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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ACELERAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO DE SOLOS


ARGILOSOS COM O USO DE ELETRO-OSMOSE

ALISSON JOBIM PEREIRA NASCIMENTO

ORIENTADOR: PEDRO MURRIETA SANTOS NETO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA

PUBLICAÇÃO: G.DM 131/2005

BRASÍLIA/DF
MARÇO/2005

i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ACELERAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO DE SOLOS


ARGILOSOS COM O USO DE ELETRO-OSMOSE

ALISSON JOBIM PEREIRA NASCIMENTO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO
PARTE DOS REQUESITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE.

APROVADA POR:

___________________________________________________
PEDRO MURRIETA SANTOS NETO, DSc (UnB)
(ORIENTADOR)

__________________________________________________
ENNIO MARQUES PALMEIRA, PhD (UnB)
(CO-ORIENTADOR / EXAMINADOR INTERNO)

__________________________________________________
ANA CRISTINA STRAVA CORREA, DSc (ANA)
(EXAMINADORA EXTERNA)

BRASÍLIA/DF, 30 de MARÇO de 2005

ii
FICHA CATALOGRÁFICA

NASCIMENTO, ALISSON JOBIM PEREIRA

Aceleração da Consolidação de Solos Argilosos com o Uso de Eletro-Osmose.


[Distrito Federal] 2005.

xvi, 117 p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Geotecnia, 2005)


Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.

1. Geossintético Condutor Elétrico 2. Dreno Vertical Pré-Fabricado


3. Eletro-osmose 4. Consolidação

I. ENC/FT/UnB II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
NASCIMENTO, A.J.P. (2005). Aceleração da Consolidação de Solos Argilosos com o
Uso de Eletro-Osmose. Dissertação de Mestrado, Publicação G.DM-131/2005,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF
117 p.

CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Alisson Jobim Pereira Nascimento
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Aceleração da
Consolidação de Solos Argilosos com o Uso de Eletro-Osmose.
GRAU/ANO: Mestre/2005.

É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta dissertação


de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósito acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de
mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

______________________________________________
Alisson Jobim Pereira Nascimento
End: Quadra 2, Conjunto D-15, Bloco C, Apt° 302
CEP 73015-020 – Sobradinho/Brasília – DF – Brasil

iii
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a duas grandes Mulheres. A minha Mãe Zezé, pelo seu
grande esforço traçado através de sua garra, determinação e suor para que eu pudesse saltar
barreiras, alcançar conhecimento e assim conseguir este titulo. Ajudando-me em todos os
sentidos, inclusive na parte financeira em que a mesma, muitas vezes, não usufruiu do seu
pequeno salário de professora do estado da Bahia para ajudar-me na moradia e nesta
pesquisa. Seu décimo terceiro salário foi direcionado para dar continuidade a esta pesquisa,
pois a mesma não teve recursos externos para ser executada. Isto eu nunca vou me esquecer.
Obrigado minha mãe, sei que não tenho como agradecer tudo o que a senhora absteve por
mim, mas tenha certeza que sempre vou reconhecer.
A minha amada mulher Jusciney que sempre foi compreensiva com tudo e sempre
esteve ao meu lado, ajudando-me e dando-me força nas horas de desespero, nos momentos em
que a atenção era mais voltada para os trabalhos, provas e a pesquisa do que para ela mesma.
No entanto, sempre atenciosa e cuidadosa. Ney, obrigado por abraçar esta bandeira comigo e
por acreditar em mim.
Muitas dificuldades foram encontradas nestes anos de estudo do mestrado, mas estas
foram suportadas e superadas graças, principalmente, a essas duas Mulheres. Esta vitória
também é de vocês. OBRIGADO.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradecimento é sempre difícil, pois temos que tentar expressar em poucas linhas a
nossa gratidão. Por vários dias, agradeci a Deus por esta oportunidade e por sempre guiar os
meus caminhos. Hoje não poderia ser diferente, O agradeço humildemente por esta
dissertação. Agradeço, com o coração, a minha Mãe Zezé e minha esposa Ney pelo apoio
integral; a minha família querida, Pai (César) e Irmãs (Leile, Lílian, Camila), que sempre me
apoiaram e torceram por mim. Podem ter certeza que sempre poderão contar comigo,
independente da distância física. Agradeço ao professor Pedro por sua compreensão, calma e
ajuda, dando uma excelente orientação. Também ao professor Ennio por suas contribuições à
dissertação. Vocês não são apenas professores como também amigos, por isso minha forte
admiração. Agradeço aos colegas e amigos adquiridos em Brasília, em especial aos que
dividiram risos, tristezas, preocupações e harmonia, como Gregório, Elder e Wilber. Gregório
obrigado por sempre tirar minhas dúvidas e pela forte ajuda na dissertação, Elder obrigado
por me mostrar que eu seria capaz e Wilber pela companhia. A todos, obrigado pela
confiança e lembrem-se “que nada!!!!!!”. As pessoas queridas que me acolheram quando
cheguei a Brasília, Netinha e Augustino. Ao primo Jefferson e ao amigo Roberto por me
incentivarem a fazer o mestrado. Também agradeço, apesar de que não tive tempo para
conhecê-lo direito, ao professor Feitosa (in memoriam), pois quando fui selecionado ao
mestrado não tive bolsa, e o mesmo disse: venha e tenha calma e fé. Três dias depois tive a
benção de conseguir o financiamento da CAPES. Sem o incentivo do professor e sem a ajuda
deste órgão as dificuldades seriam multiplicadas por “n”. Ao Eng. Haroldo, a fábrica TDM,
a ESTE Engenharia por doarem e emprestarem materiais para o desenvolvimento da
pesquisa. Enfim, são muitas as pessoas que devo agradecer, professores e funcionários da
Geotecnia, da Engenharia Elétrica, Mecânica, Química dentre outros. Assim, finalizo com
um simples mas eterno AGRADECIMENTO a todos.

v
RESUMO

ACELERAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO DE SOLOS ARGILOSOS COM


O USO DE ELETRO-OSMOSE

Com o decorrer dos anos evidenciou-se que uma das maneiras mais eficientes para
melhoria de solo em depósitos de argila mole é a consolidação induzida por sobrecargas; em
paralelo, observou-se que houve um aumento exponencial no uso de materiais geossintéticos
poliméricos direcionados para engenharia civil e ambiental. Assim, tornou-se comum na
técnica de melhoria de solo mole a aplicação de drenos verticais pré-fabricados (DVP) e
sobrecarga para provocar recalques por adensamento primário. No entanto, muitas vezes
ainda é necessário um considerável tempo para ocorrer à consolidação. Devido a necessidade
em algumas construções de se diminuir o tempo de consolidação, acrescentou-se à técnica
convencional o uso da eletro-osmose (EO). Esta técnica está sendo estudada em alguns
centros de pesquisas da Ásia e Europa. Neste caso, eletrodos são adicionados aos DVPs para
formarem os geossintéticos condutores elétricos (GCEs) e ao aplicar energia ao sistema,
alguns GCEs tornam-se ânodo e outros tornam-se cátodos. Com a aplicação da corrente
contínua, a água livre é repelida pelo ânodo e atraída pelo cátodo para ser drenada, e por
conseqüência a consolidação ocorre em menor tempo.
Para conhecer esta nova técnica e poder aplicá-la em depósitos de argilas moles, foram
feitos ensaios em duas caixas experimentais, utilizando-se a técnica convencional com DVP
em uma e a nova tecnologia dos GCEs em outra. Com instrumentações simples, placa de
recalque e piezômetro de Casagrande, registrou-se o comportamento da poropressão e
recalque da argila, concluindo-se que ao aplicar eletricidade o gradiente elétrico tornou-se
maior que o gradiente hidráulico provocando a consolidação do solo mais rapidamente. Com
o ensaio de palheta sendo executado antes e após o tratamento, comprovou-se que o aumento
de resistência não drenada do solo foi maior no solo em que se utilizou eletro-osmose.

vi
ABSTRACT

ACCELERATION OF CLAYEY SOIL CONSOLIDATION WITH THE


USE OF ELECTRO-OSMOSIS

The last years have shown that one of the most efficient ways to improve a soft clay
soil is the consolidation forced by a surcharge. It has been noticed that there was a exponential
growth in the use of polymeric-based geosynthetic materials towards civil and environmental
engineering. Therefore, prefabricated vertical drains (PVD) has been used in deposits of soft
clay with surcharge to accelerate primary consolidation. However, this technique requires a
large amount of time to induce the consolidation. The usual need of accelerating consolidation
in practice, makes interesting the association of the conventional technique with electro-
osmosis (EO). The latter is being studied in some research centers in Asia and Europe.
Electrodes are added to PVD resulting in the electrically conductive geosynthetics (EKG).
Due to the electric current applied, free water molecules are repeled by the anode and
attracted by the cathode to be drained, reducing consolidation time.
This research shows the results of an work carried out in two experimental boxes,
using the conventional technique with PVD in one box and the new technology of EKG in
another box. A simple instrumentation, consisting of settlement plates and Casagrande
piezometers, allowed measurements of pore pressures and settlements of the clay. From vane
test results before and after the treatment, it was observed that the increase in undrained shear
strength of the soft soil was most effective when used the methode with electro-osmosis.

vii
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 1
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1.DESCRIÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................................... 1
1.2.ESCOPO DO TRABALHO ................................................................................................. 2
1.3.OBJETIVOS DA PESQUISA .............................................................................................. 3
1.4.ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................... 3

CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 4

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 4


2.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4
2.2. GEOSSINTÉTICOS............................................................................................................ 5
2.2.1. TIPOS E FUNÇÕES DOS GEOSSINTÉTICOS ............................................................. 6
2.2.2. PROPRIEDADES DOS GEOSSINTÉTICOS ................................................................. 8
2.2.3. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS GEOSSINTÉTICOS RELEVANTES PARA
DRENAGEM E FILTRAÇÃO .................................................................................................. 9
2.2.4. PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DOS GEOSSINTÉTICOS RELEVANTES PARA
DRENAGEM E FILTRAÇÃO ................................................................................................ 10
2.2.5. PROPRIEDADES MECÂNCICAS DOS GEOSSINTÉTICOS DIRECIONADOS
PARA DRENAGEM VERTICAL ........................................................................................... 11
2.2.6. VANTAGENS DOS GEOSSINTÉTICOS .................................................................... 11
2.2.7. DRENO VERTICAL PRÉ-FABRICADO (GEODRENO) ........................................... 12
2.2.8. INSTALAÇÃO DO GEODRENO................................................................................. 14
2.2.9. GEOSSINTÉTICO ELETRO-CINÉTICO .................................................................... 16
2.2.10. TIPOS DE ELETRODOS DOS GEC .......................................................................... 17
2.3. ELETRO-OSMOSE .......................................................................................................... 18
2.4. TEORIA DA CONSOLIDAÇÃO POR ELETRO-OSMOSE .......................................... 20
2.4.1. TIPOS DE FLUXO ATARVÉS DO SOLO .................................................................. 21
2.4.2. TEORIA DE HOLTZ-SMOLUCHOWSKI ................................................................... 22
2.4.3. TEORIA DE ESRIG E COMPLEMENTAÇÕES ......................................................... 24
2.4.4. CORROSÃO ELETROQUIMICA ................................................................................ 29
2.5. APLICAÇÃO DE ELETRO-OSMOSE NO PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO ......... 31
2.6. USO DE ELETRO-OSMOSE NO BRASIL ..................................................................... 33

CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 34

3 - LOCALIZAÇÃO, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ................................................ 34


3.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 34
3.2. CAIXAS EXPERIMENTAIS ........................................................................................... 35
3.3. GEOSSINTÉTICOS UTILIZADOS ................................................................................. 37
3.3.1. GEOTÊXTIL .................................................................................................................. 37
3.3.2. DRENOS VERTICAIS ................................................................................................... 38
3.3.3. GEOSSINTÉTICO CONDUTOR ELÉTRICO (GCE) .................................................. 39
3.4. ELETRODOS ................................................................................................................... 40
3.5. FONTES GERADORAS DE ENERGIA ........................................................................ 42
3.6. SOLO ARGILOSO ........................................................................................................... 43
3.7. SOBRECARGA ................................................................................................................ 46

viii
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 48

4. ETAPAS E METODOLOGIA ............................................................................................. 48


4.1. PREPARAÇÃO DA ÁREA .............................................................................................. 48
4.2. PRIMEIRO ENSAIO NAS CAIXAS EM ESCALA INTERMEDIÁRIA ....................... 49
4.2.1. PREPARAÇÃO DO SOLO MOLE ............................................................................... 50
4.2.2. INSTALAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS .............................................................. 53
4.2.3. CIRCUITO ELÉTRICO ................................................................................................. 54
4.2.4. MEDIDAS DE RECALQUES ....................................................................................... 56
4.2.5. MEDIDAS DE POROPRESSÃO .................................................................................. 57
4.2.6. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA DO SOLO .................................................................. 59
4.2.7. DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO .......................................................................... 60
4.3. ENSAIOS EM LABORATÓRIO ..................................................................................... 60
4.3.1. DESCRIÇÃO DO ENSAIO ........................................................................................... 60
4.4. PREPARAÇÃO DA ÁREA PARA NOVO ENSAIO ...................................................... 67
4.5. SEGUNDO ENSAIO NAS CAIXAS DE ESCALA INTERMEDIÁRIA........................ 68
4.5.1. PREPARAÇÃO DO SOLO MOLE ............................................................................... 68
4.5.2. INSTALAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS .............................................................. 69
4.5.3. CIRCUITO ELÉTRICO ................................................................................................. 71
4.5.4. MEDIDAS DE RECALQUES ....................................................................................... 72
4.5.5. MEDIDAS DE POROPRESSÃO .................................................................................. 74
4.5.6. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA DO SOLO .................................................................. 75

CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 76

5 – RESULTADOS E COMENTÁRIOS................................................................................. 76
5.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 76
5.2. RESULTADOS DO PRIMEIRO ENSAIO ...................................................................... 76
5.2.1. MEDIDAS DOS PIEZOMETROS ................................................................................ 77
5.2.2. MEDIDAS DE RECALQUE ......................................................................................... 80
5.2.3. COMENTÁRIOS FINAIS ............................................................................................. 82
5.3. RESULTADOS DO SEGUNDO ENSAIO ...................................................................... 82
5.3.1. DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO .......................................................................... 83
5.3.2. MEDIDAS DE POROPRESSÃO .................................................................................. 93
5.3.3. MEDIDA DE RECALQUE ........................................................................................... 99
5.3.4. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA .................................................... 100
5.3.5. COMENTÁRIOS FINAIS ........................................................................................... 100

CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................ 106

6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 106


6.1. RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DE ELETRO-OSMOSE EM PESQUISAS
GEOTÉCNICAS .................................................................................................................... 109
6.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ............................................................. 110

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 111

APÊNDICE A – PLANTA DE SITUAÇÃO ..................................................................... 114

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela Página

Tabela 2.1 Tipos de Geossintéticos e suas aplicações possíveis.[modificado - Zornberg &


Christopher (1999)] ...............................................................................................................................6
Tabela 2.2 Tipos de Fluxo através de uma massa de solo. ...................................................... 21

Tabela 3.1 Propriedades do geotêxtil utilizado entre o solo mole e a sobrecarga. .................. 38
Tabela 3.2 Configuração do geodreno bem como os materiais técnicos utilizados. ............... 38
Tabela 3.3 Propriedades do Geodreno ESTEDRAIN. ............................................................ 39
Tabela 3.4 Tipos de fontes. ..................................................................................................... 42
Tabela 3.5 Propriedades do solo argiloso usado no ensaio. .................................................... 45

Tabela 4.1 Resultados obtidos na massa de solo com diferentes fontes. ................................ 61
Tabela 4.2 Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal sintético. ......................... 62
Tabela 4.3 Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal de cozinha. ...................... 62
Tabela 4.4 Resultados obtidos através de eletrodos de cobre maciço em massa de solo
saturado com sal de cozinha. .................................................................................................... 63

Tabela 5.1 Medidas de tensão e corrente que atravessaram o solo utilizando a fonte de 30 V e
10 A. ......................................................................................................................................... 84
Tabela 5.2 Medidas de tensão e corrente do solo utilizando a fonte 30 V e 10 A. ................. 85
Tabela 5.3 Medidas de tensão e corrente com fonte de 12 V e 40 A. ..................................... 93

x
LISTA DE FIGURAS

Figura Página

Figura 2.1 Funções básicas de operação dos geotêxteis. [Catálogo Rhodia SA] ...................... 7
Figura 2.2 Esquema simplificado do processo de fabricação de geossintéticos ....................... 9
Figura 2.3 Geodreno com dois perfis de polietileno. (modificado - ESTE Engenharia, 2003)12
Figura 2.4 Geodreno com um perfil de polietileno ou polipropileno. (ESTE Engenharia) .... 13
Figura 2.5 Geodreno ESTEDRAIN. ...................................................................................... 13
Figura 2.6 Vista do núcleo do geodreno em três dimensões. .................................................. 14
Figura 2.7 Equipamento de Cravação. .................................................................................... 15
Figura 2.8 Vista do Mandril. ................................................................................................... 15
Figura 2.9 Instalação do geodreno com o mandril. ................................................................. 16
Figura 2.10 Eletrodos GEC: Tipos dos eletrodos para ensaio eletro-osmótico. (modificado -
Hamir et al, 2001.).................................................................................................................... 18
Figura 2.11 Explicação gráfica do deslocamento de íons devido aplicação de um potencial
elétrico. ..................................................................................................................................... 19
Figura 2.12. Capilaridade no fluxo eletro-osmótico. (Casagrande 1952). .............................. 20
Figura 2.13 Movimento de água devido aplicação de campo elétrico. ................................... 25
Figura 2.14 Pilha de corrosão eletroquímica........................................................................... 30
Figura 2.15 Reação surgida na área anódica. .......................................................................... 31

Figura 3.1 Representação da Caixa Metálica. ......................................................................... 35


Figura 3.2 Apresentação da caixa metálica com a vala drenante fechada. ............................. 36
Figura 3.3 Caixas Metálicas antes de iniciar os ensaios. ........................................................ 36
Figura 3.4 Apresentação da cobertura sobre as caixas metálicas............................................ 37
Figura 3.5 Geossintéticos utilizados nos ensaios. ................................................................... 40
Figura 3.6 Fonte de energia regulável e estabilizada. ............................................................. 43
Figura 3.7 Resultados do ensaio de granulométria com defloculante. .................................... 44
Figura 3.8 Curva granulométrica da areia usada como sobrecarga. ....................................... 47

Figura 4.1 Ilustração das caixas metálicas sem o lixo e devidamente lavadas. ...................... 49
Figura 4.2 Peneiramento e homogeneização do solo. (Etapas 2,3 e 4) ................................... 51

xi
Figura 4.3 Solo mole colocado em uma das caixas (etapa 5). ................................................ 51
Figura 4.4 Solo mole devidamente molhado. (etapa 5) .......................................................... 52
Figura 4.5 Caixa sendo fechada para posteriormente ser completada com argila. ................. 53
Figura 4.6 Espaçamento dos DVPs instalados na caixa 1. ...................................................... 54
Figura 4.7 Conector de cobre interligando os eletrodos ânodos. ............................................ 55
Figura 4.8 Configuração do circuito elétrico – PLANTA BAIXA ......................................... 55
Figura 4.9 Ilustração da configuração representando a caixa com EO. .................................. 56
Figura 4.10 Placa de recalque posicionada no centro da caixa. .............................................. 57
Figura 4.11 Instalação do piezômetro. .................................................................................... 58
Figura 4.12 Piezômetros para medida do acréscimo de poropressão na massa de solo. ......... 59
Figura 4.13 Equipamento adaptado para o ensaio de palheta. ................................................ 59
Figura 4.14 Ensaio em Laboratório feito em caixa de tamanho reduzido. ............................. 61
Figura 4.15 Ensaio mostrando o processo de eletro-osmose. ................................................. 64
Figura 4.16 Migração da água do eletrodo positivo ao negativo (a) e evidencia de eletrólise
com formação de bolhas formando o gás hidrogênio no cátodo (b). ....................................... 64
Figura 4.17 Circuito elétrico simples. ..................................................................................... 66
Figura 4.18 Circuito elétrico complexo no ensaio realizado em campo. ................................ 67
Figura 4.19 Espaçamento dos DVPs na caixa 1. ..................................................................... 70
Figura 4.20 Ligação dos fios ao eletrodo de cordoalha de cobre. ........................................... 72
Figura 4.21 Placa de recalque metálica. .................................................................................. 73
Figura 4.22 Referência fixa para medida de recalque. ............................................................ 74
Figura 4.23 Piezômetros instalados em locais estratégicos na caixa com EO. ....................... 75

Figura 5.1 Identificações dos piezômetros instalados. ............................................................ 77


Figura 5.2 Desenvolvimento do acréscimo de poropressão no fundo da caixa 1. .................. 78
Figura 5.3 Desenvolvimento do acréscimo de poropressão no fundo caixa 2. ....................... 78
Figura 5.4 Comparação da redução da poropressão entre os dois processos. ......................... 79
Figura 5.5 Medidas de recalque realizadas nas duas caixas.................................................... 81
Figura 5.6 Reação de eletrólise da água. ................................................................................. 83
Figura 5.7 Expulsão da água contida na argila utilizando EO. ............................................... 84
Figura 5.8 Desenvolvimento da resistência elétrica em 6 dias. .............................................. 86
Figura 5.9 Diagrama esquemático de uma pilha eletrolítica. .................................................. 87
Figura 5.10 Eletrodo do GCE ânodo com muco verde(a). Eletrodo partido a 10 cm de sua
extremidade(b). ........................................................................................................................ 89

xii
Figura 5.11 Eletrodo de cobre praticamente desintegrado. ..................................................... 89
Figura 5.12 Cordoalha de cobre quebrados devido a corrosão eletroquímica. ....................... 90
Figura 5.13 Ilustração mostrando que a potência de entrada é igual a potência de saída. ...... 91
Figura 5.14 Liberação do gás hidrogênio do cátodo (a e b). ................................................... 92
Figura 5.15 Identificações dos piezômetros instalados. .......................................................... 94
Figura 5.16 Desenvolvimento do acréscimo de poropressão na superfície da argila dentro da
caixa com DVP......................................................................................................................... 95
Figura 5.17 Desenvolvimento do acréscimo de poropressão na superfície da argila dentro da
caixa com GCE......................................................................................................................... 95
Figura 5.18 Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 1. ......... 97
Figura 5.19 Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 2. ......... 98
Figura 5.20 Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 3. ......... 98
Figura 5.21 Desenvolvimento do recalque durante o ensaio. ................................................. 99
Figura 5.22 Deslocamento da porta da caixa. ....................................................................... 101
Figura 5.23 Deslocamento da vedação de borracha criando abertura. .................................. 101
Figura 5.24 Saída de água pela vala drenante anteriormente isolada. .................................. 102
Figura 5.25 Levantamento da argila ao redor do GCE (a e b). ............................................. 103
Figura 5.26 Célula Eletro-osmótica. ..................................................................................... 105

Figura A.1 Localização do Laboratório de Geotecnia. ......................................................... 115


Figura A.2 Localização da Estação Experimental de Biologia. ............................................ 116
Figura A.3 Localização da escavação onde o solo argiloso foi retirado. .............................. 117

xiii
LISTA DE ABREVIAÇÕES, SÍMBOLOS E UNIDADES

ABREVIAÇÕES
ABRACO .............................................................................. Associação Brasileira de Corrosão
AOS ............................................................................................Tamanho de Abertura Aparente
CTC ............................................................................................ Capacidade de Troca Catiônica
DVC ..................................................................................................... Dreno Vertical Condutor
DVP ............................................................................................... Dreno Vertical Pré-Fabricado
EKG ............................................................................................... Geossintético Eletro-Cinético
EMBRAPA.......................................................... Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EO......................................................................................................................... Eletro-Osmose
EUA .................................................................................................. Estados Unidos da América
FOS........................................................................................ Tamanho da Abertura de Filtração
ITA .................................................................................... Instituto Tecnológico da Aeronáutica
GCE ........................................................................................... Geossintético Condutor Elétrico
GEC ............................................................................................... Geossintético Eletro Cinético
GZL .................................................................................................... Geoloski Zavod Ljubliana
NBR ................................................................................................................... Norma Brasileira
O90 ............................................................................ Diâmetro do Maior Grão do Solo Passante
O95 ............................................................................ Diâmetro do Maior Grão do Solo Passante
PA ................................................................................................................................. Poliamida
PE ................................................................................................................................ Polietileno
PET ................................................................................................................................. Poliéster
pH ........................................................................................................ Potencial Hidrogenionico
PP ............................................................................................................................Polipropileno
PVC .............................................................................................................Poli-cloreto de vinila
UnB ....................................................................................................... Universidade de Brasília

SÍMBOLOS

A ............................................................Área da Seção Transversal Normal à Direção do Fluxo


Al ................................................................................................................................... Alumínio
Al2O3 ............................................................................................................. Óxido de Alumínio
Aq ..................................................................................................................................... Aquoso
Ca ....................................................................................................................................... Cálcio
CO2 ....................................................................................................................... Gás Carbônico
Cu ........................................................................................................................................Cobre
Cu(OH)2 ....................................................................................................... Hidróxido de Cobre
D .............................................................................................................. Coeficiente de Difusão
e ....................................................................................................................................... Elétrons
Fe2O3 .................................................................................................................... Óxido de Ferro
H ................................................................................................................................. Hidrogênio
H2 ......................................................................................................................... Gás Hidrogênio
H2O ....................................................................................................................................... Água
H2S .....................................................................................................................Ácido Sulfidrico
HCl .................................................................................................................... Ácido Clorídrico
i .......................................................................................................................... Corrente Elétrica

xiv
I...............................................................................................................Índice de Fluxo Elétrico
Ia .................................................................................................................... Índice de Atividade
ic......................................................................................................................Gradiente Químico
ie....................................................................................................................... Gradiente Elétrico
ih ................................................................................................................. Gradiente Hidráulico
IP ............................................................................................................... Índice de Plasticidade
it ...................................................................................................................... Gradiente Térmico
J ................................................................................................................ Densidade de Corrente
JD .......................................................................................................... Índice de Fluxo Químico
Ke ......................................................................Coeficiente de Permeabilidade Eletro-Osmótico
Kh ....................................................................................................... Condutividade Hidráulicas
Ki ................................................................. Eficiência Eletro-Osmótica de Transporte de Água
Kt ............................................................................................................ Condutividade Térmica
MA .......................................................................................................... Gramatura do Geotêxtil
NaCl .................................................................................................................. Cloreto de Sódio
nGT .......................................................................................................... Porosidade do Geotêxtil
O2 ............................................................................................................................ Gás Oxigênio
P .......................................................................................................................................Potência
q .............................................................................................................. Capacidade de descarga
Qe ............................................................................................................. Vazão Eletro-Osmótica
qh............................................................................................................ Índice de Fluxo de Água
qt ............................................................................................................Índice de Fluxo de Calor
R .................................................................................................................... Resistência elétrica
S ....................................................................................................................................... Enxofre
SiO2 ..................................................................................................................................... Sílica
T ............................................................................................................................... Temperatura
tGT ............................................................................................................ Espessura do Geotêxtil
u ................................................................................................................................. Poropressão
V ....................................................................................................................... Potencial Elétrico
Ve .........................................................................Velocidade de Fluxo de Água por eletricidade
Vh ............................................................................................... Velocidade de Fluxo Hidráulico
Vm ....................................................................................................................... Máxima Tensão
V............................................................................................... Diferença de Potencial Elétrico
W .................................................................................................................................... Umidade
WL .................................................................................................................. Limite de Liquidez
WP..............................................................................................................Limite de Plasticidade
Ws .................................................................................................................... Peso do Solo Seco
Ww ............................................................................................................. Peso da Água no Solo
w .......................................................................................................... Peso Especifico da Água
................................................................................................................. Resistividade do Solo
f ...................................................................................................... Massa Especifica das Fibras
G ................................................................................................................... Massa Especifica dos Grãos
e ............................................................................................................. Condutividade Elétrica
u/ x .................................................................................................... Gradiente de Poropressão
V/ x ....................................................................................................... Gradiente de Voltagem

xv
UNIDADES
A – Amperes................................................................................................ Unidade de Corrente
cm3/A/s – centímetros cúbico por área por segundo ..... Unidade da Eficiência Eletro-Osmótica
° C – Grau Celsius .................................................................................Unidade de Temperatura
cm/s – centímetros por segundo .............................................................. Unidade de Velocidade
g – grama ......................................................................................................... Unidade de Massa
g/m2 – grama por metro quadrado ............................................................ Unidade de Gramatura
g/L – grama por litro ........................................................................... Unidade de Concentração
g/cm3 – grama por centímetro cubo ............................................... Unidade de Massa especifica
m – metro ............................................................................................ Unidade de Comprimento
m2 – metro quadrado ......................................................................................... Unidade de Área
mm / mês – milimitros por mês ................................................................... Índice Pluviométrico
m2/s/V – metro quadrado por segundo por volts ............................................................. Unidade
.....................................................................do Coeficiente de Permeabilidade Eletro-Osmótico
m3/s – metro cúbico por segundo .................................................................... Unidade de Vazão
M – molaridade ........................................................................ Unidade da Concentração Molar
N – Newton ...................................................................................................... Unidade de Força
Pa – pascal ..................................................................................................... Unidade de Pressão
S/cm – siemens por centímetro ............................................ Unidade de Condutividade Elétrica
% - percentagem ............................................ Unidade de Umidade, Índices de Consistências....
V – Volts ....................................................................................................... Unidade de Tensão
V/m - Volts por metro ..................................................................Unidade de Gradiente Elétrico
Watts............................................................................................................ Unidade de Potência

xvi
CAPÍTULO 1

1 – INTRODUÇÃO

1.1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Devido ao grande crescimento populacional e a uma melhoria na economia global,


gerou-se um aumento no número de construções civis, principalmente, em solos considerados
bons, ou seja, aqueles em que o custo para obter a estabilidade da construção acaba sendo
reduzido em comparação a outros solos problemáticos. Nas grandes cidades, em particular no
litoral, os terrenos com solo de “boa qualidade” já foram, na sua maioria, utilizados,
obrigando o homem a construir em outras áreas, por exemplo, sobre solos moles.
Apesar de extensivamente estudados na mecânica dos solos tradicional, os solos moles
ainda causam, algumas vezes, surpresas aos projetistas, devido a rupturas e/ou recalques
indesejáveis. Por estes motivos, novas técnicas têm sido procuradas visando diminuir estas
dificuldades.
As técnicas utilizadas para aceleração ou diminuição de recalques de aterros sobre
solos moles são diversas: método de pré-carregamento, substituição da argila mole, aterro
estaqueado, drenos verticais na camada de argila, dentre outras. Estes métodos são executados
para vários tipos de construções, citando-se aterros rodoviários, ferroviários e de barragens de
terra. Destaca-se que a execução destas obras, em geral, requer considerável tempo e elevado
custo.
Segundo Palmeira (1993), estabilizar ou reforçar um solo é utilizar algum meio físico
ou químico com a intenção de melhorar as condições do solo, aumentando a sua resistência
mecânica e diminuindo a sua compressibilidade. O termo “estabilização” está, em geral,
associado à necessidade de se melhorar as características de uma massa de solo já existente. É
comum na técnica de melhoria de solo mole a aplicação de drenos verticais pré-fabricados
(DVPs) e sobrecarga para acelerar recalques por adensamento primário e secundário.
Observou-se que durante os últimos 20 anos houve um aumento exponencial no uso
de materiais geossintéticos poliméricos direcionados para engenharia civil e ambiental. As
funções destes materiais podem ser filtração, drenagem, separação, reforço e ação como
membranas impermeáveis. Uma recente tendência é otimizar o uso de materiais geossintéticos
criando combinações de geotêxtil, geogrelha, geomembrana e/ou outros materiais para formar

1
geocompostos. Alguns dos geocompostos correntemente em uso incluem, por exemplo,
geotêxtil + georrede para combinar filtração e drenagem, geotêxtil + geogrelha para combinar
drenagem e reforço.
Trabalhando-se com este raciocínio de geocompostos, novos usos e aplicações de
geossintéticos podem ser criados incorporando o fenômeno da cinética de elétrons com as
tradicionais funções dos materiais geossintéticos: a eletricidade é usada para acelerar a
consolidação do solo mole. Isto representa o desenvolvimento de uma nova linha de materiais
geossintéticos (ou geocompostos) que são condutores elétricos. Um geossintético com esta
característica está referenciado como um geossintético eletro-cinético (GEC) (Hamir et al.
2001), geossintético condutor elétrico (GCE) ou dreno vertical condutor (DVC).
Hamir et al. (2001) afirmam que o potencial de aplicações de materiais GEC
demonstrados em experiências de laboratório incluem: a descontaminação in situ de solos, o
transporte eletro cinético de nutrientes em um solo para gerar a bioremediação, o tratamento
de resíduos industriais, o melhoramento da performance de estacas, o melhoramento da
tecnologia de solos reforçados e a aceleração da consolidação de solos usando o princípio de
eletro-osmose.
Sabendo-se desta nova tecnologia para melhoria de solo mole no mundo, desenvolveu-
se este trabalho de pesquisa para uma maior compreensão do processo de aceleração da
consolidação de solo mole, e assim, introduzir no Brasil este tratamento com geossintético,
que utiliza a eletricidade como meio para acelerar a consolidação do solo.

1.2. ESCOPO DO TRABALHO

Este trabalho de pesquisa consistiu em ensaios em modelos físicos para avaliar a


viabilidade do fenômeno de eletro-osmose no processo de consolidação de argila mole. A
experiência foi feita com instalação de drenos verticais em duas caixas experimentais de
escala intermediária para tratamento simultâneo. Em uma das caixas, o solo mole foi tratado
através do processo de eletro-osmose juntamente com sobrecarga, e os geossintéticos
condutores elétricos (geocompostos) instalados tiveram a função de direcionar e acelerar o
fluxo de água como também a função de filtro e dreno para extração da água. Em outra caixa,
o tratamento foi feito convencionalmente através da mesma sobrecarga no solo mole, ou seja,
sem o processo de eletro-osmose e o geossintético teve apenas a função de filtro e dreno.

2
1.3. OBJETIVOS DA PESQUISA

O presente trabalho teve como objetivo principal estudar uma recente técnica que
utiliza a eletro-osmose para acelerar o processo de recalque de um solo mole e
conseqüentemente aumentar a resistência mecânica e diminuir a compressibilidade deste solo.
Este estudo utilizou a técnica convencional de sobrecarga com drenos verticais pré-fabricados
(DVPs), como também adicionando a esta técnica os antigos conhecimentos da eletro-osmose,
formando nova tecnologia. Este material geossintético e condutor elétrico (GCE), tem a
função de provocar o fluxo da água através do fenômeno de eletro-osmose e expulsar esta
água livre. Pretendem-se fazer uma comparação destes dois métodos na aceleração da
consolidação da argila mole.
Com esta dissertação, objetiva-se também começar uma nova linha de pesquisa na
área de melhoria de solos do curso de Pós-graduação em Geotecnia da Universidade de
Brasília e, simultaneamente, dar início a esta nova tecnologia de geossintéticos no Brasil.

1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Além do presente capítulo, este trabalho compõe-se de mais 5 capítulos para uma
melhor organização e entendimento do objetivo proposto.
No capítulo 2 apresenta-se uma revisão bibliográfica do assunto, com os tipos e
funções dos materiais geossintéticos, e mostra o que está sendo feito em alguns países para
ajudar a resolver este problema de adensamento em argila mole.
No capítulo 3 são descritos os materiais e equipamentos utilizados para o
desenvolvimento desta pesquisa, como também o local onde foi realizada.
A metodologia dos ensaios é apresentada no capítulo 4 e os resultados são também
disponibilizados na forma de gráficos no capítulo 5, bem como sua interpretação geral e
comentários a respeito dos ensaios. O capítulo 6 apresenta um resumo conclusivo dos
aspectos mais importantes do trabalho, seguido de recomendações e sugestões para futuras
pesquisas relacionadas a este assunto.

3
CAPÍTULO 2

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. INTRODUÇÃO

O solo natural constitui simultaneamente um material complexo e variável de acordo


com a sua localização. Não é porém anormal que o solo de um determinado local não cumpra,
total ou parcialmente, os requisitos necessários ao que se pretende. Assim, terá que ser tomada
uma decisão relativa à solução mais indicada para cada caso, e que irá, geralmente,
contemplar uma das seguintes hipóteses:

1. Aceitar o material original e ajustar o projeto às restrições por ele impostas;


2. Remover o material do seu local original e substituí-lo por material de qualidade superior;
3. Alterar as propriedades do solo existente de forma a criar um material capaz de responder
às necessidades da tarefa prevista.

Esta última possibilidade, a alteração das propriedades do solo para possibilitar a sua
utilização como material de engenharia, é normalmente designada por “estabilização de
solos”.
Os métodos de estabilização de solos são, freqüentemente, classificados em três
grupos (Ingles e Metcalf, 1972):

- métodos de estabilização mecânica, nos quais se procura melhorar as características do solo


através de uma melhor “arrumação” das suas partículas constituintes e/ou recorrendo a
correções da sua composição granulométrica;

- métodos de estabilização física, nos quais se alteram as propriedades do solo através da


ação do calor, da eletricidade, etc;

- métodos de estabilização química, que modificam permanentemente as propriedades do


solo através de aditivos.

4
Quando as características de estabilidade resultantes de uma aceleração da
consolidação não podem ser obtidas mecanicamente, ou quando se tornam necessários
elevados valores da resistência e rigidez de um solo, podem ser necessários métodos
alternativos de estabilização. Neste caso pode-se recorrer a aditivos como o cimento ou a cal,
ou a tratamentos especiais que envolvam reações físicas capazes de modificar as propriedades
do solo.
Um deste tratamento é a estabilização por eletro-osmose, que tem sido alvo de vários
testes ao longo dos últimos anos, com resultados variáveis, continuando a ser estudados e
desenvolvidos, tendo a sua eficácia sido melhorada ao longo da última década, à medida que
vão sendo cada vez mais utilizados.
Em se tratando de acelerar o processo de consolidação de uma argila mole, a técnica
da soma de sobrecarga com um dreno vertical pré-fabricado é mais utilizada na atualidade,
porém ainda requer um determinado tempo para consolidar o material. Estudos adicionais
estão sendo feitos para resolver este problema, como é o caso deste trabalho. Para isto, deve-
se conhecer melhor o material sintético que faz parte deste tratamento como também as novas
tecnologias surgidas a partir deste.

2.2. GEOSSINTÉTICOS

O desenvolvimento de materiais poliméricos neste século veio sanar algumas


dificuldades especialmente em problemas relacionados às obras geotécnicas. Sua versatilidade
aumenta os campos de aplicação, surgindo continuamente novos produtos.
Vidal (2002) define geossintéticos como produtos industrializados poliméricos
(sintéticos ou naturais) cujas propriedades contribuem para melhoria de obras geotécnicas,
nas quais eles desempenham, principalmente, funções de reforço, filtração, drenagem,
proteção, separação e impermeabilização.
Os produtos geossintéticos estão cada vez mais presentes no dia a dia das obras de
engenharia no Brasil e no mundo. Há alguns anos, apenas os geotêxteis eram utilizados, mas
hoje as opções disponíveis permitem realizar obras mais rápidas, com menores gastos em
equipamentos e mão de obra. Produtos como geocompostos drenantes, geotubos, geogrelhas,
geomembranas e geoformas podem substituir materiais convencionais como areia, pedra,
tubos de concreto, aterros, muros, diques e outros, viabilizando a construção de obras mais
econômicas, mais esbeltas e mais seguras.

5
Inicialmente, os geossintéticos eram mais direcionados para obras referentes à
drenagem rodoviária e aterros sobre solos compressíveis; hoje, abrangem também os setores
de saneamento, controle de erosão, aterros sanitários, obras marítimas e fluviais, barragens de
terra, recapeamento asfáltico, ferrovias, etc...

2.2.1. TIPOS E FUNÇÕES DOS GEOSSINTÉTICOS

Os geossintéticos podem desempenhar diversas funções em obras geotécnicas. A


Tabela 2.1 mostra de forma resumida e clara alguns tipos de geossintéticos e suas devidas
aplicações na engenharia geotécnica.

Tabela 2.1 - Tipos de Geossintéticos e suas aplicações possíveis.[modificado – Zornberg &


Christopher (1999)]

Função Característica
Tipo Impermea
Reforço Separação Drenagem Filtração Proteção
bilização
Geotêxtil
X X X
Tecido
Geotêxtil Não-
X X X X X
Tecido
Geogrelha X
Geomembrana X X X
Geocélula X X
Geocompostos X X X X X
Geodreno X X

Dentre os geossintéticos relacionados, destacam-se os geotêxteis os quais possuem


propriedades ligadas à sua própria textura podendo ser diferenciados entre tecidos (arranjo
ordenado dos fios sintéticos) e não tecidos (arranjo aleatório dos fios sintéticos); assim se
tornam aptos a serem empregados em aplicações, com funções especificas, como pode ser
visto na Figura 2.1.

6
Figura 2.1 - Funções básicas de operação dos geotêxteis. [Catálogo Rhodia SA].

O geotêxtil aplicado na interface aterro/solo compressível e como dreno vertical


exerce as seguintes funções:
Separação, determinada pela sua textura e resistência, impedindo a mistura entre o
material do aterro (ou do colchão drenante) e o solo mole, durante a vida da obra;
Redistribuições de tensões, devido a sua alta resistência à tração, auxiliando o
conjunto aterro/solo mole no sentido de atingir o equilíbrio com menores
deslocamentos a longo prazo;
Filtração devido à sua textura cerrada e alta permeabilidade, retendo as partículas
finas do solo e permitindo o livre fluxo das águas de consolidação e, portanto, sem
criar problemas de subpressões não aliviadas;
Drenagem, devido à sua espessura e alta permeabilidade no plano da manta,
auxiliando a eliminação das águas provindas do subsolo durante a consolidação

Nos últimos tempos, um tipo de geossintético obteve destaque, o geocomposto,


produto industrializado formado pela superposição ou associação de um ou mais
geossintéticos entre si ou com outros produtos, geralmente concebido para desempenhar uma
função especifica. Um exemplo é o geocomposto para drenagem, que é um produto
especialmente desenvolvido para drenagem, composto de um geotêxtil atuando como
elemento de filtro e de uma georrede.

7
2.2.2. PROPRIEDADES DOS GEOSSINTÉTICOS

Os materiais constituintes dos geossintéticos são os polímeros. Estes são macro-


moléculas compostas por unidades menores denominadas manômeros, que são estruturadas
num processo denominado de polimerização. Os polímeros mais comumente utilizados na
fabricação de geossintéticos são:

Poliéster (sigla: PET)


Polipropileno (sigla: PP)
Polietileno (sigla: PE)
Poliamida (sigla: PA)
Poli-cloreto deVinila (sigla: PVC)

Os produtos poliméricos são supridos pela industria química sob a forma granular ou
em pó, e podem ser transformados no material requerido por vários processos técnicos (Van
Zanten, 1986). Um esquema simplificado do processo de fabricação é apresentado na Figura
2.2. Deve-se salientar que o processo de fabricação do geossintético pode alterar
sensivelmente as propriedades dos produtos finais.

8
Matéria Prima

Reação Química

Materiais Básicos

Processamento

Produtos Semi-Faturados

(membranas, fibras etc.)

Processamento

Produtos

(tecidos, não tecidos, membranas, georredes, compostos)

Figura 2.2 - Esquema simplificado do processo de fabricação de geossintéticos.

2.2.3. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS GEOSSINTÉTICOS RELEVANTES PARA


DRENAGEM E FILTRAÇÃO

A identificação e caracterização de geossintéticos são de fundamental importância


para a seleção apropriada destes materiais para uso em obras geotécnicas e de proteção
ambiental. Analisando por este aspecto, as propriedades físicas mais importantes do
geossintético são a sua gramatura, porosidade e espessura.
A gramatura (MA) é um dos parâmetros mais utilizados para a caracterização dos
geotêxteis, sendo definida com a massa por unidade de área. A espessura (tGT) do geotêxtil
pode ser quantificada pela distância entre as superfícies superior e inferior do material. Esta
medida é normatizada pela norma brasileira NBR 12569 (ABNT, 1992). A porosidade de um
geotêxtil é definida como a razão entre o seu volume de vazios e o seu volume total. A
porosidade (nGT) pode ser relacionada com a espessura e a gramatura pela seguinte relação
(Giroud, 1996):

9
MA
nGT 1
f t GT

Equação (2.1)
onde:
MA = gramatura do geotêxtil (ML-2);
f = massa especifica das fibras (ML-3);
tGT = espessura do geotêxtil (L).

2.2.4. PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DOS GEOSSINTÉTICOS RELEVANTES


PARA DRENAGEM E FILTRAÇÃO

A finalidade de um filtro em uma estrutura geotécnica é permitir a passagem de


fluidos, retendo a massa de solo de forma que o conjunto seja estável. Quando o geotêxtil
desempenha a função de filtro, o escoamento de água é normal ao plano da manta. As
propriedades hidráulicas mais comuns dos geossintéticos em obras de drenagem e filtração
são:

Permissividade:
Relação entre o coeficiente de permeabilidade normal ao plano e a espessura
do geossintético.
Transmissividade:
Produto entre a permeabilidade ao longo do plano e a espessura do
geossintético.
Abertura de Filtração de um geotêxtil:
Tamanho do maior grão de solo capaz de atravessar uma manta geotêxtil. A
terminologia empregada varia, dependendo do país e da norma empregada. As mais comuns
são AOS (“Aparent Opening Size”, nos EUA), FOS (“Filtration Opening Size”), O90 ou O95 .
Maiores detalhes poderão ser encontrados em Palmeira (1993).

10
2.2.5. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS GEOSSINTÉTICOS DIRECIONADOS
PARA DRENAGEM VERTICAL

Compressibilidade;
Flexibilidade;
Resistência à Tração;
Resistência à propagação ao rasgo;
Resistência ao puncionamento;

2.2.6. VANTAGENS DOS GEOSSINTÉTICOS

A favor da utilização de geossintéticos em obras civis, Jewell (1996) enumera as


seguintes vantagens:

Econômicas:
Redução do movimento de terra;
Rapidez de construção;
Acesso à obra irrestrito; e
Possibilidade de uso de solos de baixa capacidade de suporte.

Técnicas:
Melhor eficiência no uso de materiais com a combinação da resistência cisalhante do
solo com a capacidade de tração do reforço;
Flexibilidade e tolerância a deformações;
Garantia da qualidade dos materiais, que são produzidos e checados sob condições
controladas.
Possibilidade de novas soluções.

Pode-se adicionar a seus benefícios a redução do impacto ambiental, pois estes


materiais geossintéticos substituem materiais naturais como areia, pedra, madeira, etc.

11
2.2.7. DRENO VERTICAL PRÉ-FABRICADO (GEODRENO)

Em 1975, estudos feitos pela empresa paraestatal Geoloski Zavod Ljubliana (GZL) na
Eslovênia, antiga Iugoslávia, com drenos pré-fabricados, em um aterro construído no acesso
ao aeroporto de Ljubliana, demonstrou que a eficiência dos drenos existentes até então tinham
duas limitações:
O invólucro dos drenos com papel filtro não era suficientemente permeável e em
alguns casos era colmatado sob pressão do solo mole.
Os canais de drenagem existentes nos perfis plásticos não eram suficientes para dar
vazão à água do subsolo, na velocidade desejada.
No intuito de superar estas limitações, o Professor Grassek, presidente da GZL, e sua
equipe desenvolveram um novo tipo de dreno com maior área de vazão de água, com um
invólucro de geotêxtil não tecido de filamentos de poliéster (Figura 2.3).

Figura 2.3 - Geodreno com dois perfis de polietileno. (modificado – Catálogo ESTE
Engenharia, 2003)

Com este novo dreno, reduziu-se substancialmente o tempo de permanência do aterro


de sobrecarga. As curvas piezométricas no trecho onde foram instalados os drenos revelaram
um aumento na velocidade de dissipação de poropressões. Por razões práticas, especialmente
devido ao diâmetro das bobinas, e por razões econômicas, o dreno da GZL foi posteriormente
simplificado pelas empresas fornecedoras da Europa, passando-se do perfil de plástico duplo
interno para um único perfil (vide Figura 2.4).

12
Geotêxtil não-tecido Perfil de polietileno ou polipropileno

Figura 2.4 - Geodreno com um perfil de polietileno ou polipropileno. (ESTE Engenharia)

Com esta simplificação houve uma certa redução da capacidade de descarga, no


entanto, pode-se obter uma bobina com 200 ou até 300 metros de geodreno com qualidade
satisfatória. Esta tecnologia foi apresentada há 25 anos pela empresa TERRAFIGO AB e é
ainda hoje o produto “top” de linha da MEBRADRAIN, o dreno MD 88.
No Brasil, a ESTE engenharia desenvolveu o geodreno denominado ESTEDRAIN,
com tecnologia globalizada, porém fabricado no país. Este geodreno é composto de um
núcleo muito maleável de polietileno envolvido por um invólucro filtrante composto por
manta de polipropileno, que se adapta facilmente às deformações provenientes do
adensamento da camada de solo mole. O núcleo, formando um sistema de canais verticais,
conduz a água até a superfície do terreno e pode ser drenada através do colchão drenante. O
invólucro filtrante, por sua vez, permite a livre passagem da água, retendo as partículas de
solo. Este é um invólucro especial de alta permeabilidade, onde tem um perfil com seção
dimensionada de forma a possibilitar vazão 25% superior aos existentes no mercado, sob
tensões similares (vide Figuras 2.5 e 2.6).

Geotêxtil
manta nãonão-tecido
tecida (de PP ou PLT)

100mm

5mm

Perfil de polietileno ou polipropileno

Figura 2.5 - Geodreno ESTEDRAIN.

13
Figura 2.6 - Vista do núcleo do geodreno em três dimensões.

Em estudos feitos pela empresa ESTE Engenharia, descobriu-se que para


espaçamentos entre 1,3 m e 1,8 m, o tempo de permanência de uma determinada sobrecarga
para atingir aproximadamente 90% do adensamento primário é em torno de 3 meses. Com
isto, obtém-se a dissipação das poropressões no solo mole, resultando um ganho substancial
na resistência do mesmo.

2.2.8. INSTALAÇÃO DO GEODRENO

A instalação do geodreno é realizada através de um perfil de aço retangular (mandril)


vazado, que é cravado no solo por processo de penetração estática. Este perfil é retirado
quando é atingida a profundidade desejada, deixando-se o geodreno no subsolo na cota
requerida.
Podem ser instalados a profundidades de até 30 a 40 metros, com uma produção média
de até 3000 metros por dia. O processo de instalação do geodreno, aliado ao versátil
equipamento de cravação, não encontra restrição com relação às condições climáticas do local
da obra. As Figuras 2.7, 2.8 e 2.9 mostram o equipamento de cravação com o mandril.

14
Figura 2.7 - Equipamento de Cravação.

Figura 2.8 - Vista do Mandril.

15
Figura 2.9 - Instalação do geodreno com o mandril.

2.2.9. GEOSSINTÉTICO ELETRO-CINÉTICO

Materiais geossintéticos eletro cinéticos (GEC) podem ter a forma de materiais


simples e serem condutores elétricos ou materiais compostos em que pelo menos um
elemento é condutor elétrico. Um geocomposto que seja condutor elétrico e hidráulico
permite que um elemento único seja usado como um eletrodo, removendo a necessidade de
instalação de um filtro/dreno separado de eletrodos metálicos. Os principais materiais
condutores que têm sido considerados para uso de GEC incluem: materiais de fibras de
carbono, polímeros condutores e compostos formados de elementos condutores.
Um eletrodo GEC usado para consolidação consiste de um condutor, um filtro e um
dreno. Materiais geossintéticos convencionais são usados para drenagem e filtragem, e o
condutor é costurado no material ou misturado com as fibras poliméricas formando o
geotêxtil. Um material GEC usado para reforço de solos consiste de um condutor e um
material como elemento de reforço que pode ser permeável ou impermeável. (Hamir et al,
2001).

16
2.2.10. TIPOS DE ELETRODOS GEC

Segue alguns tipos de eletrodos GEC citados por Hamir et al. (2001).

(i) GEC Tipo 1: Um material geossintético contendo um cordão de fio de cobre. Este
eletrodo é formado usando um geotêxtil de polipropileno agulhado convencional.
A corrente elétrica é transferida por um fio de cobre costurado no material como
mostrado na figura 2.10(a).

(ii) GEC Tipo 2: Um material geossintético incorporado por fibras de aço inoxidável.
Este eletrodo é formado de um tecido agulhado condutor elétrico, feito de uma
mistura de aço inoxidável e fibras poliméricas (Figura 2.10(b)). As fibras de aço
inoxidáveis constituem 20% do peso do material.

(iii) GEC Tipo 3: Um composto de polipropileno e chapa de fibra de carbono não


tecido. Este eletrodo é formado do sanduíche de fibra de carbono entre 2 camadas
de chapa de polipropileno não tecido (Figura 2.10(c)). A corrente elétrica é
transmitida via o material carbono com o material polipropileno fornecendo
drenagem e filtração.

(iv) GEC Tipo 4: Geocomposto reforçado com uma corda de fio de cobre. Este
eletrodo é formado usando uma fita de reforço comercialmente disponível formado
de fibras de poliéster anexado em polietileno. Um fio de cobre é costurado no
polietileno tornando-se condutor (Figura 2.10(d)).

17
Figura 2.10 - Eletrodos GEC: Tipos dos eletrodos para ensaio eletro-osmótico. (modificado -
Hamir et al, 2001)

2.3. ELETRO-OSMOSE

De acordo com Leonards (1962), quatro métodos para introduzir a drenagem podem
ser realizados na prática:
1. Aplicação de uma carga externa à massa de solo com a finalidade de expulsar a
água. A carga mais comumente usada é uma sobrecarga de terra;
2. Drenagem de água por gravidade e/ou bombeamento;
3. Aplicação de um gradiente elétrico;
4. Aplicação de um gradiente térmico.

Avaliando o terceiro item acima, se dois eletrodos são cravados em um solo saturado
e faz-se passar uma corrente elétrica de um ao outro, a água contida no solo migra do
eletrodo positivo (ânodo) para o negativo (cátodo). Se o cátodo é um poço filtrante a água
deposita-se nele, de onde pode ser removida. (Figura 2.11)

18
O movimento da água é devido ao fato da superfície das partículas do solo
carregarem carga negativa. A negatividade da superfície das partículas de argila é causada
pela substituição isomórfica de átomos de alumínio ou sílica por átomos de valência mais
baixa dentro da estrutura cristalina da mesma. Em conseqüência, os íons da água que são
carregados positivamente são atraídos para as partículas de solo argilosas e a película da água
adjacente (livre) a este solo continua carregada positivamente devido à preponderância dos
íons positivos. Estes íons positivos, que se acham concentrados na água próximos às
partículas de solo, são atraídos pelo eletrodo negativo e repelidos pelo positivo. Desta forma,
a camada positiva juntamente com colunas de água neutra envolvida migram para o cátodo.
A Figura 2.11 explica graficamente o deslocamento dos íons.

V Caixa
Eletrodo com solo
Eletrodo saturado
Ânodo Cátodo

Campo
Elétrico

Vazios

Cargas
Superficiais
Película de Negativas
água Partícula de
imóvel Solo

Figura 2.11 - Explicação gráfica do deslocamento de íons devido aplicação de um potencial


elétrico.

Como mostra a figura acima, quando uma corrente elétrica direta é passada através de
um solo saturado, a água se move em direção ao cátodo. Se a água não retorna ao ânodo e é
removida no cátodo, o solo decresce em volume (isto é, consolida-se) em quantidade igual ao
volume de água removida. A resistência do solo é aumentada por este decréscimo de volume,
chamado de consolidação por eletro-osmose.

19
2.4. TEORIA DA CONSOLIDAÇÃO POR ELETRO-OSMOSE

O fenômeno conhecido como eletro-osmose acontece quando uma corrente é aplicada


em solos de grãos finos saturados; o potencial elétrico desenvolvido entre os eletrodos causa
fluxo de água do ânodo para o cátodo através da massa do solo. Existe um grande número de
teorias relatando este fenômeno de eletro-osmose.
Um modelo matemático para fluxo eletro-osmótico foi desenvolvido por Helmholtz,
em 1879, e foi depois refinado por Smoluchowsk, em 1914. O modelo indica que existe uma
camada dupla imediatamente adjacente à parede de um tubo capilar, como mostrado na Figura
2.12 (Casagrande 1952, citado por Lo et al. (1991a)). A camada delgada interior contém íons
negativos (ânions) firmemente adsorvidos. A camada exterior contém íons positivos (cátions)
móveis. Imediatamente adjacente à camada dupla existe água livre. Aplicando corrente
elétrica, os íons positivos móveis serão atraídos em direção ao cátodo, levando com eles água
livre, resultando em um movimento de água do ânodo para o cátodo. Este modelo ficou
conhecido como Teoria de Holtz-Smoluchowski, sendo a mais utilizada para explicar fluxo
hidráulico sob EO, segundo Mitchell (1991).

Parede de Capilaridade

Ânodo Velocidade da Água Cátodo


Livre

Camada
Dupla

Parede de Capilaridade

Figura 2.12 - Capilaridade no fluxo eletro-osmótico. (Casagrande 1952).

Para uma maior compreensão desta teoria, deve-se mostrar os tipos de fluxo que
ocorrem através de uma massa de solo.

20
2.4.1. TIPOS DE FLUXO ATRAVÉS DO SOLO

Os tipos de fluxo através do solo são: fluxo de calor, de fluídos, químicos e elétricos.
Tem sido bem definido que, desde que o processo do fluxo não mude o estado do solo, cada
índice de fluxo, Ji, é linearmente relacionado à sua correspondente força Xi de acordo com

Ji = Lii.Xi Equação (2.2)

Lii: coeficiente de condutividade do fluxo.

Até recentemente, o interesse da engenharia geotécnica era focado apenas no fluxo


hidráulico, com alguma atenção para o fluxo de calor, particularmente em regiões frias. No
entanto, com a necessidade de solucionar problemas da engenharia geotécnica, outros tipos de
fluxo foram adicionados, como indicado na Tabela 2.2. Esta mostra que a Equação (2.2),
quando escrita especificamente para um tipo de fluxo particular, poderá ser transformada em
algumas leis.

Tabela 2.2 - Tipos de fluxo através de uma massa de solo.


Tipo de Fluxo Fórmula Lei
Fluxo de Água qh = Kh. ih Lei de Darcy
Fluxo de Calor qt = Kt. it Lei de Fourier
Fluxo Elétrico I= e. ie Lei de Ohm
Fluxo Químico JD = D. ic Lei de Fick

Na Tabela 2.2 , qh, qt, I, e JD são os índices de fluxo de água, calor, elétrico e químico,
respectivamente. Os coeficientes Kh, Kt, e, e D são as condutividades hidráulicas, térmicas e
elétricas e o coeficiente de difusão, respectivamente. As forças direcionadas para fluxos são
dadas respectivamente por gradientes hidráulicos, térmicos, elétricos e químicos, ih, it, ie, e ic.
Contanto que os índices de fluxos e gradientes sejam linearmente relacionados, o
tratamento matemático de cada tipo de fluxo é o mesmo, e soluções para fluxo de um tipo
podem ser usadas para problemas de outros tipos, com a condição de que os valores das
propriedades e as condições de contorno sejam adequadamente representadas.

21
2.4.2. TEORIA DE HOLTZ-SMOLUCHOWSKI

Por analogia com a lei de Darcy, o fluxo eletro-osmótico, produzido pela aplicação de
campo elétrico é dado pela expressão:

Qe = Ke.ie.A Equação (2.3)

Onde, Qe é a vazão eletro-osmótica (L3T-1);


Ke é o coeficiente de permeabilidade eletro-osmótico (L2T-1V(*)-1);
A é a área da seção transversal normal à direção do fluxo (L2);
ie é o gradiente elétrico (V(*)L-1).

Pode-se obter o gradiente elétrico através da diferença de voltagem entre os eletrodos


pela distância entre os mesmos. O coeficiente de permeabilidade eletro-osmótico é uma
propriedade do solo que indica a velocidade do fluxo hidráulico sob um gradiente elétrico
unitário e é então análogo à permeabilidade hidráulica, que é a velocidade do fluxo sob um
gradiente hidráulico unitário. A medida de Ke pode ser feita pela determinação da razão de
fluxo de água através de uma amostra de comprimento e seção transversal conhecidos sob um
gradiente elétrico também conhecido. Por meio de experimentos, é sabido que Ke está
geralmente no intervalo de 1 x 10-9 a 10 x 10-9 m2/s/V e que este é relativamente independente
do tipo de solo, mas sensível à concentração eletrolítica da água, Mitchell (1976). Segundo
Hamed et al.(1991) , Ke varia dentro do intervalo 1 x 10-8 a 10 x 10-9 m2/s/V para todos os
solos, o que difere um pouco dos resultados obtidos por Mitchell (1976); os valores mais altos
sendo de solos de grãos finos com baixa atividade, com maiores quantidades de água e nas
menores concentrações eletrolíticas.
A Equação (2.3) é análoga à lei de Darcy do fluxo de líquido. Entretanto, contrário ao
caso da permeabilidade hidráulica, Kh, a permeabilidade eletro-osmótica, Ke, é independente
do tamanho dos grãos. A aplicação de eletro-osmose reduz a poropressão em solos de baixa
permeabilidade como argila ou silte e resulta na consolidação, acompanhada por um ganho
de resistência no solo. O efeito é permanente e acontece em um intervalo de tempo
relativamente curto (Milligan 1994, citado por Hamir et al. (2001)).

(*) A diferença de potencial elétrico é obtida pela divisão do trabalho da força elétrica em Joules por carga
em Coulomb. A resultante das unidades padrões do sistema será: V = ML2T -2C-1.

22
A economia e eficiência da extração de água por eletro-osmose são governadas pela
quantidade de água transferida por carga unitária, que é quantificada pela eficiência eletro-
osmótica de transporte de água, Ki. Este parâmetro Ki está relacionado ao coeficiente de
permeabilidade eletro-osmótico (Ke) pela Equação 2.4.

Ki = Ke/ e, Equação (2.4)

Onde e é a condutividade elétrica do solo.

Segundo Mitchell (1991), aplicação de campo com condutividade no intervalo de


0,02-0,035 S(**)/cm, têm mostrado sucesso, mas tratamento em solos com condutividade em
torno de 0,25 S/cm, é pouco provável de ser efetivo.
No caso do parâmetro Ki, este deve variar entre 0 a 1,2 cm3/A/s, dependendo da
condutividade elétrica dos solos. A condutividade muda com a quantidade de água,
capacidade de troca catiônica e o conteúdo eletrolítico livre no solo, como também está
relacionado à química dominante durante a eletro-osmose (Acar et al., 1994; Gray &
Mitchell,1967). Gray & Mitchell (1967) indicaram que a eficiência eletro-osmótica (a inicial)
Ki decresce com um decréscimo na água contida e um aumento na atividade do solo. Esta
eficiência tende a ser independente da variação na concentração eletrolítica inicial para argilas
de alta atividade, enquanto um aumento na concentração eletrolítica nos poros do fluido tende
a decrescer a eficiência em argilas de baixa atividade. Hamed et al. (1991) também mostraram
que Ke e Ki não são constantes, mas que decrescem com as reações químicas existentes ao
longo da massa de solo durante o processo.
Estudos por Lockhard (1983) citado por Acar et al. (1994) reforçaram as conclusões
de Gray & Mitchell (1967). O valor de Ki aumentou de 0,32 a 1,20 cm3/A/s com o decréscimo
da concentração inicial de NaCl e HCl de 10-1 M a 10-3 M(***) no solo pois, durante o processo,
a concentração diminui devido às reações químicas presentes.

(**) A condutividade elétrica é expressa em -1cm-1, a unidade -1 aparece tão freqüentemente que foi dado
um nome especial, o siemens ( S = 1 -1).
(***) Expressa-se a concentração, ou seja, quantidade de soluto numa determinada quantidade de solução,
através da molaridade (M). A molaridade de uma solução representa o número de moles de soluto por litro
de solução. 1 M de NaCl contém 1 mol (58,44 g) de NaCl em 1 litro de solução.

23
No entanto, em estudos feitos por Hamed et al.(1991), Ki decresceu com um aumento
no gradiente elétrico, possivelmente devido a uma alta influencia do íon H+.
Acar et al.(1994) afirmam que o valor de Ki mudou na ordem H>Cu>Al>Na>Ca
presente em argila e que gradientes de voltagem maiores foram requeridos para iniciar fluxo
em argilas com elemento alumínio (Al) predominando do que em outras argilas com outros
elementos predominando.

2.4.3. TEORIA DE ESRIG E COMPLEMENTAÇÕES

A explicação teórica de consolidação eletro-osmótica foi também apresentada por


Esrig (1968), baseado no desenvolvimento da poropressão resultante da aplicação de um
campo de potencial uniforme. Esrig mostrou que, aplicando a equação da continuidade e a lei
da conservação de massa, a equação da consolidação unidimensional convencional também é
verdadeira para consolidação eletro-osmótica unidimensional. A teoria foi validada por Wan e
Mitchell (1976). Admite-se que o fluxo causado por um campo elétrico deve ser superposto
ao fluxo causado pelo gradiente hidráulico.
Em um sistema água-argila, a camada dupla de água consiste de uma parte fixa e uma
parte difusa como descrito na Teoria de Holtz-Smoluchowski (Figura 2.12). A água, que é
dipolar, é atraída tanto por superfície carregada negativamente nas partículas argilosas quanto
por cátions na camada dupla. Se uma corrente direta é aplicada a um sistema, cátions na
camada dupla difusa movem-se em direção ao cátodo para ganhar elétrons e desse modo
tornar-se descarregado.
Deve-se notar na Figura 2.12 que a velocidade do fluxo é constante em toda a seção da
coluna de água circundada pela camada dupla, enquanto testes em tubos capilares mostram
que a velocidade do fluxo aumenta das paredes para o centro do tubo (Mitchell, 1976). Desta
forma, fazendo uma comparação do fluxo de água no solo com o fluxo através de um tubo
capilar, o movimento de água dentro da camada de argila comporta-se como indicado na
Figura 2.13.

24
Figura 2.13 - Movimento de água devido aplicação de campo elétrico.

Durante o processo, a poropressão muda seu desenvolvimento na massa de solo.


Assumindo que a tensão total permanece constante, a mudança na poropressão, portanto,
levará a mudanças na tensão efetiva do solo e, por conseqüência, a mudanças na resistência do
solo. Se a água for removida no cátodo e não reposta ao ânodo, isto resultará em consolidação
do solo.
De acordo com Esrig (1968), a eletricidade induz a velocidade de fluxo de água
através do solo, Ve, sendo que o gradiente de voltagem (campo elétrico) V/ x, está
relacionado proporcionalmente ao coeficiente de permeabilidade eletro-cinético, Ke, dado
por:
V
Ve Ke Equação (2.5)
x

Pela lei de Darcy, a velocidade de fluxo, Vh, devido a algum excesso do gradiente da
poropressão é dado por:

Kh u
Vh Equação (2.6)
w x

25
Onde, Kh é a condutividade hidráulica, u é o excesso de poropressão, e w é o peso
especifico da água.

Assumindo a validade da superposição dos fluxos induzidos eletricamente e


hidraulicamente, segue-se que

Ve Vh
0 Equação (2.7)
x x

Integrando os termos da equação (2.7)

2 2
V Kh u
Ke 0 Equação (2.8)
x2 w x2

Desta maneira, uma corrente elétrica é aplicada de um lado a outro em uma massa de
solo por eletrodos situados em um arranjo de fluxo aberto ou fechados. O arranjo de fluxo
aberto é o caso onde eletrodos são dispostos em uma configuração que permita entrada ou
saída de água. No arranjo de fluxo fechado, o eletrodo ou sua configuração não permite fluxo
de líquidos (Acar et al., 1994). Desta forma, sob um gradiente de voltagem uniforme (Esrig,
1968), a poropressão desenvolvida é dependente das condições de contorno no ânodo e no
cátodo. Este pode ter as seguintes formas:

(i) Ânodo e cátodo abertos com livre acesso à água:

Neste caso, a água no ânodo será reabastecida resultando em nenhum excesso de


poropressão. Contudo, um campo elétrico não uniforme deve ser produzido durante a eletro-
osmose devido a uma mudança na concentração de íon e pH. A resultante do campo não-
uniforme gera poropressão no solo (Acar et al.,1994; Alshawabkeh & Acar, 1996).

26
(ii) Ânodo fechado, cátodo aberto:

Estas são as condições de contorno normais usadas para consolidação eletro-osmótica


e estabilização em depósitos de solos finos mole. Neste caso, a água não é reposta no ânodo,
resultando na poropressão negativa. O valor de poropressão u, desenvolvida é dado pela
expressão:

Ke w
u=- V Equação (2.9)
Kh

Onde V é a tensão aplicada.

Portanto, um ânodo fechado produz poropressão negativa em alguns pontos que é


proporcional à tensão aplicada. Nettleton et al. (1998), em experiência com geossintéticos
condutores elétricos (GCEs), gerou poropressão negativa durante a eletro-osmose.

(iii) Cátodo fechado, ânodo aberto com livre acesso à água:

Neste caso, poropressão positiva é gerado no cátodo. O valor da poropressão positiva,


u, é dado por

Ke w
u= (Vm V), Equação (2.10)
Kh
Onde Vm é a máxima tensão aplicada.

(iv) Técnica da polaridade reversa

Polaridade reversa é uma técnica efetiva prevenindo secagem excessiva no ânodo e


diminuindo corrosão no eletrodo. Promove uma quantidade de água mais uniforme e uma
distribuição de resistência ao cisalhamento devido a um aumento mais uniforme na tensão
efetiva, como também melhora o desenvolvimento da poropressão (Shang et al.,1995).

27
Durante consolidação eletro-osmótica, poropressão máxima negativa ocorre no ânodo
e poropressão tende a zero no cátodo. Isto produz uma variação na resistência ao cisalhamento
do solo entre o ânodo e cátodo, o que não pode ser aceito na prática. Um método de resolver
este problema é reverter à polaridade dos eletrodos, desse modo induz a consolidação de solo
adjacente ao cátodo (agora o novo ânodo) produzindo uma maior consolidação uniforme entre
os eletrodos. O efeito da polaridade reversa na eficiência do tratamento de eletro-osmose tem
sido estudado também por Shang et al. (1995). Eles concluíram que a técnica aumenta a
eficiência do tratamento, o beneficio sendo atribuído à redução na reação eletro-química
adversa que pode ocorrer durante eletro-osmose relacionado à mudança no gradiente de pH e
conversão de eletrodo. A voltagem aplicada no tempo de polaridade reversa deve ser
aumentada ou diminuída. Estudos teóricos feitos por Wan e Mitchell (1976) sugerem que um
maior ganho na tensão efetiva pode ser alcançado em um curto tempo duplicando a voltagem
aplicada depois da polaridade reversa.
A poropressão desenvolvida por eletro-osmose é também dependente da densidade de
corrente e da resistividade do solo. A Equação 2.9 pode ser expressa em termos de densidade
de corrente (J) e resistividade do solo ( ):

Ke x
u= w J ( x)dx Equação (2.11)
Kh 0

Isto mostra que a corrente é um parâmetro que governa, e se não existir corrente o
processo não será eficaz (Lo et al.,1991a). O primeiro efeito importante da corrente elétrica no
solo é a imposição de uma direção ao movimento da água. Uma segunda conseqüência
favorável é o fato da corrente elétrica permitir a extração da água do solo. Basta para tal
utilizar o elétrodo negativo como um poço filtrante. Isto porque graças à sua corrente elétrica,
este poço será alimentado pela água presente no solo envolvente, sendo que o solo saturado
situado na vizinhança do elétrodo positivo tornar-se-á cada vez mais seco à medida que a água
é expelida para o elétrodo negativo. Na prática, a eletro-osmose não visa secagem do solo,
mas sim direcionar a percolação da água de forma a provocar um efeito de estabilização.
Observando agora fenômenos existentes durante o processo, reações eletrolíticas nos
eletrodos causados pela aplicação de corrente elétrica geram um ácido frente ao ânodo e uma
base frente ao cátodo. A equação da reação no ânodo e no cátodo pode ser expressa,
respectivamente, como (Acar et al., 1994)

28
2H2O – 4e-  O2 + 4H+ Reação (2.1)

4H2O + 4e  2H2 + 4OH Reação (2.2)

Assim, por causa da eletrólise da água, hidrogênio e oxigênio são produzidos no


cátodo e ânodo, respectivamente, e a formação de gás aumenta a resistência elétrica do
sistema e decresce a eficiência do tratamento eletro-osmótico se não for expelido do meio (Lo
et al., 1991a).
O uso de eletro-osmose na melhoria de solo tem também algumas limitações como
corrosão dos eletrodos, contato elétrico etc....; Esta corrosão acontece por causa de reações
eletroquímicas, como pode-se observar no próximo item.

2.4.4. CORROSÃO ELETROQUÍMICA

A eletroquímica abrange todos processos químicos que envolvem transferência de


elétrons. Quando um processo químico ocorre, produzindo transferência de elétrons, é
chamado de pilha ou bateria, mas quando o processo químico é provocado por uma corrente
elétrica (variação da quantidade de elétrons no tempo) é denominado de eletrólise.
Resumindo, pilha e bateria são processos químicos que ocorrem espontaneamente e geram
corrente elétrica, já eletrólise é um processo químico (reação química) que ocorre de forma
não espontânea, ou seja, ocorre na presença de uma corrente elétrica.
Portanto, a corrosão consiste na deterioração dos materiais pela ação química ou
eletroquímica do meio, podendo estar ou não associado a esforços mecânicos. Dependendo do
tipo de ação do meio corrosivo sobre o material, os processos corrosivos podem ser
classificados em dois grandes grupos, abrangendo todos os casos de deterioração por
corrosão:

Corrosão Eletroquímica;
Corrosão Química.

29
Entende-se por corrosão eletroquímica os processos de destruição que se
desenvolvem, por meio de eletrólitos (água do mar, solo, soluções aquosas de ácidos, bases,
sais, ar atmosférico com umidade, etc...) em contato com o metal. Os processos de corrosão
eletroquímica são mais freqüentes na natureza e se caracterizam basicamente por:

necessariamente na presença de água no estado líquido;


temperaturas abaixo do ponto de orvalho da água, sendo a grande maioria na
temperatura ambiente;
formação de uma pilha ou célula de corrosão, com a circulação de elétrons na
superfície metálica.

A pilha de corrosão eletroquímica é constituída de quatro elementos fundamentais,

área anódica: superfície onde verifica-se a corrosão (reações de oxidação);


área catódica: superfície protegida onde não há corrosão (reações de redução);
eletrólito: solução condutora ou condutor iônico que envolve simultaneamente as
áreas anódicas e catódicas;
ligação elétrica entre as áreas anódicas e catódicas.

A Figura 2.14 mostra esquematicamente uma pilha de corrosão eletroquímica.

Figura 2.14 - Pilha de corrosão eletroquímica.

Um conceito importante aplicável às pilhas de corrosão é o da reação de oxidação e


redução. As reações da corrosão eletroquímica envolvem sempre estas reações chamadas de
oxi-redução. Na área anódica onde se processa a corrosão ocorrem reações de oxidação, sendo
a principal a de passagem do metal da forma reduzida para a forma iônica (Figura 2.15).

30
Figura 2.15 - Reação surgida na área anódica.

Como pode ser visto na figura acima, o desgaste do material ocorre com a passagem
do metal da forma reduzida para a iônica (combinada).

M Mn+ + ne Reação (2.3)

Conhecendo as reações de oxi-redução as quais liberam gás após reagirem, percebe-se


que aplicação de eletro-osmose em consolidação é um processo que merece pesquisa para
tentar eliminar estas dificuldades encontradas e fazer com que este processo tenha uma
melhor eficiência.

2.5. APLICAÇÃO DE ELETRO-OSMOSE NO PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO

Segundo Mitchell (1991), a publicação de L. Casagrande (1941) é pioneira na


aplicação de eletro-osmose para extração de água e estabilização de taludes, e a de
Winterkorn (1947,1955) na apresentação da similaridade entre química-osmose, eletro-
osmose e termo-osmose. Winterkorn (1955) foi quem primeiro sugeriu uma nova geração da
lei de Darcy ao incluir as contribuições dos gradientes elétrico e térmico.
Destacam-se também, as publicações de Gray & Mitchell (1967) os quais descreveram
a eficiência da eletro-osmose e Esrig (1968) que desenvolveu uma teoria para consolidação
por eletro-osmose. Depois, relativamente pouca atenção foi dada ao processo de fluxo
acoplado em solos durante alguns anos, sendo renovado o interesse recentemente por causa de
novos problemas e aplicações em que estes têm importantes funções, aumentando o interesse
a cada década. Estes incluem transporte de contaminantes, melhoria de solos usando
processos químicos, térmicos e elétricos e outras funções já citadas no capítulo 1.
No caso da melhoria de depósitos de argilas moles, que são altamente compressíveis e
têm baixa resistência, quando submetidas ao carregamento, consolidarão e passarão por um

31
significante recalque que pode causar um efeito prejudicial na estrutura. Devido à baixa
permeabilidade da argila, a consolidação primária leva um longo tempo para acontecer; assim,
a técnica comum de melhoria de solo em depósitos de argila mole é a utilização de pré-
carregamento e drenos verticais para acelerar este processo de consolidação. O excesso da
poropressão gerado pelo pré-carregamento é dissipado via colunas de areia verticais ou drenos
verticais geossintéticos pré-fabricados (conhecidos como geodrenos) e uma areia ou camada
geossintética de drenagem na superfície. As vantagens dos drenos verticais são basicamente
duas: aumentar a permeabilidade nos solos anisotrópicos na direção horizontal, e proporcionar
um caminho de drenagem adicional (Shang, 1998). No entanto, o período de consolidação
pode acontecer mais rapidamente acrescentando-se o processo de eletro-osmose.
O incentivo para combinar sobrecarga, drenos verticais e eletro-osmose surgiu no
sudeste da Ásia, devido ao rápido crescimento populacional e da economia, gerando falta de
terras consideradas boas para construções, principalmente no Japão, Corea do Sul, Hong
Kong e outros países do Pacífico. Nestes países, o aterro hidráulico usado para terra
instabilizada é geralmente dragado do fundo do mar. A técnica de pré-carregamento com
drenos verticais tem sido bastante utilizada para acelerar a consolidação do aterro hidráulico,
ou seja, dos sedimentos do fundo do mar antes da construção no terreno instabilizado.
Entretanto, a sobrecarga é geralmente restrita pela não disponibilidades de bons materiais de
aterro. Além disso, sabendo-se que sedimentos marinhos são geralmente homogêneos e
isotrópicos (Shang, 1998), o processo de consolidação, mesmo com o auxilio de drenos
verticais, pode ainda levar anos. Portanto, a eletro-osmose está sendo considerada para
acelerar a consolidação em alguns projetos nas regiões citadas (Shang, 1998).
Para reduzir este tempo de consolidação e para ser menos dependente da necessidade
de um bom lugar para a construção ser realizada, como também reduzir a sobrecarga,
iniciaram-se trabalhos utilizando uma antiga ciência que é a eletro-osmose (EO), mas
associada com uma relativamente nova área de tecnologia; neste caso, a eletricidade é
conduzida através de drenos verticais condutores (DVCs) para acelerar o processo de
consolidação da argila. Para este tipo de solo, a EO é potencialmente mais efetiva em remover
a água do que o DVP convencional, que utiliza apenas gradientes hidráulicos criados por
cargas externas (Chew et al., 2004).
Fazendo-se uma revisão bibliográfica mais profunda, descobriu-se que extensivo
estudo com EO foi feito em solos ricos em argilas no Canadá, Alemanha, Noruega e Reino
Unido (Casagrande, 1952; Casagrande et al., 1981; Fetzer, 1967 citados por Chew et al.
(2004); Gray and Mitchell, 1967; Shang, 1998) e recentemente em paises como Tailândia,

32
Malásia e Cingapura (Bergado et al., 2000; Karunaratne et al., 2002 e Bo et al., 2000, Toh et
al., 2001 citados por Chew et al. (2004)).
Devido ao pouco sucesso do passado, o processo não teve ampla aplicação,
provavelmente por causa do alto custo operacional e algumas incertezas sobre o assunto. No
entanto, alguns programas de pesquisa para explorar a melhoria no processo e na relação entre
parâmetros do solo e elétricos foram e estão sendo empreendidos. Um grande exemplo, está
em um ensaio feito por Lo et al. (1991b), onde o consumo de energia total foi de,
aproximadamente, 1% do custo total do projeto. Este ensaio é comparado com o caso
reportado por Bjerrum et al. (1967) em que o custo de eletricidade foi de 25% do custo total
do projeto. A presente versão do tratamento eletro-osmótico deve, portanto, ser considerada
relativamente eficiente e econômica. Lo et al.(1991b) também mostram, que com maiores
estudos nesta área de atuação, poder-se-á otimizar alguns parâmetros, tendo um custo de
energia total no projeto ainda menor. Desta forma, a utilização anteriormente inadequada de
áreas de solo mole está agora caminhando para tornar-se economicamente viável.

2.6. USO DE ELETRO-OSMOSE NO BRASIL

No Brasil, conhece-se o emprego de eletro-osmose em engenharia civil apenas na


secagem das paredes da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Santos, litoral sul de São
Paulo, devido a uma cuidadosa reforma.
Na engenharia geotécnica brasileira nenhuma aplicação de eletro-osmose foi
encontrada na pesquisa bibliográfica feita. No entanto, apresentou-se que em algumas partes
do mundo, a eletro-osmose passou a ser incorporada para obras de tratamento de solos na
última década. Esta foi incorporada para aumentar a eficiência de drenagem e,
conseqüentemente, reduzir o período de consolidação. Isto por que o conjunto sobrecarga e
dreno vertical pré-fabricado (DVP), muito utilizado por fácil instalação, ainda requer tempo
para a consolidação do solo.
Observando esta tendência, resolveu-se aplicar eletro-osmose junto com o dreno
vertical pré-fabricado (DVP) para acelerar ainda mais o processo de consolidação em solos
brasileiros. Este conjunto denominado de geossintético condutor elétrico (GCE) tornou-se o
primeiro geocomposto brasileiro que além das funções de drenagem e filtração, aumenta e
direciona o fluxo de líquido.

33
CAPÍTULO 3

3 – LOCALIZAÇÃO, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

3.1. INTRODUÇÃO

Visto que a maioria das publicações presentes nesta bibliografia relacionada a eletro-
osmose estudou o processo de consolidação utilizando equipamentos de laboratório (Lo et al.,
1991; Finno et al., 1996; Bergado et al., 2000; Hamir et al., 2001; Jones et al., 2002,), pensou-
se em desenvolver este trabalho com outros equipamentos em uma escala real, o que foi
descartado porque elevaria muito o custo da pesquisa. Por isso, chegou-se à decisão de
aproveitar caixas experimentais em escala intermediárias, já construídas para outras pesquisas
da Pós-Graduação em Geotecnia, (Junqueira, 2000). Dessa forma, economizou-se tempo para
a construção das mesmas. Estas caixas iriam ser transferidas para o campo experimental de
geotecnia, situado próximo ao prédio SG-12 (Figura A.1), com o propósito de ficar ao lado do
Laboratório de Geotecnia da UnB, tendo-se assim uma maior assistência. Com isso, se
trabalharia com a argila do campo experimental que esta já está bem caracterizada por ser
bastante explorada pelo Laboratório de Geotecnia. No entanto, a transferência de local não foi
realizada por que os equipamentos estariam mais expostos, exigindo uma maior segurança,
uma vez que qualquer interferência externa poderia vir a prejudicar os resultados.
Considerando os motivos expostos, as caixas ficaram instaladas no local de origem,
dentro da Estação Experimental de Biologia da Universidade de Brasília, área privativa
localizada no campus da Universidade, na via L4 norte (Figura A.2). O local atendeu
totalmente às demandas necessárias, além da existência de uma estação meteorológica
mantida pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília, que permite o
conhecimento de parâmetros climáticos como evaporação e temperatura ambiente. Além
disso, a maior segurança da área garante a integridade dos equipamentos, bem como evita
interferências de pessoas estranhas.

34
3.2. CAIXAS EXPERIMENTAIS

As caixas são de materiais metálicos tendo o formato retangular com as seguintes


dimensões: 2,5 m x 3,0 m x 1,0 m (larg. x comp. x prof.), perfazendo um volume útil de 7,5
m3. Estas caixas possuem uma vala ao longo de uma das laterais, que foi destinada para
acomodar o sistema de drenagem executado na pesquisa de Junqueira (2000), com dimensões
de 0,5 m x 3,0 m x 0,5 m (larg. x comp. x prof.). Este sistema de drenagem foi isolado,
fechando-se a vala com chapa metálica de 0,5 m x 3,0 m (larg. x comp.).
Todo o conjunto é apoiado em um suporte metálico que dá às caixas uma altura final
de 2,0 m, como ilustrado na Figura 3.1.

1,0 m

1,0 m

3,0 m
2,5 m

Figura 3.1 - Representação da Caixa Metálica.

Na parede lateral de ambas as caixas está instalada uma janela de vidro com 0,5 m de
largura, que se estende desde a base até o topo da caixa. Essa parte de vidro tem a função de
permitir a observação direta de alguns elementos contidos na caixa como: argila mole,
geotêxtil para separação e sobrecarga de areia.
Segundo Junqueira (2000), foram construídas 8 bases de cimento com dimensões de
40 cm x 40 cm x 40 cm (larg. x comp. x prof.) sobre o solo de fundação, para que os suportes
das caixas pudessem ser apoiados, evitando-se recalques diferenciais do solo devido ao peso
do conjunto. Salienta-se que estas bases foram projetadas para o peso do lixo, material de
pesquisa de Junqueira (2000), mas felizmente foram dimensionadas com um determinado
fator de segurança que puderam ser aproveitadas para a presente pesquisa.

35
As caixas estão posicionadas lado a lado, próximas à estação meteorológica dentro da
Estação Experimental de Biologia. Isto favoreceu, pois esta pesquisa necessitou de um ponto
de energia para alimentar a fonte geradora, o que foi fornecido pelo depósito da estação. As
Figuras 3.2 e 3.3 mostram as caixas metálicas no campo.

Figura 3.2 - Apresentação da caixa metálica com a vala drenante fechada.

Figura 3.3 - Caixas Metálicas antes de iniciar os ensaios.

36
Com o desenvolvimento da pesquisa, foi necessária a instalação de uma cobertura de
lona sobre as duas caixas (Figura 3.4), pois, as caixas são metálicas, tendo grande potencial de
troca de calor com o ambiente externo. Desta forma, o material metálico, quando expostas ao
sol, interfere de maneira direta nos processos de secagem do solo. Esta cobertura também
serviu para proteger o material das chuvas sempre presentes nos meses de novembro a
fevereiro no Distrito Federal.

Figura 3.4 - Apresentação da cobertura sobre as caixas metálicas.

3.3. GEOSSINTÉTICOS UTILIZADOS

3.3.1. GEOTÊXTIL

A consolidação eletro-osmótica e a consolidação normal devido à aplicação de


corrente elétrica e sobrecarga foram promovidas simultaneamente. Foram instalados drenos
condutores elétricos (GCE) e drenos verticais convencionais (DVP) nas caixas experimentais.
Entre a camada de solo mole e a sobrecarga de areia, foi instalada uma manta de
geotêxtil com a função de separação entre as duas camadas. Este Geotêxtil foi do tipo Bidim
OP30, não tecido, de poliéster, agulhado, com filamentos contínuos. A Tabela 3.1 descreve
suas principais propriedades.

37
Tabela 3.1 - Propriedades do geotêxtil utilizado entre o solo mole e a sobrecarga.
Parâmetro Bidim OP 30
Gramatura 300 g/m2
Espessura 2,7 mm
Knormal 0,22 cm/s
Klongitudinal 0,06 cm/s
Permissividade 0,62 s-1
Transmissividade 0,02 cm2/s
Abertura de Filtração(O95) 0,114 mm

3.3.2. DRENOS VERTICAIS

Os drenos verticais ou geodrenos foram utilizados no ensaio para acelerar a


consolidação da argila mole. São compostos de um núcleo de plástico e um filtro de material
têxtil na forma de bainha que envolve o núcleo em toda sua extensão.
Utilizou-se o geodreno fabricado pela empresa ESTE Engenharia denominado de
ESTEDRAIN. Este geodreno apresenta as Especificações Técnicas nas Tabelas 3.2 e 3.3,
segundo o laboratório da empresa Junior do ITA.

Tabela 3.2 - Configuração do geodreno bem como os materiais técnicos utilizados.


CONFIGURAÇÃO/MATERIAIS

CONFIGURAÇÃO

Filtro Manta Polipropileno


MATERIAIS Geoespaçador Polietileno

38
Tabela 3.3 - Propriedades do Geodreno ESTEDRAIN.
PROPRIEDADES
PROPRIEDADES UNIDADES VALOR
FISICAS MÉDIO
PESO g/m 120
LARGURA mm 100
ESPESSURA mm 5
GRAMATURA DO FILTRO g/m2 100
PROPRIEDADES HIDRÁULICAS E
MECÂNICAS
CAPACIDADE DE DESCARGA
10-6 m3/s 70
(200KPa; ih = 0,5)
RESISTENCIA À TRAÇÃO kN 3,0
ELONGAMENTO NA RUPTURA % 70
ELONGAMENTO COM 0,5KN % 6
ABERTURA DE FILTRAÇÃO (AOS) 10-6 m <75

3.3.3. GEOSSINTÉTICO CONDUTOR ELÉTRICO (GCE)

Visto como uma nova tecnologia direcionada para consolidação de argila mole no
mundo, o GCE foi utilizado neste trabalho de pesquisa para acelerar ainda mais o processo de
consolidação da argila mole.
Utilizou-se o geodreno convencional ESTEDRAIN com a função de drenagem e
filtração. Anexado ao mesmo, uma haste de aterramento padrão de cobre e uma cordoalha
também de cobre foram usados como eletrodos em momentos diferentes, com a função de
acelerar e direcionar o fluxo horizontal para o geodreno específico, formando o geossintético
condutor elétrico (GCE).
A Figura 3.5 apresenta os geossintéticos utilizados na pesquisa.

39
2

3 3

4
1 5

Figura 3.5 - Geossintéticos utilizados nos ensaios.

1. Geotêxtil OP 30;
2. Dreno vertical (Geodreno);
3. Geossintético condutor elétrico com cordoalha de cobre como eletrodo.
4. Geossintético condutor elétrico com haste de aterramento como eletrodo.
5. Geossintético condutor elétrico envolto de geotêxtil OP 30 em sua extremidade.

3.4. ELETRODOS

O uso do fenômeno eletro cinético requer eletrodos para aplicar uma diferença de
potencial elétrico de um lado a outro na massa de solo. Experiências com eletrodos
convencionais metálicos mostraram oxidação no ânodo resultando na degradação do eletrodo
(Jones & Pugh, 2001). Isto resultou em uma menor eficiência elétrica dentro do sistema.
Atenção especial foi dada ao estudo dos tipos de eletrodos em Lo et al. (1991a). Várias
alternativas foram investigadas, e entre elas o uso do carvão como material do eletrodo. O
perigo do uso do carvão como material do eletrodo, segundo Lo et al. (1991a), é a geração de
calor durante eletro-osmose junto com a geração de oxigênio por causa da eletrolise no ânodo.
Outros materiais como aço e alumínio foram também estudados, e corrosão no ânodo foi

40
também encontrada. Isto resultou em uma inadequada condução de eletricidade e assim
reduziu a eficiência do tratamento. Outros metais como platina e prata são caros e
impraticáveis. Cobre foi então o material escolhido por Lo et al. (1991a) por causa da boa
condutividade elétrica do material e ao acontecer reações no processo, formam óxido de cobre
no ânodo que também é bom condutor. A formação do óxido de cobre inibe a geração de
oxigênio, melhorando a eficiência do processo.
Dos ensaios de laboratório feitos por Lo et al. (1991a), chegou-se a conclusão que o
uso do eletrodo de cobre foi mais efetivo que outros materiais. Isto na condição em que haja
passagem para o fluxo de gás expelido no cátodo, saindo pela superfície durante o processo. O
efeito indesejável da alta resistência do óxido e hidróxido metálico foi também eliminado
devido à troca por óxido de cobre e hidróxido de cobre de alta condutividade.
Conhecendo-se as vantagens citadas acima, como também respaldado na bibliografia
estudada, optou-se pela utilização do eletrodo cobre, mesmo sabendo da desvantagem
indicada por Chew et al. (2004), de que eletrodo de cobre tem menor durabilidade que os
outros materiais no ânodo, justamente por causa da corrosão eletroquímica. Chew et al.
(2004) também afirmam que a inclusão do fio de cobre em seu ensaio foi feita por este ser
bom condutor, o que favoreceu o processo de cinética de elétrons.
Neste trabalho foram utilizados dois tipos de materiais que contêm cobre: haste de
aterramento e cordoalha de cobre. Avaliando o processo de corrosão existente no meio, a
haste de aterramento padrão que apenas contém cobre na sua superfície sendo aço no seu
centro, foi substituída por cordoalha de cobre maciço de 10 mm2 de área. Substituição
ocorrida ao longo do experimento devido ao desgaste do cobre na haste de aterramento,
restando no centro apenas o aço, que é um material menos condutor. Ao colocar a cordoalha
maciça, o cobre seria desgastado na sua superfície com o tempo, mas o centro da cordoalha
continuaria o cobre que é bom condutor. Assim, a transmissão de corrente ocorreria em maior
intensidade no material todo maciço com cobre. Testes foram feitos em um ensaio em
pequena escala em laboratório, que será mostrado no próximo capítulo, comprovando o
motivo da substituição dos materiais.

41
3.5. FONTES GERADORAS DE ENERGIA

Os componentes, empregados em circuitos elétricos, são classificados como ativos ou


passivos. A distinção entre essas duas classes depende, essencialmente, se eles fornecem ou
absorvem energia. Um componente ativo é capaz de gerar energia e um passivo não pode
gerar energia. Componentes ativos típicos são baterias, geradores e modelos de transistores e
os componentes passivos comuns são resistores, capacitores e indutores. Entre os
componentes ativos, destacam-se a fonte de tensão independente e a fonte de corrente
independente. A fonte de tensão independente é um componente de dois terminais que
mantém uma tensão especifica entre seus terminais independentemente da corrente através
dele, ou seja, não leva-se em conta a resistência do meio, pois a tensão aplicada será
constante. A fonte de corrente independente é um componente de dois terminais que mantém
uma corrente especifica independentemente da tensão sobre seus terminais, ou seja, esta fixa a
corrente e será aplicada a tensão necessária para fornecer aquela intensidade de corrente.
Neste trabalho, utilizaram-se fontes geradoras de energia (componentes ativos) com
fonte de tensão independente (tensão fixa) e fonte de corrente independente (tensão variável),
sendo que os dois casos geravam corrente contínua . A Tabela 3.4 abaixo mostra as fontes de
tensão variável e tensão fixa utilizadas nos ensaios e testes.

Tabela 3.4 - Tipos de fontes.


Fonte Tensão (V) Corrente (A)
1 - Variável 0-35 0-5
2 – Variável 0-30 0-10
3 - Fixa 12 40
4 - Fixa 30 20

As fontes de tensão fixa (3 e 4) são fabricadas para sons automotivos. Estas são
preparadas para gerarem energia durante algumas horas, e não durante alguns dias como exige
esta pesquisa em campo; não são reguláveis e estabilizadas, ou seja, há uma variação na
leitura das medidas de tensão e corrente e quando a tensão fixa é aplicada, a corrente não
consegue ficar estável. Portanto, adotou-se a medida máxima dos valores lidos nos ensaios.
As fontes reguláveis usadas (1 e 2), são estabilizadas e foram fabricadas para fins científicos.
Determina-se uma corrente ou uma tensão sempre fixa, e a fonte ajusta-se automaticamente
para manter um componente (tensão ou corrente) sempre estável. As medidas de voltagem e

42
amperagem do circuito são lidas na própria fonte e estas são projetadas para fornecerem
energia de forma contínua durante alguns dias. A Figura 3.6 mostra a fonte n° 02, como
classificado na Tabela 3.4, de patrimônio da UnB.

Figura 3.6 - Fonte de energia tipo regulável e estabilizada.

3.6. SOLO ARGILOSO

O solo utilizado nos ensaios foi retirado de uma escavação a 500 metros de distância
do Instituto Central de Ciências (Ala Sul) da Universidade de Brasília (Figura A.3). Ensaio de
granulométria mostrou que o solo apresentava as proporções de 23%, 15% e 62% de areia,
silte e argila respectivamente. A Figura 3.7 mostra o gráfico do resultado da análise
granulométrica deste solo, com o método de ensaio executado obedecendo a norma brasileira
NBR 7181 (ABNT, 1984).

43
Granulometria
(com defloculante)
100

90

80
Percentagem que Passa (%)

70

60

50

40

30

20

10

0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro (mm)

Argila Silte Areia Areia Areia Pedregulho Pedra


ABNT < 0.002 - 0.06 Fina Média Grossa 2.0 - 60 60 - 200
0.002 0.06 - 0.2 0.2 - 0.6 0.6 - 2.0

Figura 3.7 - Resultados do ensaio de granulométria com defloculante.

O comportamento de um material argiloso é complexo e varia de acordo com vários


fatores como localização, tempo e etc...; com o objetivo de conhecer mais sobre o solo
argiloso destinado para este projeto, executaram-se ensaios para caracterização física e
química. Os resultados destes ensaios encontram-se na Tabela 3.5.

44
Tabela 3.5 - Propriedades do solo argiloso usado no ensaio.
Limite de Liquidez (WL) 47 %
Limite de Plasticidade (WP) 31 %
Índice de Plasticidade(IP) 16 %
Índice de atividade(Ia) 0,26
Massa Especifica dos Grãos( G) 2,7 g/cm3
pH 5 0,5 (T=26,5° C)
SiO2 31,42 %
Al2O3 31,29 %
Fe2O3 12,88 %
Condutividade*( e) 30 S/cm (T=25° C)
* A condutividade foi medida dentro da massa de solo mole com um equipamento digital -
condutivimetro.

Devido a alguns resultados obtidos no ensaio de laboratório que avaliou a passagem de


corrente pelo solo, fez-se uma simulação da água do mar para melhorar a condutividade do
solo quando homogeneizado com esta água. Usou-se a concentração de 33 g/L de sal
misturado à água destilada e esta água foi homogeneizada com o solo apresentado
anteriormente, gerando-se um aumento da condutividade deste solo para 20 mS/cm,
aproximadamente 1000 vezes mais condutor comparado ao solo misturado à água destilada
apenas. Analisando o pH deste solo com a água salgada percebeu-se uma redução do mesmo
para 4 0,5 (T=26,5° C). Isto ocorreu, provavelmente, por causa das impurezas presentes no
sal de cozinha, utilizado para a simulação da água salgada, pois NaCl puro não interfere no
valor do pH.
Segundo Skempton (1953), a argila presente no solo é considerada normal quando seu
índice de atividade se situa entre 0,75 e 1,25. Deste modo, considera-se esta argila utilizada
(Ia = 0,26) de baixa atividade. Sabe-se que Hamed et al.(1991) mostram a permeabilidade
eletro-osmótica, Ke, dentro do intervalo 1 x 10-8 a 10 x 10-9 m2/s/V e discutem que os valores
mais altos são para solos de grãos finos com baixa atividade e com maiores quantidades de
água. Assim, admite-se para este solo argiloso Ke sendo 1 x 10-8 m2/s/V, por esta argila ter
baixa atividade.

45
Observa-se que a condutividade ( e) do solo homogeneizado com água e sal é 0,020
S/cm, valor que está dentro dos parâmetros avaliados por Mitchell (1991), o qual afirma que a
condutividade varia no intervalo de 0,02-0,035 S/cm para aplicações de campo utilizando a
eletro-osmose.
Com estes dois parâmetros do solo (Ke e e), aplica-se a Equação 2.4 e chega-se à
conclusão que a eficiência eletro-osmótica (Ki) do solo ensaiado encontra-se entre 0 e 1,2
cm3/A/s, intervalo que segundo Acar et al. (1994) pode-se aplicar eletro-osmose que o
tratamento tenderá a ser eficiente. Porém, este valor poderá ser alterado com mudança na
quantidade de água, capacidade de troca catiônica, conteúdo eletrolítico livre no solo e com
mudanças químicas ao longo da massa de solo durante o processo. Ainda segundo Acar et al.
(1994), o valor de Ki muda com alguns elementos predominantes na argila, obedecendo a
seguinte ordem: H > Cu > Al > Na > Ca. Como o solo desta pesquisa contém elevados teores
de alumínio e sílica, devido ao processo de lixiviação presente no Distrito Federal, nota-se
que este solo poderá ser eficiente para aplicação de EO. No entanto, destaca-se que Acar et al.
(1994), também explicam, que gradientes de voltagem maiores são requeridos para iniciar
fluxo em argilas com maior quantidade de Alumínio (Al) do que em outras argilas com
diferentes tipos de elementos predominantes.

3.7. SOBRECARGA

O material utilizado como sobrecarga para induzir a consolidação da argila foi uma
areia de coloração amarela, comercialmente chamada de areia saibrosa. Esta areia foi
colocada nas duas caixas, com aproximadamente 35 cm de espessura sobre o solo mole. A
massa especifica dos grãos é 2,64 g/cm3 e sua curva granulométrica é mostrada na Figura 3.8.

46
Granulometria
(com defloculante)
100,0

90,0

80,0
Percentagem que passa %

70,0

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro (mm)

Argila Silte Areia Areia Areia Pedregulho Pedra


ABNT < 0.002 - 0.06 Fina Média Grossa 2.0 - 60 60 - 200
0.002 0.06 - 0.2 0.2 - 0.6 0.6 - 2.0

Figura 3.8 - Curva granulométrica da areia usada como sobrecarga.

47
CAPÍTULO 4

4 – ETAPAS E METODOLOGIA

Em tempo recente, uma nova tecnologia usando geossintéticos aliado à eletro-osmose


começou a ser aplicada para acelerar consolidação de argilas moles. Esta tecnologia está
sendo bastante explorada no continente asiático e europeu, e expandindo-se para outras
regiões. Deste modo, resolveu-se dar uma contribuição a esta técnica no Brasil programando-
se esta pesquisa.
Antes de abordar as etapas que estiveram diretamente ligadas ao desenvolvimento da
pesquisa, deve-se ressaltar que não se dispôs de financiamento para a elaboração e execução
da mesma. Desta forma, muitas dificuldades foram encontradas por causa do alto custo dos
ensaios e dos equipamentos atrelado à falta de recurso. Isto será visível no desenvolvimento
deste capítulo e do capítulo seguinte.
A seguir serão descritas as etapas do trabalho, bem como os procedimentos e
metodologia criados e empregados ao longo da pesquisa, por se tratar de algo inédito no
Brasil, com uma bibliografia escassa dentro e fora do país. Assim, detalhes relevantes do
processo tiveram que ser aprendidos com os erros e acertos ocorridos nos ensaios.

4.1. PREPARAÇÃO DA ÁREA

Depois de um grande período de chuva, a área em que se encontravam as caixas ficou


totalmente encoberta pela vegetação. Em função disso, no mês de abril de 2004 foi
providenciada a limpeza total da área ao redor das caixas experimentais para um melhor
acesso ao ensaio sem surpresas de animais rasteiros, bem como uma melhoria visual do
ambiente.
Como estas caixas metálicas foram construídas para outras pesquisas da Pós-
Graduação em Geotécnia, como a de Junqueira (2000), o qual abordava o processo evolutivo
da degradação do lixo, foi necessária a retirada de todo o conteúdo presente nas caixas
(15m3), e a execução de varias lavagens para a completa limpeza. Chapas metálicas foram
colocadas nas aberturas das valas de drenagem das duas caixas com os devidos cuidados de

48
vedação, pois estas não seriam utilizadas na presente pesquisa. Assim, obteve-se uma caixa
retangular de 3,0 m x 2,5 m e 1,0 metro de altura.
Para melhoria do aspecto e proteção contra a corrosão existente no meio, como
indicado na Figura 4.1, duas demãos de tinta grafite escuro foram aplicadas nas caixas
metálicas depois da área da mesma ser totalmente lixada.

Figura 4.1 - Ilustração das caixas metálicas sem o lixo e devidamente lavadas.

4.2. PRIMEIRO ENSAIO NAS CAIXAS EM ESCALA INTERMEDIARIA

Iniciou-se a preparação do primeiro ensaio no final de junho/04, realizando o


tratamento e leituras da instrumentação apenas em agosto, de forma que a consolidação
unidimensional da argila foi programada para ser feita com e sem EO simultaneamente. É
importante salientar que nestes meses do ano a umidade relativa do ar torna-se baixa no
Distrito Federal, chegando ao valor mínimo de 13 % neste ano de 2004. Neste mesmo ano
ocorreram alguns problemas na estação meteorológica do Departamento de Engenharia Civil
que impossibilitaram as leituras de evaporação, temperatura e umidade relativa do ar. Estas
leituras iriam garantir dados mais exatos, pois eram feitas ao lado onde o ensaio estava sendo
executado. Desta forma, utilizou-se os dados da EMBRAPA que mostram que a média
pluviométrica anual no Distrito Federal varia entre 1500 e 2000 mm, sendo o mês de janeiro
caracterizado pelo maior índice pluviométrico ( 320 mm/mês) e os meses de junho, julho e

49
agosto pelos menores ( 50 mm/mês). A temperatura média anual varia entre 13 e 22° C,
sendo setembro e outubro os meses mais quentes (20 a 22° C) e junho o mais frio (16 a 18°
C). A umidade relativa durante os meses de agosto e setembro pode atingir o valor mínimo de
11 %, enquanto nos meses mais úmidos ela flutua em torno de 75 %. Estes dados
meteorológicos irão ajudar na compreensão de alguns resultados obtidos nos ensaios.

4.2.1 PREPARAÇÃO DO SOLO MOLE

Conhecendo os índices de consistência da argila encontrada no Campus da UnB como


mostrado na Tabela 3.4 do capítulo anterior, foi possível preparar o solo mole. O solo do
ensaio pode ser classificado como sendo mole por ter a umidade mantida sempre acima do
Limite de Liquidez (WL) do mesmo, entre 50 e 55%.
Isto foi conseguido através de uma betoneira de 50 litros disponível no laboratório de
materiais de construção da UnB. O seguinte procedimento foi feito:

1. Determinou-se a umidade higroscópica da argila;


2. Peneirou-se a argila, para retirada de pedregulhos e outros materiais indesejáveis, com
peneira de pedreiro padrão;
3. Colocou-se a argila peneirada na betoneira, completando com água até a umidade ficar
acima do WL; A quantidade de água adicionada foi calculada utilizando a Equação 4.1
de umidade;

Ww
W% .100 (Equação 4.1)
Ws
Onde: W é a umidade em porcentagem (acima do WL).
Ww é o peso da água no solo.
Ws é o peso do solo seco (procedimento 1).

4. Homogeneizou-se a amostra de argila na betoneira elétrica e fez-se uma nova medida


de umidade para comprovar se estava mesmo acima do WL (50 a 55% de umidade em
média);
5. Retirou-se o solo homogeneizado da betoneira e com a ajuda de um carrinho de mão
preencheu-se a caixa metálica.

50
6. A umidade do solo foi monitorada para evitar perda de água e, conseqüentemente, o
solo deixar de estar saturado. Desta forma, este solo tinha que ser molhado com
mangueira a todo instante por causa da baixa umidade relativa do ar.

As fotografias a seguir mostram as etapas do procedimento descrito:

Figura 4.2 - Peneiramento e homogeneização do solo. (Etapas 2,3 e 4)

Figura 4.3 - Solo mole colocado em uma das caixas. (Etapa 5)

51
Figura 4.4 - Solo mole devidamente molhado. (etapa 5)

Como as caixas experimentais têm 1,0 metro de altura, foi definido que 65 cm de solo
mole e 35 cm de sobrecarga seria o suficiente para provocar o processo de adensamento.
Foram necessárias três semanas para colocar o solo mole em torno deste 65 cm de altura,
devido ao grande volume do solo e ao pequeno volume da betoneira, de apenas 50 litros. Este
tempo foi também longo, por que o trabalho foi praticamente todo manual. Encheu-se as
caixas por etapas, para não se ter uma grande diferença do adensamento entre elas causado
pelo peso próprio. Inicialmente, enchia-se 30 cm de uma e então passava-se para encher os 30
cm da outra, alternadamente, até atingir a cota desejada.
Depois de atingir-se um certo volume de argila, as caixas foram fechadas com total
vedação (Figura 4.5). Então, completou-se o preenchimento do material até a cota desejada
com balde, tornando-se a etapa mais demorada. Com a cota de 65 cm, o solo argiloso foi
nivelado para não ter diferença entre o conteúdo das caixas.
Até colocar a sobrecarga, cerca de duas semanas, água foi jogada na superfície da
argila, para mantê-la saturada. Este procedimento foi feito duas vezes ao dia. Porém, sempre
na manhã seguinte pouca água existia sobre a superfície da argila devido à baixa umidade do
ar neste mês de julho.
Após todo este procedimento de preparação da argila mole, uma manta de geotêxtil foi
colocada sobre sua superfície, para receber a sobrecarga de areia. Este geotêxtil tinha como
função apenas separar a sobrecarga do solo mole.

52
Figura 4.5 - Caixa sendo fechada para posteriormente ser completada com argila.

4.2.2 INSTALAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS

Para uma maior compreensão da metodologia e dos resultados, denomina-se a caixa


que utilizou o dreno vertical pré-fabricado - DVP de “caixa 1” e a que tinha o geossintético
condutor elétrico - GCE de “caixa 2”.
Na caixa 1, os drenos verticais foram instalados com ajuda de duas hastes em cada
lateral. Estes drenos verticais tinham 1,10 m de comprimento. Foram inseridos no solo mole
com igual espaçamento entre si. Estes espaçamentos foram arbitrados e estão mostrados na
Figura 4.6.
Depois que a sobrecarga foi colocada sobre a argila saturada, as hastes foram retiradas
restando apenas os geodrenos em posição vertical. O número de DVP instalados foram seis.
Como condutor do Geocomposto GCE, foi utilizada uma haste de aterramento de 1,20
m de comprimento e diâmetro padrão. Para evitar o contato direto da haste com a chapa
metálica e assim provocar um curto circuito, foi conectado na ponta da mesma uma proteção
de borracha servindo como isolante elétrico.
Na caixa 2, utilizaram-se estas hastes de aterramento como suporte para inserir o GCE
no solo. Depois que a sobrecarga foi colocada, apenas uma das hastes foi retirada, restando o
“geodreno + haste de aterramento” (GCE) em posição vertical. O número de GCE instalados
foram também seis, para poder viabilizar uma real comparação entre os processos. Nesta
ultima caixa, 12 eletrodos (haste de aterramento) foram também instalados para proporcionar

53
o processo de eletro-osmose. Estes, por sua vez, foram conectados ao terminal positivo de
uma fonte, tornando-se eletrodos ânodos, e os GCEs conectados ao terminal negativo para
serem os cátodos.

Figura 4.6 - Espaçamento dos DVPs instalados na caixa 1.

4.2.3. CIRCUITO ELÉTRICO

Utilizou-se circuito elétrico fechado e paralelo entre os eletrodos, onde 6 eletrodos


recebiam carga negativa tornando-se GCE cátodo e 12 eletrodos recebiam carga positiva para
serem ânodo. Estes formavam arranjos de fluxo aberto no cátodo e “fechado” no ânodo. Estes
eletrodos foram conectados a uma fonte geradora de energia com 12 V de diferença de
potencial não podendo ultrapassar uma corrente máxima de 40 A. Fios de cobre de 6 mm2 de
área foram utilizados para conectar os eletrodos até a fonte. Os fios azuis conectavam os
eletrodos até o terminal positivo da fonte e também entre si, os fios pretos conectavam o GCE
ao terminal negativo e também entre si (Figura 4.9). Estes saiam dos terminais da fonte até os
eletrodos mais próximos ao centro da caixa para ocorrer uma melhor distribuição da corrente
elétrica. Os mesmos foram interligados através de um conector de cobre (Figura 4.7). A
diferença de potencial em Volts e a corrente em Amperes foram medidas através de

54
multímetro digital. A Figura 4.8 abaixo mostra a configuração do circuito com a distância
entre os eletrodos e a Figura 4.9 apresenta uma ilustração desta configuração.

Figura 4.7 - Conector de cobre interligando os eletrodos ânodos.

Figura 4.8 - Configuração do circuito elétrico – PLANTA BAIXA

55
Figura 4.9 - Ilustração da configuração representando a caixa com EO.

4.2.4. MEDIDAS DE RECALQUES

Devido à pequena altura da camada de argila, as medidas de recalques foram feitas


apenas na superfície da mesma. Para tanto, foi posicionada uma placa quadrada de madeira
com 25 cm de lado com uma haste fixada no meio da mesma com 50 cm de comprimento,
onde o conjunto representa uma placa de recalque. Esta placa de recalque foi colocada na
parte central da superfície do solo mole sobre o geotêxtil de separação em cada caixa e sua
haste ultrapassava a superfície da sobrecarga de areia (Figura 4.10). A leitura de recalque foi
feita transferindo a cota inicial da ponta da haste para uma referência fixa que foi um poste de
iluminação próximo às caixas. A cada nova medida, os valores eram comparados com as
cotas iniciais, de modo que as diferenças entre as medidas de cotas correspondem aos
recalques ocorridos.

56
Figura 4.10 - Placa de recalque posicionada no centro da caixa.

4.2.5. MEDIDAS DE POROPRESSÃO

Com o objetivo de medir o acréscimo de poropressão na massa de solo, foi instalada


uma instrumentação simples de pequeno custo, mas que atende às necessidades da pesquisa:
piezômetro Casagrande. Este foi composto de tubos de PVC de 3” (75 mm) de diâmetro e
1,20 m de comprimento formando a parte externa, com tubos de ½” (12,5 mm) e igual
comprimento em sua parte interna.
A instalação procedeu retirando-se a argila mole com um trado de 5” (125 mm), em
três locais diferentes, até uma profundidade próxima ao fundo da caixa. Areia lavada foi
colocada dentro deste furo, antes de inserir o tubo de 3”. Colocado o tubo, cerca de 5 cm desta
mesma areia foi jogada em seu interior. Inseriu-se um tubo de ½” contendo 10 cm de
pequenos furos em sua extremidade e geotêxtil não tecido em volta destes furos. Colocou-se
mais 15 cm de areia lavada dentro do mesmo tubo de 3” para cobrir a parede com os furos no
tubo de diâmetro menor. Sobre esta areia uma camada de lama bentonítica foi colocada para
impermeabilizar a parte inferior a mesma, preenchendo o restante do tubo com a própria
argila mole e fechando o tubo com um cap de 3”, para evitar que água penetrasse pela parte
superior. Uma redução de 3” para ½” foi utilizada para centralizar o tubo interno. A Figura
4.11 mostra detalhes da instalação do piezômetro para um maior entendimento do
procedimento descrito. Alguns detalhes sobre a instalação do mesmo poderá ser encontrado
em Lambe & Whitman (1969).

57
Figura 4.11 - Instalação do piezômetro.

Foram instalados três piezômetros (Figura 4.12) em cada caixa experimental para um
maior domínio da área e conseqüentemente maior confiabilidade nos resultados encontrados.
Foi medido o nível de água nos piezômetros antes de colocar a sobrecarga (medidas iniciais) e
logo após a mesma ser depositada sobre a argila mole, tendo assim, por diferença, o
acréscimo de poropressão que ocorrera na massa de solo mole. A cada 48 horas eram feitas
medidas nos piezômetros para comparação com o acréscimo de poropressão medidos
inicialmente.
Quando os piezômetros foram instalados, amostras de solo mole foram retiradas do
meio da camada de argila nas duas caixas, onde a umidade das mesmas estavam cerca de
40%. Este valor mostra que a argila não estava mais totalmente saturada como inicialmente,
quando foi preparada. Esta perda de umidade ocorreu devido a baixa umidade do ar, bem
como a forte ação do sol sobre as caixas.

58
Figura 4.12 - Piezômetros para medida do acréscimo de poropressão na massa de solo.

4.2.6. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA DO SOLO

A resistência não drenada da argila foi determinada por meio do ensaio de Palheta de
campo adaptado (Figura 4.13). Este ensaio consiste de uma palheta de seção retangular de 65
mm de diâmetro e 130 mm de altura, inserida no solo, e submetida a um torque capaz de
cisalhar este solo por rotação. O ensaio adaptado seguiu a Norma MB-3122 (Ensaio de
palheta in situ), onde o equipamento de unidade de torque e medição foi o torquimetro, o qual
imprimiu uma rotação às hastes de (6 0,6)°/min. Isto foi feito nas duas caixas apenas antes do
primeiro ensaio iniciar. Não justificava fazer este ensaio de palheta no término do ensaio, pois
o processo de eletro-osmose não foi eficiente devido a problemas que serão expostos no
capítulo posterior.

Figura 4.13 - Equipamento adaptado para o ensaio de palheta.

59
4.2.7. DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO

A fonte de 12 V e 40 A foi ligada no dia 13 de agosto de 2004, e o desenvolvimento


da poropressão e recalques foram acompanhados por 14 dias, medidos a cada 48 horas. O
ensaio cessou quando se percebeu que a corrente não estava praticamente passando pela
massa de solo argiloso uma vez que, aproximadamente, apenas 2 mA de corrente percorria
este solo.

4.3. ENSAIOS EM LABORATÓRIO

Ensaios em modelo de escala reduzida foram feitos no mês de setembro para


desvendar alguns problemas surgidos no primeiro ensaio de escala intermediária realizado em
campo, e assim, dar continuidade ao estudo.

4.3.1. DESCRIÇÃO DO ENSAIO

A baixa umidade do ar e o forte calor gerado sobre as caixas em campo foram fatores
que provocaram a rápida evaporação da água do solo. Por este motivo, resolveu-se modificar
o procedimento para a saturação do solo em laboratório, e se eficiente, posteriormente ser
aplicado a um novo ensaio em campo.
A mesma argila utilizada no ensaio anterior foi homogeneizada com água tratada em
uma bandeja metálica até atingir uma consistência mole, logo em seguida foi inserido em um
recipiente metálico e acrílico de formato retangular com as seguintes dimensões: 0,25 m x 0,8
m x 0,3 m (larg. x comp. x prof.). Entretanto, este recipiente também continha água tratada
em seu interior para o solo ser mergulhado e outra vez homogeneizado. O procedimento
adotado garante a saturação total da argila se corretamente executado. Uma amostra do solo
foi retirada comprovando que a umidade do solo estava acima do seu limite de liquidez (WL),
ou seja, o solo estava saturado.
Visto que eletro-osmose é o processo pelo qual a água livre move-se do ânodo ao
cátodo sob aplicação de uma corrente direta, instalaram-se dois eletrodos (haste de
aterramento) na massa de solo saturado com 55 cm de distância entre eles. Esta distância é a
mesma entre os eletrodos do ensaio em campo. Estes eletrodos também foram conectados a
uma fonte a qual gerava para um eletrodo carga positiva (fio azul) e, para o outro, carga
negativa (fio preto) como mostra a Figura 4.14.

60
Figura 4.14 - Ensaio em Laboratório feito em caixa de escala reduzida.

A Tabela 4.1 mostra a capacidade máxima de diferença de potencial (tensão) e de


corrente nas fontes utilizadas, bem como os resultados obtidos através da massa de solo
medidos por um multímetro digital.

Tabela 4.1 - Resultados obtidos na massa de solo com diferentes fontes.


Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 14,25 V 8 mA
35 V e 5 A 34,50 V 20 mA

Lembra-se que a primeira fonte da tabela acima é fixa e a segunda regulável e


estabilizada. Assim, justifica-se que a tensão medida é maior que a tensão máxima descrita na
primeira fonte da Tabela 4.1, pois como esta fonte fixa é fabricada para som automotivo,
soma-se à mesma um capacitor para garantir a eliminação de ruídos. Esta adição do capacitor
aumenta a tensão total da fonte.
Encontrando-se resultados baixos para a finalidade do ensaio, na ordem de
miliAmperes, com valores na mesma escala do ensaio em campo (2 mA), resolveu-se
modificar o recipiente que o solo estava contido. Isto foi feito para avaliar se este recipiente
metálico estava interferindo na passagem de corrente através do solo, com uma eventual fuga
de corrente. Assim, argila foi novamente homogeneizada com o mesmo procedimento do

61
recipiente anterior, mas, desta vez, inserida e homogeneizada em um recipiente de material
plástico também de formato retangular com as dimensões: 0,35 m x 0,7 m x 0,35 m (larg. x
comp. x prof.). As mesmas fontes da Tabela 4.1 foram utilizadas, obtendo resultados bem
próximos aos valores encontrados anteriormente. Assim, eliminou-se a possibilidade do
material metálico ter interferido no resultado de corrente obtido do ensaio realizado na caixa
de escala intermediária e em menor escala no laboratório.
Desta forma, pensou-se em aumentar a condutividade da argila adicionando sal
sintético a água destilada para simular a água do mar, reproduzindo argila mole marinha. Este
sal sintético é utilizado em aquários de água salgada. Então, novos ensaios foram feitos com
os mesmos procedimentos de saturação, exceto que em vez de usar água tratada, o solo foi
homogeneizado com água e sal sintético, em uma concentração de 33 g/L de sal na água. As
mesmas fontes foram usadas para obter uma comparação. Os resultados estão contidos na
Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal sintético.
Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 14,85 V 2,65 A
35 V e 5 A 35,0 V Sem leitura

Comparando os resultados das Tabelas 4.1 e 4.2, nota-se que o sal sintético aumenta
aproximadamente 1000 vezes a corrente que atravessa o solo. Assim, este deve ser aplicado
ao ensaio em campo para realizar a eletro-osmose de forma eficiente. Na segunda fonte não
houve leitura de corrente por que a mesma ultrapassou o limite que esta fonte suporta.
Considerando que o sal de cozinha custa 20 vezes menos que o sal sintético, resolveu-se fazer
o mesmo teste com este sal de menor custo (Tabela 4.3).

Tabela 4.3 - Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal de cozinha.
Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 14,15 V 2,52 A
35 V e 5 A 34,50 V Sem leitura

62
Os valores com sal de cozinha estão próximos aos valores obtidos no ensaio com sal
sintético da Tabela 4.2. Desta forma, por ser um sal de custo bem mais baixo, resolveu-se
aplicar este produto no ensaio seguinte realizado na caixa localizada no campo, pois, o
volume necessário de argila mole (4,875 m3) requer uma grande quantidade de sal para
simular argila mole marinha.
Acar et al. (1994) e Gray & Mitchell (1967) afirmam que a condutividade do solo
muda com a quantidade de água, capacidade de troca catiônica e o conteúdo eletrolítico livre
no solo, como também está relacionado à química dominante durante a eletro-osmose. Desse
modo, ao inserir sal ao solo do ensaio, o conteúdo eletrolítico foi modificado. Assim,
provavelmente, o sal era o item que faltava para que o processo de eletro-osmose tornasse
eficiente e ajudar na consolidação de argilas moles.
Tentando-se melhorar a eficiência do processo, resolveu-se trocar o eletrodo barra de
aterramento por cordoalha de cobre para proceder ao mesmo ensaio. Os resultados obtidos
encontram-se na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Resultados obtidos através de eletrodos de cobre maciço em massa de solo
saturado com sal de cozinha.
Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 15,25 V 3,05 A

Fazendo-se uma comparação das duas tabelas anteriores, mostra-se que o eletrodo de
cordoalha de cobre maciço aumentou a diferença de potencial elétrico entre estes e também a
corrente passada pelo solo mole, fazendo com que o processo de eletro-osmose tenda a ser
mais eficaz. Chega-se a conclusão que a parte de aço da barra de aterramento interfere na
voltagem, como esperado, devido a diferença da condutividade do material. Logo, decidiu-se
colocar cordoalha de cobre como material condutor pertencente ao GCE nos próximos ensaios
em campo.
As Figuras 4.15 e 4.16 mostram um ensaio sendo executado, através de uma fonte fixa
de 30 V e 20 A, em uma massa de solo saturada contendo sal de cozinha na água.

63
Figura 4.15 - Ensaio mostrando o processo de eletro-osmose.

a. b.
Figura 4.16 - Migração da água do eletrodo positivo ao negativo (a) e evidencia de eletrólise
com formação de bolhas formando o gás hidrogênio no cátodo (b).

Fez-se passar uma corrente elétrica de um eletrodo (Haste de aterramento) ao outro,


onde a água contida no solo migrou parcialmente do eletrodo positivo (ânodo) para o negativo
(cátodo). O movimento da água é devido ao fato da superfície das partículas do solo argiloso
carregarem carga negativa como já explicado no capítulo de revisão. Com a aplicação de
tensão, eletrolise da água ocorre gerando bolhas de ar no cátodo formado pela saída do gás

64
hidrogênio. As reações citadas em Acar et al. (1994) mostram este processo de eletrólise da
água com a Reação 2.1 ocorrendo no ânodo e a Reação 2.2 ocorrendo no cátodo.

2H2O – 4e-  O2 + 4H+ Reação (2.1)

4H2O + 4e-  2H2 + 4OH Reação (2.2)

Neste teste, foi obtida uma diferença de voltagem de 27 V e a corrente passada pela
massa de solo foi de 5,2 A. A tensão encontrada foi menor que a máxima voltagem gerada
pela fonte. Provavelmente essa queda de tensão ocorreu, por causa do processo de corrosão na
parte de cobre e aço do eletrodo, como pode ser visto na Figura 4.16(b).
Ao término do último teste dessa bateria inicial, retirou-se uma pequena amostra de
solo do centro do recipiente e verificou-se a umidade de 37 %, apesar de haver-se abastecido
com água durante todos os dias. Isto mostra que a umidade do ar deve ter interferido no
processo, pois, a corrente era aplicada apenas para a realização das leituras de voltagem e
amperagem. Assim, se em um ambiente de laboratório observou-se um decréscimo de cerca
de 18% de umidade, pode-se justificar a queda de umidade no primeiro ensaio em campo,
pois, além da umidade baixa do ar, o sol também influenciou com o aumento de temperatura
na parte interna das caixas.
Portanto, os testes executados no laboratório serviram para modificar alguns
procedimentos e entender por que o processo eletro-osmótico não ocorreu no primeiro ensaio.
Neste ensaio realizado em laboratório, utilizou-se um circuito elétrico básico que para
uma maior simplificação força-se obedecer a Lei de Ohm, a qual indica que a tensão é
diretamente proporcional a corrente, e a constante formada aparece como uma dificuldade à
passagem da corrente elétrica. A Equação 4.2 mostra a formulação da Lei de Ohm e a Figura
4.17 ilustra o circuito neste ensaio de laboratório.

V = R.i Equação (4.2)

Onde:
V: diferença de potencial elétrico (V);
R: resistência elétrica (ohm);
i: corrente elétrica (A).

65
V
+ -
i

Figura 4.17 - Circuito elétrico simples.

Entretanto, a resistência elétrica do material (resistor) não depende da diferença de


potencial aplicada ao mesmo nem da corrente que o percorre, ela depende basicamente do tipo
de material condutor. Neste ensaio, o material condutor é o solo o qual não é um simples
resistor, pois nele ocorre, além do efeito térmico, outros efeitos, como o químico que fazem
variar a resistência do material, além do mesmo não ser um material homogêneo. Destaca-se
que a resistência elétrica de um resistor, depende principalmente do material que o constitui, e
também de suas dimensões. Desta forma, as dimensões do material no ensaio em campo é
maior do que no ensaio de laboratório tornando o circuito elétrico em campo mais complexo
por ter maior volume do material. No entanto, observa-se que à distância entre os eletrodos
são as mesmas do laboratório, mostrando que o circuito complexo poderá ser simplificado se
transformado em vários circuitos simples. Assim, neste circuito em campo existem vários
resistores aproximados aos resistores do circuito simples. Neste caso, todos estão em paralelo
porque são submetidos à mesma diferença de potencial elétrico. A representação do circuito
do ensaio realizado em campo encontra-se na Figura 4.18.

66
Legenda:
Ânodo Cátodo Resistor

R1 R2

- R3 R4
+

Figura 4.18 - Circuito elétrico complexo no ensaio realizado em campo.

Conhecendo os resultados da Tabela 4.3 obtidos no ensaio de laboratório com um


circuito simples, observa-se que 2,52 A atravessou a massa de solo com uma diferença de
potencial elétrico de 14,15 V. Assim, resolveu-se trabalhar no circuito em campo com uma
fonte com o dobro da voltagem - 30 V. No circuito simples esta fonte geraria uma corrente de
aproximadamente 5 A se considerar a Lei de Ohm. Entretanto, neste circuito da Figura 4.18, a
corrente atravessa o solo até um determinado cátodo por quatro lados diferentes (R1, R2, R3 e
R4). Por este motivo, projetou-se uma fonte com corrente máxima de 20 A para ser utilizada
no próximo ensaio a ser realizado em campo.

4.4. PREPARAÇÃO DA ÁREA PARA NOVO ENSAIO

Em meados de outubro de 2004, resolveu-se retirar todo o material existente nas


caixas (argila e areia) para uma nova tentativa de ensaio. Duas semanas foi o tempo gasto para
a retirada do material, com uma nova limpeza das caixas.
No restante do mês, trabalhou-se com a instalação de uma cobertura de lona para
proteger as caixas da incidência direta do calor, evitando aquecimento do metal e,

67
conseqüentemente, a evaporação da água contida no solo, como também das chuvas
fortemente predominantes nos meses de novembro a fevereiro. Devido ao peso e empuxo do
solo sobre as caixas no primeiro ensaio, uma manutenção foi feita para total vedação,
evitando a passagem de água para os drenos inutilizados e por fendas surgidas nas portas das
mesmas. Testes foram realizados para certificar-se que a água não estava passando por estas
vias descritas.
Durante o ensaio anterior, em campo, corpos de provas de concreto serviram de apoio
embaixo das caixas, pois as mesmas estavam fletindo devido ao grande peso da argila mole e
sobrecarga. Um macaco hidráulico foi necessário para colocar apoios de cimento sob as
caixas. Este procedimento de colocação dos apoios foi também feito no segundo ensaio em
campo, antes de colocar o peso do material nas caixas, deixando o conjunto previamente
estabilizado.

4.5. SEGUNDO ENSAIO NAS CAIXAS DE ESCALA INTERMEDIARIA

A partir dos ensinamentos obtidos na simulação em laboratório, resolveu-se partir para


um novo ensaio em novembro para tentar atingir os objetivos inicialmente propostos.

4.5.1. PREPARAÇÃO DO SOLO MOLE

Reutilizou-se o mesmo material disponível em campo do primeiro ensaio, pois a


caracterização física e química do solo argiloso já havia sido feita. Entretanto, alguns
cuidados foram tomados para uma nova preparação do solo no mês de novembro. Mês que
marca o início da estação chuvosa no Distrito Federal, sendo favorável, pois a umidade
relativa do ar começa a crescer.
Modificou-se a maneira de saturação da argila para garantir que a umidade sempre
estivesse acima do limite de liquidez (WL). O solo foi colocado em um reservatório inferior de
500 litros, juntamente com água durante 24 horas, para começar uma pré-homogeneização.
Logo em seguida, jogou-se o mesmo solo sobre uma placa de 1,5 m x 3,0 m para uma maior
homogeneização com água, feita manualmente com enxada e pá. A mistura foi colocada com
balde na caixa 1 já contendo cerca de 15 cm de água, deixando o solo imerso e comprovando
a saturação do mesmo com uma nova homogeneização dentro da caixa. Desta forma, agilizou-
se a maneira de colocar argila saturada na altura de 65 cm, levando-se aproximadamente 2

68
semanas para garantir a saturação da mesma, ou seja, esta maneira durou uma semana a
menos comparada com o primeiro ensaio.
O mesmo procedimento para saturação foi feito para a caixa 2 (com EO),
acrescentando-se sal de cozinha a água tratada. Isso foi feito, pois resultados obtidos no
ensaio em escala reduzida mostraram que o sal contido na água do solo tornaria a
consolidação eletro-osmótica da argila viável, pois aumentaria a condutividade da mesma.
Esta água salgada foi preparada com a mesma concentração de sal da água do mar: 33g/L.
Foram gastos 100 kg de sal para preparar todo o volume de solo mole da caixa 2. Água
salgada não foi utilizada na caixa 1, por não se ter necessidade da presença de sal.
A maneira de colocar a argila dentro das caixas foi feita também por etapas e
alternadamente, como na primeira tentativa.
Neste ensaio, a sobrecarga estava com uma umidade acima de 20 %, devido as fortes
chuvas do mês de novembro. Esta areia foi colocada e mantida aproximadamente com a
mesma umidade sobre a argila. A sobrecarga também foi colocada por etapas até atingir as
bordas das caixas, dando uma altura final de 35 cm. Manteve-se no sistema uma manta de
geotêxtil para separar a sobrecarga de areia da massa de argila mole.

4.5.2 INSTALAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS

Na caixa 1, os drenos verticais (DVPs) foram instalados com a ajuda de duas hastes
em cada lateral. O comprimento do dreno vertical e sua instalação foram iguais ao do
primeiro ensaio. O número de DVPs instalados foram nove e os seus espaçamentos estão
ilustrados na Figura 4.19.

69
Figura 4.19 - Espaçamento dos DVPs na caixa 1.

Na caixa 2, uma diferença de potencial elétrico ou uma corrente elétrica é aplicada de


um lado a outro em uma massa de solo, por eletrodos situados em um arranjo de fluxo aberto.
O arranjo de fluxo aberto é o caso onde eletrodos são fabricados ou colocados em uma
configuração que permita ingresso e saída de água. No arranjo de fluxo fechado, o eletrodo ou
sua configuração não permite o fluxo de líquidos. Este fechamento total no arranjo fechado é
irreal para o processo feito em campo.
Como condutor do Geocomposto GCE foi utilizada inicialmente uma cordoalha de
cobre com 10 mm2 de área e 1,20 m de comprimento. Para evitar o contato direto da
cordoalha com a chapa metálica e assim provocar um curto circuito, colocou-se na ponta da
mesma um conector de plástico como isolante elétrico. Entretanto, devido à corrosão
eletroquímica, o cobre maciço da cordoalha foi substituído pelas hastes de aterramento que
tem como material aço banhado com cobre. Esta substituição emergencial será explicada
posteriormente.

70
Utilizaram-se as hastes de aterramento como suporte para inserir o GCE no solo,
sendo este fechado com geotêxtil em sua extremidade para que a argila não penetrasse neste
geocomposto no momento de ser inserido no solo. Depois que a sobrecarga foi colocada, as
hastes foram retiradas, restando o “geodreno + cordoalha de cobre” (GCE) em posição
vertical. Neste ensaio, o número de GCE instalados foram dezoito, por pretender-se aplicar a
técnica da eletro-osmose reversa. A eletro-osmose reversa acontece mudando a polaridade dos
eletrodos, ou seja, quem estava conectado ao pólo positivo passa a ser conectado ao pólo
negativo e vice-versa. Isto poderá promover uma quantidade de água mais uniforme e uma
melhor distribuição de resistência ao cisalhamento devido a um aumento mais uniforme na
tensão efetiva.
Para poder viabilizar uma real comparação entre os dois processos, pensou-se em
instalar seis GCE tornando-se geossintéticos ativos (carga negativa) por 48 horas e doze
inativos neste mesmo período. Quando fosse aplicada a eletro-osmose reversa, os doze
geossintéticos passariam a ser ativos também em 48 horas. Sendo que o resultado final das 96
horas teria uma média de 9 geossintéticos ativos, podendo comparar com os 9 geodrenos da
caixa 1 nas mesmas 96 horas. Este procedimento aconteceria até a estabilização do recalque e
da poropressão. No entanto, o procedimento de inversão não foi possível devido a problemas
que serão relatados. Com relação aos espaçamentos entre os GCEs, são os mesmos da
configuração do primeiro ensaio situado na Figura 4.8.

4.5.3. CIRCUITO ELÉTRICO

Utilizou-se o mesmo circuito elétrico fechado e em paralelo entre os GCE do primeiro


ensaio em campo (Figura 4.18), onde 6 eram eletrodos negativos (GCE cátodo) e 12 eletrodos
positivos (GCE ânodo), até aplicação de eletro-osmose reversa. Estes eletrodos foram
interligados prendendo os fios com fita isolante (Figura 4.20). Conectaram-se inicialmente a
uma fonte com 30 V de diferença de potencial e uma capacidade de corrente máxima de 20 A,
a qual foi pré-dimensionada através dos resultados do ensaio de laboratório. Esta fonte foi
ligada no dia 29 de novembro de 2004. Depois de 30 minutos de ação, a mesma queimou
sendo substituída provisoriamente pela fonte de até 30 V e 10 A estabilizada e com regulagem
de voltagem e amperagem. Percebendo-se que a mesma também iria queimar se passasse 24
horas ligada devido ao grande aquecimento, pois como esta é estabilizada, a tensão chegava a
fixar em 3 V para não ultrapassar a corrente máxima de 10 A. Este controle forçou a fonte
deixando-a super aquecida. Resolveu-se trocar por uma fonte de 12 V e 40 A cedida pela

71
fábrica TDM, a qual tinha uma capacidade de corrente maior. No entanto, esta fonte também
esquentou, indicando que a corrente do meio estava ultrapassando o limite da mesma. Para
não finalizar o ensaio, decidiu-se ligar a fonte por uma hora e desligá-la até o esfriamento dos
componentes para ligá-la novamente, pois era a última fonte disponível. Esta ação continuou
por mais 3 dias até o instante que esta fonte também queimou no dia 18 de dezembro de 2004.

Figura 4.20 - Ligação dos fios ao eletrodo de cordoalha de cobre.

4.5.4. MEDIDAS DE RECALQUES

As medidas de recalques neste ensaio foram feitas também na superfície da camada de


argila. Para tanto, a placa de recalque de madeira foi substituída por uma placa metálica,
devido ao estrago causado no primeiro ensaio com ação da água. Esta nova placa têm 30 cm
de lado e 60 cm de comprimento da haste fixada no meio da mesma (Figura 4.21). As placas
de recalque foram colocadas na parte central da superfície do solo mole sobre a manta de
geotêxtil em cada caixa.
O ponto de referência para medição dos recalques passou a ser uma viga metálica
soldada no meio das caixas na parte superior (Figura 4.22). Houve esta troca, pois se houvesse
um recalque em uma das caixas a viga iria acompanhar, o que não iria acontecer com o poste

72
de iluminação, referência do primeiro ensaio. A cota inicial foi medida da ponta da haste da
placa até a viga metálica no primeiro dia de tratamento. Todos os dias esta medida era feita e
os valores comparados com as cotas iniciais, de modo que a diferença entre as medidas
corresponde aos recalques ocorridos.

Figura 4.21 - Placa de recalque metálica.

73
Viga Metálica

Figura 4.22 - Referência fixa para medida de recalque.

4.5.5. MEDIDAS DE POROPRESSÃO

A instrumentação para medida de poropressão foi a mesma descrita no primeiro


ensaio, constituindo-se de piezômetro de Casagrande, onde sua instalação foi executada como
na primeira tentativa.
Da mesma forma que o primeiro ensaio, foram instalados três piezômetros em cada
caixa experimental, mas com posicionamentos diferentes. A modificação destes
posicionamentos na caixa 2 (Figura 4.23) foi feita com intuito de medir a poropressão entre os
eletrodos de cargas diferente, próximo a um cátodo e a um ânodo, para que posteriormente
pudesse analisar o desenvolvimento da poropressão em determinados pontos. Mediu-se o
nível de água nos piezômetros antes de colocar a sobrecarga (medidas iniciais) e após a
mesma ser depositada sobre a argila mole, tendo por diferença o acréscimo de poropressão
inicial existente na massa de solo mole. A cada 24 horas, medidas nos piezômetros foram
realizadas para uma comparação com o acréscimo de poropressão das medidas iniciais.

74
Figura 4.23 - Piezômetros instalados em locais estratégicos na caixa com EO.

4.5.6. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA DO SOLO

Para determinação da resistência não drenada da argila continuou-se utilizando o


procedimento de leitura do ensaio de Palheta modificado. Estas medidas foram feitas antes e
após o ensaio nas duas caixas, para conhecer o ganho de resistência que cada processo dispõe.

75
CAPÍTULO 5

5 – RESULTADOS E COMENTÁRIOS

Nesta seção serão expostos os resultados obtidos ao longo da pesquisa em forma de


gráficos e tabelas, além de comentários para explicações dos dados gerados nos ensaios como
também dos processos químicos e físicos observados no decorrer da pesquisa.

5.1. INTRODUÇÃO

Resolveu-se aplicar eletro-osmose em um ensaio de escala intermediária com a


finalidade de conhecer como esta técnica se comporta para melhoria das propriedades do solo
em argila mole. A experiência consistiu no acréscimo de tensão efetiva de aproximadamente 7
kPa na superfície do solo mole. Foram feitos ensaios simultâneos, utilizando-se a técnica
convencional de drenos verticais pré-fabricados com a presença de sobrecarga e em outra
situação incorporando-se a eletro-osmose. Nestes ensaios, instrumentações foram instaladas
para revelar o desenvolvimento da poropressão, recalques da argila e a resistência não
drenada adquirida na argila.
Antes da apresentação dos resultados, cabe ressaltar que esta técnica da adição de
eletrodos a drenos verticais pré-fabricados para formar um geocomposto condutor elétrico
com o propósito de aplicar em uma massa de solo de permeabilidade baixa, melhorando as
propriedades do mesmo, é algo recente e interessante para a área da engenharia geotécnica.
Desta forma, por esta associação ser nova, pouca bibliografia está disponível no momento, o
que muitas vezes demanda várias tentativas para se atingir o objetivo principal: a aceleração
da consolidação dos solos argilosos. Levando-se em consideração que esta pesquisa contou
com poucos recursos, muitas adaptações foram feitas com materiais disponíveis na UnB.

5.2. RESULTADOS DO PRIMEIRO ENSAIO

Este ensaio foi realizado nas caixas de escala intermediária situadas em campo, no
período de junho a agosto de 2004. Piezômetros foram instalados para medida de acréscimo
de poropressão devido a presença da sobrecarga; placas de recalque mediam o deslocamento

76
vertical provocado pelo processo de adensamento da argila saturada e a resistência não
drenada da argila foi medida através do ensaio de palheta.

5.2.1. MEDIDAS DOS PIEZOMETROS

Como descrito no capítulo anterior, 3 piezômetros foram instalados e distribuídos em


cada caixa experimental contendo solo argiloso previamente saturado. Em uma caixa aplicou-
se o processo de eletro-osmose (caixa 2) para tratamento deste solo argiloso e na outra
aplicou-se a técnica convencional com DVP (caixa 1). A Figura 5.1, a seguir, mostra os
piezômetros instalados com os devidos espaçamentos e identificações. Foi definida esta
distribuição para uma maior exatidão dos resultados na área em estudo.

Caixa 1 Caixa 2(EO)

0,5 m 0,5 m
Piez 1 Piez 1

1,0 m 1,0 m

3,0 m
Piez 2 Piez 2 3,0 m

1,0 m 1,0 m

1,25 m 1,25 m
Piez 3 Piez 3
0,5 m 0,5 m

2,5 m 2,5 m

Figura 5.1 - Identificações dos piezômetros instalados.

Os gráficos contidos nas Figuras 5.2 e 5.3 mostram o desenvolvimento da poropressão


em 14 dias de execução do ensaio utilizando os dois processos de tratamento
simultaneamente. O gráfico da Figura 5.4 compara os resultados destes dois processos
citados, onde apenas são analisados os resultados do piezômetro 1.

77
Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3

8,2
8 8,1

7,1
7 7
6,9
6,2
6 6 6,1
Poropressão(kPa)

5,1
5 5
4,7
4,3
4 3,9
4,1 4,2 3,8
3,8 3,2
3 3,1

2,8

0
12-ago 14-ago 16-ago 18-ago 20-ago 22-ago 24-ago 26-ago 28-ago
Dias

Figura 5.2 Desenvolvimento da poropressão no fundo da caixa 1.

Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3

8,8

8,2
8
8

7,2
7 6,8
6,7
6,4

5,6 5,6
5,5
Poropressão(kPa)

5
4,8

4,3
4,1 4,1
4
3,7
3,4
3,2 3,2

2,8
2,4 2,5 2,5

2
1,9 1,8
1,6
1,3

0,8

0
12-ago 14-ago 16-ago 18-ago 20-ago 22-ago 24-ago 26-ago 28-ago
Dias

Figura 5.3 - Desenvolvimento da poropressão no fundo da caixa 2.

78
Piezometro 1 - Caixa 1 Piezometro 1 - Caixa 2(EO)
8,8

8,2
8

7,2
7
6,7
6,4
6,1

5,6 5,6
Poropressão(kPa)

5,1
4,8

4,3 4,3
4
3,7 3,8

3,2 3,1
2,8
2,4
2
1,6

0,8

0
12-ago 14-ago 16-ago 18-ago 20-ago 22-ago 24-ago 26-ago 28-ago
Dias

Figura 5.4 - Comparação da redução da poropressão entre os dois processos.

Analisando a Figura 5.2, que corresponde o desenvolvimento da poropressão no ponto


inferior da camada de argila situado na caixa sem eletro-osmose, observou-se que os três
piezômetros obtiveram uma tendência ordenada, o que indicou que os piezômetros estavam
instalados de forma correta; o mesmo não aconteceu na Figura 5.3 (caixa com EO) que o
piezômetro 3 se distância dos outros dois que, por sua vez, mantiveram a proporcionalidade.
Isto ocorreu, provavelmente, devido a algum impedimento parcial da passagem de água,
gerado no momento da instalação. O geotêxtil que estava ao redor dos furos da extremidade
do tubo de ½” soltou-se, fazendo com que o mesmo colmatasse parcialmente, detalhe
evidenciado quando a caixa foi esvaziada após término do ensaio. Desta forma, o piezômetro
3 apresentou um comportamento diferenciado dos outros.
Avaliando-se os dois primeiros gráficos e observando de uma forma mais clara no
gráfico da Figura 5.4, a qual apresenta uma comparação dos dois processos, percebe-se que a
queda de poropressão ocorreu de uma forma mais acentuada na caixa 2 que utilizou eletro-
osmose para aceleração da consolidação. No primeiro dia do ensaio (13 de agosto) a
poropressão máxima no ponto inferior da camada de argila foi de 8,2 kPa após a sobrecarga

79
ser colocada. No último dia do ensaio (27 de agosto) resultou uma diferença de 1,1 kPa entre
os dois processos.
Deve-se lembrar, que este primeiro ensaio foi realizado nos meses de baixa umidade
relativa do ar e alta temperatura ambiente. Com a falta da cobertura de lona, as caixas
absorveram os raios solares fortemente presentes, principalmente, no momento da preparação
da argila mole. No entanto, a caixa 1 estava na maior parte do dia embaixo de uma sombra
formada por uma árvore. A caixa 2, estava embaixo desta mesma sombra apenas uma parte do
turno da manhã. Desta forma, a segunda caixa absorveu a maior parte do calor existente,
interferindo de maneira direta nos resultados através de uma maior eliminação de água.
Assim, entende-se que esta diferença de queda de poropressão ilustrado na Figura 5.4, não foi
causada apenas pela eficiência do processo, porque foi medida cerca de 2 mA de corrente para
acelerar o fluxo na caixa 2, valor considerado baixo, mas também causada pela presença do
calor e baixa umidade do ar durante a preparação e desenvolvimento do ensaio.

5.2.2. MEDIDAS DE RECALQUE

Duas placas de recalque de madeira foram colocadas na parte central das caixas, com
o objetivo de acompanharem os deslocamentos verticais da massa de solo argiloso. Todo o
procedimento de instalação e leitura está descrito no capítulo 4. A Figura 5.5 mostra o
desenvolvimento do recalque durante todo o ensaio.

80
Caixa 1 Caixa 2 (EO)

0 0
13/ago 15/ago 17/ago 19/ago 21/ago 23/ago 25/ago 27/ago 29/ago
-2

-4

-6

-8
Recalque(mm)

-10

-12
-13 -13
-14 -14
-15
-16 -16
-17
-18

-20 -20

-22
Dias

Figura 5.5 - Medidas de recalque realizadas nas duas caixas.

Acompanhando o gráfico acima, observa-se que há um recalque imediato de 13 mm


nas duas caixas. Isto deve ter acontecido por que a baixa umidade do ar e o forte calor
presentes no momento da preparação do solo não deixaram o mesmo permanecer saturado.
Assim, nos primeiros 3 dias, um grande deslocamento vertical ocorreu. Após este tempo,
houve uma estabilização de deslocamento na caixa 1 com um gradual aumento próximo ao
término do ensaio. Na caixa 2, o aumento surgiu de forma mais acentuada, resultando em uma
diferença de 4 mm no fim do ensaio.
Até o dia 16 de agosto houve um deslocamento vertical (13 mm), possivelmente,
devido à arrumação das partículas do solo argiloso imposta pelo peso da sobrecarga e a não
permanência da saturação da argila. A partir desta data, a consolidação da argila mole nas
duas caixas ocorreu por causa da saída de água da mesma. É possível que esta consolidação
não tenha ocorrido apenas por conseqüência dos processos estudados, como também, devido à
evaporação d´água ocorrida através da alta temperatura predominante nas caixas.
Principalmente na caixa 2, a qual estava exposta ao sol mais que a caixa 1, podendo ser uma

81
das justificativas da diferença de deslocamento vertical de 25 % no fim do ensaio como
apresentada na Figura 5.5.

5.2.3. COMENTÁRIOS FINAIS

Ao analisar os gráficos de medida de poropressão e recalque, identificou-se que o


desenvolvimento da poropressão estava decrescendo rapidamente e que uma diferença
pequena entre os recalques ocorreu. Assim, resolveu-se medir a corrente e diferença de
potencial elétrico gerado entre os eletrodos com um multímetro digital. Este indicou uma
diferença de voltagem entre os eletrodos de 14,20 V, e apenas uma corrente de 2 mA
atravessava o solo. Praticamente nula a passagem de corrente entre os eletrodos, mostrando
uma alta resistência elétrica e conseqüentemente alta resistividade do solo. Estes valores
insinuam que o processo eletro osmótico ocorreu com baixa eficiência e que a perda de água
por evaporação pode ter ocorrido, interferindo nos resultados. Por estes motivos expostos, o
ensaio foi cancelado e finalizado no dia 27 de agosto.
Deste modo, um ensaio de laboratório foi proposto, para tentar explicar por que a
passagem de corrente foi tão baixa, e o que poderia ser feito para realizar a consolidação da
argila mole utilizando o processo de cinética de elétrons.

5.3. RESULTADOS DO SEGUNDO ENSAIO

Após os resultados obtidos dos testes realizados em laboratório em uma caixa de


escala reduzida, dúvidas foram eliminadas e explicações surgiram, podendo dar-se
continuidade ao processo de eletro-osmose em um novo ensaio em campo.
Identificou-se em laboratório que ao diluir sal em água, homogeneizando a solução à
massa de solo argiloso, aumentar-se-ia a condutividade da argila. Assim, com estes novos
valores de condutividade, a argila utilizada no ensaio tornou-se um bom material para que a
aplicação da eletro-osmose passasse a ser eficiente.
Com os resultados dos testes de laboratório, através do circuito elétrico simples,
projetou-se uma fonte para o circuito mais complexo, situado em campo, de 30 V de diferença
de potencial entre os eletrodos e uma capacidade de corrente máxima de 20 A. Esta fonte foi
destinada para os novos ensaios em campo.
Um novo ensaio foi realizado nos meses em que a umidade relativa do ar é
considerada alta, favorecendo o ensaio e uma cobertura de lona foi instalada no local,

82
reduzindo a interferência por aquecimento das chapas metálicas. Ressalta-se, que neste
ensaio, o sal de cozinha foi adicionado apenas na caixa que utilizou o processo eletro cinético.

5.3.1. DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO

No primeiro dia de tratamento (29 de novembro de 2004), a fonte fixa com voltagem
de 30 V e 20 A foi ligada. Cerca de 5 minutos após a aplicação do potencial elétrico, uma
espuma branca começou a sair dos GCE cátodos. Esta espuma surgiu devido à reação de
eletrólise que libera gás hidrogênio no meio, carregando com este gás, a água. A Reação 4.2
mostra o processo de eletrólise.

4H2O(l) + 4e-  2H2(g) + 4OH- Reação (4.2)

Esta reação também aconteceu em laboratório. Porém em campo, com a ação da


sobrecarga sobre a argila saturada e com o geossintético condutor elétrico presente no ensaio,
forçou a água a encontrar um caminho para ser retirada da argila. As Figuras 5.6 e 5.7
mostram este procedimento de expulsão de água através da ação do conjunto sobrecarga e
drenos geossintéticos condutores elétricos.

Figura 5.6 - Reação de eletrólise da água.

83
Figura 5.7 - Expulsão da água contida na argila utilizando EO.

As figuras acima mostram que o processo de eletro-osmose foi iniciado e que este
realmente pode ajudar na aceleração da consolidação da argila mole com a retirada de água
através dos GCE cátodos.
Ao registrar a expulsão da água da massa de solo, aproximadamente 40 minutos após a
fonte ser ligada, mediu-se a corrente e tensão aplicada com um multímetro digital. No entanto,
nenhum valor foi identificado, mostrando que a fonte não estava fornecendo energia e
portanto tinha queimado.
Dois dias depois, foi conseguida no laboratório de engenharia elétrica da UnB uma
fonte estabilizada com regulagem de voltagem e amperagem. Porém, esta era apenas uma
fonte temporária, pois a corrente máxima suportada pela mesma era de 10 A. A Tabela 5.1
mostra os resultados de diferença de potencial elétrico (tensão) aplicada e corrente obtida com
esta fonte temporária.
Tabela 5.1 - Medidas de tensão e corrente que atravessaram o solo utilizando a fonte 30 V e
10 A.
Dia -Hora Tensão (V) Corrente (A) Resistência(ohm)
01/12 – 18:00 1,3 9,50 0,14
02/12 – 08:00 1,4 9,44 0,15
02/12 – 15:00 1,4 9,53 0,15

84
Observa-se, inicialmente, que a corrente foi mantida em 9,50 A, chegando a estar
quase em seu máximo, não aplicando para não deixar a fonte trabalhar em seu extremo. Deste
modo, a tensão medida esteve bem abaixo da capacidade da fonte. Se houvesse um aumento
manual na tensão, a corrente também iria aumentar ultrapassando o que a fonte suporta, pois
segundo a Lei de Ohm, a tensão é diretamente proporcional a corrente, como foi visto na
Equação 4.2. Através desta mesma equação, encontra-se o valor da resistência elétrica do solo
mole que foi homogeneizado com água salgada. Estes valores de resistência estão
coincidentes com a resistência inicial encontrada por um ensaio em campo de argila marítima
realizado por Chew et al. (2004).
Com o esforço da fonte de não deixar a corrente ultrapassar o valor máximo suportado
por esta, um grande aquecimento foi identificado em 21 horas de trabalho corrido, então,
resolveu-se mantê-la ligada apenas 4 horas por dia até sua substituição. Esta solução foi
mantida durante 5 dias e os resultados de tensão e corrente estão na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Medidas de tensão e corrente do solo utilizando a fonte 30 V e 10 A.


Dia -Hora Tensão (V) Corrente (A) Resistência(ohm)
03/12 – 14:00/18:00 1,5 9,50 0,16
04/12 – 14:00/18:00 1,6 9,43 0,17
05/12 – 14:00/18:00 1,6 9,52 0,17
06/12 – 14:00/18:00 1,7 9,47 0,18
07/12 – 14:00/18:00 28 1,25 22,4

O gráfico da Figura 5.8 mostra o desenvolvimento da resistência elétrica no solo até o


dia 06 de dezembro, pois a resistência do dia 07 de dezembro (Tabela 5.2) está fora da
tendência dos dias anteriores, fazendo uma distorção gráfica se incluído.

85
0,185

0,18 0,18

0,175

0,17 0,17 0,17


Resistencia (ohm)

0,165

0,16 0,16

0,155

0,15 0,15

0,145

0,14 0,14
1/12/05 2/12/05 3/12/05 4/12/05 5/12/05 6/12/05
Dias

Figura 5.8 - Desenvolvimento da resistência elétrica em 6 dias.

Deve-se salientar que durante este período com a fonte de 30 V e 10 A não houve
expulsão visual da água juntamente com gás pelos geossintéticos condutores elétricos.
Acredita-se que a corrente obtida com esta fonte não foi suficiente para provocar as reações
necessárias.
No dia 04 de dezembro observou-se o surgimento de um material sólido verde apenas
ao redor dos eletrodos dos GCEs ânodos, surgindo com maior intensidade no decorrer dos
dias. Ao analisar o resultado do dia 07 de dezembro, o qual não está contido no gráfico por ser
totalmente diferente da tendência dos resultados, pensou-se em avaliar os eletrodos. Ao
examiná-los, descobriu-se que todos os materiais condutores presentes no GCEs ânodos
(cordoalha de cobre) estavam quebrados cerca de 10 cm das suas extremidades superiores por
causa da corrosão eletroquímica existente. Por este motivo, a corrente passada pelo solo ficou
muito baixa, permitindo à fonte condições de aumentar a tensão para 28 V por esta ser
automatizada, explicando o salto dado pela resistência na Tabela 5.2.
Para entender como a corrosão eletroquímica aconteceu, faz-se uma analogia do
processo de eletro-osmose com o processo de uma pilha eletrolítica (Figura 5.9). Na pilha
eletrolítica também ocorre uma reação redox (oxidação-redução) não-espontânea pela
introdução de energia elétrica no sistema. O solo saturado seria representado pelo líquido

86
existente na pilha, e os eletrodos de cobre no ânodo e cátodo seriam os eletrodos A e C da
pilha eletrolítica.

Figura 5.9 - Diagrama esquemático de uma pilha eletrolítica.

Na figura acima, a bateria é uma fonte de corrente elétrica contínua, assim como a
fonte neste processo de eletro-osmose. Dois fios saem dos terminais da fonte e entram na
célula eletrolítica. Ela consiste em dois eletrodos mergulhados em um líquido que contém os
íons M+ e X-.
A bateria atua como uma bomba de elétrons, empurrando elétrons para C e
removendo-os de A. Para manter neutralidade elétrica, algum tipo de processo no interior da
pilha deve consumir elétrons em C e liberá-los em A. Este processo é uma reação Oxidação-
redução. No eletrodo C, denominado cátodo, íon ou uma molécula sofre redução ao aceitar
elétrons. No ânodo, A, são produzidos elétrons pela oxidação de um íon ou molécula. A
reação global na pilha é a soma das duas meias reações nos eletrodos. Enquanto está
ocorrendo reação, há um fluxo constante de íons nos dois eletrodos. Íons positivos (cátions)
caminham para o cátodo; íons negativos (ânions) caminham para o ânodo como ocorre no
processo de eletro-osmose.
Acompanhando este processo nas caixas, em virtude da presença acentuada de sais
na simulação da água do mar, o solo saturado tornou-se um eletrólito por excelência. A
velocidade da corrosão eletroquímica depende muito do líquido presente. Neste caso, existe a
presença de cloreto de sódio na água, substância extremamente forte para acelerar a corrosão
eletroquímica através da eletrólise. No ânodo, íons Cl- são oxidados a Cl2 (g), no cátodo,

87
moléculas de H2O são reduzidas a H2 (g) e a íons OH-, como mostrado no processo da pilha
eletrolítica. A Reação 5.1 mostra a decomposição e oxidação do cloreto de sódio.

NaCl  Na+ + Cl-

2 Cl- Cl2(g) + 2 e- Reação (5.1)

Com o gás cloro presente no ânodo, o qual contém um eletrodo de cobre, poderá
resultar a Reação 5.2.

Cu(s) + Cl2(g)  CuCl2(s) Reação (5.2)

Esta substância formada (cloreto de cobre) tem coloração verde, o que poderá ser o
material encontrado ao redor dos eletrodos no ensaio. Outra possibilidade é que com a
eletrólise da água, o oxigênio sai na forma de gás no ânodo, oxidando o cobre presente neste
meio e formando o hidróxido de cobre ou óxido de cobre hidratado que também são
substâncias de coloração esverdeada (Reação 5.3). Os produtos de corrosão nos processos
eletroquímicos são, em geral, resultantes da formação de compostos insolúveis entre o íon do
metal e o íon hidroxila. O produto de corrosão é portanto, na grande maioria dos casos,
hidróxido do metal corroído, ou óxido hidrato do metal. Quando o meio corrosivo contiver
outros íons poderá haver a formação de outros componentes insolúveis e o produto de
corrosão pode ser constituído de sulfetos, sulfatos, cloretos, dentre outras (ABRACO, 2000).
Nesta Reação 5.3, o cobre foi perdendo elétrons para a água salina, enquanto se forma
na região uma mistura de hidróxido de cobre ou óxidos de cobre hidratado que constitui a
corrosão.
2 Cu(s) + 2 H2O(l) + O2(g)  2 Cu(OH)2.(s) Reação (5.3)

Estas reações podem ocorrer isoladamente ou em conjunto, formando o produto


esverdeado. Assim, mostra-se que os gases dissolvidos através da eletrólise e da redução do
cloro podem acelerar os processos corrosivos. Comprovando-se que a quebra dos eletrodos na
caixa com EO é possível e real. Dos 10 cm para baixo o eletrodo de cordoalha de cobre
praticamente desintegrou e o material verde formado surgiu da corrosão do cobre que foi
acelerado pela alta densidade de corrente presente no ensaio. As Figuras 5.10, 5.11 e 5.12
mostram o material verde formado com os eletrodos quebrados. Nas duas primeiras figuras, o

88
material resultante da corrosão está azul devido a cobertura de lona que tem coloração azul,
interferindo na coloração esverdeada da fotografia.

a. b.
Figura 5.10 - Eletrodo do GCE ânodo com muco verde (a). Eletrodo partido a 10 cm de sua
extremidade(b).

Figura 5.11 - Eletrodo de cobre praticamente desintegrado.

89
Figura 5.12 - Cordoalha de cobre quebrados devido a corrosão eletroquímica.

Com os eletrodos de cordoalha de cobre quebrados e desintegrados, uma substituição


por hastes de aterramento, usadas na primeira parte, foi feita para não se perder o ensaio.
Desde a descoberta do problema e substituição dos eletrodos 3 dias se passaram.
No dia 13 de dezembro a fonte estabilizada foi substituída por uma fonte de 12 V de
diferença de potencial elétrico e 40 A de corrente. Esta fonte é fixa, ou seja, os 12 V são
aplicados imediatamente e dependendo da resistência elétrica do solo, um determinado valor
de corrente o atravessa.
Esta fonte fixa não contém medida de voltagem e amperagem em sua parte interna.
Assim, precisou-se fazer as medidas com um multímetro digital nas próprias hastes contida na
caixa com EO. Este multímetro indicou uma tensão de 11 V. No entanto, com uma resistência
elétrica baixa, obedecendo a Lei de Ohm, obtêm-se uma corrente alta, não podendo ser lida
pelos multímetros, os quais têm capacidade máxima entre 10 A a 20 A. Um artifício foi
utilizado para encontrar a corrente existente no meio usando a Equação 5.1.

P= V. i Equação (5.1)
Onde:
P é a potência (Watts)
V é a tensão aplicada ou fornecida(V)
i é a corrente (A)

90
Para simplificar o processo, uma pequena aproximação foi feita igualando a potência
fornecida ao sistema (entrada da fonte) com a potencia gerada pelo sistema (saída da fonte),
como mostra a Figura 5.13.

Potência de
Potência de Saída
Entrada (Ps=V.i)
FONTE
(Pe=V.i)

Figura 5.13 - Ilustração mostrando que a potência de entrada é igual a potência de saída.

Sabendo-se que a fonte transforma corrente alternada em corrente continua, mediu-se


com alicate amperímetro a corrente alternada antes da fonte. Conhecendo que a tensão padrão
fornecida é de 220 V, usando a Equação 5.1 pode-se encontrar a potência fornecida ao sistema
(Pe), que por sua vez, é aproximada à potência gerada pelo sistema (Ps). Usando novamente a
Equação 5.1, já com o resultado da potência de saída e com o valor da tensão de saída medido
com o multímetro, pode-se encontrar o valor da corrente que atravessa o solo, com a fonte de
12 V e 40 A. Desta forma, o valor da corrente contínua foi 56 A, ultrapassando o valor
máximo permitido pela fonte. Usando a Lei de Ohm, resulta o valor da resistência elétrica do
solo, 0,19 ohm.
A Figura 5.14 mostra detalhes após a fonte ser ligada. Com este valor de corrente, as
reações de eletrólise voltaram a acontecer, obtendo saída de água junto com gás dos eletrodos
cátodos. No entanto, como esta tensão aplicada é 3 vezes menor que a primeira fonte usada
neste ensaio, a espuma apenas foi expelida após 40 minutos de aplicação de tensão.

91
a. b.
Figura 5.14 - Liberação do gás hidrogênio do cátodo (a e b).

Como a fonte começou a ser aquecida muito rapidamente por causa do alto valor de
corrente, bem como os fios de 6 mm2 que estavam ligados do eletrodo até a fonte, devido a
corrente do meio ter ultrapassado o limite suportado por este, resolveu-se desligá-la para
evitar uma nova queima de fonte e assim tentar conseguir uma fonte com maior capacidade
elétrica.
Ao perceber que uma nova troca não seria possível pela falta de recursos para
aquisição de uma fonte com maior capacidade elétrica e preparada para suportar dias
contínuos de geração de energia, optou-se em continuar utilizando a mesma fonte ( 12 V e 40
A) para não acabar por completo o ensaio. No entanto, esta seria ligada durante uma hora e
desligada até o seu resfriamento para uma nova tomada de energia. Este procedimento durou
até a fonte não suportar o aquecimento, queimando depois de três dias de uso, no dia 18 de
dezembro.
A Tabela 5.3 mostra as medidas da diferença de potencial elétrico e corrente que
atravessou a massa de solo durante os três últimos dias de tratamento com a última fonte
disponível.

92
Tabela 5.3 - Medidas de tensão e corrente com fonte de 12 V e 40 A.
Dia - Hora Tensão (V) Corrente (A) Resistência (ohm)
16/12 – 6 hora 10,9 51,9 0,21
17/12 – 6 horas 10,8 45,1 0,24
18/12 – 3,5 horas 10,8 43,3 0,25

As Tabelas 5.1, 5.2 e 5.3 evidenciam que a medida que o tratamento é continuado, a
resistência elétrica do meio aumenta, dificultando a passagem de corrente e naturalmente
ocorrendo uma queda de corrente. Nestas tabelas, as quedas de corrente são pequenas devido
ao pouco tempo que a fonte ficou ligada. Entretanto, percebe-se que uma fonte regulável é
importante, pois a medida que a corrente cair consideravelmente, não deixando o processo
eficaz, aumenta-se a tensão, conseqüentemente a corrente, voltando a expulsar água por causa
da migração dos íons aos GCEs.
Com estes problemas relacionados à fonte, pouco tempo da eletricidade foi usado para
o processo de tratamento. Porém, mesmo com este curto tempo, as medidas das
instrumentações continuavam a serem feitas para uma comparação com o processo
convencional.

5.3.2. MEDIDAS DE POROPRESSÃO

Para medir o acréscimo de poropressão existente no ensaio foram instalados 3


piezômetros distribuídos em locais estratégicos, ou seja, o piezômetro 1 próximo a um GCE
ânodo, o piezômetro 2 situou-se entre dois GCEs de cargas diferentes e o piezômetro 3
próximo a um GCE cátodo. Esta estratégia foi para observar o comportamento da poropressão
na caixa experimental com EO. A Figura 5.15 mostra a posição dos piezômetros instalados
com as devidas identificações.

93
Caixa 1 Caixa 2(EO)

Piez 3 Piez 3

3,0 m
3,0 m
Piez 2
Piez 2
1,25 m 1,25 m
Piez 1
Piez 1

2,5 m 2,5 m

Figura 5.15 - Identificações dos piezômetros instalados.

Os gráficos contidos nas Figuras 5.16 e 5.17 mostram o desenvolvimento da


poropressão em 20 dias de execução do ensaio utilizando os dois processos de tratamento,
simultaneamente. A leitura do piezômetro foi feita antes e após a colocação da sobrecarga. A
sobrecarga foi completamente colocada no dia 28 de novembro, mas a poropressão foi apenas
lida no dia 29 de novembro, após 12 horas de sobreposta, porque o piezômetro de Casagrande
requer um prazo mínimo para registrar a leitura. Os gráficos das Figuras 5.18, 5.19 e 5.20
mostram a comparação do piezômetro 1, piezômetro 2 e piezômetro 3 entre as duas caixas,
respectivamente.

94
Caixa 1

Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3

3,15

3,00

2,85
Acréscimo de poropressão (kPa)

2,70

2,55

2,40

2,25

2,10

1,95

1,80

1,65

1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data

Figura 5.16 - Desenvolvimento do acréscimo de poropressão na superfície da argila dentro da


caixa com DVP.

Caixa 2(EO)

Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3

3,15

3,00

2,85
Acréscimo de poropressão (kPa)

2,70

2,55

2,40

2,25

2,10

1,95

1,80

1,65

1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data

Figura 5.17 - Desenvolvimento do acréscimo de poropressão na superfície da argila dentro da


caixa com GCE.

95
Na Figura 5.16, observa-se que ainda houve um aumento na poropressão no segundo
dia do tratamento, isto pode ser devido a leitura do piezômetro de Casagrande que é lenta,
estabilizando apenas no dia 30 de novembro. A partir do dia 7 de dezembro, as medidas de
poropressão dos três piezômetros começam a se dispersar chegando a medir no último dia de
tratamento (18 de dezembro) 2,24 kPa, 2,19 kPa, 2,10 kPa para os piezômetros 1, 2 e 3,
respectivamente. Analisando o segundo piezômetro da caixa 1, observa-se que houve uma
queda de 0,90 kPa de poropressão, isto equivale a aproximadamente 30 % menos do aumento
de poropressão existente.
Na Figura 5.17, a qual trata das medidas do acréscimo de poropressão na caixa que
utiliza como processo a eletro-osmose, ressalta-se que o piezômetro 1 está próximo ao GCE
ânodo, piezômetro 2 no meio dos dois GCE de polaridade diferentes e o piezômetro 3
próximo ao cátodo. Assim, observa-se que neste gráfico também há um aumento inicial,
referente a lentidão da leitura do piezômetro Casagrande. A partir do dia 3 de dezembro as
medidas começam a se dispersar, onde há uma maior diferença visual entre os piezômetros 1
(próximo ao ânodo) e 3 (próximo ao cátodo). Esta diferença deve ter ocorrido, justamente, por
que no piezômetro 1, próximo ao ânodo, o eletrodo tende a empurrar a água para o outro
eletrodo de polaridade diferente, pois, a água livre contém carga positiva que é repelida pelo
ânodo e atraída pelo cátodo que tem carga negativa. Este caminho dos íons faz com que o
piezômetro 1 tenha uma perda maior de poropressão comparado aos outros dois. Este
piezômetro tem uma queda de poropressão de 1,35 kPa (- 45 %), enquanto o piezômetro 3 cai
apenas 0,85 kPa(- 29 %).
Para tentar eliminar esta diferença de queda de poropressão poder-se-ia aplicar a
técnica de eletro-osmose reversa que foi planejado para este ensaio. Mas não foi realizada
pelo pouco tempo de aplicação de voltagem normal por motivos já explicados. Acredita-se
que com a eletro-osmose reversa haveria um desenvolvimento mais uniforme do solo. Pois,
da mesma forma que foi identificado por outros autores, incluindo Lo et al. (1991b), que
utilizou a polaridade normal em seu ensaio, identificou-se que o tratamento desta massa de
solo foi não uniforme, em que a poropressão cresceu do ânodo para o cátodo,
conseqüentemente, a resistência ao cisalhamento não drenado tender-se-á a decrescer nesta
mesma direção. Lo et al. (1991b) afirmam que em seus ensaios a eletro-osmose reversa
uniformizou as propriedades do solo, prevenindo excessiva secagem no ânodo e um
decréscimo na corrosão dos eletrodos.

96
Analisando a comparação dos piezômetros, Figura 5.18 , observa-se que houve uma
maior queda de poropressão no piezômetro da caixa que utilizou eletro-osmose. No final do
ensaio, 18 de dezembro, a diferença de queda entre os dois piezômetros foi de 0,53 kPa que
equivale a uma diferença de decréscimo de 18 %.
Ao se comparar o piezômetro 2 das duas caixas (Figura 5.19), lembrando que na caixa
2 o piezômetro está na metade dos dois GCEs de sinais diferente, há uma pequena diferença
de queda entre as duas medidas do piezômetro, com uma pequena vantagem do piezômetro da
caixa contendo GCEs.
Na Figura 5.20, existe a comparação dos piezômetros 3, sendo que na caixa 2, este
piezômetro está próximo ao cátodo, o qual puxa água mais intensamente. Há uma coerência
entre os dois resultados, lembrando que isto pode ter ocorrido pela falta de eletro-osmose
reversa, a qual poderá aumentar a queda de poropressão no piezômetro 3 da caixa com EO e
dispersar a coerência dos valores do gráfico.

Caixa 1-2

Piezômetro 1(caixa 1) Piezômetro 1(caixa 2-EO)


3,15

3,00

2,85

2,70
Acréscimo de poropressão (kPa)

2,55

2,40

2,25

2,10

1,95

1,80

1,65

1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data

Figura 5.18 - Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 1.

97
Caixa 1-2

Piezômetro 2(caixa 1) Piezômetro 2(caixa 2-EO)


3,15

3,00

2,85

2,70
Acréscimo de poropressão (kPa)

2,55

2,40

2,25

2,10

1,95

1,80

1,65

1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data

Figura 5.19 - Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 2.

Caixa 1-2

Piezômetro 3(caixa 1) Piezômetro 3(caixa 2-EO)

3,15

3,00

2,85
Acréscimo de poropressão (kPa)

2,70

2,55

2,40

2,25

2,10

1,95

1,80

1,65

1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data

Figura 5.20 - Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 3.

98
5.3.3. MEDIDA DE RECALQUE

Para acompanhar os recalques gerados devido à aplicação de tensões na superfície do


solo argiloso, instalaram-se placas de recalque na parte central das caixas. A Figura 5.21
mostra o desenvolvimento do recalque durante os 20 dias de ensaio.

Caixa 1 Caixa 2 (EO)

0 0
29/11 1/12 3/12 5/12 7/12 9/12 11/12 13/12 15/12 17/12 19/12

-2 -2
-3
-4 -4

-6 -6 -6
Recalque (mm)

-7
-8 -8
-9 -9 -9
-10 -10 -10
-11
-12

-14 -14

-16
Data

Figura 5.21 - Desenvolvimento do recalque durante o ensaio.

Observa-se na Figura 5.21 acima que no início do ensaio o deslocamento vertical


aconteceu com praticamente igual valor. No entanto, uma diferença começa a ser evidenciada
entre os dias 30 de novembro a 6 de dezembro, tornando a se dispersar a partir do dia 16 de
dezembro. No primeiro intervalo, o processo convencional recalcou de 2 mm para 6 mm e o
processo que utiliza eletricidade recalcou de 3 mm para 9 mm. A diferença de recalque entre
os dois processo nestes 6 dias foi 2 mm, surgida porque a corrente que atravessava o solo
durante algumas horas nestes dias foi cerca de 9,5 A. No período a partir do dia 16 de
dezembro, esta diferença de 2 mm em metade do período de tempo (3 dias) da etapa inicial,
ocorreu porque a corrente existente estava entre 40 e 50 A durante 15 horas não contínuas,
como indica a Tabela 5.3. Se um tempo maior de eletricidade fosse conseguido, acredita-se
que esta diferença de recalque iria aumentar para valores mais consideráveis.

99
Para o processo que utilizou o método convencional (Geodreno + Sobrecarga) houve
um deslocamento de 10 mm, que equivale a 1,5 % de recalque da massa de argila em 20 dias
de ensaio. Para o processo que utilizou a eletricidade para ajudar na consolidação, houve um
deslocamento de 14 mm, aproximadamente 2,15 % no mesmo intervalo de tempo. A camada
de argila que utilizou o processo de eletro-osmose recalcou 40 % a mais que a camada de solo
que utilizou o processo convencional. Este aumento é considerável, avaliando que houve
poucas horas com a corrente passando pela massa de solo.

5.3.4. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA

Após a queima da última fonte disponível, finalizou-se o ensaio, resultando em 20 dias


de duração de tratamento. Como o ensaio de palheta para medir a resistência não drenada do
solo foi feito inicialmente, resolveu-se também fazer este ensaio após o término forçado da
experiência em campo, para poder conhecer o ganho de resistência que cada processo
ofereceu. A resistência não drenada inicial foi lida em uma das extremidades das caixas
imediatamente abaixo da superfície da camada de argila, resultando em uma resistência ao
cisalhamento de 8 kPa na caixa 1 e de 9 kPa na caixa 2. No entanto, ao obter os resultados
após o término do ensaio, 13 kPa para a caixa 1 e 15 kPa para a caixa 2 (EO), observou-se que
a diferença do ganho de resistência entre os métodos foi pequena. Este resultado era esperado,
justamente pelo fato da baixa eficiência da eletro-osmose visto o pouco tempo que a fonte
ficou ligada, e quando ligada, com baixa corrente passando pelo solo.

5.3.5. COMENTÁRIOS FINAIS

Ao se preparar para um novo ensaio no inicio de janeiro de 2005 tentando garantir que
o processo de eletro-osmose ocorresse com uma maior eficiência do que o ensaio anterior,
uma grande surpresa veio a tona. Com a força de empuxo do solo sobre a porta, observou-se
que esta estava fletindo com o tempo, percebendo-se no mês de janeiro que a porta em seu
centro avançou tanto que a borracha de vedação acompanhou o seu deslocamento fazendo
com que um espaço fosse aberto, gerando fuga de água. Observou-se também que o peso do
solo deslocou um pouco as laterais das caixas, afastando a lateral que continha o vidro e assim
eliminando a vedação que tinha sido feita entre o vidro e a chapa metálica que fechava a vala
drenante. Isto foi comprovado ao jogar água na superfície da caixa e em pouco tempo esta
água sair pela vala drenante, antes isolada, podendo ser recebida em um balde em sua saída.

100
As Figuras 5.22, 5.23 e 5.24 mostram os problemas surgidos nas caixas, inviabilizando a
continuidade da pesquisa nas mesmas.

Figura 5.22 - Deslocamento da porta da caixa.

Figura 5.23 - Deslocamento da vedação de borracha criando abertura.

101
Figura 5.24 - Saída de água pela vala drenante anteriormente isolada.

Ao perceber, que o ensaio tinha acabado definitivamente nestas caixas, resolveu-se


retirar uma parte da sobrecarga e o geotêxtil de separação para visualização da argila.
Observou-se, com este procedimento, que a argila tinha sido levantada ao redor do GCE
formando uma pequena ilha, pois o nível d´água estava na superfície da camada de argila
(Figura 5.25).
Esta ascensão da superfície também foi encontrada por Lo et al. (1991b) e Casagrande
(1952) citado por Lo et al. (1991b). No entanto, Lo et al. (1991b) afirmam que ascensão da
superfície do solo levantou a placa de recalque oferecendo um deslocamento de sentido
contrário, em um determinado tempo, corrigido através da eletro-osmose reversa. Visto esta
afirmação pode-se concluir que, devido a um pequeno levantamento da argila também neste
ensaio, pode ter interferido no desenvolvimento do recalque na caixa que utiliza a
eletricidade, podendo alcançar uma maior diferença de recalque (mais de 40 %) entre os
processos estudados. Este levantamento foi observado apenas na caixa que utilizou a
eletricidade como meio para acelerar a consolidação. Desta forma, resolveu-se medir a
resistência ao cisalhamento imediatamente abaixo da superfície da camada de argila nas duas
caixas. A resistência ao cisalhamento não drenada da caixa 1 (sem EO) foi 23 kPa e da caixa 2

102
foi 29 kPa. Houve um aumento de resistência não drenada de 26 % do processo que utiliza
eletro-osmose em relação ao processo que usa a técnica convencional DVP. Porém, deve-se
considerar que houve fuga de água nas duas caixas. Mas, a resistência na argila sobre o
monte, ao redor do ânodo, é claramente maior que outros pontos da caixa, pois a palheta
penetrou com muita dificuldade sobre este monte.

a.

GCE

Parte
levantada

b.
Figura 5.25 - Levantamento da argila ao redor do GCE (a e b)

103
Com todos estes imprevistos, comuns às pesquisas experimentais, resolveu-se não
executar mais um ensaio utilizando as caixas de escala intermediária, pois estas já foram
bastante aproveitadas por esta pesquisa e por pesquisas anteriores. Sua utilização gerou
inicialmente economia de tempo e dinheiro. Entretanto, como estas caixas não foram
dimensionadas para o peso de solo e sim do lixo, a mesma tornou-se indisponível com o
tempo para a pesquisa melhorar os resultados expostos em novos ensaios. Desta forma,
resolveu-se dá continuidade à pesquisa, com a elaboração de um novo equipamento para uma
análise mais detalhada do produto formado (GCE) direcionado para consolidação. Este
equipamento, denominado de célula eletro-osmótica (Figura 5.26), começou a ser projetado
para estudar e otimizar alguns parâmetros utilizados no processo de eletro-osmose para
consolidação de argilas moles. No entanto, a montagem deste equipamento foi suspensa
devido ao curto tempo para finalização deste trabalho e a falta de recursos para aquisição de
novos materiais.
Com esta célula poder-se-á avaliar os vários tipos de eletrodos a serem utilizados no
processo como cobre, ferro, carbono entre outros; estudar algumas distâncias entre os
eletrodos que provocará uma maior eficiência do processo; estudar qual o limite de
intensidade de corrente que movimentará os íons da água livre resultando em uma boa
eficiência eletro-osmótica; determinar o quanto a concentração de sal na água e mudança no
pH do solo acelera o processo de consolidação; e simular alguns valores de cargas a serem
aplicadas com o pistão para conhecer até que ponto este ajudará no processo de consolidação.
Com esta célula eletro-osmótica também se poderá estudar as condições de contorno
existentes no ânodo e cátodo para eliminar algumas discussões surgidas durante este trabalho.
Podendo-se concordar com Acar et al. (1994) e Alshawabkeh & Acar (1996), visto na revisão
bibliográfica, que em uma configuração com cátodo e ânodo abertos, a água poderá ser
reabastecida no ânodo resultando em nenhum excesso de poropressão, mas também, inserir
em sua afirmação, que se a vazão de saída de água no cátodo for maior que a vazão de entrada
no ânodo a poropressão poderá decrescer, resultando na consolidação. Com a célula, ao
contrário das condições em campo, o ânodo poderá ser totalmente fechado, evitando a entrada
de água, resultando na poropressão negativa.

104
Pistão de
Carregamento
v Fonte
Extensômetro

Célula Cilíndrica

Eletrodos
Base

Figura 5.26 - Célula Eletro-osmótica.

105
CAPÍTULO 6

6. CONCLUSÕES

Duas caixas foram utilizadas com a finalidade de comparar dois processos que
aceleram a consolidação de solos finos: um é a técnica convencional da aplicação de
sobrecarga e drenos verticais pré-fabricados, o outro consiste em somar a esta técnica o efeito
da eletro-osmose. No entanto, melhorar a eficiência da consolidação através da eletro-osmose
é recente e, portanto, com pouca quantidade de estudos na bibliografia mundial. Desta
maneira, resolveu-se conhecer como um geossintético condutor elétrico (GCE) age para
eliminar a poropressão excedente e assim melhorar as propriedades de um solo fino através da
consolidação.
Este estudo trabalhou sobre os principais fatores para que se obtenha uma boa
eficiência da consolidação usando a eletro-osmose. Além disso, se verificou as limitações do
processo tais como corrosão de eletrodos, intensidade de corrente e outros.
Uma das primeiras observações foi que a água intersticial do solo precisa de uma certa
concentração eletrolítica para obter-se eficiência na aplicação do processo da eletro-osmose.
Ao utilizar o solo argiloso extraído do campus da UnB, nos ensaios feitos em campo e em
laboratório com água tratada, praticamente nenhuma corrente foi identificada atravessando a
camada de argila. Porém, ao simular água da costa marítima com uma concentração de sal de
33 g/L, aumentou-se 1000 vezes a condutividade do solo e, conseqüentemente, a corrente
existente neste solo passou de 8 mA para 2,52 A com uma diferença de potencial elétrico de
12 V, e 55 cm de distância entre os eletrodos. Com estes novos valores, o solo se encontra
com uma eficiência eletro-osmótica prevista por Acar et al. (1994), e ao aplicar energia aos
eletrodos inseridos neste solo, realmente, percebeu-se a migração dos íons do ânodo para o
cátodo, realizando assim, a indução do fluxo por eletro-osmose.
No ensaio realizado em campo em caixas de escala intermediária, o efeito de eletro-
osmose foi visível, com a expulsão da água junto com o gás nos GCEs cátodos, 5 minutos
após a fonte ser ligada. Isto mostrou uma evolução dos geossintéticos direcionados para
drenagem. Pois ao sair água após 5 minutos de aplicação de energia no GCE e o mesmo não
ocorrer de forma visível na caixa com DVP, tenderá a ocorrer uma maior consolidação no
processo que utilizou a eletricidade. Esta maior consolidação não ficou clara nesta pesquisa

106
por que a energia foi aplicada apenas por algumas horas durante o período de tratamento e
sem ser em tempo contínuo.
Depositando sobrecargas sobre as camadas de argila mole, gerou-se um acréscimo de
poropressão na superfície da argila de aproximadamente 3 kPa. O processo convencional que
utilizou o DVP reduziu 30 % deste acréscimo de poropressão, em 20 dias de tratamento. O
processo que utilizou eletricidade reduziu 46 % do acréscimo de poropressão, quando estava
próximo ao GCE ânodo e 29 % quando estava próximo ao GCE cátodo. Estes valores
evidenciam que houve migração da água livre do ânodo para o cátodo, confirmando o
processo eletro-cinético.
Os valores de recalques também tendem a comprovar a influencia do movimento
eletro-cinético. Estes mostraram que o solo submetido ao processo eletro-osmótico recalcou
40 % a mais que o outro processo. No entanto, esta diferença pode ser maior, por que houve
levantamento do solo próximo ao GCE, podendo ter interferido na leitura da placa de
recalque.
Entretanto, o principal parâmetro para avaliar a melhoria do solo são as medidas de
resistência ao cisalhamento da argila. Nas caixas 1 e 2, as medidas de resistência iniciais
foram 8 kPa e 9 kPa, respectivamente. Apenas 20 dias após o término do ensaio, quando
problemas de vazamento foram evidenciados, percebeu-se uma maior diferença entre as
resistências dos solos moles. Sendo que a caixa 1 estava com 23 kPa e a caixa 2 com 29 kPa,
ou seja, o solo que utilizou a eletricidade estava 26 % mais resistente que o solo que usou o
processo convencional. Entretanto, na região de levantamento do solo, a palheta teve
dificuldade para penetrar, mostrando que neste local a resistência estava maior que em outros
pontos.
O arranjo de fluxo abertos no cátodo e ânodo pode ter também interferido nos
resultados das instrumentações, devido ao reabastecimento de água através do ânodo aberto
por manter a umidade da sobrecarga constante. Interferência que seria diminuída, se a
corrente tivesse sido passada em maior tempo.
Um fenômeno que mostrou que uma maior eficiência do processo de eletro-osmose
pode ser alcançado, foi a formação das reações de geração de gás que foi expulso juntamente
com a água no processo. Estas reações ocorreram sempre com corrente acima de 50 A. No
entanto, esta alta intensidade de corrente, juntamente com a ação da eletroquímica,
conseguiram acelerar as reações de corrosão produzindo um pó verde e provocando quebra do
eletrodo de cobre maciço. Assim, com a substituição por haste de aterramento, composta por

107
aço banhado por cobre, este pó verde não surgiu, talvez pela pequena quantidade de cobre
presente.
Isto indica que pode ser interessante usar a haste de aterramento como eletrodo ou
algum material com estas características, pois, inicialmente o cobre aumenta a condutividade
do eletrodo e quando este for eliminado, o aço continua passando corrente, mas em menor
quantidade por ser menos condutor, principalmente, quando enferrujado. Portanto, com o
tempo, o processo provocará queda de corrente pela degradação do material e também maior
resistência elétrica do solo. Desta forma, deve-se aumentar a diferença de potencial elétrico
para manter a corrente em um intervalo para expulsão de água, resultando em uma maior
eficiência eletro-osmótica.
É necessária, para este aumento, uma fonte geradora de energia regulável e
estabilizada, fabricada com componentes, transformadores e diodos, que resistam ao
fornecimento de energia durante alguns dias. Este tipo de fonte foi requerido nos ensaio de
campo de escala intermediária, pois estes exigiram uma fonte de corrente maior que as
existentes. No entanto, isto não foi possível por se tratar de uma fonte de alto custo, não tendo
a pesquisa recursos para sua aquisição.
Contudo, apesar dos problemas gerais como falta de financiamento, grande demora
para preparação do solo mole e ensaio, devido ao grande volume requerido; e problemas
específicos referentes à queima de fontes geradoras de energia, limitações por corrosão de
eletrodos e outros..., concluiu-se que ao aplicar uma corrente contínua, cria-se um gradiente
adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água contida nos vazios do solo e
direciona para o GCE cátodo, eliminando água e provocando a aceleração da consolidação
como indicam os resultados das instrumentações. Porém, como a corrente contínua foi
aplicada, apenas por 41 horas com 10 A e 16 horas com 50 A em 20 dias de ensaio, ou seja,
não estava sendo aplicada em tempo contínuo, pequena diferença da consolidação foi notado
comparado com a técnica convencional. Assim, não foi feita uma análise de custo por
entender que a vantagem do uso da aplicação de eletro-osmose na consolidação do solo mole
não ficou tão evidente neste ensaio. No entanto, notou-se que se as condições fossem
favoráveis e se pudesse aplicar corrente continua em tempo integral, esta análise de custo
seria fundamental para se avaliar com clareza as vantagens da eletro-osmose na consolidação
de argila mole.

108
6.1. RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DE ELETRO-OSMOSE EM
PESQUISAS GEOTÉCNICAS.

A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se fazer as seguintes


considerações:

1. A aplicação de eletro-osmose parece ser mais eficaz em solos marinhos, por terem uma
maior concentração eletrolítica na água.

2. Deve-se utilizar eletrodos de boa condutividade elétrica. Recomenda-se materiais com


características parecidas com as hastes de aterramento de aço banhado com cobre, pois o
cobre por ser um ótimo condutor, aumenta a passagem da corrente pelo solo, e a medida que
este entra em corrosão, o aço continua com a passagem de corrente mas com menor
intensidade. A soma destes dois materiais aumenta a eficiência da eletro-osmose por durar
mais tempo para o eletrodo ser degradado do que eletrodo de cobre maciço e por ser também
mais condutor que apenas o eletrodo de aço.

3. Deve-se utilizar uma fonte estabilizada e regulável com componentes específicos para
produzir energia em tempo contínuo. A regulagem é importante porque à medida que o
processo vai acontecendo, a resistência elétrica do solo tende a aumentar e os eletrodos
tendem a entrarem em corrosão diminuindo a corrente que atravessa o solo. Deste modo,
deve-se aumentar a diferença de potencial elétrico aplicado para elevar a corrente,
estabilizando a mesma para dar continuidade a uma boa eficiência eletro-osmótica. Claro que
este aumento de diferença de potencial deve ser limitado para não aumentar, de forma
inviável, o custo do processo.

109
6.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Geossintético condutor elétrico é agora considerado como uma plataforma


tecnológica, e o desenvolvimento do conceito tem sido ampliado para outras áreas de
engenharia civil, além de melhoria de solos. Assim, deve-se aumentar as pesquisas no Brasil
com esta nova tecnologia para uma maior otimização do processo. Este trabalho de pesquisa
por ser inédito na bibliografia brasileira, contribui com as dificuldades e as necessidades
surgidas durante o projeto. Desta forma, sugere-se:

1. Aplicar a técnica de eletro-osmose reversa em outros ensaios para comprovar se há


uniformidade da poropressão e resistência do solo;

2. Estudar outros tipos de materiais condutores para ser inserido no geossintético


condutor elétrico (GCE);

3. Estudar a distância ótima entre eletrodos;

4. Ilustrar a variação da intensidade da corrente x eficiência e tempo de consolidação;

5. Estudar as mudanças das propriedades do solo como os limites de consistência e as


mudanças químicas como pH, concentração eletrolítica nas áreas próximas aos
cátodos e ânodos;

6. Aplicação da técnica de eletro-osmose em uma obra real para avaliar o


comportamento dos GCEs;

7. Estudar o custo/beneficio da técnica com uso de eletro-osmose e comparar com a


técnica convencional para consolidação de solos finos.

110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, SP, 8p.

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113
APÊNDICE – A: PLANTA DE SITUAÇÃO

114
Via L2-Norte
Fundação de
Educação
Via L3-Norte

Casa do Professor Campo Observatório


Experimental de Sismológico
Geotecnia

SG – 11 (Eng.
Elétrica)
SG – 09 (Eng. SG – 12 (Lab.
Mecânica) de Geotecnia)
Faculdade de
Tecnologia

Figura A.1 Localização do Laboratório de Geotecnia.

115
Via L2 Norte
Sinal de
Hospital
Trânsito
Veterinário

Setor de Clubes Norte


CAESB Via L4 Norte

Estação
Experimental
de Biologia

Lago do Paranoá

Figura A.2 Localização da Estação Experimental de Biologia.

116
Correios

Restaurante
Universitário
Faculdade de Ciências
da Saúde
Escavação
(Solo da
Pesquisa)
ICC-Norte

ICC-Sul
Instituto de
Química

Reitoria

Via L4- Norte

Figura A.3 Localização da escavação onde o solo argiloso foi retirado.


117
1

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