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Quem é o Saci?
Você sabia que existe um dia, no Brasil, dedicado à comemoração do Saci? E o Saci você sabe quem é?
Onde ele surgiu? Já ouviu alguma vez a história desse personagem fantástico?
Saci Pererê
O Saci é um personagem brasileiro mitológico1 que habita o imaginário popular brasileiro principalmente
no interior do país onde ainda se mantém o hábito dos mais velhos, de contarem histórias aos mais jovens
nas tranqüilas e claras noites de lua.
Representado atualmente pela figura de um menino negro de uma só perna que possui um gorro vermelho na
cabeça e traz sempre um cachimbo na boca. De Norte a Sul do Brasil, além do nome, são várias também as
definições e representações atuais que se tem dele. No nordeste, de uma forma geral ele segue a
representação antes descrita que é a mais conhecida atualmente e a mais popular.
No Sul e Sudeste há algumas variações. No Rio Grande do Sul, por exemplo, ele é retratado como um
menino negro perneta de gorro vermelho que se diverte atormentando a vida dos caminhoneiros e
aventureiros que gostam de viajar. Deixando-os areados ele os faz perder o destino. Ranços culturais
europeus podem ter influenciado o Saci em Minas Gerais onde ganhou acessórios como: “um bastão, laço
ou cinto, que usa como a “vara de condão” das fadas européias” (site:
http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/saci.html). Já em São Paulo, apesar de manter essas
mesmas características básicas ele possui um boné em lugar do gorro.
Diz a lenda que ele não é apenas um brincalhão ou um espírito mau. Tratar-se-ia de um exímio conhecedor
das propriedades medicinais das ervas e raízes da floresta. Se alguém precisa entrar na mata e pegar algo,
portanto, tem que pedir autorização do Saci, pois entrando sem permissão cairá inevitavelmente em suas
armadilhas.
Mas o único meio de controlar um Saci, segundo o mito, é tirando-lhe o gorro e prendendo-o em uma
garrafa. Para isso é necessário jogar uma peneira ou um rosário bento em um redemoinho. Só dessa forma se
pega um Saci. Uma vez preso e sem o gorro que lhe dá poderes ele fará tudo que for mandado.
As origens
Diante de todas essas informações fica a pergunta: onde teria nascido a lenda do Saci? Os estudos sobre o
folclore brasileiro apontam a origem indígena quando falam da lenda do Saci. Esse mito teria surgido na
região Sul do Brasil durante o período colonial, por vota do final do século XVIII, por ocasião das Missões.
A alcunha pela qual o Saci é mais popularmente conhecido é Saci-Pererê, mas seu nome originalmente era
Yaci-Yaterê de origem Tupi Guarani. De acordo com a região do Brasil ele pode, porém, ser conhecido por
uma variedade de apelidos.
O dicionário Aurélio traz as seguintes variações de nomes do Saci: “Saci-cererê, Saci-pererê, Matimpererê,
Martim-pererê” (AURÉLIO, 2005). Além dessas denominações Martos e Aguiar (2001, p. 75) apontam
ainda: “saci-saçura, saci-sarerê, saci-siriri, saci-tapererê ou saci-trique”. Por ser considerado por alguns
um perito na arte da transformação em aves, o negrinho travesso recebe ainda nomes de passarinhos nos
quais se transforma, como por exemplo: matitaperê, matintapereira, sem-fim, entre outros (ibidem, p. 75).
Na região às margens do Rio São Francisco ele é conhecido pela alcunha de Romão ou Romãozinho.
A metamorfose do Saci
Quando surgiu, o saci foi representado por um curumim2 endiabrado, de uma perna só e de rabo. Suas
traquinagens tinham como objetivo atrapalhar a entrada dos intrusos na mata, ou seja, no território indígena.
Era provavelmente uma forma encontrada pelos nativos de resguardar seu território da invasão dos
indesejados homens brancos.
A figura original do Saci – garoto índio – sofreu alterações por ocasião da inserção, na cultura brasileira, de
elementos africanos e europeus, trazidos para cá pelos negros escravos importados da África e pelos
colonizadores.
Ao chegarem a terras brasileiras trazendo seus próprios mitos e difundindo-os entre os que aqui habitavam,
africanos e europeus provocaram uma mescla de características das três culturas, assim, a lenda do saci
ganhou elementos novos.
O Saci se transformou em um garoto negro de características físicas africanas. Alguns acreditam que a
ausência da perna se deveu a uma perda sofrida em uma disputa de capoeira, luta praticada pelos negros
africanos. Também ganhou um cachimbo, típico dos costumes africanos. Da cultura européia ganhou um
elegante barrete vermelho que reza a lenda, é a fonte de seus poderes mágicos.
Conclusão
Apesar de todo o encanto dessa lenda e desse personagem. Mesmo com a resistência em alguns lugares da
cultura de contar histórias, o que se percebe hoje é a desvalorização da cultura oral e o enfraquecimento
desses costumes a cada dia.
Alguns fatores, porém têm contribuído para que o Saci não se apague da memória de nosso povo e facilitado
o acesso de mais pessoas a essa lenda que integra o patrimônio literário e cultural brasileiro.
Graças à criatividade de escritores brasileiros como: Maurício de Souza, Monteiro Lobato e Ziraldo, esse
personagem viajou do campo para as grandes metrópoles e até mesmo para o exterior através de suas obras.
Monteiro Lobato, escritor conhecido do público infantil, foi o primeiro a lembrar o Saci. Nas décadas de
1970 e 1980 o personagem apareceu nas histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo e o personagem ficou
conhecido em todo o País. Este é, talvez, o escritor que mais difundiu esse personagem, primeiro através da
obra escrita e depois através da obra televisionada, que hoje tem alcance internacional, levando nosso
personagem ao conhecimento do mundo.
Maurício de Souza, criador da turma da Mônica, também incluiu o Saci nas suas histórias em quadrinho,
principalmente nas do personagem Chico Bento, que é um matuto da roça. Outro que imortalizou o Saci em
sua obra foi Ziraldo com a criação da turma do Pererê, que também alcançou as telas da televisão.
Além do impulso dado pela literatura, outro fato importante foi a criação, em 2005, pelo governo brasileiro,
do dia nacional do Saci, que deve ser comemorado dia 31 de outubro. Essa idéia surgiu com o intuito de
minimizar a importância que se dá à comemoração do dia das bruxas3, reduzindo assim, a influência de
culturas importadas e favorecendo a valorização da cultura e do folclore nacionais.
1
O termo mitológico é utilizado aqui para designar um personagem que faz parte dos mitos da cultura brasileira. Segundo o Novo
Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0 mito é uma “narrativa na qual
aparecem seres e acontecimentos imaginários, que simbolizam forças da natureza, aspectos da vida
humana, etc. Representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela
tradição, etc”.
2
Criança indígena.
Bibliografia
AURÉLIO, Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. Coordenação e
edição: Margarida dos Anjos e Marina Baird Ferreira. Brasil: Editora positivo, 2004.
Enciclopédia: Nova pesquisa e saber. Português e folclore. São Paulo: Nova editora ltda.
MARTOS, Cloder Rivas, 1942. Viver e aprender português, 2ª série. Cloder Rivas Martos, Joana D’Arque
Gonçalves de Aguiar. 7. ed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2001.
http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/saci.html).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Saci
http://www.suapesquisa.com/musicacultura/saci-perere.htm
http://www.brasilescola.com/folclore/saci-perere.htm
http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/mulasemcabeca.htm