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do diagnósco à intervenção
de pessoas com transtornos
específcos de aprendizagem
Organizadoras:
Ana Luiza Navas
Cína Salgado Azoni
Darlene Godoy de Oliveira
Juliana Posgo Amorina Borges
Renata Mousinho
CDD- 616.855
Conteúdo
5 Apresentação
RESUMO
ELO: escrita, leitura e oralidade é um projeto que faz parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro e é voltado
para crianças com Transtornos de leitura e escrita. Com perspecva interdisciplinar, seja para avaliação diagnósca
ou intervenção, tem se pautado na proposta de RTI, Resposta à Intervenção. O apoio à família permeia todas as
etapas.
1. Fonoaudióloga. Pós doutora em Psicologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora e Mestre em Linguísca-UFRJ. Especializada em Psico-
motricidade-ISRP-Paris e Educação Inclusiva-UGF. Professora Associada da Faculdade de Me dicina, Departamento de Fonoaudiologia- UFRJ. C oordenadora do
projeto ELO: escrita, leitura e oralidade.
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Idencá-los precocemente torna-se emergente diante da é necessário se alinhar às pesquisas nacionais e internacionais,
possibilidade de poder eliminá-los ou minimizá-los através bem como ao Manual Diagnósco(4) e seguir a proposta de
de esmulação precoce. Pesquisadores, educadores e polí- Resposta à Intervenção (Response to Intervenon – RTI)(5).
cos vêm dando mais atenção a estas questões, mostrando A inclusão da abordagem de RTI como um dos critérios do
o impacto posivo de programas de intervenção precoce DSM5 pode ser considerada uma alternava à forma tradicio-
sobre possíveis problemas de leitura (1). Em todo o mundo, nal de idencar estudantes com transtornos especícos de
trabalhos de prevalência dos transtornos de leitura eviden- aprendizagem, avaliando e intervindo dentro de um sistema
ciam valores bastante diversos que variam entre 5% e 40%, mulcamadas, visando maximizar o potencial do aluno na-
já que os critérios e recortes escolhidos são muitos(2). quelas habilidades, minimizando problemas comportamentais
Ademais, em nosso país temos um fator complicador. secundários(6).
A educação pública brasileira, de modo geral, apresenta Em relação ao diagnósco, ele não é dado a priori, ou
índices desfavoráveis em relação aos resultados em testes seja, podem ser levantadas suspeitas, mas a forma como a
de leitura e compreensão leitora/escrita. O Programme for criança responder à proposta de RTI poderá conrmar ou
Internaonal Student Assessment (PISA, 2015) avaliou a habi- não a hipótese inicial. E, independente do diagnósco de
lidade de leitura em adolescentes de quinze anos em diversos base, o programa de remediação elaborado vai favorecer o
países do mundo e o Brasil apresentou péssimo resultado em desenvolvimento de todos.
média de leitura, gurando nas últimas colocações em nível Na proposta de RTI em camadas, o componente instru-
mundial(3). São variáveis biológicas e ambientais interagindo, cional entre as mesmas é adivo. Isto é, todos os estudantes
ou seja, um transtorno especíco de aprendizagem pode ser recebem instrução na camada 1, referente ao rastreio univer-
ainda mais prejudicado diante de um sistema educacional sal, ou seja, em sala de aula. Na camada 2, somente o grupo
que mal dá conta de quem não apresenta diculdades. Tal de alunos que caram com algumas diculdades na camada
realidade exige um plano mais integrado entre saúde e edu- 1 é que vão parcipar, o deveria acontecer prioritariamente
cação, e exige esforços para ações urgentes. O fato é que, nas escolas, mas também é realizado em espaço da saúde(8).
independente da origem das diculdades, há muitas crianças Por m, só parcipam da camada 3 aqueles com diculdades
precisando de ajuda e o aumento de demanda em serviços persistentes, mesmo após a parcipação nas camadas 1 e 2,
especializados é alarmante. sendo indicavo de Transtorno de Aprendizagem (9,10).
No caso do ELO, a primeira camada não acontece no
MÉTODO E RESULTADOS próprio projeto. Só podemos acompanhar, em forma de
parceria, a proposta de esmulação universal realizada em
Uma invesgação diagnósca na área de leitura e escrita um dos campi de uma escola pública federal de referência
não tem como desconsiderar inúmeras variáveis, que vão de no Rio de Janeiro, onde há fonoaudiólogos educacionais
questões educacionais a psicológicas, além das linguísco-cog- concursados dentro da equipe. Os resultados têm sido bas-
nivas. Então, além de ter pontos de vista de áreas diferentes, tante posivos(11).
Figura 1. Modelo RTI em camadas para intervenções acadêmicas e comportamentais, tradução livre (2), a parr de(7).
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conseguimos efevar dentro do projeto, como reabilitação narravas também são desenvolvidas no conto, reconto
cogniva, terapia ocupacional ou música. e interpretação.
• Pedagogia/psicopedagogia: o apoio nesta área é im-
Figura 3 prescindível, ainda mais considerando a etapa em que
chegam ao projeto, muitos sem ler, e alguns lendo muito
A abordagem de intervenção é toda baseada em evidên- mal. O ano inicial da alfabezação formal é uma etapa
cias ciencas(14), aliado ao olhar posivo sobre o potencial fundamental, mesmo que o ciclo seja de 3 anos (17). Como
das crianças: acreditamos, e fazemos as próprias acredita- muitos progridem de ano escolar, mesmo sem saber ler,
rem, que todos vão aprender a ler ou ler melhor. O mínimo eles deixam de ter um projeto pedagógico que atenda
oferecido de intervenção, desde o princípio, foi a dupla fono- àquela demanda especíca. Oferecer um trabalho siste-
audiologia-pedagogia, por conseguirem atender às questões mazado favorece todas as crianças mas, em especial,
centrais daqueles com diculdades de leitura(15). Entretanto, aqueles que apresentam diculdades (18,19). O vínculo com
outras áreas, tal qual brevemente descrito anteriormente, a aprendizagem tende a ser retomado.
trazem enormes benecios e são sempre benvindas como • Psicologia: Pouco mais de um terço das crianças e ado-
experiências que só somam no desenvolvimento da criança. lescentes com problemas de aprendizagem apresentam
• Fonoaudiologia: é ulizado como base da intervenção o consequências psíquicas como ansiedade ou depressão,
programa de remediação fonológica(16), com uso dos livros número seis vezes maior do que em crianças que não en-
da Coleção Estrelinha, que apresentam grau crescente frentam essas diculdades (19-20).Comportamentos agres-
de complexidade. Estimula a consciência fonológica, sivos são também recorrentes. Por esta razão, dar apoio
a memória de trabalho fonológica, aumenta o input psicológico a elas torna-se tão relevante. Esta proposta
visual, em um contexto de leitura real. As habilidades de atendimento colevo proporciona um espaço onde
encontre outras crianças que experimentem as mesmas costumam se reverter negavamente sobre a dinâmica fami-
diculdades e possa se expressar livremente favorece o liar, criando um ciclo vicioso, e este é o maior indicador que
desenvolvimento pleno da criança, facilitando sua adap- o apoio às famílias é de suma importância(33,34,35) .
tação no ambiente social, educacional e familiar. Ao longo dos últimos anos, a abordagem com a família
• Processamento audivo: tendo em vista que a leitura foi variada.
envolve a conexão do processamento visual com o audi- • Psicologia na sala de espera (36): propõe humanizar as
vo, a esmulação deste último pode representar para questões trazidas pelos pais relacionadas ao sofrimento
alguns um bom reforço na equipe de intervenção. A re- da familiar diante das diculdades de aprendizagem das
lação entre processamento fonológico e processamento crianças. Esse aproximação com os familiares possibilita
audivo, especialmente em leitores principiantes, reforça estreitar as relações entre os prossionais, pais e crian-
essa ideia(22). Estudos mostram a ecácia do treinamento ças. Acolher e compreender a queixa dos familiares é
audivo para crianças com Dislexia, discundo inclusive um dos primeiros passos no processo de intervenção.
o enfoque de maior sucesso (23). No projeto aconteceram Essa escuta, muitas vezes, acontece na sala de espera
individualmente, dentro e fora da cabina. e de forma espontânea. Alguns familiares com menos
• Habilidades matemácas: a intervenção das habilidades facilidade de expressão conseguem, neste momento,
matemácas é de suma importância para aqueles com parcipar mais avamente. Essas conversas permitem
diculdades especícas nesta área (24) , mas o trabalho que os pais entendam os momentos diceis que a fam í lia
desenvolvido tem se mostrado útil para outras crianças. está enfrentando, mas também que possam construir
Por exemplo, desenvolver habilidades relevantes na área caminhos para superá-los. Assim claricamos as dúvidas
como a representação numérica, a memória de trabalho, e desmiscamos algumas informações.
a noção espacial e as funções execuvas (25)podem auxiliar • Grupo de psicologia(30): propõe uma abordagem mulfa-
outras áreas da aprendizagem formal. miliar, em que os familiares são reunidos em um local e
• Psicomotricidade: a intervenção integra questões mo- momento especícos para comparlhar suas experiências
toras, percevas e cognivas através de experiências e trabalhar em conjunto para superar seus problemas
corporais, culvando o auto-conhecimento, a atenção individuais(37). O planejamento dos encontros são exíveis
e as funções execuvas, todas habilidades importantes para atender às demandas. Os primeiros encontros são
à aprendizagem (26). A reabilitação dos transtornos da mais estruturados e visam à capacitação dos familiares
escrita pressupõe uma estreita associação da produção diante de temas especícos, tais como a natureza das di-
grafomotora e de linguagem. Dessa forma, essa inter- culdades especícas dos lhos, a ligação entre auto-esma
venção também vai desenvolver a grafomotricidade, e movação na aprendizagem, desenvolvimento cognivo
frequentemente prejudicada em crianças com problemas e emocional das crianças, como estabelecer parceria com
de aprendizagem e atenção(27). a escola, o dever de casa , dentre outras questões. Outros
• Teatro: textos de teatro são objevos, cada um lê uma encontros são mais livres, sob a demanda momentânea das
parte, como uma leitura comparlhada, há o apoio de famílias. Eventualmente, algum integrante pode solicitar
todo o corpo para falar os trechos, a interpretação do um momento sozinho com o psicólogo.
que é dito ajuda na prosódia. A movação é constante, • Ocinas de Design Thinking: O DT tem por objevo es-
e o foco sai do binômio escola-ambulatório. Estes são mular um processo de co criação entre os envolvidos na
os maiores argumentos para propor o teatro não como busca de soluções, sendo muito eciente para trabalhos
substuição, mas como uma avidade a mais. Sucessos em grupos para valorizar a troca e a colaboração, com
de experiências em outros países já foram publicados a mediação de facilitadores. Tem etapas básicas como
tanto do ponto de vista da ciência(28), quanto da arte(29). descoberta, interpretação, ideação, experimentação e
evolução, o que tem se mostrado relevante também no
Apoio à família contexto da aprendizagem(38). Vários temas que são um
Alguns estudos mostram o alto nível de estresse causado grande enfrentamento para as famílias foram abordados.
em uma família que tem uma criança ou jovem com trans- O grupo selecionou um deles e transformou-o no desao
torno de aprendizagem. A frustração das expectavas da principal que permeou todo o processo do DT, muitas ve-
família e do próprio, as longas horas de estudo para resulta- zes com a parcipação de outros prossionais da equipe
dos proporcionalmente baixos, os embates no dever de casa como “convidados”. A perspecva conta com o apoio
são frequentemente relatados(30,31,32) . Essas tensões geradas visual, por isso seguem exemplos nesta modalidade.
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Através das experiências acima relatadas, o que pudemos dessas crianças ao longo dos meses.
observar foi que existem dois momentos: o momento em Está longe de ser o ideal, mas tem avançado, e ajudado
que a família chega, correspondente ao período da avalia- a muitas crianças e suas famílias. E isso é o mais importante
ção, e o momento em que os pais já acompanham os lhos para quem pretende estruturar serviços similares. O inan-
sendo atendidos, são totalmente diferentes. Inicialmente gível paralisa. E é exatamente esse o senmento que não
não entendem as diculdades dos lhos nem tampouco o pode ser esmulado. Começar com um serviço pequeno,
posicionamento da escola. Porém, em um segundo momen- ampliar de acordo com as possibilidades, exibilizar diante
to, já estão mais serenos, conseguindo trocar mais dicas e de entraves. Mas, começar, sempre.
informações com os pares, mais seguros no como lidar diante
das adversidades. Mesmo que ainda restem dúvidas, como REFERÊNCIAS
em toda família, independente dos lhos apresentarem di-
culdades ou não, percebe-se que as mesmas (dúvidas) se 1. Vloedgraven M, Verhoeven L. Screening of phonological awareness
in the early elementary grades: an IRT approach. Ann Dyslexia.
tornam mais fáceis de serem administradas. São realmente 2007;57(1):33-50. doi: 10.1007/s11881-007-0001-2
dois momentos diversos e, portanto, merecem cuidados e 2. Gavídia JZ. Um sistema de intervenção computacional para rastreio
estratégias diferenciados também. Os grupos de psicologia e monitoramento de leitura em uma proposta de RTI [tese]. Rio de
com temas centrais combinados com as ocinas de DT pare- Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro - Engenharia de Sistemas
e Computação, COPPE; 2017.
cem ser melhor aplicados no primeiro momento, enquanto os 3. OECD: Organizaon for Economic Co-operaon and Development. ECD
grupos de psicologia sob demanda, ou a psicologia em sala de Programme for Internaonal Student Assessment (PISA) [internet]. 2015.
espera, parecem mais adequados a este segundo momento. Available from: www.pisa.oecd.org.
4. American Psychiatric Association. DSM-5: Manual diagnóstico e
estasco de transtornos mentais. 5th ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SUGESTÕES E ADAPTAÇÕES PARA OUTROS 5. Fuchs LS, Fuchs DA. Model for implementi ng responsiveness
SERVIÇOS to intervention. Teach Except Child. 2007;39(5):14-20. doi:
10.1177/004005990703900503
6. Institute of Education Sciences. Assisting Students Struggling with
O relato aqui realizado é fruto de muitas histórias e en- Reading: Response to Intervention (RtI) and Multi-Tier Intervention
frentamentos. Alguns pontos foramde total relevância neste in thePprimary Grades. Naonal Center for Educaon Evaluaon and
caminho: a parceria com outros projetos, laboratórios e Regional Assistance. U.S. Department of Educaon, Washington, DC; 2008.
instuições, tanto da educação quanto da saúde; a disponi- 7. Fletcher JM, Vaughn S. Response to Intervention: Preventing and
Remediang Academic Dicules. Child Dev Perspect. 2009;3(1):30-7.
bilidade e a seriedade da equipe, que sempre acreditou no doi: 10.1111/j.1750-8606.2008.00072.x
trabalho de qualidade baseado em evidência cienca; e a 8. Silva B, Luz T, Mousinho R. A efcácia das ofcinas de esmulação
tentava constante de construção de uma rede de atendi- em um modelo de resposta à intervenção. Rev Psicopedag.
2012;29(88):15-24.
mento, para que mais centros possam surgir.
9. Greenwood CR, Bradeld T, Kaminski R, Linas M, Carta JJ, Nylander D.
A contratualização de 100% da instuição no Sistema de The Response to Intervenon (RTI) Approach in Early Childhood. Focus
Regulação de Vagas do Serviço Único de Saúde, o SISREG, tem Except Child. 2011;43(9):1-21.
se mostrado um grande desao, exigindo novas adaptações. 10. Buysse V, Peisner-Feinberg ES, Soukakou E, LaFore DR, Feng A, Schaaf
JM. Recognion & Response: A model of response to intervenon to
Com isso, as famílias não podem se inscrever diretamente no promote academic learning in early educaon. In: Buysse V, Peisner-
projeto. Elas devem ser encaminhadas pelas clínicas da famí- Feinberg ES (org). Handbook of response to intervention in early
lia. A triagem única semestral foi deslocada para a recepção childhood. Balmore: Brookes Publishing Company; 2013. p. 69-84.
Capítulo 5. A avaliação de Dislexia do Desenvolvimento no Ambulatório de Aprendizagem do Projeto ACERTA (PUCRS, InsCer)
O projeto ACERTA iniciou em 2013 com o objevo de Triagem telefônica: critérios de inclusão na pesquisa
invesgar o desempenho leitor e os índices neurobiológicos Esta etapa é realizada por estudantes de Medicina e
de crianças em idade de alfabezação e crianças com risco Psicologia treinados e supervisionados semanalmente. O obje-
de DD. Busca-se entender os processos neurais e adaptavos vo é invesgar se a criança preenche os critérios de inclusão
que subjazem à aprendizagem da leitura, e idencar aque- no projeto e passaria, portanto, para o primeiro encontro
les que se associam com a diculdade inesperada de leitura presencial. São incluídos parcipantes com idades entre 9 e 13
caracterísca da DD. anos, alfabezados, que estejam regularmente matriculados
O projeto, em seus diferentes braços longitudinal e do na escola, com queixas de diculdades de aprendizagem da
ambulatório, vale-se de tarefas que mensuram habilidades leitura e ausência de diagnósco neurológico primário. Este
especícas, pela observação clínica, por dados oriundos de quesonário de triagem foi desenvolvido pelos autores e
quesonários encaminhados à família e à escola e de dados renado ao longo dos quatro anos de experiência com o am-
de neuroimagem funcional e estrutural (hp://inscer.pucrs. bulatório. Apenas um critério, da criança ser destra, não está
br/projeto-acerta-2/). Enfaza-se que os dados de neuroima- relacionado com o diagnósco. Este critério está relacionado,
gem funcional e estrutural tem um m de pesquisa; estes isto sim, com o objevo nal de pesquisa de execução de uma
não são ulizados para diagnósco (entretanto, o exame ressonância magnéca funcional e estrutural (Apêndice I).
de neuroimagem estrutural é ulizado para uma avaliação Nestes casos, explica-se aos responsáveis que a criança escre-
por neuroradiologista para excluir lesões ou más-formações ver com a mão esquerda não dene diagnósco, mas é critério
que possam estar afetando a aprendizagem da leitura e a de exclusão entre os parcipantes de pesquisa: por questões
cognição). Entre setembro de 2013 e meados de 2017, foram de variabilidade na lateralidade de avação relacionada com
diagnoscadas aproximadamente mais de 80 de crianças com a linguagem em pessoas canhotas, estudos de neuroimagem
DD (foram avaliadas mais de 300 crianças, dentro de um uni- funcional invesgam apenas parcipantes destros. Enfaza-
verso maior daquelas que não se encaixaram nos critérios de se que se trata de um ambulatório vinculado a um projeto de
inclusão ou não concluíram todas as etapas da invesgação), pesquisa, e não de um serviço público.
Toazza R, Costa AC, Bassôa A, Portuguez MW, Buchweitz A
Quando a criança preenche os critérios, é agendada a pri- Wescheler Abreviada de Inteligência (WASI)(7) para mensurar
meira entrevista com os responsáveis, juntamente com o par- o Quociente de Inteligência (QI). São excluídos parcipantes
cipante. Cada encontro subsequente depende da conclusão da com QI inferiores a 85. A memória de trabalho é avaliada pelo
etapa anterior. Para crianças advindas de cidades mais distantes, teste de Cubos de Corsi (8); este resultado não é ulizado como
adequa-se o procedimento para realizar mais encontros no critério de exclusão.
mesmo dia. Em geral, entretanto, são marcados dias diferentes
para cada avaliação para evitar a fadiga do parcipante. Terceiro encontro: Avaliação Fonoaudiológica - leitura e escrita
Esta etapa é realizada pela equipe de Fonoaudiologia, so-
Primeiro encontro: histórico médico, familiar e educacional mente com o parcipante; os responsáveis que acompanham
O procedimento consiste de entrevista clínica com os res- a criança tem de aguardar fora da sala de avaliação. Avalia-se
ponsáveis para estabelecer o histórico médico pessoal pregresso a precisão da leitura de palavras e pseudopalavras, a uência
e familiar e tratamentos de saúde anteriores e atuais (Apêndice leitora de palavras e de textos e a compreensão leitora. Para
II). Além disso, é feito um levantamento do desenvolvimento a avaliação da escrita, invesga-se velocidade de cópia, pre-
cognivo-linguísco e história educacional do parcipante e, cisão ortográca e gramacal e produção textual. As tarefas
por m, é aplicada uma tarefa de rastreio de desempenho em ulizadas são:
leitura e escrita; esta tarefa visa estabelecer um indicavo do ● Tarefa de leitura de palavras e pseudopalavras(9) – avalia
desempenho da criança, posteriormente invesgado mais cri- a leitura de palavras e pseudopalavras, a velocidade de
teriosamente (Apêndice III). Esta tarefa foi desenvolvida pelos leitura de palavras isoladas e a rota de leitura ulizada ou
autores a parr das palavras propostas por Stein, no Teste de não desenvolvida (fonológica ou lexical).
Desempenho Escolar(1). Os critérios de desempenho servem ● Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Exposivos(10)
para rastreio, foram estabelecidos a parr da experiência clínica – avalia as velocidades de leitura silenciosa e oral e a
dos autores e renados ao longo da pesquisa. compreensão leitora (ideias evocadas espontaneamente
Se a criança esver alfabezada e não houver fator pregres- e perguntas dissertavas, literais e inferenciais).
so que possa estar associado com diculdades de aprendiza- ● Ditado Balanceado (11) – avalia a precisão da escrita por
gem, o parcipante passa para a avaliação neuropsicológica. quantidade de erros e classificação do tipo de erro
Ao nal da anamnese, os responsáveis recebem uma série de ortográco.
quesonários autoaplicavos para os mesmos e para a escola. ● Cópia – avalia a velocidade de cópia (letras por minuto) e
Estes quesonários devem ser devolvidos devidamente preen- os erros ortográcos.
chidos no terceiro encontro, com a equipe de Fonoaudiologia. ● Produção textual(9) – avalia a produção textual por desen-
Tais quesonários visam fazer um levantamento de dados volvimento de ideias, organização, uso de pontuação e
socioeconômicos, emocionais, comportamentais e de desem- parágrafo e coerência com o assunto proposto.
penho escolar do parcipante. São eles: Nesta etapa, recolhem-se também os quesonários au-
● Lista de vericação comportamental para crianças/ado - toaplicavos que foram fornecidos na anamnese (primeiro
lescentes de 4-18 anos (CBCL)(2); encontro). Somente os parcipantes cujos responsáveis en-
● Avaliação de sintomas de transtorno do décit de aten- tregaram o material devidamente preenchido são evoluídos
ção e hiperavidade (SNAP IV) - escala validada para o para próxima etapa (discussão clínica e diagnósca).
português(3);
● Quesonário de Capacidades e Diculdades (SDQ-Por)(4); Discussão clínica e hipótese diagnósca
● ELE - escala de rastreamento das diculdades de leitura e Essa etapa é realizada somente com equipe do projeto.
escrita para professores construída para este ambulatório Com os resultados de todas as avaliações e quesonários, é
(argo em preparação)(5). feita a discussão clínica com a presença de todos os prossio-
● Questionário socioeconômico ABIPEME – Associação nais envolvidos no ambulatório. Cada caso é discudo para
Brasileira de Empresas de Pesquisa [ABEP](6). chegar a um consenso sobre a hipótese diagnósca. Dentre
as hipóteses diagnóscas, consideram-se:
Segundo encontro: Avaliação Neuropsicológica - Quociente de (a) Sem diculdade: desempenho sasfatório de acordo com
Inteligência e Memória de Trabalho a idade e ano escolar.
Essa etapa é realizada pela equipe de Psicologia, somente (b) Diculdade de aprendizagem: diculdade de aprendiza-
com o parcipante; os responsáveis que acompanham a crian- gem, leitura e escrita abaixo do esperado para a idade e
ça tem de aguardar fora da sala de avaliação. Uliza-se a Escala ano escolar mas sem impacto signicavo no desempenho
Capítulo 5. A avaliação de Dislexia do Desenvolvimento no Ambulatório de Aprendizagem do Projeto ACERTA (PUCRS, InsCer)
escolar. Estes pacientes apresentam bom prognósco para com a hipótese diagnósca e encaminhamentos necessários.
intervenção especializada. As caracteríscas e prognósco de cada caso são discudos
(c) Transtorno de Aprendizagem Especíco na Leitura e Escrita com os responsáveis, além dos possíveis impactos no desem-
(Dislexia do Desenvolvimento): desempenho muito abai- penho escolar. É fornecido um parecer descrivo para a escola
xo do esperado de acordo com os critérios diagnóscos com adaptações que podem ajudar a melhorar o desempenho
propostos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos do aluno (Apêndice IV).
Transtornos Mentais (DSM-5)(12). Os critérios do DSM-5 Os pacientes são encaminhados para intervenção em ou-
são: (1) Presença de diculdade no aprendizado e no uso tros serviços disponíveis na rede (gratuitos, como aqueles em
das habilidades escolares indicada por pelo menos um dos universidade ou providos por serviços municipais, por exem-
sintomas a seguir, desde que sejam persistentes por pelo plo). Não é feito encaminhamento parcular e não há vínculo
menos 6 meses a despeito de intervenções especícas com as instuições às quais os pacientes são encaminhados.
para as mesmas: leitura incorreta ou lenta de palavras e As avaliações são repassadas a escolas ou outros somente a
feita sob esforço; diculdade de compreensão do que é pedido dos responsáveis.
lido; diculdades com uso da ortograa; diculdades na Os encaminhamentos mais frequentes são: intervenção
expressão escrita. (2) Presença de habilidades acadêmicas especíca nas diculdades de leitura e escrita (fonoaudiologia
substancial e quantavamente abaixo do esperado para o ou psicopedagogia); avaliação/intervenção por alterações na
ano escolar em que se encontra, com prejuízo signicavo fala (fonoaudiologia); avaliação para questões relacionadas
para o desempenho escolar. (3) Inexistência de décits a queixas de desatenção, hiperavidade, ansiedade e humor
sensoriais que possam explicar os décits apresentados. (psiquiatria); avaliação psicológica (psicologia); avaliação
O diagnósco é estabelecido nos casos em que o paciente neurológica (neurologia). Nos casos inconclusivos, além dos
já vem recebendo acompanhamento especializado para os encaminhamentos necessários, sugere-se reavaliação no pe-
décits acadêmicos por pelo menos 6 meses ininterruptos. ríodo de 1 ano na condição de terem sido feitas as avaliações
Nas situações em que não há tratamento especializado ou intervenções sugeridas.
ou não ca claro a qualidade e duração do atendimento
ao qual o sujeito está sendo submedo, por meio das in- RESULTADOS
formações da família e dos quesonários, enfaza-se aos
responsáveis que o fechamento do diagnósco depende O desempenho da criança com Dislexia do
de uma reavaliação após intervenção. Desenvolvimento
(d) Inconclusivos: desempenho semelhante à de uma criança
com hipótese de diagnósco de DD, mas com caracte- Até o momento, mais de 300 crianças e adolescentes já
rísticas que confundem e possam estar enviesando a passaram pelo Ambulatório. A maior parte dessa amostra é
avaliação (por exemplo: Transtorno de Décit de Atenção composta por estudantes de escolas públicas, com grande
e Hiperavidade - TDAH com prejuízo signicavo e sem número de repetências e, predominantemente, do gênero
tratamento, Transtorno de Ansiedade sem tratamento, masculino(13). Apresentam-se os resultados das avaliações de
alteração importante no sono que possa interferir na leitura e escrita mais atuais para as crianças com DD, as crian-
atenção, entre outros). ças cuja avaliação foi inconclusiva e as crianças cuja avaliação
Nesta etapa é discuda a possibilidade da criança ser con- sinalizou diculdade de leitura.
vidada para realizar o exame de ressonância magnéca. A maioria (63%) dos parcipantes inclusos em todas etapas
Para este convite, buscam-se parcipantes com DD que de avaliação preencheram critério para DD; 22% apresentaram
consigam ler ao menos 15-20 palavras por minuto. Este diculdades de aprendizagem e 15% apresentaram avaliação
critério é estabelecido para que o parcipante tenha uma inconclusiva (p. ex.: diculdades na aprendizagem possivel-
velocidade de leitura que permita realizar a tarefa de leitura mente secundárias à outras condições clínicas). A quase
no exame de ressonância funcional dentro do tempo hábil. totalidade de crianças com DD apresenta desempenho muito
abaixo da média em ortograa, produção textual, precisão e
Devolutiva aos responsáveis e encaminhamentos uência da leitura (ver a maioria de parcipantes com desem-
necessários penho em barras em azul, representando o resultado muito
abaixo da média). Um padrão semelhante pode ser obser-
Nesta etapa, os responsáveis recebem uma devoluva de vado para os casos com avaliação inconclusiva. No grupo de
toda a avaliação realizada e um parecer descrivo detalhado parcipantes com diculdade de aprendizagem, entretanto,
Capítulo 6. Avaliação neuropsicológica no connuo difculdades-transtornos
difculdades-transtornos de aprendizagem da leitura e da escrita
relacionadas à diculdade na evocação do conteúdo arma- Cognição - impressão geral – e FE: Está preservada a ca-
zenado e não ao armazenamento em si, uma vez que com pacidade de disnguir detalhes essenciais dos não essenciais,
apoio de pistas Matheus consegue acessar as informações organização perceptual e visualização espacial. Da mesma
memorizadas. Na memória semânca (memória relacionada forma, não foram idencadas alterações no processamento
a fatos, signicados e conhecimentos gerais) o menino obteve de memória de trabalho audiva e visual. Contudo, iden-
desempenho abaixo do que é esperado para sua faixa etária. caram-se décits graves no controle inibitório (capacidade
Linguagem oral : O vocabulário de Matheus apresenta-se cogniva para suprimir respostas automácas), tanto pela
abaixo do esperado para sua idade, demonstrando prejuízos via audiva quanto verbal.
em conhecimento verbal e semânco. Em relação à uência
verbal envolvendo processamento ortográco e semânco SÍNTESE DA AVALIAÇÃO
(capacidade para evocar palavras dentro de um limite de NEUROPSICOLÓGICA
tempo) não foram identificadas dificuldades. Contudo,
quando esta evocação ocorre sem um critério pré-estabe- Matheus não apresenta dificuldades na leitura de
lecido, Matheus apresentou décit que sugere falhas em palavras que envolvem o processamento lexical (leitura
componentes
component es execuvos de iniciação e velocidade. Quanto automatizada), mas naquelas que recrutam habilidades
a estratégias de evocação, não foram idencadas obje- fonológicas. Provavelmente, a preservação da habilidade
ções. Em nível de frase, idencaram-se alterações graves de decodicação de palavras auxiliou na capacidade de
de organização sintáca. Contudo, notou-se que o menino memorização das informações presentes no texto lido (que
não apresenta diculdades para compreende
compreenderr um discurso não foram recordadas livremente, apenas mediante apoio
oral e para processar inferências (compreender informações das questões de compreensão). Contudo, assim mesmo,
apresentadas
apresentad as implicitamente, ou nas entrelinhas). Matheus não compreendeu a ideia implícita no texto lido
Linguagem escrita: Matheus apresentou habilidades (dificuldade de processamento inferencial). Da mesma
preservadas de leitura em nível de palavra e de compreensão forma, Matheus apresenta décits importantes em todos
textual. Neste último, apresenta diculdades
dicul dades para evocar es- os níveis de escrita. As diculdades em leitura e em escrita
pontaneamente as informações lidas; no entanto, demonstra podem estar associadas aos décits em component
componentes es de FE
facilidade para evocá-las tendo questões de compreensão (funções cognivas superiores relacionadas ao alcance de
como apoio. Idenca-se que a memorização do texto não objevos) e de memória semânca (conhecimentos gerais).
garanu que ele compreendesse as informações implícitas na Idencaram-se décits graves em componentes execuvos
história lida. Mais especicamen
especicamente,
te, não demonstrou habili- de exibilidade cogniva e controle inibitório, fundamentais
dade para processar inferências (compreender informações para o desempenho escolar sasfatório a parr da elaboração
nas entrelinhas/implícitas) a parr da leitura textual. Em e do uso de estratégias de aprendizagem em geral. Não foram
relação à leitura de pseudopalavras, Matheus apresentou idencados maiores prejuízos em relação às habilidades de
falhas importantes, demonstrando diculdades na rota fo- aritméca. Portanto, salienta-se que este perl cognivo não
nológica de leitura. sugere transtorno especíco de aprendizagem com prejuízo
Quanto à escrita, idencaram-se tanto erros na graa em leitura (dislexia), mas sim uma diculdade de escrita e
quanto na ortograa das palavras. Observou-se que Matheus de compreensão textual relacionadas a prejuízos nas FE.
apresenta diculdades importantes na escrita automazada Diante dos resultados encontrados na avaliação de
da sequência alfabéca, conhecimento e habilidade funda- Matheus, a principal indicação é de esmulação cogniva
mental para a produção da escrita. Idencou-se desempenho neuropsicológica com abordagem pedagógica, para omi-
sugesvo de décits na habilidade de escrita de palavras e zação de componentes das FE, essenciais para a melhora de
pseudopalavras, demonstrando possível prejuízo em relação escrita e de leitura. Esta deve ser acompanhada de maior
ao desenvolvimento da linguagem escrita. Observaram-se esmulação domiciliar diária de removação e de formação
erros em relação ao desconheciment
desconhecimento o de regras contextuais e de hábitos frequentes com avidades de leitura e de escrita.
irregularidadess da língua portuguesa, assim como outros pos
irregularidade
de erros não sistemazados (por exemplo, substuição do c CONSIDERAÇÕESS FINAIS
CONSIDERAÇÕE
pelo t ). Na escrita de pseudopalavras Matheus demonstrou
diculdades na conversão fonema/grafema e substuição A avaliação neuropsicológica tem se tornado uma impor-
surdo/sonora. Sua produção textual, embora organizada, é tante ferramenta para os casos de diculdades e transtornos
incipiente e marcada por erros ortográcos. especícos de aprendizagem uma vez que esclarece todos os
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Capítulo 7. Centro de Invesgação da Atenção e
Aprendizagem (CIAPRE): abordagem interdisciplinar
nos transtornos de aprendizagem
RESUMO
O Centro de Invesgação da Atenção e Aprendizagem (CIAPRE) foi inaugurado no ano de 2 010 e conta com uma
equipe interdisciplinar que atua nas áreas de avaliação, intervenção, supervisão clínica, formação e pesquisa. O
capítulo apresenta as caracteríscas dos procedimentos de avaliação e intervenção, bem como as áreas de desaos
para o atendimento a indivíduos com transtornos de aprendizagem.
1. Psicólogo, neuropsicólogo, mestre e doutor em Ciências Médicas (UNICAMP), P residente do Centro de Invesgação da Atenção e Aprendizagem (CIAPRE).
Capítulo 7. Centro de Invesgação da Atenção e Aprendizagem (CIAPRE)
Quadro 1. Abordagem interdisciplinar dos transtornos de aprendizagem. as diferentes demandas escolares, como manejo de tempo,
organização, tomada de notas, lição de casa e estudo para
Áreas Descrição
provas; e (4) Funções Execuvas aplicadas à Leitura: desen-
Psicologia/ Perl psicológico/neuropsicológico.
Neuropsicologia Avaliação intelectual e dos diferentes domí- volvimento de estratégias de funções execuvas aplicadas
nios cognivos (gnosias, atenção, memória, à compreensão leitora. O programa possui evidências de
praxias, linguagem, funções execuvas).
Avaliação dos diferentes domínios do de- ecácia por meio de resultados posivos sobre o controle
senvolvimento (afetivo-emocional, social, inibitório, memória operacional, planejamento, uso de es-
personalidade).
tratégias de aprendizagem e de compreensão, e também no
Fonoaudiologia Perl de linguagem oral e escrita.
Avaliação dos componentes da linguagem desempenho em compreensão leitora (5).
oral (fonológico, sintáco, semânco e prag- Conforme levantamento de dados dos encaminhamentos
máco).
Avaliação do processamento fonológico (aces- realizados no período de janeiro de 2015 a agosto de 2016,
so ao léxico, memória de trabalho fonológica, foram avaliados 165 indivíduos, sendo 126 do sexo masculino
consciência fonológica).
Avaliação da linguagem escrita (leitura e
(76%) e 39 do feminino (24%) na proporção três homens para
escrita). cada mulher. Foram atendidas crianças de 1 ano até adultos
Psicopedagogia Perl pedagógico/psicopedagógico. com 64 anos. A idade média foi de 9,21 anos (DP = 6,89). A
Avaliação do desempenho acadêmico geral e
fatores que o inuenciam (p. ex. movação, idade média dos homens foi 8,6 anos (DP = 4,8) e das mulheres,
ambiente familiar, relação professor-aluno, 11,2 (DP = 11,1). As faixas etárias mais frequentes foram 7 e
método pedagógico, dentre outros).
Avaliação do raciocínio lógico-matemáco.
8 anos (11%), isto é, nos anos iniciais do ensino fundamental.
Neuropediatria Perl neurológico e diagnósco diferencial. Houve frequência maior de indivíduos de escolas parculares
Exame neurológico tradicional e evoluvo (n = 134; 81%), seguida por indivíduos de escolas públicas (n =
Psiquiatria da infância e Perl psiquiátrico, diagnósco diferencial e 20; 81%) e 7% (n = 11) não frequentava escolas. A procedência
adolescência comorbidades.
Exame psíquico e avaliação psiquiátrica, con- dos casos abrangeu diferentes Estados e cidades do Brasil: São
forme a faixa etária. Paulo (n=151; 92%), Minas Gerais (n=7; 4%), Tocanns (n=1;
Psicomotricidade Perl motor, psicomotor e diagnósco dife -
1%), Manaus (n=1; 1%); e Pará (n=1; 1%)(6).
Fisioterapia rencial.
Terapia Ocupacional Avaliação das funções motoras, psicomotoras, Os principais diagnósticos atendidos pela equipe do
sensivas e funcionalidade. CIAPRE são: “Retardo mental”a (F70), “Transtornos do de-
Exames complementares Diagnósco diferencial.
Acuidade visual, audiometria, exame de
senvolvimento psicológico” (F81), “ Transtornos comporta-
processamento audivo e visual, exames de mentais e emocionais com início habitualmente na infância
neuroimagem. e adolescência” (F90) (CID-10)(7). Dentre eles, destacam-se os
“Transtorno do desenvolvimento das habilidades escolares”b,
intervenções nas áreas da fonoaudiologia, neuropsicologia e “Distúrbios da avidade e da atenção” c e os “Transtorno
psicopedagogia. Quando há comorbidades (p. ex. Transtorno Invasivos do Desenvolvimento”d. Além disso, é frequente a
de humor ou ansiedade) a conduta medicamentosa também associação destes diagnóscos com comorbidades, como
é recomendada pelo neuropediatra ou psiquiatra infanl. A “Transtornos do humor (afevos)”, “Transtornos de conduta”
tulo de exemplo, na área da Neuropsicologia os casos de e “Transtornos emocionais com início especíco na infância”.
Transtorno Especíco de Leitura têm sido submedos ao Estes dados revelam alguns aspectos importantes acerca
programa de reabilitação neuropsicológica composto por do serviço:
sessões distribuídas em quatro módulos: (1) Psicopeducação: (a) O CIAPRE ampliou sua atuação incluindo avaliação e
sessões realizadas com os pais e indivíduo com Transtorno intervenção da primeira infância à idade adulta. Na pri-
Especíco de Leitura ou reuniões com equipe escolar, com meira infância, as demandas principais são de atrasos
intuito de promover esclarecimentos sobre o diagnósco e no desenvolvimento neuropsicomotor e de linguagem
os procedimentos de intervenção; (2) Orientação aos pais e e encaminhamento neuropediátrico com hipótese diag-
professores sobre as estratégias trabalhadas nas sessões; (3) nósca de transtorno invasivo do desenvolvimento. Nos
Funções Execuvas aplicadas às Competências de Estudo: dois últimos anos tem sido crescente a procura de adultos
desenvolvimento de estratégias de funções execuvas para para o diagnósco de transtornos de aprendizagem e da
a
Deciência intelectual, conforme o DSM-58.
b Transtorno Especícos de Aprendizagem, conforme o DSM-58.
c
Transtorno de Décit de Atenção e Hiperavidade (TDAH), conforme o DSM-58.
d
Transtorno do Espectro Austa (TEA), conforme o DSM-58.
Crenie PAP, Costa ARA, Freire T
com dislexia e foram constatadas associações entre o gene pedagogo e neurologista), uso de instrumentos avaliavos
KIAA0319 e a dislexia, sendo este o primeiro estudo na América padronizados, reabilitação baseada em evidências ciencas,
Lana a estabelecer essa correlação. orientações a pais e professores. Maiores invesmentos são
Por m, ressalta-se que um serviço de qualidade, voltado necessários no ambiente escolar. Acreditamos que atraves-
para a avaliação e reabilitação dos transtornos de aprendi- sar os muros dos centros de saúde ou clínicas e estabelecer
zagem, deve envolver necessariamente: equipe muldisci- parcerias com os educadores é a chave para abrir portas ás
plinar mínima para o diagnósco (fonoaudiólogo, psicólogo, crianças com transtornos de aprendizagem.
Capítulo 8. Atuação fonoaudiológica nos Transtornos Especícos de Aprendizagem
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Capítulo 11. A Experiência do NANI/CPN no
Atendimento de Crianças e Adolescentes com
Transtornos de Aprendizagem
RESUMO
O Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem do NANI/CPN foi criado com base em um modelo neuropsicoló-
gico interdisciplinar de avaliação e com enfoque cienco, estruturado a parr de projetos de pesquisa. Envolve
prossionais das áreas da neuropsicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia e medicina. Os objevos
desse serviço são disponibilizar gratuitamente à população o diagnósco interdisciplinar e diferencial e realizar
pesquisas envolvendo os transtornos e as diculdades de aprendizagem em crianças brasileiras. Desde o início das
avidades foram avaliadas 325 crianças, sendo que 149 (46%) receberam o diagnósco de dislexia ou de risco para
transtorno de aprendizagem. É importante ressaltar que essa amostra diz respeito às crianças que efevamente
foram submedas à avaliação completa após a triagem. Nossos achados estão de acordo com outros estudos, nos
quais também foi constatado que as queixas de diculdade de aprendizagem, com frequência, são consequência
de diversas condições que não conguram só os transtornos de aprendizagem. Reforçam, ainda, a importância
do diagnósco diferencial, que deve ser realizado por prossionais capacitados e instrumentados, e não se ba-
sear somente no levantamento da queixa por meio de entrevista clínica e observação do comportamento. Além
disso, essa experiência proporciona o desenvolvimento de inúmeros trabalhos ciencos derivados de projetos
de mestrado, doutorado, iniciação cienca e trabalho de conclusão de curso, o que possibilita uma formação
qualicada para prossionais da área da saúde e da educação.
Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infanl interdisciplinar (NANI) / Centro Paulista de Neuropsicologia (CPN)
1. Fonoaudióloga e Psicopedagoga, Doutora em Ciências pela UNIFESP
2. Psicóloga e Neuropsicóloga, Doutora em Ciências pela UNIFESP, Professora de Psicologia do Centro de Ciências Biológicas e Saúde da Universidade Presbi-
teriana Mackenzie
3. Psicóloga e Neuropsicóloga, Mestre em Ciências pela UNIFESP
4. Psicóloga e Neuropsicóloga, Doutora em Neurociências e Comportamento – USP, Professora Adjunta do Departamento de Psicobiologia – UNI FESP
Barbosa T, Cruz-Rodrigues C, Toledo-Piza CMJ, Mello CB
o Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem orientado ampla invesgação para vericar qual ou quais desses fatores
principalmente para abordagem interdisciplinar da dislexia. estão interferindo de forma mais determinante.
Na área do ensino, o programa envolve formação connu- Os processos de avaliação são fundamentais para se obter
ada de colaboradores voluntários de diversas áreas (medicina, não somente o diagnósco dos transtornos de aprendizagem,
psicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia) em neuropsicolo- como também um diagnósco diferencial. A parr desses,
gia do desenvolvimento, especicamente em métodos de ava- pode-se realizar o planejamento prevenvo e terapêuco
liação e diagnósco diferencial. Também oferecemos palestras apropriado com base nas habilidades linguíscas e cognivas
para comunidade, pais e professores quanto ao conhecimento compromedas, bem como nas preservadas, de forma a mi-
dos distúrbios do desenvolvimento e a sua idencação. nimizar os problemas escolares(1,2,3).
Quanto à pesquisa, são desenvolvidos projetos regulares, Desde 2016, considerando as atualizações dos critérios
mulcêntricos, iniciação cienca, mestrado e doutorado diagnóscos propostos pelo DSM V, está sendo implementado
vinculados à UNIFESP e à AFIP, abrangendo temas como um projeto de intervenção em grupo para crianças de risco
avaliação diagnósca interdisciplinar, protocolos especícos para dislexia a parr de um projeto de pesquisa que tem como
para invesgação na população brasileira que contribuam foco a Resposta à Intervenção (RTI).
para diagnósco e intervenção mais efevos, além de estudos A avaliação desna-se a crianças com idade entre 7 e 15
neurosiológicos e de neuroimagem. anos com queixas de diculdade de aprendizagem.
Por m, na assistência avaliamos crianças entre 7 e 15 Para a avaliação, o ambulatório de TA organiza seu uxo de
anos do estado de São Paulo e de outros estados brasileiros atendimento em duas etapas: triagem e avaliação diagnósca.
com queixas de diculdades de aprendizagem, a parr de uma O processo de triagem tem como objevo vericar se as crian-
triagem diagnósca realizada previamente. A avaliação, que ças que foram encaminhadas para atendimento com suspeita
visa o diagnósco diferencial e funcional, é interdisciplinar e de TA apresentam diculdades de aprendizagem secundárias
envolve prossionais voluntários das áreas da neuropsicologia, a outras condições. São encaminhadas para a avaliação diag-
fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia e medicina. Ao nósca crianças que apresentam indícios de um possível TA.
nal do processo, os prossionais se reúnem em equipe para Nesta condição, a criança realiza uma invesgação ainda mais
o estabelecimento do diagnósco e na devoluva busca-se detalhada do seu funcionamento cognivo, com foco nos
a integração entre os pais, professores e os prossionais do processos de leitura, escrita e matemáca.
NANI, visando orientações e condutas necessárias. A avaliação de triagem é feita em um único dia, no qual
concomitantemente é feita uma entrevista de anamnese com
RELATO DE EXPERIÊNCIA os pais/responsáveis e uma avaliação esmada da inteligência,
de algumas habilidades cognivas (como atenção, memória) e
Visando ampliar a rede de atendimento em transtornos das habilidades de leitura e escrita com a criança. Os critérios
de aprendizagem com base em um modelo interdisciplinar de inclusão para avaliação diagnósca são: idade mínima de
de avaliação, foi criado, em junho de 2005, o Ambulatório de 7 anos; nível esmado de inteligência geral (QI) acima de 80;
Transtornos de Aprendizagem (TA) do Núcleo de Atendimento não apresentar fatores emocionais e/ou familiares que tenham
Neuropsicológico Infanl Interdisciplinar do Centro Paulista gerado as diculdades de leitura e escrita; a presença de dis-
de Neuropsicologia (NANI / CPN), com enfoque cienco e túrbios de linguagem; não apresentar alterações neurológicas
estruturado a parr de projetos de pesquisa desenvolvidos e/ou psiquiátricas; a não-ocorrência de alterações sistêmicas
no Departamento de Psicobiologia da UNIFESP. (diabetes, doenças renais, ter se submedo à quimioterapia,
Os objevos desse serviço são disponibilizar gratuitamen- etc) anteriores à alfabezação; não ter histórico de atraso neu-
te à população o diagnósco interdisciplinar e diferencial e, ropsicomotor; não ter histórico de uso de álcool e/ou drogas
paralelamente, realizar pesquisas envolvendo os transtornos pelos pais na concepção e/ou durante a gestação; não ter do
do neurodesenvolvimento e as diculdades de aprendizagem intercorrências pré, peri ou pós natais que possam ocasionar
em crianças brasileiras. alterações neurológicas; ter nascido após a 36ª semana de
Essa visão integrada é necessária, principalmente no gestação e com, pelo menos, 2 kg.
Ambulatório de TA, pois a aprendizagem da leitura e da escrita Após a triagem, a equipe interdisciplinar se reúne para
envolve muitos fatores, entre os quais estão os biológicos e discur os dados coletados na entrevista com os pais/cuidado-
cognivos, emocionais, familiares, ambientais, socioeconômi- res e na avaliação da criança. Tendo cumprido os critérios, os
cos e pedagógicos. Consequentemente, quando uma criança casos incluídos são encaminhados à avaliação diagnósca, que
apresenta problemas de aprendizagem, é necessária uma engloba aspectos cognivos/neuropsicológicos, de linguagem
Capítulo 11. A Experiência do NANI/CPN no Atendimento de Crianças e Adolescentes
oral e escrita e psicopedagógicos que, segundo dados da lite- Entretanto, é importante ressaltar que essa amostra diz respeito
ratura(4,5), são fundamentais para a conrmação ou exclusão às crianças que efevamente foram submedas à avaliação
do diagnósco de transtorno de aprendizagem, além de serem completa após a triagem, ou seja, as que não possuíam nenhum
necessárias para a denição de possíveis comorbidades, ou fator de exclusão para o diagnósco de dislexia.
de outros diagnóscos. Se exisr indicação clínica, com base Um dado pernente é que, em muitas dessas crianças, fo-
nesses procedimentos, a criança também é submeda à ava- ram detectados outros diagnóscos, que não a dislexia. Sendo
liação familiar, psicológica, psiquiátrica ou neuropediátrica. A assim, nossos achados estão de acordo com outros estudos,
avaliação diagnósca é realizada em cerca de 4 sessões de 1h nos quais também foi constatado que as queixas de dicul-
e 30 min de duração cada. dade de aprendizagem com frequência são consequência de
Os aspectos cognivos, aprofundados na avaliação neu- diversas condições que não conguram só os transtornos de
ropsicológica, incluem a invesgação do nível de desempenho aprendizagem(6). Reforçam, ainda, a importância do diag-
intelectual global e das funções mentais superiores abrangen- nósco diferencial, que deve ser realizado por prossionais
do atenção, memória operacional fonológica e visoespacial, capacitados e instrumentados, e não se basear somente no
memória declarava semânca e episódica, funções execuvas levantamento da queixa por meio de entrevista clínica e ob-
(exibilidade, inibição e planejamento/organização), habilida- servação do comportamento.
des visoconstruvas e visoespaciais. Na gura 1, descrevemos os diagnóscos mais frequentes
Em relação à linguagem oral e escrita, são avaliados os encontrados na amostra descrita.
aspectos sintácos, semâncos e fonológicos, leitura (letras,
sílabas, palavras e pseudopalavras, frases, textos, velocidade
de leitura) e escrita (ditado de letras, palavras e pseudopala-
vras, elaboração de texto).
Nos aspectos psicopedagógicos, invesgam-se as habili-
dades matemácas e aspectos subjevos relacionados com a
vivência da relação ensino/aprendizagem.
Após o término da avaliação diagnósca, a equipe inter-
disciplinar se reúne para integrar os resultados da triagem e
da avaliação diagnósca, sob uma perspecva qualitava e
quantava, a m de compreender como o perl cognivo
atual se relaciona e interfere em aspectos da aprendizagem. Figura 1. Porcentagem dos diagnóscos idencados na amostra
A intervenção, que está atualmente sendo implementada, avaliada no Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem
a parr de um projeto de mestrado, consiste em um progra-
ma sistemazado e elaborado em um modelo de Resposta à A idade em que a maioria das crianças chega para a ava-
Intervenção. Os atendimentos são em grupos de 5 crianças liação é após os 10-12 anos de idade, ou seja, a idade em
entre 8 e 11 anos com risco para dislexia, sendo o total de 12 que o diagnósco está sendo realizado é tardia, o que pode
encontros, com sessões semanais de 1h e 30 min de duração. inuenciar na reabilitação e no prognósco do quadro, uma
A intervenção é conduzida por uma dupla ou trio de fono- vez que a dislexia é uma condição crônica e não representa
audiólogas, neuropsicólogas e psicopedagogas, e são trabalha- um atraso temporário no desenvolvimento da leitura.
dos de maneira interdisciplinar os aspectos de linguagem oral Além dos aspectos da leitura e escrita, habilidades cog-
(consciência fonológica, discriminação de fonemas, nomeação nivas também podem estar prejudicadas em quadros de
automáca rápida, vocabulário), princípio alfabéco, corres- transtorno de aprendizagem, como, por exemplo, a memória
pondência grafema-fonema e a compreensão e uência de operacional fonológica e a inteligência verbal(4,7,8,9). De tal ma-
leitura. Também é feita uma aposla para que as crianças façam neira, a avaliação interdisciplinar e individualizada é essencial
exercícios diários em casa do conteúdo trabalhado nas sessões. para todos os casos.
Ao nal do processo de intervenção, as crianças são reava- Um dos fatores que levam ao diagnósco tardio é a es-
liadas para que possamos conrmar o diagnósco, mensurar cassez de serviços, principalmente gratuitos, além da falta
a evolução e a efevidade do próprio processo. de informação sobre os problemas de aprendizagem. Como
Desde o início das avidades em 2005 até o ano de 2016, fo- mostra um estudo brasileiro, os professores têm diculdade
ram avaliadas 325 crianças. Dessas, 149 (46%) receberam o diag- na idencação real do problema, de suas manifestações e
nósco de dislexia ou de risco para transtorno de aprendizagem. das formas como intervir e prevenir.
Barbosa T, Cruz-Rodrigues C, Toledo-Piza CMJ, Mello CB
Outras observações pertinentes dizem respeito aos população, já que há muito tempo de espera por atendimen-
achados clínicos. Dos 149 disléxicos avaliados, 30% (44) apre- to nos serviços gratuitos e, muitas vezes, a avaliação é feita
sentaram comorbidades. Dentre estes, a comorbidade mais tardiamente por causa desta espera. Além disso, a avaliação
comum foi o Transtorno do Décit de Atenção e Hiperavidade é complexa e demanda várias sessões de atendimento, o que
(TDA-H), seguido de alterações psicológicas, Transtornos de não contribui para a agilidade do atendimento, e o critério
Escrita e da Matemáca. Esses achados são semelhantes aos diagnósco de resposta à intervenção (RTI) nem sempre é
encontrados em outros estudos (9,10). viável e facilmente executável na realidade brasileira.
A comorbidade mais comum na dislexia é o TDA-H. Alguns Outro desao envolve a escassez de instrumentos de
estudos referem que aproximadamente 15% a 35% ou 40% das avaliação válidos para a nossa população e a formação dos
crianças disléxicas também apresentavam esse transtorno(11,12). prossionais da educação e saúde, que necessitam de cursos
Esses resultados apontam para a complexidade envolvida complementares para a compreensão dos transtornos de
nos diagnóscos dos distúrbios do desenvolvimento (12). De aprendizagem.
tal forma, mais uma vez, vericamos a importância de pro-
ssionais capacitados e instrumentados para a realização do REFERÊNCIAS
diagnósco. Por isso, é importante que a avaliação englobe
testes que invesguem a presença das comorbidades mais 1. Santos MTM, Navas ALGP. Transtornos de linguagem escrita: Teoria e
práca. São Paulo: Manole; 2016.
comuns, que podem requerer um tratamento mais especíco 2. Landerl K, Ramus F, Moll K, Lyynen H, Leppaänen PHT, Lohvansuu K, et
e mulprossional, além de inuenciar as caracteríscas cog- al. Predictors of developmental dyslexia in European orthographies with
nivas e o prognósco das crianças disléxicas(5,13). varying complexity. J Child Psychol Psychiatry. 2013; 54(6):686-94. doi:
No que tange à formação dos prossionais, a experiência 10.1111/jcpp.12029
3. Schneider W. Introducon: the early predicon of reading and spelling.
do Ambulatório de TA do NANI contempla o desenvolvimento Euro J Psychol Educ. 1993;8(3):199-203.
de projetos de pesquisa oriundos dos trabalhos desenvolvidos 4. Cruz-Rodrigues C, Barbosa T, Toledo-Piza CMJ, Miranda MC, Bueno OFA.
pelos alunos de mestrado, doutorado, iniciação cienca e Caracteríscas neuropsicológicas de crianças com dyslexia. Psicol Reex
Crit. 2014;27(3):539-46. doi: 10.1590/1678-7153.201427315
trabalho de conclusão de curso. Isso permite aos alunos uma
5. Menghini D, Finzi A, Benassic M, Bolzani R, Facoe A, Giovagnoli S,
visão críca e interdisciplinar da avaliação e da intervenção et al. Dierent underlying neurocognive decits in developmental
nos TA. Nesse período, foram concluídos dois projetos de dyslexia: a comparave study. Neuropsychologia. 2010;48(4):863-72.
mestrado, dois projetos de doutorado, um trabalho de conclu- doi: 10.1016/j.neuropsychologia.2009.11.003
6. Lima RF, Mello RJL, Massoni I, Ciasca SM. Diculdades de aprendizagem:
são de curso de graduação e outro trabalho de conclusão de queixas escolares e diagnóscos em um Serviço de Neurologia Infanl.
curso de pós-graduação. Atualmente, está em andamento um Rev Neuroc. 2006;14(4):185-90.
projeto de mestrado. Além disso, foram publicados 7 argos 7. Barbosa T, Miranda MC, Santos RF, Bueno OFA. Phonological working
ciencos com dados coletados no ambulatório e diversos memory, phonological awareness and language in literacy dicules in
Brazilian children. J Read Writ. 2009; 22(2):201-18.
capítulos de livros e/ou livros publicados pela equipe que 8. Barbosa T, Cruz-Rodrigues C, Toledo-Piza CM, Navas ALGP, Bueno OFA.
constui o ambulatório. Perfil de linguagem e funções cognitivas em crianças com dislexia
De acordo com a experiência deste serviço, observamos falantes do Português Brasileiro. CoDAS. 2015;27(6):565-74. doi:
10.1590/2317-1782/20152015043
que existe uma lacuna ainda maior para a avaliação de crianças
9. Peterson RL, Pennington BF. Developmental dyslexia. Annu Rev Clin
em idade pré-escolar (antes dos 6 anos de idade) para levan- Psychol. 2015;11:283-307. doi: 10.1146/annurev-clinpsy-032814-112842
tamento de fatores de risco para os transtornos de aprendiza- 10. Artigas-Pallarés J. Problemas asociados a la dislexia. Rev Neurol.
gem. Além disso, a procura antes do início da alfabezação é 2002;34(Sup11):S7-S13.
11. Willcutt EG, Pennington BF, Olson RK, Chhabildas N, Hulslander
pequena e seria importante que os prossionais da educação J. Neuropsychological analyses of comorbidity between reading
e saúde esvessem melhor informados sobre a possibilidade disability and aenon decit hyperacvity disorder: in search of the
de se idencar e intervir precocemente a m de evitar ou common decit. Dev Neuropsychol. 2005;27(1):35-78. doi: 10.1207/
minimizar o impacto dos transtornos de aprendizagem. s15326942dn2701_3
12. Jakobson A, Kikas E. Cognitive functioning in children with and
Este trabalho também mostra a importância de uma equipe without Attention-deficit/Hyperactivity Disorder with and without
e abordagem interdisciplinar que leve em consideração toda a comorbid learning disabilies. J Learn Disabil. 2007;40(3):194-202. doi:
complexidade do processo de aprendizagem, já que a maioria 10.1177/00222194070400030101
13. Capellini SA, Padula NA, Santos LC, Lourence MD, Carrenho EH, Ribeiro
dos pacientes avaliados não nha um quadro de transtorno de
LA. Phonological awareness, working memory, reading and wring
aprendizagem e sim diculdades decorrentes de outros fatores. performances in familial dyslexia. Pro Fono. 2007;19(4):374-80. doi:
Seguem constantes desafios no atendimento dessa 10.1590/S0104-56872007000400009
Capítulo 12. Avaliação neuropsicológica para crianças e
adolescentes: diagnóscos e condutas: relato sobre seu
primeiro ano de funcionamento em uma clínica-escola
da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de
Rondonópolis
RESUMO
O presente capítulo tem como objevo apresentar o relato do primeiro ano de funcionamento de um serviço de
avaliação neuropsicológica, para crianças e adolescentes, desenvolvido na clínica-escola do curso de Psicologia
da Universidade Federal de Mato Grosso de Rondonópolis. O projeto, bazado como “Neuropsi-i”, caracteriza-se
como uma extensão universitária. Busca proporcionar aos alunos do curso de Psicologia formação nessa área,
tanto em aspectos teóricos como prácos. Seu primeiro ano de funcionamento, de julho de 2016 a junho de
2017, pôde ser dividido em dois momentos: (a) primeiros seis meses: organização estrutural (dos instrumentos,
preparo das salas etc.) e preparo dos alunos para os atendimentos; (b) nos meses subsequentes: atendimentos
propriamente ditos. Foram avaliadas seis crianças e adolescentes, que apresentavam queixas de diculdades de
aprendizagem, comportamentais e emocionais. Os diagnóscos encontrados foram: três casos sem Transtornos
do Neurodesenvolvimento; um com hipótese diagnósca para TDAH; um com Deciência Intelectual; um com
Transtorno do Espectro Austa. Nesse período, aspectos importantes sobre os processos avaliavos foram obser-
vados, bem como o impacto do trabalho mulprossional. Atualmente, o projeto encontra-se em andamento e
com propostas de melhorias sendo estabelecidas. Além disso, possui interação com projeto de pesquisa que visa
buscar evidências de validade para um instrumento de triagem denominado “Teste para Idencação de Sinais
de Dislexia”.
1. Psicólogo. Doutor em Psicologia, subárea Avaliação Psicológica. Professor Adjunto do curso de graduação e pós-graduação stricto sensu em Psicologia da
Universidade Federal de Mato Grosso.
Alves RJR
É realizado no Centro de Prácas Psicológicas (CEPRASI), do quarto e quinto ano do curso. Nos seis meses seguintes,
clínica-escola do curso de graduação em Psicologia após toda essa organização e preparo dos alunos, os aten-
da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de dimentos foram iniciados.
Rondonópolis. Em seu primeiro ano de funcionamento (julho Na sessão “método”, a seguir, está apresentada a or-
de 2016 a junho de 2017), a equipe foi formada pelo docen- ganização de como foram realizados esses atendimentos
te responsável/coordenador e seis alunos extensionistas. e na sessão “resultados” o que foi encontrado junto aos
Atualmente (agosto de 2017), início de seu segundo ano de pacientes atendidos dentro desse período. Vale ressaltar
funcionamento, conta com nove extensionistas. Além disso, que os “materiais” e “procedimentos” adotados connuam
tem o auxílio de duas secretárias, contratadas para atender muito semelhantes ao que está sendo atualmente aplicado
demandas do CEPRAPSI, que organizam a agenda e os pron- no projeto. Cada aluno extensionista tem atendido em média
tuários ulizados no projeto. duas crianças ou adolescentes ao mesmo tempo, sendo que
a cada caso nalizado, um novo é iniciado.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
MÉTODO
Justificativa de realização do projeto e breve
relato de sua construção Participantes
A parr de uma carência de serviços que oferecessem Foram avaliados seis pacientes, entre 7 e 14 anos, todos
avaliação neuropsicológica de crianças e de adolescentes no do gênero masculino e provindos da escola pública. Todos
CEPRAPSI, o Neuropsi-i foi proposto. Tal carência abrangia apresentavam queixas de diculdades de aprendizagem,
até mesmo uma demanda da cidade onde a universidade se comportamentais e/ou emocionais.
encontra, de acordo com relatos de prossionais da saúde
e da educação da região. Materiais
Nessa perspectiva, a fim de atender essa demanda,
em agosto de 2016 deu-se início a sua implementação. Foram administrados instrumentos psicológicos e/ou
Basicamente, os primeiros seis meses foram de organização do neuropsicológicos aos pais/responsáveis, à escola e ao
projeto. Inicialmente, foram levantados os instrumentos que paciente. Na Tabela 1 é possível observar a maioria desses
poderiam ser ulizados. Vericou-se que o curso de Psicologia instrumentos.
contava com alguns, mas a maioria teve que ser adquirida e, Pracamente todos os instrumentos (Tabela 1) foram
atualmente, ainda se tem invesdo na obtenção de novos aplicados em todos os pacientes. No entanto, quando o caso
outros. Foram organizadas duas salas no CEPRAPSI que já eram chamava atenção para determinado transtorno, instrumentos
ulizadas para atendimento infanl, a m de que pudessem referentes a uma invesgação mais especializada eram sele-
também abarcar os processos avaliavos. Os armários foram cionados, de acordo com todo um raciocínio clínico. Em um
organizados e neles foram separados espaços especícos para caso hipotético, se a criança, após avaliação da inteligência
o projeto, nos quais os instrumentos seriam guardados, bem (feita pelo WISC-III, por exemplo) e brevemente, das habili-
como outros materiais que pudessem ser ulizados. dades escolares (teste TDE), apresentasse sinais evidentes
Concomitantemente, um preparo teórico foi realizado de diculdades em leitura, eram administrados instrumentos
junto aos alunos. Foram abarcados conceitos sobre a neu- para avaliação mais aprofundada de uma possível Dislexia,
ropsicologia, diagnósco, o trabalho interdisciplinar, princí- ou seja, obrigatoriamente, todos aqueles descritos para
pios éticos, bem como a leitura de alguns estudos de caso. avaliação da linguagem e de habilidades escolares (Tabela 1).
Leituras aprofundadas sobre os Transtornos Especícos de É importante ressaltar que os instrumentos ainda em
Aprendizagem foram realizadas, pois atrelado aos atendimen- processo de estudos de validade foram corrigidos qualita-
tos foi aplicado o TISD. Foi ressaltado com esses estudantes vamente. O TISD, por exemplo, principal instrumento que
que vericar o perl de funcionamento neuropsicológico das o projeto auxilia nesses estudos, não possui notas de corte
crianças nesse instrumento auxiliaria muito em sua inves- para seus subtestes. É composto de oito tarefas: (1) Leitura
gação, no processo de busca de evidências de sua validade (letra, palavras e pseudopalavras); (2) Escrita (letra, palavras e
e em seu funcionamento clínico de padronização. pseudopalavras); (3) Cálculo (quatro problemas matemácos
A princípio, somente alunos do curso de Psicologia par- de resolução mental); (4) Atenção Visual (modelo de teste
ciparam desses processos. Foram selecionados seis alunos, de “cancelamento”, com uma letra sendo o esmulo alvo);
Capítulo 13. Laboratório de Pesquisa e Extensão em
Neuropsicologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (LAPEN)
RESUMO
O Laboratório de Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LA-
PEN) atende a população infanto-juvenil do Estado, oferecendo atendimento interdisciplinar especializado em
transtornos do neurodesenvolvimento, contribuindo sistemacamente para a compreensão, o diagnósco e a
intervenção junto a grupos clínicos de crianças e adolescentes acomedos por diferentes alterações neuropsicoló-
gicas, transtornos de aprendizagem, lesões e/ou disfunções neurológicas. O LAPEN possui um serviço de triagem/
acolhimento e três ambulatórios, a saber, Ambulatório de Lesão Cerebral, Oncologia Pediátrica e Epilepsia Infanl
realizado em parceria com o Serviço de Psicologia Aplicada da UFRN (SEPA) e dois hospitais públicos de referência
no atendimento oncológico infanl; Ambulatório de Transtornos do Espectro Austa em parceria com o Instuto
Internacional de Neurociências de Natal - Edmond e Lily Safra (IINN - ELS) através do Centro de Educação e Pes-
quisa em Saúde Anita Garibaldi e; Ambulatório de Transtornos de Aprendizagem e TDA/H em parceria entre as
clínicas-escola dos Departamentos de Psicologia e Fonoaudiologia da UFRN. O objevo desse capítulo é apresentar
o funcionamento desse esse último ambulatório, no qual é realizada avaliação neuropsicológica interdisciplinar e
intervenção especíca através do Projeto LEIA - leitura, escrita e audição.
1. Graduação em Psicologia pela PUC-SP, Especialização em Neuropsicologia pela UFPE, Mestrado e Doutorado em Psicologia Cogniva pela UFPE, Pós-Doutorado
em Psicologia Cogniva e Neurociências pela Université Paris Descartes. Professora Associada do Departamento de Psicologia da UFRN.
2. Graduação em Psicologia pela UFRN, Mestrado e Doutorado em Psicologia pela UFRN. Psicóloga Escolar da UFRN.
3. Graduação em Fonoaudiologia pela USP-Bauru, Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UNICAMP e Pós-Doutorado
em Ciências Médicas pelo UNICAMP. Professora Adjunta do Departamento de Fonoaudiologia da UFRN.
Capítulo 13. Laboratório de Pesquisa e Ex tensão em Neuropsicologia da UFRN (LAPEN)
prácas de invesgação; 2) a oferta de serviços de avaliação de Atenção/Hiperavidade. Por m, destacam-se os Serviços
e reabilitação a diversos setores das áreas de saúde e educa- de Neuropsicologia, desenvolvidos pelo LAPEN, nos setores
ção, voltados à melhoria da qualidade de vida de pacientes de oncologia pediátrica em dois hospitais de referência no
com lesões e/ou disfunções neurológicas e; 3) a capacitação tratamento do câncer infanl no estado do Rio Grande do
de alunos da Graduação e da Pós-Graduação em Psicologia, Norte, a saber, a Liga Norte Rio-Grandense Contra o Câncer
além de grupos de outros campos do conhecimento da e o Hospital Infanl Varela Sanago.
UFRN nos aspectos teóricos e instrumentais do domínio A oferta de um serviço regular e sistemazado para aco-
neuropsicológico. lher a demanda resultante de encaminhamentos de setores
Após o estabelecimento de parcerias com instuições de da saúde e da educação no âmbito do LAPEN tornou-se pos-
saúde e de ensino na cidade de Natal e municípios tornou- sível após a elaboração e aprovação, junto à Pró-Reitoria de
-se necessário consolidar tais prácas em torno de oferta à Extensão da UFRN, de um Plano de Ação de Extensão. Este
população de serviço especializado nas referidas instuições vem sendo executado por pós-graduandos, discentes de
parceiras, e através deste, sistemazar o estágio curricular mestrado e doutorado em psicologia, vinculados ao LAPEN,
em Neuropsicologia para os alunos de graduação do curso bolsistas de graduação nas modalidades de i niciação cien-
de psicologia da UFRN. Adicionalmente, a oferta do Serviço ca e extensão e estudantes oriundos da especialização em
de Neuropsicologia de forma connuada tornou possível Neuropsicologia.
estruturar avidades prácas do curso de formação pós- Um aspecto salutar, para o qual o LAPEN dirige atenção
-graduada em nível de especialização, fortalecer a linha de constante, é a formação e capacitação dos estudantes e pros-
pesquisa em Desenvolvimento Cognivo e Aprendizagem na sionais que integram o laboratório. Sendo assim, são realizadas
pós-graduação e nos grupos de pesquisa aos quais se vincula reuniões semanais de supervisão em cada um dos ambulató-
o LAPEN, que a parr de 2015 consolidou-se como Grupo de rios que compõem o LAPEN, bem como reunião semanal com
Pesquisa cadastrado no Diretório do CNPq, sob a liderança todo o grupo, cujo objevo maior é a leitura e discussão de
das professoras Izabel Hazin e Cína Alves Salgado Azoni, argos ciencos recentes, abordando temácas transversais
vinculadas aos departamentos de Psicologia e Fonoaudiologia ao fazer neuropsicológico em todos os ambulatórios.
da UFRN, respecvamente. Na seção seguinte será caracterizado, de forma mais de-
Como estratégia de funcionamento, o LAPEN oferta um talhada, o ambulatório de Transtornos de Aprendizagem que,
serviço permanente de avaliação e intervenção neuropsico- como dito anteriormente, é desenvolvido através de parceria
lógica em parceria com prossionais da saúde e da educação, entre as clínicas-escola dos Departamentos de Psicologia e
notadamente da fonoaudiologia, pedagogia, psicologia e me- Fonoaudiologia da UFRN. Salienta-se que no ambulatório é
dicina. Tal experiência tem se revelado exitosa, notadamente realizada apenas a avaliação neuropsicológica interdisciplinar.
no que concerne à oferta de atendimento interdisciplinar e Em sendo diagnoscado um transtorno de aprendizagem,
conjunto, com desdobramentos signicavos para a forma- a criança é encaminhada para a realização de intervenção
ção dos estudantes que nelas atuam. no Projeto LEIA- Leitura, escrita e audição, cujo programa
Os grupos clínicos atendidos pelo LAPEN são alocados encontra-se descrito neste Guia.
nas respecvas instuições considerando qual o local mais
apto a desenvolver os processos de avaliação e intervenção JUSTIFICATIVA
em cada demanda especíca. Nesse contexto, as avida-
des em Neuropsicologia realizadas na Clínica Escola de Atualmente a relevância da neuropsicologia junto a crian-
Fonoaudiologia atendem a crianças e adolescentes com ças e adolescentes com lesões e/ou disfunções cerebrais vem
hipótese ou diagnósco de Transtornos de Aprendizagem da sendo largamente reconhecida na comunidade cienca. Este
Leitura e da Escrita e da Matemáca; no Instuto Internacional crescimento se dá principalmente como resposta às constan-
de Neurociências de Natal - Edmond e Lily Safra (IINN - ELS), tes demandas de invesgação e intervenção em situações
mais especicamente na unidade do Centro de Educação de alterações do desenvolvimento e da aprendizagem que
e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, atende a crianças e se apresentam na práca clínica e educacional, bem como
adolescentes com hipótese ou diagnósco de Transtornos pela necessidade de proposição de estratégias de interven-
do Espectro Austa e Síndromes Genécas, e; por sua vez, ção efevas, capazes de contribuir para a minimização do
no Serviço de Psicologia Aplicada da UFRN (SEPA) crianças e impacto de tais prejuízos sobre o funcionamento cognivo,
adolescentes com hipótese ou diagnósco de Lesão Cerebral aprendizagem e execução de avidades de vida diária por
(tais como a Microcefalia), Epilepsia e Transtorno do Décit parte dos sujeitos afetados.
Hazin I, Gomes E, Azoni CAS
No domínio dos Transtornos de Aprendizagem, idenca- a) Realização de Triagem: Esta etapa inclui dois momentos,
-se uma intensa demanda proveniente inclusive de setores que juntos totalizam em média dois encontros, sendo o
especializados no atendimento à saúde e à educação de primeiro realizado com os pais e/ou responsáveis, e o
crianças e adolescentes acomedas por diferentes alterações segundo com a criança. Com os pais e/ou responsáveis
neurodesenvolvimentais ou com Necessidades Educacionais aplica-se um roteiro de anamnese e o Inventário de
Especiais. Adicionalmente, constata-se a grave escassez Comportamentos para Crianças e Adolescentes de 6 a
de prossionais da Neuropsicologia no Sistema Público de 18 anos, versão brasileira do “Child Behavior Checklist
Saúde. Com isso, a experiência de um ambulatório inter- for ages 6-18 ” CBCL(²). Com a criança aplica-se a técnica
disciplinar especializado em transtornos de aprendizagem, projeva do Desenho-Estória com os temas “Eu”, “Eu
fomentado pela Universidade, tem possibilitado a oferta de e minha escola”, “Eu e minha família” e “Eu e meus
serviço de atenção neuropsicológica integral à população amigos”, com o objevo de compreender o sendo que
pediátrica no estado do Rio Grande do Norte, transcendendo a criança constrói para a sua relação com escola e o
iniciavas pontuais, constuindo-se enquanto um serviço processo ensino-aprendizagem; e o Neupsilin Infanl,
público permanente à disposição das crianças, adolescentes, instrumento que possibilita caracterizar brevemente o
familiares, prossionais de saúde e educação de um estado perl de funcionamento de processos neuropsicológicos
que ainda não dispõe, em suas unidades de atendimento, de visando à descrição cogniva associada a diagnóscos
serviços desta natureza. em transtornos do neurodesenvolvimento, em geral, e
Adicionalmente, tal iniciava pode oferecer à neurop- da aprendizagem, em parcular(³). Após a conclusão da
sicologia um terreno fecundo de atuação e de aprendiza- triagem, caso a criança ou adolescente apresente (ou
gem para prossionais e estudantes de todos os níveis de tenha suspeita) de um dos quadros clínicos mencionados
ensino, da graduação à pós-graduação, abarcando os seus anteriormente (lesão cerebral, transtornos de aprendiza-
três objevos principais enquanto área de conhecimento, a gem, transtorno do espectro austa, síndromes genécas,
saber, pesquisa, avaliação e intervenção(¹). Nesse sendo, o epilepsia, TDA/H ou câncer infanl) será encaminhada
ambulatório de aprendizagem do LAPEN desenvolve atuação para o ambulatório adequado.
integrada às prácas das instuições de saúde parceiras, pos- b) Avaliação Neuropsicológica com a criança ou adolescente:
sibilitando, aos discentes, docentes e técnico-administravos, nessa etapa as crianças serão submedas a protocolos
envolvidos um maior aprofundamento no conhecimento especícos que possibilitem o entendimento amplo das
teórico e técnico da Neuropsicologia do Desenvolvimento caracteríscas do distúrbio, das diculdades e habilida-
e da Aprendizagem, bem como a realização de intercâmbio des apresentadas pela criança. Para o ambulatório de
de produção cienca em âmbito nacional e internacional. transtornos de aprendizagem esta etapa é realizada em
De forma mais estruturada, congura-se em um importante dois momentos, sendo um pela equipe de neuropsicolo-
campo de estágio, oferecendo ao discente em avidade gia psicológica (aproximadamente oito sessões) e outra
curricular a possibilidade de aprendizagem e de desenvolvi- de neuropsicologia fonoaudiológica (cerca de quatro
mento de competências e habilidades necessárias à atuação encontros). Ao nal dos atendimentos de avaliação in-
em neuropsicologia, obtendo experiência em uma área em terdisciplinar é realizada sessão de discussão, na qual
expansão em todo o país. são confrontados os resultados encontrados, levantadas
Por m, pretende ampliar o raio de ação da universidade, hipóteses diagnóscas e realizados os encaminhamentos
através do estabelecimento de parceria formal de trabalho e necessários. Os procedimentos avaliavos de ambas as
de pesquisa com as instuições públicas de saúde e educa- áreas são descritos na seção seguinte.
ção, construindo assim ações que contemplem o retorno do c) Os resultados da avaliação neuropsicológica são informa-
conhecimento acadêmico sob a forma de relevantes serviços dos aos pais/responsáveis e ao paciente, a depender de sua
prestados à comunidade, conforme preconiza o tripé Ensino- faixa etária, através de uma entrevista devoluva, na qual
Pesquisa-Extensão, tão caro à Universidade Federal do Rio os prossionais responsáveis pelo atendimento apresenta-
Grande do Norte. rão o laudo neuropsicológico ao paciente atendido, aos pais
ou responsáveis, bem como à instuição e/ou prossional
MÉTODO que realizou o encaminhamento. Nessa etapa também
serão realizados os encaminhamentos necessários.
O uxo para o atendimento de crianças e adolescentes no d) A criança e/ou adolescente poderá ser encaminhado
LAPEN compreende cinco etapas descritas a seguir: para avidade de intervenção em grupo ou individual:
Capítulo 14. Intervenção nos Tr
Transtornos
anstornos Específcos de Aprendizagem em Estágio de Fonoaudiologia
saber como proceder diante de casos clínicos que possuem (fator ambiental), por exemplo, ou se possui um transtorno
múlplas diculdades, quais as caracteríscas que podem ser especíco de aprendizado(43). Cautela no estabelecimento
esperadas (geralmente
(geralmente quando há comorbidade os décits dos diagnóscos é essencial e precisa envolver uma análise
são mais acentuados), o que privilegiar na intervenção, quais ampla do contexto
contexto,, envolvendo a criança-adolescente
criança-adolescente,, sua
as competências que mais inuenciam na qualidade de vida família e sua escola.
do paciente, etc. Além disso, precisa estar em constante in-
teração com os demais prossionais envolvidos com o caso. CONSIDERAÇÕESS FINAIS
CONSIDERAÇÕE
Todos esses aspectos supracitados são trabalhados de
forma conectada com a teoria. Nesse sendo, são realizadas Com a parcipação nesse estágio, espera-se que o estu-
avidades de apresentação de seminário, com temácas as- dante desenvolva competências prossionais essenciais para
sociadas aos casos clínicos
clí nicos e exposição dos pos de transtor- atuar como fonoaudiólogo, como, por exemplo, a capacidade
nos com base na literatura. A redação de relatórios e laudos de trabalhar em uma rede interdisciplinar,
interdisciplinar, de dialogar com
auxilia nesse processo de compreensão do caso clínico pelo a instuição de ensino e demais prossionais envolvidos na
terapeuta e da visão integral das associações e dissociações avaliação/intervenção
avaliação/inte rvenção do paciente, saber avaliar e planejar
das funções cognivas decitárias e das habilidades que a intervenção de cada caso de acordo com as queixas e ma-
precisam ser trabalhadas. nifestações das diculdades, que variam de indivíduo para
O po de intervenção depende dos resultados das avalia- indivíduo(44). Ao mesmo tempo, espera-se que o estudante
ções de cada caso e, ao mesmo tempo, é embasado em re- tenha uma postura ética frente aos demais prossionais
sultados de pesquisas ciencas, privilegiando a abordagem envolvidos e respeito às normas do código de ética do pro-
neuropsicológica. Quando se trata de diculdades de leitura, ssional Fonoaudiólogo
Fonoaudiólogo..
os estudos mostram que a intervenção no processamento Como possível recomendação de adaptação para outros
fonológico (consciência fonológica, memória fonológica e serviços, sugere-se a realização de um trabalho que arcule
relação grafema-fonema)
grafema-fonema) é um dos aspectos essenciais para teoria e práca, com base em instrumentos construídos e
uma intervenção de sucesso (39). Além disso, quando esse adaptados para a nossa realidade. Dentro da abordagem
trabalho é associado a uma intervenção direta nos processos ulizada neste estágio (neuropsicologia cogniva), é im-
de leitura (precisão, uência e compreens
compreensão),
ão), os resultados prescindível que o prossional tenha conhecimento teórico
apresentados
apresentad os são ainda mais sasfató
sasfatórios
rios(40,41,42) . sobre os construtos que avalia, só assim é possível realizar
Outro ponto importante que é considerado nos atendimen- uma avaliação individualizada e consequent
consequentemente
emente conse-
tos do estágio diz respeito ao grau de diculdade do paciente guir realizar uma intervenção adaptada às diculdades e
em interação com o ano escolar. A modalidade de intervenção potencialidades de cada indivíduo.
fonográca é a mais ecaz em crianças
cr ianças menores (até primeiro
ano), enquanto que as abordagens combinadas, ou seja, que REFERÊNCIAS
trabalham o código e sendo ao mesmo tempo (consciência
fonológica, correspondência grafema-fonema
grafema-fonema e compreensão 1. Dornelles S, Olchik MR, Brasil B de C. Manual de estágio do Curso de
Fonoaudiologia da UFRGS. 2014.
leitora) podem ser mais sasfatórias para crianças que estão
2. Brandão L, Fonseca RP, RP, Orz KZ, Azambuja D, Salles JF, Navas AL, et al.
mais avançadas na aprendizagem da leitura-escrita(42). Neuropsicologia como especialidade na Fonoaudiologia: Consenso de
No decorrer das sessões de intervenções, os estagiários Fonoaudiólogos Brasileiros. Distúrbios Com. 2016;28(2):378-87.
são instruídos a observar a evolução das competências do 3. Haase VG, Salles JF, Miranda MC, Malloy-diniz L, Abreu N, Argollo
paciente que foram trabalhadas (e a possível generalização N, et al. Neuropsicologia como ciência interdisciplinar: consenso da
comunidade brasileira de pesquisadores / clínicos em Ne uropsicologia.
para aspectos não diretament
diretamentee trabalhados). Nesse sendo,
Rev Neuropiscol Lanoam. 2012;4(4):1-8.
a abordagem de resposta à intervenção (Response to inter- 4. Holderbaum CS, Lodeiro C da R, Basso FP.FP. A dislexia de desenvolvimento
venon – RTI) é priorizada para a conrmação
conrmaçã o do diagnósco no adulto. In: Salles JF, Navas ALGP (eds). Dislexias de desenvolvimento e
e adequação terapêuca. Esse aspecto é importante uma adquiridas: avaliação e intervenção (Coleção Neuropsicologia na Práca).
São Paulo: Pearson; no prelo.
vez que se sabe que uma resposta inadequada à interven- 5. Fletcher JM, Vaughn S. Response to intervention: preventing and
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invesga-se se o indivíduo está apresentando um décit 7. Salles JF,
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Capítulo 15. Serviço
15. Serviço de Avaliação e Intervenção em
Dislexia (SAID-Mack) vinculado ao Laboratório de
Neurociências Cogniva e Social da Universidade
Presbiteriana Mackenzie
RESUMO
A Dislexia do Desenvolvimento é reconhecida no DSM-5 como o Transtorno Especíco de Aprendizagem com pre-
juízo no reconhecim
reconhecimento
ento preciso
preciso ou uente
uente de
de palavras,
palavras, na habilidade
habilidade de
de decodicaç
decodicação
ão e na precis
precisão
ão ortográc
ortográca.
a. É
um dos transtornos da infância de maior prevalência, angindo de 5 a 10% da população brasileira. Tal transtorno
gera grandes impactos educacionais e psicossociais na vida de quem apresenta esta condição, o que reforça a
importância de prossionais da saúde e educação instrumentalizados para avaliar e promover intervenções junto a
este público. Porém, são poucos os serviços oferecidos para avaliação de crianças e adolescentes com diculdades
de aprendizagem de leitura e escrita, especialmente aqueles disponibilizados de forma gratuita. Os resultados
das avaliações podem ser fundamentais para estabelecimento
estabelecimento de estraté
estratégias
gias de intervenção que sejam baseadas
em evidências e que possibilitem garanr o desenvolvimento de todas as potencialidades cognivas das crianças
e adolescentes. Logo, é fundamental o oferecimento tanto os processos de avaliação quanto de intervenção
baseados em evidências ciencas. O Serviço de Avaliação e Intervenção em Dislexia (SAID-Mack), sediado na
Universidade Presbiteriana Mackenzie, oferece tais processos gratuitamente à comunidade.
para remediação das diculdades de aprendizagem. Além que avaliam inteligência, leitura, consciência fonológica, no-
disso, diversos trabalhos foram publicados em forma de meação, desempenho acadêmico (avaliado através do Teste
argos ciencos, livros, capítulos de livros e apresentações de Desempenho Escolar e análise de relatórios escolar) e
em congressos. Tais trabalhos t êm auxiliado na compreensão memória. A parr dela, o paciente que se enquadrar no perl
do perl cognivo de crianças e adolescentes brasileiros com de DD passa pela bateria expandida. Esta é composta por
diculdades de aprendizagem. avaliações mais aprofundadas de inteligência, leitura, escrita,
vocabulário, habilidades matemácas, funções execuvas,
RELATO DE EXPERIÊNCIA lateralidade, motricidade na, atenção e memória. Após a
avaliação, o caso é discudo em equipe mulprossional
O SAID-Mack tem por objevo geral oferecer um serviço constuída por neuropsicólogos, psicólogos, fonoaudiólogos,
de avaliação neuropsicológica de crianças, adolescentes e assistente social, pedagogos e psicopedagogos, para então
adultos de escolas e universidades públicas e parculares ser elaborado o relatório de avaliação neuropsicológica,
da região metropolitana de São Paulo, que são encaminha- com orientações para os pacientes, responsáveis e para a
dos com queixa de diculdade de aprendizagem de leitura escola ou universidade. Caso seja necessário, são realizados
e escrita. Dessa forma, o serviço tem os seguintes objevos encaminhamentos para outros equipamentos públicos da
especícos: 1) Receber crianças, adolescentes e adultos rede de saúde e educação. Por m, é realizada a devoluva
encaminhados de escolas e universidades com queixas de junto aos responsáveis e paciente.
diculdades de leitura e escrita; 2) realizar entrevistas de Além das avaliações neuropsicológicas realizadas re-
anamnese com os pais ou responsáveis sobre as diculdades gularmente, o SAID-Mack, por ser um serviço vinculado
de aprendizagem; 3) realizar avaliação compreensiva por a Pós-Graduação e a um laboratório de pesquisa, realiza
meio de aplicação de testes e procedimentos diagnóscos diversos estudos que objevam contribuir para aumentar o
para avaliação de diculdades; 4) estabelecer diálogos com conhecimento cienco acerca da DD. Atualmente, as prin-
os professores e os responsáveis das pessoas avaliadas acer- cipais linhas de pesquisas realizadas na área dos transtornos
ca das potencialidades e diculdades observadas durante a especícos da aprendizagem são: 1) avaliação do perl e habi-
avaliação através de entrevistas, anamnese e quesonários lidades cognivas na DD; 2) estudos ulizando instrumentos
como Child Behavior Checklist (CBCL), Teacher’s Report Form computadorizados e tecnologias de neuroimagem; 3) estudos
(TRF); 5) elaborar relatórios para os familiares acerca das de intervenção para as habilidades de leitura e escrita.
avaliações realizadas. Na primeira linha de pesquisa, diversos estudos foram
O SAID-Mack, atualmente, tem períodos de inscrição produzidos, como a invesgação do perl cognivo de crian-
semestrais, e a cada início de semestre realiza as inscrições ças e adolescentes com DD na Escala de Inteligência para
e triagens telefônicas. Sendo um serviço muito procurado, Crianças – 3ª edição (WISC-III)(1). Os resultados revelaram três
há uma la de espera, da qual a equipe seleciona as chas de pers cognivos diferentes, em função do desempenho na
inscrição para iniciar o processo de avaliação neuropsicológi- tarefa e indicando heterogeneidade no perl das crianças e
ca. O processo sempre é iniciado com uma entrevista inicial adolescentes disléxicos. Ainda, um estudo foi desenvolvido
com os responsáveis, que é baseada em uma anamnese pa- invesgando o perl cognivo de adultos com DD na terceira
dronizada. Escalas e quesonários são enviados para que os edição da Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-
responsáveis preencham em casa, para melhor compreender III), revelando que os parcipantes apresentaram QI verbal
a queixa e histórico do paciente. Nesse primeiro encontro menor que o QI de Execução(2). Também foi visto que a habi-
também é solicitado que os responsáveis apresentem uma lidade mais decitária foi a Memória Operacional, enquanto
cópia de todas as avaliações diagnóscas (neuropsicológicos, a habilidade de Organização Perceptual é a que se encontra
fonoaudiológicos, oalmológicos, entre outros) que o pacien- mais preservada. Outro exemplo de estudo realizado pelo
te já possa ter realizado, além de relatórios pedagógicos que a serviço foi a avaliação e comparação do desempenho em
escola possa ter fornecido. Por m, pede-se aos responsáveis testes psicopedagógicos e neuropsicológicos de crianças e
que encaminhem para os professores uma escala de avaliação adolescentes com DD e diculdade de aprendizagem, visto
do comportamento do paciente em sala de aula (Teacher’s que um dos aspectos mais importantes da avalição diag-
Report Form – TRF) . Tudo isso tem por objevo recolher nósca é o estabelecimento de diagnósco diferencial (3).
informações acerca do paciente pelas mais variadas fontes. Os resultados apontaram que o grupo com DD apresentou
A avaliação em si é dividida em duas partes: triagem e maiores diculdades em testes que avaliam a memória de
bateria expandida. A primeira é composta por instrumentos trabalho e a discriminação visual, além de erros especícos na
Capítulo 15. Serviço de Avaliação e Intervenção em Dislexia (SAID-Mack)
leitura e escrita. Esse perl cognivo evidencia diculdades Os resultados indicaram menores amplitudes e menor efeito
especícas na leitura e nas habilidades cognivas relacio- de especialização hemisférica nos grupos disléxicos tanto
nadas a esse processo. Além disto, o estudo evidenciou a na infância como na fase adulta, indicando que ocorre uma
heterogeneidade do perl de crianças com DD, bem como diferença de avação elétrica no cérebro dessa população(7).
possíveis comorbidades com outros transtornos, tais como Por m, na terceira linha de pesquisa encontram-se os
Transtorno do Décit de Atenção e Hiperavidade (TDAH). estudos de intervenção para as habilidades de leitura e
A segunda linha de pesquisa é focada nos estudos u- escrita. Um estudo decorrente do SAID-Mack é a implemen-
lizando instrumentos computadorizados e tecnologias de tação de um sistema de “Response to Intervenon” (RTI),
neuroimagem. Um exemplo de instrumento ulizado é a ou Resposta à Intervenção, um projeto com enfoque na
versão computadorizada da Bateria de Avaliação de Leitura prevenção e remediação das diculdades de aprendizagem
e Escrita (BALE – Computadorizada). Trata-se de um instru- baseadas em evidências ciencas. Parcipam do projeto
mento que avalia habilidades de linguagem oral e compo- crianças com idade entre 8 e 12 anos, de ambos os sexos, e
nentes da leitura e da escrita, tais como leitura e escrita com queixa de diculdades em leitura e escrita. É realizada
de palavras e pseudopalavras, compreensão de sentenças uma avaliação breve antes da intervenção, com o objevo
escritas, compreensão de sentenças faladas e nomeação de de caracterizar o perl cognivo dos parcipantes. São ava-
guras. Por ser um instrumento computadorizado, a corre- liadas, através de instrumentos validados e normazados
ção é realizada de maneira mais rápida e conável, e são para a população brasileira, as seguintes habilidades: leitura,
registrados o número de acertos e erros, pos de acertos escrita, nomeação, consciência fonológica, inteligência, de-
e erros e o tempo de realização da tarefa. Diversos estudos sempenho escolar, memória operacional fonológica e viso-
realizados no SAID-Mack ulizando a BALE-Computadorizada -espacial, conhecimento e idencação de letras, uência
conrmam que a bateria é um excelente instrumento para verbal, vocabulário e atenção. São excluídos os parcipantes
invesgar os processos cognivos subjacentes a leitura e que apresentam nível de inteligência inferior à média, bem
escrita, assim como é eciente para realizar diagnósco dife- como aqueles com comorbidades neurológicas, psiquiátricas,
rencial das diculdades de aprendizagem(4). Também na linha evasão escolar ou problemas de visão ou audição, atestados
dos estudos ulizando tecnologia de ponta está a ulização por meio da invesgação do histórico de desenvolvimento
do equipamento de Eye-Tracking, responsável por registrar cognivo e médico junto aos responsáveis. Os parcipantes
e analisar o padrão de movimentos oculares durante tarefas que são incluídos no estudo são divididos em pequenos
de leitura. Estudos com bons leitores indicam que, durante grupos, de no máximo 6 crianças, e são agrupados de acordo
a leitura, o olho realiza movimentos sacádicos da esquerda com a faixa etária (no máximo dois anos de diferença entre
para a direita, alternando com breves momentos de xações, os sujeitos), perl de diculdade e nível de inteligência. São
no qual ocorre o registro e o processamento da informação realizados encontros semanais de duas horas de duração,
escrita e, esporadicamente, ocorrem sacadas regressivas totalizando 16 sessões e 32 horas de intervenção. As sessões
da direita para a esquerda(5) . Os estudos do SAID-Mack são divididas em duas partes, tendo como foco habilidades
com adultos com diculdades de leitura indicam que esse de consciência fonológica e mulssensoriais e de produção
grupo realiza um maior número de sacadas, xações mais escrita e compreensão de texto. Finalizado o programa de
longas e mais sacadas regressivas(6). Outro estudo realizado intervenção, todos as crianças são reavaliadas com os ins-
com crianças disléxicas indicou que esse grupo apresenta trumentos de avaliação, de forma a comprovar a ecácia do
diculdades no controle oculomotor, o que pode prejudi- modelo de intervenção. Aqueles que não apresentam avanço
car o controle visual durante a leitura, prejudicando seu são submedos à avaliação neuropsicológica estendida, mul-
desempenho nessa habilidade (5). Por m, o serviço também disciplinar, para conrmação de hipótese diagnósca. Em
dispõe de um equipamento de Eletroencefalograma de alta paralelo a intervenção com as crianças, são desenvolvidas
densidade (EEG), que possibilita a mensuração da avidade reuniões psicoeducavas com os pais e responsáveis, com a
elétrica cerebral durante a realização de provas de leitura. discussão de temas relevantes às diculdades apresentadas
A ulização desse equipamento é de extrema importância, pelas crianças. O serviço de RTI é conduzido por psicopeda-
pois auxilia na compreensão das bases neurosiológicas gogos e conta com a ajuda de psicólogos quando necessário
envolvidas nas diculdades encontradas na DD. Um estudo (ex: avaliação de inteligência).
teve como objevo vericar o padrão comportamental e Em outro estudo, 10 crianças com DD foram subme-
eletrosiológico de adultos e crianças com DD e com habili- das à intervenção fônica computadorizada, em que foram
dades normais de leitura em uma tarefa de decisão lexical. estimuladas habilidades de consciência fonológica e de