Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
LUGAR DO CRIME
Lorena
2018
LUGAR DO CRIME
Resumo
O Código Penal Brasileiro, em seu art. 6º, adota a teoria mista ou da ubiquidade quanto
ao lugar do crime: “art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.’’ (BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940.)
De acordo com um questionário, pode-se aferir que a maioria das pessoas que o
responderam concordam com a adoção desta teoria para a redação do art. 6º.
Introdução
O tema foi escolhido devido a afinidade pessoal com o Direito Penal, bem como
sua importância por determinar onde certo ato pode ser considerado típico e punido.
1. Estudo histórico
O Código Penal atual traz o lugar do crime no art. 6º, que foi introduzido pelo art. 4º –
“Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte, no território nacional, ou que
nele, embora parcialmente, produziu ou devia produzir seu resultado.’’ (BRASIL.
Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940.) – do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 e sua redação foi dada pelo art. 6º da Lei nº 7.209, de 11 de julho de
1984.
Até então, nos códigos penais anteriores não havia redação que legislasse sobre o lugar
do crime, que tarda a ter legislação que o definisse, sendo o Código Penal de 1940
inovador ao trazer o tema em sua redação no art. 4º. Principalmente, por conta da
globalização é indispensável para o Direito Penal e para o Direito Processual Penal nos
dias atuais, bem como a solução de problemas de Direito Penal Internacional.
2. Estudo comparativo
2.1.Damásio de Jesus
Porém, quando a questão é em termos internacionais, a solução torna-se mais difícil, por
nem sempre as legislações penais internas de cada país coincidam a respeito do tema.
Vejamos o seguinte exemplo: “Na fronteira Brasil-Bolívia um cidadão brasileiro, que se
encontra em território nacional, atira em outro, em solo boliviano, vindo este a falecer;’’
(JESUS, Damásio de. 1998, p. 168).
Para a solução do problema citado no exemplo têm sido utilizadas três teorias principais:
teoria da atividade, teoria do resultado e teoria da ubiquidade.
De acordo com a teoria da atividade ou da ação, é considerado lugar do crime aquele em
que o agente desenvolveu a atividade criminosa e ou, onde praticou os atos executórios.
Assim, se a vítima é ferida num determinado país e vem a morrer em outro, aquele é o
competente para conhecer o fato.
Segundo a teoria do resultado, também conhecida por teoria do efeito ou do evento, locus
delicti (lugar do crime) é o lugar da produção do resultado. No exemplo citado,
competente para conhecer o homicídio seria o país em que se produziu o resultado morte,
qual seja, a Bolívia.
O art. 6º CP também tem previsto em sua redação o caso de tentativa, na qual a figura
típica não é somente o lugar em que o agente desenvolveu os atos executórios, mas
também onde deveria produzir-se o resultado.
De acordo com Fernando Capez, após ter sido definido qual o território em que pode ser
aplicada a lei penal brasileira, deve-se investigar quando nele se deve considerar que foi
cometido o fato típico.
2.2.1. Nos crimes a distância, por exemplo, no caso de um crime ser cometido em
território nacional e este ter seu resultado produzido em local que não é considerado
território nacional brasileiro para fins penais:
2.2.3 No caso dos crimes de menor potencial ofensivo, os quais são sujeitos ao
procedimento da Lei nº 9.099/95: [...] foi adotada a teoria da atividade. Esta é a redação
do art. 63 da lei: “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi
praticada a infração.”(BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.)
2.2.4 Além das regras especiais, as quais tem redação de artigos do Código de
Processo Penal, súmulas do STF, STJ, Tribunais de Justiça estaduais, etc.
Com a adoção da teoria mista ou da ubiquidade pelo Código Penal Brasileiro em seu art.
6º,
[...] resolvem-se os problemas já há muito apontados pela
doutrina, como aqueles relacionados aos crimes a distância. Na
situação clássica, suponhamos que alguém, residente na
Argentina, enviasse uma carta-bomba tendo como destinatário
uma vítima que residisse no Brasil. A carta-bomba chega ao seu
destino e, ao abri-la, a vítima detona o seu mecanismo de
funcionamento, fazendo-a explodir, causando-lhe a morte. Se
adotada no Brasil a teoria da atividade e na Argentina a teoria do
resultado, o agente, autor do homicídio ficaria impune. A adoção
da teoria da ubiquidade resolve problemas de Direito Penal
Internacional. Ela não se destina à definição de competência
interna, mas, sim, à determinação da competência da Justiça
brasileira. Embora competente a Justiça brasileira, pode
acontecer que, em virtude de convenções, tratados e regras de
Direito Internacional, o Brasil deixe de aplicar a sua lei penal aos
crimes cometidos no território nacional, como veremos a seguir.
(GRECO, Rogério. 2012, p. 211, 212)
3. Análise
Como pode-se constatar, todas as 33 pessoas que responderam que tinham conhecimento
jurídico responderam de forma adequada que no caso proposto tanto na Argentina quanto
no Brasil seria considerado o lugar do crime, podendo ser aplicada as leis penais de ambos
os países, consequentemente, estes responderam que o Código Penal Brasileiro adota a
teoria mista ou da ubiquidade quanto ao lugar do crime. Já mais da metade das pessoas
que responderam não ter conhecimento na área jurídica, cerca de 70,6% destes, acharam
que no caso proposto apenas o Brasil seria considerado o lugar do crime,
consequentemente acharam que o Código Penal Brasileiro adota a teoria do resultado
quanto ao lugar do crime.
Na pergunta “4’’, onde é explicado que o Código Penal Brasileiro utilizou a teoria mista
ou da ubiquidade quanto ao lugar do crime para sua redação, a grande maioria, 90% dos
participantes do questionário, responderam concordar com a adoção desta teoria, apenas
10% não concordam , sendo que 6% acham que deveria ter sido adotada a teoria da
atividade e 4% acham que deveria ter sido adotada a teoria do resultado.
As respostas deste questionário mostram que a maior parte dos participantes acham que
a melhor das três teorias para o lugar do crime é a mista ou da ubiquidade, já que
concordam com esta ter sido adotada pela legislação brasileira. Outro dado que chama a
atenção, é apenas as pessoas que tem um conhecimento mais aprofundado em direito
responderem de forma correta a solução de onde seria considerado o lugar do crime no
caso proposto e a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro.
4. Considerações finais
Com o resultado do questionário feito, é evidente que as pessoas sem conhecimento mais
aprofundado na área jurídica, não sabem onde é considerado o lugar do crime, algo que
deveria ser diferente e que o poder público deveria tomar medidas e se esforçar para
mudar, uma vez que é dever de todos os cidadãos brasileiros conhecerem a legislação da
República Federativa do Brasil e é inescusável que não a conheçam.
Referências bibliográficas
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. Vol.1.São Paulo. Saraiva, 2011
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. Vol. 1. 14. Ed. 2012. Rio de Janeiro: Impetus,
2012.
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Parte Geral. 21.ed., São Paulo: Saraiva, 1998.