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NERI, Marcelo C.

“A ESCALADA DA DESIGUALDADE - Qual foi o Impacto da Crise sobre a Distribuição


de Renda e a Pobreza?”, Marcelo Neri – 34 pag. Rio de Janeiro, RJ – Agosto/2019 - FGV
Social.
Pesquisa disponível em <https://cps.fgv.br/desigualdade>

1. Desigualdade. 2. Pobreza. 3. Mercado de Trabalho. 4. Políticas Públicas.

As manifestações expressas por integrantes dos quadros da Fundação Getulio Vargas, nas quais constem a sua
identificação como tais, em artigos e entrevistas publicados nos meios de comunicação em geral, representam
exclusivamente as opiniões dos seus autores e não, necessariamente, a posição institucional da FGV. Portaria FGV
Nº19.
A Escalada da Desigualdade:
Qual foi o Impacto da Crise sobre a Distribuição de Renda e a Pobreza?
(Microdados ajustados para trás e atualizados até Junho de 2019)
15 de Agosto de 2019

Marcelo Neri1

1- Introdução

A desigualdade mede a distância entre pessoas. Há quatro anos o FGV Social tem revelado,
trimestre a trimestre através da PNADC, um contínuo afastamento da renda do trabalho entre
brasileiros. A pergunta central aqui endereçada é se essa desigualdade de renda continua a subir,
suas causas imediatas e impactos na sociedade. Lançamos mão de microdados que a partir de
hoje chegam ao período de abril a junho de 2019. Como a série histórica anterior destes mesmos
dados foi ajustada pelo IBGE no dia 29 de julho de 20192, investigamos para frente e para tráz
a duração da escalada da desigualdade. Identificamos e datamos inicialmente o período de crise
em termos da evolução da desigualdade e da média de renda e suas consequências conjuntas
sobre bem-estar social e pobreza. O começo da piora em todas estas variáveis vem do quarto
trimestre de 2014 logo após o segundo turno do pleito presidencial e persiste na piora da
desigualdade de renda até o segundo trimestre de 2019.

Nosso segundo passo é caracterizar este período crítico, através do crescimento de renda de
subgrupos da população abertos por faixa (a metade mais pobre, os 1% + ricos, por décimos de
renda, etc) e por grupos sociais tradicionalmente excluídos (mulheres, analfabetos, negros, etc).
Cada um destes indicadores sintetiza diversas dimensões da vida trabalhista das pessoas como.
Outra contribuição do trabalho é abrir os determinantes próximos da evolução da renda
individual através de componentes clássicos de mercado de trabalho, tais como taxas de
desemprego e de participação no mercado de trabalho, jornada de trabalho, nível e retorno da
educação.

1
Diretor do FGV Social/CPS. Professor da FGV EPGE, Fundação Getulio Vargas, marcelo.neri@fgv.br
2 A revisão metodológica incluiu imputação de valores substituindo uma repetição de um mesmo valor de renda
R$ 99 específico que aparecia mais de 10 mil vezes em 2014. Outro ajuste foi a exclusão de um novo milionário
provavelmente fictício do setor de transporte que havíamos endereçado em Neri (2018)
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-
continua-mensal.html?=&t=microdados Além disto o IBGE fez há pouco tempo uma reponderação dos
microdados pela Projeção Populacional de 2018, publicada este ano
ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Nota_
Tecnica/Nota_Tecnica_Estimativas_da_populacao_para_o_calculo_dos_pesos_para_a_expansao_da_amostra_d
a_PNAD_Continua_e_reponderacao.pdf

1
Este trabalho avalia as mudanças na desigualdade nos últimos sete anos, suas relações com o
crescimento, alguns de seus determinantes próximos e consequências conjuntas sobre bem-estar
social e pobreza. Trabalhamos inicialmente com a PNADC trimestral para monitorar a evolução
da distribuição de renda trabalhista. Posteriormente analisamos o início da crise a partir da
PNAD Tradicional. Conferimos ao fim, especial ênfase ao impacto da crise sobre medidas de
pobreza, incluindo projeções até 2030.

Visão Geral:

1 - Introdução
2 - A Escalada da Desigualdade
Crescimento por Grupos de Renda (50% -, 1% + ricos, por décimos, etc)
3 - Média e Bem-Estar Social (Nível e Crescimento)
4 - Renda Individual do Trabalho – Desigualdade Horizontal e Ingredientes
Trabalhistas
• Quem perdeu mais? (mulheres, analfabetos, negros, etc)
• Por que piorou? (desemprego, participação, jornada, nível e retorno da
educação)
• Por que piorou a desigualdade? (idem e por razões entre faixas)
5 – Pobreza e Renda de Todas as Fontes (Ciclos Eleitorais, Início da Crise, Projeções)
6 – Conclusões
Apêndice: Monitorando a Distribuição de Renda (Elo Perdido e Robustez)

Método - Em todos os casos usamos conceitos que incorporam pessoas em todas as faixas
etárias, ocupadas ou não, legalmente registrados ou não, de forma a incorporar os impactos do
desemprego, da informalidade e da demografia na análise. Usamos o conceito de renda habitual
pela sua maior estabilidade ao longo do tempo, seja em relação a mudanças implementadas na
mesma base, seja em relação a continuidade usada na PNAD tradicional. A fonte central é a
PNADC trimestral pelo maior avanço no tempo em relação as alternativas disponíveis. Na
opção adotada temos uma defasagem média de processamento dos microdados de cerca de 3
meses em relação as mudanças observadas. Se a alternativa adotada fosse usar o conceito de
renda efetiva aumentaríamos a defasagem média em um mês, além de adicionar mais
volatilidade e sazonalidade às séries. Se a opção fosse usar a PNADC em bases anuais
estaríamos hoje ainda falando de 2017, ou seja, uma defasagem média acrescida de quase dois
anos em relação ao exercício aqui realizado. Por outro lado, a PNADC anual divulgada a cada
12 meses permite avançar nas outras fontes de renda. No apêndice apresentamos a evolução de
medidas alternativas baseadas em outros conceitos de renda e outras pesquisas. A PNADC
trimestral, restrita a renda do trabalho, formal e informal, permite detalhar algumas das causas
próximas da dinâmica do bem-estar social, leia-se renda média e desigualdade.

2
2 - A Escalada da Desigualdade

O primeiro passo é plotar as séries dos principais conceitos de bem-estar social baseados em
renda domiciliar per capita do trabalho em níveis trimestrais a começar pela desigualdade de
renda. O índice de Gini, que é a medida mais popular de desigualdade, variando entre 0 (perfeita
igualdade) e 1 (perfeita iniquidade) apresenta tendência ascendente após o último trimestre de
2014. Neste ponto encontramos o nível mais baixo da série chegando a 0,6003. Este viés de alta
persiste após este ponto. Até o segundo semestre de 2019 aumento do índice de Gini trabalhista
de 0,0287 pontos (gráfico 1). Este ritmo de aumento anual de concentração é similar ao de
queda observada no período histórico de marcada redução da desigualdade entre 2001 e 2014
(gráfico 13). Esta tendência é confirmada pelas respectivas médias móveis anuais (gráfico 2).
Complementarmente, as variações da desigualdade em relação ao mesmo trimestre do ano
anterior (gráfico 3) mostram que a partir da comparação entre os primeiros trimestres de 2014
e 2015 a desigualdade sofre aumentos trimestrais ininterruptos até o segundo trimestre de 2019.
Um movimento de concentração que dura 17 trimestres consecutivos, ou seja quatro anos de
aumento consecutivo de desigualdade3, o que constitui um recorde de duração nas séries
históricas brasileiras. Nem mesmo em 1989 que constitui o nosso pico histórico de desigualdade
brasileira houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos.
Neste aspecto, a pesquisa mostra que depois de quatro anos de alta ininterrupta a desigualdade
de renda sofre o menor aumento desde o primeiro trimestre de 2015 quando comparado ao
mesmo trimestre de 2014. É um aumento modesto que não interrompe um longo período de
aumento da concentração de renda do trabalho, mas mostra desaceleração do aumento de
desigualdade constituindo um décimo do aumento observado seis meses antes.

3
Isto não inclui os quatro trimestres entre o primeiro incremento de desigualdade e a base de referência. A
revisão dos dados de renda pelo IBGE realizada em julho de 2019 relativa aos dados de 2014 antecipou em dois
trimestres o período de aumento da desigualdade.
3
0,600
0,605
0,610
0,615
0,620
0,625
0,630
0,600
0,605
0,615
0,620
0,625
0,630
0,635

0,610
-0,43%1T / 13
2T / 13 0,15% 1204 0,6093 1201 0,6128
-0,22%3T / 13 1301 0,6087 1202 0,6092
-0,78%4T / 13 1302 0,6089 1203 0,6087
1204 0,6065
-0,84%1T / 14 1303 0,6086
1301 0,6102
-0,83%2T / 14 1304 0,6074
1302 0,6102
1401 0,6061
3T / 14
-0,21% 1303 0,6074
1402 0,6048 1304 0,6018
4T / 14
-0,24%
1403 0,6045 1401 0,6051
-0,13%1T / 15
1404 0,6042 1402 0,6051
2T / 15 0,62% 1403 0,6061
1501 0,6040
3T / 15 0,37% 1502 0,6049 1404 0,6003
Gráfico 1 – Evolução do Índice de Gini

4T / 15 1,45% 1503 0,6055 1501 0,6043


1502 0,6088
1T / 16 1,54% 1504 0,6076

4
1503 0,6084
2T / 16 0,40% 1601 0,6100
1504 0,6090
3T / 16 1,03% 1602 0,6106
1601 0,6136
1603 0,6121 1602 0,6113
4T / 16 1,62%
1604 0,6146 1603 0,6147
1T / 17 1,46%
1701 0,6168 1604 0,6189
2T / 17 1,49%

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE.


Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE.
1702 0,6191 1701 0,6226
3T / 17 0,89% 1702 0,6204
1703 0,6205

OBS: * Renda Habitual Domiciliar Per Capita do Trabalho – Todos os Indivíduos


OBS: * Renda Habitual Domiciliar Per Capita do Trabalho – Todos os Indivíduos
4T / 17 0,43% 1704 0,6211 1703 0,6201
1T / 18 0,66% 1704 0,6215
1801 0,6222
Gráfico 2 – Evolução do Índice de Gini – Média Móvel de 4 Trimestres

1801 0,6267
2T / 18 1,30% 1802 0,6242
1802 0,6284
3T / 18 1,33% 1803 0,6262
1803 0,6284
4T / 18 1,10% 1804 0,6279 1804 0,6283
1901 0,6290 1901 0,6309
1T / 19 0,68%
1902 0,6292 1902 0,6291
2T / 19 0,11%
Gráfico 3 – Variação do Índice de Gini em relação ao mesmo Trimestre do Ano Anterior
Crescimento por Grupos de Renda - Dividimos a renda domiciliar per capita habitual do
trabalho em quatro faixas de renda (gráfico 4). Indo da base para o topo: i) a metade mais pobre
que experimentou variações reais acumuladas de -17,1% desde o início da crise4; ii) os 40%
intermediários seguintes que constitui uma classe média no sentido estatístico com perdas de -
4,16%; iii) os 10% mais ricos que constitui uma espécie de classe média tradicional aqui mais
alinhada aos padrões americanos que apresentou ganhos de 2,55% no período; iv) os 1% mais
ricos, incluídos no grupo anterior com ganhos chegando a dois dígitos de 10,11%. Este seleto
grupo tem ocupado lugar de destaque nas discussões distributivas no mundo e no Brasil.

Gráfico 4 – Crescimento da Renda do Trabalho por Faixas de 2014.T4 até 2019.T2

10,11%
4,36%
2,55%
-4,16%
-17,10%

50 % menos 40 % intermediários 10 % mais 5 % mais 1 % mais


< +Pobres +Ricos >
Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE.

Décimos e Centésimos - Realizamos a análise por décimos de renda, isto é, cada grupo contém
cerca de 10% da população ordenada dos mais pobres aos mais ricos (gráfico 5). A renda do
trabalho no primeiro décimo é sempre nula. O gráfico abre a variação de renda décimo a décimo
partindo de -73,13% no segundo décimo. O valor da queda de renda cai monotonicamente em
módulo até atingirmos valores positivos de 2,55% apenas no décimo mais alto.

Gráfico 5 – Crescimento da Renda Per Capita do Trabalho por Décimo de 2014.T4 a 2019.T2*
2,55%
-2,91%
-3,85%
-4,58%
-7,32%
-9,04%
-13,37%
-24,81%
-73,13%

< +Pobres +Ricos >


20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE.

4
Se considerarmos os 40% mais pobres a queda foi de 24,77%.
5
3 - Crescimento da Média e do Bem-Estar Social

Nesta seção integramos as mudanças no crescimento e no complemento da desigualdade, leia-


se equidade, como componentes da medição do bem-estar geral da nação, tal como proposto
por Amartya Sen. O conceito de bem-estar social desconta da média geral de renda as diferenças
de renda entre brasileiros. Em termos de mudanças ao longo do tempo, a ideia é se o bolo
cresce mais no topo do que na base, o crescimento do bem-estar será menor que o da renda
média que não leva em conta a repartição dos ganhos. Ou seja, o bem estar é uma média que ao
dar mais peso aos mais pobres, enxerga a desigualdade5.

No gráfico 6, observamos trimestre a trimestre a dinâmica do bem-estar social e de seus


respectivos componentes empilhados. Mais do que a forte perda de bem-estar observada no
início de 2016, ponto de perdas mais intensas, o que nos chama a atenção é a velocidade e a
intensidade da reversão observada de mais de 13 pontos percentuais em relação ao período
anterior. No primeiro trimestre de 2014 o bem-estar crescia a 6,47% em relação ao mesmo
trimestre do ano anterior. Exatos dois anos depois o bem-estar caia a -6,87%. Fomos do topo
da montanha ao fundo do vale em tempo recorde.

Isto por que não só o crescimento da renda média reverte de 5,08% a -5,51%, mas o mesmo
acontece com o crescimento de equidade que vai de 1,32% para -2,32% neste interim,
reforçando a reversão social. Do milagre do crescimento inclusivo ao inferno da grande
recessão concentradora.

De maneira geral, o comportamento da equidade alavanca os efeitos do boom seguido da


estagnação pretéritas sobre o bem-estar social até o começo de 2017. Ou seja, a equidade é
prócíclica, subindo com a renda e caindo com ela ao sabor dos ciclos. Do segundo semestre de
2017 em diante as variações da renda e da desigualdade ocupam posições espelhadas no eixo
horizontal. A recuperação do crescimento de renda que a rigor vem desde do segundo trimestre
de 2016 não se reflete no bem-estar geral da nação por força do crescimento da desigualdade.
Há que se notar que os níveis de crescimento da média de renda domiciliar per capita do trabalho
tem se situado desde 2017 acima do observado no PIB per capita. Entretanto, o bem-estar não,
acontece isso pelo movimento concentrador de renda observado. Esta alta da desigualdade pode
inclusive explicar parte da lenta retomada da economia por seus impactos adversos sobre a
elasticidade-renda no consumo das famílias.

da seguinte forma: Bem Estar = Média (1- desigualdade). A formulação de Sen usa medida de desigualdade mais
popular que é o índice de Gini. Como o indice de Gini varia entre 0 a 1 - uma sociedade perfeitamente igualitária
onde todos são exatamente iguais e 1 uma sociedade onde uma só pessoa detém toda renda. O indice de equidade
vai ser o inverso.
6
A variação anual da renda e bem-estar médios até o segundo trimestre de 2019 estão situados
acima das projeções do PIB das Contas Nacionais. O exercício de datar o ciclo dos diversos
componentes de distribuição de renda nos últimos anos para datar o início do período de crise
como de uma retomada, à semelhança do que faz o CODACE no Brasil para o PIB. Não
indicaria recessão técnica em termos de renda ou de bem-estar apesar de alguma continuidade
do movimento de deterioração na desigualdade de renda.

Gráfico 6 - Crescimento, Equidade e Bem Estar Social Trabalhista – Taxas Anuais


8% 1,32% 6,47%

6% 5,08%
2,43% 1,47%
4%
1,27% 1,29%
2%
-4,62%
-1%
-0,18%
-3%
-1,14%
-5%

-7% Crescimento Equidade Bem Estar


-2,36%
-6,87%
-9%
1T / 13
2T / 13
3T / 13
4T / 13
1T / 14
2T / 14
3T / 14
4T / 14
1T / 15
2T / 15
3T / 15
4T / 15
1T / 16
2T / 16
3T / 16
4T / 16
1T / 17
2T / 17
3T / 17
4T / 17
1T / 18
2T / 18
3T / 18
4T / 18
1T / 19
2T / 19
Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE 6.

Evolução do Nível da Renda Média e do Bem-Estar Social

O gráfico 7 revela uma grande queda de renda per capita média do trabalho desde o seu ápice
no final de 2014 até meados de 2016, quando voltamos aos níveis de 2012. De lá para cá,
recuperamos cerca de 40% desta perda média. Há coincidência temporal do ápice de renda
média com o mínimo da desigualdade no último trimestre de 2014. Como resultado desta
conjunção de fatores favoráveis o pico de bem-estar se situa neste mesmo instante, conforme o
gráfico 9. O bem-estar social apresentado no gráfico caiu quase que continuamente desde
2014.T4 até 2017.T1 (queda acumulada de 13,68% no período). Depois desta regressão ela se
mantém em patamar similar a este que coincide ao do início da série em 2012. Portanto,
diferentemente da renda per capita média, o bem-estar manteve-se nestes níveis desde então.

6
O conceito se refere à renda domiciliar per capita do trabalho habitual. Oferecemos no apêndice uma análise de
robustez destes resultados em relação a outras variantes de base de dados e conceitos utilizados como: i) renda
habitual e a efetiva, defendemos a primeira pela menor volatilidade por manter a continuidade da série da PNAD
Tradicional; ii) coleta trimestral e a anual da PNAD; iii) população total e aquela entre 15 e 60 anos de idade; iv)
com e sem a exclusão de outliers nas séries, agora incorporada ao IBGE na base de dados.
7
780
790
800
810
820
830
840
860
780
790
800
810
820
830
840
850
860
870

850
1204 798,82 1201 787,14
1301 804,10 1202 796,95
1302 811,43 1203 806,24

1303 820,45 1204 804,95


1301 808,27
1304 829,11
1302 826,28
1401 839,37
1303 842,29
1402 845,31
1304 839,59
1403 849,27
1401 849,32
1404 854,61 1402 850,04
1501 854,82 1403 858,12
1502 853,76 1404 860,96
1503 847,66 1501 850,14
Gráfico 7 – Evolução da Média de Renda –

1504 837,97 1502 845,80

8
1601 828,15 1503 833,74
1602 816,75 1504 822,19
1601 810,88
1603 807,78
1602 800,20
média foi neutralizado pela contínua alta da desigualdade.

1604 803,93
1603 797,84
1701 801,71
1604 806,78

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE.


1702 802,73
1701 802,01
1703 807,11

OBS: * Renda Habitual Domiciliar Per Capita do Trabalho – Todos os Indivíduos


1702 804,30
1704 812,26 1703 815,35
1801 816,30 1704 827,36
1802 821,83 1801 818,18
Gráfico 8 – Evolução da Média de Renda – Média Móvel de 4 Trimestres

1803 826,54 1802 826,42


1804 830,49 1803 834,21
1901 835,46 1804 843,14

1902 838,50 1901 838,08


1902 838,57
mesmo que tímida. Essa aparente contradição ocorreu, pois, o avanço conquistado pela renda
Isso quer dizer que, em termos bem-estar geral da nação, não se pode falar em recuperação,
Gráfico 9 – Evolução do Bem Estar Social

344,10
350

337,99

336,40
335,70
335,43
334,34

330,86
330,67
340

326,53
322,13

321,47
330
316,73
315,46

315,05

313,38
313,30

313,16
311,42

311,07

311,06
310,03
309,73
320

309,30
307,50
307,45

307,10
305,43
305,35
304,75

302,68
310

300

290

1501

1602
1201
1202
1203
1204
1301
1302
1303
1304
1401
1402
1403
1404

1502
1503
1504
1601

1603
1604
1701
1702
1703
1704
1801
1802
1803
1804
1901
1902
Gráfico 10 – Evolução do Bem Estar Social – Média Móvel de 4 Trimestres

350
338,55
338,30

337,34
335,86

334,47
334,04

340
330,64

328,81
325,55

323,04
321,15

330
318,09
317,34
314,67

313,32
312,09

310,94
320

309,95
309,83

308,98
308,93
308,85
308,42
307,73
307,17

306,31
305,74

310

300

290
1401

1801
1204
1301
1302
1303
1304

1402
1403
1404
1501
1502
1503
1504
1601
1602
1603
1604
1701
1702
1703
1704

1802
1803
1804
1901
1902

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE. OBS: * Renda Habitual Domiciliar
Per Capita do Trabalho – Todos os Indivíduos

No apêndice evidenciamos que a desigualdade e a média apresentam padrões temporais


distintos nas novas pesquisas domiciliares nacionais hoje disponíveis. Esta discrepância se
amplia no final das séries. Em 2017 a desigualdade apresenta incremento na PNADC trimestral,
mas ligeira queda ou estabilidade na PNADC anual. Em compensação a renda média apresenta
em 2017 alguma recuperação na PNADC trimestral, mas continuidade de queda na PNAD
anual. De forma que o resultado em termos de bem-estar social apresenta tendência semelhante
ao longo do tempo entre pesquisas. Uma curva em forma de sino iniciada em 2012, o ápice se
dá em 2014 e volta a regredir até o final das séries.

9
4 - Renda Individual do Trabalho; Desigualdade Horizontal e Ingredientes Trabalhistas

Quem perdeu mais? - Observamos essa redução de renda em diferentes grupos, sociais olhando
por características e rendas individuais na população em idade ativa de 15 a 60 anos de idade.
Cada um desses atributos ajuda a enxergar a face humana da deterioração trabalhista (gráfico
11). A nova PNADC revela severa queda de renda média do trabalho entre todos em idade ativa, não
restrita somente aos ocupados. No período crítico de 2014.T4 a 2019.T2, a perda de renda média
acumulada foi de -3,71%. Esta perda é mais forte entre os jovens entre 20 e 24 anos (-17,76%)
entre analfabetos (-15,09%), entre moradores da região Norte (-13,08%) e Nordeste (-7,55%¨)
e pessoas de cor preta (-8,35%), todos com redução de renda pelos menos duas vezes maior que
a da média geral. O único grupo tradicionalmente excluído que não perde são as mulheres
(2,22%) contra perdas dos homens (-7,16%). O diferencial feminino é ter mais escolaridade
atributo que o que parece ter feito a diferença no período em questão como a performance
daqueles sem qualquer escolaridade exemplifica.

Gráfico 11 - Taxa de Crescimento da Renda Individual Trabalho por Grupos


Tradicionalmente Excluídos de 2014.T4 a 2019.T2

-3,71% Total

-7,16% Homens

2,22% Mulheres

-8,35% Pretos

-4,18% Pardos

-17,76% Jovens - 20 a 24 anos

-15,09% Sem Instrução

-13,08% Região Norte

-7,55% Região Nordeste

0,19% Capitais

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE. OBS: * Renda Habitual Individual
do Trabalho – População em Idade Ativa

Por que piorou a média? – A resposta curta tanto para queda da renda média como para o
aumento da desigualdade e consequentemente da pobreza foi o aumento do desemprego. A
desinflação ajudou a retomada renda real. No segundo trimestre de 2017 o rendimento médio
do trabalho dos ocupados cresceu 3,2 % em 12 meses. No ápice da crise, 70% da queda de
renda era devido à alta inflação, depois a inflação passou jogar a favor. A partir de meados de

10
2017 este efeito está zerado. Em compensação o desemprego aumentou muito no início da crise
e depois caiu pouco falhando em desempenhar um papel expansionista.

Olhando especificamente para o período 2014.T4 a 2019.T2 (gráfico 12) , o aumento da taxa
de desemprego explica 5,62 pontos de porcentagem da queda de renda. Isto é se tudo mais
ficasse parado, como salário, jornada de trabalho, taxa de participação no mercado de trabalho
etc a queda de renda coincidiria com estes -5,62 pontos de porcentagem contra 3,71 pontos de
porcentagem da totalidade da queda de renda. Isto porque outros ingredientes trabalhistas
atenuaram a queda de renda. Em particular, o aumento da taxa de participação de 3,01 pontos
de porcentagem sugere encorajamento daquele que estava fora do mercado participar
ativamente do mercado de trabalho. Os três elementos ligados ao rendimento médio do trabalho
quase se compensam gerando perda combinada inferior a 1 ponto de porcentagem no período:
salário-hora por ano de estudo (retorno da educação) -7,37 pontos de porcentagem, anos de
estudo 8,61 pontos de porcentagem e jornada de trabalho 1,57 pontos de porcentagem.

Em suma, o desemprego foi o principal responsável pela queda de poder de compra das
famílias brasileiras, representando no período em questão -5,62 pontos de porcentagem da
queda de renda ou de 3,01 pontos de porcentagem se adicionarmos o efeito aumento da
participação no mercado de trabalho. Desemprego é sinal de desajuste do mercado de trabalho
e de frustração. A maioria dos ocupados passa a temer cair no desemprego, e por precaução
reprimem a sua demanda por bens e serviços. A crise fiscal crônica confere credibilidade à ideia
de que o Estado não vai poder socorrer aos cidadãos em apuros, reforçando outros
comportamentos precaucionais na demanda.

Gráfico 12 - Decomposição da Taxa de Crescimento da Renda Individual Trabalho por


Componentes Trabalhistas Clássicos de 2014.T4 a 2019.T2
8,62%

3,01%

-1,57%
-3,71%
-5,62%
-7,37%
Renda de Todos Salário-Hora Anos de Estudo x Horas Trabalhadas Taxa de Ocupação Taxa de
Trabalhos = (Renda Positiva) x na PEA x Participação no
por Anos de Mercado de
Estudo x Trabalho

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE. OBS: * Renda Habitual Individual
do Trabalho – População em Idade Ativa

11
Por que piorou a desigualdade? - No gráfico 13 aplicamos a contabilidade do crescimento
do gráfico 12 às mudanças de desigualdade olhando pelos mesmos estratos de renda per
capita do gráfico 4. Os resultados diferem um pouco em magnitude pois aplicamos à renda
individual da população em idade ativa (15 a 59 anos inclusive).

Gráfico 13 - Crescimento da Renda Individual do Trabalho e seus Ingredientes


Trabalhistas por Faixas de Renda per Capita 2014.T4 até 2019.T2 – 15 a 59 anos
15%

11%
8%

6%

3,5%
3,1%
3,0%
5%
4%

1,6%
1,4%
3%

1%

-0,1%
-0,6%
-1,2%

-2,7%
-4%
-4%

-5%
-11%

-13%
-15%
-19%

Renda Total = Retorno Educação X Jornada X Desemprego X Participação


Educação X
50 - 40 + - 10 + 1+
Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE. OBS: renda individual por faixas de
renda per capita todas do trabalho

No gráfico 14 temos a razões sucessivas entre faixas de renda per capita para elucidar os
componentes da desigualdade medida pela razão dos 1% mais ricos e a metade mais pobre
(1+/50 -).

Gráfico 14 - Mudança na Desigualdade 1% + / 50% - e seus Ingredientes Trabalhistas


abertos por razões de faixas intermediárias - 2014.T4 até 2019.T2 – 15 a 59 anos
41,7%

19,0%
18%

15,2%
11,5%

12%
11%
8%

8%

6%
6%
5%

4%

2%
2%
1%

0%

-0,3%
-0,1%
-5,6%

-1,4%
-1,8%
-3%
-3%

Renda Total = Retorno Educação X Jornada X Desemprego X Participação


Educação X
40 + - / 50 - 10 + / 40 + - 1 + / 10 + 1 + /50 -

12
No gráfico 15 empilhamos esses mesmos dados para dar uma melhor idéia gráfica da
composição. O efeito-desemprego foi um grande propulsor da queda de renda e do aumento da
desigualdade, entretanto o impacto do valor da educação foi ainda maior em ambas dimensões
e a jornada de trabalho foi o terceiro fator de impacto. Obviamente o desaquecimento geral da
economia e em especial nos segmentos da base da distribuição gera efeitos em todas estas
dimensões. A participação no mercado de trabalho atuou no sentido de expandir a renda mas
mais no crescimento da renda média do que na desigualdade. O grande fator de crescimento
inclusivo é a expansão da educação que segue expandindo mais na base, cuidados devem ser
tomados para potencializar este impacto dada sua natureza estrutural.

Gráfico 15 - Mudança na Desigualdade 1% + / 50% - e seus Ingredientes Trabalhistas


abertos por razões entre faixas intermediárias empilhadas - 2014.T4 até 2019.T2 15 a 59
anos

41,7%
11,3%

8,2% 19,0%
15,2%
5,5% 11,5% 2,2%
17,7% 7,5% 0,5%
5,7% 12,2%
4,9% 0,7% 1,8%
3,6% -1,4%
-0,1%
-3,2% -0,3%
-3,1%
-1,8%
-5,6%

Renda Total = Retorno Educação X Jornada X Desemprego X Participação


Educação X
40 + - / 50 - 10 + / 40 + - 1 + / 10 + = 1 + / 50 -
Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE. OBS: renda individual por faixas de
renda per capita todas do trabalho

No Gráfico 16 aplicamos a mesma metodologia à razão entre os 1% mais ricos e a metade mais
pobre (1+/50 -).

13
Gráfico 16 - Mudança na Desigualdade 10% + / 50% - e seus Ingredientes Trabalhistas
abertos por razões entre faixas intermediárias empilhadas - 2014.T4 até 2019.T2 – 15 a
59 anos

27,32%
8,2% 14,66%
12,78%
2,2%
17,7% 7,5% 5,48%
1,8% 12,2%
4,9% 3,6%
-3,2% -0,3%
-3,1% -0,1%
-6,22% -0,47%

Renda Total = Retorno Educação X Jornada X Desemprego X Participação


Educação X
40 + - / 50 - 10 + / 40 + - = 10 + / 50 -
Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNADC trimestral/IBGE. OBS: renda individual por faixas de
renda per capita todas do trabalho

14
5 - Pobreza, Desigualdade e Renda de Todas as Fontes
Nesta seção trabalhamos com séries mais longas conjugando os dados da PNAD com a da
PNADC anual e trimestral. Este exercício nos permite calcular índices mais amplos de
desigualdade e abordar a questão da pobreza. Discutimos no apêndice desta pesquisa a conexão
de séries históricas face as mudanças metodológicas adicionais ocorridas no momento de
transição das pesquisas o que complexifica a análise.

Pobreza – Apenas em 2015, a pobreza subiu 19,3% no Brasil, com cerca de 3,6 milhões de
novos pobres. Infelizmente, a crise não acabou em 2015, quando a saga relatada na PNAD
tradicional se encerra. Nossos cálculos revelam que desde o final de 2014 até final de 2017 o
aumento de pobreza foi de 33%, passando de 8,38% a 11,18% da população brasileira (gráfico
13). Este contingente representa 23,3 milhões de pobres no país, um grupo maior do que a
população chilena. Ele é resultado da adição de 6,27 milhões de novos pobres às estatísticas
sociais7.

Gráfico 13 - Pobreza no Brasil – Proporção dos Pobres % - Série Harmonizada


34,28%
34,51%

40,00%
31,45%
28,39%
28,29%

28,16%
28,11%

28,05%

35,00%
27,78%
27,52%
26,82%

26,69%

25,23%

30,00%
22,87%
19,09%
17,91%

25,00%
15,61%
14,71%
13,57%

20,00%
12,43%

11,18%
10,83%
10,52%
10,13%

10,00%

15,00%
8,38%

10,00%

5,00%

0,00%
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNAD, PNADC Trimestral e PNADC Anual/IBGE²

7
A linha de pobreza é a da FGV Social, cujo valor em Agosto de 2018 corresponde a 233 reais mês por pessoa.
Este movimento de empobrecimento inclui o aumento de 19,3% da pobreza entre 2014 e 2015 pela PNAD antiga,
3,2% de aumento entre 2016 e 2017 da PNAD Anual e mais 8,33% de incremento entre 2015 e 2016. Este período
corresponde a uma espécie de elo perdido entre as duas modalidades de pesquisas, dada a mudança realizada.
Neste interregno, projetamos através da decomposição de Datt e Ravallion tradicional ajustada por números da
PNAD Continua trimestral, que é a única pesquisa disponível que cobre a transição entre 2015 e 2016.
15
Ciclos Eleitorais - A literatura sobre ciclos eleitorais descreve o comportamento de políticos
que embelezam seus sucessos em anos de eleição, de forma a influenciar os resultados do pleito,
e no ano seguinte apresentam ajustes na economia, gerando o resultado oposto.

A PNAD tradicional coletava os dados no começo de outubro data próxima a da realização do


primeiro turno em anos eleitorais. A PNAD não coletou dados em 1994 e em 2010, então não
foi possível capturar os efeitos completos dos ciclos associados a esses dois episódios, marcado
com linhas inteiras na figura abaixo.

O gráfico 17 abaixo demonstra que de todas as sete eleições já realizadas, captadas e marcadas
com linhas verticais pontilhadas, a pobreza cai em todos os anos eleitorais e sobe em todos os
anos eleitorais, com exceção de 2007. A queda média de pobreza em ano eleitoral foi 12,82%
e o aumento no ano pós-eleitoral foi de 14,92%. Se tirarmos o ano de 1986 da amostra que
corresponde ao ano do Plano Cruzado, onde o ciclo eleitoral foi mais marcado a queda de
pobreza foi de 8,34% ano eleitoral seguido de aumento médio de 8,2% em anos subsequentes.

Gráfico 17 - Pobreza e Eleições no Brasil – Proporção dos Pobres % - Série Harmonizada

Projeções - No gráfico 17 acima acrescentamos os dados das séries harmonizadas desde 1978.
Incorporamos nossa projeção usando para o ano de 2018 de pobreza que atinge 10,95%, uma
queda de 2,057% em relação a 20178. Realizamos também um exercício simples de projeção

8
Esta projeção usa a mesma metodologia da interpolação de 2016 usa como parâmetros o crescimento da renda
per capita do trabalho da PNAD Continua Trimestral de 1,66% no segundo trimestre de 2018 comparado ao mesmo
16
para 2030 onde mantemos constante a desigualdade de 2018 e acrescentamos crescimento de
renda total em 2,50% ao ano até 2030 que é a projeção mediana de crescimento do PIB pelo
Boletim Focus do Banco Central até 2021. Neste cenário em 2030 a pobreza voltaria apenas a
8,2% o que corresponde a níveis próximos aos de 2014. Em suma estamos falando de uma
década e meia perdida no combate a pobreza. Este exercício ilustra a importância não só do
combate à desigualdade de renda como de políticas voltadas aos mais pobres.

Eleitor Mediano - De acordo com a literatura de economia política, os resultados das eleições
são influenciados pelo eleitor mediano daí a opção de usar aqui a renda mediana. De oito
eleições analisadas, nos anos eleitorais houve oito aumentos reais na renda mediana, enquanto
nos anos imediatamente após as eleições, foram sete diminuições. Observando o período entre
1981 e 2013, nos anos de eleição, o crescimento real médio da renda mediana foi de 11,33%
enquanto, nos anos seguintes àqueles em que ocorreram os pleitos, a queda líquida foi de -7,3%.
Resultados qualitativamente semelhantes foram encontrados nas estatísticas
relacionadas com a pobreza.

Fizemos uma análise do mecanismo que conecta as eleições com as mudanças no contexto
social brasileiro de 1992 a 2006, usando equações de renda para diferentes fontes de renda. Os
aumentos de renda foram maiores nos anos de eleição, caracterizando o ciclo eleitoral. Naqueles
anos, em média, a renda oriunda de programas cosiais teve o maior aumento (22,57%), seguido
dos benefícios da previdência social (10,51%) e da renda do trabalho em geral (3,16%).

Finalmente, apesar de a renda familiar _per capita_ suavizar os efeitos examinados aqui, a
renda das pessoas em idade eleitoral aumentou mais em anos de eleição do que a renda de
crianças e adolescentes que não participam diretamente do pleito. Nesse caso, os maiores
ganhos relativos vêm de programas sociais: durante os anos eleitorais essa fonte de renda
aumenta em 3,43% a mais para pessoas na condição de eleitores do que para crianças e
adolescentes que estão abaixo da idade para votar. A previdência social acompanha essa
tendência com um aumento relativo de 2,74% para eleitores, seguido por efeitos indiretos da
renda oriunda do emprego, que corresponde a um aumento de 1,27%. Esses números indicam
que a extensão dos programas de transferência de renda está ligada ao ciclo eleitoral. Isso cria
uma objeção aos CCTs em termos de oportunismo político.

trimestre de 2017, além de dados administrativos que incluem o reajuste de 5,67% do Bolsa Familia liberado em
Julho de 2018, o reajuste de 1,81% do salário mínimo e projeções de inflação (IPCA) e do PIB pela mediana de
crescimento de 1,4% em 2018 do boletim Focus do Banco Central de setembro de 2018.
17
O Início da Crise
O primeiro ano da crise entre 2014 e 2015, retratado no gráfico 16, mostra uma perda em todos
os grupos da sociedade, sendo as principais vítimas os jovens (-20,51% para aqueles entre 15 e
19 anos e -12,49% para aqueles entre 20 e 24 anos) e responsáveis nos domicílios. Como vimos,
a crise continuou para além de 2015, quando a saga relatada na PNAD tradicional se encerra.

Voltando à PNAD, a crise social que se manifesta no final de 2014, surge a partir de excessos
e desvios de um caminho do meio onde o bolo de renda crescia com mais fermento entre os
mais pobres. Apenas em 2015, a pobreza subiu 19,3%, com cerca de 3,6 milhões de novos
pobres. Embora a desigualdade medida por métricas usuais, como o índice de Gini, não tenha
aumentado em 2015, a desigualdade relevante em termos de pobreza explodiu. Basta dizer que
enquanto a média de renda caiu 7%, a renda dos 5% mais pobres caiu 14%. Resultado direto
do congelamento nominal do Bolsa Família em 2015, quando as taxas de inflação e de
desemprego atingiram os 2 dígitos. O salário mínimo, que indexa a maior parte dos gastos
sociais e previdenciários brasileiros, teve ganho real em 2015, fazendo com que a renda per
capita dos grupos mais diretamente por ele afetados, entre os percentis 60 e 65 caísse menos:
3,8%. Os mais pobres tiveram a sua crise dobrada em relação à média geral da nação enquanto
os brasileiros medianos tiveram a sua perda reduzida à metade.

Gráfico 18 - Taxa de Crescimento da Renda Individual Total 2014 a 2015

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNAD/IBGE

Esta troca de menos Bolsa Família por mais gastos previdenciários foi desvantajosa em termos
da trajetória do binômio social e fiscal, assim como o seu impacto sobre a demanda agregada.
Em termos de multiplicadores de gasto públicos, cada real gasto com Bolsa Família dispara um
multiplicador 3 vezes maior que o dos gastos previdenciários; 5 vezes maior que os do FGTS -
usado em 2017 como ferramenta anticíclica; 1,68 mais que o abono salarial do PIS-Pasep -
18
usado em meados de 2018 junto com a recomposição do valor real do benefício do Bolsa
Família. Uma lição da crise atual é olharmos primeiro para os mais pobres, buscando protege-
los e assim preservando o movimento da economia como um todo. No bojo da crise de 1999,
gestamos e depois parimos o Bolsa Escola federal; em meio as agruras da crise de 2003, nasceu
o Bolsa Família. Na atual crise desaprendemos lições básicas.

Evolução da Miséria

Apresentamos no gráfico a trajetória dos indicadores de pobreza nos últimos 25 anos. Essas
informações foram divulgadas, em primeira mão, através do FGV Social em diferentes momentos e
meios de comunicação. Para saber o que aconteceu em cada ano, basta clicar no ponto específico da
série.

https://cps.fgv.br/revelando-em-1a-mao-inflexoes-da-pobreza

19
6 - Conclusões

O FGV Social lançou no dia 15 de agosto a pesquisa A Escalada da Desigualdade a partir dos
microdados da PNAD Contínua (disponibilizados três horas antes). Como a série histórica
anterior de microdados foi ajustada pelo IBGE, o estudo investigou mudanças para frente e para
trás. A pesquisa mostrou que a desigualdade de renda domiciliar per capita do trabalho está
aumentando há 17 trimestres consecutivos quando comparado ao mesmo mês do ano anterior.
Esse é o maior período de concentração da série histórica brasileira. Nem mesmo em 1989, o
nosso pico histórico de desigualdade de renda brasileira, foi precedido por movimento de
concentração por tantos períodos consecutivos.

Desde o final de 2014 até o 2º trimestre de 2019, a renda dos 50% mais pobres da população
caiu 17%, a dos 10% mais ricos 3% e a dos 1% mais ricos cresceu 10%. Se estamos falando de
uma grande recessão na média e ganho no topo, isto significa que a base da distribuição teve
quedas muito mais acentuadas que as da média.

Até 2014, o bem-estar social crescia a 6,5% ao ano (porque a renda crescia a e a desigualdade
caia). Contudo, em apenas 2 anos, passou a cair quase os mesmos 6,5%. Mais do que uma longa
recessão seguida de lenta retomada, passamos do crescimento inclusivo à recessão excludente.
A desigualdade alavanca a dramaticidade e a duração do quadro.

O maior perdedor da crise foi o jovem, aquele entre 20 e 24 anos que teve uma queda de renda
do trabalho de 17% (a queda média para toda a população foi de 3%). Outros grupos sociais
tradicionalmente excluídos também foram bastante afetados pela crise: a população negra teve
uma queda de renda de 8%; analfabetos 15%; moradores do norte e nordeste do Brasil, 13% e
7%, respectivamente. Somente as mulheres tiveram um aumento de renda de 2%. Os últimos
anos foram de melhora para quem estudou mais, e como as mulheres são mais escolarizadas,
elas conseguiram ganhos.

No período crítico 6 milhões de brasileiros passaram a morar em domicílios com renda nula 9.
O efeito-desemprego foi um grande propulsor da queda de renda e do aumento da desigualdade,
entretanto o impacto do valor da educação foi ainda maior e a jornada de trabalho foi o terceiro
fator de impacto. Obviamente o desaquecimento geral da economia e em especial nos
segmentos da base da distribuição gera efeitos em todas estas dimensões. A participação no
mercado de trabalho atuou no sentido de expandir a renda mas mais no crescimento da renda
média do que na desigualdade. O grande fator de crescimento inclusivo é a expansão da

9
Foram 6,2 milhões de novos pobres. Este nível similar sugere que não houve redes de proteção social para este
segmento. A extrema pobreza aumentou 40% entre 2015 e 2017.
20
educação que segue expandindo mais na base, cuidados devem ser tomados para potencializar
este impacto dada sua natureza estrutural.

O último período da série traz alguma perspectiva de melhora: temos o menor aumento de
desigualdade do período de escalada, sinal que podemos estar atingindo o topo. Já há troca
vantajosa de mais ocupação por menores rendimentos dos ocupados, a renda média geral está
crescendo a 1,75% ao ano, taxa superior às projeções do PIB per capita que será divulgado em
breve.

21
Visite o site da pesquisa em
https://cps.fgv.br/Desigualdade

Como vai a vida? - https://cps.fgv.br/felicidade


Percepções da Crise - https://cps.fgv.br/percepcoes

Praia de Botafogo, 190, Sala 1501 - CEP: 22.250-900 - Rio de Janeiro - RJ


Tel.: 21.3799-2320 / E-mail: fgvsocial@fgv.br
www.fgv.br/fgvsocial
22
Apêndice: Monitorando a Distribuição de Renda: Elo Perdido e Robustez

O objetivo deste apêndice é testar a robustez de monitoramento de medidas de bem-estar social


baseadas em renda domiciliar per capita do trabalho frente a especificações alternativas à luz
das bases de dados disponíveis no período do início de 2012 a meados de 2018. Discutimos a
conexão de séries históricas e a robustez dos resultados sobre a evolução da distribuição de
renda encontrados face as mudanças ocorridas e as opções metodológicas disponíveis.

Desigualdade - A pergunta se refere a como dar sequência às séries de desigualdade ilustradas


no gráfico abaixo e aos índices de pobreza tratados na sequência.

Gráfico Índices de Desigualdade

0,65

0,6351
0,63
0,6227
0,61

0,5952
0,59
0,589
0,57

0,55

0,5281
0,53
0,5144
0,51
1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Gini Renda Per Capita Todas as Fontes Indice de Concentração da Renda do Trabalho

Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PNAD/IBGE

O Elo Perdido - O IBGE realizou uma série de mudanças nos seus instrumentos de coleta e
nas formas de medição e de difusão de estimativas de distribuição de renda. A comparação da
PNAD 2015 com a PNADC anual de 2017 indica um aumento do índice de Gini baseado em
renda domiciliar per capita de todas as fontes de cerca de 0,03 pontos o que equivale a cerca de
cinco anos de redução de desigualdade ao ritmo médio de queda assumido entre 2001 e 2014.
A pergunta-chave endereçada aqui se refere a quanto do aparente aumento de desigualdade de
renda é real e quanto deriva das mudanças implementadas em outubro de 2015.

23
A começar pela substituição do instrumento de coleta passando do binômio PNAD/PME para
a PNADC dividida em módulos anual e trimestral. Passamos a ter uma difusão de microdados
e estatísticas em escala nacional mais frequente. O conceito de renda do trabalho modificou-se
passando de renda habitualmente recebida para o conceito de renda efetivamente recebida.
Nossas estimativas, a partir do novo conceito, sugere que houve um aumento de 0,01 na
desigualdade resultado apenas da mudança na forma que se coleta a renda. Assim, optamos por
usar, em nossa análise, a renda habitualmente recebida pois a mesma conserva uma solução de
continuidade em relação as séries tradicionalmente divulgadas. Adicionalmente, este conceito
se aproxima mais da real desigualdade de consumo o que, em termos de bem-estar, faz mais
sentido, pois as pessoas extraem mais diretamente bem estar das suas despesas de consumo do
que do valor de seus respectivos contra-cheques. No caso brasileiro por razões culturais nos
referimos a unidade de tempo mensal, e não anual como nos EUA, por exemplo. Além disso, a
maior volatilidade da série efetiva acaba enviesando para cima as medidas de desigualdade em
relação ao conceito de renda permanente. Finalmente, a série habitual fornece informação um
mês à frente do desempenho social comparado a série efetiva, portanto, temos uma série de
razões para preferirmos o conceito habitual1.

Um desafio adicional é que justamente no momento de transição entre os instrumentos de coleta


do sistema de medição (outubro/15) foi implementada uma mudança na forma de perguntar o
conceito de renda efetiva na PNADC2. Uma forma de contornar esse problema seria lançando
mão da PME para entender a transição. A PME converge com a PNAD em termos de
desigualdade mostrando que ela pouco subiu entre outubro de 2015 e 12 meses antes.
Entretanto, há a partir de dezembro de 2015 uma forte inflexão para cima de desigualdade pela
PME. Colocando em bases móveis trimestrais, para facilitar a comparação com a PNADC
trimestral, o índice de Gini sobre 1%, 1,03% e 1,14% nos trimestres móveis terminados em
dezembro de 2015, janeiro de 2016 e fevereiro de 2016, respectivamente. A série da PME é
interrompida em fevereiro de 2016. Em suma, há evidencia de estabilidade da desigualdade em
outubro de 2015 ou o terceiro trimestre de 2015 o que é consistente com a informação oferecida
pela PNAD tradicional e pela PNADC trimestral. A quase-estabilidade da desigualdade é

1
O rendimento efetivo difere do habitual em dois pontos: 1º é a data de referência, o efetivo se refere ao mês
anterior e o habitual ao mês atual; 2º no rendimento efetivo são consideradas as parcelas esporádicas que não
fazem parte do rendimento normalmente recebido.
ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Anual/
Notas_Tecnicas/Nota_Tecnica_Alteracao_na_forma_de_captacao_do_rendimento_efetivo_de_trabalho_na_PN
AD_Continua.pdf
2
Houve alterações no rendimento efetivo do trabalho como a introdução de quesitos recordatórios sobre férias,
comissões, horas extras, bonificações, participação nos lucros e descontos por atraso ou falta. Estes itens afetam o
valor da renda do trabalho efetivamente recebida apenas. Além disso o rendimento habitual é perguntado antes do
rendimento efetivo protegendo as respostas de mudanças no quesito posterior.
24
seguida de marcada inflexão para cima das medidas de desigualdade no último trimestre de
2015, quando se utiliza os dados da PME e os da PNADC em bases trimestrais e anuais.

Evolução Recente da Desigualdade: Índice de Gini

0,64

0,62

0,60

0,58

0,56

0,54
set/04

set/09

set/14
out/06

out/11
jun/03

fev/05

jun/08

jun/13
mar/02

mai/06
mar/07

fev/10

mai/11
mar/12

fev/15
ago/02

ago/07
jan/08

ago/12
jan/13

dez/15
jan/03

abr/04

dez/05

abr/09

dez/10

abr/14
nov/03

jul/05

nov/08

jul/10

nov/13

jul/15
Fonte: FGV Social/CPS a partir de microdados da PME/IBGE2

Análise de Robustez: As Diferenças entre as PNADCs Trimestral e Anual

A renda domiciliar per capita habitual do trabalho, gerada a partir da PNADC trimestral , ocupa
papel central aqui. A partir deste conceito calculamos medidas de desigualdade (indice de Gini),
de renda média e do nível de bem-estar social associado (resultado do produto da média pelo
complemento do indice de Gini). O estudo das causas de discrepâncias do segundo momento
da distribuição de renda do trabalho entre as duas PNACs pode se beneficiar de informações
sobre o primeiro momento da mesma distribuição e da síntese promovida pela medida de bem-
estar social desses dois momentos.

Primeiramente, fizemos uma análise comparativa do comportamento dos três conceitos ao


realizarmos duas variações na base de dados: o universo das pessoas de todas idades, a
população de 15 a 60 anos de idade, e, por fim, este último com uma base sem os outliers da
respectiva série analisada3. As análises foram feitas em séries de renda do trabalho habitual da
PNADC trimestral (em meses e anualizada). Esta análise não revelou grandes diferenças de
comportamento entre os três conceitos usados como pode ser visto nos gráficos 7 a 9 e 13 a 15.

Por outro lado, tivemos outras análises que só olharam para o quadro do universo geral que
foram feitas utilizando-se de séries de renda do trabalho efetivo na PNADC trimestral (em

3
O outlier se refere a um indivíduo com renda mensal superior a R$ 1 milhão que saiu da amostra da PNADC
trimestral em março de 2018.
25
meses e anualizada), além de análises da renda do trabalho efetivo e habitual da PNADC anual
(em ano e em meses). Portanto, possuímos seis séries de cada um dos três objetos analisados
que são representados nos gráficos 10 a 12 e 16 a 18.

Como dito anteriormente, o foco da nossa análise é a renda habitual do trabalho e, portanto,
avaliamos como a mudança, entre pesquisas como a da PNADC Trimestral para a da PNADC
Anual nas mesmas unidades de tempo e entre conceitos de renda, afeta os resultados. Podemos
observar os gráficos abaixo também pela ótica das bases trimestrais (Gráficos 7 a 12 deste
apêndice) e pelas bases anuais (Gráficos 13 a 18). Neste caso, vale a pena iniciar não com as
medidas em nível, mas pelas suas variações ao longo do tempo conforme a análise realizada ao
longo do texto (Gráficos 1 a 6). A vantagem dessa abordagem dinâmica é isolar as mudanças
ocorridas em dezembro de 2015 no conceito efetivo de renda do trabalho.

Uma comparação visual das séries de desigualdade e de média de renda aponta diferenças não
apenas conceituais, mas de aplicação prática dos instrumentos de coleta: PNAC trimestral e
anual. Outra comparação relevante implementada é aquela entre os conceitos de rendas
efetivamente e normalmente recebidos. Os resultados se mostraram pouco robustos frente as
diversas especificações testadas em particular quando comparamos as séries da PNADC
trimestral e as da PNADC anual.

Volatilidade - As séries de desigualdade baseadas na PNADC Anual se apresentaram bem mais


voláteis, se olharmos para o coeficiente de variação temporal (calculado usando a razão entre o
erro padrão e a média) ao longo do tempo, que a PNADC trimestral. Em particular, essa
diferença na volatilidade é maior na parte final da série que se inicia no primeiro trimestre de
2012 e termina no quarto trimestre de 2017: no caso do conceito efetivo, esta diferença atinge
34,9% e no conceito habitual 54,3%. Conforme esperado, a desigualdade segundo o conceito
de renda efetivo se revelou mais volátil que o habitual nas duas bases de dados. Esta diferença
é de 25,4% na PNADC Trimestral e 9,7% na PNADC Anual. Como resultado destes dois
impulsionadores de volatilidade das séries de desigualdade sabemos que não importa o conceito
de renda e o tipo de pesquisa realizada, a volatilidade do conceito que se aproxima mais do
novo, oficial, de renda efetiva na PNADC anual é 69,2% maior do que o do conceito habitual
na PNADC trimestral.

No que tange as séries de renda média observamos um padrão análogo as séries de desigualdade
analisadas acima. Na PNADC anual é maior que a da PNADC trimestral: 16,2% no conceito
habitual e 20,5% no conceito efetivo. No conceito efetivo maior que o habitual: 0,6% na PNAD
anual e 12% na PNAD Trimestral. Mais uma vez quando arrolamos as duas causas de

26
volatilidade o conceito efetivo na PNAD anual é 69% mais volátil que o conceito habitual na
PNAD trimestral.

Conceitos semelhantes em pesquisas diferentes apresentam não só volatilidade diferentes como


o padrão temporal das mudanças é bem distinto. Esta discrepância se amplia nos anos finais das
séries. Em 2017 a desigualdade apresenta incremento na PNAD trimestral e ligeira queda ou
estabilidade na PNAD anual. Em compensação a renda média apresenta em 2017 alguma
recuperação na PNAD trimestral e continuidade de queda na PNAD anual. De forma que o
resultado em termos de bem-estar social apresenta uma tendência semelhante ao longo do
tempo. Uma curva em forma de sino iniciada em 2012 o ápice se dá em 2014 e volta a regredir
até o final das séries4.

4
A PNAD trimestral ainda mostra a continuidade deste aumento de desigualdade e de aumento de renda em
2018, período ainda não disponibilizado pela PNAD anual.
27
Crescimento, Equidade e Bem-Estar Social
Gráfico 1: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual -

8%

6%

4%

2%

0%

-2%

-4%
Crescimento Equidade Bem Estar
-6%

-8%
3Q / 13

3Q / 15
1Q / 13

2Q / 13

4Q / 13

1Q / 14

2Q / 14

3Q / 14

4Q / 14

1Q / 15

2Q / 15

4Q / 15

1Q / 16

2Q / 16

3Q / 16

4Q / 16

1Q / 17

2Q / 17

3Q / 17

4Q / 17

1Q / 18

2Q / 18
Gráfico 2: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual (sem outliers)

8%

6%

4%

2%

0%

-2%

-4%
Crescimento Equidade Bem Estar
-6%

-8%
3Q / 14

4Q / 17
1Q / 13

2Q / 13

3Q / 13

4Q / 13

1Q / 14

2Q / 14

4Q / 14

1Q / 15

2Q / 15

3Q / 15

4Q / 15

1Q / 16

2Q / 16

3Q / 16

4Q / 16

1Q / 17

2Q / 17

3Q / 17

1Q / 18

2Q / 18

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE - 15 a 59 anos

28
Crescimento, Equidade e Bem-Estar Social
Gráfico 3: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual – Todas as Idades
8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%

-2,00%

-4,00%
Crescimento Equidade
-6,00%
Bem Estar
-8,00%
2Q / 14

1Q / 16

4Q / 17
1Q / 13
2Q / 13
3Q / 13
4Q / 13
1Q / 14

3Q / 14
4Q / 14
1Q / 15
2Q / 15
3Q / 15
4Q / 15

2Q / 16
3Q / 16
4Q / 16
1Q / 17
2Q / 17
3Q / 17

1Q / 18
2Q / 18
Gráfico 4: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Efetiva

8%

6%

4%

2%

0%

-2%

-4%
Crescimento Equidade Bem Estar
-6%

-8%
1Q / 13

4Q / 13

3Q / 14

2Q / 15

1Q / 16

4Q / 16

3Q / 17

2Q / 18
2Q / 13

3Q / 13

1Q / 14

2Q / 14

4Q / 14

1Q / 15

3Q / 15

4Q / 15

2Q / 16

3Q / 16

1Q / 17

2Q / 17

4Q / 17

1Q / 18

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE - 15 a 59 anos menos * todas
as idades

29
Crescimento, Equidade e Bem-Estar Social
Gráfico 5: PNADC Anual: Renda per Capita do Trabalho Habitual -
15%

10%

5%

0%

-5%

-10% Crescimento Equidade Bem Estar

-15%
3Q / 14

4Q / 17
1Q / 13

2Q / 13

3Q / 13

4Q / 13

1Q / 14

2Q / 14

4Q / 14

1Q / 15

2Q / 15

3Q / 15

4Q / 15

1Q / 16

2Q / 16

3Q / 16

4Q / 16

1Q / 17

2Q / 17

3Q / 17

1Q / 18

2Q / 18
Gráfico 6: PNADC Anual: Renda per Capita do Trabalho Efetiva -

15%

10%

5%

0%

-5%

-10% Crescimento Equidade Bem Estar

-15%
3Q / 14

4Q / 17
1Q / 13

2Q / 13

3Q / 13

4Q / 13

1Q / 14

2Q / 14

4Q / 14

1Q / 15

2Q / 15

3Q / 15

4Q / 15

1Q / 16

2Q / 16

3Q / 16

4Q / 16

1Q / 17

2Q / 17

3Q / 17

1Q / 18

2Q / 18

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Anual/IBGE - 15 a 59 anos

30
0,600
0,605
0,610
0,615
0,620
0,625
0,630
0,560
0,565
0,570
0,575
0,580
0,585
0,590
0,595
0,560
0,565
0,570
0,575
0,580
0,585
0,590
0,595
1201 1201 1201
1202 1202 1202
1203 1203 1203

0,6136
1204 1204 1204
1301 1301 1301
1302 1302 1302
1303 1303 1303
1304 1304 1304
1401 1401 1401
1402 1402 1402

0,6022
1403 1403
1403
1404 1404
1404
1501 1501
1501
1502 1502

0,6017
1502
1503 1503
Indice de Gini

1503
1504 1504
1601 1504
1601
1602 1601 1602
1603 1602 1603
1604 1603 1604
1701 1604 1701

0,6150
1702 1701 1702
1703 1702 1703
1704 1703 1704
1801 1704 1801

0,6287
1802 1801 1802

900
910
920
930
940
950
960
970
980
990
900
910
920
930
940
950
960
970
980
990

780
790
800
810
820
830
840
850
860
1201 1201 1201
1202 1202 1202
1203 1203 1203

788,26
1204 1204 1204
1301 1301 1301
1302 1302 1302

804,54
1303 1303 1303
Gráfico 7: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual -

1304 1304 1304


1401 1401 1401

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE


1402 1402 1402
1403 1403
1403
1404 1404
1404
1501 1501
1501
1502 1502

31
Renda Média

853,33

1502
1503
Gráfico 8: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual (sem outliers)

1503
1503
1504 1504
1504
1601 1601
1601 1602
1602
Gráfico 9: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual – * Todas as Idades

1603 1602 1603


1604 1603 1604
1701 1604 1701
796,81

1702 1701 1702


1703 1702 1703
1704 1703 1704
1801 1704 1801
- 15 a 59 anos menos * 1802 1801 1802
825,08
360
370
380
390
400
410
420
430
440

300
305
310
315
320
325
330
335
340
370
380
390
400
410
420
430

1201 1201 1201


1202 1202 1202
1203 1203 1203
304,57

1204 1204 1204


1301 1301 1301
1302 1302 1302
316,47

1303 1303 1303


1304 1304 1304
1401 1401 1401
1402 1402
333,93

1402
1403 1403
1403
1404 1404
1404
1501 1501
1501
1502 1502
339,92

1502
1503 1503
1503
1504 1504
1504
1601 1601
1602 1601
1602
1603 1602 1603
1603
306,80

1604 1604
Bem-Estar Social

1701 1604 1701


1702 1701 1702
1703 1702 1703
1704 1703 1704
1801 1704 1801
1802 1801 1802
306,34
0,560
0,570
0,580
0,590
0,600
0,610
0,620
0,630
0,560
0,570
0,580
0,590
0,600
0,610
0,620
0,565
0,570
0,575
0,580
0,585
0,590
0,595
0,600
0,605
0,610
0,615
1201 1201 1201
1202 1202 1202
1203 1203 1203
1204 1204 1204
1301 1301 1301
1302 1302 1302
1303 1303 1303
1304 1304 1304
1401 1401 1401
1402 1402 1402
1403 1403 1403
1404 1404 1404
1501 1501 1501
1502 1502
1502
Indice de Gini

1503 1503
1503
1504
1504 1504
1601
1601 1601
1602
1602 1602
1603
1603 1603
1604
1604 1604
1701
1701 1701
1702
1702 1702
1703
1703 1703 1704
1704 1704 1801
1010
1030

870
890
910
930
950
970
990

1000
1020
1040
1060
1080
1100

900
920
940
960
980
1000
1020
1040

900
920
940
960
980

1201 1201
1201
1202 1202
1202
1203 1203
1203
1204

Gráfico 12: PNADC Anual: Renda per Capita do Trabalho Efetiva


1204 1204
Gráfico 11: PNADC Anual: Renda per Capita do Trabalho Habitual

1301 1301 1301


1302 1302 1302
Gráfico 10: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Efetiva

1303 1303 1303


1304 1304 1304
1401 1401

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE


1401
1402 1402 1402
1403 1403 1403
1404 1404 1404
1501 1501
1501

32
Renda Média

1502 1502
1502
1503
1503 1503
1504
1504 1504
1601
1601 1601
1602
1602 1602
1603
1603

- 15 a 59 anos
1603 1604
1604 1604 1701
1701 1701 1702
1702 1702 1703
1703 1703 1704
1704 1704 1801
370
380
390
400
410
420
430
440
450

360
370
380
390
400
410
420
430
440
370
380
390
400
410
420
430

1201 1201 1201


1202 1202 1202
1203 1203 1203
1204 1204 1204
1301 1301 1301
1302 1302 1302
1303 1303 1303
1304 1304 1304
1401 1401 1401
1402 1402
1402
1403 1403
1403
1404 1404
1404
1501
1501 1501
1502
1502 1502
1503
1503 1503
1504
1504 1504
1601
1601 1601
1602
1602 1602 1603
Bem-Estar Social

1603 1603 1604


1604 1604 1701
1701 1701 1702
1702 1702 1703
1703 1703 1704
1704 1704 1801
Indice de Gini Renda Média Bem-Estar Social
Gráfico 13: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual -
0,59 985 420
419
0,588 415
0,58745 975 976
0,586 412
410 410
0,584 965
961 962
0,582 405
955
0,58 400
0,57845 945
0,578
395
0,576 0,57645 935
390 391
0,574 0,57375 388
928
925
924 920 385
0,572
0,571575 383
0,570775 915
0,57 380
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 14: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual (sem outliers)
0,59 985 425

0,588 420
0,587475 975 976 419
0,586 415
0,584 965 412
961 962 410 410
0,582
955 405
0,58
0,579075 945 400
0,578
0,57645 395
0,576 935
390 391
0,574 0,57375 928
925
924 918 385
387
0,572
0,571575 383
0,570775
0,57 915 380
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 15: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Habitual – * Todas as Idades
0,626 850 335
0,6250175 846 333
0,624 845
331
840 330
0,622

0,62
830 829 325 325
0,618

0,616 820 320


819
0,614
0,6147475
810 315
0,612 804
0,61
312
0,6096525 800 310 310
799
0,608 0,6079525 0,608025
307
0,606 0,60655 790 305
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE - 15 a 59 anos menos *

33
Indice de Gini Renda Média Bem-Estar Social
Gráfico 16: PNADC Trimestral: Renda per Capita do Trabalho Efetiva
0,605 985 415
414
980
0,601165 975
410
0,6

969 407
405 406
0,595 965 966
959 400
0,5913175 952
0,59 955
395
0,585 945
0,5835375 390
388 389
0,58 0,5798275 0,5802525 935
385
933
0,577115 382
0,575 925 380
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 17: PNADC Anual: Renda per Capita do Trabalho Habitual


1010 435
0,59 1.008 433
0,58865 1000 430

425
0,585 0,5850575 990
420
980 981 415 416 416
0,58
0,5781525 970 410
967
0,5761925 957 405
0,575 960
400
950
0,5710025 395 396
0,57
0,56921 940 393
939 390

0,565 930 931 385 386


2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 18: PNADC Anual: Renda per Capita do Trabalho Efetiva


0,605 1035 430
427
425
0,6 0,60081250,59994 1015
1.011 420
993 415
0,595 995
410 411 410
985
0,59 975 405
973
962 400
0,585 0,585005 955
395 395
0,5821625 944 392
390
0,58 935
0,578425 385 385
0,5774275
0,575 915 380
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: FGV Social baseado nos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE - 15 a 59 anos

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