Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
I. Introdução:
Essa velha nova Modernidade nos revela desbotamentos. E cada vez mais o Ser
Humano contemporâneo busca pelo novo, e nos sentimos todos num momento de
limiar, que causa certa insatisfação com a definição do que é atual. Sentimo-nos no
trânsito entre uma era de tradições de verdades fundamentadas, porém que não
correspondem à realidade presente, e uma nova era, com uma dinâmica veloz, de
conhecimento e criação, porém ainda sem paradigmas que possam orientar o sujeito
humano em suas relações interpessoais. Há experiências e desenvolvimento
tecnológico, com perspectivas otimistas para o Bem da humanidade, porém há algo de
simulacro e vazio no que se refere à experiência existencial humana. É disso que o
presente trabalho pretende tratar.
Vivemos um momento de uma realidade híbrida, que procura algo para além da
desesperança que o niilismo moral nos traz, que busca novas tendências e atitudes que
superem a lógica utilitarista, que possa superar o relativismo e os contornos indefinidos,
ao encontro de um consenso.
A linguagem é multi-mídia, a realidade é virtual, os meios de comunicação são
interativos. Tudo é veloz, tudo é efêmero, desenraizado, simulado: os sujeitos são rosto,
a sociedade é um objeto, o ser humano assume a forma de um código, e esquece de si
mesmo e de sua subjetividade. Há consenso entre diversos autores (Habermas, 1998;
Giddens, 1991; Vatimo, 1996; Queiroz, 2006): A Modernidade, fundamentada na busca
da verdade na lógica racional e fracassando nesse sentido, porém obtendo sucesso com
tal lógica no desenvolvimento tecnológico, gerou uma fissura: a perda da subjetividade
e da identidade, em que a vida privada moderna acaba tornando-se o conjunto de
experiências fragmentadas e sem sentido, sem referências. A Humanidade prosperou
muito no sentido tecnológico, mas não houve um acompanhamento moral que desse
sustentação ao indivíduo para lidar com tais benefícios a seu próprio favor.
É inegável que o próprio Capitalismo alterou-se na Modernidade: de acúmulo de
bens materiais, o poder atualmente localiza-se na informação. As instituições Modernas
são únicas e diferentes de todas as que a Humanidade pode observar no decorrer de sua
História. E mesmo nisso, é ambígua: cria sistemas seguros, temos acesso constante à
informação, a tecnologia se amplia e se renova diariamente nos grandes centros de
pesquisa, mas tudo paralelamente ao perigo do uso totalitário do poder, do uso
∗
Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Psicologia Social da Religião, Professora de “Ética e Cidadania” na
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
∗
Técnica em Informática, Estudante de Ciências da Computação na Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
destrutivo do conhecimento, da violência oriunda da desumanização gerada pelo
isolamento dos indivíduos.
A computação e a informática são novas áreas do conhecimento humano,
desenvolvidas a partir da metade do século XX, porém com grande impacto na vida
social, na economia, nas relações humanas. Tais alterações influenciam não só a cultura,
mas a forma de relacionamento entre as pessoas, e promovem dúvidas sobre esse novo
relacionamento. Ao gerar novas realidades, tão positivas como tão problemáticas, essas
áreas do conhecimento desencadeiam a necessidade de reflexão sobre postura, conduta,
ética ao que se refere a seu uso na esfera da vida prática. Assim como afirma Masiero
(2000): “A presença de computadores na vida diária, entretanto, começa a criar
conflitos não imaginados antes, pela simples ausência da tecnologia. Alguns são
puramente éticos (...), outros indicam que alguma ação legal se faz necessária” 1
Há grande discussão sobre a necessidade de reflexão sobre o tema, porém no
âmbito nacional são raros os profissionais da área que se dedicam a estudá-lo. Com o
desafio de discutir Ética e Cidadania em cursos de Computação e Sistemas de
Informação, como professora e estudante, percebemos a urgência dos alunos
entenderem as questões sócio culturais que a tecnologia envolve, bem como as questões
morais, éticas e legais que demanda. Consideramos fundamental que o profissional em
formação nessas áreas compreendam o seu papel na dinâmica social, a relação entre a
conduta pessoal e o seu desdobramento na coletividade, com o sério exame sobre
liberdade e responsabilidade, das suas práticas profissionais e os impactos delas nas
relações humanas.
Sendo assim, nos dedicamos neste artigo a realizar reflexões preliminares sobre
a relação entre Sociedade, Tecnologia e Ética, discutindo as relações existenciais no
mundo contemporâneo, a questão do trabalho e do sujeito, a ética especificamente na
computação e a importância dessa discussão com estudantes dessa área. Para tanto,
apresentaremos no último tópico desde artigo resultados preliminares de pesquisa
realizada com estudantes de Computação e Sistemas de Informação, com breve
discussão sobre os mesmos.
2
CASTELLS, 2002, pág. 40
3
Ibid., 2002, pág. 43.
4
Ibid. ,p. 57.
Ou seja, paradoxalmente ao aumento da capacidade de organização e integração
que a Computação e Informação nos traz, os sistemas e redes de informação modernos
levam o sujeito humano à separação, independência, sentimento de solidão social
absoluta. A velocidade e o volume de informações na rede, impossíveis de serem
absorvidos pelo sujeito humano, levam-no à constante sensação de desatualização à
pressão interna por mais informação – ainda que desconectada, sem sentido, sem
significado, o que leva à fragmentação e descontinuidade histórica.
6
Ibid. p. 49.
Com o denominado “desencantamento do mundo” promovido pelo
Renascimento, e a desvinculação entre crença e conhecimento, cada vez mais os valores
morais da sociedade ocidental foram sendo substituídos pelo valor capital. A
automatização do trabalho, que deveria favorecer o ser humano, na verdade provocou
uma inversão de valores: o trabalho deixou de ser definido pelo Homem, e o homem
passou a ser definido pelo trabalho, perdendo sua autonomia, tornando-se cada vez mais
alienado do processo produtivo do qual faz parte.
Com o advento da urbanização, com a fragmentação das famílias, com o
individualismo competitivo e destruidor, com a informatização da sociedade, o
trabalhador, antes promotor da cidadania, passa a configurar apenas um número,
perdendo sua humanidade. Nesta esfera, evidencia-se a ausência de singularidade, que
afirmaria a criatividade e a identidade humana. Ser singular não significa ser solitário,
mas, ao contrário, ser solidário: no encontro com outras singularidades, compor uma
dinâmica de progresso que realiza a si sem nular o outro.
Denota-se, assim, a esfera possibilitadora da tecnologia realizar singularidade:
substituir a alienação da massificação e reducionismo do trabalho pela liberdade
possibilitada pela prática democrática do saber. A singularidade é condição básica para
a cidadania, a computação e informática efetivam-se como instrumentos da ação cidadã
eficaz, desde que tal profissional esteja ciente da sua responsabilidade civil na sociedade
a partir da produção que nela exerce.
De modo geral, a ética como conduta de transparência e honestidade, virtude de
retidão, ousadia cautelosa e moderação equilibrada de transações, é atualmente tratada
com certa irrelevância no mundo dos negócios, provavelmente pela falsa idéia de que tal
conduta é incompatível com lucratividade. Não há como negar que ações fraudulentas
podem gerar acúmulo de poder e de lucro, mas qual o preço? A sociedade é plenamente
integrada em milhares de intersecções e cruzamentos simultâneos que influenciam-se
mutuamente. Assim, o lucro, as pessoas, a sociedade e o Bem Comum apresentam
pontos e cortes que se relacionam e se influenciam rotativa e sistemicamente. Pesquisas
recentes apontam, inclusive, para o fato de que empresas com ações solidárias e imagem
ética construída com ações legais, ganham a confiabilidade do cliente interno e externo,
garantindo não só maior produtividade, com também maior rentabilidade. A ética nas
ações profissionais é a mensuração do impacto das decisões nesta esfera e suas
implicações na realidade objetiva compartilhada com toda a humanidade.
No que se refere à produtividade e competitividade, a tecnologia pode
vislumbrar um novo círculo virtuoso através da eficiência da organização das
informações e do conhecimento. Se o trabalho e a produção possibilitou à Humanidade
o conhecimento e o domínio que hoje possui, moldando a cultura, a tecnologia amplia a
acelera tal processo e, ao ampliar a produtividade, impulsiona a economia. D acordo
com Castells (1999): “...a longo prazo, a produtividade é a fonte da riqueza das nações.
E a tecnologia, inclusive organizacional e a de gerenciamento, é o principal fator que
induz à produtividade”. 7
A Humanidade está em Rede, as empresas estão em rede. A economia é
informacional, o que implica uma cultura específica, com valores e crenças não ligados
a uma sociedade determinada, mas à presença em diferentes contextos culturais, numa
diversidade de contextos sociais, que resulta um processo produtivo e de consumo numa
matriz comum. A Humanidade nunca necessitou tanto de uma convergência referencial,
da reflexão de uma ética que afaste-se dos relativismos e empenhe-se na busca de
fundamentos universalizantes.
7
Castells, 1999, p. 100.
Para Castells (1999), as tendências são otimistas: com a maior flexibilidade nas
culturas informacionais, o trabalho pode tornar-se mais consciente por desconfigurar a
massificação; maior número de empresas de pequeno porte pode promover o
aquecimento do mercado e a competitividade leal; há a perspectiva dos novos métodos
de gerenciamento mais participativo e interativo com o cliente interno, externo e
fornecedoeres, promovendo a horizontalização das redes internas de relacionamento nas
empresas. Ou seja, pode configurar a transformação do trabalho rotineiro e irreflexivo,
alienado e torturante para o trabalhador, em um processo criativo e consciente de
produção, que gera realização do ser. Para o autor, na atualidade:
8
Ibid., p. 192.
Mas até que ponto a livre expressão de idéias compromete a burocracia? Se
considerarmos que a Geração Net começa a influenciar nas decisões das empresas,
podemos dizer que a burocracia está com seus dias contados, pois a elevada alto-estima
desta Geração lhe dá a liberdade de expor idéias e pensamentos e, principalmente, a faz
respeitar o conhecimento por diversas áreas, o que gera igualdade entre as pessoas da
Geração Net.
Eles são instigados a se superarem. O lema da Microsoft exemplifica bem essa
idéia: “Torne obsoletos seus próprios produtos”. Com isso, a inovação é uma das
conseqüências desta atitude. Isto gera um crescimento incalculável para a economia,
que busca desenvolvimento praticamente em tempo real. Aliás, imediatismo é o um dos
pontos fortes da Geração Net. Suas empresas trabalham no sistema JUST-IN-TIME
tanto de produtos quanto de conhecimentos, pois os trabalhadores estão interligados por
redes. Assim como afirma Tapscott (1999): “Ao interligar as pessoas, não apenas
interligamos o intelecto humano, interligamos o conhecimento” 9 .
9
Tapscott, 1999, p. 209.
interpessoal da humanidade como parâmetros de conduta ética, também para as relações
em Rede. De acordo com Masiero (2000):
“O estudo da ética na área da computação é estudo das questões éticas que aparecem como
consequência do desenvolvimento e uso dos computadores e tecnologia da computação. Envolve
identificar e divulgar as questões e problemas que fazem parte de seu escopo, aumentando o
conhecimento da dimensão ética de uma situação particular. Envolve também abordar essas questões e
problemas visando avançar nosso conhecimento e entendimento deles, bem como sugerir soluções
sábias” 10
“ O estudo da ética em computação por parte dos profissionais da área e também de outros
indivíduos que tomarão as decisões no futuro é fundamental para determinar se essa poderosa tecnologia
se desenvolverá de forma benéfica ou maléfica para a sociedade” 11
10
Masiero, 2000, p. 18.
11
Ibid., p. 25.
A questão da ética, no que se refere à computação e tecnologias da informação,
abrange duas diferentes esferas: o uso ético da computação pela sociedade e a ética
profissional em computação. A primeira refere-se mais ao campo da educação e
formação cidadã, pois supõe a reflexão da conduta sobre o uso de instrumentos e de
conhecimentos específicos na esfera social, não necessariamente profissional. Refere-se
à formação humana no uso de seus recursos e na responsabilidade individual de cada
membro que compõe a sociedade e constrói, com seu conhecimento e suas ações, a
realidade objetiva e concreta. Já a segunda esfera mencionada trata diretamente da
responsabilidade pelo conhecimento específico de uma área da ciência humana que não
é de senso comum, e a utilização deste saber no desempenho de atividade profissional –
no caso, a relação entre Computação (enquanto ciência e profissão) e Sociedade.
De acordo com Masiero (2000), decisões éticas demandam de situações
geralmente complexas na realidade prática da vida profissional cotidiana. Envolvem a
avaliação dos próprios valores, de valores materiais e ideológicos, consequências
positivas e negativas simultaneamente. Isso caracteriza o impasse ético. Assim,
apontamos que necessitam de grande moderação e equilíbrio entre os impulsos, desejos,
sentimentos e racionalidade do sujeito em questão: requer a avaliação neutra e objetiva
em relação à realidade empírica, a fim de alcançar uma solução justa e o mais
aperfeiçoada em todos os aspectos que envolve. E, para tanto, atingir um nível de
raciocínio e argumentação válidos exige que as premissas avaliadas sejam verdadeiras,
relevantes para a questão, e seu conjunto deve ser suficiente para elaborar uma
conclusão que evite falsas lógicas, confusões, ambiguidades, falta de evidência e de
foco, más interpretações da situação.
Deste modo, no que tange à ética do profissional da Computação, cabe a
reflexão se os mesmos, enquanto categoria profissional, atendem os requisitos
estabelecidos para conceituação de categoria profissional, politicamente localizada na
sociedade. Ou seja, se tais profissionais possuem educação superior – que garante a
aquisição de conhecimentos específicos que não são de domínio público -, autonomia
intelectual em seu trabalho e campo do conhecimento, organização profissional
reconhecida pelo Governo – que determina padrões para a prática profissional -, função
social importante, pesquisa e prática inter-relacionadas, código de ética da conduta
profissional, compromisso com a profissão por toda vida – enquanto identidade
profissional.
Para Masiero (2000), embora não preencha todos estes requisitos – como o fato
de nem todos os profissionais terem formação superior, o que leva ao não
reconhecimento e falta de regulamentação da profissão por órgãos governamentais; a
falta de organização oficial que dificulta o estabelecimento de um código de ética; ou a
falta de autonomia funcional em alguns setores de seu desenvolvimento na sociedade –
a computação e as tecnologias da Informação preenchem a maior parte destes. Além
disso, o referido autor aponta o fato de que isso não impede a regulamentação da
profissão; ao contrário, denota ainda mais sua necessidade.
Sem regulamentação, sem o estabelecimento de um código de ética, sem um
órgão fiscalizador e orientador da conduta profissional, tanto os trabalhadores da área
ficam desamparados nas dúvidas e impasses éticos cotidianos, sem terem a quem
recorrerem como orientador, como também não possuem uma defesa institucionalizada
que defenda a categoria de maus profissionais que podem difamar e deteriorar a imagem
da categoria à sociedade.Além disso, a própria Sociedade fica à mercê do caráter
pessoal do sujeito que se atira nesse ramo profissional, que não necessariamente está
vinculado a valores como benefício social e compromisso com o desenvolvimento
coletivo através do conhecimento.
No Brasil, a computação e áreas afins não são regulamentadas. Profissionais,
formados ou não, de qualquer outra área, obtém empregos na área da computação,
prestam serviços, consultorias, comercializam produtos de computação. E a atuação
nem sempre é adequada, técnica ou moralmente. Algumas associações (como a
Sociedade Brasileira de comutação ou a sociedade dos Usuário de Informática e
Telecomunicações) buscam uma organização, mas não apresentam códigos de ética
formalmente definidos. O sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e
Empregados de empresas de Processamento de Dados oferecem treinamento técnico aos
profissionais, mas sem um código ético formalmente aprovado. Alguns profissionais da
área analisam códigos de ética de áreas correlacionadas, como Engenharia e
Contabilidade, a fim de encontrar parâmetros para serem seguidos, mas ainda sem um
texto unificado. Existem algumas leis que regulamentam aspectos da profissão, mas a
prática fica por conta do profissional. Aí encontra-se um dos principais motivos da
relevância do estudo sistemático e programado de “Ética e Cidadania” no curso superior
nesta área: para além do nível da consciência pessoal, da formação escolar e religiosa,
do contexto social ou de trabalho que o sujeito vive, tal espaço oferece uma
oportunidade para a reflexão dos temas que mais afligem sua área profissional.
Ainda que em debates confusos entre os estudantes, bastante e não raras vezes
influenciados pelo niilismo moral e relativismo do conhecimento e dos valores éticos
que a nossa atual sociedade sustenta, aulas que permitam a reflexão dos valores
pessoais, da conduta prática e das consequências individuais e coletivas na esfera social
são essenciais para o questionamento - pois leva ao pensamento aprofundado da
realidade, bem como os envolve na busca dos princípios universais que permitam
diálogo, troca, capacidade de trabalho em equipe, ação profissional baseada na
honestidade e competência para além do simples lucro financeiro imediatista.
Tais espaços oferecem ao estudante uma formação para além da técnica, que
proporcione capacidade prática de ação ética no mundo através de seu trabalho. No que
tange à Computação e áreas afins, reincidentemente fala-se no exercício da profissão e
seus desdobramentos para a sociedade em geral, do relacionamento entre os
profissionais da área, da relação com empregadores, subordinados e clientes, com a
qualidade do produto oferecido: a noção da responsabilidade que está agregada ao
conhecimento técnico adquirido.
Em pesquisa ainda em andamento, realizada com estudantes a partir do segundo
semestre dos cursos de Ciências da Computação e Sistemas da Informação que já
cursaram a disciplina “Ética e Cidadania I” e cursam ou já concluíram a disciplina
“Ética e Cidadania II” na Universidade Presbiteriana Mackenzie, observa-se a
necessidade até aqui apresentada. Os resultados parciais apontam a consciência dos
estudantes da necessidade deste espaço de discussão para sua formação humana e
moral, para desenvolvimento de competência inter-relacional na dinâmica profissional
prática, bem como a relevância destes estudos para o desdobramento da ação
profissional na Sociedade.
Oportunidade oferecida a todos os alunos do segundo semestre matutino e
alguns alunos aleatórios dos terceiro e quarto semestres destes cursos, a pesquisa
consistia em responder a seguinte questão: Qual a importância do estudo sistemático
dos conteúdos de “Ética e Cidadania” para a formação e atuação no mercado de
trabalho do profissional da Computação e Sistemas da Informação, considerando os
eixos: Sociedade, Trabalho e Tecnologia?
Tal questão surgiu da observação quanto a surpresa dos alunos de primeiro
semestre destes cursos em estudar uma disciplina do campo das Ciências Humanas,
sobretudo com a discussão de princípios morais, religiosos e éticos. Com a pesquisa
buscava-se observar se da surpresa inicial – quando não indiferença à disciplina – tinha
modificado-se durante os debates e fundamentações teóricas promovidos no sentido de
embasar a formação profissional. Dos cinco primeiro questionários respondidos
voluntariamente (pois a pesquisa ainda continua a se desenvolver), observamos tais
respostas, antecedidas em parênteses do número de vezes que foram espontaneamente
repetidas pelos diferentes voluntários:
(5) Relação do Trabalho com a Sociedade é onde se efetiva a cidadania
(necessidade de buscar bem estar de todos)
(5) Conhecimento gera poder e, com isso, responsabilidade pela coletividade
(4) Necessidade de estabelecimento de uma conduta ética profissional
racional
(4) Necessidade de fundamentar uma relação de respeito entre empresas,
usuários e profissionais
(4) Necessidade de desenvolvimento da consciência pessoal sobre a ação
profissional e seu impacto social
(3) Embora área técnica e das ciências exatas, a profissão se dá no âmbito do
convívio humano e social
(3) A conduta ética garante credibilidade ao profissional e à profissão na
sociedade
(3) A reflexão sobre ética desenvolve a capacidade de tomada de decisão
profissional no dia-a-dia, e suas consequências para o profissional, para o
cliente e para sociedade
(3) A Sociedade é interligada como que em redes, e depende dos recursos de
tecnologia, o que requer responsabilidade de quem tem tal função social
(3) Falta uma legislação específica que proteja o profissional da
Computação, que o oriente, e que proteja a Sociedade de profissionais
incompetentes neste setor do conhecimento humano; a reflexão sobre ética
na universidade auxilia a consolidação de valores para o movimento político
que beneficie a elaboração de leis que atendam tais lacunas
(2) A discussão sobre ética na universidade favorece a formação para a
relação com colegas de trabalho
(2) Computação e Informática são áreas novas e falta referência sobre como
agir; essas aulas oferecem espaço para debater e propor referenciais com
reflexão fundamentada
(1) Desenvolve reflexão e potencial para lidar com o controle e
armazenamento de dados de terceiros baseado no sigilo e na
confidencialidade
(1) Criar um referencial para construir um código específico para área da
computação
Considerações Finais
Deste modo, ainda que com dados parciais de pesquisa não concluída, e com
análise preliminar, podemos observar que os próprios alunos, inicialmente
desmotivados com a disciplina e sua área de abrangência (aparentemente distante dos
seus objetivos profissionais), ao final do curso de dois semestres apontam espontânea e
reincidentemente alguns pontos fundamentais da reflexão ética na base da conduta
profissional. Ou seja, compreendem que a elaboração de um código de ética para a
categoria profissional, bem como sua organização política para garantia de
regulamentação que defenda e ampare o profissional da área requer tanto uma formação
de caráter pessoal como a reflexão entre os pares da profissão que dê sustentação para
tomada de decisão e para organização coletiva na condução do trabalho profissional.
Antes, com tais dados relacionados, pode-se afirmar que compreendem que para
conduta ética profissional existir, é indispensável a formação do caráter moral pessoal:
não há como haver um bom profissional se não houver um bom cidadão, uma boa
pessoa; consegue-se bons técnicos sem princípios éticos, mas jamais bons profissionais.
Ainda que com número reduzido de voluntários, observa-se que todos os
entrevistados estão conscientes do funcionamento sistêmico da sociedade e que as ações
particulares do indivíduo têm reflexos na esfera pública, seja ele ciente ou não desta
relação causal. Com isso, apontam que o trabalho e a produção na sociedade é prática da
cidadania e compromisso individual do profissional com o desenvolvimento do bem
estar coletivo, além da responsabilidade que o conhecimento específico lhes agrega ao
poder que lhes confere.
Igualmente relevante é o número de voluntários que, independentes entre si,
aponta a necessidade do estabelecimento da conduta ética profissional racional, baseada
no respeito e no desenvolvimento da consciência pessoal sobre a ação profissional e seu
impacto social. Pouco mais da metade dos voluntários aponta que embora a área do
conhecimento da Computação e Sistemas da Informação seja das Ciências Exatas, a
prática profissional nunca está desvinculada da convívio humano, e a reflexão sobre
ética garantiria ação mais pertinentes com o equilíbrio coletivo e social, endossando a
credibilidade do profissional na esfera social. Apontam que tal reflexão capacita-os a
tomadas de decisão mais centradas, e os gabarita a organizarem-se politicamente
enquanto categoria profissional, com reivindicações, metas e objetivos comuns na
dinâmica da cidadania: constituírem bases para elaboração de leis que os proteja e
oriente como categoria profissional.
Alguns dos entrevistados ainda apontam para o favorecimento da discussão
sobre ética e conduta profissional na formação das relações interpessoais no mercado de
trabalho, bem como a dificuldade de encontrar referenciais e paradigmas numa tão nova
área do conhecimento. A minoria ainda lembra da importância deste espaço de reflexão
para consolidação de conceitos como respeito, empatia e alteridade na nossa realidade
de relativismo moral, afim de embasar o comportamento sigiloso e que garante
confidencialidade na relação de produção na área da computação, além de atribuírem a
tal espaço de debate a capacitação efetiva para criação de um código de ética
profissional da Computação e áreas afins pelos profissionais que estão se formando e
ingressando no atual mercado de trabalho.
De acordo com Masiero (2000), que toma como referência os princípios éticos
estabelecidos pela Association for Computing Machinery (ACM/EUA), a reflexão sobre
Ética e Sociedade na formação profissional na área da Computação e Sistemas da
Informação é de extrema importância no que se refere aos imperativos morais, às
responsabilidades profissionais, aos imperativos de liderança organizacional e para o
estabelecimento de um código de princípios éticos para profissão, tal qual evidenciado
preliminarmente nesta pesquisa entre estudantes universitários.
Contribuir para o Bem-estar humano na sociedade, evitar danos e prejuízos a
terceiros, ser honesto e digno de confiança, justo e agir sem discriminação de pessoas,
honrar direitos de propriedade (autorais e patentes, inclusive), dar crédito à propriedade
intelectual, respeitar a privacidade e honrar a confiabilidade. Prezar a qualidade, a
eficácia e a dignidade na produção e seus produtos, primar pelo aperfeiçoamento e pela
competência profissional, respeitar as leis, aceitar e fornecer perícia profissional
apropriada, dar avaliação abrangente e profunda dos sistemas de computação e seus
impactos, melhorar o atendimento público sobre computação e suas consequências, ter
acesso a recursos de computação e comunicação apenas quando for autorizado a isso.
Articular responsabilidade social de membros de uma organização e encorajar
aceitação completa destas responsabilidades, gerir pessoas e recursos para construir uso
apropriado e autorizado dos recursos de computação e todos os que são afetados,
assegurar que usuários e todos os que são afetados pelo sistema tenham necessidades
observadas na avaliação e no projeto de requisitos, articular e apoiar políticas que
protejam a dignidade do usuário e outros afetados pelo sistema de informação, criar
oportunidades para os membros da organização conhecerem os princípios e as
limitações de um sistema de computador.
Todos estes imperativos éticos à área da Computação e Sistemas da Informação,
embora aparentemente óbvios, são de ampla dificuldade de efetivação prática
justamente pela inabilidade reflexiva da Sociedade Moderna. Para compreender e
interpretar tais premissas é antes necessário prévia reflexão e discussão das mesmas na
formação profissional a fim de conferir sua relevância concreta para além das possíveis
punições ou sanções aos dissidentes. É necessário um trabalho de ampliação da
consciência pessoal que prime pela liberdade na responsabilidade, que busque o
rompimento da cultura do hedonismo vazio, do individualismo ignorante da realidade
existencial humana como ser social, que anseie deliberações autônomas sem interesses
imediatos ou vantagens pessoais, mas interessada no progresso humano e pessoal como
um todo.
Ao estabelecer um código de princípios éticos para uma profissão, supõe-se o
respeito e promoção de suas normas orientadoras, bem como sua violação incoerente à
afiliação profissional. No caso da Computação e Sistemas da Informação, conscientes
do papel central e crescente de sua influência em todos os setores da sociedade – do
comércio à indústria, do governo à iniciativa privada, da educação e saúde ao
entretenimento – o profissional tem oportunidades significativas de promover o bem ou
o mal na sociedade concreta, mas ciente da sua responsabilidade na construção da
realidade objetiva.
Eis a importância para a disciplina “Ética e Cidadania”, e o espaço para a
reflexão da conduta humana nos cursos superiores da área discutida: promover a
oportunidade de reflexão sobre conduta e princípios, para além das normas, que garanta
não só o comportamento ético profissional ou a obediência temerosa a um programa de
procedimentos pré-estabelecidos mas, antes, como indivíduo e cidadão inserido na
sociedade, consciente, livre, responsável e capaz de deliberar suas ações gozando do seu
livre-arbítrio de modo autônomo, seja capaz de respeitar não só seus interesses pessoais
imediatos como também contemplar seu interesse enquanto sujeito social.
Assim, é de extrema importância para consolidação, organização e respeito por
uma categoria profissional a elaboração de um código de ética que oriente e proteja o
profissional e a sociedade no exercício daquela função. Contudo, antes, tal discussão
tem abrangência educacional, na expressão da reflexão e do consenso dos próprios
profissionais sobre questionamentos éticos relativos à sua ação profissional na
sociedade. Competitividade honesta, lucro pessoal vinculado ao desenvolvimento
global, prosperidade individual agregada de benefícios coletivos: construção de uma
cidadania que gere lucro, desenvolvimento e prosperidade a todos. E, para isso, na
esfera privada do sujeito na existência coletiva, há a necessidade da consolidação dos
imperativos morais, responsabilidades profissionais e de capacidade de justa liderança,
de modo coerente com todas as alterações culturais e com o contexto atual, da pessoa
que constituirá o futuro profissional: o estudante em processo de formação profissional.
VIII. Referências Bibliográficas
Resumo
Vivemos numa época em que a tecnologia da informação está envolvida em atividades
cotidianas, por isso, o estudo da ética é fundamental na computação. Muitos profissionais da informática
não tiveram conhecimento sobre ética durante seus estudos, por isso, a importância do desenvolvimento
de uma forma de estudo eficaz e eficiente para estes profissionais.
Não há estudos que afirmem que determinada metodologia de ensino é a melhor forma
de aprendizado quando o assunto é ética na informática. Assim, com uma pesquisa que aplica o
aprendizado da ética na informática, pretendemos descobrir uma forma de estudo qualitativamente
aplicável para o aprendizado da ética na computação pelos profissionais da informática.
O estudo com e-learning utilizará o software TelEduc para o desenvolvimento de um
ambiente de educação à distância pela internet para o aprendizado qualitativo sobre ética na informática
com conteúdos e metodologias baseados nos códigos de conduta profissional e ética do ACM e do IEEE.
Palavras-chave: ética, ética na computação, comportamento, educação à distância.
Capítulo 1 – Introdução
Ética é um assunto bastante polêmico em virtude de sua importância e abrangência.
Assim como a ética de um modo geral, a ética na informática também se mostra bastante polêmica. Além
disso, os aspectos éticos estão presentes cada vez mais e cotidianamente na vida dos profissionais e
usuários da computação, considerando que estamos vivendo numa época em que a tecnologia da
informação está envolvida em muitas atividades do nosso dia-a-dia.
Não devemos confundir moral com ética. Mesmo que a diferença entre moral e ética
seja bem definida, muitas pessoas confundem-se com seus significados. Segundo o Dicionário Houaiss
[9], moral é um conjunto das regras, preceitos etc. característicos de determinado grupo social que os
estabelece e defende e ética é parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a
respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.
Podemos dizer que a moral reúne um conjunto de regras estabelecidas por um conjunto
de pessoas que se utilizam dessas regras para determinar um convívio em comum, estabelecendo o que
estas pessoas devem fazer e como fazer. A ética não determina regras, ela julga estas regras, tentando
justificar o objetivo destas regras, determinando ou tentando determinar o melhor para um grupo de
pessoas.
O estudo da ética é fundamental para qualquer área do conhecimento e
impreterivelmente para a Computação. No entanto, muitos profissionais usuários da informática não
obtiveram o conhecimento sobre ética durante os seus estudos e por isso não possuem o conhecimento
para aplicá-la. É por isso que pretendemos desenvolver uma forma de estudo eficaz e eficiente para estes
profissionais, de forma que a própria empresa, com interesses próprios, possa custear estes estudos.
Não há estudos que afirmem que determinada metodologia de ensino é a melhor forma
de aprendizado para os profissionais usuários da informática com aprendizado qualitativo, quando o
assunto é ética na informática. Por isso, a partir da pesquisa de uma forma de estudo, aplicando o
aprendizado de determinados conteúdos e metodologias com o assunto sobre ética na informática,
pretendemos verificar se este estudo é qualitativamente aplicável para o aprendizado e aplicação da ética
na computação pelos profissionais e usuários da informática.
O estudo por meio de educação à distância com e-learning utilizará um software open
source chamado TelEduc [12, 8]. O TelEduc é um ambiente de ensino à distância que pode ser utilizado
para o desenvolvimento de cursos que podem ser realizados pela internet. Neste estudo, o TelEduc será
utilizado para desenvolvermos um ambiente de educação à distância pela internet com conteúdos e
metodologias para o aprendizado qualitativo sobre ética na informática, bem como os procedimentos de
conduta e códigos de ética na computação.
Para o desenvolvimento dos conteúdos e metodologias a serem utilizadas neste estudo,
utilizaremos, como base, os códigos de conduta profissional, ou seja, os conhecidos códigos de ética do
ACM – Association for Computing Machinery [10, 11] e do IEEE – Institute of Electrical and Electronic
Engineers [13, 14, 4] com a descrição do que é esperado comportamentalmente de cada um dos membros
integrantes destas comunidades ou profissionais da computação.
Capítulo 2 – Ética na Computação
Ética na computação, assim como a ética em geral, é um assunto bastante polêmico e
abrangente. Podemos dizer que a ética na computação compreende o respeito que cada profissional
usuário da informática, bem como os profissionais desenvolvedores de hardware e software, devem ter
em relação à dignidade, integridade e privacidade das pessoas.
Quando consideramos a ética na computação, devemos levar em consideração as
diferentes éticas para cada um dos profissionais envolvidos, por exemplo, há éticas da computação
diferentes a serem cumpridas pelos profissionais usuários da informática que fazem uso da internet, pelos
usuários desenvolvedores de hardware e pelos usuários desenvolvedores de software.
A computação e os recursos oferecidos por ela têm sido usados cada vez mais pelos
profissionais nas diferentes áreas de trabalho. Podemos determinar três tipos de computação: a
computação pública com os reflexos da informática na sociedade, por exemplo, as transformações
provocadas pelo surgimento da internet; a computação profissional com situações em que os futuros
profissionais vão vivenciar e deverão descobrir como proceder nesses casos; e a computação pessoal.
Podemos exemplificar, com casos verídicos, algumas ocorrências onde o bom senso e,
muito menos, os códigos de ética não foram utilizados:
• a violação do painel eletrônico do senado brasileiro;
• a alteração dos dados de cadastro das contas correntes, realizados por um programador, para ocultar
um rombo da contabilidade do banco Nacional;
• em 1982, no caso Prooconsult de contagem de votos na eleição para o governador do Rio de Janeiro;
• a destruição dos dados de cadastro de IPTU de uma prefeitura, por um funcionário de prestação de
serviços que foi demitido;
• o acidente nuclear de Chernobyl com a morte de muitas pessoas; e
• em 1991, na guerra do Golfo, problemas nos softwares dos mísseis permitiram a penetração dos
inimigos em seus territórios.
Por ocorrências como estas e pelo uso crescente da computação no dia-a-dia das
pessoas, é importante determinar algumas regras para o uso comum e correto como, por exemplo, os dez
mandamentos para ética da computação, segundo o instituto para ética da computação [16]:
1º – o computador não deve ser usado para produzir danos em outra pessoa;
2º – não interferir no trabalho de computação de outra pessoa;
3º – os arquivos de outra pessoa não devem sofrer interferência;
4º – o computador não deve ser usado para roubar;
5º – o computador não deve ser usado para dar falso testemunho;
6º – o software ilegal não deve ser usado;
7º – os recursos de computadores de outra pessoa não devem ser usados;
8º – não se apropriar do trabalho intelectual de outra pessoa;
9º – deve-se refletir sobre as conseqüências sociais do que se escreve;
10º – o computador deve ser usado de maneira que se mostre consideração e respeito ao interlocutor.
Na teoria, com palavras bem escritas, é fácil descrever o melhor e mais apropriado
comportamento diante do computador. No entanto, como fazer isso ser bem utilizado, na prática, por
todos os usuários e profissionais da computação? A existência de códigos de ética da computação já é um
grande passo, mas como fazer com que as pessoas tenham conhecimento desses códigos de conduta
profissional e ética e como fazê-las pôr em ação esses códigos por vontade própria e não pela imposição
em cumpri-los?
Dificilmente um código de ética abrangerá todas as situações encontradas na prática,
por isso, é importante que cada pessoa satisfaça um bom senso de julgamento em sua atuação.
Segundo Masiero [6], há na computação algumas áreas onde os problemas éticos são
mais graves: o acesso não autorizado, como hackers, vírus, etc.; a confidencialidade e a inviolabilidade da
comunicação por meio dos computadores, como as mensagens eletrônicas; o conteúdo dos sites da
internet, como racismo, pedofilia; violação da privacidade e confidencialidade dos conteúdos
armazenados num sistema de computação. Além disso, podemos citar o crime envolvendo computadores,
pirataria, o estresse e a agitação no ambiente de trabalho que podem ser considerados como problemas
éticos na computação.
Segundo Sommerville [7], algumas áreas de conhecimento são delimitados pela
responsabilidade profissional por não possuírem leis que estabeleçam os padrões de comportamento
aceitável. Algumas dessas áreas são:
• a confidencialidade – os desenvolvedores e usuários devem respeitar a confidencialidade dos clientes
e empregadores mediante ou não contrato formal assinado sobre confidencialidade;
• a competência – os desenvolvedores não devem aceitar o desenvolvimento de um software sabendo
que não possuem competência para tal;
• os direitos de propriedade intelectual – proteger a propriedade intelectual de clientes e empregadores
tendo o conhecimento das leis que regulam o uso da propriedade intelectual;
• a má utilização de computadores – não utilizar o computador dos clientes e empregadores para o seu
mau uso como, por exemplo, jogar ou inserir vírus de computador.
Existem organizações como o ACM – Association for Computing Machinery [10, 11] e
o IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers [13, 14, 4] que são compostas por profissionais
e acadêmicos da área da computação que possuem um dos mais completos códigos de conduta
profissional e ética da computação.
Há uma versão mais detalhada do código de ética do ACM e do IEEE apresentada por
Gotterbarn, Miller [3], entre outros, e referenciada por Sommerville [7] em seu livro. Outras
instituições como a SBC [15] também estão se organizando para a construção de um código de ética por
meio de debates que vêm ocorrendo atualmente.
Capítulo 3 – Justificativa
É importante que todos os usuários e profissionais da computação estejam cientes das
regras que lhe cabem quando utilizam a informática. Este é um processo de reeducação na utilização dos
recursos da computação. No momento em que todos estejam cientes dos seus direitos, deveres e
obrigações diante do uso dos elementos da computação, software e hardware, as punições individuais,
não para um grupo todo, poderão se justificar. Por exemplo, o acesso restrito à internet pode ser aplicado
somente àqueles que não cumpram com as normas da conduta profissional e ética da computação.
Para a valorização e o crédito dos usuários e profissionais da computação, faz-se
necessário evitar ocorrências de descrédito e desvalorização dos profissionais e usuários da computação
como, por exemplo, Masiero [6] descreveu sobre o descrédito de um médico por não sabermos se o
diagnóstico apresentado é o mais indicado para o caso ou é um procedimento mais caro para ele faturar
mais; ou o descrédito de um advogado por não sabermos se o conselho de entrar num litígio é mesmo
necessário ou se ele está mesmo é interessado na oportunidade do recebimento de honorários.
Uma vez que os profissionais da computação estiverem cientes e serem conhecedores da
ética da computação, eles perceberão a importância do cumprimento desta ética.
Tentando responder às perguntas do capítulo 2, sobre como fazer, ser prática constante,
o uso adequado do computador pelos usuários e profissionais da informática, com a utilização consciente
dos códigos de conduta profissional e ética, queremos descobrir uma forma de aprendizado eficiente e
que possa ser disponibilizado por qualquer instituição ou empresa aos seus usuários e profissionais da
computação.
O importante é que os usuários e profissionais da computação cumpram com
naturalidade a conduta profissional e os códigos de ética, não acessando, por exemplo, sites eróticos no
ambiente de trabalho, pelo mesmo motivo que não roubamos alimentos em supermercados. Uma vez que
o cumprimento dessas regras seja realizado naturalmente, sem que sejam forçados pela punição, os
próprios profissionais e usuários serão beneficiados pelo cumprimento, por exemplo, não havendo
restrições de acesso à internet.
Capítulo 4 – Objetivos
Já vimos nos capítulos anteriores como o estudo da ética é fundamental para qualquer
área do conhecimento e impreterivelmente para a Computação. E sabendo que muitos profissionais e
usuários da informática não obtiveram o conhecimento sobre ética durante os seus estudos, não possuem
o conhecimento para aplicá-la durante a utilização da tecnologia da informação. E, por isso, é importante
o desenvolvimento de uma forma de estudo eficaz e eficiente para estes profissionais de forma que a
própria empresa, com interesses próprios, possa custear estes estudos.
A partir do estudo da aplicação dessa metodologia de ensino, entre os diversos
profissionais e usuários da computação, pretendemos determinar se esta metodologia de ensino é uma boa
forma de aprendizado, para os profissionais e usuários da informática, de forma a apresentar um
aprendizado qualitativo e consciente, se o assunto é ética na informática.
Estes estudos serão desenvolvidos a partir de uma pesquisa com um site de educação à
distância – o conteúdo sobre conduta profissional e ética na computação será desenvolvida numa
metodologia de ensino apropriada para educação à distância por meio de e-learning que utilizará uma
ferramenta chamada Teleduc [12, 8] para o desenvolvimento deste estudo;
Assim, alguns dos objetivos almejados a partir desse estudo sobre ética na computação
são:
• Fazer com que os profissionais desenvolvedores da computação e usuários da computação conheçam
e cumpram com as condutas éticas da computação.
• Fazer com que os profissionais desenvolvedores e usuários da computação tenham ciência das
punições que lhes podem ser aplicadas.
• Encontrar a melhor forma de desenvolver um estudo a ser realizado por esses profissionais que
garantam o aprendizado, o entendimento, a necessidade e a aplicabilidade das condutas éticas da
computação.
• Mostrar qual é a utilização correta de softwares, hardwares e conteúdos, principalmente, os da
internet.
Esperamos, a partir dessa pesquisa, que o estudo da conduta profissional e ética na
computação pelos profissionais e usuários da computação oriente-nos a descobrir se este estudo é
qualitativamente adequado para o aprendizado e aplicação da ética na computação pelos profissionais da
informática.
Capítulo 5 – Metodologia e Resultados Esperados
Para o desenvolvimento dos conteúdos e metodologias a serem utilizadas e com base
num estudo detalhado e profundo da conduta profissional e dos códigos de éticas do ACM e do IEEE,
desenvolveremos mesmo conteúdo a ser apresentado neste estudo.
O estudo por meio de educação à distância com e-learning utilizará um software open
source chamado TelEduc. Neste estudo, o TelEduc será utilizado para desenvolvermos um ambiente de
educação à distância pela internet com conteúdos e metodologias para o aprendizado qualitativo sobre
ética na informática, bem como os procedimentos de conduta e códigos de ética na computação.
O TelEduc é uma ferramenta de desenvolvimento de cursos de educação à distância
criado e mantido em conjunto pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) e pelo Instituto de
Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O TelEduc possui todos os recursos
necessários para o desenvolvimento de um bom curso de ética na computação à distância, como: estrutura
do ambiente, dinâmica do curso, agenda, avaliações, atividades, material de apoio, leituras, perguntas
freqüentes, exercícios, parada obrigatória, mural, fórum de discussão, bate-papo, correio, grupos, perfil,
diário de bordo, portifólio, acessos, intermap, administração e suporte, estes três últimos disponíveis
somente para os formadores.
Os resultados esperados serão formalizados a partir da comparação de desempenho,
aprendizado e aplicação dos assuntos abordados sobre ética na computação pelos participantes neste
estudo.
Para esta comparação desenvolveremos um questionário a ser produzido
cuidadosamente e de forma coerente durante o desenvolvimento deste estudo com a intenção de garantir o
mais verdadeiro reflexo do aprendizado de ética da computação.
Além do resultado de determinar se a metodologias estudadas é a eficiente e eficaz para
o aprendizado de ética na computação para uma aplicação espontânea, devemos ficar atentos em verificar
se a aplicação da ética na computação aprendida durante o curso está realmente sendo aplicada pelos
aprendizes; se esse aprendizado tem sido divulgado pelos aprendizes com outros colegas profissionais e
usuários da computação; e se o curso desenvolvido por eles tem sido positivamente divulgado e
recomendado.
Capítulo 6 – Conclusão
A partir do desenvolvimento deste estudo, esperamos concluir qual das metodologias de
estudo analisadas apresenta a maior qualificação dos profissionais e usuários da computação. E, uma vez
que determinada metodologia de ensino mostrou-se mais eficiente e eficaz na prática dos valores éticos na
computação, as empresas das diversas áreas podem interessar-se em qualificar seus funcionários
profissionais ou usuários da computação a partir dessa metodologia para obter os benefícios esperados.
Além de obter respostas quanto à metodologia que melhor se adaptou à prática
adequada da ética na computação, a partir do estudo e do desenvolvimento deste estudo sobre ética na
computação, esperamos também obter conclusões sobre algumas questões polêmicas como, por exemplo:
a imposição de questões éticas não seria uma contradição?; a liberdade possui limites?; a prática da
justiça seria igualmente uma exigência ética do software livre?; o conhecimento pertence a todos?; as leis
de patentes e direitos autorais utilizados pelas empresas são utilizadas de forma ética?; uma idéia que
concebe o software é em sua essência um algoritmo, ou seja, produto de um raciocínio lógico matemática,
dessa forma, a matemática deveria ser patenteada?
Referências Bibliográficas
[1] Anderson, R. E. et al. ACM Code of Ethics and Professional Conduct.
Communications of the ACM. 1992.
[6] Masiero, P.C. Ética em Computação. Editora Edusp. 1º edição. São Paulo. Ano
2000.