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ABSTRACT: In this article, we have analyzed how the topics of semantic are discussed
and addressed in Portuguese Language Textbooks of the 1990s, especially in manuals
for Elementary School II. At first, four textbooks from distinct collections are analyzed.
As a theoretical contribution to the development of this study, we have used
researches by Witzel (2002), Freitag, Costa and Motta (1997), Bunzen (2014), such as
the Textbooks guide - PNLD (2014), which refer to discussions about of school copies.
For the studies focusing on semantics, we have used researches by Oliveira (2001,
2009, 2003), Cançado (2013), Pietroforte and Lopes (2012), Fossile (2013, 2014,
2015), Ilari (2011), Fiorin (2015, 2011), Orlandi (1986, 2005), Mussalim (2003). We
have emphasized that the results achieved are neither conclusive nor exhaustive,
however, from the developed study, we have ratified that semantics is repeatedly
presented in the school textbooks analyzed from training activities which often
address the meaning under the grammar bias.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O objetivo principal deste estudo é analisar como a semântica é abordada em
Livros Didáticos de Língua Portuguesa (doravante LDP), optamos por analisar manuais
destinados ao Ensino Fundamental II. Interessam-nos, principalmente, manuais
escolares antigos, por isso optamos pelos LDP da década de 1990, inicialmente
exemplares de 1990 a 1995; pois, pretendemos analisar e descrever, especificamente,
como a semântica foi tratada nos manuais didáticos que não foram oficialmente
avaliados no âmbito do Programa Nacional do Livro Didático (doravante PNLD), mas
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Este artigo apresenta resultados parciais alcançados a partir do projeto de pesquisa intitulado
“Livros Didáticos de Língua Portuguesa: com o olhar focado no ensino de Semântica”,
coordenado pela professora Dra. Dieysa Kanyela Fossile, da Universidade Federal do Tocantins
(UFT/Campus de Araguaína). A pesquisa pretende analisar como a semântica é abordada nos
Livros Didáticos de Língua Portuguesa que passaram e que não passaram pela avaliação do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). O estudo conta com a participação e com a
contribuição de alunas do curso de Letras (UFT): Mychelle Nayara Rêgo Nolêto e Jéssica de
Oliveira Lopes.
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Professora Adjunta da Universidade Federal do Tocantins (UFT/Campus de Araguaína) vinculada
ao curso de Letras e ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura.
Contatos: dieysafossile@bol.com.br; dieysafossile@yahoo.com.
Com base nas palavras de Cançado (2013) e nos estudos de Oliveira (2001),
verificamos que as palavras não são aleatoriamente lançadas ao vento como as folhas,
elas têm significado4, e esse é o significado que a semântica procura investigar. A
princípio, parecia que tínhamos resolvido a dúvida concernente à pergunta (i), porém a
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Esta seção foi elaborada em parceria com Mychelle Nayara Rêgo Nolêto, recém-graduada em
Letras pela Universidade Federal do Tocantins (UFT/Campus de Araguaína), pesquisadora
voluntária do projeto de pesquisa “Livros Didáticos de Língua Portuguesa: com o olhar focado no
ensino de Semântica”. A temática do Trabalho de Conclusão de Curso, da aluna em questão,
estava relacionada com o projeto de pesquisa mencionado.
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Poema de ZhuangZi mencionado por Oliveira (2001, p. 12) em seu livro “Semântica Formal:
uma breve introdução”.
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Confira também o texto: “Parece que as coisas estão mudando: aos poucos a semântica
começa a aparecer nos livros didáticos de língua portuguesa”. (Informações completas sobre
esse texto são apresentadas nas referências deste artigo).
[...] [i] Tá chovendo. A Maria mais que depressa sai correndo para tirar
a roupa do varal, dizendo: [...] [ii] Já tô indo tirar a roupa do varal. Veja
que os atos de Maria, inclusive o ato linguístico (seu proferimento),
não respondem ou se relacionam diretamente à sentença que Joana
proferiu, mas decorrem dela. Se atentarmos apenas para o significado
da sentença, notaremos que a Joana afirma que no momento em que
ela profere a sentença é o caso que está chovendo e nada mais. Ela
não pede explicitamente para que a Maria recolha a roupa do varal.
Mas é possível “deduzir” que foi isso que a Joana quis dizer se
contextualizarmos a fala de Joana, isto é, se atentarmos para outros
elementos dados pela situação de fala e que constituem o
proferimento linguístico: Joana e Maria sabem que a roupa está no
varal, que Maria é a empregada, logo que é ela quem deve cuidar dos
afazeres da casa, que chuva molha a roupa, que o que a Joana disse é
verdade (a Joana não está brincando), etc. Todas essas informações (e
outras) constituem o fundo conversacional no qual o proferimento de
Maria se realiza e ele permite um raciocínio inferencial como: dada a
situação, se a Joana disse que está chovendo é porque ela quer que eu
tire a roupa do varal. Tanto a resposta quanto os atos de Maria
mostram que ela entendeu o pedido indireto de Joana. Esse significado
é também linguístico, porque ele depende do que foi dito na situação,
mas ele não é propriamente semântico, porque ele depende de um
cálculo inferencial (da esfera da pragmática) que envolve elementos
contextuais a partir do significado da sentença, este sim objeto da
semântica.
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Tal como, a semântica argumentativa, a semântica cognitiva, a semântica computacional, a
semântica cultural, a semântica da enunciação, a semântica lexical, etc.
A partir daí, concluímos que a comissão designada para a avaliação dos LDP
valoriza exemplares que discutem e tratam do estudo dos significados, isto é, que
abordam a semântica; pois, é essa a impressão que temos ao ler, no guia, a sinopse da
obra em questão. Essa conclusão contribuiu para despertar o nosso interesse em
analisar como a semântica é discutida e apresentada nos manuais escolares que não
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PNDL – Plano Nacional do Livro Didático - corresponde do 6º ano ao 9º ano.
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As atividades que são apresentadas neste artigo foram retiradas de LDP dos anos de 1990-1995. Essas
atividades foram selecionadas pelas alunas do curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins
(UFT/Campus de Araguaína): Mychelle Nayara Rêgo Nolêto e Jéssica de Oliveira Lopes → (bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq).
Caso (01):
Figura 02: Ambiguidade lexical. Fonte: FERREIRA, Luiz Antônio. Atlas de Português.
Ensino Fundamental. 4º edição, 5ª série (atual 6º ano). São Paulo: Ática, (1992, p. 111).
Figura 03: Ambiguidade lexical. Fonte: MESQUITA, Roberto Melo; MARTOS, Cloder
Rivas. Português Linguagem & Realidade. Ensino Fundamental. 7ª série (atual 8º ano).
São Paulo: Saraiva, 1995, p. 44.
Quadro 02: Casos de Ambiguidade Lexical. Exemplos retirados de LDP.
Ressaltamos que não é nosso objetivo, neste texto, discutir ou diferenciar esses
casos, polissemia e homonímia, apenas percebemos que essas atividades,
apresentadas no quadro 02, tratam de uma questão que poderia ter sido melhor
abordada nesses exemplares escolares antigos, que estão sendo examinados. Pois,
conforme observado nos LDP analisados, parece-nos que a preocupação desses
manuais foi em apenas apresentar ao aluno o fenômeno da polissemia e respectivos
exercícios de fixação. Notamos que não houve uma preocupação em levar o aluno a
refletir e discutir de maneira crítica sobre os significados ambíguos que as palavras
podem possuir e/ou assumir. Nem mesmo houve preocupação em abordar ou
confrontar ocorrências de polissemia e de homonímia, levando os estudantes a pensar
sobre esses casos que são tão próximos e ao mesmo tempo distintos.
Conforme Orlandi (1986, p. 60), “a linguagem não é só instrumento de
pensamento ou instrumento de comunicação. Ela tem função decisiva na constituição
da identidade” do aluno, que a partir da sua própria história e experiência de vida
tenta se constituir como um sujeito falante e usuário de uma língua repleta de
significados, produzindo, elaborando, interpretando e compreendendo sentidos acerca
da linguagem que utiliza. Fiorin (2015, p. 78), por sua vez, afirma que os significados
são criados pela linguagem humana. “Portanto, a argumentação é uma questão de
linguagem. Por isso, nela o enunciador trabalha com a pluralidade de sentidos de uma
palavra (polissemia), com as ambiguidades. É ela que permite os jogos de palavras
[...]”. Nesse caso, sustentamos com base nas pesquisas de Oliveira (2003, p. 43) que
“na semântica da enunciação, o significado é descrito nas relações de dialogia, de
argumentatividade. Ele não serve, pois, para apontar algo no mundo exterior, mas para
convencer, para seduzir o outro”. Oliveira (2003, p. 28) ainda aborda que
Caso (03):
Figura 04: Sinônimos. Fonte: FERREIRA, Luiz Antônio. Atlas de Português. Ensino
Fundamental. 4º edição, 5ª série (atual 6º ano). São Paulo: Ática, 1992, p. 11.
Figura 05: Sinônimos. Fonte: GOLDSTEIN, Norma; DIAS, Marinez. Linguagem é Vida. Ensino
Fundamental. 6ª série (atual 7º ano). São Paulo: Ática, 1993, p. 107.
Caso (05):
Figura 06: Sinônimos. Fonte: MESQUITA, Roberto Melo; MARTOS, Cloder Rivas. Português
Linguagem & Realidade. Ensino Fundamental. 7ª série (atual 8º ano). São Paulo: Saraiva,
1995, p. 32.
Caso (06):
Figura 07: Sinônimos. Fonte: TUFANO, Douglas. Curso Moderno de Língua Portuguesa:
primeiro grau. 6ª série (atual 7º ano). São Paulo: Moderna, 1990, p. 2.
Quadro 03: Casos de Sinonímia. Exemplos retirados dos LDP.
Verificamos que as atividades propostas pelos LDP antigos, que são analisados
neste estudo, abordam amplamente a questão do significado a partir de atividades que
tratam, especificamente, do caso dos sinônimos. Essas atividades que são exibidas nos
manuais examinados não são acompanhadas de explicações ou reflexões que incitam
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Livros didáticos de Língua Portuguesa: com o olhar focado no ensino de semântica.
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Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-historico>. Acesso
em: 15 de novembro de 2015.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos iniciais que estão sendo desenvolvidos acerca dos LDP revelam que
grande parte desses manuais escolares, que datam de 1990 a 1995, foram elaborados
sob o enfoque tradicional, isto é, assuntos de âmbito semântico são tratados de
maneira simples, superficial e de acordo com a gramática normativa tradicional.
Ressaltamos que os resultados aqui apresentados não são conclusivos ou
exaustivos. Cabe, agora, continuarmos as pesquisas para que possamos analisar como
a semântica foi tratada nos compêndios escolares que datam de 1996 em diante,
quando teve início o processo de avaliação pedagógica dos LD no âmbito do PNLD.
REFERÊNCIAS
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