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BRAGANÇA – PA
2019
1 Soluções de Análise Real – Elon Fino (Volume 1)
1.1 Notações
• Denotamos (xn ) uma sequência (x1 , x2 , ...). Uma n-upla (x1 , x2 , ..., xn ) podemos
denotar como (xk )n1 ;
• O conjunto dos valores de aderência de uma sequência (xn ) iremos denotar como
A[xn ];
xn+1
• Usamos a Notação Qxn = xn
;
2
2 Conjuntos Finitos e Infinitos
Axiomas de Peano
2) ∃ ! 1 ∈ N, tal que 1 6= s(n), ∀ n ∈ N. Isso quer dizer o número 1 é o único natural que
não é sucessor de nenhum outro.
Proposição: ∀ n ∈ N, n 6= s(n).
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s(m) = m + 1
m + s(n) = s(m + n) ⇔ m + (n + 1) = (m + n) + 1
m·1 = m
m · s(n) = mn + n = m · (n + 1)
Comutatividade: m + n = n + m; m · n = n · m
Associatividade: (m + n) + p = m + (n + p); (m · n) · p = m · (n · p)
Distributividade: m · (n + p) = mn + mp
Lei do Corte: m + n = m + p ⇒ n = p; m · n = m · p ⇒ n = p
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n ∈ X, tal que n + 1 6∈ X. Obtemos então que: In = {1, ...., n} ⊂ N − A e n0 = n + 1 ∈ A.
Portanto, n0 é o menor elemento de A.
5
Exercı́cios Resolvidos Sobre Números Naturais:
Portanto,
n+1
X (n + 1)(n + 2)
k= .
k=1
2
6
(b) 1 + 3 + 5 + · · · + 2n − 1 = n2
Segue-se que:
n+1
X n+1
X n
X
(2k − 1) = (2k − 1) + (2k − 1)
k=1 k=n+1 k=1
= 2(n + 1) − 1 + n2
= 2n + 2 − 1 + n2
= n2 + 2n + 1
= (n + 1)2 .
Portanto,
n+1
X
(2k − 1) = (n + 1)2 .
k=1
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Demonstração: Temos que, se n > m, então ou n é múltiplo de m, ou está entre dois
múltiplos consecutivos de m, isto é, ∃ q ∈ N, tal que qm < n < (q + 1)m. Neste último
caso, ∃ r ∈ N, tal que n = mq + r, com r < m, pois n < m(q + 1) ⇒ ∃ p ∈ N; m(q + 1) =
n + p ⇒ mq + m = n + p. Como n = mq + r, então: mq + m = (mq + r) + p ⇒ mq + m =
mq + (r + p) ⇒ m = r + p. Quanto à unicidade, procedemos da seguinte forma: Seja
n = mq + r = mq 0 + r0 , com r, r0 < m. Logo, mq + r = mq 0 + r0 ⇒ mq − mq 0 = r0 − r ⇒
m(q − q 0 ) = r0 − r ⇒ r0 − r = m(q − q 0 ) ⇒ m|(r0 − r). Como r, r0 < m, então r0 − r < m.
E daı́, r0 − r = 0 ⇒ r0 = r. Segue que r0 − r = 0 = m(q − q 0 ) ⇒ 0 = m(q − q 0 ) ⇒ 0 =
mq − mq 0 ⇒ mq = mq 0 ⇒ q = q 0 . Portanto, q = q 0 e r0 = r.
Demonstração: Suponhamos que ∃ x ∈ N tal que n < x < n + 1. Logo, tem-se que
x = n+q, para algum q ∈ N. Por outro lado, temos que ∃ r ∈ N, tal que n+1 = x+r, para
algum r ∈ N. Com isso, vem que: n + 1 = (n + q) + r ⇒ n + 1 = n + (q + r) ⇒ 1 = q + r,
o que é um absurdo. Portanto, concluı́mos que @ x ∈ N tal que n < x < n + 1.
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p ∈ X, pois k é o menor elemento de Y . Como p + 1 = k e k 6∈ X, então p + 1 6∈ X. Isto
é um absurdo, pois se p ∈ X, temos que p + 1 ∈ X. Portando, X = N.
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2.2 Conjuntos Finitos
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Demonstração: Com efeito, ∃ h : In → X bijetiva. Notemos ainda que uma aplicação
ϕ : X → X é injetiva ou sobre se, e somente se, h−1 ◦ ϕ ◦ h : In → In o é. Consideremos
f : In → In . Se f é injetiva, então pondo B = f (In ) ⊂ In , temos que f −1 |B : B → In é
bijetiva e daı́ pelo Teorema 01, temos que B = In . Logo, f é sobre. Reciprocamente, se
f é sobre, então ∀ y ∈ In , ∃ x ∈ In ; f (x) = y. Desse modo, para cada y ∈ In , podemos
escolher um x ∈ In , tal que g(y) = x. Segue que obtemos: g : In → In injetiva, com
g(f (x)) = x, ∀ x ∈ In . E, pelo que acabamos de provar, temos que g também é sobre.
Logo, sejam x1 , x2 ∈ In , então: f (x1 ) = f (x2 ) ⇒ x1 = g(f (x1 )) = g(f (x2 )) = x2 .
Portanto, f é injetiva.
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é finito, onde card (X − {a}) = n − 1 (por definição). De modo geral, indutivamente,
temos: É evidente quando X = ∅ ou n = 1. Agora, supondo verdade para um certo n,
seja X tal que card X = n + 1 e Y ⊂ X. Se Y = X, não há nada para provar. Mas se
Y X, então ∃ a ∈ X com a 6∈ Y . Logo, Y ⊂ X − {a}. Como card (X − {a}) = n,
segue que Y é finito.
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Exercı́cios Resolvidos Sobre Conjuntos Finitos:
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Questão 2. Seja P (X) o conjunto cujos elementos são os subconjuntos de X. Prove por
indução que se X é finito, então card P (X) = 2card X
.
Questão 4. Prove que todo conjunto finito não-vazio X de números naturais contém um
elemento máximo (isto é, existe x0 ∈ X tal que x ≤ x0 ∀ x ∈ X).
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2.3 Conjuntos Infinitos
Definição – Conjunto Infinito: Diz-se que um conjunto é infinito, quando não é finito.
Assim, X é infinito, quando não é vazio e nem existe uma bijeção f : In → X, seja qual
for n ∈ N.
Observações:
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iii) Galileu Galilei: Há tantos números pares quantos números naturais.
Prova 1: Com efeito, suponhamos que N não o seja. Dessa forma ∃ n ∈ N, tal que
ϕ : In → N é bijeção, isto é, N é finito. Seja p = ϕ(1)+...+ϕ(n). Então ϕ(x) < p, ∀ x ∈ In ,
donde p 6∈ ϕ(In ). Logo, nenhuma função ϕ : In → N é sobrejetiva. Portanto, N é infinito,
ou seja, não ∃ ϕ : In → N bijetiva.
Prova 2: Com efeito, consideremos P = {2, 4, 6, ...}, o conjunto dos números pares,
sendo este um subconjunto próprio de N, ou seja, P N. Definamos: f : N → P , tal que
f (n) = 2n. Logo, f é bijetiva. Segue que como P N, então do Corolário 3 do Teorema
1, N é infinito.
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Exercı́cios Resolvidos Sobre Conjuntos Infinitos:
Questão 2. Sejam X um conjunto finito e Y um conjunto infinito. Prove que existe uma
função injetiva f : X → Y e uma função sobrejetiva g : Y → X.
Demonstração: Suponha que existam n primos, onde (pk )n1 . Vamos mostrar que existe
mais um primo distinto dos anteriores. Considere:
n
!
Y
s= pk + 1 = a + 1.
k=1
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Se esse número é primo, a demonstração termina. Se não, ele é composto e irá existir um
número primo p tal que p|s. Tal p não pode ser nenhum dos pk dados, pois se pk |s, então
pk |(s − a) = 1, o que é absurdo. Assim, existe um fator primo p 6= pk .
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2.4 Conjuntos Enumeráveis
(4) Enumeração: f (1) = x1 , f (2) = x2 , ..., f (n) = xn , ... ⇔ X = {x1 , x2 , ..., xn , ...}.
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Demonstração: Se X é finito, então, por definição, é enumerável. Supondo X infinito,
então X 6= ∅ e pelo P BO, X tem um menor elemento, o qual denotaremos por x1 .
Definamos A1 = X − {x1 6= ∅ ⊂ N}. Novamente, pelo P BO, A1 tem um menor elemento,
o qual chamaremos de x2 , onde x1 < x2 . Definamos A2 = X = {x1 , x2 } =
6 ∅ ⊂ N.
Supondo definidos x1 < x2 < x3 < ... < xn e An = X − {x1 , x2 , x3 , ..., xn } 6= ∅ ⊂ N, tem-
se, pelo P BO, que An possui um menor elemento, o qual denotaremos por xn+1 . Agora,
definamos f : N → X, tal que f (n) = xn . Note que f está bem definida. Além disso, f
é injetiva, pois, dados m, n ∈ N, tal que m 6= n, com f (m) = xm e f (n) = xn , e supondo
m < n, então xm < xn . E daı́, por construção, xm 6= xn . Por outro lado, f também é
sobre, pois, caso contrário, existiria um elemento x ∈ X, tal que x > xn , ∀ n ∈ N. Assim,
o conjunto X = {x1 , x2 , x3 , ..., xn , ...} é limitado. Logo, N seria limitado, o que é um
absurdo. Portanto, f é sobrejetiva.
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Demonstração: Com efeito, se X e Y são enumeráveis, então existem sobrejeções f :
N → X e g : N → Y . Logo: ϕ : N × N → X × Y , dada por ϕ(m, n) = (f (m), f (n)) é
sobrejetiva. Dessa forma, basta provar que N × N é enumerável. Para isso, consideremos
a aplicação ψ : N × N → N, dada por ψ(m, n) = 2m · 3n . Logo, pela unicidade da
decomposição de um número em fatores primos, ψ é injetiva. Segue-se que N × N é
enumerável.
Observação: O conjunto enumerável é o menor dos infinitos. Dessa forma, todo conjunto
infinito contém um subconjunto infinito enumerável.
Exemplo 01: O conjunto Z = {..., −2, −1, 0, 1, 2, ...} dos números inteiros é enumerável.
n−1 n
Uma bijeção f : N → Z pode ser definida pondo f (n) = para n ı́mpar e f (n) = −
2 2
para n par.
n−1
Demonstração. Seja a função f : N → Z definida por f (n) = , se n é ı́mpar
n 2
e f (n) = − se n é par. Desse modo, temos que f é bijeção e consequentemente Z é
2
enumerável. Com efeito, f é injetiva, pois dados m, n ∈ N tais que são ı́mpares, então
m−1 n−1
f (m) = f (n) ⇒ = ⇒ m − 1 = n − 1 ⇒ m = n. Mas se m, n ∈ N são pares,
2 m2 n
então f (m) = f (n) ⇒ − = − ⇒ −m = −n ⇒ m = n. E f também é sobre, pois
2 2
n−1
∀ y ∈ Z+ , y = ⇒ 2y = n − 1 ⇒ n = 2y + 1, onde f (n) = y e n ∈ N é ı́mpar; e
2 n
ainda, ∀ w ∈ Z∗− , w = − ⇒ 2w = −n ⇒ n = −2w, onde f (n) = w e n ∈ N é par. E
2
∗
daı́, Z+ ∪ Z− = Z = f (N).
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m
Exemplo 02: O conjunto Q = , m, n ∈ Z, n 6= 0 dos números racionais é enu-
n
merável. Com efeito, escrevendo Z∗ = Z − {0}, podemos definir uma função sobrejetiva
m
f : Z × Z∗ → Q, pondo f (m, n) = .
n
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Exercı́cios Resolvidos Sobre Conjuntos Enumeráveis:
Questão 2. Prove que existe g : N → N sobrejetiva tal que g −1 (n) é infinito, para cada
n ∈ N.
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Demonstração: Seja Ap = {pk ; p é primo e ∀ k ∈ N}. Temos então definidos: A2 =
{2, 4, 8, 16, ...}, A3 = {3, 9, 27, ...}, A5 = {5, 25, 125, ...}, A7 = {7, 49, ...}, ..., os quais são
infinitos e Aj ∩ Ai = ∅, com j 6= i. Definamos ainda: A1 = N − A2 ∪ A3 ∪ A5 ∪ A7 ∪ ....
Agora, tomando A1 = N1 , A2 = N2 , A3 = N3 , A5 = N4 , A7 = N5 , ..., temos: N1 =
∞
[ ∞
[
N − N2 ∪ N3 ∪ N4 ∪ N5 ∪ ... = N − Nk . Portanto, segue o resultado, ou seja, N = Nk ,
k=2 k=1
com Nk infinito, ∀ k ∈ N e Nj ∩ Ni = ∅, com j 6= i.
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f −1 (y), então X é União Enumerável de Con-
S
Demonstração: Notemos que X = y∈Y
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3 Preliminares Para Construção do Conjunto dos Números
Reais
Definição 3.2. Anel Com Unidade. Seja X um anel. Se X conta com elemento
neutro para a multiplicação, ou seja, se existe um elemento 1X ∈ X, 1X 6= 0X , tal que
a · 1X = 1X · a = a, ∀ a ∈ X, então se diz que 1X é a unidade de X e que X é um Anel
Com Unidade.
Definição 3.3. Anel Comutativo Com Unidade. Um anel cuja multiplicação é co-
mutativa e que possui unidade chama-se anel comutativo com unidade.
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Definição 3.5. Corpo. Seja K um anel comutativo com unidade. Se U (K) = K ∗ =
K − {0}, então K recebe o nome de corpo. A notação U (X) indica os elementos de um
anel X que tem inverso, os quais são chamados de inversı́veis. Desse modo, U (X) 6= ∅, e
não inclui o zero.
Definição 3.7. Outra Definição Possı́vel Para Corpo. Seja K um anel comuta-
tivo com unidade. Este é denominado corpo se todo elemento não-nulo possuir inverso
multiplicativo, isto é, ∀ x ∈ K, x 6= 0 ⇒ ∃ x−1 ∈ K; x · x−1 = 1.
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4 Números Reais
Para inı́cio de conversa, o conjunto dos números reais será simbolizado por R.
Dessa forma, vamos descrever suas propriedades e as consequências destas, as quais serão
utilizadas posteriormente.
4.1 R é Um Corpo
(1) Associatividade: ∀ x, y, z ∈ R, (x + y) + z = x + (y + z) e (x · y) · z;
(2) Comutatividade: ∀ x, y ∈ R, x + y = y + x e x · y = y · x;
(5) Distributividade: ∀ x, y, ∈ R, x · (y + z) = x · y + x · z.
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Há de se notar que dos axiomas acima tem-se todas as regras comumente conhecidas
de manipulação com números reais. A seguir temos algumas dessas regras:
(ii) Diferença: A soma x + (−y) será indicada por x − y e denomina-se diferença entre
x, y ∈ R.
x
(iii) Quociente: Se y 6= 0, o produto x · y −1 pode ser representado também por e é
y
denominado quociente de x por y.
x
(iv) Subtração e Divisão: As operações (x, y) 7−→ x − y e (x, y) 7−→ são denominadas
y
respectivamente, subtração e divisão, com y 6= 0 para esta última.
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x2 − y 2 = (x + y) · (x − y) e, como sabemos, o produto de dois números só é zero quando
no mı́nimo um dos fatores é zero.
P1. A Soma e o Produto de números reais positivos são positivos, isto é: Dados x, y ∈ R+
então x + y ∈ R+ e x · y ∈ R+ .
Observações:
(1) Tomando R− como o conjunto dos números −x onde x ∈ R+ , da condição P2, tem-se
R = R+ ∪ R− ∪ {0}, e ainda: R+ , R− e {0} são conjuntos dois a dois disjuntos, ou seja,
R+ ∩ R− = R+ ∩ {0} = R− ∩ {0} = ∅. Podemos representar também R+ como R∗+ ,
e R− como R∗− , onde ∗ indica a exclusão de 0 ∈ R. E ainda, os números y ∈ R− são
denominados de negativos.
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