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APRESENTADA POR
1
2
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS
MESTRADO PROFISSIONAL EM BENS CULTURAIS E PROJETOS SOCIAIS
3
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS
MESTRADO PROFISSIONAL EM BENS CULTURAIS E PROJETOS SOCIAIS
4
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV
CDD – 306.4819
5
6
DEDICATÓRIA
7
“[...] Segura teu filho no colo
Sorria e abrace teus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir [...]”
8
AGRADECIMENTOS
9
RESUMO
10
ABSTRACT
The death is a fact present all cultures. What differs them is the symbolism connected to
each society throughout centuries, manifested though signs.
In this universe, tombs art plays the role of perpetrator agent of the history, denoting
symbols ans costumes of differents periods.
To observe "the city of the deads" is to unveil the synthetised way the preferences that
some symbols were chosen by the loved ones so to represent the dead immortalize their
memory before the time.
To understand the nuances of this niche is the function of the touristic activity that by
fragmenting a new touristic idea, will be able to understand it's imbrications, there for,
attend the needs and expectations of those consumers.
The work consistes in analize the cemitery São João Batista as a tourism potential through
qualitative researches, beyond if the experienced interpretation of the author in a City Tour
in the studied necropoli.
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
12
Figura 42: Distribuição da amostra pesquisada por escolaridade .......... 113
Figura 43: Distribuição da amostra pesquisada por faixa salarial ........... 114
Figura 44: Distribuição da amostra pesquisada por motivações ............. 114
Figura 45: Distribuição da amostra pesquisada por atrativos mórbidos . 115
Figura 46: Distribuição da amostra pesquisada pelo tema Arte Tumular 115
Figura 47: Distribuição da amostra pesquisada pela relevância do guia
no Tour ................................................................................... 116
Figura 48: Distribuição da amostra pesquisada pela interpretação com
o guia ..................................................................................... 116
Figura 49: Distribuição da amostra pesquisada pela característica
marcante ................................................................................ 117
Figura 50: Distribuição da amostra pesquisada pela postura do guia .... 117
Figura 51: Distribuição da amostra pesquisada pelos elementos
atrativos cemiteriais ............................................................... 118
Figura 52: Distribuição da amostra pesquisada por dilema ético ............ 118
Figura 53: Distribuição da amostra pesquisada por rituais ..................... 119
Figura 54: Distribuição da amostra pesquisada por traço relevante........ 119
Figura 55: Distribuição da amostra pesquisada por pontos positivos e
negativos ................................................................................ 120
Figura 56: Distribuição da amostra pesquisada por interpretações do
Tour ........................................................................................ 121
Figura 57: Distribuição da amostra pesquisada por indicação ao Tour .. 121
Figura 58: Distribuição da amostra pesquisada pelo pagamento e
sugestões de preços para o Tour .......................................... 122
Figura 59: Formulário de inventariação ................................................... 125
Figura 60: Sepultura ................................................................................ 137
Figura 61: Estela ..................................................................................... 138
Figura 62: Oratório .................................................................................. 139
Figura 63: Jazigo capela ......................................................................... 140
Figura 64: Mausoléu ................................................................................ 141
Figura 65: Jazigo monumento ................................................................. 142
Figura 66: Túmulo verticalizado .............................................................. 143
Figura 67: Orville Derby .......................................................................... 145
Figura 68: Orville Derby imagem natural ................................................. 145
Figura 69: Revolta da Armada................................................................. 146
Figura 70: Jazigo Raymundo Juvêncio ................................................... 147
Figura 71: Visconde de Moraes .............................................................. 148
Figura 72: Visconde de Moraes amplo .................................................... 149
Figura 73: Carlos Prestes ........................................................................ 150
Figura 74: Rodolpho Bernardelli .............................................................. 151
Figura 75: Santos Dumont ...................................................................... 152
Figura 76: Santos Dumont amplo ............................................................ 153
Figura 77: Mausoléu da Academia Brasileira de Letras .......................... 154
Figura 78: Elke Maravilha ........................................................................ 155
13
Figura 79: Tom Jobim ............................................................................. 156
Figura 80: Tom Jobim – Palmeira ........................................................... 157
Figura 81: Cláudio de Souza ................................................................... 158
Figura 82: Carmem Miranda ................................................................... 159
Figura 83: Vicente Celestino ................................................................... 160
Figura 84: Cazuza ................................................................................... 161
Figura 85: Clara Nunes ........................................................................... 162
Figura 86: Clara Nunes Jazigo ................................................................ 162
Figura 87: Selarón ................................................................................... 163
Figura 88: Mapa do Cemitério São João Batista .................................... 164
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................ 17
2 TURISMO MACABRO: HISTÓRICO E MODALIDADES............... 20
2.1 O HORIZONTE MACABRO DO
TURISMO........................................................................................ 21
2.2 TERMINOLOGIA............................................................................. 23
2.3 ATRATIVOS.................................................................................... 25
2.3.1 Exposições...................................................................................... 27
2.3.2 A Morte Retratada em Igrejas, Cemitérios, Santuários e Eventos. 28
2.3.2.1 Igrejas............................................................................................. 29
2.3.2.2 Cemitérios...................................................................................... 30
2.3.2.3 Santuários Macabros.................................................................... 34
2.3.2.4 Locais de Conflito e Sofrimento Macabros................................. 35
2.3.3 Acampamentos de Genocídios....................................................... 37
2.3.4 Campos de Concentração 38
2.3.5 Museus e Memoriais....................................................................... 40
2.3.6 Prisões............................................................................................. 45
2.3.7 Locais de Catástrofes Naturais....................................................... 46
3 IDEALIZAÇÕES E INTERPRETAÇÕES DA MORTE.................... 48
3.1 A MORTE NA HISTÓRIA................................................................ 48
3.2 A PERCEPÇÃO DA MORTE NO PERÍODO ESCRAVOCRATA
NO BRASIL..................................................................................... 55
3.3 A MORTE NA ATUALIDADE .......................................................... 59
3.4 DIA DOS MORTOS NO MÉXICO................................................... 60
4 SEGMENTO DA ARTE TUMULAR: CEMITÉRIOS NO MUNDO... 67
4.1 CEMITÉRIOS: EXPRESSIVIDADE COMO PRODUTO
TURÍSTICO NO MUNDO................................................................ 82
4.1.1 Cemitério Pére Lachaise................................................................. 82
4.1.2 Cemitério da Recoleta – Argentina – Buenos Aires........................ 86
4.1.3 Brasil - Cemitério da Consolação – São Paulo............................... 89
5 CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA NO RIO DE JANEIRO: UM
POTENCIAL TURÍSTICO NO SEGMENTO DA ARTE TUMULAR
A SER DESVELADO...................................................................... 93
5.1 NECRÓPOLE SÃO JOÃO BATISTA DENTRO DA NOVA
GESTÃO RIO PAX.......................................................................... 103
5.2 PESQUISA SOBRE A VIABILIDADE DO CEMITÉRIO SÃO
JOÃO BATISTA COMO ATRATIVO TURÍSTICO........................... 112
6 CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA COMO PRODUTO
TURÍSTICO..................................................................................... 122
6.1 FORMATAÇÃO DO PRODUTO TURÍSTICO: OLHARES
URBANOS NA NECRÓPOLE......................................................... 126
6.2 O PAPEL DO GUIA DE TURISMO ................................................. 131
6.3 ROTEIROS – OLHARES URBANOS NA NECRÓPOLE................ 137
6.4 IMPLEMENTAÇÃO DO ROTEIRO HISTÓRICO/ARTÍSTICO........ 144
6.4.1 Orville A. Derby............................................................................... 144
15
6.4.2 Revolta da Armada – Leão.............................................................. 146
6.4.3 Jazigo de Raymundo Juvêncio de Souza....................................... 147
6.4.4 Visconde de Moraes........................................................................ 148
6.4.5 Luís Carlos Prestes......................................................................... 149
6.4.6 Rodolpho Bernardelli....................................................................... 150
6.4.7 Santos Dumont................................................................................ 152
6.4.8 Mausoléu da Academia Brasileira de Letras................................... 153
6.5 IMPLEMENTAÇÃO DO ROTEIRO DOS ARTISTAS..................... 155
6.5.1 Elke Maravilha................................................................................. 155
6.5.2 Tom Jobim....................................................................................... 156
6.5.3 Cláudio de Souza (Dramaturgo) ..................................................... 157
6.5.4 Carmem Miranda............................................................................. 158
6.5.5 Vicente Celestino............................................................................. 159
6.5.6 Cazuza............................................................................................ 160
6.5.7 Clara Nunes..................................................................................... 161
6.5.8 Jorge Selarón.................................................................................. 163
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 165
REFERÊNCIAS.............................................................................. 167
ANEXO A........................................................................................ 172
ANEXO B........................................................................................ 174
16
1 INTRODUÇÃO
17
turísticos no cemitério de forma a auxiliar os turistas na visitação, direcionando-
os quanto à disposição das sepulturas na necrópole. Através desse trajeto,
procura-se amparar os turistas nessa visitação que desejem desvelar tal
segmento como forma de entretenimento, de sentir emoções fortes; identificar
suas motivações, necessidades e expectativas.
O caminho metodológico seguido para estudo do tema compreende a
pesquisa bibliográfica, através de artigos nacionais e internacionais, além de
livros que abordem a temática da morte dentro da concepção da Arte Tumular.
De forma a obter o conhecimento a respeito da experiência no turismo
nacional optou-se também pela observação da autora como participante na
visita técnica realizada pelo historiador Milton Teixeira a necrópole do cemitério
São João Batista, no Rio de Janeiro, além de entrevistas baseadas na
pesquisa de campo, com aplicação de questionários relacionados à temática
cemiterial.
A estruturação do trabalho foi implementada em sete capítulos, incluindo
a introdução ao tema e a conclusão do trabalho.
O capítulo dois revela o panorama global do segmento, fragmentando
suas possibilidades no segmento do Dark Tourism, de forma a compreender as
motivações que induzem o ser social a escolher um segmento em relação ao
outro.
Todorov e Moreira apud (Rogers, Ludington&Graham, 1997, p. 2)
conceitua: “Sempre que sentimos um desejo ou necessidade de algo, estamos
em um estado de motivação. Motivação é um sentimento interno é um impulso
que alguém tem de fazer alguma coisa”.
O capítulo três analisa as representações e simbologias da morte em
diversas culturas, a mudança do sepultamento do território sagrado para o
espaço extramuros ad sanctos, e como a morte era interpretada na sociedade
da época. O medo pelo desconhecido estimula a imaginação do indivíduo e o
faz questionar sobre a sua vida e suas atitudes em sua trajetória. Essa
convicção clara de que não seremos eternos provoca múltiplos sentimentos em
todas as sociedades em diversos períodos históricos. Dependendo do tempo
abordado, a morte é encarada como um fenômeno natural da vida ou em
18
outros é observado com repulsa, medo e esquecimento. Entretanto, outros
utilizam o término do ciclo da vida para eternizá-lo, como é visto em muitos
cemitérios no mundo cuja sociedade buscava eternizar sua ascensão social em
monumentos fúnebres.
O capítulo quatro foca o segmento da Arte Tumular no mundo e no
Brasil, enfatizando o objeto de pesquisa o cemitério São João Batista com seus
estilos personificados em ornamentos mortuários usados como mecanismo de
retenção da memória.
O capítulo cinco contempla a percepção de possíveis turistas, baseado
na pesquisa de campo, a frequentarem esse novo atrativo turístico. Optou-se
pela observação da autora no Tour realizado pelo Milton Teixeira em conjunto
com aplicações de questionários aos participantes do evento, com o intuito de
averiguar possibilidades de consumo desse novo nicho turístico.
O capítulo seis aborda o cemitério São João Batista como um potencial
atrativo no campo da Arte Tumular. Para adentrar nesse universo
contemplativo, traçou-se duas rotas temáticas intituladas “Roteiro Turístico
Histórico/Artístico” e “Roteiro dos Artistas”, de forma a auxiliar no deslocamento
apreciativo pelo espaço.
No capítulo sete fazem-se as considerações com a síntese final do
assunto, a partir das interpretações obtidas para esse recente segmento, ainda
a ser desvelado.
19
2 TURISMO MACABRO: HISTÓRICO E MODALIDADES
1
• As chegadas de turistas internacionais (visitantes que pernoitam) aumentaram 4,3% em 2014, atingindo a cifra
de 1,133 milhões de chegadas.
• A região das Américas registrou o maior crescimento, com um aumento de 8% em chegadas internacionais,
seguida de Ásia e Pacífico e do Oriente Médio. Na Europa as chegadas aumentaram 3% e na África 2%
• Os ganhos ligados ao turismo internacional alcançaram a cifra de 1.245.000 milhões de dólares em 2014.
20
Sob a ótica de Molina (2003, p.111):
21
catástrofes. Esse tipo de turismo tem uma longa história e tem sido descrito
como uma tradição thanatológica que remonta às visitações de cenários de
batalhas como a de Waterloo ou as ruínas de desastres naturais como as de
Pompéia.
O que parece ser uma crescente curiosidade mórbida não é fato recente.
No começo do século XI, as pessoas já se deslocavam para lugares como
Jerusalém para visitar o local da crucificação de Cristo (DALE; ROBISON,
2008).
Alguns exemplos citados por Stone (2006) revelam atrações macabras
que eram admiradas pelos precursores do Dark Tourism. Os jogos realizados
por gladiadores no Coliseu eram comemorados por uma multidão que vibrava
com a morte de um competidor. As execuções feitas em praças, além de serem
aplicadas como forma de castigo e lembrete, serviam de espetáculo público.
O começo desse segmento de forma empresarial foi marcado pelos
precursores dessa atividade, que em 1838 levaram excursionistas ingleses
através de transporte ferroviário para a Cornualha a fim de participar como
espectadores do enforcamento de dois assassinos (BOORSTIN, 1987 apud
STONE, 1996). As motivações iniciais que influenciaram esse público a se
deslocar de suas casas direcionando-se a esses atrativos podem ser
encontradas no “deslumbramento” com a morte.
A busca por tais lugares alavancou o crescimento de uma nova
segmentação, no sentido de reafirmar e diversificar produtos referentes a esse
tema. A morte real ou recriada tornou-se preponderante, servindo como
influenciadora na motivação do turista que escolhe conhecer destinos
mórbidos. Essa mudança de comportamento desvela esse segmento que era
considerado como o lado “sujo” da atividade turística, porém tornou-se
apreciado, por um público específico, em relação aos outros segmentos.
22
2.2 TERMINOLOGIA
23
Alguns museus chamados de mórbidos também concentram em seus
espaços materiais que direcionam os visitantes a vivenciarem um contexto
histórico de forma jocosa com simulação de períodos históricos de batalhas
que remetam à morte, utilizando reencenações dessas lutas.
Para Panosso Netto e Ansarah (2009, p. 350) pode-se conceituar
turismo necrófilo como “aquele no qual as pessoas são atraídas a visitar os
lugares relacionados à morte, sejam eles cemitérios, memoriais ou mesmo
lugares onde ocorreram tragédias, genocídios, batalhas, etc”.
O necrófilo pode expressar seu interesse de diversas maneiras, desde a
escolha de materiais de escritas, de áudios ou vídeos que o remetam a
informações trágicas da vida humana, ou mesmo com visitas a ambientes
fúnebres.
Assim, as conversas do cotidiano que remetam à morte como tema
principal são consideradas como fait divers. Na ótica de Barthes (2003) apud
Panosso Netto e Ansarah (2009, p. 353):
24
Esse horizonte sombrio do turismo possui outra vertente que é
constituída pelos museus do Holocausto, onde história e memória são
preservadas com a finalidade de manter viva a lição humanitária derivada da
tragédia. Por outro lado, o tempo cronológico, um intensificador de sensações
macabras e fatos recentes, está mais presente na memória da população, por
seus sobreviventes e testemunhas, trazendo à tona a comoção coletiva.
O turismo macabro possui graus que diferenciam sua categorização.
Essa diferença é observada em locais que interpretam a morte e em locais que
vivenciam a morte. Assim, a experiência é mais tenebrosa quando há uma real
identificação com o fato, como acontece no campo de concentração Auschwitz
– Birkenau, em que a morte é relatada com toda a sua morbidez. Isso propicia
ao visitante vivenciar toda a trajetória de horror ocorrida no campo de
concentração de forma mais autêntica.
2.3 ATRATIVOS
25
sofrimento encontram-se relacionados à guerra, cemitérios, morte de
celebridades, Holocausto, entre outras ofertas bizarras.
Na visão de Seaton (2006) apud Fonseca, Seabra et al (2015; pg.162)
os espaços são divididos em graduações de intensidades:2
• Dark Fun Factories: visitor sites, attractions and tours that have an
entertainment focus and commercial ethic. They represent fictional
death and macabre events, as that, they need a high degree of
tourism infrastructures. At this degree, attractions such as the London
Dungeon or the Dracula Park should be pointed out, as being the
lightest dark tourism places in the world.
• Dark Exhibitions: offer products that circle around death and
suffering with an often commemorative, educational and reflective
message. These exhibitions are drawn to reflect education and
potential learning activities. The museums that display death with
educational and reminiscent purposes are the best examples of dark
exhibitions.
• Dark Dungeons: places/attractions related to justice and criminal
matters, namely former prisons. Dark Dungeons offer products that
combine entertainment and education as a main merchandise focus.
The Alcatraz Federal prison, the Robben Island prison, the Missouri
State penitentiary among others, are good examples of dark
dungeons.
• Dark Resting Places: focuses upon the cemetery or grave markers
as potential products for Dark Tourism (Seaton, 2002). More and more
tourists include the cemeteries in their tours. Those of large dimension
are true open-air museums that include several architectural works
and sculptures of refined taste. The most visited cemeteries nowadays
are the Cimetiere du Pere Lachaise, the Arlington National cemetery,
La Recoleta cemetery and many others.
• Dark Shrines: sites based on the act of remembrance and respect
for the recently deceased. Dark Shrines are non- purposeful for
2
Alguns estudiosos classificam o Turismo Macabro em graduações de categorias que vão das graduações mais
brandas até as graduações mais escuras.
Assim, Seaton definiu sete categorias dentro do Dark Tourism:
-Fábricas Dark Fun: Estão relacionados a visitação a atrativos que tem o foco no entretenimento com viés comercial.
Representam a morte recriada de forma comercial, porém com infraestrutura. O exemplo de atrativo é o Dungeon
em Londres ou o castelo do Drácula que são considerados os lugares mais brandos da categoria.
-Exposições: Mostram elementos que estão atrelados à morte e ao sofrimento, porém como o objetivo de provocar
a reflexão e a educação.
-Dark Dungeons: Prisões antigas que são utilizadas como atrativos dentro desse segmento. Exemplo é a prisão
Federal de Alcatraz.
-Cemitérios: São museus a céu aberto que denotam diversas obras arquitetônicas que são contempladas pelos
turistas.
-Dark Shrines: São santuários que traz à tona a comoção das pessoas pelas mortes recentes e são cultuados pelas
lembranças e respeito aos mortos.
-Dark Conflict Sites: Guerras recriadas nos campos de batalhas. Tem o foco educacional.
-Campo de concentração: É a categoria mais escura definida pelo autor, pois a visita é feita dentro do espaço onde
aconteceram as atrocidades, exemplos como Auschwitz-Birkenau e Ruanda.
26
tourism and do not possess much tourism infrastructures due to their
temporal nature.
The most evident example of a Dark Shrine are the Solomon Isles
where the battle of Guadalcanal occurred.
• Dark Conflict Sites: sites associated with war and battlefields. These
sites have an educational and commemorative focus, as well as an
historic one. The Solomon Isles, where the battle of Guadalcanal
occurred, are one of the well-known dark conflict sites.
• Dark Camps of Genocide: are those sites that mark a concentration
of death and atrocity. Currently, the tourist attractions associated with
genocides and wars constitute one of the largest categories of visiting
spots around the world. Auschwitz- Birkenau, Cambodja, and
Rwanda, can be highlighted as being, some of the few sites, where
past genocides and mass atrocities happened.
2.3.1 Exposições
27
atentados do dia 11 de setembro. O principal objetivo é captar a história e
promover o sentimento de valorização das vítimas.
28
2.3.2.1 Igrejas
29
Outro destaque nessa vertente mórbida é a Capela dos Ossos, um
monumento criado na Igreja de São Francisco, na cidade de Évora, em
Portugal. Sua construção foi realizada no século XVII por três monges que
eram contra a reforma religiosa. Como forma de protesto, buscaram
reverenciar a transitoriedade da morte com decoração enfatizando a morte,
como ossos humanos, pinturas com a temática morte e esqueletos pendurados
de forma inusitada.
Poemas são encontrados na igreja enaltecendo a morte como algo
comum a todo ser humano. Um dos poemas citados na igreja e atribuído ao
Pároco da freguesia Padre Antônio da Ascensão Teles:
2.3.2.2 Cemitérios
30
Figura 2: Cemitério de Arlington6
Fonte: Cemitério de Arlington, 2016
6
Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=cemiterio+arlington&biw=2277&bih=1095&source=lnms&tbm=is
ch&sa=X&ved=0ahUKEwjF5eHSwo3OAhXCFZAKHVX2AK0Q_AUIBygC&dpr=0.6#imgrc=C3a9Xftm9aq55M
%3A. Acesso em: 27 de jun. de 2016.
31
favor das classes menos favorecidas, morrendo aos 33 anos, vítima de câncer
uterino.
7
Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=cemit%C3%A9rio+da+recoleta&biw=2277&bih=1095&source=ln
ms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwikutGrxY3OAhXJjZAKHU8FB_gQ_AUIBigB&dpr=0.6#imgrc=7Y
46-0hR9DtqHM%3A . Acesso em: 26 de jun. 2016.
8 Disponível em: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/franca/cemiterio-do-
perelachaise.php. Acesso em: 28 de jun. 2016.
32
João Batista foi implantado pela Santa Casa de Misericórdia em 1852,
possuindo atualmente cerca de 65 mil jazigos. Dentre esses, repousam
diversas celebridades com túmulos rebuscados como Carmem Miranda Santos
Dumont, imortais da Academia Brasileira de Letras, presidentes da República,
músicos e atores, entre outros personagens ilustres.
Diversos túmulos retratam exemplos de arte sacra como trabalhos
esculpidos em mármores, bronze e granito que ostentam as quadras dos mais
abastados Na principal avenida, rotulada de Vieira Souto9, são encontrados
obras de artes de diversos artistas como Rodolfo Bernadelli e Heitor Usai
(PIMENTA, 2008).
33
Os santuários macabros são locais que remetem à lembrança de mortes
recentes como ato comercial. São construídos próximos aos locais das
tragédias e em um espaço curto de tempo em relação ao ocorrido. Muitos
desses santuários não foram criados propositalmente para a atividade turística,
por isso possuem pouca infraestrutura no local. Dessa forma, esses espaços
são criados por uma demonstração de comoção coletiva, transformando o local
em uma massa de homenagens florais como forma de respeito às vítimas.
Um exemplo marcante a ser destacado é o World Trade Center. As
torres gêmeas, como eram conhecidas, foram destruídas por terroristas no dia
11 de setembro de 2001, vitimando quase três mil pessoas. O local virou centro
de atração de Nova York para inúmeros visitantes interessados em observar o
episódio trágico.
Após treze anos de intensas intervenções urbanas foi construído no
espaço um complexo que abriga o Museu e memorial The National September
11 Memorial Museum. O espaço traz em sua essência traços importantes que
relembram a tragédia, como documentários, peças dos escombros, fotos dos
mortos, relatos das famílias, dentre outros que contribuem para que a memória
do horror não seja esquecida. Existem no local, produtos formatados
associados à atrocidade, chamados de “Dia do Horror” como livros, filmes,
bonés e materiais que depreciam o terrorista Bin Laden.
Outro ponto representativo do Marco Zero foi implementado com dois
espelhos d’água localizados exatamente onde estavam as torres gêmeas com
placas de bronze onde estão gravados os nomes de cada um dos mortos.
Outro empreendimento imponente no espaço foi a construção de uma
nova torre intitulada One World Trade Center (World Trade Center 1) sendo a
quarta maior do mundo. O prédio foi idealizado com uma altura de 1.776 pés
(541 metros), fazendo referência ao ano da independência dos Estados
Unidos. 11
11
Disponível em: http://super.abril.com.br/comportamento/a-volta-do-world-trade-center. Acesso em:
20 de ago. de 2016.
34
Figura 5: Ground Zero, EUA. 12
Fonte: World Trade Center, 2016.
12
Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=cemit%C3%A9rio+da+recoleta&biw=2277&bih=1095&source=ln
ms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwikutGrxY3OAhXJjZAKHU8FB_gQ_AUIBigB&dpr=0.6#imgrc=7Y
46-0hR9DtqHM%3A . Acesso em: 26 de jun. 2016.
35
e britânicos. A batalha levou à morte mais de 57 mil soldados de ambos os
lados.13
A Batalha de Somme ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial na qual
os franceses e ingleses lutaram contra os alemães e foi uma das guerras mais
sangrentas da história. Seu contexto violento retrata a inexperiência de
soldados, o descaso de seus generais e a utilização pela primeira vez de
tanques de guerra, deixando um saldo expressivo de mais de um milhão de
soldados mortos (THEODORO, 2008).
13
CORNWELL. Bernardo. Waterloo. A História de quatro dias, três exércitos e três batalhas. O confronto
que Deteve Napoleão. Editora: Afiliada, 2015.
14
Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=A+Batalha+de+somme,+turismo&biw=1525&bih=734&source=ln
ms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjV_I6JwtPOAhWHjpAKHWGRDaAQ_AUIBigB&dpr=0.9#imgrc=k5Eh8
XRI3o8ZpM%3A Acesso em: 12 de jul. de 2016.
36
2.3.3 Acampamentos de Genocídios
37
A guerra de Kosovo ocorreu em detrimento à separação de uma das
províncias chamada Kosovo na Iugoslávia. O presidente Slobodan Milosevic,
não aceitando a medida adotada pela província, inicia a guerra. Alegando
questões humanitárias, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)
intervém na guerra obrigando Milosevic a aceitar o acordo que propõe a
autonomia da província, porém sem a separação. A guerra também foi um
marco que deixou inúmeras vítimas desse contexto de atrocidades. (SILVA,
2008).
15
Revista Exame. Disponível em : http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/franca-condena-ex-
prefeitos-de-ruanda-por-genocidio-em-94. Acesso em: 20 de jun. de 2016.
38
Alemanha e Polônia, eram utilizados como campos de extermínio, campos de
trabalhos forçados e campos de trânsito. Como exemplo, pode-se citar Dachau,
na Alemanha, que foi classificado como campo de trabalho forçado, com
utilização da mão de obra de prisioneiros judeus, homossexuais, comunistas,
entre outros.
Bergen-Belsen é um campo de trânsito que abrigou Anne Frank,
personagem ilustre, que revelou ao mundo através de seu diário, a atrocidade
vivida por ela e seus familiares durante a Segunda Guerra Mundial. Anne, por
seu ato de coragem, tornou-se símbolo do sofrimento de milhões de crianças
judias.
Na Polônia foram implantados os campos de extermínio, conhecidos
como complexo Auschwitz-Birkenau, o maior campo da Europa, possuindo
estruturas específicas como as câmaras de gás e os crematórios. Nesses
locais mais de 12 mil pessoas chegaram a ser executas no período do
nazismo.
No contexto atual, o cenário de horror é repassado por meio de um
documentário, sintetizando as atrocidades executadas no campo para os
visitantes desse atrativo. Paulo Franke, um espectador do holocausto,
menciona em seu blog:
39
judeu. Mesmo assim, esse nicho vem crescendo dentro do espectro macabro
de forma institucionalizada, deixando distorcido o contexto histórico doloroso
desses locais.
16
Disponível em: http://noticias.band.uol.com.br/mundo/noticia/?id=242245 Acesso em: 12 de jul. de
2016.
40
Na cidade de Washington, Estados Unidos, encontra-se o Museu
Memorial do Holocausto. O espaço dedica-se à documentação, análise e
interpretação da história do Holocausto, sendo financiado pelo governo
americano, por judeus ou colaboradores ilustres, como o diretor Steven
Spielberg. O museu desempenha um papel importante no cenário estético do
holocausto e também procura proporcionar um meio adequado para traduzir a
memória, recordação, interpretação e narração do massacre, de modo a
contextualizar a história de maneira educacional. O conteúdo chega ao turista
por meio de imagens, exposições, artefatos culturais e publicações referentes
ao período nazista. (FRANKE, 2006).
A história permanente do museu conta a trajetória cronológica do
Holocausto desde a vida de Hitler e sua ascensão ao poder até a libertação
dos judeus dos campos de concentração.
O museu é criticado por mostrar o contexto do nazismo na interpretação
americana. Sua abordagem menciona citações de George Washington e da
Declaração da Independência, além de excluir da história vítimas não judaicas
e homossexuais.
Em Israel encontra-se o Museu Yad Vashem, fundado em 1953, que tem
como objetivo principal eternizar a memória do Holocausto e divulgar a história
trágica com o intuito de educar para que atrocidade dessa magnitude não
venha ser esquecida com o tempo (PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2009).
O museu abriga um memorial perpétuo com arquivos, relatos,
documentos e também testemunhos de sobreviventes de forma a proteger a
memória, ensinar e educar. É dividido em setores como Setor de Estudos e
Pesquisas, Escola Central de Ensino do Holocausto e Centro Internacional de
Pesquisa do Holocausto. Buscando compreender os motivos que contribuem
para a visitação aos museus do holocausto, Yuill (2003) realizou uma pesquisa
de caráter exploratório com objetivo de traçar o perfil do turista que frequentava
o Museu do Holocausto em Houston, no Texas, de modo que os visitantes
manifestassem suas percepções referentes à temática. Para isto, fez uso de
formulário que também foi aplicado à equipe técnica do museu de forma a
41
auxiliar no conhecimento das emoções vivenciadas e expressadas pelos
turistas.
O formulário foi adaptado a partir de estudos precedentes sobre esse
segmento mórbido e por meio das perguntas foram levantados fatores
motivacionais específicos para esse atrativo.
Dentre algumas dificuldades apontadas no estudo, está a limitada
literatura encontrada na área, não havendo precedentes para contrapor
resultados. Outro fator restritivo é o fato da pesquisa ter sido realizada apenas
no Museu, não sendo compatível com outros atrativos da mesma categoria.
De acordo com as informações obtidas por Yuill17 pode-se constatar que
a temática da morte tem um papel relevante na motivação da visita a esses
atrativos. O elemento predominante na busca pelo entendimento da morte é a
carência de uma compreensão aprofundada.
A mídia tem o poder de estimular as motivações. O filme ‘A lista de
Schindler’ do diretor Steven Spielberg lançado em 1993 foi apontado por várias
pessoas, como o fator que impulsionou o desejo de visitar o Museu do
Holocausto.
Quantos aos elementos motivadores, a pesquisa possibilitou a
compreensão de três potenciais: em primeiro lugar, uma ligação pessoal, a
busca de maior compreensão por parte dos visitantes em relação ao
holocausto e a procura por descendentes dos sobreviventes que anseiam por
informações não obtidas pelos familiares; em segundo, através da perspectiva
educacional, as pessoas desejam saber de forma mais aprofundada sobre
esse período histórico; em terceiro, com base no que se pode inferir da
literatura, as pessoas estão interessadas em exposições, especialmente as
itinerantes.
Dessa forma, os fatores motivacionais são múltiplos, como por exemplo
o fato de os visitantes que procuram o museu para compreender melhor a
história de seus antepassados, e dos próprios sobreviventes que visitam o
espaço para compreender um período histórico vivenciado.
17YUILL, Stephanie Marie. Dark tourism: understanding visitor motivation at sites of death and disaster.
2003. 278 f. Tese (Mestrado) - Texas A&m University, Houston,2003. Disponível em:
<https://txspace.tamu.edu/bitstream/handle/1969/89/etd-tamu-
2003C-RPTS-Yuill-> Acesso em: 12 de mai. 2016.
42
Yuill observa que a representação simbólica é imprescindível para a
maioria das pessoas que encontra nesse ritual uma maneira emblemática de
recordar fatos significativos. A pesquisa aponta a lembrança como um fator
motivacional, cuja sua permanência auxilia na manutenção da memória viva,
não permitindo o seu esquecimento pela história. O interesse no contexto
histórico também foi abordado na análise, pois vivenciar a história facilita o seu
entendimento, despertando um interesse maior por parte dos visitantes.
Fora da temática do Holocausto encontram-se memoriais e museu de
cera que podem ser classificados como atrativos do turismo macabro.
No Japão a reverência aos mortos é manifestada através de memoriais
que eternizam seus antecessores. A cidade de Hiroshima abriga a “Cúpula da
Bomba Atômica” que marca o local em que a bomba foi lançada. Esse
monumento faz parte do Parque Memorial da Paz, que inclui em seu acervo
fotos, objetos, relatos de sobreviventes e arquivos relacionados ao bombardeio
(PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2009).
Outro museu que desperta o interesse de muitos visitantes é o Museu de
Anne Frank que retrata a vida de uma menina judia que entrou para a história
pelo seu exemplo de força e determinação em detrimento à vida.
Anne foi uma referência na luta contra o terror imposto pelo nazismo. Em
seu diário relata as percepções sobre o mundo, dividida entre recortes de
jornais passados com artistas que admirava e atrocidades cometidas pelo
ditador Adolf Hilter.
De origem judia foi obrigada a ser esconder com os seus familiares,
vivendo por dois anos em um espaço adaptado por seu pai. Descoberto mais
tarde pelos nazistas, teve como consequência a deportação de todos os
ocupantes do esconderijo. O único integrante da família que sobreviveu foi
Oton Frank, pai de Anne Frank, que utilizou as citações do diário de Anne para
que seus ideais permanecessem vivos. (A CASA, 2008).
O museu de Anne Frank abriga um acervo com pertences da família,
sendo o diário da menina Anne seu principal objeto. Atualmente o espaço é
utilizado como Centro Internacional da Juventude, atraindo pessoas de
43
diferentes partes do mundo, tendo como lema, lutar contra qualquer opressão
imposta por elementos da sociedade.
18
Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=anne+frank&biw=1525&bih=734&source=lnms&tbm=isch&sa=X
&sqi=2&ved=0ahUKEwjbtp6F2o3OAhVLDJAKHQ8bD5YQ_AUIBigB&dpr=0.9#tbm=isch&q=the+house+of
+anne+frank&imgrc=AsdQLjCcYGcDEM%3A Acesso em: 12 de jul. de 2016.
44
2.3.6 Prisões
19
Disponível em: http://multticlique.com.br/blog/good-vibes/hospede-se-em-uma-prisao-de-luxo/
Acesso em: 18 de jul. de 2016.
45
marketing convida os turistas a participarem do contexto passado da história do
local. O folheto de divulgação das Galerias convida o visitante a testemunhar
um verdadeiro julgamento em um tribunal vitoriano original e a colocar seus
amigos e família no banco dos réus, antes de ser condenado e “enviado para
baixo” para as celas originais. Os reclusos vão agir como guias enquanto o
turista deve também se tornar parte da história nesse local. (GALERIES DE
JUSTIÇA, 2005 apud STONE,2006)
Esses produtos mesmo inseridos no universo macabro do turismo têm
características próprias que necessitam ser exploradas de formas
diferenciadas, adequando-se a cada nicho. Dentro dessa perspectiva, o turista
poderá fazer sua interpretação nos diversos cenários mórbidos tendo uma
percepção múltipla dos fatos narrados.
Ambientes de turismo sombrio, atrações e exposições apresentam
dilemas complexos na questão ética e moral para os seus gestores.
Desenvolver esse segmento de forma comercial sem comprometer sua
natureza ideológica é papel da mídia como veículo de divulgação da história da
humanidade (STONE, 2006).
46
Na afirmação de uma agente de viagem (BBCBrasil, 2007): 20
No ano passado, 73% dos pacotes que eu vendi foram para as áreas
devastadas pelo Katrina. Comecei a levar turistas para essas partes
da cidade ainda em setembro de 2005, um mês depois do furacão.
Eu não queria, mas 99% das pessoas querem ver a destruição de
perto. É a natureza humana. As pessoas gostam de ver desastres.
47
3 IDEALIZAÇÕES E INTERPRETAÇÕES DA MORTE
22
Bíblia Sagrada contendo o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Tradução em português por João
Ferreira de Almeida. Trecho do capítulo de Gênesis 3: 3
23
NORBERT. Elias. A Solidão dos Moribundos. Editora: Zahar.. 2001.
48
Para Spelder (2002) apud Santos (2007):
24
https://www.google.com.br/search?q=Julgamento+do+morto+na+presen%C3%A7a+de+Os%C3%ADris&biw=1958&bih
=942&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiEy-
r2xOLQAhWBh5AKHTGjBTQQ_AUICCgD&dpr=0.7#tbm=isch&q=Julgamento+do+morto+na+presen%C3%A7a+de+Os
%C3%ADris%2C+tamanho+grande&imgrc=-rzJtMD5ZJqWaM%3A
49
Essas práticas vinham explicitadas no Livro dos Mortos, que orientava
quais os procedimentos que os vivos deveriam adotar para um funeral correto.
De forma a perpetuar a memória do morto seus feitos expressivos eram
descritos em sua tumba. Sua vida eterna era retratada com riqueza e poder e
também era descrita nos relatos, o que mostra a plena satisfação do morto ao
encontrar o paraíso.
Na observação de Kastenbaum (1983, pg. 152) apud Santos (2007):
50
pelas condições de miséria e pelas doenças como a peste negra, cuja
significância vinha atribuída a um fato de humilhação.
No relato de Pereira (2007, pg. 17):
[...] Huizinga chamou esta “boa morte” de “ideal cultural”, visto que, no
mesmo período, muitas pessoas morriam vitimadas pela peste negra,
pela miséria, e tinha seus corpos abandonados pelos campos sem
cerimônia ou rituais. [...]
51
Figura13: Sepultamento público.
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=moribundo+e+seus+familiares&biw=1366&bih=657&sourc
e=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjO3KXA6fLRAhXChpAKHQoXBcgQ_AUIBygC#tbm=is
ch&q=moribundo+e+seus+familiares%2C+phillip+aries&imgrc=roeSWYpJqFAfxM:
52
Ser enterrado perto dos santos fomentou os sepultamentos próximos à
igreja. Com isso a igreja passou a ser um local do descanso final. O seu pátio
era utilizado para os menos abastados, que eram enterrados em fossas, em
amontoados em seus sudários. Para estar mais perto de Deus era necessário
ter condições financeiras além de influência, o que representava uma distinção
desleal de quem, na visão da época, podia chegar mais próximo dos santos.
53
Ariès traduz esse sentimento (Dias et al, pg. 6):
Assim o espaço sagrado destinado aos viáticos foi transferido para outro
território e, dessa maneira, com a desterritorialização, a igreja já não detinha
mais o controle total dos ritos que eram precedidos na época e que enaltecia
tanto em dinheiro quanto em poder a unidade episcopal.
26
RODRIGUES. Caroline. Medidas higienistas e a construção dos cemitérios extramuros no Rio de
Janeiro (1800- 1850). ANPUH-MG.2012
54
Na visão de Bonjardim (2010):
55
como nos casos dos angolas, o padre deveria
fazer as seguintes perguntas aos cativos:
56
Figura15: Desembarque dos escravos.
Fonte:https://cdn.papodehomem.com.br/wp-content/uploads/2012/11/rugendas-1835-
desembarque-620x460.jpg
57
À luz de Pereira (2007, pg. 11):
58
3.3 A Morte na Atualidade
59
3.4 Dia dos Mortos no México
28 Villasenor, R.L. & Concone, M.H.V.B. (2012, agosto). A celebração da Morte no imaginário popular
mexicano.
Revista Temática Kairós Gerontologia,15(4), pp. 37-47, “Finitude/Morte & Velhice”,
Online ISSN 2176-901X. Print ISSN 1516-2567. São Paulo (SP), Brasil: FACHS/NEPE/PEPGG/PUC-SP
60
Relevante por sua diversidade cultural, o evento foi incorporado na lista
de Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco.29 Isso denota a significância
cultural do evento e seus laços entre os vivos e mortos, visto por sua
população, que observa, nessa manifestação popular, o fortalecimento de sua
identidade.
Na descrição de Silva (2005):
29 VENDRAME, Fábio. Dia dos Mortos é celebrado com festa no México. Disponível:
http://viagemeturismo.abril.com.br/materias/dia-dos-mortos-e-celebrado-com-festa-no-mexico/
61
Figura 16: Dia de los Muertos.
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=Jos%C3%A9+Guadalupe+Posada&biw=1366&bih=657&s
ource=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjPlMu23fLRAhVLHJAKHdxQBh4Q_AUIBigB#imgr
c=zXasa9dOUl_lDM:
62
caveira, para recordar a todos que um dia todos morreremos, e
seremos também parte da morte. Esta forma de celebrar o dia dos
mortos é também uma maneira de conviver e preparar crianças e
adultos para a dura realidade da morte, como parte inevitável da
existência humana.
Todo o folclore da morte nos mostra que no México os mortos não se
vão totalmente, seguem sendo, no imaginário popular, personagens
vivos e presentes de uma outra maneira.
63
Figura 18: Frida Kahlo.
Fonte:http://andreavelame.com.br/vale-conferir/painel-de-inspiracao-dia-dos-mortos-no-mexico/
64
Figura 19: Representações da morte.
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=Jos%C3%A9+Guadalupe+Posada&biw=1366&bih=657&so
urce=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjPlMu23fLRAhVLHJAKHdxQBh4Q_AUIBigB#tbm=is
ch&q=dia+dos+mortos+no+mexico&imgrc=Fhpvl89LSx_82M:
65
Ao término das festividades, preces são feitas aos mortos para que eles
retornem ao seu descanso eterno, evitando que os mesmos fiquem presos em
um período temporal diferente do seu e fiquem atormentando os seus
descendentes.
Dentro dessa tessitura a origem do Dia dos Mortos permanece nas
raízes culturais de seu povo e o seu simbolismo se dilui nas percepções de
quem presencia o ritual. O atrativo não é apenas vinculado à morte em seu
contexto sombrio e enternecedor, mas na representação de uma identidade
nacional. Assim, a Festa dos Mortos, tida como uma das manifestações do
turismo sinistro foi incluída na lista de patrimônio cultural imaterial da United
Nations Educational, Scientificand Cultural Organization (UNESCO) por sua
importância histórico-cultural. Sua relevância não se dá apenas pelo fato de
lamentar a morte, mas também pelo de celebrar a vida com cortejos, músicas,
comidas, como lembrança dos entes queridos. O intuito dessa manifestação é
promover a aproximação com os vivos a fim de vivenciar a morte de forma
construtiva e não temerosa e ao mesmo tempo estabelecer um vínculo com a
memória.
66
4 SEGMENTO DA ARTE TUMULAR: CEMITÉRIOS NO MUNDO
30
Pregava-se os sacramentos nas grandes festas, faziam-se procissões no pátio ou atrium da igreja, que
também era abençoado, contra suas paredes e nas imediações, in porticu, ou sob a calha, sub stillicidio.
A palavra cemitério designou mais particularmente a parte externa da igreja, o atrium ou aître (átrio).
ARIÈS (2003, pg. 40)
67
das epidemias não cristalizou as crenças pregadas no catolicismo. Pelo
contrário, as representações sacras existentes nas igrejas não foram abolidas
do contexto social da população.
68
Devido a essa mudança de espaço, diversas representações tumulares
em formato de igrejas foram reproduzidas de forma reduzida para abrigar os
corpos das intempéries climáticas, além da proteção espiritual. Mesmo sem
características religiosas, uma parte da população não seguia os princípios
cristãos e, assim, os seus túmulos exibiam conceitos profanos que indicavam
sua opção laica. Dessa maneira, seus símbolos mortuários imprimiram formas
de sua residência e de seus costumes, perpetuando assim traços vivenciados
de sua vida, transferidos para sua nova e eterna morada.
31
PATTE, Pierre.Considerations sur la distribution vicieuse des Villess et sur leas mohines de rectifer les
incoveniems auxquels elle sont sujetes. In: Mémoires sur les objets les plus importants de
I´Archictecture, 1769. Facsímele. Genebra: Minkoff Reprint, 1973.
69
inúmeras obras que ficariam marcadas como grandes obras da modernidade
nos anos de 1860, sendo plagiado por outras cidades do mundo (MACHADO,
2008).
32
SÁ, Tânia Regina Braga Torreão. Ciência Médica na Cidade do Salvador. Três cadeiras, um projeto:
Sanar a doença do Atraso. Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde. 1980.
70
A característica desses cemitérios é a não intervenção do Estado na
questão cemiterial, delegando o poder aos municípios que, assim, passaram a
ter responsabilidade sobre o espaço.
71
necrópole confere perante a sociedade vigente. É voz corrente a
distinção existente entre as pessoas enterradas nos cemitérios São
José, mais simples, e no de Nossa Senhora da Piedade, mais
sofisticado, em Maceió. Cabe à classe privilegiada adquirir os lotes
mais bem localizados e mais caros do cemitério, como nas avenidas
e alamedas que normalmente conduzem à capela. […]
[…] MORTOS ocupando o mesmo local, mas de maneira diferente.
Impregnação naturalista. Embora haja alta densidade de
construções no interior desses cemitérios, a arborização sempre
existirá. Retomamos aqui a atenção dada às árvores nativas na
maioria dos cemitérios do Norte e Nordeste; e as árvores típicas do
local. Em geral, elas se acham dispostas geometricamente por entre
as alamedas e avenidas. O caráter naturalístico da necrópole tem
várias justificativas: o pretexto da higiene, a busca de um elemento de
alegria no repouso dos mortos, a intenção de transformar o lugar num
verdadeiro belvedere (a exemplo dos cemitérios oitocentistas dos
países nórdicos).
72
À luz de Borges (2001):
73
realizados pela igreja, já que a mesma não identificava os seus mortos que
eram sepultados no chão, paredes ou ossuários dos templos. Na Europa, a
partir da segunda metade do século XVII, e observado diversos túmulos
considerados monumentos com intuito de personificar o morto pelos seus
relevantes feitos (PIOVEZAN, 2011).
Para Borges (2003):
74
"negociação" para conciliar memória coletiva e memórias individuais:
"Para que nossa memória se beneficie da dos outros, não basta que
eles nos tragam seus testemunhos: é preciso também que ela não
tenha deixado de concordar com suas memórias e que haja
suficientes pontos de contato entre ela e as outras para que a
lembrança que os outros nos trazem possa ser reconstruída sobre
uma base comum.
75
incorporou as homenagens que eram feitas em dípticos em marfim pelos
romanos em comemorações aos mortos chamados também de “Libri
memoriale”, ‘O que sempre será lembrado’ (LE GOFF, 1996).
76
A memória, dessa maneira, é imprescindível como ferramenta para
salvaguardar um fragmento escolhido pela família da história do morto. Expor
um fato da história permite o não esquecimento do ser que se foi, porém anseia
em vida, ser relembrado pela eternidade.
Na visão de Etlin (1991) apud Moreira (2007, 839):
77
Na percepção de Motta (2010, pg. 56):
78
Na percepção de (REVISTA, 1968) apud Moreira:
33 Na mitologia grega, duas figuras se opõem: Eros, o deus grego do amor, e Tânatos, a personificação
da morte. Esses dois personagens foram resgatados por diversos filósofos para explicar a dualidade entre
a morte e o desejo http://culturadigital.br/foureaux/2010/10/09/eros-e-tnatos-a-vida-a-morte-o-desejo-ii/
79
Figura23: Escultura no Cemitério de Staglieno, Milan ( A forma feminina reúne forças
poderosas da morte e da sensualidade, a ligação eterna entre Thanatos e Eros.
Fonte: Northstar Gallery"Of Flesh and Stone".34
34
http://northstargallery.com/stone/stone25.htm
35 http://northstargallery.com/pages/CemeteryIndex.htm
80
Esse conceito de erotismo também terá o seu apogeu e será
sublimado nas imagens tumulares.
Os caracteres eróticos serão abolidos ou amenizados, no século XIX
enfatizando agora a beleza da obra sem ostentação ao sexo. A morte passa a
ser percebida e admirada pela sua beleza retratada pelo romantismo.
Essa mudança na visão de Ariès (2003, pg. 66):
81
4.1 CEMITÉRIOS: EXPRESSIVIDADE COMO PRODUTO TURÍSTICO
NO MUNDO
82
No início não houve aceitação por parte da sociedade pelo espaço em
detrimento ao difícil deslocamento até a necrópole no século XIX , porém esse
pensamento foi suprimido mais tarde com o sepultamento de diversas
personalidades como protagonista de uma famosa história de amor medieval
Abelard e Heloise (CEMITÉRIO, 2016).
Foi implementado por Napoleão Bonaparte no século XIX. Com 110 mil
túmulos espalhados por 44 hectares de área a necrópole possui ilustres
personagens que em conjunto com a sua arte tumular atrai um público
expressivo. O cemitério que foi imortalizado pela obra do escritor Honoré de
Balzac que sepultava os seus personagens na necrópole.
Sua implementação foi idealizada pelo arquiteto Alexandre Théodore
Brongniart, sendo uma substituição para os pequenos campos dos mortos que
ficavam na área central de Paris que foram fechados em 1786.
A necrópole foi o primeiro cemitério em seu caráter laico, sendo tolerante
ao sincretismo religioso. Além de obedecer às regulamentações sanitárias o
espaço foi utilizado como um ponto de visitação que, em conjunto com flores e
árvores, dão características de parque, sendo apreciada pelos seus
monumentos e esculturas tumulares.
O local não era aceito pela burguesia como necrópole, porém a postura
mediante ao espaço mudou com as transferências dos restos mortais do
literato Jean de La Fontaine e do dramaturgo Molière. Outro fator que
contribuiu para o aumento dos enterros foi à transferência dos restos mortais
do casal Pedro Aberlado e Heloísa de Paráclito. A necrópole recebe
anualmente dois milhões de visitantes que contemplam o seu contexto histórico
com o auxílio de guias de turismo especializados. 36
36
FIGUEIREDO, Olga Maira. Turismo e Lazer em Cemitérios: Algumas Considerações. 2015.
83
Figura 26: Frederic Chopin
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=pere+lachaise&biw=1138&bih=548&source=lnms&tbm=is
ch&sa=X&ved=0ahUKEwiFt5OE7qTSAhXJE5AKHUj8BIgQ_AUIBygC#imgrc=zdccosyylSuJ7M:
84
saíram das igrejas ou de seus arredores e necessitavam de um espaço e
identificação.
O espaço foi planejado com diversas ruas para o fácil acesso aos
túmulos, além do aspecto arbóreo que favoreceria um clima ameno. Essas
medidas ajudaram consideravelmente no aumento da visitação estimulada com
outra finalidade, ou seja, outros olhares que fossem diferentes da temática da
morte. Desfrutar desse ambiente mórbido com a perspectiva contemplativa
passou a ser um hábito dos parisienses ou dos visitantes, que passaram a
vivenciar o lazer no cemitério Père Lachaise.
Sua organização geográfica permite uma melhor compreensão sobre os
túmulos e seus períodos observados pelos estilos de época. Os túmulos se
mesclam e é possível vislumbrar desde jazigos de estrutura simples até os
mais adornados e rebuscados, fruto das fases sociais. Essa diversidade de
estilos não se contrapõem, mas sim enriquece o território, criando um universo
de estruturas contextualizadas que representam as sociedades.
85
4.1.2 Cemitério da Recoleta – Argentina – Buenos Aires
86
Os primeiros a serem enterrados no local foram transladados das igrejas
e de seus pátios. Com o aumento expressivo da cidade devido à imigração
houve a necessidade de implementar reformas urbanas. Com a modernização,
o espaço do bairro do Recoleta sofreu expressiva valorização em decorrência
as intervenções. O cemitério também obteve a sua primeira remodelação para
se adequar à nova infraestrutura da capital, concebendo assim a sua fase de
expansão (BORGES).
Para Borges (2010):
87
Figura 28: Cemitério da Recoleta
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=recoleta&biw=1138&bih=548&source=lnms&tbm=isch&sa
=X&ved=0ahUKEwiY8MnQ9qTSAhVCiZAKHfofDNQQ_AUIBygC#tbm=isch&q=recoleta%2C+c
emiterio%2C+caixoes+a+mostra&imgrc=XOZ8Q6VJgiEGzM:
88
4.1.3 Brasil - Cemitério da Consolação – São Paulo
89
Figura 30: Cemitério da Consolação Mausoléu da Família Matarazzo
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Luigi_Brizzolara__Mausol%C3%A9u_da_Fam%C3%ADlia_
Matarazzo_02.JPG
90
Figura 31: Cemitério da São Paulo – O último adeus
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=recoleta&biw=1138&bih=548&source=lnms&tbm=i
sch&sa=X&ved=0ahUKEwiY8MnQ9qTSAhVCiZAKHfofDNQQ_AUIBygC#tbm=isch&q=
cemiterio+da+consola%C3%A7ao&imgrc=j9VzOuB3o---dM:
91
À luz de Afonso (2010, p. 21):
92
5 CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA NO RIO DE JANEIRO: UM POTENCIAL
TURÍSTICO NO SEGMENTO DA ARTE TUMULAR A SER DESVELADO
93
a ser personificado na memória. Reter as lembranças através da grandiosidade
dos ornatos dos túmulos passou apenas de representação pós-vida para ser
também um meio de competição entre essa classe mostrada nas
expressividades das construções cemiteriais.
Para Motta (2009, pg. 75):
Esse novo padrão apreciado pela elite brasileira originou-se também das
práticas de higiene pregadas pelo mundo e da transitoriedade do espaço por
questões sanitárias que foram aplicadas no Brasil como medida profilática de
maneira a conter os casos de óbitos provenientes da epidemia. A questão
pertinente foi essencial para se repensar o espaço destinado aos viáticos. Por
medida de cautela para não se propagar a epidemia ocasionada pela peste
algumas medidas foram tomadas. Os enterros aos poucos foram suspensos da
igreja, já que tornou-se notório que o miasma derivado dos gases exalados
pelos corpos em estado de putrefação eram um agente contaminador. Outro
ponto era a falta de espaço nesses espaços considerados santos devido ao
aumento considerável de corpos em razão da peste e de outras epidemias que
assolavam o mundo.
Dentro dessa percepção José Pereira, sendo Ministro e parlamentar, foi
responsável pelas medidas destinadas às construções mortuárias no Brasil.
Pelo descaso com que alguns mortos eram tratados, a exemplificar os suicidas
e indigentes, que eram direcionados a valas comuns, o ministro, intitulado o
maior provedor da Santa Casa, instaurou no século XIX o primeiro campo
santo do Calafate. Entretanto o espaço era dispensado a quem morria em suas
dependências. Sua ideia foi replicada pela Ordem de São Francisco e Paula
que inaugurou no Catumbi um espaço para essa finalidade.
94
Na ótica de Gerson (1970, p. 52):
95
a esses serviços foi questionada pelo Prefeito quanto ao extenso contrato que
permitia o seu monopólio.
Ratificado por Castro (1899, pg. 322):
96
Prefeito de Paris Haussmann favoreceram o deslocamento da população ao
bairro de Botafogo.
Valladares afirma (1970, pg. 760):
97
Figura 32: Visita ao túmulo de Sylvia de Barros Martins Costa, em 1913 no Cemitério
São João Batista.
Fonte: https://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/59006475/in/photostream/lightbox/
98
tenentes-coronéis e outros titulares da guarda nacional, além de
proprietários de terras e de escravos, o Cemitério de São João
Batista, construído em 1852, no bairro de Botafogo, ocupou esse
papel durante a República, acolhendo figuras importantes da vida
pública do país: políticos, chefes de estado, banqueiros, prósperos
comerciantes, humanistas, altas patentes militares, bem como
segmentos da nova burguesia endinheirada e ascensionária da
época.
99
Figura33: Pórtico do Cemitério São João Batista
Fonte: Própria autoria
100
nuances florais, desvelando a ternura dos sentimentos. Os cemitérios
oitocentistas mostram a exuberância da Art Nouveau, traço marcante no
Cemitério de São João Batista, que expõe a cultura de uma sociedade que
desejava ser percebido como europeia.
Assim, os túmulos começaram a exercer o papel de diferenciador de
classes que, com os seus suntuosos adornos, buscam ratificar o poder dos
mais abastados mesmo após a morte. Nessa percepção tanto na vida quanto
na morte a separação entre ricos e pobres é uma constante.
Na visão de Valladares (1972, pg. 765):
101
brancura dos mármores commemorativos dão a este scenario de fúnebre
socego o alacre aspecto de uma garden - party ou de um pic-nic.”.
Outro colunista que retrata o dia de finados nessa necrópole é
Escragnolle Doria, que assina sua coluna intitulada IDOS, descrevendo o
cemitério no dia dos mortos.
Para Doria (1925, pg. 16):
102
5.1 NECRÓPOLE SÃO JOÃO BATISTA DENTRO DA NOVA GESTÃO
RIO PAX
103
mais de trinta e cinco imóveis vendidos no período de vinte anos em sua
gestão, rendendo a ele a construção de um império.
Dentro dessa ótica Araújo (2013): 38
38 ARAUJO, Vera. Dahas Zarur, provedor da Santa Casa, negociou 35 imóveis em 20 anos.
Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/dahas-zarur-provedor-da-santa-casa-negociou-35-
imoveis-em-20-anos-9344861#ixzz4ZkLmqXKD
104
ilustres personalidades, o projeto cultural da Rio Pax que utiliza códigos de QR
Code para obter informações dos ilustres. O aplicativo, que pode ser utilizado
em smartphones, direciona o usuário, através dos códigos, à biografia, fotos e,
vídeos do artista desejado.
A luz da afirmação para Queridos... (2017):40
40 QUERIDOS. Projeto Cultural Rio Pax. Data de acesso: Fev. 2017. Disponível
http://qridos.com.br/projetos-culturais/sao-joao-batista
105
Figura 34: Google Street View – São João Batista
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/cemiterio-sao-joao-batista-o-primeiro-no-google-street-view-
17655264
106
Podemos observar as diferenciações entre as gestões pela escultura
retratada abaixo. A primeira ilustração denota o túmulo expressivo de Orville
Derby com uma coloração escurecida pelo tempo e a poluição do entorno. Na
segunda figura o túmulo destoa dos demais elementos pela claridade devolvida
ao bloco de calcário rústico adquirida pela limpeza através do jato de areia.
107
Figura 37: Orville Derby – Gestão Rio Pax
Fonte: Própria autoria
108
A alameda principal é o ponto de partida onde é feita uma comparação
com o logradouro mais caro do Rio intitulado “Vieira Souto” cujo metro
quadrado é o mais oneroso da cidade. Para a compreensão de valores é feita a
comparação dos espaços entre o mundo dos vivos e dos mortos. Um
apartamento de cinquenta metros quadrados no mesmo bairro custaria o
mesmo que um simples jazigo no valor de R$ 450.000,00. Os túmulos são
destacados pelo teor histórico da vida do morto, ou seja, os túmulos, mesmo
com a sua riqueza tumular não são trabalhados, em sua grande maioria, o que
é destacado é a vida dos personagens e suas particularidades.
A rota contempla aproximadamente vinte sepulturas de artistas que
foram destaques na sociedade, sejam eles no campo acadêmico, histórico,
artístico ou por alguma curiosidade que marcou a sua trajetória terrena. Dentre
eles: Carmen Miranda, Santos Dumont, Carlos Prestes, Elke Maravilha,
Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, Família Prudente de Moraes,
Cazuza, Clara Nunes, dentre outros.
Na metade do percurso o grupo depara-se com a representação artística
do ator Tiago Azevedo, que retrata a vida de um personagem ilustre que foi
sepultado no cemitério. Na primeira visitação foi representada a vida do poeta e
ator Mario Lago e no segundo Tour foi destacada a vida da artista Elke
Maravilha.
109
Figura38: Representação – Mário Lago
Fonte: Própria autoria
110
Figura40: Representação – Elke Maravilha
Fonte: Própria autoria
111
5.2 PESQUISA SOBRE A VIABILIDADE DO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA
COMO ATRATIVO TURÍSTICO
112
A maior parte dos respondentes era composta por homens (10)
enquanto as mulheres contabilizaram (5) dos participantes. Quanto à faixa
etária (figura ) 33% constituem-se de pessoas com idade entre 21 a 30 anos,
27% entre 41 e 50 anos e 20% para as idades acima de 50 anos e para a faixa
entre 31 a 40 anos. A faixa etária sem representação foi a de 20 anos.
Idade
Até 20 anos
0%
Acima de
50 anos De 21 a 30
20% anos
33%
De 41 a 50
anos De 31
27% a 40
anos
20%
Escolaridade Nível
Médio
incompleto
fundamental 0% Médio
0% completo
13%
Pós-
graduação
20%
Superior Superior
completo incompleto
27% 40%
113
A respeito da faixa salarial dos entrevistados (figura), 54% recebem
entre 1 e 3 salários mínimos, entre 3 e 5 salários correspondem a 20%, de 5 a
8 salários são recebidos por 13% sendo o mesmo percentual para valores
acima de 8 salários.
Não
possuo Faixa salarial Até um salário
renda
Acima 0%
0%
de 8
salários
13%
Acima de 5 até
8 salários
13%
Acima de 1 até
Acima de 3
3 salários
até 5
54%
salários
20%
114
No que se refere à visitação a um atrativo mórbido, 80% dos
participantes nunca participaram de um evento com essa temática e apenas
20% já fizeram esse tipo de Tour, apontando os cemitérios como atrativos.
Sim
-Consolação
20%
-Caju
-Cemitério
Não
80%
Sim
40%
Não
60%
115
A utilização de um guia para a visitação dos sepulturas foi um diferencial
para todos os participantes que opinaram com 100%, mostrando a relevância
do guia nesse City Tour.
Sim
100%
Sim
Não
8%
respondeu
15% Comentários
Não
77%
116
Sobre a característica mais marcante que deve predominar em um guia
60% dos entrevistados enfatizam o conhecimento técnico como sendo uma
característica relevante. 33% escolheram todas as opções além de
adicionarem traços de humor e observação nas características e 7%
escolheram a boa retórica.
Característica marcante
Outros
Outros
-Humor
33%
-Todos
-Observação
Conhecimento
técnico
60%
Boa retórica
7%
Postura de um guia
Conhecimento
NR 27%
Sem preconceitos 13%
7%
Humor
7%
Os túmulos dos
Temática morte artistas
0% 13%
NR
7%
Não
93%
118
Sobre a existência de rituais que antecedem a visita, 73% dos
entrevistados relataram não ter nenhum ritual de proteção que ocorra antes da
visitação. 14% utilizam orações e saudações aos mortos mencionando ser um
ritual de respeito. 13% não quiseram opinar sobre o tema.
Rituais pré-visitação
Sim
NR Sim
13% 14% -Oração
-Respeito aos
mortos
(cumprimento)
Não
73%
NR SIM
7%
-Mausoléus;
-Interpretação do
Não artista;
33% -Arte Tumular;
Sim -Parente enterrado;
-Paz e misto de
60%
tristeza;
-Deterioração de
alguns túmulos;
-Informações
119
Referente aos pontos positivos e negativos na visitação à necrópole,
40% enfatizaram a história como temática relevante. 33% optaram pela Arte
Tumular. 13% viram como ponto de destaque a explicação do historiador.
Túmulos dos artistas obtiveram 7% em conjunto com a opção de não
responder a essa pergunta.
Pontos positivos
Explicação do
historiador
13% NR
7%
Túmulo dos
Arte tumular
famosos
33%
7%
História
40%
120
Desigualdades
Satisfação Intepretações do Tour nos túmulos
com o Tour 6%
13%
NR
7% Sensibilidade na
Apreciar fora da apreciação
temática da morte artística
7% 27%
Potencial
turístico
Fonte de
13%
conhecimento
27%
Não
7%
Sim
93%
121
Sobre o valor praticado pela visitação ao espaço cemiterial com o
acompanhamento de um guia, 87% pagariam pelo serviço, porém 13%
acreditam não necessitar de pagamento pelo ato de guiamento a visitação a
necrópole.
Preços
Preço do City Tour
sugeridos em
reais:
Não
- 50,00 (2) 13%
- 30,00 (2)
- 25,00 (1)
- 20,00 (1)
- 15,00 (2)
- 10,00 (3)
Obs.: Quatro
não Sim
estipularam 87%
preço.
Figura 58: Distribuição da amostra pesquisada pelo pagamento e sugestões de preços para o
Tour
Fonte: Elaboração própria
122
Mesmo com todos os benefícios ligados ao turismo nem todos os
espaços são viáveis para a atividade. Além da infraestrutura necessária para
que esse processo ocorra de forma satisfatória, o grau de atratividade de um
destino, monumento, restaurante, dentre outros elementos do sistema, irá
depender da quantidade demanda.
O ponto inicial para analisar o valor dos atrativos culturais e naturais de
um lugar é através do inventário. Com esse instrumento que se insere no
planejamento turístico, pode-se elencar todos os elementos que são relevantes
para a atividade. Nesse processo de inventariar é essencial definir os
elementos pertinentes ao patrimônio natural e cultural. Assim para desenvolver
as potencialidades turísticas de uma determinada região é imprescindível o
planejamento, ou seja, é essencial que exista confiabilidade nos dados a serem
trabalhados para que as tomadas de decisões sejam mais assertivas,
objetivando através dessa medida, o aperfeiçoamento constante. Como
instrumento do planejamento, o inventário possibilita o conhecimento
aprofundado dos elementos que comporão o Sistema Turístico de um lugar.
Para INVENTÁRIO... (2011):41
41
Inventário da Oferta Turística. Roteiros do Brasil. Programa de Regionalização do Turismo. Ministério
do Turismo. 2011
123
los produtos mais próximos aos anseios de um turista mais humano e
perceptível às mudanças globais.
Dentro dessas múltiplas variantes de segmentações no turismo o espaço
cemiterial desponta como um viés possível, pela sua expressividade cultural e
artística, de ser trabalhado como produto turístico. Esse destaque é respaldado
pelo próprio método de inventariação através dos formulários implementador
pelo INVTUR (Sistema de Inventariação da Oferta Turística) como observado
na figura.
Os formulários são pertencentes à categoria C direcionados aos
Atrativos turísticos, dentre dele estão: Elementos da natureza, da cultura e da
sociedade – lugares, acontecimentos, objetos, pessoas, ações – que motivam
alguém a sair do seu local de residência para conhecê-los ou vivenciá-los.
Assim, dentro do universo turístico, o segmento da Arte Tumular
desponta como recente possibilidade para atrair números expressivos de
visitantes ávidos em conhecer símbolos históricos, por exemplo, dentro de um
contexto cultural. Internacionalmente, cresce a oferta por atrativos voltados
para o contexto cemiterial, o que torna esse segmento um campo fértil para
pesquisas e aumento da oferta através do um planejamento pautado na
sustentabilidade.
124
Figura 59: Formulário de inventariação
Fonte: Site INVTUR
125
6.1 FORMATAÇÃO DO PRODUTO TURÍSTICO: OLHARES URBANOS NA
NECRÓPOLE
126
Questionário I
Em torno de 7 anos.
Freelance.
127
7- Como deve ser a postura de um guia nesse espaço?
128
Questionário II
129
Os túmulos mais curiosos e suntuosos, assim como os milagreiros.
3 horas.
130
6.2 O Papel do Guia de Turismo
43 Portal Brasil. Ministério regulamenta atividade de guia de turismo. 2014. Disponível em:
http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/01/ministerio-do-turismo-regulamenta-atividade-de-guia-
de-turismo
131
do Sistema Turístico (SISTUR) intitulado por Beni44, muitos expressam de
maneira equivocada o termo “Guia Turístico”45 como sendo a pessoa que irá
conduzir o grupo a um local quando o termo correto é Guia de Turismo.
Pela complexidade da atividade e suas imbricações se faz necessária a
formação do profissional que atue na área de guiamento para que, assim, a
prestação do serviço seja padronizada e eficiente. Sua formação está atrelada
ao curso de formação profissional de guia de turismo, necessitando do ensino
médio para a sua realização.
Para que se atenda a essa formalidade sob o viés do amparo legal
regido pela lei 8.623, que regulamenta a atividade no país, no Art. 2º,
constituem atribuições do Guia de Turismo: 46
44 Sistema de Turismo. Modelo Referencial. BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do Turismo.
132
Assim, a compreensão da importância do papel do guia na atividade
turística estimula a padronização do cerne dos conceitos da profissão e suas
ramificações. A atividade de guiamento que se insere no sistema turístico, em
conjunto com os seus elementos, necessita se fragmentar para atender as
especificidades dos turistas, atendendo assim as suas necessidades. Para
Beni (1990): “Três são os elementos importantes para o futuro do turismo:
inovação (criatividade, imaginação, questionamentos), desempenho
(produtividade) e qualidade (profissionalismo, busca permanente da satisfação
do cliente). ”
Fragmentar os elementos do fenômeno turístico proporciona um
aprofundamento das informações que serão segmentadas e trabalhadas de
forma direcionada ao seu público. Nessa solidez de conhecimento o Guia de
Turismo terá expertise sobre um determinado assunto, alavancando as
possibilidades de atender de forma eficiente, suprindo as expectativas do
cliente que escolheu o atrativo a ser visitado. De forma a alcançar esse
objetivo, o profissional deverá se especializar em sua área de atuação de modo
a adquirir fundamentos que corroborem o seu desempenho.
Assim, o fenômeno turístico em busca de alavancar a demanda fraciona
seus produtos e serviços com o intuito de compreender, através do
conhecimento específico, as nuances que permeiam as motivações de cada
cliente, objetivando o encantamento.
Com as transformações globais diversos produtos e serviços são criados
com o intuito de atender as novas demandas que surgem do mercado turístico.
Cada modismo evoca um destino que será exótico naquele período, lançando
novos olhares e, consequentemente, o aumento no consumo da cadeia
produtiva. Para demonstrar essa peculiaridade da região destacada, os guias
de turismo são essenciais para elencar pontos relevantes do espaço a ser
desvelado pelo turista. De praxe as agências trabalham com todo o roteiro e,
assim, utilizam diferentes tipos de guiamento, a citar, como exemplo, os guias
locais que, além de estarem amparados pela legalidade que é essencial para
um serviço com credibilidade, trazem consigo estímulos identitários por
pertencerem ao espaço a ser trabalhado, demonstrando ter uma visão mais
133
aprofundada do local de forma a promover uma experiência enriquecedora. Ou
seja, existem diferenciações nos serviços prestados ao turista dependendo da
região a ser trabalhada pelo guia.
Dentro dessa concepção de guiamento OLIVEIRA (2002) declara:47
47
OLIVEIRA, Carvalho. Instituto Superior de Novas Profissões. SENAC. 2002
134
intermunicipais de uma determinada unidade da federação para visita
a seus atrativos turísticos;
135
dentro da legalidade é necessário que o guia seja habilitado como guia de
turismo regional. (CHIMENTI; TAVARES, 2007)48
Dentro dessas variantes, o guia exerce a sua capacidade de polivalência,
adaptando as necessidades do espaço a ser desvelado pelo turista. Nessas
múltiplas habilidades, o guia direcionado ao viés cultural, se depara com
inúmeros segmentos que exploram novos nichos do fenômeno turístico, dentre
eles, o segmento vinculado à arte tumular.
48
CHIMENTI, Silvia; TAVARES, Adriana Menezes de. Guia de Turismo: o profissional e a profissão. Editora
SENAC. 2007.
136
6.3 Roteiros – Olhares Urbanos na Necrópole
Figura60: Sepultura
Fonte:
ttps://www.google.com.br/search?q=sepultura,+cemiterio&biw=1138&bih=548&source=lnms&tb
137
m=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjonLWZusDSAhVBFZAKHdfpAzEQ_AUIBigB#imgdii=1v-
utFrIqAyLjM:&imgrc=XEop_Mlb7thTNM:
Estela
138
=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiJ7abqtsDSAhVEIJAKHaB8AHsQ_AUIBigB#imgrc=CTn
dIExY_NdllM:
Oratório
139
abbtsDSAhXGjZAKHZJZDZwQ_AUIBigB#tbm=isch&q=oratorio%2C+cemiterio&*&imgrc=eSvpo
a4tUpJtNM:
Jazigo Capela
Pode possui uma ou mais carneiras que dão apoio a uma pequena
capela que é uma espécie de oratório que acondiciona elementos sacros em
seu interior, não possuindo acesso para oração.
140
abbtsDSAhXGjZAKHZJZDZwQ_AUIBigB#tbm=isch&q=jazigo+capela&*&imgrc=_vCa329TgraIy
M:
Mausoléu
141
Jazigo monumento
142
Túmulo Verticalizado
143
6.4 Implementação do roteiro histórico/Artístico
49
BORGES, Maria Elizia. A Arte Funerária no Brasil: Uma Pesquisa Peculiar no Campo das Artes Visuais.
Revista de História. 2013
144
Figura 67: Orville Derby
Fonte: Própria autoria
145
6.4.2 Revolta da Armada – Leão
50
Informações obtidas pelo historiador Milton Teixeira no City Tour vivenciado no cemitério São João
Batista.
146
6.4.3 Jazigo de Raymundo Juvêncio de Souza
51
Informações obtidas pelo historiador Milton Teixeira no tour vivenciado no cemitério São João Batista.
147
6.4.4 Visconde de Moraes
52
NOGUEIRA. Renata de Souza. Quando um Cemitério é um Patrimônio Cultural. 2013
148
Figura 72: Visconde de Moraes amplo
Fonte: Própria autoria
149
luto com uma rosa estilizada que faz alusão ao Cavaleiro da
Esperança, escrito por Jorge Amado.5354
54Informações obtidas pelo historiador Milton Teixeira no City Tour vivenciado no cemitério São
João Batista.
150
vivenciada em conjunto com a esperança da redenção que ele expressa
ao olhar para o céu:
Para Silva (pg. 124):
55
NOGUEIRA. Renata de Souza. Quando um Cemitério é um Patrimônio Cultural. 2013
151
6.4.7 Santos Dumont
56
NOGUEIRA. Renata de Souza. Quando um Cemitério é um Patrimônio Cultural. 2013
152
Figura 76: Santos Dumont amplo
Fonte: Própria autoria
153
solicitação de Machado, todos os imortais puderam ser enterrados com
as suas esposas.
Produzidos nos moldes modernistas com traçado reto com
pouquíssima ornamentação, o espaço foi doado pela Santa Casa em
1962, visto que era custoso construir um túmulo para cada imortal.57
57
NOGUEIRA. Renata de Souza. Quando um Cemitério é um Patrimônio Cultural. 2013
154
6.5 Implementação do roteiro dos artistas
58
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/08/corpo-de-elke-maravilha-e-enterrado-no-
rio.html
155
6.5.2 Tom Jobim
156
Figura 80: Tom Jobim
Fonte: Própria autoria
59
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/632/461
157
Figura 81: Cláudio de Souza
Fonte: Própria autoria
60 http://guiadoscuriosos.uol.com.br/categorias/1235/1/sepulturas-famosas.html
http://vejario.abril.com.br/cidades/tumulos-famosos-cemiterio-2/
158
Figura 82: Carmem Miranda
Fonte: Própria autoria
159
Figura 83: Vicente Celestino
Fonte: Própria autoria
6.5.6 Cazuza
160
Figura 84: Cazuza
Fonte: Própria autoria
161
Figura 85: Clara Nunes
Fonte: Própria autoria
162
6.5.8 Jorge Selarón
61 http://oglobo.globo.com/rio/mausoleu-de-selaron-inaugurado-no-cemiterio-sao-joao-batista-
19554043
http://www.guiadasemana.com.br/rio-de janeiro/turismo/estabelecimento/escadaria-selaron
163
Roteiro histórico/Artístico
Roteiro dos Artistas
Cazuza
Vicente
Celestino
Santos
Carme Dumont
m
Clara
Nunes
Cláudio
Souza
Carlos
Prestes Tom Bernardelli
Jobim
Visconde
de Moraes
Raymundo
Orville
Derby Revolta da
ELKE Armada
164
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
hedonismo.
São Paulo, e São João Batista, no Rio de Janeiro, são destaques nesse
quesito.
165
Ressalta-se, entretanto, que é muito prematuro, pelo nível de
perfil desse turista, pois são múltiplas as percepções que atraem seu interesse.
Espera-se que o vigente estudo possa ser o ponto inicial para despertar
166
REFERÊNCIA
A CASA onde Anne Frank escreveu seu diário agora é centro mundial dos
jovens. Disponível em:
<http://almanaque.folha.uol.com.br/leituras_12jun00.htm/>. Acesso em: 10 out.
2008.
167
FONSECA, Ana Paula Fonseca; SEABRA, Cláudia; SILVA, Carla. Dark
Tourism: Concepts, Typologies and Sites. International Conference for
Multidisciplinarity in Science and Business. 2015.
LENNON, John: FOLEY, Malcom. Dark tourism: the attraction of death and
disaster. London: Thomson, 2006.
168
NARLOCH, Leandro. O cemitério das celebridades Père Lachaise. Aventura
na História para viajar no tempo: Disponível
em:http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/pere-lachaise-cemiterio-
celebridades-434587.shtml. Acesso em: 11 de fev. De 2011.
PEREIRA, Júlio César Medeiros da Silva. À flor da terra: o caminho dos pretos
novos no Rio de Janeiro, 2007.
PIMENTA, Letícia. História e arte a céu aberto. Rio de Janeiro: Revista Veja
Rio, 05 nov. 2008. Disponível em: <http://vejabrasil.abril.com.br/rio-dejaneiro/
editorial/m857/historia-e-arte-a-ceu-aberto>. Acesso em: 10 nov. 2008.
169
ROBINSON, N. ;DALE, C. Can I get a witness? an examination into the role of
dark
tourism to aid investigations into unsolved cold case muder files. The Dark
Tourism
Fórum. Disponível em:http:// www. dark-tourismforum/the dark tourism
article.mht
Acesso em: 3 out. 2008.
SILVA, Simone Andréa Carvalho Da. Festa dos mortos para celebrar a vida.
Revista Planeta, México, nov. 5. Disponível em:
<http://www.terra.com.br/revistaplaneta/mat_398.htm>. Acesso em: 12 set.
2008.
170
VALLADARES, Clarival do Prado. A Arte e Sociedade nos Cemitérios
Brasileiros. Um Estudo da Arte Cemiterial Ocorrida no Brasil desde as
Sepulturas de Igrejas e as Catacumbas de Ordens até as Necrópoles
Secularizadas Rio de Janeiro. 1972.
ZONA DEVASTADA por furacão Katrina vira roteiro turístico em Nova Orleans.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u91182.shtml/ .
Acesso
em: 10 nov. 2008.
171
ANEXO A
Questionário para participantes do city tour no cemitério São João Batista/ RJ.
1- Sexo:
( ) masculino ( ) feminino
2- Qual a sua idade?
( ) Até 20 anos.
( ) De 21 a 30 anos.
( ) De 31 a 40 anos.
( ) De 41 a 50 anos.
( ) Acima de 50 anos.
( ) Nível fundamental.
( ) Médio incompleto.
( ) Médio completo.
( ) Superior incompleto.
( ) Superior completo.
( ) Pós-graduação.
4- Renda mensal:
() Curiosidade
() Conhecimento
() Complementação de horas/estágio para faculdade
() Outro. Qual?_____________
8-A visitação com a utilização de um guia de turismo foi um diferencial no city tour?
() sim
172
() não
9- Se a visita tivesse sido realizada sem um guia de turismo a sua interpretação seria a
mesma? Comente.
10- Em sua opinião, qual a característica que deve predominar em um guia de turismo
nesse segmento?
() Empatia
() Conhecimento técnico
() Boa retórica
() Outro(s). Qual(is)? _______________
() Os túmulos históricos
() A arte Tumular
() Os túmulos dos artistas /artísticos
() A temática morte
() Todo o contexto
13- Você teve alguma dúvida antes de fazer a visitação ao cemitério? Houve algum dilema
ético ou religioso antes de fazer o Tour? Se sim, comente.
14-Antes da visitação ao cemitério houve alguma preparação por sua parte? Exemplo de
algum ritual, como: escolha da cor da roupa, orações, dentre outros.
15- Houve algum fato na visitação ao cemitério que marcou você? Se sim, comente.
() sim
() não
() sim
() não
- Se sim, qual o valor? ______________
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ANEXO B
174