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S.M.Machado
I – Inflamação
Um ataque ao organismo ou uma quebra das suas barreiras de defesa provoca uma
resposta localizada denominada inflamação aguda.
É uma das quatro reacções vitais do organismo à lesão com efeitos protectores, mas
também pode produzir danos.
Pode definir-se como uma resposta biológica e fisiológica dos tecidos vivos face à
agressão, fundamentada na vascularização, e que conduz à orientação dos meios de
resposta (particularmente os celulares) para o local agredido, com o objectivo principal
de:
-Limitar a difusão do agente agressor e promover a sua destruição
-Remover os detritos celulares
-Iniciar a reparação dos tecidos danificados
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O tecido agredido induz na microcirculaçao uma vasodilatação que propicia o afluxo de
sangue ao tecido e optimiza o transporte de mediadores celulares e moleculares. Estas
modificações traduzem fenómenos vasculares e uma activação das células endoteliais que
justificam os sinais e sintomas acima referidos.
Aguda: significa que é de curta duração e não que é severa. Quando dura até, no máximo,
uma semana.
Crónica: quando dura mais que quatro semanas, meses ou até anos.
Componente vascular
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Aumento do fluxo sanguíneo no tecido lesado (aumento do aporte de mediadores) e da
permeabilidade nos capilares e vénulas (rubor, calor, inchaço e dor).
Componente celular
Transmigração de leucócitos especializados (neutrófilos e monócitos) para os espaços intercelulares
onde inactivam agentes infecciosos e removem detritos celulares.
A formação de fluido tecidual e o seu retorno para os vasos sanguíneos depende de vários
factores:
Hiperemia
Aumento do fluxo sanguíneo no local de lesão motivado pela dilatação das arteríolas,
esfíncteres pré-capilares, capilares e vénulas; A hiperemia faz aumentar a pressão
intravascular que ultrapassa a pressão coloidoosmótica sanguínea levando à passagem
de fluído para o espaço intersticial, conduzindo ao edema e à dor intermitente devido aos
pulsos de pressão sobre os terminais nervosos.
Estase
A perda do fluído intravascular e o aumento da permeabilidade reduz a taxa de fluxo e
leva à quase paragem do sangue nas vénulas contribuindo para o aumento da pressão
intracapilar e da formação de exsudado.
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permeabilidade vascular se inicia cedo na inflamação, há saída de fluido do lúmen
vascular e o fluxo sanguíneo diminui. O resultado desta resposta é que mais leucócitos
vão assumir a posição perfiferica ao longo da superfície endotelial – processo de
marginaçao. Depois rolam sobre as células endoteliais e transitoriamente aderem a eles
de forma a sofrerem uma activação.
Marginação
Deslocamento periférico dos leucócitos por modificação do padrão de fluxo axial devido à
perda de fluído, redução de velocidade e agregação eritrocitária provocadas pela
inflamação;
Pavimentação e adesão
Como resultado da marginação e devido à aderência do endotélio lesionado (adesinas) os
leucócitos aderem à superfície interna dos vasos;
Transmigração leucocitária
Após a adesão inicial os leucócitos deslocam-se até uma junção intercelular atravessando
primeiro o endotélio venular e depois a membrana basal.
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pressão do calçado neutrófilos, células
-exsudado fluído com muco: na mortas e detritos
inflamaçao resultante de infecçao necróticos – aspecto de
ligeira das vias resp. superiores pus.
-exsudado fibrinoso: exsudado - Abcesso: Acumulação
gelificado que cobre o tecido localizada de pus que se
lesionado em pericardites e desenvolve num foco
pneumonias q resulta da infeccioso quando o
passagem de fibrinogenio para o agente não pode ser
intesticio onde e convertido em rapidamente
fibrina pela tromboplastina. neutralizado
Quimiotaxia
ligação dos agentes quimiotácticos a receptores do fagócito e que depois direccionam o
seu movimento e activam as suas capacidades fagocitárias;
Reconhecimento e ligação
A fagocitose é potenciada pela opsonização, mediada por opsoninas que se ligam aos
receptores dos leucócitos e à superfície das partículas a fagocitar;
Absorção e destruição:
Englobamento da partícula pela membrana fagocitária, fusão do fagossoma com um
lisossoma com enzimas que levam à morte do agente, inactivação, degradação ou
regurgitação (partículas grandes).
No entanto, por vezes estes mecanismos não resultam, o que se fica a dever
essencialmente a mecanismos de defesa das próprias bactérias ou a um defeito na função
dos leucócitos.
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Defesas bacterianas
Produção de toxinas que matam os leucócitos ou inibem a quimiotaxia;
Produção de revestimentos que impedem a ligação das, ou às opsoninas;
Formação de cápsulas resistentes ou produção de citotoxinas que protegem da destruição
se forem absorvidas.
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Sistema de complemento
Conjunto de cerca de 30 proteínas
circulantes que sofrem activação
sequencial;
• Formação do “membrane attack
complex” (MAC) que destrói
microrganismos invasores por abertura
de orifícios na membrana;
• Intermediários que actuam como
mediadores de informação
promovendo aumento de dilatação,
permeabilidade, quimiotaxia,
fagocitose, libertação de histamina e
aceleração da cascata de cinina.
I.2.3.2 – Terapêutica
Alterações da temperatura
- Frio: resposta vasoconstritora arteriolar que leva à diminuição do fluxo e consequente
redução do inchaço; é eficaz no imediato
- Calor: favorece a fagocitose; é eficaz mais tardiamente
Elevação da pressão
- A elevação do membro conduz à redução do fluxo, aumento da drenagem e diminuição
do inchaço;
- A ligadura constritiva reduz o fluxo para o interstício e aumenta a drenagem linfática
Terapêuticas medicamentosas
Antihistamínicos
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- Bloqueiam a acção da histamina nos receptores dos vasos, reduzindo os sintomas;
Corticosteróides
- Inibição da produção de ácido araquidónico com redução das prostaglandinas e dos
leucotrienos, reduzindo a dor e o inchaço
- Estabilização da membrana dos lisosomas ;
- Interferência com a cura da lesão;
- Aumento da susceptibilidade à infecção;
Patogenia
A longa presença do agente origina estimulação dos linfócitos com libertação de
linfocinas que actuam sobre os macrófagos, condicionando a resposta inflamatória;
Os macrófagos informam os linfócitos T helper da natureza do agente e estes libertam
substâncias que activam aqueles e os mantêm no local da infecção
• MAF – factor activador dos macrófagos;
• MIF – factor inibidor da migração dos macrófagos
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I.4.2 – Classificação da Inflamação Crónica
Pode ser Não Especifica ou Granulomatosa.
Não Especifica:
Mais comum. Caracteriza-se por acumulação difusa de macrófagos e linfócitos no local da
lesão.
Granulomatosa (focal):
Menos comum. Caracterizada pela formação de granulomas. Exs: Tuberculose, Sifilis,
Lepra.
Hipertermia
Elevação da temperatura corporal acima do set-point hipotalamico, devido a insuficiente
dissipação de calor (p.ex, exercício associado a drogas inibidoras da sudação)
Febre
Elevação da temperatura corporal acima da temperatura corporal acima dos níveis do
normal ritmo circadiano em resultado de uma modificação do centro termorregulador do
hipotalamo anterior. Nestas condições, o equilíbrio termorregulador é ultrapassado e a
temperatura central aumenta.
As substancias que provocam a febre ou a pirexia são designadas por pirogenios, que
podem ser endógenos ou exógenos.
Pirogénios exógenos
Não provem do hospedeiro mas do seu exterior. São exemplo as bactérias, os seus
metabolitos e toxinas, os vírus, factores de crescimento, substancias químicas, fármacoa,
queimaduras, radiações ionizantes e complexos imunes, o que explica o facto de a
existência de febre não ser sinonimo de infecção.
O pirogenio exógeno mais estudado é o lipopolissacarideo (LPS) ou endotoxina,
produzido por todas as bactérias Gram -. As bactérias Gram + também produzem
substancias pirogenicas como as enterotoxinas. Estes pirogenios exogénos induzem
directamente um estado febril no hospedeiro, quer directamente pelo LPS, quer
indirectamente através da síntese de pirogenios endógenos produzidos por células
vasculares endoteliais e por leucócitos activados pela resposta inflamatória desencadeada
localmente pela infecção.
Pirogénios endógenos
São principalmente citocinas como a IL-1 α/β, TNF-α, TNF-β, INF-α e IL-6 produzidas por
leucócitos activados por pirogénios exógenos.
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desidratação convulsões
cefaleias lesões
delírio herpéticas
sonolência
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I.5.6 – Tratamento da febre
A terapêutica da febre assenta em quatro princípios:
Modificação do ambiente externo (banho de esponja, colchão de arrefecimento) como
meio de transferir calor do ambiente interno para o externo, devendo acautelar-se que
estes métodos não levem, por excesso, a uma vasoconstrição e a tremores, que induzam
novo aumento da temperatura.
Suporte do estado hipermetabólico que acompanha a febre, através da hidratação do
fornecimento de hidratos de carbono de cadeia simples.
Protecção dos órgãos mais vulneráveis (cérebro) e alivio das artralgias através do uso de
antipiréticos.
Tratamento do factor etiológico
O paracetamol tem uma acção essencialmente central, é eficaz na inibição da COX, mas
não consegue estimular a produção dos antipiréticos endógenos e difere de outros
antipiréticos pela sua incapacidade para actuar perifericamente reduzindo a inflamação.
Bibliografia utilizada: Mcphee, Nowak, slides das aulas e manual merck online
Coração
Veias Artérias
Capacitância Resistência
Circulação Periférica
MECANISMOS PATOLÓGICOS:
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Patologia perda da capacidade de bombeamento pode levar à disfunção diastólica,
hipertrofia cardiaca e doença cardiaca isquémica.
Desarranjo celular
Pressão Diastólica
Hipertrofia
Assincronia
Relaxamento
Carga Normal
Isquémia
II. Cardiomiopatias
Cardiomiopatia Pericardite
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2)libertação de catecolaminas para aumentar o débito cardíaco, tanto pelo aumento da
frequência cardíaca como pelo desvio para a esq da curva isovolumetrica sistolica.
3)hipertrofia do musc cardíaco e volume ventricular aumenta, desviando a curva diastolica
pa direita.
Enchimento A contractilidade dos miócitos está preservada. A disfunção diastolica pode estar presente
diminuído em qualquer doença que cause diminuiçao do relaxamento, redução do recuo elástico ou
(disfunção aumento da rigidez do ventrículo. A hipertensão e a isquemia podem causar disfunção
diastólica) diastolica.
Activação do Ocorre precocemente. Os níveis elevados de NE causam aumento da contractilidade e da
sistema frequência Cardíaca, o que inicialmente ajuda a manter o debito cardíaco. Os aumentos
simpático continuados levam a uma elevação tanto da pré como da pos carga.
Pressão sanguínea renal diminuída causa a libertação de renina e aumenta a produção de
angiotensinaII. Há vasoconstrição das arteriolas eferentes dos glomerulos, o que ajuda a
Activação do
manter a filtração glomerular, apesar do reduzido epitéio angioII provoca síntese de
sistema renina-
aldosterona q leva a reabs de Na e exrecçao de K pelos rins. Inicia-se ciclo vicioso uma vez q
angiotensina
o sist renin-angiotens leva à vasoconstrição intensa, um aumento da pos carga e uma
reduçao ainda maior do debito cardíaco e da TFG.
Libertação de Vasoconstritor potente q promove reabsorção de agua pelos tubulos renais.
vasopressina
TNF-alfa participa no ciclo de hipertrofia dos miocitos e na morte celular. IL-1 pode acelerar
Libertação de a hipertrofia dos miocitos. Libertação de endotelina pode ser responsável pela hipertensão
citocina nas artérias pulmonares, observada em pacientes c insuf ventricular esquerda. Associada tb
ao crescimento dos miocitos e ao deposito de colagenio na matriz intersticial.
Manejo de Ca2+ Tanto o aporte de Ca2+ para o aparelho contráctil quanto a recaptação de Ca2+ pelo
intracelular reticulo sarcoplasmatico, tornam-se mais lentos. Verificam-se níveis diminuídos de mRNA
ineficiente para os canais especializados para de libertação de Ca2+.
Os receptores alfa1-adrenérgicos são importantes para a indução da hipertrofia miocárdica;
os níveis de receptores alfa1 estão levemente aumentados na insuficiência cardíaca. A
insuficiência cardíaca está associada à dessensibilização significante de receptores beta-
Dessensibilização
adrenérgicos, como resultado da activação crónica do simpático. Efeito mediado pela down-
adrenérgica
regulation de receptores beta-adrenérgicos, pelo desacoplamento a jusante da via de
transdução de sinal e pela up-regulation de proteinasG inibidoras. Todas essas mudanças
levam a uma redução ainda maior da contractilidade dos miócitos.
Hipertrofia de miócitos
Reexpressão de Causa o desenvolvimento de miócitos grandes, que não se contraem normalmente e têm
proteínas diminuição da actividade de ATPase.
Há perda de miócitos “buracos” no miocárdio stress aumentado sobre os miócitos
Apoptose
remanescentes
O aumento do tecido conjuntivo faz crescer a rigidez da câmara e desvia a curva P-V
Fibrose
diastolica para a esquerda.
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I.1.3 Manifestações clínicas
Dispneia, ortopneia e dispneia paroxística noturna: A congestão
ventricular esquerda leva a uma Hipertensão pulmonar, a qual sendo
superior à pressão oncótica do plasma provoca a saída de fluídos para os
espaços intesticiais dos pulmões Edema pulmonar. A substituição de ar
nos pulmões por sangue reduz a capacidade vital o trabalho na
respiração é maior fadiga dos músculos respiratórios que leva à
sensação de dispneia. A ortopneia resulta da sobrecarga ventricular que
leva à acumulação de sangue nas extremidades e abdómen, melhorando
de imediato com a posição vertical. Durante a noite, os disparos
adrenérgicos ao ventrículo diminuem, aumentando o retorno venoso
dispneia paroxística nocturna. RX do tórax de paciente com congestão
Fadiga e confusão mental: incapacidade do coração em suprimir pulmonar. Observa-se o aumento da
área cardiaca.
quantidades adequadas de sangue para os pulmões e cérebro.
Nictúria: devido à redução da perfusão renal
Dor torácica: a causa é um pouco desconhecida. Paciente que apresentam ICC por
doença arterial coronária podem ter dor torácica secundária à isquémica.
Pele, pálida, fria e suarenta: vasoconstrição periférica, que mantém o fluxo de sangue
para os órgãos centrais e cabeça.
I.4 TERAPÊUTICA
Diuréticos – reduzir edemas e débito urinário. Devem ser usados com cautela e conjugados
com IECAs.
IECAs (inibidores da enzima de conversão da angiotensina) e B-bloqueantes (inibem os
receptores B-adrenérgicos) – usados para reduzir a tensão e a frequencia cardiaca
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II. CARDIOMIOPATIA
Def: doença que afecta o miocárdio
Etiopatologia: não resulta de hipertensão, doença valvular nem de anomalias
pericárdicas. Restrictiva
Dilatada Hipertrófica
_____________________________________________________________________________
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III.1.1 Consequências:
Aumento da rigidez e perda de elasticidade arteriosclerose
Aumento das lesões locais placa de ateroma aterosclerose
Nota: No sistema endógeno, as VLDL (ricas em triglicéridos) são secretadas pelo fígado lipoproteínas de
densidade intermédia LDL . Apenas a LDL que é oxidada consegue ser captada pelos macrófagos activados e por
células musculares.
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III.1.4 Manifestações clínicas
Cérebro e SNC Rim Aorta e artérias Coração e vasos
periféricas ou coronários
viscerais
Isquémia coronária Aterosclerose intra- Estenose Isquémia crónica
renal aneurisma ruptura
Deterioração mental oclusao Fibrose miocárdica
e sincopes Hipertensão e Urémia gangrena periférica
ou visceral Oclusão Aguda
Pode levar a Enfarte Estenose extra-renal
(oclusão aguda) ou Complicações: Angina pectoris
hemorragia (rotura) Hipertensão Estreitamento arterial
Formação de trombos Enfarte do miocárdio
Hemorragias da placa
Aneurisma
Dor e câimbras – primeiro sintoma a ocorrer se houver estreitamento de uma artéria
falta de oxigenação dos tecidos. Por exemplo, claudicação intermitente devido à falta de
oxigénio nas extremidades.
TROMBOS ARTERIAIS
TROMBOS ARTERIAIS
Formam-se em locais de estase e de fluxo
Devido a lesão endotelial ou aterosclerose
turbulento
Poucos Glóbulos vermelhos
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IV. CARDIOPATIA ISQUÉMICA
O miocárdio detém a maior extracção de oxigénio do corpo humano (80%)
A circulação coronária é responsável pelo suprimento adequado de oxigénio aos
miócitos bem como pela remoção de produtos do metabolismo celular.
Se há comprometimento na irrigação do miocárdio... IV.1 Causas de Isquémia:
Aterosclerose
ISQUÈMIA DO MIOCÀRDIO Espasmo – Mais em jovens. A histamina,
serotonina, catecolaminas promovem a
IV.2 Perfusão suprimento
Se Manifestações clínicas de oxigénio aos vasoconstrição.
miócitos alteração mecânica e alteração do Embolismo – Raro
rendimento cardíaco acúmulo de produtos Congénita – 1-2%população e desta uma pouca
metabólicos e de H+ produção oxidativa de parte é sintomática.
ATP
IV.2logo é favorecida clínicas
Manifestações a glicólise anaérobia com
da produção de lactato e NADH (afecta a B-
oxidação dos ácidos gordos).
IV.2 Manifestações clínicas:
I II III IV
Por Gravidade
Pelo tipo de elevação (afecta mais a pressão diastólica >140mmHg, enquanto
=90mmHg) – numa situação em que há aumento do volume sistólico, diminuição da
elasticidade dos tecidos (arteriosclerose), shunts arterio-venosos, febre, hipertiroidismo,
anemia e insuficiência aórtica.
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Anormalidades renais - A constrição da artéria renal aumenta a pressão sanguínea (2%
dos casos). A constrição inicial diminui a pressão arteriolar renal e isso leva ao aumento da
secreção de renina pelas células justaglomerulares. A obstrução do uréter pode causar
hipertensão pelo aumento da pressão intersticial renal. A glomerulonefrite aguda e
crónica e outras formas de doenças renais difusas poderão causar hipertensão.
Resitência perifèrica - por aumento da produção de vasoconstritores como a renina e
catecolaminas, e diminuição de vasoldilatadores como a cininas e prostaglandinas. A secreção
de angiotensinogénio pelo fígado pode ser estimulada pelos estrogénios
Alteraçôes no sistema adrenèrgico - alteração da musculatura lisa por alteração dos
receptores α-adrenérgicos (vascoconstritires) em lugar dos receptores β-adrenérgicos
(vasodilatadores)
Distúrbios da glândula supra-renal:
Excesso de mineralocorticoides: hiperaldosteronismo primário causado por um tumor
da zona glomerulosa do córtex da supra-renal, que secreta grandes quantidades de
aldosterona retenção de Na+ com expansão do volume de fluida extracelularhipertensão.
Perda crónica de K+ e H+. A actividade da renina plasmática é baixa e a alcalose pode ser
observada.
Excesso de glicocorticóides:.
Excesso de catecolaminas: Aumento da norepinefrina e epinefrina pela medula supra-
renal aumentam a pressão sistólica e diastólica
Hormonas Natriuréticas -causam perda de Na+ pela urina e geralmente baixam a
pressão sanguínea. Entretanto, existe uma substância natriurética, secretada pelo hipotálamo,
que inibe a ATPase Na+/K+ perda de Na+ pela urina acumulação de Ca2+ nas células
contracção do músculo liso vascular hipertensão
Causas neurológicas – há fármacos que controlam a descarga simpática no cérebro,
coração e vaso sanguíneos. Se o paciente utilizar este tipo de fármacos e for hipertenso, então
esta deve-se a uma anormalidade no SNC. Existem fármacos que inibem a secreção de óxido
nítrico o qual promove vasodilatação.
Troca de Na+/H+ - maior da resistência à insulina, hiperinsulinémia, hiperlipidemia e
obesidade em doentes com hipertensão arterial. Essa combinação de característica é
denominada de Síndrome X ou Síndrome Metabólico.
1. Baroreceptores:
Diminuição da PA detectado pelos baroreceptores área cardiovascular que leva a:
I.1 – Os eritrócitos
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As características de um eritrócito normal são:
Célula anucleada;
Forma de disco bicôncavo (a zona central de um eritrócito, quando corada, apresenta-se mais
pálida);
Tempo de vida: 120 dias (após os quais sofrem endocitose por macrófagos, especialmente no
baço);
A linhagem vermelha inicia-se com uma stem cell na medula vermelha;
Diâmetro: 6 a 8 µm (o diâmetro de um eritrócito é maior do que o de um capilar. A
plasticidade dos glóbulos vermelhos permite-lhes fluir à vontade nestes vasos)
VGM: 80 fL (glóbulos normocíticos, ou seja, células de tamanho normal);
CHGM: 32 a 36 g/dL (glóbulos normocrómicos, ou seja, contêm a quantidade normal de
hemoglobina);
HGM: 27 a 32 pg
Como foi a cima referido, a linhagem vermelha inicia-se nas stem cells da medula vermelha. A
eritropoietina (secretada pelo rim) promove a diferenciação das stem cells que são nucleadas.
Durante o processo de diferenciação, as células vermelhas nucleadas perdem o núcleo.
Reticulócitos são glóbulos vermelhos jovens e anucleados mas que ainda contêm restos de RNA.
Para serem correctamente observados num esfregaço é necessário efectuar uma coloração vital.
Nesta, adiciona-se o corante ao sangue fresco. Os reticulócitos são particularmente importantes
em situações de anemia sendo que um valor aumentado deste tipo de células é um bom
indicador da actividade da medula óssea (ou seja, há uma maior produção de glóbulos
vermelhos).
Se, num indivíduo com anemia, se fizer a contagem dos reticulócitos e esta se apresentar:
Baixa ou normal (menor que 100x10 9/L) o indivíduo sofre de anemia arregenerativa;
Elevada (maior que 120x109/L) o indivíduo sofre de anemia regenerativa.
Nota: imagine-se um doente anémico a fazer terapêutica com ferro. Se o número de reticulócitos
não aumentar, sabe-se então que a causa da anemia não é a falta de ferro. A administração do
fármaco pode então causar uma intoxicação.
Pelas mais diversas razões, os eritrócitos podem apresentar-se alterados em vários parâmetros
como dimensões, cor e distribuição. Assim sendo, a cada alteração corresponde uma patologia
diferente:
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o CHGM menor que 32 g/dL corresponde a uma hipocromia. O eritrócito apresenta uma
zona central muito mais descolorada que o normal.
o CHGM superior a 36 g/dL corresponde a uma hipercromia. Em 99,5% dos resultados que
correspondem a um CHGM alto resultam de erros de laboratório, dai não se falar
muito nesta patologia.
o CHGM superior a 36 g/dL pode também corresponder a uma policromatofilia. O termo
refere-se aos eritrócitos que tem coloração róseo-azulada (acinzenada) em consequência da
captação simultânea da eosina (pela Hb) e dos corantes básicos (pelo RNA ribossômico). Esta
cor resulta de uma coloração clássica. Geralmente, os doentes que têm policromatofilia
podem ter reticulocitose aumentada (resultado de uma anemia regenerativa). Com a
coloração clássica não podemos ver os reticulócitos pelo que, para o fazermos, temos de
fazer uma coloração vital num novo esfregaço (com sangue fresco).
o Basofilia
Alterações na distribuição
o "Rouleaux" - Aglutinação das hemácias que formam verdadeiras pilhas, podendo ser
observadas em lâmina corada. São decorrentes da concentração elevada de fibrinogénio
ou de globulinas, especialmente nas gamopatias monoclonais. Levam ao aumento da
velocidade de hemossedimentação.
o Auto-aglutinação - Aglutinação dos eritrócitos de um indivíduo por meio de aglutininas
contidas no seu próprio soro.
I.2 - Anemia
I.2.1 – Generalidades
Estado clínico caracterizado por uma baixa capacidade de transporte de oxigénio pelos eritrócitos.
Etiologias:
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- Anemia das doenças crónicas (infecções, tumores malignos)
- Alteração ou destruição do tecido medular por radiações quimioterapia, etc. (anemia aplásica)
NOTAS:
- a vitamina B12 e o ácido fólico são necessários à formação dos núcleos dos eritrócitos, na medula
óssea.
- podem também surgir fibroses onde o tecido normal é substituído por tecido conjuntivo fibroso.
Nestes locais já não há a possibilidade de formação de células sanguíneas.
- hemácias com formas anormais são menos plásticas e portanto têm a vida mais curta.
- Hipotensão arterial
- Taquicardia
- Taquipneia
- Fadiga
- Dispneia
- Palpitações
- Cefaleias
- Taquicardia
- Dilatação cardíaca
Avaliação Laboratorial:
- Hemograma
- Estudos nutricionais
Em geral, para homem ou mulher, considera-se um indivíduo anémico com valores de hemoglobina
abaixo dos 12 g/100mL. Os valores de referenda são:
Para fazer o diagnóstico da anemia não chega o hemograma. E necessário ter em conta:
- Idade,
- Sexo,
- Etnia,
Olhando apenas para o hemograma, a anemia pode ser classificada de acordo com dois parâmetros:
tamanho e conteúdo em Hb dos eritrócitos.
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Com base no conteúdo em Hb, podemos ter eritrócitos diferentes e portanto diferentes tipos de
anemias:
NOTA: nos esfregaços de sangue de pacientes com anemia hipocrómica, os glóbulos vermelhos
apresentam-se ocos. No caso de o nível de CHGM seja muito baixo, os eritrócitos ainda se
apresentam mais ocos e estamos em presença de uma anemia grave.
Com base no tamanho dos eritrócitos. as anemias podem ser classificadas como:
- Normocíticas (em que o VGM se situa dentro dos limites normais: entre 80 e 99 fL),
- Microcóticas (em que o VGM e inferior a 75 fL),
- Macrocíticas (em que o VGM e superior a 99 fL).
I.2.2 – A hemoglobina
A anemia normocítica ocorre, por exemplo, quando o doente tem um tamanho eritrocitário
correcto porém o número de eritrócitos esta baixo. É um tipo de anemia muito comum.
Causas: doença crónica, perda de sangue, anemia hemolítica, anemia aplásica, leucocitoses
(doentes oncológicos), síndromes mielodisplásicas.
Sintomas/sinais: pode ser assintomática de início. Estados de fadiga (rápida), palidez, tonturas
podem estar associados a esta doença.
Outro tipo de anemia bastante comum é a anemia microcítica. Sendo o tamanho dos glóbulos
vermelhos baixo e de suspeitar que, por exemplo, o ferro esteja em falta (o ferro é um catião
grande. Estando ausente nas moléculas de hemoglobina, o tamanho do eritrócito diminui).
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A tabela seguinte mostra as diferenças entre estas doenças ao nível de alguns compostos e
parâmetros importantes na diagnose da anemia, como:
- Ferro (Fe);
- Capacidade de Fixação do Ferro, é uma medida que reflecte a concentração máxima de ferro
que as proteínas séricas, principalmente a transferrina, podem fixar quando os seus locais de
ligação de ferro estão completamente saturados;
(2) Talassémia ou anemia mediterrânea é um tipo de anemia hereditária causada pela redução ou
ausência da síntese da cadeia de hemoglobina. A anemia talassémia é classificada dentro das
hemoglobinopatias, doenças genéticas que resultam de uma alteração na estrutura das cadeias
de globinas numa molécula de hemoglobina. Nesta patologia há uma má utilização de ferro pelo
organismo.
Anemia Ferropénica
Deficiência em ferro, que evolui em 3 fases: depleção das reservas de ferro, carência de
hemoglobina e anemia microcítica, com ↓ do VGM, ↓ saturação em Fe e O2 e ↓ Hematócrito
(Relação entre o volume total dos eritrócitos do sangue e o volume total deste).
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Causada por: ↑ necessidades metabólicas em Fe que ocorre na gravidez e crescimento; Perda
crónica de sangue com origem genito-urinária em idade fértil, gastrointestinal ou alterações na
hemostase; ↓ absorção de Fe por ressecção gástrica, doença intestino delgado ou insuficiência
pancreática; ou ainda por ↓ da ingestão de alimentos ricos em Fe.
- Dispneia de esforço
- Taquicardia
- Hipotensão postural
- Palidez
- Palidez por vasoconstrição periférica nos territórios cutâneo, renal e esplénico, para desviar o
sangue para os órgãos vitais coração, cérebro e fígado
A causa mais comum de anemia macrocítica é a deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico,
devida a ingestão inadequada ou absorção insuficiente. Deficiência de vitamina B12 produz
sintomas neurológicos, já a deficiência de ácido fólico, geralmente, não. É uma condição auto-
imune onde falta ao organismo factor intrínseco necessário para absorver a vitamina B12 dos
alimentos.
Poucos GV mas os que existem são de ↑ VGM – volume globular médio/tamanho, dando-se ↓
da replicação do ADN e paragem da maturação nuclear.
Causada por: Carência em vit. B12 [↓ aporte (dieta pobre em proteínas animais), ↓ absorção
de nutrientes (desnutrição por remoção de parte do estômago, anemia perniciosa – anemia grave
de tipo macrocitário megaloblástico, devida à má absorção digestiva de vitamina B12 fornecida pela alimentação, por falta de
factor intrínseco gástrico, que favorece normalmente a sua absorção. Associa-se a perturbações digestivas (atrofia das
mucosas, aquilia gástrica), e nervosas (polinevrite). – proliferação bacteriana e doença do íleon terminal), ↑ necessidades (por
neoplasia ou gravidez)] Carência em ácido fólico [↓ aporte por dieta em fruta ou vegetais ou alcoolismo, ↓ absorção por
doença do jejuno ou por ↑ das necessidades por ↑ da hematopoiese ou por neoplasia ou gravidez] ou por Fármacos
[quimioterápicos contra o cancro, antifolatos, anticonvulsivos e contraceptivos orais].
Anemia Megaloblástica
Manifestações clínicas:
- Dispneia de esforço
- Anorexia
- Hipotensão postural
- Palidez: desvio do fluxo sanguíneo de áreas metabolicamente menos activas para os órgãos
principais (coração, cérebro, fígado) – mecanismo compensatório.
- Fadiga
Avaliação Laboratorial:
- Anemia macrocítica
33
- ↓ Reticulócitos
Principais causas:
Transdução do sinal;
Ligarem-se a proteínas que formam o citosqueleto da célula.
As glicoforinas que também fazem parte da membrana plasmática de um eritrócito estão associadas
aos antigénios dos grupos sanguíneos de cada indivíduo.
Podemos traçar um eixo paralelo à membrana plasmática (que nos dá noção das alterações
horizontais que podem ocorrer na membrana) e um eixo perpendicular a este último (que nos dá
noção das alterações verticais que podem ocorrer na membrana). Assim sendo, alterações verticais dão
origem a esferócitos e alterações horizontais dão origem a poiquilócitos (forma de pêra) ou
eliptócitos.
34
INCLUSÕES NOS ERITRÓCITOS • CORPOS DE HOWELL-JOLLY São inclusões eritrocitárias,
arredondadas, de tamanho médio, compostas de DNA, RNA e/ou ribossomas que apresentam
características tintoriais iguais às do núcleo. O corpúsculo de Howell-Jolly é um fragmento de
material nuclear. Pode resultar de Cariorrexe (fragmentação do núcleo) ou de expulsão nuclear
incompleta.
Sinais e sintomas:
- Fadiga e Astenia
- Palidez
- Anorexia
- Icterícia
- Esplenomegália
Quadro laboratorial:
- Bilirrubina indirecta (não conjugada) pode estar elevada (substância tóxica para o organismo);
- Com a redução da função esplénica, podem ser identificados corpos de Howell Jolly;
- ↑ LDH e ↓ Haptoglobina;
36
enfartes nos capilares e lise precoce);
3) Deficiências enzimáticas
O glóbulo vermelho produz energia através do metabolismo da glucose, que é catalizado por
várias enzimas. Estas reacções podem prevenir a oxidação da hemoglobina. A enzima em que se
encontra a deficiência mais comum é a GLUCOSE-6-FOSFATO-DESIDROGENASE. É uma patologia
recessiva e ligada ao cromossoma X que torna os eritrócitos mais sensíveis à acção de certas
drogas induzindo a anemia hemolítica (ex.: sulfonamidas, aspirina, etc.). Indivíduos com esta
patologia têm graves crises hemolíticas depois de comer favas (favismo). ↓ níveis intracelulares
ou actividade diminuída, prejudicando o metabolismo da glucose dos GVs – exemplo Favismo ou
Deficiência em G6PD – patologia ligada ao cromossoma X que torna os eritrócitos mais sensíveis
à acção de certas drogas induzindo a hemólise.
Este tipo de patologia pode ocorrer quando as hemácias sintetizadas são lançadas num
microambiente desfavorável.
Exemplos:
• A salazopirina (droga tóxica) em altas doses (droga tóxica) pode causar hemólise oxidativa
com formação de corpos de Heinz.
• Após inserção de válvula cardíaca artificial pode ocorrer um traumatismo mecânico, com
consequente hemólise.
Principais causas:
- Auto-imune (presença de auto anticorpos que provocam a hemólise, como no caso de lúpus
eritematoso disseminado e algumas leucocitopatias)
Sinais e Sintomas:
- Fadiga e Astenia
- Palidez
- Anorexia
- Icterícia
- Esplenomegália
Avaliação Laboratorial:
- Reticulocitose
I.3- Policitémias
Definição: perturbação das células sanguíneas precursoras que ocasiona um excesso de glóbulos
vermelhos. Esta perturbação é rara; apenas se manifesta em cinco pessoas por cada milhão. A
idade média em que se diagnostica esta perturbação é de 60 anos, mas pode manifestar-se
antes.
Tipos de policitémia:
• Policitémia primária ou vera: é uma doença maligna em que há uma hiperplasia medular de
etiologia desconhecida; aumento dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Muitos
doentes evoluem para leucemia granulocítica crónica.
• Policitémia secundária ou rubra: surge na sequência de doenças que levam a uma redução
da PO2 arterial (aumento da eritropoietina) e consequente aumento de hemácias
(doenças pulmonares crónicas) ou na sequência de tumores que produzem o excesso de
eritropoietina. Complicações aumento do volume de sangue aumento da
viscosidade (risco de tromboses). É uma doença característica de pessoas que se
encontram longos períodos de tempo expostas a altitudes elevadas.
Prognóstico:
39
Algumas das patologias que podem ser provocadas, como a cirrose e a diabetes, uma vez
instaladas são irreversíveis pois mesmo tratadas a recuperação não é completa.
II.2 - Leucograma
II.3 - Leucocitopatias
Linfocitose ( >4x109/L)
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- Reactivas (não malignas)
Infecções bacterianas
Infecções virais
Exercício violento
Tabagismo
Esplenectomia
Doenças metabólicas
- Primárias (malignas)
Leucemias
Linfomas
S. Linfoplasmocitárias
II.4 - Neutrófilos
II.5 - Eosinófilos
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II.6 - Monócitos
Sinais e sintoma:
Início rápido: febre constante (38-39ºC), acompanhada de mal-estar, astenia, mialgias
(dores musculares).
Infecção da orofaringe em 2/3 dos casos
Poliadenopatias (hipertrofia de vários gânglios linfáticos)
Esplenomegália moderada em 2/3 dos casos
Rubor cutâneo, conjuntivite unilateral e, às vezes, edema da pálpebra
Sub-icterícia
Hepatomegália
Artralgias (dor articular), cefaleias e diarreias.
42
Há síndromes análogas induzidas por drogas, como a hidrolasina, a procaínamida e isoniazida.
Sinais e sintomas: Febre, perda de peso, mal-estar, artralgias, artrite e rubor cutâneo
(borboleta).
Causada pela infecção crónica do retro-vírus, HIV, que provoca a disfunção grave e
potencialmente fatal dos linfócitos T CD4 auxiliares, infecções oportunistas e neoplasias
malignas. É uma linfocitopénia visto haver queda na contagem de linfócitos T CD4+. É uma DST
(doença sexualmente transmissível), sendo transmitida através de qualquer contacto sanguíneo
(uso da mesma agulha utilizada por um portador de HIV, transfusão de sangue infectado,
contacto de uma ferida com sangue infectado).
Os retro-vírus contêm ARN viral, que é replicado pela transcriptase reversa do vírus em ADN de
dupla cadeia e incorporado ao genoma do hospedeiro. A activação das células do hospedeiro
resulta na transcrição dos produtos genéticos do HIV e na replicação do vírus.
A infecção aguda pelo HIV pode evidenciar-se por uma síndrome viral febril agudo auto limitada,
caracterizada por fadiga, faringite, mialgias, erupção cutânea, linfadenopatia
(crescimento/aumento do tamanho de um ou vários gânglios linfáticos) e virémia (presença de
vírus vivos no sangue) significativa sem anticorpos anti-HIV detectáveis.
Sinais e sintomas mais comuns: febre, sudorese nocturna e caquexia (grande perda de peso e
mal-estar geral grave), devida às náuseas e vómitos, à anorexia (perda de apetite) ou à diarreia.
Sinais e sintomas de várias infecções bacterianas, virais, por protozoários e fundos, devido ao
estado debilitado do sistema imunitário.
Diagnóstico:
Após a fase virémica inicial, os pacientes fazem a conversão sorológica entrando geralmente num
período de latência clínica.
43
Com o tempo dá-se o declínio progressivo dos linfócitos T CD4, inversão da relação normal entre
os linfócitos T CD4:CD8 e vários outros distúrbios imunológicos.
Prognóstico sombrio:
Várias complicações graves devido ao estado debilitado provocado pela infecção pelo HIV. Ex:
linfoma não- Hodgkin, displasia, artrites, miopatia, disfunção das glândulas supra-renal e tiróide,
citopénias hematológicas e nefropatia…
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II.10 – Hemopatias Malignas
Linfocitose crónica e persistente, com células tumorais maduras com expressão de Igs de
superfície. É a mais comum das LLCs, com pico entre os 60-80 anos, rara antes dos 40, sendo
mais frequente em homens. É frequente no ocidente mas rara no oriente
Linfoma maligno.
As células de SR têm origem nos linfócitos B e em 50% dos casos estão associadas ao vírus de
Epstein-Barr. É mais frequente no homem e entre os 30 e 50 anos.
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Sinais e sintomas: Adenopatias cervicais (60-70%) que inicialmente surgem isoladas e depois se
disseminam por todo o sistema linfático; esplenomegália e erupções cutâneas, sobretudo nas
fases tardias; febre e prurido (25-30%); perda de peso; anorexia; fadiga e caquexia.
Série Vermelha
Série Branca
Série Plaquetária
É uma doença mais comum em adultos entre 40-50. Quando acontece em jovens, a doença é
mais agressiva que o normal.
As LMCs constituem 15% do total das leucemias. Na maioria dos casos as LMC são cr Philadelphia
+
Podem surgir ainda alterações renais provocadas pela hiperuricémia – ácido úrico em excesso no
sangue devido ao aumento na sua produção ou diminuição da sua excreção.
Sinais e sintomas: Palidez, astenia, febre, mal-estar, infecções frequentes, lesões osteolíticas
frequentes, massas mediastinais e adenopatias (↑ volume dos gânglios linfáticos =
linfadenopatia).
Laboratório: nº de leucócitos normal, inferior ou superior (por vezes > que 200x109/L); nº
variável de blastos (células da medula óssea); medula óssea hipercelular, com + de 30% de
blastos leucémicos; soro com ↑ ácido úrico, LDH e Ca; fluído cerebrospinal com ↑ pressão e
células leucémicas.
47
48
II.10.6 – Linfomas
Linfomas Não-Hodgkin (LNH): tumores do sistema imune, que constituem 4% das neoplasias,
afectando mais homens que mulheres, aumentando a incidência com a idade.
- LLC/Linfoma Linfocitário – 5 a 7%
- Linfoma Manto – 5 a 8%
Classificação WHO
Clínica
Fenotípica
Morfológica
Genotípica
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II.10.7 – Síndromes Linfoplasmocitárias
Doenças Hereditárias
o Hemofilias A e B
o Doença de Von Willebrand
Doenças Adquiridas
o Doença Hepática
o Coagulação intravascular disseminada
o Outras
Trombose e trombofilía
50
perivascular. Estas lesões são bastante comuns e, regra geral, benignas desaparecendo ao
fim de um mês. Porém, em casos raros, estas lesões podem adquirir um carácter mais grave.
A natureza destas lesões surge através de várias etiopatogenias, há portanto uma grande
heterogenecidade.
Têm uma prevalência elevada e na maioria dos casos são doenças benignas. No entanto existem
formas raras de grande gravidade.
III.1.2 – Trombocitopénia
Esta doença é causada quer pela diminuição da produção de plaquetas pela medula óssea quer
pelo aumento do consumo/destruição das plaquetas quer ainda pela redistribuição das
plaquetas (esplenomegália).
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O aumento do consumo/destruição das plaquetas, por outro lado, pode ser causado por:
Doenças Auto-imunes
Trombose (formação de um trombo, coágulo de sangue, no interior de uma vaso
sanguíneo) dos vasos sanguíneos de pequeno calibre
Patologias ao nível dos reservatórios das plaquetas
52
53
Sinais e sintomas:
As gengivas podem sangrar e pode-se também detectar sangue nas fezes ou na urina.
54
Pode provocar epistaxe (hemorragia nasal).
Prognóstico:
III.1.3 – Trombocitoses
Por fim, as trombocitoses podem ainda ser um resultado do excesso de produção de plaquetas por
uma neoplasia como se verifica na leucemia mielóide crónica.
Sinais e sintomas:
Contudo, alguns pacientes relatam sintomas como náusea, enjoos, vómitos, perda de noção
espacial e sensação de formigueiro nas extremidades (parestesias).
Avaliação Laboratorial:
- Enzimas hepáticas
- Função Renal
Estas alterações normalmente verificam-se ao nível das proteínas da membrana citoplasmática das
plaquetas impedindo assim uma correcta activação e agregação plaquetária como se verifica na
síndrome de Bernard Soulier e na tromboastenia de Glanzman.
Trombocitopatias
C
ongénitas
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- Síndrome de Bernard Soulier (plaquetas gigantes com deficiência em GP IB/IX na sua
membrana)
- Tromboastenia de Glanzmann (deficiente agregação plaquetária (GP Ib/IIIa))
- Redução do ADP nos grânulos densos das plaquetas (deficiente activação e agregação)
A
dquiridas
- Administração de certos fármacos (ácido acetilsalicílico)
- Alterações de moléculas que interferem na adesão plaquetária (GP Ib/IX)
Alterações das funções das plaquetas (hemostase primária) que originam hemorragias cutâneas
(púrpuras) e mucosas.
III.2.1 – Hemofilia A e B
56
Como se verifica o factor VIII é bastante importante na retroalimentação da activação do factor
X. Este factor X é então responsável pela formação de trombina (enzima que provoca a
coagulação do sangue pela transformação do fibrinogénio em fibrina) que tem funções essenciais
ao nível do tamponamento plaquetário. Consequentemente, uma deficiência ao nível do factor VIII
irá afectar drasticamente a coagulação do sangue.
O tratamento disponível para os sujeitos que padecem desta doença é a transfusão de plasma
sanguíneo ou a transfusão de factor VIII concentrado.
A
hemofilia é uma doença hereditária na qual o sangue coagula muito devagar devido a uma
deficiência nos factores de coagulação do sangue.
O
s hemofílicos podem aguentar o sangramento prolongado depois de um acidente ou ferida e
em casos sérios, o sangramento espontâneo dos músculos e ligações.
O
sangramento pode ser tratado através de transfusões de plasma sanguíneo ou factor VIII.
H
emofílico a administrar o factor VIII por transfusão de plasma em casa.
A
hemofilia é uma doença sanguínea hereditária na qual uma ou mais proteínas do plasma
(factor) precisos para formar a coagulação do sangue não existe ou está reduzida.
A
Deficiência do factor VII é o tipo mais comum de hemofilia.
O
s factores concentrados são liofilizados (congelados e água é retirada por sublimação), de
modo a que os pacientes possam manter uma reserva de modo a que possam administrar
em casa quando necessitam.
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A doença de Von Willebrand é uma patologia hereditária na qual se verifica uma diminuição ou uma
disfunção (deficiência qualitativa ou quantitativa) de uma proteína chamada de factor de Von
Willebrand (FvW). O factor de Von Willebrand tem como funções principais a mediação da adesão
plaquetas ao endotélio lesado funcionando como uma ponte entre receptores da plaqueta e o
endotelio lesado e manter os níveis plasmáticos do factor VIII (uma proteína pro-coagulante) já que
o FvW liga-se a factor VIII evitando sua degradação.
A doença de Von Willebrand causa hemorragias ao nível cutâneo e mucoso tal como
sangramentos exagerados após pequenos cortes ou após cirurgia.
O diagnóstico desta doença é feito através de vários exames nos quais se pode verificar um aumento
do tempo de coagulação activada (TCA), um aumento do tempo de tromboplastina parcial activada
(já que o FvW impede a degradação do factor VIII, a deficiência neste provoca que a cascata da via
intrínseca seja menos eficaz) e ainda se verifica uma eventual trombocitopénia. O factor VIII e o
factor Vw bem como as funções plaquetárias estão diminuídos.
Doenças adquiridas que possam afectar os factores de coagulação podem ser a doença hepática e
a coagulação intravascular disseminada.
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Trombose venosa: as funções afectam o fluxo sanguíneo (estase, obesidade), as
alterações dos compostos do sangue e a alteração do endotélio vascular (ex: septicemia) são
factores de risco importantes.
Por outro lado, a trombofilia adquirida inclui sempre estados de hipercoagulação como situações
que provoquem estase (insuficiência cardíaca, pós-operatório, traumatismo, imobilização,
edema...) e situações onde ocorra a alteração do sangue (hereditária [Factor V Leiden,
carências em proteína C, S e AT, mutação da protrombina], adquirida [pílula contraceptiva,
gravidez, anticoagulante lúpico, doença maligna, tratamentos com estrogénio...] e eritrócitos
[policitémia, trombocitémia]).
Sinais e sintomas:
I.1 - Asma
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A asma é uma doença inflamatória das vias respiratórias associada à obstrução do fluxo de ar,
caracterizada pela existência de sintomas intermitentes que incluem os sibilos (característicos da
asma brônquica, semelhante a um assobio agudo), a constrição torácica, encurtamento da
respiração, tosse e hipersensibilidade brônquica.
A exposição a determinados alergénios ou a vários estímulos inespecíficos inicia uma cascata de
acontecimentos de activação celular das vias respiratórias resultando em processos inflamatórios
agudos e crónicos, mediados por citocinas, que são libertadas localmente, assim como por outros
mediadores. Estes mediadores alteram o tónus e a sensibilidade do músculo liso das vias
respiratórias, estimulam a hipersecreção mucosa e danificam o epitélio respiratório, resultando
cronicamente em anormalidades da arquitectura e função respiratórias.
Inerente à asma está associada uma variedade muito grande de magnitude de manifestação da
doença entre os indivíduos através do tempo.
I.1.2 - Etiologia
I.1.3 - Patogenia
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1- Hiperreactividade brônquica - broncospasmo: Resposta exagerada das estruturas brônquicas à
agressão externa
- Hipertrofia do músculo liso brônquico
- Regulação nervosa das vias aéreas alteradas
- Proliferação vascular
Não existe um mecanismo único conhecido que sirva para explicar a ocorrência de asma em todos
os indivíduos. Existem, no entanto, eventos em comum que caracterizam o processo patológico
que produz asma. É importante reconhecer o papel central da inflamação da via respiratória na
evolução da asma.
Os eventos iniciais nas respostas asmáticas das vias respiratórias são a activação das células
inflamatórias locais, principalmente dos mastócitos e dos eosinófilos. Isso pode ocorrer por
mecanismos específicos dependentes da IgE ou indirectamente via outros processos (exposição a
produtos químicos irritantes). Os mediadores da acção aguda, incluindo os leucotrienos, as
prostaglandinas e a histamina, induzem rapidamente a contracção do músculo liso, a
hipersecreção de muco, a vasodilatação com vazamento endotelial e a formação de edema local.
As células epiteliais também parecem estar envolvidas no processo, libertando leucotrienos e
prostaglandinas, assim como as citocinas inflamatórias sob activação. Alguns desses mediadores
pré-formados actuam rapidamente e são possuidores de actividade quimiotáctica, recrutando
células inflamatórias adicionais, como eosinófilos e neutrófilos para a mucosa da via respiratória.
Um processo crítico que acompanha estes eventos é o recrutamento, multiplicação e activação de
células imunoinflamatórias através da rede de citocinas e quimiocinas. Esses eventos incluem a
promoção do crescimento dos mastócitos e eosinófilos, influxo e proliferação dos LyT e a
diferenciação dos LyB em células plasmáticas produtoras de IgE.
Deste modo, através dos seus mediadores específicos, essas múltiplas células participam em
vários processos pro-inflamatórios como danos nas células epiteliais, desnudação da via
respiratória, a maior exposição dos nervos aferentes e consequente hiperresponsividade do
músculo liso, supra-regulação dos mastócitos e eosinófilos pela IgE e hipersecreção de glândulas
mucosas. Concomitantemente a produção de TGF-α e factor de crescimento dos fibroblastos pelas
células epiteliais e macrófagos, assim como outras células inflamatórias leva a fibrose da
submucosa com obstrução fixa da via respiratória acompanhada de inflamação crónica.
61
- Activação dos mastócitos mediada pela IgE com libertação aguda de mediadores (histamina,
leucotrienos, factor de activação de plaquetas)
- Nova expressão de múltiplas citocinas pelos mastócitos, com activação de múltiplos efectores
celulares, como com os linfócitos.
I.1.4 - Patologia
I.1.5 - Fisiopatologia
Os eventos celulares locais nas vias respiratórias têm efeitos importantes na função pulmonar. A
hipersensibilidade do músculo liso e o estreitamento da via respiratória aumentam
significativamente a resistência dessa via em consequência da inflamação. Desse modo, quando
em circunstâncias fisiológicas normais o pequeno calibre das vias periféricas não contribui de
forma significativa para a resistência do fluxo do ar, agora elas passam a ser locais de resistência
aumentada. Isso é agravado pele hipersecreção mucosa concorrente e por qualquer estimulo
broncoconstrictor adicional. A função neural brônquica também parece desempenhar um papel na
evolução da asma, ainda que provavelmente seja de importância secundária. A tosse e o reflexo
broncoconstrictor mediados pela estimulação dos eferentes vagais acompanham a estimulação
dos receptores irritantes brônquicos.
Os neurotransmissores peptidicos também são importantes. A substância P e a VIP são poderosos
vasoconstritores.
A obstrução da via ocorre difusamente pelos pulmões, ainda que de forma não homogénea. Como
resultado, a ventilação das unidades respiratórias torna-se não uniforme e a associação entre
ventilação e perfusão altera-se. De forma anormal, existem tanto áreas com relação V/Q elevada,
como aquelas com relação diminuída contribuindo para a hipoxémia. Habitualmente, a tensão
arterial do CO2 é normal ou baixa, dado o aumento observado na ventilação nas exacerbações da
asma. A hipercápnia é vista como um sinal tardio e nefasto, indicando a obstrução progressiva da
via, a fadiga do músculo e a ventilação alveolar decrescente.
62
- Sibilos: a contracção do musculo liso resulta na redução do calibre da via respiratória e no fluxo
de ar, produzindo este ruído. A intensidade destes não é proporcional com a gravidade do
estreitamento da via respiratória, pois, por exemplo, com a obstrução extrema o fluxo de ar pode
se tão reduzido que o sibilo é quase imperceptível, se o for.
- Taquipneia e taquicardia: Podem estar ausentes nas patologias leves mas são praticamente
universais nas exacerbações agudas.
- Pulso paradoxal: queda de mais de 10mmHg na pressão arterial sistólica durante a inspiração.
Ocorre como consequência da hiperinsuflação pulmonar, com comprometimento do ventrículo
esquerdo associado ao retorno venoso aumentado do ventrículo direito. Com o aumento do
volume ventricular dto o septo interventricular é movido para a esquerda levando ao
comprometimento do ventrículo esq, o que provoca diminuição do débito e com isso pulso
paradoxal.
- Hipóxia: devido ao aumento crescente da dissociação V/Q, em conjunto com a obstrução das
vias, surgem zonas com baixas relações V/Q, resultando em hipoxia. Os shunts (ventilação sem
perfusão) são raros na asma.
Processo caracterizado pela presença de bronquite crónica ou enfisema que pode levar ao
desenvolvimento de obstrução da via respiratória sendo que a obstrução pode ser parcialmente
reversível. Apesar da bronquite crónica e do enfisema serem processos independentes, estes
partilham factores etiológicos comuns e são geralmente encontrados juntos no mesmo paciente.
A - BRONQUITE CRÓNICA
História clínica de tosse produtiva por 3 meses e durante 2 anos consecutivos. A dispneia e
obstrução respiratória frequentemente reversíveis estão presentes de forma intermitente ou
contínua. O evento patológico predominante é a inflamação das vias respiratórias com
espessamento mucoso acompanhado de hipersecreção de muco resultando em obstrução difusa.
Principal causa: fundamentalmente o tabagismo ainda que outros irritantes inalados possam
produzir o mesmo efeito (poeira crónica ou exposição a poluentes químicos).~
Por vezes torna-se difícil a distinção entre asma e bronquite. Deste modo convém termos presente
que o que distingue a bronquite da asma é a cronicidade e irreversibilidade da mesma.
B - ENFISEMA
Alargamento anormal e permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais
acompanhado com destruição das suas paredes sem fibrose evidente. Ao contrário do que
acontece na bronquite o defeito patológico primário não está dentro das vias respiratórias mas
nas paredes das unidades respiratórias onde a perda de tecido elástico resulta na perda de tensão
de recuo apropriada para apoiar as vias respiratórias durante a expiração. A dispneia progressiva e
a obstrução irreversível acompanham a destruição do espaço aéreo sem tosse produtiva
significativa. A perda de superfície alveolar e de camada capilar de troca de gases contribui para a
hipóxia e dispneia progressivas.
I.2.2 - Etiologia
Apesar de a maioria dos doentes com DPOC serem fumadores, uma pouca porção de fumadores
desenvolve DPOC. Assim sendo o factor de risco mais importante isolado e identificado para a
evolução da DPOC é a deficiência em α1-protease (proteína capaz de inibir varias proteases
incluindo a elastase dos neutrófilos que está envolvida na génese do enfisema). O risco de
enfisema em fumadores que apresentam esta deficiência é muito grande.
A - BRONQUITE CRÓNICA
A bronquite é caracterizada por danos nas vias aéreas com estreitamento destas. Isto deve-se a
inflamações nas vias aéreas (em especial nas menores) e hipertrofia das glândulas mucosas com
aumento da secreção de muco que também contribui para o estreitamento das vias.
A mucosa das vias está infiltrada (em quantidades variáveis) com células inflamatórias como
leucócitos PMN e linfócitos. A inflamação da mucosa pode por vezes estreitar o lúmen dos
brônquios. Devido à ocorrência da inflamação o epitélio passa de pseudoestratificado colunar
ciliado a pavimentoso (metaplasia escamosa em placa), com função de remoção mucociliar
diminuída ou abolida. A hipertrofia e hiperplasia das glândulas é um factor muito importante para
o espessamento da parede dos brônquios. A secreção destas glândulas, acompanhada pela sua
hiperplasia é proeminente no processo de estreitamento brônquico. A hipertrofia do músculo liso
brônquico é comum, assim como hiperresponsividade a estímulos broncoconstritores não
específicos (histamina e metacolina). Os bronquíolos apresentam muita das vezes infiltrados de
células inflamatórias apresentando também fibrose peribronquial. Na ausência de processos
64
sobrepostos como pneumonias, o parênquima respiratório permanece intacto. A obstrução não
uniforme da bronquite crónica tem efeitos substanciais na ventilação e troca gasosa. Obstrução
com tempo expiratório prolongado produz hiperinsuflação. Relações V/Q alteradas compreendem
aéreas com relação V/Q alta e baixa. A última é o maior responsável pela existência de hipoxémia
da bronquite crónica (quando comparada com o enfisema). Um shunt verdadeiro (perfusão sem
ventilação) é incomum na bronquite crónica.
B - ENFISEMA
O principal evento patológico observado é o processo destrutivo contínuo resultante do
desequilíbrio entre a lesão oxidante local e a actividade proteolítica (particularmente elastólica)
causada pela deficiência dos inibidores das proteases. Os oxidantes endógenos (aniões,
superóxidos) ou exógenos (tabagismo) podem reprimir a função normal dos inibidores das
proteases permitindo a destruição progressiva do tecido com perda das paredes alveolares e
aumento do espaço aéreo. OS capilares também podem ser perdidos originando hipoxémia
progressiva (especialmente com o exercício). Em contraste com a bronquite o enfisema não é uma
doença primariamente das vias respiratórias mas do parênquima pulmonar circundante. As
consequências fisiológicas são resultado da destruição de unidades respiratórias terminais com
perda do leio alveolar e das estruturas de suporte incluindo o tecido conjuntivo elástico o que
provoca ausência de recuo elástico normal estabelecendo-se um colapso expiratório.
O quadro patológico do enfisema e uma destruição progressiva das unidades respiratórias
terminais ou do parênquima pulmonar distal aos bronquíolos terminais. Casos estejam presentes
as alterações inflamatórias são mínimas embora possa haver hiperplasia de algumas glândulas nas
grades vias de condução.
A destruição alveolar não é uniforme em todos os casos de enfisema podendo ser possível uma
distinção patológica, mas que não altera a apresentação clínica que é comum:
- Enfisema centracinar: destruição focada no centro das unidades respiratórias com bronquíolos
respiratórios e ductos alveolares poupados. Modelo associado ao hábito tabágico.
- Enfisema panacinar: Destruição global das unidades respiratórias com distensão difusa do
espaço aéreo. Padrão característico da deficiência em inibidores das proteases.
- Enfisema bolhoso: Presença de grandes espaços aéreos (bolhas) provocados por uma maior
destruição local ou pela distensão progressiva das unidades pulmonares.
A - BRONQITE CRÓNICA
65
Exame cardíaco: Taquicardia especialmente nas exacerbações na bronquite e na hipoxémia. Na
hipoxémia significativa observa-se hipertensão pulmonar com som proeminente que acompanha o
fecho da válvula pulmonar ou pressão jugular venosa elevada devido à insuficiência cardíaca
direita, que também provoca edema.
Imagiologia: Aumento dos volumes pulmonares com diafragma reprimido, compatível com a
hiperinsuflação. Área cardíaca aumentada sugere um aumento da sobrecarga de voluma na
aurícula dta.
Testes de função pulmonar: FEV1 e FVC reduzidos. Aumento no RV e FRC, reflectindo que o ar fica
aprisionado nos pulmões como resultado de uma obstrução difusa.
B - ENFISEMA
Doença não inflamatória manifestada por dispneia, obstrução progressiva e irreversível das vias
respiratórias e pelas anormalidades nas trocas gasosas, especialmente durante o exercício.
Ruídos inspiratórios: Menos intensos, reflectindo uma diminuição do fluxo de ar, o prolongamento
do tempo expiratório e a significativa insuflação pulmonar. Os ruídos das vias são incomuns caso
não haja sobreposição de acontecimentos fisiopatológicos.
Gasometria arterial: A perda de tecido alveolar cria áreas de elevada razão ventilação/perfusão e
ao pacientes reagem a isto aumentando a ventilação por minuto podendo manter os níveis de
pO2 e pCO2 dentro dos valores normais. Com agravamento da doença e aumento da perda
alveolar a DLCO diminui. Nos estádios mais graves observa-se hipercápnia, acidose respiratória e
alcalose metabólica compensatória.
66
Policitemia: A hipoxémia, tal como na bronquite está associada a um elevado hematócrito.
Caracteriza-se por uma diminuição na expansão pulmonar, com diminuição da sua capacidade.
Podem ser:
- Doenças da pleura
- Doenças da parede torácica e abdominal
- Doenças que afectam a musculatura
- Alterações do parênquima pulmonar (doenças do colagénio como artite reumatóide e lúpus e
doenças pulmonares intersticiais)
Etiologia conhecida: Exs: Poeiras, drogas, venenos, radiação, agentes infecciosos, Secundária a
edema pulmonar e a urémia crónica
II.1.1 - Fisiopatologia
Independentemente da causa, à lesão inicial do parênquima pulmonar segue-se uma chamada de
células inflamatórias e imunes, que originam uma alveolite, que pode progredir para a destruição
dos ácinos pulmonares, fibrose pulmonar e formação de cavidades quístico originando
envolvimento capilar, Hipertensão pulmonar e finalmente IC.direita (Cor pulmonale).
Dispneia
Dor
Mau estar geral
Hemoptises (hemorragia alveolar difusa)
Respiração rápida e superficial (devido à grande resistência
por perda de elasticidade)
Aumento do espaço morto
Aumento do trabalho dos músculos respiratórios
Insuficiência respiratória: Diminuição do O2
PCO2 aumentado ou normal
Doença caracterizada por infiltração de células nos tecidos respiratórios intersticiais (doença
pulmonar intersticial) com cicatrização do parênquima pulmonar. Isto leva a um aumento do
recuo elástico do pulmão e diminuição da compliace, que conhecemos como características das
doenças pulmonares restritivas.
67
II.2.1 - Apresentação clínica
II.2.2 - Fisiopatologia
A agressão primária que leva à fibrose permanece desconhecida. No entanto observa-se uma série
de eventos celulares que medeiam e regulam o processo inflamatório e a resposta fibrótica. Esses
eventos são:
- Lesão inicial do tecido;
- Dano e activação vasculares e trombólises em grau variado;
- Lesão e activação do epitélio com perda da integridade de barreira e libertação de mediadores
pró-inflamatórios;
- Aumento da aderência dos leucócitos;
- Processos contínuos de lesão e reparação caracterizados por alterações das populações celulares
e aumento da produção de matriz, com depósito de colagénio e elastina aumentados.
Estes eventos levam a um padrão de lesão pulmonar que provoca um aumento do recuo elástico
e, alteração das trocas gasosas e anormalidades vasculares pulmonares.
Tosse
Provas de função pulmonar: Redução da CPT, VEF1 e CVF. DLCO reduz progressivamente.
II.3.1 - Etiologia
II.3.2 - Fisiopatologia
69
II.3.3 - Manifestações clínicas
Uma embolia pulmonar consiste em material que acede ao sistema venoso e de seguida à
circulação pulmonar, obstruindo-a. Isto acontece quando um êmbolo alcança um vaso cujo calibre
é muito pequeno para permitir a sua passagem, obstruindo assim a perfusão sanguínea. O tipo
mais comum de embolia pulmonar é a tromboembolia que ocorre quando trombos venosos,
especialmente provenientes das extremidades inferiores do corpo, migram para a circulação
pulmonar.
70
Podemos considerar 3 factores que proporcionam a formação de trombos:
- Lesão dos vasos com exposição do endotélio: A resposta imediata de um vaso lesado é o
vasospasmo. Dentro de poucos segundos as plaquetas aderem ao colagénio exposto do endotélio
lesado e umas às outras. Esse tampão plaquetário interrompe rapidamente o sangramento, mas
deve ser reforçado com fibrina para ser eficaz a longo prazo. Este processo é seguido
imediatamente de coagulação sanguínea de modo que a maior parte do trombo forma uma longa
camada constituída por uma rede de fibrina no interior da qual ficam aprisionados os eritrócitos.
Essas camadas desprendem-se com facilidade e dirigem-se para artérias pulmonares na forma de
êmbolos. Com frequência estes êmbolos surgem de tromboses venosas profundas das veias da
perna e pelve.
- Diminuição do fluxo sanguíneo: Uma redução da taxe de fluxo no sistema arterial provoca uma
diminuição no fluxo axial de sangue nos vasos. Como resultado as plaquetas aproximam-se da
parede dos vasos. Essa mudança aumenta a probabilidade do contacto e adesão das plaquetas,
aumentando assim a probabilidade de formação de trombos. No sistema venoso o aumento de
viscosidade sanguínea também diminui a taxa de fluxo. Uma das principais causas do aumento da
viscosidade sanguínea é o sedentarismo (notável nos doentes acamados).
- Mudanças hemodinâmicas: Todos os doentes com embolia apresentam algum nível de obstrução
mecânica. Em doentes sem doença cardiopulmonar a pressão arterial pulmonar aumenta na
proporção da fracção de circulação pulmonar obstruída. A circulação pulmonar pode adaptar-se a
um fluxo aumentado mas isso depende do recrutamento de capilares superfundidos que podem
estar obstruídos pelo êmbolo assim como do relaxamento dos vasos centrais.
A complicação mais temida na embolia pulmonar aguda é a oclusão súbita da saída do tracto
pulmonar reduzindo o débito cardíaco a zero e causando o imediato colapso cardiovascular e
morte. Os grandes êmbolos que não se obstruem completamente os vasos podem causar uma
elevação aguda de resistência vascular pulmonar, conduzindo à sobrecarga aguda do ventrículo
direito e a queda total do débito cardíaco.
- Hipoxémia: A hipoxémia leve a moderada associada a um baixo PaCO2 é um dos sinais mais
comuns de uma tromboembolia pulmonar aguda. Não existe nenhum mecanismo que explique
totalmente a hipoxémia. Um aumento nas unidades de pulmão com relação V/Q baixos diminui o
aporte de oxigénio. Em doentes com problemas que os impossibilita de aumentar o seu numero
de ventilações por minuto, um aumento das unidades com V/Q alto leva a hipoxémia. Naqueles
com enfraquecimento de função cardíaca pré-existente ou com grandes êmbolos que causam a
sobrecarga aguda do ventrículo direito, o débito cardíaco pode cair diminuindo a [O2] venosa,
sendo outra importante causa de hipoxémia.
Tríade clássica da embolia pulmonar - Dispneia (85%), Dor torácica (70%) e hemoptise (20%).
71
Dispneia: Resulta do reflexo de broncoconstrição bem como da elevação da PA, perda de
compliace pulmonar e estimulação das fibras C.
Estase venosa aumentada: Repouso, Imobilização na pós-cirurgia, estados de baixo DC, gravidez,
obesidade, hiperviscosidade, lesão vascular local, idade avançada.
II.3.5 - Terapêutica
Uso de heparina, um fármaco inibidor indirecto da trombina. A heparina não fraccionada (UFH) e a
heparina de baixo peso molecular (LMWH) ligam-se à anti-trombina e aumentam a inactivação do
factor X activado. A UFH e em menor grau a LMWH também potenciam a acção da trombina IIa
pela anti-trombina. A anti-trombina inibe as proteases dos factores de coagulação, especialmente
a trombina IIa, IXa e Xa ao formar com elas complexos estáveis. Na ausência de heparina estas
reacções são lentas. Os inibidores directos da trombina ligam-se directamente a ela inibindo os
seus efeitos.
Na terapêutica inicialmente administra-se heparina por via endovenosa ou subcutânea e só depois
anticoagulantes orais como a varfarina. O anticoagulante oral dado isoladamente nos estádios
inicias de terapêutica tem efeito pró-trombótico pelo que só se administra isoladamente após 5
dias de uso conjunto com a heparina.
Insuficiência respiratória parcial: pressão parcial de O2 diminuída com PCO2 normal ou baixa
Hipoxémia
Insuficiência respiratória global: PO2 diminuída com PCO2 elevada hipoxia com hipercápnia
Pielonefrite
Numa hipertensão de curta duração surge uma pequena granulação mas numa
contracção marcada surge uma elevada granulação. Este facto comprova a presença de
hipertrofia de curta ou longa duração e avaliar a gravidade da situação.
Glomerulonefrite
A glomerulonefrite não é uma doença, a doença que pode surgir como consequência é
a insuficiência renal.
Este conceito é utilizado para descrever um conjunto de doenças cuja origem vem do
comprometimento estrutural do glomérulo. Esta estrutura pode ser afectada por vários
estímulos inflamatórios mas o principal problema é o sistema imunológico. Os
imunocomplexos têm preferência pela membrana basal, células mesangiais, endotélio (no s.
nefrítico) e podócitos (no s. nefrótico).
73
Global: envolvem todo o glomérulo. (a)
Segmental: afectam um segmento glomerular enquanto os outros ficam intactos. (b)
Difusa: afecta todos os glomérulos em ambos os rins. (c)
Focal: afectando apenas alguns glomérulos. (d)
Etiopatogénese:
Deposição de complexos imunes
Activação do complemento
Acção de macrófagos e
células polimorfonucleadas
Sindrome Nefrótico
Cicatrização Alteração da função renal
74
Sintomas renais: hematúria, proteinúria (variável), piúria (piócitos - células brancas na
urina), edema local e hipertensão arterial. Pode ocorrer cilindruria (pequenos cilindros sólidos
libertados na urina) sendo que nesta síndrome são formados por hemácias e GB.
Retenção de creatina
e ureia
Surge cilindruria mas neste caso os cilindros são constituídos por lipidos, células
epiteliais, o que indica necrose.
75
O fígado produz as lipoproteínas devido à menor pressão coleidosmótica do sangue
(por perda de proteínas). Isto leva à lipidúria e hiperlipidémia. Para além disto surge
hipercoagulabilidade do plasma.
Pielonefrite
A maior incidência é na mulher em relação ao homem pois a sua uretra é mais curta e
está mais próxima de zonas comuns de colonização. Para além disto, o homem ainda possui o
fluido prostático que tem propriedades antisépticas.
76
A urina e o tracto urinário são estéreis mas
a uretra distal não o é. Se houver estase da urina
por esvaziamento incompleto da bexiga, ou por
obstrução (litíase, hipertrofia prostática,
inflamação pélvica) há desenvolvimento bacteriano
ao longo do tracto urinário superior ou inferior.
Um longo período de tempo sem urinar também é
prejudicial e ajuda à instalação das bactérias.
Hematogénica (descendente) –
microrganismos que através da corrente
sanguínea atingem o rim. Provoca
microabcessos e necrose cortical que é
devida a isquémia e toxinas libertadas
pelas bactérias.
Aguda
77
- Pielonefrite crónica obstructiva: obstrução á drenagem pélvico-caliceal (anatómica ou por
tumor).
Necrose tubular isquémica, uma das formas mais frequentes provocada por falência
de perfusão renal (hipotensão, hipovolémia, shock).
Necrose tubular tóxica que surge por acumulação de produtos tóxicas. Este síndrome
pode derivar dos anteriores.
Produtos tóxicos:
78
Insuficiência Renal
É definida como a deterioração progressiva da função renal, normalmente em função
de outra causa primária, podendo surgir de forma súbita (aguda) ou lenta (crónica) da qual
não se recupera.
IR Aguda
• Menos oxigenação;
• Acumulação de uma série de substâncias azotadas, por isso também designado por
Síndrome Azotémico;
• Menor volume de urina, olígúria (< 400 mL/dia) está presente num grande número de
casos embora seja variável. Deve ser tratada de imediato;
IRA Pré-renal
Causas:
1. Hipovolémia - por hemorragia, perda de líquido GI (vómito, diarreia), perda renal de líquidos
(diuréticos), por shock distributivo
79
Isquémica em consequência da isquémia secundária a uma hipoperfusão renal
As células células proximais do rim (pars recta) e do rasmo ascendente grosso da Hansa
são sensíveis à hipoxia e isquémia devido às grandes necessidades de ATP desta região.
O prognóstico é favorável desde que a agressão não comprometa a capacidade que o rim
tem para recuperar.
IRA Pós-renal
1. Obstrução uretral
2. Obstrução vesical
3. Obstrução ureteral
80
Os cálculos podem ser eliminados com terapêutica utilizando ultra-sons.
Alguns dos acontecimentos comuns:
Por comparação dos dados clínicos nos três casos podemos saber o tipo de IRA
apresentado pelo paciente:
81
Fase inicial: assintomática; o único dado pode ser a redução da TFR (35 a 50% do
normal);
Fase mais tardia: ainda assintomática; a TFR atinge 20-35% do normal manifestando-
se a azotemia (creatinemia);
Fase final: a perda contínua de massa do nefrónio (TFR < 20%) traduz-se por urémia
elevada indicando o estado final de um processo inexorável
Sobre a Célula
Sobre o Metabolismo
82
A terapêutica da IRC passa pela Diálise, um tratamento tem como objectivo a reposição
dos fluidos corporais e eliminação dos resíduos prejudiciais já que o rim não consegue repor o
equilíbrio electrolítico quando é necessário. É um processo realizado com a ligação dos filtros
ao sangue do doente.
O fluido dializante não deve conter creatinina por exemplo pois a creatinina é um dos
produtos a eliminar. Este fluido só deve conter os fluidos que queremos repor.
Deve haver então uma avaliação de:
Clearence e Ultra-filtração
Níveis das Toxinas e dos Fluídos
Tipo de “dialyzer” características da
• Catabolismo membrana e suas dimensões
Urolitíase
A cólica é radiante.
O que é que favorece a formação de cálculos?
83
R: Formam-se quando há desidratação e a urina se encontra muito concentrada. A maioria
dos cálculos são de cálcio.
A hipercalcémia surge quando a paratormona actua de forma a obter cálcio a partir do
osso. Já a hipocalcémia surge quando há pouca vitamina D e portanto pouca reabsorção
intestinal de cálcio.
A hipercitratúria não favorece a formação de cálculos logo é bom.
As proteínas catabolizadas geram aa e estes dão origem à ureia – forma ácido úrico
(cálculos de uratos).
I – Fluidos e electrólitos
Para um funcionamento celular normal é fundamental que exista um controlo muito estreito da
quantidade de água dentro e fora da célula. Apenas quando a homeostase dos fluidos corporais é
atingida é que é possível um correcto funcionamento do corpo humano. Quando há falhas no
balanço dos líquidos corporais surgem situações de doença que em última instância podem levar à
morte.
Toda a água do organismo (que perfaz 55% da massa corporal na mulher e 65% no homem) é
denominada de água total do organismo (TBW) e esta é distribuída em 4 compartimentos: O fluido
intracelular (contém 65% da água do organismo), o plasma (8%), o fluido intersticial (25%) e o
fluido transcelular (2% que corresponde ao LCR, secreções glandulares, fluidos oculares e fluidos
no tracto GI, respiratório e urinário). Como o fluído transcelular representa uma fatia muito
pequena do fluído corpora, normalmente este é desprezado nos cálculos clínicos em que há perda
do balanço de fluidos).
A divisão que separa os fluidos extracelulares dos fluidos intracelulares é a membrana celular
enquanto a que separa o plasma do fluido intersticial é a parede dos capilares. Estas duas divisões
de separação são completamente permeáveis à água. A maior parte da movimentação de água
que ocorre no organismo em situações normais é entre o fluído intersticial e o plasma. Esta
movimentação entre estes compartimentos é devida à pressão hidrostática sanguínea que conduz
a água do sangue para o espaço intersticial e a pressão osmótica sanguínea que transporta a água
do interstício para o sangue. A água total do organismo está continuamente a movimentar-se
entre o plasma, interstício, células e linfa.
84
A homeostase dos fluidos e electrólitos pode ser vista em termos de balanços entre inputs e
outputs. Estes irão modificar-se no decurso das actividades mas as quantidades óptimas de água e
electrólitos devem permanecer inalteradas. Numa situação normal os inputs relacionam-se com os
outputs e dizemos que estamos em balanço (neutro). Quando o input excede o output para
determinada substância dizemos que se trata de um balanço positivo. Se o output excede o input,
desenvolve-se um deficit e o paciente entra em balanço negativo.
A fisiologia normal envolve uma constante perda de água do organismo. Esta água deve ser
reposta e quando o input da água está em equilíbrio com a perda de água estamos em balanço de
água. O balanço típico diário de output-input de água é de cerca de 2500 ml. O input total é
baseado na ingestão de água (1300ml) e de alimentos sólidos (que na sua composição contêm
900ml de água). Os restantes 300 ml de água necessários para perfazer os 2500 ml provêm de
produtos do metabolismo celular. Em relação ao output de água este faz-se principalmente pela
urina (1500 ml). OS restantes 1000ml são excretados pelas fezes, ar exalado e pela evaporação
através da pele.
Os electrólitos são partículas carregadas que se encontram dissolvidas na água corporal. De entre
a grande quantidade de electrólitos existentes no interior do corpo humanos, os mais importantes
são o Na+, K+,Ca++, H+, Cl-, HCO3- e PO4---. Como as proteínas têm carga negativa também agem
como electrólitos (proteinatos).
O nível de electrólitos nos fluidos corporais é determinado pelo balanço entre o seu input e a sua
perda. Todos os inputs normais dos electrólitos são obtidos através da dieta. A perda pode ocorrer
por 3 maneiras diferentes:
- Fluidos que passam para a superfície corporal transportam consigo vários electrólitos que
também são perdidos (na transpiração).
- Uma quantidade substancial de electrólitos está presente em secreções que passam pelo tubo
digestivo. Maior parte destes são reabsorvidos ao longo do tracto GI mas uma pequena parte não
e acaba por se perdida nas fezes.
- Perda de electrólitos pela urina (mais importante via de excreção destes). Em condições normais
a perda de electrólitos por esta via excede largamente aqueles perdidos pela transpiração e pelas
fezes. Os rins recebem grande quantidade de plasma e processa-o retirando dela água e
electrólitos de forma a manter o balanço destes no organismo.
O papel dos rins no balanço dos fluidos e dos electrólitos é fundamental. Por um lado estes podem
excretar grandes quantidades de água e electrólitos quando estes estão em excesso no organismo
85
enquanto por outro podem retê-los quando o organismo necessita deles. Em caso de deficiência
em água, em que os fluidos corporais são hipertónicos, a sede é um reflexo que permite um input
adicional deste elemento. No caso dos electrólitos esta situação é diferente. Não existem reflexos
de fome ou sede de determinado electrólito que induzam um input. Assim, quando ocorre uma
deficiência num determinado electrólito e este não for reposto no organismo pela ingestão de
alimentos que o contenham, os mecanismos de retenção apenas conseguem adiar o agravamento
da situação.
A maior parte da regulação homeostática é efectuada no túbulo contornado distal, mesmo após as
reabsorções que ocorrem no túbulo contornado proximal. A composição do sangue é ajustada
pela secreção e reabsorção, influenciadas por uma série de controlos. A aldosterona, produzida
pela medula adrenal) provoca a reabsorção de sódio a partir do túbulo sendo que, por cada sódio
reabsorvido, é excretado um potássio. A excreção de sódio também é regulada por hormonas
como o factor natriurético auricular (ANF) que é excretado pela aurícula em resposta à sua
distensão por aumento do volume plasmático. O aumento da ANF aumenta a filtração e bloqueia
a reabsorção de sódio, levando à perda de sódio, água e consequente redução do volume
plasmático.
86
A perda urinária de água é regulada pela hormona antidiurética (ADH ou Vasopressina), libertada
pela hipófise posterior. A ADH aumenta a permeabilidade dos túbulos colectores, aumentando a
reabsorção de água. Como o túbulo colector é impermeável aos iões a água passa por osmose
para o fluido intersticial hipertónicos, sendo que em ultima instância a ADH é um importante
regulador da pressão osmótica do fluído extracelular. A ADH é libertada em resposta ao input de
barorreceptores localizados no coração e osmorreceptores no cérebro. Diminuição da pressão
hidrostática sanguínea, pressão cardíaca e aumento da osmolaridade estimulam a secreção de
ADH.
Redução do Aumento da
volume osmolalidade do
sanguíneo FEC
Receptores
hipotalâmicos
Aumento do Diminuição da
volume sanguíneo osmolalidade
Libertação de renina
Formação de
angiotensina II
Vasoconstrição 87
Secreção de
sistémica
aldosterona
Figura 2 - Regulação da pressão sanguínea
II.1- Desidratação
Depleção de volume: Quando há perda de água e electrólitos do FEC. As perdas podem aumentar
por:
- Perdas renais também podem ocorrer quando o rim diminui a reabsorção de Na + em caso de
insuficiência adrenal que diminui a excreção de aldosterona.
Excesso de volume: Devido à retenção de água e sódio devido a problemas renais, cardíacos ou
hepáticos que promovem estes estados de retenção.
- Falha cardíaca congestiva e cirrose hepática - devida à presença de edema e ascite que criam um
terceiro espaço onde há estados de sequestração o que leva a restauro de volume por retenção de
sódio. Este aumento de volume leva a um aumento do volume perdido no terceiro espaço e o ciclo
continua.
89
reguladores de pressão devem ser capazes de manter a pressão sanguínea normal. Se houver uma
perda de volume muito rápida devido a queimaduras de grande extensão ou grandes hemorragias
surge choque hipovolémico.
Nos pacientes em que a osmolalidade não está correcta surgem sinais e sintomas neurológicos.
Quando a desidratação provoca um plasma hipertónico (hipernatrémia relativa), a elevada
osmolalidade do plasma leva a passagem de água do meio intracelular para o extracelular. Se a
depleção de volume é devido à perda de sódio, o plasma torna-se hipotónico e a água entra na
célula.
Na intoxicação por água, o plasma torna-se hipotónico, favorecendo o fluxo osmótico para o
interior das células. Quando a retenção de sódio aumenta devido a um mau funcionamento dos
rins ou à hipersecreção de aldosterona a retenção de água tende a exceder a retenção de sódio e
o plasma surge hipotónico.
Quando as células do SNC estão sujeitas a encolhimento devido à pressão osmótica, os pacientes
exibem cansaço e irritabilidade. Na progressão para estados mais graves pode originar-se como ou
até mesmo morte.
Em estados de excesso de fluido, o volume do FEC aumenta e este torna-se hipotónico. Ao novel
do SNC desenvolve-se um edema cerebral.
Desequilíbrio
hídrico
Mudanças de
Modificações do
osmolalidade
turgor da pele
90
II.5 - Terapia no desequilíbrio hídrico
Hiponatrémia - Na maioria dos casos estamos na presença de uma hiponatrémia relativa, ou seja,
a hiponatrémia é causada por excesso de fluido corporal e não por perda de sódio. Quando há
defeitos nos mecanismos renais de reabsorção de sódio ou os níveis de aldosterona estão baixos,
há um aumento da perda de sódio mas este é compensado por uma perda de água o que mantém
a concentração do FEC.
Hipernatrémia - Ocorre quando as perdas de água excedem as perdas de sódio produzindo uma
hipernatrémia relativa. Uma hipernatrémia verdadeira é rara de acontecer, mas pode ocorrer com
terapêuticas de administração de NaCl em excesso. Quando há um excesso na retenção de sódio
produz-se edema por aumento da retenção de água no corpo. Os pacientes com hipernatrémia
apresentam-se com sede, apático e irritável e com outros distúrbios neurológicos que podem ir
desde a desorientação leve até ao coma.
Hipocalémia - Pode ser devido a um défice de ingestão de potássio ou ao transporte deste para o
meio intracelular provocado por estimulação beta-adrenergica, concentração elevada de insulina,
hiperglicémia e alcalose. Uma outra causa, mais comum, é a perda de potássio pela diarreia ou
pelo vómito. Defeitos na reabsorção tubular ou hipersecreção de aldosterona aumentam as
perdas de potássio. Algumas drogas também têm os mesmos efeitos como a acetazolamida e as
tiazidas. Na hipocalémia os sinais e sintomas dominantes são resultantes de desordens
neuromusculares. Fraqueza muscular e depressão nos reflexos neuromusculares são sinais típicos.
91
O ECG envolve uma depressão do segmento S-T e uma onda U proeminente. A hipocalémia
também tem impactos renais. Baixos níveis de potássio promovem a síntese de prostaglandinas
que vão reduzir a sensibilidade do túbulo à ADH resultando em diurese e poliúria (aumento do
volume urinário).
Estimulação beta-
adrenergica
Alcalose HIPOCALÉMIA
92
Os sinais e sintomas que acompanham os desequilíbrios de cloreto são semelhantes aos do
desequilíbrio em sódio: edema e aumento de tamanho celular na hiperclorémia e desidratação na
hipoclorémia.
Este catião está presente em baixas concentrações no FIC. O Ca plasmático encontra-se presente
sob duas formas, que se encontra em equilíbrio: sob a forma livre ou ligado ao citrato ou à
albumina. O Ca livre é um componente fisiologicamente activo. A homeostase do cálcio é
controlada pela paratormona da tiróide (PTH). A PTH aumenta a absorção de Ca ao nível do tracto
GI e a retenção renal e mobiliza aquele que está presente no osso. A calcitonina produzida pela
tiróide também afecta o Ca do FEC promovendo a sua excreção quando este está em excesso.
Absorção inadequada
de cálcio
HIPOCALCÉMIA
93
cloreto. Diuréticos que reduzem a resposta dos túbulos à ADH reduzem a permeabilidade à água
retendo os electrólitos.
IV - Desequilíbrio ácido-base
As reacções fisiológicas estão dependentes do pH do meio. Deste modo alterações no equilíbrio
ácido-base no organismo levam a distúrbios de função. Quando o pH do organismo desce abaixo
dos 7.35 estamos em acidose e quando sobe acima dos 7.45 estamos em alcalose. Sintomas de
que algo não está bem a nível fisiológico surgem a pH inferior a 6.85 ou superior a 7.65.
Ultrapassando as barreiras do 6.8 e 8.0 o organismo entra em falência e morre.
O ião H+ dos fluidos corporal é produzido directa ou indirectamente pelo metabolismo celular. O
metabolismo das proteínas e dos ácidos gordos produz ácidos em quantidades muito pequenas. O
metabolismo aeróbio está constantemente a produzir CO 2 que afecta o pH via equilíbrio do ácido
carbónico:
Apesar dos ácidos voláteis e não voláteis possam ser eficientemente excretados, um problema
surge nas células em que o H+ é inicialmente produzido. Como apenas leves aumentos na [ H+]
conseguem interromper o normal funcionamento das células, é necessário um sistema que
mantenha as [ H+] dentro dos parâmetros permitidos. Esta tarefa é efectuada por sistemas tampão
que libertam ou aprisionam o H+ consoante a necessidade do organismo uma vez que apenas o H +
dissociado contribui para a acidez. O tampão maioritário do plasma é o tampão bicarbonato
enquanto no interior da célula e nos compartimentos extracelulares são as proteínas e a
hemoglobina que funcionam como tampão, apesar de estes dois tampões também existirem no
plasma.
A maior parte do H+ é excretada directamente quando os ácidos voláteis são exalados dos
pulmões. Um sistema sensível ao ácido tem um input no tronco cerebral onde se encontram os
centros de controlo da respiração. Quando as concentrações de H + aumentam no FEC surge uma
situação de taquipneia, baixando a concentração de ácido por exalação de ácido volátil. Para além
deste mecanismo regulador é necessária a existência de um outro por 3 razões:
- Excretar os ácidos não voláteis que não são possíveis de excretar por via pulmonar.
94
- Assegurar a reabsorção de bicarbonato filtrado de modo a gerar HCO3- para substituir aquele
dispendido nas actividades de tamponamento.
Na excreção renal de ácidos não voláteis estes passam para as células tubulares do nefrónio pelos
tampões plasmáticos. As células então secretam este H+ dentro do lúmen por mecanismos de
balanço entre o Na+ e o H+ (balanço de cargas positivas). Dentro do lúmen o H + combina-se com o
ião bicarbonato que foi filtrado do plasma. O ácido carbónico formado desta forma é
transformado em CO2 e H2O pela anidrase carbónica, presente na superfície do lúmen tubular. O
CO2 entra dentro das células tubulares onde por acção da anidrase carbónica se transforma em
ácido carbónico que, quando dissociado, origina H+ que volta ao lúmen do túbulo e HCO3- que
retorna ao plasma para renovar o stock de tampão bicarbonato. Isto também faz com que quando
a secreção de H+ excede o bicarbonato filtrado, o excesso de H+ permanece no lúmen do túbulo
sendo excretado pela urina. Por outras palavras, quando o plasma contém demasiado H+, mais H+
é filtrado, mas como não encontra ião bicarbonato para se juntar acaba por ser perdido na urina,
permitindo a regulação do pH do plasma. Quando a concentração de ácido no plasma é pequena a
secreção de H+ é insuficiente para se combinar com todo o bicarbonato, aumentando a perda de
bicarbonato pela urina o que vai restaurar o pH uma vez que o bicarbonato tem carácter básico.
Enquanto a excreção pulmonar de ácidos voláteis demora segundos a responder a uma situação
de alcalose ou acidose, os mecanismos renais demoram horas, mas permitem uma compensação
por períodos de tempo mais alargados, com o benefício de restaurar a capacidade tamponante.
Após a sua excreção no túbulo o excesso de H+ tende a regressar aos tecidos peritubulares. Isto é
prevenido pela secreção tubular de amónia dentro do lúmen que se combina com o H + para
formar NH4+ que acaba por ser excretado pela urina. A formação de dihidrogenofosfato tem um
efeito semelhante. Em casos de doença renal, a acidose surge tipicamente associada a perda da
capacidade de excretar H+. Contudo, se o rim não funcional também não for capaz de secretar
amónia e dihidrogenofosfato a acidose acaba por ser agravada.
Potássio:
Efeito do pH na [K+] - pH alterado no FEC produz alterações secundárias ao nível de outros iões.
Em caso de acidose, elevadas concentrações de H+ no FEC causa a sua difusão para o interior das
células onde a concentração deste catião é inferior. Como resultado da acumulação de H + no
interior da célula, outros catiões presentes no FIC passam para o FEC. Como o K + é o catião
presente em maior quantidade no FIC, a passagem deste para o FEC é mais significativo,
resultando numa hipercalémia. Já em casos de alcalose há saída de H + do FIC para o FEC com
passagem de K+ para o interior da célula resultando numa hipocalémia.
Efeito da [K+] no pH - Estados de hipercalémia podem levar a acidose pois como o K + aumenta no
FEC dá-se a entrada deste na célula com saída de H+ desta para o FEC. Estados de hipocalémia
desencadeiam alcalose.
Sódio:
95
A relação entre o H+ e a regulação do volume do FEC é baseada na reabsorção renal de Na+. Como
o H+ é trocado por Na+ ao nível do nefrónio, alterações ao nível do pH podem ocorrer. Se o volume
do FEC está elevado, a reabsorção de Na + diminui havendo retenção de H+ o que conduz a acidose.
Quando o volume do FEC está diminuído há reabsorção de Na+ e o H+ passa para o lúmen e a
tendência para alcalose surge.
Cálcio:
Como sabemos o cálcio está presente nos fluidos sob a forma livre ou ligado ao citrato ou a
proteínas. Esta ligação está dependente do pH e em caso de acidose o Ca tende a ligar-se mais às
proteínas e ao citrato levando a hipocalémia. Em casos de alcalose surge hipercalémia como
resultado oposto ao do aumento do pH.
Outros efeitos sob iões são mediados pela aldosterona. Aumentos na secreção de aldosterona
ocorrem em resposta a terapias diuréticas. Se a diurese aumenta activa-se a perda de fluidos
activando o sistema renina-angiotensina que aumenta a secreção de aldosterona, retenção de Na +
e perda de H+ produzindo alcalose. Quando a secreção de aldosterona baixa abaixo do normal há
um aumento da perda de Na+ e retenção de K+ o que leva a uma retenção de H+ provocando
acidose quer pela própria retenção de H+ quer pelos estados de hipercalémia que se desenvolvem.
Diminuição da Aumento da
reabsorção de Na+ reabsorção de Na+
Aumento da Diminuição da
retenção de H+ retenção de H+
Acidose Alcalose
HIPOCALCÉMIA HIPECALCÉMIA
96
Como a [H2CO3] está relacionada com a PCO2 então:
Acidose respiratória: Ocorre quando a PCO2 aumenta devido à ocorrência de falência pulmonar.
Este aumento pode ser agudo em casos de ARDS, status asmathicus, pneumotorax ou doença
DPOC. Também pode surgir por alterações ao nível do controlo dos quimiorreceptores do tronco
cerebral. Como a compensação renal demora muito tempo a ser activada surgem estados de
acidose.
Acidose metabólica: Ocorre como resultado da acumulação de ácidos não voláteis resultantes do
metabolismo, estados de hipóxia prolongados ou produção de ácido láctico. A acidose láctica está
associada a certos tumores, ingestão de drogas e toxinas e falência respiratória. Em pacientes que
sofrem de diabetes mellitus, metabolismos alterados produzem ácidos cetónicos. O alcoolismo
também pode levar à produção destes ácidos. No caso de falência renal como na glomerulonefrite
ou na pielonefrite há um declínio na excreção de H + o que leva à acumulação deste no organismo
desenvolvendo-se uma acidose metabólica. Perda directa de também pode levar à acidose,
usualmente associado à diarreia crónica. NA acidose metabólica a respiração compensatória leva a
um aumento da ventilação denominado de respirações de Kussmaul. Tal como na acidose
respiratória os sintomas incluem fraqueza, náuseas, vómitos e depressão do SNC.
Alcalose metabólica: Nestas condições há perda de ácidos pelo tracto GI como em casos de
vómitos ou diarreia. Causas renais estão mais relacionadas a diuréticos que induzem hipocalémia.
Em resposta à perda inicial de H+, perdas de HCO3- podem rapidamente compensar. Desta forma
a alcalose metabólica não surge a não ser que haja alterações que comprometam a compensação
renal pelo HCO3-. Depleções de volume que envolvem a reabsorção de sódio com retenção de
HCO3- para equilibrar as cargas podem levar a alterações que conduzem a alcalose. Terapia anti-
ácida ao nível do tracto GI também leva a alcalose metabólica. Pode ocorrer hipoventilação e
outras alterações que surgem como resultado da hipocalcémia que surge como resultado da
ocorrência de alcalose como hiperreactividade GI.
97
IV.4 - Compensações do desequilíbrio ácido-base
Aumento Diminuição
Aumento Redução da
Redução da
Aumento da ventilação
ventilação
98
- Administração de cloreto de amónia na alcalose pois o metabolismo da amónia origina produtos
ácidos que corrigem a alcalose.
DOENÇA GASTROINTESTINAL
Flávio Daniel Costa Monteiro
Mariana Mateus Robalo
Sara Raquel Ferreira Teles
Alguns sinais e sintomas: náuseas, dor abdominal, anorexia e vómito, sangramento, hipotensão,
sepsis e morte.
É constituído pelo canal alimentar (boca, estômago, intestino delgado, intestino grosso, recto e
ânus) e por órgãos glandulares associados (glândulas salivares, pâncreas, vesícula biliar e fígado),
que libertam os seus conteúdos no canal – secreções exócrinas).
mucosa (mais interna) submucosa camada muscular externa serosa (mais externa)
99
Muscular da mucosa - fina camada de células musculares com uma camada circular interna e
uma camada longitudinal externa.
A submucosa:
Tecido conjuntivo laxo directamente abaixo da mucosa. Contém vasos sanguíneos e linfáticos
maiores e um plexo nervoso do sistema nervoso entérico - Plexo nervoso submucoso ou de
Meissner- importante no controlo da secreção.
A serosa:
Bainha externa de células epiteliais escamosas e tecido conjuntivo com nervos e vasos
sanguíneos maiores
FUNÇÕES:
Digestão:
Existem dois processos na digestão: processos físicos, mastigação e contracções GI, que trituram e
misturam o alimento com secreções digestivas e processos químicos, enzimas digestivas, que
degradam os componentes alimentares (proteínas, gorduras, polissacarídeos) a produtos que
possam ser absorvidos (aminoácidos, ácidos gordos, monossacarideos). As enzimas digestivas
provêm das glândulas exócrinas, células e glândulas existentes na mucosa, ou ocorrem à superfície
apical de certas células epiteliais.
Secreção:
No processo de digestão são secretados grandes volumes de líquido no lúmen do GI e algum
excretado nas fezes, de modo que o equilíbrio é reciclado.
Motilidade:
O processo que mistura as secreções desde a boca até ao ânus denomina-se de: motilidade. As
células do músculo liso possuem um potencial de membrana em repouso (pequeno excesso de
carga negativa) no seu interior. Quando uma célula é despolarizada, essa diferença de potencial é
transitoriamente anulada gerando um sinal que desenrola uma série de eventos no interior da
célula, levando ao deslizamento dos filamentos de actina e miosina, levando à contracção
muscular. A despolarização pode ocorrer espontaneamente ou por estimulo neural ou hormonal.
Ocorrem dois tipos de despolarização ao longo do GI: despolarizações ondulantes (ondas lentas) e
despolarizações rápidas (picos de onda).
Absorção:
100
As moléculas absorvidas podem passar através (via transcelular) ou entre (via paracelular) as
células epiteliais que revestem o intestino. Em geral, esse transporte pode ser efectuado por um
mecanismo passivo - que não depende de energia, abaixo de um gradiente electroquímico (de
carga eléctrica ou concentração) - ou por um processo activo – que necessita de energia e que
ocorre contra um gradiente electroquímico.
Transporte passivo: difusão simples de moléculas sem carga eléctrica que atravessam facilmente a
camada lipídica da membrana plasmática, logo, os ácidos gordos de cadeia curta são absorvidos
no intestino delgado. Moléculas com carga difundem-se através de canais especializados
(proteínas transmembranares) situados dentro da membrana apical e basolateral das células
epiteliais. Algumas moléculas utilizam também a difusão facilitada, passando por difusão e
ligando-se a proteínas transportadoras na membrana plasmática.
Transporte activo: necessita de energia metabólica. Existem duas classes de transporte activo:
Transporte activo primário: A própria molécula de transporte hidrolisa o ATP
Transporte activo secundário: O próprio transportador não hidrolisa o ATP. O transporte
depende de um gradiente electroquímico que foi estabelecido pelo transporte activo primário.
Existe uma baixa [Na+] intracelular mantendo um potencial negativo interno nas células epiteliais
assegurando, assim, o gradiente electroquímico.
Defesa:
As defesas envolvem protecção contra toxinas , bactérias e vírus ingeridos.
Existem dois mecanismos de defesa:
Defesa imunológica: Sistema imune da mucosa ou do tecido linfóide associado ao intestino
(GALT) é constituído pelas placas de Peyer e por populações difusas de células imunes da mucosa.
O GALT protege contra bactérias, vírus e toxinas.
Defesa não imunológica: Secreção de liquido gástrico e intestinal , electrólitos e muco e as
junções firmes das células epiteliais. As secreções neutralizam e removem as bactérias e
macromoléculas potencialmente lesivas, enquanto que as junções firmes impedem a sua entrada
nos tecidos.
Excreção:
Produtos alimentares não digeridos, bactérias e certos metais pesados, são excretados nas fezes.
MECANISMOS DE REGULAÇAO DO GI
CONTROLE NEURAL:
A inervação do GI possui dois componentes:
101
Inervação intrínseca pelo sistema nervoso entérico: O neurónio entérico possui o corpo celular
no interior da parede do trato GI, logo, intrínseco ao intestino. O sistema nervoso entérico possui
uma serie de plexos nervosos ganglionares (do esófago ate ao recto), organizados em dois
componentes principais: plexo de Auerbach e plexo de Meissner. O sistema nervoso entérico é
muito extenso e possui neurónios sensoriais ou aferentes (IPAN) que recebem informação do
ambiente, interneurónios e neurónios secretores motores ou eferentes, que controlam a
estimulação ou inibição da motilidade, da secreção, da absorção e a função imune do GI. Desta
maneira, algumas partes do tracto do GI podem ser regulados sem o auxílio do SNC. Os
neurotransmissores mais usados são os neuropéptidos.
CONTROLO HORMONAL:
As hormonas são secretadas por células endócrinas da mucosa do estômago e do intestino e são
invariavelmente péptidos. Estes péptidos têm uma dupla função: hormonal e de
neurotransmissores. Após a ingestão de um alimento o nível destas hormonas em circulação é
elevado: suprimem o apetite e estimulam a secreção de ácido gástrico.
CONTROLO PARÁCRINO:
As substâncias usadas na sinalização intercelular são removidas por captação de células adjacentes
ou por degradação enzimática. As substâncias parácrinas são libertadas por células sensoriais não-
neuronais e por neurónios, regulando a função das células adjacentes. São exemplo destas a
histamina e a somatostatina (controlam a secreção de ácido) e serotonina (libertada no intestino
delgado para controlar a actividade do nervo vago).
DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS
DISTÚRBIOS DA MOTILIDADE
102
A motilidade do GI resulta da contracção do músculo liso sob controlo neural e hormonal,
podendo ocorrer anormalidades da motilidade em consequência da lesão do músculo liso.
Os distúrbios de motilidade do esófago caracterizam-se por disfagia e odinofagia.
Os distúrbios de motilidade do estômago incluem a gastroparesia (complicação da diabetes
melito) e a dismotilidade em consequência da cirurgia gástrica (vagotomia – permite impedir a
hipersecreção de ácido estimulada pelo nervo vago). O distúrbio resultante da vagotomia consiste
na obstrução pilórica parcial (podendo depois fazer-se um piloroplastia, para que os alimentos
possam passar com mais facilidade) ou um esvaziamento demasiado rápido do conteúdo gástrico
para o duodeno.
No intestino delgado e no cólon ocorre síndrome do intestino irritável, que se caracteriza por
dores abdominais, distensão e diarreia, na ausência de alterações estruturais detectáveis.
DISTÚRBIOS DA SECREÇÃO
O aumento da secreção de ácido gástrico pode desenvolver úlceras pépticas (zonas lesadas na
mucosa). A lesão por ácido pode originar úlceras gástricas (no estômago) e duodenais (duodeno).
Pode ainda ocorrer inflamação mais difusa e menos demarcada ao longo do tracto GI.
ACALASIA ESOFÁGICA
A acalasia esofágica é um distúrbio motor que se caracteriza pela incapacidade de relaxar do
esfíncter esofágico inferior. Surge assim uma obstrução funcional que se manifesta por disfagia,
regurgitação (vómito) e dor torácica. É uma doença progressiva.
Etiologia
A perda de neurónios inibitórios que libertem VIP e óxido nítrico pode contribuir para o
relaxamento do esfíncter esofágico. A degeneração do complexo mioentérico pode também ser
um factor de etiologia da doença.
Patologia e Patogenia
Esta patologia é um defeito de inervação do músculo liso no corpo do esófago e no esfíncter
esofágico inferior (EEI). O tónus do EEI caracteriza-se por contracção tónica com relaxamento
103
intermitente. O esfíncter não sofre relaxamento na resposta à deglutição, devido a uma perda
parcial dos neurónios na parede do esófago. Observa-se ainda uma perda do peristaltismo normal
do corpo do esófago devido a perda do complexo mioentérico.
Manifestações Clínicas
Pode ocorrer aumento do esófago. O esófago pode reter até 1l de material infectado,
representando um risco de pneumonia por aspiração. Os pacientes apresentam perda de peso
progressiva, ulceração da mucosa e infecção e ruptura do esófago, podendo levar à morte.
Tratamento
Através de alargamento mecânico do esfíncter, da acção de antagonistas do cálcio e cirurgia.
Etiologia
A esofagite surge por condições que levam a sucessivas exposições de compostos ácidos na
mucosa do esófago. Estas condições (hormonas, agentes neurais, alimentos e outros) incluem
distúrbios que aumentam a frequência de relaxamento espontâneo do EEI. As condições que
aumentam o volume ou a pressão do estômago (aumento da produção de ácido e obstrução
pilórica) também contribuem para esofagite. O café e o tabaco causam relaxamento do cárdia.
A hérnia de hiato (porção da parte proximal do estômago que desliza para a cavidade torácica)
provoca ascendência do EEI e consequentemente ocorrência de refluxo.
Patologia e Patogenia
A contracção tónica do EEI permite uma barreira efectiva ao refluxo de ácido do estômago. A
eficiência desta barreira pode ser alterada por perda do tónus do EEI, aumento da frequência de
relaxamentos transitórios e aumento do volume do estômago, que podem tornar o refluxo do
conteúdo gástrico ácido suficiente para causar dor e erosão. O refluxo recorrente pode causar
lesão da mucosa e inflamação (esofagite resultante de infiltração de granulócitos e eosinófilos
com hiperplasia de células basais e formação de úlceras hemorrágicas). O refluxo predispõe à
ocorrência de mais refluxo devido à cicatrização do epitélio inflamado.
Em condições normais, os relaxamentos transitórios do EEI são acompanhados de aumento do
peristaltismo esofágico. Assim, os indivíduos com defeitos nas vias excitatórias que promovem o
peristaltismo podem correr risco aumentado de desenvolvimento de refluxo esofágico.
104
Fig. 1 – Mecanismo fisiopatológico da doença do
refluxo esofágico.
Manifestações Clínicas
O sintoma habitual é a pirose, agravada por uma posição deitada. Pode ocorrer desenvolvimento
de estenose (estreitamento do esófago) na parte distal do esófago. A obstrução progressiva
manifesta-se na forma de disfagia. Outras complicações de refluxo recorrente incluem hemorragia
ou perfurações e pneumonia devido a aspiração gástrica para os pulmões.
O tabagismo e o consumo excessivo de álcool, associados ao refluxo recorrente, resultam em
alteração do epitélio esofágico (escamosa para colunar), denominado Esófago de Barrett (pode
levar ao desenvolvimento de adenocarcinoma).
Tratamento
1. Diminuição da pressão no estômago (medicamentos que favoreçam esvaziamento gástrico;
evitar comer muito e antes de deitar)
2. Diminuição da acidez gástrica (antiácidos)
3. Manutenção da pressão da cárdia (redução de consumo de álcool, café e gorduras; comer
pouco de cada vez)
4. Protecção da mucosa do esófago.
105
Distúrbios da secreção ácida -» doença ácido – péptica (aumento da produção de HCl)
Distúrbios na secreção de factor intrínseco -» incapacidade de absorção de vitamina B12 -»
anemia perniciosa.
DOENÇA ÁCIDO-PÉPTICA
Estes doentes são caracterizados por apresentarem:
- Dor abdominal ou torácica leve e crónica, com uma sensação de queimação (devido à
erosão da mucosa GI);
- Por vezes ocorre sangramento GI -» hematemese (saída de sangue pela boca, com origem
GI);
- Em casos de perfuração e infecção, produz-se uma dor abdominal intensa.
Os casos de úlcera duodenal são caracterizados por dor gástrica em queimação que surge
dentro de 1 a 3horas após as refeições, sendo aliviada por antiácidos ou pela ingestão de
alimentos (Não têm um efeito agressivo sobre a mucosa e ainda aumentam os mecanismos de
produção de HCO3- : protecção da mucosa).
Etiologia
A principal causa é a presença de um agente infeccioso, a bactéria Helicobacter pylori.
Hiposecreção de ácido: infecção do corpo gástrico por H.Pylori, causa supressão das células
parietais, baixa secreção de ácido -» gastrite atrófica, metaplasia intestinal e predisposição ao
cancro gástrico.
Hipersecreção de ácido: infecção do antro gástrico por H.Pylori causa diminuição da secreção de
somatostatina (inibe a secreção de ácido) e elevação da secreção de gastrina, aumentando a
secreção de ácido e predispondo à ulceração duodenal.
ÚLCERA GÁSTRICA
Lesão grave e profunda da mucosa gástrica. A cratera da úlcera está circundada por uma
área de mucosa inflamada, o que sugere que uma gastrite predispõe uma úlcera.
Existem casos de úlcera em que a secreção de ácido se encontra normal, sendo que o
anormal são as defesas da mucosa, que deverão estar baixas (leva à destruição da barreira protectora
que reveste a mucosa do estômago, permitindo que o ácido gástrico agrida a própria mucosa gástrica, o
que leva à inflamação da mesma.)
Sintomas:
106
- Dor abdominal que irradia para o esterno
- Dor que agrava com os alimentos (vão causar atrito na mucosa danificada que com o
aumento de H+ causa dor. Estes secretam também mais H+).
- Fraqueza
- Perda de peso
- Hemorragias gastrointestinais (hematemeses ou melenas)
- Vómitos.
Causas:
Os defeitos na motilidade gástrica podem causar esta doença por:
Isquémia da mucosa:
As prostaglandinas aumentam o fluxo sanguíneo da mucosa, bem como a secreção de muco
e bicarbonato, para além de renovar as células da mucosa. Deste modo o uso de anti-inflamatórios
não esteróides pode originar uma gastrite e úlcera gástrica.
Complicações:
- Perfuração gástrica, peritonite (inflamação do peritoneu).
Diagnóstico:
Raio X, endoscopia digestiva com biopsia ou sangue oculto nas fezes.
Tratamento:
Antiácidos; suspender o consumo de álcool, café, anti-inflamatórios ou tabaco, cirurgia ( controlo
da hemorragia); protecção da mucosa (sulcralfato).
ÚLCERA DUODENAL:
Semelhante à úlcera gástrica, localizada no duodeno.
Sintomas:
- Dor epigástrica que alivia com os alimentos e os antiácidos.
- Sintomatologia intermitente
- Hemorragias gastrointestinais.
Causas:
- Tal como a úlcera gástrica, surge consequentemente a uma infecção por H. Pylori,
resultando numa infecção e alteração das defesas da mucosa.
- Tabagismo, dieta e consumo excessivo de álcool;
107
- Factores genéticos.
ÚLCERAS DE STRESS:
Lesões múltiplas e bem demarcadas da mucosa gástrica e duodenal, pouco profundas e
quase sem reacção inflamatória.
Causas:
Doenças graves; politraumatizados (hipotensão, hipoxia aguda); ingestão crónica de anti-
inflamatórios.
GASTRITES
Sintomas: Complicações:
- Sensação de pressão no estômago - Poderão evoluir para úlceras ou
- Cefaleia carcinomas.
- Anorexia e intolerância à comida
- Vómitos e náuseas
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Estes sangramentos levam à queda do hematócrito e a complicações relacionadas, como a
precipitação de uma angina num paciente com coronapatia.
- A hemorragia maciça manifesta-se por hipotensão, taquicardia (mecanismo
compensatório) e alterações na posição ortostática (por vezes com tonturas).
- Para além das hemorragias, nos doentes com úlceras há perfuração e obstrução.
HÉRNIA DO HIATO:
É uma situação em que a parte superior do estômago passa para a cavidade torácica.
Apresenta sintomas semelhantes aos da esofagite de refluxo.
Caracteriza-se por uma fraqueza do músculo diafragma. Este músculo divide o abdómen do
tórax, e é por um espaço neste músculo, conhecido por hiato esofágico, que o esófago penetra na
cavidade abdominal. Devido ao alargamento deste espaço, uma parte do estômago desliza em
direcção ao tórax, o que se denomina hérnia de hiato.
As doenças do intestino delgado e cólon incluem diarreia (inclui alteração da motilidade, secreção,
digestão e absorção), doença intestinal inflamatória (processo auto-imune crónicos) e doença
diverticular (consequência da alteração da função motora do cólon.
DIARREIA
Eliminação de fezes de volume e frequência excessivos e anormalmente líquidas. Consiste em mais
de 3 dejecções por dia. A avaliação subjectiva das dejecções pelo paciente é influenciada pelos
seus hábitos intestinais. A diarreia pode ser aguda (até 3 a 4 semanas e com causa infecciosa) ou
crónica (mais de 4 semanas).
A diarreia pode ser classificada como osmótica, secretória ou oleosa.
A diarreia osmótica é causada pela má absorção de nutrientes ou pela absorção deficiente de
electrólitos que retêm água no lúmen. A diarreia secretória ocorre quando as células secretórias
mantêm uma elevada taxa de transporte de líquido para o lúmen do tracto GI. A diarreia oleosa
(por má absorção) ocorre quando a capacidade de digerir ou de absorver determinado nutriente
está deficiente
Etiologia
O fluxo no tracto GI envolve a secreção maciça de líquido no lúmen e a sua absorção, originando
um estado de equilíbrio dinâmico. Alterações nestas características (carga osmótica excessiva,
aumento da secreção ou redução da absorção de líquido) originam diarreia.
Causas:
Diarreia osmótica – ingestão de solutos pouco absorvíveis (frutose, sais de magnésio, aniões
fosfato e citrato); má absorção de carbohidratos (flatulência por digestão dos açucares pelas
bactérias).
109
Diarreia Secretória – substâncias que estimulam a secreção de electrólitos pela mucosa intestinal
por aumento da produção de AMPc ou de GMPc (enterotoxinas ou produção de VIP pelos tumores
do pâncreas).
Diarreia Inflamatória – lesão orgânica da parede do intestino (cólon) onde há diminuição da
absorção de água e há produção de exsudado rico em proteínas e por vezes pus (diarreias com
muco, sangue e pus de causa bacteriana ou não infecciosa).
Motoras (Alterações da motilidade) – aumento do peristaltismo por agentes procinéticos,
diminuindo o tempo disponível para a absorção de qualquer nutriente ou líquido.
Patologia e Patogenia
Os agentes infecciosos são as mais importantes causas de diarreia visto causarem doenças agudas
e algumas vezes fatais. Os sintomas de diarreias por agentes infecciosos são devidos a toxinas que
alteram a secreção e a absorção do intestino delgado.
Manifestações Clínicas
Dependendo da sua causa, intensidade e cronicidade, os sinais mais comuns consistem em
desidratação (diarreias agudas principalmente nas crianças), perda de peso e síndromes de
deficiências vitamínicas específicas (glossite, estomatite). Pode ainda haver hipocaliémia e acidose
metabólica (perda de bicarbonato).
OBSTIPAÇÃO
Consiste na realização de 2 ou menos dejecções por semana.
Tem como principais causas: dieta pobre em fibras; neuropatias autonomias (diabetes);
hipercalcémia secundária ao hiperparatiroidismo e hipocaliémia (diminuição da contracção
muscular); obstrução mecânica (divertículos, hérnias – secção do intestino que penetra no
abdómen devido a um orifício na parede abdominal, volvulus – rotação de uma das ansas do
intestino sobre si mesma, com obstrução completa do lúmen).
A obstipação pode levar a vómitos, hipovolemia (aumento da secreção e diminuição da absorção)
e dor (distensão do intestino).
Em termos de tratamento, há a destacar a alteração para uma dieta rica em fibras, o uso de
laxantes e ainda uma alteração do estilo de vida.
Causas e consequências
Algumas causas da má absorção/digestão são: gastrectomia, recessão gástrica, vagotomia,
acloridria, pancreatite crónica, carcinoma no pâncreas, deficiências em dissacaridases,
linfangiectasia, defeitos em transportadores específicos e algumas bactérias em partes específicas
do intestino.
110
Também a destruição das vilosidades intestinais compromete a absorção dos alimentos.
Todas estas causas levam a uma má absorção de:
A má absorção de gorduras leva a uma deficiência de vitamina K (factores de coagulação),
deficiência em vitamina D, esteatorreia (fezes gordurosas, volumosas, amareladas, pastosas,
fétidas) e perda de peso.
Etiologia
Existem duas formas de doença intestinal inflamatória: Doença de Crohn (é transmural e de
natureza granulomatosa) e Colite Ulcerativa (superficial e se limita à mucosa do cólon).
Patologia e Patogenia
Microorganismos, factores dietéticos, factores genéticos e respostas imunes deficientes
contribuem para a doença de Crohn, que se manifesta por uma inflamação descontrolada. A colite
ulcerativa pode originar-se por infecções, alergias e componentes dietéticos, respostas imunes a
bactérias e factores psicossociais.
A característica comum das doenças intestinais inflamatórias consiste em ulceração da mucosa e
Consequências
Manifestações Clínicas
A. Doença de Crohn
Pode ocorrer em qualquer região do tracto GI, de modo descontínuo. Caracteriza-se por ulceração
e inflamação afectando toda a espessura da parede intestinal. As complicações da doença
consistem em perfuração, formação de fístulas, formação de abcessos e obstrução do intestino
delgado.
Os pacientes manifestam sintomas fora do tracto GI: distúrbios inflamatórios da pele, dos olhos e
da mucosa; distúrbios renais (absorção de oxalato associado à esteatorreia); doença
tromboembólica e amiloidose (doença em que a amilóide, uma proteína rara que normalmente
não está presente no corpo, se acumula em vários tecidos). Podem ainda apresentar diarreia
111
crónica com períodos de remissão, perda de peso, anorexia, sangramento rectal e má absorção de
ferro e vitamina B12.
B. Colite Ulcerativa
Restringe-se à mucosa do cólon e do recto. A obstrução, a perfuração e a formação de fístulas não
constituem complicações pois a colite afecta somente a mucosa. Possui maior risco de
desenvolvimento de carcinoma. É caracterizada por crises agudas e graves, sendo mais frequente
em adultos jovens.
Manifesta-se por fezes com muco e sangue (anemia grave) diarreia e apresenta fístulas e
peritonite.
DOENÇA DIVERTICULAR
Presença de prisão de ventre e dor abdominal inferior em cólica intermitente e imprevisível. O
paciente com diverticulite apresenta febre e irritação peritonial (ausência de sons intestinais). O
paciente com sangramento diverticular apresenta fezes ensaguentadas.
Etiologia
A doença diverticular resulta de deformação adquirida do cólon (colon sigmóide), em que a
mucosa se dilata. É mais comum em pessoas com idade superior a 40 anos e em países
industrializados. A sua prevalência é aumentada por uma dieta pobre em fibras com consequente
aumento da prisão de ventre.
Patologia e Patogenia
A. Diverticulose
Indivíduos com doença genética que envolva o tecido conjuntivo, como as síndromes de Ehlers-
Danlos e de Marfan, caracterizam-se pelo aparecimento da doença em idade muito jovem. A
diminuição das fibras torna mais difícil a propulsão das fezes, originando contracção muscular
vigorosa da parede do cólon, que pode levar a dor abdominal, que constitui o principal sintoma da
doença. A dor pode durar várias horas a dias, e durante estes períodos pode ocorrer prisão de
ventre ou diarreia e flatulência.
B. Sangramento diverticular
112
É indolor e surge do facto dos ramos das artérias intramurais do cólon estarem associadas ao saco
diverticular, levando à ocorrência de ruptura e sangramento.
C. Diverticulite
Surge quando ocorre uma área focal de inflamação na parede de um divertículo, em resposta à
irritação causada por material fecal. O paciente apresenta dor abdominal, febre, necrose intestinal
e formação de fístulas.
CANCRO DO CÓLON
É a terceira causa de morte por tumor. São comuns os tumores benignos do cólon – pólipos
(crescimento excessivo de tecido) e alguns destes podem adquirir características de malignidade –
adenocarcinomas invasivos. Possui como marcadores tumorais: CEA e CA 19.9. Pode ter como
diagnóstico a pesquisa de sangue oculto nas fezes.
A patologia hepática está muitas vezes associada ao aumento da resistência hepática, ou seja, ao
aumento da resistência ao fluxo de sangue intra-hepático, muitas vezes associado ao aumento da
resistência periférica. A resistência normalmente é baixa e quando aumenta existe dificuldade na
entrada de sangue no fígado, provocando manifestações ao nível de toda a circulação.
- Causas intra-hepáticas: pode ser causada por fibrose granulomatosa difusa, associada por
exemplo à sarcoidose ou à hiperplasia nodular regenerativa. Pode também ocorrer obstrução de
vasos por parasitas, como no caso de shistosomiase.
O baço é também um local para onde é direccionada uma grande quantidade de sangue, estando
subjacente a esplenomegália. Esta esplenomegália leva a uma grande acumulação de plaquetas no
baço, levando à trombocitopénia. Se associarmos esta trombocitopénia à ruptura das varizes
esofágicas podemos perceber que à hemorragia resultante da ruptura desses vasos se sobrepõe
uma baixa capacidade de coagulação devido à trombocitopénia. Como veremos poderá existir
ainda o problema de deficiência na produção de factores de coagulação pelo fígado. Um outro
factor importante na esplenomegália é a acumulação e destruição precoce de hemácias, que pode
levar a anemia.
114
I.2 – Aumento da pressão intra-hepática
I.3 – Icterícia
É devida à lise excessiva de glóbulos vermelhos, com consequente libertação de hemoglobina, que
origina bilirrubina pela degradação dos grupos heme. As grandes quantidades de bilirrubina
ultrapassam a capacidade do fígado de a conjugar e excretar. Assim, aumenta a quantidade de
bilirrubina no sangue, principalmente da forma não conjugada, de elevada toxicidade. Este tipo de
bilirrubina não pode ser eliminado pelo rim, uma vez que o rim apenas elimina a bilirrubina
conjugada (a forma solúvel).
Caracteriza-se por incapacidade dos hepatócitos para captar ou conjugar bilirrubina, sendo a
segunda mais comum na clínica. Pode ser resultado de células hepáticas danificadas por infecção,
tumores, fármacos ou por uma falha genética resultante em ausência de enzimas conjugadoras da
bilirrubina. Pode ocorrer no recém-nascido, uma vez que nos primeiros dias de vida, o
funcionamento do fígado ainda não está a 100%.
É normalmente causada por incapacidade de drenagem de bílis do fígado. Pode ser causada por
incapacidade dos hepatócitos de libertar a bilirrubina conjugada, mas é mais frequente dever-se a
obstrução de ductos biliares. Assim, bilirrubina e sais biliares acumulam-se, primeiro no fígado e
115
depois no sangue. A passagem de sais biliares para os tecidos causa uma intensa sensação de
comichão ou prurido (sem manifestações cutâneas) por estimulação das terminações nervosas
pelos sais biliares. Como há pouca bílis a entrar no intestino, a resultante falta de urobilinogénio
resulta em fezes claras, que se tornam brancas quando a obstrução é completa. A destruição de
células dos canalículos biliares leva à libertação de fosfatase alcalina.
Como o sangue não pode ser drenado para a veia hepática para deixar o fígado pode ocorrer a
formação de novos vasos (neovascularização), ocorrendo como que um “curto-circuito”, podendo
ocorrer passagem directa do sangue das veias mesentéricas para a veia cava, por exemplo. Nesta
situação faz-se um bypass ao fígado e as várias substâncias absorvidas no aparelho gastrointestinal
chegam ao sangue, onde podem estar incluídas toxinas bacterianas, que ganham acesso ao
cérebro e podem provocar encefalopatia hepática, que por sua vez pode levar ao coma hepático
por alteração da excitabilidade das células cerebrais.
O fígado tem um papel chave no ciclo da ureia. Quando o fígado não consegue sintetizar ureia
suficiente para eliminar os grupos amina resultantes do catabolismo proteico, ocorre acumulação
de compostos de amónia no sangue. Estes compostos têm efeitos tóxicos no sistema nervoso
central e levam à encefalopatia. Pode também haver deficiências na degradação de aminoácidos
que funcionam como falsos neurotransmissores. A encefalopatia pode levar a letargia ou, em
casos mais graves, coma. Uma outra manifestação diz respeito a um cheiro intenso na expiração
dos doentes em que há degeneração hepática, o chamado fedor hepático, devido à acumulação
de produtos do catabolismo proteico.
O metabolismo de substâncias tóxicas, quando alterado, pode levar ao aumento do efeito tóxico
dessas substâncias, uma vez que os hepatócitos não conseguem eliminá-las propriamente.
Pequenas quantidades de um fármaco podem causar um efeito superior ao esperado, pelo que
deve existir regulação na administração destas substâncias.
O fígado também metaboliza hormonas esteróides. Deficiências nesta função levam ao aumento
dessas hormonas no sangue e podem levar à incapacidade de compensação pelos mecanismos de
116
feedback de regulação dessas hormonas. Nos homens, a acumulação de estrogénio pode levar à
feminização, ocorrendo atrofia testicular e ginecomastia.
A diminuição da inactivação da hormona gastrina pelo fígado pode ser responsável pelo aumento
de incidência de úlcera péptica em doentes com patologias hepáticas.
Os sais biliares são produzidos no fígado e são fundamentais à absorção de gorduras. Quando há
diminuição da sua produção, a absorção de gordura estará comprometida, o que poderá levar à
presença de gordura nas fezes, resultando em fezes volumosas, gordurosas e odorosas. Um outro
problema subjacente é a diminuição de absorção de vitaminas solúveis, como a vitamina K,
essencial para a formação de factores de coagulação e que, quando em falta, agrava os problemas
hepáticos de síntese destes factores.
117
O quadro seguinte apresenta um resumo das consequências da insuficiência hepática:
A secção anterior servirá de referência para as consequências das patologias hepáticas e biliares
que serão descritas de seguida.
II.1- Hepatite
A hepatite aguda é normalmente causada por vírus. O resultado é uma lesão moderada com áreas
esparsas de tecido necrótico e áreas de parênquima hepático em regeneração. O fígado
apresenta-se inchado e pode apresentar descoloração devida à acumulação de bílis.
Os sintomas mais frequentes são a fraqueza, náusea, anorexia, febre e icterícia, razão pela qual a
hepatite aguda é muitas vezes confundida com a gripe. O curso normal da doença envolve um
período de quatro a seis semanas de sintomas, seguido de regeneração hepática e restauro das
funções normais do fígado. Os danos hepáticos associados não são causados directamente pelo
vírus, mas sim pelo ataque imunitário destinado a destruir as células hepáticas infectadas.
Em alguns casos pode surgir a hepatite fulminante, associada a necrose hepática massiva e a uma
grande taxa de mortalidade.
A maior parte das hepatites virais são causadas por um grupo de vírus com trofismo especial para
o fígado, mas esta também pode ser causada por um vírus que afecte o fígado como consequência
de uma infecção sistémica, como o vírus de Epstein-barr ou o citomegalovírus.
- Vírus da Hepatite A: normalmente causa hepatite aguda, com danos hepáticos leves e sendo
facilmente resolvida com intervenção terapêutica. A resposta imunitária normalmente elimina o
vírus e confere imunidade para a vida.
- Vírus da Hepatite B: provoca hepatite B, geralmente mais grave que a A, com possibilidade de
evoluir para a cronicidade. Em caso de falha imunitária pode resultar em hepatite fulminante.
- Vírus da Hepatite C: com este tipo de vírus, a aquisição de imunidade é mais difícil, o que pode
resultar em infecções repetidas. Frequentemente a hepatite C poderá evoluir para a cronicidade,
estando associada a uma elevada mortalidade.
Assim, um dos possíveis tipos de diagnóstico será a pesquisa de antigénios e anticorpos associados
a estes vírus.
Grande parte dos casos de hepatite resolve-se sem complicação, mas em alguns casos a
inflamação persiste por mais de seis meses, evoluindo para a cronicidade. Muitos casos são
idiopáticos, mas há muitas vezes o desenvolvimento a partir da hepatite C, do alcoolismo ou
doenças auto-imunes. A hepatite aguda inicial tem normalmente etiologia viral ou relacionada
com químicos tóxicos.
- Hepatite crónica persistente: caracterizada por um período longo de necrose hepática limitada e
sintomas como fadiga, podendo também apresentar-se assintomática. A regeneração hepática é
normalmente capaz de substituir o parênquima danificado.
119
- Hepatite crónica activa: condição mais grave e progressiva que pode seguir-se a ataques agudos
de hepatite B e C. Como sintomas podem surgir dor abdominal, icterícia, anorexia, esplenomegália
e encefalopatia; os sistemas gastrointestinal, renal, pulmonar e o coração podem também ser
afectados.
Uma grande variedade de químicos, alguns utilizados terapeuticamente, pode ter efeitos
hepatotóxicos nefastos. A problemática reside no facto de cada indivíduo variar na
susceptibilidade a um determinado químico. Um exemplo é o acetaminofeno, cujos efeitos
hepatotóxicos se verificam em altas doses, sendo também agravados pelo consumo de álcool.
Em alguns pacientes com hepatite, nos exames laboratoriais, a ɣ-glutamil transferase apresenta-se
elevada. Esta enzima sempre foi associada ao consumo de álcool, no entanto surgem casos em
que esta se apresentava elevada em pacientes não consumidores. Existem também evidências de
que esta enzima se encontra elevada em pacientes com características do síndrome metabólico,
pelo que se começou a associar hepatite também à obesidade, dislipidémias e diabetes.
Nestes casos existia substituição de tecido hepático por grandes quantidades de tecido adiposo,
originando a esteatohepatite não alcoólica. Os mecanismos que conduzem à acumulação de
gordura estão associados à sujeição do hepatócito a hipoxia, a toxinas, a situações de desnutrição,
entre outros. Há diminuição da oxidação dos ácidos gordos e aumenta a sua esterificação a
triglicéridos, com acumulação nos hepatócitos.
II.2 – Cirrose
Esta patologia é normalmente uma evolução inespecífica para a qual convergem várias formas de
agressão hepática. O problema associado ao desenvolvimento da cirrose é devido à regeneração
hepática. No início da evolução da doença, a capacidade de regeneração ainda é considerável e
permite que a doença evolua sem sintomas. Assim, há destruição progressiva de hepatócitos até
ao ponto em que o funcionamento normal do fígado é impossibilitado. Em muitos casos ocorre
morte por outras causas antes da detecção da cirrose.
Os sinais e sintomas são variados e dependem sobretudo das duas consequências principais da
cirrose: hipertensão portal e disfunção hepática. A apresentação clínica pode reflectir os
diferentes padrões de causas que levam à cirrose. Normalmente surge icterícia, deficiências em
factores de coagulação, feminização no homem e deficiência em proteínas plasmáticas, entre
outras, como foi referido na secção inicial deste tema.
O aumento da pressão sanguínea no sistema da veia porta é resultado do fluxo restrito de sangue
no fígado cirrótico. Esta restrição do fluxo parece ser devida a uma compressão vascular e ao
aumento da carga arterial. As consequências da hipertensão portal são a formação de shunts
arteriovenosos, a hipocoagulação, hipoalbuminémia, esplenomegália, entre outras, como visto
anteriormente (consultar início do capítulo).
A maioria dos casos de cirrose envolve uma etiologia associada ao abuso de álcool. O mecanismo
fisiopatológico de danificação do fígado pelo álcool envolve a produção de níveis elevados de
metabolitos que danificam o fígado, como o acetaldeído. O álcool também leva à formação de
radicais livres e induz a activação de sistemas de enzimas que produzem substâncias tóxicas.
Ocorre também aumento de tecido adiposo no fígado, que provoca aumento do volume do órgão.
Os danos resultantes levam à infiltração de células inflamatórias, que agravam o problema ao
libertar os seus conteúdos lisossomais.
Se o consumo de álcool persistir, aos danos crónicos segue-se fibrose cirrótica e destruição
contínua do tecido hepático que pode levar à morte em cerca de cinco anos, causada por
insuficiência hepática ou ruptura de varizes esofágicas.
121
II.3 – Tumores Hepáticos
O fígado suporta o crescimento metastático de tumores, sendo que, a maior parte de tumores
hepáticos são metástases de tumores do cólon, mama, estômago e pulmão. Em fases avançadas, o
crescimento de tumores pode provocar um aumento de volume hepático acentuado. Por outro
lado, os tumores hepáticos originados no fígado são raros. Adenomas das células hepáticas e dos
ductos biliares são patologias benignas toleráveis, associadas a alguns fármacos anticoncepcionais.
O carcinoma hepatocelular ou hepatoma é uma doença maligna derivada do hepatócito que pode
estar relacionada com uma capacidade do vírus da hepatite B induzir uma transformação
neoplásica no hepatócito infectado.
As colestases, como o próprio nome indica, estão associadas à estase biliar, ou seja, à dificuldade
de movimento de bílis pelos canais biliares para o intestino. Estão normalmente associadas à
obstrução dos ductos biliares, quer por tumores, inflamação ou presença de cálculos, no entanto
podem também ocorrer em grávidas devido à pressão causada pelo feto no abdómen (o prurido é
um sintoma comum nestes casos).
III.1 – Colelitíase
Está associada à formação de cálculos nos ductos biliares, normalmente formados na vesícula
biliar. A maior parte dos cálculos é formado por colesterol ou bilirrubinato de cálcio, podendo
também existir situações com cálculos de composição mista.
122
Fig. 4 - Cálculos de Colesterol (em
cima) e de Bilirrubinato de Cálcio
(em baixo);
produção de sais biliares. Para além disto, níveis altos de colesterol irritam a mucosa da vesícula
biliar e provocam alterações de superfície que predispõem à precipitação do colesterol e a
secreção de muco que dificulta o esvaziamento biliar. Alguns factores de risco associados são a
idade, obesidade, gravidez, género (feminino), etnia, hipercolesterolémia e dietas altamente
calóricas. A diminuição de sais biliares pode estar associada a um defeito genético ou à diminuição
de reabsorção de sais biliares no intestino.
A formação de cálculos de bilirrubinato de cálcio está associada a hemólise excessiva, como ocorre
nas anemias hemolíticas. A destruição de glóbulos vermelhos leva à produção de bilirrubina em
excesso por degradação dos grupos heme. Como o fígado não tem capacidade de a processar, a
bilirrubina precipita.
Em muitos casos a colelitíase apresenta-se assintomática. A maioria dos sintomas que podem
surgir é devida à passagem dos cálculos para os canais biliares, onde obstrui a passagem de bílis.
Quando a musculatura dos ductos contrai, produz-se uma dor intensa chamada cólica biliar, que
pode irradiar para as costas e ombros e sendo acompanhada de náuseas e vómitos. Esta dor pode
ser confundida com um enfarte do miocárdio ou cólica renal, sendo de difícil diagnóstico. Pode
também ocorrer icterícia. A diminuição do fluxo de bílis pode facilitar a ascensão de bactérias à
vesícula biliar, onde podem proliferar, gerar inflamação e em casos mais graves, ruptura e
peritonite.
Podem ocorrer sintomas no fígado devido ao refluxo da bilirrubina, o que pode originar cirrose
biliar secundária.
III.1.3 - Tratamento
A remoção dos cálculos é normalmente realizada por cirurgia. Em pacientes em que esta cirurgia
se apresente como um risco, pode proceder-se à administração de ácidos biliares a longo prazo,
com intenção de dissolver os cálculos. Uma terceira alternativa é a fragmentação dos cálculos
utilizando ultra-sons.
Nestes testes, níveis anormais de substâncias derivadas da função hepática normal são tomados
como indicativos de danos no fígado.
123
IV.1.1 – Como associar os níveis de bilirrubina às diferentes patologias?
Na hepatite, tanto a BC como a BNC estão elevadas. O facto de a disfunção dos hepatócitos não
permitir a conjugação correcta de bilirrubina justifica os níveis altos de BNC. Por outro lado, os
hepatócitos tornam-se incapazes de libertar a BC que produziram, levando ao seu aumento.
A detecção de bilirrubina conjugada na urina também é importante porque o rim apenas excreta
bilirrubina quando os seus níveis no plasma são muito elevados. Aqui é importante lembrar que a
bilirrubina não conjugada é insolúvel, circulando no plasma ligada à albumina, que não é filtrada
no rim.
Quando a função hepática está diminuída, diminui a síntese proteica no fígado. Assim, é de
interesse medir a albumina sérica nos testes laboratoriais. Esta apresentar-se-á baixa na hepatite
crónica e na cirrose.
Há uma série de enzimas que são libertadas pelo fígado quando ocorre destruição do parênquima
hepático. Estas enzimas são importantes para diferenciar entre várias causas de destruição
hepática.
A enzima fosfatase alcalina (ALP) é característica principalmente dos canalículos biliares, sendo
libertada na circulação quando há destruição destes.
A ɣ-glutamil transpeptidase sempre foi associada ao consumo de álcool, embora seja também
característica de doenças metabólicas.
Parâmetros
Valores Valores de
124
observados referência Valores Valores de
Parâmetros
observados referência
Bilirrubina Bilirrubina
13.5 mg/dl 0.1- 1.2 15.5 mg/dl 0.1- 1.2
total total
Bilirrubina Bilirrubina
9.3 mg/dl <0.4 10.3 mg/dl <0.4
directa directa
ALP 349 UI/L < 270 ALP 645 UI/L < 270
Proteínas Proteínas
7.4 g/dl 6,0-8,0 7.4 g/dl 6,0-8,0
totais totais
No primeiro caso temos valores muito elevados tanto da AST como da ALT, enquanto há um
aumento menos acentuado da ALP. Isto é indicativo de uma patologia com destruição de
hepatócitos. Já no segundo caso, o aumento mais acentuado verifica-se na ALP, enquanto a ALT e
a AST apresentam aumentos menos significativos. Isto é indicativo de uma patologia biliar.
Notar também as análises características à bilirrubina que apresentam valores elevados em ambos
os casos e os valores normais de albumina, que podem indicar uma patologia ainda não muito
evoluída como a hepatite no primeiro quadro e uma colelitíase no segundo quadro.
Na patologia crónica, para além do aumento dos parâmetros já referidos, aumenta o tempo de
protrombina (primeiro marcador da patologia crónica), há hipoalbuminémia, amoniémia e
aumento de ɣ-globulinas.
125
O pâncreas endócrino é formado pelas ilhotas de Langerhans, que estão distribuídas por todo o
pâncreas e possuem células que secretam algumas hormonas, como a insulina, importantes para a
absorção, armazenamento e metabolismo dos nutrientes.
126
secretando-se uma pequena quantidade de suco. A acção das 2 hormonas permite uma secreção
de suco pancreático alcalino e rico em enzimas.
A secreção pode também ser regulada por um mecanismo reflexo, já que a acetilcolina libertada
pelo nervo vago tem a mesma função da CCK nas células acinares.
PANCREATITE AGUDA
ETIOLOGIA
Ocorre derramamento de enzimas proteolíticas activadas para fora dos ductos pancreáticos
causando destruição dos tecidos, inflamação, necrose e infecção.
Causas:
- uso abusivo de álcool – o álcool ou o seu metabolito (acetaldeído) produz um efeito tóxico
directo sobre as células acinares do pâncreas ou pode causar inflamação do esfíncter de Oddi,
levando à retenção de enzimas hidrolíticas no ducto e nos ácinos. A ausência de oligoelementos,
como o zinco ou o selénio, estão associados à lesão das células acinares.
127
- doenças das vias biliares – obstrução do ducto biliar comum (da vesícula biliar) e do ducto
pancreático comum, após um cálculo se alojar na ampola de Vater. (mais prevalentes no sexo
feminino)
- o refluxo da bílis ou do conteúdo duodenal para dentro do ducto pancreático causa lesão do
parênquima.
- procedimentos cirúrgicos próximos do pâncreas ou obstrução dos vasos sanguíneos que o
irrigam.
- hipercalcémia grave pode causar pancreatite aguda em 10% dos casos, por dois modos: 1º
precipitação no ducto pancreático do excesso de Ca 2+; 2º pode estimular a activação do
tripsinogénio do ducto pancreático.
- o choque e a hipotermia podem diminuir a perfusão sanguínea e causar degeneração celular com
libertação das enzimas pancreáticas.
- agentes infecciosos, como vírus (hepatite A, HIV, citomegalovírus, rubéola) e bactérias
(estreptococos hemolíticos, Salmonella typhi, Mycoplasma pneumoniae).
- associada à hiperlipidemia, pois os ácidos gordos libertados pela acção da lipase pancreática
causam inflamação e destruição da glândula.
Em casos raros, a pancreatite aguda pode ser familiar e seguir um padrão hereditário autossómico
dominante.
O pâncreas bífido é uma variante anatómica na qual o corpo e a cabeça do órgão são estruturas
glandulares separadas com dois sistemas ductais pancreáticos, drenado para dois sítios diferentes.
A pancreatite aguda reincidente idiopática é diagnosticada em pacientes com mais de uma
pancreatite aguda, em que não se consegue encontrar factor etiológico. Uma possibilidade será a
microlítiase biliar oculta. É demonstrada quando são encontrados cristais de colesterol
monohidratado e grânulos de bilirrubinato de cálcio em microscopia óptica. Os factores de risco
são a gravidez, emagrecimento rápido, jejum prolongado e alguns fármacos.
PATOLOGIA
As manifestações clínicas podem ser explicadas com base na lesão dos dúctulos, dos ácinos e das
ilhotas de Langerhans. Quando a lesão é limitada, há existência de edema acentuado na glândula e
infiltração de neutrófilos polimorfonucleares. Nos casos mais graves, há necrose e liquefação
intensas do pâncreas, que predispõe a formação de abcessos pancreáticos.
Observa-se um líquido seroso castanho na cavidade abdominal (ascite pancreática), que contém
sangue, glóbulos de gordura e níveis altos de amilase e outras enzimas pancreáticas. A necrose
gordurosa pode ocorrer dentro ou em redor do pâncreas.
A pancreatite aguda desenvolve-se algumas vezes em glândulas que já estavam afectadas por
pancreatite crónica (fibrose intralobular, perda do parênquima exócrino e atrofia dos lóbulos
residuais).
PATOGENIA
Uma das teorias propostas para a pancreatite alcoólica enfatiza os distúrbios da interacção
agonista-receptor na membrana das células acinares do pâncreas. O álcool aumenta a actividade
das células intrapancreáticas porque sensibiliza as células acinares aos estímulos patológicos ou
128
porque liberta CKK (colecistocinina) pelas células duodenais. A hiperestimulação das células
acinares e dos seus receptores muscarínicos simula o mecanismo de pancreatite aguda.
Outra teoria propõe que a activação dos zimogénios cause a destruição dos ácinos. Alguns
marcadores de activação dos zimogénios (péptidos de activação do tripsogénio e da
carboxipeptidase A1) são detectados no soro nas primeiras horas de evolução da pancreatite. A
catepsina B é capaz de activar o tripsogénio em tripsina. Actualmente, o evento desencadeante
principal é a auto-activação da tripsina, pois o refluxo da bílis e a obstrução causam disfunção das
células acinares e resultam na activação intracelular da tripsina pelas enzimas lisossómicas.
Os iões cálcio intracelulares são mensageiros cruciais envolvidos nos processos normais das células
acinares. Daí que diversas causas de pancreatite sejam mediadas pelos seus valores anormais.
As alterações patológicas resultam das acções das tripsinas e das outras enzimas pancreáticas
activadas no pâncreas e nos tecidos circundantes. Por sua vez, a tripsina activada estimula as pró-
enzimas da quimiotripsina, elastase e fosfolipase A2.
- a elastase digere a elastina das paredes dos vasos sanguíneos e causa lesão vascular e
hemorragia, causando pancreatite hemorrágica.
- a fosfolipase A2 forma lisolecitina, a partir da lecitina, originando destruição do pâncreas.
- a lipase pancreática libertada como consequência da destruição das células dos ácinos actua nos
tecidos adiposos, causando necrose gordurosa.
- a tripsina e a quimotripsina activam as cininas, o complemento, os factores de coagulação e a
plasmina, causando edema, inflamação, trombose e hemorragia dentro da glândula.
- activação do sistema calicreína-cinina provocação a libertação de bradicina que causam
vasodilatação, edema e inflamação.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As principais consequências clínicas são explicáveis pela destruição patológica dos ductos, ácinos e
ilhotas dos pâncreas. A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) são
bons meios de diagnóstico.
1. DOR
- dor epigástrica profunda, grave e contínua, que irradia para o dorso e flancos – deve-se ao
estiramento da cápsula do pâncreas pela distensão dos ductos e edema do parênquima.
3. FEBRE
- deve-se a destruição, inflamação e necrose dos tecidos com libertação de pirogénios endógenos
pelos leucócitos na circulação. A febre pode não indicar infecção bacteriana.
- a febre persistente de 4 ou 5 dias pode indicar ocorrência de complicações infecciosas.
4. CHOQUE
- a hipovolemia deve-se à exsudação do plasma e à hemorragia dentro do espaço retroperitonial.
- a hipotensão e choque podem ser causados pela libertação de cininas (bradocinina) na circulação
sistémica.
5. HIPERAMILASEMIA E HIPERLIPASEMIA
- elevação do nível de amilase em algumas horas; contudo, a concentração de amilase volta ao
normal em 48h a 72h.
- a amilase apresenta uma sensibilidade de 70 a 95% como indicador de pancreatite aguda.
- a hiperamilasemia pode ser causada por elevação da taxa de libertação ou redução da depuração
metabólica da amilase presente na circulação.
- o nível de lipase sérica aumenta em cerca de 72h depois do início dos sintomas. A sua
determinação pode ser um exame de diagnóstico mais esclarecedor do que a amilase sérica.
6. COAGULOPATIA
- a libertação e expressão dos factores teciduais durante a proteólise pode activar a cascata da
coagulação plasmática e causar coagulação intravascular disseminada.
7. COMPLICAÇÕES PLEUROPULMONARES
- derrames pleurais, edema pumonar e insuficiência respiratória.
130
- o derrame pleural é um exsudado com concentrações altas de proteínas, desidrogenase láctica e
amilase; pode contribuir para as atelectasias segmentares dos lobos inferiores.
- edema pulmonar devido ao efeito das enzimas proteolíticas activadas, circulantes nos capilares
pulmonares, causando a transudação do líquido para dentro dos álveolos.
8. ICTERÍCIA
- hiperbilirrubinemia deve-se ao facto da vesícula biliar estar situada sob o pâncreas inflamado
podendo causar obstrução transitória do ducto biliar comum.
- a icterícia mais grave pode estar associada à compressão do ducto biliar comum por pseudocistos
inflamatórios.
9.HIPOCALCEMIA
- o nível sérico de Ca2+ pode descer a níveis muito baixos. Ocorre entre o 3º e 10º dia de doença.
- deve-se à sua combinação com os ácidos gordos da lipólise da gordura mesentérica e
peripancreática, formando sabões.
- evidencia-se por tetania, convulsões, coma e até mesmo morte por laringospasmo.
10.ACIDOSE
- resulta da hipotensão e do choque, podendo haver destruição ou disfunção das ilhotas
pancreáticas e produção insuficiente de insulina.
11. HIPERLIPIDEMIA
- redução da libertação e da actividade da lipase lipoproteíca plasmática e endotelial.
12. HIPERGLICEMIA
- redução da secrecção de insulina pelas células das ilhotas pancreáticas, agravada pelos níveis
altos de catecolaminas e glicocorticóides.
EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO
- pacientes com pancreatite aguda recuperam-se com tratamento clínico de suporte e o pâncreas
volta ao normal, excepto em algumas áreas com fibrose.
- a gravidade da pancreatite aguda pode ser estimada por: avaliação clínica, exames bioquímicos,
análise do lavado peritonial, TC e critérios prognósticos.
PANCREATITE CRÓNICA
É um distúrbio que causa dor abdominal grave, insuficiência pancreática exócrina e endócrina e
calcificação do pâncreas. É uma inflamação prolongada do parênquima, resultando na destruição
progressiva dos ácinos, dilatação dos ductos e fibrose da glândula.
ETIOLOGIA
Na pancreatite aguda, o pâncreas encontra-se normal antes do episódio agudo e é uma alteração
reversível, enquanto que na crónica o pâncreas estava anormal antes do episódio e as alterações
são irreversíveis.
- causa principal é o alcoolismo crónico.
- outras causas: fármacos, fibrose cística, obstrução do ducto pancreático (atribuída à estenose,
cisto), causas tropicais (deficiência de proteínas ou micronutrientes, que podem diminuir a
eliminação dos radicais livres ou ingestão de substâncias tóxicas), secreção de enzimas
pancreáticas e precipitação de cálcio dentro dos ductos, idiopática (idade avançada e associada a
doenças vasculares)
PATOLOGIA
Na fase inicial, os pseudocistos estão presentes na metade dos casos e há acentuação da fibrose
perilobular. Fibrose grave, distorções dos ductos e presença de cálculos intraductais são as
anormalidades principais da pancreatite crónica. Os linfócitos T CD4 e CD8 são os subtipos
predominantes nos inflitrados inflamatórios.
Caracteriza-se por retracções fibróticas e contracção do pâncreas resultantes da fibrose e da
atrofia dos ácinos e dilatação dos ductos. Os dúctulos e ductos estão preenchidos por secreções
espessadas ou cálculos. O pâncreas pode estar rígido como pedra, em consequência da esclerose e
da calcificação. Há destruição dos ácinos, dilatação dos ductúlos, mas as ilhotas de Langerhans
estão bem preservadas.
PATOGENIA
Mecanismos relacionados com o ducto principal
- obstrução dos ductos pancreáticos, causando isquemia, necrose e inflamação das células
acinares.
132
- refluxo pancreático-biliar
- obstrução do esfíncter de Oddi
- aumento da permeabilidade dos ductos
Mecanismos relacionados com os ductos secundários
- aumento da viscosidade ou hipersecreção de proteínas
- aumento da lactoferrina, que consegue causar agregação de proteínas como a albumina, sendo
responsável pela formação dos tampões proteicos.
Mecanismos relacionados com as células acinares
- metabolitos tóxicos
- hiperactividade dos lisossomas
- hiperestimulação dos leucócitos
- fibrose induzida pelas células estreladas
FISIOPATOLOGIA
Ocorre má digestão devido a destruição dos tecidos exócrinos, provocando dificuldades na
libertação das enzimas digestivas no duodeno durante as refeições. O distúrbio da motilidade
gástrcia e a obstrução causada pela fibrose da cabeça do pâncreas também pode contribuir.
Pode causar esteatorreia associada a uma insuficiência pancreática e ainda excreção fecal dos
ácidos biliares, relacionada com os níveis baixos de bicarbonato libertado pelo pâncreas –
hipocolesterolemia. A resistência à insulina foi demonstrada como consequência da redução dos
receptores insulínicos na membrana dos hepatócitos.
Manifestações clínicas
Dor abdominal: contínua ou intermitente; irradia para a região lombar média; aliviada na posição
erecta; dilatação do sistema ductal; episódios repetidos de dor abdominal, vómitos e elevação da
amilase sérica
- pancreatite indolor: diabetes, icterícia, má digestão, má absorção ou esteatorreia.
-níveis séricos de amilase e lipase estão aumentados em alguns casos.
- as calcificações que se verificam são cálculos pancreáticos intraductais compostos por carbonato
de cálcio e litostatinas.
- a obstrução do ducto biliar comum causa icterícia grave e persistente.
- os níveis séricos de bilirrubina e da fosfatase alcalina estão elevados.
- a incapacidade de secretar suco pancreático causa má absorção de gorduras e vitaminas
lipossolúveis, com emagrecimento secundário.
INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA
133
É um síndrome de má digestão resultante das anormalidades que interferem com a actividade
eficaz das enzimas pancreáticas.
ETIOLOGIA
Causada pela pancreatite crónica ou pela fibrose cística. Pode ainda ser causada por um carcinoma
ou recessão pancreática. Pode ainda resultar de doenças que causam hipersecreção de ácido
gástrico (através da neoplasia de células das ilhotas pancreáticas, que gera um anulamento da
produção normal de bicarbonato para neutralizar o ácido que se produz em excesso).
PATOLOGIA E PATOGENIA
As taxas de degradação de cada enzima são variáveis: a actividade da lipase é perdida
rapidamente, enquanto que a da amilase e protease é perdida lentamente.
A má absorção das gorduras também se deve à diminuição de bicarbonato, pois o quimo
proveniente do estômago inibe a actividade da lipase pancreática e provocaa precipitação de sais.
FISIOPATOLOGIA
A inibição da secreção ácida do estômago pelos bloqueadores H2 e inibidores da bomba de
protões, melhora a resposta à reposição das enzimas pancreáticas, diminuindo a excreção fecal de
gorduras.
Após uma operação, o volume do suco pancreático, a secreção de bicarbonato e a quantidade de
enzimas libertadas diminuem em comparação com os níveis pré-operatórios.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Esteatorreia: fezes gordurosas, fétidas, volumosas e espumosas. Pode ser tratada havendo
dimunuição da ingestão de lípidos.
- Diarreia: pode ser causada pela acção dos ácidos gordos hidrolisados, que vão inibir a absorção
de sódio e água pelo intestino grosso.
- Hipocalcemia e hipofosfatemia: devido à deficiência de vitamina D lipossolúvel e pela ligação do
cálcio aos ácidos gordos não absorvidos.
- Deficiência de vitamina B12: causada pela diminuição da degradação dos complexos normais
desta vitamina pelas proteases pancreáticas.
- Emagrecimento: gerado devido ao catabolismo proteico. Deve-se também a diminuição da
ingestão de alimentos, à glicosúria (diabetes melito) e às sucessivas internações hospitalares.
CARCINOMA DO PÂNCREAS
É uma doença mais comum em mulheres diabéticas e nos fumadores. A pancreatite crónica
aumenta o risco de desenvolvimento de carcinoma.
Apresenta-se como um tumor infiltrativo firme que obstrui o ducto pancreático, gerando uma
inflamação da glândula. Tende a espalhar-se para os tecidos adjacentes, causar metástases e
causar dor intensa.
134
Há activação de oncogenes, inactivação de genes supressores e mutação dos genes reparadores
do DNA. A transformação maligna das células dos ductos pancreáticos humanos geralmente
resulta da desregulação da expressão de vários factores e receptores do crescimento.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dor abdominal
Anorexia
Emagrecimento
Icterícia Obstrução do ducto biliar comum
Diarreia e Vómitos
Fraqueza
Trombose da veia esplénica Complicação do cancro do corpo ou cauda do pâncreas
CID
Exames Bioquimicos Anormais
Fosfatase alcalina Amilase
LDH Antigénio Carcinoembrionário
AST 5’-Nucleotidase
Bilirrubina Albumina
Doenças da Tiróide
Maria Militão
I.1 – Fisiologia
135
Form
ação e Secreção das hormonas tiroideias
As células tiroidianas foliculares têm três funções: (1) armazenar e transportar iodo para o
colóide; (2) sintetizar tireoglobulina, uma glicoproteína composta por duas subunidades e
contendo vários resíduos de tirosina, e secretá-la no interior do colóide; (3) libertar as hormonas
tiroidianas a partir da tireoglobulina e secretá-las na circulação. O T3 e T4 são sintetizados no
interior do colóide pela ionização e condensação das moléculas de tirosina.
A secreção das hormonas da tiróide é estimulada pela hormona estimulante da tiróide (TSH,
tireotrofina), produzida pela hipófise. A secreção de TSH hipofisária é, por sua vez, estimulada
pela hormona libertadora de tireotrofina (TRH), um tripéptido secretado pelo hipotálamo.
A média dos níveis plasmáticos de TSH é de 2 Um/L (variação normal: 0,4 a 4,8 um/L).
O T4 e o T3 livres circulantes inibem a secreção de TSH pela hipófise, tanto directamente, como
indirectamente, através da regulação da biossíntese de TRH no hipotálamo.
136
As hormonas tiroideias entram nas células tanto por difusão passiva, como pelo transporte
específico através da membrana celular e do citoplasma. Dentro do citoplasma, a maior parte do
T4 é convertida em T3. Existem nos tecidos humanos pelo menos dois tipos de receptores T 3,
codificados por genes diferentes. Esses dois receptores são chamados RTh-α1 e RTh-β1. As duas
formas diferentes de receptores podem ajudar a explicar tanto as variações normais no grau de
resposta à hormona nos vários órgãos, como as anormalidades teciduais selectivas encontradas
em várias síndromes.
137
Efeitos das Hormonas Tiroideias
Primários Secundários
Função muscular
Actividade gastrointestinal
Funções reprodutoras
III – Hipertiroidismo
Etiol
ogia
Outros
Pato
genia
Seja qual for a causa de hipertiroidismo, os níveis séricos de hormonas tiroideias estão
elevados.
139
O hipertiroidismo resultante da doença de Graves é caracterizado pela supressão do nível
sérico de TSH. No entanto, os níveis de TSH também podem ser suprimidos em algumas doenças
psiquiátricas agudas e outras doenças não-tiroidianas. Nos raros adenomas hipofisários secretores
de TSH (hipertiroidismo secundário) e na doença hipotalâmica com produção escessiva de TRH
(hipertiroidismo terciário), o hipertiroidismo está acompanhado por um TSH plasmático elevado.
As captações de iodo radioactivo da glândula tiróide estão aumentadas quando a glândula
produz um excesso de hormona.
Manifestações Clínicas
- Pele quente e húmida;
- Emagrecimento e fraqueza muscular;
- Palpitações, taquicardia e fibrilhação auricular (ocasional);
- Diarreia;
- Ansiedade e hiperactividade (tremores ocasionais), insónias;
- Osteoporose e hipercalcémia;
- Hiperglicémia e hipocolesterolémia.
Formas de Hipertiroidismo
- Doença de Graves ou de von Basedow;
- Bócio tóxico multinodular;
- Tireotoxicose induzida pelo iodo (amiodarona);
- Tumor trofoblástico (mola hidatiforme, coriocarcinoma do útero ou testículo);
- Aumento da produção de TSH (hipertiroidismo secundário);
- Subclínico.
Patol
ogia
A doença de Graves é a causa mais comum de hipertiroidismo. É mais comum na mulher,
na terceira e quarta década de vida. Os sinais e sintomas aparecem gradualmente e não é
obrigatório estarem todos presentes. Nesta condição, a glândula tiróide é simetricamente
aumentada e a sua vascularização marcadamente elevada. Microscopicamente, as células
epiteliais foliculares são de aparência colunar e aumentadas em número e tamanho. Os folículos
são pequenos e compactamente agrupados. O colóide é escasso; as bordas têm aparência
recortada em consequência da rápida proteólise da tireoglobulina. O interstício da glândula está
difusamente infiltrado por linfócitos e pode conter folículos linfóides com centros germinativos.
140
Normal Graves
Pato
genia
O soro de mais de 90% dos doentes com doença de Graves contém Ac TSH-R, um anticorpo
direccionado contra o local de recepção do TSH, na membrana do epitélio folicular da tiróide. Esse
anticorpo foi primeiramente chamado de estimulador tiroidiano de acção longa ou
imunoglobulina estimulante da tiróide. Quando se liga aos receptores de TSH na membrana
celular, o Ac TSH-R estimula a síntese e a secreção hormonais, de forma semelhante ao TSH. Os
níveis séricos de TSH-R correlacionam-se fracamente com a gravidade da doença, no entanto a sua
presença é útil para o diagnóstico da doença. Após o tratamento farmacológico antitiroidiano,
aproximadamente 30 a 50% dos doentes reincidem.
A formação de Ac TSH-R em doentes com doença de Graves é ainda desconhecida, no
entanto sabe-se que esta é uma doença familiar.
Os doentes com hipertiroidismo da
doença de Graves podem posteriormente
desenvolver hipotiroidismo por um dos
seguintes mecanismo: (1) ablação
tiroidiana por cirurgia ou tratamento com
iodo radioactivo I131; (2) tiroidite auto-
imune, levando à destruição da tiróide; (3)
desenvolvimento de anticorpos que
bloqueiam a estimulação do TSH.
Feedback Normal Doença de Graves
Diag
nóstico Laboratorial
- TSH suprimido (<0,1 Um/L);
- TRabs positivos (importante na grávida e na avaliação da resposta aos fármacos antitiroideus);
- T4 e T3 totais e livres aumentados.
IV – Hipotiroidismo
Etiol
ogia
A causa mais comum de hipotiroidismo é a tiroidite de Hashimoto, a qual resulta da
destruição auto-imune da tiróide, embora a causa precipitante e o mecanismo exacto da auto-
141
imunidade e da destruição subsequente sejam desconhecidos. O hipotiroidismo também pode ser
causado pela tiroidite linfocítica, após um período transitório de hipertiroidismo. A ablação
tiroidiana, seja pela recessão cirúrgica ou pela radiação terapêutica, comummente resulta em
hipotiroidismo.
O hipotiroidismo congénito ocorre aproximadamente em 1 entre 4000 nascimento, sendo
que as meninas são afectadas com uma frequência duas vezes maior que os meninos.
Cerca de 15% dos casos são hereditários. As suas causas mais comuns são os erros inatos da
síntese de tiroxina (T4).
O hipotiroidismo central, caracterizado pela secreção insuficiente de TSH na presença de
baixos níveis de hormonas tiroidianas, é uma doença rara. É causado pelas doenças da hipófise ou
do hipotálamo que resultam na diminuição da secreção de TSH. O hipotiroidismo hipofisário
(“secundário”) é caracterizado por um número diminuído de tireotrofos funcionantes na hipófise,
sendo responsável por uma diminuição quantitativa da secreção de TSH. O hipotiroidismo
hipotalâmico (“terciário”) é caracterizado pelas concentrações normais de TSH ou, algumas vezes,
aumentadas, porém com anormalidades qualitativas do TSH secretado. Essas anormalidades
causam uma falha na actividade biológica do TSH circulante incapacitando-o de se ligar aos seus
receptores.
Origem do Hipotiroidismo
Primário Tiroidite de Hashimoto
Após ablação da Tiroide
Deficiência endémica de iodo
Secundário Disfunção da hipófise
Tratamento com fármacos
Transitório Pós-parto (5-10%)
Tiroidite subaguda ou silenciosa
Pato
genia
O hipotiroidismo é caracterizado pelos níveis anormalmente baixos de T4 e T3. Os níveis de
tiroxina livres estão sempre diminuídos. O nível sérico de TSH está elevado. A medição do nível de
TSH é o teste mais sensível para o hipotiroidismo inicial.
Manifestações Clínicas
- Fraqueza muscular (99%) e pele seca (95%);
- Apatia (91%);
- Edema das pálpebras (90%);
- Intolerância ao frio (83%);
- Diminuição da memória (66%);
- Obstipação (61%);
- Aumento de peso (59%);
- Queda do cabelo (57%);
142
- Edema generalizado (55%).
Diagnóstico Laboratorial
- TSH aumentado (> 20 um/L no Hashimoto);
- T4 e T3 totais e livres diminuídos;
- Ac anti-tireoglobulina e anti-microssomais (Hashimoto);
- Colesterol e Triglicéridos aumentados;
- Anemia macrocítica.
Patol
ogia
Normal Hashimoto
Pato
genia
A patogenia da Tiroidite de Hashimoto é ainda desconhecida. É possível que um defeito nos
linfócitos T supressores permitam aos linfócitos T auxiliares interagir com antigénios específicos
nas membranas celulares das células foliculares da tiróide. Uma vez que esses linfócitos se tornam
sensíveis aos antigénios tiroidianos, são formados auto-anticorpos que reagem com esses
antigénios. Então, a libertação de citocinas e a inflamação causam a destruição glandular. Os auto-
anticorpos mais importantes na tiroidite de Hashimoto são o anticorpo antitireoglobulina, o
anticorpo antiperoxidase tiroidiana e o anticorpo bloqueador do receptor de TSH.
Doentes com tiroidite de Hashimoto têm com frequência aumentado o antigénio de
histocompatibilidade HLA-DR5.
V – Bócio
Etiol
ogia
143
Causas Mecanismos Patogénicos
Bócio associado ao hipotiroidismo ou eutiroidismo
Deficiência de Iodo Interfere com a biossíntese hormonal
Iodo excessivo Bloqueia a secreção de hormona
Agentes geradores de bócio na dieta ou Interfere com a biossíntese hormona
Na água potável
Medicação geradora de bócio Interfere com a biossíntese de hormona
Tioamidas; Tiocianatos; derivados da
Anilina
Lítio Bloqueia a secreção de hormona
Distúrbios Congénitos Vários defeitos na biossintese hormonal
Transporte de iodo deficiente;
Organificação de iodo deficiente devido à
ausência ou redução da peroxidase
Síntese de Tireoglobulina anormal
Interrelação anormal da iodotirosina
Diminuição da proteólise de tireoglobulina
Deficiência da deiodinação da iodotirosina
Resistência hipofisária e periférica à Defeitos dos receptores (?)
Hormona tiroideia
Bócio associado ao hipertiroidismo
Doença de Graves Estimulação da glândula pelo Ac TSH-R
Bócio tóxico multinodular Hiperfunção autónoma
Tumor das células germinativas Estimulação da glândula pela GCh
Adenoma hipofisário Superprodução de TSH
Tiroidite Aumento devido à lesão, infiltração e
edema
Patogenia e Patologia
No bócio resultante da diminuição da síntese de hormonas tiroideias, existe uma queda
progressiva de T4 sérico e um aumento progressivo no TSH sérico. À medida que o TSH aumenta, o
turnover do iodo pela glândula é acelerado e a taxa da secreção de T 3 em relação à secreção de T4
fica aumentada. Consequentemente, o T3 sérico pode estar normal ou aumentado e o paciente
pode permanecer clinicamente eutiroideio.
Caso haja uma diminuição mais acentuada da síntese hormonal, a formação de bócio associa-
se ao T4 e T3 baixo e ao TSH elevado, e os doentes tornam-se hipotiroideio.
Nos primeiros estágios de bócio, existe um aumento difuso da glândula, com hiperplasia
celular causada pela estimulação do TSH. Mais tarde, existem folículos aumentados, associados a
células epiteliais foliculares achatadas e acumulação de tireoglobulina. Essa acumulação ocorre
particularmente no bócio por deficiência de iodo, talvez porque a tireoglobulina escassamente
iodinizada seja menos facilmente digerida pelas proteases.
VI – Tiroidite Subaguda
144
Ocorre uma inflamação da tiróide de etiologia viral, após infecção respiratória. Verifica-se um
aumento, com dor, da dimensão da glândula, febre, fraqueza muscular e velocidade de
sedimentação elevada. Caracterizada por um Eutiroidismo ou Hipertiroidismo transitório.
Recuperação após 3 meses.
Catarina Gonçalves
I – Introdução
A hipofise ou glândula pituitária é como o próprio nome indica uma glândula que
secreta várias hormonas no nosso organismo.
145
Hipófise Posterior – Neurohipófise
- Ocitocina
- Vasopressina ou ADH
II – Tumores da Adenohipófise
146
adenohipofise
Tumores Funcionantes
- ACTH (10%)
1. Hiperprolactinémia
O diagnóstico desta doença deve ser feito com precaução visto a toma de farmacos
antidopaminérgicos e o hipotiroidismo (aumento da TRH) levarem ao aumento da
produção de prolactina.
Assintomática no homem
147
A nível de diagnóstico, a presença de um tumor na adenohipofise leva a uma
produção hormonal contínua, em vez da produção pulsátil caracteristica da hipofise,
justificando assim que os niveis de hormona estejam sempre altos e na mesmo ordem
de grandeza.
2. Hiperprodução GH
Acromegália Adulto –
Sudação
148
3. Hiperprodução de ACTH
Panhipopituitarismo
149
Tal como nos tumores da adenohipofise também os tumores na hipófise posterior
podem diminuir ou aumentar a produção hormonal da glândula.
Hipoprodução ADH
150
Hiperprodução ADH
Existem no entanto outras situações que levam ao aumento da produção de ADH por
mecanismos de feedback, tais como:
Hiperosmolaridade do sangue
Diminuição da pressão sanguinea
Hipovolémia
Hipoglicémia aguda
Hipóxia aguda
Hipercápnia aguda
Quadro Resumo
151
Adenohipofise Neurohipofise
Hiperprolactinémia
-Perturbações menstruais
-Galactorreia
-Assintomática no homem
- Hiponatrémia
Hiperprodução GH
Hiperprodução -Intoxicação pela água:
-Hiperglicémia
Hipertensão
-Gigantismo
-Acromegália
Hiperprodução de ACTH
-Doença Cushing
-Sensibilidade ao stress
-Poliúria
Hipoprodução -Hipopituarismo
-Desidratação
-Diminuição da visão
152
Fig 1- Representação do córtex e
medula supra-renal ; regulação e
produção hormonal
I-II Glicorticóides
A secreção do ACTH ocorre em grandes quantidades ao longo de todo o dia, sob a forma
intermitente depois de um ritmo diurno com picos de secreção mais comum nas primeiras horas
da manhã e menos frequente ao anoitecer. Em condições normais, o nível máximo de cortisol
plasmático ocorre entre 6 e 8 h; nível mínimo em torno das 12. Os doentes com insuficiência
supra-renal sujeitos a glucorticóides (como medicação), apresentam secreção diurna de ACTH.
Pelo contrário, esta, está inibida no síndrome de Cushing. O ritmo diurno é influenciado por vários
153
factores tais como: alterações do sono, alimentares,exposição à luz ,escuridão, stress, entre
outros.
Resposta ao stress
As secreções do ACTH e cortisol plasmático são estimuladas por: stress emocional, lesões físicas ou
distúrbios fisológicos. Todos estes factores promovem a libertação de CRH pelo hipotálamo que
assim estimula a secreção de ACTH pela hipófise, o que provoca um aumento transitório da
secreção de cortisol. Em caso de stress prolongado, poderá haver a supressão do ritmo diurno
normal da secreção de ACTH e cortisol.
Retroalimentação Negativa
A secreção do ACTH é inibida por elevados níveis de cortisol livre, inibição essa que ocorre ao nível
quer do hipotálamo – que libertaria CRH, quer da hipófise anterior- que libertaria ACTH. Esta,
aquando presente em baixos níveis plasmáticos faz diminuir os níveis de cortisol pelo córtex
supra-renal. Por outro lado, a redução do nível plasmático de cortisol estimula a secreção de
ACTH. Numa situação de insuficiência supra-renal crónica, esta hormona é altamente secretada. A
secreção de ACTH é também inibida por tratamento com corticóides exógenos. Quando este
tratamento é interrompido , a glândula fica atrofiada, não conseguindo responder a estímulos,
podendo desenvolver insuficiência supra-renal aguda. Esta situação pode ser evitável por uma
redução lenta e progressiva da dose do fármaco.
- Activa a adenilcilase;
- Altos níveis de ACTH provocam hiperplasia e hipertrofia das zonas fasciculadas e reticular;
I.III – Mineralocorticóides
Aparelho
justaglomerular
154
renina
angiotensinogénio
Aumento da P.
arterial média
renal, redução da
actividade dos
nervos renais
angiotensina I
aldosterona
Redução da
Córtex supra-renal
excreção de Na+ e
água
Regulação pelo ACTH
O ACTH também estimula a secreção dos mineralocorticóides, sendo necessário mais ACTH para a
estimulação destes do que para os glicocorticóides. No entanto ,a hormona em questão tem um
efeito transitório sobre a aldosterona, na medida em que mesmo se a secreção de ACTH
permanecer elevada a produção de aldosterona voltaria ao valor normal dentro de 48 h.
Os mineralocorticóides actuam ao nível dos rins, intestini grosso, duodeno bem como glândulas
salivares e sudoríparas.A aldosterona vai estimular a troca de Na+ pelo K+ e H+ , causando a
retenção de Na+ e diurese de K+, bem como aumentar a acidez de urina. Em outros tecidos,
aumenta a reabsorção de Na+. Os mineralocorticóides ao nível dos músculos e das células
cerebrais , aumentam o K+ e reduzem o Na+.
Síndrome de Cushing
155
administração prolongada de glucocorticóides. Ocorre geralmente entre os 20 e 40 anos, sendo
mais comum em mulheres.
A causa mais comum deste síndrome tem por base a secreção excessiva de ACTH pela
adenohipófise.
Diagnóstico do Síndrome:
1) Confirmar a hipercortisolémia;
2) Dosear o ACTH;
Doença de Addison
Esta doença é caracterizada por uma destruição /atrofia do córtex adrenal. Manifesta-se
clinicamente quando 90% do córtex adrenal está distruído, daí ser díficil o seu diagnóstico.
Inicialmente, manifesta-se por uma inadequada produção de cortisol em resposta ao stress. Em
25% dos casos, as crises adrenais ocorrem de forma eminente ou no momento do diagnóstico.
Apresenta os seguintes sintomas: anorexia, astenia, perda de peso, alterações gastro-intestinais,
avidez( necessidade) de sal, redução da líbido. Tendo como sinais: Hipotensão, hipo e
hiperglicémia, hiponatrémia, redução da pilosidade(mulher), hiperpigmentação(92-94% dos
casos).
156
Hiperplasia adrenal congénita
Esta deficiência constitui 90% dos casos. É detectável a partir do teste do pezinho. Esta
deficiência traduz-se em duas formas: Clássica - com perda de sal( desidratação entre o 3º e
10º dia) e sem perda e Tardia – puberdade precoce, irregularidade menstrual, anovulação,
esterilidade. Traduz-se também num aumento de cortisol e androgénios e diminuição de
aldosterona.
Diagnóstico laboratorial:
-A destruição progressiva do córtex supra-renal causa inicialmente redução das suas reservas de
glicocorticóides. A secreção basal destas hormonas permanece normal mas não aumenta em
resposta ao stress e às intervenções cirúrgicas, sendo que traumatismos ou infecções podem
desencadear uma crise supra-renal aguda. Com a perda adicional dos tecidos corticais , mesmo as
secreções basais dos glicocorticóides e mineralocorticóides revelam-se insuficientes e o doente
revela manifestações clínicas da insuficiência supra-renal crónica. A redução do cortisol plasmático
vai diminuir a inibição de ACTH(por retrocontrolo), aumentando a concentração desta.
158
Insuficiência supra-renal primária:
- Hipercaliémia;
Diagnóstico :
O nível plasmático do cortisol está baixo, as glândulas supra-renais não conseguem responder
normalmente à estimulação pelo ACTH. Portanto, o teste a fazer é o doseamento do cortisol. Os
indivíduos normais têm concentrações normais de cortisol plasmático às 8 h. Os doentes de
Addison têm cortisol plasmático baixo pela manhã e não aumentam praticamente o nível da
hormona depois de cosintropina.
159
Patologias dos Aparelhos Reprodutores Feminino e
Masculino
Lídia Franco e Maria Inês Leitão
Insuficiência ovárica
Causas:
- Disgenesia gonodal: alteração do funcionamento dos ovários por formação das gónadas
femininas incompleta/anormal. Geralmente ocorre desenvolvimento anormal destes órgãos na
puberdade. Ausência de folículos primordiais (cariótipo XO).
- Falência ovárica precoce (menopausa precoce, antes dos 40 anos): ausência de resposta às
gonadotrofinas, deixando os ovários de desenvolver folículos. Ocorre atresia folicular acelerada.
-Síndrome do ovário resistente: Os folículos primordiais não se desenvolvem por resistência à FSH.
160
eixo hipotalâmico-hipofisário. Sinais/ sintomas associados a esta condição: perda de peso corporal
(~ 15/20% abaixo do normal); FSH e LH baixos; TSH e T4 normais; T3 baixa e T3r aumentada (sinais
de hipotiroidismo); cortisol aumentado (situação de stress).
A insuficiência ovárica pode ser também adquirida por incidência de radiações (ex. raio X provoca
a morte de células germinativas), agentes químicos, infecções ováricas, síndromes autoimunes
com produção de Ac anti-ovário, sendo que estes podem ser oriundos de síndromes autoimunes
pluriglandulares (tiróide ou glândula adrenal).
Amenorreia
Causas:
- distúrbios uterinos: a fibrose e lesão das células-tronco a partir das quais o endométrio prolifera,
conduz à amenorreia. Surge na endometriose após curettage (raspagem do endométrio) ou por
sangramento funcional ou pós-parto. Por outro lado, a formação de aderências dentro do útero
(síndrome de Asherman) também conduz à amenorreia. Para avaliar a integridade funcional do
endométrio, se após interrupção da terapia hormonal de estrogénios e progesterona houver
sangramento o mesmo está intacto, o que sugere a existência de um defeito endócrino que causa
falta ou défice de estimulação cíclica destas hormonas.
- insuficiência ovariana: se a causa desta insuficência for primária, ocorre perda prematura de
todos os folículos devido a distúrbios genéticos, doenças autoimunes (ooforite linfocitária) ou
agressões exógenas como quimioterapia, toxinas ou radiação. Em síndromes pouco
compreendidas, os ovários com folículos são resistentes à estimulação da gonadotrofina. Se a
causa for secundária, pode resultar de falta de estimulação dos ovários por gonadotrofinas,
originando falta de produção de estrogénio e progesterona, necessários para os ciclos menstruais.
-distúrbios do hipotálamo: várias vias centrais actuam sobre a porção médio-basal do hipotálamo,
inclusivamente o núcleo arqueado, onde se originam os pulsos de GnRH. Medicamentos e drogas
ilícitas que afectam os neurotransmissores usados nessas vias (opiáceos, dopamina e
norepinefrina) também podem afectar a secreção de GnRH. Torna-se assim relevante uma
anamnese (história clínica) detalhada sobre o uso de medicamentos na investigação das causas de
amenorreia. É também importante fazer uma análise sobre padrões comportamentais ou
mudanças de vida recentes uma vez que o stress psíquico pode levar à alteração da secreção de
GnRH e, consequentemente, a amenorreia que pode durar até 1 ano. Em mulheres atletas e com
anorexia nervosa, o exercício físico intenso e perda de peso excessiva conduz também à alteração
dos pulsos de GnRH.
Complicações:
Anovulação
Causas:
A avaliação das alterações do ciclo menstrual não devem iniciar-se antes de terem passado 5 a 6
anos após o início da menarca.
Os folículos quísticos do ovário são tão comuns que praticamente são considerados fisiológicos.
Têm origem em folículos de Graaf que não degeneraram ou em folículos que sofreram ovulação,
mas que imediatamente se fecharam, formando quistos de corpo lúteo. Deste modo, trata-se de
folículos que deveriam sofrer atresia, contudo e por oposição, ficaram cheios de líquido,
enquistaram e adquiriram tecido fibroso. Geralmente são quistos múltiplos que podem atingir até
163
2 cm de diâmetro ou 8 cm em casos extremos, estando preenchidos com líquido claro e seroso e
revestidos por uma membrana cinza brilhante. Quistos da granulosa estão normalmente
presentes. Os quistos de menor tamanho podem não apresentar sintomas, mas o seu aumento
pode causar desconforto abdominal e dor pélvica. A sua presença manifesta-se por ciclos
anovulatórios e irregularidades no fluxo menstrual, relacionadas com a secreção de estrogénio e
progesterona ou apenas estrogénio ao nível dos quistos. Os quistos podem desaparecer
espontaneamente ou podem sofrer ruptura, libertando o seu conteúdo com sangue para o
exterior e causando, por consequência, irritação aguda e dores abdominais. Os maiores podem ser
diagnosticados por palpação ou ultra-sonografia.
A síndrome dos ovários poliquísticos (POS) foi descrita pela primeira vez em
1935 por Stein e Leventhal na Rush University em Chicago, Estados Unidos. É
também conhecida como síndrome de Stein-Leventhal. É uma das causas
principais de infertilidade.
Patogénese:
Pressupõem-se que a base patogénica da síndrome está numa insuficiência enzimática, que
conduz à secreção exagerada de androgénios pelos ovários e pela glândula adrenal perto da
menarca (início da menstruação), sendo estes convertidos em estrogénios no tecido adiposo. Os
elevados níveis de estrogénios resultantes têm um efeito estimulador sobre o hipotálamo que
começa a excretar níveis elevados de GnRH a qual estimula, por sua vez, o aumento da secreção
de LH pela pituitária anterior. Os níveis em excesso de LH induzem um aumento da secreção de
hormonas pelos ovários, incluindo androgénios que, ao serem convertidos em estrogénios,
estabelecem um ciclo de feedback positivo que se autoperpetua, sendo esta retroalimentação
exagerada.
Nesta síndrome, os níveis de LH são mantidos constantemente elevados por oposição à situação
normal em que um aumento de estrogénios estimula a secreção de um pico de LH responsável
pela ovulação; neste caso isso deixa de acontecer. Os níveis elevados de estrogénios estimulam a
hipófise anterior a aumentar a produção de LH e exercem inibição sobre a mesma, suprimindo a
libertação de FSH. Nestas circunstâncias, deixa de haver o desenvolvimento normal da fase
folicular nos ovários resultando amenorreia, ciclos anovulatórios e infertilidade. A ausência de
ovulação resulta em níveis elevados de estrogénios e insuficientes de progesterona, resultando
num espessamento do endométrio e sangramento intenso e/ou irregular. A LH, por seu turno,
estimula, na segunda fase do ciclo, a produção de hormonas (progestagénios, progesterona,
164
hormonas sexuais masculinas) pelas células luteínicas da teca de cada folículo. Ocorre produção
excessiva de androgénios pelas células da teca que sofrem só em parte aromatização.
A associação comum entre obesidade e a síndrome, pensa-se estar relacionada com a capacidade
do tecido adiposo converter androgénios em estrogénios, uma vez que apenas a obesidade não
está relacionada com a produção de níveis de estrogénios suficientes para iniciar o ciclo já
referido. Assim, na presença de excesso de androgénios, a obesidade pode contribuir para o
agravamento do ciclo. Por outro lado, a resistência à insulina associada à obesidade tendo como
consequência hiperinsulinémia (devido à secreção exagerada de insulina) que promove, directa ou
indirectamente, a secreção de androgénios (devido à produção extraglandular de estrogénios,
convertidos em androgénios) bem como diminuição da produção hepática de proteínas que
transportam as hormonas sexuais (SHBG) e também diminuição da produção de proteína-1 de
ligação ao factor de crescimento semelhante à insulina IGFBP-1 (produzido no fígado pela acção da
insulina). Os níveis reduzidos das proteínas de ligação resultam num aumento de androgénios e
estrogénios livres e de IGF-1. O IGF-1 e os níveis elevados de insulina estimulam o receptor de IGF-
1, levando à elevação da produção de estrogénios pela teca, em resposta ao LH, contribuindo para
o estado de excesso de androgénios no sangue. Os androgénios elevados favorecem a atresia dos
folículos em desenvolvimento e desintegram as relações de retroalimentação que resultam,
normalmente, na selecção de um folículo dominante para a ovulação. A resultante anovulação
está associada à amenorreia e à hiperplasia do endométrio, induzida por estrogénios, havendo
sangramento. Os androgénios são responsáveis pelo hisurtismo.
Manifestações clínicas:
165
Diagnóstico:
-exame pélvico - em que o médico observará por palpação um aumento do tamanho dos ovários.
Exames clínicos:
-ultrasonografia - utiliza-se para ver o funcionamento dos órgãos internos e avaliar o fluxo
sanguíneo através de diversos vasos. Permite também determinar se há aumento dos ovários e
presença de folículos à periferia. A ausência da visualização ecográfica de folículos não exclui
contudo o diagnóstico da síndrome de ovários poliquísticos;
- laparoscopia;
- biópsia;
-ressonância magnética.
Análises clínicas:
A doença inflamatória pélvica atinge diversas estruturas, nomeadamente: vagina, útero, trompas
bem como o peritoneu. Surge devido a uma infecção com origem na vagina que ascende através
do útero e trompas de Falópio até aos ovários, expandindo-se de seguida aos ligamentos largos,
superfícies peritoneais e vários outros órgãos abdominais (periapendicite, perigastrite,
perihepatite).
É uma doença comum na mulher jovem, sexualmente activa, devido a infecções por
microorganismos sexualmente transmissíveis: Neisseria Gonorrhoeae (apenas presente no interior
das células, pelo que o despite deste organismo é feito por raspagem), Clamydia Trachomatis
Mycoplasma e Treponema pallidum. Estes microrganismos têm elevada virulência pelo que a
exposição aos mesmos está associada a uma alta taxa de infecção. Posteriormente, vários outros
166
microrganismos vaginais e cervicais podem estar envolvidos na infecção como consequência do
desequílibrio resultante da presença dos primeiros, que ao alterarem as condições iniciais do
hospedeiro que naturalmente limitam o seu crescimento, ao invés, favorecem-no. Outras causas
possíveis resultam da manipulação do dispositivo anticontraceptivo intra-uterino (DIU) e
intervenções cirúrgicas: secção por cesariana (parto cirúrgico através das paredes uterinas e
abdominais) bem como dilatação e curettage (dilatação do cérvix com introdução de um
instrumento ou aplicação de sucção para efeitos de aborto, remoção de pólipos e placenta retida
após o parto). Por estes factos, esta doença limita-se a mulheres sexualmente activas. As mulheres
jovens e nulíparas (que nunca tiveram filhos) são mais vulneráveis, constituindo um grupo de risco
pois possuem uma camada epitelial delgada e menos rica em secreções ácidas comparando com
as mulheres mais velhas. Raramente, a doença é precipitada por infecções localizadas em órgãos
adjacentes (ex. apêndice ou cólon) ou por via hematogénica como resultado de focos de infecção
distantes.
Patogénese:
Manifestações clínicas:
- disúria (dor ao urinar) e diurese frequente associada a uretrite e cistite (inflamação na bexiga);
- dor abdominal e pélvica. Inicialmente a dor abdominal com envolvimento das trompas é
desconfortável podendo a sua intensidade aumentar e tornar-se severa dependendo dos
microorganismos e órgãos envolvidos. Pode ser confundida com outras situações: apendicite
aguda, gravidez ectópica, endometriose, tumor ovárico.
- febre;
- leucocitose;
167
- cultura endocervical positiva.
Diagnóstico:
Tratamento:
- antibióticos (pode ser mais que um devido á multiplicidade dos microorganismos envolvidos) são
importantes de forma a limitar o dano a estruturas reprodutivas sensíveis.
- obstrucção das trompas de Falópio devido ao seu estreitamento resultante da cicatrização pós
inflamação e formação de adesões entre as trompas, ovários e superfícies de órgãos adjacentes,
com consequente infertilidade pois ocorre bloqueio à passagem de espermatozóides para a parte
distal das trompas (local de fertilização) e possibilidade de gravidez ectópica devido ao bloqueio
da passagem do embrião para o útero, podendo ocorrer implantação na mucosa da trompa com
risco de ocorrer ruptura.
- dor crónica abdominal devido às adesões formadas no abdómen interferirem com a motilidade
intestinal na medida em que restringem a deslocação dos órgãos como resposta aos movimentos
do intestino.
Endometriose
Esta doença afecta cerca de 7% das mulheres, caracterizando-se pelo depósito de tecido
endometrial em locais exteriores ao útero (cavidade abdominal, ossos, pulmão, etc). Estes
fragmentos de tecido são expelidos pelo infundíbulo da trompa para a cavidade pélvica, onde se
estabelecem. A taxa de endometriose nos ovários é cerca de 80% dada a proximidade estrutural.
Por outro lado, as células endometriais podem ter acesso a vasos linfáticos e sanguíneos (veias),
através dos quais são transportadas para nódulos linfáticos regionais ou locais mais distantes (ex.
pulmões e ossos). Seja qual for a sua localização, este tecido endometrial está sujeito a mudanças
induzidas pelos ciclos endócrinos o que significa que prolifera sob a influência de níveis de
estrogénios e progesterona elevados e sofre necrose e sangramento quando estes níveis
declinam, podendo originar irritação peritoneal e dor durante a menstruação (dismenorreia). Após
a hemorragia, a organização do sangue coagulado poderá produzir adesões entre superfícies de
órgãos afectados e paredes pélvicas, causando dor pela restrição de movimento normal das
vísceras durante exercício físico, defecação e diurese.
A endometriose pode causar infertilidade devido à ruptura da superfície ovárica e obstrução das
trompas de Falópio. Em alguns casos, formam-se quistos com sangue coagulado nos ovários.
168
O tratamento consiste em anticoncepcionais e intervenção cirúrgica. As mulheres com esta
patologia melhoram muito quando conseguem engravidar, pois durante essa fase há diminuição
dessas alterações.
Carcinoma cervical
O cérvix corresponde ao terço inferior do útero. A porção que se projecta na vagina proximal é o
exocérvix enquanto que a região adjacente ao corpo do útero designa-se por endocérvix. O
exocérvix está protegido por uma camada epitelial escamosa e estratificada sob a qual existe uma
camada de células de reserva que substitui as células que descamam da superfície. O endocérvix é,
por seu turno, revestido por uma simples camada epitelial colunar. É sobretudo na zona de
transição entre o endocérvix e o exocérvix que se desenvolve o carcinoma cervical.
Diagnóstico/rastreio:
O teste de Papanicolau, através da recolha de uma amostra de epitélio cervical e sua análise,
permite avaliar o estadio do epitélio no contexto das progressivas mudanças que antecedem a
invasão. Este teste é recomendado anualmente a partir dos 18 anos ou no inicio da actividade
169
sexual, como prevenção assim como a vacinação para o Papiloma Vírus Humano (HPV) pois
associa-se a infecção (genótipos 16 e 18) ao desenvolvimento de neoplasia. Em situações de
citologia anormal, é necessário confirmar o diagnóstico. Até à fase de carcinoma in situ é
assintomático.
Manifestações clínicas:
- sangramento anormal;
- invasão das paredes junto ao recto e bexiga que levam à formação de fístulas entre estas
estruturas e o útero.
Tratamento:
A detecção precoce está associada ao sucesso pois quando a neoplasia está restrita ao epitélio a
sua remoção e destruição é simples. Em estadios mais avançados, pode ser necessário recorrer a
histerectomia (remoção cirúrgica do útero), excisão do tumor invasor e radioterapia.
Tumores do miométrio
Os tumores do miométrio têm essencialmente duas formas, leiomiosarcoma (forma maligna rara)
e leiomioma (forma benigna comum). O seu desenvolvimento é influenciado pelos estrogéneos e
progesterona, ie, durante a fase reprodutiva, pelo que aumentam de tamanho durante a gravidez
e regridem na menopausa.
Leiomioma: Tumor benigno originado a partir do tecido muscular liso do útero, sendo também
conhecido por fibróide. Atinge 1 em cada 4 mulheres acima dos 30 anos, sendo menos comum na
raça negra. A sua causa é desconhecida embora disfunções cromossómicas possam desempenhar
algum papel. Os leiomiomas variam muito em tamanho, desde formas pequenas a grandes,
esféricas ou massas sem cápsula com mais de 25 cm de diâmetro. Por vezes projectam-se na
cavidade intra-uterina. Dependendo da sua localização, tamanho e quantidade, podem ser
assintomáticos, mesmo quando volumosos, ou produzir uma variedade de padrões de sinais e
sintomas associados às estruturas pélvicas comprimidas.
Manisfestações clínicas:
- períodos menstruais prolongados com fluxo aumentado, sangramento fora do normal, algumas
vezes com coágulos, podendo levar à anemia nos leiomiomas submucosos;
170
- dor abdominal e/ou durante o acto sexual (dispareunia;
- nas mulheres grávidas, os miomas aumentam a frequência de aborto espontâneo assim que se
inicia o desenvolvimento do feto, inércia uterina e hemorragia pós-parto.
Outros conceitos
Dismenorreia: dor que pode variar desde ligeiramente desconfortável até severa, interferindo com
a actividade normal. É causada por contracções uterinas exageradas. O mecanismo subjacente
parece depender da acção de elevados níveis de prostaglandinas sobre o miométrio presentes
durante a 2ª metade do ciclo ovárico quando existem elevados níveis de progesterona. Outros
músculos lisos são afectados produzindo dor de cabeça, náuseas e vómitos.
Sangramento anormal uterino: podem ocorrer anormalidades durante o período menstrual que
incluem fluxo prolongado, excessivo ou escasso. Outras anormalidades, como sangramento entre
períodos menstruais podem ocorrer sem que estejam associados a desconforto abdominal.
Fibroadenoma
171
ductal. Surgem por aumento da sensibilidade aos estrogénios. Quase nunca se tornam malignos,
mas pode acontecer.
Factores de risco:
- Nulíparas.
- Radiação.
- Predisposição familiar.
Carcinoma da mama
Classificação:
- Não invasivo (In situ)- Limitados aos ductos e lóbulos, com ausência de
fibrose o que dificulta a detecção por palpação;
Estadios:
Estadio I- doença em estado inicial: tumor está confinado à mama (nódulos-negativo). Cerca de 95
a 98% sobrevivem 5 anos após tratamento.
Estadio II- doença num estado inicial: tumor espalha-se para zona dos nódulos axilares ipsilaterais
(nódulos-negativo). 76 a 88% das mulheres vivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico.
172
Estadio III- doença local avançada: o tumor espalha-se para as estruturas superficiais para
cavidade peitoral; envolvimento dos nódulos ipsilaterais mamários internos. 49 a 56% das
mulheres vivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico.
Estadio IV- doença em estado avançado: metástases presentes em locais distantes como ossos,
fígado, pulmões, cérebro, incluindo envolvimento dos nódulos supraclaviculares. Tempo médio de
sobrevivência situa-se entre 18 e 24 meses. Entre 15 e 20% sobrevivem 5 anos após o diagnóstico.
Factores de risco:
Factores genéticos:
Influências hormonais:
- Idade (rara em idades <25-30 anos; o risco aumenta com a idade, estabilizando na
menopausa).
- Idade da 1ª gestação (Nulípara (sem filhos), primeira gravidez >35 anos, não amamentação).
- Carcinoma do endométrio.
Influências ambientais:
Diagnóstico:
- Retracção do mamilo.
173
- Invasão do plano cutâneo.
Tratamento:
- Radio e Quimioterapia.
- Marcador tumoral: CA15.3 (controlo pós-cirúrgico). Este marcador também está aumentado em
patologias hepáticas benignas.
Prevenção:
- Tamoxifeno – Agente quimioterápico com afinidade para os receptores dos estrogénios, utilizado
no período pós-cirúrgico. Actua como um agente bloqueador, privando o tumor do estímulo dos
estrogénios que sustentam o seu crescimento.
As patologias adquiridas ocorrem após: infecção (ex. papeira), traumatismo, exposição a radiações
(lesão dos tubos seminiferos), toma de medicamentos citostáticos (param a replicação celular),
doenças hipotalâmicas ou tumores hipofisários. O vírus da papeira é uma causa importante de
orqueíte (inflamação do testículo). O vírus pode atingir este órgão por via hematogénica após
infecção das glândulas paratiróides (parotidite) e é uma causa de infertilidade. Em situações de
hipotiroidismo, o aumento de TSH aumenta a secreção de prolactina pela adenohipófise e,
consequentemente, inibe a espermatogénese e diminui a fertilidade.
174
Os tumores testiculares podem ser de células germinativas (mais frequentes, 95%) e dar origem a
vários tipos celulares (seminoma, carcinoma embrionário, coriocarcinoma e teratoma) ou de
células não germinativas (com origem nas células de Leydig ou nas células de Sertoli). No primeiro
caso são quase todos malignos enquanto que no segundo, a maioria é benigna. Em relação ao
diagnóstico dos tumores de células germinativas, estes são a ssintomáticos ou provocam dor
abdominal e dorsal e deve-se fazer a determinação da βHCG (presente em 70% dos casos de tumores
testiculares) e α-fetoproteína (permite avaliar o “follow-up” de uma cirurgia, se os seus níveis
aumentarem depois da remoção do tumor significa que pode ter ocorrido uma metástase do
mesmo); aparecem no jovem (20-35 anos) e estão associados a um factor racial, sendo mais
comuns nos caucasianos. Este tumor pode metastizar por via linfática e atingir outros órgãos como
o pulmão, fígado, cérebro e rim.
Embora os androgénios sejam claramente necessários para o desenvolvimento da HBP, estes não
são as únicas hormonas que contribuem para esse processo. Os estrogénios parecem estar
envolvidos na indução do receptor dos androgénios. Os níveis séricos de estrogénios aumentam
nos homens com a idade, o que pode aumentar a expressão dos receptores dos androgénios na
próstata, levando a maior crescimento celular (ou menor morte celular). Em homens com HBP
tanto os níveis intraprostáticos como os níveis plasmáticos de estrogénios estão aumentados.
Outras evidências sugerem que o crescimento da próstata está sob controlo directo de factores de
crescimento específicos e é apenas controlada indirectamente pelos androgénios. Uns modulam a
proliferação celular, outros estimulam a divisão e crescimento celulares (do estroma, vasos
sanguíneos, epitélios) e há outros que inibem essa divisão.
A próstata envolve a uretra e, por essa razão, quando aumenta de volume, provoca um
estreitamento gradual desta. No decorrer do tempo, ocorre obstrução do fluxo urinário e, ao
urinar, a bexiga pode não esvaziar completamente. Consequentemente, ocorre um estagnamento
de urina na bexiga, tornando o indivíduo susceptível à infecção e à formação de cálculos. A
175
obstrução prolongada pode provocar lesão renal devido ao refluxo de urina para os ureteres e
destes para os rins.
Manifestações clínicas:
A maioria dos homens é assintomática. Porém, em cerca de 33% dos homens com mais de 65 anos
ocorrem sinais e sintomas clínicos.
Sintomas obstrutivos
Quando o aumento da próstata obstrui directamente a bexiga, os seguintes sintomas podem ser observados:
Esvaziamento incompleto Há a sensação de que ainda resta urina na bexiga, após terminada a micção.
Sintomas irritativos
A bexiga tem de fazer um grande esforço para vencer a obstrução, o que pode causar os seguintes sintomas:
Outras:
- disúria (dor na micção devido à compressão da uretra pela próstata);
- hematúria (urina acompanhada de sangue porque as pequenas veias da uretra e da bexiga
podem romper quando o homem força a micção).
Diagnóstico:
É feito pela avaliação dos sintomas, ultra-sonografia da próstata (mensurar o tamanho da próstata
e ajuda a determinar se o cancro é uma causa possível), exame de urina, urodinâmica
(equipamento computadorizado que avalia o estado do funcionamento do sistema urinário
inferior), análise laboratorial do nível sérico de PSA (antígeno prostático específico) e o toque
rectal da próstata. O médico também realiza uma palpação em busca de nódulos, os quais podem
indicar um cancro, e de dor, a qual pode indicar uma infecção. Em raros casos, um endoscópio (um
tubo de visualização flexível) é introduzido através da uretra para determinar se a obstrução do
fluxo urinário é devida a uma outra razão que não o aumento da próstata.
176
Tratamento:
Adenocarcinoma da próstata
Diagnóstico:
- Marcadores bioquímicos: PSA aumenta (marcador tumoral). O PSA existe sob a forma livre ou
complexado com proteínas; em caso de tumor existe maior quantidade na forma livre. A medição
deste marcador não serve de diagnóstico para doenças neoplásicas, serve como prognóstico após
tratamento cirúrgico: após a remoção do tumor, este Ag desaparece, voltando a aparecer caso o
tumor se forme novamente ou caso tenha ocorrido uma metástase (também ocorre um aumento
dos níveis de PSA na hiperplasia benigna da próstata, logo um aumento deste marcador não indica
necessariamente a presença de um tumor);
- Toque rectal: verificar se existe ou não hiperplasia da próstata (não existe relação entre HBP e
adenocarcinoma da próstata);
- Ecografia com biópsia prostática transrectal (confirmação).
177
Tratamento:
- Radioterapia e quimioterapia.
- Diminuição dos níveis de testosterona (as células tumorais são sensíveis a esta hormona):
- administração de hormonas sexuais femininas (estrogénios).
- administração de fármacos que se ligam aos receptores da testosterona.
- remoção cirúrgica da próstata (quase sempre é necessário a não ser que já existam tantas
metástases que não é vantajoso para o paciente realizar a cirurgia).
III – Infertilidade
A infertilidade está a aumentar actualmente. Colocam-se inúmeras questões sobre a causa
subjacente a este fenómeno. Evolução da espécie? Diminuição da fertilidade humana? Factores
ambientais? Estilo de vida?
É de realçar que a infertilidade nos casais, deve-se em igual percentagem (35% cada) quer à
mulher quer ao homem, como também a factores combinados (25%) e até mesmo idiopáticos
(5%). Neste último caso, pode ser possível conceber aquando da mudança de parceiro, pelo que
não existe explicação para este facto.
Contudo, é sabido que com o aumento da idade há uma diminuição efectiva da capacidade
reprodutora na mulher (>38 anos) e um aumento no número de abortos espontâneos, bem como
uma diminuição do sucesso da fecundação in vitro (FIV) - 8% contra 24% nas mulheres mais
jovens.
Geralmente, ½ dos casais concebe ao fim de 3 meses, ¾ em 6 meses e apenas 20% concebe após 1
ano.
Infertilidade não é sinónimo de esterilidade. O termo infertilidade indica que a condição pode ser
tratada e revertida, ie, implica que pode ser um problema temporário. O termo esterilidade é
aplicado a uma incapacidade permanente e irreversível.
Principais causas:
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- hiperprolactinémia (10%): inibição da ovulação.
- síndrome dos ovários poliquísticos: estrogénios muito elevados, LH alta e FSH normal, hirsutismo,
SHBG diminuída.
- idade: ocorre envolvimento tanto dos oócitos como também dos seus produtos de secreção. Há
uma perda acelerada de folículos com a aproximação da menopausa. Também com a insuficiência
ovariana resultante, os níveis de FSH tendem a elevar-se, reflectindo a produção inadequada de
inibina. Pode assim resultar um número inadequado de folículos, diminuição da competência dos
folículos remanescentes, diminuição da génese de esteróides pelos ovários envelhecidos ou
combinação entre estes factores. Assim, a fase folicular está encurtada, associando-se a taxas de
infertilidade aumentadas. Correcção: citrato de clomifeno - antagonista fraco do estrogénio,
diminui a retroalimentação negativa, aumentando a estimulação dos ovários pela gonadotrofina e
o restauro da ovulação.
- causas menos comuns: aquelas que afectam a produção de GnRH pelo hipotálamo ou o efeito de
hormonas sobre a hipófise (doença da tiróide, hiperprolactinémia) ou aquelas que afectam a
retroalimentação ovariana (hiperandrogenismo e síndrome dos ovários poliquísticos).
- idiopática (10%).
Etiologia:
- Problemas que alteram as hormonas que regulam a actividade das gónadas masculinas:
179
hipogonadotrófico idiopático. Essas mutações podem provocar anomalias na secreção de GnRH
hipotalâmica, libertação deficiente de gonadotrofinas pela hipófise, ou ambas.
(O hipogonadismo hipergonadotrófico refere-se a insuficiência gonadal primária e é identificado
pelos níveis séricos de FSH e LH elevados, resultantes da ausência dos efeitos de feedback
negativo da testosterona e da DIT sobre a hipófise e hipotálamo).
- patologia tiroideia: o hipotiroidismo provoca um aumento da prolactina (TRH estimula a
libertação de prolactina) a qual inibe a espermatogénese, isto porque a hiperprolactinémia inibe a
libertação de gonadotrofinas pela hipófise e leva a níveis séricos reduzidos de testosterona
(também provoca a diminuição da líbido). O hipertiroidismo afecta tanto a função hipofisária
como a testicular, alterando o metabolismo das hormonas esteróides. No hipertiroidismo ocorre
um aumento da conversão de androgénios em estrogénios, o que leva a um feedback inadequado
e alterações consequentes na secreção de LH e FSH.
- patologia adrenal: a insuficiência primária leva a uma elevação reversível do nível sérico de
prolactina. No síndrome de Cushing, a hipercortisolémia causa tanto uma disfunção eréctil como
uma diminuição da líbido.
- calor (superaquecimento causado por febre alta, sauna ou banhos quentes, podem reduzir
temporariamente a quantidade de espermatozóides);
180
- medicamentos (ex. tratamento de cancro – os antineoplásicos, ao diminuirem a divisão
celular, vão diminuir, tal como a hematopoiese, a espermatogénese).
- infecção (Gonorreia, Chlamydia - tais infecções podem causar feridas e bloquear a passagem
dos espermatozóides);
- problemas prostáticos (obstrução);
- vasectomia;
- ausência congénita dos ductos deferentes.
- disfunção eréctil.
- ejaculação precoce.
- ausência de ejaculação.
- ejaculação retrógrada (problema em que o esperma reflui para o interior da bexiga e sai
depois juntamente com a urina, em vez de sair através do pénis durante a ejaculação. A
qualidade do espermatozóide é frequentemente prejudicada nesta situação).
- neuropatia.
- medicamentos (anti-depressivos, anti-hipertensores).
- consumo de álcool, cocaína.
A infertilidade também pode ocorrer em pacientes com defeitos anatómicos do pénis: hipospadia
(abertura uretral na parte inferior do pénis), epispadia (abertura uretral na superfície dorsal do
pénis) e pénis semilunar (erecção dolorosa com curvatura peniana, causada pela falta de
distensibilidade de um corpo cavernoso). Estas anomalias podem levar a uma colocação
inapropriada do ejaculado na vagina.
Manifestações clínicas:
A infertilidade costuma ser a única queixa. Entretanto, conforme a causa de infertilidade, podem
existir outras manifestações clínicas: diminuição da líbido, disfunção eréctil, instabilidade
emocional, fadiga, concentração mental reduzida e instabilidade vasomotora (palpitações, ondas
de calor, diaforese). Se o hipogonadismo ocorrer antes da puberdade podem existir sinais de
deficiência de androgénios: diminuição de pêlos do corpo, ginecomastia, ombros estreitos e fraco
181
desenvolvimento muscular. A galactorreia num homem sugere a existência de um prolactinoma da
hipófise anterior, anomalias neurológicas ou oftalmológicas sugerem extensão supraselar da
hipófise e poliúria abundante, compatível com diabetes insipidus, sugere destruição da hipófise
posterior.
Diagnóstico:
O espermograma avalia o número (contagem total : > 40 x 106 esp / ml), mobilidade, vitalidade e
morfologia dos esperamatozóides. Permite detectar situações particulares como:
- Oligozoospermia: < 20 x 106 esp/ ml.
- Teratozoospermia: morfologia < 30% de formas normais.
- Azoospermia: ausência de espermatozóides no ejaculado.
- Hipospermia: <2,0 mL de ejaculado.
- Hiperespermia: >5,0 mL de ejaculado.
- Aspermia: ausência de ejaculado.
Disfunção eréctil:
182
A Disfunção Eréctil (antigamente chamada de “Impotência Sexual”) é a incapacidade constante ou
recorrente de obter ou manter uma erecção permitindo a actividade sexual durante pelo menos 3
meses. Atinge cerca de 50% dos homens entre os 40 e 70 anos, sendo normalmente precedida
por ejaculação precoce.
Factores de risco/Causas:
- Patologia crónicas: Diabetes Mellitus, aterosclerose, doença renal, hepática, pulmonar, nervosa,
endócrina, crónicas (Diabetes Mellitus, Ateroesclerose, Hipogonadismo,…).
A Diabetes pode causar lesão dos nervos (neuropatia) e dos vasos sanguíneos (arteriosclerose)
que suprem o pénis.
- Obesidade.
- Ciclismo: compressão prolongada dos nervos e vasos perineais responsável por disfunção eréctil
temporária.
Tratamento:
- Sildenafil (Viagra®): Sendo um inibidor das fosfodiesterases, actua aumentando os níveis de óxido
nítrico no corpo cavernoso, relaxando assim o músculo liso e favorecendo deste modo a irrigação
peniana.
Prevenção:
- É determinante o controlo das doenças crónicas assim como a eliminação dos factores de risco.
- Controlo da Diabetes e risco coronário.
- Cessação dos hábitos tabágicos.
- Limitação de ingestão de álcool e de drogas ilegais.
- Prática de exercício físico regular.
- Sono regular.
- Controlo do stress.
- Tratamento de estados de ansiedade e depressão.
- Controlo médico regular.
183
Patologias Osteoarticulares
Ana Rita Malvas
[Baseado nos slides das aulas 08/09 (uma vez que isto foi escrito antes de ser dado nas teóricas neste ano de 2010),
Essentials of Pathophyisiology, C.M.Porth , Vander Human Physiology, sebenta 08/09, J.Nunes e pesquisa no Google]
I – Patologias Ósseas
As patologias mais importantes que afectam os ossos incluem:
Função: Os ossos dão suporte mecânico aos músculos, permitindo o movimento dos membros
(locomoção), protegem órgãos internos (tórax, crânio, coluna vertebral), fornecem a base
tecidular para a hematopoiese (medula óssea) e constituem reserva de cálcio e sais de fosfato.
COMPONENTES DO OSSO
Matriz Orgânica (osteóide) = 30% Matriz Mineral = 70% Células
Osteopontina
* Colagénio tipo I
É formado por uma tripla
hélice. Cada cadeia contém
glicina, hidroxiprolina e
prolina, o que permite que as
3 cadeias se enrolem,
formando uma fibra muito
resistente.
185
As moléculas de colagénio tipo 1 associam-se
mediante uma reacção catalizada por uma
enzima, a lisil-oxidase, que une a hidroxiprolina a
um resíduo de lisina de outra cadeia, formando
pontes cruzadas de hidroxipiridinium que
estabilizam a molécula.
Hormonal Local
GH
Vitamina D
Favorecem a Citocinas:
Calcitonina
DEPOSIÇÃO de IL-1; IL-6 e IL-11
cálcio no osso Insulina
TNF-
Hormonas sexuais Factores de crescimento:
TGF-
PTH (paratormona)
IGF1
Favorecem a Estrogénios/androgénios
Osteoprotegerina (OPG)
REABSORÇÃO de Corticóides
cálcio no osso Hormonas da tiróide (hipertiroidismo)
Prolactina
186
I.3 - O balanço de cálcio
- Calcitonina
(diminui a calcémia)
- PTH e hormona D
(aumentam a
calcémia)
- Resposta à HIPOCALCÉMIA
187
- Resposta à HIPERCALCÉMIA
*No Hiperparatiroidismo primário há uma secreção inapropriada de PTH. É mais comum no sexo
feminino e há propensão para desenvolver hipercalcémia. É geralmente assintomático e pode resultar
numa Osteíte Fibrosa Quística.
I.4 - OSTEOPOROSE
Afecta 20 a 30% das mulheres após a menopausa, 50% das mulheres acima dos 60 anos, e 13%
dos homens acima dos 50 anos. As doenças do metabolismo mineral e ósseo têm vindo a
aumentar com o envelhecimento da população, daí que seja cada vez mais importante o rastreio e
o diagnóstico precoce.
188
Evolução da doença
Fractura
Osteoporose primária
Tipo I Tipo II
Osteoporose secundária
Quer no homem, quer na mulher, a osteoporose e o aumento do risco de fracturas podem ocorrer
como consequência de diversas situações clínicas:
• Doenças genéticas,
• Hipogonadismo (défice de hormonas sexuais),
189
• Doenças endócrinas (hormonais),
• Doenças hematológicas (doenças do sangue),
• Doenças gastrointestinais,
• Deficiências nutricionais,
• Distúrbios alimentares (excesso de proteínas, sódio, fosfatos e cafeína)
• Alcoolismo e tabagismo
• Doenças auto-imunes (como a artrite reumatóide e HIV),
• Fármacos e toxinas,
• Doenças crónicas sistémicas, tais como doença renal grave.
Sinais e sintomas
Numa primeira fase, a osteoporose não manifesta sinais nem sintomas. Mas, quando surgem,
identificam-se como:
• Dorsalgias e lombalgias
• Escoliose lombar
• Inclinação anterior da bacia
• Diminuição da estatura
• Diminuição da densidade óssea;
• Trabéculas ósseas delgadas (osso atrófico);
• Hipercalcémia e calciúria;
• Fracturas.
Os pontos mais frequentes de fractura óssea são a coluna vertebral, a bacia, o pulso e o fémur.
Grupos de risco:
• Mulheres;
• Caucasianos;
• Fumadores;
• Consumidores de álcool ou café em excesso;
• Diabéticos;
• Pessoas que se exercitam em excesso.
Prevenção:
190
Diagnóstico:
A densiometria óssea mede a quantidade de mineral existente numa determinada área de osso.
As mulheres a partir dos 40 anos deveriam fazer uma DMO para ter uma ideia da sua massa óssea
e risco de fractura e, após a menopausa, fazer o controlo de 2 em 2 anos. A DMO está relacionada
com o risco de fractura por fragilidade óssea.
Quando se compara um valor da DMO dum determinado indivíduo com o valor médio da
DMO de uma população de adultos jovens do mesmo sexo, a relação entre os dois valores,
expressa em número de "desvios-padrão" (DP), é designada índice T (T score).
Ao contrário da osteoporose, em que existe perda de massa óssea total, esta patologia
caracteriza-se por uma mineralização deficiente da matriz óssea, devido à carência de cálcio. O
raquitismo (designação nas crianças) era bastante frequente uma vez que, antigamente, não era
dada importância ao consumo de produtos lácticos diariamente e a exposição ao sol era diminuta.
Outro problema pode ser a ingestão excessiva de sais de alumínio (geralmente tomados para
tratar azia, gastrites...) que se ligam ao fosfato, impedindo a sua absorção no intestino,
contribuindo assim para a deficiente mineralização do osso.
191
I.6 – DOENÇA DE PAGET
Traduz-se numa deformação acentuada do osso por uma destruição progressiva e descontrolada por
osteoclastos anormalmente grandes que fragilizam o osso. Na doença de Paget, a velocidade da
reabsorção e construção ósseas estão aumentadas, causando a destruição progressiva de ossos e posterior
reconstrução de um osso desorganizado e, consequentemente, mais fraco. Esta patologia caracteriza-
se por uma elevação acentuada da fosfatase alcalina e da excreção de Hidroxiprolina.
192
Origem das doenças articulares
Degenerativa (Osteoartrite)
Autoimune (Artrite reumatóide, febre reumática, lúpus eritematoso)
Deposição de cristais (GOTA)
Infecciosa (artrite tuberculosa – infecção pelo bacilo da tuberculose)
II.1 – OSTEOARTRITE
Factores de predisposição:
Idade avançada;
Carga sobre as articulações;
Inflamação das articulações;
Deposição de cristais.
Há uma destruição da cartilagem (por activação de enzimas catalíticas dos condrócitos), seguida
de inflamação e estreitamento da cápsula articular e da membrana sinovial.
Por outro lado, há também a formação de osteófitos (saliências ósseas de tecido esponjoso
desenvolvidas à custa do periósteo na proximidade de uma articulação afectada por lesões
inflamatórias ou, o que é mais frequente, por lesões degenerativas)
Ocorre por fim uma atrofia muscular, devida a menor utilização da articulação inflamada.
Sinais e sintomas:
Os mais frequentes e usuais são:
Dor localizada que em geral aumenta com o exercício.
Limitação da mobilidade da articulação
Edema localizado (inchaço)
Lombalgias visto que a osteoartrite ou artrose afecta com frequência a coluna
vertebral.
193
A artrose do pescoço ou da zona lombar pode causar entorpecimento, sensações
estranhas, dor e fraqueza num braço ou numa perna.
Raramente a compressão dos vasos sanguíneos chegam à parte posterior do cérebro,
mas se tal se verificar podem surgir problemas de visão, enjoos e vertigens, náuseas
e vómitos.
Por vezes o crescimento do osso comprime o esófago, dificultando a deglutição
(disfagia).
Tratamento:
Exercícios de alongamento e de fortalecimento, compensado com o repouso das
articulações dolorosas, mas não em demasia senão piora a artrose.
Fisioterapia e tratamento com calor local.
Os medicamentos são subvalorizados nesta patologia.
É uma doença inflamatória crónica caracterizada pela inflamação simétrica das articulações
periféricas, que ocorre com destruição da cartilagem e do osso.
Quando não é tratada conduz à incapacitação e à morte prematura. Insere-se nas doenças
autoimunes, de etiologia desconhecida, que leva à produção de anticorpos anti-IgG ou factor
reumatóide. Os complexos Ag/Ac depositam-se nas articulações, originando sinovites, e também
no pulmão, músculo, coração e olho.
É mais comum na mulher (pico de incidência:50-60 anos) e tem uma predisposição genética
ligada ao HLA-DR4 (80% dos doentes).
Manifestações clínicas:
Tratamento:
Corticosteróides
Anti-TNF-α
194
Diagnóstico diferencial
*Factor Reumatóide
Auto-anticorpo (IgM) com reactividade para a Fc das IgG autólogas
Surge positivo em cerca de 75-80% dos doentes com AR.
A percentagem de resultados negativos na fase inicial é muito elevada.
Quanto mais alta a concentração, maior a probabilidade de AR.
Não é específico da AR, observando-se em cerca de 5% da população normal. Mas
quando presente em titulos altos está associada a um mau prognóstico
relativamente às erosões articulares e manifestações extra-articulares.
Testes Laboratoriais
195
II.3 – ESPONDILITE ANQUILOSANTE
Caracteriza-se por sacroiliíte (inflamação na região sacral sem formação de edema), espondilite
(inflamação vertebral) e rigidez da coluna.
Aparece primeiro na região lombar mas estende-se às articulações periféricas. Pode ocorrer uveite
(inflamação da úvea – camada pigmentar da íris) aguda (unilateral) e fotoretinite (inflamação da
retina por estimulação de fontes luminosas).
Manifestações clínicas:
Tratamento:
Analgésicos e antinflamatórios não esteróides.
Prognóstico:
Doença altamente incapacitante.
II.5 – GOTA
Mais frequente no homem que na mulher, deve-se à deposição de ác. Úrico nas articulações devido a
hiperuricémia.
196
Manifestações clínicas:
Tratamento:
GLOSSÁRIO
Abcesso – colecção localizada de pus, formada por tecido necrosado.
Alopecia – ausência de cabelo ou de uma área normalmente pilosa.
Calosidade – hiperplasia por excesso de pressão da córnea.
Carbúnculo – conjunto de furúnculos promovendo a necrose do tecido.
Cicatriz – substituição do tecido normal por tecido fibroso, no local da lesão.
Crosta – exsudado seco na superfície.
197
Equimose – hemorragia macular na pele ou mucosa.
Eritema – vermelhidão por vasodilatação.
Erosão – descontinuidade da epiderme que cura sem cicatriz.
Estria – banda atrófica linear.
Fissura – descontinuidade da epiderme que pode atingir a derme.
Foliculite – inflamação do folículo piloso.
Furúnculo – infecção piogénica localizada no folículo piloso.
Hirsurtismo – padrão exagerado de crescimento piloso masculino.
Liquenificação – espessamento crónico da pele, com marcas, resultando do repetido coçar.
Queratose – espessamento da epiderme.
Papiloma – pequena projecção superficial.
Petéquia – ponto hemorrágico.
Poiquilodermia – combinação de hiperpigmentação, telangiectasia e atrofia.
Prurido – comichão.
Púrpura – extravasamento de sangue originando descoloração da pele.
Sarda (efélide) – área macular hipermelanizada.
Mácula – área localizada com coloração alterada, sem elevação ou proliferação. Pode ser hipo ou
hiperpigmentada ou eritematosa.
Pápula – pequena elevação sólida da pele («5mm e «1cm de diâmetro). Pode ser achatada,
abobadada ou espicular se afectar os folículos pilosos.
Nódulo – semelhante à púpula (mas maior),podendo envolver qualquer camada de pele e ser
edematodo ou sólido.
Bolha e Vesícula – são espaços dentro da pele (epiderme ou mais abaixo) preenchidos com fluido
transparente. As vesículas podem ser agrupadas. As bolhas são semelhantes e maiores que as
vesículas.
Pústula – colecção visível de material purulento numa vesícula ou bolha. Pode ser indiciador de
infecção, mas nem sempre.
Placa – elevação palpável da pele com »2cm de diâmetro. Pode ser vista como uma extensão da
pápula (ex: psoríase).
198
Escama – acumulação de queratina de estrato córneo espessado sob a forma de fragmentos
facilmente destacáveis. Indica processo inflamatório e modificação da espessura epidérmica.
Quisto – consiste num nódulo com uma cavidade epitelial bem delimitada, cheia de líquido ou de
material semi-sólido.
Vergão – consiste numa pápula ou numa placa com edema dérmico, transitória e compressível,
vermelha ou branca, indicando frequentemente urticária.
Úlcera – área circunscrita denotando perda de pele que se estende através da epiderme à derme.
Resulta de alterações de natureza vascular afectando nutrição da pele (doença arterial periférica).
199
Como cuidados, deve-se fazer uma limpeza anti-séptica com remoção de crostas e antibioterapia
sistémica, quando as lesões são extensas.
PEDICULOSES
A Pediculosis capitis é uma infestação do couro cabeludo e cabeça onde o “piolho” se aloja,
alimenta e deposita os seus ovos. Desenvolve-se com uma dermatose bacteriana do tipo impetigo
com intenso prurido. Existe transmissão fácil por contacto.
A Pediculose Púbica é provocada por um piolho especial, comum nas regiões de maior densidade
pilosa. O prurido é o sintoma mais frequente, podendo dar lugar a escoriações. A transmissão é
fácil por contacto.
VERRUGAS
É uma infecção ao vírus do papiloma humano. Como cuidados devem utilizar-se ácido salicílico ou
ácido láctico e tinturas específicas. Pode ter que ocorrer intervenção cirúrgica.
HERPES
É provocado pelo vírus Herpes Simplex tipo I transmitido por contacto directo do fluido vesicular
ou pela saliva. Manifesta-se por sensações locais bocais de picadas e calor e por eritrema
vesiculante. Um factor de predisposição é a baixa de imunidades. Em termos de cuidados, há a
considerar o uso de gelo nos primeiros sintomas e promover a limpeza (com um anti-séptico) após
rebentamento das vesículas. Deve garantir-se a não utilização de corticóides tópicos.
ZONA
Ou Herpes Zoster é uma infecção localizada (dermatoma) causada por um vírus VZV,
caracterizando-se por dor unilateral e erupção bulhosa limitada ao dermatoma. Aparece
sobretudo em adultos com mais de 50 anos e as áreas mais afectadas são a nuca, face e o tórax.
Nenhum tratamento tópico é eficaz, sendo que a aplicação de álcool a 60% pode reduzir os
sintomas.
200
Adolescente e Adulto
ACNE
É uma disfunção que corresponde a uma inflamação crónica das unidades pilosebáceas
manifestando-se por comedões, pápulas, quistos, podendo cicatrizar. É mais frequente em
adolescentes masculinos. O acne é causado por factores hormonais, microbianos ou de lesão.
Os comedões resultam de complexas interacções hormonais e bacterianos na unidade
pilosebácea, podendo levar à obstrução do lúmen folicular e ao aparecimento de “cabeça branca”.
Quando o folículo apresenta uma porta de entrada na superfície forma-se o ponto negro” devido à
oxidação da tirosina e melanina. As paredes foliculares assim distendidas podem colapsar e
provocar inflamação intensa que conduz à formação de cicatrizes.
Cuidados:
Deve evitar-se agressões manuais sobre os comedões e usar loções de limpeza suaves de
preferência com actividade anti-séptica (vitaminadas ou não). É também importante manter uma
hidratação da pele. Os anti-sépticos são usados para reduzir a inflamação e o risco de infecção
tendo por isso substâncias características.
Cuidados:
Deve restringir-se o consumo de bebidas alcoólicas ou quentes, bem como excitantes vasoactivos.
É importante uma protecção permanente do Sol e usar cremes tipo A/O.
SEBORREIA
É uma desregulação da glândula sebácea com aumento da sua capacidade de secreção sem
provocar necessariamente acne. A seborreia da face e do couro cabeludo são controladas por
cuidados de higiene (evitar sabões alcalinos, evitar produtos com tensioactivos, usar produtos com
soluções anti-sépticas e evitar contacto com solventes desengordurantes muito activos).
DERMATITE SEBORREICA
Dermatose crónica muito comum no adulto com prurido variável e aumenta com a transpiração.
As manifestações cutâneas envolvem máculas, pápulas e placas secas e descamantes. Uma dieta
rica em gorduras e consumo de álcool são factores de predisposição. Devem usar-se loções
queratolíticas para eliminação das escamas e fazer lavagens com shampoos de zinco ou selénio.
ECZEMA
É caracterizado por prurido, eritrema, edema e vesículas e pode ser classificado consoante o
agente causal ou a localização: eczema de contacto e eczema atópico. A dermatite de contacto
201
alérgica é um exemplo de reacção de hipersensibilidade de tipo IV. Devem usar-se para cuidados
as soluções anti-sépticas e a manutenção de uma higiene adequada.
URTICÁRIA E ANGIOEDEMA
São lesões transitórias que envolvem manhas variadas e áreas maiores com edema dérmico e sub-
cutâneo. Trata-se de reacções mediadas por IgE ou por estímulos físicos (frio, calor, …). Como
cuidado, deve adoptar-se a eliminação da exposição a químicos ou fármacos reconhecidos.
PSORÍASE
É uma dermatose crónica de carácter hereditário que se manifesta pela presença de placas
eritemato-escamosas bem delimitadas e localizadas (couro cabeludo, dorso, zonas de extensão). O
processo inflamatório envolve a epiderme e a derme, sendo que a principal alteração encontra-se
no facto de haver aumento exagerado da produção de queratinócitos.
Cuidados:
É muito importante um controlo dos hábitos de vida (álcool, tabaco, dieta), bem como o uso de
emulsões O/A ou A/O contendo compostos que previnem nova ocorrência. Ainda de referir o uso
de agentes queratolíticos pois são eficazes na remoção das escamas promovendo a hidratação
cutânea, diminuindo o prurido associado às lesões.
Cuidados:
Administrar ácido acetilsalicílico ou paracetamol. Podem aplicar-se anti-inflamatórios e produtos
tópicos (extractos de plantas, óleos emulsionados), bem como refrescantes (loções com baixa %
de álcool) e regeneradores (como o retinol, o pantenol e as vitaminas E, B e PP). Dependendo da
gravidade pode optar-se por uns ou outros tipos galénicos.
FOTOENVELHECIMENTO (DERMATOHELIOSE)
É caracterizado pelo síndrome resultante da exposição excessiva ou prolongada a raios UV ao
longo dos anos. Os efeitos cumulativos são polimórficos e afectam toda a pele. Observa-se
sobretudo a partir dos 40 anos e o fenótipo da pele é determinante.
Cuidados:
Deve-se evitar toda a exposição solar e protecção contra raios UV, utilizar formulações
vitaminadas (retinol) nas zonas mais frágeis e escolher formas espessas de forma a eliminar as
camadas mais superficiais descamantes. Pode ainda fazer-se intervenções invasivas (laser, peeling)
e usar tópicos com tretinoina.
203
DISFUNÇÕES DA PIGMENTAÇÃO
DISCROMIAS
Incluem a hipopigmentação epidérmica (Leucodermia – melanocitopénica ou melanopenica), a
hiperpigmentação epidérmica (melanodermia – aumento da produção de melaninas) e a
descoloração cinzenta ou azul (cerulodermia – aumento do número de melanócitos).
Esta disfunção pode surgir em trabalhadores da borracha, químicos, vidreiros; pode ter uma
etiologia iatrogénica (esteróides, laser) e ainda pode dever-se a factos sociais e cosméticos (talco).
ALTERAÇÕES DA INTEGRIDADE
As alterações na integridade são caracterizadas por lesão cutânea (trauma, úlcera de pressão,
úlcera diabética, úlcera arterial, úlcera de erosão e associada a outras patologias – neoplasia,
hemoglobinopatias, alterações de imunidade) que podem ser superficiais, profundas, agudas ou
crónicas; ou por estrias.
A lesão aguda resulta de trauma e é uma inflamação de curta duração, que se pode curar em
menos de 45 dias se não houver infecção. Possui fases de evolução previsíveis e não se associa a
qualquer patologia.
A úlcera crónica possui uma evolução lenta, é de longa duração e tem uma cura difícil. Pode ser
caracterizada por uma inflamação prolongada, com elevado risco de contaminação bacteriana.
Presente em casos de senescência celular (perda de renovação celular).
REPARAÇÃO CELULAR
A reparação celular não é um processo de crescimento linear pois envolve uma resposta integrada
de diversos componentes bioquímicos e imunológicos, numa ordem temporal. Na gestão da
reparação cutânea existem 3 fases críticas:
1. Fechamento (Cobertura) – auto-enxertos, factores de crescimento, fibroblastos, matriz
extracelular de colagénio.
2. Manuseamento (Material de penso)
- Convencional – fibras naturais ou sintéticas, os pensos gordos não aderem à lesão.
- Absorventes – compostos constituídos por face de contacto (gaze), centro absorvente
(algodão) e envelope externo
- Sintéticos – filmes de polietileno ou poliuretano; complexos de hidrocolóide com o
exsudado parecem activar a angiogénese
- Biológicos – filmes de colagénio que facilitam a migração dos fibroblastos
3. Cicatrização
- anti-sépticos – óleos essenciais de tília e rosmaninho; de síntese (resorcinol) e
bálsamo de perú (aldeído cinâmico)
- estimulantes celulares – vitaminas A e E, óxido de zinco, aloes (proliferação celular),
ácido hialurónico (GAG’s) e alantoína
204
- agentes de detersão – enzimas (tripsina e papaína) que asseguram a limpeza
bioquímica e agentes que asseguram uma absorção muito eficaz.
- compressão – a compressão local auxilia o controle do processo de formação da
cicatriz. Patologia do Sistema Nervoso Central
Sara Caeiro
O SNC é protegido por quatro estruturas: pele e músculos, tecido ósseo, membranas meníngeas e líquido
cefalorraquidiano (LCR).
O sangue que irriga o SNC provém das artérias carótidas e dos ramos vertebrais e recebe 15% do débito
cardíaco. É muito importante que o débito seja constante uma vez que este sistema tem uma grande
actividade, ausência de reservas energéticas e baixa capacidade anaeróbia. Este é mantido através de
diversas estruturas como os barorreceptores carotídeos e os neurónios vasomotores da medula que
controlam a pressão arterial. Para este processo contribui ainda a auto-regulação local da pressão
intracraneana (PIC), uma vez que o seu aumento compromete a irrigação cerebral. Verifica-se isquémia
quando a pressão arterial é menor que 60 mmHg.
205
Barreira Hematoencefálica
É uma importante estrutura que existe em todo o SNC, com excepção do hipotálamo. Deve-se à grande
selectividade da permeabilidade dos capilares que irrigam o SNC (são muito permeáveis O 2 e CO2, pouco
permeáveis ao Na+ e K+, quase impermeáveis às macromoléculas e impermeáveis às substâncias
hidrossolúveis).
Para tal estes capilares apresentam características diferentes dos capilares sistémicos. Possuem tight
juntions em vez de junções intermediárias, a sua membrana é rica em mitocôndrias e em vez de estarem
em directo contacto com os neurónios estão em directo contacto com os astrócitos (células importantes na
nutrição dos neurónios).
Patologias do SNC
Edema Cerebral
Num edema cerebral há um aumento da PIC devido ao aumento do LCR, ao aumento do espaço instersticial
ou ao aumento das células cerebrais.
A secreção activa e LCR pelos plexos coroideus - depende directamente da secrecção de NaCl pelas
células epiteliais que arrasta consigo água;
A secreção e absorção de LCR e o volume de sangue que entra e sai do cérebro – estes devem ser
iguais.
Quando há um desiquilibrio destes factores a PIC aumenta, visto que a caixa encefálica é estanque.
Manifestações clínicas:
Cefaleias;
Crises epilépticas;
206
Coma;
Hipoperfusão/isquémia;
Naúseas e vómitos.
Celular ou citotóxico
Vascular ou vasogénico
207
Intersticial
Fig. 6 – Esquema do
movimento da água que leva
às diferenças de pressão
Quando se dá uma situação de alteração de consciência há uma desactivação dos neurónios que leva a
uma alteração da estabilidade do córtex. Algumas das suas causas são: edema, hipoxia, alterações
hidroeléctricas, acidose, urémia, inflamação, álcool, agentes tóxicos, entre outros.
Coma – o indivíduo demonstra ausência de resposta aos estímulos, apenas a actividade reflexa;
Coma profundo – o indivíduo apresenta perda de algumas funções vitais (é necessário que esteja
ligado a equipamentos que o auxiliem como ventiladores, etc.).
Meningites
As meningites são infecções das meninges pia-máter e subaracnoideia e do LCR. Podem ser infecções
agudas (bacterianas e virais), subagudas (associadas à tuberculose) ou crónicas (associadas à sífilis).
Quando as afecções são muito graves, 50 a 60 % dos indivíduos morrem sem receberem tratamento, e 5 a
6 % morrem quando tratadas.
Os agentes infecciosos mais comuns são Haemophilus influenzae (30%), Pneumococos (30%) e
Meningococos (20%) nas crianças (1-6 anos) e Meningococos (60%) no adulto. Normalmente, são bactérias
da flora rinofaríngea. Uma vez que a rinofaringe está ligada ao ouvido externo pela trompa de Eustáquio, o
qual está intimamente ligado com o ouvido interno, o qual conecta com o cérebro, é relativamente fácil às
bactérias atingirem as meninges.
Devido à introdução da vacina conjugada para H. influenzae, este agente foi praticamente eliminada como
causa de meningite.
208
Características do Síndroma Meníngea:
Cefaleia;
Alteração da consciência;
Convulsões;
Fotofobia;
Sinal de Kerning – quando alguém encolhe um membro ao indivíduo, o outro membro extende
reflexamente;
Sinal de Brudzinski – quando a flexão do pescoço leva à contracção dos membros inferiores.
Para se diagnosticar o agente deve-se proceder à análise do LCR. Caso haja infecção, os leucócitos
encontrar-se-ão elevados (linfócitos caso seja uma infecção viral, neutrófilos caso seja bacteriana), as
proteínas elevadas também (devido à maior permeabilidade dos vasos), a glucose diminuída (uma vez que
os microrganismos consomem glucose) e a razão gLCR/glicémia será menor que 0,4. Na ausência de
tratamento com antibióticos, o LCR apresenta ainda uma coloração Gram + para as bactérias.
Epilepsia
Crises Parciais
São aquelas que se cingem apenas a um hemisfério cerebral (doenças cerebrais focais). Podem ser simples
ou complexas.
209
Crises Simples:
Crises Complexas:
Crises Generalizadas
São aquelas em que a crise atinge os dois hemisférios cerebrais (inicia-se num hemisfério, mas “passa”
para o outro). Podem ser classificadas como ausências (pequeno mal) ou ataques tonoclónicos (grande
mal).
Pestanejar sucessivo.
É quase exclusiva das crianças, podendo desaparecer com a idade. Normalmente, está relacionada com
alterações genéticas (autossómicas dominantes) e implica perturbações no desempenho escolar, uma vez
que podem ocorrer várias vezes durante o dia.
Há contracções tónicas dos membros (rigidez muscular), que levam à extensão dos membros e
arqueamento do dorso.
Há abalos dos membros, os quais aumentam a frequência até atingirem um pico, diminuindo
gradativamente a partir daí.
Os ataques podem suceder-se sem que haja recuperação total do primeiro episódio.
210
Terapêutica
Durante uma crise epiléptica há libertação ou ausência de mediadores químicos. Os fármacos terão que
contrariar tais processos.
Os fármacos mais utilizados são: carbamazepina, fenitoína, valproato e gabapentina. Estes têm que ser
monitorizados, de modo a não atingirem doses tóxicas, as quais podem provocar epilepsia em vez de a
prevenirem. Para além disso, um fármaco não pode ser descontinuado sem que haja a introdução de outro
(tem que haver o desmame do primeiro e a habituação ao segundo).
É uma doença evolutiva com início por volta dos 65/70 anos de idade. Caracteriza-se por ser um quadro
demencial com perda progressiva das capacidades intelectuais (dificuldades de aprendizagem e
memorização de factos recentes). Tem associado uma forte predisposição genética a nível de genes dos
cromossomas 1, 14, 19 e 21 (padrão autossómico dominante).
A sua etiologia encontra-se ainda mal definida, mas tem sido associada à alteração da síntese de
acetilcolina, a qual é o neurotransmissor das áreas afectadas (córtex, amígdala e núcleo basal de Meynert
no hipocampo).
Consequências Fisiopatológicas
Há uma perda sináptica devido à morte neuronal com atrofia cerebral (o cérebro de um indivíduo com
Alzheimer apresenta-se reduzido, em relação ao de um indivíduo saudável).
211
As zonas afectadas são:
Córtex associativo (temporal, frontal e parietal) e diversos núcleos subcorticais – levam a afaso-
apraxo-agnósica, ou seja, afasia (deterioração na linguagem), apraxia (incapacidade de executar
movimentos precisos) e agnosia (incapacidade de reconhecer objectos);
Fisiopatologia proposta
Outra hipótese implica as mitocôndrias dos neurónios. Neste processo ocorre a promoção da produção de
radicais livres que levam a danos ao nível das membranas celulares, das proteínas, do DNA, etc.
Consequentemente, haverá um aumento da apoptose.
212
Degenerescência Neurofibrilhar
Há a formação de emaranhados neurofibrilhares, ou seja, formam-se fibras anormais dentro das células
nervosas do hipocampo e da amígdala. Estas são constituídas pela proteína tau (constituinte dos
microtúbulos que tem como função a sua estabilização). Quando estas proteínas se encontram na forma
fosforilada agregam-se e tornam-se insolúveis. Isto leva a uma desorganização do citoesqueleto celular,
através da desintegração dos microtúbulos. Esta desintegração compromete também o sistema de
transporte dos constituintes dos neurónios no citoplasma. Por fim, há a degenerescência dos neurónios
afectados.
Nota: não são estruturas específicas da doença de Alzheimer, ocorrem em vários distúrbios
neurodegenrativos.
Galina
A galina é um neurotransmissor peptídico que se encontra em excesso na doença de Alzheimer. Este inibe
a acção da acetilcolina que é um neurotransmissor não-peptídico que contribui para as funções cognitivas
(aprendizagem, memória, etc.).
Manifestações Clínicas
Iniciais:
Tardias:
Fraqueza geral;
Crises epilépticas;
Neoplasias
R. Rodrigues
O processo da neoplasia é o resultado de alterações progressivas na função celular. Essas
alterações fenotípicas conferem os potenciais proliferativo, invasivo e metastático, que são
213
marcas distintivas do cancro. Acredita-se que sejam as alterações genéticas as causadoras
de todas as alterações celulares e bioquímicas responsáveis pelo fenótipo maligno,
contudo ainda não está comprovado de forma conclusiva. É a segunda causa de morte na
maior parte dos países desenvolvidos.
I – Crescimento celular
I.1 - Desordens de crescimento tecidular não neoplásicas - adaptação celular
Tipo de adaptação - depende da natureza da lesão e da capacidade da célula de se dividir e
proliferar:
Células permanentes - não se dividem e adaptam-se por hipertrofia – neurónios, miocárdio e
músculo esquelético
Células lábeis - dividem-se continuamente e adaptam-se por hipertrofia e hiperplasia – medula
óssea, tracto GI e epitélios
Células estáveis - dividem-se quando necessário e adaptam-se por hipertrofia e hiperplasia –
hepatocitos, músculo liso e fibroblastos
I.2 - Respostas de crescimento dos tecidos
Respostas de crescimento adaptativo não tumoral
- Hipertrofia – trabalho muscular aumentado;
- Hipotrofia – trabalho muscular diminuído;
- Hiperplasia – calos, endométrio, nódulos linfáticos, remoção de um dos rins (hipertrofia +
hiperplasia);
- Hipoplasia – desenvolvimento Inadequado – estrutura imatura;
- Aplasia – ausência de desenvolvimento do órgão
Respostas de crescimento pré-tumoral e tumoral
- Metaplasia: conversão reversível de um
tipo de célula noutro.
Ex.: alteração do epitélio ciliado
pseudoestratificado respiratório
por irritação do fumo do cigarro – redução
da função mucolítica
e de limpeza.
- Displasia: menos reversível; alteração do
tamanho e forma celular (pleomorfismo) e
da arquitectura do tecido – lesão pré-
cancerosa (bronquite crónica);
- Anaplasia: reverso da diferenciação, com
aumento da capacidade reprodutiva e
redução da especialização funcional.
- Neoplasia: alteração irreversível do padrão de crescimento celular com rotura de função que
pode conduzir à morte
II – Neoplasia
214
II.1 – Terminologia
II.2 – Estrutura do tumor
Tecido neoplásico celular:
Tumor benigno: células de tamanho e forma quase normais e tecido com arquetectura
quase normal
Tumor maligno: células pleomórficas (vários tamanhos e formas), em configuração
desordenada (exame de Papanicolau) e células anaplásicas
Estroma fibroso: tecido conjuntivo que suporta as células tumorais (tumores densos). Os
tumores malignos variam na capacidade de estimular os fibroblastos para produção dos
componentes estromais.
Estroma vascular: ao crescer o tumor precisa de mais nutrientes, formando-se novos vasos
por acção de factores de crescimento endoteliais. Os vasos são caóticos, sinuosos e
labirínticos para dificultar o ataque ao tumor.
Angiogénese neoplásica - promoção pelo tumor através de factores angiogénicos e indução
do crescimento capilar na sua direcção
Vaso
Fact.
normal
Angiog
Tumor
Secreção de Degradação
Proliferação e
Remodelação para
factores da membrana
migração das
formar uma rede
células
angiogénicos basal capilar neoplásica
endoteliais
pelo
INDUTORES
tumor DA ANGIOGÉNESE
-VEGF: Factor de crescimento endotelial vascular
215
-bFGF: Factor de crescimento básico de fibroblastos
-TGF: Factor transformador do crescimento
-TNF-alfa: Factor de necrose tumoral
-EGF: Factor de crescimento epidérmico
INIBIDORES DA ANGIOGÉNESE
-Interferons
-Factor plaquetar 4
-Análogos da Vit D3
-Trombospondina, Angiostatina
-IL 1, 4 e 12
-Ácido acetilsalicílico, captopril, talidomida, antiestrogénios, metrotexato, etc.
II.3 - Comportamento do tumor - benigno vs maligno
Benigno
Crescimento lento e ordenado–pouca lesão do tecido circundante
Cápsula fibrosa com linha de separação dotecido
Normal: fácil remoção cirúrgica
Ausência de metásteses
Prognóstico favorável
Maligno
Crescimento rápido e agressivamente invasivo, com envio de colunas celulares para o
interior do tecido normal;
Cápsula rara ou incompleta e sem linha de separação definida com difícil remoção cirúrgica.
Presença de metástases: migração do tumor primário originando tumores secundários
noutros locais, o que o diferencia do tumor benigno
Prognóstico desfavorável
Benigno Maligno
O tumor benigno é constituído por células próximas da normalidade, apresentando crescimento
expansivo lento e mantendo-se confinado dentro de uma cápsula de tecido conjuntivo. O tumor
maligno é caracterizado por citologia anormal (células pleomórficas), crescimento irregular e
invasivo e com cápsula ausente ou incompleta.
Característica Benigno Maligno
216
Estrutura das células Quase normal Formas anormais, núcleos grandes
corados (pleomorfismo acentuado)
Arquitectura do tecido Ordenada Desordenada, irregular
Taxa de crescimento Acima do normal Rápida
Crescimento invasivo Raramente Típico
Metástases Nunca Típicas
Cápsula fibrosa Típica Rara, quando presente é incompleta
Anaplasia Mínima Típica
Prognóstico Bom Mau
217
MB e factores de motilidade autócrinos.
Metástase: Os tumores malignos associam a invasão local com as metáteses para locais
secundários, crescendo de forma invasiva em tecidos afastados.
Metástases por via embólica: Após penetração nas veias ou vasos linfáticos as células neoplásicas
ligam-se através dos seus hidratos de carbono de superfície a um receptor específico das células
endoteliais chamado selectina, activam a formação de êmbolos que as protegem e viajam até um
local de fácil saída, invadindo a partir daí um
local secundário.
Vasos sanguíneos: Da veia o êmbolo passa ao
coração e deste ao pulmão que invade por acção
de enzimas e de factores de motilidade. O fígado
torna-se um local secundário por invasão pela
veia porta a partir do estômago e dos intestinos.
Vasos linfáticos
• Do crescimento do tumor nos nódulos
linfáticos resultam êmbolos que atingem outros
nódulos;
• O crescimento do tumor bloqueia o fluxo
linfático no nódulo, libertando-se êmbolos que
viajam por canais secundários para outros locais;
• Os êmbolos libertados no nódulo viajam a
jusante e entram na corrente sanguínea.
Metástases por cavidades (exemplos):
•O adenocarcinoma do pâncreas move-se pela
cavidade abdominal para o extremo inferior da
cavidade pélvica e desenvolve-se no recto;
•O neuroblastoma do bulbo raquidiano move-se para o espaço subaracnoideu.
Os êmbolos tumorais transportados pela corrente sanguínea alojam-se muitas vezes nos
pulmões onde formam tumores secundários.
A excepção envolve êmbolos com origem no trato GI, os quais através do sistema porta-hepático
tendem a alojar-se no fígado.
II.6 – Efeitos
Destruição dos tecidos: o crescimento e invasão tumoral provoca a destruição dos tecidos
normais, com efeitos na sua função – Ex.: um tumor da hipófise ao crescer ocupa e destrói a
glândula normal, levando ao hipopituatarismo; em superfícies mucosas ou cutâneas a destruição
tecidular causa úlceras como hemorragia e infecção;
Pressão local sobre os vasos sanguíneos – reduz a irrigação dos órgãos adjacentes a jusante;
Destruição do parênquima com libertação de enzimas que destroem os tecidos (MEC e MB);
Ligação de estruturas com restrição dos movimentos (respiratórios ou peristálticos);
Obstrução e compressão de passagens importantes (Ex.: tumor dos brônquios bloqueia o fluxo
aéreo; carcinoma do esófago ou da faringe interferem com a deglutição; tumores pélvicos
avançados obstruem os ureteres levam à insuficiência renal);
Associados à infecção: imunossupressão generalizada do sistema imunitário e da medula óssea,
reduzindo a produção de neutrófilos e monócitos; danos na função de barreira, favorecendo a
penetração de microrganismos infecciosos
218
Anemia
• Causa directa: hemorragia associada à disrupção de vasos sanguíneos em superfícies corporais
como nos tumores digestivos ou genitourinários; hemóliseautoimune por indução tumoral
(leucemia, linfomas)
• Causas indirectas: mielossupressão, com baixa produção de glóbulos vermelhos e plaquetas,
causada, quer pela produção de substâncias supressoras pela medula óssea, por radioterapia,
quimioterapia ou baixa produção pelo fígado, quer pela invasão medular por células tumorais;
deficiente produção hepática de factores de coagulação
Dor tumoral
• Invasão de ossos (fracturas) e nervos;
• Obstrução com distensão de órgãos ocos;
• Invasão da medula espinal com compressão – glioma e meningioma.
Caquexia: impacto cumulativo dos vários efeitos do tumor:
• Dor, ansiedade, depressão, fraqueza e debilidade profunda
• Febre, palidez (infecção e anemia)
• Anorexia, resultante de alterações do paladar e do centro do apetite. A ingestão calórica está
assim reduzida, numa situação em que o metabolismo basal e consumo de energia estão
aumentados e a absorção é deficiente, levando à consequente perda de peso e adinamia
(utilização de proteína muscular como fonte energética). Na base destas alterações metabólicas
estão oTNF-, IL-1 produzidos pelos macrófagos (o TNF-p. ex., suprime o apetite e inibe a acção da
lipoproteína lipase, impedindo assim a libertação de ácidos gordos das lipoproteínas).
Efeitos hormonais
Resultam do efeito de hormonas produzidas no tecido de origem do tumor. Os tumores benignos
ou malignos fracamente anaplásicos – induzem hipersecreção hormonal:
• Adenoma das células beta - induz hiperinsulinismo e hipocalémia (coma);
• Adenoma do córtex supra-renal – induz hipersecreção de aldoesterona (hipertensão, retenção de
Na+ e H2O, hipocalémia).
Sindromas paraneoplásicos
Ocorrem em 10 a 15% dos doentes oncológicos e associam-se a muitos tipos de tumor, embora
mais frequentes no cancro da mama, no cancro do pulmão e em neoplasias hematológicas. Os
efeitos mais frequentes são a hipercalcémia, o sindroma de Cushing e a endocardite trombótica
não bacteriana
-Secreção ectópica (carcinoma do pulmão): produção de insulina, pH like (hipercalcémia), ADH
e ACTH like (sindroma de Cushing);
-Endocardite trombótica não bacteriana e trombose venosa dos membros inferiores (tumores
pancreáticos ou pulmonares): resulta de um estado de hipercoagulabilidade que favorece a
formação de trombos venosos.
219
II.7 - Oncogénese ou transformação neoplásica
Por lesão cromossomal a célula escapa aos controlos de
crescimento, desenvolvendo-se tecido neoplásico;
A transmissão genética directa da neoplasia é rara
(retinoblastoma), mas há factores familiares mal definidos
que favorecem a emergência de alguns tumores (câncer
da mama pré-menopáusico);
O processo oncogénico resulta da múltipla exposição a um
agente iniciador que predispõe o ADN para os efeitos do
promotor, o qual favorece a formação do tumor;
II.8 – Causas
220
Há fortes evidências de que os tumores são causados por dano genético:
Os neoplasmas apresentam alterações características nos seus genes que não são encontradas
nas células vizinhas normais e quando estes genes alterados são isolados e introduzidos em
células normais detectam-se nestas propriedades neoplásicas;
Vários (provavelmente cinco ou mais), genes têm que ser alterados para tornar uma célula normal
em neoplásica. As mutações ocorrem em genes que normalmente regulam a divisão celular e a
arquitectura dos tecidos. Por exemplo, um receptor para um sinal de estimulação do crescimento
celular pode sofrer uma mutação de que resulte estimulação permanente da divisão celular ou
então uma proteína que habitualmente bloqueia a divisão celular pode deixar de o fazer porque o
seu gene foi suprimido.
A maioria dos genes implicados nos cancros humanos controla o ciclo celular, directa ou
indirectamente, podendo classificar-se, genericamente, em quatro grupos de genes reguladores
que são os principais alvos das lesões genéticas responsáveis pelos cancros:
Proto-oncogenes, promotores do crescimento, cujos produtos apresentam uma activação
excessiva nas células tumorais. Estes genes operam, em geral, de forma dominante. A activação de
um dos alelos é suficiente para que tenham efeito;
Genes supressores tumorais, inibidores do crescimento, cuja inactivação funcional se
associa ao desenvolvimento dos tumores. Dado que existem dois alelos, são necessários, em geral,
alterações em ambos para perda completa de função;
Genes implicados na reparação do material genético e no controlo da integridade do
genoma. Do ponto de vista genético comportam-se como os genes supressores, sendo necessária a
inactivação de ambos os alelos;
Genes reguladores da apoptose. Neste grupo de genes incluem-se os genes pró-
apoptóticos que actum como oncogenes (ex. Bcl-2) e os genes anti-apoptóticos que actuam como
genes supressores tumorais (ex Bax);
De uma forma geral, os produtos dos proto-oncogenes induzem as células a dividirem-se. As
mutações ocorridas num proto-oncogene alteram a sua estrutura e activam-no, produzindo um
oncogene. O produto proteico de um oncogene está alterado de forma a não ser desactivado
pelos sinais celulares normais e a sua expressão induz a célula a dividir-se continuamente;
Alguns indivíduos são predispostos ao desenvolvimento de cancro porque herdaram uma mutação
genética num proto-oncogene ou num gene supressor, ou ainda um defeito na reparação do ADN.
Produtos proteicos de oncogenes:
-Factores de crescimento: c-cis e ras
-Receptores transmembranares dos factores de crescimento: ret, c-erb B-1 e B-2
-Proteínas citoplasmáticas transdutoras de sinal: c-ras e c-abl
-Proteínas nucleares de transcrição: myc, myb, jun, fos e rel
-Ciclinas e CDK (cinases dependentes das ciclinas).
Produtos proteicos de genes supressores tumorais:
-Factores inibidores do crescimento: BRCA-1-Moléculas que regulan a adesividade celular: DDC, E-
caderina e APC-Moléculas que regulam a transmissão do sinal: NF-1-Moléculas reguladoras da
transcrição nuclear e do ciclo celular: Rb, WT-1 e p53
Genes reguladores da apoptose: bcl-2 (aumentado nos linfomas), bcl-x, bax, bag, bad e p53
(aumenta a transcrição do bax). O bax opõe-se ao bcl-2, acelerando a apoptose. O nível relativo
destes dois genes regula a sobrevivência celular.
A incidência do cancro varia entre as populações humanas e muita desta variação parece
ser de origem ambiental. Os agentes que reconhecidamente causam o cancro incluem mutagénios
químicos, radiação ultravioleta ou radiação ionizante, mas também uma grande variedade de
221
agentes químicos não mutagénicos, certos vírus e outros agentes ou circunstâncias que causam
aumento da renovação celular, tal como, por exemplo, inflamação crónica;
Os agentes carcinogénicos são na maior parte dos casos substâncias químicas inertes até
serem activadas pelo metabolismo (nitrosaminas cancerígenas no estômago por reacção de
nitritos com aminas secundárias). Tipicamente, são moléculas lipofílicas que são metabolizadas
nas células para se tornarem derivados mais hidrossolúveis e quimicamente mais reactivas. Alguns
carcinogénios apresentam especificidade de tecido ou de espécie, devido principalmente a
variações metabólicas;
A radiação ionizante origina na célula radicais livres que reagem com o ADN, o qual pode
igualmente ser danificado por mutagénios químicos. Tais danos podem, muitas vezes, mas nem
sempre, ser reparados;
As circunstâncias ou agentes químicos não mutagénicos que ajudam no desenvolvimento
do câncer, sem provocarem directamente mutações, são designados por promotores (hormonas
da pílula contraceptiva/cancro da mama, asbestos/cancro da pleura, fumo do cigarro/cancro do
pulmão), os quais podem, por exemplo, aumentar a divisão celular ou permitir que as células
mutantes escapem da influência restritiva das células vizinhas.
II.9 - Promotores carcinogénicos e factores pré-neoplásicos
Químicos
• Hidrocarbonetos policíclicos (alcatrão do cigarro-pulmão)
• Aminas aromáticas (indústria dos corantes e da borracha –urotélio)
• Nitrosaminas (sistema GI – reacção de nitritos com aminas secundárias)
• Agentes alquilantes (acção directa sobre o ADN)
Virais
• Epstein barr (Lintoma de Burkitt; carcinoma nasofaríngeo)
• Hepatite B (Carcinoma hepato-celular)
• Vírus do papiloma humano (Carcinoma cervical, alguns carcinomas da pele, etc.)
• HTLV-I vírus da leucemia humana de linfócitos T tipo I (Linfoma das células T)
Irradiação ou substâncias radioactivas, radiação UVB/UVA
• Carcinoma basocelular, carcinoma spinocelular, melanoma maligno
Hormonas
• Estrogéneos, Testosterona (carcinoma da mama; adenoma e carcinoma da próstata)
• Citoquinas (vários tumores)
Fibras de Amianto (Asbestos) (cancer da pleura)
Factores Dietéticos: muita gordura e pouca fibra (carcinoma do cólon)
Epidemiologia das neoplasias: agentes identificados com o desenvolvimento das neoplasias na
espécie humana
• Tabagismo: carcinoma do pulmão, etc.
• Múltiplos parceiros sexuais: carcinoma da cervix
• Indústria da borracha: carcinoma da bexiga
• Micotoxinas (Asperg. flavus): carcinoma do fígado
• Exposição a radiação ionizante: carcinoma da tiróide
Factores ou condições pré-neoplásicas: condições ou doenças não neoplásicas as quais, no
entanto, encerram um risco acrescido de desenvolvimento de neoplasia:
• Hiperplasia endometrial ou da mama: carcinoma do endométrio oucarcinoma da mama
• Gastrite crónica: carcinoma do estômago
222
• Colite crónica: carcinoma do colon
• Cirrose hepática: carcinoma hepato-celular
• Tiroidite auto-imune: linfoma da tiróide.
II.10 - Resposta imunológica
Antigénios tumorais
Antigénios específicos do tumor: presentes apenas nas células tumorais. Ex.: antigénios MAGE e
BAGE
Antigénios associados ao tumor: são comuns aos das células normais do tecido de onde sugiu o
tumor. É o caso do PSA que se exprime tanto nas células tumorais como nas células prostáticas
normais.
Mecanismos de defesa imunológica
Linfócitos T citotóxicos: actuam nas neoplasias associadas a vírus
Mecanismos humorais: por actuação dos anticorpos e activação do complemento
Células natural killer: capazes de destruírem as células tumorais sem sensibilização prévia. São
activadas pela IL-2, constituindo a 1.ª linha de defesa
Macrófagos activados: exibem selectividade citotóxica contra as células tumorais e são activadas
pelo
interferão gama
Mecanismos de escape à defesa imunológica
A maioria dos tumores desenvolve-se em indivíduos imunocompetentes, conseguindo o tumor
contornar a defesa imunológica por vários mecanismos:
-Selecção de variantes celulares antigénio-negativas
-Perda ou expressão reduzida dos antigénios de histocompatibilidade, o que proporciona escape
ao ataque dos linfócitos T citotóxicos
-Imunossupressãopor acção de produtos do tumor ou como resultado do tratamento
antineoplásico.
Diagnóstico imunológico: a resposta imunológica a antigénios tumorais é usada na detecção de
tumores: antigénio carcioembriónico (CEA) para tumores dos pulmões, pâncreas e GI; alfa-
fetoproteina (AFP) para hepatomas primários e antigénio prostático específico (PSA) para tumores
da próstata.
II.11 - Terapêutica antitumoral
Remoção cirúrgica: é directa, rápida, eficaz e constitui a terapêutica mais utilizada. É o único
método que permite o estudo anátomo-patológico. Não garante a eliminação de micrometásteses
e obriga à remoção de muito tecido são vizinho do tumor. Não está indicada quando o tumor já
invadiu as estruturas adjacentes ou já se disseminou.
Radioterapia: Em alguns casos pode ser preferível à cirurgia. O tumor é irradiado com raios X ou
raios emitidos por fonte externa ou por implantes intraorgânicos definitivos ou temporários
(braquiterapia). Provoca a morte das células neoplásicas por acção directa ou por indução de
apoptose. Utilizada por ex. no cancro da próstata, da mama, da laringe, e do colo do útero,
particularmente quando a cirurgia não está indicada, por se tratar de um tumor não localizado no
órgão ou por o doente não ter condições operatórias. Não está indicada no caso de tumores
disseminados.
223
Quimioterapia: administração sistémica de drogas citotóxicas que impedem a replicação do ADN e
portanto a divisão celular por mecanismos diversos, ou por activação de apoptose. Fazem
habitualmente parte de tratamento combinado que também envolve a cirurgia e/ou a
radioterapia. Embora eficaz no tratamento de alguns tumores primários como a leucemia, é
principalmente indicada na doença metástica. As drogas conhecidas induzem quimiorresistência
que por vezes é múltipla.
Hormonoterapia: tratamento baseado no bloqueio hormonal por down regulation
(análogosdaLHRH /triptorelina – cancro da próstata), ou utilização de antiandrogénios (cancro da
próstata - bicalutamida) e antiestrogénios (cancro da mama).
Imunoterapia: o objectivo é estimular o sistema imunitário. Já foram usados estimuladores gerais
como o BCG no cancro da bexiga. Mais recentemente, têm sido usados a IL-2 e o INF para estimular
células citotóxicas específicas.
Terapêutica genética: ainda em fase inicial; actuam directamente a nível dos genes envolvidos ou
das proteínas codificadas por esses genes, tendo por objectivo tornar as células malignas em
normais ou matar as malignas sem lesar as normais.
Inibição da angiogénese: tem sido alvo de grande interesse nos últimos 10 anos, tendo já sido
desenvolvidos alguns inibidores que se encontram em ensaios clínicos. Ex. do
bevacizumabaprovado há 4 anos, anticorpo monoclonal que bloqueia a acção do VEGF(Factor de
crescimento endotelial vascular), impedindo a formação de neovasos.
Modificação da adesividade celular: as alterações da adesividade celular são vitais para a
progressão do tumor, daí que com a sua modificação seja possível evitar o crescimento e a
disseminação.
Inibidores das proteinases: a inibição das proteinases, particularmente das metaloproteinases da
matriz (MMP), associadas ao crescimento neoplásico, pode ser um importante mecanismo de
controlo.
II.12 – Diagnóstico histológico - graduação tumoral
Baseada nas características histológicas: grau de diferenciação, extensão do pleomorfismo e
frequência das mitoses
Grau I- Células muito diferenciadas, bem ordenadas e com poucas ou nenhumas mitoses visíveis;
Grau IV – Células pouco diferenciadas (anaplásicas), pleomórficas e com muitas mitoses visíveis;
Graus II e III – Malignidade intermédia entre estes dois extremos. Um grau baixo indica um tumor
de crescimento lento com baixa tendência de invasão e metásteses e portanto com bom
prognóstico, o qual é menos optimista para os tumores de grau III e IV.
Arterioesclerose — é o deposito no interior das artérias da substancias gordurosas junto
com colesterol, calcio, produtos de degradação celular e fibrina (material envolvido na
coagulação do sangue e formador de coágulos). O local onde esse deposito ocorre chama-se
placa.
Aneurisma - Dilatação ao nível da parede de uma artéria, que aparece onda a resistência se
encontra diminuída por uma lesão, uma malformação ou um traumatismo. Por vezes
224
acontece que o aneurisma faça comunicar uma artéria com uma veia (aneurisma
arteriovenoso)
Angina de peito - Doença provocada pelo estreitamento das artérias coronárias (as artérias
que irrigam o musculo cardiaco — miocárdio), devido ao desenvolvimento de placas de
aterosclerose no seu interior
Bronquiectasia – afecção crónica na maior parte das vezes secundaria a uma doença dos
brônquios, do pulmão ou da pleura, caracterizada pla dilatação dos brônquios d pequen e
médio calibre. É frequent/ acompanhada por expectoração mucopurulenta abundant q
traduz uma complicação infecciosa.
225
Cianose – Coloração azulada da pele ou das mucosas devid a gds qtdds d Hb (desoxigenada)
Dispneia - é um sintoma na qual a pessoa tem desconforto para respirar, normalmente com
a sensação de respiração incompleta
Exoftalmia - Saliéncia ou protrusao mais ou menos acentuada do globo ocular para fora da
órbita. é um sintoma quase constante das afecções da orbita e do hipertiroidismo
Eritroblastos — Célula nucleada da medula ossea que se tornará, par maturação, o g.v. do
sangue
Fistula - comunicação entre dois órgãos ou vasos que normalmente nao se comunicam
226
Gravidez ectópica — implantação do embrião na mucosa da trompa
Galactorreia - Secreção excessiva de leite pela glândula mamária na mulher que amamenta.
Corrimento espontâneo de leite pelos mamilos fora do período de lactação
sanguíneos
227
Leimioma -Tumor benigno do miométrio
Leucopenia – diminuição da taxa dos leucocits circulants pa um valor inferior a 5000 por mL
cubico
Melena - Evacuação pelo ânus de sangue negro digerido, puro ou misturado com as fezes,
às quais da o aspecto de alcatrão. Indica uma hemorragia gastrointestinal situada acima do
cólon, ao passo que os sangramentos situados mais abaixo (recto) são acompanhados pela
evacuação de sangue vermelho.
Purpura - Manchas cutâneas com forma e extensão variáveis, devidas à passagem do sangue
para fora dos capilares da pele
228
Pneumotorax – presença d ar ou gás na cavidd pleural
Status Asmaticus – defini s como a obstrução grave das vias aéreas, persistent passado 1
hora ou 2, acompanhada d sintomas d asma, isto apesar d s ter efectuado a terapêutica
adequada.
229