perder
oportunidades. Isso porque a empresa pensa na imagem dela sendo representada por uma tal
“gatinha manhosa”. De fato, nada profissional.
4. Documentos
Não se deve confundir a área de “Seleção de Pessoal” de uma empresa com Departamento
Pessoal. Números de documentos, tais como RG, CPF e Título de Eleitor, são irrelevantes no
momento em que se deve decidir pela contratação ou não de um candidato. Por isso, não é
necessário mencioná-los no currículo.
5. Extensão
Currículos pouco extensos são mais apreciados pelas empresas, pois elas tendem a
interpretar essa característica como sinal de habilidade de síntese e trabalho lógico. Currículos
com mais de duas páginas são, normalmente, considerados extensos.
6. Salário
Informações sobre salário(s) anterior(es) e pretensão salarial devem ser tratadas,
preferencialmente, no momento da entrevista. Candidatos que mencionam valores no currículo
arriscam-se a perder a possibilidade de negociar uma faixa salarial e/ou outros benefícios.
7. Desligamento do empregado
Justificativas para uma possível saída do quadro da empresa atual não são assunto a ser
mencionado no currículo. O ideal é que esse tema seja tratado na entrevista, caso haja uma
oportunidade para isso.
Exemplo 10
Curriculum Vitae
ATUAÇÃO
Atuo nas áreas de educação, de revisão de textos e de pesquisa em Linguística, concentrando meu
interesse na realização de trabalhos de cunho cognitivo-funcional.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Desde outubro/2012
Instituto Metrópole Digital (UFRN) – Professora substituta da disciplina “Práticas de Leitura e Escrita –
I” (ensino superior)
Desde agosto/2012
SEEC/RN – Professora efetiva de Língua Portuguesa (ensino fundamental e médio)
Desde julho/2011
CAP – Centro Acadêmico Presbiteriano – Professora de Língua Portuguesa (ensino médio)
Agosto/2010 – março/2012
Centro de Ciências Humanas Letras e Artes/UFRN – Bolsista de iniciação científica na área de
Linguística
Maio/2009 – Julho/2010
Escola de Ciências e Tecnologia/UFRN – Bolsista de iniciação tecnológica na área de Linguística
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Informática básica em ambiente Windows
Word Básico
Excel Básico
Internet
Power Point
BROficce
Prezi
Natal/RN, 2013.
Fonte: REZENDE, T. Curriculum vitae, 2013.
Conforme se pode notar, o currículo apresentado é sucinto, mas informativo. Trata-se de
uma jovem professora, formada em Letras, com atuação nos três níveis de educação
(fundamental, médio e superior) e experiência com pesquisa acadêmica na área de Linguística.
Além desses dados básicos, explicitar conhecimentos na área de informática é importante devido
a estarmos vivendo a era digital, época em que práticas de leitura e escrita mediadas pelo
computador vêm ganhando cada vez mais espaço. Resultado: candidata promissora a diferentes
oportunidades de emprego e de ascensão na vida acadêmica.
A produção do currículo, nas universidades brasileiras, vem seguindo o modelo proposto
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Esse modelo é
conhecido como Currículo Lattes, em homenagem ao físico brasileiro César Lattes (1924-2005).
Vejamos o que o próprio site do CNPq diz sobre o Currículo Lattes.
O que achou? Com as devidas explicações, parece fácil, não?! Agora, é só produzir o seu
próprio currículo assim que lhe for solicitado. Bom trabalho!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para concluir esta aula, é de suma importância que algumas conexões sejam realizadas.
Vimos que gêneros discursivos e sequências textuais são noções que não podem ser confundidas.
Enquanto o gênero emerge e se modifica por meio das interações comunicativas (e é formado por
textos verbais e/ou não verbais), a sequência é apenas parte desse todo enunciativo que diz
respeito à organização estrutural do texto, podendo ser classificada como narrativa, descritiva,
argumentativa, expositiva ou injuntiva.
Vimos também que cada esfera de atuação exige o conhecimento acerca de alguns gêneros
específicos. Considerando que preparamos graduandos e futuros profissionais para atuarem
satisfatoriamente em suas respectivas áreas, centramos nosso interesse em três dos principais
gêneros exigidos nas esferas acadêmica e profissional: o perfil, o curriculum vitae (profissional) e
o currículo Lattes (acadêmico).
Devido ao caráter sociocomunicativo dos gêneros discursivos, podemos afirmar, por fim,
que se faz necessário dominar aqueles que farão parte de seu cotidiano para que, dessa maneira,
você possa atuar com excelência nas práticas de leitura e escrita a que será exposto.
Vejamos agora se, partindo do estudo sobre os gêneros discursivos e sua relevância nas
práticas discursivas, conseguimos responder aos questionamentos levantados no início desta
aula.
* Texto
Disputado, bem pago e à prova de crise. Artigo da revista Veja, disponível em:
<http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx (p. 78-79)>. Autoria: Júlia Carvalho e Carolina
Rangel. Edição 2270 – 23/maio/2012.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, discutimos a respeito dos conceitos de gêneros discursivos, concebendo-os
como prática sociocomunicativa, e de sequências textuais, visando à diferenciação devida entre
essas duas noções e à compreensão da importância de adequarmos nosso discurso à finalidade
pretendida. Vimos, também os elementos mais importantes na construção dos gêneros perfil
acadêmico, curriculum vitae e CV Lattes.
AVALIAÇÃO
A partir dos direcionamentos apresentados nesta aula, prossiga com a escrita do gênero
perfil acadêmico. A construção do perfil (ou seja, do autorretrato) representa uma oportunidade
de o autor mostrar sua singularidade em meio às semelhanças que reúnem, em uma mesma
turma de graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), dezenas e até
centenas de graduandos.
Pensando nisso, produza um perfil acadêmico por meio do qual você se apresente,
fornecendo as seguintes informações:
nome completo, idade, naturalidade;
hábitos e preferências pessoais (atividades que gosta de desenvolver/praticar em seu tempo
livre);
formação escolar (quando e onde concluiu o ensino médio, se fez algum curso técnico e/ou
profissionalizante. Caso já tenha formação em nível superior além da graduação que está
cursando, informe esse dado. Também é interessante citar outros cursos, tais como os de idiomas
estrangeiros);
atuação profissional (se houver, seja como autônomo, estagiário ou efetivado. Caso você
nunca tenha trabalhado, informe isso no perfil).
fotografia adequada ao gênero discursivo perfil acadêmico.
Observações
a) Extensão mínima de 10 linhas e máxima de 15;
b) postagem do texto no Sigaa: clique na turma virtual de PLE-I; após entrar na turma, clique
em “gerenciar perfil”; em seguida, abrirá um box cujo título é “Gerenciar seu perfil para
esta turma”; então, insira seu texto nesse box e clique em “cadastrar”;
c) aos textos que não seguirem rigorosamente as orientações explicitadas nesse comando
será atribuída a nota zero.
05 – Coesão textual
VOCÊ VERÁ POR AQUI...
… o que é coesão textual; de que modo ela contribui para as práticas de leitura e escrita e qual o
funcionamento da coesão como operador discursivo.
OBJETIVOS
Compreender o que é e como se constrói a coesão textual.
Entender como e por que a coesão é necessária à construção de textos.
Aprender como funcionam alguns elementos coesivos e como utilizá-los.
Perceber que a coesão se dá por elementos explícitos na superfície textual.
Exemplo 1
Primeiras cargas
Antes de ligar seu tablet pela primeira vez, realize um ciclo de carga de 8h para
condicionamento da bateria.
Após realizar o primeiro ciclo, ligue o produto e use-o fora da tomada até que a bateria esteja
completamente descarregada.
Após essas cargas iniciais, a bateria estará condicionada e o aparelho poderá ser recarregado
normalmente, ou seja, quando estiver abaixo dos 10% e até aparecer a mensagem de que a bateria
está 100% recarregada.
Observe que alguns elementos textuais servem como sequencializadores (“um ciclo” e “o
primeiro ciclo”), evitando, dentre outras coisas, a constante repetição de uma mesma palavra.
Devido ao emprego adequado dos elementos coesivos, é possível identificar o que cada
"substituto" está retomando ou antecipando.
Atividade 1
Releia o texto e, em seguida, marque a única opção correta quanto à associação entre o elemento
coesivo e o que ele está retomando.
(a) O pronome oblíquo o, utilizado em "use-o fora da tomada" (2º tópico) retoma tanto a palavra
“produto” quanto a palavra “tablet”.
(b) O pronome demonstrativo essas, utilizado em "essas cargas iniciais" (4º tópico), refere-se às
duas primeiras recargas de bateria.
(c) A palavra procedimento, utilizada no 3º tópico, faz referência a “ligar seu tablet” (1º tópico).
(d) O aparelho (4º tópico) é utilizado como substituto para retomar “o produto” (2º tópico),
apenas.
(e) A expressão ou seja (4º tópico) serve como elemento coesivo que permite restringir o
significado de normalmente (4º tópico).
Ainda sobre o manual, é interessante atentarmos para o fato de que, mesmo sem termos
lido todo o manual do tablet, conseguimos, por nossa experiência, inferir certa lógica sequencial,
um ordenamento, ou melhor, a coesão entre as seções: se, na seção “Primeiras cargas”, está
escrito "Antes de ligar seu tablet", é possível depreender que ela é anterior àquelas que
explicitarão as funções do tablet, que só podem ser acessadas quando ele estiver ligado; ou,
ainda, que essa seção é posterior a uma outra que demonstre como conectar o aparelho no
carregador e informações a respeito da voltagem suportada.
No caso do manual apresentado, todos os elementos coesivos se manifestaram
explicitamente através de marcas linguísticas (palavras e expressões). Não obstante, há casos em
que a coesão é estabelecida por elementos extralinguísticos, como no caso das histórias em
quadrinhos, das tabelas de preço, das equações.
Exemplo 2
Exemplo 2
Exemplo 4
Atividade 2
Leia a paráfrase a seguir de uma citação de Antonio Lobo Antunes. Em seguida, marque a
opção que apresenta apenas o(s) elemento(s) anafórico(s) presente(s) no texto.
Há três ou quatro coisas importantes na vida: os livros, os amigos e as mulheres... e Messi... Ah, se
eu pudesse escrever como Messi joga futebol. A bola parece a namorada dele.
Fonte: S.I. Revista Metáfora (2012), n. 5, p.: 7. Com adaptações.
(a) e – se. (b) na - Ah. (c) dele. (d) como. (e) namorada.
Como se pode perceber, na atividade 2, há um elemento coesivo anafórico que se refere ao
substantivo Messi, evitando a repetição do nome próprio. Se reconstruíssemos o período sem
essa anáfora, teríamos "[...] A bola parece a namorada de Messi".
No período que segue, temos um caso diferente. Trata-se de um elemento coesivo que
antecipa aquilo que será enunciado adiante.
Exemplo 5
Os bacharéis em Tecnologia da Informação formados pela UFRN poderão optar por uma destas
ênfases: Ciência da Computação, Engenharia de Software, Sistemas Embarcados, Sistemas de Informação
de Gestão ou Informática Educacional.
O pronome demonstrativo destas (de + estas) está se referindo aos elementos que ainda
serão mencionados. A isso chamamos catáfora. Sendo assim, quando um elemento coesivo
antecipa algo que ainda será dito, é chamado de catafórico. Esse pronome poderia, ainda, ser
substituído pela locução a seguir sem que isso causasse modificação de sentido: continuaríamos
com um elemento coesivo de valor catafórico.
Passemos, agora, a alguns dos casos que mais geram dúvidas em escreventes e leitores.
A versão online da Revista Nacional de Tecnologia da Informação (RNTI) traz em sua 41ª edição
uma matéria intitulada “Pesquisa do Great Place to Work elege as melhores empresas para trabalhar
em TI e Telecom”. ______ matéria, a revista aponta como algumas das melhores empresas para se
trabalhar algumas das afiliadas ______ Assespro-Paraná, dando destaque à Sofhar
Gestão&Tecnologia, ______ foi eleita uma das melhores do Brasil pela segunda vez consecutiva.
______ são alguns dos benefícios dados ______ empresa aos funcionários: massoterapia, horário
destinado ao café da tarde, instalações adequadas ______ atividade exercida ______ liberdade de
acesso a todos os níveis hierárquicos da organização.
Com todos ______ benefícios, além de bons salários e a certeza de estar trabalhando em uma
empresa promissora, será natural que os alunos do Bacharelado em TI da UFRN busquem saber mais a
respeito da empresa Sofhar Gestão&Tecnologia ou sobre as ______ empresas citadas nessa matéria
da RNTI, ou em ______ revistas ligadas à área.
Exemplo 10
Exemplo 11
Observe abaixo a tentativa de reprodução do discurso de venda produzido por um
ambulante.
Proposta de reescrita
Gente, eu não conseguia emprego no lugar onde eu morava. Por isso decidi vir para a cidade de
Natal vender estas jujubas. Dentro do pacotinho, você encontrará jujubas de vários sabores. Você pode
comprá-las para me ajudar.
C) Uso do porquê
Atividade 5
(Banco do Brasil, 2012 – Escriturário)
1º caso
Preposição + artigo singular ________
s.f.s. (substantivo feminino singular)
a + a =à
2º caso
Preposição + artigo plural ________
s.f.p. (substantivo feminino plural)
a + as = às
3º caso
Preposição (a) + aquele(s)/aquela(s)/aquilo
Atividade 6
6.1 – Foram retiradas das frases a seguir alguns elementos coesivos. Preencha cada espaço
com o elemento mais adequado. Em seguida, marque a opção com a sequência correta de
preenchimento.
(a) há a às à a há
(b) a às A a há há
(c) à às às há à a
(d) a a a há há a
(e) a há À à há há
Exemplo 12
Atividade 6
6.1 – Leia a amostra textual abaixo, retirada da seção “Leitor”, de Veja online (19/ dez./
2012, p. 50) e marque a opção que apresenta apenas retomadas por palavra lexical, levando em
consideração os vocábulos destacados no texto.
“No Brasil, notícia é bandido morto pela polícia. O governo não se interessa nem em instalar
bloqueadores de celulares que funcionem nos presídios, de modo que até naqueles de “segurança
máxima” os bandidos podem enviar “ordens” aos seus comparsas em liberdade para que matem policiais.
Os governantes brasileiros não mandam nem condolências aos familiares de policiais assassinados em
serviço e nunca enaltecem o trabalho da polícia”.
Ronaldo Bastos Reis
Natal/RN
6.2 – Justifica a marcação da atividade anterior o fato de as retomadas por palavra lexical
fazerem referência aos seguintes vocábulos, respectivamente:
(a) presídios – governo
(b) polícia – familiares
(c) governantes – familiares
(d) presídio – polícia
(e) polícia – governo
Exemplo 13
O governo diz injetar cada vez mais dinheiro na educação, porém, os resultados ainda são pouco visíveis.
Atente para o fato de que cada um dos elementos destacados possibilita a conexão entre o
trecho “anterior” e o “posterior” e, além disso, adiciona valor semântico (de sentido) à sequência
discursiva. Cada vez mais aponta para o fato de que os investimentos financeiros em educação
são aumentados periodicamente; e porém enseja contradição entre a expectativa causada pela
ideia inicial e a realidade. Não poderíamos, portanto, substituir os termos destacados por
qualquer outro, conforme comprovam as reescritas abaixo, em que os elementos coesivos são
substituídos por outros aleatoriamente.
1. O governo diz injetar cada vez mais dinheiro na educação, portanto os resultados ainda são
pouco visíveis.
2. O governo diz injetar todavia dinheiro na educação, ainda os resultados são pouco visíveis.
3. O governo diz injetar pouco dinheiro na educação, por isso os resultados são pouco visíveis.
Pense: podemos dizer que o sentido original foi mantido em cada uma dessas reescritas?
Veja, a seguir, alguns operadores discursivos e seus valores semânticos.
Para indicar finalidade: para tanto, a fim de, a fim de que, para, para que, com o intuito de.
Ex.: O IMD pretende se tornar um núcleo de referência na área de TI, para tanto investe na
formação de seus alunos.
Para indicar adição: ademais, em acréscimo, e, mais, além disso, mais também.
Ex.: É claro que ele mereceu passar no vestibular, sempre foi esforçado. Ademais, aumentou a
carga de estudos no ano que antecedeu as provas do concurso.
Para indicar concessão: mesmo assim, embora, mesmo que, ainda que.
Ex.: Os bacharelados interdisciplinares da UFRN (BCT e BTI), embora sejam cursos novos,
demonstram ser bastante promissores.
Para indicar causa e consequência: uma vez que, em virtude de, por isso, por causa de, em
decorrência de, em vista de, em razão de.
Ex.: A Petrobrás ainda é considerada uma das melhores empresas para se trabalhar, em virtude
disso, sempre que abre concurso, o número de inscritos é bastante alto.
Para indicar condição: se, caso, se acaso, contanto que, a não ser que, a menos que.
Ex.: Os graduandos do BTI e os do BCT podem conseguir dupla titulação em cinco anos de vida
acadêmica, contanto que se dediquem aos seus respectivos cursos.
Para indicar conclusão: assim, afinal, sendo assim, portanto, logo, por isso, em vista de.
Ex.: Os professores de PLE são muito queridos pelos alunos, afinal dedicam-se bastante à
formação destes.
Para indicar tempo: ao longo de, antes, anteriormente, depois, após, passados, quando,
sempre, nunca.
Ex.: Dentre outras possibilidades, os alunos do BTI poderão, após terminarem o curso, ingressar
no mestrado profissionalizante.
Para indicar proporção: à medida que, ainda mais se, mais que, ao passo que, tanto menos,
quanto mais.
Ex.: À medida que o aluno do BCT for avançando no curso, será direcionado ao eixo generalista ou
aos cursos subsequentes.
Para indicar esclarecimento: ou seja, isto é, quer dizer, ou melhor, melhor dizendo.
Ex.: O aluno do BTI terá um currículo bastante aberto, isto é, terá bastante liberdade na hora de
escolher as disciplinas que pagará ao longo do curso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para encerrarmos este estudo, é necessário enfatizarmos, mais uma vez, que a coesão
textual é fundamental para as práticas de leitura e de escrita. Trata-se de um dos fatores
essenciais à geração/atribuição de sentido, uma vez que promove a conexão harmônica entre os
componentes textuais (palavras, frases, orações, períodos, parágrafos).
* Texto
Artigo: Coesão. [2012 ?]. Disponível em: http://www.brasilescola.com/redacao/ coesao.htm.
Acesso em 26/12/12. Autoria: Marina Cabral.
* Game de PLE
Disponível em: <www.ple.ect.ufrn.br>.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, estudamos uma das principais propriedades discursivo-textuais: a coesão.
Vimos que ela serve para conferir unidade ao texto, tendo em vista que, por meio da coesão,
podemos estabelecer conexões entre as unidades textuais. Quanto a isso, estudamos os seguintes
mecanismos coesivos: retomada ou antecipação por palavra gramatical, retomada por palavra
lexical e encadeamento de segmentos textuais.
AVALIAÇÃO
Na sequência, encontram-se duas questões de coesão, retiradas de concursos. A questão 1,
para um cargo de nível médio no Ministério da Fazenda; a questão 2, para um cargo de nível
superior na Secretaria de Economia e Planejamento de São Paulo. Responda a elas.
1. (Assistente Técnico-Administrativo - ESAF/2009) Leia o texto abaixo e depois assinale, no
quadro a seguir, a opção cujos elementos coesivos preenchem corretamente as lacunas do texto.
A chegada da crise financeira mundial ____ pequenos municípios exibe mais uma face perversa do
abalo global que já fez tremer os gigantes do crédito internacional. A população mais pobre dessas
comunidades começa a pagar preço alto ao ____ situar no lado mais fraco das contas públicas brasileiras.
A desaceleração da atividade econômica já seria suficiente ____ provocar uma expressiva perda de
arrecadação em todos os níveis da administração pública. Mas ____ um complicador a mais para os
municípios pequenos. Forçado ____ conceder desonerações tributárias para ajudar a manutenção de
empregos, o governo federal abriu mão de parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um dos
principais formadores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Por causa da excessiva proliferação
de cidades, muitas vezes, emancipadas apenas para atender a interesses de grupos políticos locais, é
imensa a quantidade de orçamentos dessas comunidades em todo o país que dependem quase ____
exclusivamente desse fundo.
(Estado de Minas, 3/3/2009)
A sociedade brasileira, cada vez mais, quer conhecer e debater as políticas, planos e programas de
desenvolvimento, previamente a (1) tomada de decisão pelo Poder Público e a (2) luz dos objetivos da
sustentabilidade e da melhoria dos processos de negociação e de controle social. Essa discussão é
orientada pela busca do melhor juízo sobre a (3) defesa ambiental com vistas a (4) adoção de um processo
de natureza negocial, baseado numa abordagem de gestão pública compartilhada, que não deve estar
restrita as (5) agências ambientais. Visa, também, a (6) definição de espaços adequados e permanentes
para o diálogo de forma a (7) se antecipar aos potenciais conflitos socioambientais associados as (8)
propostas de desenvolvimento e a (9) redução de ações de intervenção que remetam as (10) decisões a
(11) esfera do Judiciário.
(http://www.planejamento.sp.gov.br/PUBLICACOES/Desenv_sustent_ambientais.pdf)
Devem ser acentuados com acento grave os a/as destacados com os números:
(a) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9 (d) 2, 3, 4, 6, 7, 10, 11
(b) 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10 (e) 1, 2, 5, 6, 8, 9, 10
(c) 1, 2, 4, 5, 6, 8, 9, 11
06 - Fatores de coerência discursiva
VOCÊ VERÁ POR AQUI...
... o que são fatores de coerência discursiva e quais são as implicações deste estudo para as
práticas de leitura e escrita.
OBJETIVOS
Compreender o que é coerência discursiva.
Conhecer os fatores de coerência.
Perceber como a coerência e seus fatores podem contribuir na leitura e na escrita de
textos.
Aplicar o conhecimento teórico às práticas de leitura e escrita.
Frequentemente, ouvimos dizer: esse texto não está coerente; isso não é um texto; essas
ideias são confusas, sem sentido... O que é, afinal, coerência? Vamos a uma atividade inicial para
ver se isso fica mais claro.
Exemplo 1
Exemplo 2
Em um certo dia, um garoto procura seu pai com lágrimas nos olhos para fazer um pedido.
‘Pai’ – diz o menino – ‘por favor, compre-me uma bicicleta’. A esse apelo o pai olha severamente
para o filho e responde: ‘Não, porque o seu quarto já tem uma janela’. Triste com a resposta do
pai, o garoto decide, desde então, nunca mais comer salgadinhos.
A leitura desse exemplo nos ajuda a compreender que a coesão por si só não garante a
plenitude de sentido. A história possui vários elementos coesivos explícitos (“em um certo dia”,
“para”, “esse”, “seu”, “desde então”, “nunca mais”) que permitem a continuidade discursiva;
entretanto, não é possível fazer as devidas associações semânticas. Isso significa que há
problemas de coerência, embora o texto possua marcas de coesão.
Exemplo 3
Vejamos um fragmento de um “tutorial” escrito por um técnico em informática para os
usuários de um novo ambiente virtual escolar, especificamente desenhado para alunos do ensino
médio.
Ao acessar o sistema pela primeira vez, cadastre seus dados pessoais, mas com o número de
seu próprio RG e dos responsáveis para poder prosseguir. As informações devem ser atualizadas.
Analise com criticidade a sequência lida. Há alguma relação de oposição que justifique o
uso do elemento coesivo “mas” entre as seguintes informações: “seus dados pessoais” e o fato de
que se deve utilizar o número do RG do usuário? Há algum outro uso inadequado?
Atividade 2
Considerando a análise feita, reescreva o fragmento apresentado no exemplo 3 em seu
caderno, proporcionando-lhe melhor qualidade.
Exemplo 4
Conforme você pode observar, quando falamos ou escrevemos, precisamos usar
determinados termos que façam as conexões adequadas para o estabelecimento dos sentidos
que queremos imprimir a nossos textos orais e/ou escritos. Esses termos são justamente os elos
coesivos. No entanto, existe a possibilidade de esses elos não estarem completamente explícitos
e, ainda assim, haver coerência. Analisemos a amostra textual a seguir.
Atividade 3
A que gênero discursivo pertence o texto do exemplo 4? Ele apresenta coerência
discursiva? Você consegue identificar, nesse texto, algum elemento coesivo?
Exemplo 5
A seguir, você lerá algumas manchetes publicadas em jornais cariocas de diferentes épocas,
extraídas do livro “Corrija-se! De A a Z” (SACCONI, 2001).
JORNAL DO BRASIL
a) "A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada ano."
b) "Os sete artistas compõem um trio de talento."
JORNAL O DIA
c) "A vítima foi estrangulada a golpes de facão."
d) "O velho, antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou."
e) "Prefeito de interior vai dormir bem, e acorda morto.”
Atividade 4
Pense um pouco: a leitura dos enunciados permite afirmar que são coerentes?
1 FATORES DE COERÊNCIA
Intuitivamente, acionamos diferentes conhecimentos para estabelecer a coerência dos
textos falados e escritos com que temos contato todos os dias. Os fatores de coerência
representam os tipos de acionamento que fazemos na nossa tentativa de atribuir sentido àquilo
que lemos e, também, dos quais dependemos para que aquilo que escrevemos faça sentido. Além
disso, esses fatores possibilitam maior agilidade na comunicação, já que permitem, em alguns
casos, o encurtamento do discurso sem que ele perca o sentido. Nesta aula, ateremo-nos a cinco
fatores de coerência: conhecimento linguístico; conhecimento de mundo; conhecimento
partilhado; inferências; fatores de contextualização.
Exemplo 6
Exemplo 7
* the majority of people talk about computers nowadays: a maioria das pessoas conversarem
sobre computadores hoje em dia...
* that a lot of people are buying computers: que muitas pessoas estão comprando computadores…
* it is the type of thing: é o tipo da coisa…
* to offer the answer to all the problems of modern life: oferecer a resposta para todos os
problemas da vida moderna…
* computers are extremely useful: computadores são extremamente necessários...
* In fact: de fato...
*much more difficulty to write this text if I did not have: muito mais dificuldade para escrever este
texto se eu não tivesse…
* people seem to forget that the computer only works if there is: as pessoas parecem se esquecer
de que o computador só trabalha se existir...
* it is an instrument in our hands: ele é um instrumento em nossas mãos.
Com o conhecimento linguístico necessário, fica fácil atribuir sentido a esse texto, não é
verdade?
Atividade 6
Após a leitura do texto adaptado de MOITA-LOPES (1999, p. 8), assinale a única opção que
o sintetiza adequadamente.
(a) O computador é uma ferramenta indispensável para o homem moderno.
(b) O funcionamento e a utilidade do computador dependem da vontade humana.
(c) As pessoas, atualmente, têm um apego exagerado ao computador.
(d) O computador independe da ação humana.
(e) O desconhecimento de determinados termos não nos permite chegar a uma síntese.
Exemplo 8
O IMD/UFRN utiliza a MC como um dos critérios para direcionar o aluno egresso aos cursos
subsequentes da área de TI.
Esse texto está escrito em língua materna, mas isso não nos garante atribuição de sentido a
ele. Nesse caso, é imprescindível que tenhamos algum conhecimento de mundo na área da
linguagem acadêmica.
* O que é "IMD/UFRN"? Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
* O que é "egresso"? Aluno que conclui determinado nível de ensino. No caso, o
Bacharelado em Tecnologia da Informação.
* O que é "curso subsequente"? É um dos cursos superiores no qual o bacharel em
Tecnologia da Informação pode ingressar para se tornar especialista.
* O que é “MC”? Média de conclusão, ou seja, índice acadêmico utilizado para “medir” o
rendimento escolar final obtido pelos alunos que concluíram determinada graduação.
Atividade 7
Após a leitura do exemplo dado, marque a opção que apresenta uma proposta de reescrita
adequada ao público leigo e que preserve o sentido original.
(a) O Instituto Metrópole Digital (IMD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) adotará o índice média de conclusão (MC) como um dos índices para aprovação de alunos
ingressantes em um curso subsequente da área de Tecnologia da Informação.
(b) O Instituto Metrópole Digital (IMD) utiliza um dos índices de avaliação do estudante
universitário, MC, como critério para que o aluno possa ingressar em outro curso da área de TI.
(c) O Instituto Metrópole Digital (IMD) propõe a adoção do MC como critério para formação
dos alunos egressos dos cursos da área de Tecnologia da Informação.
(d) O Instituto Metrópole Digital (IMD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) utiliza o índice Média de Conclusão (MC) como critério para que os alunos formados no
IMD possam ingressar em cursos subsequentes da área de Tecnologia da Informação.
(e) O Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte terá o MC
como índice para o ingresso de estudantes na área de Tecnologia da Informação.
Atividade 8
Vamos a outra atividade, adaptada de um exemplo em Marcuschi (2008, p. 124). Leia o
texto a seguir.
Certa vez, uma família inglesa foi passar as férias na cidade de Munique, na Alemanha. No
decorrer de um passeio, as pessoas da família viram uma casa de campo que lhes pareceu boa
para passar as próximas férias de verão. Foram, então, falar com o proprietário da casa, que era
um senhor de idade, alemão e evangélico, mais precisamente o pastor de uma das igrejas da
região. Combinados o período e o valor do aluguel, a família inglesa ficou de voltar no verão
seguinte.
De volta à Inglaterra, a família conversou muito animadamente acerca da casa, dos
cômodos do imóvel e de como seriam boas as próximas férias. De repente, a mãe lembrou-se de
não ter visto o W.C. da casa. Onde seria o W.C. daquela casa? Nenhum dos componentes da
família sabia.
De acordo com o sentido prático dos ingleses, a senhora escreveu imediatamente para o
proprietário da casa que pretendia alugar para perguntar-lhe esse detalhe da planta do imóvel.
Leia a carta encaminhada ao senhor alemão, que aqui aparece traduzida na nossa língua
materna.
Sou membro da família inglesa que o visitou há poucos dias com a finalidade de alugar sua
propriedade no próximo verão. Como esquecemos um detalhe muito importante, escrevo ao senhor e
agradeceria se nos informasse onde se encontra o W.C. Nenhum de nós se lembrou, na oportunidade da
visita, de verificar o local.
Agradeço desde já sua atenção.
Atenciosamente,
Linda McCartney
O Pastor Hanz, não compreendendo o significado da abreviatura W.C., que significa water
closet (e, em português, “banheiro”), mas julgando tratar-se da capela da religião inglesa White
Chapel, da qual a família McCartney possivelmente participaria em Londres, respondeu nos
seguintes termos.
Tenho o prazer de comunicar-lhe que o local de seu interesse fica a 12 km da casa. É muito
cômodo, sobretudo se a senhora e sua família têm o hábito de ir lá frequentemente. Nesse caso, é
preferível levar comida para passar lá o dia inteiro.
Alguns vão a pé, outros de bicicleta. Há lugar para quatrocentas pessoas sentadas e cem em pé.
Recomenda-se chegar cedo para arrumar logo um lugar para sentar. As crianças sentam-se ao lado dos
adultos e todos cantam em coro. Na entrada, é distribuída uma folha de papel para cada um; no entanto,
quem chegar depois da distribuição pode usar o papel do vizinho. Na saída, os papéis são restituídos para
serem usados durante um mês.
Todas as doações lá recolhidas são para as crianças pobres da região. Fotógrafos especiais tiram
fotos para os jornais da cidade, a fim de que todos possam ver seus semelhantes no desempenho de um
dever tão humano.
Espero ter oferecido todo o detalhamento de que a senhora e sua família precisam.
A troca de cartas entre Linda McCartney e o Pastor Hanz ilustra bem a ideia de que a escrita
não é transparente. Na verdade, ela requer do escrevente um cuidado na explicitação de pistas
que favoreçam ao leitor a possibilidade de atribuição de sentido.
1.3 Conhecimento partilhado
Nossas experiências pessoais são responsáveis pelo tipo de conhecimento que
acumulamos. Isso faz de cada um de nós um ser singular. Você e eu não compartilhamos todas as
nossas experiências. Nem entre nós dois nem entre todos os que nos rodeiam. Todavia, também
temos muito em comum com muitas pessoas, mesmo as que não conhecemos pessoalmente.
De fato, quanto mais informações partilhamos, mais possibilidades de reconhecer a
coerência do enunciado do outro, mesmo que esse enunciado seja cheio de informações
implícitas.
Exemplo 9
No ano de 2012, a empresa de automóveis Volkswagen lançou a seguinte propaganda
publicitária.
1.4 Inferências
Quando lemos ou ouvimos um texto, estabelecemos algumas relações de sentido entre o
que foi escrito ou falado e os conhecimentos que acionamos no processo de compreensão.
A respeito desse fator de coerência, já o tivemos como foco de uma de nossas aulas, mas é bom
relembrarmos alguns conceitos.
As inferências podem ser autorizadas (possíveis) ou não autorizadas (equivocadas). Isso
ocorre porque todo texto é uma espécie de iceberg (KOCH; TRAVAGLIA, 1998). A materialidade
linguística que se nos apresenta é apenas a ponta do iceberg.
Vejamos uma amostra textual.
Exemplo 10
O professor de Práticas de Leitura e Escrita está
pensando em comprar um carro do ano.
Inferências
1 – O professor de Práticas de Leitura e Escrita precisa
comprar um automóvel.
2 – O professor de Práticas de Leitura e Escrita tem
dinheiro para comprar um automóvel.
3 – O professor de Práticas de Leitura e Escrita é rico.
Figura 41 – Automóvel (Lamborghini - Gallardo).
4 – O professor de Práticas de Leitura e Escrita é uma Fonte: e-Reality (2007).
boa companhia para mim.
Atividade 11
Com relação às inferências apresentadas, marque a única opção correta quanto ao
adequado julgamento delas.
(a) Apenas as inferências 1 e 2 parecem adequadas.
(b) As inferências 1 e 3 se apresentam como as mais adequadas.
(c) Apenas a inferência 4 parece inadequada.
(d) As inferências 2 e 4 são autorizadas.
(e) A inferência 2 é a única inquestionável.
Das quatro inferências citadas, podemos observar que nem todas são autorizadas. A não
ser que haja outras informações, além do que foi expresso no exemplo 10, não podemos aceitar a
3 nem a 4 como possíveis.
As inferências podem ser formadas a partir de pressupostos e de subentendidos. No
primeiro caso, o leitor/ouvinte se ancora em elementos linguísticos (palavras e expressões usadas
no texto) para fazer as correlações de sentido. No segundo, é o contexto mais geral que faz surgir
a inferência.
Vejamos se os exemplos 11 e 12 esclarecem ainda mais essa diferença.
1.4.1 Pressupostos
Exemplo 11
Exemplo
Juliana é11
muito inteligente, apesar de ter concluído o ensino médio em escola pública.
Exemplo 12
Observe, no exemplo 11, o elemento coesivo “apesar de”. Ele traz ao período uma ideia de
oposição entre “ser inteligente” e “ter concluído o ensino médio em escola pública”. Qual é,
portanto, a pressuposição que subjaz dessa afirmativa?
Ter cursado o ensino médio em escola pública implica pressupor que alguém não seja
considerado inteligente? Essa pressuposição é preconceituosa; logo, não pode ser considerada
verdadeira.
No exemplo 12, o uso do elemento coesivo “mas” traz ao período a ideia de adversidade
entre ser “linda” e ser “moreninha”. Em outras palavras, fica pressuposta uma relação direta
entre a beleza feminina e a cor da pele. Essa relação deixa as mulheres morenas em situação de
desigualdade frente às loiras.
Mesmo que não tenha havido a intenção do locutor, temos, nessa amostra, um exemplo de
preconceito em relação à cor morena. Esse caso serve como um alerta do quão atento o
escrevente deve estar ao seu texto a fim de garantir a ele a devida coerência.
1.4.2 Subentendidos
Exemplo 13
Já está melhor?
Contexto: uma pessoa que tem contato constante com outra ficou sabendo que esta esteve doente.
Exemplo 14
Contexto: um homem faz essa afirmação na frente de outro homem sobre um colega em comum,
Flávio, que já é maior de idade.
Exemplo 15
– As encomendas chegaram?
– Os correios estão em greve.
– Melhor adiar a inauguração da loja.
Contexto: duas sócias conversando em uma loja ainda não aberta ao público.
Seria estranho fazer a mesma pergunta do exemplo 13 para um estranho. Além disso, o
interlocutor não precisa de mais informações além da pergunta para entender que o produtor do
enunciado está perguntando sobre seu estado de saúde.
O que fica subentendido a respeito de Flávio a partir dessa declaração do exemplo 4? Fica
subentendido que os colegas de Flávio consideram estranho o fato de um homem maior de idade
ainda morar com os pais.
Observe que, no exemplo 15, a sócia não responde exatamente ao que lhe é perguntado.
A declaração que vem da outra mulher, por sua vez, também não se refere diretamente às
encomendas. Ela menciona a greve dos correios. Apesar disso, elas se entendem perfeitamente,
porque compartilham muitas informações e conseguem atribuir sentido(s) ao que dizem.
1.5 Fatores de contextualização
Na produção escrita, em geral, há uma necessidade maior de explicitação das informações,
tendo em vista que os interlocutores não estão um diante do outro para pedir esclarecimentos.
Assim, determinados elementos contextualizadores são imprescindíveis na escrita, embora
possam ser dispensáveis na fala. Vejamos um exemplo disso.
Exemplo 16
Amigo Pedro,
Hoje, o dia aqui está chuvoso. Nem vai dar para ir àquela praia que fica na cidade ao lado,
perto da casa do seu amigo. Amanhã, porém, mesmo chovendo, visitarei a casa de campo da prima
do nosso vizinho de condomínio. Ele me deu o endereço dela. Fica a uns 300 quilômetros daqui.
Pretendo fazer uma surpresa. Você acha que ela vai se aborrecer?
Um abraço.
João.
Obs.: você está se lembrando de seu compromisso comigo, né? Prometeu que, na minha
volta, iria me pegar no aeroporto. Vá mesmo, porque já não tenho dinheiro para táxi. Nem ônibus.
Como podemos constatar, João não usou elementos contextualizadores essenciais nessa
carta: local e data. De fato, a ausência da data torna difícil supor o referente exato do “hoje” e do
“amanhã”. João teria escrito essa carta no mesmo dia em que a colocou nos correios? Essa
hipótese é possível, mas é APENAS uma hipótese.
Da mesma forma, faz falta saber o local onde ele está. “Aqui” só faz sentido se eu estiver na
frente do meu interlocutor ou falando com ele pelo telefone ou ainda pela Internet e
explicitando, antes, o local de onde me comunico. Nesses casos, o “aqui” é compreensível por
causa do conhecimento partilhado entre os interlocutores.
Todavia, no caso da carta de João, além de não sabermos onde é “aqui”, não sabemos onde
fica a praia que ele não pôde visitar por causa da chuva. Isso porque os termos “aquela praia”,
“cidade ao lado” e “perto da casa do seu amigo” não são esclarecedores. Tampouco
esclarecedoras são “a prima do nosso vizinho de condomínio” (que prima? De que vizinho?) e
“300 quilômetros daqui” (daqui onde?).
O pior de tudo é que João corre um grande risco de ter de voltar para casa a pé, porque não
explicitou o dia nem a hora em que estará de volta à sua cidade. Se for uma cidade grande com
mais de um aeroporto, isso também é um sério problema. Imagine, por exemplo, que a distância
entre o aeroporto de Guarulhos e o aeroporto de Congonhas (ambos em São Paulo) representa
mais de uma hora em um trajeto de carro e se não houver congestionamento. Pobre João! Voltar
a pé para casa depois de umas férias, sabe-se lá onde, vai ser cansativo.
Atividade 12
Como poderíamos ajudar João a ser mais explícito e, assim, oferecer mais pistas para a
compreensão de Pedro? Reescreva essa carta, corrigindo todas as falhas existentes e insira-a na
ferramenta “atividade”, “tarefa” da turma virtual do Sigaa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim deste estudo, podemos, então, reforçar a ideia de que a coerência resulta de um
esforço contínuo de manutenção do sentido tanto na produção de textos orais e escritos quanto
no exercício das ações cotidianas. Sendo assim, tenha muita atenção para se mostrar coerente.
Isso será muito importante para sua vida profissional e acadêmica.
Agora, respondamos às questões iniciais.
O que é incoerência?
A incoerência ocorre quando, no decorrer de uma produção discursiva, o sentido – ou parte
dele – se perde, gerando problemas como contradição entre informações.
* Game de PLE
Disponível em: <www.ple.ect.ufrn.br>.
RESUMO DA AULA
Na aula de hoje, direcionamos nosso foco de atenção para a coerência discursiva e, mais
especificamente, para os fatores de coerência. Vimos que esses elementos são recursos
extremamente necessários para as práticas de leitura e escrita, uma vez que nos ajudam a atribuir
sentido(s) plausível(is) aos textos.
AVALIAÇÃO
Responda às questões seguintes, retiradas de um concurso de nível médio para o cargo de
Escriturário do Banco do Brasil (Fundação CESGRANRIO, 2012).
No fundo, a diferença entre sorte e azar está no jeito como olhamos para o acaso. Um bom
exemplo é o número 13. Nos EUA, a expedição da Apollo 13 foi uma das mais desastrosas de todos os
tempos, e o número levou a culpa. Pelo mundo, existem construtores que fazem prédios que nem têm
o 13o andar, só para fugir do azar. Por outro lado, muita gente acha que o 13 é, na verdade, o número
da sorte. Um exemplo famoso disso foi o então auxiliar técnico do Brasil, Zagallo, que foi para a Copa
do Mundo de (19)94 (a soma dá 13) dizendo que o Mundial ia terminar com o Brasil campeão devido a
uma série de coincidências envolvendo o número. No final, o Brasil foi campeão mesmo, e a Apollo 13
retornou a salvo para o planeta Terra, apesar de problemas gravíssimos.
Até hoje não se sabe quem foi o primeiro sortudo que quis homenagear a sorte com uma
palavra só para ela. Os romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a “sorte” de todos nós que
falamos português. Sors designava vários processos do que chamamos hoje de tirar a sorte e originou,
entre outras palavras, a inglesa sorcerer, feiticeiro. O azar veio de um pouco mais longe. A palavra
vem do idioma árabe e deriva do nome de um jogo de dados (no qual o criador provavelmente não era
muito bom). Na verdade, ele poderia até ser bom, já que azar e sorte são sinônimos da mesma
palavra: acaso. Matematicamente, o acaso – a sorte e o azar – é a aleatoriedade. E, pelas leis da
probabilidade, no longo prazo, todos teremos as mesmas chances de nos depararmos com a sorte.
Segundo essas leis, se você quer aumentar as suas chances, só existe uma saída: aposte mais no que
você quer de verdade.
(Revista Conhecer. São Paulo: Duetto. n. 28, out. 2011, p. 49. Adaptado)
01 – De acordo com o texto, a pergunta feita no subtítulo “Afinal, existe sorte e azar?” é
respondida da seguinte maneira:
(a) Sorte e azar são frutos do acaso ou da aleatoriedade.
(b) Como são ocorrências prováveis, pode-se ter mais azar.
(c) A fé de cada um em elementos, como os números, pode dar sorte.
(d) Depende das pessoas, umas têm mais sorte.
(e) A sorte e o azar podem estar, ou não, no número 13.
02 – O período em que a expressão “no fundo” está usada com o mesmo sentido com que é
empregada na primeira linha do texto é:
(a) A horta está no fundo do quintal.
(b) Procure na mala toda, até no fundo.
(c) No fundo do corredor, está a melhor loja.
(d) No fundo, acredito que tudo sairá bem.
(e) No fundo do poço, ninguém vê saída para problemas.
03 – No trecho “Os romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a ‘sorte’ de todos nós que
falamos português”, sorte designa
(a) uma ideia (d) o contrário de azar
(b) uma palavra (e) o adjetivo do verbo sortear
(c) um conceito
04 – A oração “envolvendo o número” pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original, pela
seguinte oração:
(a) por envolver o número.
(b) que envolviam o número.
(c) se envolvessem o número.
(d) já que envolvem o número.
(e) quando envolveram o número.
05 – A palavra mesmo está sendo empregada com o sentido igual ao que se verifica em “o Brasil
foi campeão mesmo”, na seguinte frase:
(a) O diretor preferiu ele mesmo entregar o relatório ao conselho.
(b) Mesmo sabendo que a proposta não seria aceita, ele a enviou.
(c) Fui atendido pelo mesmo vendedor que o atendeu anteriormente.
(d) Você sabe mesmo falar cinco idiomas fluentemente?
(e) Ele ficou tão feliz com a notícia que pensou mesmo em sair dançando.
OBJETIVOS
Compreender o que é progressão discursiva.
Reconhecer os recursos lexicais e gramaticais que favorecem a construção da progressão
discursiva.
Entender que a progressão discursiva é um requisito básico para a prática textual.
Aplicar o conhecimento teórico às práticas de leitura e escrita.
Exemplo 1
Observe, inicialmente, que estratégias você utiliza para assimilar o tema (assunto) do texto
lido e o recorte1 que o autor desse texto focaliza.
Você percebeu que da mesma forma que há acréscimos de ideias correlacionadas à
informação inicial (“Pega mal, e muito, enviar um e-mail mal escrito”), há retomadas de ideias já
expostas? Pois bem, esses movimentos configuram exatamente o que se denomina “prospecção”
e “retrospecção”.
Com as atividades a seguir, verificaremos se você compreendeu o “espírito” da progressão
discursiva, tomando para análise o texto intitulado “As ciladas do e-mail mal escrito”.
Atividade 1
No texto lido, o movimento de prospecção textual, ou seja, a inserção de informação nova,
obedece ao ordenamento expresso na opção:
(a) Informação inicial (Pega mal enviar e-mail mal escrito); segunda informação (pesquisa
realizada nos EUA); terceira (explicitação de um dado percentual da pesquisa); quarta
(demonstração de uma consequência do dado estatístico anterior com a apresentação de um
novo percentual).
(b) Informação inicial (Pega mal enviar e-mail mal escrito); segunda informação (pesquisa
realizada nos EUA); terceira (explicação da pesquisa realizada pelo Information Mapping); quarta
(demonstração de dados estatísticos da pesquisa).
(c) Informação inicial (Pega mal enviar e-mail mal escrito); segunda informação (pesquisa
realizada no Information Mapping); terceira (explicitação de um primeiro dado percentual da
1
O tema é “e-mail mal escrito”; o recorte temático, “ciladas do e-mail mal escrito”.
pesquisa); quarta (demonstração de uma consequência do dado estatístico anterior com a
apresentação de um novo percentual).
(d) Informação inicial (Pega mal enviar e-mail mal escrito); segunda informação (pesquisa
realizada nos EUA); terceira (explicitação de um dado percentual da pesquisa); quarta
(explicitação de um segundo dado percentual que focaliza a importância de se escrever bem no
ambiente de trabalho); quinta (demonstração de uma causa do dado estatístico anterior com a
apresentação de um novo percentual).
(e) Informação inicial (Pega mal enviar e-mail mal escrito); segunda informação (pesquisa
realizada no Information Mapping); terceira (explicitação de um dado percentual da pesquisa);
quarta (explicitação de um segundo dado percentual que focaliza a importância de se escrever
bem no ambiente de trabalho); quinta (demonstração de uma consequência do dado estatístico
anterior com a apresentação de um novo percentual).
Atividade 2
Focalizaremos, agora, o movimento de retrospecção. Observe as correlações sugeridas
entre palavras e expressões.
I – “ciladas” (título) – “Pega mal, e muito” (1º período) – “perdem até meia hora diária” (2º
período).
II – “e-mail” (título) – “e-mail” (1º período) – “mensagens eletrônicas” (2º período) – “mensagens
pelo computador” (4º período).
III – “e-mail mal escrito” (1º período) – “mensagens eletrônicas escritas de forma desleixada e
pouco eficiente” (2º período).
IV – “Estados Unidos” (2º período) – “americanos” (3º período) – “daquele país” (4º período).
V – “uma pesquisa” (2º período) – “o estudo” (3º período) – “trabalho” (3º período).
Marque a opção que apresenta o correto julgamento sobre as correlações explicitadas nos itens
acima.
(a) Estão corretamente correlacionados apenas os itens I, II, III e IV.
(b) Estão corretamente correlacionados apenas os itens II, III e IV.
(c) Estão corretamente correlacionados apenas os itens I, II, III e V.
(d) Estão corretamente correlacionados apenas os itens I, IV e V.
(e) Estão corretamente correlacionados apenas os itens I, II e III.
Exemplo 2
Exemplo 3
Atividade 5
O texto a seguir foi dividido em cinco partes. Cada uma delas apresenta lacunas. Para que
cada parte obtenha coesão, progressão discursiva e coerência, será necessário encaixar alguns
elementos linguísticos (lexicais ou gramaticais) nessas lacunas e, depois, compreender a unidade
de sentido do conjunto das cinco partes. Vejamos a que respostas você consegue chegar.
Parte 1
Ciborgues: o corpo pós-humano.
Disponível em <http://sociologiamelhormateria.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.html>
Acesso em 20/dez./2012. Com adaptações.
Parte 2
O _________ bionics foi cunhado em 1960 pelo major Jack Steele, da Força Aérea
Americana, _________ descrever o emergente campo de pesquisas _________ análise do
funcionamento dos sistemas vivos visa à reprodução dos truques da natureza em artefatos
sintéticos. _________ a "biônica" é uma área relacionada com a biomimética. _________ pode
ser definida como a ciência de sistemas que têm alguma função copiada da natureza ou que
representa características de sistemas naturais ou de seus análogos.
Já o termo cyborg nasceu da contração de cybernetics organism e foi apresentado, também
em 1960, por Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline em um simpósio sobre aspectos psico-
fisiológicos do voo espacial. Inspirados por uma experiência realizada nos anos 1950 em um rato,
_________ foi acoplada uma bomba osmótica que injetava doses controladas de substâncias
químicas, _________ apresentaram a ideia de se ligar ao ser humano um sistema de
monitoramento e regulagem das funções físico-químicas, a fim de deixá-lo dedicado apenas às
atividades relacionadas com a exploração espacial.
_________ em 1972, Martin Caidin lançou a ficção científica Cyborg, que conta a história de
um piloto de testes da Força Aérea americana, Steve Austin. _________ um grave acidente, Steve
é reconstruído com partes biônicas pelo laboratório cibernético do Dr. Killian.
(a) termo para cuja Em outras palavras, Ela no qual esses pesquisadores Anos depois, Após
(b) termo a fim de de que Entretanto, Nela em que estes pesquisadores Décadas depois, Apois
(c) nome à cuja a Ou seja, Essa no qual eles Em seguida, Depois
(d) adjetivo para a qual Portanto, Esta na qual Elas Logo depois, Antes
(e) vocábulo afim de que Além disso, Aquela nele aqueles pesquisadores Anos antes, Em um
Parte 3
O ciborgue que Caidin nos legou é produto de uma biônica reinventada que, _________ a
inspiração da ideia de Clynes e Kline, não é mais uma simples técnica de mimese da natureza, mas
um meio de reconstruí-la e superá-la. A história do homem biônico Steve Austin tornou-se famosa
com a série de TV intitulada The Six Million Dollar Man ("O homem de seis milhões de dólares"),
_________ na década de 1970. A figura do homem biônico, _________ corpo natural é
melhorado com o acoplamento de máquinas vem, desde então, sendo reproduzida à exaustão.
O ciborgue é _________ uma forma de retomar o sonho de Victor Frankenstein,
disfarçando aquilo que causava horror na sua criatura morta-viva, feita com retalhos de cadáveres
de pessoas e animais esquartejados ainda vivos para aproveitar-_________ o sopro de vida na
recomposição: “Ninguém poderia suportar o horror do seu semblante. Uma múmia saída do
sarcófago não causaria tão horripilante impressão. Quando o contemplara, antes de inocular-lhe
o sopro vital, já era feio. Mas agora, com os nervos e músculos capazes de movimento, converteu-
se em algo que nem mesmo no inferno dantesco se poderia conceber” (SHELLEY, 1998, p. 53-54).
Certamente, os significados do homem pós-humano foram determinados sobremaneira
pelos resultados e promessas da ciência e da tecnologia, _________ o ciborgue não seria sequer
inteligível. O coração _________ é um dos objetos mais emblemáticos – tanto pela sua
importância fisiológica _________ pelo seu valor simbólico – dos esforços científicos em superar
os limites do homem com máquinas. _________ o coração foi um dos primeiros órgãos a receber
o acoplamento definitivo de uma máquina.
(a) sobre vinculada cujo além disso -lo os quais , por um lado, como Portanto,
(b) sob veiculada cujo também -lhe sem os quais , por exemplo, quanto Não por acaso,
(c) sob veiculada cuja também -lhe sem o qual , por exemplo, enquanto Por acaso,
(d) sobre declarada a qual mais para na qual , sem dúvida, quanto Não por acaso,
(e) sob declarada o qual outra -no sem as quais , indubitavelmente, como Logo,
Parte 4
O desenvolvimento de próteses _________ está intimamente ligado _________ superação
de limites. Originalmente, tais limites eram os impostos _________ cuja natureza do corpo fora
mutilada por nascença ou _________ acidente. Mas, hoje, acoplados em próteses de competição,
os para-atletas velocistas agregam muita tecnologia e são capazes de ultrapassar, e muito, a
velocidade das pessoas comuns, chegando próximo à de recordistas mundiais olímpicos.
_________ de uso de próteses em competições é o do para-atleta Tony Volpentest
_________ inspira admiração e, quem sabe, até despeito. _________ Tony tenha vindo ao mundo
sem os pés e sem as mãos, foi Medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atlanta (1996).
Munido de duas pernas mecânicas, esse atleta americano de 26 anos faz 100 metros rasos em
impressionantes 11 segundos e 36 centésimos de segundo: apenas um segundo e meio atrás do
recordista mundial, o canadense Donovan Bailey, que nasceu com todas as “peças” no lugar.
Exibindo próteses de alta tecnologia, desenhadas _________ medida para competições, a
imagem desse para-atleta tem sido explorada em propagandas e desfiles de moda. No discurso da
mídia e da propaganda, _________ exibem ostensivamente o seu corpo híbrido, os para-atletas
corredores materializam hoje as aspirações do futuro do corpo pós-humano: o homem
redesenhado para uma "melhor performance".
Parte 5
_________ poderíamos dizer que uma das manifestações da cibercultura é o "culto à
performance". _________ as próteses de alta performance assumem o design dinamizado,
matematizado e geometrizado da máquina: _________ não pretendem mais reproduzir as formas
do corpo humano, são desenhados apenas em função do desempenho.
É bem provável _________ que o corpo ideal do body building – atlético, sexy e clean – tão
em moda atualmente, já seja um reflexo, no nosso cotidiano, desse pensamento cibernético.
Assim sendo, à medida que a máquina se torna, de fato, a unidade de medida do homem, uma
nova postura estética do corpo toma forma frente à valorização da performance: o que é belo
está _________ relacionado ao desempenho desejado (essa noção tão cibernética). Daí a noção
afetada de pureza _________ comer um torresmo ou fumar um cigarro são atos relativamente
mais impuros do que ingerir complementos alimentares sintéticos ou injetar hormônios artificiais.
_________ na perspectiva da estética da performance, as máquinas de musculação, os
programas planejados de modelagem muscular, as próteses estéticas, as técnicas cirúrgicas de
lipoaspiração, a toxina botulínica (Botox), os anabolizantes e os complementos alimentares são
apenas meios que a tecnologia disponibiliza para se atingir a imagem do corpo de alto
desempenho: a imagem do corpo pós-humano.
Extraído de Cibernética, ciborgues e ciberespaço: notas sobre as origens da cibernética e sua reinvenção cultural.
Joon Ho Kim (Universidade de São Paulo)
(a) De certa forma, Com efeito, elas , portanto, , cada vez mais, segundo a qual Em suma,
(b) Todavia, De fato, essas próteses , por tanto, , mais e mais, para a qual Em resumo,
(c) Assim sendo, No entanto, estas próteses , para tanto, , progressivamente, para que Sintetizando,
(d) Portanto, Apesar disso, ela , por conseguinte, , sempre, segundo ela Em síntese,
(e) Nesse sentido, A despeito disso, eles , pois, , cada vez menos, para a qual Não obstante,
Exemplo 4
Ontem, fui para a vista de prova de PLE-I. Fiquei muito decepcionado com a nota dessa
prova e quando o professor me disse que eu não me esforcei o suficiente. Preciso me dedicar
mais. É a minha vida acadêmica que está em jogo.
Você consegue perceber quebra nesse texto? O que você sugere para garantir-lhe
progressão discursiva, retirando o truncamento?
Observe que o uso da conjunção coordenativa "e" sinaliza a intenção de unir dois
segmentos: em primeiro lugar, “a nota da prova”; em segundo, “o professor me disse que eu não
me esforcei o suficiente”.
Unir essas duas ideias, porém, implicaria fazer algumas alterações e/ou complementações
no texto. Vejamos duas possibilidades.
1)
Ontem, fui para a vista de prova de PLE-I. Fiquei muito decepcionado com a nota
dessa prova e com o fato de o professor ter me dito que eu não havia me esforçado o
suficiente. Preciso me dedicar mais. É a minha vida acadêmica que está em jogo.
2)
Ontem, fui para a vista de prova de PLE-I. Fiquei muito decepcionado com a nota
dessa prova. Quando o professor me disse que eu não havia me esforçado o suficiente,
eu me senti muito envergonhado. Preciso me dedicar mais. Afinal, é a minha vida
acadêmica que está em jogo.
Outras possibilidades – igualmente adequadas – poderiam ser sugeridas para o exemplo
em foco. Para tanto, é importante notar que a construção de um texto requer a articulação
cuidadosa de seus elementos. É essa a grande lição que os conceitos de coesão, coerência e
progressão discursiva nos proporcionam.
O exemplo 4 contempla um caso muito comum de truncamento sintático. Vejamos.
Exemplo 4
A formação na área de ciências exatas e tecnológicas, por muitos anos, foi ancorada,
basicamente, nos conhecimentos da matemática, da física e da informática. Todavia, já nos
primeiros anos do século XXI, ficou constatada a necessidade de também os profissionais dessa área
desenvolverem competências ligadas à leitura e à escrita, além do pensamento crítico sobre as
implicações socioculturais da tecnologia na vida humana. Isso é um requisito importante para a
atuação do profissional da área de ciências exatas e tecnológicas. De fato, levando em conta o
comentário do Engenheiro Mecânico João Moura, que diz que um dos diferenciais para os
engenheiros que o Brasil precisa é saber defender seus projetos oralmente e por escrito.
Atividade 6
Em que trecho do texto em foco há truncamento? Reescreva-o, em seu caderno, de forma
a assegurar-lhe progressão discursiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim desta aula, você reuniu subsídios suficientes para perceber que a produção de
textos requer, além do conhecimento das noções de coerência e coesão, a competência de
organizar as informações de modo a explicitar uma linha de raciocínio coerente e compatível com
a situação comunicativa a que cada texto se vincula. A essa disposição ordenada dos conteúdos
em um texto por meio de movimentos que permitam a ele fluidez se dá o nome de PROGRESSÃO
DISCURSIVA.
Dito isso, passemos a responder às questões iniciais.
Quando você está conversando com alguém, que recurso utiliza para saber se seu
interlocutor se mantém em um assunto?
Para nos certificar de que nosso interlocutor se mantém em um mesmo assunto,
observamos as palavras-chave do que está sendo dito (oralmente ou por escrito) e os
sequenciadores que ele usa para dar continuidade ao assunto, progredindo textualmente.
De que recurso você lança mão para compreender que ele mudou de assunto?
Existem elementos linguísticos que sinalizam a mudança de assunto. Em geral, o
interlocutor utiliza esses elementos para direcionar a compreensão do que está dizendo. Por
exemplo, dois graduandos da UFRN estão conversando sobre a necessidade de se inscreverem no
cadastro único de oportunidades de bolsa, que fica no Sigaa. Para acrescentar a essa conversa a
necessidade de fazerem inscrição na Biblioteca Central Zila Mamede, um dos interlocutores
sinaliza: “outra ação importante que precisamos realizar é….”.
Como saber se um texto escrito acrescenta informações novas no decorrer dos parágrafos
sem abandonar o tema original?
Uma leitura atenta é suficiente para verificar se um texto apresenta, ao longo dos
parágrafos, informações novas ou se, ao contrário, está sendo “circular”, ou seja, apenas
repetindo as ideias iniciais. A circularidade textual é um problema que precisa ser corrigido. Esse
problema representa a não progressão.
* Concurso público
O tópico “progressão discursiva” é muito recorrente em provas de concurso público,
especialmente as que são elaboradas pela ESAF (ver <www.esaf.gov.br>). Vale a pena testar seus
conhecimentos respondendo às questões de provas desse tipo.
* Game de PLE
Disponível em: <www.ple.ect.ufrn.br>.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, direcionamos nosso foco para o estudo da progressão discursiva e vimos o
quanto é importante observar a sequencialidade das ideias para garantir uma adequada
construção sintática e semântica nos textos que lemos e escrevemos.
AVALIAÇÃO
01. Observe o conjunto de enunciados a seguir. Eles estão desordenados. Todavia, o adequado
encadeamento desses enunciados pode transformar esse conjunto disperso em um texto coeso,
coerente e com progressão discursiva (Ministério da Fazenda – ESAF/2009).
( ) A emergência e a multiplicidade desses planos e desses pacotes de estímulo estão
preocupando até mesmo o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique
Strauss-Kahn, para quem essas manifestações desconexas e parciais não representam soluções e,
ao contrário, podem tornar-se parte da crise.
( ) A questão do protecionismo, tema central nos debates sobre o comércio internacional nas
últimas décadas, ganha agora uma renovada atualidade em decorrência das medidas que, nos
países ricos e nas nações em desenvolvimento, os governos têm adotado para enfrentar os
efeitos da crise global.
( ) Exemplos dessas medidas pontuais e restritas são, entre outras, a proposta subordinada ao
slogan buy American, pela qual os consumidores dos Estados Unidos são convocados a comprar
produtos locais, e as que o governo de Buenos Aires está adotando para proteger a indústria
argentina contra a presença de produtos estrangeiros, mesmo do Mercosul. Alguns dos itens
brasileiros só entram na Argentina pagando taxas que vão a 413%.
( ) A ausência de medidas planetárias para enfrentar esse problema que tem dimensão global
estimula soluções parciais e limitadas, que se multiplicam de país para país, que levam à adoção
de pacotes de estímulos distintos e que acabam por dar força a tentativas quase nacionalistas de
defesa de interesses.
( ) Para Strauss-Kahn, esse é o risco de uma política de “empobrecer o vizinho”, que é a que
transparece das decisões de países importantes, a começar pelos da União Europeia, dos Estados
Unidos e do Japão. A globalização que ocorreu nas últimas três décadas, mesmo que agora surja
como um fenômeno em retração por causa da crise, é ainda um elemento fundamental para o
entendimento do inter-relacionamento econômico e financeiro internacional e para avaliar os
efeitos devastadores e abrangentes da atual crise.
03. Analise, a seguir, uma justificativa para solicitação de prova de reposição, escrita por um
graduando do curso de Ciências e Tecnologia que faltou a uma avaliação. Nessa justificativa, há
truncamentos que precisam ser desfeitos, a fim de garantir-lhe qualidade.
Falecimento da avó paterna ocorrido no dia 04/10. Com sepultamento realizado no dia 05/10
na cidade de Acari, interior do RN. Impossibilitando chegada no horário de realização da prova.
Segue em anexo xerox da declaração de óbito.
Marque a opção que pareça ser mais adequada como reescrita do texto em análise,
considerando a situação de comunicação a que ele se vincula.
(a) Devido ao sepultamento da minha avó paterna, no dia 05/10/12, na cidade de Acari, interior
do RN, fiquei impossibilitado de chegar à UFRN no horário de realização da prova: 10h50min do
dia 05. Nesse sentido, solicito o deferimento do meu pedido de reposição de prova e, para
comprovar a justificativa encaminhada, segue em anexo uma cópia da declaração de óbito.
(b) Sepultamento de minha avó paterna = dia 05/10/12, na cidade de Acari, interior do RN. Prova
de Matemática Básica = 05/10/12, de 10:50h. Não deu pra chegar a tempo. Logo, solicito
autorização para fazer prova de reposição. Para comprovar a justificativa encaminhada, segue
anexa uma cópia da declaração de óbito.
(c) Comparecer ao sepultamento de minha avó paterna, no dia 05/10/12, na cidade de Acari,
interior do RN. Fiquei impossibilitado de chegar a UFRN no horário de realização da prova. Por
esse motivo, solicito autorização para fazer reposição de prova. Segue em anexo uma cópia da
declaração de óbito. Comprovando minha justificativa.
(d) Professor, vó morreu. O sepultamento foi em Acari, no dia 05/10/12, no mesmo dia da sua
prova. Não tive como chegar a tempo na UFRN. Conto com a sua compreensão para permitir que
eu faça a prova de reposição de prova, se não eu me lasco. Para comprovar o que eu disse, segue
em anexo uma cópia da declaração de óbito.
(e) Segue em anexo uma cópia da declaração de óbito.
08 – Paragrafação
VOCÊ VERÁ POR AQUI...
... o que é parágrafo, qual a função dele no texto e como se constitui. Verá também os tipos
de parágrafos, considerando modos de organização e de encadeamento.
OBJETIVOS
Conceituar parágrafo, conhecer a função dele no texto e a estrutura interna.
Identificar os tipos de parágrafos, atentando para os modos de organização.
Perceber as estratégias de encadeamento entre os parágrafos no texto.
Aplicar o conhecimento teórico visto nesta aula às práticas de escrita.
O que é parágrafo?
Por que e para que precisamos dividir o texto escrito em parágrafos? Em outras palavras,
qual a função do parágrafo na escrita de textos?
Qual é a estrutura básica do parágrafo?
O parágrafo pode ser formulado de modos diversos?
Como dividimos o texto em parágrafos e como os encadeamos?
Exemplo 1
2 A composição do parágrafo
Há formas variadas de composição do parágrafo. Entretanto, existe uma estrutura básica
(padrão) em que o bloco informacional se organiza, constituindo-se de duas partes essenciais:
tópico frasal e comentário(s).
O tópico frasal é a proposição de abertura do parágrafo e contém a ideia central, isto é, a
informação principal. O(s) comentário(s) constitui(em) conteúdo(s) secundário(s)
semanticamente relacionado(s) a esse tópico nuclear, visando a expandi-lo e a esclarecê-lo. Em
muitos casos, o último período funciona como uma espécie de conclusão ou coda do parágrafo.
Quanto a isso, salientamos, ainda, que o tópico frasal é sustentado por uma palavra ou uma
expressão-chave. Esse termo serve como fio condutor às ideias que são desenvolvidas em todo o
bloco de sentido.
Observemos a seguinte amostra.
Exemplo 2
Muito já se falou sobre a falência do casamento. Não faltam exemplos, mundo afora, de
maridos e esposas brigando como gato e rato e até chegando a extremos. Mas, se casar pode ser
ruim, não casar pode ser pior, sustenta um recente estudo norte-americano, publicado no Journal
of Research in Personality.
(Planeta, set. 2012, p. 62)
SOS Amazônia
“FOGO NA MATA, MATA!” É com esse slogan que grupos ecológicos estão protestando e, ao
mesmo tempo, tentando sensibilizar a população brasileira contra as constantes queimadas que
destroem a rica vegetação e ameaçam a biodiversidade na Amazônia, conhecida como o "pulmão do
mundo". Os defensores da natureza alertam que essa atitude criminosa representa um sério risco ao
ecossistema global, uma vez que a floresta dessa região desempenha um papel relevante na
manutenção da vida no planeta.
Com recursos insuficientes para uma fiscalização rigorosa, o poder público quase nada tem feito
para mudar esse triste quadro. Além disso, interesses econômicos e políticos constituem um grande
obstáculo a medidas enérgicas e realmente eficazes.
(Fonte ignorada)
3 A formulação de parágrafos
Conforme já mencionamos, podemos formular o parágrafo de diferentes modos,
dependendo da sequência textual nele predominante e da natureza do conteúdo a ser expresso.
Nesse sentido, a organização do bloco informacional pode se dar a partir de: manutenção
referencial, associação tópica, encadeamento, comprovação, relação motivo-resultado (ou causa-
efeito), enumeração, oposição.
Vejamos as amostras que seguem com alguns desses modos de organização do parágrafo.
3.1 Manutenção referencial
Exemplo 3
3.2 Encadeamento
Exemplo 4
Veja que o primeiro período do parágrafo tem como núcleo o referenciador "Universo".
O período seguinte apoia-se na ideia de "interação", mencionada no período anterior; o último
retoma "leis", um dos termos referidos na proposição anterior. Nesse tipo de organização,
estabelece-se uma cadeia entre os referenciadores responsáveis pela continuidade do parágrafo,
isto é, o primeiro enseja o segundo, que é retomado e motiva o próximo, e assim por diante.
Exemplo 5
Exemplo 6
A má educação causa a falta de ambição e é também causada por ela. Nos países que deram
grandes saltos, a educação não foi percebida como um fim, mas como parte de um projeto nacional:
China do século XXI, Coreia da década de 70, Japão do pós-guerra, Estados Unidos dos anos 30. Nesses
e em outros casos, os países perseguiram um sonho de grandeza. Parte do nosso problema é que, ao
não termos um projeto nacional inspirador, a educação deixou de ser uma questão dos brasileiros e
se tornou propriedade dos professores e funcionários.
(G. Ioschpe. In: Veja 2286. 12 /09/2012, p. 70).
Esse parágrafo constrói-se a partir do tópico geral "educação". Nos períodos seguintes, é
feita uma contraposição entre "países que deram grandes saltos" por focalizarem corretamente a
educação e o Brasil ("brasileiros"), onde se tem a "má educação".
Atividade 2
O artigo informativo a seguir encontra-se com os parágrafos desordenados. Para encadeá-
-los corretamente e, assim, recuperar a coerência que deve ser atribuída ao texto, enumere-os,
observando a adequada progressão discursiva entre seus segmentos.
[ ] O trabalho também foca a água como um sistema ambientalmente complexo. "Todos os sistemas naturais e
humanos são influenciados pela distribuição, abundância, qualidade e acessibilidade da água," afirma o
pesquisador David Skole, geógrafo da Universidade de Michigan, que participou da elaboração do documento.
"Pesquisas relacionadas à água em multiescala, multidisciplinares e integradas serão necessárias para responder a
esse desafio."
[ ] "Agora, mais do que nunca, os cientistas devem buscar combinações de fatores na sua pesquisa, tais como a
interação entre as atividades humanas e o ciclos naturais em diferentes escalas espaciais e temporais," diz o
relatório.
[ ] A Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NSF) acaba de lançar um novo relatório, chamado
Rotas para o Futuro, que analisa de forma global os desafios com que o homem se depara frente às alterações
climáticas promovidas por ele mesmo.
[ ] Em suma, embora o relatório tenha grande preocupação em orientar os futuros investimentos da Fundação
Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a análise é global e de grande interesse de cientistas de todo o mundo
que trabalham com o meio ambiente.
[ ] Esse relatório cobre alterações como as rápidas mudanças no clima e em vários ecossistemas, a degradação
da água potável, o alastramento global de doenças e o aumento do perigo das armas químicas e biológicas. Entre
os desafios com que os cientistas deverão se deparar para buscar soluções para esses problemas, está a
necessidade de se entender como e por que essas mudanças estão ocorrendo e como responder a elas.
(a) 4 – 3 – 1 – 5 – 2
(b) 3 – 4 – 1 – 5 – 2
(c) 4 – 3 – 1 – 2 – 5
(d) 5 – 3 – 1 – 2 – 4
(e) 4 – 5 – 1 – 3 – 2
4 Divisão e encadeamento de parágrafos
Divide-se o texto em parágrafos com base nos blocos informacionais nele existentes. Dessa
maneira, constrói-se um novo bloco informacional a cada mudança de foco do conteúdo textual.
Deve-se observar, ainda, que o novo parágrafo precisa dar continuidade às informações do
anterior, por isso deve retomar algo (termo ou expressão) dele, e sinalizar o conteúdo a ser
desenvolvido no parágrafo seguinte. É essa continuidade tópica que evidencia a unidade de
sentido do texto. Com isso, pode-se dizer, então, que há uma estreita relação entre progressão
discursiva e paragrafação.
Outra questão referente à divisão do texto em parágrafos diz respeito ao modo de
organização textual, ou seja, se a sequência textual nele predominante é narrativa, descritiva,
expositiva, argumentativa ou injuntiva. Nesse sentido, a segmentação dos parágrafos obedece
também a essas peculiaridades tipológicas.
Sendo assim, no texto narrativo, os parágrafos se dividem conforme os episódios se
sucedem; no descritivo, a paragrafação será de acordo com os aspectos apresentados sobre o
objeto da descrição; no expositivo, a divisão dos parágrafos é feita com base nos segmentos
explanatórios do texto; no caso argumentativo, os parágrafos são divididos seguindo a sequência
introdução (tema, recorte temático e tese), desenvolvimento (um parágrafo para cada
argumento) e conclusão (ratificação do raciocínio desenvolvido ao longo do texto).
Vejamos duas amostras de textos, produzidos por graduandos do Bacharelado em Ciências
e Tecnologia, em que a divisão de parágrafos deveria ter sido efetuada considerando a sequência
textual neles predominante.
Exemplo 7
Chamo-me Luiz Januário, tenho 21 anos. Sou natural de Natal que é a cidade que onde moro.
Gosto de estar com a minha família e meus amigos, e sempre que possível pratico alguns esportes
(musculação e futebol) vou às festas para me divertir. E quanto estou de férias viajo para as cidades
que meus pais nasceram. Tenho o ensino médio completo, um curso de informática básico e um
curso de administração geral nível médio. Atualmente estou bacharelando em Ciências e Tecnologia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e pretendo me formar em Engenharia Mecânica.
Não tenho nenhuma experiência profissional.
Como se trata do gênero perfil pessoal, de natureza descritiva, a divisão dos parágrafos
deve ser feita com base na focalização de aspectos do objeto da descrição.
Vejamos, então, como fica a paragrafação desse texto.
Chamo-me Luiz Januário, tenho 21 anos. Sou Chamo-me Luiz Januário, tenho 21 anos e sou natural de
natural de Natal que é a cidade que onde moro. Gosto Natal, que é a cidade onde moro. (dados pessoais)
de estar com a minha família e meus amigos, e Gosto de estar com minha família e meus amigos.
sempre que possível pratico alguns esportes Sempre que possível, pratico alguns esportes (musculação e
(musculação e futebol) vou às festas para me divertir. futebol) e vou às festas para me divertir. Quando estou de
E quanto estou de férias viajo para as cidades que férias, viajo para as cidades em que meus pais nasceram.
meus pais nasceram. Tenho o ensino médio completo, (hábitos e preferências pessoais)
um curso de informática básico e um curso de Tenho o ensino médio completo, um curso de
administração geral nível médio. Atualmente estou informática básico e um curso de Administração Geral, nível
bacharelando em Ciências e Tecnologia pela médio. Atualmente, estou cursando o Bacharelado em Ciências
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e e Tecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
pretendo me formar em Engenharia Mecânica. Não e pretendo me formar em Engenharia Mecânica. (formação
tenho nenhuma experiência profissional. educacional)
Não tenho nenhuma experiência profissional.
(experiência profissional)
Na cidade de Natal um vereador ganha 15 mil reais, enquanto a lugares como a Cidade do
México, onde vereadores não ganham nada para exercer seus mandatos. Afinal no Brasil o vereador
deve ou não receber salário. Sim deve receber salário, mas não um valor tão alto como o que se paga
em Natal. Diferente de outros lugares o cargo de vereador no Brasil, exirge dedicação exclusiva, por isso
ele precisa afastar-se da sua profissão para exercer seu mandato, sendo assim ele precisa de um salário
para se sustentar. Se a cargo de vereador não fosse remunerado só os ricos que podem se afastar de
suas ocupações sem comprometer seu sustento é que poderiam se candidatar ao cargo, deixando a
classe trabalhadora sem possibilidade de eleger um representante na câmara. O vereador deve receber
um salário para que possa exercer seu mandato de forma efetiva, mas esse salário não deve pesar no
bolso do contribuinte.
O Vereador deve ou não receber salário? O Vereador deve ou não receber salário?
Marcus Silva Marcus Silva
Email: msilva@hotmail.com Email: msilva@hotmail.com
Na cidade de Natal um vereador ganha 15 mil reais, Na cidade de Natal, um vereador ganha 15 mil reais,
enquanto a lugares como a Cidade do México, onde enquanto há lugares, como a Cidade do México, onde
vereadores não ganham nada para exercer seus mandatos. vereadores não ganham nada para exercer seus mandatos.
Afinal no Brasil o vereador deve ou não receber salário. Sim Afinal, no Brasil, o vereador deve ou não receber salário? Sim,
deve receber salário, mas não um valor tão alto como o que deve receber salário, mas não um valor tão alto como o que se
se paga em Natal. Diferente de outros lugares o cargo de paga em Natal. (Introdução – contextualização,
vereador no Brasil, exirge dedicação exclusiva, por isso ele problematização e tese)
precisa afastar-se da sua profissão para exercer seu Diferente de outros países, o cargo de vereador no Brasil
mandato, sendo assim ele precisa de um salário para se exige dedicação exclusiva, por isso ele precisa afastar-se de sua
sustentar. Se a cargo de vereador não fosse remunerado só profissão para exercer o mandato. Sendo assim, ele precisa de
os ricos que podem se afastar de suas ocupações sem um salário para se sustentar. (Argumento 1)
comprometer seu sustento é que poderiam se candidatar ao Se o cargo de vereador não fosse remunerado, só os
cargo, deixando a classe trabalhadora sem possibilidade de ricos, que podem se afastar de suas ocupações sem
eleger um representante na câmara. O vereador deve comprometer seu sustento, é que poderiam se candidatar ao
receber um salário para que possa exercer seu mandato de cargo, deixando a classe trabalhadora sem possibilidade de
forma efetiva, mas esse salário não deve pesar no bolso do eleger um representante na Câmara. (Argumento 2)
contribuinte. O vereador deve receber um salário para que possa
exercer seu mandato de forma efetiva, mas esse salário não
deve pesar no bolso do contribuinte. (Conclusão)
Observe outra amostra. Desta vez, de um texto organizado no modo narrativo.
Exemplo 9
As grandes pedras e o vaso
Perceba que a divisão de parágrafos desse texto constituiu-se de acordo com a sequência
de episódios, os quais se sucederam na seguinte ordem:
1º – início da demonstração do professor, enchendo o vaso com pedras;
2º – prosseguimento da demonstração, colocando pedregulhos no vaso;
3º – continuidade da demonstração, derramando areia no vaso;
4º – última etapa da demonstração, em que jogou água no vaso;
5º – explicação do professor para os alunos acerca do real sentido da experiência que fizera.
Nesse texto, cada parágrafo organiza-se em torno de um evento principal: uma etapa da
demonstração do professor. Esse evento nuclear ancora os demais eventos dele resultantes, que
são a pergunta do professor e a resposta dos alunos. O último parágrafo é reservado ao
fechamento da narrativa, quando o professor, finalmente, esclarece para seus alunos o
simbolismo daquela demonstração.
Considerando o fato de que há diálogos nessa narrativa, outra proposta para a divisão de
seus parágrafos é a que separa a fala das personagens. Nesse caso, a paragrafação do texto pode
se dar conforme a seguinte disposição.
O ambiente está sendo filmado. As imagens são confidenciais e protegidas nos termos da lei. Foi com essa
informação impressa em pequenas placas que os alunos do terceiro ano do ensino médio do Colégio Rio Branco,
um dos mais conceituados e tradicionais de São Paulo, foram surpreendidos quando entraram na sala de aula na
manhã da segunda-feira 24. Inconformados com a instalação de câmeras para vigiar as classes sem que para isso
houvesse qualquer discussão anterior, e sob o discurso de que estariam com a privacidade tolhida, os
estudantes, em protesto, ocuparam um dos principais pátios do colégio, dificultando a entrada dos demais
alunos, 107 deles foram suspensos por um dia.
Na quarta-feira 26, a diretora do colégio, Esther Carvalho, admitiu que falhou ao não fazer um
comunicado prévio sobre a instalação das câmeras e os motivos que levaram à sua decisão. Ela também explicou
que a punição dada aos alunos não se deveu apenas ao protesto da segunda-feira, mas foi uma resposta da
escola a recorrentes atos de indisciplina que o grupo vinha protagonizando nos últimos meses, desafiando a
direção, questionando notas e métodos de avaliação sem usar os canais adequados para isso.
Justa ou não a punição, o certo é que, durante a semana passada, as câmeras instaladas dentro das salas
de aula do Colégio Rio Branco viraram tema de uma oportuna discussão sobre a necessidade e as consequências
pedagógicas da vigilância eletrônica em salas de aula. Câmeras na entrada, nas quadras e nos corredores de
escolas particulares e públicas são comuns. A novidade, que não é uma exclusividade do Colégio Rio Branco, foi a
instalação das câmeras na sala de aula, o que divide a opinião dos especialistas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as amostras utilizadas nesta aula servem, ao mesmo tempo, como exemplos e como
alerta de que a segmentação de parágrafos do texto deve pautar-se pelo modo como ele se
organiza. Disso se conclui que a paragrafação é motivada por propriedades relativas não apenas à
modalidade verbal do texto, como também à sequência textual nele predominante e à natureza
do conteúdo.
Fica claro, outrossim, que a paragrafação é mais do que um recurso de organização visual,
pois é de suma importância na orientação do leitor no que concerne ao desenvolvimento dos
tópicos abordados no texto. O recurso da paragrafação contribui, dessa maneira, para uma leitura
mais adequada e, consequentemente, para a devida compreensão dos enunciados.
Com base no conteúdo trabalhado nesta aula, podemos, então, responder às questões
propostas.
O que é parágrafo?
Parágrafo é cada unidade informacional em que um determinado texto escrito se divide.
Essa divisão é marcada visualmente pelo recuo da primeira linha ou pelo espaçamento entre
blocos diferentes.
Por que e para que precisamos dividir o texto escrito em parágrafos? Em outras palavras,
qual a função do parágrafo na escrita de textos?
A paragrafação serve para organizar o texto escrito e facilitar a leitura, explicitando a
divisão de informações contidas no todo textual, de modo que fique clara a sequência lógica e/ou
cronológica do texto. A distribuição das informações em blocos distintos e continuados auxilia na
compreensão do assunto por parte do leitor.
* Textos
MAMIZUKA, R. B. Redações no vestibular: estudos do parágrafo, problemas de organização.
Disponível em http://educa.fcc.org.br/pdf/cp/n23/n23a04.pdf.
O parágrafo-padrão. Recanto das letras. Disponível em http://www.recantodasletras.com.br/
redacoes/3868044
RESUMO DA AULA
Nesta aula, realizamos um estudo sobre o parágrafo. Nesse estudo, consideraram-se os
seguintes pontos: definição, função, estrutura, tipologia, divisão e encadeamento entre
parágrafos. Na explanação desses tópicos, vimos como podemos organizar os textos em blocos
informacionais e a importância dessa habilidade para fins comunicativo-interacionais.
AVALIAÇÃO
Vamos, agora, testar se você assimilou o que foi explanado até aqui sobre o parágrafo. Para
tanto, leia os textos dados a seguir e, depois, com base no conteúdo e na tipologia de cada um
deles, em seu caderno, proponha uma divisão dos respectivos parágrafos, de modo a se
configurarem os blocos informacionais neles existentes.
Texto 1
A Tecnociência
A palavra tecnociência, a grosso modo, se transparece como um recurso da linguagem para
caracterizar a íntima ligação entre ciência e tecnologia e a desconfiguração de seus limites. O
termo tecnociência não conduz necessariamente a terminar com as distinções entre a ciência
e tecnologia, mas, alerta-nos de que a pesquisa sobre elas e as políticas praticadas em relação
às mesmas sejam implementadas a partir do tipo de afinidade que a palavra tecnociência
deseja sublinhar. Deve-se tomar consciência da natureza tecnocientífica da atividade científica
e tecnológica contemporânea. Não se trata só de insistir nas inter-relações, mas também de
apoiar o polo técnico ou tecnológico como preponderante. Atualmente, são bastantes as vezes
em que a ciência é tida e confundida com a tecnologia. Na verdade, e mesmo apesar da sua
pequena relação, estas são totalmente diferentes. A ciência tem como base um conjunto de
verdades, logicamente articuladas entre sim, de maneira a administrarem um sistema
concordante. Subjetivamente, é um conhecimento exato das coisas devido às suas causas ou
princípios. Remete para um conhecimento mais objetivo da realidade em relação ao Homem;
tal conhecimento pode e deve ser posto em prática para facilitar de uma forma eficiente a
criação da vida material, assim, esta aplicação compõe a tecnologia. Por sua vez, esta vai-se
confrontar com a técnica, que se direciona a outros métodos não informados pelo
conhecimento científico, que são um apoio para o homem solucionar algumas questões
práticas.
(Texto adaptado de http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/filosofia/11tecnocienciaeetica.htm.
Acesso em 18 jul. 2011)
Texto 2
Assembleia na carpintaria
Contam que, em uma carpintaria houve, certa vez, uma estranha assembleia. Foi uma reunião das
ferramentas para acertar suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe
notificaram que teria de renunciar a causa. Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo o
tempo golpeando. O martelo aceitou a culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, que,
segundo ele, dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas,
por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais,
estando sempre em atrito. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que media
sempre os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito. Nesse momento, entrou o
carpinteiro, juntou o material e começou seu trabalho. Utilizou o martelo, o parafuso, a lixa e o
metro. Finalmente, a madeira rústica se converteu num fino e belíssimo móvel. Quando o carpinteiro
foi para casa, a assembleia reativou a discussão. O serrote tomou a palavra: Senhores, ficou provado
que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalhou com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos.
Assim, não pensemos em nossos aspectos negativos, e nos concentremos em nossas virtudes, no que
temos de melhor a oferecer. Todos entenderam, então, que o martelo era forte, o parafuso unia, a
lixa afinava com especialidade as partes ásperas e o metro era preciso e exato. Com essa palavra,
aparentemente fora de tempo, sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de
qualidade e passaram a trabalhar, com alegria, em equipe. Isso ilustra o que realmente acontece, em
diversas ocasiões, com os seres humanos: quando uma pessoa busca defeito em outra, a situação
torna-se tensa e negativa. Porém, quando se buscam, com sinceridade, os pontos fortes dos outros,
florescem as melhores conquistas humanas.
OBJETIVOS
Compreender a importância do cuidado redobrado na construção de um texto na modalidade
escrita.
Conceber a importância do processo de revisão de texto para o desenvolvimento da escrita.
Identificar alguns recursos de coesão textual e utilizá-los na escrita e na reescrita de textos.
Aplicar o conhecimento adquirido nas práticas de escrita do cotidiano.
A interação por meio da linguagem verbal consiste em selecionar e organizar elementos linguísticos
na superfície textual, com vistas a atingir determinado fim comunicativo. Conforme estudamos na aula
sobre “gêneros discursivos”, para obtermos sucesso nessa atividade, devemos ter em mente o contexto em
que o discurso se insere. Mas não para por aí...
Além dos fatores a que precisamos nos adequar
para atingir nossos propósitos comunicativos, há um
aspecto a considerar, quando se trata da comunicação
escrita, que a diferencia da oralidade: a interação não
ocorre face a face. Quando escrevemos, portanto,
devemos ter um cuidado redobrado no que diz
respeito às informações apresentadas, já que o leitor
não poderá esclarecer possíveis dúvidas, senão por
meio do material escrito. Nesse caso, precisamos
lançar mão, de fato, de todo e qualquer pormenor que
evite alguma ambiguidade ou vagueza informacional.
Sendo assim, é imprescindível que se desenvolva uma
boa competência nesse sentido.
Figura 48 – A prática cotidiana da escrita. Fonte: Radio
Godoy FM 87.7 Mhs [20:?]. Para que consigamos desenvolver nossa escrita
de maneira satisfatória, devemos praticá-la com
frequência; diariamente, se possível. Além disso, fazem-se necessárias atividades constantes de leitura de
gêneros variados para que nosso repertório esteja sempre se atualizando. A prática de reescrita dos textos
construídos também é indispensável, pois só aprendemos a escrever melhor durante o processo de
produção, análise crítica e reconstrução de enunciados. Mesmo escritores/escreventes com bastante
experiência ou “profissionais da escrita” estão em constante aperfeiçoamento. Por exemplo, um livro passa
por uma série de revisões. Consequentemente, quem produz o texto cumpre diversos estágios de escrita e
reescrita.
A prática de revisão não consiste apenas na correção de problemas gramaticais; na verdade, essa
atividade muitas vezes resulta em um texto quase completamente distinto do “original”. Isso ocorre porque
o objetivo dessa reformulação é justamente tornar os enunciados mais claros e eficientes no que diz
respeito à sua finalidade comunicativa e, para tanto, não basta haver correção no nível ortográfico.
Nossa sociedade costuma supervalorizar as normas ortográficas, subjugando, assim, aqueles que não
a dominam por completo. Quem nunca ouviu a frase “Ele não sabe português”, simplesmente por alguém
trocar “s” por “c” (cexta-feira, em vez de sexta-feira), ou empregar “ss” entre vogal e consoante
(inssistência no lugar de insistência)? No entanto, cabe ressaltar que esse é o menor dos problemas quando
se trata de desenvolver uma escrita bem elaborada.
Os problemas ortográficos são fáceis de serem resolvidos, basta que se consulte um dicionário e
qualquer um pode ter acesso a todas as palavras escritas corretamente. Isso significa que correção
ortográfica não depende de capacidade de aprendizagem; pelo contrário, está mais relacionada à memória
(e cuidado) e exige apenas que o falante/escrevente de determinada língua saiba decodificá-la (atividade
muito menos complexa do que interpretar e construir um texto) para, dessa maneira, esclarecer qualquer
dúvida. Claro que, com a prática e a revisão constante dos nossos próprios erros, exercitamos a memória e
estendemos o nosso repertório.
Fica claro, então, que não podemos considerar
alguém incapaz simplesmente porque não se recorda da
escrita de uma palavra, certo? Então, prossigamos...
Em textos da área acadêmica e profissional (nos
quais concentramos nossa atenção), é importante que se
prime pelas normas gramaticais da língua padrão, mas
também pelas normas de textualidade desses contextos
comunicativos. Vale salientar que devemos valorizar
sempre a clareza e a objetividade para fins de construção
de sentido(s).
A boa escrita constitui um diferencial para os
profissionais do século XXI, pois indica (além do domínio
da norma culta da língua) que eles organizam bem suas Figura 49 – A prática de escrita no âmbito
ideias, apresentam um bom nível de formação, além de profissional. Fonte: Boas escolhas [20:?].
serem cuidadosos e atentos a detalhes, características
muito requisitadas atualmente.
Vejamos a seguir algumas sugestões que o ajudarão a aprimorar sua escrita.
1 DICAS PARA ESCREVER BEM
É possível que você até esteja familiarizado com algumas das dicas abaixo, já que parte da
lista de “boas maneiras” que apresentaremos obteve grande popularidade nas redes sociais, mas
vamos lá...
Exemplo 1
Vc deve evitar abrev. etc. pq c vc exgra nls além Frases com apenas uma palavra? Evite!
de chtea o lto pde c q ele n cnhça tds
Use a pontuação corretamente o ponto e a
Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita vírgula especialmente será que ninguém sabe
demasiadamente rebuscado. Tal prática advém mais usar o sinal de interrogação
de esmero excessivo que beira o exibicionismo
narcisístico. Conforme recomenda a AGPO, nunca use siglas
desconhecidas.
Anule aliterações altamente abusivas.
Viu?
“não se esqueça das maiúsculas”, como já dizia
dona loreta, minha professora lá no colégio Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a
alexandre de gusmão, no ypiranga, são paulo. moderação.
Evite ¹lugares comuns assim como o diabo foge Não abuse das exclamações! Nunca!! Seu texto
da cruz e fique na santa paz de Deus. fica horrível!!!
Chute o balde no emprego de gírias, mesmo que Evite frases exageradamente longas, pois estas
sejam maneiras, tá ligado? dificultam a compreensão da ideia contida
nelas, e, concomitantemente, por conterem
Palavras de baixo calão podem transformar seu mais de uma ideia central, o que nem sempre
texto numa m... torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta
forma, o pobre leitor a separá-la em seus
Nunca generalize. Generalizar, em todas as componentes diversos, de forma a torná-las
situações, sempre é um erro. compreensíveis, o que não deveria ser afinal de
contas, parte do processo da leitura, hábito
que devemos estimular através do uso de
Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra frases mais curtas.
vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da
palavra vai fazer com que a palavra repetida
desqualifique o texto no qual a palavra se Cuidado com a hortografia, para não estrupar a
encontra repetida. línga portuguêza. Não esqueça tumbém das
concordância de número nem dos de gênero.
Não seja redundante, não é preciso dizer a É recomendável evitar cacofonias (como
mesma coisa de formas diferentes: isto é, basta sofrem os alunos do Bloco H). Não sei se esse
mencionar cada argumento uma só vez. Em exemplo o professor já havia dado na aula
outras palavras, não fique repetindo a mesma passada.
ideia. Seja conciso.
Depois dessas dicas mais gerais, gostaríamos de lembrar-lhe que muitos problemas podem
ser produzidos pelo uso inadequado dos elementos coesivos; em contrapartida, outros podem ser
evitados caso você amplie seu repertório. Recomendamos a releitura da aula sobre coesão para
dar andamento a este estudo. Após relembrar alguns conceitos, podemos prosseguir com nossa
discussão.
COESÃO
Relembrando: a coesão textual diz respeito ao emprego de um conjunto de recursos que
conferem conexão entre os componentes de um texto.
Atente para as repetições no seguinte trecho. Como você as evitaria?
Exemplo 2
As revendedoras de automóveis não estão mais equipando os automóveis para vender os automóveis
mais caro. O cliente vai à revendedora de automóveis com pouco dinheiro e, se tiver de pagar mais caro
pelo automóvel, desiste de comprar o automóvel e as revendedoras de automóvel têm prejuízo.
Revendedora: concessionária, agência, loja
Automóveis: veículos, carros, mercadoria, produto
Proposta de reescrita
As revendedoras de automóveis não estão mais equipando os carros para vendê-los mais caro. O cliente
vai lá com pouco dinheiro e, se tiver de pagar mais pelo produto, desiste, e as agências têm prejuízo.
Exemplo 3
Observe a amostra textual adiante, adaptada da seção “Ciência”, da versão online da
revista Mundo Estranho.
Em teoria, as pegadas do homem durariam milhões de anos, pois, como não há atmosfera na Lua, pela Lua
não ocorre erosão, seja pelo vento, seja pela chuva. Acontece que, justamente por não ter atmosfera,
a Lua é constantemente bombardeada por meteoritos. Os meteoritos, por sua vez, podem levantar um
monte de poeira no choque com a Lua, provocar tremores na crosta da Lua, ou mesmo cair em cima das
pegadas do homem, o que, obviamente, desfiguraria as pegadas do homem. No entanto, não temos como
saber se isso já ocorreu ou não, já que nenhuma missão retornou ao lugar onde, em 20 de julho de 1969,
os astronautas americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin deixaram a marca de suas pisadas.
Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quanto-tempo-vao-durar-as-pegadas-do-homem-na-lua. Acesso em 08/01/12. Com
adaptações.
Proposta de reescrita
Em teoria, as pegadas do homem na Lua durariam milhões de anos, pois, como não há atmosfera nesse
satélite, lá não ocorre erosão, seja pelo vento, seja pela chuva. Acontece que, justamente por não
ter atmosfera, a Lua é constantemente bombardeada por meteoritos. Esses corpos celestes, por sua vez,
podem levantar um monte de poeira no choque com o satélite, provocar tremores na sua crosta, ou mesmo
cair em cima das pegadas feitas pelo homem, o que, obviamente, as desfiguraria. No entanto, não temos
como saber se isso já ocorreu ou não, já que nenhuma missão retornou ao lugar onde, em 20 de julho
de 1969, os astronautas americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin deixaram a marca de suas pisadas.
2.1 Por retomada (anáfora)
Na aula de coesão textual, vimos que, a fim de evitar excessivas repetições de um termo, é
possível retomá-lo através de pronomes, numerais, verbos, advérbios. Com base nisso, responda
à atividade 1.
Atividade 1
Leia a tirinha do Garfield e, em seguida, marque a opção que apresenta o elemento
responsável pela construção do efeito humorístico.
(a) O pronome demonstrativo “Aquele” (1º quadrinho) não confere precisão, já que pode ser
utilizado para qualquer coisa que esteja distante dos interlocutores.
(b) O artigo indefinido “um” (1º quadrinho) não determina de que biscoito se trata; por isso,
Garfield poderia pegar qualquer um para trazer a Jon.
(c) Há quebra de expectativa do Garfield, pois esperava pegar o rato, conforme claramente
ordenado por Jon, em “vá pegá-lo” (2º quadrinho), mas não conseguiu.
(d) A frieza de Garfield, ao elaborar uma resposta tão curta no último quadrinho (“Peguei!”),
decepciona Jon.
(e) O emprego do pronome “lo” (2º quadrinho) gera ambiguidade e Garfield pode entender como
pegar o biscoito e não o rato, contrariando a expectativa de Jon.
Exemplo 5
“Os meteoritos, por sua vez, podem levantar um monte de poeira no choque com a Lua,
Ø provocar tremores na crosta da Lua, ou mesmo Ø cair em cima das pegadas do homem...”
Exemplo 6
Bento XVI esteve na França, onde discursou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O Papa esteve na França para discursar a uma multidão de fiéis a respeito do casamento homossexual.
O líder da Igreja Católica esteve na França, onde se posicionou contra os direitos dos homossexuais.
Observe que, embora se noticie o mesmo evento (um discurso do atual Papa na França), a
escolha lexical em cada um dos períodos revela modos distintos de conceitualização/focalização
de Bento XVI. Essas escolhas para referenciar a mesma pessoa (“Bento XVI”, “O Papa”, “O líder da
Igreja Católica”, “Sua Santidade”) produzem efeitos de sentidos diversos.
Atividade 2
(VUNESP - 2012 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário – Com adaptações)
Leia o texto a seguir e responda à questão proposta.
Ainda vamos ver sites como o Google com a mesma nostalgia que hoje dedicamos a máquinas
de escrever e discos de vinil. Os atuais mecanismos de busca na rede já estão ultrapassados por
projetos inovadores, que deixam esta tarefa mais fácil e precisa. Como você ainda não foi
informado? Ainda são iniciativas experimentais. Falta mais dedicação dos pesquisadores e
investidores dispostos a deixá-las acessíveis ao grande público.
Galileu, dezembro de 2012.
Marque a opção em que o trecho “Os atuais mecanismos de busca na rede já estão
ultrapassados por projetos inovadores [...]” está corretamente reescrito, em conformidade com a
norma padrão da língua portuguesa.
(a) Os atuais mecanismos de busca na rede, projetos inovadores já ultrapassaram-lhes […].
(b) Os atuais mecanismos de busca na rede, projetos inovadores já ultrapassaram-nos […].
(c) Os atuais mecanismos de busca na rede, projetos inovadores já ultrapassaram eles […].
(d) Os atuais mecanismos de busca na rede, projetos inovadores já os ultrapassaram […].
(e) Os atuais mecanismos de busca na rede, projetos inovadores já lhes ultrapassaram […].
Além da noção de coesão e dos recursos que a compõem, há alguns princípios básicos que
se devem respeitar para construir um texto. Na verdade, conforme já frisamos, o maior problema
não é de natureza gramatical (ortografia, pontuação, regência, concordância, etc.), mas consiste,
na maioria das vezes, na falta de organização lógica das ideias. Ao construirmos um texto,
devemos conferir-lhe objetividade e clareza. Para tanto, lançamos mão de alguns princípios que
nos auxiliam nessa prática.
3.1 CONCISÃO
Esqueça aquele velho “macete” de que é necessário “encher linguiça”, pois seu leitor
acabará percebendo que você não tem muito a dizer. O melhor é ter domínio do conteúdo e
enxugar seu texto. Mas lembre-se: ser conciso não significa omitir informações. Fique atento a
alguns princípios básicos:
- procure dizer apenas o essencial;
- suprima duas orações que digam a mesma coisa (exemplo: Maria vive solitária e não tem
nenhuma companhia);
- evite o uso desnecessário de pronomes (pessoais, relativos, demonstrativos. Exemplo: A aluna,
ela foi aprovada com boas notas).
Que tal um exemplo de escrita e reescrita para visualizar melhor? Observe:
Exemplo 9
O homem é um dos animais que mais rapidamente se adapta ao ecossistema em que vive,
podendo viver em algumas das regiões mais inóspitas da Terra.
3.2 OBJETIVIDADE
Para que seu texto atenda ao propósito comunicativo e não fique enfadonho, você deve
trabalhar alguns pontos na escrita:
- identifique logo de saída o objetivo da comunicação;
- comece pelo mais importante;
- o essencial deve estar resumido no primeiro parágrafo;
- vá direto ao ponto, evitando rodeios e orações intercaladas;
- na comunicação acadêmico-científica e negocial, quanto mais direta for a mensagem mais
segurança você passará ao leitor.
Exemplo 10
Um sonho antigo de vários professores e funcionários da UFRN está para ser realizado neste
ano de 2013: a abertura do curso superior de Bacharelado em Tecnologia da Informação da UFRN, que
terá sua primeira turma no primeiro semestre deste ano. O chamado, por alguns, de BTI, é bastante
novo na universidade e promete, com toda a pompa, ser um curso focado na inovação tecnológica,
motivo pelo qual tem atraído a atenção não só dos estudantes, mas também da população de modo
geral.
Atividade 3
O texto adiante apresenta uma série de problemas de textualização, principalmente quanto
à concisão e à objetividade.
Exemplo 11
Primeiramente, eu ponho muita fé nesta empresa e creio que minha estadia aqui será muito
proveitosa para o departamento no qual talvez eu trabalhe. Quando eu acabei os estudos, já sabia
que tinha vocação para a área de TI, então, pensei que seria possível me dar bem nessa área.
Primeiramente, eu confio bastante na seriedade desta empresa. Em segundo lugar, sei que o
departamento ao qual se destina essa vaga será tão beneficiado com minha contratação quanto eu.
Desde que concluí o ensino médio, percebi que tenho as aptidões necessárias para atuar na área de
TI, por isso pretendo trabalhar nela.
Atividade 4
Cinco problemas de escrita foram inseridos no trecho que segue, retirado da seção
"Ciência", do site Mundo Estranho.abril. São eles: redundância, imprecisão lexical, problema de
coesão, ortografia e uso inadequado de pronome. Considerando as orientações recebidas ao
longo das lições, reescreva o fragmento textual, a fim de conferir-lhe melhor qualidade
linguístico-discursiva.
O soro da verdade funciona?
Sua resposta deve ser encaminhada para a ferramenta “Atividade” > “Tarefa”, na turma
virtual do Sigaa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escrita, conforme vimos em lições anteriores, é uma prática social. Sendo assim, é
imprescindível que levemos em conta sua função sociocomunicativa. Escrevemos porque somos
solicitados a escrever, e isso implica seguir algumas exigências visando a alcançar o objetivo
pretendido. Portanto, precisamos sempre “treinar” para nos aperfeiçoar, e isso inclui perceber as
falhas no nosso próprio texto e reescrevê-lo (corrigindo problemas de coesão, de coerência,
gramaticais; reformulando, se necessário, partes do texto, etc.).
Nesta aula, observamos uma série de informações (dicas gerais, recursos coesivos,
princípios de textualidade) e práticas que o auxiliarão na melhoria de seus textos. Vimos também
a importância da competência linguístico-textual nas relações sociais do nosso século. Podemos,
pois, afirmar que saber o que dizer é imprescindível, mas precisamos saber como fazê-lo para
garantir o sucesso da interação verbal.
Com base nos apontamentos realizados no decorrer do texto, prossigamos, respondendo
às questões levantadas no tópico “Iniciando nossa conversa”.
O que implica dizer que o texto, na modalidade escrita, deve ter uma elaboração
diferenciada?
Na modalidade oral, os interlocutores estão face a face, compartilhando uma série de
informações dadas ou acessíveis no contexto interacional. Sendo assim, podem (re)construir, caso
necessário, o discurso de maneira online: “lendo” as expressões do outro para detectar e corrigir
possíveis mal-entendidos, reelaborando o discurso, explicando algo que não tenha ficado claro.
Na escrita, o leitor só tem à sua disposição os componentes textuais em si. Sendo assim, ao
elaborar um texto verbal, quem o escreve deve estar atento a isso. Para que a interação seja bem-
sucedida, faz-se necessário que o escrevente preencha qualquer lacuna informacional que possa
causar ruídos na comunicação (ambiguidade e vagueza, por exemplo).
O que significa reescrever um texto?
Reescrever um texto significa remodelá-lo a fim de conferir-lhe melhor qualidade e clareza,
ou seja, proceder a modificações necessárias para torná-lo mais adequado e compreensível ao
leitor. Essa atividade não se limita ao nível ortográfico, mas se estende a toda a construção
textual, considerando, durante o processo, tanto aspectos da norma culta quanto fatores de
textualidade.
De que maneira a prática de reescrita nos ajudará a escrever textos mais bem elaborados?
Conforme temos insistido, a escrita é uma prática e, como tal, requer constante
aperfeiçoamento. A reescrita é, junto à atividade regular de leitura, o melhor exercício para que
aprimoremos a escrita. A partir da revisão, observamos nossas falhas e procuramos corrigi-las.
Dessa maneira, além de estendermos nosso repertório linguístico (por meio da correção e
substituição de palavras e expressões), aprendemos a organizar melhor nosso discurso e, assim,
desenvolvemos nossa habilidade comunicativa.
* Texto
ROHR, A. Conheça a Deep Web e a ‘internet invisível’. G1 Segurança digital, 16/01/12.
<http://g1.globo.com/platb/seguranca-digital/2012/01/16/conheca-a-deep-web-e-a-internet-
invisivel/>. Acesso em 11/01/13.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, discutimos algumas noções de escrita e reescrita, apresentando aspectos
necessários ao escrevente para elaborar textos com maior qualidade. Vimos que a reescrita é uma
atividade de extrema importância para o aperfeiçoamento das práticas de escrita e como ela
ajuda a “modelar” aquilo que escrevemos.
AVALIAÇÃO
O texto que segue corresponde à primeira versão de um artigo a ser publicado em uma
revista de divulgação científica. Considerando que, antes da publicação, é necessário revisá-lo,
reescreva-o, a fim de conferir-lhe melhor qualidade.
Sua resposta deve ser encaminhada para a ferramenta “Atividade” > “Tarefa”, na turma
virtual do Sigaa.
10 – Problemas mais recorrentes no texto escrito
VOCÊ VERÁ POR AQUI...
... um exame de problemas mais comuns referentes à escrita, com especial interesse em
falhas de textualização e incorreções quanto ao uso da norma linguística padrão.
OBJETIVOS
Reconhecer as inadequações mais recorrentes relativas à textualização escrita.
Identificar os desvios lexicais e gramaticais no que se refere à escrita padrão.
Aplicar o conhecimento teórico visto nesta aula às práticas de escrita.
1 Quanto à textualização
Comecemos o nosso estudo observando o excerto textual abaixo, produzido por um
estudante universitário (UFRN, 2011), focalizando a inserção de livros digitais no acervo de
uma biblioteca setorial. Trata-se de um exemplar bastante representativo do que comumente
se encontra nos textos de graduandos.
Exemplo 1
Além das incorreções quanto ao uso da norma linguística padrão, esse excerto
apresenta os problemas de textualização explicitados abaixo.
Má estruturação de parágrafos
No fragmento lido, os dois primeiros parágrafos contêm apenas um período, sendo
este, em cada parágrafo, uma informação não desenvolvida nem adequadamente explanada.
No primeiro, além da expressão indevida “bastante exigente”, que delimita o sentido de
“humanidade”, há uma sequência de termos (“agilidade, facilidade, custo, eficiência e
beneficios”) que não são esclarecidos. No segundo, a expressão “certas facilidades” vem
exemplificada com apenas uma delas, que é “possuir livros no formato digital de variadas
línguas”; ademais, a explicação “que vai do português ao inglês” é absurda, posto que
extremamente limitada.
Eco
Quando há, em um texto, uma sequência de palavras com a mesma sonoridade silábica,
tal como se vê em “agilidade, facilidade” (primeiro parágrafo), em “digital... virtual... o qual”
e em “facilidade e comodidade” (terceiro parágrafo), afirma-se haver nesse texto um som
desejado, um eco. A retirada do eco implica a seleção de palavras ou expressões sinônimas.
Feita a análise de conteúdo dos três parágrafos escritos pelo graduando, podemos
chegar a uma conclusão: devido ao modo como as informações foram dispostas, mesmo que
se façam as correções linguísticas e ortográficas, não há como “salvar” esse texto. Produções
textuais escritas com esse nível de “qualidade”, além de não alcançarem o propósito
comunicativo almejado, deixam uma imagem negativa de seu produtor.
Atividade 1
Leia o texto que segue e explicite, em seu caderno, os problemas de textualização nele
identificados. Depois, reescreva-o, corrigindo esses problemas.
Exemplo 2
Em um país como o Brasil, que possui inúmeras formas de obter lucro, que é um país com
vantagens na produção agrícola, que é um país que tem várias cidades lindas, que possui quase
duzentos milhões de pessoas segundo o senso 2010 do IBGE teria tudo para ser uma dos países mais
ricos e desenvolvidos do mundo não fosse a má administração que assola nosso país.
Queísmo
No texto lido, há uma sequência de orações adjetivas iniciadas com “que” (“que
possui...”, “que é um país...”, “que é um país que tem...”, que possui...”). Essa repetição é
indevida e facilmente evitada. Além disso, observa-se outra repetição indevida: a do termo
“país”, utilizado cinco vezes no mesmo período.
Má construção do período
Além do problema de o parágrafo ter sido construído com apenas um período muito
longo, ele apresenta o defeito de não ter um sujeito para o predicado da oração principal.
Observe que se inicia com o adjunto adverbial de lugar “Em um país como o Brasil”, depois
vem uma série de orações subordinadas adjetivas e, em seguida, o predicado da oração
principal. Sujeito não há. Isso significa que, sintaticamente, o período tem problemas de
construção.
Atividade 2
A partir das orientações oferecidas, marque a opção que apresenta uma proposta de
reescrita que torne o texto do exemplo 2 mais adequado.
(a) O Brasil apresenta potencial para muitas formas de obter lucro: é um país de grandes
vantagens na produção agrícola; tem várias cidades lindas; possui quase duzentos milhões de
habitantes, segundo o censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
uma diversidade cultural e uma força de trabalho pouco comum em outras nações. Logo, teria
tudo para ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, não fossem os inúmeros casos
de má administração pública.
(b) O Brasil apresenta potencial para muitas formas de obter lucro. É um país de grandes
vantagens na produção agrícola, tem várias cidades lindas, possui quase duzentos milhões de
habitantes, segundo o senso 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
uma diversidade cultural e uma força de trabalho pouco comum em outras nações. No entanto,
teria tudo para ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, não fossem os inúmeros
casos de má administração pública.
(c) Em um país como o Brasil que apresenta potencial para muitas formas de obter lucro: é um
país de grandes vantagens na produção agrícola; tem várias cidades lindas; possui quase duzentos
milhões de habitantes, segundo o censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), com uma diversidade cultural e uma força de trabalho pouco comum em outras nações.
Logo, teria tudo para ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, não fossem os
inúmeros casos de má administração pública.
(d) Em um país como o Brasil, que apresenta potencial para muitas formas de obter lucro há
grandes vantagens na produção agrícola; várias cidades lindas; quase duzentos milhões de
habitantes, segundo o senso 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
uma diversidade cultural e uma força de trabalho pouco comum em outras nações. Em
contrapartida, teria tudo para ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, não fossem
os inúmeros casos de má administração pública.
(e) O Brasil apresenta potencial para muitas formas de obter lucro: é um país de grandes
vantagens na produção agrícola; tem várias cidades lindas; possui quase duzentos milhões de
habitantes, segundo o censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde se
demonstra uma diversidade cultural e uma força de trabalho pouco comum em outras nações.
Logo, teria tudo para ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, não fossem os
inúmeros casos de má administração pública.
Atividade 3
Leia o texto a seguir. Em seu caderno, relacione os defeitos de textualização e de norma
linguística nele encontrados e, depois, reescreva-o, corrigindo esses defeitos.
Conclui o Ensino Médio no CDF, e hoje curso pela UFRN o curso de Ciências e Tecnologia.
Optei por esse curso, por ser da área de engenharia, onde futuramente pretendo exercer a
profissão.
Espero após o termino do curso é aderir ao curso subsequente de engenharia mecanica.
(Graduando da UFRN, 2012)
Analisemos mais este outro excerto textual, também de um aluno de nível superior
(UFRN, 2011), abordando o tema livros impressos x livros digitais.
Exemplo 3
Ter um livro em suas mãos, deitar-se na cama e lê-lo, folhear as páginas, o cheiro do
livro, as páginas mais marcantes e inesquecíveis, a sensação de estar entrando no livro.
A correria do dia-a-dia, precisar chegar ao local x, ter aula na sala y, precisar da
informação z para concluir o projeto.
Tanto o livro impresso quanto o digital têm suas próprias características e finalidades.
A velocidade das informações hoje em dia, como ficamos sabendo das notícias e como
enviamos. A necessidade de encontrar uma informação o mais rápido possível é o que
“alimenta” os e-books. Neles podemos filtrar um livro rapidamente, e o melhor: sempre na
versão mais atual.
Além da atomização e da vagueza informacional entre as sentenças e entre os
parágrafos, bem como dos desvios da norma linguística padrão, os demais problemas
observados nesse excerto são os que seguem.
Assimetria sintática
A mistura dos tipos de frases, algumas oracionais (“Ter um livro...”, “deitar-se...”,
“folhear as páginas”, “precisar chegar...”, “ter aula...”) e outras nominais (“o cheiro...”, “as
páginas...”, “a sensação...”, “A correria...”), ocasiona o problema denominado “assimetria
sintática”. Esse problema pode ser evitado com uma simples reescritura.
Truncamento semântico
Conforme já vimos em aula anterior, o truncamento semântico refere-se à
descontinuidade de sentido, a exemplo do que verificamos no trecho: “A velocidade das
informações hoje em dia, como ficamos sabendo das notícias e como enviamos” (terceiro
parágrafo). Note-se que o período inicia-se com o sujeito “A velocidade das informações”;
depois, passa-se a outra informação, iniciada por uma oração modal com outro sujeito (nós,
elíptico), o que resulta em ruptura do raciocínio inicial.
Atividade 4
Leia as opções a seguir e marque a que apresenta a melhor possibilidade de reescrita
do texto do exemplo 3.
(a) O livro impresso e o digital têm características e finalidades comuns. O impresso permite
ao leitor a sensação de deitar-se com ele na cama, folheando suas páginas e sentindo o cheiro
das páginas. O digital, por sua vez, viabiliza a velocidade de captação das informações e
obtenção de versões sempre atualizadas.
(b) O livro impresso e o digital têm características e finalidades próprias. O impresso permite
ao leitor a sensação tátil de deitar-se com ele na cama, folheá-lo, sentir o cheiro das páginas.
O digital, por sua vez, viabiliza a velocidade de captação das informações e obtenção de
versões sempre atualizadas. Isso é o que “alimenta” o mercado dos e-books.
(c) Há características e finalidades distintas entre o livro impresso e o digital. O impresso
acompanha o leitor na correria do dia-a-dia, onde precisa chegar ao local x, ter aula na sala y. O
digital, em contrapartida, acompanha a velocidade das informações.
(d) Há características e finalidades distintas entre o livro impresso e o digital. O impresso
acompanha o leitor na correria do dia a dia, onde precisa chegar ao local x, ter aula na sala y. O
digital, em contrapartida, contribui para que ele obtenha informações em alta velocidade.
(e) O livro impresso e o digital têm características e finalidades distintas. O impresso nos
permite a sensação tátil de deitar-nos com ele na cama, folhear suas páginas e sentir o cheiro
delas. Já com o digital, aonde a velocidade de captação das informações é mais rápida,
obtemos atualizações constantes.
Atividade 5
Observe os seguintes cartazes, identifique os respectivos problemas e, depois, em seu
caderno, reescreva os textos, corrigindo-os.
Texto 1 Texto 2
Exemplo 4
De que maneira mudaríamos a triste condição vivida por pessoas pobres, se não lhe dermos
condições de se formar para futuramente arrumar melhores empregos? Ou será, que quem já vem
da rede pública, onde o ensino é gratuito, que ao meu ver pelas condições atuais já está caro, tem
condições de pagar uma universidade particular?
Por esses motivos defendo a lei de cotas para o acesso a educação superior, pois assim
estaremos de certa forma “igualando” os alunos em níveis de seleção e ajudando a mudar a triste
realidade na educação
Seguem brasileira.
os problemas observados nesse fragmento textual.
Mistura de pessoalidade
O escrevente alterna o uso da 1ª pessoa do singular (“meu”, “defendo”) com o da 1ª do
plural (“mudaríamos”, “dermos”, “estaremos”).
Incoerência
No primeiro parágrafo, a informação de que “o ensino é gratuito” é incompatível com a
de que ele “está caro”.
Atividade 6
Considerando o fragmento textual apresentado no exemplo 4, assinale a opção correta
quanto ao que se afirma acerca de questões linguísticas nele existentes.
(a) No trecho “se não lhe dermos”, no primeiro parágrafo, o termo em destaque deveria ter
sido escrito na forma senão, por se encontrar em uma pergunta.
(b) No trecho “se não lhe dermos”, no primeiro parágrafo, o pronome destacado deveria estar
no plural (lhes), concordando com a forma verbal “dermos”.
(c) Em “que quem já vem”, no primeiro parágrafo, “quem” deveria ser substituído pela
expressão aquele que, a fim de se eliminar o eco com o verbo “vem”.
(d) Pontuação correta: Por esses motivos, defendo a lei de cotas para o acesso a educação
superior, pois assim estaremos de certa forma, “igualando” os alunos (...).
(e) Em “o acesso a educação superior”, no segundo parágrafo, temos ocorrência de crase no
“a” (em destaque), daí a obrigatoriedade do acento grave para marcá-la.
Exemplo 5
Existem, nas bibliotecas convencionais, livros restritos ao acervo, os quais, não podemos pegar para
empréstimo. Havendo publicações, no formato digital, poderia-se acabar com este impasse, respeitando os
direitos autorais de qualquer
Apresentamos, a seguir,forma. Assim, fascilitando
os problemas o acessopresentes
de textualização a livros raros.
nesse recorte.
Gerundismo
Denomina-se “gerundismo” o emprego excessivo de formas verbais no gerúndio (“Havendo”,
“respeitando” e fascilitando; nesta, com erro de ortografia). Observe que, hoje em dia, é
comum ouvir as pessoas dizendo: “Eu vou estar enviando para você um arquivo com o
material didático solicitado”. Alertamos que, também na oralidade, o gerundismo é um
problema a ser evitado.
Truncamento sintático
No fragmento textual lido, logo após a expressão “qualquer forma”, colocou-se um
ponto finalizando o período. É isso que caracteriza a “quebra” sintática. Na verdade, em vez
do ponto, deveria haver uma vírgula, pois há continuidade da informação sobre as vantagens
das publicações digitais.
Veja a sugestão de reescrita desse recorte textual, em que procuramos corrigir os
defeitos que ele apresenta e torná-lo mais adequado.
Nas bibliotecas convencionais, existem livros restritos ao acervo, os quais não podem ser
disponibilizados para empréstimo. Com as publicações digitais, tal empecilho seria, ao menos,
parcialmente resolvido, uma vez que, nesse formato, haveria mais facilidade de acesso a certos
livros raros.
Atividade 7
Leia o trecho a seguir, coletado de um aluno da UFRN (2011). Em seu caderno, aponte
os problemas nele existentes (de textualização e de desvios da norma escrita) e, depois,
reescreva-o, de modo a resolvê-los.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta aula, selecionamos alguns dos problemas linguístico-discursivos mais recorrentes em
textos escritos e que mais costumam prejudicar as práticas de escrita. Lembre-se de que
(re)conhecer esses problemas é apenas um dos passos para tornar-se um escrevente melhor. É
necessário também saber evitar problemas de escrita ou desfazer os existentes, e isso é resultado
de prática(s) constante(s).
Vamos, agora, responder às perguntas levantadas no início deste estudo.
* Prova de concurso
IRB Brasil Resseguros S.A. | Cargo Analista | Prova B.1. Disponível em
<http://www.domtotal.com/direito/concursos/provas/prova.php?proId=54>. Acesso em 20
jan. 2013.
RESUMO DA AULA
Nesta aula, tratamos pontualmente de catorze dos problemas mais recorrentes na
escrita de textos: má estruturação de parágrafos, parágrafos com informações atomizadas,
coesão textual inadequada, repetição desnecessária de palavra, eco, queísmo, má construção
do período, assimetria sintática, truncamento semântico, mistura de pessoalidade,
incoerência, uso desnecessário de adjetivos, gerundismo e truncamento sintático. Através de
exemplos retirados do nosso cotidiano, vimos como esses problemas se constituem, de que
maneira desfazê-los e o quão prejudiciais podem ser para as práticas de leitura e escrita.
AVALIAÇÃO
Nas provas de língua portuguesa de vários concursos públicos, aparecem questões
direcionadas a problemas de escrita. Além disso, com cada vez maior frequência, empresas
públicas e privadas têm adotado, como etapa da seleção de funcionários, provas discursivas
(popularmente chamadas de “redação”) e provas objetivas cujo foco é justamente problemas
de escrita. Por esse motivo, propomos a resolução da lista de questões de concurso que
segue.
(Técnico em Telecomunicações – Companhia estadual de geração e transmissão de energia
elétrica/RS, 2010).
3 Marque a opção que apresenta uma reescrita adequada do ponto de vista sintático,
semântico e ortográfico para o primeiro período do quinto parágrafo do texto lido.
(a) Nesse sentido, há organizações que tentam despertar os clientes para a necessidade de um
consumo consciente. Para tanto, elas apostam no poder transformador do homem em um
indivíduo capaz de mudar hábitos e de privilegiar produtos de empresas com processos menos
prejudiciais ao meio ambiente.
(b) No entanto, várias organizações despertam a sociedade para a necessidade de um consumo
consciente, apostando no enorme poder transformador do homem, esse indivíduo que é capaz de
mudar hábitos, privilegiando produtos de empresas cujos processos são menos prejudiciais à
natureza.
(c) É por essa razão que várias empresas apostam no despertar social para a necessidade de um
consumo consciente. Isso implica apostar no enorme poder transformador do ser humano em um
indivíduo capaz de mudar hábitos e de privilegiando produtos de empresas com processos menos
prejudiciais ao meio ambiente.
(d) Conquanto várias organizações tentem despertar clientes para a necessidade de um consumo
consciente, apostando no poder transformador do homem, esse indivíduo seria capaz de mudar
hábitos, privilegiando produtos de empresas cujos processos menos prejudiciais ao meio
ambiente.
(e) Assim sendo, há organizações tentam despertar o social para a necessidade de um consumo
consciente. Para tanto, elas apostam no poder transformador do ser humano que é capaz de
mudar hábitos e de privilegiar produtos de empresas com processos menos prejudiciais ao meio
ambiente.
(Analista de finanças e controle – Subsecretaria de comunicação institucional da Secretaria-Geral
da Presidência da República, n. 390, Brasília, 2006).
4 Assinale a opção que não constitui continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta
para o texto abaixo.
O combate à fome e à pobreza foi adotado pelo governo federal, a partir de 2003, como
política de governo. Dentro dessa política, por exemplo, foi criado o Programa Bolsa-Família que
beneficia mais da metade das famílias pobres do país. O programa é de responsabilidade do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que tem hoje o maior orçamento já
investido no Brasil para combater a fome e promover o desenvolvimento Social - R$ 17 bilhões.
O recente anúncio do IBGE da melhora da distribuição de renda no país trouxe uma armadilha
pouco percebida pela classe média. Embora o Brasil tenha crescido nos últimos anos e gerado milhões de
empregos com carteira assinada, as remunerações típicas da classe média não evoluíram. Ou pior,
caíram. O avanço da educação nos últimos anos é chave para entender o problema: há muito mais gente
qualificada disputando as mesmas vagas – e muitas dessas vagas encontram-se em extinção.
(ÉPOCA NEGÓCIOS, 12 de dezembro de 2005, com adaptações)
(a) Ainda assim, ela perdeu espaço no mercado de trabalho, viu seu salário encolher e as despesas
aumentar. Concorre com cada vez mais gente qualificada pelas mesmas vagas e está endividada
para manter o padrão de vida do passado.
(b) Por isso, em dez anos o ganho médio dos trabalhadores de classe média decresceu 19,4%. Por
outro lado, as despesas aumentaram com o peso dos impostos na renda nacional de 20% desde o
Plano Real. Só as tarifas públicas tiveram um aumento de 290%.
(c) Nesse contexto, seu mercado de trabalho ficou mais competitivo, seja por que o País cresce
pouco e gera poucos empregos, seja por que as universidades estão formando mais; o resultado é
a queda na renda, especialmente entre as categorias, típicas do meio da escada social.
(d) Apesar de os critérios de renda sempre gerem controvérsias, para os institutos de pesquisa
uma família que ganha R$ 3.000,00 pode ser considerada de classe média; posto que uma renda
familiar desse porte não garante a uma família – sobretudo se ela for grande – o padrão típico de
consumo da classe média.
(e) As pesquisas revelaram que os brasileiros mais pobres ganharam algum alento, especialmente
com o aumento do número de programas sociais. Embora pouco, a renda deles melhorou. Já os
mais ricos nem sequer aparecem no estudo. Quem perdeu mesmo foi a classe média.
IMAGENS
Figura 1 - O avanço da tecnologia moderna: http://historiabruno.blogspot.com.br/2012/02/o-
avanco-da-tecnologia-moderna.html
Figura 2 – Laboratório da Mectron, em São José dos Campos/SP:
http://www.odebrechtonline.com.br/relatorioanual/2012/pt/31_ode_defesatecnologia.php
Figura 3: Pedra com inscrições cuneiformes - sistema de escrita criado pelos sumérios. Fonte: Klick
Educação (20:?). http://www.klick.com.br/enciclo/encicloverb/0,5977,POR-8742,00.html
Figura 4 – Hieróglifos egípcios: http://carlacoelhor.files.wordpress.com/2010/03/hieroglifos-
egipcios.jpg
Figura 5 - Figura 5: A evolução da escrita, do ponto de vista da tecnologia.
http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=9&id_subtema=2
Figura 6 – Outdoor inteligente. http://molhandobico.blogspot.com.br/
Figura 7 – Fotografia de Alberto Manguel.
http://www.randomhouse.com/acmart/catalog/author.pperl?authorid=18876
Figura 8 - Jarvis, skin for Windows 7 (Iron man) . http://blue-
software.blogspot.com.br/2012/11/jarvis-iron-man-skin-for-windows-7.html
Figura 9 - http://tomyetony.blogspot.com.br/2011/04/gif-tomy-acenando.html
Figura 10 - http://geekado.com.br/gilberto-gil-guerra-fria-html-5-e-socl/
Figura 12 - http://www.baixaki.com.br/download/anime-smiley-icons.htm
Figura 13 – Charge sobre vacina. HARRIS, Sidney. A ciência ri: o melhor de Sidney Harris. São
Paulo: UNESP, 2007.
Figura 14 - Placa de perigo (presença de tubarões). Fonte: O Globo (2007).
http://oglobo.globo.com/blogs/australia/posts/2007/01/23/perigo-no-mar-tubaroes-46597.asp .
Acesso em 15 de janeiro de 2013.
Figura 15 – Ataque de tubarão. http://reflexoes402010.blogspot.com.br/2010/07/ponha-um-
tubarao-vivo-no-seu-tanque.html
Figura 16 - Figura 16 – Charge de Dilma Rousseff sobre a Lei de Cotas. Fonte: Charge online
(2012). Disponível em: ???
Figura 17 – Notícia da Veja sobre os espiões do governo. Fonte:
http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ8_08.htm
Figura 18 –Propaganda de assistência funerária (outdoor). Fonte:
http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ8_08
Figura 19 – Tirinha (ambiguidade). Fonte:
http://estudandofelizcomcamila.blogspot.com.br/2012/08/ambiguidade.html
Figura 20 – Placa de aviso, MBR (ambiguidade).
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=37201
Figura 21 – Anúncio (medicamento e direção). Fonte: Mundo educação - Terra. Disponível em:
http://www.mundoeducacao.com.br/redacao/anuncio-publicitario.htm
.
Figura 22 – Tirinha (sequências textuais). Fonte: www.drpepper.com.br
Figura 23 – Seis amostras de gêneros discursivos. Fontes - Tirinha As Cobras: Máquina Mistério
[2012]; Carta pessoal: Natascha, Thaís e João (2008); Charge: Jornal do Commercio - UOL (2013);
Diário pessoal: 4shared, Gêneros do cotidiano [20:?]; Placa de estabelecimento: Crônicas do Jair
(2012); Propaganda: As melhores propagandas do mundo (2012).Disponível em:
http://maquinamisterio.tumblr.com/;
http://nataschaejoao.blogspot.com.br/2008_03_01_archive.html;
http://jconlineinteratividade.ne10.uol.com.br/charge/2013,01,01,index.html;
http://dc335.4shared.com/doc/VFOP5nWv/preview.html;
http://cronicasdojair.blogspot.com.br/2012/05/e-o-telefone-toca.html;
http://asmelhorespropagandas.blogspot.com.br/
Figura 24 – Figura 24 – Hipertexto. Fonte: Wikipédia (2013).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertexto
Figura 25 - Receita de marmelada branca de Odivelas. Fonte: Odivelas (2010).
http://odivelas.com/2010/03/21/marmelada-branca-de-odivelas/
Figura 26 – Receita de bolo de abóbora com coco. Fonte: Cozinha Brasil - Receita de família
[2012?]. http://www.cozinhareceitadefamilia.com.br/receitas.html
Figura 27 - ???
Figura 28 – Foto inadequada ao perfil. Fonte: REZENDE, T. Fotografia, 2010.
Figura 29 – Foto adequada ao perfil. Fonte: REZENDE, T. Fotografia, 2010.
Fonte: REZENDE, T. Curriculum vitae, 2013.
Figura 30 – Portal CNPq. Fonte: CNPq (2013). http://www.cnpq.br/
Figura 31 – Plataforma Lattes. Fonte: Plataforma Lattes/ CNPq (2013). http://lattes.cnpq.br/
Figura 32 – Cadastro de currículo Lattes. Fonte: Plataforma Lattes/ CNPq (2013).
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/pkg_cv_estr.inicio
Figura 33 – Correntes.
Fonte: Eu odeio correntes (2008). http://correntesnao.wordpress.com/
Figura 41 - Corrente
Figura 42 – Quebrando correntes. Fonte: http://www.profetico.com.br/wp-
content/uploads/2012/10/quebrando-correntes.jpg
Figura 43 – O que é parágrafo?. Fonte: http://www.canstockphoto.com.br/foto-
imagens/par%C3%A1grafo.html
Figura 44 – Parágrafo. Fonte: http://www.canstockphoto.com.br/foto-
imagens/par%C3%A1grafo.html
Figura 45 – Divisão de parágrafo. http://www.canstockphoto.com.br/foto-
imagens/par%C3%A1grafo.html
Figura 46 – A prática cotidiana da escrita. Fonte: Boas escolhas [20:?].
http://www.boasescolhas.com/
Figura 47 – A reescrita como processo de aprimoramento da escrita. Fonte: Revista Língua
Portuguesa – UOL (2012). http://revistalingua.uol.com.br/textos/82/escrever-certo-escrever-
bem-264520-1.asp
Figura 48 – A prática cotidiana da escrita. Fonte: Radio Godoy FM 87.7 Mhs [20:?].-
http://radiogodoyfm.com/materias-ler.php?id=520
Figura 49 – A prática de escrita no âmbito profissional. Fonte: Boas escolhas [20:?].
http://www.boasescolhas.com/
Figura 50 – Tirinha de Garfield. Fonte: El Cabron (2008). Fonte: <www.elcabron.net/wp-
content/uploads/2008/06/garfield16.png>. Acesso em: 12 de mar. de 2012.
Figura 51 – Deep Web. Fonte: Pato Atômico (2012). http://patoatomico.com.br/deep-web-a-
internet-invisivel/
Figura 52 – Problemas de escrita.
Fonte: Ferramentas Blog (2012). Disponível em: http://www.ferramentasblog.com/2012/03/reescrever-artigos-para-aparecer-melhor-
no-google-seo.html
Figura 53 – Placa de estrada.
Fonte: Placas ridículas (2005). Disponível em: http://photos1.blogger.com/blogger/4005/383/1600/Placa009.jpg
Figura 54 – Placa de estabelecimento [2].
Fonte: Placas ridículas (2005). http://photos1.blogger.com/blogger/4005/383/1600/Placa008.jpg