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ISBN 85-7304-217-6
Impresso no Brasil
1) Abraão
O viver de Abraão foi um viver prático em união
com o Senhor. Abraão não teve repentinamente uma
visão na qual Deus lhe disse que tinha um elevado
propósito a executar na terra; que necessitava dele;
que Isaque precisava casar-se, a fim de que fosse
cumprido o Seu propósito. Não existe tal visão no
capítulo 24. Pelo contrário, o relato de Gênesis é
comum e humano. De acordo com esse registro, um
homem, já em idade avançada, teve um filho.
Quando o filho tinha trinta e sete anos, a esposa do
primeiro e não do segundo, morreu, e o esposo
sepultou-a de maneira bem significativa. Pai e filho,
ambos viúvo e solteiro, foram deixados sozinhos,
vivendo juntos naquela triste condição, durante três
anos. O filho deve ter dito: “Pai, onde está minha
mãe? “, e o pai deve ter replicado: “Filho, onde está a
tua esposa? “ O pai sentia-se responsável para cuidar
do seu filho. Talvez tenha dito: “Perdi minha esposa e
meu filho agora tem quarenta anos. Certamente esta
é a hora exata para ele se casar. Mas estamos
rodeados pelos cananeus, nenhum dos quais jamais
seria aceito por Deus”. Não há registro algum de que
Deus lhe tenha dito: “Abraão, deixe-Me encarregá-lo
de enviar alguém ao seu próprio país, a fim de
conseguir uma esposa para Isaque. Jamais lhe
permitirei tomar uma cananéia como esposa para seu
filho”. Embora não haja registro algum de que Deus
lho tenha dito, Abraão teve tal compreensão. De onde
o deduziu? Do seu viver consoante a concepção de
Deus.
Abraão foi um homem que viveu em união com
Deus. Se eu viver em união com certo irmão dia após
dia, não haverá necessidade de que ele me venha
dizer muitas coisas. Já estarei sabendo do que ele
gosta e do que ele não gosta, o que lhe agrada e o que
o ofende. Se eu o amar e viver em união com ele, tudo
o que eu disser e fizer estará de acordo com aquilo de
que ele gosta ou desgosta. Sinto dizer que muitos
cristãos não vivem em união com Deus. Quando
surgem assuntos importantes, ajoelham-se e oram:-o
Senhor, qual é a Tua vontade? “ Depois disso, não
seguem a vontade de Deus, mas sua própria
concepção. Não conheceremos a vontade de Deus
orando dessa maneira. Se quisermos conhecê-la,
precisaremos viver em união com Ele. Se vivermos
em tal união, Ele não terá necessidade de dizer-nos o
que deseja, porque já o estaremos sabendo, sendo um
com Ele.
Embora estivesse aflito por cuidar do casamento
do filho, Abraão não aceitaria uma cananéia por
esposa de Isaque. Se fôssemos Abraão, possivelmente
teríamos tomado o caminho mais fácil, e talvez
disséssemos: “Há muitas moças aqui na terra de
Canaã. Por que não posso escolher uma delas para
esposa de meu filho? Deve haver alguma aqui bem
perto! “ Abraão não pensou dessa maneira, mas
enviou o seu servo mais velho para longe, de volta ao
país de onde viera, a fim de encontrar uma esposa
para Isaque, Embora Deus jamais lhe houvesse dito
que o fizesse, o que ele fez estava de acordo com a
vontade e com a concepção interior de Deus. Como
vimos, Abraão conhecia a vontade e a mente do
Senhor, porque estava vivendo numa união prática
com Ele.
Abraão não era a única pessoa a ter tal viver.
Todos os mencionados neste capítulo estavam
vivendo numa atmosfera de união com Deus. Abraão,
o servo mais velho, Rebeca, Labão, Betuel e Isaque,
todos estavam vivendo em união com Deus. Espero
que, nas igrejas, todos vejam que precisamos hoje de
tal viver para o cumprimento do propósito de Deus.
Não precisamos orar e buscar a vontade de Deus;
precisamos viver em união com Ele. Se assim
vivermos, partilharemos de Sua concepção: seja lá o
que for e o que quer que pensemos e façamos, tudo
estará de acordo com o Seu sentimento. Deus não
terá necessidade de dizer coisa alguma porque
sentiremos o que Ele sente, conhecendo o Seu
sentimento interior, por vivermos em união com Ele.
a) Fiel na Responsabilidade
O servo mais velho de Abraão foi fiel na
responsabilidade (24:5, 9, 33, 54, 56). Seguiu as
pegadas de seu amo, sendo fiel. Creio que recebeu
uma infusão da vida de seu senhor, observando como
Abraão tudo fizera pela confiança no Senhor. Como
resultado, o servo também confiou em Deus.
3) Rebeca
b) Decidida
Rebeca era decidida (24:57-58, 61). Embora
jamais tivesse visto Isaque, estava disposta a ir para
ele sem hesitação. Não disse à mãe: “Mamãe, eu
nunca vi Isaque. Talvez devesse corresponder-me
com ele primeiramente e depois pedir-lhe que nos
visite. Então poderia decidir se me caso com ele ou
não”. Ela não falou dessa maneira. Embora seu irmão
e sua mãe estivessem hesitando, querendo que ela
ficasse ao menos dez dias, ela disse: “Irei”. Era
decidida.
Nos últimos quarenta anos, vi inúmeras jovens
irmãs que desenvolveram problemas mentais como
resultado de pensarem sobre o casamento. Algumas
gastaram dias, semanas, meses e até anos, a pensar
se certo irmão seria ou não o que Deus lhes havia
preparado. Quando uma dessas tais irmãs vinha a
mim com problemas desse tipo, eu lhe dizia, com um
tom de repreensão: “Se você sente que ele é o irmão,
case-se com ele cegamente. Mas se ele não é tal,
esqueça-o, e não fale mais a esse respeito. Quanto
mais você reflete, mais aborrece a Deus, a si mesma e
a mim. Como posso dizer-lhe sim ou não? Se disser
sim, você argumentará que não o conheço bem. Se
disser não, você se sentirá infeliz porque já se
apaixonou por ele. Não pense mais sobre o assunto.
Ou você se casa com ele ou o esquece”. Fui categórico
em dizer-lhes isso. Jovens irmãs, se quiserem casar-
se, precisam aprender a ser bondosas, diligentes e
decididas.
c) Submissa
Rebeca também foi submissa (24:64-65).
Quando viu Isaque e percebeu quem ele era, “tomou
o véu e se cobriu”. Irmãs, não coloquem um pedaço
de pano sobre a cabeça como decoração ou
ornamento. Isso deve ser um sinal de sua submissão.
Se você é casada, já não é mais o seu próprio cabeça.
Seu marido é seu cabeça, e sua cabeça deve ser
coberta. Esse é o verdadeiro significado do
casamento.
4) Labão e Betuel
Labão e Betuel estavam no temor do Senhor
(24:29-31). Ambos também foram muito
hospitaleiros (24:31-33). A hospitalidade sempre
introduz uma bênção maior. Para Rebeca, filha de
Betuel e irmã de Labão, tomar-se esposa de Isaque
foi grande bênção. Tal bênção foi assegurada por
serem eles hospitaleiros. Se não o fossem, mas, pelo
contrário, rejeitassem o servo de Abraão, aquele
casamento maravilhoso jamais teria ocorrido. Além
disso, aceitaram a soberania do Senhor, dizendo:
“Isto procede do Senhor, nada temos a dizer fora da
sua verdade” (24:50-51, 55-60). Labão e Betuel
reconheceram que os acontecimentos eram obra do
Senhor, e que eles mesmos não tinham o direito de
dizer coisa alguma sobre o assunto. Vimos aqui a
atmosfera de sua vida, uma vida em união com Deus.
5) Isaque
Isaque não era um homem de atividade, pois ele
nada fez. Simplesmente habitou junto a um poço,
próximo a um lugar de água viva. Gênesis 24:63 diz:
“Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde”.
Os tradutores da Bíblia ficam preocupados com a
tradução desse versículo em hebraico. Algumas
versões interpretam tal passagem como Isaque indo
ao campo para orar; outros dizem que ele foi ao
campo para adorar. Pode ter ocorrido que Isaque
estivesse meditando na presença do Senhor,
possivelmente refletindo sobre o próprio casamento.
Perdera a mãe, não tinha uma esposa, e o servo mais
fiel viajara. Isaque não sabia se o servo haveria de
voltar algum dia. A família não tinha segurança nem
proteção; e ele estava numa situação de desespero.
Então saiu ao campo para buscar o Senhor e meditar
diante de Deus. Enquanto meditava, Rebeca chegou.
Depois que o servo lhe disse tudo o que ocorrera,
Isaque assumiu o que seu pai fizera por ele, e
desposou Rebeca (24:66-67). Seu casamento foi uma
herança, não uma disputa. Não lutou por uma esposa.
Herdou o que o pai fizera por ele. Nada fez para obter
uma esposa. Somente assumiu o que o pai lhe
assegurara. Agindo dessa maneira, foi um com o
Senhor, de modo que se pudesse cumprir nele o
propósito de Deus. Teve um casamento real e sólido,
sem uma cerimônia de matrimônio.
1) O Plano do Pai
Em primeiro lugar temos o plano do Pai. De
acordo com a versão de João Ferreira de Almeida,
Efésios 3:11 fala do “eterno propósito que estabeleceu
em Cristo Jesus nosso Senhor”. A palavra “propósito”
é um termo arcaico para a palavra mais moderna
“plano”. Quando falamos do plano de Deus,
referimo-nos ao Seu propósito. Na eternidade
passada Deus fez um plano, um plano de ter a igreja
para Cristo (Ef 3:8-11). O plano de Deus não é
somente ter um grupo de pecadores nem ter um
grupo de redimidos. Tal concepção é muito
superficial. O Seu plano é ter uma noiva para Seu
Filho.
Ouvimos dizer várias vezes que Cristo veio para
salvar os pecadores. Mas você já ouviu alguma
mensagem dizendo que Cristo veio para conseguir
uma noiva? João 3:29 diz: “O que tem a noiva é o
noivo”. Nos quatro Evangelhos, o Senhor disse a Seus
discípulos que Ele era o Noivo (Mt 9:15). Ele veio não
somente para salvar os pecadores, mas também para
obter a noiva. Somos ainda pecadores? Não, somos a
noiva! Louvado seja o Senhor, pois não somos mais
pecadores; somos a noiva! Devemos ainda nos
achegar diante de Deus, confessando-Lhe nossos
pecados de maneira suplicante? Não! Precisamos nos
achegar a Ele com alegria, dizendo:
“Louvado seja o Senhor! Estou tão feliz porque já
não sou mais um pecador. Sou uma parte da noiva!
“ Cristo não veio meramente para ser o nosso
Salvador e Redentor. Ele também veio para ser o
Noivo. Deus não planejou salvar um grupo de pobres
pecadores e introduzi-los todos no céu, mas planejou
tomar uma parte da raça humana e fazer dela o
complemento do Seu querido Filho. Por fim, no novo
céu e na nova terra não haverá um grupo de míseros
pecadores; haverá a noiva, a Nova Jerusalém, a
esposa do Cordeiro.
Como vimos, Deus Pai planejou tomar da raça
humana uma noiva para Seu Filho. Abrãao, um tipo
do Pai, encarregou seu servo, um tipo de Espírito
Santo, de tomar uma esposa para seu filho; não
dentre as filhas dos cananeus, mas dentre a parentela
de Abraão (24:4, 7). Em tipologia, isso indica que o
complemento de Cristo deve provir da raça de Cristo,
não dos anjos nem de qualquer outra criatura.
Encarnando-se Cristo como homem, a humanidade
tornou-se a Sua raça. Não a considere tão pobre. A
humanidade não é pobre. Por ser a raça de Cristo, ela
é querida e preciosa para Deus. Somente dela Deus
pode obter o complemento para Seu Filho. Portanto,
todos precisamos orgulhar-nos de ser uma parte dela,
e dizer: “Louvado seja o Senhor porque sou um
homem! Graças a Ele por eu não ter sido criado como
parte da raça angélica, mas como parte da raça
humana”.
Em Gênesis 2 vemos que Deus levou os seres
vivos a Adão para que este lhes desse nomes. Adão
disse: “Esse é um cão e aquele é um gato. Isto é um
macaco e aquilo é um jumento”. Quando olhou para
todas aquelas criaturas não encontrou entre elas o
seu complemento. Assim, Deus fez cair um profundo
sono sobre ele, tomou uma de suas costelas e edificou
uma mulher como seu complemento (2:21-22).
Assim, Adão e Eva eram da mesma raça, o que
prefigura que o complemento de Cristo precisa vir de
Sua raça, a raça humana. Todos nós fomos criados
raça humana, e como parte da raça humana todos
renascemos. Somente a raça humana está qualificada
para ser o complemento de Cristo.
2) A Missão do Espírito
Enquanto o pai tinha um plano, o servo recebeu
uma incumbência, uma missão (v. 33). Abraão
incumbiu-o de ir à sua raça e tomar para seu filho
uma esposa. Isso quer dizer que Deus Pai
comissionou Deus Espírito. O Novo Testamento
revela essa comissão divina.
c) Convencer a Noiva
O Espírito também convence a noiva (24:54-58).
Depois que o servo, prefigurando o Espírito, trouxe
as riquezas a Rebeca, esta ficou convenci da e
prontificou-se a casar com Isaque. Embora seus
parentes quisessem que se demorasse um pouco mais,
ela, depois de ouvir o testemunho do servo de Isaque,
disse: “Irei” (24:58). Dispôs-se a ir a Isaque, à terra
de Canaã. De semelhante modo, estamos dispostos a
ir a Cristo. Embora jamais O tivéssemos visto, fomos
atraídos a Ele, e O amamos (1 Pe 1:8). Mesmo não
tendo visto Isaque, Rebeca o amou. Quando ouviu a
seu respeito, simplesmente o amou e quis dirigir-se a
uma terra longínqua para estar com ele. Uma vez que
estejamos dispostos a ir a Cristo, é um sinal de que
somos a Rebeca escolhida. Ao observar os jovens
amando Jesus eu dizia: “O que todos estes jovens
estão fazendo aqui? Por que não buscam as coisas do
mundo? “ Mas bem no meu íntimo eu sabia a razão.
Todos fomos convencidos de que Cristo é o
Maravilhoso. Ele é o mais amável em todo o universo.
Como O amamos! Quando cavalgava seu camelo para
estar com Isaque, Rebeca deve ter dito muitas vezes:
“Isaque, eu te amo! Isaque, quero ver-te e estar
contigo! “ Hoje ocorre o mesmo conosco. Enquanto
estivermos fazendo nossa longa jornada, diremos
repetidas vezes: “Jesus, eu Te amo. Jesus, desejo
ardentemente encontrar-Te e estar na Tua presença”.
3) A Resposta da Igreja
Agora precisamos considerar a resposta da igreja.
Como vimos, Rebeca respondeu imediatamente,
dispondo-se a ir com o servo a Isaque. Embora em
nossa natureza velha e caída haja relutância em
seguir de imediato o Senhor, não podemos negar que
também existe dentro de nós a disposição de segui-
Lo. Mesmo estando nessa velha natureza, ainda nos é
fácil seguir o Senhor. É muito mais fácil segui-Lo do
que não segui-Lo, Não acredite na mentira do
inimigo quando diz que você pode ser facilmente
impedido de seguir o Senhor. Diga-lhe: “Nada pode
frustrar o meu desejo de seguir o Senhor. No meu
íntimo há um ardente desejo de segui-Lo”. Satanás é
um mentiroso. Às vezes, ele até mesmo mente por
meio de pregadores que falam coisas negativas e
dizem-nos que não podemos amar o Senhor Jesus.
Não acredite nessas mentiras, mas declare: “Não! Eu
posso e amo o Senhor Jesus! “ Podemos até mentir a
nós mesmos, dizendo: “Sou tão fraco. Simplesmente
não posso seguir o Senhor. É melhor dar meia-volta e
retroceder”. Temos de rejeitar essa mentira e dizer:
“Jamais retrocederei. Seguirei o Senhor Jesus”.
Jamais acredite na mentira de que você não ama o
Senhor. Diga ao inimigo: “Eu amo o Senhor Jesus. O
fato de amá-Lo não está na dependência da minha
capacidade de amar. Depende do fato de Ele ser tão
amável. Sendo Ele tão amável, não consigo deixar de
amá-Lo”. Se lhe desse um par de sapatos velhos, você
os rejeitaria, dizendo: “Não me importam! “ Mas se
eu lhe der alguns diamantes, facilmente se agradará
deles, não porque você tenha capacidade de amá-los,
mas porque eles são maravilhosos. De semelhante
modo, não amamos o Senhor Jesus porque somos
capazes de amar; nós O amamos porque Ele é muito
amável. Em Gênesis 24, não foi Rebeca quem se
mostrou capaz de amar Isaque e corresponder ao seu
amor; Isaque é que se mostrou amável.
c) Seguir o Espírito
Depois de receber e desfrutar todas essas
riquezas, Rebeca seguiu o servo, viajando num
camelo pelo deserto, até encontrar Isaque (24:58, 61-
65). De semelhante modo, estamos seguindo o
Espírito, fazendo uma longa jornada sobre um
“camelo”. Quando encontrarmos Cristo,
desmontaremos do nosso “camelo”. Todas as
conveniências modernas como telefones, automóveis
etc. são os nossos camelos hoje. Rebeca viajou pelo
deserto sobre um camelo, e nós estamos viajando
pelo deserto sobre os “camelos” de hoje. De acordo
com Levítico 11, o camelo é imundo, ainda que seja
útil. Muitas das conveniências de hoje não são limpas
aos olhos de Deus. Todavia capacitam-nos a viajar
pelo deserto. Quando O encontrarmos,
abandonaremos os “camelos”.
4) O Casamento do Filho
Num sentido positivo, o filho, Isaque, nada fez.
Isso indica que tudo é planejado pelo Pai e executado
pelo Espírito. Tudo o que o Filho faz é receber a noiva.
Isaque recebeu Rebeca ao cair da tarde (24:63-
64) , implicando que o casamento de Cristo será ao
crepúsculo da era. Ao terminar esta era, Cristo virá
encontrar Sua noiva.
Isaque conduziu Rebeca para dentro da tenda de
sua mãe e amou-a (24:67). Como vimos, Sara
tipificava a graça. Assim, isso quer dizer que Cristo
nos encontrará tanto em graça como em amor.
Esse capítulo termina com essas palavras:
“Assim foi Isaque consolado depois da morte de sua
mãe”. Se eu fosse o escritor, teria dito que Rebeca foi
confortada após sua longa viagem. Mas a Bíblia não
diz assim. Não atente para o seu conforto, para a sua
satisfação; pelo contrário, atente para o conforto de
Cristo, para a satisfação Dele. Se Ele não tiver
conforto e satisfação também não poderemos tê-los.
Nossa satisfação depende da Dele. Nosso conforto é o
Seu conforto, e a Sua satisfação é a nossa. Cristo está
agora esperando pelo Seu conforto. Quando o terá?
No dia do Seu casamento. Esse dia chegará.
MENSAGEM SESSENTA E DOIS
HERDANDO GRAÇA
Enfatizamos nas mensagens anteriores que,
segundo a experiência de vida, Abraão, Isaque e Jacó
são três partes de uma pessoa completa e' que por
isso não deveríamos considerá-los como três
indivíduos separados. Se percebermos a vida contida
no livro de Gênesis veremos que, aos olhos de Deus,
essas três pessoas são uma unidade completa em
experiência de vida.
DESCANSANDO E DESFRUTANDO
Agradecemos ao Senhor por haver-nos dado, no
Antigo Testamento, um quadro claro e maravilhoso
da experiência de vida. No Novo Testamento temos a
revelação da experiência de vida, mas não temos dela
um quadro tão claro como observamos no Antigo
Testamento. Estamos todos familiarizados com o
provérbio que nos diz que uma figura é melhor do
que mil palavras. Embora tenhamos despendido
muitos anos a refletir sobre a experiência de vida
revelada no Novo Testamento, não podemos ter
certeza disso somente por meio das palavras do Novo
Testamento. Precisamos também das figuras do
Antigo Testamento. Pela misericórdia do Senhor
temos visto através dos anos que todas as histórias
do Antigo Testamento descrevem os diversos
aspectos da experiência de vida. Bem no íntimo sinto
que o Senhor nos mostrou o quadro completo e
capacitou-nos a compreender o seu significado real.
Como já enfatizamos, há três aspectos na
experiência de vida de todo cristão: o de Abraão, o de
Isaque e o de Jacó. Se não tivéssemos essa visão clara,
apenas haveríamos de considerar Abraão, Isaque e
Jacó como três indivíduos separados. Mas após
recebermos a revelação e a compreensão à luz do
Novo Testamento, percebemos que esses três
homens não são três indivíduos separados, mas três
aspectos de uma única pessoa completa na
experiência de vida. Alguns, achando difícil acreditar
que Abraão, Isaque e Jacó representam três aspectos
de uma pessoa completa, podem argumentar: “Como
você pode dizer que Abraão não é uma pessoa
completa? Abraão é só Abraão, e o mesmo é verdade
com relação a Isaque e Jacó”. Se você não crê que
essas três pessoas são três aspectos da experiência
completa de uma única pessoa, eu lhe pergunto: Você
pode ver a escolha de Deus em Abraão? O primeiro
item de nossa experiência com Deus é a Sua escolha,
feita antes da fundação do mundo. Vemos isso
claramente no Novo Testamento (Ef 1:4), mas não
podemos vê-lo na experiência de Abraão. Assim, no
que diz respeito à escolha de Deus, Abraão precisa de
mais alguém para aperfeiçoá-lo, A escolha, que não
podemos encontrar na vida de Abraão, está revelada
na de Jacó. Além de sermos escolhidos, nós, cristãos,
também somos chamados. Em Isaque não vemos
nem escolha nem chamamento. Dessa forma, em si
mesmo, Isaque não é completo. O seu chamamento
está em Abraão, assim como a escolha deste está em
Jacó. Por meio desses dois exemplos, todos
deveríamos ficar convencidos de que Abraão, Isaque
e Jacó constituem três aspectos de uma única pessoa
completa na experiência de vida. Em certo sentido,
somos todos Abraãos, porque fomos chamados e
aprendemos a viver pela fé em Deus em comunhão
com Ele. Por termos sido também colocados em
posição de graça, somos igualmente Isaques. Além
disso, como veremos nas mensagens posteriores,
somos também Jacós.
O aspecto de Isaque desvenda a questão da graça.
Não apenas fomos chamados e aprendemos a viver
pela fé em Deus e em comunhão com Ele, mas
estamos diariamente desfrutando algo de Deus. Se
não tivermos qualquer gozo em nossa vida cristã, não
seremos capazes de vivê-la. Caso contrário, seríamos
muito miseráveis. Glória ao Senhor porque temos
não só o aspecto de Abraão, mas também o de Isaque,
que é o aspecto da graça. A graça simplesmente
significa o desfrutar Deus. É o próprio Deus
tornando-se o nosso gozo em nosso espírito. Muitas
vezes temos dificuldades atribulando-nos mental e
emocionalmente. Todavia, enquanto sofremos em
nossa mente e emoção, há uma doce sensação no
íntimo do nosso espírito. Parece que, se não
tivéssemos tal sofrimento, não teríamos tal gozo. O
sofrimento cristão traz-nos o gozo cristão. No
momento em que invocamos o nome do Senhor
Jesus e O recebemos como o nosso Salvador,
começamos a ter esses dois aspectos em nossa
experiência. Talvez, na própria noite em que você
recebeu o Senhor Jesus, sua esposa o tenha feito
passar por maus bocados, discordando de você pelo
fato de tornar-se cristão, e chamando a isso de tolice.
Ela imediatamente começou a persegui-l o, e você
sofreu em sua mente, emoção e sentidos. Mas
enquanto sofria, em seu íntimo sentia algo doce que o
levava a ficar alegre. Dessa forma, desde o princípio
de sua vida cristã, você teve tanto o aspecto de
sofrimento, tipificado por Abraão, como o aspecto de
gozo, prefigurado por Isaque.
b. Descansando e Desfrutando
Na mensagem anterior vimos que Isaque herdou
graça. Com ele, tudo era uma questão de graça.
Nasceu na graça, cresceu na graça e foi feito herdeiro
da graça. Nesta mensagem precisamos ver que nele
deve ser observada também a questão do gozo. Sua
vida foi uma vida de descanso e gozo. O relato de sua
vida não indica que tenha sofrido muito. Pelo
contrário, revela que ele estava sempre descansando.
Isso é provado pelo seu meditar no campo (24:63).
Poderia ele meditar, se não estivesse calmo e
descansando? Não. Para meditarmos, precisamos
estar descansando. Se estivermos atribulados,
seremos incapazes de descansar. Isaque estava
sempre descansando. Em Gênesis 24 ele perdera sua
mãe, não tinha uma esposa e seu servo partira para
longe. Ainda assim ele não estava atribulado. Foi ao
campo para meditar, não para clamar ao Senhor. Não
disse:-ó Senhor, que eu devo fazer? Perdi minha mãe,
não tenho uma esposa e meu servo partiu. Senhor,
tem misericórdia de mim! “ Isaque não clamou desse
modo. Ao invés disso meditou.
Embora não possamos encontrar a palavra
“descansando” no relato da vida de Isaque, todavia,
este fato lá se encontra. Isaque era uma pessoa muito
descansada. Apesar das dificuldades encontradas
com os filisteus com relação aos poços, ele estava
sempre em descanso. Embora enfrentasse algumas
dificuldades, ele mesmo não se perturbava. Enquanto
os filisteus contendiam pelos poços, ele continuava
tranqüilo. Parecia estar dizendo: “Se vocês não
quiserem que eu fique aqui, à beira deste poço, irei
para outro lugar. Quando forem aborrecer-me lá, irei
para outro lugar ainda”. Com isso vemos que era
realmente uma pessoa tranqüila. Você é sempre
tranqüilo? Considere sua experiência nas últimas
vinte e quatro horas. Será que nada o aborreceu nem
o levou a perder sua tranqüilidade? A maioria de nós
precisaria admitir que estivemos intranqüilos. Isso
mostra que, embora sejamos Isaques, não estamos
sempre descansando. Recentemente, eu estava
fazendo um trabalho difícil e exaustivo sobre o livro
de Apocalipse, mas posso louvar ao Senhor porque,
enquanto trabalhava, estava muito tranqüilo e podia
dizer: “Nada tenho e nada posso fazer. Não tenho
necessidade de fazer nada porque o Senhor está
fazendo tudo”. Todos precisamos ser pessoas
tranqüilas.
Isaque não apenas descansava, mas também
desfrutava.
Toda a sua vida foi uma vida de deleite. Quando
já velho, ainda tinha o gosto por “comida saborosa”, e
pediu a Esaú que saísse ao campo e lhe preparasse a
carne de que ele gostava (27:1-4). Quando Rebeca
ouviu isso, disse a Jacó que fosse apanhar duas crias
de cabrito, a fim de que ela preparasse a carne para
Isaque (27:5-10). Por fim, depois que Jacó e Esaú
chegaram com a carne, Isaque teve uma porção
dobrada. Esaú, Rebeca e Jacó estavam ocupados,
mas Isaque apenas se sentou para desfrutar a carne.
Com isso vemos que ele era uma pessoa que
desfrutava sempre da provisão da graça. Esse
desfrutar era o seu destino.
Desfrutar também é o nosso destino. Irmãos
jovens, não se preocupem em conseguir uma esposa.
Se ficar descansando e cheio de alegria, a melhor
esposa virá até você. Em nossa vida cristã existe o
aspecto do gozo. Tenho-me esforçado desde os doze
anos. Agora, após quase sessenta anos, posso
testificar que muitas vezes o meu esforço atrapalhou
a vinda do gozo. Se não me houvesse esforçado, o
gozo teria vindo muito mais cedo e de maneira mais
rica. Por que o esforço atrapalha o gozo? Porque o
gozo é o nosso destino. Todos fomos predestinados a
isso. Irmãos jovens, esqueçam-se do seu esforço.
Simplesmente vão para casa, orem, louvem e
durmam. Na manhã seguinte levantem-se, façam
uma boa oração matinal e comam um farto desjejum.
Não se preocupem com encontrar uma esposa.
Rebeca virá até você. Esse é o gozo, que é o nosso
destino. Não somos filhos de Deus? Como poderiam
os filhos de Deus ser pessoas miseráveis? Precisamos
declarar: “Louvado seja o Senhor porque sou um
filho de Deus! O Deus todo-poderoso, todo-suficiente,
é meu Pai! “A palavra pai implica abundante provisão.
Uma vez que tenhamos um pai rico, temos a provisão
e não temos necessidade de nos preocuparmos.
Deveríamos simplesmente desfrutar essa provisão
abundante. Esse é o nosso destino.
SENDO ESCOLHIDO
Nesta mensagem, chegamos ao registro de uma
das mais interessantes pessoas do livro de Gênesis-
Jacó. Gênesis nos oferece o relato de nove grandes
pessoas. As cinco primeiras-Adão, Abel, Enos,
Enoque e Noé-são consideradas como cinco pessoas
separadas. Embora houvesse algum relacionamento
espiritual entre eles, rigorosamente falando, Adão,
Abel, Enos, Enoque e Noé nada têm a ver um com o
outro. Todavia, quando chegamos aos últimos
quatro: Abraão, Isaque, Jacó e José, vemos que, no
que diz respeito à experiência de vida, eles não
devem ser considerados como quatro indivíduos
separados. Como já enfatizamos, não notamos o
aspecto de escolha em Abraão. O primeiro item do
registro de Abraão é o chamamento. Mas de acordo
com a revelação do Novo Testamento, a experiência
com Deus não começa por Seu chamamento, mas por
Sua escolha. Primeiramente, Deus nos escolheu,
depois nos predestinou, e por fim nos chamou. Após
Seu chamamento, temos o perdão, a redenção, a
justificação, a regeneração e a salvação completa de
Deus. Nisso podemos ver que não há em Abraão o
início da experiência com Deus. Tal início está em
Jacó, porque nele vemos a escolha de Deus. No
registro de Jacó, entretanto, não encontramos o
chamamento de Deus. Portanto, dizemos mais uma
vez que Abraão, Isaque e Jacó mais José não são
quatro pessoas separadas, mas quatro aspectos de
uma experiência completa de vida. Abraão, Isaque e
Jacó mais José, cada um representa um aspecto da
experiência de vida. Como veremos, Jacó é o aspecto
da vida transformada, e José representa o aspecto do
domínio, o aspecto reinante dessa vida transformada.
De acordo com a revelação do Novo Testamento,
os crentes foram primeiramente escolhidos por Deus
na eternidade passada, antes da fundação do mundo
(Ef 1:4). Depois, foram predestinados de acordo com
a Sua escolha. Isso também ocorreu na eternidade
passada. Então, no tempo, Ele nos chamou. Em Seu
chamamento, que vem depois da Sua predestinação,
recebemos perdão, redenção, justificação,
regeneração e salvação completa. Além de tudo isso,
precisamos ser transformados. Dia a dia estamos sob
o processo de transformação de Deus, para sermos
introduzidos não somente à filiação completa, mas
também à realeza. Nascemos filhos de Deus, filhos
reais, e estamos submetendo-nos ao processo de Sua
transformação, para que futuramente possamos ser
reis.
Não notamos a realeza em Abraão ou Isaque.
Vemo-la em José, que era uma parte de Jacó.
Quando este foi bem recebido no Egito, Faraó
aparentemente reinava sobre o mundo. Na realidade,
o verdadeiro rei não era Faraó, mas José. Este,
porém, não se firmou por si mesmo, mas por seu pai.
Assim, naquela época, o mundo era governado por
Jacó, mediante José.
Todos os santos estão sob o processo de
transformação a fim de se tomarem reis. Assim, a
experiência correta, adequada e completa se processa
desde a escolha de Deus até à nossa realeza. A
escolha ocorreu na eternidade passada, e a realeza
será para a eternidade futura. A realeza é o nosso
destino. Deus nos escolheu e predestinou na
eternidade passada, a fim de sermos reis na
eternidade futura. Com Abraão não vemos a escolha
na eternidade passada nem a realeza na eternidade
futura. Em outras palavras, o registro de sua vida não
tem o início nem o fim da experiência com Deus,
ambos encontrados em Jacó. No registro da vida
deste, observamos um começo muito bom e também
um fim adequado. Jacó, o suplantador, o que
agarrava o calcanhar, foi transformado em príncipe
de Deus. Por fim, não era mais Jacó, mas tomou-se
Israel. Se lermos cuidadosamente o Novo
Testamento, veremos que esse nome, por fim,
aparece na Nova Jerusalém (Ap 21:12). Embora
Israel esteja na Nova Jerusalém, os nomes de Abraão,
Isaque e Jacó não são lá encontrados.
a. Foi Escolhido
Em Jacó vemos a escolha de Deus (25:21-26; 1
Pe 2:9). Você crê que foi escolhido? Como sabe?
Embora possamos apoiar-nos na Palavra de Deus e
dizer: “Sei que fui escolhido porque a Bíblia assim me
diz”, eu ainda faria esta pergunta: Como sabemos,
pela nossa experiência, que fomos escolhidos por
Deus? Nós o sabemos pelo fato de que não podemos
fugir Dele. Nos últimos cinqüenta anos de minha
vida cristã tentei muitas vezes fugir do Senhor. Eu até
Lhe disse: “Senhor, estou cansado da vida cristã,
estou fugindo”. Embora tentasse fugir, não pude
fazê-lo. Enquanto alguns obreiros cristãos temem
que você se afaste do Senhor, eu tenho a audácia de
encorajá-lo a se afastar Dele. Faça o melhor que
puder, dizendo-Lhe: “Senhor, não Te amo mais.
Estou farto de ser cristão”. Pode dizer isso ao Senhor,
mas Ele replicará: “Você está farto de Mim? Isso não
é da sua conta. Você pode estar farto, mas Eu não
estou. Aonde você vai: ao Egito? Se for lá, Eu também
irei para esperá-lo. Quando lá chegar, descobrirá que
Eu já estou lá”. Fomos todos apanhados, e não há
escapatória. Isso é uma prova categórica de que
fomos escolhidos por Deus.
b. Foi Tratado
Em Jacó não vemos o chamamento ou a
justificação de Deus nem verificamos o desfrutar da
graça. Pelo contrário, percebemos como ele foi
tratado por Deus (25:19-32:21). Mesmo quando
estava no ventre de sua mãe, Deus tratou com ele. Ao
longo de toda a sua vida esteve constantemente sob o
tratamento de Deus. Esse tratamento era para a sua
transformação. Nasceu um suplantador, um
segurador de calcanhar. A intenção de Deus, todavia,
era ter um príncipe de Deus. Como tal suplantador
poderia tomar-se um príncipe de Deus? Somente
pela transformação. É fácil mudar uma edificação
material, mas é difícil mudar um suplantador em
príncipe de Deus. Isso não pode ser feito de uma
noite para outra; leva uma vida inteira. Por
representar o aspecto da transformação, Jacó tem
uma biografia tão extensa.
Em 25:19-34; 27:1-46 e 28:1-5 vemos quatro
pessoas: Jacó, Esaú, Isaque e Rebeca-cada qual
diferente dos outros. Embora Jacó e Esaú fossem
gêmeos, eram inteiramente diferentes um do outro.
“Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó,
porém, homem pacato, habitava em tendas” (25:27).
Jacó era quieto, sutil e engenhoso; e Esaú era
selvagem, rude e fisicamente forte. Quando ambos
lutavam no ventre de sua mãe, Esaú venceu por
causa de sua força. Enquanto Jacó estava lutando
para sair primeiro, Esaú parecia dizer: “Que está
fazendo? Deixe-me sair primeiro”. Jacó era
engenhoso na mente, e Esaú era forte no corpo.
Quando soube que Jacó o enganara, ameaçou matá-
lo. Parecia dizer-lhe: “Jacó, você me suplantou.
Minha mente não pode derrotar a sua, mas um dia eu
o matarei”. Nisso vemos que eles eram
absolutamente diferentes.
Isaque e Rebeca também eram diferentes um do
outro. Rebeca era esperta, engenhosa, habilidosa e
capaz de manipular a família toda. Tanto
desenvolveu a habilidade de Jacó como dirigiu o
próprio marido. Isaque estava inteiramente sob o seu
controle. Como resultado de sua manipulação, tanto
Esaú como Isaque foram suplantados. Os dois não
foram somente suplantados por Jacó, mas também
por Rebeca. Quando Isaque mandou embora Jacó,
poderia pensar que a iniciativa era sua. Na verdade,
tudo fora começado por Rebeca. Depois que ela disse
a Isaque algumas poucas palavras, este enviou Jacó
para Labão (28:1-5). Rebeca manipulou o próprio
marido nesse ponto.
Isaque, Rebeca e Esaú trabalharam em conjunto
para o bem de Jacó. Deus usou os três para
transformar Jacó. Nisso vemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que são chamados
por Deus (Rm 8:28). Mais tarde veremos que Labão,
bem como as esposas, servas, filhos e filhas de Jacó
foram usados por Deus para a sua transformação.
Toda circunstância, situação e pessoa encontrada no
registro da vida de Jacó, tudo foi usado para
transformar esse suplantador num príncipe de Deus.
Não podemos encontrar uma história que nos
fale tanto de transformação como a de Jacó. Ele foi
escolhido e predestinado. O propósito de Deus com
ele era transformá-lo num príncipe de Deus. Este não
gosta de transformar pessoas de alto nível, honestas,
direitas, simples e boas. Prefere transformar
suplantadores como Jacó. Que tipo de pessoa você é?
É bom, direito e honesto ou é um Jacó? Todos nós,
inclusive as irmãs, somos Jacós. Você já não
suplantou os outros? Irmãs, vocês provavelmente já
suplantaram sua mãe, marido e filhos. Alguns sogros
têm suplantado seus genros, e alguns tios têm
suplantado seus sobrinhos. Não pense que você seja
tão bom. Não me considero tão bom como Abraão ou
Isaque. Não, considero-me como um Jacó. Saber que
somos Jacós deveria ser um encorajamento para nós.
Não diga: “Oh! sou tão ruim e baixo. Não sou uma
pessoa de alto nível”. Se for assim, louvado seja o
Senhor. Você é a pessoa certa para conhecer a
misericórdia e a graça de Deus.
Deus não escolheu as pessoas boas. Se
tivéssemos feito a escolha, provavelmente todos
teríamos preferido Esaú a Jacó. Falando
comparativamente, Esaú era melhor que Jacó.
Jamais enganou ou suplantou alguém. Mas Deus
escolheu Jacó e não Esaú. Todos os escolhidos por
Deus são travessos. Se você é bom, então não deve ter
sido escolhido por Deus. Enquanto Abraão é o
exemplo de justificação pela fé, Jacó é o exemplo de
ser escolhido. Você foi escolhido? Então deve ser um
Jacó, porque Deus só escolhe Jacós. Deus é Deus, e
precisamos adorá-Lo como Deus. Ele soberanamente
escolheu Jacó, o que era um suplantador.
5) Fez um Juramento
Quando Deus faz urna promessa, não temos
necessidade de prestar-Lhe um juramento. Se eu
fosse Jacó, simplesmente diria: “Senhor, obrigado”.
Mas em vez de agradecer ao Senhor e louvá-Lo, Jacó
fez um juramento solene de que tomaria Deus como
seu Deus, faria da pedra-coluna a casa de Deus e Lhe
daria o dízimo de tudo o que Este lhe desse, com a
condição de que Deus fosse com ele, de que o
guardasse, provendo-o de pão e vestes, e o
conduzisse em paz, de volta à casa de seu pai (28:20-
22). O juramento de Jacó foi condicional. O fato de
estarmos na vida da igreja também é condicional.
Embora estejamos todos felizes aqui, na vida da
igreja, temos em nosso íntimo uma condição e
dizemos: “Permanecerei na vida da igreja e serei uma
parte dela enquanto Deus me der pão”. Embora
possamos não dizê-lo em palavras, isso, todavia, está
bem lá dentro de nós. Suponha que você perca o seu
emprego e fique desempregado por muitos meses, e
que, depois disso, fique muito doente. Ainda irá
cantar a gloriosa vida da igreja? Não somente não
haverá vida da igreja, mas provavelmente não haverá
nem mesmo uma coluna. O seu amor pelo Senhor e
pela igreja é condicional. Quando Jacó prometeu dar
o dízimo a Deus, isso queria dizer que, se Deus nada
lhe desse, então ele nada daria a Deus. Jacó parecia
dizer: “Vamos fazer um acordo. Se Tu quiseres algo
de mim, então deves primeiro dar-me algo. Se nada
me deres, que poderei dar-Te?”
Jacó cria em Deus? Sim. Se não cresse, não teria
falado sobre o fato de Deus estar com ele. Mas já que
acreditava em Deus, por que ainda tinha uma
condição em seu juramento? Porque era humano,
exatamente como nós hoje. Por um lado cremos em
Deus e, por outro, temos uma condição. Dificilmente
alguém ama o Senhor incondicionalmente. Ouvi
muitos irmãos e irmãs dizerem que se consagraram
totalmente ao Senhor. Toda vez que ouço tais
testemunhos, pergunto: “Você é realmente absoluto
para com o Senhor? “ Se o Espírito Santo fosse
realizar um balanço de sua experiência, é bem
provável que seria exatamente a de Jacó. O meu
registro, por certo, é exatamente o mesmo que o dele.
Mas não há necessidade de nos preocuparmos com o
nosso viver. Deus dar-nos-á a terra, a descendência e
a bênção, e, além de tudo isso, cuidará do nosso viver,
providenciará comida, vestes e tudo o que
precisamos. Se buscarmos em primeiro lugar o reino
de Deus, o Pai nos dará tudo o que precisamos para o
nosso viver. Esse é o sonho de Jacó.
MENSAGEM SETENTA
(b) A Pedra
Observamos que Jacó tomou uma pedra e fê-la
seu travesseiro. Por anos a fio não conseguia
compreender o significado disso. Embora não
possamos compreendê-lo segundo a palavra exterior,
podemos compreender de acordo com a nossa
experiência interior. Antes de sermos salvos, não
tínhamos descanso. Sempre sentíamos que, ou
estávamos no ar ou no fundo do mar. Nada tínhamos
de sólido a nos manter, apoiar ou sustentar. Embora
você possa ter sido um milionário, seu dinheiro não
pôde apoiá-lo. Pelo contrário, ele privava de paz e
descanso. Velhos ou jovens, homens ou mulheres,
antes de sermos salvos não tínhamos nenhuma base
firme. Mas um dia fomos salvos e algo aconteceu em
nosso íntimo. O que experimentamos bem lá dentro
produziu algo que se tomou o nosso apoio sólido.
Depois de salvos, tivemos problemas. Todavia, bem
dentro de nós, tínhamos a certeza de que havia uma
rocha sólida sobre a qual podíamos descansar. Essa
rocha sólida é a própria natureza, o próprio elemento
de Cristo, que foi trabalhado dentro do nosso ser.
Como homens, fomos feitos do pó da terra (2:7).
Romanos 9 indica que somos vasos de barro, não de
pedra. Se eu fosse Jacó, faria um monte de barro e
descansaria sobre ele. Aos olhos de Deus, entretanto,
o barro jamais pode ser o nosso descanso. Nossa vida
e nosso ser humano naturais não podem ser o nosso
descanso. Não importa o quanto estudamos nem a
posição que temos. Não tendo a natureza divina
dentro de nós, somos apenas barro. Esse barro não
pode ser o nosso apoio sólido. Nenhum de nós achou
descanso até que fôssemos salvos. Naquele dia,
entretanto, algo divino, algo de Cristo foi trabalhado
dentro de nós e tornou-se o nosso apoio sólido. Esse
é o nosso descanso, o nosso travesseiro. O nosso
travesseiro é o elemento divino, o próprio Cristo, que
foi trabalhado dentro do nosso ser. Estando nós em
nossa jornada, tivemos repentinamente um sonho
em que o próprio Cristo era trabalhado dentro de nós.
A Sua natureza é a rocha que foi trabalhada em nossa
natureza de barro. Assim, temos uma rocha sobre a
qual podemos reclinar a cabeça.
Os incrédulos dizem freqüentemente dos
cristãos: “Percebi que, na hora dos problemas, vocês
têm paz interior. Por que não a temos? “ A razão pela
qual eles não têm paz é que não está neles o elemento
divino. Têm apenas o barro do elemento humano
caído. Se quiser saber sobre quão pobre é o barro,
derrame água sobre ele. Depois de algum tempo ele
se tornará lama. Mas quanto mais você joga água
sobre uma pedra, mais limpa e brilhante ela se torna.
Deixe que os problemas venham. Eles são águas que
lavam. Todo problema que vem a um cristão é como
água purificadora. Agradeço a Deus porque fui
purificado muitas vezes pelas dificuldades. Esteja
preparado para ser purificado. Desde o dia em que
fomos salvos, tivemos uma pedra sobre a qual
pudemos reclinar a cabeça. Não importa, agora, quão
profunda e escura seja a noite; podemos descansar a
cabeça sobre essa pedra. Duvido que haja outro
escrito cristão a mostrar que a pedra de Gênesis 28
representa o próprio elemento divino que tem sido
trabalhado dentro do nosso ser a fim de se tornar o
travesseiro para nossa vida humana. Os incrédulos
não têm esse travesseiro. O travesseiro deles é o
pobre barro da natureza humana. Mas o nosso
travesseiro é uma pedra, o elemento divino, o próprio
Cristo, que foi trabalhado dentro de nós. Quanto
mais dificuldades temos, mais precisamos desse
travesseiro. Aparentemente, não se pode descansar
sobre uma pedra. Mas de acordo com a nossa
experiência, ela nos proporciona um descanso real.
Essa pedra não é o Cristo objetivo, o Cristo distante
de nós; é o Cristo trabalhado em nosso ser, o Cristo
subjetivo, no qual podemos reclinar a cabeça. Esse é
o Cristo que se torna a nossa experiência, Aquele cujo
elemento divino foi trabalhado dentro de nós. Esse
Cristo é o travesseiro da nossa vida humana. Louvado
seja o Senhor por esse travesseiro!
Depois de ter o sonho, Jacó erigiu a pedra em
coluna (28:18). A pedra sobre a qual reclinamos a
cabeça deve tornar-se um material de construção.
Antes de entrarmos na vida da igreja, não
conseguíamos entender isso. Mas agora, tendo
entrado na igreja, percebemos que a mesma pedra
sobre a qual reclinamos a cabeça para descansar deve
tornar-se uma coluna, isto é, a pedra deve tornar-se o
material para o edifício de Deus. Louvado seja o
Senhor porque fomos salvos e estamos no descanso.
Mas que dizer sobre o descanso de Deus? Ele não
pode ter descanso até que a pedra sobre a qual
descansamos seja erigida em coluna para a Sua
edificação. Deus não levantará essa coluna-nós é que
precisamos fazê-lo. O nosso travesseiro deve ser
levantado para ser uma coluna. Em outras palavras, a
nossa experiência de Cristo deve tornar-se uma
coluna.
Não creio que, além de nós, outros cristãos
saibam que o que experimentaram de Cristo deva ser
erigido como uma coluna. Antes de entrarmos na
vida da igreja não erigimos uma coluna. Mas depois
de entrarmos nela, dia após dia estamos erigindo a
nossa experiência de Cristo como uma coluna. Não é
mais apenas um travesseiro, porém uma coluna. Não
é apenas uma questão do nosso descanso; é uma
questão da edificação de Deus para o Seu descanso.
Esse Cristo que você experienciou é simplesmente o
seu descanso ou é o material de construção para a
casa de Deus? A resposta pode ser provada pela
nossa experiência. Primeiramente, colocamos a
cabeça sobre Cristo e encontramos descanso. Por fim,
transformamos nossa experiência de Cristo em
coluna, em material para a edificação de Deus. Tudo
o que tenhamos experimentado de Cristo deve
tomar-se material para a edificação da casa de Deus.
Em outras palavras, o que foi o nosso travesseiro
deve tomar-se uma coluna. Que você tem hoje: um
travesseiro ou uma coluna?
Não há edifício no seio da maioria dos cristãos
porque, no máximo, eles têm apenas um travesseiro,
não uma coluna. Antes de entrarmos para a igreja,
também tínhamos somente um travesseiro para o
nosso descanso. Mas pouco depois de entrarmos na
igreja, erigimos a nossa experiência de Cristo em
coluna, transformando-a em material valioso para a
casa de Deus. Há quarenta e cinco anos, o meu
travesseiro levantou-se para tornar-se uma coluna.
Já não era simplesmente um travesseiro sob a minha
cabeça; era uma coluna para a edificação da casa de
Deus. Enquanto um travesseiro é bom para o nosso
descanso, Deus precisa de uma casa onde descansar.
Como essa casa pode ser edificada? Somente por
erigir em coluna o nosso travesseiro. Primeiramente
temos a pedra; depois temos a edificação.
SENDO QUEBRADO
c. Sendo Quebrado
Gênesis 32:22-32 relata uma experiência
decisiva na vida de Jacó, o escolhido de Deus. Esse é
realmente um trecho extraordinário da Palavra
Sagrada. É único, e não há outra passagem na Bíblia
que se pareça com ele. Todavia, pela falta de
experiência, a maioria dos cristãos não tem prestado
a devida atenção a essa parte das Escrituras. Nesta
mensagem, pela misericórdia do Senhor, precisamos
atentar a essa experiência vital na vida de Jacó, a fim
de sermos ajudados por ela.
A experiência de Jacó neste capítulo é muito
prática, pessoal e íntima. Que poderia ser mais
íntimo do que lutar com alguém pelo menos metade
de uma noite? O Senhor, em forma de homem, lutou
com Jacó “até ao romper do dia” (32:24). Deus
jamais lutaria com um estranho ou com um pecador
descrente. Note que não está escrito que o homem
“veio” lutar com Jacó. Não há versículo algum que
diga: “Enquanto Jacó permaneceu lá sozinho,
examinando o seu problema, o Senhor veio lutar com
ele”. Não, simplesmente se diz: “E lutava com ele um
homem”, indicando que o homem já estava lá e que
não havia necessidade de ele vir. Isso revela que o
Senhor estivera com Jacó o tempo todo.
Por que o Senhor começou repentinamente a
lutar com Jacó? Certamente deve haver uma razão.
Foi por causa do antecedente de Jacó. Ao voltar à
terra de seu pai, ele teve dois problemas: Labão na
sua retaguarda, e Esaú na sua frente. Uma vez livre
da mão usurpadora de Labão, ele agora se via
desesperado ao encarar o próximo confronto com seu
irmão Esaú. Foi nesse momento que a luta aconteceu.
Os mensageiros de Jacó haviam regressado com a
notícia de que Esaú lhe vinha ao encontro com
quatrocentos homens. Ao ouvir tal notícia, Jacó ficou
aterrorizado. De acordo com sua compreensão, se
Esaú lhe viesse para dar as boas-vindas, não haveria
necessidade dos quatrocentos homens. A ele parecia
que Esaú era como um capitão vindo com um
exército. Sem dúvida, pensou que Esaú estivesse
vindo para matá-lo. Supondo isso, foi forçado a orar.
Após fazer uma excelente oração, dividiu em nove
rebanhos seu presente de animais a Esaú. Mas
mesmo assim não tinha paz, porque o seu problema
ainda estava diretamente diante dele. Portanto, como
dizem os versículos 22 e 23: “Levantou-se naquela
mesma noite, tomou suas duas mulheres, suas duas
servas e seus onze filhos, e transpôs o vau de Jaboque.
Tomou-os e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o
que lhe pertencia”. Depois disso, ficou sozinho e,
provavelmente, ponderou sobre a situação,
imaginando o que fazer no caso de Esaú atacá-lo. Seu
fardo era pesado, sua situação era séria e ele estava
desesperado.
A Bíblia não fornece indícios de que Jacó tenha
orado ao ficar só. Muitas vezes, você ora quando não
está atribulado; mas não ora quando está
profundamente atribulado. Quanto mais atribulado
estiver, menos vai orar. Porque o problema é grave e
a situação é séria, você simplesmente não pode orar.
Por quê? Porque você ainda não foi nocauteado. Não
importa quão sério seja o problema, você não foi
nocauteado. Como Jacó, por um lado, não podemos
continuar; mas, por outro, também não oramos. Pelo
contrário, permanecemos lá, refletindo sobre a
situação, perguntando-nos o que fazer.
Enquanto Jacó refletia sobre como enfrentar o
seu problema, para sua grande surpresa, um homem
começou a lutar com ele. Digo novamente que não
lemos que o homem veio e lutou com ele. O texto diz
simplesmente: ''E lutava com ele um homem”. Ao
lermos hoje esse trecho da Palavra, percebemos
imediatamente que esse homem era o Senhor. Mas
no início da luta, Jacó não percebeu que esse homem
era Deus. Ele deve ter julgado o seu lutador como
sendo um dos quatrocentos homens de Esaú. Quando
esse homem começou a lutar com ele, Jacó recusou
deixá-lo prevalecer. Talvez dissesse em seu íntimo:
''Este homem veio prender-me, mas não lhe
permitirei”.
A esta altura, precisamos fazer quatro perguntas.
Primeira-por que o Senhor, como um homem, lutou
com Jacó? Que necessidade havia disso? Quando
apareceu a Abraão, o Senhor o fez como o Deus da
glória. Mas aqui não O vemos aparecendo a Jacó,
mas lutando com ele como um homem. Em segundo
lugar -como poderia o Senhor, o Todo-poderoso, não
prevalecer sobre Jacó, um pequenino homem?
Terceiro-por que o Senhor esperou tanto, antes de
tocar a articulação da coxa de Jacó? Por que não o fez
desde o início? O Senhor deve ter lutado com Jacó
por aproximadamente seis horas, começando talvez à
meia-noite e continuando até o amanhecer. Por que o
Senhor tolerou essa luta por tanto tempo? Em quarto
lugar-por que o Senhor recusou-se a dizer a Jacó o
Seu nome? Em várias outras ocasiões, o Senhor
revelou o Seu nome às pessoas, dizendo-lhes quem
Ele era. Mas aqui, depois de Jacó pedir-Lhe que
revelasse Seu nome, Este recusou-se a dizer-lhe,
mantendo-o em segredo. Embora não me diga capaz
de oferecer resposta completa a todas essas questões,
podemos, contudo, por meio da nossa experiência,
respondê-las, ao menos parcialmente.
Nesse trecho da Palavra não temos uma aparição
do Deus da glória nem uma visitação do Senhor. Este
primeiramente apareceu a Abraão como o Deus da
glória (At 7:2). Mais tarde, em Gênesis 18, visitou-o e
partilhou com ele uma refeição. Mas a experiência de
Jacó nesse capítulo não foi uma aparição de Deus
nem uma visitação do Senhor: foi um tratamento.
Quando você foi salvo, o Senhor lhe apareceu. Várias
vezes, depois disso, você ainda teve visitações doces e
agradáveis do Senhor. Mas além da Sua aparição
quando somos salvos e da Sua visitação nos
momentos de comunhão, há momentos em que Ele
trata conosco. No princípio desses tratamentos não
notamos que Ele está presente. Pensamos que nosso
marido, esposa ou algum presbítero nos está fazendo
passar por maus bocados. Por fim, percebemos que
não é o nosso marido, a nossa esposa ou algum dos
presbíteros: é Deus quem está aqui, tratando conosco.
Isso nos fornece resposta à primeira pergunta
referente à luta do Senhor, em forma de homem, com
Jacó. Deus não trata conosco de maneira visível,
aparecendo como o Deus da glória. No princípio de
todo tratamento, sempre pensamos que alguma
pessoa está lutando conosco. Freqüentemente, a luta
dura um longo período. Com Jacó, isso deve ter
durado seis horas, mas conosco podem ser seis
semanas, seis meses ou até seis anos. Irmãs, há
quanto tempo vocês lutam com seu marido? Talvez
lutem com ele todos os dias. Vocês percebem que
entre nós, cristãos, não pode haver separação ou
divórcio. Mas certamente sentem liberdade de
discutir com eles. Talvez até digam a si mesmas: “É
uma infelicidade eu ter-me casado com esse homem.
Já que não posso divorciar-me, posso ao menos
discutir com ele”. Algumas esposas lutam com o
marido há muito tempo. O mesmo, certamente, é
verdade conosco, os maridos, porque também
lutamos com nossa esposa. Para muitos de nós, a
vida conjugal é uma vida de luta. Embora possamos
pensar que lutamos com nosso marido ou esposa, a
outra parte, na verdade, não é nosso marido, nossa
esposa, um presbítero ou qualquer circunstância: é o
próprio Senhor quem está lutando conosco. Em
nossa experiência percebemos, por fim, que o Senhor
está aqui. Uma irmã, por exemplo, poderá dizer
finalmente: “Não é o meu marido quem luta comigo:
é o Senhor”. Se entendermos a resposta à primeira
pergunta, seremos capazes de responder às outras
três. Ao aparecer para salvar-nos, o Senhor se revela
como o Senhor da glória, mas em Seus tratamentos
para conosco Ele se mantém secreto. Toda vez que
estamos sob um tratamento, pensamos que ele se
origina de uma pessoa ou uma situação, não o
consideramos como proveniente do Senhor.
Entretanto, sempre que um tratamento chega,
precisamos perceber que o Senhor está ali. Não
pergunte o Seu nome. Freqüentemente as irmãs me
perguntam: “Irmão Lee, por que o Senhor me deu um
marido assim? “ E freqüentemente os irmãos dizem:
“Irmão Lee, o Senhor não conhece todas as coisas? Já
que Ele as conhece, porque não faz algo com minha
esposa? “ A resposta é que o tratamento do Senhor é
um segredo. Por meio da experiência de Jacó
podemos perceber o nome Daquele que está lutando
conosco. Para uma irmã, o nome do Senhor pode ser
“marido”, e, para um irmão, o nome do Senhor pode
ser “esposa”. Em alguns casos, o nome do Senhor
pode ser “um presbítero difícil de se tratar”.
Se quisermos ser honestos e abertos, muitos
teremos de admitir que há em nós perguntas
relativas ao próprio casamento. Muitos perguntam:
“Por quê? “ Um irmão pode perguntar: “De todas as
irmãs jovens da igreja, como me aconteceu de casar
justamente com esta? “ Sempre que somos tratados,
não reconhecemos logo que isso é obra do Senhor. Às
vezes o percebemos, mas recusamos admiti-lo. Se
admitíssemos, certamente pararíamos de lutar
imediatamente. Por isso lutamos ao máximo para
não sermos subjugados; esforçamo-nos para
subjugar a outra parte, não percebendo, na maioria
dos casos, que na verdade estamos lutando com o
Senhor.
Consideremos agora a segunda e terceira
perguntas. Se o Senhor nos subjugasse
imediatamente, como poderíamos ser expostos?
Alguns podem perguntar: “Tenho orado por minha
esposa há anos. Por que o Senhor não me responde?
Por que ela nunca muda? “ A resposta é que você
precisa ser exposto. O Senhor lutou com Jacó, a fim
de expor o quão natural ele era. Essa exposição
exigiu-lhe pelo menos metade de uma noite. Também
precisamos de muito tempo de problemas. Muitos de
nós ainda estamos lutando. O Senhor está tentando
subjugá-lo, mas você está lutando para subjugar as
circunstâncias. Talvez a sua esposa esteja sendo
usada pelo Senhor para subjugá-lo, mas você utiliza a
própria força para derrotá-la. Por isso a luta continua.
Espeto que, nesta mensagem, a luz brilhe sobre você,
e você diga: “Oh! agora eu vejo! Há anos tenho lutado.
Agora vejo que o objetivo disso é expor o quão
natural eu sou. O problema não está em minha
esposa-está em minha força natural. Ainda sou
apenas um homem natural”.
Que havia de errado com Jacó para que o Senhor
precisasse lutar com ele? Nada havia de errado. A
razão pela qual o Senhor lutou com ele é que ele
ainda era muito natural. O tratamento aqui não é
relativo a nada pecaminoso; é com a vida natural, o
homem natural. Leva muito tempo para expor a
nossa vida natural. Precisamos de um longo período
de luta antes que essa exposição venha a ocorrer. No
decorrer desse período de luta, a nossa natureza,
como a de Jacó, é completamente exposta. Quando
lemos os capítulos 31, 32 e 33, percebemos como
Jacó era natural. Ele fora tratado e sofrera muito,
mas no capítulo 32 ainda era natural. Não confiou no
Senhor, e mostrou-se inteiramente incapaz de
expressá-Lo. Era natural e sua expressão estava cheia
de si mesmo.
Em determinado instante nessa noite de luta, o
Senhor tocou a articulação da coxa de Jacó. O
versículo 25 diz: “Vendo este que não podia com ele,
tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se ajunta
da coxa de Jacó, na luta com o homem”. O Senhor
tocou-lhe o tendão da coxa. Esse é o nosso músculo
mais forte. A intenção do Senhor não era subjugá-lo,
mas expô-10. Depois de expor a sua vida natural, o
Senhor tocou-lhe a coxa. Esta foi imediatamente
deslocada e Jacó ficou coxo. Como enfatiza o
versículo 31, ele “manquejava de uma coxa”.
Depois que sua coxa foi deslocada, Jacó deve ter
pensado em seu íntimo: “Este lutador é mais forte do
que eu. Não me matou, mas verdadeiramente me
tocou e me tomou coxo”. Percebendo ser aquele
lutador mais forte que ele, Jacó pediu-lhe que o
abençoasse (32:26). Duvido que, mesmo nessa hora,
Jacó tivesse percebido ser Deus o lutador. Depois de
tocá-lo, o lutador lhe disse: “Deixa-me ir, pois já
rompeu o dia” (32:26). Mas Jacó retrucou: “Não te
deixarei ir, se me não abençoares”. Depois de dizer
isso, o Senhor lhe perguntou o nome (v. 27).
Conhecendo-lhe já o nome, por que lhe fez o Senhor
essa pergunta? Perguntou-lhe exatamente para levá-
lo a perceber quem ele era e para forçá-lo a admitir
que ele ainda era Jacó, o suplantador. Depois de Jacó
mencionar o próprio nome, o lutador disse: “Já não
te chamarás Jacó, e, sim, Israel: pois como príncipe
lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste”
(32:28). O nome Israel significa “o que luta com
Deus”. Muitos cristãos sabem que ele significa “o
Príncipe de Deus”; mas como esclarecem os melhores
léxicos e traduções tal significado é secundário. O
primeiro significado do nome Israel é “o que luta com
Deus”.
Depois de ouvir que seu próprio nome fora
mudado para Israel, “o que luta com Deus”, Jacó
imediatamente percebeu que esse lutador era Deus.
Talvez tenha dito em seu íntimo: “Oh! Esse é Deus, e
Ele chamou-me de o que luta com Deus”. E então
disse: “Dize, rogo-te, como te chamas? “ (32:29). O
Senhor replicou: “Por que perguntas pelo meu nome?
“. E não o disse a Jacó. Em nossa experiência, o
Senhor que nos trata é sempre um segredo. Todavia,
embora não lhe revelasse o próprio nome, Ele o
abençoou. Depois de abençoá-l o, não há registro de
que o tenha deixado. O Senhor estivera com Jacó
todo o tempo e, mesmo depois da luta, ainda
permanecia lá. Não chegou nem se foi; simplesmente
lutou com Jacó. Se essa foi a experiência de Jacó nos
tempos do Antigo Testamento, é até mais verdadeira
em nossa experiência hoje. O Senhor jamais nos
deixará. Toda vez que necessitarmos de um
tratamento, Ele nos proporcionará o tratamento
exato que precisamos.
O versículo 30 diz: “Àquele lugar chamou Jacó
Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha
vida foi salva”. Depois que o Senhor o abençoou, ele
percebeu claramente que o lutador era Deus, e deu
àquele lugar o nome de Peniel, que significa “a face
de Deus”.
Após considerarmos a experiência de Jacó nesse
capítulo, podemos pensar que ele tenha sido
transformado por ela. Na verdade não houve
transformação alguma, pois o capítulo 33 revela-o
ainda como Jacó. Não houve mudança em sua
maneira de viver. Estava ainda a planejar, a dividir e
a fazer todo o possível para enfrentar as situações.
Embora não houvesse mudança em sua maneira de
viver, contudo observamos uma alteração definitiva
em sua vida: esta fora tocada. Depois dessa
experiência em Peniel, ele passou a coxear. Tanto
antes como depois de o Senhor o haver tocado, ele
podia fazer qualquer coisa, mas depois que o Senhor
o tocou, tudo o que ele fazia, fazia-o coxeando.
Com todos nós, cristãos, há dois tipos de falhas e
fraquezas -as sem coxeadura e as com coxeadura. Por
exemplo, podemos perder a calma com ou sem
coxeadura. Posso irar-me contra um irmão, mas até
nesse perder a calma os outros notarão que coxeio.
Se você nada fizer, os outros serão incapazes de
perceber sua coxeadura. Mas quanto mais Jacó agia,
mais o seu coxear era exposto. Deixem-me dizer-lhes,
entretanto, que não devemos tentar imitar uma
coxeadura. A imitação jamais funciona.
Nós, nas igrejas na restauração do Senhor,
somos os Seus escolhidos. Estamos em Sua mão, em
Seu caminho e, tenho plena certeza, estamos também
sob o Seu tratamento. Se o percebe ou não, se o
reconhece ou não, se o admite ou não, o fato é que
você está sob o tratamento de Deus. Mais cedo ou
mais tarde terá a sensação de que foi tocado por Ele.
Quando essa hora chegar, você saberá que está coxo,
e nunca mais será o mesmo. Você poderá ainda ter as
próprias fraquezas, mas jamais será o mesmo. Se
você ainda consegue ser o mesmo, isso é um indício
de que jamais experimentou o toque do Senhor.
Com Jacó, o toque do Senhor foi uma vez por
todas. Mas conosco pode haver muitos toques. O
princípio, todavia, é o mesmo. Muitos de nós podem
testificar que, desde o dia em que começamos a amar
o Senhor, principalmente após virmos para a vida da
igreja e começarmos a seguir o Senhor em Sua
restauração, achamo-nos em circunstâncias de
tratamento. Lutávamos constantemente. Por um
longo período, não percebemos que o Senhor estava
tratando conosco. Um dia, Ele repentinamente nos
tocou e ficamos mancos. Depois disso, já não mais
éramos os mesmos. Talvez ainda fôssemos naturais
ou fracos, mas não mais éramos os mesmos.
Não espero que, com um toque, todo o seu viver
seja mudado e que você seja totalmente
transformado. Não, com Jacó o toque ocorreu no
capítulo 32, mas a maturidade, a ceifa, não se
manifestou plenamente antes do capítulo 47. Do
capítulo 26 até 32 houve várias falhas, fracassos e
erros. Mesmo depois de tocado por Deus, ele
aparentemente não mudou muito no capítulo 33;
mas na verdade, em vida, ele teve uma grande
mudança. Antes do capítulo 32, ele era natural,
jamais tendo sido tocado pelo Senhor. Depois do
capítulo 32, entretanto, tudo o que ele fez, fê-l o
coxeando. Daí por diante, a impressão que ele
deixava às pessoas era bem diferente. Quando se
inclinou diante de Esaú, ainda era natural, mas o seu
coxear testificava o toque do Senhor. Você alguma
vez percebeu que, ao andar em direção a Esaú e
inclinar-se diante dele, Jacó coxeava? Esaú não viu
um Jacó inteiro, mas aleijado. Aqui percebemos que,
embora não houvesse mudança em seu viver, uma
alteração ocorrera em sua vida. Não era o seu viver
exterior que fora tocado pelo Senhor; era a força
interior, natural. O tendão de sua coxa fora tocado.
Poucos cristãos percebem o significado crucial
dessa experiência de Jacó neste trecho da Palavra. A
maioria dedica a sua atenção a tratar com o pecado
exterior, com as ações erradas e com as coisas
mundanas, jamais pensando que a sua própria vida
natural, a própria força natural precisa ser tocada.
Mas o Senhor não está apenas preocupado em mudar
o nosso viver exterior; Ele deseja muito mais tocar a
nossa vida natural. Discutindo ou não com sua
esposa, se a sua vida natural não for tocada, você
ainda será natural. Aos olhos de Deus não há muita
diferença entre perder a calma com sua esposa e
controlar o próprio temperamento. Se perder a calma,
você será você; se controlar o próprio temperamento,
você ainda será você mesmo. Mas tendo sido tocado,
embora exteriormente Jacó ainda fosse o mesmo de
antes, interiormente a sua vida natural fora tratada.
Humanamente falando, é claro, gosto de ver os
irmãos e as irmãs mudarem suas atitudes com
relação aos seus cônjuges. Mas, lá no íntimo, se o seu
ser interior ainda permanece o mesmo, eu não
aprecio tal mudança exterior. Quando você se
comporta mal, é difícil para o Senhor trabalhar-se em
seu íntimo. Mas quando você é bom ocorre o mesmo.
Na verdade, pode até ser mais difícil para o Senhor
trabalhar-se em seu íntimo por ser você tão bom.
Não é uma questão de mudança ou melhoria
externas; é uma questão de toque interior. O seu
tendão interior, a sua força natural interna precisa
ser tocada pelo Senhor. Todos precisamos desse
toque.
Quando agimos como Jacó, podemos ser tocados
repetidas vezes, pois conosco o toque pode não ser
uma vez por todas. Depois de lutarmos um pouco,
teremos a profunda convicção de que fomos tocados.
O Senhor sempre nos toca até certo ponto decisivo.
Sempre que Ele toca uma parte específica, ficamos
coxos e não mais podemos ser os mesmos em nosso
ser interior. Daí para diante coxeamos e já não mais
somos inteiros.
Entre milhares de pessoas na vida da igreja há
muitos tipos diferentes: o esperto, o sábio, o
engenhoso, o orgulhoso, o arrogante. De acordo com
a religião, a maneira correta é mudar o nosso
comportamento exterior. Mas a maneira de Deus, a
maneira da vida, é diferente. Deus não disse: “Jacó,
lutei com você, toquei-o, mudei-lhe o nome e dei-lhe
a Minha bênção. De agora em diante, você não
deverá exercitar a própria esperteza ou utilizar sua
força natural para enfrentar a situação com o seu
irmão Esaú. Não mais seja astuto. Confie em Mim e
deixe-Me cuidar desse problema”. Não há tal relato
na Bíblia. Há simplesmente o registro de Jacó sendo
tocado. O Senhor tocou-lhe a coxa, mudou-lhe o
nome e deu-lhe a Sua bênção-isso é tudo. Nenhum
sermão, nenhuma instrução lhe foi dada. Tudo o que
Jacó fez depois disso-como dividir a família em três
grupos-proveio de si mesmo. Freqüentemente, após
tocar-nos, o Senhor não nos diz o que fazer. Em vez
disso, abandona-nos a nós mesmos, permitindo-nos
fazer o que queremos. Se examinarmos a nossa
experiência, veremos que é assim mesmo.
Os que cuidam dos outros, principalmente os
presbíteros, são inclinados a instruir as pessoas.
Freqüentemente dizem: “Irmão, você cometeu um
erro. Agora que o Senhor o abençoou, não mais
deverá tratar sua esposa do mesmo modo.
Certamente, pelo bem da glória do Senhor, você
precisa mudar”. As irmãs, engajadas no pastorear,
podem exortar as outras, dizendo: “Irmã, você não
deve mais discutir com seu marido. Você não deve
fazer isso, não deve fazer aquilo”. Essa é a nossa
maneira, mas não é a do Senhor. Depois de tocar a
coxa de Jacó e abençoá-lo, o Senhor não lhe deu
quaisquer instruções. Nem mesmo lhe disse uma
palavra. Pelo contrário, depois daquele toque, Jacó
ainda exercitou a própria força natural. Ele parecia
dizer aos seus: “Vocês todos fiquem para trás.
Deixem-me ir à frente para ver meu irmão Esaú”.
Mas andando em direção ao irmão, fê-lo de maneira
claudicante. Que diferença entre o nosso conceito
natural e a maneira de Deus! Que diferença entre a
prática religiosa e o toque do Senhor!
Não quero saber das instruções que lhe são
dadas; pelo contrário, gosto de ver que, um por um,
muitos de vocês são tocados pelo Senhor.
Freqüentemente as irmãs vêm a mim queixando-se
do marido. Entretanto, enquanto o acusam diante de
mim, fico feliz, porque, em suas acusações, percebo
que elas coxeiam. Talvez há poucos dias elas tenham
vindo a mim sem qualquer sinal de toque. Mas, agora,
embora ainda se queixem e acusem o marido, uma
coxeadura definitiva é perceptível. Não as repreendo
porque fico feliz ao vê-las tocadas. Um toque é
melhor que todos os tipos de instruções. O toque do
Senhor em nossa vida natural é muito melhor do que
uma centena de mensagens. Essa, hoje, é a nossa
necessidade.
O versículo 31 diz: “Nasceu-lhe o sol, quando ele
atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa”.
Após o toque, o sol levantou-se sobre Jacó. Ele estava
manco, mas estava na luz. Todo aquele, na
restauração do Senhor, que tiver luz, deverá ser um
coxo. Ninguém sob a luz permanece inteiro; todos os
que estão sob a luz do brilhar celestial são coxos. Na
noite escura, Jacó era forte, e todo o seu ser
permanecia inteiro. Mas depois de tocado, o sol se
levantou sobre ele e ficou pleno de luz. Estava sob o
brilho da luz celestial, embora fosse um homem coxo.
Por estarmos realmente na mão do Senhor e
seguindo o Seu caminho, muitos de nós estão tendo
esse tipo de experiência.
MENSAGEM SETENTA E SEIS
A RUA PRINCIPAL
Ao analisarmos qualquer mapa, precisamos
descobrir as ruas principais. Essa questão da
edificação é a rua principal da Bíblia. Através dos
séculos, milhares de livros cristãos têm sido escritos,
mas a maioria deles tem-se desviado da rua principal.
Ao invés disso, têm dirigido sua atenção a ruas
menores. Santidade, perfeição quanto ao pecado,
espiritualidade, línguas e curas são algumas dessas
ruas menores. Todos os que se concentram nessas
coisas perderão o alvo, que é Betel, a casa de Deus.
Em Deuteronômio 12:5-6 Deus parecia dizer: “Vocês
não devem apresentar suas ofertas queimadas e
dízimos no lugar de sua própria escolha. Vocês
precisam ir ao lugar que Eu escolhi para o Meu nome
e para a Minha habitação”. Esse lugar, hoje, é a igreja,
pois, no Novo Testamento, percebemos que a igreja é
o lugar que o Senhor escolheu para o Seu nome e
para a Sua habitação. Muitos mestres cristãos
famosos têm dito que dois ou três reunidos em nome
do Senhor Jesus são a igreja. Dizem isso porque estão
cegos e não têm a visão da rua principal.
1
Ano de 1976.
MENSAGEM SETENTA E OITO
d. Sendo Transformado
À época do capítulo 35, Jacó deveria ter
aproximadamente cem anos. Mesmo tendo passado
por várias coisas, não lemos que ele tenha feito uma
limpeza geral antes desse capítulo. Sofreu muitas
coisas ao relacionar-se com seu irmão, com seu tio e
com seus primos, padecendo por vinte anos nas mãos
de seu tio Labão. Mas Gênesis nunca nos diz que ele
se tenha purificado ou que tenha feito uma limpeza
de si mesmo ao ser submetido a tais sofrimentos.
Antes, lemos trechos que falam de sua esperteza e de
seu suplantar. Mas como veremos, ao dizer-lhe Deus
que se levantasse e subisse a Betel, Jacó fez uma
limpeza geral. A primeira vez que Deus lhe apareceu
foi num sonho (28:10-22), onde ele viu o céu aberto e
uma escada estendida da terra ao céu com os anjos
subindo e descendo por ela. Quando acordou, foi
inspirado a chamar aquele lugar de Betel, e a pedra
que usara por travesseiro, erigiu-a como coluna, e
despejou óleo sobre ela. Depois disso, prometeu que,
se Deus o conduzisse em segurança de volta à casa de
seus pais, então a pedra que ele erigira por coluna
seria a casa de Deus (28:22). Nesse sonho, Deus lhe
fez uma graciosa visita, levando-o em espírito, sem
dúvida alguma, a falar sobre a Sua economia eterna.
Se não tivesse sido inspirado pelo Espírito de Deus,
como poderia Jacó, um suplantador, falar uma
palavra sequer que revelasse o propósito eterno de
Deus? Seria impossível. Deus desvendou-lhe o desejo
de Seu coração, que é ter Betel.
Aquele sonho em Betel, contudo, não mudou
Jacó plenamente. Parece que, depois que o sonho se
acabou, a inspiração voltou aos céus. A sua maneira
de viver não foi afetada. O mesmo ocorre conosco.
Em Betel, Jacó profetizou de maneira maravilhosa,
falando da casa de Deus, mas parece que a profecia
voltou aos céus. Assim como Jacó, muitos de nós
tivemos um sonho, uma revelação ou uma inspiração,
em que proferimos uma palavra de profecia, se não
para os homens, ao menos para os anjos. Mas no dia
seguinte, continuamos a viver da mesma maneira
que sempre vivemos. Após o sonho de Betel, Jacó
continuou o seu suplantar, principalmente no seu
relacionamento com Labão, como se jamais tivesse
tido o sonho. Em verdade, após o sonho, ele foi ainda
mais Jacó do que antes.
No capítulo 33, ele ainda era Jacó. O sonho
celestial e os sofrimentos não o haviam mudado. Mas
algo aconteceu no capítulo 34 que tocou o seu
coração. Sua única filha fora
violada, e seus filhos lhe causaram um grave
problema, matando pessoas e saqueando-lhes a
cidade. Tais fatos tocaram profundamente Jacó e o
levaram a efetuar uma virada radical. Depois disso,
Deus apareceu para falar com ele.
2) Purificaram-se
Jacó também exortou todos a se purificarem
(35:2). Precisamos não apenas jogar fora os deuses
estranhos, mas também purificar todo o nosso ser.
Em outras palavras, todo o nosso ser, nossa maneira
de viver e nossa expressão precisam ser mudados.
Isso não é apenas regeneração ou uma pequena
mudança de vida. Pelo contrário, é uma
transformação total. Aqui, em Gênesis 35, Jacó foi
transformado.
Na Bíblia, a nossa purificação significa a limpeza
de toda poluição. Todo o nosso ser precisa ser
purificado de qualquer coisa que seja poluição aos
olhos de Deus. Em 2 Coríntios 7:1, Paulo diz: “Tendo,
pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de
toda impureza, tanto da carne, como do espírito,
aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”.
A concepção de Paulo em 2 Coríntios 6 e 7 era a
mesma de Jacó em Gênesis 35. Porque os coríntios
eram o templo de Deus, Paulo disse-lhes que se
purificassem. Não pode haver ~cordo entre o templo
de Deus e os ídolos (2 Co 6:16). Idolos são ídolos, e o
templo de Deus é o templo de Deus. Que lado você
escolhe? Se o dos ídolos, então vá para os ídolos; se o
do templo de Deus, então venha para o templo sem
nenhum ídolo.
Quando você entrou para a igreja, ninguém lhe
disse nada, mas algo em seu íntimo o convenceu
profundamente de que certas coisas tinham de sair
para o benefício da vida adequada da igreja. Todos
tivemos tal limpeza ao virmos para a igreja. Naquela
hora, jogamos fora muitos, ou talvez todos os deuses
estranhos, renunciando às coisas, aos assuntos e até
mesmo às pessoas em que confiávamos para obter a
felicidade, dizendo: “Não quero mais guardar essas
coisas. Todos os ídolos estranhos precisam sair”. Na
vida da igreja, nenhum centímetro de chão pode ser
cedido aos deuses estranhos. Além do mais, ao
entrarmos na vida da igreja, fomos purificados. Nós,
pelo menos, aspirávamos a ser puros ao dizermos:
“Pelo bem da vida da igreja, eu quero ser puro em
todo o meu ser, em toda a minha mente, emoção e
vontade”. Tivemos o mesmo desejo que Jacó teve. No
dia em que o seu povo subiu a Betel, todos se
purificaram, e, entre eles, não mais havia deuses
estranhos.
Muitos de nós, inclusive eu, percebemos que não
somos muito bons. Talvez ainda hoje você tenha dito:
“Oh! eu não sou muito bom. Meus pensamentos não
são muito puros”. Compare, entretanto, sua atual
maneira de viver com o seu passado. Mesmo não se
orgulhando de si mesmo, você precisará dizer:
“Senhor, obrigado. Não estou muito satisfeito comigo,
mas quando comparo o presente com o passado,
tenho de agradecer-Te e louvar-Te por ser eu bem
diferente do que era”. Ainda que não estivesse
maduro no capítulo 35, Jacó, sem dúvida, havia
mudado do que era anteriormente. Na próxima
mensagem, veremos como, na verdade, ele estava
radicalmente transformado. Deus mudou-lhe
novamente o nome, de Jacó para Israel. Disse-lhe
que não mais deveria chamar-se Jacó, mas Israel.
Conheço muitos de vocês há doze anos ou mais.
Sei que muitos de vocês hoje estão descontentes
consigo. Quando alguém lhes pergunta como estão,
de acordo com o costume vocês dizem: “Tudo bem”.
Contudo, de acordo com o seu sentimento interior,
não estão tão bem assim. Talvez tenham acabado de
arrepender-se, chorando diante do Senhor, mas se
alguém lhes pergunta como estão, vocês dizem que
estão bem. Embora possam dizer “tudo bem” a um
irmão, vocês jamais dirão isso ao Senhor. Não
deveríamos ser orgulhosos nem desapontados.
Comparem-se com o que vocês eram há doze anos.
Não houve uma grande mudança? Quem nos
mudou? Temos de admitir que não mudamos a nós
mesmos; fomos mudados por permanecermos em
Betel, na vida da igreja. Se você deliberadamente se
afastar da vida da igreja por algumas semanas, sua
feiúra anterior voltará, seu rabo de raposa se tornará
visível, sua língua de serpente será reativada e todos
os seus “bichos” entrarão em atividade. Mas se você
continuar vindo às reuniões da igreja, contatando a
vida mais e mais vezes, o rabo de raposa será
removido, a língua de serpente será cortada e os
“bichos” serão destruídos. Tão logo você venha para a
igreja, todos os “bichos” serão exterminados.
A vida da igreja é a mais eficaz purificação.
Experimentei recentemente uma grande purificação
na reunião de oração. Enquanto estava sentado na
reunião, unindo-me às orações, fui lavado e
purificado. Não diria que fui purificado pelas orações,
mas pela igreja. A igreja é uma grande banheira,
onde todos somos lavados e purificados. Se ela não
tiver essa função, temo que não permaneça por muito
tempo como igreja. Uma vez que ela seja igreja,
funcionará dessa maneira. Freqüentemente, quando
chega a hora de irmos à reunião da igreja, algo
interior começa a purificar-nos, dizendo-nos para
nos limparmos. Em nossa caminhada para a reunião,
freqüentemente oramos: “Senhor, estou indo para a
reunião. Perdoa-me por isto, limpa-me e livra-me
daquilo”. Essa é a purificação para se subir a Betel.
Vamos todos purificar-nos, pois precisamos levantar-
nos, subir a Betel e encontrar o nosso Deus. Não
podemos encontrá-Lo de maneira velha e poluída.
Precisamos ser purificados. Essa purificação não é
esforço nosso, mas trabalho da mão divina sobre nós.
Quando cuidarmos de Sua Betel, Sua mão nos
purificará.
(4) EM BETEL
Nesta mensagem, precisamos considerar a
experiência de Jacó em Betel (35:6-7, 9-15). Em
Gênesis 35, ele foi submetido a uma grande mudança.
Como vimos na última mensagem, ele correspondeu
à exortação de Deus, levantando-se e subindo a Betel
após uma limpeza completa. Essa limpeza completa
não foi realizada apenas por ele, mas por todos os
que com ele estavam. Ele não estava preocupado
apenas consigo, mas com todos os seus
acompanhantes. Essa é uma prova categórica de que
ele tivera uma mudança radical e completa. Sem
dúvida, fora transformado.
1) Não em Padã-Arã
Em Padã-Arã, Deus não fez promessa alguma a
Jacó (31:3). Por que Deus não lha fez naquele lugar?
Sem dúvida, não houve alteração por parte de Deus,
porque Deus nunca muda. Promessa alguma foi feita
a Jacó em Padã-Arã porque aquele não era o lugar
correto. Em Padã-Arã, ele não estava na posição
correta para receber a promessa de Deus. Se
quisermos recebê-la, precisamos estar no lugar certo.
Eu lhes afirmo categoricamente que muitas coisas só
podem ser recebidas na vida da igreja. Fora dela,
você não terá a posição para receber tais coisas.
3) Somente em Betel
Somente em Betel Deus lhe fez a Sua promessa
(35:11-12). A promessa do capítulo 35 é mais sólida
do que a que lhe foi feita em sonho (28:13-14). Antes
de virmos para a igreja, jamais tivemos uma
promessa sólida vinda de Deus para nós. As
promessas mais sólidas são sempre dadas na vida da
igreja. A nossa experiência mostra-nos que na vida
da igreja quase todo dia é dia de promessa. Isso
significa que todo dia é cheio de expectativas. Fora
dela não temos esperança. Você tinha esperança
antes de entrar para a vida da igreja? Não, só tivemos
decepção e desencorajamento. Mas agora, na vida da
igreja, tudo é muito definido e significativo. De
manhã, à tarde e à noite nós temos esperanças. Todas
essas esperanças são as promessas que recebemos
todos os dias.
Todas as promessas feitas por Deus e recebidas
por nós na vida da igreja destinam-se à edificação de
Deus. Não se destinam ao nosso casebre, à nossa
cabana. No passado, alguns de nós desejavam
edificar uma pequena casa de santidade, e algumas
irmãs esperavam edificar a pequena cabana de uma
boa vida conjugal. Muitas esposas que não
conseguiram uma vida conjugal agradável buscam
encontrá-la no cristianismo. Mesmo depois de
entrarem para a vida da igreja muitas irmãs ainda
têm em seu íntimo a esperança de encontrar na igreja
a vida conjugal feliz que sempre almejaram. A
intenção delas não é a edificação da casa de Deus; é a
edificação da pequena cabana de sua própria vida
conjugal. Mas a experiência de muitos de nós é esta:
quando nos esforçávamos para edificar uma pequena
cabana para nós mesmos, Deus soprou sobre ela. Em
minha experiência passada, anos atrás, Deus
primeiramente soprou para longe o teto, e depois as
paredes. Depois disso a minha cabana acabou. Mas
não pense que todo o povo da igreja seja miserável
por ter sido demolida a cabana de sua vida conjugal.
Temos uma vida conjugal muito melhor, não em
nossa pequena cabana, mas na casa de Deus. Hoje,
na vida da igreja, posso testificar a vida conjugal
maravilhosa que tenho, e gabar-me dela ao inimigo.
Se você não tivesse a vida da igreja, que vida conjugal
miserável seria a sua! Ao tentar edificar uma pequena
cabana para nós mesmos, fomos malsucedidos. Mas
ao trazermos nossa vida conjugal para dentro da
igreja descobrimo-nos numa mansão. Louvado seja o
Senhor porque estamos aqui tendo por alvo a casa de
Deus!
Antes de vir para a vida da igreja, tentei também
edificar um casebre de paciência. Como muitos de
vocês sabem, sou uma pessoa rápida. É preciso um
grande dispêndio de energia para uma pessoa rápida
ser paciente. Detesto até ouvir o sinal ? e ocupado
quando uso o telefone. Percebendo, quando Jovem,
que me faltava paciência, tentei construir um casebre
de paciência. Também fiz o máximo para edificar
casas de santidade e vitória. Queria muito ser
vitorioso sobre o meu temperamento. Uma pessoa
rápida é impaciente, e a impaciência nos leva a
perder a calma. Eu estava muito cônscio de que era
impaciente, impuro e derrotado. Embora tentasse
edificar casas de paciência, santidade e vitória, eu
não obtinha êxito em nenhuma dessas construções.
Quando entrei para a vida da igreja, não me esqueci
imediatamente dessas casas. Pelo contrário, ainda
tentei construí-las. Mas um dia, vi que era tolice
construir tais casinhas, pois eu já tinha uma grande
casa-a vida da igreja. Uma vez que estejamos na vida
da igreja, a paciência, a santidade e a vitória serão
nossas.
Deixem-me compartilhar com vocês algo que
experimentei muitas vezes. Quando estava prestes a
perder a calma, eu pensava na igreja, e
imediatamente a minha ira desaparecia. Talvez eu até
dissesse a mim: “Estou para perder a calma com os
presbíteros”. Mas pela misericórdia do Senhor,
pensava na igreja, e a minha ira se desvanecia. Não
há nem mesmo a necessidade de experimentar a vida
da igreja. Até mesmo um pensamento sobre ela pode
suprimir a nossa ira. Você pode dizer: “Irmão Lee,
isso é superstição. Como é que um pequeno
pensamento sobre a vida da igreja pode levar embora
a sua ira? “ Não consigo explicar isso, mas já
experimentei que até um pensamento sobre a igreja
pode fazê-lo vitorioso. Se você viver realmente na
vida da igreja, quanta santidade e vitória terá!
Quando você chegar à Nova Jerusalém, ainda estará
buscando santidade, humildade e paciência? Não, na
Nova Jerusalém todo esse vocabulário será eliminado.
Não haverá paciência, mas haverá o próprio Deus
como o Deus todo-suficiente. Na vida da igreja temos
hoje uma miniatura da Nova Jerusalém; nenhum
outro cristão experimenta tanto a santidade como
nós. Não estamos edificando nossas choças e cabanas.
Somos apenas pelo edifício único-a casa de Deus.
Essa casa é uma habitação mútua. Tanto nós como
Deus habitamos aqui. Louvado seja o Senhor por
estarmos agora na vida da igreja, experimentando-O
de maneira corporativa!
A promessa de Gênesis 35:11, feita pelo Deus
todo-suficiente, é para que sejamos principalmente
fecundos e nos multipliquemos. Parece que isso faz
lembrar a pregação do evangelho. Embora possa
haver alguma semelhança entre essa promessa e a
pregação do evangelho, a pregação do evangelho hoje
é uma maneira de dar fruto. Enquanto a pregação do
evangelho pode ser uma atividade externa, produzir
fruto é um transbordar interior de vida. Ser fecundo e
multiplicar-se significa gerar filhos, produzir algo das
riquezas de nossa vida interior. Isso só pode ocorrer
por meio do transbordar da rica vida interior.
Suponha que todos nós fôssemos “macacos”, e
Deus dissesse: “Macacos, sejam fecundos”. Se fosse
esse o caso, muitos “macacos” seriam gerados.
Certamente, Ele não deseja tal tipo de multiplicação.
Deus quer a multiplicação de Israel, não de Jacó.
Como vimos, o nome Israel tem em si as letras
hebraicas para Deus-El. A nossa multiplicação deve
ser a multiplicação de Deus. A multiplicação de
“macaco” não é a multiplicação de Deus, porque
“macaco” não tem em si a essência, o elemento de
Deus. Falta-lhe o “EI”. Mas Israel contém algo de
Deus. Precisamos ser transformados para a
multiplicação. Antes de Abrão tomar-se Abraão,
Deus jamais lhe disse para ser fecundo. Se houvesse
falado essa palavra antes de Abrão tomar-se Abraão,
teria sido multiplicado o homem natural, não o
transformado. Somente após ser
Abraão circuncidado e haver experimentado a
mudança de nome é que Deus prometeu fazê-lo
“fecundo extraordinariamente” (17:6). O mesmo
ocorreu com Jacó. No capítulo 28, Deus não
prometeu que ele seria fecundo e multiplicar-se-ia.
Lá, Ele apenas disse que a descendência de Jacó seria
como o pó. Mas isso é diferente do capítulo 35. Aqui,
Deus prometeu que ele seria fecundo e multiplicar-
se-ia, e disse-lhe que dele sairiam nações com reis.
Isso não é a multiplicação de “macacos”, mas de
Israéis.
Ao pregar o evangelho, muitos cristãos geram
“macacos”, que não são bons para a vida da igreja.
Você quer ter uma multiplicação de “macacos”? Não.
Precisamos ter a multiplicação de Israéis. Para isso,
precisamos ser transformados de J acós em Israéis,
porque somente Israel pode gerar Israel. É por isso
que a promessa neste capítulo se baseia no fato de
Jacó ser transformado. Isso também se destina à
edificação da casa de Deus.
Embora eu tenha conduzido algumas pessoas ao
Senhor antes de entrar para a vida da igreja,
nenhuma delas entrou para a vida da igreja.
Introduzi-as no cristianismo, mas apesar de quanto
tentei, não consegui levá-las para a vida da igreja.
Contudo, após entrar para a igreja, centenas de
outras pessoas conduzi das ao Senhor em minhas
primeiras pregações não apenas se salvaram, como
também entraram para a vida da igreja. Você pode
dizer: “Irmão Lee, antes de você entrar para a igreja,
era Jacó, e, assim, gerou outros Jacós”. Isso é
verdade, mas depois de entrar para a vida da igreja e
experimentar transformação, quase todos os que eu
trouxe ao Senhor se tomaram material para a
edificação da vida da igreja, para a edificação da casa
de Deus. Há uma grande diferença entre a pregação
do evangelho e tal tipo de multiplicação. Não estamos
meramente pregando o evangelho para o exercício de
certas atividades externas; estamos vivendo a vida da
igreja para gerar o fruto correto, com vistas à vida da
igreja.
Note que o versículo 11 não diz que essa
multiplicação se destina a Betel. Pelo contrário, ela
indica nações com reis. Isso revela, ou pelo menos
implica, que a vida correta da igreja deve ser o reino.
O resultado de nossa multiplicação precisa ser a vida
da igreja, e essa vida da igreja tem de ser o reino.
Há um problema quanto à interpretação da
expressão “uma multidão de nações” do versículo 11.
Quantas nações, na verdade, saíram de Jacó?
Somente a nação de Israel. Além disso, em 17 :5,
Abraão é chamado o “pai de uma multidão de nações”
(hebr.). Quais são as muitas nações das quais Abraão
é pai? Não creio que Deus conte as nações árabes,
porque são os descendentes de Ismael. Somente uma
nação, a nação. de Israel, saiu de Abraão. Precisamos
da Bíblia toda para desenvolver qualquer das
sementes encontradas no livro de Gênesis. Sem
dúvida, Israel era uma nação, um reino. A igreja, o
milênio e a Nova Jerusalém na eternidade também
serão reinos.
Mesmo hoje, a vida da igreja deve ser uma nação,
um reino. A nossa multiplicação deve resultar em
nações. Isso significa que qualquer que seja o fruto
que demos, tudo deve resultar na vida da igreja, que
será um genuíno reino de Deus com reis. Não
estamos aqui apenas para a vida da igreja, mas
também para o reino. Para a igreja não precisamos
de muita disciplina, mas para o reino precisamos de
considerável disciplina.
No fim do Evangelho de Marcos, o Senhor disse
aos Seus discípulos: “Ide por todo o mundo e
proc1amai o evangelho a toda a criação”. (Mc 16:15).
Ao final de Lucas está escrito: “E que em seu nome se
proclamasse arrependimento para perdão de pecados
a todas as nações” (Lc 24:47). Entretanto, em Mateus
28:19, o Senhor disse: “Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações”. O Evangelho de Mateus diz
respeito ao reino e nele a vida da igreja hoje é o reino.
Mateus 16:18-19 assim o indica: “Sobre essa rocha
(lit.) edificarei a Minha igreja, e as portas do Hades
não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do
reino dos céus”. Nesses versículos as palavras “igreja”
e “reino” são intercambiáveis. Isso revela que a igreja
é o reino e o reino é a igreja. A vida da igreja hoje
precisa ser o reino. Por não haver reino no
cristianismo, podemos dizer que nele não há a igreja
correta. No cristianismo não há discipulado, não há
disciplina. Precisamos gerar frutos que serão
discípulos genuínos, os que estarão sob a disciplina
divina, de modo que a vida da igreja possa realmente
ser o reino. Na vida da igreja hoje há a necessidade
de disciplina. Se não aceitarmos essa disciplina hoje,
como poderemos esperar reinar na era do reino? Se
você jamais foi disciplinado sob a autoridade de Deus,
não saberá como governar sobre as nações. A vida da
igreja é uma preparação para o reino e nela estamos
agora sendo disciplinados para ser co-reis com Cristo.
MENSAGEM OITENTA E DOIS
cc. De Bronze
Chegamos agora a um ponto decisivo-as duas
colunas eram feitas de bronze (l Rs 7:15). Em Gênesis,
a coluna é de pedra, mas em 1 Reis 7, as colunas são
de bronze. Uma pedra denota transformação.
Embora sejamos barro, podemos ser transformados
em pedra. Mas que significa o bronze? Significa
julgamento de Deus. O altar à entrada do tabemáculo,
por exemplo, era recoberto de bronze, indicando o
julgamento de Deus (Êx 27:1-2; Nm 16:38-40). A
bacia também era feita de bronze (Êx 30:18). Além
disso, a serpente de bronze colocada numa haste
(Nm 21:8-9) também testificava de Cristo sendo
julgado por Deus a nosso favor (Jo 3:14). Em
tipologia, portanto, o bronze sempre simboliza o
julgamento de Deus. O fato de as duas colunas serem
feitas de bronze indica claramente que, se quisermos
ser colunas, precisamos perceber que estamos sob o
julgamento de Deus. Não devemos apenas estar sob o
julgamento de Deus, mas também sob o nosso
próprio julgamento. Como Paulo em Gálatas 2:20,
precisamos dizer: “Fui crucificado. Fui crucificado
porque não sirvo para nada na economia de Deus.
Sou apenas qualificado para a morte”. Muitos irmãos
são inteligentes e capazes, e muitas irmãs são muito
boazinhas. Precisamos reconhecer, entretanto, que
na verdade, não servimos para nada. Não valemos
sequer um vintém. Somos bons apenas para morrer.
Dizer: “Fui colocado de lado, condenado e destinado
a morrer” é um tipo de autojulgamento. Qual é o seu
julgamento a respeito de si próprio? Você deve
responder: “O julgamento de mim mesmo é que não
sou bom para nada e que fui crucificado”.
Se você se acha qualificado a ser uma coluna,
então já está desqualificado. Deixem-me dizer algo
sobre a prática do irmão Nee com referência à
indicação de presbíteros. Ele dizia que alguém que
ambicionasse o presbiterato, jamais seria um
presbítero. Então, muitos de nós na China dizíamos:
“Não fique pensando que você pode ser presbítero e
não tenha a ambição de ser um. Se você ambiciona o
presbiterato, jamais poderá ser um presbítero”.
Quando cheguei pela primeira vez a Xangai, em 1933,
conheci certo irmão. Mais tarde descobri que ele
tinha muita vontade de ser um presbítero. O irmão
Nee disse-me que só porque ele desejava tanto ser
presbítero, não estava qualificado para sê-lo, Quem
quer que ambicione ser um presbítero está
desqualificado para ser um. Em maior ou menor grau,
como alguns irmãos podem testificar, temos
praticado isso nesses anos nos Estados Unidos.
Alguns poucos entre nós têm buscado o presbiterato;
eles até se mudaram de um lugar para outro,
procurando uma oportunidade para ser presbítero.
Depois de perceber que o presbiterato em certa
localidade já fora preenchido, mudaram-se para
outra, onde havia maiores oportunidades. Tais vagas,
entretanto, somente poderiam ser preenchidas pelos
que não ambicionavam ser presbíteros. Uma vez
descoberta a ambição de um irmão pelo presbiterato,
ele estará totalmente desqualificado por toda a
eternidade. A razão disso é que tal irmão não é uma
pessoa sob o julgamento de Deus. Todos precisamos
dizer: “Não sou qualificado. Sou pobre, pecaminoso,
caído e corrupto”. Além disso, precisamos dizer:
“Senhor, sou tão caído, pecaminoso e corrupto. Como
poderia assumir a responsabilidade de ser
presbítero? Não estou qualificado para tanto”. Essa é
a experiência do bronze. Justificar ou qualificar a nós
mesmos é estar aquém da experiência do bronze. Os
que experimentam o bronze são os que estão
constantemente sob julgamento.
Nos primeiros anos, na China, eu às vezes
imaginava por que o irmão Nee era tão rigoroso
nessa questão. Por fim, aprendi que todo o que
ambicionar ser um líder em qualquer aspecto da vida
da igreja, tornar-se-á um problema. Não houve
exceção alguma nesse ponto. Todavia, todos os que se
tomaram de real proveito para a edificação da igreja
foram os que não se julgaram qualificados para a
liderança. Pelo contrário, sempre disseram: “Não
estou qualificado. Sou muito carente. A minha
disposição não é adequada, e ainda estou muito na
minha vida natural. Não me considero bom”. Dizer
isso não é somente estar sob o julgamento de Deus, é
estar também sob autojulgamento. Como você se
avalia? Não diga: “Ninguém mais serve, exceto eu”.
Toda vez que disser isso, estará acabado, e o Senhor
jamais colocará o Seu selo sobre essa sua avaliação de
si próprio. Todos nós precisamos ter a percepção de
que somos caídos, corruptos e ruins. Todos
precisamos sentir que em nós, isto é, em nossa carne,
não habita bem algum (Rm 7:18). Deveríamos dizer:
“Não sirvo para nada, exceto para a morte. Como os
irmãos poderiam pensar que eu devo ser um dos
presbíteros? Fico aterrorizado com tal possibilidade”.
Não falo isso em vão. Nos anos passados, alguns
disseram: “Por que o irmão Fulano de Tal foi
indicado para presbítero e eu não? “ Ele foi indicado
em seu lugar porque você se sente qualificado. A sua
auto-aprovação o desqualifica. O Senhor jamais
escolherá alguém que se considera qualificado. Se
você se acha qualificado, então você nada tem a ver
com o bronze. Pelo contrário, você faz de si mesmo
ouro. A experiência do bronze significa que estamos
sob o julgamento de Deus e sob o nosso próprio
autojulgamento. Todos precisamos aplicar essa
palavra a nós mesmos, dizendo: “Senhor, tem
misericórdia de mim, porque em mim não há nada
de bom”. Essa é a razão de termos sido crucificados.
Se pensamos que há algo bom em nós, somos
mentirosos.
Em Gálatas 2:20, Paulo disse: “Já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim”. Também
podemos aplicar a sua palavra em 1 Coríntios 15:10,
que diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a
sua graça, que me foi concedida, não se tomou vã,
antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia
não eu, mas a graça de Deus comigo”. Em Gálatas
2:20, ele diz: “Não eu, mas Cristo”, e em 1 Coríntios
15:10, ele volta a dizer: “Não eu, mas a graça de
Deus”. Paulo parecia estar dizendo: “Tudo o que sou,
sou pela graça de Deus. Por mim mesmo, nada sou.
Por mim mesmo, jamais poderia ser um apóstolo ou
ministro da palavra viva de Deus. Laborei mais do
que os outros, mas não fui eu quem laborou-foi a
graça de Deus”. Essa é a experiência do bronze.
Em tipologia e figura, as duas colunas de bronze
de 1 Reis 7 dizem-nos que precisamos estar sob o
julgamento de Deus, bem como sob o nosso
autojulgamento. Precisamos julgar a nós mesmos,
considerando-nos nada e apenas qualificados a ser
crucificados. Digo isso não só aos irmãos, mas
também às irmãs. Nenhum de nós é bom para nada.
Precisamos considerar-nos como aqueles sob o
julgamento de Deus. Se um presbítero não está sob o
julgamento de Deus, não pode ser um bom
presbítero; e se uma irmã responsável não está sob o
julgamento de Deus, não pode ser uma irmã
responsável adequada. Percebo claramente e posso
testificar que, para ministrar a Palavra de Deus,
preciso sempre estar sob autojulgamento. Embora
possa despender pouco tempo orando positivamente
pela reunião, posso gastar longo tempo em
autojulgamento, considerando-me carente, indigno,
carnal e natural. Às vezes, até gemo e lamento,
dizendo:-o Senhor, quando virá o tempo em que eu
poderei ministrar a Tua palavra sem a minha carne?
Não pensem que enquanto estou aqui ministrando a
vocês, eu seja muito bom. Não, sou muito carente.
Por estarmos na vida natural e na velha criação,
somos miseráveis. Precisamos servir sob o
julgamento de Deus e ministrar sob a nossa própria
percepção do julgamento de Deus. Sou alguém que já
foi julgado. O meu ser natural, a minha carne e eu
mesmo, tudo foi julgado por Deus, e ainda estou sob
esse julgamento. Se tivermos essa percepção, tornar-
nos-emos então bronze.
Embora brilhe, o bronze não tem glória. No
brilho do ouro, pelo contrário, existe glória. O brilho
do bronze significa que estamos sob o julgamento de
Deus. Se um presbítero brilha como bronze, ele então
é um presbítero que esteve e ainda está sob o
julgamento de Deus. Ele não é um candelabro de
ouro testemunhando a glória de Deus; é uma coluna
de bronze, em pé, para o julgamento de Deus. Você
tenciona ser uma coluna, um líder no meio dos filhos
de Deus? Se assim for, então precisa ser colocado sob
o julgamento de Deus. Espero que o Espírito Santo
lhe fale isso. No templo de Deus não há orgulho,
vanglória. No templo de Deus, as colunas são de
bronze. Os que levam o encargo são seres julgados.
Todos os presbíteros são irmãos que têm estado e
ainda estão sob o julgamento de Deus. Além disso,
esse julgamento é totalmente percebido por eles
mesmos. Eles reconhecem que estão sob o
julgamento de Deus porque são pecaminosos, caídos
e corruptos, porque nada existe de bom neles e
porque não estão qualificados para nada na
economia de Deus. Eu poderia repetir várias vezes
esta palavra. Você sabe por que há tanta luta no
cristianismo? É porque não há bronze. Não há
julgamento por parte de Deus. Pelo contrário, todas
as “colunas” são colunas de madeira. Quanto mais
responsabilidade assume na vida correta da igreja,
mais você precisa perceber que está sob o julgamento
de Deus. Você é somente bronze sob o julgamento de
Deus. Não se desligue desse julgamento nem mesmo
por um instante. Pelo contrário, você deve
permanecer sob a realidade do julgamento de Deus e
permanecer na experiência do bronze.
3. Viveu em Ressurreição
A corça é também mencionada no título do
Salmo 22, que diz: “Segundo a melodia: Corça da
manhã”. Esse salmo fala da ressurreição em Cristo
por meio da crucificação. O primeiro versículo foi
dito pelo Senhor Jesus na cruz: “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste? “ O versículo 22,
todavia, diz: “A meus irmãos declararei o teu nome;
cantar-te-ei louvores no meio da congregação”. Este
versículo é mencionado em Hebreus 2:12, que
relaciona o Cristo ressurreto à igreja. O Salmo 22,
portanto, cantado segundo a melodia da corça da
manhã, fala sobre Cristo em ressurreição para a
igreja. No Antigo Testamento, a corça refere-se não
somente a uma pessoa que confia em Deus e anda
por sobre o pico dos montes, mas também àquela que
vive em ressurreição para a congregação de Deus,
para a vida da igreja.
Você é uma “corça” ou uma “tartaruga”? Nunca
vi uma tartaruga saltando por sobre o pico dos
montes. As tartarugas são encontradas em lugares
baixos, junto às águas. Os que confiam em Deus não
são “tartarugas”, mas “corças”. Estão em ressurreição
para a congregação de Deus, para a igreja. Somente
pela regeneração e pela transformação podemos ser
tal tipo de pessoa. Nafta1i é a tribo da corça, e uma
corça representa uma pessoa regenerada e
transformada, uma pessoa que confia em Deus, que
anda por sobre o topo dos montes, e que vive em
ressurreição para a vida da igreja. Que maravilha!
UM TESTEMUNHO PESSOAL
Em 1933, tive o encargo do Senhor, ou até
mesmo fui forçado por Ele, para desistir do meu
emprego e servi-Lo em tempo integral. Eu não havia
estudado numa escola bíblica ou seminário. Naquela
época, eu trabalhava numa empresa. Enquanto o
Senhor tratava comigo acerca de desistir de meu
emprego, não pude dormir ou comer bem por três
semanas. Servir o Senhor em tempo integral exigia
um exercício extremo de minha fé, e nada ao meu
redor favorecia tal decisão. Simplesmente não sabia
como haveria de cuidar do meu viver. Por fim,
entretanto, não tive escolha senão deixar o emprego.
Depois de tomar essa decisão, recebi um bilhete do
irmão Nee. Nele, ele me dizia: “Irmão Witness,
quanto ao seu futuro, sinto que você deve servir o
Senhor em tempo integral. Como se sente a respeito?
Que o Senhor possa guiá-lo”. Esse bilhete, datado de
17 de agosto de 1933, em meio às minhas três
semanas de luta com o Senhor, foi uma forte
confirmação. Havia-me demitido da firma, mas tinha
pouca fé. Ainda duvidava se tinha tomado a decisão
acertada. Naquele transe, chegou o bilhete do irmão
Nee. Depois de lê-lo, eu disse: “Se o Senhor quiser,
visitarei esse irmão e descobrirei por que me
escreveu esse bilhete nessa hora”.
Com esse propósito, fui a Xangai visitar o irmão
Nee, e ele recebeu-me como seu hóspede. Fiquei em
sua companhia vários meses e recebi dele grande
ajuda. É claro, minha primeira pergunta foi indagar o
motivo de ele escrever-me aquele bilhete em 17 de
agosto. Ele disse-me que, enquanto o seu navio
voltava para a China, no mar Mediterrâneo, estando
ele sentado silenciosamente, só, em sua cabine,
sentiu encargo de orar pelo mover do Senhor na
China. Enquanto orava, o Senhor mostrou-lhe que
devia escrever-me aquele bilhete. Eu então lhe disse
que a data em que escrevera o bilhete coincidia com o
meio das minhas três semanas de luta com o Senhor.
Essa notícia confirmou ao irmão Nee que o que ele
me escrevera estava absolutamente certo. Por meio
dessa nota, ele e eu fomos edificados juntos muito
mais do que antes. Ficamos profundamente seguros
de que o Senhor nos colocara juntos. Daquela época
em diante, ele tratou-me como um novo aprendiz, e
eu o honrei e respeitei como meu colaborador
principal, como alguém que podia aperfeiçoar-me.
Porque não havia muito trabalho para o irmão
Nee e eu fazermos naqueles primeiros dias,
freqüentemente eu ia a ele, em sua casa,
permanecendo com ele por longos períodos. Nessas
oportunidades, ele me aperfeiçoava de muitas
diferentes maneiras. Diante do Senhor, posso
testificar que jamais gastamos tempo em fofocas. O
irmão Nee, um notável dom dado pelo Senhor para
aperfeiçoar os outros, sempre usou o tempo para
aperfeiçoar-me. Ele sabia com certeza do que eu
precisava. Deu-me a compreensão correta da história
da igreja desde o primeiro século até o presente;
compartilhou comigo as biografias de quase todos os
fundadores das diferentes denominações e
aperfeiçoou-me no que se refere à vida interior, à
vida da igreja e ao mover do Senhor.
UM ÚNICO FLUIR
Um dia, o irmão Nee disse-me que ele e os
outros cooperadores tinham encargo no sentido de
que eu me mudasse para Xangai com minha família,
a fim de ficar e trabalhar com eles. Pediu-me que
colocasse essa questão diante do Senhor. Quando
levei o assunto ao Senhor e orei a respeito, Ele me
mostrou, no livro de Atos, que há somente um único
fluir no Seu mover na terra. Esse fluir começou em
Jerusalém e se espalhou por Antioquia,
direcionando-se depois para a Europa. E disse-me
que, em Seu mover na China, não deveria haver duas
correntes ou duas fontes. Tive encargo pelo norte da
China. Antes de ir ter com o irmão Nee, eu fizera um
estudo completo de Cantares no verão de 1933. Mas
embora eu tivesse definitivamente encargo pelo norte
da China, o irmão Nee e os cooperadores sentiram
que eu deveria mudar-me para Xangai, ficar lá e
trabalhar com eles. Nessa hora, o Senhor mostrou-
me que eu deveria mergulhar no único fluir, que
começara em Xangai. Vi que, de Xangai, o fluir
prosseguiria para o norte e para outras partes do país.
Decidi, portanto, mudar-me para Xangai e lá
permanecer. Daquela época em diante, tenho estado
no fluir. Estou absolutamente claro de que esse era
tanto o fluir do Senhor como o Seu mover na terra
em Sua restauração. Usando a palavra de hoje,
descobri que havia encontrado Betel.
c) Para o Nazireado
A libação também se relacionava à lei do
nazireado (Nm 6:13-17). 0 nazireu era uma pessoa
totalmente consagrada a Deus. Quando se cumpriam
os dias da separação de um nazireu, ele devia
apresentar uma oferta queimada, uma oferta pelo
pecado e uma oferta pacífica. Juntamente com essas
ofertas, ele também precisava apresentar uma
libação. Ele estava qualificado a oferecer a libação
porque era alguém que experimentara Deus em alto
grau. Isso também prova que a libação advém das
experiências que temos com o Senhor. Se não O
experienciarmos, não poderemos ter uma libação.
Ela não é meramente o próprio Senhor de maneira
objetiva; é a nossa experiência subjetiva de nos
tomarmos um com o Senhor a tal ponto que Ele se
torna a nossa pessoa. O Cristo que experienciamos
dessa maneira subjetiva é o vinho que derramamos
para satisfazer a Deus em Sua edificação.
4) Percebeu Betel
Depois de fazer lá todas essas coisas, Jacó deu ao
lugar o nome de Betel (35:15), mostrando que ele
percebera ser aquela a casa de Deus, onde Este lhe
falara (28:13-15). Hoje, a igreja é a casa de Deus (1
Tm 3:15; Hb 3:6). Como Jacó em Betel, também
precisamos das experiências práticas para a vida da
igreja. Precisamos edificar um altar de consagração,
erigir uma coluna para a edificação de Deus, e estar
prontos a ser derramados como libação sobre a Sua
edificação, de modo que o óleo divino possa ser
derramado sobre ela, a fim de santificá-la para Deus.
Agir assim é perceber a vida prática da igreja.