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C U L T U R A D O M I L H O - II
JANEIRO/2015
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PARTE – I
CULTIVARES
1. CULTIVARES
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Além desses existem também os “híbridos top cross” que são obtidos dos
cruzamentos entre híbridos e variedades e variedades x linhagens. O termo “top corss”
também é empregado entre linhagens e um testador, que pode ser uma variedade (Testes
de CGC), uma linhagem ou um híbrido, geralmente simples, (testes de CEC).
Híbrido de variedade ou intervarietal – Resultante do cruzamento entre duas
variedades. Embora de menor produtividade que os híbridos de linhagens, apresenta as
vantagens de utilização da heterose sem a necessidade da trabalhosa obtenção das
linhagens. Tem como desvantagem a maior desuniformidade das plantas. Geralmente
expressa boa superioridade em relação a seus pais e por possuir ampla base genética
apresenta também ampla adaptação.
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Geralmente quanto mais estreita for a base genética de um híbrido maior a sua
uniformidade e produtividade e menor a sua adaptação, enquanto que, quanto maior a
sua base genética, maior a adaptação e menor a sua uniformidade e produtividade. Desta
forma, os híbridos simples, simples modificado, triplo e triplo modificado, nesta
sequência, tendem a serem os de maiores potenciais de produção e maiores
uniformidades de plantas e de espigas, porém os menos adaptados. Os duplos
apresentam boa adaptação, contudo, são menos uniformes e produtivos. Os híbridos
simples são os que possuem sementes mais caras, seguidos dos híbridos triplos e dos
híbridos duplos.
Na safra 2013/2014 dos genótipos disponibilizados no mercado uma ampla
maioria são híbridos simples, em segundo lugar vêm os híbridos triplos e os menos
ofertados são os duplos. (Tabela 1)
Variedades. São populações de base genética ampla com alguns caracteres
agronômicos em comum que as diferenciam de outros materiais. É a única modalidade
de cultivar cuja semente produzida na lavoura pode ser utilizada para a semeadura da
próxima geração sem previsão de queda na produtividade. Apresenta, em geral,
potencial produtivo inferior aos dos híbridos, embora a sua ampla base genética possa
conferir-lhe maior capacidade de adaptação às variações ambientais.
Na safra 2013/2014, 17,2% dos cultivares disponíveis (convencionais) foram
variedades melhoradas (populações exóticas que sofreram processo de seleção
recorrente ou variedades sintéticas (população resultante do intercruzamento de
linhagens com alta capacidade de combinação)
Tabela 1. Tipos de cultivar transgênicas e convencionais disponíveis no mercado
brasileiro para a safra 2013/14.
Tipo de cultivar Convencional (%) Transgênicos
Híbrido simples 44,7 81,8
Híbrido triplo 18,6 17,4
Híbrido duplo 19,5 0,8
Variedade 17,2 0,0
Total 100 100
Fonte: Embrapa (2013).
1.4 Ciclo
O ciclo de uma cultivar é bastante influenciado pelos fatores ambientais,
principalmente pela temperatura. Assim, é variável de acordo com a época de
semeadura e com o local. Prolongando-se em locais ou épocas com temperaturas mais
baixas. Pode ser determinado em número de dias da semeadura até o pendoamento, até a
maturação fisiológica ou até a colheita.
Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas em normais,
semiprecoces, precoces e superprecoces (EMBRAPA, 2010). As diferenças no ciclo
das cultivares são determinadas principalmente pelo período compreendido entre a
emergência e o florescimento. O período após o florescimento é mais homogêneo,
embora a perda de umidade de grãos apresente variação entre as cultivares. Algumas
empresas não consideram o grupo semiprecoce e outras incluem ainda o grupo
hiperprecoce.
Tecnicamente o ciclo de uma cultivar leva em consideração o número de
unidades de calor (soma dos graus dias) necessárias para atingir o florescimento.
Unidades de calor são as somas das unidades diárias de calor, a partir da emergência até
ao florescimento masculino (início da polinização), dada pela seguinte expressão:
UC = [(T. máxima + T. mínima): 2)] - 10
Temperaturas máximas iguais ou maiores que 30ºC devem ser
consideradas 30ºC e temperaturas mínimas iguais ou menores que 10ºC devem ser
consideradas 10ºC. As cultivares normais apresentam exigências térmicas entre 890 e
1200 graus-dias (GD); as precoces de 830 a 890 GD e as superprecoces de 780 a 830
GD. Esta classificação não é rigorosa uma vez que as diferenças entre as cultivares mais
tardias e as mais superprecoces pode não chegar a dez dias. Além do que uma cultivar
classificada como superprecoce pode comportar-se como precoce e vice-versa. Por
outro lado as cultivares apresentam diferentes taxas de secagem após a maturidade
fisiológica (dry down), sendo algumas mais rápidas o que permite uma colheita mais
cedo.
No mercado há ampla predominância de cultivares precoces (72,5%) que
são as mais cultivadas tanto na safra como na safrinha. Entretanto, em situações
especiais, para escapar de estresses climáticos como geada, em plantios tardios de
safrinha nos estados mais ao sul, ou em condições de período chuvoso reduzido, como
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Como dito, pelo fato desta classificação não ser muito rigorosa, para efeito de
zoneamento agrícola de riscos climáticos, houve uma grande mudança a partir da safra
2009/10. Para efeito de simulação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento classifica as cultivares em três grupos de características homogêneas:
Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n maior ou igual a 110 dias e menor ou igual a 145
dias); e Grupo III (n >145 dias), onde n expressa o número de dias da emergência à
maturação fisiológica (EMBRAPA, 2010).
agregado, pois melhor qualidade de grãos poderá significar maior preço no mercado
(EMBRAPA, 2010).
2,20 m e c) – porte baixo (menos de 2,20 m). Já a altura de inserção da espiga tem
variado de 0,75 a 1,50 em média. Verifica-se atualmente que a maioria dos cultivares
disponíveis apresentam altura variando de 2,00 a 2,50 m, alturas que podem ser afetadas
por condições ambientais.
A redução do porte de planta de milho pode ser devida a presença do gene
braquítico (br2), que na condição de homozigose provoca o encurtamento dos entrenós
da planta. Geralmente cultivares de ciclo precoce apresentam porte mais reduzido do
que as de ciclo normal, sendo a altura da planta também influenciada pela condição do
meio e, portanto, pela época da semeadura, espaçamento e outras variáveis que influem
na disponibilidade de água, luz e nutrientes.
Tem-se correlacionado o porte da planta com a sua tolerância ou resistência ao
acamamento e quebramento do colmo, de forma que, de modo geral, cultivares de porte
alto tendem a ser mais suscetíveis ao acamamento e quebramento de colmo do que as
cultivares de porte médio e baixo.
1.2.1 Introdução
Plantas geneticamente modificadas são aquelas cujo genoma foi alterado pela
introdução de DNA exógeno. Este DNA exógeno pode ser derivado de outros
indivíduos da mesma espécie ou de outra espécie completamente diferente, podendo ser
inclusive artificial, isto é, sintetizada em laboratório. O termo organismo geneticamente
modificado (OGM) é também freqüentemente utilizado para indicar, de maneira
genérica, qualquer indivíduo que tenha sido manipulado geneticamente, utilizando as
técnicas do DNA recombinante (Figura 2).
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O controle desde a fase inicial é também fator especialmente útil para insetos
que atacam o interior do colmo, como a broca da cana de açúcar (Diatraea sacharallis).
As proteínas tóxicas degradam-se rapidamente nos restos culturais não se constituindo
em fator de contaminação ambiental. Com a tecnologia Bt têm-se as seguintes
vantagens: a) – menor impacto ambiental decorrente da não aplicação ou menor uso de
inseticidas tóxicos e poluentes (redução do risco de intoxicação, contaminação do meio
ambiente, preocupação com descarte de embalagens, etc.) ; b) - economia com água e
combustível decorrente da redução ou não aplicação de inseticidas; c) – preservação dos
inimigos naturais e insetos benéficos; d) – menor custo e melhor qualidade dos
alimentos ( o milho Bt e menos atacado pelos fungos, portanto, apresenta menor
quantidade de micotoxinas), e) – controle satisfatório da broca-do-colmo e da lagarta da
espiga ( praga para as quais não existem hoje método eficiente de controle.). De acordo
com a EMBRAPA (2011), em geral, tem-se conseguido uma redução de perda da ordem
de 16 a 20% na colheita com o uso da tecnologia Bt.
Por outro lado são apontadas como desvantagens do uso desta tecnologia o
maior custo das sementes, pois o agricultor estará pagando antecipadamente pelo
controle de pragas, que podem ou não ocorrer em determinadas épocas ou áreas. Outra
desvantagem é a necessidade do produtor de obedecer às regras de coexistência em que,
a não observação das mesmas, pode levá-lo a sofrer penalidades previstas na legislação,
podendo ser autuado pela Fiscalização Federal Agropecuária do Ministério de
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Na safra 2013/2014 foram disponibilizadas 467 cultivares de milho, sendo
253 cultivares transgênicas (54,17%), ocorrendo, pela primeira vez, maior
disponibilidade de cultivares transgênicas do que convencionais (EMBRAPA, 2013).
As proteínas do Bt apresentam alta especificidade, sendo que mesmo dentro
do grupo de insetos a atividade de cada proteína é diferenciada. A eficiência para
algumas das espécies-alvo é bastante alta e pode dispensar totalmente a aplicação de
defensivos. Entretanto, para os dados indicam variação na proteção oferecida às plantas,
portanto, dependendo do híbrido, do evento e da intensidade de infestação, pode ser
necessário controle complementar com a aplicação de inseticida.
O milho Bt disponível comercialmente hoje no Brasil utiliza toxinas com
maior especificidade para os lepidópteros-praga (lagartas), estando disponíveis para
comercialização eventos que expressam diferentes proteínas (Tabela 4). No registro das
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Tabela 6. Marca, Sigla, Classe de inseto e herbicida dos eventos disponíveis nas
cultivares de milho transgênicas, comercializadas no Brasil em 2013.
Marca Sigla Classe: inseto/herbicida
YieldGard YG, Y Lepidópteros
Herculex I Hx, H Lepidópteros/Glufosinato de Amônio
Agrisure TL TL Lepidopteros /Glufosinato de Amônio
Agrisure TG TG Glifosato
YieldGardVT PRO PRO Lepidópteros
YieldGardeVT PRO 2 PRO 2 Lepidóptero/Glifosato
YieldGardeVT PRO 3 PRO 3 Lepidóptero/Coleóptero/Glifosato
Viptera VIP, Viptera Lepidópteros
Roundup Ready 2 RR, RR2 Glifosato
OptimumTMIntrasectTM YH Lepidóptero/Glufosinato de Amônio
Agrisure TL + Agrisure TG TLTG Lepidóptero/Glufosinato de
Amônio/Glifosato
Agrisure TL + Agrisure TG + TLTG Viptera Lepidópteros/Glufosinato de
Viptera Amônio/Glifosato
YieldGard + Roundup ready 2 YR, YGRR2 Lepidópteros/Glifosato
BIBLIOGRAFIA
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PARTE – II
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA
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1. SEMEADURA
1.1 – Época
O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade do solo,
temperatura, radiação solar e fotoperíodo. A época de plantio é função destes fatores,
cujos limites extremos são variáveis em cada região agroclimática. A época de
semeadura mais adequada é aquela que faz coincidir o período de floração com os dias
mais longos do ano e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas
mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar (EMBRAPA, 2010), isto,
considerando satisfeitas as necessidades de água pela planta.
Trabalho de pesquisa mostra que as épocas em que a produtividade de grãos
foram maiores e mais estáveis foram aquelas em que os estádios de desenvolvimento de
quatro folhas totalmente desenvolvidas e a floração ocorrem sob boas condições de
água no solo. Nas condições tropicais, devido à menor variação da temperatura e do
comprimento do dia, a distribuição de chuvas é que geralmente determina a melhor
época de semeadura.
No Sul do Brasil, o milho geralmente é cultivado de agosto a setembro e, à
medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e Sudeste, a época de
semeadura na safra varia de outubro a novembro. Resultados de pesquisa mostram que
atraso na época de semeadura além dos meses de setembro - outubro resulta em redução
no ciclo da cultura e na produtividade de grãos (EMBRAPA, 2010).
A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um
decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta (prolificidade) e na
produtividade de grãos. Vários resultados da literatura mostram que o atraso na
semeadura pode resultar em perdas que podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa
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tendência pode ser revertida se não houver déficit hídrico e, ocorrer uma redução na
temperatura do ar, nos meses de fevereiro – março
Comparando as épocas de semeadura das lavouras com produtividades de
grãos superiores a 8.000 kg ha-1, pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo verificaram
que na região Sul do Brasil observa-se que o Estado do Rio Grande do Sul obtém
maiores produtividades com a semeadura mais cedo. Cerca de 90% da área é semeada
nos meses de agosto e setembro. Em Santa Catarina, 80% dos cultivos são realizados
também nos meses de agosto e setembro. Esses resultados caracterizam-se pelo fato de
serem locais com clima característico de regiões subtropicais. No Estado do Paraná, os
resultados observados mostram que a época de semeadura das lavouras de maiores
produtividades se concentra nos meses de setembro e outubro (EMBRAPA, 2010).
Na região Sudeste, as épocas de semeadura das lavouras de milho de alta
produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando a cerca de
80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg ha-1. O mesmo ocorre nos
estados da região Centro-Oeste, onde as melhores lavouras de milho são semeadas,
principalmente, nos meses de outubro e novembro. Com a análise dos levantamentos,
pode-se concluir que as diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na
tomada de decisão da época de semeadura da cultura de milho.
Por ser semeado no final da época recomendada, o milho safrinha ou segunda
safra, tem sua produtividade de grãos bastante afetada pelo regime de chuvas e por
fortes limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além disso,
como o milho segunda safra é semeado após uma cultura de verão, a sua data de
semeadura depende da época da semeadura dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o
planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando liberar a área o
mais cedo possível. Quanto mais tarde for a semeadura, menor será o potencial e maior
o risco de perdas por seca e/ou geadas (EMBRAPA, 2010).
Uma análise realizada pela Embrapa (EMBRAPA, 2010) por estado mostrou
que nos estados do PR e MS as maiores freqüências de altas produtividades de milho
safrinha são obtidas em semeadura entre a primeira quinzena de fevereiro e a primeira
quinzena de março. Em MT e GO as maiores frequências de altas produtividades são
obtidas no mês de fevereiro, sendo que em GO se concentram mais na primeira
quinzena enquanto em MT se concentram na segunda quinzena. No Estado de São
Paulo, a época de semeadura de maiores quantidades de lavouras de milho estende-se
até o mês de abril.
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Tabela 7. Limites das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha para os
Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso .
.Estado Data limite Altitude Região (cidade referência)
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1.2 Sementes
1.2.1 Tamanho e forma das sementes
das mesmas, ser compatível com inseticidas, ser efetivo sob diferentes condições
agroclimáticas, ser seguro para os operadores durante o manuseio e a semeadura, não
deixar resíduos nocivos na planta e ser economicamente viável.
Quanto ao modo de ação, os fungicidas utilizados no tratamento das sementes
de milho podem ser classificados em desinfectante, desinfestante, protetor e erradicante.
O fungicida com ação desinfectante atua no controle dos patógenos localizados dentro
das sementes (endosperma e embrião) ou nos tecidos do pericarpo. Os patógenos
infectantes são controlados por fungicidas de ação sistêmica, os quais são absorvidos e
difundem dentro das sementes (p. ex Thiabendazole). O fungicida com ação
desinfestante atua no controle do patógeno que está localizado externamente na
superfície das sementes. Para a desinfestação das sementes de milho destacam-se o
Captan, o Thiran, o Quintozene, o Tolylfluanid. O fungicida com ação protetora é
aquele que protege as sementes e as plântulas contra o ataque de fungos das sementes e
do solo. O fungicida com ação erradicante é aquele que elimina o patógeno que está
associado às sementes, quer seja fungo infectante ou infestante. Ressalta-se que os
fungicidas sistêmicos podem atuar como desinfectantes e erradicantes (ALMEIDA
PINTO, 2007)
As sementes quando tratadas com fungicida de comprovada eficiência, ficam
protegidas contra os patógenos por elas transmitidos e contra os patógenos habitantes do
solo. Isso propicia maior índice de emergência das plântulas garantindo alto estande da
cultura. O tratamento das sementes com fungicida é indicado quando: a) – as sementes
são destinadas à formação de campo de produção de sementes; b) – quando se quer uma
uniformidade de estande; c) – quando houver possibilidade da germinação ser retardada
devido às condições desfavoráveis de solo frio, seco ou úmido; d) – em áreas de plantio
direto com o milho como cultura anterior; e) – quando a infecção fúngica for a razão da
baixa germinação; e f) - quando os patógenos transmitidos pelas sementes representam
uma ameaça para a produção de grãos ou de sementes de milho (ALMEIDA PINTO,
2007).
A seleção do fungicida e a segura identificação do fungo na semente ou no solo
são de fundamental importância e devem ser fundamentadas em resultados da pesquisa.
Deve-se verificar no rótulo do produto para quais fungos o fungicida está indicado. Esse
procedimento evita a utilização de fungicida ineficiente contra um determinado fungo.
Por exemplo, o fungicida Thiabendazole não apresenta eficiência no controle de
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adotada pelos produtores como solução para o controle de insetos, além de reduzir a
necessidade de pulverização nos estádios iniciais da cultura. Existem no mercado
diversos inseticidas registrados para o tratamento de sementes de milho com diferentes
indicações em função das pragas ocorrentes.
Atualmente os inseticidas do grupo químico neonicotinóides (Imidacloprid,
Tiametoxan, Tiacloprid e Acetamiprid) têm sido um dos mais utilizados tanto no
controle das pragas iniciais sugadoras que atacam a lavoura de milho como sobre os
insetos mastigadores que danificam as sementes e/ou as plântulas (MACHADO et al,
2006).
Nas doses recomendadas, a circulação dos neonicotinóides nas plantas
promove a proteção contra os pulgões, percevejos, cigarrinhas, tripes, mosca - branca e
minadores de folhas, por até 40 dias; esse longo período residual tem promovido uma
verdadeira revolução no controle dos insetos - vetores de patógenos, ou toxinas, com
grande benefício para os produtores e para o ambiente (BRANDL, 2001).
O Fipronil que pertence à classe dos Phenilpirazoles, tem atividade expressiva
sobre os insetos-praga em geral, principalmente aqueles de hábitos subterrâneos e
sociais, como cupins e formigas (MACHADO et al., 2006), enquanto os carbamatos e
os fosforados apresentam espectro de ação mais variável agindo sofre diferentes pragas
em variadas circunstâncias (MELO et al, 2012).
Os inseticidas de tratamento de sementes no solo desprendem-se das mesmas e,
devido sua baixa pressão de vapor e solubilidade em água, são lentamente absorvidos
pelas raízes, conferindo à planta um adequado período de proteção contra insetos do
solo e da parte aérea (SILVA, 1998). Na Tabela 6 estão relacionados os inseticidas
registrados para o tratamento de sementes de milho.
O tratamento de sementes de milho híbrido é realizado por empresas produtoras
de sementes, que as comercializam já tratadas. Existem vários benefícios ao se adquirir
as sementes já tratadas pela empresa produtora. Um deles é a garantia de qualidade, já
que o tratamento industrial das sementes é feito de forma mais uniforme, com doses
mais precisas do ingrediente ativo por semente e com a redução dos danos mecânicos da
semente. Outra vantagem é a eliminação do custo operacional. O tratamento industrial é
realizado com qualidade e não impõe gastos extras para o produtor. Isso, além da
redução de riscos na propriedade, uma vez que não há o manuseio do produto e
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Figura 11. Semeadura (plantio direto) Figura 12. Semeadura (sistema convencional)
No sistema plantio direto, onde há sempre um acumulo de resíduos na
superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura morta retarda a
emergência, reduz o estande e, em alguns casos, pode até causar queda na produtividade
de grãos da lavoura, dependendo da profundidade em que a semente foi colocada. A
Tabela 7 mostra o efeito da profundidade de semeadura sobre a emergência, o vigor e a
duração do período de emergência na cultura do milho.
Tabela 7. Percentagem de emergência, vigor e duração do período de germinação de sementes
de milho, em diferentes profundidades.
cultivares de milho de ciclo mais curto, estatura reduzida, menor número de folhas e
folhas mais eretas aumentou o potencial de resposta da cultura à densidade de plantas.
O aumento e o arranjo da população de plantas podem contribuir para a correta
exploração do ambiente e do genótipo, com conseqüências no aumento da produtividade
de grãos de grãos (EMBRAPA, 2010)
O arranjo de plantas basicamente pode ser manipulado através de alterações na
densidade de plantas e no espaçamento entre fileiras. A interceptação da radiação
fotossinteticamente ativa pelo dossel exerce grande influência sobre o rendimento de
grãos da cultura do milho, quando outros fatores ambientais são favoráveis. Uma forma
de aumentar a interceptação de radiação e, conseqüentemente, a produtividade de grãos,
é através da escolha adequada do arranjo de plantas. Teoricamente, o melhor arranjo de
plantas de milho é aquele que proporciona distribuição mais uniforme de plantas por
área, possibilitando melhor utilização de luz, água e nutrientes. Atualmente, a redução
no espaçamento entre linhas e o aumento da densidade de plantio é uma realidade na
cultura de milho, no Brasil, encontrando-se, no mercado, inclusive, plataformas
adaptáveis às colhedoras que realizam a colheita em espaçamentos de até 0,45 m.
1.4.2 Densidade de semeadura x disponibilidade de água e disponibilidade
de nutrientes.
de adubação poderão ser iguais ao da primeira safra. Por outro lado, em condições de
agricultura irrigada, em que o fator água não é limitante, a densidade apropriada será
estabelecida por outro fator que se encontrar limitando o sistema (fertilidade, cultivar,
etc.) e não deverá ser inferior a 50.000 plantas por hectare (EMBRAPA, 2004).
Figura 14. Médias do rendimento de grãos de milho, obtidas em dois espaçamentos e seis
densidades de plantas. (Fonte: CRUZ et al., 2007).
Figura 18. Disco dosador (semeadura de disco) Figura 19. Detalhe do sistema de vácuo
BIBLIOGRAFIA
CRUZ, J. C.; SILVA,G. H.; PEREIRA FILHO,I. A.; GONTIJO NETO, M. M.;
MAGALHÃES, P. C. Sistema de produção de milho safrinha de alta
produtividade.In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 28.;
SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A LAGARTA DO CARTUCHO, 4., 2010, Goiânia.
Potencialidades, desafios e sustentabilidade: resumos expandidos. Goiânia: ABMS,
2010. 1 CD-ROM.
KARA, B. Effect of seed size and shape on grain yield and some ear characteristics of
maize. Research on Crops, v. 12, p. 680-685, 2011.
MELO, F. L.; CARMO JÚNIOR, A. C.; FAGIOLI, M.; MARTINS, I.; SABUNDJIN,
M. T.; LEAL, S. T. Avaliação do tratamento de sementes de milho com os inseticidas
Tiodicarbe + Imidacloprid e Carbofuran + Zinco na Qualidade Fisiológica. In: XXIX
CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO 2012, Águas de Líndóia, SP.
Anais... Água de Lindóia, SP: EMBRAPA, p.3475 – 3.481.
SANGOI, L.; ALMEIDA, M. L. de.; HORN, D.; BIANCHET, P.; GRACIETTI, M. A.;
SCHIMITT, A.; SCHWEITZER, C. Tamanho de semente, profundidade de semeadura e
crescimento inicial do milho em duas épocas de semeadura. Revista Brasileira de
Milho e Sorgo, v.3, n.3, p.370-380, 2004
SOUZA, P. H. N.; RODRIGUES, E, F.; RAMOS, L. da. R.; VIERO, R. M.; CORTEZ,
J. W. Efeito da profundidade de semeadura na emergência e distribuiçâo longitudinal do
milho (Zea mays) em sistema de plantio direto. In: MILHO SAFRINHA: XII
SEMINÁRIO NACIONAL. DOURADOS, MS. 2013. Anais... Dourados, MS:
EMBRAPA, 2013, p.1 – 6.
.
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PARTE III
planta corresponde ao intervalo entre a terceira folha (V3) Figura (24) e a décima quarta folha
(V 14). Esse é o subperíodo entre a diferenciação floral e a diferenciação da espiga, momento
em que se define o potencial da lavoura (EMBRAPA, 2006a).
práticas agrícolas. O manejo integrado de plantas daninhas deve ser utilizado com o
objetivo de racionalização do uso dos herbicidas, do ambiente e dos custos de produção.
Podem-se agrupar as práticas de manejo nos seguintes grupos:
2.1 Manejo de plantas daninhas antes da semeadura do milho.
O agricultor deve conhecer as plantas daninhas que infestam a área para
embasar a escolha das práticas e, ou, dos herbicidas a serem empregados. Existem
muitas estratégias que podem ser adotadas para reduzir a infestação das plantas
daninhas antes da implantação da cultura, dentre elas, destacam-se:
a) – Escolha da área: Deve-se dar preferência ao uso de áreas livres ou com baixa
infestação de plantas daninhas, ou ainda, de áreas com espécies de fácil controle.
b) – Preparo do solo: Esta prática elimina as plantas daninhas estabelecidas e torna
o ambiente favorável ao recebimento da cultura e à aplicação de herbicidas usados em
pré-plantio-incorporado (PPI) ou em pré-emergência (Figura 28);
Figura 30 grama seda (Cynodon dacytilon) Figura 31. Capim massambará (S. halepense)
O uso de cultivadores pode reduzir a infestação de plantas daninhas nas
entrelinhas, mas não são eficientes no controle daquelas localizadas na linha da cultura.
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Além disso, os cultivadores podem provocar danos ao sistema radicular do milho, não
podem ser usados em solos com alta umidade e não controlam plantas daninhas com
reprodução vegetativa.
Os herbicidas aplicados em pós-emergência são uma alternativa eficiente para
controlar as plantas daninhas e também podem ser empregados para corrigir falhas de
outros métodos ou em casos onde não é viável o uso de cultivadores ou outras técnicas.
O emprego de herbicidas pós-emergentes depende das espécies infestantes e do estádio
de desenvolvimento das plantas daninhas e da cultura. O uso de misturas de herbicidas é
comum em algumas regiões. Nesses casos deve-se dar atenção especial à seletividade
das misturas para a cultura e para o espectro de controle.
2.3 Monitoramento
O monitoramento das espécies daninhas presentes na área e de suas proporções
além de auxiliar na escolha do método do controle a ser usado indica o comportamento
das espécies naquele ambiente. Essas informações são úteis na detecção da seleção de
espécies e na identificação precoce de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Nos
casos em que há seleção de espécies o agricultor deve usar outros métodos de controle.
O monitoramento, na maioria dos casos, proporciona economia na quantidade de
herbicida aplicado, principalmente nos casos em que se empregam produtos aplicados
em pré-emergência proporcionando significativa redução no custo do controle.
3.0 Métodos de controle de plantas daninhas
O controle mecânico das plantas daninhas é o método mais antigo usado pelo
homem, consistindo no uso de equipamentos que eliminam as plantas daninhas através
do efeito físico, como fazem a enxada e os cultivadores. Mesmo após a introdução no
mercado dos herbicidas, o uso desses equipamentos ainda é bastante comum,
57
Figura 34. Cultivo mecânico tração animal Figura 35. Cultivador agrícola
(Tração motora)
herbicida que pode apresentar limitações para algumas culturas em anos secos, podendo
afetar espécies sensíveis como o feijão e a soja no ano seguinte.
solo, o que os tornam pouco lixiviáveis e não disponíveis à absorção pelas raízes das
plantas, o que permite realizar a semeadura das culturas logo após a sua aplicação.
A utilização de herbicidas de manejo no SPD foi iniciada em 1961 com os
bipiridílicos de contato, Paraquat e Diquat. Em 1975 foi lançado o Glifosate, de ação
sistêmica, com grande eficiência sobre gramíneas. Os herbicidas disponíveis no Brasil
para o manejo das áreas agrícolas são: Glifosate, 2,4-D amina, Paraquat, Diquat e
Paraquat + Diuron (MELHORANÇA, 2002).
A escolha dos herbicidas depende das espécies de plantas existentes na área,
bem como de seus estádios de desenvolvimento. Quando a infestação é composta
basicamente de espécies de folhas largas, utiliza-se o 2,4-D amina. Se for composta
exclusivamente de gramíneas, usa-se o Glifosate. Todavia, se a infestação for composta
de folhas largas e estreitas, em estádio inicial de desenvolvimento, poderão ser
utilizados os dessecantes de contato, tais como Paraquat, Diquat e Paraquat + Diuron,
pois nesse estádio as plantas não apresentam ainda o efeito guarda-chuva, que prejudica
a atividade dos herbicidas de contato, já que parte das plantas não é atingida pelo
dessecante. Glifosate e 2,4-D amina podem ser utilizados nas infestações mistas, tanto
no estádio inicial como nos estádios avançados de desenvolvimento, pois esses dois
herbicidas são de translocação sistêmica e, uma vez em contato com parte da planta, são
absorvidos e translocados para outras partes da planta. Nesse caso, o efeito guarda-
chuva fica bastante reduzido (MELHORANÇA, 2002).
O herbicida mais utilizado na dessecação de manejo é o Glifosate, em doses
que variam de 2,0 a 3,0 L/ha do produto comercial. Em áreas onde ocorrem as espécies
Commelina benghalensis (trapoeraba) (Figura 37), Spermacoce latifolia (erva-quente)
(Figura 38); Richardia brasiliensis (poaia) (Figura 39), Tridax procumbens (erva-de-
touro) (Figura 40) e Sida sp. (guanxuma) (Figura 41), nas quais o controle com
Glifosate não é totalmente satisfatório, utiliza-se o herbicida 2,4-D amina na dose de 1,0
L/ha. Quando a cultura for soja, deve-se manter um intervalo de dez dias entre a
aplicação de 2,4-D amina e a semeadura.
64
Figura 39. Poaia branca (R. brasiliensis) Figura 40. Erva de touro
Figura 49. Planta de Brachiaria sp. Figura 50. Plântula de B. pilosa (picão preto)
(três perfilhos) (quatro folhas)
Figura 51. Planta adulta de Amaranthus sp Figura 52. Planta adulta de B. plantaginea
(caruru) (capim marmelada)
Os nomes dos herbicidas pós-emergentes registrados para a cultura do milho para
controle de folhas estreitas e folhas largas encontram-se nas Tabelas 11 e 12.
Tabela 12. Herbicidas registrados para a cultura do milho em pós-emergência para o
controle predominantemente de folhas estreitas.
74
A aplicação dirigida também pode ser usada para corrigir falhas, nos casos em
que os cultivadores ou herbicidas aplicados em pré ou pós-emergência não
apresentarem controle satisfatório das espécies presentes na área ou ainda por período
adequado. O uso de herbicidas totais de forma dirigida pode ser a única alternativa
eficiente para controlar plantas daninhas em estádios avançados de desenvolvimento ou
para pequenos produtores controlarem estas espécies em áreas com topografia irregular
(EMBRAPA, 2006b)
76
BIBLIOGRAFIA
SILVA, A. A. de.; SILVA, J. F.; FERREIRA, F. A.; FERREIRA, L. P.; SILVA; OLIVEIRA
JÚNIOR, R. S. de; VARGAS, L. Controle de plantas daninhas. Brasília-DF: ABEAS, 2002.
201p.
SILVA, A. A.; VARGAS, L.; WERLANG, P. C. Manejo de plantas na cultura do milho. In:
GALVÃO, J. C. C.; MIRANDA, G. V. (Eds). Tecnologia de produção de milho. Viçosa:
Editora UFV. 2004. P. 269-310.
81
82
PARTE IV
PRAGAS E DOENÇAS
1. PRAGAS
1.1 Introdução
Tabela 15. Inseticidas registrados para a cultura do milho para aplicação no sulco de
semeadura.
Produto Produtos Grupo Dose (PC) Praga
-1
Técnico Comerciais (P.C.) Químico Kg ha
Lagarta rosca
Counter 150 G Larva alfinete
Terbufós1/ organofosforado 13 Percevejo castanho
cupins
5/
= O produto poderá ser aplicado no momento da semeadura com auxílio de pulverizadores
específicos de tal forma que haja uma distribuição homogênea do produto. Volume de calda de
300 L ha-1
reconhecíveis, pelo cheiro desagradável que exalam. Nas épocas mais secas,
aprofundam-se no solo à procura de regiões mais úmidas, retornando à superfície
durante as chuvas. São insetos que atacam além do milho, vários outros cultivos de
importância econômica como as culturas de soja, algodão e pastagens. As plantas
atacadas têm as suas raízes sugadas por ninfas e adultos, tornando-se raquíticas; Com o
passar do tempo a planta atacada tem desenvolvimento reduzido até ser eliminada. Os
sintomas podem ser confundidos com deficiência nutricional, mas são facilmente
diferenciados quando as plantas são arrancadas do solo, pois nesse momento pode ser
sentido o odor típico oriundo das glândulas odoríferas dos percevejos. O gênero
Scaptocoris provavelmente esteja distribuído em grande parte do território brasileiro.
O método cultural pode ser empregado para o manejo desse inseto. A aração e
a gradagem expõem os insetos aos predadores e causam o esmagamento das ninfas e
adultos. A aração com arado de aiveca é o que apresenta maior eficiência no controle do
percevejo castanho. O fungo Metarhizium anisopliae é um agente de controle biológico
da praga. Devido ao hábito subterrâneo do percevejo, o controle químico (Tabela 6) é
difícil de ser realizado e a recomendação de uso de inseticidas tem sido preventivo
(EMBRAPA, 2013c).
Cupim (Procorniterms sp., Cornitermes sp., Syntermes sp. e Heterotermes
sp.)
Os cupins ou térmitas pertencem à Ordem Isoptera e são considerados insetos
sociais, pois são formadores de colônias, devido a cooperação mútua, onde seus
indivíduos são divididos em castas como a dos reprodutores formado basicamente pela
rainha, rei e reprodutores alados (siriris ou aleluias) (Figura 60), a casta dos operários e
a casta dos soldados (EMBRAPA, 2013).
88
colmo da planta logo abaixo do nível do solo, alimentando-se no seu interior. A lagarta é
esverdeada com anéis e listras de coloração vermelho-escura e mede 16 mm (Figura
62). Geralmente fica associada à planta hospedeira, construindo um casulo, na parte
externa, com restos vegetais, terra e teia, dentro do qual se abriga (Figura 63). Findo o
período de larva (18 dias), a lagarta transforma-se em crisálida, no solo, próximo da
haste da planta e, após oito dias, emerge o adulto. Os maiores prejuízos são causados
nos primeiros 20 dias após a germinação. Quando o ataque ocorre em plantas recém-
emergidas, às vezes não se tem tempo de perceber o ataque da praga, devido ao
secamento de toda a planta e sua remoção por ação do vento. No entanto, em plantas
mais desenvolvidas, é comum ser verificado o sintoma de dano conhecido como
“coração morto”, (Figura 64), ou seja, folhas centrais mortas, facilmente destacáveis e
folhas externas ainda verdes. (EMBRAPA, 2013 e)
Em áreas de risco, deve ser usado o tratamento de sementes com inseticidas
sistêmicos à base de Tiodicarb, Carbofuran ou Imidacloprid (Tabela 6). Sob condições
de estresse hídrico mesmo esse tratamento não é efetivo, recomendando-se a aplicação
de um inseticida de ação de contato e profundidade como os a base de clorpirifós. A alta
umidade do solo contribui para reduzir os problemas causados pela lagarta-elasmo no
milho (EMBRAPA, 2010).
Figura 65. Adulto de tripes e sintomas dos danos. Fonte: Ivan Cruz (Embrapa-CNPMS)
Inicialmente o controle deve ser feito por meio do tratamento de sementes com
inseticidas sistêmicos (Tabela 6), entretanto, sob condições de altas reinfestações podem
ser necessárias pulverizações.
O inseto adulto (Figura 68) mede cerca de cinco milímetros e a fêmea coloca
seus ovos alongados, incrustados na nervura principal, geralmente no interior do
cartucho do milho. Tanto a ninfa como o adulto são sugadores de seiva. Essa espécie no
Brasil, embora com populações crescentes a cada ano, ainda é de importância
relativamente pequena pelos danos diretos ocasionados através da sucção de seiva dos
adultos e ninfas podem reduzir principalmente o desenvolvimento do sistema radicular,
mas os principais prejuízos causados por essa espécie é devido a transmissão de
fitopatógenos como o vírus do rayado fino e dois milicutes Spiroplasma kunkelli
(enfezamento pálido) e fitoplasma (enfezamento vermelho). Os prejuízos causados por
essas doenças podem chegar a mais de 80% dependendo do patógeno, dos fatores
ambientais e da sensibilidade dos híbridos cultivados e são decorrentes da redução
significativa da quantidade absorvida de nutrientes. A incidência da doença está
associada à alta densidade populacional de insetos infectivos o que ocorre no final do
verão (plantios tardios) (Embrapa, 2010; EMBRAPA, 2013f).
A presença do inseto (Fig. 12) pode ser constatada diretamente pelo exame do
cartucho das plantas ou através de amostragem com rede entomológica passada no topo
das plantas. A incidência das doenças só é confirmada depois do aparecimento dos
sintomas: os métodos mais eficientes de controle são os culturais evitando-se a
multiplicação do vetor em plantios sucessivos, erradicação de plantas voluntárias na
área antes da semeadura e erradicação de plantas voluntárias na área antes da
semeadura. Evitar o cultivo de milho pipoca e milho doce em áreas com histórico
recente de alta incidência dos enfezamentos dado à alta susceptibilidade da maioria
dessas cultivares. Finalmente pode também ser utilizado o tratamento de semente com
inseticidas sistêmicos (Tabela 6) (EMBRAPA, 2010).
sofrendo de estresse hídrico. Os maiores danos ocorrem sob condições favoráveis para
transmissão do vírus do mosaico. Neste caso, mesmo sob densidades muitas vezes não
detectáveis podem ocorrer perdas significativas, pois o principal vetor é a forma alada e
o vírus é de transmissão estiletar, ou seja, transmite de plantas doentes para sadias
simplesmente por via mecânica, através da picada de prova.
Figura 69. Elevada infestação de pulgões Figura 70. Adultos e ninfas de R. maydis
no cartucho Foto: Ivan Cruz
94
Figura 73. Sintoma inicial (folha raspada) Figura 74. Lagarta desenvolvida
Figura 75. Danos (folhas perfuradas) Figura 76. Cartucho destruído (presença de
excrementos frescos)
Fig. 78. Adulto de M. latipes Fig. 79 lagarta mede-palmo Fig. 80. Danos de M. latipes
Fig. 82. Adultos de Fig. 83. danos da broca Fig. 84. Lagarta de D. saccharallis
D. saccharallis
solo provocando o seccionamento da mesma, que pode ser total, quando as plantas estão
com altura de até 20 cm (Figura 87), pois ainda são muito tenras, ou parcial, após esse
período.
O controle inclui método cultural que envolva a antecipação da eliminação de
plantas daninhas principalmente via dessecante o que pode reduzir a infestação, pois as
mariposas preferem ovipositar em plantas ou restos culturais ainda verdes. O tratamento
de sementes com inseticidas sistêmicos (Tabela 6) também é recomendado em áreas
com histórico de incidência dessa praga. Em áreas menores é recomendado também a
distribuição de iscas preparadas a base de farelo, melaço e um inseticida sem odor como
o Trichlorfon.
Fig. 85. Adulto de A. ipsylon Fig. 86. Lagarta rosca Fig. 87. Danos da lagarta rosca
utilizado na China, França, Estados Unidos, Rússia, Nicarágua e Colômbia, pois, além
da sua eficiência no controle pode ser criado de maneira fácil e econômica em
laboratório, utilizando hospedeiros alternativos. A taxa de parasitismo natural pode
chegar em algumas regiões a mais de 80%, fazendo com que a praga não ocasione
danos significativos ao milho (SILVA e BATISTA, s/d)
Em função da dificuldade de controle, a preservação de inimigos naturais e
mesmo a sua liberação na lavoura é uma das táticas mais importantes em programas de
manejo integrado dessa importante praga da cultura do milho no Brasil. Na Tabela 16
estão os nomes dos inseticidas registrados no MAPA para o controle das pragas da parte
aérea da cultura do milho.
Tabela 16. Alguns inseticidas registrados no MAPA para o controle das pragas da parte
aérea do milho
Praga Nome comum Produtos técnicos Formul2/ Dose (PC)
Kg/Lha-1
102
Cipermetrina + Polytrin
Protenofos
Clorfenapir Pirate
Clorfluazuron Atabron 50 EC
Tabela 16. Inseticidas registrados no MAPA para o controle das pragas da parte aérea do
milho (continuação...)
Capataz BR; Catcher 480 EC;
Clorpirifós Clorpirifós Fersol 480 EC;
Sabero 480 EC, Curinga, CE 0,4
Klorpan 480 EC; Lorsban 480
103
Imidaclorpido +
Betaciflurtina Connect CE 0,75 – 1,0
Tabela 16. Inseticidas registrados no MAPA para o controle das pragas da parte aérea do
milho (continuação...)
Alsystin SC; Certero SC 0,05
Lagarta do Triflumuron Alsystin 250 WP WP 0,1
104
2. Doenças
2.1 Introdução
Nos últimos anos, notadamente a partir do final de década de1990, as doenças
têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e produtores envolvidos
no agronegócio do milho. Relatos de perdas na produtividade devido ao ataque de
patógenos têm sido freqüentes nas principais regiões produtoras do país. Nesse
contexto, vale destacar a severa epidemia de cercosporiose ocorrida na região Sudoeste
do estado de Goiás no ano de 2000, na qual foram registradas perdas superiores a 80%
na produtividade.
É importante entendermos que a evolução das doenças do milho está
estreitamente relacionada à evolução do sistema de produção desta cultura do Brasil.
Modificações ocorridas no sistema de produção, que resultaram no aumento da
produtividade da cultura, foram, também, responsáveis pelo aumento da incidência e da
severidade das doenças. Desse modo, a expansão da fronteira agrícola, a ampliação das
épocas de plantio (safra e safrinha), a adoção do sistema de plantio direto, o aumento do
uso de sistemas de irrigação, a ausência de rotação de cultura e o uso de materiais
suscetíveis têm promovido modificações importantes na dinâmica populacional dos
patógenos, resultando no surgimento, a cada safra, de novos problemas para a cultura
relacionados à ocorrência de doenças (EMBRAPA, 2010).
Dentre as doenças que atacam a cultura do milho no Brasil, merecem destaque a
mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a ferrugem tropical, os
enfezamentos vermelho e pálido, as podridões de colmo e os grãos ardidos. Além
destas, nos últimos anos algumas doenças (como a antracnose foliar e a mancha foliar
de Diplodia), consideradas de menor importância, têm ocorrido com elevada severidade
em algumas regiões produtoras. A importância destas doenças é variável de ano para
105
Sintomas: O fungo B. maydis possui duas raças descritas, “0” e “T”. A raça
“0”, predominante nas principais regiões produtoras, produz lesões alongadas,
orientadas pelas nervuras com margens castanhas e com forma e tamanho variáveis
112
(Figura 97). Embora as lesões sigam a orientação das nervuras, as bordas das lesões não
são tão bem definidas como ocorre no caso da cercosporiose. As lesões causadas
pela raça “T” são maiores, predominantemente elípticas e com coloração de marrom
a castanho, podendo haver formação de halo clorótico.
Figura 98. Sintomas da mancha de Bipolaris Zeicola (Bipolaris zeicola raça 1) em milho
Foto: Luiano Viana Cota (Embrapa 2010a)
Figura 99. Sintomas da mancha foliar de Diplodia Figura 100. Lesão estreita e alongada
de Diplodia macrospora.
podem coalescer, necrosando grande parte do limbo foliar e surgem, no interior das
lesões, pontuações escuras que correspondem às estruturas de frutificação do patógeno,
denominadas acérvulos (Figura 101). Nas nervuras, são observadas lesões elípticas de
coloração marrom avermelhada que resultam numa necrose foliar em formato de “V”
invertido (Figura 102). Esses sintomas são geralmente confundidos com os sintomas de
deficiência de nitrogênio.
Fig 101. Sintoma da antracnose Fig. 102. Antracnose na nervura e queima foliar em formato
de “V” invertido
podridão. Desse modo, é possível afirmar que qualquer fator que reduza a capacidade
fotossintética e a produção de carboidratos predispõe as plantas à ocorrência da doença.
As podridões do colmo geralmente se iniciam pelas raízes, passando para os
entrenós superiores ou diretamente pelo colmo, através de ferimentos. De um modo
geral, não ocorrem uniformemente na área, sendo possível encontrar plantas sadias ao
lado de plantas apodrecidas.
Por serem os microorganimos causadores das podridões do colmo capazes de
sobreviver nos restos de cultura e no solo, a adoção do sistema de plantio direto pode
aumentar significativamente a quantidade de inóculo no solo, tornando as lavouras de
milho, nesse sistema de cultivo, mais sujeitas à ocorrência das podridões em alta
intensidade.
Vários são os patógenos causadores de podridão de colmo em milho, incluindo
fungos e bactérias. No Brasil, os principais são Colletotrichum graminicola, Diplodia
macrospora, Diplodia maydis, Fusarium graminearum, Fusarium moniliforme e
Macrophomina Phaseolina.
Figura 102. Antracnose Figura 103. Fileira de plantas de milho com sintomas da antracnose do colmo.
do colmo do milho. Fonte: Luciano Viana Cota (EMBRAPA, 2010a)
Podridão de Diplodia
Etiologia: Essa podridão pode ser causada por duas espécies de fungos do
gênero Stenocarpella, Stenocarpella maydis (= Diplodia maydis)
e Stenocarpellamacrospora (= Diplodia macrospora), os mesmos agentes causais da
podridão branca das espigas. A espécie S. macrospora pode, também, causar lesões
foliares em milho conforme descrito anteriormente. S. maydis difere de S.
macrospora por apresentar conídios duas vezes menores e por não causar lesões
foliares.
Sintomas: Plantas infectadas por esses fungos apresentam, externamente,
próximo aos entrenós inferiores, lesões marrom claras, quase negras, nas quais é
possível observar a presença de pequenos pontinhos negros (picnídios). Internamente, o
tecido da medula adquire coloração marrom, pode se desintegrar, permanecendo
119
Figura 104. Sintomas da podridão do colmo do milho causada por Stenocarpela spp. (=Diplodia spp.)
Foto: Nicésio F. F. A. Pinto. (EMBRAPA, 2010 a)
Podridão de Fusarium
Etiologia: Essa doença é causada por várias espécies do gênero Fusarium spp.,
entre elas F. moniliforme e F. graminearum, que também causam podridões de espigas.
Sintomas: Em plantas infectadas, o tecido dos entrenós inferiores geralmente
adquire coloração avermelhada, que progride de forma uniforme e contínua da base em
direção à parte superior da planta (Figura 105). Embora a infecção do colmo possa
ocorrer antes da polinização, os sintomas só se tornam visíveis logo após a polinização e
aumentam em severidade à medida que as plantas entram em senescência. A infecção
pode começar pelas raízes e é favorecida por ferimentos causados por nematóides ou
pragas subterrâneas.
Esse patógeno é um fungo de solo capaz de sobreviver nos restos de cultura na
forma de micélio e apresenta várias espécies vegetais como hospedeiro alternativo, o
que torna a medida de rotação de culturas pouco eficiente. Frequentemente, pode ser
120
Podridão de Macrophomina
Etiologia: Essa doença é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, um patógeno
capaz de causar podridões em mais de 500 espécies de plantas, incluindo as podridões
de colmo nas culturas do milho e do sorgo.
Sintomas: A infecção das plantas inicia pelas raízes. Embora essa infecção
possa ocorrer nos primeiros estádios de desenvolvimento da planta, os sintomas são
visíveis nos entrenós inferiores após a polinização. Internamente, o tecido da medula se
desintegra, permanecendo intactos somente os vasos lenhosos (Figura 106) sobre os
quais é possível observar a presença de numerosos pontinhos negros (escleródios) que
conferem, internamente ao colmo, uma cor cinza típica.
Podridões bacterianas
Figura 107. Podridão do colmo Figura 108. Podridão bacteriana do cartucho do milho
Figura 110. Podridão de raízes e colmo (A) e sintomas na parte aérea da planta (B).
Segundo a Embrapa (2010 a) não existe uma medida única recomendada para o
controle das podridões de colmo e de raízes em milho. Para se obter sucesso no manejo
dessas doenças, um conjunto de medidas devem ser executadas de forma integrada. A
primeira e, talvez, a mais importante é a escolha correta da cultivar. Nesse caso, deve
ser dada preferência para híbridos que apresentem, além de alta produtividade,
satisfatória resistência no colmo. Resultados obtidos pela Embrapa Milho e Sorgo
demonstram a existência de variabilidade quanto à resistência à podridão de colmo e
raízes em genótipos de milho. Outros critérios, como adubação equilibrada,
principalmente quanto à relação N/K, manejo de irrigação, controle de pragas, de
124
Podridão de Fusarium
Essa podridão é causada por duas espécies de fungos, Fusarium moniliforme e
Fusarium subglutinans. Esses patógenos apresentam elevado número de plantas
hospedeiras, sendo, por isso, considerados parasitas não especializados. A infecção pode
iniciar pelo topo ou por qualquer outra parte da espiga, mas sempre associada a alguma
injúria (insetos, pássaros). Os grãos infectados apresentam, normalmente, uma alteração
de cor que varia do róseo ao marrom escuro e, em algumas situações, também
apresentam estrias de coloração branca no pericarpo. Com o desenvolvimento do
patógeno, observa-se, sobre os grãos, um crescimento cotonoso de coloração clara a
avermelhada, correspondente ao micélio do fungo (Figura 112).
Podridão de Giberela
Esta podridão de espiga, causada pelo fungo Gibberella zeae (forma imperfeita
Fusarium graminearum), é mais comum em regiões de clima ameno e de alta umidade
relativa. A ocorrência de chuvas após a polinização propicia a ocorrência desta podridão
de espiga, que começa com uma massa cotonosa avermelhada na ponta da espiga e pode
progredir para a base (Figura 113). É comum as palhas estarem firmemente ligadas às
espigas devido ao excessivo crescimento micelial do fungo entre as brácteas e os grãos.
Ocasionalmente, esta podridão pode iniciar na base e progredir para a ponta da espiga,
confundindo o sintoma com aquele causado por F. moniliforme ou F. subglutinans.
Chuvas freqüentes no final do desenvolvimento da cultura, principalmente em lavoura
com cultivar cujas espigas não dobram, aumentam a incidência desta podridão. Este
fungo sobrevive nas sementes na forma de micélio dormente.
O termo grãos ardidos refere-se aos grãos produzidos em espigas que sofreram
um processo de podridão. São considerados ardidos os grãos que apresentam, pelo
menos, um quarto de sua superfície com descolorações variando de marrom claro,
marrom escuro, roxo, vermelho claro a vermelho escuro (Figura 114). Os principais
patógenos causadores de grãos ardidos são Stenocarpela maydis (=Diplodia
maydis), Stenocarpela macrospora (=Diplodia macrospora), Fusarium moniliforme, F.
subglutinans e Gibberella zeae. Ocasionalmente, no campo, há produção de grãos
ardidos pelos fungos do gênero Penicillium spp. e Aspergillus spp. Os fungos G.
zeae e S. maydis são mais frequentes nos estados do Sul do Brasil e F. moniliforme, F.
subglutinans e Diplodia macrospora nas demais regiões produtoras de milho. Como
128
Figura 113. Podridão da espiga por Giberela Fig. 114 Comparação de amostras de grãos de milho ardi
(Giberela zeae). dos (A) e sadios (B)
Enfezamentos
129
Importância e distribuição:
Etiologia
Sintomatologia
Enfezamento vermelho:
Os sintomas típicos dessa doença são o avermelhamento das folhas, a
proliferação de espigas, produção de espigas pequenas, perfilhamento na base
da planta e nas axilas foliares, encurtamento dos entrenós, incompleto
enchimento de grãos e seca precoce das plantas (Figura 115).
Enfezamento pálido:
Os sintomas característicos são estrias esbranquiçadas irregulares na base das
folhas, que se estendem em direção ao ápice. Em alguns casos, observa-se um
amarelecimento das plantas e o surgimento de áreas avermelhadas nas folhas
apicais. Normalmente, as plantas são raquíticas devido ao encurtamento dos
entrenós, podendo haver uma proliferação de espigas pequenas e sem grãos
(Figuras 116 e 117). Quando há produção de grãos, eles são pequenos,
130
Figura 116. Sintomas do enfezamento vermelho. Figura 117. Sintomas do enfezamento pálido
Figura 118. Detalhe das estrias esbranquiçadas irregulares, na base das folhas, que
se estendem em direção ao ápice. Fotos: Rodrigo Véras da Costa (EMBRAPA, 2010 a)
Epidemiologia:
Os Molicutes, Spiroplasma kunkelli e Phytoplasma ocorrem somente em
células do floema de plantas doentes de milho e são transmitidos de forma
persistente e propagativa pela cigarrinha Dalbulus maidis, que, ao se
alimentar em plantas doentes, adquire os molicutes e os transmitem para as
plantas sadias. O período latente entre a aquisição dos patógenos e a sua
131
Controle:
O controle mais eficiente dos enfezamentos consiste na utilização de
cultivares resistentes. Outras práticas recomendadas para o manejo dessas
doenças são: evitar semeaduras sucessivas de milho; fazer o pousio por
período de dois a três meses sem a presença de plantas de milho; e alterar a
época de semeadura, evitando-se a semeadura tardia da cultura. O uso de
inseticidas para o controle do inseto vetor não tem apresentado eficiência
satisfatória na redução da incidência dos enfezamentos.
Figura 119. Míldio em milho: sintomas típicos de deformação do pendão, aparecimento de folhas e eretas
com presença de estrias esbranquiçadas. Foto: Carlos Roberto Casela.(EMBRAPA, 2010 a)
2.6 Viroses
mais cedo podem contribuir para a redução da incidência dessa doença. A aplicação de
inseticidas para o controle dos vetores não tem sido um método muito efetivo no
controle do mosaico comum do milho.
nematóide. Por outro lado, estas duas culturas podem ser parasitadas por
nematóides do gênero Meloidogyne, notadamente por M. incognita e M.
javanica.
Sintomas: As injúrias por nematóides variam com o gênero e a população do
nematóide envolvido, as condições do solo e a idade da planta de milho. Os sistemas
radiculares parasitados por nematóides são menos eficientes na absorção de
água e nutrientes da solução do solo. Conseqüentemente, uma planta
parasitada tem seu crescimento reduzido, apresenta sintomas de deficiências
minerais e a produção é reduzida. Plantas atacadas por nematóides
apresentam, em sua parte aérea, os seguintes sintomas: enfezamento e
cloroses; sintomas de murcha durante as horas mais quentes do dia, com
recuperação à noite; espigas pequenas e mal granadas. Esses sintomas dão à
cultura do milho uma aparência de irregularidade, podendo aparecer em
reboleiras ou em grandes extensões. Quando esses sintomas, observados na
parte aérea, são causados por nematóides, as raízes apresentam os seguintes sintomas:
Encurtamento e engrossamento das raízes: Trichodorus spp., Longidorus spp. e
Belonolaimus spp..
Sistema radicular praticamente destituído de radicelas: Xiphinema spp.,
Tylenchorhynchus spp., Helicotylenchus spp., Belonolaimus spp. e
Macroposthonia spp..
Figura 123. Presença de doença na folha abaixo da folha da espiga como critério para auxiliar no processo
de tomada de decisão sobre a aplicação de fungicidas na cultura do milho. Outros critérios como
condições climáticas e suscetibilidade da cultivar, devem ser considerados de modo conjunto.
Fonte: Embrapa (2010 a)
Tabela 17. Fungicidas com registros no MAPA para o controle de doenças da parte aérea
do milho
Nome comum Produtos Grupo Dose – PC Fungos controlados
Comerciais (PC) Químico (L ha-1)
Azoxistrobina + Priori Xtra Estrobilurina 0,3 Phaeosphaeria maydis
Ciproconazol + Triazol Cercospora zeae-
maydis
Piraclostrobina Comet Estrobirulina 0,6 Puccinia polysora
Phaeosphaeria maydis
Puccnia polysora
Tebuconazol Folicur 200 EC Triazol 1 Puccnia sorghi
Exserohilum turcicum
Puccinia sorghi
Trifloxistrobina Estrobirulina Pucnia maydis
+ Stratego 250 EC + 0,6 – 0,8 Phaeosphaeria maydis
Propiconazol Triazol Cercospora zeae-
maydis
Eminent 125 EW Triazol 0,6 – 0,8 Puccinia polysora
Tetraconazol Phaeosphaeria maydis
Cercospora zeae-
maydis
Tebuconazole + Nativo Triazo 0,6 – 0,75 Phaeosphaeria maydis
Trifloxistrobina l+ Cercospora zeae-
Estrobirulina maydis
142
BIBLIOGRAFIA
GASSEN, D.N. Pragas associadas a cultura do milho. Ed. Aldeia Norte, Passo Fundo,
90p. 1994.
PARTE V
1.0 COLHEITA
A fim de obter uma boa colheita mecânica, devem ser considerados também os
seguintes itens (EMBRAPA, 2011):
a) - a regulagem do espaçamento entre cilindro e côncavo; a velocidade de rotação
do cilindro;o teor de umidade do grão;
b) - a qualidade do grão e as perdas.
O conjunto formado pelo cilindro e o côncavo constitui-se no que pode ser
chamado de "coração" do sistema de colheita, e exige muita atenção na hora da
regulagem. O cilindro adequado para a debulha do milho é o de barras, e a distância
entre este e o côncavo é regulada de acordo com o diâmetro médio das espigas. A
distância deve ser tal que a espiga seja debulhada sem ser quebrada e o sabugo saia
inteiro ou, no máximo, quebrado em grandes pedaços.
150
medida que o teor de umidade aumentava de 12 a 14%, (dano de 2 a 3%) para 20 a 24%
(dano de 6 a 8%), tendo sido maior também na colheita pela máquina acoplada ao trator.
A quantidade de grãos com danos considerados grandes (trincas no embrião, menos da
metade do grão faltando) não foi afetada pela rotação do cilindro (550 a 700 rpm)
quando o teor de umidade estava alto, começando a ser afetada pela rotação (400 a 550
rpm) nas faixas mais baixas de umidade.
Grãos com danos aparentemente menos severos apareceram em maior quantidade em
todos os casos, em teores de umidade mais baixos, mesmo tendo-se usado rotações de
cilindro mais baixas. Os resultados mostram que, para rotações do cilindro debulhador
entre 400 e 550 rpm e grãos com umidade entre 14 e 20%, o percentual de danos foi em
torno de 25%, considerando a colhedora automotriz. Já no caso da colhedora acoplada
ao trator, mais de 50% dos grãos apresentaram esse tipo de dano em todas as situações.
A velocidade de trabalho recomendada para uma colhedora é determinada em
função da produtividade da cultura do milho, por causa da capacidade admissível de
manusear toda a massa que é colhida junto com o grão. A faixa de velocidade de
trabalho varia de 4 a 6 km/h, mas em colheita, o trabalho é medido em toneladas/hora.
Portanto, ao tomar a decisão de aumentar ou diminuir a velocidade, não se deve
preocupar com a capacidade de trabalho da colhedora em hectares/hora, mas verificar se
os níveis toleráveis de perdas de 1,5 sacos/ha para o milho estão sendo obtidos.
Uma estimativa do rendimento de uma colhetadora deslocando-se a uma
velocidade de 4 km/hora, para diferentes espaçamentos e número de fileiras, é
apresentada na Tabela 18.
Tabela 18. Estimativa de rendimento de uma colhetadora
Número de fileiras
Espaçamento entre fileiras 1 2 3 4 5 6
(cm) Rendimento operacional em ha hora -1
Para estimar esta velocidade, com colhedoras que não possuem medidores de
velocidade (velocímetro), procede-se da seguinte maneira:
Conta-se o número de passos largos (cerca de 90 cm/passo) tomados em 20
segundos, caminhando na mesma velocidade e ao lado da colhedora;
Multiplica-se este número de passos por um fator 0,16 para obter a velocidade
em km/h.
2. Secagem e Armazenamento
Introdução
maior que a prevista, pode ocorrer maior incidência de doenças. Na região do cerrado,
em geral não chove na época da colheita, favorecendo a qualidade pós-colheita do
milho.
1.4. Ponto de colheita: O ponto de colheita se refere a características
relacionadas ao momento ótimo para se colher o milho, de acordo com o tipo de
armazenamento disponível ou finalidade a que se destina. O milho doce, por exemplo,
é colhido com 72 a 75% de umidade, de 20 a 28 dias após o florescimento. Já o milho
pipoca é colhido com 20% de umidade, quando se utiliza secagem artificial após a
colheita ou com 13 a 15%, quando se utiliza secagem natural. Outro caso, que será
discutido com mais detalhes, é o caso do grão de milho que será seco em silo cheio,
devendo ter no máximo 20% de umidade, pois o tempo de secagem é longo.
1.5. Tipo de colheita: A colheita manual promove menos danos à espiga assim
como a debulha manual. Estimam-se em 1,0 a 1,5% as perdas promovidas pela colheita
manual. Entretanto, o rendimento da colheita é muito baixo, requerendo muita mão de
obra e aumentando os custos. É mais apropriada para pequenas propriedades e terrenos
muito declivosos. Na colheita mecanizada, a regulagem adequada das máquinas é
importante para se reduzir as perdas quantitativas e qualitativas, ou seja, perda de grãos
ou de massa de grãos, propriamente dita, e redução da qualidade por trincamento e
quebra do grão, além da ocorrência de doenças. As perdas devido a colheita
mecanizada são da ordem de 8 a 10%.
2. Limpeza
É a remoção de impureza, de restos culturais e de grãos trincados, quebrados ou
ardidos do lote a ser armazenado. Deve se realizar previamente ao armazenamento,
com ou sem secagem, para que se garanta a qualidade dos grãos normais e sadios,
reduzindo umidade e minimizando contaminações, uniformizando a massa de grãos,
para os processos de aeração e/ou secagem (EMBRAPA, 2011).
3. Armazenamento a granel
Atualmente é a forma mais comum de se armazenar milho, devido aos avanços
tecnológicos disponíveis aos produtores, como colhedoras e estruturas de
armazenamento/secagem de grãos, apropriada para armazenamento de produções em
maior escala. A armazenagem pode ser feita em silos aéreo ou subterrâneo e em
158
Figura 132. Aspectos internos de armazém Figura 133. Arranjo das sacarias
5. Armazenamento de espigas
É um método mais empregado em pequenas propriedades, com baixo
investimento tecnológico, requerendo muita atenção durante o período de
armazenamento, devido às maiores perdas inerentes ao sistema. O bom empalhamento
das espigas favorece a boa conservação, desfavorecendo o ataque de pragas. As
características gerais para estruturas para o armazenamento de espigas são baixo custo
e durabilidade (aproveitando materiais da propriedade), possuir barreiras contra a
penetração de ratos, mas que permita bom arejamento, facilidade para o controle de
pragas e para o manejo da carga.
É apropriado para a alimentação de animais na propriedade (grãos para suínos
e aves, e sabugo e palha triturados para bovinos), ou mesmo, para estocagem seguida
de comercialização. Permite ao agricultor colher o milho com umidade elevada (18%),
ocorrendo continuação da secagem natural já no paiol. Em caso de colheita das espigas
com umidade inferior a 16%, são mínimos os problemas com fungos, desde que o paiol
possua boa ventilação. Pode ser feito em paióis abertos (espigas com palha), paióis
fechados (espigas sem palha) ou em armazéns (EMBRAPA, 2011).
colhidas com teor de umidade de 13-14%, uma vez que a palhada promove proteção
adicional aos grãos, possibilitando que o produtor possa esperar melhor época para
comercialização. Os materiais utilizados para construção deste tipo de estrutura são
madeira, bambu, alvenaria, etc, e depende da maior ou menor facilidade de obtenção
pelo armazenista. Com exceção dos paióis de alvenaria, os demais possuem frestas
para circulação de ar e são construídos sobre colunas de 0,8 a 1,0m de altura do nível
do solo. Independentemente do material utilizado para sua construção, tais colunas
devem ser fixadas em sapatas de concreto. É fundamental a colocação de "chapéu
chinês", nestas colunas para se evitar o acesso de ratos. As aberturas de acesso devem
ser feitas acima do dispositivo anti-ratos e as escadas de acesso somente devem
permanecer no local quando estiverem em uso (Figura 134).
Deve-se construir o paiol longe de árvores ou de construções que permitam o
acesso de roedores pelo seu telhado. Os paióis de alvenaria não necessitam de vão
entre seu piso e o solo, e o dispositivo anti-ratos consiste de um beiral de alvenaria ou
metálico, projetado 30 cm além das paredes. A construção de paiol de alvenaria deve
seguir algumas recomendações da construção de armazéns, com impermeabilização do
piso, que deve estar a 30-40 cm do nível do solo. Suas paredes podem ser de tijolos
furados ou de tijolos maciços afastados de 2,0 a 3,0cm. Nas duas opções, o início de
sua colocação deve ser a partir de 80 cm do nível do solo. As portas e janelas devem
ser, obviamente, acima do dispositivo anti-ratos. O bom empalhamento das espigas
garante bom controle de pragas, superior até aos tratamentos químicos, devendo-se
classificar as espigas quanto ao empalhamento e armazená-las separadamente. As
espigas com pior empalhamento podem requerer tratamentos periódicos.
5.2. Paiol fechado: Quando se deseja armazenar espigas sem palha, o paiol
não deve ter aberturas permanentes. Deve-se construí-lo com duas aberturas teladas:
uma em sua parte inferior e outra em sua parte superior, com tampas removíveis.
163
6. Recomendações gerais
7.1 Introdução
hermético, sem o oxigênio, que foi consumido pela respiração da semente e com
produção de CO2, insetos e fungos não se desenvolviam e os grãos se conservavam
muito bem. Por milhares de anos o homem utilizou de potes de barro, escavações em
solo argiloso revestidos de capim, como forma de prevenir contra pragas e conservar
grãos de trigo. Entretanto, com o advento da indústria agroquímica, as práticas naturais
deram lugar aos inseticidas. A partir de então o homem passou a adotar medidas
curativas. Portanto, neste trabalho será enfocado, à luz do conhecimento atual, práticas
para o controle preventivo e curativo visando a proteção de grãos armazenados
contra o ataque de pragas (EMBRAPA, 2011).
Como prevenir a ocorrência de pragas
O controle preventivo constitui um passo importante para o sucesso
de um programa de manejo integrado de pragas em grãos armazenados. Para
implementar um efetivo programa de manejo integrado, com redução do potencial de
infestação, torna-se necessário que a gerência da unidade armazenadora se conscientize
da importância da influência dos fatores ecológicos, como temperatura, teor de
umidade do grão, a umidade relativa do ambiente e o período de armazenagem,
envolvidos no sistema. Da mesma maneira a escolha da cultivar, o processo de
colheita, a recepção e limpeza, a secagem de grãos, a aeração e refrigeração, são
fatores também importantes para o controle preventivo das pragas de grãos
armazenados.
Uma característica positiva dos grãos é a possibilidade de serem armazenados
por longo período de tempo, sem perdas significativas da qualidade. Sobre o ambiente
dos grãos armazenados exercem grande influência os fatores como temperatura,
umidade, disponibilidade de oxigênio, microorganismos, insetos, roedores e pássaros.
Importância da cultivar sobre a preservação da qualidade dos grãos
De modo geral as cultivares que produzem grãos mais duros são mais
resistentes ao ataque de pragas. Fatores como o empalhamento (Figura 136), a dureza
do grão e a concentração em ácidos fenólicos são preponderantes para a menor
incidência de pragas, as quais iniciam o ataque no campo, mas é no armazém que se
multiplicam em grande número e causam os maiores danos. È desejável que a cultivar
apresente empalhamento que cubra bem a ponta da espiga, pois esta característica
evita dano por insetos e por fungos que propiciam a ocorrência de grãos ardidos, que
tenha maior teor de ácidos fenólicos e conseqüentemente grãos mais duros para
165
umidade, uma vez resfriados a 10 oC, permanecem, sem sofrer aquecimento suficiente
para causar danos por até 10 meses. A quantidade de energia para resfriar o grão
depende de vários fatores, como por exemplo, teor de umidade e temperatura da massa
de grãos. Grãos mais úmidos são mais fáceis de serem resfriados do que grãos secos.
Outros fatores importantes são a temperatura do ar ambiente e a umidade relativa do ar.
Tabela-8 . Tempo de duração, ou intervalo necessário para novo resfriamento para garantir a
qualidade do milho, a partir de uma refrigeração inicial de 10 o C.
Teor de umidade do grão Tempo de duração até novo resfriamento
12,0 " 15,0% Aproximadamente 08 " 12 meses
15,5 " 17,5% Aproximadamente 06 " 10 meses
17,5 " 18,5% Aproximadamente 04 " 06 meses
18,5 " 20,0% Aproximadamente 01 " 04 meses
20,0 " 23,0% Aproximadamente 02 " 08 semanas
Fonte: Embrapa (2009)
Higienização espacial
a) Para prevenir e controlar a infestação é preciso conhecer onde os insetos
ocorrem ou se escondem. Levantamentos têm demonstrado que a maioria das unidades
armazenadoras vazias são infestadas por insetos de diferentes espécies e por ácaros.
Alimentos para animais como rações, equipamentos agrícolas como carretas
transportadoras de grãos constituem outras fontes de infestação. Muitos insetos são
dotados de grande capacidade de vôo o que aumenta sua condição de infestar os grãos
armazenados. Para evitar maiores problemas durante a armazenagem algumas medidas
preventivas devem ser tomadas:
Promover uma boa limpeza dos grãos antes de serem armazenados, isto porque
os insetos têm mais dificuldades de infestar grãos limpos; Limpar toda a estrutura, de
preferência utilizando-se de jatos de ar para desalojar a sujeira das paredes e dos
equipamentos, e recolher todo o material fino com aspirador de pó;Inspecionar todo o
teto e consertar toda e qualquer possibilidade de goteira antes de carregar o silo ou
armazém; Não permitir acúmulo de lixo, dentro ou mesmo fora da unidade
armazenadora; Pulverizar as paredes, tetos e piso de unidades armazenadoras vazias
com produto inseticida registrado e aprovado tecnicamente para esta finalidade;
170
Armazenamento a granel
O armazenamento de milho a granel, em estruturas com sistemas de
termometria e aeração forçada, é o método que permite melhor qualidade do produto.
171
direta com o inseticida Pirimiphos metil mantém-se livre de insetos durante todo o
período de armazenamento (EMBRAPA, 2011). Por esses resultados, pode-se concluir
que a operação de expurgo no armazenamento do milho a granel, não funciona bem
como método preventivo, e, portanto, deve ser repetida, de forma curativa, a cada três
meses. A mistura de inseticida aos grãos também garante o controle dos insetos. As
doses e o tempo de exposição no expurgo com Fosfina encontram-se na Tabela 21.
do paiol, faça novo expurgo e guarde-o novamente, novos paios idealizados pela
Embrapa reúnem características que permitem realizar o expurgo, após o
armazenamento, tendo-se o milho já dentro do paiol.
Mesmo com os novos modelos de paióis que facilitam o expurgo, ainda continua o
interesse de pequenos e médios agricultores por um inseticida na forma de pó, em
substituição ao inseticida Malathion que perdeu a eficiência, para ser usado, de forma
preventiva, para o combate de insetos no milho em espiga.
que atingem até 15% do peso do milho armazenado (Figura 137) . Embora ainda não
seja encontrada no Brasil, devido aos grandes prejuízos que vem causando ao milho
armazenado, no México e em países da América Central e da América do Sul, bem
como em alguns países africanos, deve-se prestar atenção à broca-grande-do-grão,
Prostephanus truncatus a fim de evitar sua entrada no país (Fig. 138).
BIBLIOGRAFIA