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FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
BRASÍLIA/DF
MARÇO/2005
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
APROVADA POR:
___________________________________________________
PEDRO MURRIETA SANTOS NETO, DSc (UnB)
(ORIENTADOR)
__________________________________________________
ENNIO MARQUES PALMEIRA, PhD (UnB)
(CO-ORIENTADOR / EXAMINADOR INTERNO)
__________________________________________________
ANA CRISTINA STRAVA CORREA, DSc (ANA)
(EXAMINADORA EXTERNA)
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
NASCIMENTO, A.J.P. (2005). Aceleração da Consolidação de Solos Argilosos com o
Uso de Eletro-Osmose. Dissertação de Mestrado, Publicação G.DM-131/2005,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF
117 p.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Alisson Jobim Pereira Nascimento
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Aceleração da
Consolidação de Solos Argilosos com o Uso de Eletro-Osmose.
GRAU/ANO: Mestre/2005.
______________________________________________
Alisson Jobim Pereira Nascimento
End: Quadra 2, Conjunto D-15, Bloco C, Apt° 302
CEP 73015-020 – Sobradinho/Brasília – DF – Brasil
iii
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação a duas grandes Mulheres. A minha Mãe Zezé, pelo seu
grande esforço traçado através de sua garra, determinação e suor para que eu pudesse saltar
barreiras, alcançar conhecimento e assim conseguir este titulo. Ajudando-me em todos os
sentidos, inclusive na parte financeira em que a mesma, muitas vezes, não usufruiu do seu
pequeno salário de professora do estado da Bahia para ajudar-me na moradia e nesta
pesquisa. Seu décimo terceiro salário foi direcionado para dar continuidade a esta pesquisa,
pois a mesma não teve recursos externos para ser executada. Isto eu nunca vou me esquecer.
Obrigado minha mãe, sei que não tenho como agradecer tudo o que a senhora absteve por
mim, mas tenha certeza que sempre vou reconhecer.
A minha amada mulher Jusciney que sempre foi compreensiva com tudo e sempre
esteve ao meu lado, ajudando-me e dando-me força nas horas de desespero, nos momentos em
que a atenção era mais voltada para os trabalhos, provas e a pesquisa do que para ela mesma.
No entanto, sempre atenciosa e cuidadosa. Ney, obrigado por abraçar esta bandeira comigo e
por acreditar em mim.
Muitas dificuldades foram encontradas nestes anos de estudo do mestrado, mas estas
foram suportadas e superadas graças, principalmente, a essas duas Mulheres. Esta vitória
também é de vocês. OBRIGADO.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradecimento é sempre difícil, pois temos que tentar expressar em poucas linhas a
nossa gratidão. Por vários dias, agradeci a Deus por esta oportunidade e por sempre guiar os
meus caminhos. Hoje não poderia ser diferente, O agradeço humildemente por esta
dissertação. Agradeço, com o coração, a minha Mãe Zezé e minha esposa Ney pelo apoio
integral; a minha família querida, Pai (César) e Irmãs (Leile, Lílian, Camila), que sempre me
apoiaram e torceram por mim. Podem ter certeza que sempre poderão contar comigo,
independente da distância física. Agradeço ao professor Pedro por sua compreensão, calma e
ajuda, dando uma excelente orientação. Também ao professor Ennio por suas contribuições à
dissertação. Vocês não são apenas professores como também amigos, por isso minha forte
admiração. Agradeço aos colegas e amigos adquiridos em Brasília, em especial aos que
dividiram risos, tristezas, preocupações e harmonia, como Gregório, Elder e Wilber. Gregório
obrigado por sempre tirar minhas dúvidas e pela forte ajuda na dissertação, Elder obrigado
por me mostrar que eu seria capaz e Wilber pela companhia. A todos, obrigado pela
confiança e lembrem-se “que nada!!!!!!”. As pessoas queridas que me acolheram quando
cheguei a Brasília, Netinha e Augustino. Ao primo Jefferson e ao amigo Roberto por me
incentivarem a fazer o mestrado. Também agradeço, apesar de que não tive tempo para
conhecê-lo direito, ao professor Feitosa (in memoriam), pois quando fui selecionado ao
mestrado não tive bolsa, e o mesmo disse: venha e tenha calma e fé. Três dias depois tive a
benção de conseguir o financiamento da CAPES. Sem o incentivo do professor e sem a ajuda
deste órgão as dificuldades seriam multiplicadas por “n”. Ao Eng. Haroldo, a fábrica TDM,
a ESTE Engenharia por doarem e emprestarem materiais para o desenvolvimento da
pesquisa. Enfim, são muitas as pessoas que devo agradecer, professores e funcionários da
Geotecnia, da Engenharia Elétrica, Mecânica, Química dentre outros. Assim, finalizo com
um simples mas eterno AGRADECIMENTO a todos.
v
RESUMO
Com o decorrer dos anos evidenciou-se que uma das maneiras mais eficientes para
melhoria de solo em depósitos de argila mole é a consolidação induzida por sobrecargas; em
paralelo, observou-se que houve um aumento exponencial no uso de materiais geossintéticos
poliméricos direcionados para engenharia civil e ambiental. Assim, tornou-se comum na
técnica de melhoria de solo mole a aplicação de drenos verticais pré-fabricados (DVP) e
sobrecarga para provocar recalques por adensamento primário. No entanto, muitas vezes
ainda é necessário um considerável tempo para ocorrer à consolidação. Devido a necessidade
em algumas construções de se diminuir o tempo de consolidação, acrescentou-se à técnica
convencional o uso da eletro-osmose (EO). Esta técnica está sendo estudada em alguns
centros de pesquisas da Ásia e Europa. Neste caso, eletrodos são adicionados aos DVPs para
formarem os geossintéticos condutores elétricos (GCEs) e ao aplicar energia ao sistema,
alguns GCEs tornam-se ânodo e outros tornam-se cátodos. Com a aplicação da corrente
contínua, a água livre é repelida pelo ânodo e atraída pelo cátodo para ser drenada, e por
conseqüência a consolidação ocorre em menor tempo.
Para conhecer esta nova técnica e poder aplicá-la em depósitos de argilas moles, foram
feitos ensaios em duas caixas experimentais, utilizando-se a técnica convencional com DVP
em uma e a nova tecnologia dos GCEs em outra. Com instrumentações simples, placa de
recalque e piezômetro de Casagrande, registrou-se o comportamento da poropressão e
recalque da argila, concluindo-se que ao aplicar eletricidade o gradiente elétrico tornou-se
maior que o gradiente hidráulico provocando a consolidação do solo mais rapidamente. Com
o ensaio de palheta sendo executado antes e após o tratamento, comprovou-se que o aumento
de resistência não drenada do solo foi maior no solo em que se utilizou eletro-osmose.
vi
ABSTRACT
The last years have shown that one of the most efficient ways to improve a soft clay
soil is the consolidation forced by a surcharge. It has been noticed that there was a exponential
growth in the use of polymeric-based geosynthetic materials towards civil and environmental
engineering. Therefore, prefabricated vertical drains (PVD) has been used in deposits of soft
clay with surcharge to accelerate primary consolidation. However, this technique requires a
large amount of time to induce the consolidation. The usual need of accelerating consolidation
in practice, makes interesting the association of the conventional technique with electro-
osmosis (EO). The latter is being studied in some research centers in Asia and Europe.
Electrodes are added to PVD resulting in the electrically conductive geosynthetics (EKG).
Due to the electric current applied, free water molecules are repeled by the anode and
attracted by the cathode to be drained, reducing consolidation time.
This research shows the results of an work carried out in two experimental boxes,
using the conventional technique with PVD in one box and the new technology of EKG in
another box. A simple instrumentation, consisting of settlement plates and Casagrande
piezometers, allowed measurements of pore pressures and settlements of the clay. From vane
test results before and after the treatment, it was observed that the increase in undrained shear
strength of the soft soil was most effective when used the methode with electro-osmosis.
vii
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 1
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1.DESCRIÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................................... 1
1.2.ESCOPO DO TRABALHO ................................................................................................. 2
1.3.OBJETIVOS DA PESQUISA .............................................................................................. 3
1.4.ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................... 3
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 4
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 34
viii
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 48
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 76
5 – RESULTADOS E COMENTÁRIOS................................................................................. 76
5.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 76
5.2. RESULTADOS DO PRIMEIRO ENSAIO ...................................................................... 76
5.2.1. MEDIDAS DOS PIEZOMETROS ................................................................................ 77
5.2.2. MEDIDAS DE RECALQUE ......................................................................................... 80
5.2.3. COMENTÁRIOS FINAIS ............................................................................................. 82
5.3. RESULTADOS DO SEGUNDO ENSAIO ...................................................................... 82
5.3.1. DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO .......................................................................... 83
5.3.2. MEDIDAS DE POROPRESSÃO .................................................................................. 93
5.3.3. MEDIDA DE RECALQUE ........................................................................................... 99
5.3.4. MEDIDAS DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA .................................................... 100
5.3.5. COMENTÁRIOS FINAIS ........................................................................................... 100
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
Tabela 3.1 Propriedades do geotêxtil utilizado entre o solo mole e a sobrecarga. .................. 38
Tabela 3.2 Configuração do geodreno bem como os materiais técnicos utilizados. ............... 38
Tabela 3.3 Propriedades do Geodreno ESTEDRAIN. ............................................................ 39
Tabela 3.4 Tipos de fontes. ..................................................................................................... 42
Tabela 3.5 Propriedades do solo argiloso usado no ensaio. .................................................... 45
Tabela 4.1 Resultados obtidos na massa de solo com diferentes fontes. ................................ 61
Tabela 4.2 Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal sintético. ......................... 62
Tabela 4.3 Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal de cozinha. ...................... 62
Tabela 4.4 Resultados obtidos através de eletrodos de cobre maciço em massa de solo
saturado com sal de cozinha. .................................................................................................... 63
Tabela 5.1 Medidas de tensão e corrente que atravessaram o solo utilizando a fonte de 30 V e
10 A. ......................................................................................................................................... 84
Tabela 5.2 Medidas de tensão e corrente do solo utilizando a fonte 30 V e 10 A. ................. 85
Tabela 5.3 Medidas de tensão e corrente com fonte de 12 V e 40 A. ..................................... 93
x
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
Figura 2.1 Funções básicas de operação dos geotêxteis. [Catálogo Rhodia SA] ...................... 7
Figura 2.2 Esquema simplificado do processo de fabricação de geossintéticos ....................... 9
Figura 2.3 Geodreno com dois perfis de polietileno. (modificado - ESTE Engenharia, 2003)12
Figura 2.4 Geodreno com um perfil de polietileno ou polipropileno. (ESTE Engenharia) .... 13
Figura 2.5 Geodreno ESTEDRAIN. ...................................................................................... 13
Figura 2.6 Vista do núcleo do geodreno em três dimensões. .................................................. 14
Figura 2.7 Equipamento de Cravação. .................................................................................... 15
Figura 2.8 Vista do Mandril. ................................................................................................... 15
Figura 2.9 Instalação do geodreno com o mandril. ................................................................. 16
Figura 2.10 Eletrodos GEC: Tipos dos eletrodos para ensaio eletro-osmótico. (modificado -
Hamir et al, 2001.).................................................................................................................... 18
Figura 2.11 Explicação gráfica do deslocamento de íons devido aplicação de um potencial
elétrico. ..................................................................................................................................... 19
Figura 2.12. Capilaridade no fluxo eletro-osmótico. (Casagrande 1952). .............................. 20
Figura 2.13 Movimento de água devido aplicação de campo elétrico. ................................... 25
Figura 2.14 Pilha de corrosão eletroquímica........................................................................... 30
Figura 2.15 Reação surgida na área anódica. .......................................................................... 31
Figura 4.1 Ilustração das caixas metálicas sem o lixo e devidamente lavadas. ...................... 49
Figura 4.2 Peneiramento e homogeneização do solo. (Etapas 2,3 e 4) ................................... 51
xi
Figura 4.3 Solo mole colocado em uma das caixas (etapa 5). ................................................ 51
Figura 4.4 Solo mole devidamente molhado. (etapa 5) .......................................................... 52
Figura 4.5 Caixa sendo fechada para posteriormente ser completada com argila. ................. 53
Figura 4.6 Espaçamento dos DVPs instalados na caixa 1. ...................................................... 54
Figura 4.7 Conector de cobre interligando os eletrodos ânodos. ............................................ 55
Figura 4.8 Configuração do circuito elétrico – PLANTA BAIXA ......................................... 55
Figura 4.9 Ilustração da configuração representando a caixa com EO. .................................. 56
Figura 4.10 Placa de recalque posicionada no centro da caixa. .............................................. 57
Figura 4.11 Instalação do piezômetro. .................................................................................... 58
Figura 4.12 Piezômetros para medida do acréscimo de poropressão na massa de solo. ......... 59
Figura 4.13 Equipamento adaptado para o ensaio de palheta. ................................................ 59
Figura 4.14 Ensaio em Laboratório feito em caixa de tamanho reduzido. ............................. 61
Figura 4.15 Ensaio mostrando o processo de eletro-osmose. ................................................. 64
Figura 4.16 Migração da água do eletrodo positivo ao negativo (a) e evidencia de eletrólise
com formação de bolhas formando o gás hidrogênio no cátodo (b). ....................................... 64
Figura 4.17 Circuito elétrico simples. ..................................................................................... 66
Figura 4.18 Circuito elétrico complexo no ensaio realizado em campo. ................................ 67
Figura 4.19 Espaçamento dos DVPs na caixa 1. ..................................................................... 70
Figura 4.20 Ligação dos fios ao eletrodo de cordoalha de cobre. ........................................... 72
Figura 4.21 Placa de recalque metálica. .................................................................................. 73
Figura 4.22 Referência fixa para medida de recalque. ............................................................ 74
Figura 4.23 Piezômetros instalados em locais estratégicos na caixa com EO. ....................... 75
xii
Figura 5.11 Eletrodo de cobre praticamente desintegrado. ..................................................... 89
Figura 5.12 Cordoalha de cobre quebrados devido a corrosão eletroquímica. ....................... 90
Figura 5.13 Ilustração mostrando que a potência de entrada é igual a potência de saída. ...... 91
Figura 5.14 Liberação do gás hidrogênio do cátodo (a e b). ................................................... 92
Figura 5.15 Identificações dos piezômetros instalados. .......................................................... 94
Figura 5.16 Desenvolvimento do acréscimo de poropressão na superfície da argila dentro da
caixa com DVP......................................................................................................................... 95
Figura 5.17 Desenvolvimento do acréscimo de poropressão na superfície da argila dentro da
caixa com GCE......................................................................................................................... 95
Figura 5.18 Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 1. ......... 97
Figura 5.19 Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 2. ......... 98
Figura 5.20 Comparação das medidas do acréscimo de poropressão do piezômetro 3. ......... 98
Figura 5.21 Desenvolvimento do recalque durante o ensaio. ................................................. 99
Figura 5.22 Deslocamento da porta da caixa. ....................................................................... 101
Figura 5.23 Deslocamento da vedação de borracha criando abertura. .................................. 101
Figura 5.24 Saída de água pela vala drenante anteriormente isolada. .................................. 102
Figura 5.25 Levantamento da argila ao redor do GCE (a e b). ............................................. 103
Figura 5.26 Célula Eletro-osmótica. ..................................................................................... 105
xiii
LISTA DE ABREVIAÇÕES, SÍMBOLOS E UNIDADES
ABREVIAÇÕES
ABRACO .............................................................................. Associação Brasileira de Corrosão
AOS ............................................................................................Tamanho de Abertura Aparente
CTC ............................................................................................ Capacidade de Troca Catiônica
DVC ..................................................................................................... Dreno Vertical Condutor
DVP ............................................................................................... Dreno Vertical Pré-Fabricado
EKG ............................................................................................... Geossintético Eletro-Cinético
EMBRAPA.......................................................... Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EO......................................................................................................................... Eletro-Osmose
EUA .................................................................................................. Estados Unidos da América
FOS........................................................................................ Tamanho da Abertura de Filtração
ITA .................................................................................... Instituto Tecnológico da Aeronáutica
GCE ........................................................................................... Geossintético Condutor Elétrico
GEC ............................................................................................... Geossintético Eletro Cinético
GZL .................................................................................................... Geoloski Zavod Ljubliana
NBR ................................................................................................................... Norma Brasileira
O90 ............................................................................ Diâmetro do Maior Grão do Solo Passante
O95 ............................................................................ Diâmetro do Maior Grão do Solo Passante
PA ................................................................................................................................. Poliamida
PE ................................................................................................................................ Polietileno
PET ................................................................................................................................. Poliéster
pH ........................................................................................................ Potencial Hidrogenionico
PP ............................................................................................................................Polipropileno
PVC .............................................................................................................Poli-cloreto de vinila
UnB ....................................................................................................... Universidade de Brasília
SÍMBOLOS
xiv
I...............................................................................................................Índice de Fluxo Elétrico
Ia .................................................................................................................... Índice de Atividade
ic......................................................................................................................Gradiente Químico
ie....................................................................................................................... Gradiente Elétrico
ih ................................................................................................................. Gradiente Hidráulico
IP ............................................................................................................... Índice de Plasticidade
it ...................................................................................................................... Gradiente Térmico
J ................................................................................................................ Densidade de Corrente
JD .......................................................................................................... Índice de Fluxo Químico
Ke ......................................................................Coeficiente de Permeabilidade Eletro-Osmótico
Kh ....................................................................................................... Condutividade Hidráulicas
Ki ................................................................. Eficiência Eletro-Osmótica de Transporte de Água
Kt ............................................................................................................ Condutividade Térmica
MA .......................................................................................................... Gramatura do Geotêxtil
NaCl .................................................................................................................. Cloreto de Sódio
nGT .......................................................................................................... Porosidade do Geotêxtil
O2 ............................................................................................................................ Gás Oxigênio
P .......................................................................................................................................Potência
q .............................................................................................................. Capacidade de descarga
Qe ............................................................................................................. Vazão Eletro-Osmótica
qh............................................................................................................ Índice de Fluxo de Água
qt ............................................................................................................Índice de Fluxo de Calor
R .................................................................................................................... Resistência elétrica
S ....................................................................................................................................... Enxofre
SiO2 ..................................................................................................................................... Sílica
T ............................................................................................................................... Temperatura
tGT ............................................................................................................ Espessura do Geotêxtil
u ................................................................................................................................. Poropressão
V ....................................................................................................................... Potencial Elétrico
Ve .........................................................................Velocidade de Fluxo de Água por eletricidade
Vh ............................................................................................... Velocidade de Fluxo Hidráulico
Vm ....................................................................................................................... Máxima Tensão
V............................................................................................... Diferença de Potencial Elétrico
W .................................................................................................................................... Umidade
WL .................................................................................................................. Limite de Liquidez
WP..............................................................................................................Limite de Plasticidade
Ws .................................................................................................................... Peso do Solo Seco
Ww ............................................................................................................. Peso da Água no Solo
w .......................................................................................................... Peso Especifico da Água
................................................................................................................. Resistividade do Solo
f ...................................................................................................... Massa Especifica das Fibras
G ................................................................................................................... Massa Especifica dos Grãos
e ............................................................................................................. Condutividade Elétrica
u/ x .................................................................................................... Gradiente de Poropressão
V/ x ....................................................................................................... Gradiente de Voltagem
xv
UNIDADES
A – Amperes................................................................................................ Unidade de Corrente
cm3/A/s – centímetros cúbico por área por segundo ..... Unidade da Eficiência Eletro-Osmótica
° C – Grau Celsius .................................................................................Unidade de Temperatura
cm/s – centímetros por segundo .............................................................. Unidade de Velocidade
g – grama ......................................................................................................... Unidade de Massa
g/m2 – grama por metro quadrado ............................................................ Unidade de Gramatura
g/L – grama por litro ........................................................................... Unidade de Concentração
g/cm3 – grama por centímetro cubo ............................................... Unidade de Massa especifica
m – metro ............................................................................................ Unidade de Comprimento
m2 – metro quadrado ......................................................................................... Unidade de Área
mm / mês – milimitros por mês ................................................................... Índice Pluviométrico
m2/s/V – metro quadrado por segundo por volts ............................................................. Unidade
.....................................................................do Coeficiente de Permeabilidade Eletro-Osmótico
m3/s – metro cúbico por segundo .................................................................... Unidade de Vazão
M – molaridade ........................................................................ Unidade da Concentração Molar
N – Newton ...................................................................................................... Unidade de Força
Pa – pascal ..................................................................................................... Unidade de Pressão
S/cm – siemens por centímetro ............................................ Unidade de Condutividade Elétrica
% - percentagem ............................................ Unidade de Umidade, Índices de Consistências....
V – Volts ....................................................................................................... Unidade de Tensão
V/m - Volts por metro ..................................................................Unidade de Gradiente Elétrico
Watts............................................................................................................ Unidade de Potência
xvi
CAPÍTULO 1
1 – INTRODUÇÃO
1
geocompostos. Alguns dos geocompostos correntemente em uso incluem, por exemplo,
geotêxtil + georrede para combinar filtração e drenagem, geotêxtil + geogrelha para combinar
drenagem e reforço.
Trabalhando-se com este raciocínio de geocompostos, novos usos e aplicações de
geossintéticos podem ser criados incorporando o fenômeno da cinética de elétrons com as
tradicionais funções dos materiais geossintéticos: a eletricidade é usada para acelerar a
consolidação do solo mole. Isto representa o desenvolvimento de uma nova linha de materiais
geossintéticos (ou geocompostos) que são condutores elétricos. Um geossintético com esta
característica está referenciado como um geossintético eletro-cinético (GEC) (Hamir et al.
2001), geossintético condutor elétrico (GCE) ou dreno vertical condutor (DVC).
Hamir et al. (2001) afirmam que o potencial de aplicações de materiais GEC
demonstrados em experiências de laboratório incluem: a descontaminação in situ de solos, o
transporte eletro cinético de nutrientes em um solo para gerar a bioremediação, o tratamento
de resíduos industriais, o melhoramento da performance de estacas, o melhoramento da
tecnologia de solos reforçados e a aceleração da consolidação de solos usando o princípio de
eletro-osmose.
Sabendo-se desta nova tecnologia para melhoria de solo mole no mundo, desenvolveu-
se este trabalho de pesquisa para uma maior compreensão do processo de aceleração da
consolidação de solo mole, e assim, introduzir no Brasil este tratamento com geossintético,
que utiliza a eletricidade como meio para acelerar a consolidação do solo.
2
1.3. OBJETIVOS DA PESQUISA
O presente trabalho teve como objetivo principal estudar uma recente técnica que
utiliza a eletro-osmose para acelerar o processo de recalque de um solo mole e
conseqüentemente aumentar a resistência mecânica e diminuir a compressibilidade deste solo.
Este estudo utilizou a técnica convencional de sobrecarga com drenos verticais pré-fabricados
(DVPs), como também adicionando a esta técnica os antigos conhecimentos da eletro-osmose,
formando nova tecnologia. Este material geossintético e condutor elétrico (GCE), tem a
função de provocar o fluxo da água através do fenômeno de eletro-osmose e expulsar esta
água livre. Pretendem-se fazer uma comparação destes dois métodos na aceleração da
consolidação da argila mole.
Com esta dissertação, objetiva-se também começar uma nova linha de pesquisa na
área de melhoria de solos do curso de Pós-graduação em Geotecnia da Universidade de
Brasília e, simultaneamente, dar início a esta nova tecnologia de geossintéticos no Brasil.
Além do presente capítulo, este trabalho compõe-se de mais 5 capítulos para uma
melhor organização e entendimento do objetivo proposto.
No capítulo 2 apresenta-se uma revisão bibliográfica do assunto, com os tipos e
funções dos materiais geossintéticos, e mostra o que está sendo feito em alguns países para
ajudar a resolver este problema de adensamento em argila mole.
No capítulo 3 são descritos os materiais e equipamentos utilizados para o
desenvolvimento desta pesquisa, como também o local onde foi realizada.
A metodologia dos ensaios é apresentada no capítulo 4 e os resultados são também
disponibilizados na forma de gráficos no capítulo 5, bem como sua interpretação geral e
comentários a respeito dos ensaios. O capítulo 6 apresenta um resumo conclusivo dos
aspectos mais importantes do trabalho, seguido de recomendações e sugestões para futuras
pesquisas relacionadas a este assunto.
3
CAPÍTULO 2
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. INTRODUÇÃO
Esta última possibilidade, a alteração das propriedades do solo para possibilitar a sua
utilização como material de engenharia, é normalmente designada por “estabilização de
solos”.
Os métodos de estabilização de solos são, freqüentemente, classificados em três
grupos (Ingles e Metcalf, 1972):
4
Quando as características de estabilidade resultantes de uma aceleração da
consolidação não podem ser obtidas mecanicamente, ou quando se tornam necessários
elevados valores da resistência e rigidez de um solo, podem ser necessários métodos
alternativos de estabilização. Neste caso pode-se recorrer a aditivos como o cimento ou a cal,
ou a tratamentos especiais que envolvam reações físicas capazes de modificar as propriedades
do solo.
Um deste tratamento é a estabilização por eletro-osmose, que tem sido alvo de vários
testes ao longo dos últimos anos, com resultados variáveis, continuando a ser estudados e
desenvolvidos, tendo a sua eficácia sido melhorada ao longo da última década, à medida que
vão sendo cada vez mais utilizados.
Em se tratando de acelerar o processo de consolidação de uma argila mole, a técnica
da soma de sobrecarga com um dreno vertical pré-fabricado é mais utilizada na atualidade,
porém ainda requer um determinado tempo para consolidar o material. Estudos adicionais
estão sendo feitos para resolver este problema, como é o caso deste trabalho. Para isto, deve-
se conhecer melhor o material sintético que faz parte deste tratamento como também as novas
tecnologias surgidas a partir deste.
2.2. GEOSSINTÉTICOS
5
Inicialmente, os geossintéticos eram mais direcionados para obras referentes à
drenagem rodoviária e aterros sobre solos compressíveis; hoje, abrangem também os setores
de saneamento, controle de erosão, aterros sanitários, obras marítimas e fluviais, barragens de
terra, recapeamento asfáltico, ferrovias, etc...
Função Característica
Tipo Impermea
Reforço Separação Drenagem Filtração Proteção
bilização
Geotêxtil
X X X
Tecido
Geotêxtil Não-
X X X X X
Tecido
Geogrelha X
Geomembrana X X X
Geocélula X X
Geocompostos X X X X X
Geodreno X X
6
Figura 2.1 - Funções básicas de operação dos geotêxteis. [Catálogo Rhodia SA].
7
2.2.2. PROPRIEDADES DOS GEOSSINTÉTICOS
Os produtos poliméricos são supridos pela industria química sob a forma granular ou
em pó, e podem ser transformados no material requerido por vários processos técnicos (Van
Zanten, 1986). Um esquema simplificado do processo de fabricação é apresentado na Figura
2.2. Deve-se salientar que o processo de fabricação do geossintético pode alterar
sensivelmente as propriedades dos produtos finais.
8
Matéria Prima
Reação Química
Materiais Básicos
Processamento
Produtos Semi-Faturados
Processamento
Produtos
9
MA
nGT 1
f t GT
Equação (2.1)
onde:
MA = gramatura do geotêxtil (ML-2);
f = massa especifica das fibras (ML-3);
tGT = espessura do geotêxtil (L).
Permissividade:
Relação entre o coeficiente de permeabilidade normal ao plano e a espessura
do geossintético.
Transmissividade:
Produto entre a permeabilidade ao longo do plano e a espessura do
geossintético.
Abertura de Filtração de um geotêxtil:
Tamanho do maior grão de solo capaz de atravessar uma manta geotêxtil. A
terminologia empregada varia, dependendo do país e da norma empregada. As mais comuns
são AOS (“Aparent Opening Size”, nos EUA), FOS (“Filtration Opening Size”), O90 ou O95 .
Maiores detalhes poderão ser encontrados em Palmeira (1993).
10
2.2.5. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS GEOSSINTÉTICOS DIRECIONADOS
PARA DRENAGEM VERTICAL
Compressibilidade;
Flexibilidade;
Resistência à Tração;
Resistência à propagação ao rasgo;
Resistência ao puncionamento;
Econômicas:
Redução do movimento de terra;
Rapidez de construção;
Acesso à obra irrestrito; e
Possibilidade de uso de solos de baixa capacidade de suporte.
Técnicas:
Melhor eficiência no uso de materiais com a combinação da resistência cisalhante do
solo com a capacidade de tração do reforço;
Flexibilidade e tolerância a deformações;
Garantia da qualidade dos materiais, que são produzidos e checados sob condições
controladas.
Possibilidade de novas soluções.
11
2.2.7. DRENO VERTICAL PRÉ-FABRICADO (GEODRENO)
Em 1975, estudos feitos pela empresa paraestatal Geoloski Zavod Ljubliana (GZL) na
Eslovênia, antiga Iugoslávia, com drenos pré-fabricados, em um aterro construído no acesso
ao aeroporto de Ljubliana, demonstrou que a eficiência dos drenos existentes até então tinham
duas limitações:
O invólucro dos drenos com papel filtro não era suficientemente permeável e em
alguns casos era colmatado sob pressão do solo mole.
Os canais de drenagem existentes nos perfis plásticos não eram suficientes para dar
vazão à água do subsolo, na velocidade desejada.
No intuito de superar estas limitações, o Professor Grassek, presidente da GZL, e sua
equipe desenvolveram um novo tipo de dreno com maior área de vazão de água, com um
invólucro de geotêxtil não tecido de filamentos de poliéster (Figura 2.3).
Figura 2.3 - Geodreno com dois perfis de polietileno. (modificado – Catálogo ESTE
Engenharia, 2003)
12
Geotêxtil não-tecido Perfil de polietileno ou polipropileno
Geotêxtil
manta nãonão-tecido
tecida (de PP ou PLT)
100mm
5mm
13
Figura 2.6 - Vista do núcleo do geodreno em três dimensões.
14
Figura 2.7 - Equipamento de Cravação.
15
Figura 2.9 - Instalação do geodreno com o mandril.
16
2.2.10. TIPOS DE ELETRODOS GEC
Segue alguns tipos de eletrodos GEC citados por Hamir et al. (2001).
(i) GEC Tipo 1: Um material geossintético contendo um cordão de fio de cobre. Este
eletrodo é formado usando um geotêxtil de polipropileno agulhado convencional.
A corrente elétrica é transferida por um fio de cobre costurado no material como
mostrado na figura 2.10(a).
(ii) GEC Tipo 2: Um material geossintético incorporado por fibras de aço inoxidável.
Este eletrodo é formado de um tecido agulhado condutor elétrico, feito de uma
mistura de aço inoxidável e fibras poliméricas (Figura 2.10(b)). As fibras de aço
inoxidáveis constituem 20% do peso do material.
(iv) GEC Tipo 4: Geocomposto reforçado com uma corda de fio de cobre. Este
eletrodo é formado usando uma fita de reforço comercialmente disponível formado
de fibras de poliéster anexado em polietileno. Um fio de cobre é costurado no
polietileno tornando-se condutor (Figura 2.10(d)).
17
Figura 2.10 - Eletrodos GEC: Tipos dos eletrodos para ensaio eletro-osmótico. (modificado -
Hamir et al, 2001)
2.3. ELETRO-OSMOSE
De acordo com Leonards (1962), quatro métodos para introduzir a drenagem podem
ser realizados na prática:
1. Aplicação de uma carga externa à massa de solo com a finalidade de expulsar a
água. A carga mais comumente usada é uma sobrecarga de terra;
2. Drenagem de água por gravidade e/ou bombeamento;
3. Aplicação de um gradiente elétrico;
4. Aplicação de um gradiente térmico.
Avaliando o terceiro item acima, se dois eletrodos são cravados em um solo saturado
e faz-se passar uma corrente elétrica de um ao outro, a água contida no solo migra do
eletrodo positivo (ânodo) para o negativo (cátodo). Se o cátodo é um poço filtrante a água
deposita-se nele, de onde pode ser removida. (Figura 2.11)
18
O movimento da água é devido ao fato da superfície das partículas do solo
carregarem carga negativa. A negatividade da superfície das partículas de argila é causada
pela substituição isomórfica de átomos de alumínio ou sílica por átomos de valência mais
baixa dentro da estrutura cristalina da mesma. Em conseqüência, os íons da água que são
carregados positivamente são atraídos para as partículas de solo argilosas e a película da água
adjacente (livre) a este solo continua carregada positivamente devido à preponderância dos
íons positivos. Estes íons positivos, que se acham concentrados na água próximos às
partículas de solo, são atraídos pelo eletrodo negativo e repelidos pelo positivo. Desta forma,
a camada positiva juntamente com colunas de água neutra envolvida migram para o cátodo.
A Figura 2.11 explica graficamente o deslocamento dos íons.
V Caixa
Eletrodo com solo
Eletrodo saturado
Ânodo Cátodo
Campo
Elétrico
Vazios
Cargas
Superficiais
Película de Negativas
água Partícula de
imóvel Solo
Como mostra a figura acima, quando uma corrente elétrica direta é passada através de
um solo saturado, a água se move em direção ao cátodo. Se a água não retorna ao ânodo e é
removida no cátodo, o solo decresce em volume (isto é, consolida-se) em quantidade igual ao
volume de água removida. A resistência do solo é aumentada por este decréscimo de volume,
chamado de consolidação por eletro-osmose.
19
2.4. TEORIA DA CONSOLIDAÇÃO POR ELETRO-OSMOSE
Parede de Capilaridade
Camada
Dupla
Parede de Capilaridade
Para uma maior compreensão desta teoria, deve-se mostrar os tipos de fluxo que
ocorrem através de uma massa de solo.
20
2.4.1. TIPOS DE FLUXO ATRAVÉS DO SOLO
Os tipos de fluxo através do solo são: fluxo de calor, de fluídos, químicos e elétricos.
Tem sido bem definido que, desde que o processo do fluxo não mude o estado do solo, cada
índice de fluxo, Ji, é linearmente relacionado à sua correspondente força Xi de acordo com
Na Tabela 2.2 , qh, qt, I, e JD são os índices de fluxo de água, calor, elétrico e químico,
respectivamente. Os coeficientes Kh, Kt, e, e D são as condutividades hidráulicas, térmicas e
elétricas e o coeficiente de difusão, respectivamente. As forças direcionadas para fluxos são
dadas respectivamente por gradientes hidráulicos, térmicos, elétricos e químicos, ih, it, ie, e ic.
Contanto que os índices de fluxos e gradientes sejam linearmente relacionados, o
tratamento matemático de cada tipo de fluxo é o mesmo, e soluções para fluxo de um tipo
podem ser usadas para problemas de outros tipos, com a condição de que os valores das
propriedades e as condições de contorno sejam adequadamente representadas.
21
2.4.2. TEORIA DE HOLTZ-SMOLUCHOWSKI
Por analogia com a lei de Darcy, o fluxo eletro-osmótico, produzido pela aplicação de
campo elétrico é dado pela expressão:
(*) A diferença de potencial elétrico é obtida pela divisão do trabalho da força elétrica em Joules por carga
em Coulomb. A resultante das unidades padrões do sistema será: V = ML2T -2C-1.
22
A economia e eficiência da extração de água por eletro-osmose são governadas pela
quantidade de água transferida por carga unitária, que é quantificada pela eficiência eletro-
osmótica de transporte de água, Ki. Este parâmetro Ki está relacionado ao coeficiente de
permeabilidade eletro-osmótico (Ke) pela Equação 2.4.
(**) A condutividade elétrica é expressa em -1cm-1, a unidade -1 aparece tão freqüentemente que foi dado
um nome especial, o siemens ( S = 1 -1).
(***) Expressa-se a concentração, ou seja, quantidade de soluto numa determinada quantidade de solução,
através da molaridade (M). A molaridade de uma solução representa o número de moles de soluto por litro
de solução. 1 M de NaCl contém 1 mol (58,44 g) de NaCl em 1 litro de solução.
23
No entanto, em estudos feitos por Hamed et al.(1991), Ki decresceu com um aumento
no gradiente elétrico, possivelmente devido a uma alta influencia do íon H+.
Acar et al.(1994) afirmam que o valor de Ki mudou na ordem H>Cu>Al>Na>Ca
presente em argila e que gradientes de voltagem maiores foram requeridos para iniciar fluxo
em argilas com elemento alumínio (Al) predominando do que em outras argilas com outros
elementos predominando.
24
Figura 2.13 - Movimento de água devido aplicação de campo elétrico.
Pela lei de Darcy, a velocidade de fluxo, Vh, devido a algum excesso do gradiente da
poropressão é dado por:
Kh u
Vh Equação (2.6)
w x
25
Onde, Kh é a condutividade hidráulica, u é o excesso de poropressão, e w é o peso
especifico da água.
Ve Vh
0 Equação (2.7)
x x
2 2
V Kh u
Ke 0 Equação (2.8)
x2 w x2
Desta maneira, uma corrente elétrica é aplicada de um lado a outro em uma massa de
solo por eletrodos situados em um arranjo de fluxo aberto ou fechados. O arranjo de fluxo
aberto é o caso onde eletrodos são dispostos em uma configuração que permita entrada ou
saída de água. No arranjo de fluxo fechado, o eletrodo ou sua configuração não permite fluxo
de líquidos (Acar et al., 1994). Desta forma, sob um gradiente de voltagem uniforme (Esrig,
1968), a poropressão desenvolvida é dependente das condições de contorno no ânodo e no
cátodo. Este pode ter as seguintes formas:
26
(ii) Ânodo fechado, cátodo aberto:
Ke w
u=- V Equação (2.9)
Kh
Ke w
u= (Vm V), Equação (2.10)
Kh
Onde Vm é a máxima tensão aplicada.
27
Durante consolidação eletro-osmótica, poropressão máxima negativa ocorre no ânodo
e poropressão tende a zero no cátodo. Isto produz uma variação na resistência ao cisalhamento
do solo entre o ânodo e cátodo, o que não pode ser aceito na prática. Um método de resolver
este problema é reverter à polaridade dos eletrodos, desse modo induz a consolidação de solo
adjacente ao cátodo (agora o novo ânodo) produzindo uma maior consolidação uniforme entre
os eletrodos. O efeito da polaridade reversa na eficiência do tratamento de eletro-osmose tem
sido estudado também por Shang et al. (1995). Eles concluíram que a técnica aumenta a
eficiência do tratamento, o beneficio sendo atribuído à redução na reação eletro-química
adversa que pode ocorrer durante eletro-osmose relacionado à mudança no gradiente de pH e
conversão de eletrodo. A voltagem aplicada no tempo de polaridade reversa deve ser
aumentada ou diminuída. Estudos teóricos feitos por Wan e Mitchell (1976) sugerem que um
maior ganho na tensão efetiva pode ser alcançado em um curto tempo duplicando a voltagem
aplicada depois da polaridade reversa.
A poropressão desenvolvida por eletro-osmose é também dependente da densidade de
corrente e da resistividade do solo. A Equação 2.9 pode ser expressa em termos de densidade
de corrente (J) e resistividade do solo ( ):
Ke x
u= w J ( x)dx Equação (2.11)
Kh 0
Isto mostra que a corrente é um parâmetro que governa, e se não existir corrente o
processo não será eficaz (Lo et al.,1991a). O primeiro efeito importante da corrente elétrica no
solo é a imposição de uma direção ao movimento da água. Uma segunda conseqüência
favorável é o fato da corrente elétrica permitir a extração da água do solo. Basta para tal
utilizar o elétrodo negativo como um poço filtrante. Isto porque graças à sua corrente elétrica,
este poço será alimentado pela água presente no solo envolvente, sendo que o solo saturado
situado na vizinhança do elétrodo positivo tornar-se-á cada vez mais seco à medida que a água
é expelida para o elétrodo negativo. Na prática, a eletro-osmose não visa secagem do solo,
mas sim direcionar a percolação da água de forma a provocar um efeito de estabilização.
Observando agora fenômenos existentes durante o processo, reações eletrolíticas nos
eletrodos causados pela aplicação de corrente elétrica geram um ácido frente ao ânodo e uma
base frente ao cátodo. A equação da reação no ânodo e no cátodo pode ser expressa,
respectivamente, como (Acar et al., 1994)
28
2H2O – 4e- O2 + 4H+ Reação (2.1)
Corrosão Eletroquímica;
Corrosão Química.
29
Entende-se por corrosão eletroquímica os processos de destruição que se
desenvolvem, por meio de eletrólitos (água do mar, solo, soluções aquosas de ácidos, bases,
sais, ar atmosférico com umidade, etc...) em contato com o metal. Os processos de corrosão
eletroquímica são mais freqüentes na natureza e se caracterizam basicamente por:
30
Figura 2.15 - Reação surgida na área anódica.
Como pode ser visto na figura acima, o desgaste do material ocorre com a passagem
do metal da forma reduzida para a iônica (combinada).
31
significante recalque que pode causar um efeito prejudicial na estrutura. Devido à baixa
permeabilidade da argila, a consolidação primária leva um longo tempo para acontecer; assim,
a técnica comum de melhoria de solo em depósitos de argila mole é a utilização de pré-
carregamento e drenos verticais para acelerar este processo de consolidação. O excesso da
poropressão gerado pelo pré-carregamento é dissipado via colunas de areia verticais ou drenos
verticais geossintéticos pré-fabricados (conhecidos como geodrenos) e uma areia ou camada
geossintética de drenagem na superfície. As vantagens dos drenos verticais são basicamente
duas: aumentar a permeabilidade nos solos anisotrópicos na direção horizontal, e proporcionar
um caminho de drenagem adicional (Shang, 1998). No entanto, o período de consolidação
pode acontecer mais rapidamente acrescentando-se o processo de eletro-osmose.
O incentivo para combinar sobrecarga, drenos verticais e eletro-osmose surgiu no
sudeste da Ásia, devido ao rápido crescimento populacional e da economia, gerando falta de
terras consideradas boas para construções, principalmente no Japão, Corea do Sul, Hong
Kong e outros países do Pacífico. Nestes países, o aterro hidráulico usado para terra
instabilizada é geralmente dragado do fundo do mar. A técnica de pré-carregamento com
drenos verticais tem sido bastante utilizada para acelerar a consolidação do aterro hidráulico,
ou seja, dos sedimentos do fundo do mar antes da construção no terreno instabilizado.
Entretanto, a sobrecarga é geralmente restrita pela não disponibilidades de bons materiais de
aterro. Além disso, sabendo-se que sedimentos marinhos são geralmente homogêneos e
isotrópicos (Shang, 1998), o processo de consolidação, mesmo com o auxilio de drenos
verticais, pode ainda levar anos. Portanto, a eletro-osmose está sendo considerada para
acelerar a consolidação em alguns projetos nas regiões citadas (Shang, 1998).
Para reduzir este tempo de consolidação e para ser menos dependente da necessidade
de um bom lugar para a construção ser realizada, como também reduzir a sobrecarga,
iniciaram-se trabalhos utilizando uma antiga ciência que é a eletro-osmose (EO), mas
associada com uma relativamente nova área de tecnologia; neste caso, a eletricidade é
conduzida através de drenos verticais condutores (DVCs) para acelerar o processo de
consolidação da argila. Para este tipo de solo, a EO é potencialmente mais efetiva em remover
a água do que o DVP convencional, que utiliza apenas gradientes hidráulicos criados por
cargas externas (Chew et al., 2004).
Fazendo-se uma revisão bibliográfica mais profunda, descobriu-se que extensivo
estudo com EO foi feito em solos ricos em argilas no Canadá, Alemanha, Noruega e Reino
Unido (Casagrande, 1952; Casagrande et al., 1981; Fetzer, 1967 citados por Chew et al.
(2004); Gray and Mitchell, 1967; Shang, 1998) e recentemente em paises como Tailândia,
32
Malásia e Cingapura (Bergado et al., 2000; Karunaratne et al., 2002 e Bo et al., 2000, Toh et
al., 2001 citados por Chew et al. (2004)).
Devido ao pouco sucesso do passado, o processo não teve ampla aplicação,
provavelmente por causa do alto custo operacional e algumas incertezas sobre o assunto. No
entanto, alguns programas de pesquisa para explorar a melhoria no processo e na relação entre
parâmetros do solo e elétricos foram e estão sendo empreendidos. Um grande exemplo, está
em um ensaio feito por Lo et al. (1991b), onde o consumo de energia total foi de,
aproximadamente, 1% do custo total do projeto. Este ensaio é comparado com o caso
reportado por Bjerrum et al. (1967) em que o custo de eletricidade foi de 25% do custo total
do projeto. A presente versão do tratamento eletro-osmótico deve, portanto, ser considerada
relativamente eficiente e econômica. Lo et al.(1991b) também mostram, que com maiores
estudos nesta área de atuação, poder-se-á otimizar alguns parâmetros, tendo um custo de
energia total no projeto ainda menor. Desta forma, a utilização anteriormente inadequada de
áreas de solo mole está agora caminhando para tornar-se economicamente viável.
33
CAPÍTULO 3
3.1. INTRODUÇÃO
Visto que a maioria das publicações presentes nesta bibliografia relacionada a eletro-
osmose estudou o processo de consolidação utilizando equipamentos de laboratório (Lo et al.,
1991; Finno et al., 1996; Bergado et al., 2000; Hamir et al., 2001; Jones et al., 2002,), pensou-
se em desenvolver este trabalho com outros equipamentos em uma escala real, o que foi
descartado porque elevaria muito o custo da pesquisa. Por isso, chegou-se à decisão de
aproveitar caixas experimentais em escala intermediárias, já construídas para outras pesquisas
da Pós-Graduação em Geotecnia, (Junqueira, 2000). Dessa forma, economizou-se tempo para
a construção das mesmas. Estas caixas iriam ser transferidas para o campo experimental de
geotecnia, situado próximo ao prédio SG-12 (Figura A.1), com o propósito de ficar ao lado do
Laboratório de Geotecnia da UnB, tendo-se assim uma maior assistência. Com isso, se
trabalharia com a argila do campo experimental que esta já está bem caracterizada por ser
bastante explorada pelo Laboratório de Geotecnia. No entanto, a transferência de local não foi
realizada por que os equipamentos estariam mais expostos, exigindo uma maior segurança,
uma vez que qualquer interferência externa poderia vir a prejudicar os resultados.
Considerando os motivos expostos, as caixas ficaram instaladas no local de origem,
dentro da Estação Experimental de Biologia da Universidade de Brasília, área privativa
localizada no campus da Universidade, na via L4 norte (Figura A.2). O local atendeu
totalmente às demandas necessárias, além da existência de uma estação meteorológica
mantida pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília, que permite o
conhecimento de parâmetros climáticos como evaporação e temperatura ambiente. Além
disso, a maior segurança da área garante a integridade dos equipamentos, bem como evita
interferências de pessoas estranhas.
34
3.2. CAIXAS EXPERIMENTAIS
1,0 m
1,0 m
3,0 m
2,5 m
Na parede lateral de ambas as caixas está instalada uma janela de vidro com 0,5 m de
largura, que se estende desde a base até o topo da caixa. Essa parte de vidro tem a função de
permitir a observação direta de alguns elementos contidos na caixa como: argila mole,
geotêxtil para separação e sobrecarga de areia.
Segundo Junqueira (2000), foram construídas 8 bases de cimento com dimensões de
40 cm x 40 cm x 40 cm (larg. x comp. x prof.) sobre o solo de fundação, para que os suportes
das caixas pudessem ser apoiados, evitando-se recalques diferenciais do solo devido ao peso
do conjunto. Salienta-se que estas bases foram projetadas para o peso do lixo, material de
pesquisa de Junqueira (2000), mas felizmente foram dimensionadas com um determinado
fator de segurança que puderam ser aproveitadas para a presente pesquisa.
35
As caixas estão posicionadas lado a lado, próximas à estação meteorológica dentro da
Estação Experimental de Biologia. Isto favoreceu, pois esta pesquisa necessitou de um ponto
de energia para alimentar a fonte geradora, o que foi fornecido pelo depósito da estação. As
Figuras 3.2 e 3.3 mostram as caixas metálicas no campo.
36
Com o desenvolvimento da pesquisa, foi necessária a instalação de uma cobertura de
lona sobre as duas caixas (Figura 3.4), pois, as caixas são metálicas, tendo grande potencial de
troca de calor com o ambiente externo. Desta forma, o material metálico, quando expostas ao
sol, interfere de maneira direta nos processos de secagem do solo. Esta cobertura também
serviu para proteger o material das chuvas sempre presentes nos meses de novembro a
fevereiro no Distrito Federal.
3.3.1. GEOTÊXTIL
37
Tabela 3.1 - Propriedades do geotêxtil utilizado entre o solo mole e a sobrecarga.
Parâmetro Bidim OP 30
Gramatura 300 g/m2
Espessura 2,7 mm
Knormal 0,22 cm/s
Klongitudinal 0,06 cm/s
Permissividade 0,62 s-1
Transmissividade 0,02 cm2/s
Abertura de Filtração(O95) 0,114 mm
CONFIGURAÇÃO
38
Tabela 3.3 - Propriedades do Geodreno ESTEDRAIN.
PROPRIEDADES
PROPRIEDADES UNIDADES VALOR
FISICAS MÉDIO
PESO g/m 120
LARGURA mm 100
ESPESSURA mm 5
GRAMATURA DO FILTRO g/m2 100
PROPRIEDADES HIDRÁULICAS E
MECÂNICAS
CAPACIDADE DE DESCARGA
10-6 m3/s 70
(200KPa; ih = 0,5)
RESISTENCIA À TRAÇÃO kN 3,0
ELONGAMENTO NA RUPTURA % 70
ELONGAMENTO COM 0,5KN % 6
ABERTURA DE FILTRAÇÃO (AOS) 10-6 m <75
Visto como uma nova tecnologia direcionada para consolidação de argila mole no
mundo, o GCE foi utilizado neste trabalho de pesquisa para acelerar ainda mais o processo de
consolidação da argila mole.
Utilizou-se o geodreno convencional ESTEDRAIN com a função de drenagem e
filtração. Anexado ao mesmo, uma haste de aterramento padrão de cobre e uma cordoalha
também de cobre foram usados como eletrodos em momentos diferentes, com a função de
acelerar e direcionar o fluxo horizontal para o geodreno específico, formando o geossintético
condutor elétrico (GCE).
A Figura 3.5 apresenta os geossintéticos utilizados na pesquisa.
39
2
3 3
4
1 5
1. Geotêxtil OP 30;
2. Dreno vertical (Geodreno);
3. Geossintético condutor elétrico com cordoalha de cobre como eletrodo.
4. Geossintético condutor elétrico com haste de aterramento como eletrodo.
5. Geossintético condutor elétrico envolto de geotêxtil OP 30 em sua extremidade.
3.4. ELETRODOS
O uso do fenômeno eletro cinético requer eletrodos para aplicar uma diferença de
potencial elétrico de um lado a outro na massa de solo. Experiências com eletrodos
convencionais metálicos mostraram oxidação no ânodo resultando na degradação do eletrodo
(Jones & Pugh, 2001). Isto resultou em uma menor eficiência elétrica dentro do sistema.
Atenção especial foi dada ao estudo dos tipos de eletrodos em Lo et al. (1991a). Várias
alternativas foram investigadas, e entre elas o uso do carvão como material do eletrodo. O
perigo do uso do carvão como material do eletrodo, segundo Lo et al. (1991a), é a geração de
calor durante eletro-osmose junto com a geração de oxigênio por causa da eletrolise no ânodo.
Outros materiais como aço e alumínio foram também estudados, e corrosão no ânodo foi
40
também encontrada. Isto resultou em uma inadequada condução de eletricidade e assim
reduziu a eficiência do tratamento. Outros metais como platina e prata são caros e
impraticáveis. Cobre foi então o material escolhido por Lo et al. (1991a) por causa da boa
condutividade elétrica do material e ao acontecer reações no processo, formam óxido de cobre
no ânodo que também é bom condutor. A formação do óxido de cobre inibe a geração de
oxigênio, melhorando a eficiência do processo.
Dos ensaios de laboratório feitos por Lo et al. (1991a), chegou-se a conclusão que o
uso do eletrodo de cobre foi mais efetivo que outros materiais. Isto na condição em que haja
passagem para o fluxo de gás expelido no cátodo, saindo pela superfície durante o processo. O
efeito indesejável da alta resistência do óxido e hidróxido metálico foi também eliminado
devido à troca por óxido de cobre e hidróxido de cobre de alta condutividade.
Conhecendo-se as vantagens citadas acima, como também respaldado na bibliografia
estudada, optou-se pela utilização do eletrodo cobre, mesmo sabendo da desvantagem
indicada por Chew et al. (2004), de que eletrodo de cobre tem menor durabilidade que os
outros materiais no ânodo, justamente por causa da corrosão eletroquímica. Chew et al.
(2004) também afirmam que a inclusão do fio de cobre em seu ensaio foi feita por este ser
bom condutor, o que favoreceu o processo de cinética de elétrons.
Neste trabalho foram utilizados dois tipos de materiais que contêm cobre: haste de
aterramento e cordoalha de cobre. Avaliando o processo de corrosão existente no meio, a
haste de aterramento padrão que apenas contém cobre na sua superfície sendo aço no seu
centro, foi substituída por cordoalha de cobre maciço de 10 mm2 de área. Substituição
ocorrida ao longo do experimento devido ao desgaste do cobre na haste de aterramento,
restando no centro apenas o aço, que é um material menos condutor. Ao colocar a cordoalha
maciça, o cobre seria desgastado na sua superfície com o tempo, mas o centro da cordoalha
continuaria o cobre que é bom condutor. Assim, a transmissão de corrente ocorreria em maior
intensidade no material todo maciço com cobre. Testes foram feitos em um ensaio em
pequena escala em laboratório, que será mostrado no próximo capítulo, comprovando o
motivo da substituição dos materiais.
41
3.5. FONTES GERADORAS DE ENERGIA
As fontes de tensão fixa (3 e 4) são fabricadas para sons automotivos. Estas são
preparadas para gerarem energia durante algumas horas, e não durante alguns dias como exige
esta pesquisa em campo; não são reguláveis e estabilizadas, ou seja, há uma variação na
leitura das medidas de tensão e corrente e quando a tensão fixa é aplicada, a corrente não
consegue ficar estável. Portanto, adotou-se a medida máxima dos valores lidos nos ensaios.
As fontes reguláveis usadas (1 e 2), são estabilizadas e foram fabricadas para fins científicos.
Determina-se uma corrente ou uma tensão sempre fixa, e a fonte ajusta-se automaticamente
para manter um componente (tensão ou corrente) sempre estável. As medidas de voltagem e
42
amperagem do circuito são lidas na própria fonte e estas são projetadas para fornecerem
energia de forma contínua durante alguns dias. A Figura 3.6 mostra a fonte n° 02, como
classificado na Tabela 3.4, de patrimônio da UnB.
O solo utilizado nos ensaios foi retirado de uma escavação a 500 metros de distância
do Instituto Central de Ciências (Ala Sul) da Universidade de Brasília (Figura A.3). Ensaio de
granulométria mostrou que o solo apresentava as proporções de 23%, 15% e 62% de areia,
silte e argila respectivamente. A Figura 3.7 mostra o gráfico do resultado da análise
granulométrica deste solo, com o método de ensaio executado obedecendo a norma brasileira
NBR 7181 (ABNT, 1984).
43
Granulometria
(com defloculante)
100
90
80
Percentagem que Passa (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro (mm)
44
Tabela 3.5 - Propriedades do solo argiloso usado no ensaio.
Limite de Liquidez (WL) 47 %
Limite de Plasticidade (WP) 31 %
Índice de Plasticidade(IP) 16 %
Índice de atividade(Ia) 0,26
Massa Especifica dos Grãos( G) 2,7 g/cm3
pH 5 0,5 (T=26,5° C)
SiO2 31,42 %
Al2O3 31,29 %
Fe2O3 12,88 %
Condutividade*( e) 30 S/cm (T=25° C)
* A condutividade foi medida dentro da massa de solo mole com um equipamento digital -
condutivimetro.
45
Observa-se que a condutividade ( e) do solo homogeneizado com água e sal é 0,020
S/cm, valor que está dentro dos parâmetros avaliados por Mitchell (1991), o qual afirma que a
condutividade varia no intervalo de 0,02-0,035 S/cm para aplicações de campo utilizando a
eletro-osmose.
Com estes dois parâmetros do solo (Ke e e), aplica-se a Equação 2.4 e chega-se à
conclusão que a eficiência eletro-osmótica (Ki) do solo ensaiado encontra-se entre 0 e 1,2
cm3/A/s, intervalo que segundo Acar et al. (1994) pode-se aplicar eletro-osmose que o
tratamento tenderá a ser eficiente. Porém, este valor poderá ser alterado com mudança na
quantidade de água, capacidade de troca catiônica, conteúdo eletrolítico livre no solo e com
mudanças químicas ao longo da massa de solo durante o processo. Ainda segundo Acar et al.
(1994), o valor de Ki muda com alguns elementos predominantes na argila, obedecendo a
seguinte ordem: H > Cu > Al > Na > Ca. Como o solo desta pesquisa contém elevados teores
de alumínio e sílica, devido ao processo de lixiviação presente no Distrito Federal, nota-se
que este solo poderá ser eficiente para aplicação de EO. No entanto, destaca-se que Acar et al.
(1994), também explicam, que gradientes de voltagem maiores são requeridos para iniciar
fluxo em argilas com maior quantidade de Alumínio (Al) do que em outras argilas com
diferentes tipos de elementos predominantes.
3.7. SOBRECARGA
O material utilizado como sobrecarga para induzir a consolidação da argila foi uma
areia de coloração amarela, comercialmente chamada de areia saibrosa. Esta areia foi
colocada nas duas caixas, com aproximadamente 35 cm de espessura sobre o solo mole. A
massa especifica dos grãos é 2,64 g/cm3 e sua curva granulométrica é mostrada na Figura 3.8.
46
Granulometria
(com defloculante)
100,0
90,0
80,0
Percentagem que passa %
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro (mm)
47
CAPÍTULO 4
4 – ETAPAS E METODOLOGIA
48
vedação, pois estas não seriam utilizadas na presente pesquisa. Assim, obteve-se uma caixa
retangular de 3,0 m x 2,5 m e 1,0 metro de altura.
Para melhoria do aspecto e proteção contra a corrosão existente no meio, como
indicado na Figura 4.1, duas demãos de tinta grafite escuro foram aplicadas nas caixas
metálicas depois da área da mesma ser totalmente lixada.
Figura 4.1 - Ilustração das caixas metálicas sem o lixo e devidamente lavadas.
49
agosto pelos menores ( 50 mm/mês). A temperatura média anual varia entre 13 e 22° C,
sendo setembro e outubro os meses mais quentes (20 a 22° C) e junho o mais frio (16 a 18°
C). A umidade relativa durante os meses de agosto e setembro pode atingir o valor mínimo de
11 %, enquanto nos meses mais úmidos ela flutua em torno de 75 %. Estes dados
meteorológicos irão ajudar na compreensão de alguns resultados obtidos nos ensaios.
Ww
W% .100 (Equação 4.1)
Ws
Onde: W é a umidade em porcentagem (acima do WL).
Ww é o peso da água no solo.
Ws é o peso do solo seco (procedimento 1).
50
6. A umidade do solo foi monitorada para evitar perda de água e, conseqüentemente, o
solo deixar de estar saturado. Desta forma, este solo tinha que ser molhado com
mangueira a todo instante por causa da baixa umidade relativa do ar.
51
Figura 4.4 - Solo mole devidamente molhado. (etapa 5)
Como as caixas experimentais têm 1,0 metro de altura, foi definido que 65 cm de solo
mole e 35 cm de sobrecarga seria o suficiente para provocar o processo de adensamento.
Foram necessárias três semanas para colocar o solo mole em torno deste 65 cm de altura,
devido ao grande volume do solo e ao pequeno volume da betoneira, de apenas 50 litros. Este
tempo foi também longo, por que o trabalho foi praticamente todo manual. Encheu-se as
caixas por etapas, para não se ter uma grande diferença do adensamento entre elas causado
pelo peso próprio. Inicialmente, enchia-se 30 cm de uma e então passava-se para encher os 30
cm da outra, alternadamente, até atingir a cota desejada.
Depois de atingir-se um certo volume de argila, as caixas foram fechadas com total
vedação (Figura 4.5). Então, completou-se o preenchimento do material até a cota desejada
com balde, tornando-se a etapa mais demorada. Com a cota de 65 cm, o solo argiloso foi
nivelado para não ter diferença entre o conteúdo das caixas.
Até colocar a sobrecarga, cerca de duas semanas, água foi jogada na superfície da
argila, para mantê-la saturada. Este procedimento foi feito duas vezes ao dia. Porém, sempre
na manhã seguinte pouca água existia sobre a superfície da argila devido à baixa umidade do
ar neste mês de julho.
Após todo este procedimento de preparação da argila mole, uma manta de geotêxtil foi
colocada sobre sua superfície, para receber a sobrecarga de areia. Este geotêxtil tinha como
função apenas separar a sobrecarga do solo mole.
52
Figura 4.5 - Caixa sendo fechada para posteriormente ser completada com argila.
53
o processo de eletro-osmose. Estes, por sua vez, foram conectados ao terminal positivo de
uma fonte, tornando-se eletrodos ânodos, e os GCEs conectados ao terminal negativo para
serem os cátodos.
54
multímetro digital. A Figura 4.8 abaixo mostra a configuração do circuito com a distância
entre os eletrodos e a Figura 4.9 apresenta uma ilustração desta configuração.
55
Figura 4.9 - Ilustração da configuração representando a caixa com EO.
56
Figura 4.10 - Placa de recalque posicionada no centro da caixa.
57
Figura 4.11 - Instalação do piezômetro.
Foram instalados três piezômetros (Figura 4.12) em cada caixa experimental para um
maior domínio da área e conseqüentemente maior confiabilidade nos resultados encontrados.
Foi medido o nível de água nos piezômetros antes de colocar a sobrecarga (medidas iniciais) e
logo após a mesma ser depositada sobre a argila mole, tendo assim, por diferença, o
acréscimo de poropressão que ocorrera na massa de solo mole. A cada 48 horas eram feitas
medidas nos piezômetros para comparação com o acréscimo de poropressão medidos
inicialmente.
Quando os piezômetros foram instalados, amostras de solo mole foram retiradas do
meio da camada de argila nas duas caixas, onde a umidade das mesmas estavam cerca de
40%. Este valor mostra que a argila não estava mais totalmente saturada como inicialmente,
quando foi preparada. Esta perda de umidade ocorreu devido a baixa umidade do ar, bem
como a forte ação do sol sobre as caixas.
58
Figura 4.12 - Piezômetros para medida do acréscimo de poropressão na massa de solo.
A resistência não drenada da argila foi determinada por meio do ensaio de Palheta de
campo adaptado (Figura 4.13). Este ensaio consiste de uma palheta de seção retangular de 65
mm de diâmetro e 130 mm de altura, inserida no solo, e submetida a um torque capaz de
cisalhar este solo por rotação. O ensaio adaptado seguiu a Norma MB-3122 (Ensaio de
palheta in situ), onde o equipamento de unidade de torque e medição foi o torquimetro, o qual
imprimiu uma rotação às hastes de (6 0,6)°/min. Isto foi feito nas duas caixas apenas antes do
primeiro ensaio iniciar. Não justificava fazer este ensaio de palheta no término do ensaio, pois
o processo de eletro-osmose não foi eficiente devido a problemas que serão expostos no
capítulo posterior.
59
4.2.7. DESENVOLVIMENTO DO ENSAIO
A baixa umidade do ar e o forte calor gerado sobre as caixas em campo foram fatores
que provocaram a rápida evaporação da água do solo. Por este motivo, resolveu-se modificar
o procedimento para a saturação do solo em laboratório, e se eficiente, posteriormente ser
aplicado a um novo ensaio em campo.
A mesma argila utilizada no ensaio anterior foi homogeneizada com água tratada em
uma bandeja metálica até atingir uma consistência mole, logo em seguida foi inserido em um
recipiente metálico e acrílico de formato retangular com as seguintes dimensões: 0,25 m x 0,8
m x 0,3 m (larg. x comp. x prof.). Entretanto, este recipiente também continha água tratada
em seu interior para o solo ser mergulhado e outra vez homogeneizado. O procedimento
adotado garante a saturação total da argila se corretamente executado. Uma amostra do solo
foi retirada comprovando que a umidade do solo estava acima do seu limite de liquidez (WL),
ou seja, o solo estava saturado.
Visto que eletro-osmose é o processo pelo qual a água livre move-se do ânodo ao
cátodo sob aplicação de uma corrente direta, instalaram-se dois eletrodos (haste de
aterramento) na massa de solo saturado com 55 cm de distância entre eles. Esta distância é a
mesma entre os eletrodos do ensaio em campo. Estes eletrodos também foram conectados a
uma fonte a qual gerava para um eletrodo carga positiva (fio azul) e, para o outro, carga
negativa (fio preto) como mostra a Figura 4.14.
60
Figura 4.14 - Ensaio em Laboratório feito em caixa de escala reduzida.
61
recipiente anterior, mas, desta vez, inserida e homogeneizada em um recipiente de material
plástico também de formato retangular com as dimensões: 0,35 m x 0,7 m x 0,35 m (larg. x
comp. x prof.). As mesmas fontes da Tabela 4.1 foram utilizadas, obtendo resultados bem
próximos aos valores encontrados anteriormente. Assim, eliminou-se a possibilidade do
material metálico ter interferido no resultado de corrente obtido do ensaio realizado na caixa
de escala intermediária e em menor escala no laboratório.
Desta forma, pensou-se em aumentar a condutividade da argila adicionando sal
sintético a água destilada para simular a água do mar, reproduzindo argila mole marinha. Este
sal sintético é utilizado em aquários de água salgada. Então, novos ensaios foram feitos com
os mesmos procedimentos de saturação, exceto que em vez de usar água tratada, o solo foi
homogeneizado com água e sal sintético, em uma concentração de 33 g/L de sal na água. As
mesmas fontes foram usadas para obter uma comparação. Os resultados estão contidos na
Tabela 4.2.
Tabela 4.2 - Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal sintético.
Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 14,85 V 2,65 A
35 V e 5 A 35,0 V Sem leitura
Comparando os resultados das Tabelas 4.1 e 4.2, nota-se que o sal sintético aumenta
aproximadamente 1000 vezes a corrente que atravessa o solo. Assim, este deve ser aplicado
ao ensaio em campo para realizar a eletro-osmose de forma eficiente. Na segunda fonte não
houve leitura de corrente por que a mesma ultrapassou o limite que esta fonte suporta.
Considerando que o sal de cozinha custa 20 vezes menos que o sal sintético, resolveu-se fazer
o mesmo teste com este sal de menor custo (Tabela 4.3).
Tabela 4.3 - Resultados obtidos na massa de solo saturado com sal de cozinha.
Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 14,15 V 2,52 A
35 V e 5 A 34,50 V Sem leitura
62
Os valores com sal de cozinha estão próximos aos valores obtidos no ensaio com sal
sintético da Tabela 4.2. Desta forma, por ser um sal de custo bem mais baixo, resolveu-se
aplicar este produto no ensaio seguinte realizado na caixa localizada no campo, pois, o
volume necessário de argila mole (4,875 m3) requer uma grande quantidade de sal para
simular argila mole marinha.
Acar et al. (1994) e Gray & Mitchell (1967) afirmam que a condutividade do solo
muda com a quantidade de água, capacidade de troca catiônica e o conteúdo eletrolítico livre
no solo, como também está relacionado à química dominante durante a eletro-osmose. Desse
modo, ao inserir sal ao solo do ensaio, o conteúdo eletrolítico foi modificado. Assim,
provavelmente, o sal era o item que faltava para que o processo de eletro-osmose tornasse
eficiente e ajudar na consolidação de argilas moles.
Tentando-se melhorar a eficiência do processo, resolveu-se trocar o eletrodo barra de
aterramento por cordoalha de cobre para proceder ao mesmo ensaio. Os resultados obtidos
encontram-se na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 - Resultados obtidos através de eletrodos de cobre maciço em massa de solo
saturado com sal de cozinha.
Fonte Tensão Corrente
12 V e 40 A 15,25 V 3,05 A
Fazendo-se uma comparação das duas tabelas anteriores, mostra-se que o eletrodo de
cordoalha de cobre maciço aumentou a diferença de potencial elétrico entre estes e também a
corrente passada pelo solo mole, fazendo com que o processo de eletro-osmose tenda a ser
mais eficaz. Chega-se a conclusão que a parte de aço da barra de aterramento interfere na
voltagem, como esperado, devido a diferença da condutividade do material. Logo, decidiu-se
colocar cordoalha de cobre como material condutor pertencente ao GCE nos próximos ensaios
em campo.
As Figuras 4.15 e 4.16 mostram um ensaio sendo executado, através de uma fonte fixa
de 30 V e 20 A, em uma massa de solo saturada contendo sal de cozinha na água.
63
Figura 4.15 - Ensaio mostrando o processo de eletro-osmose.
a. b.
Figura 4.16 - Migração da água do eletrodo positivo ao negativo (a) e evidencia de eletrólise
com formação de bolhas formando o gás hidrogênio no cátodo (b).
64
hidrogênio. As reações citadas em Acar et al. (1994) mostram este processo de eletrólise da
água com a Reação 2.1 ocorrendo no ânodo e a Reação 2.2 ocorrendo no cátodo.
Neste teste, foi obtida uma diferença de voltagem de 27 V e a corrente passada pela
massa de solo foi de 5,2 A. A tensão encontrada foi menor que a máxima voltagem gerada
pela fonte. Provavelmente essa queda de tensão ocorreu, por causa do processo de corrosão na
parte de cobre e aço do eletrodo, como pode ser visto na Figura 4.16(b).
Ao término do último teste dessa bateria inicial, retirou-se uma pequena amostra de
solo do centro do recipiente e verificou-se a umidade de 37 %, apesar de haver-se abastecido
com água durante todos os dias. Isto mostra que a umidade do ar deve ter interferido no
processo, pois, a corrente era aplicada apenas para a realização das leituras de voltagem e
amperagem. Assim, se em um ambiente de laboratório observou-se um decréscimo de cerca
de 18% de umidade, pode-se justificar a queda de umidade no primeiro ensaio em campo,
pois, além da umidade baixa do ar, o sol também influenciou com o aumento de temperatura
na parte interna das caixas.
Portanto, os testes executados no laboratório serviram para modificar alguns
procedimentos e entender por que o processo eletro-osmótico não ocorreu no primeiro ensaio.
Neste ensaio realizado em laboratório, utilizou-se um circuito elétrico básico que para
uma maior simplificação força-se obedecer a Lei de Ohm, a qual indica que a tensão é
diretamente proporcional a corrente, e a constante formada aparece como uma dificuldade à
passagem da corrente elétrica. A Equação 4.2 mostra a formulação da Lei de Ohm e a Figura
4.17 ilustra o circuito neste ensaio de laboratório.
Onde:
V: diferença de potencial elétrico (V);
R: resistência elétrica (ohm);
i: corrente elétrica (A).
65
V
+ -
i
66
Legenda:
Ânodo Cátodo Resistor
R1 R2
- R3 R4
+
67
conseqüentemente, a evaporação da água contida no solo, como também das chuvas
fortemente predominantes nos meses de novembro a fevereiro. Devido ao peso e empuxo do
solo sobre as caixas no primeiro ensaio, uma manutenção foi feita para total vedação,
evitando a passagem de água para os drenos inutilizados e por fendas surgidas nas portas das
mesmas. Testes foram realizados para certificar-se que a água não estava passando por estas
vias descritas.
Durante o ensaio anterior, em campo, corpos de provas de concreto serviram de apoio
embaixo das caixas, pois as mesmas estavam fletindo devido ao grande peso da argila mole e
sobrecarga. Um macaco hidráulico foi necessário para colocar apoios de cimento sob as
caixas. Este procedimento de colocação dos apoios foi também feito no segundo ensaio em
campo, antes de colocar o peso do material nas caixas, deixando o conjunto previamente
estabilizado.
68
semanas para garantir a saturação da mesma, ou seja, esta maneira durou uma semana a
menos comparada com o primeiro ensaio.
O mesmo procedimento para saturação foi feito para a caixa 2 (com EO),
acrescentando-se sal de cozinha a água tratada. Isso foi feito, pois resultados obtidos no
ensaio em escala reduzida mostraram que o sal contido na água do solo tornaria a
consolidação eletro-osmótica da argila viável, pois aumentaria a condutividade da mesma.
Esta água salgada foi preparada com a mesma concentração de sal da água do mar: 33g/L.
Foram gastos 100 kg de sal para preparar todo o volume de solo mole da caixa 2. Água
salgada não foi utilizada na caixa 1, por não se ter necessidade da presença de sal.
A maneira de colocar a argila dentro das caixas foi feita também por etapas e
alternadamente, como na primeira tentativa.
Neste ensaio, a sobrecarga estava com uma umidade acima de 20 %, devido as fortes
chuvas do mês de novembro. Esta areia foi colocada e mantida aproximadamente com a
mesma umidade sobre a argila. A sobrecarga também foi colocada por etapas até atingir as
bordas das caixas, dando uma altura final de 35 cm. Manteve-se no sistema uma manta de
geotêxtil para separar a sobrecarga de areia da massa de argila mole.
Na caixa 1, os drenos verticais (DVPs) foram instalados com a ajuda de duas hastes
em cada lateral. O comprimento do dreno vertical e sua instalação foram iguais ao do
primeiro ensaio. O número de DVPs instalados foram nove e os seus espaçamentos estão
ilustrados na Figura 4.19.
69
Figura 4.19 - Espaçamento dos DVPs na caixa 1.
70
Utilizaram-se as hastes de aterramento como suporte para inserir o GCE no solo,
sendo este fechado com geotêxtil em sua extremidade para que a argila não penetrasse neste
geocomposto no momento de ser inserido no solo. Depois que a sobrecarga foi colocada, as
hastes foram retiradas, restando o “geodreno + cordoalha de cobre” (GCE) em posição
vertical. Neste ensaio, o número de GCE instalados foram dezoito, por pretender-se aplicar a
técnica da eletro-osmose reversa. A eletro-osmose reversa acontece mudando a polaridade dos
eletrodos, ou seja, quem estava conectado ao pólo positivo passa a ser conectado ao pólo
negativo e vice-versa. Isto poderá promover uma quantidade de água mais uniforme e uma
melhor distribuição de resistência ao cisalhamento devido a um aumento mais uniforme na
tensão efetiva.
Para poder viabilizar uma real comparação entre os dois processos, pensou-se em
instalar seis GCE tornando-se geossintéticos ativos (carga negativa) por 48 horas e doze
inativos neste mesmo período. Quando fosse aplicada a eletro-osmose reversa, os doze
geossintéticos passariam a ser ativos também em 48 horas. Sendo que o resultado final das 96
horas teria uma média de 9 geossintéticos ativos, podendo comparar com os 9 geodrenos da
caixa 1 nas mesmas 96 horas. Este procedimento aconteceria até a estabilização do recalque e
da poropressão. No entanto, o procedimento de inversão não foi possível devido a problemas
que serão relatados. Com relação aos espaçamentos entre os GCEs, são os mesmos da
configuração do primeiro ensaio situado na Figura 4.8.
71
fábrica TDM, a qual tinha uma capacidade de corrente maior. No entanto, esta fonte também
esquentou, indicando que a corrente do meio estava ultrapassando o limite da mesma. Para
não finalizar o ensaio, decidiu-se ligar a fonte por uma hora e desligá-la até o esfriamento dos
componentes para ligá-la novamente, pois era a última fonte disponível. Esta ação continuou
por mais 3 dias até o instante que esta fonte também queimou no dia 18 de dezembro de 2004.
72
de iluminação, referência do primeiro ensaio. A cota inicial foi medida da ponta da haste da
placa até a viga metálica no primeiro dia de tratamento. Todos os dias esta medida era feita e
os valores comparados com as cotas iniciais, de modo que a diferença entre as medidas
corresponde aos recalques ocorridos.
73
Viga Metálica
74
Figura 4.23 - Piezômetros instalados em locais estratégicos na caixa com EO.
75
CAPÍTULO 5
5 – RESULTADOS E COMENTÁRIOS
5.1. INTRODUÇÃO
Este ensaio foi realizado nas caixas de escala intermediária situadas em campo, no
período de junho a agosto de 2004. Piezômetros foram instalados para medida de acréscimo
de poropressão devido a presença da sobrecarga; placas de recalque mediam o deslocamento
76
vertical provocado pelo processo de adensamento da argila saturada e a resistência não
drenada da argila foi medida através do ensaio de palheta.
0,5 m 0,5 m
Piez 1 Piez 1
1,0 m 1,0 m
3,0 m
Piez 2 Piez 2 3,0 m
1,0 m 1,0 m
1,25 m 1,25 m
Piez 3 Piez 3
0,5 m 0,5 m
2,5 m 2,5 m
77
Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3
8,2
8 8,1
7,1
7 7
6,9
6,2
6 6 6,1
Poropressão(kPa)
5,1
5 5
4,7
4,3
4 3,9
4,1 4,2 3,8
3,8 3,2
3 3,1
2,8
0
12-ago 14-ago 16-ago 18-ago 20-ago 22-ago 24-ago 26-ago 28-ago
Dias
8,8
8,2
8
8
7,2
7 6,8
6,7
6,4
5,6 5,6
5,5
Poropressão(kPa)
5
4,8
4,3
4,1 4,1
4
3,7
3,4
3,2 3,2
2,8
2,4 2,5 2,5
2
1,9 1,8
1,6
1,3
0,8
0
12-ago 14-ago 16-ago 18-ago 20-ago 22-ago 24-ago 26-ago 28-ago
Dias
78
Piezometro 1 - Caixa 1 Piezometro 1 - Caixa 2(EO)
8,8
8,2
8
7,2
7
6,7
6,4
6,1
5,6 5,6
Poropressão(kPa)
5,1
4,8
4,3 4,3
4
3,7 3,8
3,2 3,1
2,8
2,4
2
1,6
0,8
0
12-ago 14-ago 16-ago 18-ago 20-ago 22-ago 24-ago 26-ago 28-ago
Dias
79
ser colocada. No último dia do ensaio (27 de agosto) resultou uma diferença de 1,1 kPa entre
os dois processos.
Deve-se lembrar, que este primeiro ensaio foi realizado nos meses de baixa umidade
relativa do ar e alta temperatura ambiente. Com a falta da cobertura de lona, as caixas
absorveram os raios solares fortemente presentes, principalmente, no momento da preparação
da argila mole. No entanto, a caixa 1 estava na maior parte do dia embaixo de uma sombra
formada por uma árvore. A caixa 2, estava embaixo desta mesma sombra apenas uma parte do
turno da manhã. Desta forma, a segunda caixa absorveu a maior parte do calor existente,
interferindo de maneira direta nos resultados através de uma maior eliminação de água.
Assim, entende-se que esta diferença de queda de poropressão ilustrado na Figura 5.4, não foi
causada apenas pela eficiência do processo, porque foi medida cerca de 2 mA de corrente para
acelerar o fluxo na caixa 2, valor considerado baixo, mas também causada pela presença do
calor e baixa umidade do ar durante a preparação e desenvolvimento do ensaio.
Duas placas de recalque de madeira foram colocadas na parte central das caixas, com
o objetivo de acompanharem os deslocamentos verticais da massa de solo argiloso. Todo o
procedimento de instalação e leitura está descrito no capítulo 4. A Figura 5.5 mostra o
desenvolvimento do recalque durante todo o ensaio.
80
Caixa 1 Caixa 2 (EO)
0 0
13/ago 15/ago 17/ago 19/ago 21/ago 23/ago 25/ago 27/ago 29/ago
-2
-4
-6
-8
Recalque(mm)
-10
-12
-13 -13
-14 -14
-15
-16 -16
-17
-18
-20 -20
-22
Dias
81
das justificativas da diferença de deslocamento vertical de 25 % no fim do ensaio como
apresentada na Figura 5.5.
82
reduzindo a interferência por aquecimento das chapas metálicas. Ressalta-se, que neste
ensaio, o sal de cozinha foi adicionado apenas na caixa que utilizou o processo eletro cinético.
No primeiro dia de tratamento (29 de novembro de 2004), a fonte fixa com voltagem
de 30 V e 20 A foi ligada. Cerca de 5 minutos após a aplicação do potencial elétrico, uma
espuma branca começou a sair dos GCE cátodos. Esta espuma surgiu devido à reação de
eletrólise que libera gás hidrogênio no meio, carregando com este gás, a água. A Reação 4.2
mostra o processo de eletrólise.
83
Figura 5.7 - Expulsão da água contida na argila utilizando EO.
As figuras acima mostram que o processo de eletro-osmose foi iniciado e que este
realmente pode ajudar na aceleração da consolidação da argila mole com a retirada de água
através dos GCE cátodos.
Ao registrar a expulsão da água da massa de solo, aproximadamente 40 minutos após a
fonte ser ligada, mediu-se a corrente e tensão aplicada com um multímetro digital. No entanto,
nenhum valor foi identificado, mostrando que a fonte não estava fornecendo energia e
portanto tinha queimado.
Dois dias depois, foi conseguida no laboratório de engenharia elétrica da UnB uma
fonte estabilizada com regulagem de voltagem e amperagem. Porém, esta era apenas uma
fonte temporária, pois a corrente máxima suportada pela mesma era de 10 A. A Tabela 5.1
mostra os resultados de diferença de potencial elétrico (tensão) aplicada e corrente obtida com
esta fonte temporária.
Tabela 5.1 - Medidas de tensão e corrente que atravessaram o solo utilizando a fonte 30 V e
10 A.
Dia -Hora Tensão (V) Corrente (A) Resistência(ohm)
01/12 – 18:00 1,3 9,50 0,14
02/12 – 08:00 1,4 9,44 0,15
02/12 – 15:00 1,4 9,53 0,15
84
Observa-se, inicialmente, que a corrente foi mantida em 9,50 A, chegando a estar
quase em seu máximo, não aplicando para não deixar a fonte trabalhar em seu extremo. Deste
modo, a tensão medida esteve bem abaixo da capacidade da fonte. Se houvesse um aumento
manual na tensão, a corrente também iria aumentar ultrapassando o que a fonte suporta, pois
segundo a Lei de Ohm, a tensão é diretamente proporcional a corrente, como foi visto na
Equação 4.2. Através desta mesma equação, encontra-se o valor da resistência elétrica do solo
mole que foi homogeneizado com água salgada. Estes valores de resistência estão
coincidentes com a resistência inicial encontrada por um ensaio em campo de argila marítima
realizado por Chew et al. (2004).
Com o esforço da fonte de não deixar a corrente ultrapassar o valor máximo suportado
por esta, um grande aquecimento foi identificado em 21 horas de trabalho corrido, então,
resolveu-se mantê-la ligada apenas 4 horas por dia até sua substituição. Esta solução foi
mantida durante 5 dias e os resultados de tensão e corrente estão na Tabela 5.2.
85
0,185
0,18 0,18
0,175
0,165
0,16 0,16
0,155
0,15 0,15
0,145
0,14 0,14
1/12/05 2/12/05 3/12/05 4/12/05 5/12/05 6/12/05
Dias
Deve-se salientar que durante este período com a fonte de 30 V e 10 A não houve
expulsão visual da água juntamente com gás pelos geossintéticos condutores elétricos.
Acredita-se que a corrente obtida com esta fonte não foi suficiente para provocar as reações
necessárias.
No dia 04 de dezembro observou-se o surgimento de um material sólido verde apenas
ao redor dos eletrodos dos GCEs ânodos, surgindo com maior intensidade no decorrer dos
dias. Ao analisar o resultado do dia 07 de dezembro, o qual não está contido no gráfico por ser
totalmente diferente da tendência dos resultados, pensou-se em avaliar os eletrodos. Ao
examiná-los, descobriu-se que todos os materiais condutores presentes no GCEs ânodos
(cordoalha de cobre) estavam quebrados cerca de 10 cm das suas extremidades superiores por
causa da corrosão eletroquímica existente. Por este motivo, a corrente passada pelo solo ficou
muito baixa, permitindo à fonte condições de aumentar a tensão para 28 V por esta ser
automatizada, explicando o salto dado pela resistência na Tabela 5.2.
Para entender como a corrosão eletroquímica aconteceu, faz-se uma analogia do
processo de eletro-osmose com o processo de uma pilha eletrolítica (Figura 5.9). Na pilha
eletrolítica também ocorre uma reação redox (oxidação-redução) não-espontânea pela
introdução de energia elétrica no sistema. O solo saturado seria representado pelo líquido
86
existente na pilha, e os eletrodos de cobre no ânodo e cátodo seriam os eletrodos A e C da
pilha eletrolítica.
Na figura acima, a bateria é uma fonte de corrente elétrica contínua, assim como a
fonte neste processo de eletro-osmose. Dois fios saem dos terminais da fonte e entram na
célula eletrolítica. Ela consiste em dois eletrodos mergulhados em um líquido que contém os
íons M+ e X-.
A bateria atua como uma bomba de elétrons, empurrando elétrons para C e
removendo-os de A. Para manter neutralidade elétrica, algum tipo de processo no interior da
pilha deve consumir elétrons em C e liberá-los em A. Este processo é uma reação Oxidação-
redução. No eletrodo C, denominado cátodo, íon ou uma molécula sofre redução ao aceitar
elétrons. No ânodo, A, são produzidos elétrons pela oxidação de um íon ou molécula. A
reação global na pilha é a soma das duas meias reações nos eletrodos. Enquanto está
ocorrendo reação, há um fluxo constante de íons nos dois eletrodos. Íons positivos (cátions)
caminham para o cátodo; íons negativos (ânions) caminham para o ânodo como ocorre no
processo de eletro-osmose.
Acompanhando este processo nas caixas, em virtude da presença acentuada de sais
na simulação da água do mar, o solo saturado tornou-se um eletrólito por excelência. A
velocidade da corrosão eletroquímica depende muito do líquido presente. Neste caso, existe a
presença de cloreto de sódio na água, substância extremamente forte para acelerar a corrosão
eletroquímica através da eletrólise. No ânodo, íons Cl- são oxidados a Cl2 (g), no cátodo,
87
moléculas de H2O são reduzidas a H2 (g) e a íons OH-, como mostrado no processo da pilha
eletrolítica. A Reação 5.1 mostra a decomposição e oxidação do cloreto de sódio.
Com o gás cloro presente no ânodo, o qual contém um eletrodo de cobre, poderá
resultar a Reação 5.2.
Esta substância formada (cloreto de cobre) tem coloração verde, o que poderá ser o
material encontrado ao redor dos eletrodos no ensaio. Outra possibilidade é que com a
eletrólise da água, o oxigênio sai na forma de gás no ânodo, oxidando o cobre presente neste
meio e formando o hidróxido de cobre ou óxido de cobre hidratado que também são
substâncias de coloração esverdeada (Reação 5.3). Os produtos de corrosão nos processos
eletroquímicos são, em geral, resultantes da formação de compostos insolúveis entre o íon do
metal e o íon hidroxila. O produto de corrosão é portanto, na grande maioria dos casos,
hidróxido do metal corroído, ou óxido hidrato do metal. Quando o meio corrosivo contiver
outros íons poderá haver a formação de outros componentes insolúveis e o produto de
corrosão pode ser constituído de sulfetos, sulfatos, cloretos, dentre outras (ABRACO, 2000).
Nesta Reação 5.3, o cobre foi perdendo elétrons para a água salina, enquanto se forma
na região uma mistura de hidróxido de cobre ou óxidos de cobre hidratado que constitui a
corrosão.
2 Cu(s) + 2 H2O(l) + O2(g) 2 Cu(OH)2.(s) Reação (5.3)
88
material resultante da corrosão está azul devido a cobertura de lona que tem coloração azul,
interferindo na coloração esverdeada da fotografia.
a. b.
Figura 5.10 - Eletrodo do GCE ânodo com muco verde (a). Eletrodo partido a 10 cm de sua
extremidade(b).
89
Figura 5.12 - Cordoalha de cobre quebrados devido a corrosão eletroquímica.
P= V. i Equação (5.1)
Onde:
P é a potência (Watts)
V é a tensão aplicada ou fornecida(V)
i é a corrente (A)
90
Para simplificar o processo, uma pequena aproximação foi feita igualando a potência
fornecida ao sistema (entrada da fonte) com a potencia gerada pelo sistema (saída da fonte),
como mostra a Figura 5.13.
Potência de
Potência de Saída
Entrada (Ps=V.i)
FONTE
(Pe=V.i)
Figura 5.13 - Ilustração mostrando que a potência de entrada é igual a potência de saída.
91
a. b.
Figura 5.14 - Liberação do gás hidrogênio do cátodo (a e b).
Como a fonte começou a ser aquecida muito rapidamente por causa do alto valor de
corrente, bem como os fios de 6 mm2 que estavam ligados do eletrodo até a fonte, devido a
corrente do meio ter ultrapassado o limite suportado por este, resolveu-se desligá-la para
evitar uma nova queima de fonte e assim tentar conseguir uma fonte com maior capacidade
elétrica.
Ao perceber que uma nova troca não seria possível pela falta de recursos para
aquisição de uma fonte com maior capacidade elétrica e preparada para suportar dias
contínuos de geração de energia, optou-se em continuar utilizando a mesma fonte ( 12 V e 40
A) para não acabar por completo o ensaio. No entanto, esta seria ligada durante uma hora e
desligada até o seu resfriamento para uma nova tomada de energia. Este procedimento durou
até a fonte não suportar o aquecimento, queimando depois de três dias de uso, no dia 18 de
dezembro.
A Tabela 5.3 mostra as medidas da diferença de potencial elétrico e corrente que
atravessou a massa de solo durante os três últimos dias de tratamento com a última fonte
disponível.
92
Tabela 5.3 - Medidas de tensão e corrente com fonte de 12 V e 40 A.
Dia - Hora Tensão (V) Corrente (A) Resistência (ohm)
16/12 – 6 hora 10,9 51,9 0,21
17/12 – 6 horas 10,8 45,1 0,24
18/12 – 3,5 horas 10,8 43,3 0,25
As Tabelas 5.1, 5.2 e 5.3 evidenciam que a medida que o tratamento é continuado, a
resistência elétrica do meio aumenta, dificultando a passagem de corrente e naturalmente
ocorrendo uma queda de corrente. Nestas tabelas, as quedas de corrente são pequenas devido
ao pouco tempo que a fonte ficou ligada. Entretanto, percebe-se que uma fonte regulável é
importante, pois a medida que a corrente cair consideravelmente, não deixando o processo
eficaz, aumenta-se a tensão, conseqüentemente a corrente, voltando a expulsar água por causa
da migração dos íons aos GCEs.
Com estes problemas relacionados à fonte, pouco tempo da eletricidade foi usado para
o processo de tratamento. Porém, mesmo com este curto tempo, as medidas das
instrumentações continuavam a serem feitas para uma comparação com o processo
convencional.
93
Caixa 1 Caixa 2(EO)
Piez 3 Piez 3
3,0 m
3,0 m
Piez 2
Piez 2
1,25 m 1,25 m
Piez 1
Piez 1
2,5 m 2,5 m
94
Caixa 1
3,15
3,00
2,85
Acréscimo de poropressão (kPa)
2,70
2,55
2,40
2,25
2,10
1,95
1,80
1,65
1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data
Caixa 2(EO)
3,15
3,00
2,85
Acréscimo de poropressão (kPa)
2,70
2,55
2,40
2,25
2,10
1,95
1,80
1,65
1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data
95
Na Figura 5.16, observa-se que ainda houve um aumento na poropressão no segundo
dia do tratamento, isto pode ser devido a leitura do piezômetro de Casagrande que é lenta,
estabilizando apenas no dia 30 de novembro. A partir do dia 7 de dezembro, as medidas de
poropressão dos três piezômetros começam a se dispersar chegando a medir no último dia de
tratamento (18 de dezembro) 2,24 kPa, 2,19 kPa, 2,10 kPa para os piezômetros 1, 2 e 3,
respectivamente. Analisando o segundo piezômetro da caixa 1, observa-se que houve uma
queda de 0,90 kPa de poropressão, isto equivale a aproximadamente 30 % menos do aumento
de poropressão existente.
Na Figura 5.17, a qual trata das medidas do acréscimo de poropressão na caixa que
utiliza como processo a eletro-osmose, ressalta-se que o piezômetro 1 está próximo ao GCE
ânodo, piezômetro 2 no meio dos dois GCE de polaridade diferentes e o piezômetro 3
próximo ao cátodo. Assim, observa-se que neste gráfico também há um aumento inicial,
referente a lentidão da leitura do piezômetro Casagrande. A partir do dia 3 de dezembro as
medidas começam a se dispersar, onde há uma maior diferença visual entre os piezômetros 1
(próximo ao ânodo) e 3 (próximo ao cátodo). Esta diferença deve ter ocorrido, justamente, por
que no piezômetro 1, próximo ao ânodo, o eletrodo tende a empurrar a água para o outro
eletrodo de polaridade diferente, pois, a água livre contém carga positiva que é repelida pelo
ânodo e atraída pelo cátodo que tem carga negativa. Este caminho dos íons faz com que o
piezômetro 1 tenha uma perda maior de poropressão comparado aos outros dois. Este
piezômetro tem uma queda de poropressão de 1,35 kPa (- 45 %), enquanto o piezômetro 3 cai
apenas 0,85 kPa(- 29 %).
Para tentar eliminar esta diferença de queda de poropressão poder-se-ia aplicar a
técnica de eletro-osmose reversa que foi planejado para este ensaio. Mas não foi realizada
pelo pouco tempo de aplicação de voltagem normal por motivos já explicados. Acredita-se
que com a eletro-osmose reversa haveria um desenvolvimento mais uniforme do solo. Pois,
da mesma forma que foi identificado por outros autores, incluindo Lo et al. (1991b), que
utilizou a polaridade normal em seu ensaio, identificou-se que o tratamento desta massa de
solo foi não uniforme, em que a poropressão cresceu do ânodo para o cátodo,
conseqüentemente, a resistência ao cisalhamento não drenado tender-se-á a decrescer nesta
mesma direção. Lo et al. (1991b) afirmam que em seus ensaios a eletro-osmose reversa
uniformizou as propriedades do solo, prevenindo excessiva secagem no ânodo e um
decréscimo na corrosão dos eletrodos.
96
Analisando a comparação dos piezômetros, Figura 5.18 , observa-se que houve uma
maior queda de poropressão no piezômetro da caixa que utilizou eletro-osmose. No final do
ensaio, 18 de dezembro, a diferença de queda entre os dois piezômetros foi de 0,53 kPa que
equivale a uma diferença de decréscimo de 18 %.
Ao se comparar o piezômetro 2 das duas caixas (Figura 5.19), lembrando que na caixa
2 o piezômetro está na metade dos dois GCEs de sinais diferente, há uma pequena diferença
de queda entre as duas medidas do piezômetro, com uma pequena vantagem do piezômetro da
caixa contendo GCEs.
Na Figura 5.20, existe a comparação dos piezômetros 3, sendo que na caixa 2, este
piezômetro está próximo ao cátodo, o qual puxa água mais intensamente. Há uma coerência
entre os dois resultados, lembrando que isto pode ter ocorrido pela falta de eletro-osmose
reversa, a qual poderá aumentar a queda de poropressão no piezômetro 3 da caixa com EO e
dispersar a coerência dos valores do gráfico.
Caixa 1-2
3,00
2,85
2,70
Acréscimo de poropressão (kPa)
2,55
2,40
2,25
2,10
1,95
1,80
1,65
1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data
97
Caixa 1-2
3,00
2,85
2,70
Acréscimo de poropressão (kPa)
2,55
2,40
2,25
2,10
1,95
1,80
1,65
1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data
Caixa 1-2
3,15
3,00
2,85
Acréscimo de poropressão (kPa)
2,70
2,55
2,40
2,25
2,10
1,95
1,80
1,65
1,50
29/nov 1/dez 3/dez 5/dez 7/dez 9/dez 11/dez 13/dez 15/dez 17/dez 19/dez
Data
98
5.3.3. MEDIDA DE RECALQUE
0 0
29/11 1/12 3/12 5/12 7/12 9/12 11/12 13/12 15/12 17/12 19/12
-2 -2
-3
-4 -4
-6 -6 -6
Recalque (mm)
-7
-8 -8
-9 -9 -9
-10 -10 -10
-11
-12
-14 -14
-16
Data
99
Para o processo que utilizou o método convencional (Geodreno + Sobrecarga) houve
um deslocamento de 10 mm, que equivale a 1,5 % de recalque da massa de argila em 20 dias
de ensaio. Para o processo que utilizou a eletricidade para ajudar na consolidação, houve um
deslocamento de 14 mm, aproximadamente 2,15 % no mesmo intervalo de tempo. A camada
de argila que utilizou o processo de eletro-osmose recalcou 40 % a mais que a camada de solo
que utilizou o processo convencional. Este aumento é considerável, avaliando que houve
poucas horas com a corrente passando pela massa de solo.
Ao se preparar para um novo ensaio no inicio de janeiro de 2005 tentando garantir que
o processo de eletro-osmose ocorresse com uma maior eficiência do que o ensaio anterior,
uma grande surpresa veio a tona. Com a força de empuxo do solo sobre a porta, observou-se
que esta estava fletindo com o tempo, percebendo-se no mês de janeiro que a porta em seu
centro avançou tanto que a borracha de vedação acompanhou o seu deslocamento fazendo
com que um espaço fosse aberto, gerando fuga de água. Observou-se também que o peso do
solo deslocou um pouco as laterais das caixas, afastando a lateral que continha o vidro e assim
eliminando a vedação que tinha sido feita entre o vidro e a chapa metálica que fechava a vala
drenante. Isto foi comprovado ao jogar água na superfície da caixa e em pouco tempo esta
água sair pela vala drenante, antes isolada, podendo ser recebida em um balde em sua saída.
100
As Figuras 5.22, 5.23 e 5.24 mostram os problemas surgidos nas caixas, inviabilizando a
continuidade da pesquisa nas mesmas.
101
Figura 5.24 - Saída de água pela vala drenante anteriormente isolada.
102
foi 29 kPa. Houve um aumento de resistência não drenada de 26 % do processo que utiliza
eletro-osmose em relação ao processo que usa a técnica convencional DVP. Porém, deve-se
considerar que houve fuga de água nas duas caixas. Mas, a resistência na argila sobre o
monte, ao redor do ânodo, é claramente maior que outros pontos da caixa, pois a palheta
penetrou com muita dificuldade sobre este monte.
a.
GCE
Parte
levantada
b.
Figura 5.25 - Levantamento da argila ao redor do GCE (a e b)
103
Com todos estes imprevistos, comuns às pesquisas experimentais, resolveu-se não
executar mais um ensaio utilizando as caixas de escala intermediária, pois estas já foram
bastante aproveitadas por esta pesquisa e por pesquisas anteriores. Sua utilização gerou
inicialmente economia de tempo e dinheiro. Entretanto, como estas caixas não foram
dimensionadas para o peso de solo e sim do lixo, a mesma tornou-se indisponível com o
tempo para a pesquisa melhorar os resultados expostos em novos ensaios. Desta forma,
resolveu-se dá continuidade à pesquisa, com a elaboração de um novo equipamento para uma
análise mais detalhada do produto formado (GCE) direcionado para consolidação. Este
equipamento, denominado de célula eletro-osmótica (Figura 5.26), começou a ser projetado
para estudar e otimizar alguns parâmetros utilizados no processo de eletro-osmose para
consolidação de argilas moles. No entanto, a montagem deste equipamento foi suspensa
devido ao curto tempo para finalização deste trabalho e a falta de recursos para aquisição de
novos materiais.
Com esta célula poder-se-á avaliar os vários tipos de eletrodos a serem utilizados no
processo como cobre, ferro, carbono entre outros; estudar algumas distâncias entre os
eletrodos que provocará uma maior eficiência do processo; estudar qual o limite de
intensidade de corrente que movimentará os íons da água livre resultando em uma boa
eficiência eletro-osmótica; determinar o quanto a concentração de sal na água e mudança no
pH do solo acelera o processo de consolidação; e simular alguns valores de cargas a serem
aplicadas com o pistão para conhecer até que ponto este ajudará no processo de consolidação.
Com esta célula eletro-osmótica também se poderá estudar as condições de contorno
existentes no ânodo e cátodo para eliminar algumas discussões surgidas durante este trabalho.
Podendo-se concordar com Acar et al. (1994) e Alshawabkeh & Acar (1996), visto na revisão
bibliográfica, que em uma configuração com cátodo e ânodo abertos, a água poderá ser
reabastecida no ânodo resultando em nenhum excesso de poropressão, mas também, inserir
em sua afirmação, que se a vazão de saída de água no cátodo for maior que a vazão de entrada
no ânodo a poropressão poderá decrescer, resultando na consolidação. Com a célula, ao
contrário das condições em campo, o ânodo poderá ser totalmente fechado, evitando a entrada
de água, resultando na poropressão negativa.
104
Pistão de
Carregamento
v Fonte
Extensômetro
Célula Cilíndrica
Eletrodos
Base
105
CAPÍTULO 6
6. CONCLUSÕES
Duas caixas foram utilizadas com a finalidade de comparar dois processos que
aceleram a consolidação de solos finos: um é a técnica convencional da aplicação de
sobrecarga e drenos verticais pré-fabricados, o outro consiste em somar a esta técnica o efeito
da eletro-osmose. No entanto, melhorar a eficiência da consolidação através da eletro-osmose
é recente e, portanto, com pouca quantidade de estudos na bibliografia mundial. Desta
maneira, resolveu-se conhecer como um geossintético condutor elétrico (GCE) age para
eliminar a poropressão excedente e assim melhorar as propriedades de um solo fino através da
consolidação.
Este estudo trabalhou sobre os principais fatores para que se obtenha uma boa
eficiência da consolidação usando a eletro-osmose. Além disso, se verificou as limitações do
processo tais como corrosão de eletrodos, intensidade de corrente e outros.
Uma das primeiras observações foi que a água intersticial do solo precisa de uma certa
concentração eletrolítica para obter-se eficiência na aplicação do processo da eletro-osmose.
Ao utilizar o solo argiloso extraído do campus da UnB, nos ensaios feitos em campo e em
laboratório com água tratada, praticamente nenhuma corrente foi identificada atravessando a
camada de argila. Porém, ao simular água da costa marítima com uma concentração de sal de
33 g/L, aumentou-se 1000 vezes a condutividade do solo e, conseqüentemente, a corrente
existente neste solo passou de 8 mA para 2,52 A com uma diferença de potencial elétrico de
12 V, e 55 cm de distância entre os eletrodos. Com estes novos valores, o solo se encontra
com uma eficiência eletro-osmótica prevista por Acar et al. (1994), e ao aplicar energia aos
eletrodos inseridos neste solo, realmente, percebeu-se a migração dos íons do ânodo para o
cátodo, realizando assim, a indução do fluxo por eletro-osmose.
No ensaio realizado em campo em caixas de escala intermediária, o efeito de eletro-
osmose foi visível, com a expulsão da água junto com o gás nos GCEs cátodos, 5 minutos
após a fonte ser ligada. Isto mostrou uma evolução dos geossintéticos direcionados para
drenagem. Pois ao sair água após 5 minutos de aplicação de energia no GCE e o mesmo não
ocorrer de forma visível na caixa com DVP, tenderá a ocorrer uma maior consolidação no
processo que utilizou a eletricidade. Esta maior consolidação não ficou clara nesta pesquisa
106
por que a energia foi aplicada apenas por algumas horas durante o período de tratamento e
sem ser em tempo contínuo.
Depositando sobrecargas sobre as camadas de argila mole, gerou-se um acréscimo de
poropressão na superfície da argila de aproximadamente 3 kPa. O processo convencional que
utilizou o DVP reduziu 30 % deste acréscimo de poropressão, em 20 dias de tratamento. O
processo que utilizou eletricidade reduziu 46 % do acréscimo de poropressão, quando estava
próximo ao GCE ânodo e 29 % quando estava próximo ao GCE cátodo. Estes valores
evidenciam que houve migração da água livre do ânodo para o cátodo, confirmando o
processo eletro-cinético.
Os valores de recalques também tendem a comprovar a influencia do movimento
eletro-cinético. Estes mostraram que o solo submetido ao processo eletro-osmótico recalcou
40 % a mais que o outro processo. No entanto, esta diferença pode ser maior, por que houve
levantamento do solo próximo ao GCE, podendo ter interferido na leitura da placa de
recalque.
Entretanto, o principal parâmetro para avaliar a melhoria do solo são as medidas de
resistência ao cisalhamento da argila. Nas caixas 1 e 2, as medidas de resistência iniciais
foram 8 kPa e 9 kPa, respectivamente. Apenas 20 dias após o término do ensaio, quando
problemas de vazamento foram evidenciados, percebeu-se uma maior diferença entre as
resistências dos solos moles. Sendo que a caixa 1 estava com 23 kPa e a caixa 2 com 29 kPa,
ou seja, o solo que utilizou a eletricidade estava 26 % mais resistente que o solo que usou o
processo convencional. Entretanto, na região de levantamento do solo, a palheta teve
dificuldade para penetrar, mostrando que neste local a resistência estava maior que em outros
pontos.
O arranjo de fluxo abertos no cátodo e ânodo pode ter também interferido nos
resultados das instrumentações, devido ao reabastecimento de água através do ânodo aberto
por manter a umidade da sobrecarga constante. Interferência que seria diminuída, se a
corrente tivesse sido passada em maior tempo.
Um fenômeno que mostrou que uma maior eficiência do processo de eletro-osmose
pode ser alcançado, foi a formação das reações de geração de gás que foi expulso juntamente
com a água no processo. Estas reações ocorreram sempre com corrente acima de 50 A. No
entanto, esta alta intensidade de corrente, juntamente com a ação da eletroquímica,
conseguiram acelerar as reações de corrosão produzindo um pó verde e provocando quebra do
eletrodo de cobre maciço. Assim, com a substituição por haste de aterramento, composta por
107
aço banhado por cobre, este pó verde não surgiu, talvez pela pequena quantidade de cobre
presente.
Isto indica que pode ser interessante usar a haste de aterramento como eletrodo ou
algum material com estas características, pois, inicialmente o cobre aumenta a condutividade
do eletrodo e quando este for eliminado, o aço continua passando corrente, mas em menor
quantidade por ser menos condutor, principalmente, quando enferrujado. Portanto, com o
tempo, o processo provocará queda de corrente pela degradação do material e também maior
resistência elétrica do solo. Desta forma, deve-se aumentar a diferença de potencial elétrico
para manter a corrente em um intervalo para expulsão de água, resultando em uma maior
eficiência eletro-osmótica.
É necessária, para este aumento, uma fonte geradora de energia regulável e
estabilizada, fabricada com componentes, transformadores e diodos, que resistam ao
fornecimento de energia durante alguns dias. Este tipo de fonte foi requerido nos ensaio de
campo de escala intermediária, pois estes exigiram uma fonte de corrente maior que as
existentes. No entanto, isto não foi possível por se tratar de uma fonte de alto custo, não tendo
a pesquisa recursos para sua aquisição.
Contudo, apesar dos problemas gerais como falta de financiamento, grande demora
para preparação do solo mole e ensaio, devido ao grande volume requerido; e problemas
específicos referentes à queima de fontes geradoras de energia, limitações por corrosão de
eletrodos e outros..., concluiu-se que ao aplicar uma corrente contínua, cria-se um gradiente
adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água contida nos vazios do solo e
direciona para o GCE cátodo, eliminando água e provocando a aceleração da consolidação
como indicam os resultados das instrumentações. Porém, como a corrente contínua foi
aplicada, apenas por 41 horas com 10 A e 16 horas com 50 A em 20 dias de ensaio, ou seja,
não estava sendo aplicada em tempo contínuo, pequena diferença da consolidação foi notado
comparado com a técnica convencional. Assim, não foi feita uma análise de custo por
entender que a vantagem do uso da aplicação de eletro-osmose na consolidação do solo mole
não ficou tão evidente neste ensaio. No entanto, notou-se que se as condições fossem
favoráveis e se pudesse aplicar corrente continua em tempo integral, esta análise de custo
seria fundamental para se avaliar com clareza as vantagens da eletro-osmose na consolidação
de argila mole.
108
6.1. RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DE ELETRO-OSMOSE EM
PESQUISAS GEOTÉCNICAS.
1. A aplicação de eletro-osmose parece ser mais eficaz em solos marinhos, por terem uma
maior concentração eletrolítica na água.
3. Deve-se utilizar uma fonte estabilizada e regulável com componentes específicos para
produzir energia em tempo contínuo. A regulagem é importante porque à medida que o
processo vai acontecendo, a resistência elétrica do solo tende a aumentar e os eletrodos
tendem a entrarem em corrosão diminuindo a corrente que atravessa o solo. Deste modo,
deve-se aumentar a diferença de potencial elétrico aplicado para elevar a corrente,
estabilizando a mesma para dar continuidade a uma boa eficiência eletro-osmótica. Claro que
este aumento de diferença de potencial deve ser limitado para não aumentar, de forma
inviável, o custo do processo.
109
6.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (1984). Solo – Análise granulométrica – Método de ensaio, NBR 7181, Associação
Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, SP, 8p.
ABNT (1989). Solo – Ensaio de palheta in situ, MB – 3122, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, São Paulo, SP, 9p.
Acar, Y.B., Hamed, J.T., Alsahawabkeh, A.N. and Gale, R.J. (1994). Removal of
cadmium(II) from saturated Kaolinite by the application of electrical current. Geotechnique
44, No. 2, 239 – 254.
Chew, S.H.; Karunatatne, G.P.; Kuma V.M.; Lim,L.H.; Toh, M.L.; Hee, A.M. (2004). A field
trial for soft clay consolidation using electric vertical drains. Geotextiles and Geomembranes,
22: 17 – 35.
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113
APÊNDICE – A: PLANTA DE SITUAÇÃO
114
Via L2-Norte
Fundação de
Educação
Via L3-Norte
SG – 11 (Eng.
Elétrica)
SG – 09 (Eng. SG – 12 (Lab.
Mecânica) de Geotecnia)
Faculdade de
Tecnologia
115
Via L2 Norte
Sinal de
Hospital
Trânsito
Veterinário
Estação
Experimental
de Biologia
Lago do Paranoá
116
Correios
Restaurante
Universitário
Faculdade de Ciências
da Saúde
Escavação
(Solo da
Pesquisa)
ICC-Norte
ICC-Sul
Instituto de
Química
Reitoria