Sei sulla pagina 1di 4

ANÁLISE DO FILME “O ENIGMA DE KASPAR HAUSER” CONFORME OS

CONCEITOS DE LÍNGUA E LINGUAGEM DE SAUSSURE E CHOMSKY

Severino Reis Filho1

Ítalo de Assis Cortez2

Jéssica de Oliveira Arruda3

Trabalho avaliativo requerido para disciplina de Linguística I a


ser entregue à Profa. Ma. Aline Almeida Inhoti como parte
exigida para obtenção da nota da 3° unidade da referida
disciplina. Esta análise tem como principal objetivo comparar as
teorias dos Linguistas Noam Chomsky e Ferdinand de Saussure
com o filme “O enigma de Kaspar Hauser”, dirigido pelo alemão
Werner Herzog.

O filme “O enigma de Kaspar Hauser”, dirigido por Werner Herzog, lançado em 1974
na Alemanha Ocidental, retrata a história de um alemão de aproximadamente 35 anos que desde
criança vivera em um porão, sem contato algum com o mundo exterior, assim como também
com a sociedade. O filme demonstra a trajetória do comportamento e desenvolvimento
linguístico do personagem, bem como as manifestações de obtenção da linguagem e de uma
competência linguística inata, defendida pelo gerativismo, e analisa o desempenho de um
falante que adquiriu a linguagem demasiadamente tarde. Ademais, é possível perceber a
presença dos postulados estruturalistas de Saussure referentes ao signo linguístico presentes em
alguns eventos no ato da aprendizagem da linguagem pelo Kaspar.
Hauser nunca havia visto outra pessoa antes, até que certo dia o homem que ele dizia
que era seu pai entrou no porão, colocou um banquinho diante dele e um lápis em sua mão. O
homem repetiu a palavra ‘escrever’, segurando sua mão e, levando sua mão ao papel, a
controlou para que escrevesse seu nome, até que Kaspar conseguisse imitar a ação. Depois
disso, o homem mostrou a ele o cavalinho de brinquedo com o qual brincava pronunciando a
palavra “cavalo”, até que Kaspar a reproduzisse e associasse a palavra reproduzida ao

1
Acadêmico do curso de Letras Língua portuguesa e suas respectivas literaturas pela Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN).
2
Acadêmico do curso de Letras Língua portuguesa e suas respectivas literaturas pela Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN).
3
Acadêmica do curso de Letras Língua portuguesa e suas respectivas literaturas pela Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN).
brinquedo. Como recompensa, o homem prometeu que, caso ele conseguisse escrever, ganharia
um cavalo igual. Após isso, o homem o retirou do porão e o carregou para fora, o deixando lá.
Porém o jovem não sabia andar. O homem, para incentivá-lo, repetia para ele a frase: “Devo
me tornar tão bom cavaleiro quanto meu pai foi” dando ênfase nas palavras “cavaleiro” e “pai”,
até que Hauser as repetisse. Porém, neste último caso, é possível perceber que não foi associada
a palavra com seu conceito, nem foi formado uma imagem acústica, isto é, não foi constituído
um signo linguístico.
O pai de Kaspar o deixou em uma cidade apenas com uma carta para o Capitão da
Cavalaria dizendo que ele queria ser cavaleiro. Mas, logo no começo as pessoas não sabiam de
onde ele tinha vindo e, como não sabia falar, tornou-se uma curiosidade e todos queriam vê-lo.
Ao ser questionado, ele repetia apenas as palavras que já tinham sido escutadas antes, sem saber
o que elas significavam.
Depois de um tempo vivendo em contato com outras pessoas ele foi entendendo e
aprendendo a falar. Mas, em muitos momentos não conseguia entender. Por exemplo: ele dizia
que a maçã tinha vida, pois “ela se escondia no mato”. A partir daí, é possível perceber que a
linguagem torna o homem crítico e questionador. O ser humano deixa de ser apenas um animal
e passa a ser cientista e questionador do saber. É possível reforçar isso através de uma fala de
Kaspar: “no cativeiro eu não pensava em nada”.
Dessarte, a Teoria Gerativista, postulada por Noam Chomsky, propõe a existência de
um dispositivo inato de desenvolvimento da linguagem, isto é, o indivíduo nasce com a
capacidade de aprender a falar. Para ele, a linguagem é algo inato e biológico de cada indivíduo.
Além disso, pode-se notar no filme que Kaspar Hauser nasce com a habilidade linguística, mas
a não convivência com as pessoas acarretou com que essa capacidade não se desenvolvesse.
Isso prova que a aprendizagem da língua é social e que a partir da comunicação e da vida em
sociedade é que se pode aprender a falar e a escrever.
Outrossim, é ensinado a Kaspar, comumente, palavras distintas e ele, sozinho, organiza
as palavras para formar, mesmo que de forma simples e breve, uma sentença. Isso remete-se a
um dos postulados gerativistas que afirmam a existência de uma capacidade dos falantes de, a
partir de um número finito de expressões, elaborar um número infinito de composições de frases
nunca antes ouvidas por qualquer outro indivíduo. Para isso, Chomsky afirma que a essa
criatividade de criar sentenças infinitas por meio de termos finitos é o principal princípio de
particularização do comportamento da linguagem humana. Kenedy (2008) lembra de uma
resenha feita por Chomsky sobre um livro escrito por B. F. Skinner, em que o pai do gerativismo
advertiu para o fato de “um indivíduo humano sempre agir criativamente no uso da linguagem,
isto é, a todo momento, os seres humanos estão construindo frases novas e inéditas” (KENEDY,
2008, p. 128). Dessa forma, o homem, a partir da criatividade, consegue enunciar um novo ou
o mesmo discurso utilizando-se de artifícios linguísticos diferentes.
Além disso, é possível perceber deficiências na construção de estruturas sintagmáticas
nas frases formuladas pelo Hauser. O personagem chegou a afirmar que não consegue contar
histórias porque sabe contar apenas o começo delas. Isso decorre pelo fato de que Kaspar não
consegue formar estruturas complexas, limitando-se ao básico. Chomsky chama a competência
de formulação do dispositivo inato da linguagem de faculdade linguística, porém é necessário
seu amadurecimento por meio da interação com indivíduos também falantes.
Outrossim, é plausível notabilizar a importância que a aprendizagem da comunicação
no âmbito da linguagem ocorra na infância. Para isso, Carvalho e Oliveira (2018) afirma que
“apesar de ter esse dispositivo inato para aquisição da língua, o estado inicial dessa faculdade,
no indivíduo, sofrerá modificações a ponto de tornar-se a gramática de uma determinada língua,
se ele for exposto a um ambiente linguístico apropriado” (CARVALHO E OLIVEIRA, 2018,
P.636). Nesse sentido, é importante que a exposição linguística ocorra quando criança, pois é
nesse período que ela é exposta a estímulos ambientais e naturais, juntamente com um ambiente
adequado que favorece a capacidade linguística. Entretanto, caso essa exposição aconteça em
faixas etárias maiores, como é o caso de Kaspar, ocorrerá dificuldades e até mesmo limitações
na aprendizagem.
As crianças tentam ensinar a Hauser a falar por meio de repetição. Ao escutar uma
palavra e ser apresentada uma representação dela, Kaspar logo associava a palavra ao o que ela
seria. Isso também se remete a teoria saussuriana do signo linguístico. Segundo Saussure (2006,
p.80), “o signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem
acústica. ” Portanto, é possível salientar que deve haver um contexto para a aprendizagem de
um signo, não somente associar uma palavra a um significado. Esta associação é feita por meio
da união entre uma imagem acústica e um conceito, ou seja, de um significante e um significado.
Esta união, por sua vez, não é determinada nem fixa, mas sim arbitrária, visto que é possível
perceber vários erros de associação da parte de Kaspar pelo fato de ele não compreender o
porquê de um objeto se chamar de determinada forma. Para isso, afirma Saussure (2006 p. 81-
82):

Assim, a ideia de "mar" não está ligada por relação alguma interior à sequência de
sons m-a-r que lhe serve de significante; poderia ser representada igualmente bem por
outra sequência não importa qual; como prova, temos as diferenças entre as línguas e
a própria existência de línguas diferentes: o significado da palavra francesa boeuf
("boi") tem por significante b-ö-f de um lado da fronteira franco-germânica, e o-k·s
(Ochs) do outro.

Nesse sentido, o filme mostra momentos de aprendizagem de signos - como ele


aprendendo o que é mão, braço e ombro - mas não entende o porquê de serem chamados assim.
Por exemplo, Kaspar associou a palavra “vazio” com “xícara” e, ao ser repreendido, não sabia
por qual motivo uma xícara deveria ser chamada assim, evidenciando, pois, traços da teoria da
arbitrariedade do signo linguístico de Saussure.
Logo, portanto, o filme inteiro trata de mostrar para a sociedade as teorias de Saussure
e Chomsky, bem como o fenômeno de aquisição da linguagem em um indivíduo que obteve a
linguagem após o estado adulto. Os linguistas acreditam que a língua é um fenômeno social.
Ademais, Chomsky ainda afirma que, para o desenvolvimento da linguagem, é necessário o
convívio com a civilização, para que, assim, esta capacidade inata seja desenvolvida.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Margarete G. M. de; OLIVEIRA, Carmem Elisabete de. O enigma da


aquisição da linguagem de Kaspar Hauser à luz do gerativismo. Letrônica, [s.l.], v. 10, n. 2,
p.634-643, 23 mar. 2018.
KENEDY, E. Gerativismo. In: Mário Eduardo Toscano Martelolla. (Org.). In.: Manual de
linguística. São Paulo: Contexto, 2008, v.1, p. 127-140.
O ENIGMA de Kaspar Hauser. Direção de Werner Herzog. Roteiro: Werner Herzog, Jakob
Wassermann. Alemanha Ocidental, 1974. (109 min.), son. color. Legendado. Disponível em:
<https://youtu.be/geug75xNoAo>. Acesso em: 19 maio 2019.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguistica Geral. São Paulo: Cultrix, 2006.

Potrebbero piacerti anche